ecoaeconatu6ed cap. 6

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  • 5/20/2018 Ecoaeconatu6ed Cap. 6

    1/17

    Evoluo e Adaptao

    O

    arquiplago de Galpagos, que fica cerca de 1.000 km ao largo da costa do Pa-

    cfico no Equador, foi uma fonte de inspirao para Charles Darwin h 175 anos,

    na sua famosa viagem em torno do globo no H. M. S.

    8eagle.

    Darwin notou que

    diversos organismos vivendo no arquiplago tinham diferentes formas em diferentes ilhas. Ele

    pressups que estas diferenas devem ter surgido por meio de modificaes independentes

    dos descendentes dos colonizadores originais que chegaram

    ilha vindos da Amrica do

    Sul. A ideia ojudou Darwin a desenvolver sua Teoria da Evoluo pela Seleo Natural. Des-

    de o tempo de Darwin, o arquiplago de Galpagos atrai uma especial fascinao dos

    bilogos evolucionistas, e muitos voltam l para se dedicarem a estudos evolutivos. Peter e

    Rosemary Grant, da Universidade de Princeton, observaram populaes dos tenti lhes de

    Darwin por muitos anos. Entre seus muitos achados, estava o sucesso e a sobrevivncia

    reprodutiva de indivduos com bicos de diferentes tamanhos entre os anos de EI Nino e

    La Nina.

    O arquiplago de Galpagos normalmente sofre a influncia da corrente fria do Peru e

    relativamente seco. Durante os anos de EI Nino, contudo, uma temperatura de superfcie do

    mar prolongadamente quente aumenta muito a precipitao, e um resultante crescimento lu-

    xuriante da vegetao produz insetos e sementes abundantes para as populaes de aves e

    rpteis que vivem desses alimentos (Fig. 6.1). Os anos de La Nina podem trazer perodos

    longos de seca e escassez de alimento.

    O tentilho-mdio

    (Geospiza fort is )

    subsiste primordialmente de sementes, as quais ele

    quebra com seu bico. Durante um perodo de seca de La Nina em meados da dcada de

    1970, as sementes se tornaram escassas medida que a vegetao ressecou e morreu. As

    sementes que perduraram eram geralmente mais duras de quebrar, e foram assim evitadas

    pelos tentilhes durante os tempos de bonana. Contudo, com muito poucas sementes dispo-

    nveis, os tentilhes no tinham outra escolha que no fosse lidar com as mais duras. Conse-

    quentemente, a populao dos tentilhes mdios na pequena ilha de Daphne Maior caiu de

    cerca de 1.400 indivduos em 1975 para cerca de 200 no fim de 1977.

    Os tentilhes no sobrevivem ou morrem aleatoriamente. Como a dureza mdia das se-

    mentes aumentou

    medida que a seca se intensificou e as sementes mais macias eram con-

    sumidas, as aves com bicos maiores, que poderiam gerar a fora necessria para quebrar

    100

  • 5/20/2018 Ecoaeconatu6ed Cap. 6

    2/17

    Pa-

    se-

    on-

    rar

    FIG 6 1 Chuvas fo r t es du ran te o s

    ev en to s de EI N in o s us ten tam o c res

    c im en to v eg eta l ex ub eran te n o arq ui

    p l ag o d e Ga lpagos

    Estas fotografias

    -nostram uma vertente da Ilha Tower

    ha Genovesa) no fim de uma estao

    -ormal de seca em [oneiro de

    1982

    (a)

    3

    no meio de um forte evento de EI Nino

    em maro de 1983 [b], A diferena

    ais importante um crescimento sur-

    oreendente na camada de vegetao

    -ostsro de arbustos e videiras. As rvo-

    -es maiores de

    Bursera

    no so afeta-

    dos

    pelas condies excepcionais de

    midade. Cortesia de Robert

    L .

    Curry, Uni-

    :ersidade de Villonovc. (a)

    Evoluo e Adaptoo 101

    (b)

    Como a abundncia

    de sementes diminuiu,

    a populao caiu.

    Como as sementes tornaram-se

    mais duras, a mdia do tamanho

    do bico aumentou.

    a)

    b)

    Tamanho ------\...~

    populacional ~

    Abundncia

    ,de sementes

    IG 6 2 Os ten t i l h es d e O ar win ap res en taram re spo s t as

    ev o lu t i v as p ara m ud an as nas fo n tes al im en tar es as so cia

    d as com m udan as c lim t i cas

    (a) Mudanas no tamanho

    das sementes e no tamanho populacional do tentilho-mdio

    Geospiza fortis

    na Daphne Maior, no arquiplago de Ga-

    pagos, durante um perodo rido de

    1975-78.

    (b) Mu-

    danas na dureza relativa das sementes e do tamanho mdio

    do bico na populao do tentilho-mdio durante o mesmo

    oerodo. De P . R . Grant, Ec gy and Eva/ ut io n a f O a rw i n's F inches,

    rinceton University Press, Princeton, NJ 119861.

    Dureza da

    semente

    A

    B A

    B

    Ambiente Ambiente

    Normas de reao em cada

    populao tm evoludo

    em resposta a ambientes

    diferentes predominantes.

    Indivduos em

    cada populao

    tm normas de

    reao similares.

    desenvolveram cerca de duas vezes mais rpido do que os lagar-

    tos de Nova Jersey em seus ambientes nativos. Quando os lagar-

    tos de Nebraska foram transplantados para Nova Jersey, suas

    taxas de crescimento caram pela metade - para o nvel de No-

    va Jersey. Por outro lado, os lagartos de Nova Jersey no cresce-

    ram mais rpido em Nebraska.

    Uma interpretao simples destes resultados que as recursos

    para o crescimento so consistentemente mais escassos em Nova

    Jersey do que em Nebraska, e que os lagartos de Nebraska trans-

    plantados para Nova Jersey no conseguiram obter recursos r-

    pido o bastante para sustentar suas taxas de crescimento naturais.

    Aparentemente, os lagartos de Nova Jersey tm uma taxa de

    crescimento geneticamente regulada que adaptada para um

    nvel baixo de recursos. Isto , eles perderam a capacidade de

    modificar suas taxas de crescimento individuais em resposta a

    nveis de recurso mais alto - nveis que provavelmente encontram

    rnois raramente, se que encontram.

    E justo.perguntar se o crescimento mais lento dos lagartos de

    Nebraska sob as condies de Nova Jersey adaptativo ou me-

    ramente uma consequncia de recursos reduzidos e condies

    mais estressantes. Se seu crescimento mais lento for um exemplo

    de plasticidade fenotpica adaptativa, isso reduziria os efeitos

    negativos da mudana ambiental sobre seu ajustamento. Isto ,

    esperaramos uma adaptao para compensar de alguma forma

    benfica a mudana nas condies ambientais. Isto permanece

    uma questo aberta no caso dos lagartos-de-cerca em Nova Jer-

    sey. O estudo mostra, contudo, que os organismos podem ter

    pouco controle sobre suas taxas de crescimento sob condies

    ruins. Se os recursos no esto disponveis, ento os indivduos

    no podem crescer rapidamente e atingir um tamanho maior.

    Contudo, outros aspectos de suas vidas podem ser modificados

    em resposta ao desempenho de crescimento para compensar seu

    pequeno tamanho .

  • 5/20/2018 Ecoaeconatu6ed Cap. 6

    16/17

    Populao fonte

    Nebraska Nova Jersey

    FIG 6 2

    As taxas de crescimento dos la-

    gartos-de-cerca revelam a determinao ge-

    ntica e a plasticidade fenotpica.

    Lagartos-

    de-cerca

    (S c el op or us u n du la tu s)

    imaturos de

    populaes no Nebraska e Nova Jersey foram

    trocados em um experimento de transplante re-

    cproco. As setas indicam as respostasde cres-

    cimento de populaes transplantadas. Dos

    dados de P.H. Niewiorowski e W. Roosenberg,

    Ecolog y 741992-2002 19931

    MAIS

    N A

    R E D E

    Ectipos

    e

    Norm as de Reao.

    A resposta da mil-folhas

    variao nas condies de crescimento foi estudada

    num experimento de transplante recproco.

    A P la stici d ad e F en otp ica

    e

    os M eca ni smo s C o ntr as ta nt es

    d e C re sc im e nt o e Reproduo em Animais e Plantas.

    A

    organizao modular de plantas permite a elas responder

    aos desafios da herbivor ia e s mudanas na luz e nos nutr ientes

    via crescimento diferencial de razes e ramos.

    MAIS

    NA

    R f O E

    R SU O

    1. Atravs do processo da evoluo, os atributos das populaes

    so gradualmente ajustados s mudanas ambientais. Os orga-

    nismos tambm podem responder individualmente a essas mu-

    danas.

    2. O gentipo inclui todos os fatores genticos que determinam

    a estrutura e o funcionamento de um indivduo. O fentipo a

    expresso externa do gentipo. O fentipo pode tambm respon-

    der diretamente variao do seu ambiente.

    3. Os atributos fenotpicos com variao contnua resultam da

    expresso de muitos genes influenciando com uma nica carac-

    terstica, como o tamanho do corpo.

    4. A evoluo pela seleo natural ocorre quando os fatores

    genticos influenciam a sobrevivncia e o sucesso reprodutivo.

    A evoluo a consequncia direta da existncia de variao

    herdada do ajustamento de uma populao. As caractersticas

    genticas dos indivduos que atingem um sucesso reprodutivo

    maior aumentam em frequncia de gerao para gerao.

    5. Quando a seleo forte, uma resposta evolutiva pode ocor-

    rer em poucas geraes, dado que os genes que transportam um

    ajustamento maior estejam presentes na populao.

    6. A seleo natural pode ser estabilizadora, direcional ou dis-

    ruptiva. A seleo estabilizadora mantm fentipos mdios ou

    timos numa populao. A direcional desloca o fentipo em di-

    reo a um novo timo.

    Evoluo e Adaptao 1 15

    o recursos disponveis para o

    crescimento so

    consistentemente em menor

    quantidade em Nova Jersey.

    Os lagartos de Nebraska

    transplantados no podem

    coletar recursos rpido o

    bastante para sustentar suas

    taxas de crescimento naturais.

    Os lagartos de Nova Jersey

    tm uma taxa de crescimento

    lenta, geneticamente

    determinada, e no conseguem

    tirar va ntagem dos recursos

    mais abundantes em Nebraska.

    ebraska Nova Jersey

    Local de cultivo

    MAIS Taxa de Resposta F enotpica.

    Os mecanismos que os or-

    NA

    ganismos usam para responder ao seu ambiente, como

    R E D E

    mostrado pelo exemplo de polimorfismo do comprimento

    de asa dos alfaiates

    (Gerr is r emig i s) ,

    devem se combinar com o

    padro das mudanas ambientais.

    7. Quando os indivduos com fentipos extremos tm maior

    ajustamento, a seleo pode ser disruptiva. A seleo disruptiva

    aumenta a variao gentica e fenotpica e pode criar uma dis-

    tribuio bimodal de fentipos de uma populao.

    8. A evoluo do melanismo em populaes da mariposa-de-

    pimenta

    Biston betularia

    ilustra a seleo natural e a resposta

    evolutiva num curto perodo de tempo.

    9. O ramo da Ecologia conhecido como Gentica Populacional

    tem produzido modelos matemticos que nos permitem prever

    mudaqas nas sequncias dos genes.

    10. Os organismos individuais podem responder s mudanas

    em seus ambientes alterando seu comportamento, fisiologia ou

    morfologia. Por exemplo, os animais selecionam micro-habitats

    cujas condies fsicas situam-se dentro de um intervalo conve-

    niente, dessa forma otimizando sua relao com o ambiente.

    11. A capacidade do fentipo em responder ao ambiente de-

    nominada de plasticidade fenotpica. A relao observada entre

    o fentipo do indivduo e seu ambiente chamada de norma de

    reao.

    12. A aclimatao uma mudana no intervalo de tolerncias

    fisiolgicas de um indivduo para responder s mudanas do

    ambiente. Ela envolve mudanas reversveis na estrutura ou nas

    vias metablicas. Tais mudanas exigem perodos mais longos

    (normalmente dias ou semanas) do que as mudanas comporta-

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    17/17

    116 Evoluo e Adaptao

    mentais. A aclimatao representa um papel proeminente nas

    respostas de organismos de vida longa s mudanas sazonais.

    13 Condies ambientais diferentes durante o desenvolvimento

    podem levar a caractersticas diferentes, estruturas e aparncias ir-

    reversveis. Tais respostas de desenvolvimento resultam da interao

    entre o organismo e seu ambiente durante seu crescimento.

    = UES TES DE

    REVI~O = -

    1. Por que essencial que os atributos sejam herdados para

    ocorrer evoluo?

    2 O inseticida DDT foi amplamente usado para controlar os

    mosquitos que transportam a malria. Como voc explicaria o

    fato de que muitas populaes de mosquitos so agora resisten-

    tes ao DDT?

    3 Quais so as fontes de variao gentica e por que a variao

    gentica importante para a evoluo?

    4 Compare e confronte a evoluo por seleo artificial com a

    evoluo por seleo natural.

    5

    Como as selees estabilizadora e disruptiva afetam a mag-

    nitude da variao fenotpica de uma gerao para a prxima?

    6 Suponha que uma mudana ambiental rpida - por exemplo,

    causada por atividades humanas - exera uma seleo muito

    _LEITURAS SU~ERIDAS

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    Palumbi, S. R. 2001. The Evolution Explosion: How Humans Cause Rapid

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    Hilgardia 11:183-210.

    Rick1efs, R. E., and F. R. Hainsworth. 1968. Temperature dependent beha-

    vior of the cactus wren.

    Ecology 49:227-233.

    14

    Normas de reao diferentes em populaes de ambien-

    tes diferentes resultam de interaes gentipo-ambiente, que

    mostram que a plasticidade fenotpica sujeita mudana

    evolutiva para beneficiar os indivduos em seus ambientes

    especficos.

    forte sobre uma populao. Confronte as mudanas que se po-

    deria observar nas frequncias dos alelos e no tamanho da po-

    pulao.

    A carria-do-cacto orienta seus ninhos numa certa direo

    durante os meses frios da primavera, mas numa direo diferen-

    te durante os meses quentes do vero. O que esta observao

    sugere sobre esses tipos de atributos que a seleo causou du-

    rante a evoluo deste comportamento?

    8

    Por que os organismos que vivem em ambientes variveis tm

    mais probabilidade de ter desenvolvido atributos fenotipicamen-

    te plsticos do que os organismos que vivem em ambientes re-

    lativamente constantes?

    Schlichting, C. D., and M. Pigliucci. 1998. Phenotypic Evolution: A Reac-

    tion Norm. Perspective. Sinauer Associates, Sunderland, MA.

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    .