revista terra santa - 04 - apócrifos

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Evangelhos, literatura popular ou escritos gnósticos? APÓCRIFOS Instruções para o uso Revista franciscana de cultura, Lugares Santos e o mundo da fé Número 4 errasanta

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Nesta edição da revista Terra Santa, a atenção volta-se aos textos apócrifos, que se dedicam especialmente ao nascimento e à infância de Jesus. Os evangelhos apócrifos são textos com caráter folclorístico, nascidos da piedade e da curiosidade popular. Todavia, eles conservam também dados autênticos, preciosidades ignoradas nos textos bíblicos: os nomes dos pais de Nossa Senhora, São Joaquim e Santa Ana; os três Magos chamados Melquior, Gaspar e Baltazar; o nome do bom ladrão, São Dimas; a Dormição de Maria; entre outras menções. Não dá pra negar que tudo isso está arraigado na piedade popular católica e traz também benefícios espirituais. Saiba mais lendo o dossiê desta revista Terra Santa.

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Terrasanta gennaio 2006

EDITORIALE

Evangelhos, literatura popular ou escritos gnósticos?

APÓCRIFOS Instruções para o uso

Revista franciscana de cultura, Lugares Santos e o mundo da féNúmero 4 �

errasanta

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Terrasanta

EDITORIAL

Frei Jorge Egídio HARTMANN OFM

Comissário da Terra Santa

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ossa revista número 4 chega a você próxima do Natal. Muitas lem-branças, imagens da religiosidade popular e da arte cristã deste período natalino nos remetem aos textos apócrifos, que se dedicam especialmente ao nascimento e à infância de Jesus. Por isso, é importante esclarecer o que são os evangelhos apócrifos, por que foram escritos e o que os diferencia dos

outros Evangelhos chamados canônicos.Apócrifo vem do grego e significa “escondido, oculto”, indicando aqueles escritos religiosos hebreus ou cristãos que não entraram na Bíblia e não foram considerados “inspirados”. Por isso o termo tornou-se pejorativo, podendo conter heresias ou, ao menos, sendo não recomendado por causa de muitas fantasias. Hoje temos quatro Evangelhos, mas nos primeiros séculos do cristia-nismo existiam ao menos vinte Evangelhos que fala-vam de Jesus.São textos com caráter fol-clorístico, nascidos da pie-dade e da curiosidade po-pular. Todavia, eles conser-vam também dados autênticos, preciosidades ignoradas nos textos bíblicos. Como exemplo, podem ser citados personagens e fatos que hoje nos são familiares e que não constam na Bíblia: os nomes dos pais de Nossa Senho-ra, São Joaquim e Santa Ana, celebrados na liturgia em 26 de julho; os três Magos chamados Melquior, Gas-par e Baltazar; o nome do bom ladrão, São Dimas; o nome do soldado Longuinho que transpassou o lado de Cristo com a lança; a história de Verônica que enxugou o rosto de Jesus; a Dormição de Maria; a história de José carpinteiro... Nenhum Evangelho canônico menciona o nascimento de Jesus na gruta, nem a presença do boi e do burro que estão em todos os presépios, mas os apócrifos, sim. Não dá pra negar que tudo isso está arrai-gado na piedade popular católica e traz também benefícios espirituais. Saiba mais lendo o ‘dossiê’ desta revista Terrasanta.Aos nossos leitores, amigos e benfeitores dos Lugares Santos, votos de um Santo Natal do Senhor e um abençoado 2013.

NEvangelhos nascidos no povo

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SUMÁRIO

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Terrasanta

3 EDITORIALEvangelhos nascidos no povoFrei Jorge Egídio Hartmann, OFM

6 ÁLBUMEra uma vez Belém Paola Rampoldi

13 ATUALIDADES Páscoa simultânea

para os cristãos da Terra Santa

14 ESPIRITUALIDADE Jesus, o Mestre que escuta cada coraçãoMarco Cosini

16 JUDAICA Aquela veste escura e aqueles cachos estranhos...Elena Lea Bartolini De Angeli

17 DOSSIÊ

Aqueles evangelhos ocultos chamados apócrifos

Elena Lea Bartolini De Angeli

Aqueles evangelhos ocultos chamados

10 ATUALIDADES Sentinelas da PaixãoCarlo Giorgi

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Terrasantaé uma publicação sob

responsabilidade dos Comissariados da Terra Santa

do Brasil.

ResponsávelFrei Ivo Muller

Comissariado da Terra Santa Convento de Santo Antônio

do Pari Praça Padre Bento, 13

Caixa Postal, 50470 03031-050 São Paulo - SP -

Brasil Tel: +55. 11 3311.0564

Fax: +55. 11 3311.0455

DiretorGiuseppe Caffulli

[email protected]

CodiretorFrei Jorge Egídio Hartmann

[email protected]

RedaçãoLurdinha Nunes

Giampiero SandionigiCarlo Giorgi

Conselho EditorialFrei Ivo Muller

Frei Jorge Egídio HartmannFrei Miguel Loureiro

Pe. Antônio XavierLurdinha Nunes

PublicidadeEditora Canção Nova

LayoutElisa Agazzi

ImpressãoFundação João Paulo II

AssinaturasFundação João Paulo II

TERRASANTARevista da Custódia

Franciscana da Terra SantaUm exemplar R$ 5,00

Assinatura 2012Quatro edições R$ 18,00

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Terrasanta

33 HORIZONTES O caminho aberto por frei Daniel Frei David M. Jaeger, OFM

34 PERSONAGEM João o precursor Irmão Edoardo Arborio Mella

36 REPORTAGEM Protagonistas do futuro Carlo Giorgi

41 EM DIÁLOGO Os três patriarcas da Terra Santa Edoardo Arborio Mella

42 COLÓQUIOS Maradiaga Sonhando com Jerusalém Manuela Borraccino

46 PANORAMA Novas estradas na Armênia cristã Giuseppe Caffulli

Illustração da Capa:Natividade,

Igreja de São João Batista, Wadi al Kharrar

Jordânia(Foto: G. Caffulli)

48 PANORAMA Evrony: os vândalos não representam Israel Edward Pentin

50ALÉM DA GRADE No “santuário” do sofrimento e do encontro Irmã Mariachiara

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BELÉM DE PAOLA RAMPOLDITradução: Frei Jorge Egídio Hartmann, OFM

ÁLBUM

Era uma vez

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BELÉM

m precioso álbum fotográfico, d e a u t o r a n ô n i m o , f o i encontrado nos nossos arquivos e é dedicado a uma viagem entre Belém e Jerusalém. (O autor o chamou, em francês, de A terra de Cristo. Belém-Jerusalém.

Vista dos Lugares Santos.) O álbum contém numerosas fotos, estilo cartão-postal, e mostra-nos uma Terra Santa que hoje já não existe mais. Ainda que seja incerta a data em que essas fotos foram feitas, provavelmente são do fim do século 18, início do século 19. A realidade que vive Belém, hoje, é a de uma cidade “sitiada” pelo muro de segurança que a separa de Israel. O clima é de grande instabilidade: crise econômica e tensões sociais são uma constante. Os assentamentos israelenses em torno de Belém e um forte crescimento da construção civil distorceram toda a paisagem. Por isso, é interessante folhear este álbum de páginas amareladas pelo próprio tempo, para verificar como, em um século, esses lugares se transformaram profundamente.Na foto: a praça da Manjedoura, em frente à Basílica da Natividade.

Era uma vez

U

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ÁLBUM

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NA BASÍLICA DA NATIVIDADEA legenda do álbum diz: “construída por Santa Helena, mãe de Constantino, imperador romano”. A Basílica, de fato, foi construída em 335 d.C. por Constantino – e depois modificada em 540 d.C. pelo imperador Justiniano – sobre a gruta da Natividade, e enfeitada com vasos de ouro e prata, tapeçarias ornamentadas, mosaicos, cortinas e lâmpadas com joias, presenteados pelo próprio imperador Constantino e sua mãe Helena, para fazer resplandecer o lugar do parto da Mãe de Deus.

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Terrasanta

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O ALTAR DA ESTRELAJustamente no altar da Natividade está fixada uma estrela de prata sobre uma laje de mármore com a inscrição em latim, que indica o lugar identificado pela tradição como sendo aquele do nascimento de Jesus Cristo.Infelizmente, a fumaça das velas e das lâmpadas de óleo, além do costume de pendurar quadros, danificaram irremediavelmente os belos mosaicos desejados por Constantino e Helena.

NO CAMPO DOS PASTORESDo lado leste de Belém, a uns 2 Km do centro povoado, encontra-se a vila de Beit Sahur, ‘a casa dos pastores’, daqueles que vigiam. É possível chegar lá também a pé, passando pela estrada da Gruta do Leite. No tempo de Santa Helena já havia nessa localidade uma igreja dedicada aos Anjos que anunciaram aos pastores o nascimento do Redentor. A imagem que se tem hoje da planície é muito diferente. A foto antiga que apresentamos, muito provavelmente, mostra-nos o lugar assim como era no tempo do nascimento de Jesus.

O TÚMULO DE RAQUELNa atual Belém, procura-se inutilmente com o olhar o perfil do túmulo de Raquel, hoje completamente cercado pelo muro de separação e transformado num bunker do exército israelense. Nesta foto vemos o monumento, considerado lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, em esplêndida solidão, entre campos desertos e ensolarados.

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ATUALIDADES ATUALIDADES

Terrasanta

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� Oliveiras do Getsêmani: publicada pesquisa científica

Jardim das oliveiras no Getsêmani, um dos lugares mais sa-grados para o cristia-nismo – memória vi-

vente da agonia do Senhor Jesus antes da prisão – hoje pode ser conhecido mais profundamente pelos cristãos. De fato, estão finalmente disponíveis os resultados de uma pesquisa científica realizada pela Custódia da Terra Santa sobre as oito árvores milenárias do jardim. A pesquisa, que teve início em 2009, durou três anos e foi conduzida por uma equipe de pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisa (CNP) e várias universidades italianas. O es-tudo foi apresentado hoje, às 11h30, na Sala Marconi da Rádio Vaticano, em Roma. Juntamente com padre Pierbat-tista Pizzaballa, custódio da Terra San-ta, que apresentou aos jornalistas o sentido e os resultados da investigação, estavam também frei Massimo Pazzini, diretor do Studium Biblicum Francis-canum de Jerusalém, o professor Gio-vanni Gianfrate, coordenador do pro-jeto, engenheiro agrônomo e especia-lista em história das oliveiras no Medi-terrâneo, o professor Antonio Cimato, coordenador da pesquisa científica e primeiro pesquisador do uso de madei-ra e espécies lenhosas (Ivalsa) – Conse-lho Nacional de Pesquisa em Florença.Os resultados das pesquisas indicaram a datação de mudas de três das oito oliveiras como da metade do século XII. Por isso, elas são reconhecidas com

uma idade de mais ou menos novecen-tos anos. Ocorre porém precisar: à da-tação indicada se refere somente a parte externa do solo, ou seja, do tronco e das folhas.O êxito da pesquisa deve ser colocado em relação com antigas crônicas de viagem dos peregrinos; segundo eles, a segunda Basílica do Getsêmani foi construída entre 1150 e 1170 (período

durante o qual os Cruzados estavam empenhados na reconstrução das grandes igrejas da Terra Santa e de Je-rusalém em particular). É tido como verídico que por ocasião da construção da basílica do Getsêmani foi também reorganizado o jardim, com a recupe-ração das oliveiras presentes naquele tempo.Um outro resultado de grande interes-

se emergiu quando os pesquisadores definiram a impressão genética das oito árvores. As análises particulares de DNA apontaram para “perfis genéticos idênticos” entre todas. Tal conclusão confirma o mesmo “genótipo”, o que demonstra que as oito oliveiras são todas “ filhas” de um mesmo exemplar. Conclui-se que em um determinado momento da história – no século XII, mas provavelmente mesmo antes – foram colocados no jardim do Getsê-mani mudas grandes de uma mesma oliveira, com modalidades semelhan-tes às dos jardins palestinos. A pergun-ta é em que período no decorrer dos séculos foram colocadas essas mudas. Segundo os Evangelhos, no período de Jesus as oliveiras já estavam grandes. E a existência delas é testemunhada comparando-se as descrições do lugar santo feito por historiadores e peregri-nos durante os séculos.Padre Pierbattista Pizzaballa, apresen-tando os resultados da pesquisa, obser-vou que, para os cristãos, as oliveiras

Sentinelas da Paixão

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ATUALIDADES

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RETRATO

A MESTRA DE BELÉM QUE CULTIVA ROSAS E ENSINA ÁRABE

Uma senhora de olhar radiante conta a sua história de mulher, mãe e pro-fessora, que teve de lidar com a mentalidade e a sociedade árabes. Aida Kattan nasceu em Jerusalém em 1942, estudou em Beit Jala e na Uni-versidade de Beirute. Ensinou árabe por 45 anos nas escolas de Belém,

onde reside até hoje e onde continua apaixonada-mente transmitindo a beleza da sua língua a todos quantos queiram aprendê-la em pouco tempo. “Tive de lutar contra a mentalidade, antes de tudo, do meu marido, que insistia para que eu deixasse de trabalhar quando nasceram os nossos dois fi-lhos – explica a senhora Aida. Como a maior parte dos homens, ele preferia que eu ficasse em casa. Aceitei essa condição por alguns anos, depois, assim que as minhas crianças cresceram, foi um grande desafio voltar a ensinar. Continuei com paixão a dividir-me entre a casa e a escola e re-cordo tudo isso com a satisfação de ter emprega-do o meu tempo e trabalho para terminar de construir a minha bela casa”. Um compromisso entre o empenho doméstico e profissional que, ela reconhece, é concedido mais facilmente às mu-lheres árabes cristãs, as quais desde sempre gozaram de maior liberdade. Professora de árabe de gerações inteiras de estu-dantes, Aida conta a alegria de ser reconhecida pela estrada e saudada com afeto pelos seus ex--alunos. Ficando viúva há alguns anos, enquanto os filhos estudavam na Itália, Aida decidiu superar a solidão da sua casa vazia alugando um quarto para moças estrangeiras. Uma casa em que não faltam hóspedes, desde o momento em que Aida começou os cursos intensivos de árabe para es-trangeiros. Uma atividade em que se empenha muito, porque comporta a preparação de apostilas e a contínua atualização didática. Mas não é tudo: o jardim é o seu hobby predileto. Qual é o segredo de tanta energia e vibração? “Sofri muito na vida – confessa Aida – mas não quero demonstrar isso; prefiro transmitir a serenidade e a alegria que trago em mim”.

Chiara Tamagno

do Jardim do Getsêmani constituem uma referência “viva” da Paixão de Cristo; do testemunho da obediência absoluta ao Pai também no sacrificar a Si mesmo pela salvação do homem, de todos os homens. As oliveiras são tam-bém indicação e memória da disponibi-lidade que o homem deve ter no “fazer a vontade de Deus”, único modo de ser fiel. Nesse lugar, Cristo rezou ao Pai e se confiou a Ele para superar a angústia da morte, a Agonia, a Paixão e a terrível morte de cruz, confiando na vitória fi-nal, na Ressurreição e na Redenção de todos os homens.Essas oliveiras representam o “enraiza-mento” e a continuidade de gerações da comunidade cristã da Igreja Mãe de Je-rusalém. Como essas oliveiras – planta-das, queimadas, cortadas e nascidas de novo no curso da história, de um ines-gotável tronco – assim a primeira comu-nidade cristã sobrevive vigorosa, ani-mada pelo Espírito de Deus, apesar dos obstáculos e das perseguições.

Carlo Giorgi

OLIVEIRASO Jardim do Getsêmani.

O professor Antonio Cimato, coordenador da pesquisa

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G. G

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Esta revista não termina aqui...

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