microbiologia zootecnica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARNHÃO UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CCAA CAMPUS IV / CHAPADINHA CURSO DE ZOOTECNIA MICROBIOLOGIA ESTUDO DA MICROBIOLOGIA ZOOTECNICA Discentes: Cesár Alves da Cunha Neto Giovanne Oliveira Costa Sousa Juliana Rodrigues Lacerda Lima Karolyne Teixeira Vieira Docente: Profa. Izumy Pinheiro Doihara CHAPADINHA MA 2015

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Microbiologia do rúmen, biodisgestor, leite e silagem

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARNHO UFMA CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS E AMBIENTAIS CCAA

    CAMPUS IV / CHAPADINHA

    CURSO DE ZOOTECNIA

    MICROBIOLOGIA

    ESTUDO DA MICROBIOLOGIA ZOOTECNICA

    Discentes:

    Cesr Alves da Cunha Neto

    Giovanne Oliveira Costa Sousa

    Juliana Rodrigues Lacerda Lima

    Karolyne Teixeira Vieira

    Docente:

    Profa. Izumy Pinheiro Doihara

    CHAPADINHA MA 2015

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARNHO UFMA CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS E AMBIENTAIS CCAA

    CAMPUS IV / CHAPADINHA

    CURSO DE ZOOTECNIA

    MICROBIOLOGIA

    ESTUDO DA MICROBIOLOGIA ZOOTECNICA

    Trabalho apresentado a disciplina de

    microbiologia do curso de zootecnia

    da Universidade Federal do Maranho,

    como exigncia para a obteno da

    nota referente a terceira prova (P3).

    CHAPADINHA MA 2015

  • SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................... 4

    MICROBIOLOGIA DO LEITE ....................................................................... 5

    MICROBIOLOGIA DA SILAGEM ................................................................. 6

    Bacillus ............................................................................................................. 7

    Enterobactrias ................................................................................................. 7

    Fungos filamentosos ......................................................................................... 7

    Leveduras .......................................................................................................... 8

    MICROBIOLOGIA DO BIODIGESTOR ....................................................... 8

    MICROBIOLOGIA DO RMEN .................................................................... 9

    Bactrias ruminais .......................................................................................... 10

    Protozorios do rmen .................................................................................... 11

    Fungos do rmen ............................................................................................ 12

    Mycoplasmas .................................................................................................. 12

    Distribuio e variaes dos microrganismos ruminais ................................. 13

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................ 14

  • 4

    INTRODUO

    Os microrganismos so as formas de vida que, originalmente, s poderiam ser vistas

    com o auxlio do microscpicos. Neste grupo incluem Bactrias, Fungos, Vrus, Protozorios,

    Algas unicelulares, Virides e Prons.

    Eles constituem mais de 90% da biomassa e a maior biodiversidade da Terra.

    Contribuem na fertilizao do solo, na degradao de detritos, beneficiam a natureza ao fixar e

    utilizar matria orgnica e inorgnica. Tm grande funo na reciclagem de materiais e na

    detoxificao do ambiente. So usados na produo de vinagres, bebidas alcolicas, queijos,

    iogurtes, pes e antibiticos. Apenas uma minoria destes agentes patognica ou danosa,

    causando doenas em humanos, animais e plantas, assim como a deteriorao de alimentos e a

    degradao de estruturas.

    Os microrganismos so vitais para o meio ambiente e consequentemente para a vida

    humana. Eles so de extrema importncia para o ser humano, sendo utilizados em vrios

    processos de produo de alimentos, no tratamento de gua, na produo de energia, de

    medicamentos e tambm na biotecnologia.

    Na Zootecnia os microrganismos agem na produo de biomassa para alimentao

    animal, na anlise da rao para quantificar teores de toxinas, como exemplo, na silagem onde

    uma serie de microrganismos trabalham em conjunto para que haja um alimento de qualidade

    para servir de alimento aos animais de interesse zootcnico.

    atravs dos microrganismos que possvel a elaborao de produtos de origem animal

    fermentados como exemplo, pode-se citar o queijo, que para chegar a tal condio necessrio

    que os microrganismos estejam em atividade constante.

    Alm dos benefcios esses microrganismos tambm apresentam malefcios dentre eles

    pode-se citar doenas tanto no ser humano, quanto na planta e animais. Apesar das doenas,

    ainda assim a vasta maioria dos microrganismos ajudam na proteo do ser vivo. Sem eles, o

    planeta no teria o oxignio de que o ser vivo precisa, a temperatura no seria adequada para

    vida.

  • 5

    MICROBIOLOGIA DO LEITE

    O leite ao sair do bere possui uma flora varivel de 500 a 1000 microrganismos/ml,

    podendo atingir 10000, representada por Micrococcus e Bacillus no patognicos. Deve-se

    evitar a multiplicao desses microrganismos patognicos atravs de srio controle mdico

    veterinrio, por inspeo desde a fonte de produo at o beneficiamento do produto e seus

    derivados.

    Sob boas condies de ordenha (manuseio e conservao), a microbiota do leite

    representada principalmente pelos gneros Enterococcus, Streptococcus, Leuconostoc,

    Lactobacillus, Micrococcus, Proteus, Pseudomonas, Bacillus e outros.

    Por ser um alimento rico em nutrientes, como protenas, carboidratos, lipdeos,

    vitaminas, sais minerais, um alimento necessrio na vida do ser humano e tambm um

    excelente meio para o crescimento de vrios grupos de microrganismos desejveis e

    indesejveis. Esses germes contaminantes podem causar defeitos fsico-qumicos e

    organolpticos, alm de problemas econmicos e de sade pblica, limitando a durabilidade do

    leite e seus derivados.

    Os microrganismos, de acordo com a ao e as correspondentes transformaes

    tecnolgicas que provocam no leite e derivados, podem ser classificados em trs classes:

    microrganismos benficos para a indstria de laticnios, microrganismos prejudiciais para a

    indstria e microrganismos causadores de enfermidades (patgenos).

    Microrganismos benficos para a indstria de laticnios j que so necessrios para as

    fermentaes, a formao de aromas, bem como para decompor protenas (necessrias na

    fabricao de queijos).

    Microrganismos prejudiciais para a indstria: provocam transformaes indesejveis

    aos processos tecnolgicos, por exemplo, coagulao do leite, modificao da cor e sabor,

    decomposio de protenas etc.

    Microrganismos causadores de enfermidades (patgenos): durante o processo de

    produo, elaborao, transporte, preparao, armazenamento ou distribuio, o leite pode estar

    sujeito contaminao por substncias txicas ou por bactrias patognicas, vrus ou parasitos,

    capazes de transmitir importantes doenas para o homem.

    A flora normal do leite, ou seja a que apresenta microrganismos no patgenos

    classificada em homofermentativa e heterofermentativa, dependendo do nmero de produtos

    finais obtidos em decorrncia da fermentao. Os representantes da flora homofermentativa so

    Streptococcus cremoris Streptococcus lactis Lactobacillus bulgaricus Lactobacillus

  • 6

    acidophillus. J os representantes da flora heterofermentativa so Streptococcus diacetilactis

    Streptococcus thermophilus Leuconostoc dextranicus Leuconostoc citrovarum.

    As bactrias que contaminam o leite podem ser divididas em trs grupos principais:

    mesfilas, que se multiplicam bem na faixa de temperatura de 20 a 40oC, termodricas, que

    sobrevivem pasteurizao (30 minutos a 63oC ou 15 segundos a 72oC) e psicrotrficas, que

    se multiplicam em temperaturas baixas (7oC ou menos).

    Existe um grande nmero de agentes de doenas infecciosas que podem ser transmitidas

    ao homem pelo leite. Os patgenos mais importantes atualmente so Salmonella

    sp., Escherichia coli patognica, Listeria monocytogenes, Campylobacter

    jejuni, Yersinia enterocolitica e Staphylococcus aureus.

    O grau de contaminao e a composio da populao bacteriana dependero da limpeza

    do ambiente das vacas e das superfcies que entram em contato com o leite, por exemplo, baldes,

    lates, equipamento de ordenha e do tanque de refrigerao.

    MICROBIOLOGIA DA SILAGEM

    O processo de ensilagem inicia-se aps o corte da forrageira, a qual ainda permanece

    viva e respirando ativamente. Quando este material ensilado, as clulas vivas continuam

    respirando at esgotar o oxignio retido no meio do material ensilado. Junto a este material

    existe uma variedade de microrganismos como leveduras, fungos filamentosos e bactrias

    aerbias.

    A atuao desses microrganismos, somada a respirao das clulas do material ensilado,

    consomem, num perodo de 4 a 6 horas, todo o oxignio disponvel, produzindo em

    contrapartida, dixido de carbono, gua e calor. Nesta fase a temperatura ideal deve estar entre

    27 e 38 C, a qual ser um meio propcio ao desenvolvimento dos microrganismos produtores

    de cido ltico. Se a compactao e vedao do material no forem bem feitas haver excesso

    de oxignio, que induzir maior respirao celular, isso causar temperaturas acima de 44 C,

    reduzindo as chances de uma fermentao desejvel. Como consequncia, haver uma reduo

    no valor nutritivo da forragem, devido, principalmente s perdas de digestibilidade de protena.

    Nesta fase as enterobactrias, produtoras de cido actico multiplicam-se em funo do pH e

    temperatura (TORRES, 1984; STEFANIE et al., 2000).

    medida em que h reduo do pH, e h consumo do oxignio, as enterobactrias so

    substitudas por bactrias cido lticas, na maioria anaerbias, representados por bactrias do

    gnero, Streptococcus e Leuconostoc, as quais reduzem ainda mais o pH dando possibilidade a

    multiplicao dos Lactobacillus e Pediococcus.

  • 7

    Durante o desabastecimento dos silos a silagem volta a ser exposta ao ambiente aerbio.

    Esse fato inevitvel, porm o mesmo pode ocorrer antes mesmo da abertura da silagem, no

    caso em que exista algum furo na lona causado por agente fsico ou mesmo roedores ou

    pssaros. Esse processo dividido em dois estgios.

    Inicialmente essa degradao iniciada pelo consumo dos cidos orgnicos por

    leveduras e ocasionalmente por bactrias cido acticas. Essa reduo ocasiona um aumento no

    pH, dando incio a segunda fase de deteriorao, a qual est associada a uma elevao da

    temperatura, dando oportunidade aos Bacillus de multiplicarem-se. Nesse ltimo estgio, outros

    microrganismos aerbios (facultativos) como fungos filamentosos e enterobactrias podem

    voltar a atuar (WOOLFORD, 1990; OSTLING & LINDGREN, 1995; STEFANIE et al., 2000).

    Bacillus

    As bactrias do gnero Bacillus caracterizam-se por serem microrganismos em forma

    de bastonetes, formadores de esporos, aerbios ou aerbios facultativos produtores de catalase

    e fermentadores de protena (WOOLDFORD, 1984).

    Acreditava-se que esse microrganismo apresentava funo secundria na deteriorao

    das silagens quando comparado com as leveduras (WOOLFORD, 1990). Porm, extensos

    estudos revelaram que eles exercem uma funo muito mais importante do que se acreditava

    para determinadas espcies forrageiras

    Enterobactrias

    As enterobactrias so microrganismos gram-negativos no formadores de esporos e

    anaerbios facultativos, normalmente no patognicos em silagens, mveis e fermentadores de

    carboidrato, tendo como subproduto cido actico (McDONALD et al., 1991). No processo de

    ensilagem esto relacionadas ao consumo inicial de oxignio sendo rapidamente inibidas pelo

    desenvolvimento de bactrias cido-lticas, com subsequente queda no pH.

    Fungos filamentosos

    A deteriorao aerbia da silagem est associada, principalmente, com o

    desenvolvimento de fungos filamentosos e leveduras. Estes microrganismos apresentam alta

    resistncia as variaes do pH e sobrevivem em meio anaerbio.

    Os fungos presentes na deteriorao da silagem so representados por muitos gneros,

    incluindo os tipos termoflicos. Um grande nmero de espcies tem sido isoladas de silagens

    deterioradas incluindo membros do gnero Monascus, Geotrichum, Bissochlamys, Mucor,

    Monilia, Aspergillus, Penicillum e Fusarium (McDONALD et al., 1991).

  • 8

    Leveduras

    As leveduras so organismos eucariotas, anaerbios facultativos e hetertrofos. Sob

    condies de anaerobiose fermentam acar em etanol e CO2. Essa produo de etanol alm

    de diminuir a quantidade de acar disponvel para as bactrias cidoprodutoras, podem afetar

    o sabor do leite (RANDBY et al., 1998).

    Na silagem seu principal papel consiste em deteriorar esse alimento quando o mesmo

    exposto ao ar. A maioria encontrada em forragem fresca constituda de espcies no

    fermentativas como os gneros Cryptococcus, Rhodotorula, Candida e Hansenula.

    MICROBIOLOGIA DO BIODIGESTOR

    Os biodigestores so equipamentos de fabricao relativamente simples, que

    possibilitam o reaproveitamento de detritos para gerar gs e adubo, tambm chamados de biogs

    e biofertilizantes. O biodigestor geralmente alimentado com restos de alimentos e fezes de

    animais, acrescidos de gua. Dentro do aparelho, esses detritos entram em decomposio pela

    ao de bactrias anaerbicas (que no dependem de oxignio).

    A biodigesto anaerbia o processo de decomposio de matria orgnica que ocorre

    na ausncia de oxignio gerando o biogs e um resduo lquido rico em minerais que pode ser

    utilizado como biofertilizante. O biogs composto principalmente de metano e gs carbnico,

    ambos com ampla utilizao na indstria.

    Nos biodigestores, a biodigesto anaerbia ocorre nos chamados fermentadores. As

    tcnicas aplicadas nos fermentadores so fundamentais para o aumento da eficincia na

    produo de biogs e biofertilizantes fazendo com que estes sejam o principal componente de

    um biodigestor, independente do modelo.

    A nvel bacteriano, a biodigesto anaerbia acontece em 4 etapas: A Hidrlise a

    Acidognese, a Acetognese e a Metanognese.

    Na hidrlise as ligaes moleculares complexas (polmeros) como carboidratos,

    protenas e gorduras, so quebradas por enzimas em um processo bioqumico liberadas por um

    grupo especfico de bactrias e do origem compostos orgnicos simples (monmeros) como

    aminocidos, cidos glaxos e acares.

    Na Acidognese as substancia resultantes da hidrlise so transformadas por bactrias

    fermentativas em cido propanico, cido butanico, cido lctico e alcois assim como

    hidrognio e gs carbnico. A formao de produtos nesta fase depende da quantidade de

    hidrognio dissolvido na mistura. Quando a concentrao de hidrognio muito alta, interfere

  • 9

    negativamente na eficincia da acidognese o que causa o acumulo de cidos orgnicos. Com

    isso, o pH da mistura baixa e o processo pode ser quase que totalmente afetado.

    Na Acetognese o material resultante da acidognese so transformados em cido

    etanico, hidrognio e gs carbnico por bactrias acetognicas. Esse uma das fases mais

    delicadas do processo, pois necessrio manter o equilbrio para que a quantidade de

    hidrognio gerado seja consumido pelas bactrias Archeas responsveis pela metanognese.

    A metanognese ocorre por diferentes grupos de bactrias basicamente atravs de duas

    reaes como mostrado abaixo:

    +

    + +

    Na primeira reao, ocorre a gerao de metano e gs carbnico derivados do cido

    actico. Na segunda o Hidrognio e o gs carbnico do origem ao metano e a gua.

    MICROBIOLOGIA DO RMEN

    O ambiente microbiolgico do rmen

    O rmen apresenta caractersticas peculiares que o tornam um ecossistema anaerbico

    propcio para o desenvolvimento microbiano (TEIXEIRA, 1991). Neste ambiente podem se

    encontrar tambm leveduras, principalmente em animais jovens.

    A temperatura ruminal est mdia entre 38 a 42 C e mantida por mecanismos

    homeotrmicos do hospedeiro. O pH pode variar de 5 a 7, de acordo com o tipo de alimento

    ingerido, tempo de amostragem e frequncia de fornecimento de alimentos ao hospedeiro.

    Segundo WILLIAMS (1986), os protozorios do rmen so mais sensveis que as

    bactrias e podem mesmo vir a desaparecer se o pH ultrapassar 7,8 ou decrescer abaixo de cinco

    embora as espcies bacterianas tenham seu crescimento reduzido em pH menor que cinco.

    A capacidade de troca catinica do alimento ingerido e o volume de saliva afetam a

    capacidade tampo do contedo ruminal (MCDOUGALL, 1948; SOEST, 1982), j a baixa

    concentrao de oxignio no rmen favorece o desenvolvimento de microrganismos

    anaerbicos bactrias anaerbicas facultativas; apesar dos microrganismos serem

    predominantemente anaerbicos, eles podem suportar algum oxignio que chega ao rmen

    atravs do alimento, gua e difuso atravs da parede ruminal. Este oxignio rapidamente

    metabolizado e serve como doador de eltrons na fermentao. Os produtos resultantes da

    fermentao so continuamente removidos, no havendo acumulao (TEIXEIRA, 1991).

    Inmeras espcies de microrganismos podem ser encontradas no rmen, porm a

    classificao destas como partes da microbiota ruminal s possvel se forem satisfeitos os

  • 10

    seguintes requisitos, propostos por GALL e HUTTANEN (1950): ser anaerbio; apresentar

    populao mnima de 1000000 clulas/g de contedo ruminal fresco; ter sido isolada pelo

    menos dez vezes em dois ou mais animais; ter sido isolada em pelo menos duas diferentes

    localizaes geogrficas e produzir subprodutos encontrados no rmen.

    A enorme diversidade de organismos ruminais pode ser devida complexidade do

    substrato. Sobrevivem e predominam as espcies que possuam em seu material gentico as

    informaes para a sntese de enzimas que compe as vias metablicas mais eficientes no

    aproveitamento da energia contida no substrato (HUNGATE, 1966).

    Bactrias ruminais

    Apesar do papel dos protozorios e fungos do rmen, claro que so as bactrias os

    microrganismos mais ativos na atividade enzimtica, apresentando assim mais de 20 espcies,

    com uma populao entre 1.000.000.000 a 10.000.000.000 de clulas/g de contedo ruminal.

    A maioria composta por bactrias anaerbicas obrigatrias, podendo ser encontradas

    anaerbicas facultativas (TEIXEIRA, 1991). Usualmente as bactrias so classificadas de

    acordo com a atuao de cada grupo no processo fermentativo.

    Bactrias celulolticas tm a habilidade bioqumica de produzir a enzima extracelular

    celulase, atravs da hidrlise da celulose. As celulases da maioria dos microrganismos

    celulolticos esto associadas s clulas aderidas firmemente s partculas fibrosas do contedo

    ruminal. A adeso inicial feita atravs do glicoclice, medida que a celulase vai degradando

    a fibra, fragmentos do envelope celular passam a compor a matriz de glicoclice, dentro da

    quais as celulases continuam a digerir a celulose (CHENG; COSTERTON, 1986). Os cidos

    graxos de cadeia ramificada so necessrios ou estimulatrios para o crescimento das bactrias

    celulolticas (DEHORITY, 1987).

    As espcies celulolticas produzem, principalmente, acetato, propionato, butirato,

    succinato, formato, CO2 e H2. So liberados tambm etanol e lactato (HUNGATE, 1966).

    Segundo DEHORITY (1987) E SOEST (1982), as principais espcies celulolticas so

    Ruminococcus flavefaciens, Ruminococcus albus, Bacteroides succinogenes e Butyrivibrio

    fibrisolvens.

    Bactrias Amilolticas so as responsveis pela degradao do amido (que se d pela

    enzima amilase), que fermentado por espcies do gnero Bacteroides, dentre estas,

    Bacteroides amylophilus que utiliza amido, mas incapaz de utilizar glicose ou outros

    monossacardeos. J Streptococus bovis e Selenomonas ruminantium fermentam amido e

    acares solveis produzindo acetato, quando estes carboidratos so abundantes mudam para

  • 11

    acetato, formato e etanol ou acetato e propionato, quando a concentrao de substrato

    prontamente fermentvel decresce. Esta ltima rota metablica maximiza a produo de ATP

    (RUSSELL, 1988).

    Muitas das bactrias Proteolticas presentes no rmen so capazes de degradar protena.

    Existem, no entanto, bactrias essencialmente proteolticas, que utilizam aminocidos como

    fonte de energia primria (Bacteroides amylophilus e Bacteroides ruminicola). A protena

    contida no alimento do animal pode ser degradada pelos microrganismos de rmen, com

    liberao de amnia e cidos graxos volteis. A excessiva degradao protica no rmen causa

    reduo na reteno de N pelo hospedeiro (TEIXEIRA, 1991; SOEST, 1982).

    As Bactrias Metanognicas (anaerbias estritas) so organismos capazes de produzir

    metano. Estas bactrias so especialmente importantes para o ecossistema ruminal, pois tem

    um papel importante na regulao de fermentao pela remoo das molculas de H2

    (TEIXEIRA, 1991). Praticamente todo o metano produzido pelas reaes de reduo de CO2

    acoplada ao fornecimento de eltrons pelo H2. O gnero Methanobacterium desempenha

    importante papel no equilbrio qumico no ecossistema ruminal ao utilizar o H2 presente no

    meio, contribuindo para a regenerao de co-fatores, como NAD+ e NADP+ (ARCURI, 1992).

    Protozorios do rmen

    Os protozorios foram os primeiros microrganismos identificados no rmen. Em geral,

    a presena de protozorios aumenta diretamente a digesto da celulose e hemicelulose

    (FONDEVILA, 1998). Sua populao de 100.000 a 1.000.000 clulas/ml de contedo ruminal

    (TEIXEIRA, 1991). So organismos unicelulares, anaerbios, no patognicos, 10 a 100 vezes

    maiores que as bactrias (HUNGATE, 1966; OGIMOTO; IMAI, 1981.,CITADO POR

    ARCURI, 1992). As bactrias constituem a fonte preferida de nitrognio para os protozorios

    (WILLIAMS, 1986). Esta predao reduz significamente o nmero de bactrias no lquido

    ruminal (HUNGATE, 1966). Uma caracterstica peculiar dos protozorios o quimotactismo,

    isto , a capacidade de se locomoverem num gradiente de concentrao de nutrientes, como,

    acares ou glicoprotenas (ARCURI, 1992)

    Normalmente, os protozorios encontrados no rmen so da classe dos Ciliados,

    dividindo-se nas subclasses Holotricha e Pirotricha (TEIXEIRA, 1991). DEHORITY;

    TIRABASSO (1986) sugerem que a subclasse Holotrica capaz de se fixar parede do retculo

    e imigrar em direo ao rmen logo aps a alimentao do hospedeiro, possivelmente em

    funo do aparecimento de acares solveis.

  • 12

    A predao por grandes populaes de protozorios reduz a biomassa bacteriana livre

    no lquido ruminal; aumenta a reciclagem intra-ruminal e a perda de N pelo hospedeiro e reduz

    o fluxo de protena microbiana para o intestino delgado do hospedeiro, tanto pela menor

    populao bacteriana quanto pela reteno dos protozorios no rmen (LENG e NOLAN,

    1984).

    A defaunao que nutricionalmente definida como a eliminao dos protozorios do

    rmen pode trazer alguns benefcios. Em alguns programas de alimentao, como em dietas

    com alta energia e ricas em nitrognio no protico a ausncia dos protozorios resulta numa

    melhoria da performance do animal. Mas contrapondo a presena de protozorios no rmen

    parece ser um fator fundamental para o processo fermentativo, pois atravs da ingesto de

    partculas alimentares e pelo armazenamento de amido, eles podem controlar o nvel de

    substrato disponvel, uniformizando a fermentao entre os intervalos de alimentao.

    (TEIXEIRA, 1991).

    Fungos do rmen

    Um grupo de ficomicetos anaerbios produtores de zosporos flagelados, antes

    considerados, erroneamente, como protozorios flagelados, parte integrante da microbiota

    ruminal de animais alimentados com dietas fibrosas (RUSSELL, 1988). Segundo (TEIXEIRA

    1991), (ORPIN, 1975), foi o primeiro pesquisador a definir a existncia de tais fungos. Pouco

    ainda se sabe sobre a importncia dos fungos no processo fermentativo, mas parece que eles

    esto associados com a degradao da fibra no rmen e esto presentes em grande nmero

    quando a dieta rica em forragens. Os zosporos mveis aderem-se aos fragmentos das

    forragens, invadindo os tecidos vegetais atravs de talos e rizides (BAUCHOP,1981).

    A ao dos fungos sobre a parede vegetal diminui a rigidez estrutural das forragens

    (BORNEMAN, 1986. CITADO POR FONDEVILA, 1998), e favorece a ruptura das partculas

    de forragens, aumentando tambm a superfcie acessvel para a ao das bactrias

    (FONDEVILA, 1998).

    Mycoplasmas

    Descrito por HUNGATE, em 1966, como microrganismo anaerbico obrigatrio

    encontrado no rmen, que degradava clulas bacterianas e apresentava habilidade em hidrolisar

    casena. Entretanto, pouco se sabe sobre a importncia destes microrganismos no ecossistema

    ruminal.

  • 13

    Distribuio e variaes dos microrganismos ruminais

    O rmen apresenta contedo heterogneo composto pelas digestas lquida e slida,

    sujeitas a fluxos diferentes e distribuio distinta da microbiota (CZERKAWSKI, 1986).

    CHENG; COSTERTON (1986) dividem a microbiota em trs populaes bsicas: a populao

    do lquido ruminal, a dos microrganismos aderentes frao slida da digesta e a populao

    ligada parede do rmen.

    A primeira compreende a poro mais investigada, devido aos mtodos clssicos de

    coleta de amostra e cultivo do contedo ruminal. Os autores incluem nesta populao os

    microrganismos aptos a colonizarem alimentos recm-ingeridos ou superfcies de tecidos

    recm-expostos, o que os leva a atribuir-lhes grande atividade metablica. A populao

    aderente frao slida est relacionada com a degradao dos alimentos fibrosos (STEWART,

    1986).

    Um grupo totalmente distinto ocorre na parede do rmen. So anaerbios facultativos,

    que digerem clulas epiteliais mortas e apresentam importante atividade ureoltica, num

    ambiente situado na interface entre o tecido bem oxigenado e o contedo ruminal anaerbio

    (CZERKAWSKI, 1986).

    A populao microbiana encontrada no rmen, normalmente pode sofrer uma pequena

    variao, dependendo da espcie de animal, da localizao geogrfica, da dieta e outros. A

    variao entre o nmero e quantidade de bactrias no rmen, em geral muito pequena, quando

    comparada com a variao na populao de protozorios, estes podem variar em nmero e tipo

    entre animais de mesmo grupo gentico. Algumas vezes, a variao na populao de

    protozorios pode afetar a populao bacteriana, devido a predao existente entre estes

    microrganismos (TEIXEIRA, 1991).

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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