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    1Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    MAIO 2008

    Myriam KrasilchikUniversidade de So Paulo

    Faculdade de Educao (FEUSP)

    Docncia no

    Ensino Superior:tenses e mudanas

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    2 Docncia no Ensino Superior: tenses e mudanas

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Reitora:Suely Vilela

    Vice-Reitor:Franco Maria Lajolo

    PRREIORIA DE GRADUAO

    Pr-Reitora:Selma Garrido Pimenta

    Assessoria:Profa. Dra. Maria Amlia de Campos OliveiraProfa. Dra. Maria Isabel de Almeida

    Secretaria:Angelina Martha Chopard GerhardNanci Del Giudice Pinheiro

    Diretoria Administrativa:Dbora de Oliveira Martinez

    Diretoria Acadmica:Cssia de Souza Lopes Sampaio

    Capa:Sulana Cheung

    Projeto grfico (miolo) e diagramao:Tais Helena dos SantosDiviso de Marketing - Coordenadoria de Comunicao Social - USP

    Informaes:Pr-Reitoria de Graduao - Universidade de So PauloRua da Reitoria, 109 rreoelefone: 3091-3069 / 3091-3290 / 3091-3577Fax: 3812-9562E-mail: [email protected]: http://www.usp.br/prg

    Editado em Maio/2008

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    3Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    A pedagogia universitriana Universidade de So Paulo

    crescente a demanda por inovaes pedaggicas em todos

    os nveis de ensino e a Universidade de So Paulo tem procura-

    do corresponder a essa expectativa da sociedade contempornea.

    Orientada por diretrizes que buscam a valorizao do ensino de

    graduao, a Pr-Reitoria de Graduao vem desenvolvendo aes

    que buscam investir nos professores enquanto sujeitos do trabalho

    de formao, propiciando espaos para ampliar as possibilidades

    de sua formao pedaggica.

    A realizao do ciclo Seminrios Pedagogia Universitria

    parte de uma poltica institucional voltada para a melhora qua-litativa do ensino e para o desenvolvimento profissional docen-

    te. Os seminrios sero acompanhados dos Cadernos Pedagogia

    Universitria, que traro a publicao de textos orientadores das

    abordagens desenvolvidas por profissionais brasileiros e estrangei-

    ros, de grande presena no campo das pesquisas e da produo de

    conhecimentos a respeito da docncia universitria.

    Com essas iniciativas a Pr-Reitoria de Graduao disponibi-

    liza aos professores da Universidade de So Paulo a discusso dos

    mltiplos aspectos polticos, tericos e metodolgicos orientado-

    res da docncia, bem como das condies que permeiam a sua reali-

    zao, com a esperana de contribuir com a necessria mudana

    paradigmtica do ensino universitrio.

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    5Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    Myriam KrasilchikUniversidade de So Paulo

    Faculdade de Educao (FEUSP)

    Docncia noEnsino Superior:

    tenses e mudanas

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    7Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    NDICE Introduo ........................................................................................ 09

    1. enses e mudanas ......................................................................... 13

    2. Alunos ................................................................................................ 17

    3. Professores ......................................................................................... 23

    4. Programas de aperfeioamento de ensino .................................... 31

    Bibliografia ....................................................................................... 35

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    9Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    Este seminrio uma das conseqncias de crise que leva os do-centes universitrios busca de formas de facilitar e melhorar seutrabalho com os alunos tanto de graduao como de ps-gradu-ao. evidente um movimento nas universidades de procura deaprimoramento dos seus docentes, por meio de seminrios, cursos,presenciais e a distncia e projetos de tutoria entre outros. al movi-

    mento pode ser indicativo de maior exigncia por parte dos alunos,principalmente dos cursos de graduao, e mesmo da administra-o da instituio.

    Iniciativas diversas foram sendo formuladas como respostasa essas necessidades. O programa de Apoio Pedaggico-PAE, emque ps-graduandos auxiliam nos cursos de graduao instalado,em 2000 um exemplo. A Pr-Reitoria de Graduao, desde 2004

    instruiu Grupos de Apoio Pedaggico GAP que funcionam em al-gumas das unidades da USP para discusso de problemas de ensinoe busca de apoio para as questes que preocupam alunos e profes-sores.

    Um ponto polmico sempre em discusso a contraposio deprogramas integrados destinado a professores de formaes varia-das ou projetos ligados a uma disciplina especfica ou rea de co-

    Introduo

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    nhecimentos. Discute-se tambm o interesse da ligao desses pro-gramas com centros de servios de produo de material didtico,de planos de aula e recursos audiovisuais eletrnicos.

    Os servios pedaggicos para disciplinas especficas sofremcrticas porque segundo alguns no propiciam apoio reflexo eformao de conscincia pedaggica. Os cursos gerais considerama formao de professores universitrios em disciplinas que anali-sam os processos educativos no seu todo. As vantagens alegadas degrupos de apoio especializados seriam de auxiliar casos concretosde problemas criados nas situaes de aulas, dos laboratrios, dos

    estgios dos trabalhos de campo, embasados e dependentes de con-tedos especficos que exigiriam um conhecimento especializadona rea.

    A minha experincia pessoal comeou com grupos com forma-o biolgica e evoluiu para o atendimento a professores e ps-gra-duandos das muitas unidades que compem a USP e mesmo alunosde outras universidades. A procura por tais cursos de Metodolo-

    gia do Ensino Superior que venho dando para duas turmas, anual-mente uma no primeiro e outra no segundo semestre, indica quea interao de pessoas de diferentes origens, trocando informaes,depoimentos, registrando necessidades no s til como cataliza-dora de uma vivncia universitria coibida pelo confinamento emdepartamentos ou unidades especializadas.

    enho reiterado a pergunta s turmas muito numerosas, de cer-

    ca de 70 a 90 alunos, sobre as vantagens e desvantagens dessa es-trutura e tanto os depoimentos orais como os relatrios e trabalhosexigidos no curso consideram a situao vantajosa e, para muitos,nica na vida universitria.

    O tema do aperfeioamento docente to presente que as dis-cusses se repetem em muitos foros dando a quem fala e escreve asensao de estar repetindo estribilhos muito desgastados, mas ne-cessrio para orientar aes futuras transcendendo departamentos

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    e unidades.

    No possvel tratar adequadamente do que ocorre e deve ocor-rer nas aulas sem traar elementos da situao contextual, tanto no

    mbito externo da instituio como na esfera interna para melhorentender e procurar mudar, quando necessrio, o atual estado decoisas.

    Fato bvio de influncia fundamental conhecer os alunos comos quais trabalhamos. A anlise das relaes dos estudantes comprofessores, com colegas e com o estudo e com o conhecimento soessenciais para planejar e implementar corretamente os currculos e

    projetos pedaggicos no contexto de cada instituio.

    Assim trataremos inicialmente do cenrio atual da educao su-perior com nfase no que ocorre nas universidades pblicas paulis-tas, especialmente na USP. A anlise da postura dos estudantes serorientadora para discusso do que se exige hoje de um professoruniversitrio no exerccio da docncia.

    A partir dessas premissas sero comentadas aes para subsidiaro professor nas suas decises e tarefas.

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    13Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    Um conjunto de fatores no atual cenrio do ensino contribuipara criao de tenses que acabaram tendo reflexos nas salas de

    aula, laboratrios, nas relaes aluno-professor e professor-aluno.Esses processos resultam de opes feitas pelas instituies e queinevitavelmente desembocam no dia a dia das escolas.

    Uma poderosa fonte de tenses que desencadeia uma srie deaes grande aumento da populao estudantil que pleiteia acessoao ensino superior.

    Exemplo histrico que influiu decisivamente na atual compo-

    sio do ensino superior brasileiro, com grande expanso da redeprivada de instituies, foi o movimento dos excedentes, alunosque no ingressavam nas poucas universidades pblicas e confes-sionais existentes no fim da dcada de 60. Hoje esse movimento temoutras caractersticas, pois muda a composio dos que reclamamespao na universidade. O aumento de egressos do ensino mdio, a

    valorizao da educao superior como credencial da empregabili-dade e esperana de mobilidade social geram movimentaes para

    1 ensese mudanas

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    melhorar a possibilidade de freqentar a universidade.

    As respostas tm sido ampliao de cursos e vagas nas Universi-dades pblicas, apoio do governo federal e concesso de bolsas para

    freqentar universidades privadas. No entanto muitas delas ficamcom vagas ociosas pois os estudantes no tm meios de pagar asmensalidades e cobrir os gastos decorrentes dos estudos como con-duo, livros entre outros.

    Alm de demanda quantitativa a procura pelo acesso exercidatambm por grupos diversificados que requerem incluso, sendo osmais atuantes os movimentos negros. H tambm nas Universida-

    des tentativas de receber um maior contingente de alunos de escolapblica procurando fazer com que os estudantes com capacidademas deficincias de formao possam, ao receber compensaesnos vestibulares, ingressar nas Universidades.

    Dados recentes indicam que parte desses alunos consegue supe-rar suas desvantagens iniciais e completar muito bem os seus cursosdesde que tenham condies de freqncia aos mesmos. Esse re-

    sultado pouco compensador segundo os que lutam contra aesde poltica afirmativa para atender a grupos excludos, motivos depolmicas constantes contra e a favor de cotas.

    Do aumento de vagas e de instituies decorre uma diminuio derecursos financeiros e humanos, que no final da cadeia acaba sobre-carregando os professores. Estes por sua vez se deparam com alunosdiferentes dos formados em cursos propeduticos destinados exclu-

    sivamente aos vestibulandos que formavam a sua clientela bsica e seressentem das mudanas e tm dificuldades para super-los.

    O aumento das vagas leva constituio de classes muito nu-merosas o que ainda agrava as dificuldades enfrentadas pelos do-centes.

    Em muitos casos essas classes so entregues ao professores prin-cipiantes e menos experientes, ao contrrio do que recomendam

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    as pesquisas indicando que, como os primeiros anos so cruciais, preciso que os professores consigam estabelecer o clima de respeito,rigor, amor ao estudo que definir as relaes dos alunos com a es-

    cola durante a sua formao.O dilema para muitos continua como a necessidade de optar

    pela massificao ou pela manuteno do elitismo. Invoca-se re-ceios de que ocorra no 3 Grau o que ocorreu nos nveis fundamen-tais e a expresso massificao tem um forte sentido pejorativo.Embora a Universidade seja beneficiada com a amostragem de alu-nos mais representativa da populao, para muitos custa reconhe-

    cer essa vantagem.Um outro fator de tenso que afeta profundamente o trabalho

    dos docentes a dicotomia que se prope entre ensino e pesquisaquando esta mais valorizada pelas agncias de fornento e cobradapelos rgos internos da Universidade.

    Procedimentos criteriosos de avaliao do ensino e de sua im-portncia como elemento de progresso na carreira acadmica so

    essenciais para impedir o desequilbrio do peso do ensino e da pes-quisa incentivando os professores igualmente dedicados as duasatividades.

    Esse problema internacional e a aferio da produtividadepelo nmero e qualidade de publicaes provoca uma prefernciapela pesquisa em detrimento do ensino especialmente de gradua-o segundo a literatura internacional.

    Uma outra fonte de tenso o processo de remapeamento doconhecimento que no mais contido nos departamentos atuais,muitos deles anacrnicos.

    A necessidade de construir caminhos e pontes entre as vriasreas e culturas obriga a reviso de currculos e programas, criaode novas disciplinas exigindo reformulaes que desafiam os docen-tes e provocam rupturas de tradies instaladas h muito tempo.

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    17Myriam Krasilchik (USP - Faculdade de Educao)

    Em geral os professores preocupam-se prioritariamente com oque vo ensinar, o que desejvel desde que no se esqueam dos

    que vo receber tais ensinamentos, os estudantes.Concernentes anlise, duas dimenses so essenciais con-

    vivncia entre estudantes, professores e funcionrio, bem como relao dos alunos com o estudo.

    A socializao, formao de grupos, companheirismo, relacio-namentos na escola so elementos que nos acompanham toda a

    vida e tm papel importante no desempenho escolar.

    Estudos do NAEG (Ncleo de Apoio dos Estudos de Graduao)revelaram que a evaso no 1 semestre do 1 ano da graduao muito alta. Dois fatores so identificados como determinantes parao abandono: o desencanto com as aulas e a constatao de erro naescolha do curso. Fazendo uma anlise mais profunda, verifica-sea grande dificuldade desses estudantes de entrosamento na turmae participao nas atividades. Estudantes queixam-se da impesso-

    2 Alunos

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    alidade, seu desconhecimento pelos professores fora da aula, no

    serem chamados pelo nome entre outras atitudes que consideram

    desatentas ou mesmo desrespeitosas.

    Atualmente, aparecem com certa freqncia queixas de indisci-plina, rara em outras pocas. Alunos desagregadores, desafiadores,

    desinteressados so alguns dos termos usados pelos docentes em

    contraposio aos estudantes colaboradores, atentos e interessados.

    Compreender o que ocorre, evitar e mediar conflitos depende de

    manter a classe interessada e com boa disposio para o estudo.

    Uma outra queixa muito freqente dos estudantes o da mqualidade das aulas, que so chamadas de irrelevantes e desinteres-

    santes. Essa avaliao no circunscrita ao 1 ano. Como parte dos

    trabalhos do curso de Metodologia do Ensino Superior j mencio-

    nado, os ps-graduandos devem entrevistar alunos de graduao e

    as queixas sobre as aulas esto presentes desde os semestres iniciais

    at as atividades de finais de curso, o que se constitui em preo-

    cupante indicador de necessidade de aes para transformar essa

    realidade.

    Relaes com o estudo Em 1976, Marton e Sljo, em um tra-

    balho crucial, comearam a analisar como os alunos estudam e que

    interesses procuram atender.

    A expanso desses estudos permite hoje identificar diferentes

    posturas sendo que a classificao bsica feita a partir das pesquisas

    dos autores mencionados divide os alunos em superficiais e profun-

    dos. Essa tipologia no valorativa, mas apenas distingue entre a

    motivao e aprendizado.

    O aluno superficial tem interesses externos: quer receber boas

    notas, agradar professores, familiares e fazer bom papel no seu gru-

    po. Memoriza informaes e fatos no relacionados considera as ta-

    refas imposies externas. Preocupa-se em armazenar informaes

    muitas vezes esparsas e desconexas que esquece com rapidez. Seu

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    envolvimento com o estudo por obrigao.

    O aluno profundo tem outras motivaes. Ele quer compreen-der e vai alm do que lhe dado na escola, consultando bibliografia,

    por conta prpria, perguntando ao professor, dentro e fora da aula,discutindo os temas com os colegas. Relaciona teoria experinciado cotidiano, focaliza o que significativo. Organiza e estrutura co-nhecimento em um todo coerente. Procura conexes dos temas nasdisciplinas e entre as disciplinas buscando compor um quadro geralque sintetize o que aprendeu em uma viso interdisciplinar. Seu en-

    volvimento com o estudo prioritariamente o prazer de aprender e

    satisfao pessoal.A postura dos alunos depende das disciplinas, do professor, da

    etapa do curso, que significa que o aluno pode ser profundo segun-do um professor e superficial para o de outra disciplina. As diferen-as entre os alunos esto resumidas no seguinte quadro:

    ORIENAO PARA O ESUDO

    Abordagem Superficial ProfundaEstrutura Atomstica Holstica

    Significado Reproduo CompreensoMotivao Extrnseca IntrnsecaObjetivo Sucesso Aprendizado

    No decorrer dos trabalhos nesse campo foi considerada uma ou-tra categoria: o aluno estratgico, ou seja, o que se organiza para

    atender as exigncias, dividindo o tempo das tarefas para melhordesincumbir-se e obter melhores resultados. De acordo com os de-poimentos nas j mencionadas entrevistas, os alunos estudam nas

    vsperas de provas, faltam s aulas para preparao das avaliaes elimitam-se a ler o mnimo exigido.

    O excesso das aulas na grade horria obriga a esses artifcios parair bem nos cursos. Creio que as explicaes dos estudantes, muitas

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    delas em forma de queixas, obrigam a refletir e repensar os nossosprojetos pedaggicos. Pesquisas demonstram que quando os cursosenvolvem alunos em atividades alm da mera presena nas aulas

    para ouvir prelees, estes envoluem de superficial para profundo.Muitos professores que confundem impertinncia ou mesmo,

    desafio de alunos que exigem alm do que dado em aula, precisamrever seus conceitos e apreciar e dar valor aos esforos dos alunosque querem ir alm e ampliar seu conhecimento.

    A evoluo e mudanas da cincia e a derrubada de muitas fron-teiras que separavam as tradicionais disciplinas obrigam a reviso

    das delimitaes dos campos de conhecimento criando problemasacadmicos de ensino e pesquisa.

    O docente precisa rever seus cursos estruturados muitas vezesh muitos anos. Isso exige estudos, compilao de novas bibliogra-fias, estruturao de novas disciplinas provocando alteraes nadisposio dos espaos, dos territrios de poder, da posse de equi-pamentos. Enfim em alguns casos causam verdadeiras convulses,

    com traumas de resultados desastrosos. Alguns docentes optam porignorar as novas exigncias e continuam trabalhando como antessem admitir a necessidade de reviso outros criam conflitos.

    O remapeamento dos campos de conhecimento, o aumento dasinformaes que restringe a capacidade de armazenar e transmitirtodas as informaes, idias, conceitos deve mudar a relao pro-fessor-aluno. preciso dar aos discentes a capacidade de estudar e

    aprender individualmente ou em grupo, independendo da atenocontnua do professor.

    Essa situao tambm altera a posio do docente e cria novasfunes e obrigaes. Nesse campo outro elemento interfere comofonte de tenso. A necessidade de amalgamar a cultura impressapreponderante em todas as atividades acadmicas com a cultura di-gital cada vez mais significativa, necessria e presente.

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    Enquanto a cultura impressa fundamenta-se em trabalho indivi-dual, isolado, que quando muito limitado critica do que se v ououve, a cultura digital implica em produo coletiva, em trabalho

    cooperativo.Nessa busca de composio dos dois processos de trabalho do-

    centes e discentes tm que assumir novas posturas e procurar emconjunto a conciliao das duas culturas.

    ambm como conseqncia do aumento da demanda por vagasamplifica-se a criao de um novo espao acadmico; a chamadaeducao distncia-EAD. Mal compreendida por muitos, criti-

    cada em posio tradicionalista e incapaz de abrir novos horizontese delegar aos estudantes a responsabilidade pelo estudo.

    Essa postura extremamente vinculada viso disciplinaristae autoritria de docente que presencialmente orienta e conduz oestudo, dirige os trabalhos, toma decises e avalia, concentrando aresponsabilidade pelo ensino e aprendizado, assumindo toda a res-ponsabilidade e poder.

    Mas independentemente dessa reao, cada vez mais se difundea idia que tanto para os cursos regulares como para os chamadosEAD no h como circunscrever a ecologia escolar aos espaos tra-dicionais e confinar todos os alunos s salas de aula, laboratrios emesmo em trabalhos de campo tutelados e dirigidos por professorespecializado.

    A situao exige das Universidades, criatividade e ousadia parafundamentar, planejar e implementar novas solues usando tantoos elementos da cultura impressa como da cultura digital.

    Fator cada vez mais influente no ensino superior em nvel inter-nacional a globalizao. Os movimentos de unificao de curr-culos que tem como um dos elementos significativos o tratado deBolonha de junho de 1999, em que 22 ministros da Unio Europiase comprometeram a fazer esforos comuns para unificar muitas

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    das regras e procedimentos para funcionamento das instituies deensino superior.

    Segundo P.G. Altbach editor do International Higher Educa-

    tion, O que globalizao e como afeta a poltica e instituiesacadmicas de ensino superior? A resposta aparentemente simplese suas implicaes surpreendentemente complexas. Para o ensinosuperior globalizao significa o amplo conjunto das foras sociais,econmicas e tecnolgicas que talham as realidades do sculo 21.

    As nossas escolas so diretamente afetadas pelas descries esbo-adas de mudanas curriculares, estruturaes de cursos, criaes

    de disciplinas visando a homogeinizao dos sistemas europeus.

    Alm disso, a competio internacional acirrada e pases emdesenvolvimento enfrentam competies com as instituies depases desenvolvidos em termos financeiros, publicaes, dificul-dades de lngua entre muitas outras.

    A luta contnua para garantir apoio tanto acadmico comofinanceiro aos conjuntos do sistema e receber, manter e formar alu-nos qualificados como profissionais e cidados.

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    Pesquisa da Pr-Reitoria de Graduao publicada em 2005 de-monstra que 87% dos docentes na USP trabalhavam em tempo in-tegral, RDIDP, 10% em regime de tempo completo RC e 3% emregime de tempo parcial. Na poca da pesquisa a maioria dos do-centes lecionava de 10-29 anos, portanto professores experientes.

    A maioria dedicava graduao e ps-graduao de 20 a 60%do tempo. Os dados indicam tambm que o tempo que usam nasatividades de ps-graduao e graduao praticamente equivalen-te ao que gostariam de usar, porm manifestam desejo de aumentaro tempo disponvel para atividades de ps-graduao/pesquisa eextenso.

    A partir dos dados da pesquisa o relatrio prope incluso naagenda da USP entre outras as seguintes medidas:

    l oferecimento (incentivo) de formao para a ao pedaggicacontnua;

    l criao de espaos de discusso da prtica docente;

    l implementao de poltica de incentivo pesquisa sobre ensino

    3 Professores

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    superior;

    l adoo para a graduao de um sistema de avaliao que conte-nha indicadores claros e bem definidos da qualidade de ensino;

    l valorizao por parte da Universidade, das Comisses de Gra-duao e das Comisses de Coordenao de Curso.

    l adoo de novos critrios, pela Comisso Especial de Regimesde rabalho CER na promoo funcional do docente queconsidere com maior peso, as atividades de graduao.

    Esses trabalhos iniciados em 2004 e que continuam na gesto

    atual, buscam melhorar um ensino que justa ou injustamente sofrecrticas. Mantm sempre em pauta formas de interessar os docen-tes e minimizar os efeitos das avaliaes externas que priorizando apesquisa usando como referncia bsica as publicaes em revistascatalogadas como de qualidade diminui o interesse para melhoraro ensino. Portanto, a avaliao de professores necessita o desenvol-

    vimento e uso de processos que permitam auto avaliao e aferioinstitucional para efeitos de monitoramento do trabalho, atribuiode funes e progresso na carreira.

    Pesquisas nesse campo so numerosas e vm sendo intensificadascomo: conseqncia das tenses que rondam o trabalho da Universi-dade e que como j mencionado inmeras vezes desembocam na salade aula e interferem profundamente na atividade acadmica lem-brando que as pesquisas devem beneficiar o ensino no cotidiano.

    Na introduo do seu inestimvel livro Efetive eaching in Hi-gher Education: Research and Practice, editado por R. Perrty e J.C.Smart, afirmam a evidencia consistente que a organizao e a cla-reza das aulas esto diretamente ligadas ao desempenho dos estu-dantes, por exemplo, d uma mensagem clara sobre como planejaras aulas.

    Esses autores acrescentam preciso basear o trabalho em da-

    dos empricos e no em especulao anedtica, permitindo que as

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    decises sejam fundamentadas em evidncias. Muitas pesquisas re-sultantes do uso de instrumentos vlidos e fidedignos indicam queo bom desempenho dos professores deve ser analisado como um

    processo multidimensional.Fatores que influem so: entusiasmo, aprendizado dos estudantes,

    organizao, capacidade de criar um clima satisfatrio confortvel,promover a interao no grupo e ter bom relacionamento com os es-tudantes. O contedo do curso, exames, carga de trabalho compemum outro conjunto de fatores que so identificados na tentativa deanalisar o desempenho dos docentes. Avaliaes de professores so

    em geral muito controvertidas porque sejam feitas por pares, alunosou administradores podem significar ameaas ao emprego, promo-o, ou boa convivncia com os colegas e estudantes.

    Por exemplo, um bom apresentador organizado, entusiasma-do, suas aulas abrangem o contedo desejvel, uma outra faceta sero de regulador que controla de forma adequada a carga e qualidadedos trabalhos e das provas e avaliaes, ainda em uma outra dimen-

    so de anlise as relaes individuais com os alunos, com o grupo ea capacidade de criar uma atmosfera agradvel em que os estudan-tes fiquem a vontade sentindo-se bem.

    A avaliao dos alunos admite diferenas entre os professoresque no necessariamente precisam ser excelentes em todas as di-menses.

    Venho usando um questionrio para anlise de trabalho do pro-

    fessor como catalizador de discusses no curso de ps-graduao eos resultados so bastante consistentes nos cinco semestres em queo exerccio foi feito. Peo aos ps graduandos que dem nota aomelhor professor que tiveram.

    As melhores pontuaes so atribudas ao conhecimento doprofessor, boa preparao, clareza. As mais baixas recaem sobre oconvvio com os alunos: o professor no caloroso, amigvel, aces-

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    svel fora da aula. So criticados tambm os textos e a carga de tare-fas que precisam fazer.

    No entanto, apesar das crticas, das mltiplas dimenses a con-

    siderar para dar docncia a mesma importncia que tem as publi-caes na avaliao, preciso criar e aperfeioar os instrumentos jexistentes que embasem decises de chefias, de comisses, de ban-cas ou outros responsveis.

    A opinio dos alunos, apesar das dvidas que possam suscitarfavorecendo docentes populistas ou desmerecendo professoresmais rigorosos, tm demonstrado que so preciosas nas tomadas

    de deciso.

    Caractersticas de professores tambm valorizadas pelos alunosapresentados na literatura do assunto so aqueles que assumem va-lores que fundamentam seu trabalho, so conscientes do contextoscio econmico em que o seu desempenho ocorre e participa dodesenvolvimento cultural, assumindo responsabilidade pelo seuprprio aperfeioamento.

    Para ampliar as fontes de informao no plano internacionalcada vez mais se expande o uso do Portflio que seria o arquivopessoal do professor (Edgerton, Hutchings, Quinlan) por analogiaaos portflios de arquitetos, fotgrafos, pintores.

    As vantagens de portflios s tradicionais provas didticas dosconcursos so vrias: no pontual, permite uma viso da histriapessoal do professor, suas reflexes e a realidade de seu ensino.

    Os formatos e contedos podem variar assim como variam osmemoriais, mas alguns itens possveis so:

    1 Produtos de ensino

    Resultados dos alunos

    Exemplares de textos, manuais de laboratrio

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    2 Publicaes de alunos

    Descrio do trabalho

    Lista de cursos que ministrou Materiais de apoio produzidos

    3 - Indicao de procedimentos para melhorar seu desempenho

    Cursos, seminrios, congressos que freqentou

    Bibliografia que usa

    Pesquisas sobre ensino que realiza

    Associaes das quais participa

    Publicaes de livros didticos e de material em revistas

    especializadas em ensino.

    4 Opinies externas

    Avaliao de alunos

    Avaliaes de pares

    Convites para dar cursos, palestras, conduzir seminrios

    Depoimentos informais de colegas, famlias, alunos.

    Admite-se que o portflio pode apresentar de forma organizadaalguns dos mltiplos e complexos aspectos do ensino no s no

    nvel individual. Podem servir para uma rigorosa avaliao institu-cional e incrementar os procedimentos de pesquisa em ensino tonecessrios para que a docncia tenha peso equivalente ao que temas publicaes a produo na anlise do desempenho dos acad-micos. Bem usados, os portflios podem apoiar as mudanas que

    vem ocorrendo nos campos de conhecimento, promovendo a in-terdisciplinaridade em discusses, debates de temas em pauta para

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    as mudanas resultantes das movimentaes na cincia, na cultura,nas artes.

    A prpria organizao e foco do portflio j so indicativos das

    concepes bsicas, das decises curriculares e das possibilidadesde mudanas ou do atrelamento s tradies e manuteno da situ-ao existente.

    No momento em que as instncias legais dos sistemas universit-rios MEC, Secretarias de Educao, Conselhos Nacional e Estaduaise Municipais de Educao assumem funes de regulao, avaliaoe superviso das instituies de ensino superior, fazem exigncias

    para processos de autorizao e credenciamento dos cursos e sepropem fechar cursos inadequados, o desempenho de docentespassa cada vez mais a ser significativo na caracterizao da exce-lncia acadmica e estabelece novos desafios para manter e reverconcepes de universidade, princpios, valores e prioridades. Almde atender aos organismos oficiais, a sociedade estabelece compara-es e cobra resultados dos recursos que investe principalmente no

    ensino pblico em dados amplamente divulgados pela mdia.A definio de claras questes em educao precede a proposta

    de solues e, portanto no basta prescrio de comportamentos,uso de novas tcnicas e de recursos se no houver aceitao deprincpios que levem a mudanas de concepo de universidade ede profissional e cidado que queremos formar.

    Defendemos como muitos que a forma de ensinar melhor

    aprender como e porque os alunos aprendem.Cada vez mais a aceitao de que cada um de ns estuda e re-

    constri o conhecimento com base em caractersticas e interessesprofissionais, faz com que objetivo de desenvolver a meta cognioesteja presente nas preocupaes, nas pesquisas e discusses sobreo ensino superior.

    A etapa mais elevada na hierarquia de objetivos educacionais

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    prope que o estudante se faa perguntas de como aprendo? quan-do sei que estou aprendendo? Que auxlio devo procurar para atin-gir melhor meus objetivos? Entendi ou li o que ouvi? Como rever

    meu plano de estudo se no estiver dando certo?Kolb, ao estudar o aprendizado, desenvolveu uma tipologia para

    explicar as vrias modalidades. Algumas pessoas preferem ter expe-rincias envolvendo-se diretamente e tambm com outras pessoasno aprendizado. Outras preferem comear por analisar teoricamen-te o problema e planejar uma forma de abord-lo.

    Essas opes so as que iniciam o processo de obteno de in-

    formaes. Para processar a informao e inclu-la em seu quadrode anlise, o autor admite de novo uma dicotomia de abordagem:experimentao ativa: aprender fazendo ou por observao; experi-mentao reflexiva: aprender observando e ouvindo.

    A partir dessas premissas, Kolb divide os estilos de aprendiza-gem em:

    Convergentes que aplicam idias a problemas prticos na buscade respostas claras e corretas;

    Divergentes que procuram ver diferentes facetas de uma mesmaquesto e buscam possveis diferentes solues para as mesmas;

    Assimiladores mais interessados em conceitos abstratos do queem objetos e pessoas;

    Acomodadores fazem tentativas e erros dinamicamente com aju-

    da de outras pessoas at chegar concluses prprias.

    Muitas vezes preferncias iniciais no curso variam em funodas necessidades profissionais e o aluno muda o seu estilo de apren-dizagem.

    Essas mudanas indicam que as atividades escolares devem es-tabelecer conexes da teoria com a prtica, do acadmico com ocotidiano, das experincias pessoais com as escolares.

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    A busca de equilbrio entre as inmeras funes acadmicas epessoais mantendo-se sempre prximo dos seus usurios, alunos,colegas, agncias de fomento, exige esforos extras mas compensa-

    dores quando se verifica os seus resultados no ensino e na pesquisae em projetos efetivos de trabalho baseados tanto nas convicespessoais como nos objetivos do sistema ao qual se pertence.

    al projeto demanda capacidade de identificar a preferncia deestilos de ensino, concepes de currculo, modalidades didticas,processos de avaliao com fundamentao terica, resultados depesquisa e condies de trabalho que devem ser aferidas nas avalia-

    es e portflios.Para explicitar seu prprio sistema de valores preciso relacio-

    nar a diversidade de alunos ao processo educacional, as estruturassociais e seus propsitos baseados em valores e princpios ticos.

    Como o conjunto em que operamos dinmico e est em cons-tante mudana, a busca de informaes, trocas de experincias in-cessante mas satisfatria porque permite dividir dvidas e anseios,

    derrotas e conquistas, mantendo sempre a expectativa de melhora,de mais sucesso e possibilidade de contribuir tanto na esfera ime-diata, como no mbito institucional e mesmo na esfera externa daspolticas e medidas oficiais.

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    No entanto, muitas dessas discusses no atingem os professoresque recebem incumbncia de ministrar uma disciplina sem ter con-dies de estudar seu papel na grade curricular, conexes verticais

    e horizontais com os outros contedos e objetivos que estruturam oprograma. So raros os casos em que grupos de professores podemplanejar conjuntamente seus cursos decidindo por opes pedag-gicas comuns com modalidades didticas complementares.

    necessrio lembrar ainda que do currculo proposto no nvelde deciso dos conselhos e comisses das escolas currculo teri-co sofre uma srie de transformaes at chegar realidade da sala

    de aula onde se torna o currculo real.As condies de trabalho, o conjunto dos alunos, o tempo dispo-

    nvel pelas atividades afetam o desempenho do professor, criando oque se chama de currculo oculto, que se manifesta como fatoresambientais desde a disposio das mesas, ateno dos funcionrios,entre muitas outras.

    Portanto, programas de aperfeioamento didtico tm que levar

    em conta diferentes situaes e tentar fazer com que os esforosno sejam individuais e passem a ser um trabalho de equipe em quetodos estejam comprometidos com os mesmos princpios e prop-sitos.

    Quando isso no possvel, mesmo a transformao interna deuma disciplina colocando o aluno como o cerne das preocupaes,alm de beneficiar o grupo pode transceder os limites da classe e

    trazer outros professores para tentar mudar seu trabalho.Na Universidade de So Paulo uma iniciativa que continua dan-

    do bons resultados o Programa de Aperfeioamento Pedaggico PAE. Ps graduandos, sob a superviso de um professor, ajudamnos cursos de graduao. A idia bsica quando foi criado era a depermitir que cada Unidade encontrasse solues prprias. No in-cio do programa, que foi instalado na minha gesto na vice-reito-

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    ria, houve objees por temor de que os alunos passassem a fazero trabalho dos professores como ocorre em alguns pases com osteaching assistent.

    Como os temores foram infundados, hoje esse projeto est empleno funcionamento, embora a liberdade inicial que era um deseus pilares esteja bastante cerceada principalmente por determi-naes da CAPES.

    As solues foram diversificadas e bastante bem sucedidas. Namaioria dos casos a maior facilidade de contato e liberdade no tratodirio serviram para auxiliar os alunos da graduao a tirar dvi-

    das, expor idias, propor mudanas, discordar das avaliaes, crian-do um clima de dilogo benfico para todos os envolvidos.

    Ainda assim, uma das intenes bsicas persiste: fazer profes-sores com diferentes experincias trocarem idias para planejar eexecutar suas aulas.

    A valorizao dos docentes pelos alunos, mesmo que no acom-panhadas por colegas e superiores, pode ser estmulo para enfatizaro ensino de graduao e levar a que a instituio mesmo nas atuaiscondies de trabalho de classes numerosas, estudantes freqentan-do as aulas, diminuio de recursos financeiros e humanos o ensinode graduao, possa transformar seu eixo de interesse concentran-do-se no aluno como uma das formas do ensino superior enfrentara realidade do comeo do sculo 21.

    A ampliao e diversificao do corpo estudantil, hoje aberto agrupos outrora excludos pelo gnero, pelo nvel scio econmico,por diferenas tnicas, demanda reviso de posturas, concepes eprocedimentos. Os programas de aperfeioamento pedaggico tmum efeito essencial para que o ensino de graduao e ps graduaopasse a ser componente dinmico e inovador do ensino superior.

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    Bibliografia

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