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Jéssica de Oliveira Silva
ORIENTADOR: Vinicius Calegari
Niterói
2016
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ABSENTEÍSMO FEMININO E QUESTÕES DE GÊNERO: UMA
ANÁLISE ACERCA DAS CAUSAS DE AFASTAMENTO DO
PÚBLICO FEMININO
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
ABSENTEÍSMO FEMININO E QUESTÕES DE GÊNERO:
UMA ANÁLISE ACERCA DAS CAUSAS DE
AFASTAMENTO DO PÚBLICO FEMININO
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de
Recursos Humanos
Por: Jéssica de Oliveira Silva
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que por meio de minha
conversão diária me concede a Graça da
continuidade com os estudos mesmo diante de
tantas dificuldades e que faz o impossível se tornar
possível em minha vida.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha querida
família e à minha Mãe do Céu Nossa Senhora,
que me fez conhecer seu filho Jesus Cristo Meu
Salvador e meu Amor Maior.
RESUMO
Este trabalho dedica-se a um breve relato acerca do absenteísmo
feminino, passando por suas principais causas e particularidades. As leituras
acerca da temática das diferenças entre os gêneros norteiam o referencial
teórico, onde é mostrado o princípio da desigualdade entre homens e
mulheres.
A pesquisa de campo, ao fim do trabalho ratifica as hipóteses da
interferência da sobrecarga que as mulheres sofrem com as múltiplas tarefas
que assumem, o que irá trazer impactos negativos em relação a sua
produtividade assiduidade na Organização.
Palavras chave: Mulher, trabalho, absenteísmo, desigualdade de
gênero
METODOLOGIA
Realizaremos nossa pesquisa, primeiramente analisando os
principais autores que discutem relações de gênero, voltando à história e
analisando as relações entre homens e mulheres em uma sociedade patriarcal.
Posteriormente, a pesquisa bibliográfica será em torno da entrada da mulher no
mercado de trabalho, como se iniciou, onde eram os primeiros postos de
trabalho ocupados por elas e como estes postos se modificaram e ampliaram
ao longo do tempo.
Após obtermos um retrato de nossa realidade atual, a pesquisa será
em torno do absenteísmo do público feminino, através de dados coletados na
rede acerca dos principais índices para ao final realizarmos a correlação destes
dados com os da pesquisa feita no ambiente coorporativo estudado.
Para averiguar os índices de absenteísmo do público alvo estudado,
será realizada pesquisa com os dados dos últimos 3 meses, verificando quais
foram os motivos dos afastamentos apresentados.Posteriormente, serão
selecionadas 5 mulheres para preenchimento de questionário interativo, onde
poderão relatar se o ambiente de trabalho é saudável, se o mesmo contribui
para que as mesmas tenham a necessidade de se afastar periodicamente e se
problemas no âmbito privado influenciam em sua produtividade e assiduidade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 10
1.1 Primeiras experiências e conquistas das mulheres no mercado de trabalho 10
1.2. Os velhos e novos sofrimentos femininos 11
2. ABSENTEÍSMO E SUAS CARACTERÍSTICAS 15
2.1 Absenteísmo feminino 20
3. DADOS SOBRE O ABSENTEÍSMO FEMININO ENTRE MULHERES DA
EMPRESA XYZ AEROPORTOS 21
3.2 Perfil do público feminino da organização 21
3.3 Considerações acerca dos gráficos 28
3.4 Pesquisa relacionada aos índices de absenteísmo no público feminino 30
3.5 Pesquisa aplicada a respeito dos motivos dos adoecimentos por motivos
psiquiátricos 33
3.6 Pesquisa aplicada a respeito dos motivos dos adoecimentos 35
4. CONCLUSÃO 37
5. BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
INTRODUÇÃO
O que prefere uma mulher: Trabalhar fora ou se dedicar ao lar e aos
cuidados com os filhos? Um questionamento desse tipo pode ter respostas
bem diferentes a depender do momento histórico onde essa mulher está
inserida. Para uma mulher jovem do século XXI chega a ser um verdadeiro
drama, pois em determinado momento de sua vida este dilema chegará e, na
maioria dos casos, esta mulher pode vir a descobrir que na realidade não há o
que preferir pois a mulher moderna é obrigada a assumir ambos papéis, de
mãe e trabalhadora, sendo este fato é visto como algo natural pela sociedade.
A mulher moderna, diferente das outras gerações, assume a
chamada dupla jornada, ou seja, consegue cuidar da casa e dos filhos, e ainda
tem uma carreira profissional, ou seja, também está inserida no mercado de
trabalho. Ao contrário de suas avós, a mulher do século XXI é dinâmica,
qualificada, tem os estudos avançados, cursou uma faculdade, ou até mesmo
pós-graduação e mestrado, fala algum idioma e está sempre pronta a competir
com outro homem no mercado de trabalho, apesar de saber que na prática, os
tratamentos não são tão igualitários quanto deveriam.
Se voltarmos à história, verificamos que nem sempre foi assim.
Nossas gerações antepassadas tinha uma clara divisão dos papéis entre os
sexos. Na década de 1950 as mulheres brasileiras ocupavam apenas 10% dos
postos de trabalho, os homens costumavam ser arrimos de família e as
mulheres trabalhavam na maioria das vezes por situações adversas como
viuvez. As atividades desenvolvidas se limitavam às tipicamente domésticas
como corte e costura, lavagem de roupas, entre outras.
Com o passar do tempo este quadro foi se modificando e atualmente
as mulheres ocupam grande parte da massa trabalhadora da população e no
quesito escolaridade recebem tratamento igualitário no acesso á cursos e
universidades, porém não é em todos os campos que há igualdade entre os
sexos.
Quando voltamos ao assunto iniciado no primeiro parágrafo, ou seja,
a dupla, ou até mesmo tripla jornada é vista como algo natural entre as
mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2011,
as mulheres dedicam 27,7 horas com trabalhos domésticos, enquanto os
homens dedicam menos da metade, 11,2 horas.
Considerando esses elementos podemos partir da hipótese que o
absenteísmo do público feminino de uma Empresa tem particularidades, já que
a questão do trabalho é encarada de forma diferenciada entre homens e
mulheres. O objetivo deste trabalho, portanto será adentrar nestas
particularidades, realizando pesquisa de campo na Empresa de nome fictício
XYZ Aeroportos e ao final realizando uma conclusão acerca da relação entre o
universo trabalhado e os dados feitos em pesquisa bibliográfica.
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MULHER NO MERCADO
DE TRABALHO
1. Primeiras experiências e conquistas das mulheres no
mercado de trabalho
No período das duas Grandes Guerras Mundiais (1914 – 1918 e
1939 – 1945) iniciou-se a necessidade da entrada da mulher no mercado de
trabalho, já que enquanto os homens assumiram os campos de batalha muitas
mulheres tiveram que assumir os negócios da família. Este movimento também
se perdurou no pós-guerra, visto que muitas mulheres ficaram viúvas e muitos
sobreviventes retornaram mutilados e sem condições de trabalhar.
No século XIX observamos um grande avanço tecnológico que
culminou em diversas mudanças na organização do trabalho. Com este fator
iniciou-se a necessidade da inserção das mulheres no trabalho das fábricas,
um trabalho pesado e com jornadas intensas, que duravam entre 14 e 18 horas
diárias.
Na Constituição de 1932 observamos as primeiras leis de proteção à
mulher no trabalho, proibindo o trabalho noturno nas fábricas (das 22h:00min
ás 05h:00min), o trabalho das mulheres em período gestacional e ainda a
demissão das mulheres gestantes pelo simples fato de se estar grávida. Ainda
assim, havia muita exploração no interior das fábricas.
Na atualidade podemos verificar vários avanços, ainda assim dados
demonstram que as mulheres ainda sofrem discriminação em relação à carreira
profissional. No quesito da formalização mercado de trabalho, pesquisas do
IBGE mostram que no ano de 2000 os homens ocupavam 50% do mercado
formal de trabalho, já em 2010 esse número subiu para 59.2%. No caso das
mulheres esse número subiu de 51.3% em 2000, para 57.9% em 2010.
Em relação aos rendimentos, pesquisas mostram que em nenhum
setor mulheres percebem menor remuneração que os homens:
“(...) o rendimento feminino não se iguala ao masculino em
nenhuma das áreas gerais. Isso se mantém mesmo quando a
proporção de mulheres se torna equivalente à dos homens, em
áreas como Ciências Sociais, Negócios e Direito, em que as
trabalhadoras es recebiam apenas 66,3% do rendimento dos
homens. As maiores diferenças salariais entre os dois gêneros
estão principalmente nos setores de serviços (no qual mulheres
recebem 53,2% do rendimento médio dos homens), saúde e
bem-estar social (na qual o percentual é de 55,6%), além de
agricultura e veterinária (cuja razão é de 62,5). ”
1.1 Os velhos e novos sofrimentos femininos
No início do século XIX, as mulheres viviam em condições bem
diversas da atualidade. A Igreja Católica, que há época era uma das mais
poderosas instituições, juntamente a ciência, acreditavam que a mulher tinha
uma condição natural de inferioridade e deveriam ficar restritas somente à
função de procriação e afazeres domésticos. Desse modo, o homem
representava Cristo no lar, e a mulher tinha a essência transgressora de Eva,
devendo, portanto, ser controlada.
Devido ao peso da sexualidade que as mulheres carregavam desde
que nasciam, a tradição da época determinava que elas ficassem recolhidas,
saindo de casa apenas na companhia dos maridos. O matrimônio era um meio
de ascensão social, portanto era comum meninas com idade de 12 a 14 anos
se casarem com homens que eram escolhidos por seus pais, devido critérios
financeiros e políticos.
A adolescência era quase desconhecida para as brasileiras que
passavam da infância para a maternidade. Os viajantes diziam
que o clima tropical agia como uma estufa para as brasileiras
que amadureciam rapidamente e envelheciam também muito
rápido. A idade dos pares das mocinhas brancas muitas vezes
contrastava com a idade de seus esposos. A distância às vezes
era tanta que as esposas pareciam filhas e os pequenos, netos
do marido. (SANTOS, R.C., SACRAMENTO, S.M.P, p. 6)
Em relação à educação, o tratamento dado à meninos e meninas era
bem diverso, sendo para elas um estudo restrito e mais voltados aos cuidados
com o futuro lar. Não havia interesse em capacitá-las para ter uma carreira
profissional.
O programa de estudos destinado às meninas era bem
diferente do dirigido aos meninos, e mesmo nas matérias
comuns, ministradas separadamente, o aprendizado delas
limitava-se ao mínimo, de forma ligeira, leve. Só as que mais
tarde seriam destinadas ao convento aprendiam latim e música;
as demais restringiam-se ao que interessava ao funcionamento
do futuro lar: ler, escrever, contar, coser e bordar; além disso,
no máximo, que a ‘mestra lhes refira alguns passos da história
instrutivos e edificação, e as faça entoar algumas cantigas
inocentes, para as ter sempre alegre e divertidas. ’ (SANTOS,
R.C., SACRAMENTO, apud Araújo (apud PRIORE 2001, p.48).
Nos tempos atuais a situação das mulheres está bem diferente, nos
últimos 150 anos o Movimento Feminista trouxe diversas conquistas em prol da
igualdade entre os gêneros, e hoje as mulheres estão inseridas no mercado de
trabalho, ganhando reconhecimento nas funções que exercem. Além disso,
elas ganharam também a liberdade de amar, escolher seus parceiros e o
momento certo de gerar filhos (ou não gerar caso não queiram), graças ao
advento dos métodos contraceptivos nos anos 1960. Toda essa liberdade, no
entanto, tem um preço, tendo em vista que a vida da mulher moderna e com
múltiplas funções está longe de ser um mar de rosas.
As mulheres têm denunciado o alto custo que elas pagam por
competir no espaço dos homens: Enquanto estes contam, de
certo modo, com uma infraestrutura de apoio, seja financeira,
sejam apenas psicológicas, para competir no mercado de
trabalho, as mulheres devem provar duas vezes mais do que
são capazes, além de continuar a desempenhar as funções de
mãe e de rainha do lar, exigidas tanto pelos maridos, quanto
pelos filhos e familiares. SANTOS, R.C., SACRAMENTO,
S.M.P apud RAGO, 1996, p.199).
Outro dado importante para o avanço da mãe de obra feminina no
mercado de trabalho foi a queda nas taxas de fecundidade, iniciada na década
de 1960 com o advento da pílula anticoncepcional. Há 40 anos atrás as
mulheres tinham em média 6,3 filhos, atualmente esse número caiu para 2,4
filhos. Para consolidar sua posição no mercado de trabalho, muitas mulheres
têm adiado o projeto da maternidade, e algumas até abrem mão deste. Isto
porque atualmente o pensamento da sociedade mudou em relação à
obrigatoriedade de uma mulher tornar-se mãe. Esta decisão passou a ser uma
escolha da mulher ou do casal. Segundo pesquisas do IBGE, os arranjos
familiares compostos por casais se filhos chegaram à 19,9% no ano de 2014.
A sociedade atual, baseada em um modelo capitalista de produção e
consumo apoia esta ideia, tendo em vista que esses casais se tornam um
público atraente no mercado no quesito lazer. É o tipo de público que investe
em viagens, carros do ano e produtos de alta qualidade. Nesse tipo de união,
os casais são se tornam parceiros e trabalham para usufruir bem do que
podem consumir. Também é um tipo de relacionamento onde dificilmente
ocorre a exploração de um sexo por outro, costumam dividir as tarefas
domésticas e na maioria dos casos há uma pessoa contratada para cuidar da
organização da casa (diarista ou empregada doméstica).
CAPÍTULO II
2. ABSENTEÍSMO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Os índices de absenteísmo se referem ao termômetro de ausências
no trabalho, que também quer dizer, redução carga-horária de trabalho. Uma
Empresa sempre deve estar preocupada com tais índices, tendo em vista que
estas ausências se convertem em horas improdutivas que dependendo da
situação podem ser pagas pelo empregador.
As ausências do trabalho podem se dar mediante faltas
injustificadas, atrasos ou motivos intervenientes, como problemas de saúde,
por exemplo. Se um empregado tem uma questão de saúde que exija um
afastamento de até quinze dias, este período é custeado pelo empregador, se
este prazo é extrapolado o colaborador é encaminhado ao INSS para que o
órgão federal controle sua licença e realize o pagamento desses dias não
cobertos.
Os prejuízos do absenteísmo à Organização são diversos, como
sobrecarga de outros colegas, projetos e tarefas não inacabados,
descontinuidade de processos, entre outros. Quando o absenteísmo se dá por
questões de saúde a Empresa deve ter um cuidado especial no trato da
questão, verificando se o adoecimento dos empregados tem correlação com as
atividades desenvolvidas, para então investir na criação de Políticas e
Campanhas de Prevenção à Saúde.
A questão da Saúde do Trabalhador é vista como uma questão de
Saúde Pública, normatizada através da lei 8.080/90:
“§ 3 º. Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei,
um conjunto de atividades que se destina, através das ações
de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção
e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à
recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho, abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle
dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo
de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das
condições de produção, extração, armazenamento, transporte,
distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de
máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde
do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à
saúde;
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade
sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de
trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de
saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os
preceitos da ética profissional;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas
públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a
colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço
ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a
risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. ”
Uma empresa com alto índice de absenteísmo pode ter sérios
problemas em sua estrutura interna, e estes podem estar gerando
desmotivação da equipe. Muitos gerentes não se importam com os índices de
absenteísmo de sua Organização, pois não conseguem enxergar que aquele
índice alto pode traduzi-se em um “câncer” da Empresa, que se for solucionado
pode gerar bons frutos em relação à produtividade.
As pessoas são o bem mais precioso das Organizações, sem uma
boa equipe os projetos não vão adiante, portanto cuidar desta equipe torna-se
um requisito fundamental para o sucesso. Verificamos este fato claramente em
BISPO, 2002:
“Abaixo listamos 10 fatores que contribuem para o
absenteísmo:
1. Liderança despreparada - Não é mais novidade para as
empresas que líderes despreparados afugentam os membros
das equipes, pois ao invés de conduzirem equipes utiliza-se do
cargo em que se encontram para delegar ordem de maneira
arbitrária.
2. Infraestrutura deficiente - A falta de infraestrutura adequada,
que dê suporte ao colaborador para exercer suas atividades
também pode ser considerada como fator que contribui para o
absenteísmo. Quem gosta de estar em um local de trabalho e
se sentir de "mãos amarradas", pois não dispõe de recursos
mínimos para cumprir com suas responsabilidades.
3. Metas intangíveis - O estabelecimento de metas serve como
um norte, para que o profissional saiba onde precisa chegar e
atender às expectativas da organização. Contudo, quando as
metas estabelecidas são impossíveis de serem alcançadas
pelo colaborador, ele pode sentir-se oprimido e impelido a fugir
do ambiente de trabalho. Em alguns casos, as pessoas
preferem faltar a lidar com uma situação de alto nível de
estresse.
4. Comunicação deficiente - A ausência de uma política clara
de ascensão interna também pode contribuir para o
absenteísmo. Suponhamos que o mercado passe por uma fase
delicada e a empresa precise fazer algumas mudanças
internas. Se não existir um diálogo com o público interno, logo
os colaboradores começarão a imaginar possíveis demissões
que nunca irão acontecer. Isso fará com que alguns se sintam
desestimulados a cumprirem com os horários, afinal podem ser
os próximos da "lista negra".
5. Clima organizacional - Quando o clima organizacional é
pesado, isso impacta no comportamento das pessoas que
tendem a se sentirem desmotivadas. Quem nunca ouviu um
profissional falar algo do tipo: "Quando penso em acordar e ir
para aquele lugar pesado, todos os dias... Prefiro arrumar uma
desculpa e ficar em casa".
6. Cadê o feedback? - Quando não há feedback do líder para o
liderado, o colaborador pede a noção do que a empresa espera
dele e muitas vezes se existe a possibilidade de desenvolver
novas competências que o façam ascender internamente.
Lembremos aqui que os talentos buscam desafios a cada
momento e muitos não se adaptam à zona de conforto.
7. Qualidade de vida - O absenteísmo também aumenta
quando o ambiente prejudica e a saúde do profissional,
levando-o a adoecer e se afastar por doenças ocupacionais. O
funcionário pode até tentar trabalhar adoentado, mas chegará o
momento em que seu corpo pedirá socorro e isso pode
comprometer tanto a integridade dele, como dos demais
colegas de trabalho.
8. Assédio moral - Essa questão tem sido apontada como um
dos fatores que mais contribuem para a ausência do
funcionário no ambiente de trabalho. Pode ocorrer de alguém
que exerce um cargo de liderança para o liderando, como
também vice-versa. Isso tem lavado as empresas a
trabalharem o assunto de maneira contínua, para que todos os
colaboradores compreendam a gravidade e as consequências
que o assédio gera a quem é assediado, a quem assedia e até
à própria empresa.
9. Imaturidade profissional - Há profissionais que com o passar
do tempo acreditam que por terem anos de empresa, são
considerados indispensáveis e começar literalmente a abusar.
Esquecem que podem ser substituídos. Nesse momento, vale
um diálogo aberto entre líder e liderado, a fim de que tudo seja
resolvido sem que medidas mais rigorosas precisem ser
adotadas.
10. Preferencialismo - Se o preferencialismo chega a adentrar
na empresa, em determinado momento aquele profissional que
tem a "estima" passará a utilizar os benefícios que recebe e
dentre esses, passará a chegar atrasado ou mesmo a faltar um
dia de trabalho em benefício próprio. Isso será facilmente
percebido pelos demais membros da equipe e prejudicará a
imagem a liderança junto ao time.”
Chiavenato (2002. P 191) aponta como principais formas de absenteísmo:
1) Doença efetivamente comprovada
2) Doença não comprovada
3) Razões diversas de caráter familiar
4) Atrasos involuntários por motivo de força maior
5) Faltas voluntárias por motivos pessoais
6) Dificuldades e motivos financeiros
7) Problemas de transporte
8) Baixa motivação para trabalhar
9) Supervisão precária da chefia
10) Políticas inadequadas da organização
Podemos verificar, portanto que a questão do absenteísmo é bem
ampla, tendo em vista que ele pode ocorrer por inúmeros motivos e também
pode se manifestar de diferentes modos.
É importante que a Organização tenha um setor específico para
cuidar dessa questão, geralmente à Divisão de Saúde do Trabalhador ou a
área de SST (Saúde e Segurança no Trabalho) tem profissionais
especializados que averiguam individualmente os índices de absenteísmo dos
empregados. Estes profissionais devem trabalhar em parceria com a equipe de
RH e as chefias, que devem notificá-los sobre as ausências percebidas com
frequência.
Cada indivíduo é único, portanto não é recomendado um tratamento
padrão a todos e sim uma minuciosa pesquisa acerca da razão das ausências,
sendo por motivos comuns pode-se pensar na implementação de um
programa, mas não sendo o melhor é tratar o caso em âmbito individual,
encaminhando o empregado à psicologia e/ou serviço social da Empresa.
2.1 Absenteísmo feminino
A mulher moderna ao mesmo tempo em que conquistou vários
direitos também carrega em seus ombros o peso da sobrecarga de exercer
múltiplas tarefas. O trabalho doméstico, o trabalho fora de casa, os estudos
(cada vez mais prolongado para obtenção de ascensão profissional) e os
cuidados com os filhos, fazem parte da rotina de muitas que em sua maioria
não tem tempo de olhar para elas mesmas e cuidar da saúde.
Por suas particularidades, é natural que as causas do absenteísmo
no público feminino sejam diferentes do ocorrido entre os homens, visto que
elas naturalmente têm uma sobrecarga de vida mais intensa, na maioria dos
casos.
No público feminino é comum que mulheres se ausentem por
motivos relacionados ao cuidado com os filhos, já que esta é uma
responsabilidade socialmente atribuída a elas. Portanto além de se ausentarem
quando estão doentes, por diversas vezes também devem se ausentar pela
doença de outros, sejam eles filhos, pais, ou até mesmo o próprio cônjuge.
Por mais que tenha ocorrido um avanço no pensamento da sociedade, o
papel do cuidado ainda está atribuído naturalmente à mulher devido sua
capacidade de gerar um bebê em seu ventre. Desse modo podemos ver
também que as profissões que envolvem o “cuidar” são tipicamente femininas,
como enfermagem, babás, cuidadores de idosos entre outros.
A responsabilidade em ter que cuidar do outro atrelada a sua natureza
mais sensível, faz com que as mulheres tenham peculiaridades em relaçõa aos
adoecimentos, sobretudo no que tange às doenças de aspecto emocional,
como depressão, ansiedade e estresse.
CAPÍTULO III
3. DADOS SOBRE O ABSENTEÍSMO FEMININO ENTRE
MULHERES DA EMPRESA XYZ AEROPORTOS
Para entendermos o universo do ambiente pesquisado inicialmente
faremos um breve relato acerca do nosso campo de pesquisa.
A Empresa XYZ Aeroportos conta com 530 empregados que estão
lotados fisicamente em dois escritórios no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Seu campo de atuação consiste no apoio em relação à questões de
infraestrutura de Aeroportos da rede. É uma Empresa pública e os
colaboradores da mesma são regidos por regime celetista.
Em relação ao público feminino da Empresa, temos 215
empregadas, com idade variando entre 22 e 60 anos, que executam diversas
tarefas de nível médio e superior. O trabalho é realizado dentro de escritórios,
podendo também ser realizadas visitas externas aos Aeroportos do Grupo e
viagens à serviço esporadicamente.
Por se tratar de uma Empresa com mais de 30 anos de mercado, os
colaboradores têm uma certa estabilidade, principalmente os mais antigos que
estão na Empresa desde a juventude e segundo eles não se imaginam em
outro local.
A Empresa fornece benefícios como Plano de Saúde e Plano
Odontológico, para empregados e dependentes, Vale Refeição e Alimentação e
Auxílio Creche/Babá para empregados com filhos em idade até 6 anos e
Participação nos Lucros.
3.1 Perfil do público feminino da Organização
Para melhor compreensão da pesquisa, primeiramente realizamos
um breve perfil das mulheres da Empresa, conforme demonstram os gráficos
abaixo:
No que diz respeito à idade, podemos observar que a maioria das
empregadas estão em “meia-idade”, ou seja, estão entre 30 e 40 anos. O
público mais jovem é o menor entre os dados e as mulheres mais velhas, que
tem entre 50 e 60 anos correspondem à 24% do total, um número elevado, que
pode indicar que muitas dessas mulheres talvez estejam adiando sua
aposentadoria, por motivos principalmente relacionados a questão financeira.
14%
42%20%
24%
Idade
20-30 anos 30- 40 anos 40-50 anos 50-60 anos
Estes dados do gráfico, demonstram que apesar do crescimento das
oportunidades para as mulheres avançarem com os estudos, o número de
empregadas com nível médio, quase empata com as que tem nível superior.
Este público com nível médio provavelmente pertence às empregadas mais
antigas mencionadas acima, que por terem planos de aposentadoria preferiram
não investir neste aspecto.
35%
18%
33%
14%
Escolaridade
Médio Técnico Superior Pós Graduação
Em relação ao número de filhos, verificamos que apesar de ser
relativa a quantidade de mulheres que não possuem, a maioria delas possuem
filhos menores de idade. Para estas mulheres o trabalho certamente representa
uma forma de complementar a renda e ajudar no sustento dos mesmos. Os
benefícios que a Empresa oferece como o plano de saúde também são
significativos neste aspecto. Podemos também levar em consideração que nem
sempre filhos maiores de idade representam filhos independentes, a demanda
cada vez maior por uma alta qualificação, faz com que os filhos saiam de casa
cada vez mais tarde, priorizando o investimento nos estudos de graduação e
cursos complementares para incrementar o currículo.
20%
45%
35%
Possui filhos
Não
Sim, menores de idade
Sim, maiores de idade
Este gráfico é um dos mais interessantes da pesquisa, pois reflete
um retrato dos arranjos familiares de nosso país. Ao verificarmos que grande
parte das mulheres residem com pais/outros parentes ou com cônjuge e filhos
concluímos que as famílias numerosas ainda são uma realidade, mas não por
conta do extenso número de filhos como antigamente, mas sim por conta de
questões financeiras, que levam à ajuda mútua entre os parentes. Por este
fato, muitos filhos adultos adiam o projeto de sair de casa e muitos casais
acolhem seus pais idosos em seu lar, em troca de retorno financeiro e ajuda
com os filhos por exemplo.
15%
33%
20%
32%
Composição familiar
Reside só Reside com os pais/outros parentes
Reside apenas com o conjuge Reside com o conjuge e filhos
A renda média das mulheres pesquisadas é um reflexo de seus
dados a respeito da idade e escolaridade, já que a maioria recebe proventos
entre R$: 1.500 a R$: 5.000. O baixo percentual de mulheres que recebem até
R$: 1.500 é correspondente às mais jovens, que possuem pouco tempo de
Empresa. Apesar de termo visto que o número de mulheres com nível médio é
alto, também verificamos que as mulheres com idade avançada também é, isto
significa que tais mulheres possuem bastante tempo de Empresa e
conseguiram melhorar seus salários através de promoções.
12%
35%
31%
22%
Faixa salarial
Até R$: 1.500 De R$: 1.500 a 3.000 De R$: 3.000 a R$: 5.000 Acima de R$: 5.000
Este gráfico interage de forma nítida com os dados relacionados à faixa salarial
das empregadas, pois demonstra que os salários se elevam à medida que as
mesmas vão acumulando experiência na Empresa. Observe que é bem alto o
número de funcionárias com mais de 20 anos de Empresa, por mais que nossa
análise seja apenas sobre as colaboradoras em afastamento no período
determinado, este dado pode indicar que o perfil geral dos empregados é o de
uma idade mais madura, com vasta experiência no campo de atuação.
10%
22%
28%
40%
Tempo de Empresa
Até 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Entre 10 e 20 anos
Mais de 20 anos
Em relação ao setor dessas empregadas, observa-se que os
afastamentos não estão concentrados em um único local, e sim ocorre de
forma mista em variados setores. Acreditamos que a divisão vá de encontro
com a quantidade de empregados por setor, tendo em vista que as áreas que
apresentaram mais afastamentos (Administração e Finanças e Recursos
Humanos) também são as áreas que englobam maior número de empregados.
3.2 Considerações acerca dos gráficos
Ao realizarmos uma breve reflexão acerca dos dados apresentados,
verificamos que o público feminino da Empresa estudada é composto em sua
maioria por mulheres em meia idade, entre 30 e 40 anos, o público de
mulheres em idade acima de 50 anos também é expressivo, correspondendo a
24%, mais até do que o público mais jovem da Empresa, com idade entre 20 e
30 anos, que corresponde a 20% do total.
25%
13%
22%
17%
23%
Setor
Administração e finanças
Licitação e contratos
Comercial
Saúde e Segurança no Trabalho
Recursos Humanos
A correlação dos dados da escolaridade com faixa salarial e idade
nos faz compreender que apesar de haver na Empresa um número expressivo
de mulheres com nível médio apenas (35%), os salários em sua maioria não
são tão baixos, visto que a grande maioria recebe entre R$: 1.500 e R$: 5.000.
A explicação deste fato está no fator idade das empregadas, as que tem idade
mais avançada estão há muito tempo na Empresa, e mesmo possuindo apenas
o nível médio, adquiriram ao longo dos anos incrementos salariais em função
do tempo de serviço.
Quando verificamos a composição familiar, percebemos que as
mulheres que vivem só representam a minoria, já que a maioria delas vive com
os pais e outros parentes e boa parte também vive com o cônjuge e filhos. É
importante ressaltar que esse número expressivo de mulheres vivendo com os
pais não representam “solteironas”, que nunca saíram de casa trabalham para
si mesmas, ao contrário, o público é de mulheres separadas, viúvas,
divorciadas e mães solteiras, que vivem com os pais e outros parentes para ter
apoio deles ou para prestar apoio à eles, tendo em vista que pela idade das
empregadas concluímos que os pais das mesmas são idosos. Como a
Empresa oferece benefícios extensivo à outros parentes, viver com eles
também consiste em estratégia de sobrevivência benéfica a ambos os lados.
Ao realizarmos uma análise mais geral podemos traçar que o
perfil dessas mulheres é de empregadas com idade entre 30 e 50 anos, apesar
de também serem numerosas as que tem acima de 50 anos, vivendo com
parentes, sejam eles, filhos, cônjuge, pais, irmãos ou outros parentes, e
recebendo uma renda mensal variável entre R$: 1.500 a R$: 5.000. Quando
pensamos neste perfil de mulheres no mercado de trabalho, podemos concluir
que as mesmas estão na Empresa para suprir necessidades familiares, ou
seja, complementam com sua renda o sustento de sua família. Quando
pensamos que a Empresa oferece benefícios extras, esta necessidade de
complementação é ainda maior, visto que retira a sobrecarga dos custos de um
plano de saúde para as crianças e idosos e ainda recebe um auxílio nos custos
com a alimentação.
No contexto da sociedade capitalista onde vivemos, os benefícios
oferecidos aos empregados além dos salários são bastante atrativos. A cultura
da sociedade cada vez mais consumista, os impostos cada vez mais elevados
e a precarização dos serviços públicos faz com que o custo de vida seja cada
vez mais alto, e como seria oneroso demais às Empresas oferecer aos
empregados uma remuneração equivalente às suas necessidades de gastos,
os benefícios tornam-se a solução encontrada.
3.3 Pesquisa relacionada aos índices de absenteísmo no
público feminino
Através de dados do sistema de frequência da Empresa,
conseguimos coletar os principais motivos de afastamento entre as mulheres
entre os meses de setembro/2015 a dezembro/2015.
O total de mulheres que se ausentaram foi de 96, primeiramente
procuramos coletar o motivo das ausências entre as mulheres e posteriormente
os principais adoecimentos apresentados, fazendo um recorte nas ausências
por motivo de saúde.
Os dados do primeiro gráfico ratificam a hipótese de que as mulheres
continuam como principais responsáveis nos cuidados com os filhos, já que os
afastamentos em virtude dos adoecimentos dos mesmos ficam em segundo
lugar, após os afastamentos por adoecimento delas mesmas.
13%
27%
8%
52%
Motivos da ausencia entre as mulheres
Problemas particulares
Doença de filhos
Doença de outros familiares
Doença em si própria
Adoecimentos apresentados
Em relação aos principais adoecimentos apresentados o que surpreende é o
fato de que o maior índice é o de afastamentos por motivos psiquiátricos, como
depressão, ansiedade e estresse. Esses dados mostram na realidade, um triste
fato de nossa sociedade, cada vez mais sobrecarregada com a correria da vida
e que não tem tempo de olhar para si. Entre as mulheres, a dupla ou até tripla
jornada piora ainda mais a situação.
As doenças osteomusculares aparecem em segundo lugar nos dados da
pesquisa. Os problemas de coluna e as chamadas LER (Lesões por Esforço
Competitivo) aparecem nessa listagem.
Como o índice de afastamentos por doenças psiquiátricas foi bastante elevado,
realizamos separadamente uma pesquisa para tratar do mesmo, onde serão
apresentados gráficos com os adoecimentos apresentados nesta esfera e em
seguida uma breve análise acerca da conjuntura.
24%
17%
33%
7%
13%
6% Doenças osteomusculares
Doenças cardiovasculares
Doenças psiquiátricas
Neoplasias
Infecções virais
Afastamentos sem diagnótico declarado
3.4 Pesquisa aplicada a respeito dos afastamentos por motivos
psiquiátricos
Conforme verificado, 33% do total de mulheres pesquisadas se
afastaram por conta de alguma doença de trato psiquiátrico. Esta realidade não
está apenas na Organização pesquisada, mas trata-se de um fenômeno global.
Segunda causa mais comum de invalidez em todo o mundo, a depressão
fica atrás apenas das dores nas costas, segundo um estudo recém-publicado na
revista científica PLOS Medicine. A pesquisa comparou a depressão clínica, um dos
transtornos mentais mais comuns, com outras 200 doenças e lesões apontadas como
causas de invalidez. Segundo os autores, a doença deve ser tratada como uma
prioridade de saúde pública global.
Falar sobre transtornos mentais ainda é um assunto muito delicado. Mas o
fato é que eles são bem mais comuns do que se imagina. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), os transtornos mentais atingem cerca de 700
milhões de pessoas no mundo, representando 13% do total de todas as doenças. E
apesar de doenças como esquizofrenia e psicose serem as primeiras lembradas ao se
falar no assunto, elas não são as mais frequentes. No topo da lista estão a depressão
e a ansiedade.
No Brasil, a capital paulista é a cidade com o índice mais alto de habitantes
com transtornos mentais. Isso é o que aponta o projeto São Paulo Megacity: estudo
realizado pelo IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas de São Paulo com
5.037 residentes dos 39 municípios da região da Grande São Paulo, em 2012
Nas colaboradoras pesquisadas conseguimos ratificar a informação da
pesquisa acima, tendo em vista que depressão e ansiedade foram os principais
motivos de afastamento das mesmas. Nos gráficos abaixo conseguimos ter
maior clareza
A realidade das mulheres pesquisadas reflete uma realidade mundial
onde população se encontra. A sociedade do consumo, do imediatismo faz
com que as pessoas se tornem robotizadas e em busca de uma boa situação
financeira muitas vezes ficam atarefadas com trabalho e estudo por muitas
horas ao dia na expectativa da realização de seus sonhos. Porém como a
realidade é dura, a frustração quando não se consegue chegar ao objetivo
pretendido pode levar o indivíduo à um quadro depressivo.
O estresse agudo e a ansiedade, que também aparecem com altos
índices ente o público estudado também são frutos contemporâneos dessa
sociedade imediatista, de noites de sono curtas e dias longos, da cobrança por
um status social e uma imagem corporal “perfeita”.
Como as mulheres são naturalmente mais sensíveis e carregam nos
ombros o peso da responsabilidade no cuidados com a casa e os filhos é
natural de elas estejam mais suscetíveis a esse tipo de adoecimento. Claro que
os mesmos também ocorrem nos homens, porém por tudo que foi estudado
podemos concluir que não é surpresa constatar que o grau de vulnerabilidade
delas às doenças mentais é maior.
45%
27%
20%
8,00%
Adoecimentos por motivos psiquiátricos
Depressão Ansiedade Estresse agudo Transtorno bipolar
O transtorno bipolar que também apareceu em nossos dados é a única
doença psiquiátrica que tem causa genéticas/biológicas e não sociais como as
outras. Por este panorama podemos constatar que os adoecimentos mentais
da população de modo geral estão sendo adquiridos pelo modo de vida da
sociedade.
3.5 Pesquisa aplicada a respeito dos motivos dos
adoecimentos
Ao aplicarmos questionário entre as mulheres que se afastaram
durante o período pesquisado, obtivemos algumas respostas interessantes. O
questionário foi aplicado por email e era livre, ou seja, as mulheres respondiam
caso quisessem. Ao todo 55 mulheres responderam a pesquisa, abaixo
colocamos as respostas mais interessantes respondidas:
Pergunta: Você se sente sobrecarregada em suas tarefas do dia a dia?
Essa sobrecarga é maior no ambiente de trabalho ou nas tarefas
domésticas?
“Acho que minha sobrecarga é de ambos os lados, as tarefas do setor são
exigentes, mas em casa eu não costumo parar também! Tenho duas crianças
pequenas e mesmo chegando em casa tarde todos os dias por conta do
transito, sempre tenho muita coisa para fazer ainda.”
(ADO- 37 anos- Funcionária do setor comercial da Empresa)
“Com certeza é em casa. Aqui no trabalho minhas tarefas são tranquilas,
algumas vezes fico até ociosa, mas em casa tem que limpar, lavar
passar...Tenho um neto que ajudo a cuidar também, minha mãe idosa mora
comigo, enfim sempre tenho muitas tarefas, mas Deus ajuda!”
(MFPG- 58 anos- Funcionária da área de Recursos Humanos)
Pergunta: Porque motivo você se afastou do trabalho nos últimos 3
meses?
“Pelo que me recordo, me afastei duas vezes, por conta de meu problema de
coluna, já que tenho hérnia de disco e há um mês atrás, quando meu filho teve
dengue”
(BVMB- 29 anos- Funcionária da área de Administração e Finanças)
“Meus afastamentos raramente são por motivos de saúde meus, e sim por
conta de meu filho deficiente. Confesso que nos últimos tempos, tenho ficado
bastante abalada com a piora do estado de saúde dele, por isso tive crises de
ansiedade que também me levaram a me afastar)
(ZCB- 45 anos- Funcionária da área de Tecnologia e Informação)
CONCLUSÃO
Ao analisarmos os dados da pesquisa bibliográfica e a entrevista
com as mulheres, podemos verificar que os motivos que levam ao absenteísmo
no público feminino envolvem o adoecimento delas próprias e de membros de
sua família, principalmente pais e filhos menores.
O avanço da sociedade trouxe muitos benefícios ás mulheres e um
tratamento mais igualitário, eliminando delas o fardo de serem dependentes
dos homens. Porém no que concerne à divisão de tarefas no âmbito doméstico
a igualdade ainda está longe de acontecer, já que é praticamente natural para
a sociedade e para as próprias mulheres que os cuidados com a casa e com os
filhos são delas, independente de trabalharem, passarem 4 horas por dia no
transito e estudarem. Toda essa naturalidade nos faz ver que as conquistas, se
analisarmos ao fundo podem ter um lado negativo que foi a da sobrecarga nas
tarefas.
As doenças de aspecto mental são causadas na maioria das vezes,
quando os indivíduos somatizam os problemas que possuem. Uma vida
atarefada, com responsabilidades além do que um ser humano pode suportar
leva ao estresse crônico, à ansiedade e à depressão tendo em vista que ele
deixa de pensar em si próprio e só pensar nas obrigações do dia a dia. Muitas
pessoas vivem esta realidade e as mulheres por conta da dupla jornada são
um público alvo muito fácil. Quando pensamos em dupla e tripla jornada
remetemos nosso pensamento às mulheres que tem filhos menores nos quais
devem dedicar grande parte do seu tempo e atenção, porém não é apenas os
filhos que ocupam o tempo das mulheres modernas, aliás em alguns casos
eles são os que menos ocupam, já que as crianças estão cada dia mais
crescendo nas creches e criadas pelas avós. O que ocupa boa parte do tempo
da mulher do século 21 é sua vida profissional, já que para conseguir um lugar
ao sol no mercado de trabalho elas devem se capacitar, falar idiomas, ter
diversos cursos, participar de seminários e ter disponibilidade para viagens
caso a Empresa demande, caso contrário, podem perder espaço no mercado
para os homens.
Podemos concluir, portanto que as causas do absenteísmo feminino
passam por todos esses aspectos, não havendo uma solução pronta para
melhoria desses índices. Campanhas e Políticas no âmbito organizacional
podem contribui para uma mudança de pensamento dos colegas de trabalho,
para que as mulheres sejam respeitadas e consigam o devido respeito na
Organização. A mudança, porém, não pode estar atrelada apenas à uma
Empresa, e sim a todo pensamento de uma sociedade marcada pelo
patriarcalismo e por uma cultura machista, que infelizmente ainda vivenciamos.
BIBLIOGRAFIA
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SINA, Amália. Mulher e Trabalho. Ed. Saraiva (2005)
ANEXO
Questionário
1) Setor em que trabalha
2) Idade
3) Escolaridade
4) Distancia Casa X Trabalho
5) Com quem reside?
6) Possui filhos?
7) Tem dependentes financeiros?
8) Renda mensal
9) Tem algum problema de saúde crônico?
10) Você se sente sobrecarregada em suas tarefas do dia a dia? Essa
sobrecarga é maior no ambiente de trabalho ou nas tarefas domésticas?
11) Por qual motivo você se afastou do trabalho nos últimos 3 meses?
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 10
1. Primeiras experiências e conquistas das mulheres no mercado de trabalho 10
1.1 Os velhos e novos sofrimentos femininos 11
2. ABSENTEÍSMO E SUAS CARACTERÍSTICAS 15
2.1 Absenteísmo feminino 20
3. DADOS SOBRE O ABSENTEÍSMO FEMININO ENTRE MULHERES DA
EMPRESA XYZ AEROPORTOS 21
3.1 Perfil do público feminino da organização 21
3.2 Considerações acerca dos gráficos 28
3.3 Pesquisa relacionada aos índices de absenteísmo no público feminino 30
3.4 Pesquisa aplicada a respeito dos motivos dos adoecimentos por motivos
psiquiátricos 33
3.5 Pesquisa aplicada a respeito dos motivos dos adoecimentos 35
4. CONCLUSÃO 37
5. BIBLIOGRAFIA 49
6. ANEXO 41
7. ÍNDICE 42