1 a hospitalidade nos aeroportos contemporaneos
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Trata a Hospitalidade nos aeroportos de acordo as a experiência do passageiro ao chegar no local.TRANSCRIPT
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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAO SOCIAL
CURSO DE TURISMO
DAIANE MUNHOZ NOLDE
A HOSPITALIDADE NOS AEROPORTOS CONTEMPORNEOS:
O AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO
Porto Alegre 2008
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DAIANE MUNHOZ NOLDE
A HOSPITALIDADE NOS AEROPORTOS CONTEMPORNEOS:
O AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO
Trabalho de Concluso apresentado ao Curso de Graduao da Faculdade de Turismo da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Turismo.
Orientadora: Prof. Dr. Susana de Arajo Gastal
Porto Alegre 2008
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AGRADECIMENTOS
minha orientadora, Doutora Susana de Arajo Gastal, que me auxiliou na
elaborao deste trabalho.
minha famlia, que sempre esteve presente; amparando-me nos momentos de
estresse e apoiando e incentivando;
A todos que de alguma forma participaram dessa etapa e ajudaram em meu
crescimento;
A Deus por me proporcionar vivenciar tudo isso e me dar fora para alcanar meus
objetivos.
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RESUMO
Estuda-se o Aeroporto Internacional Salgado Filho, de Porto Alegre/RS, em relao a
importncia da hospitalidade e da interpretao de tal tipo de terminal areo como parte
indispensvel para o Turismo e as localidades. Enquanto locais de grande fluxo de pessoas, os
aeroportos inserem-se no contexto da globalizao, em que a mobilidade torna-se
caracterstica crescente. Considerando que o Turismo caracterizado pela movimentao,
entende-se que os aeroportos se tornam locais de relevncia para a atividade, pois so uma das
principais portas de entrada de turistas. Ento, o trabalho busca analisar o Aeroporto de Porto
Alegre a partir da pesquisa etnogrfica participante, em que se observam as categorias que
apresentam a sua hospitalidade, como a acessibilidade, a legibilidade, a identidade e o
acolhimento. Assim, a investigao levanta a necessidade de se entender que a hospitalidade
fator indispensvel ao turismo contemporneo e que o aeroporto em questo apresenta falhas
nestes termos.
Palavras-chave: Turismo. Hospitalidade. Aeroportos. Aeroporto Salgado Filho. Porto
Alegre/RS
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ABSTRACT
The dissertation presents the Salgado Filho International Airport about the importance
of the hospitality and the interpretation of these terminals as an inseparable part of tourism
and the destinations. While places of great flow of people, the Airport falls within the context
of globalization, where mobility is a growing feature in societies. Considering that tourism is
characterized by movement, it is understood that airports have become places of relevance to
the activity because it is one of the main gates of entry for tourists. Then, this study tries to
analyze the Airport in Porto Alegre from the ethnographic research participant, which
observed the categories such as accessibility, readability, identity and acceptance of the
hospitality. Thus, the research raises the need to understand that hospitality is essential factor
to contemporary tourism.
Keywords: Tourism. Hospitality. Airports. Salgado Filho Airport. Porto Alegre/RS
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LISTA DE IMAGENS
Imagem 1: Micronibus...........................................................................................................42
Imagem 2: Portas Automticas no Primeiro Pavimento..........................................................43
Imagem 3: Escadarias, Elevadores e Escadas Rolantes...........................................................44
Imagem 4: Passarela ................................................................................................................45
Imagem 5: Posto de Pagamento de Estacionamento ...............................................................46
Imagem 7: Placa indicando o Cmbio.....................................................................................48
Imagem 8: Placa indicando o Cmbio.....................................................................................48
Imagem 9: Sinalizao.............................................................................................................49
Imagem 10 ...............................................................................................................................49
Imagem 11 ...............................................................................................................................50
Imagem 12 ...............................................................................................................................50
Imagem 13 ...............................................................................................................................50
Imagem 14 ...............................................................................................................................51
Imagem 15: Anncio Externo..................................................................................................52
Imagem 16: Desembarque Internacional.................................................................................52
Imagem 17: Painel de Chegadas..............................................................................................54
Imagem 18: Sinalizao (via de acesso)..................................................................................54
Imagem 19: Sinalizao (via de acesso)..................................................................................55
Imagem 20: Painel Ex Orbis ................................................................................................57
Imagem 21: Busto de Salgado Filho........................................................................................58
Imagem 22: Passageiro utilizando um balco .........................................................................60
Imagem 23: Cadeiras do Desembarque ...................................................................................61
Imagem 24: Poltronas do Primeiro Pavimento........................................................................61
Imagem 25: Espao de Descanso ............................................................................................61
Imagem 26: Praa de Alimentao ..........................................................................................63
Imagem 27: Servio de Ateno ao Turista.............................................................................64
Imagem 28: Posto de Informaes Tursticas..........................................................................64
Imagem 29: Espao com Televiso .........................................................................................65
Imagem 30: Terrao.................................................................................................................65
Imagem 31: Cinemas ...............................................................................................................66
Imagem 32: Massagem (terceiro pavimento) ..........................................................................67
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................................7
2 O MUNDO CONTEMPORNEO E O TURISMO..................................................9
2.1 A MOBILIDADE NO TURISMO ...............................................................................12
2.2 HOSPITALIDADE COMO QUESTO CONTEMPORNEA.................................14
2.3 OS AEROPORTOS......................................................................................................20
3 CONSTRUINDO A PESQUISA ...............................................................................25
3.1 METODOLOGIA.........................................................................................................27
3.2 TCNICAS...................................................................................................................28
4 O AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO ..................................33
4.1 HISTRICO.................................................................................................................33
4.2 ESTRUTURA FSICA.................................................................................................38
4.3 A HOSPITALIDADE ..................................................................................................40
4.3.1 Acessibilidade..............................................................................................................40
4.3.2 Legibilidade.................................................................................................................45
4.3.3 Identidade....................................................................................................................55
4.3.4 Acolhimento ................................................................................................................59
CONSIDERAES FINAIS.....................................................................................68
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .....................................................................71
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1 INTRODUO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a hospitalidade no apenas como um
adjetivo, mas como aspecto fundamental dentro da rea do Turismo. Para o estudo, o conceito
de hospitalidade ser abordado atravs da investigao do Aeroporto de Porto Alegre, o
Salgado Filho, que serve como modelo para a anlise de caso.
Entende-se que a atividade turstica caracterizada pela movimentao de pessoas e,
conseqentemente, pela troca entre elas e o meio onde se d a interao, ou seja, a relao
entre os seres e os espaos de deslocamento. Dessa forma, pode-se afirmar que a
hospitalidade, entendida como o bem receber, uma forma de qualificar os servios, os
espaos e os indivduos envolvidos no fenmeno turstico.
A partir do resgate terico, que engloba o Turismo no mundo contemporneo,
possvel considerar que o fenmeno crescente na sociedade, sendo que esta se apresenta em
um momento globalizado, em que as relaes se expandem a nvel mundial. Sendo assim, a
escolha do tema relevante como assunto atual e que trabalha com as transformaes do
mundo em que se vive e das suas conseqncias para o turismo. Aps a compreenso das
causas da globalizao em relao ao Turismo, levantam-se as questes da mobilidade e dos
locais de fluxo de pessoas como importantes de serem analisadas. Observando que a rea do
Turismo se relaciona diretamente com as reas de transporte, prestao de servios e a troca
entre os seres e as localidades, a pesquisa busca estudar o Aeroporto Internacional de Porto
Alegre a partir de algumas categorias tais como a acessibilidade, a legibilidade, a identidade e
o acolhimento, para com elas compreender a hospitalidade, se presente ou no, no local.
Alm de entender a relao entre Turismo e hospitalidade, o estudo busca analisar os
aeroportos como locais de fluxo e entrada de turistas, o que os torna locais de recepo, ou
seja, onde ocorre o primeiro contato entre visitante e lugar visitado. Mostra-se, ento, que os
aeroportos no seriam apenas locais de passagem, e sim, que englobam uma rede de relaes
com seus usurios, o que traz a relevncia de se fazerem agradveis e planejados para bem
receber seus pblicos. Assim, analisa-se neste trabalho, a hospitalidade a partir de quatro
categorias essenciais para sua construo, a acessibilidade, a legibilidade, a identidade e o
acolhimento. Com base nas categorias propostas e outros exemplos de aeroportos que servem
de modelo como locais hospitaleiros, como o caso do Aeroporto de Londres e de Hong Kong,
possvel construir os princpios para se interpretar o Salgado Filho como um local adequado
para prover hospitalidade aos seus freqentadores.
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No caso deste estudo, pode-se afirmar que foi gratificante realizar a pesquisa no
Aeroporto Salgado filho, observando o cotidiano do local e as principais necessidades de seus
usurios. Atravs do embasamento e anlises do contedo terico, foi possvel entender a
importncia da hospitalidade em locais de grande movimentao de pessoas, como os
aeroportos atuais. Trata-se, ento, de um tema significativo para os profissionais da rea, pois
os complexos aeroporturios so indispensveis ao turismo, tanto como parte da rede de
transporte como para fornecer servios aos passageiros e residentes. Destarte, os aeroportos
contemporneos representam pontos de sustentao ao Turismo, na medida em que, como
locais de recepo, devem realizar os desejos, necessidades e carncias de seus
freqentadores, merecendo ser entendido com seriedade e respeito. No se finaliza, no
entanto, as questes abordadas neste estudo, mas deixa-se a oportunidade de se analisar,
futuramente, um novo Terminal de passageiros do Aeroporto Salgado Filho, ou, talvez, os
novos aeroportos que surgiro com as mudanas na tecnologia e no modelo de vida das
sociedades.
Pretende-se, portanto, levantar todo o histrico do Aeroporto, bem como sua funo
para a cidade e para o turismo, pois, como parte atuante na cidade, um espao de vivncia e
memria para os estranhos e os habitantes da capital. Atravs das bases bibliogrficas em
conjunto com a etnografia, realiza-se a pesquisa visando entender como se d a hospitalidade
em locais de grande mobilidade de pessoas, sendo que os aeroportos se inserem nesse
contexto. Logo, busca-se construir a noo de como devem ser os aeroportos, dado a sua
importncia, que devem oferecer hospitalidade a todos, principalmente por se tratarem de
elementos intrnsecos ao turismo.
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2 O MUNDO CONTEMPORNEO E O TURISMO
O mundo passa por diversas e velozes transformaes, e, um dos fatores que
possibilita entender a maneira como se vive atualmente, a globalizao. Vive-se no estilo de
vida do instante, da rotina, do barulho, do trabalho incessante, em que quase se extinguem as
oportunidades de lazer, quando essas j no se tornam parte da monotonia diria. Assim,
percebe-se que o turismo se tornou uma realidade global contempornea e pode ser
compreendido, como a possibilidade de conhecimento, deslocamentos, lazer e convite
convivncia entre as pessoas. Nesse sentido, em que o Turismo se faz como necessidade,
Krippendorf (2003, p. 36) afirma: O lazer e, sobretudo, as viagens pintam manchas coloridas
na tela cinzenta da nossa existncia. Elas devem reconstituir, recriar o homem, curar e
sustentar seu corpo e a alma, proporcionar uma fonte de foras vitais e trazer um sentido`a
vida.
O Turismo vem a ser uma atividade cada vez mais procurada, sendo que disponibiliza
uma ampla e diversificada amostra de destinos que vm acompanhados das mais diversas
opes de lazer e seus diferenciais. Os pases abriram suas portas para receber turistas de
todos continentes, proporcionando um momento de interao a nvel mundial. Pode-se
entender o turismo como fenmeno social, sendo que movimento de pessoas, um
fenmeno que envolve, antes de mais nada, gente. um ramo das cincias sociais e no das
cincias econmicas, e transcende a esfera das meras relaes da balana comercial.
(BARRETTO in LEMOS, 2001, p. 2).
uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicao e como elo de interao entre povos, tanto dentro de um mesmo pas, como fora dos limites geogrficos dos pases, envolve o deslocamento temporrio de pessoas outra regio, pas ou continente, visando a satisfao de necessidades outras que no o exerccio de uma funo remunerada. (WAHAB, 1977, apud GASTAL, 2003, p. 24).
Assim, segundo Barretto (in LEMOS, 2001), o Turismo permite aos indivduos se
distanciarem de seu meio e cotidiano e, como uma forma de lazer, uma necessidade para o
bem-estar do ser humano. O turismo tem sua base no deslocamento e sendo uma relao
sociocultural e econmica, ele possibilita incentivar a comunicao e a convivncia, pois
conforme trata Oliveira (2005, p. 36):
D-se o nome de turismo atividade humana que capaz de produzir resultados de carter econmico financeiro, poltico, social e cultural produzidos numa localidade, decorrentes do relacionamento entre visitantes com os locais visitados durante a
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presena temporria de pessoas que se deslocam de seu local habitual de residncia para outros, de forma espontnea e sem fins lucrativos.
A compreenso do Turismo como uma atividade de relacionamento humano, trs a
necessidade de entend-lo como um elo de interao e uma forma de satisfazer as
necessidades dos indivduos. Nesse sentido, o turismo pode ser entendido como uma atividade
de grande valor para a situao em que se vive atualmente, ou seja, no momento da
globalizao, em que a comunicao transcende territrios e a tecnologia transforma valores e
relaes das sociedades. A globalizao um fenmeno que possibilitou aprofundar a
integrao econmica, social, poltica, cultural e espacial dos diversos pases, numa era em
que a informao transmitida a nvel global e a tecnologia encurta distncias e redimensiona
o tempo.
O turismo abrange o mundo inteiro pois, a partir do processo de globalizao das economias e da cultura, assim como da melhora nos meios de comunicao e transporte, so poucos os lugares que no recebem a visita de turistas. Do mesmo modo, abrange todas as camadas e grupos sociais no porque todos possam, algum dia, ser turistas uma possvel interpretao inicial dessa afirmao , mas porque tal fenmeno atinge, de alguma maneira, tambm aqueles que no o praticam. (SERRANO, 2000, p. 18).
Os indivduos, segundo Avighi (in LAGE, 2004, p. 170), a partir de seus interesses e
buscas e, de acordo com o momento em que vivem, com as promessas e problemas de seu
tempo, tornam-se freqentes viajantes. No mundo contemporneo que caracterizado pela
Aldeia Global, o Turismo passou a ampliar seu papel junto do tempo livre do ser humano, o
que implicou na movimentao constante de pessoas pelos diversos lugares do planeta.
Atravs da mdia relacionada internet e televiso, junto dos outros meios de comunicao,
as pessoas podem receber informao em tempo real, que ocorre em qualquer parte do globo,
no caso do turismo, ocorre a acessibilidade aos diversos destinos por meio de mensagens e
informaes, imagens transmitidas on line.
O mundo globalizado apresenta uma imagem complexa e cambiante do universo do turismo, centrada numa temtica relativamente nova, dando destaque ao meio ambiente, s etnias e a outras questes tpicas de nossa contemporaneidade. A profusa programao sobre turismo, principalmente nos meios eletrnicos, cria uma representao globalizada de locais e de culturas e convida a visit-los. (AVIGHI in LAGE, 2004, p. 170).
possvel afirmar que, no s em relao s mudanas globais e os avanos
tecnolgicos, o campo do turismo exige uma abordagem a cerca das mudanas que vem
sofrendo. H alguns anos, o turismo era uma atividade restrita a algumas pessoas privilegiadas
que possuam maior poder aquisitivo. Atualmente, torna-se uma atividade cada vez mais
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procurada e acessvel, inclusive aos que possuem menos poder aquisitivo. A diversidade de
pacotes, agncias de viagens e as diferentes possibilidades de destino auxiliaram a
popularizao do Turismo, que se trata de um dos fenmenos sociais contemporneos.
Sendo assim, o processo de globalizao, de certa forma, incentiva o turismo, o que
representa a constante movimentao de pessoas por todo o mundo. O desenvolvimento do
turismo, ento, passa a significar a troca, a possibilidade de interao a nvel social,
econmico, cultural, histrico, entre outros. A atividade turstica abrange e est relacionada a
diversas reas do conhecimento, em que relevante a ligao com a comunicao e os
campos da sociologia e antropologia, retomando a atividade, sobretudo, como fenmeno
social.
O Turismo um fenmeno social, que consiste no deslocamento voluntrio e temporrio de indivduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreao, descanso, cultura ou sade, saem do seu local de residncia habitual para outro, no qual no exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando mltiplas inter-relaes de importncia social, econmica e cultural. (LA TORRE apud MOESCH, 2000, p. 12).
possvel considerar que o viajante deseja experincias, quer vivenciar situaes que
se tornem acontecimentos inesquecveis e que superem suas expectativas, cativando-os em
um nvel emocional e causando-lhes sensaes novas, prazeres e emoes diferentes. Estando
o mundo cada vez mais interligado e interagindo, o turismo vem a ser um fenmeno
crescente, pois nele existe a possibilidade de se satisfazer necessidades que as pessoas no
conseguem satisfazer diariamente. Deve-se considerar que o Turismo envolve um conjunto de
atividades do setor tercirio, ou seja, de servios, que tornam o seu carter intangvel, em que
o centro da ateno o ser humano e isso vem se tornando cada vez mais uma necessidade
para os indivduos. Segundo Lemos (2001, p. 24) o setor turstico envolve uma cadeia de
atividades, algumas tipicamente voltadas aos turistas, como a venda de passagens areas,
estadas em hotis, aluguis de carro, city tour, entre outras que, alm dessas, podem ser
desfrutadas pelos turistas, mas que se destinam aos habitantes, entre elas servios como
transporte pblico, sade, alimentao, etc. A partir do contexto de que o Turismo agrega
valores e imaginrios, a qualidade nos servios e o diferencial so fatores que envolvem o
turismo e acarretam novas exigncias para o momento atual.
A sociedade globalizada atual, caracterizada por uma interdependncia cada vez maior, evoca tenses antagnicas que pressionam em direes opostas: por um lado, a tendncia homogeneizao em nvel nacional e mundial; por outro, a busca de uma condio comunitria particular, de razes, que para alguns s pode existir se forem reforadas as identidades locais e regionais. (TRIGO, 2005, p. 143)
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A poca globalizada, da tecnologia, comunicao e informao que se vive torna
cambiante a forma como o consumidor percebe os produtos e servios, da mesma forma,
ocorre com o turismo em relao s necessidades dos viajantes. Assim, no s por razes
tursticas as pessoas viajam e se deslocam pelos lugares, mas tambm por razes de litgios
(refugiados), econmicas e polticas (exilados), religiosas (peregrinos) e profissionais,
existindo uma ampliao dos deslocamentos humanos pelo mundo (GASTAL 2005). Os
indivduos se movem por diversos fatores, levando a diferentes motivadores para as viagens.
A procura por atrativos, pelo diferencial dos servios e da qualidade so os sinnimos
do Turismo contemporneo, ou seja, nas viagens por razes de lazer. As pessoas viajam
buscando diferenciais, atrativos e particularidades dos destinos e porque so motivadas a
visitar locais que transmitem a segurana, a funcionalidade, o conforto e a agradabilidade.
Nesse aspecto, o produto turstico se torna um conjunto de todos os bens, servios,
mensagens, lugares e imagens que se pode usufruir como turista.
As pessoas optam por um espao turstico a partir de vrios fatores, mas, quase sempre, ligados a questes econmicas, s caractersticas do local de destino, aos estmulos promocionais, confiana que atribuem ao espao turstico que est sendo almejado e ao imaginrio simblico social que tal espao pode representar no contexto temporal. (GASTAL et al. , 2003, p. 44)
O turismo contemporneo caracterizado pela tendncia crescente a segmentao,
sendo que vem se aperfeioando e se adequando s necessidades do turista globalizado. Logo,
pode-se afirmar que o Turismo como um fenmeno contemporneo, diretamente
influenciado pelas diversas questes econmicas, polticas e sociais do mundo, entre elas, a
globalizao. Alm das tecnologias que facilitam e diminuem as distncias e da velocidade da
comunicao e da informao, todo o processo globalizado envolve fatores que interagem
com o fenmeno turstico, levando ao aumento do deslocamento de pessoas ao redor do
planeta.
2.1 A MOBILIDADE NO TURISMO
O Turismo numa poca ps-moderna desenvolve-se em um mundo interligado, que
tem o tempo caracterizado pela simultaneidade e as frias relacionadas ao movimento e
atividade, sendo as viagens a principal busca. Vive-se na era da substituio dos valores, na
qual a preferncia deixa de ser pela quantidade e a produo em srie e passa a ser pelo
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exclusivo, a qualidade, sendo que, no turismo, ocorre a chamada segmentao. As pessoas so
motivadas ao consumo atravs dos meios de comunicao e cada vez mais se busca o Turismo
segmentado, que trabalha com as diversas atividades e tipos de indivduos.
A necessidade do deslocamento, seja pela busca por alimentos, seja para transportar
informaes, cargas, ou pessoas, faz parte da histria do ser humano. Somente a partir das
primeiras transformaes tecnolgicas que foi possvel desenvolver e acelerar os
deslocamentos com o auxlio dos meios de transporte, da abertura de estradas, da construo
de ferrovias, entre outras coisas. Sendo o Turismo caracterizado pelo movimento, essencial
relacion-lo ao desenvolvimento dos transportes, pois foi o que possibilitou atravessar
continentes em poucas horas ou, at mesmo, fazer viagens simples como ir a uma praia nas
vizinhanas. Pode-se afirmar que, com o surgimento de novos meios de transporte, da maior
velocidade e menor tempo de viagem, da segurana e da maior comodidade, a prtica do
Turismo foi facilitada e se tornou uma atividade crescente at os dias de hoje.
Seja pela busca pelo lazer, por trabalho, pelo contato com diferentes culturas, seja por
um ambiente mais natural, longe dos grandes centros urbanos, as pessoas se movimentam
cada vez mais e desejam viajar. Com a facilidade de transporte, o acesso a informao e o
poder de compra da populao, a viagem no Turismo foi, ao longo do tempo, se tornando um
dos fenmenos mais crescentes do novo sculo, em que o movimento constante para novos
territrios e o consumo da singularidade alheia so as principais caractersticas do fluxo
turstico mundial. Com a facilidade do transporte areo, que se tornou economicamente vivel
para os indivduos pelas opes de pagamento e os valores de concorrncia foi possvel s
pessoas visitarem mais lugares, em menos tempo, viajando mais vezes durante o ano, ou seja,
se deslocando mais e impulsionando o turismo. Nesse sentido, a populao passou a viajar
mais, principalmente via transporte areo, possibilitando, ento, uma maior agilidade no
turismo, reduzindo o tempo de viagem e, inclusive, proporcionando maior acessibilidade ao
destino final.
Percebe-se que a mobilidade no Turismo vem a ser um fator determinante na
atualidade, pois as pessoas viajam e deslocam-se ou por necessidade ou por busca. A
atividade turstica pode, ento, ser considerada de extrema relevncia para o momento em que
se vive, sendo que combinada com a sustentabilidade e os fatores que qualificam o processo,
como a comunicao e hospitalidade, tornam seu papel na sociedade ainda mais importante.
O mundo est cada vez mais global e intercultural, e essa uma das particularidades mais reconhecidas dentre os aspectos sociais que a prtica de turismo abarca e que lhe dota, em grande medida, de uma de suas qualidades proeminentes. Ao levar em conta que a parte consumidora se movimenta ao local onde se produz o servio
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turstico, sabe-se que o entorno no qual o turismo se desenvolve ser definido tanto pelo contexto econmico, poltico e social de onde se presta o servio como tambm pelo de onde se origina a viagem, com as diferenas e particularidades concomitantes das duas partes que entram em contato intercultural: os anfitries e os hspedes. (TRIGO, 2005, p. 142).
Logo, o desenvolvimento dos meios de transporte acarretou transformaes relevantes
ao Turismo, como o aumento considervel do fluxo de turistas e a facilidade de chegar-se a
qualquer parte do mundo. A relao da globalizao com essa movimentao essencial para
se entender que cada vez mais os indivduos buscam viajar e, agregado viagem, esperam e
desejam ter bons servios, serem bem recebidos e acolhidos desde o momento do embarque.
Pode-se considerar que o turismo passou a ser uma caracterstica das sociedades
contemporneas, j que engloba o consumo de discursos, falas, servios, acolhimento,
imagens, mensagens, informao, alm dos prprios atrativos, naturais, culturais, entre outros.
Nesse sentido, o produto turstico contemporneo vem a ser determinado mais pela qualidade
do que pela quantidade e, assim, passa-se a valorizar cada vez mais a hospitalidade nesse
contexto.
2.2 HOSPITALIDADE COMO QUESTO CONTEMPORNEA
Vive-se no momento da comunicao, em que existe a movimentao e interao entre
os diversos tipos de servios, seja de transporte, lazer, entretenimento, as pessoas vo busca
de estmulos e necessidades, sendo que o acolhimento se torna um aspecto relevante ao se
tratar do desfrute turstico. Compreender as diversas relaes que ocorrem entre os objetos do
turismo e suas influncias imprescindvel para se analisar as possveis causas e inter-
relaes na comunicao e hospitalidade entre turistas e comunidade receptora nesses
deslocamentos.
O Turismo uma atividade que agrega imaginrios, permitindo realizar os sonhos e as
necessidades dos indivduos. No momento globalizado em que se vive, a atividade turstica se
torna inseparvel da condio do bem servir e receber. A partir do entendimento do Turismo
como uma maneira de interao e relacionamento, cabe cit-lo como uma atividade
comunicacional. A comunicao pode ser associada com a troca de idias, o partilhar, tornar
comum, trocar opinies, sendo que, a partir de sua essncia comunicativa, o Turismo se torna
uma forma de troca de mensagens, interao, recebimento de novas informaes, entre outras
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coisas. O comunicar uma necessidade do ser humano que permeia todos os momentos de
sua vida e todos os locais por onde passa, inclusive na atividade turstica, em que se pode
levantar o aspecto da hospitalidade. De acordo com Camargo (2004), a origem da
hospitalidade surge, pois, no de algum que convida, mas de pessoas que necessitam de
abrigo e buscam calor humano ao receber o estranho. Sobre esse aspecto, a expectativa de
resgate do calor humano ao receber o outro retoma o entendimento da tica e da ddiva da
hospitalidade.
Como o turismo envolve deslocamento de pessoas e sua permanncia temporria em locais que no so o de sua residncia habitual, h uma intrnseca relao entre turismo e hospitalidade. Todo turista est sendo, de alguma forma, recebido nos lugares. O que diferencia a experincia entre um e outro turista no que se refere hospitalidade a forma como se d o seu acolhimento no destino. (DIAS, 2002, p. 43)
Pensar no Turismo como elemento da atividade comunicacional trs a importncia da
hospitalidade nesse contexto, pois a partir da comunicao, na hospitalidade ocorrem
interaes diversas, por meio de sinais, smbolos, idias, palavras, experincias e emoes.
No Turismo, ocorre o encontro, a interao e aproximao dos seres, sendo que a
hospitalidade promove como se dar esse encontro e o acolhimento entre visitante e visitado.
A Hospitalidade , portanto, uma relao espacializada entre dois atores: aquele que recebe e aquele que recebido, ela se refere relao entre um, ou mais hspedes, e uma instituio, uma organizao social, isto , uma organizao integrada em um sistema que pode ser institucional, pblico ou privado, ou familiar. (GRINOVER, 2006, p. 31).
Para que exista hospitalidade, ento, necessrio oferecer acolhimento, ou seja,
oferecer tudo que possvel para que o visitante sinta-se confortvel e bem recebido. O ato de
acolher no pode ser limitado aos aspectos de infra-estrutura e adequao dos espaos, e sim,
da recepo, do contato entre indivduos, dos servios prestados e das atitudes durante a
interao, a troca entre os seres. De acordo com Plentz (2007) o acolhimento estabelece-se
alm da relao turista (consumidor) e servios prestados, antes disso, uma relao de
aceitao, entendendo o outro em suas diferenas e, ainda, ser capaz de trat-lo como algum
prximo, um irmo ou amigo. Dessa forma, o acolhimento se faz desde a chegada do turista
no local de destino, em que a prestao de servios, assim como todo tipo de atendimento e de
relacionamento com a comunidade tornam-se elementos indispensveis ao ato da acolhida de
uma localidade. Seja em postos de informaes tursticas, seja no prprio hotel, na infra-
estrutura local, na atitude dos residentes e at o atendimento diferencial, como a
disponibilidade de outros servios, como de entretenimento e lazer, o ato de acolher uma
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busca ou at uma preocupao de receber o estranho num ambiente em que ele possa se sentir
confortvel, diminuindo as barreiras da estranheza e do medo. Assim, as emoes e
sentimentos do visitante em relao ao local visitado esto alm do que se prope na compra
de uma viagem, sendo que engloba, toda a empatia local, a demonstrao de benquerena e
confiana, a receptividade de tudo e todos.
No se pode perder a noo de que o ser humano torna-se frgil perante o desconhecido, necessitando ainda mais de acolhimento, e que as situaes exemplificadas relatam a marca da solidariedade humana, e isso tudo no est previsto ao pacote turstico comprado. (PLENTZ, 2007, p. 110)
Sendo assim, conforme trata Grinover (2006, p. 29) a hospitalidade supe a acolhida,
uma das leis superiores da humanidade, uma lei universal. Acolher permitir, sob certas
condies, a incluso do outro no prprio espao, nesse sentido, a cidade deixa de ser um
conceito geogrfico, para transformar-se em um smbolo complexo e inesgotvel da
experincia humana. De acordo com Boff (2005), sendo a acolhida inerente prtica de
hospitalidade, indispensvel pensar na aceitao do outro em sua diferena, tratando os
indivduos sem preconceitos e generosamente. A hospitalidade deve ser considerada como
uma disposio da alma, aberta e sem discriminaes, sendo que representa, um dos anseios
mais caros da histria humana: de ser sempre acolhido independente da condio social e
moral e de ser tratado humanamente. (BOFF, 2005, p. 198) As pessoas que viajam, no s,
necessitam de acolhimento, como desejam obt-lo e a hospitalidade se faz como a
qualificao do envolvimento turista-destino que o diferencial na recepo das cidades.
Sendo que quem recebe so as pessoas, como seres humanos, a relao de acolhimento
proporcionada pelos indivduos e o espao, que fornecem ao recebido muito mais que um
servio contratado, previamente estabelecido.
Dessa maneira, uma cidade, um local e suas pessoas que exerciatm primordialmente
o ato de acolher, sendo que o atendimento, a empatia, as atitudes e tudo que propicie o bem-
estar do visitante tornam o local acolhedor e hospitaleiro. Segundo Ferrara (1988, p.75), a
percepo urbana condio indispensvel para que a cidade atue enquanto fonte de
informao nova: outros hbitos, outra forma de viver, outra qualidade espacial. A cidade
passa a adquirir identidade atravs do seu ambiente, pois nela que ocorre a interao, a
comunicao, sendo que um local se produz a partir de como trabalha a informao, a
transformao e a imaginao de diversos modos de v-lo e viv-lo. Logo, acolher, no mundo
contemporneo, pressupe todas as formas de disponibilizar ao outro indivduo, todas as
estruturas, bom atendimento e respeito para faz-lo sentir-se bem recebido em determinado
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local. Trata-se de pensar em suas necessidades e buscar satisfaz-las da melhor forma
possvel. Assim, o acolhimento vem a ser uma oportunidade para o turismo, a partir da
relao turista-anfitrio, pode-se aprender a tolerar, ser solidrio e conviver.
particularmente o espao urbano, suas estruturas e infra-estruturas, a arquitetura da cidade, que se identifica como o objeto de estudos mais interessantes na estruturao e organizao do acolhimento, dos meios de deslocamentos, dos lugares de repouso, dos parques e jardins, dos monumentos e de tudo aquilo que pode tornar agradvel a permanncia, e onde todos esses elementos de anlise contribuem para tornar a cidade hospitaleira. Da mesma forma participa disso o carter de seus habitantes: certas cidades so rejeitadas pelo carter fechado de seus habitantes, enquanto outras so conhecidas pela generosidade de sua acolhida. (GRINOVER, 2007, p.32).
Conforme Dias (2002), alm da cordialidade, do acolhimento no contato entre
anfitrio e visitante e da infra-estrutura turstica adequada, a hospitalidade envolve ainda, a
infra-estrutura local e os servios diversos. Considerando que o turismo tem o espao como
seu principal objeto de consumo, a qualidade do espao ou dos ambientes de modo geral de
fundamental importncia para a hospitalidade turstica de um lugar. (DIAS, 2002, p.46). No
fcil, ento, compreender o conceito de hospitalidade, sendo que ele remete a uma
diversidade de interaes entre objetos e seres que se comunicam e se relacionam num
ambiente, trata-se de um conceito amplo, mas extremamente adequado ao campo do turismo.
Atravs da interao entre visitante e visitado, da infra-estrutura e da prestao de servios
com qualidade pode-se construir a hospitalidade de um destino.
De modo quase intuitivo o viajante, o turista, o migrante quando chega a uma cidade e percorre os espaos que constroem essa forma urbana, submetido a um sem-nmeros de percepes, de situaes e de processos importantes de informaes. Estes lhe so impostos por elementos tangveis e intangveis, que envolvem e o induzem a comportamentos hospitaleiros, ou no, caracterizados num espao [...] (GRINOVER, 2006, p. 31)
Segundo Grinover (in DIAS, 2002, p. 28) estudar a hospitalidade implica um amplo e
complexo contexto sociocultural, a partir do momento em que se criam ou implementam
relaes j estabelecidas. Portanto, realizam-se trocas de bens e servios materiais ou
simblicos entre receptor e acolhido, anfitrio e hspede [...]. A hospitalidade refere-se a
toda relao que o turista faz ao chegar ao destino e que permite a aproximao dos turistas
com o lugar, em que os comportamentos, a identidade, as facilidades e a comunicao do
local so adequadas para satisfazer as necessidades e expectativas de quem o visita.
A hospitalidade antes de mais nada uma disposio da alma, aberta e irrestrita. Ela, como o amor incondicional, em princpio, no rejeita nem discrimina a ningum. simultaneamente uma utopia e uma prtica.[...]Como prtica cria as polticas que viabilizam e ordenam a acolhida. Mas por ser concreta sofre os constrangimentos e as limitaes das situaes dadas. (BOFF, 2005, p. 198)
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A hospitalidade acaba sendo apresentada por diversos autores e a partir de diferentes
conceitos que envolvem os aspectos de conforto, recepo, solidariedade, cordialidade, entre
outros. Falar de hospitalidade, portanto, um assunto contemporneo, diretamente ligado a
comunicao, sendo que no s a atividade turstica, independente da sua modalidade, como
qualquer outro campo de estudo, necessitam da comunicao. Sem comunicao no
possvel estabelecer contato entre visitante e visitado, conseqentemente, no haveria
Turismo. O turismo um fenmeno especial da comunicao humana. Consegue realizar
uma tarefa difcil e desafiadora: apresentar o estranho como um produto no ameaador e
passvel de desfrute. (WAINBERG, 2003, p. 45).
De acordo com Raymond1, a hospitalidade pressupe a entrada, a incluso daquele hspede em um sistema organizado como modalidade de funcionamento j existente. J foi dito que a hospitalidade uma qualidade social antes de ser uma qualidade individual: um fenmeno que implica uma organizao, um ordenamento de lugares coletivos e, portanto, a observao das regras de uso desses lugares. (1997, apud GRINOVER, 2007, p. 125)
A partir da noo da cidade como um atrativo e da hospitalidade como fator que
aprimora o Turismo em nvel de envolvimento com o visitante, entende-se que a hospitalidade
no Turismo possui, de acordo com Cruz (apud DIAS et al., 2002, p. 44), componentes de
espontaneidade e de artificialidade que se combinam. Os diversos locais, ento, podem
estruturar-se e trabalhar para saber receber, pois, no caso do Turismo, necessrio dispor de
estruturas e servios apropriados para satisfazer s necessidades de quem o utiliza. Um lugar
hospitaleiro busca oferecer o que h de melhor nele, sendo que alm das relaes sociais, os
servios e infra-estrutura adequados, essencial que a comunidade esteja pronta e apta a
receber.
Por meio de estratgias privadas e polticas pblicas, os lugares podem preparar-se para serem hospitaleiros, forjando, por exemplo, uma hospitalidade profissional, centrada na oferta de estruturas e na prestao de servios voltados exclusiva ou quase exclusivamente para o atendimento do turista. Da pode-se falar em hospitalidade turstica. (DIAS et. al., 2002, p. 44)
Ao se trabalhar com a relao hospitaleira no Turismo importante considerar os
diversos aspectos que compem o encontro turstico, sendo que ocorrem inmeras trocas de
valores entre visitante e visitado e isso proporciona o enriquecimento da viso de mundo e,
conseqentemente, dos diversos conhecimentos e valores humanos. Quando o turista chega
determinada localidade, a infra-estrutura, os servios e a comunidade podem ser hospitaleiros
ou no. A hospitalidade envolve todo o bom atendimento, a prestao de servios, a
1 RAYMOND, Henri. Itinraire mental de lurbain hospitalier. Communications. Paris: EHESS, n. 65, 1997.
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cordialidade e at simpatia de uma localidade, nessa condio, o turista sente-se importante,
seguro, confortvel e acolhido, tornando o lugar ou a cidade hospitaleira.
A dimenso dessas mudanas e transformaes permite novas configuraes sociais e culturais. A influncia provocada pelas interaes, que ocorrem em localidades de grande vocao turstica, refere-se ao modo de vida dos moradores, expresso lingstica, gastronomia, aos hbitos de entretenimento. Dessa forma, a viagem, como experincia para o turista, o viajante, pode resultar num momento preciso da construo social da pessoa, da afirmao da individualidade e da socializao. (GRINOVER, in Dias, 2002, p. 28)
Nesse contexto, a partir da compreenso de como ocorre o acolhimento, tm-se uma
melhor noo do que consiste a hospitalidade de um destino. A cidade, ento, passa a ser o
ambiente onde acontece a interao na atividade turstica, ou seja, o local em que ocorrem
todas as trocas, a comunicao e a hospitalidade. As cidades tendem e devem buscar o
aperfeioamento e a qualidade para se tornarem adequadas a receber.
H cidades que oferecem espontaneamente informaes (so todos elementos grficos visuais, falados e televisados) que permitem ao estrangeiro orientar-se imediatamente sem dificuldades; so aquelas cidades que, por isso mesmo, procuram se identificar e ser identificadas. o que poderia ser chamado de hospitalidade informada, oferecida pelas autoridades polticas e administrativas e tambm, de certa forma, pelos habitantes, fontes de conhecimentos para os estrangeiros. (GRINOVER, 2006, p. 32)
Em locais onde a comunicao adequada, o estrangeiro sente-se mais facilmente
acolhido, bem-recebido, j que possui as informaes necessrias, ele passa a saber como
agir, aonde ir, como encontrar o que quer, ele se sente confortvel, mais seguro e pode se
dedicar mais contemplao da cidade. A informao, nesse caso, assemelha-se ao dom.
Oferecer e receber informao um mecanismo de hospitalidade: a noo de ddiva torna-se
sinnimo de imagem da cidade, de identidadee de qualidade urbana. (GRINOVER,
2006, p. 32)
Seguindo as categorias propostas por Grinover (2006), acessibilidade, legibilidade e
identidade se pode, ento, analisar a cidade como o contexto onde se passa a interao entre
anfitrio e visitante, considerando se existe a hospitalidade ou no. O autor conceitua a
acessibilidade como objeto de anlise que se volta, prioritariamente, para a acessibilidade
fsica tangvel, a qual envolve o estado do sistema de transporte, de infra-estrutura viria e a
localizao do espao das atividades ou dos servios para os quais se deseja ter acesso. A
outra categoria proposta pelo autor refere-se legibilidade da cidade ou de um espao urbano,
o que se entende como a qualidade visual de um local, que proporcione indicar a facilidade
com que as partes da cidade podem ser reconhecidas, ou seja, trata-se da qualidade da
comunicao urbana, a sua capacidade de se fazer entender aos olhos de um estranho. J a
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noo de identidade refere-se caracterizao da cidade ou do espao urbano enquanto sua
singularidade, retomando a importncia da cultura, da histria, do social, enfim, dos
elementos que a identifiquem, reconhecendo a cidade como ela .
Assim, estudar a cidade procurar quais elementos e estruturas podem lhe conferir o estado de hospitaleira ou, ao contrrio, inospitaleira, isto , as categorias que j mencionamos a saber, as categorias sociais, culturais, histricas, econmica, ambientais, consubstanciadas na acessibilidade, legibilidade e identidade desse espao que denominamos cidade amarradas pela distncia geogrfica e pela distncia temporal, isto , as medidas urbanas. (GRINOVER, 2006, p. 37)
Logo, as localidades de destino e os espaos urbanos, em relao s atividades
tursticas e de hospitalidade, vm se desenvolvendo e aprimorado no mundo contemporneo,
sendo que os profissionais e as empresas que atuam na rea buscam melhorar seus servios de
acordo com as exigncias dos clientes e, principalmente, para a satisfao dos viajantes.
Tratar da hospitalidade urbana , portanto, um tema atual que busca analisar cada componente
que envolve a relao do turista com o espao. A partir da anlise, pode-se entender a cidade e
os espaos como o contexto onde se passa a interao entre anfitrio e visitante, considerando
se existe ou no hospitalidade.
2.3 OS AEROPORTOS
O momento atual tem gerado uma ampliao constante no mercado do Turismo e em
sua capacidade. A globalizao proporcionou a existncia de uma ampla rede de contatos,
atravs da tecnologia e informao, e o aumento da demanda pelo Turismo tem sido cada vez
maior e, por conseqncia, os produtos e servios tursticos tendem a se adaptar. Dessa forma,
os visitantes passaram a adotar padres semelhantes relativos expectativa de conforto e
qualidade dos servios nos locais de destino, entre eles os aeroportos. Nesse contexto,
importante citar a interdependncia do Turismo e do transporte areo, em que no s em
relao ao movimento de pessoas e o fluxo de viagens para destinos diversos, os aeroportos
trazem benefcios para o desenvolvimento do turismo e da disponibilidade de servios na
regio onde so construdos.
At a Segunda Guerra Mundial, as grandes viagens eram realizadas principalmente por
mar, pois somente no perodo aps a guerra que o transporte areo passou a ser melhor
desenvolvido. Com as aeronaves e os equipamentos maiores e mais eficientes, o transporte de
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passageiros ganhou relevncia na via area, o que causou uma diminuio no tempo de
viagem e nas tarifas praticadas. (PALHARES, 2001, p. 130)
Questes como a industrializao, a urbanizao e a exploso demogrfica so elementos diretamente relacionados ao processo histrico do turismo, que foi favorecido pelo desenvolvimento tecnolgico nos setores de transportes e telecomunicaes, como tambm pelo aumento no nvel de renda e pela disponibilidade de tempo livre de seus usurios. (KUAZAQUI, 2000, p. 29).
Um Aeroporto um local que deve possuir toda a infra-estrutura e servios
necessrios para a realizao do transporte areo de cargas e de passageiros e se trata de um
dos principais meios de entrada para os destinos tursticos. Entende-se que o Turismo no
uma atividade recente, mas com as diversas mudanas do mercado e do cenrio mundial, o
setor tem se sofisticado, inclusive no setor de transportes e servios aeroporturios, em que o
intuito atender demanda por bons produtos e servios. No caso dos aeroportos, considera-
se um espao que necessita de servios diversos, desde os mais bsicos, como servio de
compra e venda de passagens, segurana, cmbio, guarda-volume e txi, alimentao, servio
de informaes e apoio ao turista at os diferenciais, como os que tratam de entretenimento,
descanso, relaxamento, entre outros.
No Brasil, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia INFRAERO,
formada em 1972, a responsvel pela gesto dos aeroportos. Antes de sua criao, a
administrao aeroporturia era assegurada pelo Departamento de Aviao Civil (D.A.C.) e
pelos comandos territoriais da Fora Area Brasileira. Com a criao da INFRAERO,
empresa pblica dotada de autonomia nas reas financeiras, passou-se a administrar os
aeroportos de forma mais especializada, sendo que ela a atual responsvel por toda
segurana, manuteno, formao de pessoal, equipamentos, construo de instalaes e
servios aeroporturios em cada parte do pas. (SILVA, 1990, p. 156) A INFRAERO a
responsvel por 97% da movimentao de passageiros pelo pas, sendo que so 67 aeroportos,
80 unidades de apoio a navegao area e 32 terminais de logstica de carga. Conforme a
INFRAERO, so dois milhes de pousos e decolagens de aeronaves nacionais e estrangeiras,
transportando cerca de 110 milhes de passageiros (INFRAERO, 2008). Como empresa
pblica de nvel nacional, a Infraero tem como misso prover infra-estrutura e servios
aeroporturios com segurana, conforto, eficincia e comprometimento com a integrao
nacional". (INFRAERO, 2008)
Considerando que os indivduos cada vez mais viajam e se deslocam por via area, os
aeroportos passaram a aumentar sua importncia para o contexto do Turismo. O processo de
globalizao gerou diversas mudanas nos aeroportos em relao as localidade, em que se
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deve considerar que os servios do Turismo, entre eles, o transporte, passaram a compor uma
prestao de servios combinada entre vrios setores, de forma independente e, ao mesmo
tempo, interligada com os aspectos sociais, polticos e econmicos das cidades. O avio e os
aeroportos devem ser percebidos como fatores imprescindveis no desenvolvimento turstico
de um local. Nesse aspecto, devem ser considerados no s como meio de transporte e local
de passagem, mas como representantes de um segmento da atividade receptiva de um destino.
Com o passar do tempo, os aeroportos foram ampliando suas utilidades e tomando
maior valor quanto prestao de servios e transporte, sendo que ainda se tratam dos
principais portes de entrada de turistas nas localidades. inegvel que o papel do transporte
areo de extrema importncia para o turismo das localidades, no s pela quantidade de
passageiros que desembarcam e decolam todos os dias nos aeroportos, mas tambm pelos
servios que oferece para a prpria comunidade. Assim, relevante considerar as instalaes
aeroporturias, bem como os servios e diferenciais que podem ser disponibilizados para os
que passam ou freqentam esses locais.
Atualmente, os aeroportos tornaram-se verdadeiros centros de servio altamente sofisticados e diversificados, empregando freqentemente tecnologias avanadas, de interesse direto para o transporte comercial e seus usurios. Trata-se principalmente de locais onde so realizadas transferncias modais e transbordos de passageiros, carga e correio. Portanto, esses locais devem dispor de sistemas de recepo e de meios de acesso para essas transferncias entre modos de transporte areo e de superfcie. Assim como as estaes ferrovirias e os portos, os aeroportos esto intimamente vinculados aos centros comerciais das cidades com os quais esto ligados, como um rgo indispensvel vida diria. (SILVA, 1990, p. 117)
Nesse aspecto, os aeroportos no so mais tidos como meros terminais de troca de
modos de transporte e de entrada e sada de passageiros. Quanto maior a movimentao, o
fluxo de viagens e o tipo de passageiros, mais importante se torna a infra-estrutura
aeroporturia. O que diferencia o aeroporto domstico do internacional a necessidade de
incluso de funes governamentais e outros aspectos associados entrada de pessoas do
exterior, ou seja, servios como alfndega, imigrao, idiomas diversos, entre outros. Nos
aeroportos de grandes cidades, existem ainda servios diferenciados que proporcionam um
melhor acolhimento para quem aguarda pelo embarque ou simplesmente espera por algum.
Aeroportos atuais devem ser projetados para cobrir necessidades dos usurios e
freqentadores, entre esses, familiares, amigos, funcionrios, pessoas em geral.
Os aeroportos fazem parte do grande sistema econmico e social do Estado, onde eles representam uma parte bastante complexa e importante. Assim como os outros meios de transporte, eles constituem um elemento bsico da infra-estrutura nacional. Em funo de seu tamanho, eles podem transformar o ritmo do desenvolvimento
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local e regional. Portanto, no devem ser objeto de anlise limitada ao plano tcnico. (SILVA, 1990, p. 132)
Atualmente, os aeroportos possuem grandes e modernas estruturas arquitetnicas, e,
alm disso, com a disponibilidade de mltiplos servios e diversidade de comrcio, muitos
aeroportos pelo mundo tornaram-se muito mais do que locais de pouso e decolagem de
aeronaves, de embarque e desembarque de cargas e passageiros. (PALHARES, 2001, p. 46).
Aeroportos como o Heathrow de Londres, oferecem servios diversos para quem o freqenta,
como servio de SPA, hospedagem, exposies, entre outros. (BAA Heathrow, 2008). Outros
aeroportos, como o Aeroporto Internacional de Hong Kong na China, busca oferecer opes
diversas de entretenimento para seus usurios, com espaos de jogos eletrnicos, ambientes
futuristas, local para prtica de esportes e ainda um simulador de vo para quem se interessar.
(HONG KONG, 2008)
Com isso, os terminais passaram a expandir sua funo, destacando a utilidade da
infra-estrutura aeroporturia para os servios comerciais fornecidos aos passageiros e que so
utilizados, tambm, pela comunidade local. Existem aeroportos que apresentam atratividade,
com servios que vo desde os mais simples, como praa de alimentao e cinema at o
servio de SPA, hospedagem, sales de beleza, sauna, e ambientes para prtica de esportes e
jogos como o caso de Hong Kong. Esta utilidade adicional, no s, transforma o ambiente
dos aeroportos, como tambm, torna o espao mais aprimorado para os turistas, j que
medida que lojas, postos de servio, restaurantes e outras facilidades so implantadas, o
Aeroporto passa a se constituir uma cidade ativa.
Alm disso, os usurios do aeroporto tambm so intervenientes, seguramente os mais importantes e os mais exigentes. Trata-se de passageiros, companhias areas, operadoras de aviao geral, prestadores de servios, associaes comerciais, sindicatos e grupos comunitrios. preciso considerar igualmente aqueles que estabelecem relaes no-comerciais com o aeroporto, como os habitantes da sua vizinhana, os membros do governo e a opinio pblica. (SILVA, 1990, p. 247)
Assim, os aeroportos so essenciais para o Turismo, sendo um dos locais de primeiro
encontro com o destino, de extrema importncia estabelecer boas condies da infra-
estrutura e servios para o bem receber. Conforme Silva (1990, p. 124) os aeroportos,
principalmente os destinados ao trfego internacional, so as portas de acesso aos pases e
dessa maneira, so eles que dimensionam a capacidade e o nvel da atividade turstica. A
funo turstica, ento, dos aeroportos aumenta a utilidade da infra-estrutura e determina um
nvel de sofisticao mais elevado, com mais servios e, a partir do aspecto do turismo
receptivo, com mais hospitalidade.
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A partir da necessidade cada vez maior de contato entre as pessoas, de essas buscarem
o diferente, o bom atendimento, o acolhimento e a satisfao de necessidades e desejos, as
formas de transporte e os servios a ele vinculados sofreram mudanas, melhorando e
oferecendo no s a locomoo de um ponto a outro, mas tambm, a qualidade. Nesse
sentido, a comodidade, o conforto, a segurana, a acessibilidade e a boa comunicao se
tornaram fatores essenciais para um servio de qualidade em um Aeroporto. Com esse novo
perfil, os aeroportos passaram a adequar seu ambiente, ou seja, tornaram a infra-estrutura em
um pacote que envolve alm do transporte, as facilidades, os atrativos, as informaes, as vias
de acesso, a sinalizao e os servios de apoio ao turista.
Trata-se de oferecer aos visitantes os servios e o atendimento de acordo com suas
expectativas, de maneira a faz-lo sentir-se bem acolhido e deixando-o satisfeito quanto a
suas necessidades e desejos. Sendo assim, toda a infra-estrutura, a qualidade na prestao dos
servios, a preparao dos funcionrios, a segurana, o atendimento, as facilidades e o
conforto no ambiente do Aeroporto se tornam referncias para que ele consista em um local
hospitaleiro. Sendo os aeroportos um dos principais portes de entrada das localidades, cabe a
ele proporcionar as condies necessrias para que o turista ou a prpria comunidade sintam-
se acolhidos. Logo, os aeroportos so de extrema relevncia para o turismo, pois como o
ambiente de primeiro contato com o destino, eles passam a exercer o papel da primeira
imagem da cidade, a partir dele e do contato entre turista, funcionrios e comunidade que os
visitantes percebem e sentem a primeira hospitalidade no local de chegada.
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3 CONSTRUINDO A PESQUISA
O mundo atual caracterizado por diversos fatores que permeiam as relaes do
homem enquanto ser social. Seja pela revoluo tecnolgica, seja pela revoluo das
comunicaes, todos os processos movem a humanidade para uma integrao mundial, em
que a principal causa o fenmeno da globalizao.
O termo globalizao est enraizado no estudo das relaes internacionais e da modernizao. Ele foi resumido por Anthony Giddens como a intensificao das relaes sociais mundiais que ligam localidades distantes, de tal modo que acontecimentos locais so influenciados por eventos que ocorrem a muitos quilmetros de distncia e vice-versa (BURNS, 2002, p. 147)
As sociedades primitivas no eram globalizadas por no se integrarem, sendo que
pouco se comunicavam, portanto, no mundo moderno, no possvel tratar da globalizao
sem citar a comunicao. Como um ser que vive em sociedade, o individuo no conseguiria
conviver, partilhar e globalizar sem haver comunicao. No caso da humanidade, a essncia
do comunicar a linguagem, que a base de qualquer relacionamento entre as pessoas. A
comunicao, ento, pode ser entendida como um produto e, ao mesmo tempo, uma
necessidade de cada indivduo, seja por meio de sinais, escrita, desenhos, pinturas, linguagem
ou atravs da tecnologia, como a televiso, internet, rdio e telefone, o homem no vive sem
se comunicar. No momento globalizado, ento, o turismo se apresenta como atividade
crescente, sendo uma forma de comunicao e interao, o turismo traz a importncia dos
relacionamentos entre os lugares de destino e seus visitantes. Na medida em que se faz
necessrio entender que o Turismo movimenta uma grande quantidade de pessoas a nvel
global, deve-se saber como seu funcionamento em relao ao contexto atual e as mudanas
que vem sofrendo e, ao mesmo tempo, ocasionando aos diversos espaos e cidades do planeta.
O fenmeno turstico constitui-se de espao e tempo, como prticas sociais, os quais se reconstroem a partir de determinaes econmicas e tecnolgicas, mas no sem a iseno de sujeitos ideolgicos, comunicacionais, carentes de prticas imaginativas e diversionais, sujeitos em seu tempo e espao ps-moderno. (MOESCH, 2000, p. 47)
O Turismo pode ser entendido como um fenmeno gerado pelo comportamento
humano, que consiste em uma multiplicidade de inter-relaes e que tem por base o encontro
entre indivduos, culturas, espaos, imagens e diferenas. A partir da experincia turstica,
pessoas se relacionam, se encontram e convivem, sentem, reagem, interagem umas com as
outras e com o destino, ou seja, o produto turstico. Na era do mundo interligado, com a
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comunicao instantnea e a informao mais acessvel, as localidades se adquam e se
tornam cada vez mais qualificadas a receber visitantes. Nesse sentido, necessrio entender o
papel que o turismo representa e sua importante relao com a hospitalidade, que so alguns
dos fenmenos integradores da sociedade. A partir do aspecto da hospitalidade, que se insere
no momento da globalizao como uma oportunidade, j que um elemento integrador em
qualquer parte do mundo, indispensvel relacion-la ao fenmeno turstico. No s pelo fato
de ser uma atribuio mundial, sendo que os pases so obrigados a se relacionarem,
conviverem, para no viverem em guerra, as atitudes, comportamentos e principalmente a
qualidade no acolhimento so fundamentais para a organizao dos espaos tursticos,
principalmente em locais de grande fluxo de pessoas.
Como colocado anteriormente, o Turismo envolve o deslocamento de pessoas, que
atravs das inovaes tecnolgicas e nos transportes, passaram a viajar com facilidade e se
relacionar a nvel global. A partir disso, locais com ampla movimentao de turistas se
tornaram espaos indispensveis para o desenvolvimento turstico local. Assim, cabe citar a
relevncia de espaos como os aeroportos, que se tornaram fatores primordiais para o turismo,
sendo uma das principais portas de entrada de turistas, eles devem ser entendidos como parte
da cidade, no s como um ambiente de acesso, entrada e sada de passageiros, mas como um
local de recepo, onde ocorre o primeiro contato com o destino. Dessa forma, a
hospitalidade, no momento do encontro, virtude e, ao mesmo tempo, essncia para o
desenvolvimento do turismo em sua melhor condio. A hospitalidade em lugares como
aeroportos se torna essencial para qualificar o ambiente, infra-estrutura, servios e
atendimento, visando bem receber os freqentadores desses locais. Assim, se faz necessrio
analisar a hospitalidade, que entendida como o acolhimento, envolve grande parte das
relaes humanas e, portanto, do turismo. Sendo um universo abrangente, a hospitalidade
trabalha com a receptividade, em que se estabelece uma troca, uma relao de interao entre
visitante e destino.
Portanto, trabalhar a hospitalidade nos aeroportos se torna uma ferramenta para que
seja possvel desenvolver um Turismo adequado desde o primeiro contato com o local. O
Turismo, ao ser pensado como fenmeno de base social, em que os principais atuantes so os
sujeitos e seus relacionamentos, deve considerar que a construo de um ambiente
hospitaleiro uma necessidade para o sucesso da atividade turstica em qualquer lugar.
Assim, importante entender a importncia que existe entre Turismo e hospitalidade em
relao aos aeroportos, a partir do estudo de suas influncias e o papel de cada um em relao
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ao outro, entendendo, ento, as possveis conseqncias para os diversos espaos que
compem a atividade no mundo contemporneo.
Nestes termos, se colocou como problema de pesquisa analisar como se daria a
hospitalidade em espaos de fluxo como os aeroportos contemporneos, na medida que
devem ser analisados como locais de grande importncia para o turismo.
O objetivo geral deste trabalho foi o de levantar a importncia da hospitalidade nos
aeroportos como aspecto inerente ao desenvolvimento do turismo nas cidades globais. Nesse
contexto, seguiram-se os seguinte objetivos especficos:
Realizar um resgate terico a cerca da relao entre turismo e hospitalidade.
Resgatar a importncia dos aeroportos como locais de fluxo e de entrada de turistas.
Analisar os aspectos da hospitalidade como uma possibilidade de qualificao dos
aeroportos.
Apresentar a importncia dos aeroportos e da hospitalidade para o turismo.
Analisar os aspectos que se referem hospitalidade do Aeroporto Internacional
Salgado Filho de Porto Alegre.
Entender como se daria a hospitalidade em locais de grande fluxo como os aeroportos
contemporneos.
3.1 METODOLOGIA
A pesquisa teve como objetivo apresentar a questo contempornea da hospitalidade
nos aeroportos e sua relevncia para o turismo. Desse modo, trata-se de uma pesquisa de
natureza qualitativa, que buscou compreender aspectos do fenmeno turstico em seu carter
social, envolvendo o estudo de elementos que o caracterizam, como os espaos, servios,
estruturas, relaes e a hospitalidade.
De acordo com Minayo (1994), a pesquisa qualitativa pode ser entendida como a
busca por respostas a questes particulares e que no podem ser quantificadas. Ou seja, uma
pesquisa que trabalha com significados, motivos, aspiraes, crenas, atitudes, valores e
relaes dos fenmenos, o que no possvel de se captar atravs de equaes e estatsticas.
Nesse sentido, a pesquisa trabalha de forma mais aprofundada, principalmente no
contexto das relaes sociais, em que o turismo envolve a antropologia e sociologia. Segundo
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Martnez (In TRIGO, 2005, p.109) o Turismo um objeto de estudo bastante impreciso e que
sua complexidade devido ao vnculo que possui com outros fatores e reas, o que dificulta
sua compreenso mais aprofundada. Para entender o fenmeno de maneira social, ento, cabe
citar sua relao com a antropologia, em que o foco se torna a interao e as diversas relaes
humanas que ocorrem na atividade turstica, em que os conceitos envolvidos tratam de vrias
reas do saber, sendo que a antropologia:
Analisa as condies culturais e socioeconmicas que determinam as necessidades humanas de viajar e seus efeitos na conduta do visitante, da populao anfitri e a interao social resultante. Ajuda a entender a forma como se estabelece a relao turista-anfitrio, bem como a relao turista-turista durante e depois da viagem. Para o mbito receptor, sua vertente etnogrfica auxilia a compreender as formas e prticas culturais que modelaram parte do patrimnio das localidades receptoras. (TRIGO, 2005, p. 141)
Uma pesquisa nesse contexto deve, alm de trabalhar sob o ponto de vista social do
fenmeno, considerar que a proposta de uma soluo de problemas e de algo inovador tende a
complementar o estudo e produo do conhecimento. O trabalho denominado monogrfico
por tratar de um tema determinado e por permitir aprofund-lo. Segundo Salvador2 (1970,
apud DENCKER, 1998, p. 293) monografia o estudo por escrito de um nico tema,
especfico, bem delimitado. Sendo assim, o trabalho monogrfico deve buscar a pesquisa
cientfica e reflexo escrita do autor, que engloba todo o conhecimento terico juntamente
com o aprofundamento dos estudos, leituras, observaes e concluses sobre o tema definido.
Como metodologia de pesquisa entende-se todos os procedimentos e mtodos
adotados para a construo do trabalho. Conforme Minayo (1994, p.16), metodologia o
caminho do pensamento e a prtica que se exerce na abordagem da realidade. Trata-se, ento,
da forma como se realiza a busca do conhecimento, englobando cada ao e os mtodos que
so utilizados nesse processo.
3.2 TCNICAS
A tcnica de pesquisa inicial para o desenvolvimento desta investigao foi a pesquisa
bibliogrfica. Trata-se do levantamento da teoria e da construo de um dilogo da produo
bibliogrfica j existente sobre o tema, um tipo de pesquisa fundamental para qualquer 2 SALVADOR, Angelo Domingos. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa Bibliogrfica. Porto Alegre: Sulinas, 1970.
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estudo e que permite investigar conceitos e sistematizar a produo de uma determinada rea
do conhecimento. Pode-se dizer que a pesquisa bibliogrfica cria a oportunidade do
pesquisador articular conceitos e dialogar com os autores de acordo com os objetivos da
pesquisa (MINAYO, 1994).
A partir dos objetivos traados, o nvel de pesquisa para elaborao deste trabalho se
tornou exploratrio, em que o intuito foi o de descobrir novas idias e perspectivas sobre o
objeto de estudo. Segundo Shlter (2003, p. 72), os estudos exploratrios buscam
familiarizar-se com determinado tema e conceitos, a fim de que se possa elaborar hipteses e
oferecer informaes detalhadas sobre questes que envolvem o campo das relaes sociais.
No caso do turismo, em que existe o aspecto da interdisciplinaridade em seu campo de estudo,
ele se torna um elemento integrador da diferentes reas do saber, formando um conjunto de
disciplinas que do a viso do fenmeno turstico.
A partir do enfoque sistmico, ento, em que se construiu o primeiro captulo deste
trabalho, buscou-se levantar a importante relao entre o Turismo, a hospitalidade e os
aeroportos no mundo contemporneo. Atravs desta viso, foi possvel refletir sobre o
contexto do mundo atual, com a influncia da globalizao no Turismo e levantar a
importncia da hospitalidade nas cidades de destino, bem como seus espaos receptivos,
como os aeroportos.
No terceiro captulo, a relao entre a fundamentao terica uniu-se ao trabalho de
campo, em que se fez a anlise do objeto estudado. Nesse caso, buscou-se apresentar a
histria do Aeroporto Internacional Salgado Filho, iniciada com sua criao, em julho de
1940, at os dias de hoje, passando rapidamente por uma contextualizao de Porto Alegre e
construindo a importncia desse espao para o Turismo da cidade, e, como tal, relacionando-o
a hospitalidade. Nessa etapa, a tcnica de pesquisa etnogrfica participativa, ou observao
participante mostrou-se ideal para apresentar o aeroporto nesse contexto.
Entende-se por etnografia participativa o contato direto do pesquisador com o
fenmeno observado, em que a obteno de informaes sobre a realidade volta-se para os
atores sociais e o contexto em que so estudados. Segundo Santos (2005), o trabalho
etnogrfico alterou as relaes do pesquisador com o que estudado, sendo que se deixou de
priorizar as informaes indiretas, fornecidas por colonizadores, viajantes e missionrios, para
transformar a tarefa de coleta de dados em parte integrante de sua pesquisa. (SANTOS,
2005, p. 37) Dessa forma, o pesquisador passa a vivenciar determinada situao, local e
cotidiano, visando observar seu objeto de anlise de forma mais prxima, como pesquisador e
participante, seja no convvio em uma comunidade, na realizao de um roteiro, seja, no caso
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deste trabalho, vivenciando e observando o cotidiano no ambiente aeroporturio. Segundo
Santos (2005), o trabalho etnogrfico altera a relao do antroplogo com as culturas
estudadas, sendo que transforma a maneira de o pesquisador olhar o outro.
[...] nesse tipo de pesquisa, recomenda-se ao etngrafo que de vez em quando deixe de lado sua mquina fotogrfica, lpis e caderno e participe pessoalmente do que est acontecendo. Ele pode tomar parte nos jogos dos nativos, acompanh-los em suas visitas e passeios, ou sentar-se com eles, ouvindo e participando das conversas. (MALINOWSKI, 1978 apud SANTOS, 2005, p. 39)
O investigador, ento, como parte do contexto, passa a ter uma relao direta com os
observados e todas as relaes que se estabelecem na realidade a ser estudada. De acordo com
Minayo (1994, p. 59) a importncia dessa tcnica reside no fato de podermos captar uma
variedade de situaes ou fenmenos que no so obtidos por meio de perguntas, ou seja,
quando observados diretamente na realidade, as pessoas, o ambiente e todo o contexto,
transmitem o que existe de mais impondervel e evasivo na vida real.
Durante o trabalho de campo, foi possvel utilizar de algumas estratgias de pesquisa,
que possibilitaram auxiliar no registro das observaes e construo do trabalho, como
anotaes simultneas e alguma fonte de registro visual, como fotografia ou filmagem. As
fotografias so recursos de registro visual que ampliam o conhecimento do estudo, pois
proporcionam documentar momentos ou situaes que ilustram o cotidiano vivenciado. No
caso de registro de dados, destaca-se o uso do dirio de campo, que um instrumento ao qual
se pode recorrer em qualquer momento da rotina da pesquisa que realizada. Nele,
diariamente, foi possvel colocar as percepes, angstias, questionamentos e informaes
que no so obtidas atravs de outras tcnicas. O dirio de campo pessoal e intransfervel.
Sobre ele o pesquisador se debrua no intuito de construir detalhes que no seu somatrio vai
congregar os diferentes momentos da pesquisa. (MINAYO, 1994, p. 63) Como uma
oportunidade de enriquecimento da pesquisa, inclui-se na anlise o recurso da fotoetnografia,
que envolve uma narrativa etnogrfica composta por uma srie de fotos que sejam
relacionadas entre si e que componham uma seqncia de informaes visuais. Srie de fotos
que deve se oferecer apenas ao olhar, sem nenhum texto intercalado a desviar a ateno do
leitor/espectador. (ACHUTTI, 2004 apud MICHELIN, 2008)
Assim, partindo das categorias propostas por Grinover (2006), que se referem
acessibilidade, legibilidade e identidade, juntamente com a percepo de como se d o
acolhimento no Aeroporto, foi possvel investigar o local e entend-lo enquanto sua
hospitalidade. Caracterizou-se no corpo deste trabalho:
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Acessibilidade: Entende-se como todas as facilidades na aproximao dos ambientes
aeroporturios, como as condies de acesso fsico (entrada e sada), acesso aos
pavimentos e, tambm, acesso para portadores de necessidades especiais, assim como
para a obteno de servios disponibilizados, como as facilidades de se acessar a rede
de transporte pblico urbano.
Legibilidade: a capacidade do Aeroporto se fazer legvel aos usurios, trata-se de
todo aspecto referente comunicao aeroporturia. Envolve desde sinalizao
(placas, referncias, indicaes), disposio dos espaos at a linguagem e idiomas
utilizados para facilitar a compreenso de quem freqenta o local.
Identidade: Refere-se ao reconhecimento do Aeroporto enquanto sua importncia
local, envolvendo seus aspectos histricos como a representao de seu nome e a
participao no contexto histrico da cidade.
Acolhimento: Sendo um aspecto que envolve todas as pessoas, funcionrios,
comunidade, visitantes e passageiros, deve englobar toda a troca entre Aeroporto e
usurio, desde a infra-estrutura, recepo, prestao de servios, at as possveis
comodidades do local, ou seja, a disponibilidade de atendimento, servios e estruturas
diferenciados que visam o bem-estar e conforto de seus freqentadores.
Buscou-se compreender e interpretar, a partir da viso dos freqentadores do
Aeroporto, como para eles estar ali e usufrur do espao, acesso, servios, comunicao e
atendimento aeroporturios, analisando se a relao entre Aeroporto e visitante hospitaleira
ou no. Com o auxlio de um dirio de campo, foram feitas anotaes do que foi observado e
vivenciado a cada momento da pesquisa no Aeroporto e da utilizao de fotografias, que
possibilitaram visualizar, registrar e documentar os diversos momentos, espaos, situaes,
infra-estrutura e todas as informaes que ilustram o cotidiano em uma das principais portas
de entrada da cidade de Porto Alegre.
Juntamente pesquisa, utilizou-se todas as observaes realizadas a partir das
experincias enquanto usuria do Aeroporto e da vivncia e interao com outros
freqentadores durante a atividade profissional, ou seja, no trabalho de Informaes Tursticas
no posto da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado, localizado no saguo do
primeiro pavimento do Aeroporto. Dessa forma, durante aproximadamente dois meses, tanto
no perodo de trabalho dirio, de cinco horas, quanto em algumas horas durante quatro tardes,
foi possvel anotar as situaes, ressalvas e observaes sobre o objeto de anlise. Sendo que
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a atividade profissional no Posto de Informaes Tursticas gerava uma interao com o
pblico freqentador do espao aeroporturio, foi possvel obter mais informaes a cerca das
necessidades das pessoas. Nesse caso, no se realizaram entrevistas sistematizadas, nem se
utilizaram equipamentos auxiliares como gravadores, pois muitos indivduos no local
buscavam informaes sobre o Aeroporto no prprio Posto onde a pesquisadora trabalhava, o
que passou a constar nas anotaes do dirio de campo. J no caso das fotos, ocorreu um
processo de liberao junto INFRAERO para que se pudessem realizar as imagens e utiliz-
las na pesquisa, gerando ao todo 55 fotos com cmera digital, sendo 32 utilizadas no trabalho.
Logo, como uma oportunidade de enriquecimento da pesquisa, todo o contato com as
necessidades dos usurios possibilitou uma anlise mais completa em relao aos aspectos
levantados no estudo. Considera-se, portanto, o Aeroporto como uma pequena parte da
cidade, onde ocorre o primeiro contato, ou seja, a recepo do turista na localidade anfitri.
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4 O AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO
A histria do Aeroporto Internacional Salgado Filho est diretamente relacionada ao
desenvolvimento industrial do Estado do Rio Grande do Sul, que juntamente com a
agricultura e pecuria, foram aspectos basilares para economia regional. Com o
desenvolvimento do Estado, a capital foi expandindo para garantir a infra-estrutura que
necessitava ao crescimento e administrao da regio. Porto Alegre, ento, passou a ser a sede
dos processos que levaram ao desenvolvimento do Estado, o que trouxe crescimento da
cidade e aumento de sua importncia no contexto nacional. (SCHNAID et al, 2001)
Posteriormente, com o desenvolvimento de Porto Alegre como cidade industrial, de negcios,
de eventos e do Mercado Comum do Sul - Mercosul, o que gerou um crescimento do
Turismo, cada vez mais se passou a exigir uma infra-estrutura que facilitasse o livre
movimento e trfego de visitantes. O novo complexo aeroporturio essencial ao
desenvolvimento da economia do Estado do Rio Grande do Sul, principalmente diante das
perspectivas de crescimento nas relaes comerciais com os demais pases do Mercosul.
(INFRAERO, 2007)
Assim, em um contexto de expanso espacial da cidade e das necessidades de
transporte e contextualizao nacional e mundial, se apresenta o Aeroporto Internacional
Salgado Filho, que foi essencial para consolidao do desenvolvimento de toda a regio.
4.1 HISTRICO
O espao onde se localiza o Aeroporto Internacional Salgado Filho tem a sua origem
como territrio integrante da antiga sesmaria de Jernimo de Ornellas. Aps a morte do dono,
o territrio passou por ocupaes indiscriminadas at que a Brigada Militar, com o apoio do
Governo do Estado do Rio Grande do Sul, conseguiu apropriar-se parcialmente da rea,
passando a utilizar o territrio para o desenvolvimento de Unidades Paramilitares no combate
s revolues.
De acordo com a INFRAERO (2008), a pista utilizada na poca tinha 600 metros de
comprimento e se localizava no campo da vrzea do Rio Gravata, onde foram construdos
dois galpes para oficinas e hangares. Foi no dia 15 de setembro de 1923, aps o trmino da
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obras, que se apresentou o primeiro Aeroporto de Porto Alegre, ligado ao Servio de Aviao
da Brigada Militar.
Aps um ano de atividade, a Unidade Area da Brigada Militar encerrou seus servios,
sendo que o local passou a ser chamado de Aerdromo de So Joo, devido ao nome do bairro
de Porto Alegre onde se localiza. Por volta de janeiro de 1924, a Brigada Militar cedeu ou
arrendou os avies "avariados" e o Aerdromo com pista e hangares a Orestes Dionsio
Barroni, que tinha por objetivo instalar uma Escola de Aviao Civil. (INFRAERO, 2007)
Um importante fato a ser considerado na histria do Aeroporto de Porto Alegre foi a
criao da primeira companhia area gacha. A VARIG - Viao Area Rio-Grandense, em
1927, dava incio aos servios de transporte de cargas e passageiros, operando com avies de
pequeno porte, os chamados hidroavies, que pousavam no Guaba e ligavam Porto Alegre a
Pelotas e Rio Grande. (CLICRBS, 2008) Foi somente em 1933 que o aerdromo passou a
receber mais vos; apesar das suas condies ainda precrias, deu-se incio a uma maior
utilizao do local, pois a Varig havia recebido seus primeiros avies dotados de trem de
pouso, o Junkers Junior F-L3.
No mesmo ano, a Base Aeronaval do Rio Grande do Sul passou a funcionar na rea do
Aerdromo, cujo comandante era o Capito de Corveta Luiz Neto dos Reis; instalando-se ali
por seis meses, a base era utilizada como apoio navegao lacustre e a rede de faris
costeiros. Entre os anos de 1937 e 1938, iniciou-se o processo de desapropriaes dos terrenos
prximos a rea ocupada pelo Aerdromo de So Joo, pois o objetivo era comear sua
ampliao e construir o Aeroporto de Porto Alegre. O local recebera oficialmente esta
designao pelo Decreto Lei 2271 de 3 de julho de 1940, sendo que ainda neste perodo, foi
construdo o primeiro terminal de passageiros, pelo Engenheiro Stocki, o primeiro chefe da 9
Regio do Departamento de Aviao Civil (DAC). (INFRAERO, 2007)
J em 1942, registram-se as melhorias e o desenvolvimento da infra-estrutura
aeroporturia da cidade. Durante a chefia do Engenheiro Carlos Martins Futuro chefe do
Servio de Engenharia da 5 Zona Area recebeu-se ordens de decidir uma nova direo
para a pista, que seria pavimentada, e que pudesse alcanar um comprimento de trs
quilmetros. Alm disso, planejava-se definir o local para a construo de uma nova estao
de passageiros.
Com o comeo da 2 Guerra Mundial, o Ministrio da Aeronutica determinou uma
reduo do ritmo das obras do Aeroporto, preocupando-se mais com a construo da Base
Area de Gravata, hoje, a conhecida Base Area de Canoas. Nesse perodo, as obras foram
atribudas Secretaria de Obras Pblicas e, aps, ao Departamento Aerovirio do Estado.
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Com isso, deu-se incio a construo do primeiro terminal de passageiros e do primeiro trecho
da pista com dimenses de 900m por 42m. Mais tarde, foram construdos mais de 700 metros
de pista de concreto, junto de um convnio com a Unio e o Estado e sob a fiscalizao do
Servio de Engenharia da 5 Zona Area. A partir dessas melhorias, o Aeroporto passou a ter
condies de pouso para avies tricclicos, tipo Convair 240, 340, 440, DC-3 e Constellation.
A pista passava a ter o comprimento de 2.280 metros, sendo que o ptio de estacionamento
tambm foi adequado para suportar aeronaves de maior porte. Em 12 de Outubro de 1951,
atravs do Decreto-Lei de nmero 1457, o Aerdromo de So Joo passava a se chamar
Aeroporto Internacional Salgado Filho.
O senador Joaquim Pedro Salgado Filho nasceu em Porto Alegre, no estado do Rio
Grande do Sul, no dia 2 de Julho de 1888. Passara sua infncia no exterior e isso causara uma
forte curiosidade a cerca de sua ptria. Foi poltico atuante no movimento revolucionrio de
1893 contra Floriano Peixoto, sendo que Salgado Filho chegou a participar de um perodo de
exlio, no Uruguai, com sua famlia. Aps a anistia concedida por Prudente de Morais, a partir
de 1898, voltou ao Brasil e fixou residncia no Rio de Janeiro. No dia 14 de junho de 1931,
por convite, Salgado Filho assume o cargo de chefe de polcia, em que permaneceu por um
ano, quando deixou o cargo para ser nomeado Ministro do Trabalho, Indstria e Comrcio.
(INFRAERO, 2007) Com a eleio do presidente Getlio Vargas e o fim do governo
provisrio, ele pede demisso do cargo e em 1938 nomeado Ministro do Supremo Tribunal
Militar. Mais tarde, convidado pelo prprio presidente Getlio Vargas para assumir o cargo
de ministro da Aeronutica, Ministrio recm criado que fundiu as aviaes do Exrcito, da
Marinha e da Aviao Civil. No ano de 1943 visitou os Estados Unidos da Amrica a partir
do convite do governador americano, o que lhe permitiu conhecer as bases americanas e
conseguir trazer para o Brasil a Escola Tcnica de Aeronutica, que visava formar a infra-
estrutura para a aviao militar e civil brasileira. Mais tarde, Salgado Filho foi condecorado
pelo Presidente Roosevelt com a comenda da Legio do Mrito Militar Americano.
Salgado Filho foi eleito Senador pelo estado do Rio Grande do Sul e presidente do
Partido Trabalhista Brasileiro em 1947. Atuou pelo Senado Federal e distinguiu-se pela
fidelidade partidria e a amizade com o Presidente Getlio Vargas. No ano de 1950, Salgado
Filho foi indicado por unanimidade, pelo seu partido, na seo do Rio Grande do Sul, ao
cargo de Governador do Estado, no entanto, quando comeara sua campanha eleitoral, no dia
30 de julho de 1950, em viagem area a caminho de It, perdeu sua vida em um desastre de
avio. Assim, Salgado Filho ficou marcado na histria da aviao nacional e como figura
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representativa do estado, que empresta seu nome at os dias de hoje, ao Aeroporto de Porto
Alegre, cidade em que nascera.
No ano de 1953, inaugurava-se o novo trecho de pista e os 12 mdulos da estao de
passageiros que agora levava o nome de uma importante figura da aviao e do Estado. No
dia 19 de Abril, o Aeroporto era inaugurado e passava a ser um acontecimento marcante na
hi