fundamentos filosÓficos

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ANHANGUERA EDUCACIONAL UNIDERP – CAXIAS - MA FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO MARIANA RA: MARIA CELESTE R.A: 353249 OS FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

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Apontamentos sobre Filosofia da Educação de uma aluna da Universidade Anhanguera de Caxias - MA>

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ANHANGUERA EDUCACIONAL UNIDERP CAXIAS - MAFUNDAMENTOS FILOSFICOS DA EDUCAO

MARIANARA:MARIA CELESTER.A: 353249

OS FUNDAMENTOS FILOSFICOS DA EDUCAO BRASILEIRA

CAXIAS/2012OS FUNDAMENTOS FILOSFICOS DA EDUCAO BRASILEIRA

O escultor francs August Rodin se esforou por materializar o sentido mximo da ideia da filosofia, do ato de filosofar. O resultado deste esforo foi sua obra mais famosa: O pensador. Em posio tensa, um homem forte, de propores perfeitas, agachado como se suportasse algo muito pesado sobre as costas, apoia o queixo a mo e o cotovelo sobre o joelho. A figura lembra Atlas, da mitologia grega, que sustentava o peso da Terra. Assim, tem-se a impresso de que o pensador, de Rodin, sente sobre sua cabea o peso do prprio mundo. Sendo este peso muito grande, ele usa a mo de tit para reforar; mas ainda muito pesado, ele se curva e se apoia sobre o prprio joelho. Ou seja, a ideia de peso e tenso, associada s perfeies proporcionais e beleza lmpida do corpo da escultura parecem sugerir o sentido da filosofia: a responsabilidade e o xtase. A responsabilidade da busca da compreenso do universo e do ser humano, que faz o pensador se curvar o xtase da beleza, da contemplao, da descoberta, o aperfeioamento que s a reflexo filosfica proporciona.A filosofia uma disciplina especulativa, ou seja, no trabalha com problemas essencialmente empricos: ela se ocupa de conceitos. Isso no significa que a experincia no tenha valor para a filosofia, pelo contrrio, a experincia uma rica fonte de contedos e informaes que auxiliam a reflexo contemplativa do filsofo. Significa que a filosofia essencialmente a busca pelo saber no a busca em si mesma, mas a busca pelo que oferece de aperfeioamento intelectual, cultural, espiritual, ao ser humano.Entretanto, a natureza essencialmente especulativa da filosofia deixa muitos de ns em uma posio desconcertante. Ns queremos, normalmente, estudar, pesquisar, investigar algum problema e obter uma resposta definitiva. A filosofia, em vez disso, muitas vezes, lana dvidas onde antes tnhamos certezas inquestionveis; a filosofia torna maravilhoso aquilo que era comum, torna estranho o que era familiar. Leva-nos a olhar de outra maneira para as coisas que olhamos sempre da mesma forma.Em vez de perguntarmos: que horas so?, passamos a perguntar: o que o tempo?. Em vez de perguntarmos: quanto custa?, passamos a perguntar: o que o valor?. E estas outras novas perguntas, por terem natureza to abrangente, nuances de significado to amplas e to sutis, so pelo menos at o momento indissolveis. Ao longo de sculos de filosofia, estes questionamentos inquietaram grandes gnios de diversos lugares do mundo. Cada um, sua maneira, luz de sua cultura, de sua formao, encontrou respostas interessantes, mas no definitivas.Mas, ns fazemos parte de uma cultura em que predomina o cientismo, uma viso do conhecimento que supervaloriza as respostas definitivas, os consensos, a proficincia. De maneira que, diante da insolubilidade das questes filosficas, nosso comportamento segue duas tendncias: desvalorizamos a filosofia e seu potencial formador, bem como sua utilidade prtica (embora no tcnica); tentamos encaixar a filosofia nos padres do cientismo, reduzindo a uma histria das ideias filosficas, ou a simples descrio das propostas filosficas dos pensadores.Ambas as atitudes esto equivocadas. A filosofia uma disciplina e de grande valor, pois estimula o desenvolvimento humano e, afinal, nela que tem comeo todas as grandes descobertas cientficas. E o ensino da filosofia deve seguir os fundamentos da prpria filosofia: a busca da compreenso da realidade atravs do pensamento.No Brasil, a educao sofre de um dficit histrico. At a segunda metade do sculo XX, ramos um pas predominantemente de analfabetos e o nmero de pessoas analfabetas ou semianalfabetas ainda astronmico. A realidade das escolas pblicas deprimente. Apesar dos esforos governamentais dos ltimos 20 anos, atravs do FUNDEF e do FUNDEB, as condies reais da educao ainda so muito insatisfatrias. Os baixos salrios de professores e outros profissionais da educao, aliados falta de estrutura nas escolas, falta de material didtico e merenda escolar, somados ainda pobreza do alunado brasileiro e formao deficiente que os prprios professores tiveram (pois so oriundos do mesmo sistema educacional) tudo isso gera uma realidade nas escolas pblicas em que a qualidade do ensino e da educao so de baixssimo nvel.O problema se torna ainda maior quando se tem em mente as recentes e monstruosas transformaes do mundo globalizado: o grande volume de informaes que gerado constante e ininterruptamente as inovaes cada vez mais rpidas no campo das tecnologias e das comunicaes. Isso cria uma necessidade educacional de contextualizar mtodos, tcnicas e ferramentas de ensino, bem como contedos e os prprios conceitos que norteiam a prtica educacional no pas.Todavia, e como sempre, esbarra-se no problema congnito da desigualdade social brasileira. Se, de um lado, temos algumas escolas que trabalham com paradigmas avanados de ensino, com recursos materiais disponveis, capazes de lanar seus alunos no mundo do trabalho com altas chances de capturarem as melhores oportunidades de outro lado temos um Brasil negligente, que no oferece o mnimo necessrio para a educao.Uma sala de aula inteligente, com alunos em estaes de trabalho, com intensa pesquisa online, em linguagem multimdia, onde o aluno tutor de seu prprio desenvolvimento e o aprendizado se d atravs dos mais variados tipos de experincia com imagens, sons, textos, vdeos, excurses e experincias laboratoriais. Esta proposta contrasta drasticamente com a realidade de milhes de outros estudantes no pas. No apenas os mais pobres, que se encontram nas piores condies; mesmo escolas razoavelmente grandes, com boa estrutura escolar teriam dificuldade em manter esse modelo. Igualmente, a capacitao de professores seria dispendiosa e problemtica. De forma que, quanto mais se avana em determinados espaos, mais evidente fica a defasagem da educao no pas, falando em termos gerais.Alm do mais, no que concerne s salas de aula inteligentes, h que se pensar se de fato este ensino estaria focado no aprendizado, na construo do conhecimento, ou no aparato tecnolgico que lhe daria suporte. Ou seja, o meio no correria o risco de se transformar no fim? Isso bem possvel levando-se em considerao as relaes cada vez mais subjacentes entre a indstria cultural e a escola.A escola, sobretudo nesta relao com meios de comunicao de massa, segue a tendncia geral da sociedade: a postura acrtica. Assim sendo, acontece de, muitas vezes, em vez de a escola ensinar o aluno a usar o computador como uma ferramenta facilitadora de pesquisas e realizao de trabalhos escolares, ela pode faz-lo se tornar um simples consumidor de novas tecnologias. Como se o importante fosse ter o computador, mesmo que ele no construa conhecimento, mesmo que diante da tela no estejam olhos questionadores.Como ambiente privilegiado do conhecimento, ela sofre com a perda do valor de uso do conhecimento e ascenso do seu valor de troca, esvaziando-se de seu real sentido, de seu real valor. Passa-se a valorizar sobretudo a escola mais cara, que tenha mais aparelhos, mais salas, mais ambientes, mais mercadorias a serem consumidas e nesse processo o objetivo primordial da educao, a emancipao humana, posto de lado. O prprio aluno transformado em um produto na linha de produo escolar, ele entra ignorante e sai diplomado, as instituies, como se fossem fbricas de formados, exibem seus melhores produtos: um que passou em vrios vestibulares, outro que foi primeiro colocado em um concurso. A escola precisa, portanto, romper as barreiras das desigualdades sociais e se emancipar das tendncias culturais alienantes do capital.Entretanto, para pensadores como P. Bourdieu, a natureza reprodutora de desigualdades sociais da escola incontornvel. Este pensador compreende a escola como um espao em que as estruturas sociais so reproduzidas inquestionavelmente as crianas aprendem cedo qual o seu lugar na sociedade, de forma que a pobreza e a riqueza so legitimadas. Inconscientemente, o prprio oprimido incorpora o discurso do opressor. Para Bourdieu, na escola as geraes transmitem sua superioridade social o capital financeiro dos pais transformado em capital simblico para os filhos.A desigualdade j , para ele, o prprio ponto de partida da educao. A comear pela separao dos ricos em escolas melhores que as dos pobres. No Brasil, essa dicotomia ainda mais evidente, posto que as escolas pblicas oferecem ensino de baixa qualidade, em relao s particulares; estas, por sua vez, quanto maior o poder aquisitivo da clientela, oferecem ensino com qualidade superior.Assim, tem-se a necessidade evidente de se repensar a educao, conceb-la como um instrumento de libertao, como queria Paulo Freire, Ansio Teixeira e outros pensadores. preciso compreender as formas como as desigualdades se reproduzem, como o ensino p afetado pela lgica do capital e valorizar os aspectos verdadeiramente educativos, formadores, da prtica pedaggica. Sobretudo o ensino de filosofia deve ter esta preocupao: levar os alunos a questionarem a realidade e assumir postura combativa, para que sejam capazes de superar, ainda que individualmente, a condio social que lhe foi imposta ao nascimento.

REFERNCIASLOPES, Laura. A sala de aula do futuro. Disponvel em: https://docs.google.com/file/d/0B6RRGXoT7E0yMzZmZjExNjMtNTRiZC00ZDFmLWFmMTctYmQyMWM1YTQ2MjA4/edit. Acesso em: 13 de setembro de 2012.REVISTA ESCOLA. Especial Grandes Pensadores: Pierre Bourdieu. Disponvel em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/pierre-bourdieu-428147.shtml?page=3. Acesso em: 13 de setembro de 2012.MEDRANO, Eliziara Maria Oliveira e VALENTIN. Lucy Mary Soares. A Indstria Cultural invade a escola brasileira. Disponvel em: https://docs.google.com/file/d/0By4Xp8VZacZTNWIzOTAyZmUtMTkzZS00ZThjLTg3NTYtNThlZWQ1NzJkYzI0/edit?hl=en_US. Acesso em: 13 de setembro de 2012MURCHO, Desidrio. A natureza da Filosofia e o seu ensino. Disponvel em: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/1968/1642. Acesso em: 13 de setembro de 2012.