a força do pecado

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A força do pecado A força do pecado é proveniente da lei de Moisés? Deus permitiu que o homem pecasse? Como o homem alcançou liberdade? Em qual mandamento de Deus o pecado achou ocasião e matou o homem? Estas e outras perguntas serão respondidas neste artigo. "Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei" ( 1Co 15:56 ) A força do pecado reside na lei de Moisés? Muito antes de Moisés entregar a lei ao povo de Israel o pecado já exercia o seu domínio no mundo “Pois antes da lei estava o pecado no mundo...” ( Rm 5:13 ), e a morte já reinava desde Adão ( Rm 5:14 ). Tais afirmações demonstram que não é a lei de Moisés que é a força do pecado, pois mesmo sem a lei mosaica o pecado prendia o homem à morte. Se a lei de Moisés não é o que concede força ao pecado, de qual lei o apóstolo Paulo fez alusão? Qual lei constitui-se a força do pecado? A resposta encontra-se no livro do Gênesis: “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” ( Gn 2:16 -17). Quando Deus concedeu a sua ordenança (mandamento) a Adão, assim o fez para preservar- lhe a vida, ou seja, a comunhão de Adão com Deus. O mandamento foi dado para vida, porém, o que era santo, justo e bom tornou-se morte, visto que o pecado achou ocasião na ordenança, e por ele matou o homem. Qual a força da ordenança? A força da ordenança decorre da soberania de Deus, que a constituiu, e, por conseguinte, a ordenança é santa, justa e boa, pois é uma expressão da natureza de Deus. Na ordenança havia uma pena (conseqüência) pré-estabelecida: ‘... certamente morrerás’, e na morte, que é um aguilhão, ou a pena prevista, o pecado prendeu todos os homens, sujeitando-os por toda existência a servi-lo ( Hb 2:15 ). O pecado refere-se a uma condição pertinente a humanidade após a ofensa de Adão. Esta condição é resultado de uma pena imposta após uma condenação: alienação da glória de Deus, separados da vida que há em Deus, portanto, mortos ( Rm 5:18 ). O que prende o homem à condição denominada pecado é a morte, a pena prevista pela ordenança de Deus, e através da ordenança que era para vida o pecado ‘achou’ ocasião (meio, modo) e matou o homem. Qual o objetivo da ordenança dada por Deus no Éden? 1. Preservar a relação que o homem possuía com Deus (vida, luz, verdade, justiça, santidade, etc.); 2. Estabelecer e conscientizar o homem da total liberdade que possuía “De toda a árvore do jardim comerás livremente...” ( Gn 2:16 ); 3. Não deixar o homem desavisado (inocente) do risco que o cercava "O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena" ( Pr 27:12 ); 4. O alerta ‘dela não comerás’ demonstra uma relação de confiança, que preservaria a condição do homem.

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o que o pecado causa na vida de uma pessoa

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Page 1: A Força Do Pecado

A força do pecado

A força do pecado é proveniente da lei de Moisés? Deus permitiu que o homem pecasse? Como o homem alcançou liberdade? Em qual mandamento de Deus o pecado achou ocasião e matou o homem? Estas e outras perguntas serão respondidas neste artigo.

"Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei" ( 1Co 15:56 )

A força do pecado reside na lei de Moisés?

Muito antes de Moisés entregar a lei ao povo de Israel o pecado já exercia o seu domínio no mundo “Pois antes da lei estava o pecado no mundo...” ( Rm 5:13 ), e a morte já reinava desde Adão ( Rm 5:14 ). Tais afirmações demonstram que não é a lei de Moisés que é a força do pecado, pois mesmo sem a lei mosaica o pecado prendia o homem à morte.

Se a lei de Moisés não é o que concede força ao pecado, de qual lei o apóstolo Paulo fez alusão? Qual lei constitui-se a força do pecado?

A resposta encontra-se no livro do Gênesis: “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” ( Gn 2:16 -17).

Quando Deus concedeu a sua ordenança (mandamento) a Adão, assim o fez para preservar-lhe a vida, ou seja, a comunhão de Adão com Deus. O mandamento foi dado para vida, porém, o que era santo, justo e bom tornou-se morte, visto que o pecado achou ocasião na ordenança, e por ele matou o homem.

Qual a força da ordenança? A força da ordenança decorre da soberania de Deus, que a constituiu, e, por conseguinte, a ordenança é santa, justa e boa, pois é uma expressão da natureza de Deus.

Na ordenança havia uma pena (conseqüência) pré-estabelecida: ‘... certamente morrerás’, e na morte, que é um aguilhão, ou a pena prevista, o pecado prendeu todos os homens, sujeitando-os por toda existência a servi-lo ( Hb 2:15 ).

O pecado refere-se a uma condição pertinente a humanidade após a ofensa de Adão. Esta condição é resultado de uma pena imposta após uma condenação: alienação da glória de Deus, separados da vida que há em Deus, portanto, mortos ( Rm 5:18 ).

O que prende o homem à condição denominada pecado é a morte, a pena prevista pela ordenança de Deus, e através da ordenança que era para vida o pecado ‘achou’ ocasião (meio, modo) e matou o homem.

Qual o objetivo da ordenança dada por Deus no Éden?

1. Preservar a relação que o homem possuía com Deus (vida, luz, verdade, justiça, santidade, etc.);2. Estabelecer e conscientizar o homem da total liberdade que possuía “De toda a árvore do jardim comerás

livremente...” ( Gn 2:16 );3. Não deixar o homem desavisado (inocente) do risco que o cercava "O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples

passam e sofrem a pena" ( Pr 27:12 );4. O alerta ‘dela não comerás’ demonstra uma relação de confiança, que preservaria a condição do homem.

A ordenança dada por Deus era santa, justa e boa, porém, o pecado mostrou-se excessivamente maligno, pois encontrou ocasião na ordenança que era para vida, e através da ordenança matou o homem ( Rm 7:13 ).

A força do pecado é anterior a lei de Moisés, pois antes da lei mosaica a morte já reinava em decorrência da ofensa de Adão ( 1Co 15:22 ).

Adão não precisava realizar obra alguma para cumprir a ordenança, antes bastava confiar em Deus, porém Adão não confiou (descansou) e desobedeceu ao Criador.

Adão não tinha qualquer obrigação, e podia comer livremente de todas as árvores do jardim, inclusive das duas árvores plantadas no meio do jardim: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Mesmo com o alerta acerca da

Page 2: A Força Do Pecado

consequência quanto ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, Adão não preferiu a ordenança que era para a vida e comeu do fruto do conhecimento do bem e do mal.

O aguilhão do pecado não é proveniente da lei de Moisés, antes é proveniente da lei que causou a alienação de Deus. Por causa da lei santa justa e boa que diz: ‘... certamente morrerás’ ( Gn 2:17 ), o pecado encontrou ocasião na força da lei, e por ela aprisionou o homem ( 1Co 15:56 ).

Qual a força do pecado? A irrevogabilidade da lei tornou-se a força do pecado.

Através da ordenança que diz: ‘... certamente morrerás’ ( Gn 2:17 ), por causa da transgressão de Adão o pecado encontrou a força necessária para aprisionar o homem. Sem o mandamento não existiria para o homem a possibilidade de alienação de Deus, ou seja, o pecado estaria morto ( Rm 7:8 ).

O mandamento de Deus foi dado para preservar o homem em comunhão com a Vida, porém, após dar ‘ouvido’ à serpente, o homem ‘achou’ que o mandamento era para a morte, pois entendeu que ainda não estava pleno de Deus ( Rm 7:10 ; Gn 3:5 ).

O homem entendeu que não ter o conhecimento do bem e do mal era o mesmo que não ter a plenitude de Deus, porém, plenitude é estar em comunhão com Deus.

Pela lei santa justa e boa, que visava preservar a comunhão do homem com Deus, o pecado achou ocasião, mostrando-se excessivamente maligno, pois pelo bem (lei) encontrou a força necessária para alienar o homem de Deus, e, assim, enganou e matou o homem ( Rm 7:11 ).

O homem perdeu a comunhão, a glória, a vida e a liberdade! Por natureza o homem passou a ser filho da ira e da desobediência, alienado de Deus e escravo do pecado ( Ef 2:2 -3 ). A condição de Adão passou a todos os seus descendentes. A morte veio por um homem e todos os homens morre

ram em Adão ( 1Co 15:21 -22). Um pecou, todos os seus descendentes pecaram ( Rm 5:16 ).Um cético pode perguntar: se Deus sabia que o pecado operaria a morte através do mandamento santo, justo e bom, porque concedeu indiretamente ocasião ao pecado ao estabelecer o mandamento? Porque somente através do mandamento se estabelece a liberdade. Se não houvesse o mandamento não haveria liberdade.

Quando Deus instituiu a perfeita ordenança, a da liberdade, dizendo: “De toda a árvore do jardim comerás livremente...” ( Gn 2:16 ), somente com a ressalva a liberdade se estabeleceu: “... mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” ( Gn 2:16 ).

Deus estabeleceu plena liberdade, e o diabo enfatizou proibição total: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” ( Gn 3:1 ). Deus é o autor da liberdade ( 2Co 3:17 ), mas o diabo promoveu a alienação de Deus.

O apóstolo Paulo descreve a condição do homem destituído da gloria de Deus (pecado) como morto em delitos e pecados ( Ef 2:1 ; Cl 2:13 ). O homem não dispõe de meios para livrar-se por si mesmo da condição herdada de Adão, o que o torna comparável a um escravo.

Diante deste quadro horrendo, condição em pecado, apareceu a benignidade de Deus para com todos os homens ( Tt 3:4 ). Por ser riquíssimo em misericórdia, mesmo os homens estando mortos em delitos, anunciou: "Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá...” ( Is 55:3 ; Ef 2:5 ).

Adão morreu por não dar ouvidos (obedecer) à palavra do Senhor. Não deu crédito à palavra do Senhor, mas acatou as palavras do pai da mentira, pois desobedeceu ao mandamento que lhe era para vida.

São diferentes: o mandamento que Deus deu no Éden, onde o pecado obteve força, e a lei de Moisés, que somente serviu de ‘aio’ para conduzir o homem a Cristo. Enquanto a ordenança no Éden era para preservar a vida, a ordenança entregue por Moisés continha uma maldição para quem não a cumprisse “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las (...) O que fizer estas coisas, por elas viverá” ( Gl 3:10 -12).

Page 3: A Força Do Pecado

Nas cartas do apóstolo Paulo há referencia as duas leis, sendo necessário fazer distinção entre elas para não ocorrer equívocos quando se interpreta a bíblica.

Por exemplo: considerar que a lei de Moisés é o que concede força ao pecado dá margem a entender que o pecado restringe-se às ações ou omissões equivocadas dos homens, o que nega ambos: a força e o aguilhão do pecado, provenientes da desobediência de Adão.

Daí surge o entendimento que a força do pecado está nas negativas da lei de Moisés, por exemplo: não matarás, não furtarás, não roubarás, não dirás falso testemunho, etc., o que promoverá um entendimento meramente legalista e formalista no combate ao pecado. Tal compreensão não exclui a força do pecado através da morte do pecador com Cristo, antes promoverá um evangelho pautado em questões comportamentais, tais como: formalismo, legalismo, moralismo, etc.

Quando se compreende de modo correto qual ‘lei’ concede força ao pecado, o interprete enfatizará a crença na mensagem do evangelho, uma vez que compreenderá porque é necessário ao homem nascer de novo.

Como o homem morreu porque não deu crédito a ordenança que era para vida, somente através da fé na palavra de Deus o homem viverá ( Mt 4:4 ). O aguilhão do pecado (morte) só é ‘quebrado’ quando o homem morre com Cristo, pois após morrer, e ser sepultado, ressurge em uma nova criatura, criada segundo o poder de Deus, em verdadeira justiça e santidade.

Vale destacar que, na primeira carta aos Coríntios, todas as vezes que o apóstolo Paulo fez referencia à lei de Moisés, o fez em um contexto que não é possível desvincular a palavra ‘lei’ do povo judeu, ou do seu preceptor, Moisés ( 1Co 9:8 ; 1Co 9:9 ; 1Co 9:20 ; 1Co 9:21 ; 1Co 14:21 ; 1Co 14:34 ).

Com relação ao verso em tela, não temos uma referência explicita à lei de Moisés, e aliado a isto, o capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios trata de questões próprias ao Éden, do primeiro Adão e do último Adão, que é Cristo, o que vincula a palavra ‘lei’ a questões próprias do Éden.

Portanto, o que prende o homem ao pecado é a morte, condição proveniente da ofensa de Adão e que estava prevista na ordenança de Deus. Já a força do pecado reside na ordenança irrevogável: “... certamente morrerás” ( Gn 2:17 ).

Através da mesma lei que estabeleceu plena liberdade o pecado operou a morte, mostrando-se excessivamente maligno, pois através do bom operou a morte ( Rm 7:13 ). Ou seja, a ordenança concedida no Éden não estava permitindo que o homem pecasse, antes estava instituindo a liberdade.

Perguntas e respostas:

1) A força do pecado é proveniente da lei de Moisés? Não! É proveniente da ordenança que foi dada ao homem no Éden.

2) Deus permitiu que o homem pecasse? Não! Através da ordenança demonstrou quão plena era a liberdade que o homem possuía.

3) Como o homem alcançou liberdade? Através da ordenança, pois sem a ordenança não haveria liberdade.

4) Em qual mandamento de Deus o pecado achou ocasião e matou o homem? Na ordenança registrada em Gn 2:17 .

5) Através de qual elemento o pecado aprisiona o homem? Através da morte ( Hb 2:15 ).

6) Por que a ordenança de Deus constituiu-se na força do pecado? Porque a ordenança é irrevogável, e o pecado achou ocasião na irrevogabilidade da lei.

Lição 7: O Caráter e a Universalidade do Pecado

A Pecaminosidade do Pecado

Para iniciar nosso estudo da participação pessoal do homem na rebelião de Adão, devemos ter um entendimento correto da

natureza ou caráter do pecado. Portanto, é necessário que estudemos diversos atributos e manifestações proeminentes do

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pecado conforme são revelados nas Escrituras. Ao fazê-lo, vamos descobrir que o pecado é muito mais do que um erro no

julgamento moral, até mesmo muito mais do que a desobediência a algumas leis impessoais. O pecado é um crime contra a

pessoa de Deus. Em nosso estudo devemos fazer mais do que simplesmente definir termos. Devemos recuperar um

entendimento bíblico da pecaminosidade do pecado. Vivemos em um mundo e cultuamos em igrejas que, na sua maioria, não

entendem mais a natureza hedionda do pecado, portanto devemos nos esforçar para redescobrir o que foi perdido. Nosso

entendimento de Deus e da grandiosidade da nossa salvação em Cristo depende disso.

O Pecado é Sempre Contra Deus

O pecado é sempre primeiramente e acima de tudo um pecado contra Deus e uma afronta à Sua pessoa. Desobedecer a uma

ordem divina é apontar o dedo para a face d’Aquele que dá vida e governa sobre todo homem. Hoje, se as pessoas sequer falam

do pecado, elas falam do pecado contra o homem, ou pecado contra a sociedade, ou até mesmo pecado contra a natureza, mas

muito raramente ouvimos falar do pecado contra Deus. Pensa-se que uma pessoa é boa porque tem boas relações com seus

iguais, ainda que viva em total indiferença com relação a Deus e Sua vontade. As pessoas frequentemente perguntam como

Deus pode julgar um ateu que é um bom homem, mas elas perguntam isso por serem cegas para o fato de que um homem não

pode ser bom se ele nega seu Criador e não rende nada Àquele que lhe dá todas as boas coisas. As Escrituras registram que o rei

Davi mentiu para seu povo, cometeu adultério, e ainda orquestrou o assassinato de um homem inocente (2 Samuel 11-12). E

ainda assim quando confrontado com seus pecados, ele clamou a Deus: “Pequei contra Ti, contra Ti somente, e fiz o que é mau

perante os Teus olhos” (Salmo 51:4). Davi sabia que todo pecado é primeiramente e acima de tudo um pecado contra Deus. Até

que se entenda essa verdade, nunca se poderá entender a hedionda natureza do pecado.

O Pecado é a Falha em Amar a Deus

O maior de todos os pecados é a violação do maior de todos os mandamentos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu

coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Marcos 12:28-30). Cristo declarou: “Se me

amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Portanto, toda desobediência é uma demonstração de nossa falta de

amor para com Deus. Por esta razão, quando o apóstolo Paulo procurava provar a depravação da humanidade nos primeiros

três capítulos do livro de Romanos, ele se referiu à raça de Adão como “aborrecidos de Deus” (Romanos 1:30). Não há acusação

maior que pudesse ser feita contra o homem caído. Não amar a Deus está no coração de toda a nossa rebelião. Deve-se ser

também observado que um homem pode ser muito religioso e consciente da lei e da obra divina, e ainda assim ser um pecador

terrível diante de Deus se sua obediência for estimulada por qualquer coisa que não seja o amor a Deus.

O Pecado é a Falha em Glorificar a Deus

As Escrituras declaram que o homem foi criado para a glória de Deus e que tudo o que o homem faz, mesmo as mais simples

tarefas de comer e beber, deveriam ser feitas para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31). Glorificar a Deus é estimar a supremacia

e o valor de Deus sobre todas as coisas, alegrar-se em Deus e ser satisfeito n’Ele sobre todas as coisas, e viver diante de Deus

com a reverência, a gratidão e a adoração que são devidas a Ele. Pecado é exatamente o oposto de glorificar a Deus. Quando o

homem peca, ele se torna o oposto daquilo que ele foi criado para ser. Um homem pecaminoso é uma criatura que deslocou a si

mesmo e perverteu a própria razão de sua existência. Ele substituiu a Deus pelo ego e avontade de Deus pela vontade do ego. O

apóstolo Paulo escreve que “tendo conhecido a Deus, contudo não O glorificaram como Deus” (Romanos 1:21) e que eles

“trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente.

Amém” (Romanos 1:25). As raízes do pecado vão muito mais profundamente do que é visto na superfície; é a recusa do homem

de reconhecer o direito de Deus como Deus. É a determinação do homem de colocar a si mesmo acima de seu Criador, usurpar

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Seu trono, e roubar Sua glória. O pecado é fundamentalmente uma recusa a glorificar a Deus como Deus, e isso se manifesta

sempre que o homem busca sua própria glória acima da glória de Deus.

O Pecado é Ímpio e Profano

A palavra impiedade denota uma recusa em reconhecer a Deus como Deus, um desejo por viver uma vida “impiedosa”, livre de

Sua soberania e Sua lei. A palavra profano denota uma recusa de ser conformado ao caráter e à vontade de Deus, um desejo

pela depravação moral ao invés de semelhança a Deus. Uma vez foi dito que o maior elogio que se pode ser feito a uma pessoa é

desejar estar com ela e ser como ela. O pecado revela um desejo interior de viver sem Deus e ser diferente de Deus. Esta é uma

grande afronta a Ele!

O Pecado é Rebelião e Insubordinação

Em 1 Samuel 15:23, as Escrituras declaram: “Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação, e a obstinação é como a

iniquidade de idolatria.” A palavra rebelião é traduzida da palavra hebraica meri, que

significa contencioso, rebelde ou desobediente para com. A palavra obstinação é traduzida da palavra hebraica patsar, que

literalmente significa insubordinado, pressionar ou empurrar. Ela denota alguém que é insistente, insolente, arrogante e

presunçoso. Não há pecados pequenos, porque todo pecado é rebelião e insubordinação. De acordo com 1 Samuel 15:23,

praticar qualquer forma de rebelião é tão maligno quanto tomar parte em um ritual pagão ou demoníaco, e praticar qualquer

forma de insubordinação é tão maligno quanto tomar parte em total iniquidade ou render adoração a um falso deus.

O Pecado é Transgressão da Lei

Em 1 João 3:4, as Escrituras declaram: “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a

transgressão da lei”. O termo transgressão da lei é traduzido da palavra grega anomia [a, sem + nomos, lei]. Transgredir a lei é

viver sem lei, ou como se Deus nunca tivesse revelado Sua vontade para a humanidade. Uma pessoa pode transgredir a

lei desafiando abertamente o governo e a lei de Deus, ou simplesmente sendo indiferente e voluntariamente ignorante. Em

ambos os casos, a pessoa demonstra desprezo por Deus e Sua lei. A natureza abominável de transgredir a lei é vista no fato de

que o anticristo é descrito como o “homem da iniquidade”[1] (2 Tessalonicenses 2:3).

O Pecado é Traição

A palavra traição denota um ato enganoso e infiel contra outra pessoa. Ao longo das Escrituras, a traição é vista como um

aspecto pertencente a todo pecado (Ezequiel 18:24), seja em rebelião (Isaías 48:8), abandonar o Deus verdadeiro por ídolos (1

Crônicas 5:25), ou em qualquer forma de apostasia ou desviar-se de Deus (Salmo 78:57). Todo pecado é uma traição contra

Aquele que nos criou e amorosamente sustenta nossas vidas.

O Pecado é Abominação

Se apenas uma coisa pudesse ser dita a respeito do pecado, deveria ser dito que acima de todas as coisas, o pecado é uma

abominação a Deus. Uma abominação diante do Senhor é uma coisa imunda e nojenta. É detestável e repulsivo a Deus e um

objeto de Seu ódio (Provérbios 6:16). Nas Escrituras, todo pecado é uma abominação e pecar é agir abominavelmente (Ezequiel

16:52). Provérbios 28:9 declara que “O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. De semelhante

modo, Provérbios 15:8-9 declara que “O sacrifício dos perversos é abominável ao Senhor” e que “O caminho do perverso é

abominação ao Senhor”. Toda idolatria (Deuteronômio 7:25) e qualquer ato injusto (Deuteronômio 25:16) é uma abominação

diante do Senhor, assim como qualquer pessoa que planeje o mal (Provérbios 3:32; 15:26), mentirosa (Provérbios 12:22),

perversa de coração (Provérbios 11:20), ou arrogante de coração (Provérbios 16:5). Em Apocalipse 21:8, 27, as Escrituras

finalizam com o aviso de que o abominável e aqueles que praticam abominações sofrerão a punição eterna.

O Pecado é Errar o Alvo

Page 6: A Força Do Pecado

A palavra hebraica mais comum para pecado é chata, que significa errar o alvo, errar o caminho, ou falhar. Em Juízes 20:16, nós

lemos que os homens de Benjamin “atiravam com uma funda uma pedra num cabelo e não erravam [chata]”, e em Provérbios

19:2 lemos: “Peca” ou “erra o caminho [chata] quem é precipitado”. No Novo Testamento, a palavra grega mais comum

para pecado é hamartano, que pode também ser traduzida como errar o alvo, errar, enganar-se, ou vagar para fora do caminho.

De acordo com as Escrituras, o alvo ou objetivo para o qual o homem deve mirar é a glória de Deus (Romanos 3:23). Qualquer

pensamento, palavra ou ação que não tem a glória de Deus como seu propósito principal, é pecado. É importante notar que o

pecado [chata ou hamartano] nunca é visto como uma falha inocente ou um erro honesto, mas sempre é um ato voluntário de

desobediência resultado a partir da corrupção moral e da rebelião do homem contra Deus.

Pecado é Passar do Limite

A palavra transgredir é traduzida da palavra hebraica abar que significa cruzar, passar, atravessar, oucontornar. Transgredir o

mandamento de Deus é ir além do que é permitido pelos mandamentos de Deus. É ignorar as restrições impostas sobre nós pela

lei de Deus e ir além de sua cerca. No Novo Testamento, a palavra transgredir é traduzida da palavra grega parabaino, que

significa passar pelo lado, passar por,atravessar, ou ir além. Em Mateus 15:2-3 é encontrado um excelente exemplo

de parabaino: Os fariseus perguntaram a Jesus: “Por que transgridem [parabaino] os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois

não lavam as mãos quando comem.” E Jesus lhes respondeu: “Por que transgredis [parabaino] vós também o mandamento de

Deus, por causa da vossa tradição?”

A Universalidade do Pecado

Agora que vimos algo sobre a pecaminosidade do pecado, devemos voltar nossa atenção para uma das mais importantes

doutrinas de todas as Escrituras — a universalidade do pecado. O pecado não é um fenômeno raro ou incomum confinado a

uma pequena minoria da raça humana, mas é universal em seu alcance. As Escrituras são claras quando dizem que “todos

pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Não há nenhum membro da raça de Adão que não tenha se unido a ele

na rebelião que ele começou. Aqueles que negam tal verdade devem negar o testemunho das Escrituras, da história humana, e

de seus próprios pensamentos, palavras e ações pecaminosas.

1. Em Romanos 3:23 é encontrada uma das mais importantes passagens de todas as Escrituras a respeito da pecaminosidade e

desobediência de todos os homens. O que esta passagem nos ensina?

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Nota: A frase “carecem da glória de Deus” é uma provável referência à constante falha do homem em fazer todas as coisas para

o louvor, a honra e o beneplácito de Deus. “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus…”

(Romanos 1:21).

2. As Escrituras são cheias de inúmeras referências à pecaminosidade e desobediência voluntária do homem contra Deus e Sua

vontade. O que as seguintes passagens das Escrituras nos ensinam sobre a desobediência universal de todos os homens?

1 Reis 8:46

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Salmo 143:2

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Provérbios 20:9

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Eclesiastes 7:20

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Isaías 53:6

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3. Em Romanos 3:9-12 é encontrada uma coleção de citações do Antigo Testamento listadas pelo apóstolo Paulo para

demonstrar a pecaminosidade universal da humanidade e sua desobediência voluntária contra Deus. Leia o texto diversas vezes

até que esteja familiarizado com seu conteúdo. Depois, escreva seus pensamentos a respeito de cada versículo:

a. “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus

quanto gregos, estão debaixo do pecado…” (v. 9):

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b. “como está escrito: ‘Não há justo, nem um sequer…’” (v. 10):

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c. “‘…não há quem entenda, não há quem busque a Deus…’” (v. 11):

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d. “‘… todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis…’” (v. 12):

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e. “‘… não há quem faça o bem, não há nem um sequer.’” (v. 12):

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4. O testemunho das Escrituras contra todos os homens é ofensivo, e alguns não irão querer aceitá-lo como verdade. Qual aviso

é dado em 1 João 1:8-10 àqueles que se opuserem ao testemunho bíblico contra o homem e declararem que não são

pecadores?

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[1] Na versão King James, usa-se o termo lawlessness, ou seja, “transgressão”. [N. do T.]

CAP 8 - MICELÂNEA

A LEI

O Que é a Lei?

Quando se fala da "Lei" é bom especificar a qual refere pois pela Bíblia, existe várias leis e significados da palavra "lei". A lei pode

ser a ordem de eventos estabelecida (lei da luz, som e da relação entre os elementos químicos). Neste caso as leis podem ser

interpretadas simplesmente como fatos. A lei pode ser também a força que causa a ordem de eventos (lei da gravidade, de

calor, da eletricidade, do pecado, etc.). A lei pode referir-se também àquela que obriga a consciência à moralidade. Por existir

Page 9: A Força Do Pecado

uma norma há obrigação de conformidade à ela (à lei moral que não é escrita ou à qualquer lei que é escrita enquanto tem uma

operação legítima) - Hodge, V.III, p. 259.

Qualquer que seja a lei, a existência de uma lei implica a existência de alguém que deu a lei; ou seja, uma inteligência que age

voluntariamente para realizar um propósito. A perfeição das leis naturais que existem (tanto a ordem quanto a força que

impulsiona a ordem e aquela que obriga a consciência à moralidade) revela a natureza perfeita desta inteligência (Rom 7:12; I

Ped 1;15,16). Pelo fato de um que pode promulgar uma lei é entendida a autoridade tanto para requerer a obediência ou para

castigar qualquer desobediência.

As Leis na Bíblia

Nas Escrituras, o uso da palavra !lei? revela uma manifestação da vontade de Deus (Salmos 40:8). Em hebraico !lei? quer dizer instrução (traduzida !ensinamento? em Provérbios 1:8 e em grego a palavra !lei? significa costume ou aquele que rege a conduta do homem (Hodge, Vol III, p.265).

A Bíblia - regimento moral que é escrito - Salmo 1:2; 19:7-10; 119. "Não seria esta a lei da natureza, que foi escrita no coração inocente de Adão, que agora é prejudicado pelo pecado, e tem se tornado imperfeito e insuficiente para alegrar o homem ou guiá-lo para felicidade verdadeira; nem pela lei de Moisés que é uma lei que condena, e opera ira, acusa o pecado, fazendo o culpado, amaldiçoado e condenado à morte; e portando, não pode alegrar o pecador iluminado, a não ser que este seja nas mãos de Cristo, e cumprida por ele, a Quem a lei aponta; e sendo que está escrito no coração do homem regenerado, quem, sendo regenerado, se alegra pelo homem interior, e a serve com o seu espírito: mas, são as Escrituras, todas que foram escritas na época de Davi; particularmente os cinco livros de Moisés, que tem o nome da Lei e O Testamento do Senhor; as quais, sendo inspiradas, eram proveitosas e boas para serem lidas, e ouvir as suas explicações; e como eram o gozo de Davi e os homens do seu concilio (Sal 119:24); também as são o gozo de todo homem bom, tendo muito nelas que referem a Messias, sua graça e reino (Lucas 24:44; Atos 26:22,23). Também, a palavra "lei" no hebraico significa !doutrina?, e pode significar a doutrina evangélica, como significa em Salmos 19:7; qual é um Salmo que fala acerca da doutrina dos apóstolos que foram pelo mundo e neste sentido é usada em Isaías 2:3; 42:4; da doutrina do Messias, que é O Evangelho; e é igual com a lei ou a "lei da fé" (Rom 3:27). Pode ser chamada a doutrina do Senhor por Ele ser o seu autor; veio por Ele, Ele revelou-a; e por Ele ser o objetivo dela; concerne Ele, Sua pessoa, oficio, graça e justiça; e aquela parte que foi publicada no tempo de Davi, foi um som maravilhoso, boas noticias e boas novas, e a prazer de todo homem bom" (Gill, Online Bible, Comentário sobre Salmo 1:2). Pelo seu efeito na vida do homem a Bíblia é chamada a "lei da liberdade" (Tiago 1:25).

Lei da beneficência - regimento moral - Provérbios 31:26 Lei da fé - regimento moral que se baseia no que é escrito - Rom 3:27. Essa lei é "a doutrina da justificação do pecador

pela fé na justiça de Cristo." (Gill). Efés 2:8,9. Lei da justiça - regimento moral - Rom 9:31 Lei de Cristo - regimento moral - Gal 6:2. Essa lei é: "a lei de amar uns aos outros (João 13:34,35) qual é oposto à lei de

Moisés, da qual os Gálatas judaizares gostaram tanto, e pela qual os discípulos de Cristo podem se distinguir dos que são de Moisés, ou de outros. ... é o Seu novo mandamento, que Ele capacitou e autorizou pelo Seu próprio exemplo na morte pelo seu povo, e qual, pelo Seu Espírito, escreve nos seus corações" (Gill). A Lei de Cristo é o mesmo regimento moral da "Lei de Deus". O que motiva uma mudança de nome é que quando a Lei de Deus é manejado por Cristo e chamada a "Lei de Cristo" é porque a Lei de Deus não é mais em relação do Criador à criatura mas de Salvador ao salvo (Pink).

Lei de Deus - regimento moral - Os anjos pecaram antes do homem. O pecado é "iniquidade" (I João 3:4;5:17) e iniquidade é definida pelo grego como sendo 1) a condição de ser sem lei por ser ignorante dela ou por violar ela 2) repúdio ou violação da lei, impiedade (Strong?s, # 458 anomia). A Bíblia traduz essa palavra grega sempre como iniquidade (Mat. 7:23; 13:41; 23:28; 24:12; Rom 4:7; II Cor 6:14; II Tess 2:3, 7; Tito 2:14; Heb 1:9; 8:12; 10:17; I João 3:4) ou maldade (Rom 6:19, Concordância Fiel). A palavra em I João 5:17 traduzida "iniquidade" vem de uma palavra grega (Strongs, #93 adikia) que significa injustiça, 1) de um juiz 2) de coração ou vida 3) ou de ação que viola a lei e justiça. O fato que os anjos pecaram revela que existia uma lei para eles. Pela natureza da punição entendemos que era uma lei moral e espiritual (Judas 6, "reservou em escuridão e em prisões eternas"). Essa lei é santa e segundo a verdade. Essas qualidades são atributos de Deus. É essa lei que está escrito no coração dos gentios (Rom 2:1-16) os quais eram sem a lei de Moisés. Essa lei é um regimento moral (Rom 7:22,25; 8:7; Neemias 10:28), foi incorporada pela Lei de Moisés (Neemias 10:29) e ainda continua depois que Cristo cumpriu a Lei de Moisés (Rom 7:6,22,25). A "Lei de Deus" pode referir-se também à Palavra de Deus (Josué 24:26).

Lei de Moisés - regimento escrito - Não é a Lei que originou com Moisés mas foi dada através dele (Neemias 8:14; João 1:17; 7:19). Essa lei de Moisés engloba o Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) e é chamada a Lei do Senhor ou de Deus por ser Deus o autor (Isa 5:24; Neemias 8:8,18; II Reis 10:31; II Crôn 12:1; Luc 23:24,29). Tem o nome de "Lei da verdade" (Mal 2:6), "Lei dos pais" (Atos 22:3), "Lei dos mandamentos" (Efés 2:15) e "Lei do mandamento" (Heb 7:11) para revelar seu atributo, sua natureza e a quem foi dada. Em Romanos 9:31 essa lei de Moisés é chamada a "lei da

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justiça" porque: "o conteúdo dela é justiça, e também a sua natureza; e porque obediência perfeita à ela é justiça" (Gill). Veja também a seção !O Decálogo e a Lei?.

Lei do Espírito - regimento moral - Rom 8:2. " é chamada "lei" por que é uma doutrina, tem ordem e como uma corrente, tem elos de verdades, como a palavra hebraica significa e as vezes é usada para referir-se ao Evangelho (Isa 2:3; 42:4; Rom 3:27). Pode ser chamada a lei ou doutrina "do Espírito" porque o Espírito é o autor do Evangelho, e é Quem O capacita e faz que Ele seja eficaz para o bem nas almas. Pela doutrina, O Evangelho, o Espírito de Deus é transmitido ao coração; e a substancia da doutrina são coisas espirituais: é chamada "a lei do Espírito da vida" porque essa lei descobre o caminho da vida e salvação por Cristo; é o meio da vivificação dos pecadores mortos; e opera fé neles, pela qual vivem em Cristo" (Gill).

Lei do Governo Civil - regimento escrito - Daniel 6:8; Rom 13:1-7; Ezra 7:26; Ester 4:11. Lei dos judeus, Atos 25:8 Lei do meu entendimento - regimento moral - Rom 7:23. O John Gill diz dessa lei: "querendo entender que a "lei do

meu entendimento" é, ou a lei de Deus escrito na sua mente na conversão, aquele que era gozo para ele, e a serviu com o seu entendimento, que foi renovado com o Espírito de Deus; ou a nova natureza nele, o princípio de graça que foi operado no seu entendimento, e chamada "a lei" por que era o princípio que governa ..."

Lei do pecado - regimento imoral - Rom 7:23, 25; 8:2 Lei dos Pais - regimento moral - Provérbios 3:1; 4:2; 6:20,23; 7:2: Lei da mãe - Prov 1:8; 6:20.

O Decálogo e A Lei de Moisés

Na Bíblia, ao referir à lei de Moisés, não se acha a distinção de lei "moral", "cerimonia" ou "civil" mas somente: "lei", "lei do Senhor"e "lei de Moisés". Nisso podemos entender que aquele chamada popularmente "O Decálogo" é só parte da lei e não "a lei" em si. Há muitos que querem distinguir o decálogo como a mais importante parte da lei, a parte moral, e as outras partes, as cerimonias ou civis, inferiores. Essa distinção popular não é uma distinção bíblica. O decálogo, os dez mandamentos, não são a única moral na lei, mas, faz parte do que foi dada a Moisés no monte, escrito pelo dedo de Deus, é parte de que é dado pela inspiração e escrito pela mão de Moisés (Canright).

É claro que a lei tem as partes morais, cerimônias e civis. Essas partes, em si, não são distinguidas como sendo maior ou menor da "lei" mas contrariamente, a própria lei. A parte cerimonial (sacrifícios) é chamada "lei" (Lucas 2:27). A parte moral é chamada "lei" (I Timóteo 1:9). A parte civil é chamada "lei" (Atos 23:3).

A Bíblia se refere à lei como sendo os cinco livros do Pentateuco. As palavras "A Lei" na Bíblia geralmente se referem a Lei Mosaica, ou ao Pentateuco" (Dicionário Smith, citado por Canright). Pode entender isso comparando o resto da Bíblia com o Pentateuco. Entenderá que a Bíblia distingue o Pentateuco como sendo a lei. Gênesis é a lei (I Coríntios 14:34; Gênesis 3:16); Êxodo é a lei (Romanos 7:7; Êxodo 20:17); Levítico é a lei (Mateus 22:39; Levítico 19:18); Números é a lei (Mateus 12:5; Números 28:9) e Deuteronômio é a lei (Mateus 22:36, 37; Deuteronômio 6:5).

As Limitações da Lei

Existe limitações importantes na lei. Esse assunto é uma importante consideração para os que querem depender da lei para a sua justificação eterna ou mesmo para os que usem a lei como modelo de vida. O que diz a Bíblia sobre a lei? Ela nos mostra que ela é limitada, por isso aponta a Cristo Quem é perfeito e o único que pode nos aperfeiçoar.

A Lei não pode:

nos justificar, mas Cristo pode - Atos 13:38,39; Gal 2:16 nos livrar do pecado e da morte , mas Cristo pode - Rom 8:2,3. A falha não está na lei mas na carne. nos livrar da condenação, mas Cristo pode - Rom 8:1-4 nos livrar da maldição, mas Cristo pode - Gal 3:10-14 nos remir, mas Cristo pode - Rom 3:24-31; Gal 3:13,14 nos dar herança, mas fé em Cristo pode - Rom 4:13,14 nos aperfeiçoar, mas Cristo pode - Heb 7:19, 25; 10:1-10 controlar o pecado no homem, mas Cristo pode - Rom 7:7-25; 8:2 capacitar o homem à obediência, mas Cristo pode - Heb 7:18; Fil. 4:13

Não devemos achar, pelas limitações citadas, que a lei não é boa ou que não teve utilidade nenhuma. Ela é útil mostrar a necessidade do homem ser santo para chegar às bênçãos de Deus e por isso foi chamada a "lei da justiça" (Rom 9:31). Pela lei sabemos que somos pecadores (Rom 7:7) e que Deus é santo pois "a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom." (Rom 7:12). Todavia ela rege sobre o homem que é carne (Rom 8:3), incapaz (Rom 8:7,8), morto em pecados e ofensas (Efés 2:1). Portanto a lei é limitada pela impiedade do pecado existente no homem. É essa limitação que revela a necessidade de um salvador. Assim é apontada a pessoa de Cristo (Gal 3:13). O pecador, pela fé em Cristo, tem a justificação que a lei não pode trazer devido a fraqueza da carne (Rom 8:3,4; Gal 3:21,22). Está em Cristo?

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Natureza da Lei de Moisés

A Israel, Nacional - Êx. 19:3, "Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel" (Rom 9:4,5) Secundária - A promessa veio em primeiro lugar; a lei veio depois. Cristo foi prometido como Salvador (Gên. 3:15) e a

Abraão foi prometido ser uma grande nação (Gên. 12:1-3) antes que a lei foi dada. É estimado que a primeira promessa de Cristo veio uns dois mil anos antes de Abraão. Sabemos que de Abraão até a lei foram quatrocentos e trinta anos (Gên. 15:13; Êx. 12:40; Gal 3:17). A lei foi dada uns mil e quinhentos anos antes de Cristo (Bíblia Vida). A promessa de Cristo foi primeira e não foi invalidada pela lei de Moisés (Gal 3:16-18). Fé em Cristo é maior da lei (Gal 3:26-29).

É Servidão - A lei de Moisés rege pelas obras e quem se submete à ela, é obrigado a viver por ela (Gal 3:12). Gálatas 4:21-26 descreve a diferença entre as obras da lei e a fé em Cristo. Uma é para servidão (a lei) e outra para liberdade (a promessa, Cristo). Pela assembléia em Jerusalém Paulo estabelece, quem está em Cristo é livre das obras da lei (Atos 15:1-10).

Temporária - A lei tem as suas qualidades gloriosas (ver a seção "O Propósito da Lei de Moisés") mas, permanência não é uma delas (II Cor 3:11). Quando o propósito da lei fosse cumprido terminaria a sua existência (Gal 3:23-25). Por Cristo ser maior que a lei, ela foi abolida quando Cristo morreu (Lucas 23:45; Heb 6:19; 9:3; 10:20; Col 2:14-17; II Cor 3:16,17).

Simbólica - A lei mostrava "as sombras das coisas futuras" (Col 2:17; Heb 10:1) que eram "celestiais" (Heb 8:4,5). O proveito do estudo da lei é pelo conteúdo dela mostrando as coisas futuras e celestiais (Cristo).

Imperfeita - O que limitou a lei era a fraqueza do homem por causa do pecado (Rom 8:3,4). É neste entendimento que a lei é repreensível (Heb 8:7-13; Jer 31:33,34), imperfeita ou algo que se pode tornar velho. Se pode envelhecer ao ponto de precisar uma Nova Aliança, é imperfeita. A lei não pode fazer ninguém perfeita (Rom 3:20), mas, pela Nova Aliança (Cristo) vem a perfeição (Col 2:9-12). A imperfeição e a limitação da lei é entendida em que ela não pode tirar os pecados (Heb 10:4). O que é perfeito é Cristo (II Cor 5:21) e pela fé nEle vem a justificação (Gal 3:24; Rom 5:1,2; 8:1,2) e todas as bênçãos celestiais (Rom 4:13,14; 8:17; Efés 1:3).

Terrena - A Lei cuidava do homem somente enquanto estava no mundo. Não dava esperança de receber galardões futuros (celestiais) ou de escapar a maldição eterna. Existia bênçãos enquanto obedecia ou maldição se desobedecia, mas, essas bênçãos ou maldições eram recebidas em vida na terra (Deut 28). Não trouxe vida ou morte eterna, mas, prometia condenação (II Cor 3:7-11). A lei não é da fé (Gal 3:12). A fé nos dá herança na salvação (Efés 2:8,9).

O Propósito da Lei de Moisés

A Lei de Moisés mostra principalmente como Deus é santo (Rom 7:12 - Crisp). Ela reflete a santidade de Deus e que o homem que quer chegar a Deus deve ser obediente em tudo e limpo de toda imundícia. Nisso se entende a natureza santa de Quem deu a Lei de Moisés. Pela lei estipular um "Não" à qualquer coisa (Êx. 20:10, 13-17), a sua moralidade é vista. Os absolutos morais estão estabelecidos e conhecidos pela lei. Aquele que não responda favoravelmente a eles é condenado e aquele que responda favoravelmente é abençoado. Essa lei santa e moral de Deus é o que está escrito nos corações de todos os povos (Rom 2:14-16). Quando se considera o sofrimento que era necessário para Cristo padecer (Luc 9:22), as feridas reais que Cristo levou (João 19:1-30) e como Deus moeu o Seu Unigênito (Atos 2:23; 4:27,28) pode entender um pouco mais a santidade de Deus. Levou tal sacrifício para lavar o pecador ao ponto de chegar a Deus (João 14:6). A Lei, pela sombra dos bens futuros (o sacrifício de Cristo) revelava essa santidade de Deus (I Ped 1:16).

Além de mostrar a santidade de Deus o propósito da Lei de Moisés era reger a nação de Israel civicamente (Deut 4:14; 5:1-3; Malaquias 4:4; Rom 9:4;). Até Sinai, Israel era misturada entre as outras nações e sujeitas às leis daquelas nações. Com o povo de Israel saindo do Egito, pela mão de Moisés, e caminhando para a sua terra prometida, Deus os preparou para ter as suas próprias leis civis como uma nação separada de todas as demais. Por isso a Lei de Moisés é nacional, secundaria, a servidão e terrena (Veja a seção: Natureza da Lei de Moisés). Ela era para governar Israel civicamente como uma nação teocrática (Êx. 20:2-7, "Eu sou o SENHOR teu Deus"). A lei moral e espiritual que existia antes de Moisés continuava pela Lei de Moisés e continua até hoje (Mar 12:28-34, "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração ... e ... Amarás o teu próximo como a ti mesmo").

A Lei de Moisés foi dada para o homem entender a iniquidade do pecado e restringi-lo do pecado (Rom 5:13,20; 7:12,13). A Lei de Moisés não foi dada para o homem justo. O homem justo já obedecia a lei de Deus que é espiritual e moral, e, assim, cumpria tudo o que uma lei civil podia pedir. Coincidentemente, quem cumpria a lei espiritual e moral também cumpria os princípios do evangelho do Novo Testamento. A Lei de Moisés foi dada para o homem injusto (I Tim 1:9-11; Gal 3:19). Qanto mais a Lei de Moisés for aplicada mais o homem se vê transgressor (Rom 7:13).

A Lei de Moisés aponta ao Salvador, Jesus Cristo. O homem, pela lei, se viu pecador maligno (Rom 7:13-17), e, como pecador, deve se ver fraco e uma pessoa condenada necessitando um salvador. O Salvador a qual a lei aponta é Cristo (Gal 3:24,25; João 1:29; Heb 10:1-10). Qanto mais a Lei de Moisés condenava, mais é vista a graça de Deus em Jesus (Rom 5:20).

Portanto, não há perigo nenhum pregar a Lei de Moisés em todas os seus propósitos. A santidade de Deus será entendida, o

equilíbrio das leis cívicas serão aceitas, a impiedade do pecado será estabelecida e a graça de Deus será fortemente declarada. O

que não precisa ser feita é usar a lei pelo propósito da qual ela não foi entendida (nos justificar).

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O Uso da Lei nos Dias Atuais

A Lei tem proveito para hoje?

Aquele que Deus é influi naquilo que Ele faz e deseja. Ele não pode agir contra o Seu próprio desejo ou natureza (Heb 6:17,18). Por Deus ser perfeito e eterno, Ele tem um eterno propósitoou decreto (Rom 8:28; Efés 3:11, "eterno propósito"). Deus não tem vários planos temporários mas um plano que Ele revela em maneiras diferentes pelos séculos. Também por Deus ser santo(I Sam 2;2; Isa 6:3), Seu propósito eterno é perfeito e santo. Por isso Deus não precisa de um plano de reserva pois o propósito (usado no singular) é perfeito. Pela vontade santa e eterna, Deus faz todas as coisas (Efés 1:11). Do começo da eternidade até o fim da eternidade todas as coisas que venham a acontecer são pela vontade de Deus. A santidade de Deus e a Sua qualidade de ser eterno indica que Deus nunca mudará (Mal 3:6). Por isso o Apóstolo Paulo escreve aos Romanos que "tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito" (Rom 15:4). Se a vontade de Deus não muda, o Seu eterno propósito é santo e perfeito, e, se as Escrituras Sagradas foram produzidas para o nosso ensino; então há uso da Lei de Moisés ainda nos dias atuais. As cerimonias, estatutos, julgamentos e princípios da Lei de Moisés são proveitosas e boas, se usadas "legitimamente" (I Tim 1:8).

Pela Lei de Moisés somos ensinados que Deus é soberano (Deut 6:4; Êx. 20:1,2). Por Deus ser o soberano criador Ele tem direito de ser adorado singularmente por todos (Apoc 4:11; Sal 86:9). Por Deus ser santo Ele tem merecimento de ser adorado como o Soberano (Apoc 15:4). Por Deus ser soberano Ele tem a dignidade e poder para ser temido por todos (Sal 89:7; Luc 12:5). A Lei de Moisés mostra que Deus é soberano (Êx. 20:1-3) e por isso é proveitosa a lei ainda hoje.

A Lei de Moisés nos instrui que o soberano Deus deseja serglorificado acima de tudo (Êx. 20:2-7). Deus é glorificado pela obediência rígida da sua lei (Num 20:12; Lev 10:1-3; Ecl 12:13). Se olhássemos à Lei de Moisés para entendermos que Deus é zeloso (Êx. 20:5; 34:14; Deut 4:23-26) seremos sábios. Essa sabedoria é pela instrução da Lei de Moisés e assim revela que a lei é benéfica para hoje.

Pela Lei de Moisés devemos ser conscientizados que Deus ésanto. Se Deus é santo, a Sua lei é também (Neemias 9:13; Rom 7:12). Pela santidade da lei, Moisés anima o povo a obedecer a lei e amar Deus como Soberano (Deut 4:8). O Salmista nos diz que a "lei do SENHOR é perfeita" e por isso guardar a lei traz "grande recompensa" (Sal 19:7-11). A santidade de Deus é razão suficiente a procurar proveito na Lei de Moisés ainda hoje.

Pela Lei de Moisés percebemos que o homem é impiamente pecaminoso. O proposto da lei é revelar ao homem que ele é pecador por transgredir o desejo do Deus soberano e santo. Sem uma lei, não há transgressão (Rom 7:8, "sem a lei estava morto o pecado") mas com este !conjunto de normas? (o significado da palavra !lei? segundo o dicionário Aurélio) o pecado é entendido em toda a sua malignidade (Rom 7:9,13; I Cor 15:56; Tiago 2:9). O homem que usa a lei para se conhecer, será convencido que ele é um transgressor diante de Deus. Este que usa a Lei de Moisés como um espelho entenderá que o Deus soberano e santo é justo em derramar toda a Sua santa ira sobre homem transgressor (João 3;36). Se a Lei de Moisés mostra o homem como ele é verdadeiramente conhecido diante de Deus (Sal 14:3,4; 53:2,3; Rom 3:10-23) e se o homem ainda é pecador nos dias atuais, a Lei de Moisés é proveitosa agora.

Pela Lei de Moisés entendemos a justiça de Deus. O delito, mesmo que seja mínimo, tem que ser retificado pois aquele que "tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos" (Tiago 2:10). Mesmo que haja perdão com Deus, a lei é clara que "ao culpado não tem por inocente" (Êx. 34:7; Naum 1:3). A santidade e a perfeição de Deus pede a condenação do pecado e o poder de Deus garante a aplicação dessa condenação. Sem a Lei de Moisés revelando a justiça de Deus, a própria ira de Deus derramada em Cristo e a razão do Evangelho têm menos sentido. Se a justiça de Deus não seja percebida, o pecador terá uma compreensão menos clara da sua impiedade. A Lei de Moisés ensina que somente pelo sangue existe remissão (Heb 9:22). Sem a observação exata requerida pela lei a alma pecadora seria "extirpada do seu povo" (Lev 7:20,21; 18:29; 20:18; Num 15:30). Pela Lei de Moisés revelar a justiça de Deus claramente e pelo homem ser ainda pecador, o proveito da Lm é evidente para os dias de hoje.

Pela Lei de Moisés entendemos a eqüidade nas leis civis. É verdade que a Lei de Moisés serviu para a nação de Israel literalmente (Deut 6:4, "Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR"). Mas nem por isso a lei não é proveitosa para outras nações. Quando as leis civis tomam a Lei de Moisés como exemplo, a justiça reinará abertamente. Mais perto uma nação esteja aos princípios da Lei de Moisés menos tolerante às tolices em todos os níveis da sociedade fica. Ainda é uma verdade que a nação cujo Deus é o SENHOR, é bem aventurada (Sal 33:12). A lei pede amor uns aos outros (Rom 13:8-10; Gal 5:14; Tiago 2:8), salário justo para quem trabalha (I Cor 9:7-10), posição de submissão das mulheres diante dos homens (I Cor 14:34) e o respeito que filhos devem ter para com os pais (Efés 6:1-3). O tratamento da Lei de Moisés diante do criminal, o pobre, o desamparado, o surdo e o cego, a higiene, o casamento, os empregados, o comercio, etc., faz sentido para qualquer povo. A tendência do homem é se afastar de Deus em vez de reter os Seus princípios santos e assim trazer para ele em particular, e à sua sociedade em geral, o fruto da carne (Gal 5:19-21). A eqüidade civil que a Lei de Moisés promove faz com que ela seja proveitosa nos dias de hoje.

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Pela Lei de Moisés compreendemos que Deus é gracioso. As lavagens, consagrações, holocaustos, ofertas e os princípios da lei tudo apontam à santidade de Deus e como um homem pecaminoso pode se aproximar a este Deus santo. A Lei de Moisés, pelas sombras e simbologia dela, apontava os "bens futuros" (Heb 10:1) que é o Cristo Jesus. A lei providenciou a remissão dos pecados assim mostrando a graça de Deus em fazer salvação. Mas a remissão que agrada Deus é somente pelo sangue (Heb 9:22). Por a lei apontar a Jesus João Batista, quando viu a Jesus, que vinha para ele, disse, "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" (João 1:29). As Escrituras apontam exclusivamente a Cristo como sendo o sacrifício verdadeiro que as sombras da lei apontavam (Heb 9:23-28; I Ped 13-23). Enquanto a lei mostra a abundância do pecado no homem, ela também revela a graça de Deus que superabunda por Jesus Cristo (Rom 5:18-21). Por causa da Lei de Moisés revelar claramente a graça de Deus em Cristo ela é proveitosa em qualquer tempo.

Já se julgou pecador culposo pela lei justa de Deus? Já clamou pela misericórdia de Deus? A Sua misericórdia é vista claramente no Seu filho Jesus Cristo. Pede perdão pelos seus pecados dependendo de Cristo como o sacrifício suficiente que Deus deu para todo pecador que se arrependa verdadeiramente. Não busque a sua própria justiça em qualquer outro plano, crença ou pessoa. Somente por Cristo temos a plena justiça de Deus (I Cor 3:11; II Cor 5:21).

CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE A LEI

A Vida Cristã e a Lei de Moisés

Há utilidade da Lei de Moisés para o crente que está esperando em Cristo para toda a sua justificação? A liberdade Cristã é libertinagem Cristã? Devemos ou não obediência à Lei de Moisés? Se passou a Lei de Moisés, existe uma lei para o crente nos dias atuais? Se não passou a Lei de Moisés devemos ainda respeitar a cerimonia que a lei pede?

Pela Palavra de Deus podemos afirmar que o crente não tem mais uma obrigação à Lei de Moisés. A Lei de Moisés era à nação de Israel e não ao gentil. A lei era simbólica e não o atual. A lei era temporária apontando ao eterno: Jesus Cristo. Cristo cumpriu a lei sendo aquele que a lei simbolizava e apontava (Gal 3:24,25). Pela fé em Cristo, e não pela lei, o crente tem a justiça de Deus (Rom 3:21-24; II Cor 5:21), paz com Deus (Rom 5:1,2), vida eterna (João 3:16; Rom 6:23; Efés 2:1), uma herança incorruptível (Rom 8:16,17; I Ped 1:3-9), bênçãos eternas (Efés 1:3) e capacidade de agradar a Deus nesta vida terrena (Fil. 4:13; Tito 2:12-14). A Lei de Moisés cumpriu o seu propósito.

Ao mesmo tempo que afirmamos que o crente não tem obrigação à Lei de Moisés, devemos entender que o Cristão tem uma lei sobre ele. O crente não está sem lei. Mesmo que Cristo é toda a justiça para o crente ainda há lei sobre o Cristão. A diferença está qual lei rege sobre o Cristão e não se tem ou não tem uma lei. O soberano Deus não muda (Malaquias 3:6; Tiago 1:17) e podemos saber que desde o princípio, mesmo antes do pecado, Deus estipulou a lei que regia (Gên. 1:26; 2:17). Depois que Cristo cumpriu a lei (Mat. 5:17; João 19:30), e nisso, desfez, a lei dos mandamentos (Efés 2:15), a "justiça da lei", que era incorporada na Lei de Moisés, agora rege no crente. O crente pratica essa "justiça da lei" (que é igual à "lei de Cristo" - I Cor 9:21) pelo Espírito que está nele (Rom 8:3-5). É o Espírito Santo que leva o crente à santidade e, por causa da presença dEle, o crente deve e pode deixar o pecado (Efés 4:17-32; Prov. 4:18; I João 2:1-7; 3:1-11).

Não há obrigação, ou servidão, nesta lei de Cristo. Todavia há uma boa lógica de bom senso que afirma que na presença da lei há uma racionalidade de amor que ensina o nosso dever espiritual (Rom 8:12-16;12:1-3;6:17,18; Col. 3:1-25). A importância desta "lei de Cristo" (I Cor 9:21) não é que ela é a nossa justificação diante de Deus, mas, que por ela, os Cristãos, andem em santificação diante dos homens para serem testemunhas para glória de Deus (Rom 6:22; 8:4; Mat. 5:13-16; Atos 1:8).

A LEI E A GRAÇA

João 1:17, "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo."

Por causa de João 1:17 um pensamento surge que sugestiona a lei e a graça são dois sistemas separados e contrários ou contraditórios de um e outro. Há confusão sobre se antes do tempo de Cristo ministrar na terra existia a graça de Deus. A força da dúvida pode até sugestionar a salvação no Velho Testamento era pelas obras da Lei de Moisés e no Novo Testamento a salvação é pela fé em Cristo.

A verdade é que com Deus "não há mudança nem sombra de variação" (Tiago 1:17; Mal 3:6; Heb 1:11,12; 13:8). Em qualquer época, a verdade eterna é: se existe salvação existe a graça de Deus. Sem a graça de Deus não há salvação (Efés 2:8,9). Disso podemos entender, se houve salvação no Velho Testamento, houve graça também.

A graça que veio por Cristo não foi para destruir a lei ou os profetas, mas para a cumprir (Mat. 5:17). Pela fé em Cristo Jesus a lei é estabelecida porque a lei simbolizava a graça e apontava a Ele (Rom 3:21-31). O fim, quer dizer o alvo, propósito, finalidade ou

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objetivo ("fim" no grego # 5056, Strong?s), da lei era Cristo (Rom 10:4) e não contraria a Ele. A lei sempre estava no coração de Cristo e Ele a amava pois a Lei revela o desejo de Deus (Sal 40:6-8; Heb 10:3-12). A Lei de Moisés e a graça por Cristo não são opostos, mas, duas partes de um mesmo sistema (citação de Dr. McNichol por Pink, p. 3). A lei apontou a Cristo, e, Cristo cumpriu a lei (Gal 3:21-26).

Na verdade, o Velho Testamento é cheio de graça e o Novo Testamento é cheio de lei. A lei simbolizava a graça pela cerimonia dos holocaustos e oblações e Cristo é a graça de Deus da qual a lei simbolizava (Heb 10:1-10). A graça veio, não em oposição à lei, para oferecer outro plano, mas para satisfazer os requisitos da lei e mostrar por Quem as suas obrigações estão cumpridas. Por isso João 1:17 estabelece que a verdade (o atual a qual a lei apontava) veio por Jesus Cristo (Gill). O crente em Jesus Cristo cumpre tudo que a lei apresenta quando vive pelo Espírito para a honra de Deus por Cristo (Rom 8:4; Gal 5:16-18; 6:14-16).

A LETRA DA LEI E O ESPÍRITO DA LEI

Romanos 7:6, "Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos

em novidade de espírito, e não na velhice da letra."

II Cor 3:6, "O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."

Como já tem sido estabelecido, Deus não muda (Tiago 1:17; Mal 3:6; Heb 1:11,12; 13:8). A intenção de Deus sempre é ser visto e amado como Deus. A primeira aliança, com Abraão (Gên. 17:7-9) tinha a finalidade de Deus ser posto por Deus entre o Teu povo. O SENHOR comunicou ao profeta Jeremias este mesmo desejo (Jer 9:23,24) assim revelando o intento de Deus ser amado e louvado como o único vivo e verdadeiro Deus (Deut 6:4,5; Mar 12:29,30; Isa 45:22-25). Quando Jesus ensinou os discípulos a orarem ensinou-os a amar e louvar o Senhor Deus (Mat.. 6:9-13). A própria vida de Jesus declara claramente como amar a Deus (João 5:30; 17:4).

Como temos estudado (veja as Limitações da Lei e O Propósito da Lei) a lei veio, entre outros aspectos, revelar ao homem o seu estado de pecador e que o pecado se fizesse excessivamente maligno, ou seja, a completa falta da glória de Deus (santidade) diante de um Deus Santo (Rom 7:7-13).

Se qualquer olhar à letra da lei (o que é escrito) como uma finalidade em si, quer dizer, crer que não existe uma intenção maior na lei além de ser obedecida exteriormente à risca, o espírito da lei (o que a lei intenta) será perdido e ficará desobediente à lei (Rom 2:25-29).

A Letra da Lei

A letra da lei (a cega obediência à todas as cerimonias) mata (II Cor 3:6) pois pelas obras da lei o pecado é conhecido e somos convencidos excessivamente malignos (Rom 7:6-13). Pela observação de tudo o que a lei diz (a letra) o pecado é conhecido (Rom 3:20) e entendemos a devida posição nossa sob a ira de Deus (Rom 4:15; João 3:36). A observação das obras da lei (a letra da lei) leva à maldição e nunca pode nos livrar dela (Gal 3:10,11).

O Espírito da Lei

O espírito da lei (a intenção da lei) é fé em Cristo (Gal 3:23-29) e pela fé Deus é glorificado com a adoração devida (João 4:23,24). O espírito da lei é a "justiça da lei" (Rom 2:26), a obediência da lei no coração (Rom 2:29) o qual Deus aprova. Pela fé em Cristo e pela nova criatura que vem por Ele (II Cor 5:17) os que entraram no espírito da lei são livres da letra da lei, pois, a letra já os matou e os conduziu a Cristo (Rom 8:2; Gal 2:20).

Os Crentes em Cristo

Os crentes, pela fé em Cristo, pelo Qual observam o espírito da lei, são determinados a circuncisão verdadeira (Fil. 3:3; Rom 2:25-29). Sirvam "em novidade de espírito" e não mais na "velhice da letra" (Rom 7:6; II Cor 3:6).

As cerimonias da lei (a letra) não estão mais em força sobre o crente, mas o intento da lei (o espírito) é, e, sempre será. Se os crentes não guardam as cerimonias exteriores da letra da lei (guardar o sábado, respeito da alimentação permitida e as outras milhares regras da lei) mas, de todo o coração amam Deus e seguem o espírito da lei que é a palavra e o exemplo de Cristo (dia do Senhor, submissão a Deus, ser santo) cumprirão o desejo eterno de Deus (João 4:24).

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Os que andam em Cristo são da semente de Abraão quem, pela fé, ainda na incircuncisão, creu naquele que justifica o ímpio, Jesus Cristo (Rom 4:1-17). Como Abraão obedeceu o espírito da lei pela fé (para que seja da graça, v. 16) e foi justificado diante de Deus, hoje, os que crêem em Cristo pela fé (para que seja da graça, Efés 2:8,9) também são justificados diante de Deus.

Você está submissa à letra da lei (as obras) que mata e mostra a necessidade de ser salvo pela graça de Deus, ou, está já confiando no espírito da lei (a fé em Cristo para agradar a Deus) que vivifica (Rom 8:4-11)? A sua submissão a Deus de coração está vista pela sua testemunha pública de uma vida limpa pelo mundo afora? Eis o espírito da lei.

Conclusão

Pelo estudo da Lei de Moisés entendemos melhor o que significa a palavra !lei? e de quantos tipos existem na Bíblia. Estudamos as diferenças destas leis mencionadas na Bíblia para que o servo de Deus maneja melhor a Palavra de Deus. Até o decálogo foi comparado em relação a lei para compreender que ele, em si, não residia a totalidade da lei mas era parte da lei.

As limitações da Lei de Moisés são entendidas quando qualquer procura pela obediência rígida da lei a justiça de Deus. A justiça de Deus é somente pelo Cordeiro de Deus, o Jesus Cristo, o qual a lei aponta.

A natureza e o propósito da lei foram estudados para entender como a lei foi programada ser utilizada no tempo de Israel e quais razões que ela foi promulgada.

Mas nem pela lei ser programada e promulgada para a nação de Israel ela torna ser um ensinamento obsoleto. Por causa da vontade de Deus nunca ter mudada e pelo fato do homem ser sempre um pecador a Lei de Moisés tem muitas utilidades ainda nos dias atuais. A utilidade da Lei de Moisés é entendida quando se percebe as verdades eternas existentes nela. Ela declara fielmente a realidade da santidade e a justiça de Deus, a condenação de todos que tropeçam em um só ponto dela, e a salvação perfeita por Jesus Cristo. Ela também é útil nos dias atuais para reger as sociedades pelos princípios justos que ela contém.

Considerações especiais foram tratados na consideração da atitude do crente ao respeito da lei para que ele veja uma responsabilidade não às cerimonias da lei, mas, ao espírito da lei. Mesmo o crente não tendo uma obrigação à letra da Lei de Moisés ele tem responsabilidade ao espírito da lei. O espírito da lei é a lei de Cristo que o Espírito Santo rege no crente. Pelo estudo mais preciso da lei diferenciamos a letra da lei e o espírito da lei entendendo o fato de se o Judeu ou o gentil observa só a letra da lei a condenação eterna é declarada, mas, se Judeu ou o gentil observar o espírito da lei pela fé, há justiça.

Concluímos que nunca devemos racionar que mesmo que Moisés veio antes de Cristo que nunca existia graça na lei. A graça que a lei apontava realizou se perfeitamente em Cristo.

Que todo homem seja julgado por ela e que a graça de Deus por Jesus Cristo seja validamente vista pela Lei de Moisés. Se assim se faz, o propósito da Lei de Moisés será realidade e a vontade eterna de Deus feita.

Bibliografia

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CLOUD, D. W, Enciclopédia da Bíblia e da Cristandade Caminho de Vida (Way of Life Encyclopedia of the Bible and Christianity, Ver 2.0, Oak Harbor, WA, http://wayoflife.org

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DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÓNICO, V. 2.0, um produto da Editora Nova Fronteira baseado no Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Junho, 1996

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GILL, John, Comentário da Bible Inteira (Commentary of the Whole Bible), Online Bible

HODGE, Charles, Teologia Sistemática (Systematic Theology), Eerdmans Publishing, EUA, 1982

PINK, Arthur W., A Lei e o Santo (The Law and the Saint), Chapel Library ([email protected]), Pensacola, FL, EUA, s/d

STRONG, James, S.T.D., LL.D, Concordância Exaustiva da Bíblia (Exhaustive Concordance of the Bible, Abingdon, Nashville, EUA, 1981

Autor: Pastor Calvin Gardner

Fonte: www.PalavraPrudente.com.br

Coisas Importantes que Aprendemos do Antigo Testamento

Deus, o Homem e o Pecado (mp3)

O Antigo Testamento é composto de 39 livros. São revelações inspiradas por Deus, começando com a história da Criação do universo e terminando aproximadamente 400 anos antes do nascimento de Jesus. Estes livros servem para nos ensinar muitas coisas importantes, especialmente sobre Deus, o homem, e o nosso maior problema, o pecado.

No Princípio, ... Deus

Deus é a primeira personagem no relato bíblico (Gênesis 1:1). Ele se apresenta em relação à criação. Deus é a origem de todas as coisas (Gênesis 1:1,31; 2:4). “Porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há” (Êxodo 20:11a). Obviamente, nenhum homem estava presente para observar o processo da criação. Muitos tropeçam neste ponto inicial da palavra de Deus, procurando maneiras de reconciliar a fé nas suas interpretações de evidências científicas com o relato bíblico. Nenhuma explicação das origens do universo pode ser testada num laboratório científico. “Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hebreus 11:3). Cada pessoa precisa avaliar honestamente a evidência do Criador, porque a existência dele serve de base para nossa responsabilidade. Deus se manifestou na criação, e nós, diante destas evidências, somos indesculpáveis (Romanos 1:19-20). O Criador é o Senhor da sua criação (Atos 17:24).

Criou Deus ... o Homem à Sua Imagem

O homem foi feito diferente das outras criaturas terrestres (Gênesis 1:27-28). Ele foi criado semelhante a Deus, com a capacidade de raciocinar, amar e tomar decisões morais. Deus colocou o homem numa posição especial, acima das outras criaturas terrestres (Gênesis 1:28-30), abaixo dos anjos (Hebreus 2:7) e sujeito a Deus (Gênesis 2:15-17).

Deus Queria um Relacionamento Especial com os Homens

Desde o princípio, um fato fundamental tem governado a relação do homem com Deus: o homem que faz bem será aceito por Deus (Gênesis 4:7). Alguns homens faziam bem, e andavam em comunhão com Deus. Enoque andou com Deus e foi poupado do sofrimento da morte (Gênesis 5:22-24). Noé andou com Deus e foi poupado do dilúvio que destruiu os homens maus (Gênesis 6:9). Abraão se mostrou fiel, e foi escolhido por Deus para ser o pai de uma nação especial (Gênesis 12:1-3). Deus separou os descendentes de Abraão e lhes deu instruções especiais para que fossem um povo santo (Levítico 11:44-45). Esta relação especial dependia da obediência do povo. “O SENHOR te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e andares nos seus caminhos” (Deuteronômio 28:9).

Davi bem expressou a base da comunhão entre Deus e o homem: “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25:14).

O Pecado Criou uma Barreira

O pecado do homem o separa de Deus. Quando o primeiro casal pecou, foi expulso do jardim, onde Deus andava (Gênesis 3:23; 2:17; 3:8). Isaías viu este problema em relação ao povo de Israel: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”(Isaías 59:1-2).

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O Pecado, a Morte e o Sangue

O pecado traz a morte: “porque o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Junto com este fato, devemos compreender o papel do sangue na remissão dos pecados. Quando Deus deu permissão para os homens comerem a carne de animais, ele não lhes deu o sangue como alimento. Ele disse: “Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gênesis 9:4). O sangue está ligado à vida, e o derramamento de sangue está ligado à morte e, por isso, ao pecado.

O pecado traz o derramamento de sangue. Quando Adão e Eva pecaram, Deus matou animais para “cobrir” a vergonha do casal culpado (Gênesis 3:21). Na época dos patriarcas, os servos de Deus faziam sacrifícios de animais pelo pecado (Jó 1:5; 42:8). Sob a lei dada ao povo no monte Sinai, os israelitas faziam sacrifícios que incluíam o derramamento de sangue (Levítico 6:30; etc.). Os sacrifícios do Antigo Testamento foram necessários, porém ineficazes (Hebreus 10:3-4). O sangue de animais não foi suficiente para perdoar os pecados dos homens.

O Antigo Testamento diagnosticou o problema – o pecado – mas não trouxe o remédio. Qualquer pessoa doente que procura a ajuda de um médico quer duas coisas: o diagnóstico e o remédio. O Velho Testamento só responde à primeira necessidade, mostrando claramente o problema do pecado. Paulo disse: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.... pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3:19-20).

A segunda necessidade, o remédio, encontra-se na Nova Aliança que nos fala sobre o sangue de Jesus Cristo. “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem” (Gálatas 3:22; cf. Hebreus 9:28).

A Importância da Obediência

Um tema importante no Novo Testamento é o valor dos exemplos do Velho Testamento para o desenvolvimento da nossa fé. Abraão demonstrou a fé pelas obras de obediência (Tiago 2:21-24). Por outro lado, Paulo avisou do perigo de seguir os maus exemplos de desobediência no Antigo Testamento (1 Coríntios 10:6-12). Estes exemplos são de grande valor para nós, porque a obediência no Novo Testamento se torna até mais importante do que naquela época (Hebreus 2:1-3; 10:28-29).

Pelo estudo do Antigo Testamento, aprendemos lições importantes sobre a obediência. Entre elas:

1. Fazer o que Deus não ordenou traz a morte. Quando Nadabe e Abiú entraram no tabernáculo com fogo que Deus não autorizou, ele matou os dois (Levítico 10:1-2). Quando Uzá estendeu a mão para segurar a arca da aliança, um ato que Deus não autorizou, ele foi morto na hora (1 Crônicas 13:9-10). Davi e os outros só compreenderam o erro quando fizeram o que deveriam ter feito antes – buscar a vontade de Deus na Palavra (1 Crônicas 15:13).

2. Precisamos da permissão de Deus para nós, não somente para outras pessoas em outras situações. Duas vezes, Deus autorizou que levantassem censo para contar o povo dele (Números 1:2; 26:2). Em outra ocasião, Davi decidiu fazer um censo (2 Samuel 24; 1 Crônicas 21). Mas Deus não autorizou que Davi levantasse o censo. A consequência foi desastrosa. 70.000 homens morreram por causa deste ato não autorizado (1 Crônicas 21:14). Hoje, muitas pessoas buscam, na palavra revelada aos israelitas no Antigo Testamento, uma base para suas doutrinas e obras. Tentar se justificar com instruções dadas a outros povos em outras épocas pode ser desastroso!

3. Obedecer, mesmo quando as ordens de Deus não fazem sentido, traz as bênçãos prometidas. Josué olhava para Jericó quando Deus falou para ele da tática para conquistar esta cidade fortificada (Josué 5:13 - 6:5). A estratégia – rodear a cidade 13 vezes, tocar trombetas e gritar – não faz nenhum sentido em termos de tática militar. Mas Josué e o povo obedeceram, e Deus foi fiel. Entregou a cidade nas mãos deles (Josué 6:20).

4. Pecados, mesmo escondidos, trazem o castigo. Durante a conquista de Jericó, Acã tomou algumas coisas proibidas e as escondeu debaixo da sua tenda. O pecado dele levou à derrota do povo na batalha contra a pequena cidade de Ai (Josué 7). Devemos ter cuidado. Os nossos pecados, até os ocultos, podem trazer consequências para nós e podem prejudicar outros na família ou na igreja.

Enquanto consideramos lições importantes sobre a obediência, não devemos esquecer de um dos fatos fundamentais da Bíblia. Deus merece a adoração porque ele nos criou. “Louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e foram criados” (Salmo 148:5).

Conclusão

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Entre as mensagens do Antigo Testamento, destacamos estas: 1. Deus existe. 2. Ele criou o homem e o colocou numa posição especial. 3. O pecado nos afasta do Criador. 4. Precisamos de uma solução para os pecados. 5. O Antigo Testamento não resolve este problema principal do homem. As pessoas que viviam debaixo da lei ainda aguardavam o Salvador.

-por Dennis Allan

Capítulo Quatro

A Função da Lei

Compreendemos que a posição do homem diante de Deus é a de um pecador. Agora, consideremos por que Deus estabeleceu a lei. Uma vez compreendida a lei, seremos capazes de compreender a obra de Deus.

Deus sempre soube da condição do homem, mas o homem conhece sua própria condição? Posto que o pecado foi manifestado diante de Deus, ele também deve ter sido sentido na consciência do homem. Todavia, a consciência do homem está apercebida do pecado? Infelizmente, não. Porquanto o homem não percebe o pecado, precisamos do operar da lei. Neste livro vamos estudar este assunto.

Que é a lei? A lei nada mais é do que a exigência de Deus para que o homem trabalhe para Ele. Em Romanos, Efésios e Gálatas, o apóstolo Paulo mostra repetidamente que o homem é salvo pela graça, não pela lei. Em outras palavras, o homem é salvo porque Deus trabalha para o homem, não porque o homem trabalha para Deus. Não é uma questão de sermos algo diante de Deus ou de fazermos algo para Deus, mas do próprio Deus vir para o nosso meio a fim de tornar-se algo e fazer algo por nós. Essa é a razão de o apóstolo, sob a revelação do Espírito Santo, constantemente enfatizar este ponto: que tanto para os gentios como para os judeus, a salvação procede absolutamente da graça e não da lei. Queremos gastar algum tempo para ver que é impossível o homem ser salvo pela lei. Não estou usando o termo lei em referência à lei mencionada no Antigo Testamento. Lei, conforme aplico aqui, refere-se a um princípio, isto é, o princípio de o homem trabalhar para Deus. Veremos se a nossa salvação depende ou não de fazermos algo para Deus.

A maneira como utilizo a palavra lei não é sem base bíblica. O apóstolo Paulo usava as palavras de um modo muito preciso e significativo. Na Bíblia, a palavra Cristo é freqüentemente utilizada. Na língua original, algumas vezes não há o artigo definido antes da palavra Cristo. Em outras ocasiões existe um artigo definido, e neste caso podemos entendê-la como o Cristo. Infelizmente, não muitas versões traduzem isso precisamente. Outra palavra freqüentemente usada é fé. Algumas vezes há um artigo definido na frente dela; nesses lugares é a fé. Da mesma forma, existem lugares na Bíblia onde a palavra lei também tem um artigo definido antes dela, e devemos ler a lei.

Os significados dessas poucas palavras com o artigo definido são bem diferentes de seus significados sem o artigo definido. Por exemplo, quando Cristo é mencionado, refere-se ao Senhor Jesus Cristo; mas quando o Cristo é mencionado, você e eu também estamos incluídos. Quando a Bíblia fala do Cristo individual, não há artigo definido; mas ao falar do Cristo que nos inclui, encontramos o Cristo. Quando a Bíblia fala do nosso crer individual, ela usa fé, sem o artigo. Todavia, ao falar naquilo que cremos, isto é, nossa fé, ela usa a fé. Os tradutores da Bíblia sabem que sempre que a Bíblia menciona a fé, ela não está se referindo ao nosso crer normal, mas àquilo em que cremos. Que, então, é a lei? Na Bíblia, a lei sempre se refere à lei de Moisés, a lei no Antigo Testamento. Porém, se não houver o artigo definido antes de lei, esta refere-se à exigência que Deus faz ao homem.

Portanto, tenhamos em mente que lei na Bíblia não se refere meramente à lei dada a nós por Deus, por intermédio de Moisés. Em muitos lugares na Bíblia, lei refere-se ao princípio que Deus aplica a nós ou ao princípio da exigência de Deus para conosco. A lei significa apenas a lei mosaica, a lei dada no monte Sinai, ou a lei do Antigo Testamento. Ela também significa as condições para a comunhão entre Deus e o homem. A condição para a comunhão entre Deus e o homem é a exigência que Deus faz ao homem, o que Ele quer que o homem faça e execute por Ele.

O homem é salvo pelas obras da lei? Deus salva o homem por que este faz coisas por Ele? Todo mundo diz que devemos fazer o bem antes de Deus nos salvar. Se pusermos isso em termos bíblicos, significa que devemos ter as obras da lei a fim de sermos salvos. Os que falam dessa maneira cometem dois grandes erros. O primeiro é que desconhecem quem é o homem. O segundo é que não compreendem qual era a intenção de Deus ao dar a lei ao homem. Se soubermos o que somos, certamente não diremos que o homem precisa ter obras da lei para ser salvo. E, se conhecermos o propósito de Deus ao dar a lei, tampouco diremos que o homem pode ser salvo pelas obras da lei. Por ter cometido esses dois grandes erros, o homem carrega um conceito errado e diz coisas erradas.

O Primeiro Grande Erro — Não Conhecer o que o Homem É

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Por que o homem diz que pode ser salvo pelas obras da lei quando nem mesmo sabe o que ele é? É porque o homem não sabe quão maligno ele é; ele não sabe que é carnal. Uma vez que o homem se tornou carne, existem três coisas nele que são imutáveis: sua conduta, sua lascívia e sua vontade. Por ser carnal, o que quer que ele faça é pecado e é maligno. Ao mesmo tempo, sua lascívia interior está ativamente tentando-o, provocando-o a pecar o tempo todo. Além disso, a vontade e o desejo do homem rejeitam Deus. Uma vez que a conduta do homem é contrária a Deus, sua concupiscência incita-o a pecar e a sua vontade é rebelde contra Deus, não há possibilidade de o homem ter as obras da lei e ser obediente a Deus. Portanto, é impossível que o homem satisfaça a exigência de Deus por meio da justiça da lei.

Não temos somente nossa conduta exterior, mas também temos a concupiscência em nosso corpo; e não temos somente a concupiscência em nosso corpo, mas também temos a vontade em nossa alma. Você pode ser capaz de lidar com sua conduta, mas quando a concupiscência desperta dentro de você, mesmo que não consiga produzir uma conduta exterior pecaminosa, ela existe em você e provoca-o o tempo todo. E, mesmo que você odeie sua lascívia e se esforce ao máximo para lidar com ela, a sua vontade é totalmente incompatível com a de Deus. Nas profundezas do coração, o homem é rebelde contra Deus e quer crucificar o Senhor Jesus. Por um lado, a cruz significa o amor de Deus; mas por outro significa o pecado do homem. A cruz significa o grande amor que Deus tem ao tratar com o homem; mas ela também significa o tremendo ódio que o homem tem de Deus. O Senhor Jesus foi crucificado não apenas pelos judeus, mas também pelos gentios. A vontade do homem para com Deus nunca mudou. A vontade do homem está em total inimizade contra Deus.

Romanos 8:7-8 diz: “Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. A mente posta na carne é inimizade contra Deus. Os que estão na carne não estão sujeitos à lei de Deus, nem mesmo o podem estar. Não compreendemos suficientemente o homem. Achamos que o homem ainda é curável e útil. Por isso, dizemos que as obras da lei ainda podem salvar o homem. Mas o homem jamais pode estar sujeito à lei de Deus; simplesmente não é nossa natureza fazê-lo. Em nossa conduta não existe o poder de ser submisso e nossa natureza não consegue ser submissa. Não somente somos incapazes de ser submissos, nós simplesmente não estamos dispostos a ser submissos. Ser incapaz de se sujeitar é uma questão da nossa natureza e da nossa lascívia; não estar disposto a ser submisso é uma questão da nossa vontade. Fundamentalmente, na sua vontade, o homem não está sujeito a Deus.

Portanto, a lei somente irá manifestar a fraqueza, a impureza e a pecaminosidade do homem. Ela não manifestará a justiça do homem. Se alguém diz que uma pessoa pode receber vida e ser justificada pelas obras da lei, esse realmente não conhece o homem. Se o homem não fosse carnal nem pecaminoso, a lei talvez pudesse dar-lhe vida. Essa é a razão de Gálatas 3:12 dizer: “Aquele que observar os seus preceitos [as obras da lei, por eles viverá”. Infelizmente, os seres humanos são todos pecadores. Eles são carnais e impotentes para se sujeitarem a Deus, e não têm coração de se submeter a Deus. O homem não tem força para fazer as obras da lei nem coração para isso. A lei é boa, mas a pessoa que faz as obras da lei não é. Todos devemos admitir isso.

O Segundo Grande Erro — Não Conhecer a Intenção de Deus ao dar a lei

O homem acha que pode ser salvo pelas obras da lei porque nunca leu a Bíblia nem viu a luz ou a revelação celestial. Ele nunca compreendeu o desejo e a intenção de Deus. Ele nunca compreendeu o caminho da salvação. Se deseja saber se pode ou não ser salvo pelas obras da lei, você precisa primeiro perguntar por que Deus deu a lei. Somente depois de descobrir o propósito de Deus em dar a lei, é que você saberá se pode ou não ser salvo pelas obras da lei.

Diante de mim está um púlpito. Se lhes perguntar o que é isso, alguns podem responder que é uma cadeira alta. Uma garotinha pode responder que é uma cama faltando dois pés. Outro pode dizer que isso é uma cômoda porque existem gavetas nela. Se perguntasse a um irmão, ele poderia dizer que isso é uma estante, porque se pode colocar livros nela. Se perguntasse a dez pessoas, poderia obter dez respostas diferentes. Um vendedor de livros, por exemplo, pode dizer-me que é um perfeito balcão para vendas. Cada pessoa teria uma resposta diferente segundo sua própria experiência e conceito. Contudo, se você quer saber o que isso realmente é, em primeiro lugar precisa perguntar à pessoa que o fez. Se ela disser que isso é uma cômoda, então é uma cômoda. Se ela lhe disser que é uma estante, então é uma estante. Se disser que é um púlpito, então, sem dúvida, é um púlpito. Da mesma forma, se me perguntar ou a qualquer outro qual é a função da lei, você está perguntando à pessoa errada. A lei foi dada por Deus, por isso temos de perguntar a Deus qual a sua função. Uma vez que Deus nos diga qual a Sua intenção em dar a lei, saberemos se o homem pode ser salvo pelas obras da lei ou não. Portanto, precisamos gastar algum tempo para examinar a Bíblia sobre essa questão. Precisamos ver passo a passo como a lei veio. Temos de ver historicamente a partir do registro da Bíblia por que Deus deu a lei ao homem.

A Lei não É o Pensamento Original de Deus

A primeira coisa que devemos ver é que a lei não foi de modo nenhum a intenção original de Deus. A lei foi acrescentada posteriormente; ela foi introduzida para satisfazer certas necessidades urgentes. Ela foi produzida para cuidar de coisas que foram introduzidas ao longo do percurso. A lei não estava na intenção original de Deus; a graça estava. Em 2 Timóteo 1:9-10 é

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dito: “Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”. Aqui o apóstolo Paulo diz-nos que Deus tinha um pensamento, e que esse pensamento começou antes dos tempos eternos, antes da criação do mundo. Esse era o pensamento original de Deus. E que tipo de pensamento era? Paulo diz que essa graça foi-nos dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos. Antes dos tempos eternos, antes de o homem pecar, e até mesmo antes da criação do mundo, Deus já havia tomado a decisão de dar-nos Sua graça por meio de Cristo Jesus. Portanto, a graça era o pensamento original de Deus. Era algo que Deus planejou desde o início de tudo.

Por que Deus quis dar-nos a graça? Paulo diz que Deus “nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça”. A vontade de Deus é dispensar Sua graça, e essa graça nos salva. Ele nos salvou e nos chamou com santo chamamento para que desfrutemos Sua glória. É isso que a graça de Deus está fazendo. Ele desejou salvar-nos e chamar-nos com santo chamamento segundo o Seu propósito, segundo o que Ele planeja fazer. Aqui Paulo foi muito cuidadoso; ele acrescentou uma frase para mostrar-nos se a lei está ou não de acordo com o propósito de Deus. Ele diz: “Não segundo as nossas obras”. A salvação de Deus não é de acordo com o quanto podemos fazer por Deus; não é segundo o quanto de responsabilidade podemos assumir diante Dele. Pelo contrário, é Deus vindo cumprir algo por nós, e é Deus dando-nos Sua graça. Essa graça sempre esteve relacionada com o Seu plano. Assim, lembremo-nos de que antes dos tempos eternos, o pensamento de Deus era a graça, não as obras nem a lei.

Paulo continua: “Que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus”. Essa graça não havia sido manifestada até agora. Portanto, vejam que, embora essa graça estivesse planejada há muito tempo, foi somente quando o Senhor Jesus veio que conhecemos o que realmente a graça era. Que faz essa graça por nós? Prossigamos lendo: “O qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”. Quando o Senhor Jesus foi manifestado, Ele aboliu as obras bem como o resultado das obras. O resultado de obras más é a morte. Mesmo que você tenha feito as piores obras, o máximo que a lei pode fazer é exigir a sua morte. Após sua morte, a lei nada mais pode fazer.

Você poderia perguntar: “Que acontece se minhas obras não violaram a lei? Ainda assim preciso morrer?” Sim, você precisa. Mas o Senhor também anulou a morte. O Senhor aboliu as obras e também a morte. Esse é nosso evangelho, o qual foi planejado antes dos tempos eternos, embora não tenha sido manifestado até o aparecimento do Senhor Jesus. Assim, o pensamento fundamental de Deus era a graça.

Após o homem ter sido criado, tanto Adão como Eva pecaram e se rebelaram. O pecado entrou no mundo por meio de um homem. Mas Deus não deu a lei ao homem naquele tempo. Mesmo por um período de aproximadamente mil e seiscentos anos após o homem ter pecado, Deus não deu a lei ao homem. Deus não teve exigências com o homem naquele período. Deus permitiu à história que tomasse seu curso natural. Então um dia, quatrocentos e trinta anos antes de Moisés instituir a lei, Deus falou a Abraão, o pai da fé, e escolheu-o para ser aquele por meio de quem Cristo viria ao mundo. Deus escolheu Abraão e deu-lhe a grande promessa de que todas as nações seriam abençoadas pelo seu descendente (Gn 12:3; 22:18). Note que descendente é singular, não plural; é um descendente, não muitos descendentes. Paulo explicou no livro de Gálatas que este descendente refere-se ao Senhor Jesus (Gl 3:16). Quando falou a Abraão, foi a primeira vez que Deus revelou Seu propósito que fora planejado antes dos tempos eternos. Deus lhe contou Seu propósito de antes dos tempos eternos, de que por meio de seu descendente, Jesus Cristo, as nações seriam abençoadas. Abraão era um idólatra, contudo Deus o escolheu e deu-lhe uma promessa. Ele foi o primeiro homem a não ter obras; ele era uma pessoa de fé. Portanto, Deus desvendou Seu propósito diante dele.

Você deve prestar atenção a algo especial aqui. A palavra de Deus a Abraão foi incondicional. Deus simplesmente disse: “Salvarei e abençoarei o mundo por meio do seu descendente”. Ele não estabeleceu condições. Deus não disse que os descendentes de Abraão tinham de ser isso ou aquilo ou que o reino a vir por meio dele no futuro tinha de ser dessa ou daquela forma antes que ele tivesse um descendente e que o mundo fosse abençoado. Não; Deus simplesmente disse que ele teria um descendente que salvaria o mundo. Não importava se Abraão fosse bom ou mau; não importava se seus descendentes fossem bons ou maus e se seu reino fosse bom ou mau. Não havia condição imposta. Essa é a maneira como Ele desejava que fosse realizado. Ele faria com que o descendente trouxesse bênção para as pessoas no mundo.

Após essa palavra ser dita, Cristo, o Filho de Deus, não veio imediatamente ao mundo. Abraão gerou Isaque, mas Isaque não veio salvar o mundo. Isaque não era o Filho de Deus. Quatrocentos e trinta anos mais tarde, Moisés e Arão surgiram. E, embora fossem pessoas muito boas, não eram o Cristo de Deus. Por meio da revelação de Deus, Paulo chamou-nos a atenção de que o descendente de Abraão não se refere a muitos descendentes, mas a um único, que não veio senão dois mil anos mais tarde. Há um motivo forte para que o descendente não viesse antes. É verdade que Deus deseja fazer coisas para o homem, que Ele quer dar graça ao homem. Entretanto, estaria o homem disposto a permitir que Deus faça coisas para ele? Deus vê que não estamos indo bem, e quer ajudar-nos; mas ainda podemos achar que somos muito capazes. Somos maus, mas podemos achar que somos bons. Somos imundos, mas podemos considerar-nos limpos. Somos fracos, mas ainda podemos considerar-nos fortes em tudo. Somos inúteis, mas ainda podemos considerar-nos úteis. Nós, seres humanos, somos pecaminosos e completamente

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incapazes, mas ainda podemos considerar-nos bons e úteis. O propósito de Deus desde antes dos tempos eternos era dar graça, e, no tempo, Ele disse a Abraão que de fato daria graça ao homem. Mas por ser o homem ignorante, fraco, inútil, pecaminoso, e digno de morrer e perecer, Deus não teve escolha, senão dar a lei ao homem quatrocentos e trinta anos depois que Ele fez a promessa a Abraão. Após dar a lei ao homem, o homem descobriu que era pecaminoso. Deus pôs a lei ali para descobrir se o homem é correto ou não e se é capaz ou não. Deus pôs o peso da lei ali para ver se o homem poderia ou não levantá-lo. Lembremo-nos de que dar a lei não era a intenção original de Deus. Devo enfatizar que a lei foi algo acrescido para ir ao encontro de uma necessidade temporária. Não fazia parte da intenção original de Deus.

Vejamos o que diz Gálatas 3:15-22. Devemos considerar cuidadosamente estes versículos, pois são muito importantes. O versículo 15 diz: “Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa”. Deixemos momentaneamente de lado a aliança do homem com Deus, e consideremos primeiro as alianças que os homens celebram entre si. Suponhamos que alguém esteja vendendo uma casa, e um contrato tenha sido firmado e assinado. Pode o vendedor pensar melhor mais tarde e pedir mais duzentos dólares? Após assinar o contrato, pode ele considerar um pouco mais e, então, romper o contrato? Não. Mesmo em contratos entre os homens, uma vez que estejam assinados, é impossível acrescentar condições a eles ou subtrair condições deles. Se um contrato entre homens é assim, quanto mais uma aliança entre Deus e o homem!

Como Deus fez Sua aliança com o homem? O versículo seguinte diz: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente”. Deus fez aliança com Abraão por meio de promessas porque dizia respeito ao futuro. O que já está realizado é graça; o que ainda não foi cumprido somente pode ser uma promessa. Porque o Senhor Jesus ainda não tinha vindo, não podemos dizer que a aliança de Deus com Abraão era graça. Sua natureza era sem dúvida graça, mas por não ter sido manifestada, ainda era uma promessa. Essa promessa foi dada a Abraão e ao seu descendente. Paulo diz: “Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo” (v. 16). O descendente é singular, não plural; é um: Cristo. Deus prometeu a Abraão que este geraria a Cristo e que por meio de Cristo as nações seriam abençoadas. O versículo 14 diz: “Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”. Essa é a aliança que Deus firmou com Abraão.

Você poderia perguntar: Já que Deus quer abençoar as nações por meio de Cristo Jesus, por que Ele deu a lei ao homem quatrocentos e trinta anos mais tarde? Uma vez que a aliança que Deus firmou com Abraão não podia ser anulada nem acrescentada, por que o Senhor Jesus não veio simplesmente para dar-nos graça? Por que o problema da lei interveio? Você deve ver o argumento que Paulo estava usando aqui. Paulo estava explicando aqui por que, após quatrocentos e trinta anos, a lei veio. O versículo 17 diz: “E digo isto: Uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa”. Embora Deus tenha dado a lei ao homem, a aliança que Ele fez quatrocentos e trinta anos antes não podia ser desfeita. Deus não podia cancelar a aliança anteriormente feita após uma consideração adicional quatrocentos e trinta anos mais tarde. A lei é algo absolutamente contraditório à promessa e à graça. Que é promessa? É algo dado a alguém gratuitamente. Embora ele ainda não a tenha, ele definitivamente a terá mais tarde. Porém, que é a lei? A lei implica que alguém tenha de fazer isso ou aquilo para obter algo. Você pode ver que essas duas coisas são totalmente opostas. A promessa implica que Deus fará algo para o homem; a lei implica que o homem fará algo para Deus.

O versículo 18 diz: “Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa”. Se o que era para ser dado é de acordo com o princípio da lei, não pode ser de acordo com o princípio da promessa. Essas duas coisas são completamente opostas.

O versículo 19 diz: “Qual, pois, a razão de ser da lei?” Agora surge o problema. É um problema muito difícil de resolver. A lei e a promessa são basicamente contraditórias em suas naturezas. Se você tem a lei, não pode ter a promessa; se você tem a promessa, não pode ter a lei. Essas duas questões não podem ficar juntas. Mas agora há a lei e também há a promessa. Deus deu a promessa, e, então, quatrocentos e trinta anos mais tarde Ele deu a lei. Que faremos? Se a aliança feita por Deus não podia ser mudada nem por subtrair algo dela, nem por adicionar algo a ela, por que então a lei foi dada? Uma vez que uma aliança não pode ser alterada, uma promessa sempre será uma promessa, e graça sempre será graça, por que, então, há necessidade da lei?

No versículo 19 Paulo dá-nos a razão: “Foi adicionada por causa das transgressões”. Que significa adicionar algo? Recentemente fui a certo lugar trabalhar. Durante minha estada ali, certa noite fui com alguns irmãos a um restaurante para jantar. Por não termos uma casa ali, fomos a um restaurante e pedimos uma refeição de cinco pratos, que foram comidos muito rapidamente; e assim pedimos ao garçom que adicionasse mais um prato. A adição de outro prato não era nossa intenção original; ele foi adicionado para suprir uma necessidade imediata. De modo semelhante, Paulo disse que a lei foi adicionada. Na verdade, Deus não tem de nos dar a lei, tampouco Ele precisava dá-la aos judeus. Deus deu a lei aos judeus porque queria mostrar ao mundo, por meio dos judeus, que Ele dera a lei por causa das transgressões.

Por que a lei foi adicionada por causa das transgressões? Vejamos agora a última parte do versículo 15 em Romanos 4: “Mas onde não há lei, também não há transgressão”. Vejamos também Romanos 5:20: “Sobreveio a lei para que avultasse a

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ofensa”. O propósito da lei é fazer com que a ofensa abunde. Que significa isso? O pecado entrou no mundo pelo homem; portanto, o pecado está no mundo. A morte veio a partir do pecado e começou a reinar. De Adão à Moisés, o pecado estava no mundo. Mas como podemos provar isso? Isso é evidenciado pela morte estar presente no mundo. Se não houvesse pecado de Adão até Moisés, o homem não teria morrido. O fato de que a partir de Adão até Moisés todos morreram, prova que o pecado estava ali. Embora houvesse pecado naquele tempo, não havia a lei. Portanto, havia somente o pecado, mas não a transgressão. Que é transgressão? É o pecado concretizado. Ele estava aqui no mundo, mas o homem não sabia que o pecado estava aqui até que a lei de Deus viesse. Por meio da lei Deus mostrou-nos que havíamos pecado. Na verdade, já existia o pecado em nós. Já estávamos corrompidos, mas não sabíamos disso até que a lei veio, quando o pecado dentro de nós foi manifestado em transgressões.

A lei é como um termômetro. Uma pessoa pode já estar doente com febre. Mas se você diz a ela: “Amigo, sua aparência não parece muito boa; você tem febre”, ela pode não acreditar em você. Tudo o que você teria de fazer então seria pegar um termômetro e colocá-lo na boca da pessoa. Após dois minutos poderia mostrar-lhe definitivamente que ela tem febre. Nós já éramos pecaminosos; já tínhamos “febre”, mas não sabíamos disso. Assim Deus nos deu um padrão. Embora a lei possa não ser um padrão perfeito, é um padrão suficientemente elevado. Deus utiliza a lei para medir-nos. Por meio dela vemos que transgredimos. Uma vez que vejamos que transgredimos a lei, sabemos que pecamos. O pecado já estava dentro do homem; mas sem as transgressões, ele jamais teria confessado que tinha pecado. Foi somente depois de transgredir que ele confessou que realmente tinha pecado.

Quando leio a Bíblia, maravilho-me com as palavras usadas pelo apóstolo. Nesses versículos ele não utilizou a palavra pecado; em vez disso, usou a palavra transgressão por três vezes. O pecado está sempre dentro do homem, todavia enquanto não for executado, o pecado não se torna transgressão. Deve haver algo a ser transgredido antes que haja a possibilidade de transgressão. Deixe-me ilustrar. Suponha que haja uma criança que sempre suja suas roupas. Ela sempre usa as mangas para limpar o nariz e suas roupas ficam sujas rapidamente. Em seu temperamento, hábito, pensamento e consciência, ela nunca considera que sujar suas roupas seja um pecado. Tampouco seu pai considera isso como um pecado. O fato do pecado está ali, muito embora não haja desobediência. As roupas da criança estão muito sujas, mas ela não se importa nem um pouco. Sua consciência está bem, porque seu pai jamais disse que isso está errado. Ele pode estar despreocupado quanto a isso. Mesmo quando suas roupas estão muito sujas, ela ainda pode comer com o pai, sentar-se com o pai e caminhar com o pai. Tudo está bem no que se refere a ela. Em outras palavras, ela não transgrediu. Mas um dia o pai lhe diz que não pode mais sujar a roupa, e que se o fizer novamente, irá apanhar. Se a criança habitualmente faz isso, o falar do pai manifestará seus pecados. Originalmente só havia o pecado, não a desobediência. Mas uma vez que a criança desobedeça, há transgressão. Da mesma forma, somente quando existe a lei haverá a transgressão. Quando a lei diz para fazer isso ou aquilo, a transgressão será manifestada. Antes essa criança podia vir diante do pai prontamente e sem temor. Mas agora, se ela portar-se de acordo com seu hábito e fizer isso de novo, ela não terá paz interiormente e sua consciência falará.

Todos os leitores da Bíblia e todos os que entendem a vontade de Deus sabem que Deus não nos deu a lei com o intuito de que a guardássemos. A lei não era para que a guardássemos, mas para que a quebrássemos. Deus nos deu a lei para que a transgredíssemos. Para muitos de vocês essa pode ser a primeira vez que ouvem essa palavra, e podem achá-la estranha. Deus sabia o tempo todo que você tem pecado. Deus sabe disso; mas você mesmo não sabe. Por isso Deus deu-lhe a lei para transgredir, de modo que você conheça a si mesmo. Deus sabe que você não é bom, mas você acha que é. Portanto Deus deu a lei. Após transgredi-la uma, duas, diversas vezes, você dirá que pecou. A salvação não virá a você até então. Somente quando admitir que não tem jeito, que lhe é impossível prosseguir conduzindo-se desse modo, você estará disposto a receber o Senhor Jesus como seu Salvador. Somente então você estará disposto a receber a graça de Deus.

Já vimos que para receber graça é preciso que nos humilhemos. Somos pecadores e cometemos pecados. Que nos leva a humilhar-nos? É a lei. Os seres humanos são orgulhosos. Todos os seres humanos acham-se fortes e consideram-se bons. Todavia, Deus deu-nos a lei, e uma vez que olhemos para a lei, temos de humilhar-nos e confessar que na verdade não somos nada bons. Isso é o que Paulo queria falar quando disse que antes de ler na lei que não deveria cobiçar, ele não sabia o que era cobiçar. Entretanto, uma vez que viu a lei, ele percebeu que havia cobiça dentro de si (Rm 7:7-8). Isso não significa que antes de Paulo ver a lei não havia cobiça nele. Havia cobiça nele muito antes. Ele sempre cobiçara, mas não percebia que estava cobiçando. Foi somente quando a lei lhe disse isso que ele o percebeu. Portanto, a lei não nos leva a fazer nada que antes não tivéssemos feito; a lei apenas expõe o que já existe em nós. Essa é a razão de eu dizer que Deus deu a lei ao homem não para que este a cumprisse, mas para que a infringisse. Tampouco a lei proporciona ao homem uma oportunidade para transgredir; em vez disso, a lei mostra ao homem que ele transgredirá. A lei permite que o homem veja o que Deus já tinha visto.

Romanos 7 explica essa questão muito claramente. Vejamos este capítulo, começando com os versículos 7 e 8: “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado”. Sem a lei, não sinto que cobiçar seja pecado, muito embora haja cobiça dentro de mim. Portanto, a cobiça dentro em mim está morta; isto é, não tenho consciência dela. Entretanto, após vir a lei, decido não mais cobiçar. Mas eu ainda cobiço e o pecado se torna vivo. O versículo 9 diz: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri”.

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Amigos, lembrem-se de que Deus lhes deu a lei por uma única razão; para mostrar-lhes que vocês mesmos sempre estiveram cheios de pecado. Por não ver seu pecado, vocês agiam orgulhosamente. A lei veio para expô-los. Você pode dizer que não cobiça. Entretanto, se simplesmente tentar não cobiçar, qual será o resultado final? Quanto mais tentar, mais fraco você ficará e mais cobiçoso será. Você se propõe a não cobiçar, mas no momento em que se propuser a isso, você se achará cobiçando tudo. Você cobiça hoje e cobiçará amanhã; cobiça em qualquer lugar que vá. Agora o pecado está vivo, a lei está viva e você está morto. Originalmente o pecado estava morto e você estava bem, mas agora que a lei veio, você não pode deixar de cobiçar. Quanto mais tentar não cobiçar, mais cobiçoso se tornará. O problema é que o ser do homem é carnal, e por ser carnal, sua vontade é fraca, sua conduta é rebelde e seus desejos são imundos.

O versículo 10 diz: “E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. Se o homem puder verdadeiramente guardar a lei, viverá. Mas não consigo guardá-la; por isso eu morro.

O versículo 11 diz: “Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou”. Se a lei não me tivesse dito que não deveria fazer isso ou aquilo, o pecado ficaria tranqüilo em mim e não seria tão ativo em mim. Todavia, uma vez que a lei veio e me disse que não deveria cobiçar, o pecado, por meio do mandamento, veio tentar-me e pôs essa questão da cobiça na minha mente. A lei me diz que eu não deveria cobiçar, e proponho-me a não cobiçar; contudo em lugar de não cobiçar, cobiço ainda mais.

Em certa época eu senti que estava mentindo. Não mentia deliberadamente, mas às vezes, sem querer, falava exageradamente sobre alguma coisa ou falava pouco demais sobre outra. Ao perceber isso, resolvi que daquele momento em diante para mim o sim seria sim e o não seria não. Não importando com quem falasse, resolvi falar precisamente. Antes de me decidir por isso, na verdade não mentia tanto, mas após tomar a decisão, tornou-se-me tão fácil mentir. Na verdade eu estava piorando. No domingo seguinte enviei uma nota dizendo que não daria a mensagem naquele dia. Quando fui questionado do motivo, disse: “Descobri que meu falar é cheio de mentiras. Isso é muito sério. Receio que até mesmo minha mensagem será repleta de mentiras”. Quando eu não dava atenção à mentira, esta parecia estar morta. Obviamente, isso não quer dizer que não mentia. Entretanto, somente quando comecei a prestar atenção à mentira, quando fui iluminado pela lei para tratar com minhas mentiras, foi que senti que todas as minhas palavras eram mentiras. Parece que as mentiras estavam ali próximas de mim. Portanto, descobri que originalmente as mentiras estavam mortas, mas agora elas tornaram-se vivas. Para onde quer que eu me voltasse, as mentiras estavam ali. O pecado matou-me por meio da lei e fiquei desamparado.

O versículo 12 continua: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo e justo, e bom”. Nunca devemos considerar a lei má. A lei é sempre santa, justa, e boa. “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum!” (v. 13). Mas o pecado, sim. No princípio, o pecado estava morto e eu não estava ciente disso; mas, quando a lei veio testar-me, eu morri. “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa causou-me a morte; a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (v. 13). Inicialmente, não sentimos que o pecado seja tão pecaminoso. Mas quando a lei veio e tentamos guardá-la, percebemos onde estão nossos pecados e quão pecaminosos e totalmente malignos eles são.

Podemos ver a função da lei de Deus aqui. A lei é como um termômetro. Um termômetro não lhe dará febre, mas se você tiver febre, o termômetro certamente a fará conhecida. A lei não levará você a pecar, mas se você tiver pecados, a lei de Deus imediatamente mostrar-lhe-á que é um pecador. Originalmente, você não sabia que era um pecador, mas agora sabe.

A lei veio julgar o pecado do homem. A lei foi estabelecida porque o homem tem o pecado. Você jamais verá Deus guardando a lei, pois não existe a possibilidade de que Deus transgrida a lei. Por conseguinte, nenhuma lei é imposta a Ele. Deus nunca disse ao Senhor Jesus para amar o Senhor Seu Deus de todo o Seu coração, de toda a Sua alma, de toda Sua força, e de toda Sua vontade, e amar ao Seu próximo como a Si mesmo. O Senhor Jesus simplesmente não precisava disso. Ele espontaneamente ama ao Senhor Seu Deus de todo Seu coração, de toda Sua alma, de toda Sua força, e de toda Sua vontade; Ele espontaneamente ama ao Seu próximo como a Si mesmo, até mesmo mais que a Si mesmo. Portanto, a lei é inútil para Ele. E Deus não disse a Adão para não cobiçar e para não roubar. Por que Adão precisaria cobiçar? Por que Adão precisaria roubar? Deus já lhe havia dado tudo o que estava na terra. Os Dez Mandamentos não foram dados a Adão porque ele não precisava deles. Em vez disso, a lei foi dada especificamente aos israelitas, pois ela mostrava ao homem carnal sua condição interior e seu pecado interior. Se nenhum chinês jamais tivesse roubado, não haveria necessidade de um artigo na lei chinesa acerca do roubo. Porque o homem rouba, existe um artigo na lei que diz que ninguém deve roubar. Portanto, a lei existe por causa do pecado. Quando o homem pecou, a lei veio a existir.

Agora, voltemos a Gálatas 3 e continuemos com o versículo 19: “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões”. Agora temos clareza. Deus propôs antes dos tempos eternos dar graça ao homem. Mais tarde Ele deu a Abraão uma promessa. Na eternidade era apenas o Seu propósito. Com Abraão, algo foi falado: Ele lidaria com o homem na graça. Por que, então, Deus deu a lei ao homem quatrocentos e trinta anos após aquilo? Ela foi adicionada por causa das transgressões. Para que os pecados do homem se tornassem transgressões, a lei foi dada ao homem. Desse modo, o homem percebeu que tinha o pecado e esperou “até que viesse o descendente a quem se fez a promessa” (v. 19). Não foi senão até que todos no mundo vissem que eram pecadores e realmente sem esperança que ficaram desejosos de receber o Senhor Jesus

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Cristo, a quem Deus havia prometido. Mesmo que Deus tivesse dado mais cedo a Sua salvação ao homem, o homem não a teria recebido. O homem não quer a graça de Deus, mas porque tem transgressões e é sem esperança, ele provavelmente receberá a graça de Deus.

O versículo 19 finaliza assim: “E foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador”. Aqui, promulgada está se referindo à lei mencionada acima. A lei não somente foi adicionada por causa das transgressões, mas também foi promulgada por um mediador. Há esses dois aspectos na lei: ela foi adicionada por causa das transgressões e promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Por que a lei foi promulgada pela mão de um mediador? O versículo 20 explica: “Ora, o mediador não é de um”. Você já foi um intermediário ou um interventor? Um intermediário age em favor das duas partes. Por que a lei tem um mediador? Porque com a lei há o lado de Deus e o lado do homem. O homem deve fazer certas coisas para Deus antes que Ele faça certas coisas pelo homem. Quando as partes A e B fazem um contrato, o contrato estabelece o que A deve fazer e o que B fará em contrapartida, e vice-versa. Um mediador, então, servirá como uma testemunha entre as duas partes. A lei estabelece qual é a responsabilidade de Deus para com o homem e qual é a responsabilidade do homem para com Deus. Se uma das partes falha, toda a questão fracassa.

Aleluia! O que se segue no versículo 20 é maravilhoso: “Mas Deus é um”. Mas Deus é um! A lei envolve dois lados. Se um dos lados tiver problemas, tudo fracassa. Ao dar a lei, Deus disse que devemos fazer isso e aquilo. Se falharmos em fazê-las, toda a questão fracassa. Mas ao fazer a promessa, “Deus é um”, não importa como sejamos. Na promessa e na graça, não há menção do nosso lado, somente do lado de Deus. Uma vez que não haja problema do lado de Deus, não haverá problema algum. A questão hoje é se Deus pode salvar Abraão e se Ele pode preservá-lo. A questão não é como somos. Na promessa, não há nada que nos envolva, nada que dependa de como sejamos.

O princípio da lei pode ser comparado a comprar livros da nossa livraria. Se eu gastar $ 1,60, posso adquirir uma cópia de The Spiritual Man. Se eu der o dinheiro aos irmãos ali, eles me darão o livro. Se eles tiverem o livro, mas eu não tiver o dinheiro, a transação não será feita. Tampouco a transação será realizada se eu tiver o dinheiro e eles não tiverem o livro. Se um lado tem um problema, o negócio fracassa. Portanto, a lei é de dois lados. Se um lado falha, toda a questão fracassa. Mas que dizer acerca da promessa? A promessa é como nossa revista The Christian; ninguém precisa pagar por ela, pois é gratuita. A lei é: se você fizer algo por mim, eu farei algo por você em retribuição. Se fizer determinadas coisas, você obterá algo de volta; se não puder fazê-las, não obterá nada. Assim, a lei é de dois lados. Ao fazer a promessa, Deus nos concede a graça não importando se fazemos bem ou não. Isso nada tem a ver conosco; como somos não é problema. Agradecemos a Deus porque a promessa vem de um lado apenas. Um lado é suficiente.

O versículo 21 diz: “É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum!”. Os de pouco conhecimento podem dizer que a lei contradiz a graça. É correto dizer que a lei e a promessa são duas coisas completamente diferentes, mas não há nenhuma contradição; a lei é meramente o servo da promessa. É algo usado por Deus e inserido por Deus. Lei e promessa podem parecer contrárias em natureza, mas nas mãos de Deus elas não são nada contraditórias. A lei foi usada por Deus para cumprir Seu propósito. Sem a lei, a promessa de Deus não teria sido cumprida. Por favor, lembrem-se de que Deus usa a lei para cumprir esse objetivo. Portanto, a lei e a promessa em nada se contradizem. Paulo conclui desta maneira: “Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei” (v. 21). Se um homem pudesse obter justiça pela lei, ele poderia ter vida por meio da lei. Entretanto, o homem não pode fazer isso. Portanto, “a Escritura encerrou tudo sob o pecado” (v. 22a). Que foi que Deus usou para encerrar-nos a todos? Ele utilizou a lei. Quem quer que seja encerrado pela lei tem de admitir que é um pecador. Deus encerrou tudo sob o pecado “para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem” (v. 22b). Aleluia! A lei de Deus é algo que Deus usa para salvar-nos. Não é algo que Deus usa para condenar-nos. A lei é totalmente algo usado por Deus. Cada um de nós foi encerrado. Cada um de nós é um pecador. Deus utilizou a lei a fim de mostrar-nos que somos pecadores para que Ele possa salvar-nos!

O CRISTÃO E A LEI Texto Básico: Romanos 7.1-25

Texto Devocional: 1João 3.1-6Versículo-chave: Romanos 7.12“A lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”Alvo da lição:Ao estudar esta lição, você terá condições de compreender o que é lei e qual o valor e os efeitos da lei na vida do cristão.Leia a Bíblia diariamente:Seg – Sl 119.1-24Ter – Sl 119.25-48Qua – Sl 119.49-72Qui – Sl 119.73-104Sex – Sl 119.105-128

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Sáb – Sl 119.129-152Dom – Sl 119.153-176Sem dúvida, Romanos 7.1-25 é um dos textos mais complexos da epístola e, talvez, um dos mais difíceis de interpretar em todo o NT. Por isso, há tanta polêmica entre os estudiosos. A grande tensão está na dificuldade que os ouvintes de Paulo, especialmente os judeus, tinham de relacionar a lei com a fé em Jesus Cristo. O propósito desta lição é definir e explorar os principais aspectos que dizem respeito à lei e ao seu relacionamento com o cristão.

I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A LEI

No trecho em estudo, aparece 21 vezes a palavra “lei”. Tal frequência indica o tema central do trecho. Façamos algumas considerações sobre a palavra “lei” na Bíblia.

1. Que é lei?De maneira simples, tomamos “lei” como a vontade de Deus revelada aos homens em palavras, princípios, preceitos, julgamentos, atos (cf. Êx 16.28; Sl 119). Na Bíblia, geralmente está relacionada ao AT, mas não significa que o NT não apresenta normas ao crente.a. O Pentateuco – Nominado pelos judeus de “A Lei” (Torá), Pentateuco é o conjunto dos cinco primeiros livros do AT. De origem grega, Pentateuco significa “cinco volumes”. Para os judeus, ouvintes de Paulo, a Torá, designava todo o conjunto de leis da sua tradição – lei escrita e lei oral.b. O Antigo Testamento – O AT também era visto como um tipo de compêndio de toda a lei de Deus.c. Um princípio – Lei, em sentido geral, significa regra, prescrição que emana de autoridade soberana. Assim, lei também é entendida como um princípio de obediência a toda orientação de Deus. Nesse sentido o NT é lei de Deus.d. A lei de Deus – Significa todo desígnio de Deus ao homem – a Bíblia em sua constituição total (66 livros, cf. Sl 119; 2Tm 3.16).2. Três possíveis atitudes diante da leiJohn Stott, em sua obra A Mensagem de Romanos, menciona três tipos de pessoas e as atitudes que elas adotam diante da lei.a. O legalista – Observa rigorosamente a lei, mas está sob sua servidão. Uma vez que não é capaz de cumprir integralmente a lei, acaba vivendo de aparências. Pauta seu comportamento pela religiosidade hipócrita. Observa excessivamente o exterior, mas não é capaz de examinar o próprio interior. Aponta os pecados alheios, mas não enxerga os próprios erros.b. O antinomiano (ou libertino) – Detesta a lei e a lança fora. Transforma a liberdade em libertinagem. Rejeita integralmente a lei e se declara completamente livre de suas exigências. Para quem pensa assim, a lei é causadora de todos os seus problemas. Vive sem normas ou limites.c. O cristão equilibrado – Respeita, ama e obedece à lei. Ele se alegra pela libertação do regime da lei e pela liberdade que Deus dá para cumpri-la. Regozija-se pela oportunidade de observar a revelação de Deus – a Bíblia (Rm 7.12), reconhecendo que a força para cumprir tais preceitos vem do Senhor.3. Os objetivos da leia. Ser uma revelação de Deus e de Sua vontade.

b. Proporcionar bem-estar e preservação da raça humana.

c. Pôr o pecado às claras.

d. Levar os homens ao arrependimento e à confiança na graça de Deus.

e. Prover orientação para a vida do cristão.

Romanos para hoje:Das três atitudes diante da lei, mencionadas na lição: legalista; antinomiana e cristã equilibrada – em qual você se enquadra? Mesmo livre do regime da lei, você tem prazer em cumprir os preceitos de Deus?

II. A SEVERIDADE DA LEI (Rm 7.1-6)Paulo inicia a seção indagando se os seus ouvintes conheciam os limites da lei. O texto deixa claro que os ouvintes do apóstolo conheciam a lei (Rm 7.1). Para ele, “a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”(Rm 7.12). O problema estava no conceito que se dava à lei. Segundo F. F. Bruce, os ouvintes de Paulo entendiam que, devido à penosa conformidade com um código de leis, era possível adquirir mérito para salvação diante de Deus.

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1. O princípio (Rm 7.1)O princípio estabelecido é: a lei tem autoridade sobre o homem somente enquanto ele vive. A morte invalida o domínio da lei sobre o indivíduo e o desobriga dos compromissos contratuais. Com a morte, os preceitos da lei são dados como terminados. O princípio é visto de maneira universal como uma sentença legal para qualquer tipo de lei: grega; romana; judaica ou bíblica.2. A ilustração (Rm 7.2-3)Paulo explica o princípio da autoridade da lei usando a ilustração do casamento. A mulher está legalmente unida ao marido enquanto ele viver (o mesmo se aplica ao marido). O compromisso conjugal só é rompido quando uma das partes morre. As obrigações de um para com o outro são canceladas na morte. Matrimônio para toda a vida não significa para além da vida. Na ilustração, o marido morre, e a esposa fica livre para contrair novas núpcias. No tema em questão, existe uma morte que nos libera da escravidão da lei, pois pela morte de Cristo somos libertos das exigências da lei. É evidente que isso só ocorre por meio da fé em Jesus.3. A aplicação (Rm 7.4-6)Na morte de Cristo, o homem pode ser liberto do regime da lei e contrair novo relacionamento, agora com o próprio Senhor Jesus (Rm 7.4). A nova união, porém, não pode ser desfeita uma vez que Cristo ressuscitou e não mais morrerá (Rm 7.9). Então o crente pode frutificar para Deus, uma vez que morreu com Cristo. John Stott alerta para o fato de que estar emancipado da escravidão da lei não significa estar livre para fazer o que quiser. Libertação da lei não significa liberdade para pecar, e sim liberdade para servir a Deus (Rm 7.6). F. F. Bruce conclui dizendo que a morte e o pecado são resultados da associação com a lei, mas a vida e a justiça são o resultado da união com Cristo.Romanos para hoje:Você realmente é livre do regime de escravidão da lei? Você sente alegria e liberdade para servir a Deus verdadeiramente?

III. O MINISTÉRIO DA LEI (Rm 7.7-13)1. A lei é pecado?A resposta é franca e clara: “De modo nenhum!” (Rm 7.7). O apóstolo precisava ter certeza de que seus ouvintes não deturpariam seus ensinos sobre a lei. Mas se por um lado a lei não é pecado, qual a relação entre pecado e lei?a. A lei revela o pecado (Rm 7.7) – Paulo já havia escrito algo a respeito:“visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Agora ele diz: “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei”(Rm 7.7). A lei é capaz de revelar os pecados mais ocultos e conduzir o indivíduo à luz. Paulo ainda menciona o décimo mandamento: “pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Rm 7.7). Paulo dá testemunho da ação da lei em sua vida, citando o pecado da cobiça.b. A lei desperta o pecado (Rm 7.8) – Para melhor compreensão do verso, faz-se necessário observar como algumas versões traduziram Romanos 7.8.Bíblia Viva – “O pecado, no entanto, usou essa lei contra os maus desejos lembrando-me que eles estão errados, e despertando dentro de mim toda sorte de desejos proibidos! Somente se não houvesse leis para serem quebradas é que não haveria pecado”.Cartas para Hoje – “Mas o pecado em mim, encontrando no mandamento oportunidade para se manifestar, estimulou todos os meus desejos. Pois na ausência da lei o pecado não tem vida própria”.NTLH – “Porém o pecado se aproveitou dessa lei para despertar em mim todo tipo de cobiça. Porque, se não existe a lei, o pecado é uma coisa morta”.A lei não só revela o pecado como também o expõe ou o desperta. A natureza pecaminosa do homem, em contraposição à lei de Deus, o leva a fazer o que é proibido. É como se a lei funcionasse como um fio condutor que desperta a atenção do homem para o pecado e, ao perceber o pecado, ele se sente estimulado a fazer o que não deve. O que é proibido pela lei sempre parece mais prazeroso, porém, sempre será condenado por Deus e pela própria lei.

c. A lei condena o pecado (Rm 7.8-11,13) – Se não existir lei, também não existirá transgressão (Rm 7.9). Se pecado é toda forma de transgressão à lei de Deus (1Jo 3.4), ela existe justamente para condenar o pecado. O papel da lei é mostrar às pessoas que elas são pecadoras e estão destinadas a morrer. A lei revela, desperta e condena o pecado, mas Paulo deixa claro que a lei não é responsável pelos nossos pecados nem por nossa morte como não foi para ele. Nossa inclinação ao erro é que nos faz pecar, e o pecado nos conduz à morte (Rm 7.13). Por isso, a lei sempre vai exercer seu papel de condenar o pecado.2. Atributos da lei (Rm 7.12)Paulo caracteriza a lei com palavras simples, mas profundas: “a lei é santa, e o mandamento, santo, e justo, e bom”. As características da lei simplesmente refletem o caráter de Deus, sendo uma cópia de Sua perfeição. Isso mostra que o problema não está na lei, e sim em nós. A lei sempre exerceu seu papel perfeito como perfeito é Deus.

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Romanos para hoje:A lei de Deus funciona como alerta contra o pecado. Você tem observado atentamente esse alerta? A lei tem lhe conduzido a viver longe do pecado?

IV. A LEI E A CARNE (Rm 7.14-25)O problema nunca esteve na lei, mas no homem que é frágil e pecador. O ser humano não é capaz de cumprir integralmente os preceitos da lei e se vê em constante conflito. Exemplo dessa situação encontramos na vida do apóstolo Paulo.

1. Os conflitos de Paulo (Rm 7.14-23)Paulo sentiu na pele os conflitos gerados pelo conhecimento da lei, que o direcionava à vontade de Deus, ao mesmo tempo em que era assediado pelo pecado, que tentava conduzi-lo à morte. Há conflitos entre o que é espiritual e o que é carnal (Rm 7.14), e entre o saber e o fazer (Rm 7.15.23). Os constantes conflitos do apóstolo remetem aos três tempos da santificação: somos libertos da culpa do pecado na justificação em Cristo; estamos sendo libertos do poder do pecado pela ação do Espírito Santo e seremos libertos da presença do pecado no encontro com Deus Pai (glorificação).2. O desespero de Paulo (Rm 7.24)O grito ecoado de Paulo não é um pedido de socorro de alguém que está completamente perdido nem um apelo sem convicções a respeito de sua salvação, mas um desabafo, em forma de pergunta retórica, de um servo que está fragilizado pelas lutas e anseia pela libertação do pecado.3. A única saída (Rm 7.25)Paulo lamenta ser influenciado pelo pecado e fazer algo que não deseja, ansiando pela libertação plena da escravidão do pecado. Ele exalta a Deus por meio do Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador.Romanos para hoje:Convivemos diariamente com os mesmos conflitos retratados por Paulo. Diante de tal fato, mesmo em conflitos, você tem convicção de sua salvação em Cristo? Tem conseguido enfrentar e vencer as lutas geradas pelo que é espiritual e o que é carnal, e entre o saber e o fazer?ConclusãoVimos nesta lição que alguns homens de Deus (da nação de Israel) consideravam a lei uma salvaguarda contra o pecado. Por isso, usando a própria experiência, o apóstolo Paulo ensinou que a lei de Deus propriamente dita não tem nenhuma falha (Rm 7.12), mas que a religião exercida sob o domínio de códigos de leis não possibilita mérito diante de Deus. A salvação, bem como a luta contra o pecado e a prática dos preceitos de Deus, deve ser entendida a partir da fé na obra redentora do Senhor Jesus Cristo.

Autor da lição: Pr. Dionatan Cardoso>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Carta aos Romanos”. Usado com permissão.A Lei e a GraçaI - INTRODUÇÃO

O tema da Lei divina em confronto com o da Graça está sendo debatido atualmente em muitos fóruns evangélicos. O assunto é tratado também em muitas matérias teológicas. Todavia, é muito estranho haver quem procure estabelecer contradição nas declarações bíblicas, onde realmente não existe. Não há contradição alguma entre LEI e GRAÇA. Equivocadamente muitas correntes religiosas têm defendido a idéia de duas épocas distintas:

a) Dispensação da Lei – Antigo Testamento;

b) Dispensação da Graça – Novo Testamento.

Muitos bondosos e sinceros cristãos desprezam a Lei de Deus, proclamando que, com a vinda de Cristo, Ele “ab-rogou” a Lei e estabeleceu a Graça. Em outras palavras afirmam que a Graça veio anular a Lei, tornando-a sem nenhum efeito. Esta crença originou-se da leitura do seguinte texto bíblico:

“Porque a Lei foi dada por Moisés; a Graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” João 1:17

Com base neste texto, muitos sinceros cristãos proclamam que a Graça veio a partir de Jesus e, portanto, ninguém mais deve obediência à Lei. Está correto este ensinamento?

É ensino óbvio das Sagradas Escrituras que a salvação dos homens é pela Graça, por meio da fé:

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“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.” Efésios 2:8.

Cabe-nos fazer uma pergunta: Se a Graça existiu apenas de Jesus para cá, conforme é o entendimento de muitos segmentos religiosos, como foram salvos os patriarcas, profetas e demais crentes do Antigo Testamento que aguardavam a primeira vinda do Messias? Certamente, se a Graça não existiu antes de Jesus, todas essas pessoas estariam perdidas. Esta pergunta se faz necessária porque, se a Graça se manifesta através a fé em Jesus, e como Jesus só veio no Novo Testamento, será então que esses homens de Deus foram salvos pelas suas obras? Se assim é, como será no futuro Reino? Haverá duas classes de santos? Os que se salvaram pelas obras (Antigo Testamento) e os que se salvaram pela Graça (Novo Testamento)? Um grupo salvo pelos seus próprios méritos e esforços (Lei) e outro grupo salvo pelos méritos de Cristo (Graça)?

Tratando-se de um momentoso assunto, de vastas e eternas conseqüências, procuraremos estudá-lo, não à luz débil e crepuscular das interpretações humanas, mas à luz fulgurante dos claros e santos ensinos da Palavra de Deus.

II – DEFINIÇÕES DE LEI E GRAÇA

Algumas definições para a Lei e Graça nos ajudarão a compreender que não existe nenhuma contradição entre estas duas verdades bíblicas:

O QUE É LEI?

a) É o padrão divino pelo qual devemos pautar o nosso procedimento. É a medida pela qual podemos dizer se temos faltado quanto às exigências de Deus.

b) A Lei dos dez mandamentos é a expressão do caráter e da vontade de Deus em termos humanos.

O QUE É GRAÇA?

a) Favor imerecido ou dádiva a que se não faz jus.

b) É a fonte de nossa salvação.

c) Aceitação do homem por parte de Deus.

Pode alguém declarar: Se a salvação é independente da Lei, então a Lei é inútil. Paulo solucionou esta dúvida dizendo que a função da Lei não é livrar o ser humano do pecado, mas revelar o pecado:

“Porque eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: Não cobiçarás.” Romanos 7:7.

III – A GRAÇA ANTECEDE O ADVENTO DE JESUS

De acordo com o ensinamento da Palavra de Deus, a Graça antecede o advento de Jesus:

“Que nos salvou, e nos chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e Graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.” II Timóteo 1:9.

A Graça é uma verdade reiterada pelos apóstolos, e Paulo consolida o assunto de maneira clara e definida, afirmando categoricamente que a Graça é estendida a todos os homens em sentido genérico, e em todos os tempos, antes e depois de Cristo, com estas palavras:

“Porque a Graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.” Tito 2:11.

Assim, não se pode acreditar na pregação de que a Graça só veio depois de Jesus, baseando-se em um versículo isolado.

Antes mesmo da queda do homem, Deus já havia implantado a Graça para salvação do homem, providenciando o Cordeiro “que foi morto desde a fundação do mundo”. Apocalipse 13:8.

O Messias, em Sua primeira vinda, foi identificado como sendo o “Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo” (João 1:29).

A primeira revelação escrita da promessa de um Salvador encontra-se em Gênesis 3:15:

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“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3:15.

A partir daí a morte de cada cordeirinho apontava para o sacrifício expiatório de nosso amado Senhor Jesus e os homens passaram a esperá-Lo pela fé. Portanto, desde o início da humanidade, precisamente com o primeiro casal, teve começo a operação da Graça. Os que morreram antes de Cristo, foram salvos pela fé no Salvador que havia de vir.

Em Hebreus 11 encontramos a galeria dos salvos pela Graça (fé). Sim, porque a Graça é manifestada quando o homem exerce fé no sacrifício de Jesus:

“Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé...” Efésios 2:8.

No Reino eternal só haverá uma classe de remidos, que é a dos salvos pela Graça, mediante sua fé no sacrifício expiatório de Jesus. Este é o verdadeiro ensinamento bíblico. Eis a prova:

“E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e abrir os seus selos; porque foste morto, e com Teu sangue compraste para Deus, homens de toda a tribo, e língua e povo e nação.” Apocalipse 5:9.

IV – POR QUE EXISTE A GRAÇA?

A Graça existe por causa do pecado. Para haver Graça é mister que exista pecado, caso contrário a Graça seria desnecessária. Como sabemos que existe pecado? O apóstolo Paulo responde:

“ ...mas o pecado não é imputado, não havendo lei.” Romanos 5:13.

“Porque onde não há lei também não há pecado.” Romanos 4:15.

Com base nestas declarações do apóstolo Paulo, podemos afirmar que, se não houvesse uma lei que apontasse, mostrasse e revelasse o pecado, este não existiria.

V – CONCLUSÃO

Efetivamente a Lei e a Graça estão irmanadas, caminhando juntas. A Lei revelando o pecado na vida do homem, e a Graça trazendo o remédio para este pecado.

A Palavra de Deus menciona que os remidos entoarão o cântico de Moisés e do Cordeiro (Apocalipse 15:3).

Por que o cântico de Moisés? Porque ao profeta Moisés Deus entregou a Lei, escritas em duas tábuas de pedra, contendo os Dez Mandamentos.

E por que o cântico do Cordeiro? Porque a Graça é manifestada quando o homem exerce fé no sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus.

Assim, até neste detalhe Lei e Graça estão juntas. Lembre-se do seguinte texto:

“Porque a Lei foi dada por Moisés; a Graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” João 1:17

Agradeçamos a Deus pela Graça que nos foi outorgada, mas vivamos de maneira que a Lei em nada nos acuse.

Lei e pecado. “[…] porque o pecado é a transgressão da lei.” (1 Jo 3:4).

2010/07/29 por Paulo R. C. Mendonça

Lições da Bíblia.

“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não

guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele,

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verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele,

esse deve também andar assim como ele andou.” (1 Jo 2:3-6).

“Se […] a lei de Deus foi abolida, por que mentir, matar e roubar ainda são pecados? Se a lei de Deus tivesse sido mudada, a

definição de pecado também deveria ser mudada. Ou se a lei de Deus tivesse perdido o valor, o pecado também deveria ter

desaparecido.”

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.” (1 Jo 3:4).

“visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do

pecado.” (Rm 3:20).

“Frequentemente, ouvimos que a cruz anulou a lei. Isso é um tanto irônico, porque a cruz mostra exatamente que a lei não pode

ser anulada nem mudada. Se Deus não revogou nem mudou a lei antes de Cristo morrer na cruz, por que faria isso depois? Por

que não Se livrar da lei assim que a humanidade pecasse e, dessa forma, poupar a humanidade da punição provocada pela

violação da lei? Assim, Jesus nunca teria precisado morrer. A morte de Jesus mostra que, se a lei pudesse ter sido mudada ou

revogada, isso teria sido feito antes, não depois da cruz. Assim, nada mostra mais a validade contínua da lei que a morte de

Jesus, ocorrida justamente porque a lei não pode ser mudada. Se a lei pudesse ter sido mudada para nos ajudar em nossa

condição caída, não teria sido uma solução melhor para o problema de pecado do que Jesus ter que morrer?”

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos

purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em

nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se

dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (1 Jo 1:7-10).

O Homem e o Pecado

John Piper18 de Abril de 2013 - Salvação

A desobediência fatal de Adão e a obediência triunfante de Cristo

"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a

todos os homens, porque todos pecaram. "Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em

conta quando não há lei. "Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram, à

semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir. "Todavia, não é assim o dom gratuito como a

ofensa, porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem,

Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos. "O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o

julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. "Se,

pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça

reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os

homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que

dá vida. "Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da

obediência de um só, muitos se tornarão justos. "Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa, mas, onde abundou o pecado,

superabundou a graça, "a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida

eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor." (Romanos 5.12–21)

Jesus é supremo

Page 31: A Força Do Pecado

Jesus Cristo é a pessoa mais importante no universo - não mais importante que Deus, o Pai, ou Deus, o Espírito. Com eles, Cristo

é igual em dignidade, perfeição, sabedoria, justiça, amor e poder. Mas ele é mais importante que todas as outras pessoas -

sejam anjos ou demônios; reis ou comandantes; cientistas ou artistas; filósofos ou atletas; músicos ou atores - aqueles que

vivem agora ou que sempre viveram ou viverão continuamente. Jesus Cristo é supremo.

Todas as coisas são para Jesus - até mesmo o mal

Tudo o que existe - incluindo o mal - é ordenado por um Deus infinitamente santo e totalmente sábio para fazer a glória de

Cristo brilhar com mais esplendor. O texto de Provérbios 16.4 diz: "O Senhor fez todas as coisas para determinados fins, até o

perverso para o dia da calamidade". Deus faz isso a seu próprio modo misterioso que preserva a responsabilidade do perverso e

a impecabilidade de seu próprio coração. As coisas foram feitas por meio de Cristo e "para"Cristo (Colossenses 1.16). E isso

inclui, Paulo afirma os "tronos, soberanias, principados e potestades", que foram derrotados por Cristo na cruz. Eles foram feitos

"para o dia da calamidade". E, naquele dia, o poder, a justiça, a ira e o amor de Cristo foram manifestos. Mais cedo ou mais

tarde, toda rebelião contra Cristo resulta em ruína.

O Deus que está presente

Tenho a convicção de que o cristianismo não é meramente um conjunto de ideias, práticas e sentimentos designados para nosso

bem-estar psicológico - seja ele designado por Deus ou pelo homem. Isso não é Cristianismo. Ele começa com a convicção de

que Deus é uma realidade objetiva fora de nós mesmos. Não o tornamos o que ele é por pensar de certa forma com respeito a

ele. Conforme Francis Schaefer disse: "O Deus Presente". Não o criamos. Ele é quem nos cria. Não decidimos como ele será. Ele

decide que seremos. Deus criou o universo e o universo tem o propósito que Deus concede a ele, não o propósito que nós

conferimos a ele. Se lhe dermos um propósito diferente do divino, somos insensatos. E nossas vidas serão trágicas no fim.

Cristianismo não é um jogo; não é uma terapia. Todas as suas doutrinas fluem do que Deus é e do que ele faz na história. Elas

correspondem aos fatos rigorosos. O cristianismo é mais que fatos. Há a fé, a esperança e o amor. Mas eles não flutuam no ar;

crescem como grandes cedros na rocha da verdade de Deus.

Estou profundamente convencido pela Bíblia que nossa alegria, força e santidade eternas dependem da solidez dessa visão de

mundo que é colocar fibra forte na espinha dorsal de sua fé. Tímidas visões de mundo produzem cristãos tímidos. E cristãos

tímidos não sobreviverão aos dias à frente. Emocionalismo sem raiz que trata o cristianismo como uma opção terapêutica será

eliminado nos Últimos Dias. Aqueles que permanecerão firmes serão os que construíram suas casas sobre a rocha da grande

verdade objetiva com Jesus Cristo como a origem, o centro, e o propósito de tudo isso.

A glória de Jesus planejada no pecado de Adão

Nosso foco é no pecado extraordinário do primeiro homem, Adão, e como esse pecado preparou o cenário mais extraordinário:

a contra inserção de Jesus Cristo. Vamos voltar para Romanos 5.12-21.

Quero focar na glória de Cristo como o principal propósito que Deus teve em mente quando planejou e permitiu o pecado de

Adão e com ele a queda de toda a humanidade no pecado. A Palavra diz: "Seja o que Deus permitir, ele o faz por uma razão". E

suas razões são sempre infinitamente sábias e propositais. Ele não tinha obrigação de permitir que a Queda ocorresse. Ele

poderia tê-la impedido, assim como teria evitado a queda de Satanás. O fato de que Deus não a impediu significa que ele tem

uma razão, um propósito para ela. E ele não faz seus planos enquanto acontece alguma atividade. Ele sabe o que é sábio,

sempre sabe o que é sábio. Portanto, o pecado de Adão e a queda da raça humana com ele no pecado e miséria não

encontraram Deus desprevenido e é parte de seu plano abrangente para manifestar a plenitude da glória de Jesus Cristo.

Page 32: A Força Do Pecado

Uma das formas mais claras de demonstrar isso na Bíblia - e não vamos entrar em detalhes sobre esse assunto aqui - é examinar

aquelas passagens onde o sacrifício de Cristo que vence o pecado é exposto como estando na mente de Deus antes da criação

do mundo. Por exemplo, em Apocalipse 13.8, João escreve sobre "aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do

Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Assim, havia um livro antes da fundação do mundo chamado"O Livro da

Vida do Cordeiro que foi morto. Antes que o mundo fosse criado, Deus já havia planejado que seu Filho seria morto como um

cordeiro para salvar todos aqueles que estão escritos no livro. Poderíamos examinar muitos outros textos como estes (Ef 1.4-5;

2Tm 1.9; Tt 1.1-2; 1Pd 1.20) para perceber a visão bíblica de que os sofrimentos e a morte de Cristo pelo pecado não são

planejados depois do pecado de Adão, mas antes. Portanto, quando o pecado de Adão acontece, Deus não é surpreendido por

ele, mas já o tornou parte de seu plano, o plano de manifestar sua paciência, graça, justiça e ira maravilhosas na história da

redenção, e, então, em um clímax, revelar a magnificência de seu Filho como o segundo Adão, superior por todos os modos ao

primeiro Adão.

Assim, examinamos Romanos 5.12-21 desta vez tendo em mente que o pecado extraordinário de Adão não frustrou os

propósitos de Deus de exaltar a Cristo, mas, pelo contrário, os serviu. Aqui está o modo como examinaremos esses versículos.

Há cinco referências explícitas a Cristo. Uma delas estabelece o modo como Paulo pensa no que se refere a Cristo e Adão. E o

restante mostra como Cristo é superior a Adão. Dois desses versículos são tão similares que os uniremos. Significa que

examinaremos três aspectos da superioridade de Cristo.

Jesus, "aquele que vem"

Assim, vamos examinar a forma como Cristo é referido no versículo 14 e vamos ler os versículos 12 e 13 para o contexto:

"12"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte

passou a todos os homens, porque todos pecaram."13" Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não

é levado em conta quando não há lei."14"Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não

pecaram, à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir". Há a referência a Cristo: "Aquele

que havia de vir".

O versículo 14 apresenta o modo como Paulo reflete o restante da passagem. Adão é chamado um "tipo" daquele que viria, isto

é, um tipo de Cristo. Note o fato mais óbvio primeiramente: Cristo "viria". Desde o princípio, Cristo era "aquele que viria". Paulo

mostra que Cristo não é uma ideia tardia. Paulo não diz que Cristo foi concebido como uma cópia de Adão. Ele afirma que Adão

foi um tipo de Cristo. Deus tratou Adão de uma maneira que faria dele um tipo da forma que ele planejou para glorificar seu

Filho. Um tipo é uma prefiguração de algo que viria mais tarde e seria semelhante ao tipo - somente superior. Por conseguinte,

Deus tratou com Adão de uma maneira que o faria um tipo de Cristo.

Agora, observe com mais rigor, exatamente onde, na fluência de seu pensamento, Paulo decide dizer que Adão é um tipo de

Cristo. O versículo 14: "Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram, à

semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir". Ele decide nos dizer que Adão é um tipo de

Cristo no momento após afirmar que as pessoas que não pecaram como Adão o fez ainda sofrem a punição que Adão sofreu.

Por que Paulo, justamente nesse ponto, declara que Adão foi um tipo de Cristo?

Jesus, nosso representante.

O argumento de Paulo demonstra a essência de como Cristo e Adão são semelhantes e diferentes. Eis o paralelo: as pessoas

cujas transgressões não foram iguais as de Adão morreram como Adão. Por quê? Porque estavam ligados a Adão. Ele foi o

representante da humanidade e seu pecado é considerado deles devido à conexão deles com Adão. Essa é a essência do porquê

Page 33: A Força Do Pecado

Adão é chamado um tipo de Cristo - pois nossa obediência não é igual à obediência de Cristo e, contudo, temos vida eterna com

Cristo. Por quê? Porque somos unidos a Cristo pela fé. Ele é o representante da nova humanidade e sua justiça é considerada

nossa justiça pela nossa união com ele (Confira Romanos 6.5).

Há um paralelo inferido em chamar Adão de um tipo de Cristo:

Adão > pecado de Adão > humanidade condenada nele > morte eterna

Cristo > justiça de Cristo > nova humanidade justificada nele > vida eterna

O restante da passagem revela o quanto Cristo e sua obra redentora são superiores a Adão e sua obra destrutiva. Tenha em

mente o que disse no princípio. O que vemos aqui é a revelação das realidades que definem o mundo onde toda pessoa neste

planeta vive. Todos neste planeta estão inclusos no texto porque Adão foi o pai de todos. Portanto, toda pessoa que você

encontrar na América ou em qualquer país de qualquer etnia se defronta com o que esse texto fala. Morte em Adão ou vida em

Cristo. É um texto universal. Não perca isso de vista. Ele é a realidade definidora para cada pessoa que você sempre encontrará.

Tímidas visões de mundo produzem cristãos tímidos. Essa não é uma visão de mundo tímida. Ela se estende por toda a história e

por toda a terra. Ela influencia cada pessoa no mundo e a cada manchete na internet.

A celebração da superioridade de Jesus

Vamos agora examinar três modos como Paulo celebra a superioridade de Cristo e a obra dele sobre Adão e sua obra. Eles

podem ser resumidos sob três frases: 1) a abundância da graça, 2) a perfeição da obediência, e 3) o reino da vida.

1) A abundância da graça

Primeiro, o versículo 15 e a abundância da graça. "Todavia, não é assim o dom gratuito [a saber, o dom gratuito da justiça v. 17]

como a ofensa, porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só

homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos". O ponto aqui é que a graça de Deus é mais poderosa que a ofensa de

Adão. É isso que as palavras "muito mais" significam: "muito mais a graça de Deus… foram abundantes sobre muitos". Se a

ofensa do homem trouxe morte, muito mais a graça de Deus trará vida.

Mas Paulo é mais específico que isso. A graça de Deus é especificamente "a graça de um só homem, Jesus Cristo". "Muito mais a

graça de Deus e o dom "pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos". Essas graças não são duas

graças diferentes. "A graça de um só homem, Jesus Cristo" é a encarnação da graça de Deus. Essa é a forma com a qual Paulo

fala sobre ela, por exemplo em Tito 2.11: "A graça de Deus se manifestou [a saber em Jesus] salvadora...". E em

2 Timóteo 1.9: "Sua própria... graça, que nos foi dada em Cristo Jesus". Por conseguinte, a graça que está em Jesus é a graça de

Deus.

Essa graça é a soberana graça. Ela conquista tudo em seu caminho. Veremos em um momento que ela tem o poder do rei do

universo. É a graça imperial. Essa é a primeira celebração da superioridade de Cristo sobre Adão. Quando a ofensa de um só

homem, Adão, e a graça de um só homem, Jesus Cristo, se encontram, Adão e a ofensa perdem. Cristo e a graça vencem. São as

boas-novas para aqueles que pertencem a Cristo.

2) A perfeição da obediência

Segundo, Paulo celebra a forma pela qual a graça de Cristo vence a ofensa de Adão e a morte, a saber, a perfeição da obediência

de Cristo. O versículo 19: "Porque, como, pela desobediência [a saber, de Adão] de um só homem, muitos se tornaram

pecadores, assim também, por meio da obediência [isto é, a de Cristo] de um só, muitos se tornarão justos". Assim, a graça de

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um só homem, Jesus Cristo, o impede de pecar - ela o mantém obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.8) - de modo que

ele oferece uma obediência perfeita e completa ao Pai em nome daqueles que estão unidos com ele pela fé. Adão fracassou em

sua obediência. Cristo procedeu perfeitamente. Adão foi a fonte de pecado e morte. Cristo foi a fonte de obediência e vida.

Cristo é como Adão, que foi um tipo de Cristo - ambos são representantes de uma velha e uma nova humanidade. Deus imputa

o fracasso de Adão à sua humanidade e o sucesso de Cristo à sua humanidade, devido a como essas duas humanidades estão

unidas às suas respectivas cabeças. A sublime superioridade de Cristo é que ele não é apenas bem-sucedido em obedecer

perfeitamente, mas o faz de tal forma que milhões de pessoas são consideradas justas pela sua obediência. Você está unido

somente a Adão? Você está unido à parte da primeira humanidade destinada à morte? Ou você também está unido a Cristo e à

parte da nova humanidade destinada à vida eterna?

3) O reino da vida

Terceiro, Paulo celebra não apenas a graça abundante de Cristo e a obediência perfeita de Cristo, mas finalmente, o reino da

vida. A graça conduz à obediência de Cristo rumo ao triunfo da vida eterna. O versículo 21: "A fim de que, como o pecado reinou

pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor". A graça reina

por meio da justiça (isto é, mediante a justiça perfeita de Cristo) para o grande clímax da vida eterna - e tudo isso é "mediante

Jesus Cristo, nosso Senhor".

Ou, uma vez mais no versículo 17, a mesma mensagem: "Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais

os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo". O mesmo

padrão: graça por meio do dom gratuito de justiça conduz ao triunfo da vida e tudo isso acontece mediante Jesus Cristo.

Mencionei anteriormente que a graça de Deus em Cristo, a que Paulo faz alusão nesses versículos, é a soberana graça. Eis o

termo onde se percebe esse fato, a saber, na palavra "reinar. A morte tem um tipo de soberania sobre o homem e reina sobre

tudo. Todos morrem. Mas a graça vence o pecado e a morte. Ela reina em vida mesmo sobre aqueles que outrora estavam

mortos. É graça soberana.

A obediência extraordinária de Jesus

Esta é a grande glória de Cristo - ele ultrapassa imensamente em excelência o primeiro Adão. O pecado extraordinário de Adão

não é tão maior quanto a graça e a obediência extraordinárias de Cristo e o dom da vida eterna. De fato, o plano de Deus, desde

o princípio, em sua justiça perfeita, foi que Adão, como o representante da humanidade, seria um tipo de Cristo como o

representante de uma nova humanidade. Seu plano foi por comparação e contraste que a glória de Cristo brilharia com mais

esplendor.

O versículo 17 expressa o assunto para você de uma forma muito pessoal e muito urgente. Onde você se situa? "Se, pela ofensa

de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem "a abundância da graça e o dom da justiça "reinarão

em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo". Note as palavras muito cuidadosamente e pessoalmente: "Os que recebem a

abundância da graça e o dom da justiça".

Palavras preciosas para pecadores

Estas são palavras preciosas para pecadores: a graça é gratuita, o dom é gratuito, a justiça de Cristo é gratuita. Vocês receberão

tudo isso como a esperança e o tesouro de suas vidas? Se receberem, vocês "reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus

Cristo". Recebam isso agora. Testemunhem isso no batismo. E tornem-se uma parte viva do povo de Cristo.