o pedroso nº 35

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O Pedroso entrevista Laila Tillawi Quintela Palestiniana-galega e vice-presidenta da Associaçom Galiza por Palestina Análise: Compostela e as condiçons materiais da existência s o Pedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela Ano IX • nº 35 • Outubro, Novembro e Dezembro de 2008 No dia 8 de Fevereiro os alienígenas de Galicia Bilingüe aterrarám nas ruas da capital galega. Quem ler o encabeçamento desta notícia pode pensar que o Conselho de Redacçom de O Pedroso toleou ou que se trata de umha brincadeira. Bem, pois foi a melhor maneira que se nos ocorreu para chamar a atençom sobre a insensatez e a ciência ficçom promovida pola associa- çom Galicia Bilingüe e que terá a sua máxima expres- som na manifestaçom que convocam em Compostela para o próximo 8 de Fevereiro. Falamos delas e deles como extraterrestres porque pen- samos que realmente o som, venhem de outro planeta ou ao menos venhem ou vivem noutra Galiza. Para es- tes “activistas” hoje na Galiza a língua espanhola corre perigo. Elas e eles nom se importam com que até há 30 anos o galego estivesse proibido, com que nas últimas duas décadas tenhamos vivido a perda de falantes maior de toda a história da língua, com que o ensino seja hoje maioritariamente em espanhol, com que por primeira vez o espanhol, língua que recordamos a Gloria Lago and company foi imposta na Galiza com maior ou me- nor violência ao longo da nossa história, comece a ter mais número de falantes que a língua própria, o galego. Nom se importam com os relatórios do Conselho da Europa em que se coloca em perigo a sobrevivência da Continua na página 2 www.nosgaliza.org Invasom extraterrestre em Compostela Fora Galicia Bilingüe da nossa cidade

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Publicaçom trimestral da Assembleia Comarcal de Compostela de NÓS-Unidade Popular

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Page 1: O Pedroso nº 35

O Pedroso entrevista

Laila Tillawi Quintela

Palestiniana-galega e vice-presidenta da Associaçom Galiza por Palestina

Análise:

Compostela e as condiçons materiais da existência

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2008

No dia 8 de Fevereiro os alienígenas de Galicia Bilingüe aterrarám nas ruas da capital galega.Quem ler o encabeçamento desta notícia pode pensar que o Conselho de Redacçom de O Pedroso toleou ou que se trata de umha brincadeira. Bem, pois foi a melhor maneira que se nos ocorreu para chamar a atençom sobre a insensatez e a ciência ficçom promovida pola associa-çom Galicia Bilingüe e que terá a sua máxima expres-som na manifestaçom que convocam em Compostela para o próximo 8 de Fevereiro.Falamos delas e deles como extraterrestres porque pen-samos que realmente o som, venhem de outro planeta ou ao menos venhem ou vivem noutra Galiza. Para es-

tes “activistas” hoje na Galiza a língua espanhola corre perigo.Elas e eles nom se importam com que até há 30 anos o galego estivesse proibido, com que nas últimas duas décadas tenhamos vivido a perda de falantes maior de toda a história da língua, com que o ensino seja hoje maioritariamente em espanhol, com que por primeira vez o espanhol, língua que recordamos a Gloria Lago and company foi imposta na Galiza com maior ou me-nor violência ao longo da nossa história, comece a ter mais número de falantes que a língua própria, o galego. Nom se importam com os relatórios do Conselho da Europa em que se coloca em perigo a sobrevivência da

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www.nosgaliza.org

Invasom extraterrestre em CompostelaFora Galicia Bilingüe da nossa cidade

Page 2: O Pedroso nº 35

nossa língua, a ineficaz política lin-güística dos sucessivos governos da Junta, o incumprimento constatado e reconhecido polas próprias institui-çons dos mínimos da presença do ga-lego no ensino. Isto todo nom existe na Galiza extraterrestre da qual ve-nhem Galicia Bilingüe. Eles preferem jogar à ciência ficçom e a criar conflitos inexistentes, a ima-ginar que isto é Catalunha, onde por outra parte a política lingüística tem sido bastante mais eficaz e positiva para o futuro da língua própria. Para Gloria y sus amigos, o espanhol está em perigo! E para hacer de esto una cruzada, em palavras da propria Gloria, montárom um chiringuito alienígena chamado Galicia Bilingüe com OVNI incluído a modo de auto-bus (des)informativo. Autocarro que tem viajado por toda a Galiza sem deixar de sofrer a resposta popular e inclusive a denegaçom de permisso para estacionar por parte de algum Concelho.Bem é sabido por todas e todos nós

qual é o resultado desse “bilingüismo harmónico” que dizem defender, por isso pedimos sensatez, escolham um nome mais realista e ajeitado com os seus princípios. De aqui propo-mos um par deles: Galicia Cañí ou Galicia en Castejano. Poderiam usar lemas como “el gallego es de pale-tos” ou esse que alguns ainda devem lembrar de “no sea bárbaro...”. E ainda, dentro de toda esta incon-gruência de ficçom que teatram, a sua cabecilha, professora de inglês numha escola, fala dos benefícios do ensino já desde cedinho de línguas estrangeiras como o inglês. Claro que sim! Todas as línguas que sejam, menos… o galego. O galego segun-do esta gente causa uns traumas ter-ríveis nas nenas e nenos. Todas po-demos concordar no positivo e enri-quecedor de aprender várias línguas, mas o galego nom? Por quê? Chegadas a este ponto, deixemos os jogos de marcianinhos e chamemos às cousas polo seu nome. Estes lobos com pele de cordeiro sabem adaptar-

se ao “politicamente correcto” e às necessidades que a mentira tem hoje, nesta merdocracia em que vivemos, para ter eco e ser ouvida pola socie-dade. Nom podemos enganar-nos e deixar de ver o que realmente preten-dem e a sua identidade, que nom é outra que a da mais rançosa direita espanholeira, a das e dos nostálgicos dos tempos do caudillo, a dos senho-ritos de pasta que consideram que a língua deste país, a que falamos e fa-lárom os nossos avós é de paletos e nom serve para nada.

Em Compostela, concelho em que a política lingüística brilha polo sua dramática ineficácia, relegada ao fol-clorismo e aos actos-foto dos jornais, aqui na capital da Galiza devemos exigir um posicionamento claro do nosso Governo Municipal contra a manifestaçom do 8 de Fevereiro e contra este tipo de actos que nom som outra cousa que mostras públi-cas de auto-ódio orquestradas por um grupo de idiotas acomplexados.

A Concelharia de Política lingüística deve contestar esta agressom que su-pom para o galego o desfile da para-fernália de Galicia Bilingüe nas ruas da cidade. É necessária umha decla-raçom pública das instituiçons muni-cipais de repulsa e condena, porque ante a mentira o silêncio e a passivi-dade nunca som a soluçom.O povo de Compostela também nom pode ficar calado ante isto, porque nós como a imensa maioria das ga-legas e os galegos nom temos vergo-nha do que somos, estamos orgulho-sas e orgulhosos de sermos galegas e galegos, da nossa cultura e da nossa língua, máxima expressom do nosso povo. Porque o galego é a língua em que falamos, em que sentimos, em que queremos viver e na língua em que agora gritamos:Galicia Bilingüe fora de Compostela, e fora da Galiza! Nom mais agressons contra a nossa língua! Na Galiza em galego!

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Já está disponível na loja do nosso web a agenda da Es-querda independentista do ano 2009, editada por Nós-UP. Nesta ocasiom a temática esco-lhida é a necessária galeguiza-çom dos nossos nomes e ape-lidos. A agenda inclui os mo-delos de instáncias para apre-sentar nos respectivos registos civis, assim como instruçons

dos trámites a seguir. Também incorporamos umha listagem de apelidos deturpados e a sua forma legítima galega.A agenda está à venda, além de na própria loja do nosso web, no Centro Social Henriqueta Outeiro ao preço de 10 euros.

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Page 3: O Pedroso nº 35

Em muitas ocasions as páginas d’O Pedroso tenhem recolhido análises críticas sobre a si-tuaçom social na nossa cidade. Assim mais de umha vez temos chamado a atençom so-bre o lamentável facto da aparente pax social

compostelana, especialmente ao avaliarmos os numerosos défices que sofremos a vizinhança de Compostela e a praticamente nula resposta que re-cebem muitos desses problemas.Muito pola contra em nom poucas ocasions per-cebemos como um sector social da nossa cidade age como comparsa, ou mesmo instigador, das políticas mais retrogradas impulsionadas polo

governo municipal. Este sector social, embora cer-tamente diverso, componhem-no em grande parte elementos procedentes da burguesia comercial tra-dicional, o que vulgarmente é conhecido como pe-

queno-comércio.Um pequeno-comércio onde entram de hoteleiros até os proprietários das mais diversas lojas, e que se or-ganizam em diferentes associaçons patronais, que até

o momento, sempre tenhem agido como porta-vo-zes das mais diversas iniciativas reaccionárias

aparecidas na cidade. Das video-cámaras à normativa contra o “botelhom”, sem esquecermos os aplausos à Cidade da Cultura e aos planos de turistificaçom.

A apariçom da imprensa dos porta-vo-zes das patronais do comércio sempre

c o s t u m a ser precedida do contínuo lamento de quem supostamente vivem numha crise permanente. Sempre atacados polos

mais diversos males que afogam a estes grandes homens e mulheres de provada vontade diamizadora na vida económica local.Eles, sempre dispostos a arriscarem o seu modesto pecúnio em favorecer o desenvol-vimento da capital da Galiza. Eles, preclaros patrícios da sociedade compostelana. Recentemente voltamos a ver umha amostra da catadura moral destes individuos, e desta volta num tema directamente ligado às suas actividades económicas. Estamos a falar da recente greve do comércio.Como nom podia ser doutro modo, as patronais do pequeno-comércio manifestárom o seu mais profundo malestar pola convocatória. Nom lhes chegava com os mil e um males que tenhem que suportar habitualmente como para que agora as empregadas e empregados pretendam gozar de umhas condiçons laborais minimamente dignas.

Eles que mesmo se dignam a ofertar postos de trabalho, e mesmo em algumha ocasiom a fazer contratos ajustados à legalidade, tenhem que atu-rar que lhes reclamem dias livres, o pagamento de horas extras, direito a férias e outras cousas miúdas por parte desse monte de desagradecidas e desagrade-cidos que trabalham nos seus estabelecimentos.Desde logo, desta meneira nom se podem fazer ne-gócios!

Tal que assim som os dignos representantes do pe-queno-comércio compostelano. Um monte de ex-ploradores dispostos a sugar todo o aproveitável do esforço diário das suas empregadas e empregados, ao tempo que choram pola falta de perspectivas económi-cas nos seus negócios.Um magnífico exemplo do que há de miserento na nos-sa cidade. Dispostos a se lucrar ao máximo ao tempo que repetem a conhecida ladainha do isto nom dá, e por suposto, a servir de apoio máximo às iniciativas mais reacccionárias do governo municipal.

Realmente gostaríamos de que a cousa nom fosse as-sim, e que puidéssemos dizer algo positivo do geral do pequeno-comércio compostelano. Oxalá o comércio da nossa cidade fosse um exemplo no respecto polos direitos laborais, e que as suas organizaçons estivessem apoiando iniciativas de caracter progressista como a defesa do nosso idioma ou contribuindo à construçom de umha cidade pensada para o gozo de quem nela moramos.Mas lamentavelmente a realidade é totalmente o oposto. O pequeno-comércio continua a ser umha magnífica mostra de barbaridades no que a direitos laborais se refere, onde abundam as sobre-jornadas e os salários de miséria, ao tempo que os seus proprietários som os alicerces do pior da nossa sociedade. Uns magníficos exemplos dos chorons e os lambecus frente as instituiçons.

Em todo caso, d’O Pedroso queremos parabenizar todas as trabalhadoras e traba-lhadores do comércio compostelano polo notável sucesso no seguimento da greve e manifestar o nosso desejo de que as suas reivindicaçons sejam atingidas.A fim de contas temos a certeza de que o melhor da cidade está entre as classes trabalhadoras e nom no reduzido círculo dos empresários, sejam estes grandes ou pequenos.

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Dificilmente pode-remos deixar resu-mido neste espaço que nos concede

o vozeiro O Pedroso a ingente quantidade de prejuízos ocasionados à mocidade pola política desenvolvida em conjunto de Rajói. Os três par-tidos políticos com presença na cámara munici-pal de Compostela tenhem assumido responsa-bilidades de governo nos últimos anos, e é neles conjuntamente que recai a culpa polo desenho de umha cidade feita “para fora”, e nunca para as e os de dentro. As pessoas que construímos com o nosso trabalho a riqueza esbanjada na Cidade da Cultura ou na desindustrializaçom de umha área urbana em que a saída laboral se comprime sob a caixa de ressonáncia das nossas maravilhosas virtudes como povo submisso e servil para pra-zer da grande hotelaria capitalina.Porém, as jovens de BRIGA parabenizamo-nos pola oportunidade de expressar neste meio de distribuiçom gratuita as nossas preocupaçons.

Precisamente, a falta de espaços para a expres-som política e a ausência rotunda de modelos de promoçom de participaçom cidadá, favorecem umha juventude privada do poder de achegar-mos à sociedade compostelana como sangue novo e insurgente. Umha cidade com as opor-tunidades de vanguarda que dá a massa juvenil residente, peca ao deixar resvalar a sua insur-gência ao vazio opressivo de um emprego ins-tável e precário que quase nom deixa horas para os projectos familiares, desportivos, culturais, políticos ou recreativos. A educaçom nesta estreita margem de auto-re-alizaçom colectiva postula atitudes sedentárias e invisibilizadoras da mocidade que, em pleno avanço da crise do sistema capitalista, supom um negativo precedente para os desafios que nos depara o futuro: desemprego, desocupa-çom, lazer elitizado e inacessível, carência de infra-estruturas para a formaçom, privatizaçom do ensino...As mulheres, condenadas neste contexto a salá-rios menores polo mesmo trabalho; à pressom social contra umha vida sexual sá e nom mera-mente reprodutora; à insatisfaçom permanente

polos estereótipos físicos e condutuais do mer-cado onipresente; ao asseguramento da convi-vência doméstica; etcétera. Somos pois, as mu-lheres jovens e trabalhadoras, as mais indicadas para nos rebelarmos sem complexos batendo a ferro e lume sobre o sustento desta realidade opressiva. Com certeza teremos novas provas do que é isto: subordinaçom e falsa feminizaçom no pa-norama eleitoral dos de sempre, apropriaçom policial-machista das nossas ruas, festas priva-das nalguns estabelecimentos com ofensas se-xuais de escándalo, apropriaçom da identidade compostelana pola nojenta Igreja católica ou espanholizaçom das nossas festas com convida-das merdalheiras que nom representam o Povo a que pertencemos, nem a cultura alternativa musical que desejamos, nem o orgulho femi-nino que temos quem nom precisamos vender carne nas televisons espanholas para saltarmos ao cenário e impormos os gritos da juventude rebelde.

o p i n i o mCompostela: umha cidade de costas à juventude

Paula Alonso Ribeira

Paula Alonso Ribeira é responsável do Grupo de Base de BRIGA em Compostela

Page 4: O Pedroso nº 35

Como palestiniana como tés vivido da Galiza a agressom contra a Faixa de Gaza?Tendo que conter a raiva, a impotência, a indignaçom e a fúria, vendo todos os dias as notícias e chamando ao meu pai para me informar melhor do que se está a passar. Por outra banda, tentando su-portar os comentários dos políticos so-bre a situaçom, falando da possibilidade do cessar-fogo e dando a entender que é questom de papelada, acaso está condi-cionada a nossa vida por umha assinatu-ra num papel?Mas nom é a primeira vez que o povo palestiniano sofre esta desgraça, sempre foi um povo de umha forte resistência, portanto non deveríamos pensar na pos-sibilidade do seu extermínio. Há mais de 60 anos que luita pola sua terra, a sua cultura e a sua identidade. E como pa-lestiniana sei que sempre luitarám pola sua existência.Como valorizas a resposta do Povo galego contra a agressom sionista?Cada vez que Israel ataca, abre umha ferida en todos os povos que sentem o sofrimento dos e das palestinianas, essa ferida viu-se claramente no povo ga-lego. A sua resposta foi bastante forte.

Pessoalmente nom imaginava que fosse ter umha indignaçom tam funda polas injustiças cometidas contra o Povo pa-lestiniano.O povo palestiniano necessita esse apoio da comunidade internacional, necessi-ta sentir que nom está só, isso vim-no pessoalmente na manifestaçom do 18 de Janeiro. Quanto mais reconheça a gente a verdade, mais força terá o povo pales-tiniano.Por outra banda, sinto-me muito orgu-lhosa de pertencer a um povo que luita contra as injustiças e a outro que defen-de essa luita.Que pensas do papel dos mass media e a informaçom alternativa em casos como este?Desafortunadamente, os mass media nom estám a ser imparciais na difu-som da informaçom. Muitos jornalistas estám a ser pressionados para manipu-larem a informaçom. Por isso acudo a outros recursos para inteirar-me do que se está a passar. Com a ajuda da internet todas podemos aceder à informaçom, e difundi-la nós mesmas. Um exemplo muito apropriado para esta pergunta é o seguinte:Já na primeira semana dos ataques falei

O Pedroso entrevistou

Laila Tillawi Quintela Palestiniana-galega e vice-presidenta da Associaçom Galiza por Palestina

“O Povo palestiniano necessita sentir que nom está só”

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com o meu pai para lhe perguntar pola situaçom real dos bombardeamentos da escola da ONU. Comentou-me que bom-bardearam a da ONU e mais outra onde encerrárom mais de 130 pessoas civis, entre elas crianças e mulheres. Nom lhes deixárom sair e bombardeárom essa es-cola o dia seguinte a sangue frio, assassi-nando mais de 60 palestinianos e palesti-nianas. Isso non se viu nem se publicou nos meios de comunicaçom até umha semana depois, quando se deu a conhe-cer umha entrevista feita a duas crianças palestinianas gravemente feridas, aten-didas num hospital em Gaza, que con-tavam o acontecido. A única reacçom de Israel foi “Nom sabemos nada disso mas investigaremos sobre o incidente”. No dia a seguir desculpárom-se e dixérom que fora um erro e nom se voltou a falar do tema. O mais absurdo de todo é que continuárom com os bombardeamentos, e a comunidade internacional num fundo e vergonhoso silêncio!Qual é a tua relaçom actual com Pa-lestina, durante esta nova agressom e antes, passas férias lá em algumha época do ano? O que percebes da situ-açom e da gente quando vás lá?A última vez que estivem em Palestina foi no ano 1995, e nom voltei. No entan-to, vou para a Jordánia de vez en quan-do, que está ao pé, e que é o país onde há mais campos de refugiadas/os pales-tinianas/os.É um pouco complicado pertencer a duas sociedades. Quando estou com ga-legas e galegos, nom me tratam como se fosse completamente galega, e quando estou com árabes, nom só da Palesti-na, tampouco me tratam como se fosse completamente árabe. Sempre estou no meio mas isso é umha sorte, é umha sa-tisfaçom conhecer e compreender duas sociedades tam distintas mas unidas po-los mesmos princípios.Como vês o futuro da Palestina, de-pois de esta agressom que podem esperar as pessoas que malvivem nos territórios cercados e bloqueados polo Estado de Israel?O presente da Palestina é muito com-plicado, é complicado encontrar umha soluçom futura. É certo que moralmente fôrom inaceitáveis as agressons sionis-tas e continuam a ser inaceitáveis, e que deixárom umha ferida mui profunda no interior do Povo palestiniano, mas o pior está por chegar, agora toca procurar debaixo dos entulhos que deixárom os bombardeamentos israelitas. É umha vergonha mundial que nom se reclame nada à parte responsável por esta agressom, polos danos que infrin-giu, que nom som simplesmente danos

materiais. Incrível que toque pagar por isto a Europa e a outros países, enviando ajudas humanitárias e mesmo deixando que as palestinianas e palestinianos de-pendam dessas ajudas, e que só pensem na reconstruçom.Desgraçadamente a retirada das tropas israelitas e o presumível cesse dos ata-ques som provisórios. Bem sabemos que nom é o final desta agressom sionis-ta, mas tampouco é o final da Palestina; enquanto o Povo palestiniano luitar, Is-rael nom poderá lograr os seus mais vio-lentos objectivos.

Por outra banda, Israel sabe perfecta-mente que as conseqüências deste ataque nom favorecérom a sua imagem inter-nacional nem interna (entre os mesmos israelitas), e agora mesmo Hamás ga-nhou força perante outros partidos como al-Fatah na Cisjordánia. Penso que isto demorará muito tempo mas de cada vez Israel está a se dirigir, sem reparar nisso, para a auto-destruiçom. E umha cousa fundamental é que todas as identidades palestinianas se unifi-quem pola causa, nom necessariamente pola ideologia. Também é necessário dar oportunidade de actuar a outros partidos e movimentos que adoptan outras postu-ras políticas e dar oportunidade à gente nova para actuar, opinar e adoptar novas posturas e diferentes ideologias políticas e sociais. Por último, que se respeite a decisom do povo ao eleger os seus representantes políticos, sejam do partido que forem (islamista ou laico, de esquerdas ou de direitas). Os estados internacionais ga-bam-se de serem países democráticos mas em momento nengum respeitárom a decisom do Povo palestiniano, e quando defende o seu direito a opinar e tomar decisons, os estados internacionais ris-cam-no de povo terrorista!

“Sinto-me muito orgulhosa de pertencer a

um povo que luita contra as injustiças e a

outro que defende essa luita”

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Compostela e as condiçons materiais da existência

Antes das datas do Natal, a edil de Bem-estar Social do Concelho de Compostela, Mar Martim, dizia nom poder proporcionar os dados exactos da pobreza em Compostela mas con-firmou “nom é um quarto da popu-laçom”.Esta curiosa declaraçom de duvido-

sa honorabilidade de dizer-se com algum tipo de orgulho, véu a cola-gem de umha apresentaçom de da-dos por parte do director de Cáritas Diocesana, José Montes, que afirma-va com rotundidade que “24,9% da populaçom de Compostela e a sua comarca vive por baixo do umbral da pobreza”.Estas duas afirmaçons ponhem umha certeza, que por 0,1% nom se che-ga ao quarto da populaçom, e umha dúvida, os conhecimentos metodoló-gicos de medida das desigualdades sociais.Se formos por partes, devemos ana-lisar a reacçom da edil compostelana além da praxe pessoal que desenvol-va. É dizer, que como máxima res-ponsável de umha instituiçom marca como objectivo que a pobreza em Compostela nom chegue ao quarto da populaçom. Como se as condiçons materiais da existência devessem ser medidas em percentagens em lugar de serem um direito cidadao!É claro, isto emana de umha concep-çom de relaçom de dominaçom en-tre as instáncias administrativas e a sociedade civil só possível da ética ultraliberal e a estrutura social capi-talista.Se fizermos umha pequena leitura republicana desta afirmaçom pode-ríamos dizer: “O tirano -entenda-se

no sendo do ente que centraliza o poder e a capacidade de liberar ou escravizar- quer ser bonzinho com mais gente, tratar bem 80 de cada 100, as e os outros 20 nom necessita ajudá-los”. A relaçom de domina-çom é tal que nom se apresentam os dados como agressom contra a po-

pulaçom compostelana mas como intencionalidade da administraçom. E temos que ter em conta que as con-diçons materiais mínimas das pesso-as venhem determinadas polo con-texto social e pola vontade política; ao igual que as condiçons materiais máximas, concretamente através da fiscalizaçom das entradas.Queremos dizer com esta afirmaçom que o umbral da pobreza, como imos analisar mais à frente, é um termo relativo em relaçom às variáveis mu-dáveis da média das entradas e gas-tos da populaçom seleccionada. Mas nom só isso, mas as políticas sociais determinam os mecanismo e recur-sos de que disponhem os serviços sociais para dotarem de umhas de-terminadas condiçons materiais os colectivos mais desfavorecidos.Estas condiçons materiais serám as que determinem a capacidade de li-berdade pessoal, embora a liberdade pessoal, na sua face ética ou moral, esteja vinculada ao acto constitutivo do ser existencial. A sua capacidade de reflectir-se nom como um acto mas como um continuum social, de responsabilidade e construçom so-cial, vem determinada pola capaci-dade económica indubitavelmente.

Quando eu figem, há anos, as práti-cas da minha titulaçom de Trabalho

Social nos Serviços sociais de Atençom primária do Concelho de Compostela, apercebim-me de pri-meira mao de como a administraçom local só pretende lavar as maos. Calar perante as lamentáveis situaçons de perigosas condiçons materiais da existência de compostelanas e com-postelanos. Um pessoal sumamente reduzido para a quantidade de popu-laçom a atender. Serviços especiali-zados sob mínimos e em condiçons contractuais lamentáveis. Lembro-me de como havia umha educadora social contratada durante um ano e outra em práticas para atender 100% dos expedientes abertos. Como se valorizava em primeira instancia (claro está da minha ingenuidade) o trabalho social comunitário para atender realidade comuns e logo ver que nom havia ninguém que pudesse levar a cabo estes recursos, …. re-produzindo a individualizaçom das técnicas e a inquérito das realidades.Temos que ter em conta que no ac-tual quadro de crise económica em que nos encontramos, muitos dos recursos e mecanismo que até ago-ra estivo a utilizar umha populaçom socialmente percebida como isolada da estrutura social normalizada, vam ser demandados por sectores mais amplos. Questons como a RISGA (Renda de Inserçom Laboral da Galiza) destinada à populaçom sem ningum tipo de recursos económicos, deverám ser analisadas e criticadas. Madurar a ideia da responsabilidade social da administraçom e assim do-tar de maiores quotas de liberdade a populaçom civil. Liberdade que esta-rá vinculada às condiçons materiais, como é possível exercer a liberdade sem ter recursos económicos para levá-la a cabo?

Sobre os conhecimentos metodoló-gicos para a mediçom da pobreza, temos que ter em conta que se trata de dados facilmente manipuláveis; o director de Cáritas dizia: “sempre que entendamos que pobres som os que recebem menos de 30% da renda básica que está estabelecida”.Renda básica nom existe, por des-graça, já que seria a forma mais apropriada de estender o direito ma-terial da existência a 100% da popu-laçom. Entendamos por renda básica umha entrada que perceberia 100% da populaçom independentemente de qualquer condiçom social, econó-mica, de género, de idade, etc. Como um direito universal de cidadania. De todas as maneiras, veja-se como

a edil rapidamente salienta este pon-to dizendo: “é o salário básico, 600 euros, nós prestamos ajudas a aque-les que recebem menos de 300 euros ao mês, que é o que está estabele-cido”. Menos? Claro que menos de 300 euros, porque 30% de 600 é 180. 180 euros ao mês é o umbral em que o tirano decide actuar com bondade.De qualquer maneira, e a modo di-dáctico, imos fazer um pequeno re-passo de aspectos genéricos e meto-dológicos do relatório mais rigoroso que se edita no Estado espanhol so-bre a pobreza, o relatório Foessa. O VI relatório Foessa indica em dados genéricos que o crescimento econó-mico e do emprego dos últimos 15 anos nom reduziu a pobreza nem as desigualdades, já que um em cada 5 lares do Reino de Espanha conti-nua por baixo do umbral da pobreza, e de que forma severa afecta meio milhom de famílias com problemas além de exclusom. O Reino Unido e o de Espanha som os lugares onde a taxa de pobreza permanente e cróni-ca (13,38%) aumentou.Isto deve fazer reflexionar sobre as conseqüências reais que está a ter nos sectores mais vulneráveis da so-ciedade a actual crise económica.Mas neste relatório explica-se como se estima o umbral de pobreza, sen-do umha primeira taxa de pobreza relativa convencional onde o umbral utilizado seja de 60% da mediana do total, umha segunda onde se incorpo-ra o cálculo da capacidade aquisitiva que com um mesmo nível de renda se pode alcançar em cada território e umha terceira onde se centra o um-bral por áreas geográficas, usando as autonomias como elemento de análi-se. Porém, isto todo deve ser enqua-drado na exposiçom de dados e de fontes, sabendo que se o relatório é editado em 2008 os dados sobre a si-tuaçom do desemprego, nível de en-tradas, etc. Som na maioria de 2006.

Um estudo sério sobre a pobreza em Compostela deveria ter em conta todas estas variáveis e centrar-se na populaçom objecto de estudo de for-ma séria e académica. Se as análises das situaçons som lamentáveis tanto mais serám as diagnoses, se as diag-noses som erróneas como se preten-de encontrar algum paliativo válido, algumha alternativa real? Isto todo evidencia o já dito, o tirano decide actuar com ingénua e perversa bon-dade, sem vontade, pois “nós presta-mos” como favor outorgar direitos.

Raul Asegurado é trabalhador social e sociólogo

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Mais umha vez a equipa de governo do concelho compostelano liderada por Bu-galho mostra qual é o seu talante. Desta volta, e da mesma maneira que noutros casos como o do exercício da liberdade de expressom nas nossas ruas, o governo municipal considerou que a melhor solu-çom para evitar comportamentos “incó-modos” é umha boa dose de repressom.

Assim a Cámara Municipal decidiu que a forma ideal de abordar a questom do “botelhom” passa por proibir directa-mente a venda de álcool fora de locais de hotelaria depois das dez da noite, e consequentemente multar com até 3.000 euros a quem infringir esta normativa municipal.Logicamente Bugalho pouco se impor-ta em entender quais som as razons da existência do fenómeno do botelhom, e muito menos que a aplicaçom desta nor-mativa seja um ataque directo contra os mais elementares direitos democráticos. Ele só se importa em apresentar publi-camente umha medida efectista que apa-rente ser umha soluçom, embora na re-alidade só vaia conseguir clandestinizar

umha prática amplamente estendida que nom vai desaparecer a base de multas e proibiçons.O “botelhom” tem a sua origem na evo-luçom dos hábitos da juventude na nossa sociedade, mas nom é de maneira nengu-mha um fenómeno inexplicável. A moci-dade galega é educada num contorno em que a socializaçom e a festa vam intima-mente ligadas ao consumo de álcool, e em boa medida o botelhom nom deixa de ser umha actualizaçom de práticas tam arraigadas como as romarias ou “ir de taças”. Resulta um tanto paradoxal que no discurso das instituiçons se lancem anatemas contra do botelhom ao tempo que se promove a “cultura do vinho” ou por toda a geografia galega se celebrem mil e umha festas de exaltaçom, que na maior parte dos casos nom passam de ser “botelhons” com subsídio público.Porque o problema real nom é que a juventude consuma álcool, mas que o consuma em espaços públicos, fora do controlo institucional e afastando-se da ideia de “cidade ordenada” que o gover-no compostelano quer promover.Bugalho nom se importa com que a ju-

ventude de Compostela nom tenha mui-tas mais opçons de ócio e divertimento que o “botelhom”, o único com que se importa é que esta juventude “nom mo-leste”. Por isso a questom nom se apre-senta em termos de que é o que se pode-ria fazer para promover um outro tipo de pautas de ócio, mas de que se queres em-bebedar-te até perder o sentido tés que fazê-lo num bar ou na tua casa porque se o fás na rua vai cair-che umha multa de 3.000 euros. De NÓS-Unidade Popular queremos manifestar a nossa total oposiçom a esta nova “lei seca” nas ruas compostelanas por considerarmos que se trata de um novo ataque às liberdades democráticas. Além de nom servir mais que para es-conder o problema real, que nom é outro que a falta de perspectivas e oportunida-des da juventude no nosso país.O “botelhom” nom é mais que um outro sintoma da situaçom nefasta para a mo-cidade, umha forma de ócio acessível e barata para quem carece da capacidade de achegar-se a outras melhores.

Finalmente, os dous independen-tistas acusados pola Audiência Nacional de “menosprezar e vili-pendiar a figura de SM o Rei” pola queima de um boneco que repre-sentava o monarca espanhol, no dia 6 de Dezembro de 2007, nu-mha manifestaçom autodetermi-nista, vam ser julgados polo juiz Vázquez Honrubia no dia 4 de Fe-vereiro às 10.30h na Sala Central do Penal desse tribunal de excep-çom espanhol.Há que lembrar que já se produziu, há agora um ano, umha primeira comparência de quatro militantes independentistas pola mesma cau-sa, ficando dous posteriormente livres de cargos. Há que lembrar também episódios significativos do processo, como a carta emitida polo juiz instrutor, Grande-Mar-laska, referindo-se à nossa língua como “dialecto gallego”, rectifi-cando posteriormente após a de-núncia pública realizada por NÓS-Unidade Popular. Há que lembrar ainda o embargo imposto sobre a vivenda de Santiago Mendes, de maneira preventiva, como se de

um delinqüente fiscal ou financei-ro se tratar.Em definitivo, há que lembrar que estamos perante um julgamen-to dirigido contra as ideias repu-blicanas e independentistas dos companheiros Santi e Alexandre, por terem presumivelmente parti-cipado na queima de um boneco que simbolizava umha instituiçom fortemente contestada por sectores importantes do nosso povo. Umha instituiçom que nega a soberania nacional galega e constitui um obstáculo para a democratizaçom do Estado espanhol, verdadeira prisom de povos.O processo contra Alexandre e Santi, que enfrentam duras multas (5.400 euros a 3.600 euros, respec-tivamente), confirma que o direito de livre expressom e pensamento está gravemente limitado polo Es-tado herdeiro do franquismo, daí que seja fundamental contestar os ataques repressivos contra esses direitos fundamentais.Com esse objectivo, NÓS-Uni-dade Popular vai organizar umha viagem a Madrid, para que os ga-

legos e as galegas nos solidarize-mos com estes dous compatriotas, concentrando-nos frente à Audi-ência Nacional e assistindo à vista oral contra eles.Do norte e do sul da Galiza par-tirám autocarros que se dirigirám a Madrid no dia 4, e umha re-presentaçom da nossa Direcçom Nacional acompanhará os dous companheiros, transmitindo as-sim a clara mensagem de que as ideias antimonárquicas, republica-

nas e independentistas fam parte do património da esquerda social galega, e nom imos renunciar a praticá-las.

Convocamos o nosso povo traba-lhador a manifestar a solidarieda-de com os dous companheiros, po-dendo contactar-nos no 669778474 quem quiger viajar a Madrid em apoio ao Santi e ao Alexandre.

Julgamento de Santi e Alexandre 4 de Fevereiro na Audiência NacionalNÓS-UP vai levar-lhes a solidariedade galega, democrata e republicana

Saída do autocarro: 3 de Fevereiro às 23.30 frente a estaçom de autocarros de Compostela, na Avenida de Lugo.

A lei seca nom é a soluçom

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7NÓS-UP denúncia projecto de teleférico em Compostela

Na manhá do 26 de Novembro NÓS-Unidade Popular despregou umha enorme faixa na praça da Galiza para denunciar a construçom de um teleférico que comunique a Cidade histórica compostelana com a Cidade da Cultura no monte Gaiás. A iniciativa dá continuidade à denúncia que NÓS-UP tem realizado nas últimas semanas coincidindo com diversas entidades sociais.Poucos minutos depois da umha da tarde militantes da esquerda independentista denunciavam o novo disparate de José Sanches Bugalho e a estratégia

turistificadora que teima em converter a capital galega num enorme parque de diversons.Segundo declaraçons do Responsável Comarcal de NÓS-UP de Compostela José Dias Cadaveira “a mobilizaçom popular evitará a sua construçom. Actualmente o prioritário é dar a conhecer entre a vizinhança o projecto para posteriormente articular respostas maciças que exijam soluçons aos verdadeiros problemas do povo trabalhador compostelano. Há que evitar continuar com este esbanjamento de recursos em projectos absurdos. Há que forçar a mudança da política neoliberal

do PSOE-BNG exigindo trabalho digno e de qualidade e menos teleférico”. Durante a hora em que se desenvolveu a iniciativa, centenas de exemplares de O Pedroso fôrom distribuídos entre as pessoas que circulavam nesta central praça.Resulta grotesco a presença de efectivos à paisana de diversos corpos policiais que seguírom o desenvolvimento da acçom de denúncia quando na praça há instalada umha cámara que controla perfeitamente todo o que sucede neste central espaço da capital da Galiza.

Perante tentativa municipal de impossibilitar o desenvolvimento da “Festa da Liberdade” realizada sábado 6 de Dezembro pola plataforma Que voltem a casa NÓS-UP manifestou o seu apoio e solidariedade com a entidae orga-nizadora. Da mesma maneira também transmitimos a nossa solidariedade com a entidade de serviços artísticos Sala NASA, lugar onde se realizou a festa.Nom podemos deixar de surpreender-nos e denunciar publicamente a atitude fascistóide das instituiçons municipais e a campanha de intoxicaçom, vertida polos representantes políticos, nos meios de comu-nicaçom.PP e PSOE com o silêncio cúmplice do BNG tenhem-se convertido num tribunal inquisitorial que pretende censurar e coarctar a liberdade de expressom.Condenárom publicamente a cessom da sala NASA para esta actividade de homenagem e denuncia à situ-açom das presas e presos políticos galegos, a centos de quilómetros da Galiza, sofrendo mais de três anos de pri-som preventiva sem julgamento, padecendo maltratos e abusos, mas calam perante o genocídio palestiniano. A sala NASA é umha entidade privada que recebe um subsídio anual municipal para desenvolver actividades

culturais con- certadas com a Concelharia de Cultura. A festa estava fora do pro- grama oficial, organizada pola plataforma Que voltem a casa. O facto de receber um subsídio para desenvolver um l a b o r , que aliás é reconhecido na capital galega, nom

pode ter nunca vinculaçom ideológica, como tota-litariamente pretendem na Cámara Municipal.A atitude do PP foi mais além atrevendo-se a questionar as próprias acusaçons do processo judiciário já concluído contra independentis-tas, com calúnias e insultos próprios de quem

tem saudades de tempos passados em que a censura e a repressom política eram

a moeda de cámbio.Nom podemos tolerar esta desfa-

çatez de quem esbanja o nosso dinheiro em salários desorbita-dos, ceias de gala, cidades da

(in)cultura, teleféricos e em defini-tiva em encher o seu próprio bolso.

Nós o que questionamos, parafraseando o“senhor”Conde Roa é precisamente a ca-

lanha destas personagens apoltronadas em Rajói.

Pola liberdade de expressom, contra o totalitarismo inquisitorial e fascistóide no Concelho de Compostela

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soPedro ovozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela www.nosgaliza.org

Conselho de Redacçom: Anjo Paz, José Dias Cadaveira, César Campos, Carlos Morais, Jacobe Ribeiro, Maria Sanches, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians.

Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tels. 881 979 561 · 609 338 370 • e-mail: [email protected] • Correcçom lingüística: galizaemgalego

Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte.

O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

O Pedroso nº35 · Outubro=Dezembro 2008 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 10 de Janeiro de 2008

Galiza sempre com a Palestina!

Palestina vencerá!

Enquanto os criminais sionistas continuam a assassinar populaçom civil à centenas no Gueto de Gaza, os governos do chamado “mundo livre” continuam a calar ou a repartir respon-sabilidades entre os assassinos e as suas vítimas. Só os governos da Venezuela Bolivariana e da Bolívia dérom exemplo de dignidade ao expulsarem do seu território a representaçom diplomática do Estado terrorista de Israel.Neste contexto, e diante da continuidade dos massacres continuados de um dos exércitos mais bem armados do mundo contra um povo que até carece de forças armadas próprias, destruindo os seus bens, parlamento e instituiçons públicas, milhares de galegas e galegos estamos saindo às ruas para reclamar medidas efectivas que detenham a barbárie.NÓS-Unidade Popular quer interpelar abertamente o governo bipartido que dirige a insti-tuiçom autonómica galega, para exigir um pronunciamento institucional claro e contunden-te contra a agressom militar israelita na Faixa de Gaza.

Além desse pronunciamento inequívoco, o governo do PSOE e do BNG deve dirigir-se, com a mesma contundência e através do presidente Emilio Peres Tourinho, ao governo es-panhol que preside José Luís Rodríguez Zapatero e exigir-lhe a ruptura imediata e absoluta de relaçons diplomáticas, comerciais e militares com o Estado de Israel.Apesar dos claros défices democráticos no referente à soberania nacional galega, o Par-lamento e o Governo da Junta estám em condiçons de representarem, neste momento histórico, o sentir imensamente majoritário do povo galego, expressando a nossa radical oposiçom aos métodos terroristas praticados polo sionismo, e a nossa solidariedade com o irmao povo da Palestina.Em caso contrário, o silêncio institucional do Parlamento e do governo autónomo que pre-side Tourinho só poderá ser interpretado como cumplicidade com os crimes de guerra e a política genocida do Estado terrorista de Israel.

O massacre de Gaza confirma a natureza genocida do imperialismo e as cumplicidades da comunidade internacional.Afeitos e afeitas à repressom sistemática e planificada contra povos como o palestiniano, só a aplicaçom de campanhas de puro extermínio como a actualmente em curso na Faixa de Gaza chamam a atençom sobre a política imperialista e genocida do Estado de Israel.

NÓS-Unidade Popular nom quer limitar-se a conde-nar o assassinato em massa de centenas de habitantes

da Faixa de Gaza em aplicaçom do que chamam “po-lítica antiterrorista”, mas estender as responsabilida-des ao conjunto da ‘comunidade internacional’, com a UE e os EUA à cabeça, bem como a inservível ONU, que continuam a dar cobertura à política genocida sionista.

Quem, no Estado espanhol e no mundo, tanto falam de condenas ao terrorismo, calam ou situam como idênticos os bandos em confronto no conflito entre o povo da Palestina e o todo-poderoso Estado de Isra-

el. Pedras contra tanques, fusis contra F16, pobreza contra opulência. Já sabíamos de que lado estava o governo espanhol e o conjunto de governos da dita ‘Europa democrática’, agora ratificam-se como cúm-plices da barbárie e o fascismo sionista.

No seio do povo trabalhador galego, a esquerda in-dependentista quer alçar o seu grito de solidariedade com o povo palestiniano na desigual luita em defe-sa dos direitos nacionais e sociais frente a umha das maiores potências do imperialismo mundial.

NÓS-Unidade Popular reclama um posicionamento claro da Junta da Galiza contra a barbárie nazi-sionista