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Editorial
Nova Lei das SAs
O primeiro relator da lei e o presidente da CVM à época da efetivação inicial falam à revista
Gestão
Os impostos indiretos e os impactos sobre a lucratividade
Tributação
Governos utilizam benefícios como política de preservação ambiental
Globalização
Oportunidades com a complexidade global
México
País atrai investimentos por seu constante compromisso com a estabilidade econômica
Europa
Brasil encontra ambiente favorável e abre oportunidades de negócios no continente
TI
Auditoria avança frente às exigências de governança corporativa
Indústria Farmacêutica
Regulamentações podem significar diferencial de negócios
Sustentabilidade
Mudanças climáticas representam riscos reais à economia
Centro-Oeste
Expansão econômica gera necessidade de preparação das empresas da região
Liderança
Experiências radicais de sobrevivência para executivos
NPL
Mercado de créditos inadimplidos se consolida no Brasil
Terceiro Setor
Endeavor mantém foco no empreendedorismo como solução para um crescimento sustentável
Expogestão
Feira e congresso reúnem executivos nacionais e internacionais para discutir estratégias de gestão
KPMG Business Magazine é uma publicação trimestral da KPMG Auditores Independentes. © 2007 KPMG Auditores Independentes, sociedade brasileira, membro da KMPG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Julho de 2008.Presidente da KPMG no Brasil: David Bunce. Diretora de KM&C: Irani Ugarelli. Fone: (11) 2183.3048. e-Mail: [email protected]. Produção/Edição: Ex Libris Comunicação Integrada. Editor: Jayme Brener (MTb 19.289). Textos: Lúcia Mesquita e Fernando Kadaoka.Projeto gráfico e diagramação: Idéia e Imagem Comunicação. Fotos: arquivo KPMG e Ken Chu (Expressão Studio). Tiragem: 10.000 exemplares. Impressão: Copypress.
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SumárioJulho de 2008
kpmg.com.br
© 2008 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes, afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.
Todas as informações apresentadas neste documento são de natureza genérica e não têm por finalidade abordar as circunstâncias de nenhum indivíduo específico ou entidade. Embora tenhamos nos empenhado em prestar informações precisas e atualizadas, não há nenhuma garantia de sua exatidão na data em que forem recebidas nem de que tal exatidão permanecerá no futuro. Essas informações não devem servir de base para se empreender qualquer ação sem orientação profissional qualificada, precedida de um exame minucioso da situação em pauta.O nome KPMG e o logotipo KPMG são marcas comerciais registradas da KPMG International, uma cooperativa suíça.
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© 2008 KPMG Auditores Independentes uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados.
Irani Ugarelli
A recente conquista da elevação do grau de investimento do Brasil fez com que o nosso mercado chegasse ao segundo semestre em ritmo acelerado. Todos os dias, analistas de mercado comentam na mídia sobre o momento favorável que o país vive. São muitos os motivos que contribuem para este avanço. Assim, a KPMG Business Magazine, atualizada com o cenário econômico, continua trazendo ao seu leitor, a cada edição, uma variedade de matérias sobre os assuntos em evidência.
Nesta edição, atravessamos fronteiras e ampliamos o conhecimento sobre as oportunidades de investimentos no México e sobre as relações comerciais entre a Europa e o Brasil. Conheça também como os Country Desks da KPMG auxiliam empresas de vários países no intercâmbio de negócios, por meio de um sólido programa desenvolvido entre suas firmas-membro.
Você sabe o impacto dos impostos indiretos sobre a lucratividade das empresas? Veja uma análise completa de como o pagamento de tributos, de forma equivocada, pode aumentar os custos e diminuir a margem de lucro. Sugerimos, também, a leitura da matéria sobre os Green Taxes, ou impostos verdes, para que você se familiarize com os projetos propostos e em andamento nesta área. Em outra esfera, mas continuando a reflexão sobre
a preocupação com o meio ambiente, neste número da revista, apresentamos um estudo relativo aos impactos das mudanças climáticas sobre os negócios.
Retornando ao tema “Brasil em um novo patamar”, sobre as mudanças provocadas pelo advento da Lei das S.As., convidamos para falar à Business Magazine dois de seus principais formuladores: o ex-deputado federal Emerson Kapaz, relator do projeto original, mais conhecido como a Nova Lei das S.As., e o ex-presidente da CVM, Roberto Teixeira da Costa.
Registramos, ainda nesta edição, nossa participação na ExpoGestão 2008, importante evento voltado ao mundo empresarial, realizado em Joinville (SC) e também a inauguração do mais novo escritório da KPMG, na cidade de Goiânia, no Centro-Oeste, região responsável por boa parte do agronegócio no país.
Aproveitamos este espaço para agradecer novamente a todos que participaram desta edição e que contribuíram para a continuidade da consistência e seriedade das matérias apresentadas na KPMG Business Magazine.
Boa leitura e bons negócios!
Irani UgarelliDiretora de KM&C
Editorial
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008
Editorial
Nova Lei das SAs
O primeiro relator da lei e o presidente da CVM à época da efetivação inicial falam à revista
Gestão
Os impostos indiretos e os impactos sobre a lucratividade
Tributação
Governos utilizam benefícios como política de preservação ambiental
Globalização
Oportunidades com a complexidade global
México
País atrai investimentos por seu constante compromisso com a estabilidade econômica
Europa
Brasil encontra ambiente favorável e abre oportunidades de negócios no continente
TI
Auditoria avança frente às exigências de governança corporativa
Indústria Farmacêutica
Regulamentações podem significar diferencial de negócios
Sustentabilidade
Mudanças climáticas representam riscos reais à economia
Centro-Oeste
Expansão econômica gera necessidade de preparação das empresas da região
Liderança
Experiências radicais de sobrevivência para executivos
NPL
Mercado de créditos inadimplidos se consolida no Brasil
Terceiro Setor
Endeavor mantém foco no empreendedorismo como solução para um crescimento sustentável
Expogestão
Feira e congresso reúnem executivos nacionais e internacionais para discutir estratégias de gestão
KPMG Business Magazine é uma publicação trimestral da KPMG Auditores Independentes. © 2007 KPMG Auditores Independentes, sociedade brasileira, membro da KMPG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Julho de 2008.Presidente da KPMG no Brasil: David Bunce. Diretora de KM&C: Irani Ugarelli. Fone: (11) 2183.3048. e-Mail: [email protected]. Produção/Edição: Ex Libris Comunicação Integrada. Editor: Jayme Brener (MTb 19.289). Textos: Lúcia Mesquita e Fernando Kadaoka.Projeto gráfico e diagramação: Idéia e Imagem Comunicação. Fotos: arquivo KPMG e Ken Chu (Expressão Studio). Tiragem: 10.000 exemplares. Impressão: Copypress.
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SumárioJulho de 2008
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© 2008 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes, afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.
Todas as informações apresentadas neste documento são de natureza genérica e não têm por finalidade abordar as circunstâncias de nenhum indivíduo específico ou entidade. Embora tenhamos nos empenhado em prestar informações precisas e atualizadas, não há nenhuma garantia de sua exatidão na data em que forem recebidas nem de que tal exatidão permanecerá no futuro. Essas informações não devem servir de base para se empreender qualquer ação sem orientação profissional qualificada, precedida de um exame minucioso da situação em pauta.O nome KPMG e o logotipo KPMG são marcas comerciais registradas da KPMG International, uma cooperativa suíça.
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© 2008 KPMG Auditores Independentes uma sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados.
Irani Ugarelli
A recente conquista da elevação do grau de investimento do Brasil fez com que o nosso mercado chegasse ao segundo semestre em ritmo acelerado. Todos os dias, analistas de mercado comentam na mídia sobre o momento favorável que o país vive. São muitos os motivos que contribuem para este avanço. Assim, a KPMG Business Magazine, atualizada com o cenário econômico, continua trazendo ao seu leitor, a cada edição, uma variedade de matérias sobre os assuntos em evidência.
Nesta edição, atravessamos fronteiras e ampliamos o conhecimento sobre as oportunidades de investimentos no México e sobre as relações comerciais entre a Europa e o Brasil. Conheça também como os Country Desks da KPMG auxiliam empresas de vários países no intercâmbio de negócios, por meio de um sólido programa desenvolvido entre suas firmas-membro.
Você sabe o impacto dos impostos indiretos sobre a lucratividade das empresas? Veja uma análise completa de como o pagamento de tributos, de forma equivocada, pode aumentar os custos e diminuir a margem de lucro. Sugerimos, também, a leitura da matéria sobre os Green Taxes, ou impostos verdes, para que você se familiarize com os projetos propostos e em andamento nesta área. Em outra esfera, mas continuando a reflexão sobre
a preocupação com o meio ambiente, neste número da revista, apresentamos um estudo relativo aos impactos das mudanças climáticas sobre os negócios.
Retornando ao tema “Brasil em um novo patamar”, sobre as mudanças provocadas pelo advento da Lei das S.As., convidamos para falar à Business Magazine dois de seus principais formuladores: o ex-deputado federal Emerson Kapaz, relator do projeto original, mais conhecido como a Nova Lei das S.As., e o ex-presidente da CVM, Roberto Teixeira da Costa.
Registramos, ainda nesta edição, nossa participação na ExpoGestão 2008, importante evento voltado ao mundo empresarial, realizado em Joinville (SC) e também a inauguração do mais novo escritório da KPMG, na cidade de Goiânia, no Centro-Oeste, região responsável por boa parte do agronegócio no país.
Aproveitamos este espaço para agradecer novamente a todos que participaram desta edição e que contribuíram para a continuidade da consistência e seriedade das matérias apresentadas na KPMG Business Magazine.
Boa leitura e bons negócios!
Irani UgarelliDiretora de KM&C
Editorial
00 Legislação
LEGISLAÇÃO
Legislação pari passu com o mercado
Roberto Teixeira da Costa, ex-
presidente da CVM, defende
leis que ajudem a fomentar o
mercado de ações do país.
Emerson Kapaz, primeiro relator
do projeto no Congresso Nacional,
afirma que muito foi feito, mas
propõe novas reformas para
garantir o avanço do mercado de
capitais no país
Legislação 03
O mês de dezembro de 1976 trouxe
profundas mudanças para a economia
brasileira. Em um intervalo de apenas
uma semana foram sancionadas duas
leis imprescindíveis para a estruturação
e profissionalização do mercado
de capitais. A Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), o primeiro órgão
regulador do mercado de capitais, foi
criada em 7 de dezembro de 1976, por
meio da lei 6.385. Oito dias depois, o
Brasil ganharia a sua primeira Lei das
SAs. Como primeiro presidente da
CVM, posto que assumiu em fevereiro
de 1977, o economista Roberto Teixeira
da Costa foi testemunha privilegiada
de todo esse processo. Em entrevista
à KPMG Business Magazine, Teixeira
da Costa faz uma análise da situação
do mercado acionário brasileiro à época
da sua chegada à CVM e destrincha
os avanços e os desafios gerados pela
entrada em vigor da nova Lei das SAs,
que recebeu sanção presidencial em
dezembro de 2007.
Em 1976, durante a elaboração
da primeira Lei das SAs, o sr. era
presidente da CVM. Quais eram as
condições do mercado de capitais
à época?
A primeira Lei das SAs, de nº 6.404, é
posterior à lei 6.385, que criou a CVM.
Mas, do ponto de vista prático, a Lei
das SAs já estava em funcionamento
quando ocorreu a instauração da CVM.
Ambas fizeram parte do plano de
reforma do governo Ernesto Geisel para
restaurar a confiança no mercado de
capitais, que havia passado por uma
forte crise entre 1971 e 1975. Em 1965,
o governo sancionou a lei 4.728 –
chamada de Lei do Mercado de Capitais.
À época, o cenário era muito diferente
do que é hoje. O mercado, até então,
não contava com regulamentação e não
existia nem mesmo o Banco Central. No
entanto, já havia a compreensão de que,
para um país crescer economicamente,
era fundamental desenvolver uma
estrutura de mercado de capitais de
forma a reduzir o papel do governo
como mobilizador de recursos. A idéia
era criar mecanismos que estimulassem
a formação de poupança privada – e que
esses recursos fossem alocados para
investimentos. Para isso, era preciso
criar um instrumento que aproximasse
empresários e poupadores. Desse
entendimento nasceu o mercado
de capitais do país. E com várias
inovações: a criação do banco de
Roberto Teixeira da Costa, economista
04 Legislação
O país pode até ter as leis mais avançadas do mundo, mas seo investidor não tiver confiança, não enxergar oportunidades de investimento e não achar que o país vai crescer, essas leis de nada servirão
artificiais, recuperar o mercado.
Mas não conseguiu. O resultado
foi uma crise que engoliu fortunas,
mas deixou evidente a necessidade
de aprimoramento da legislação, o
que aconteceria em dezembro 1976,
com a criação de um órgão regulador
especializado e a edição da Lei 6.404
para substituir a legislação antiga, da
década de 40. A Lei das SAs, de 1976,
associada a outras iniciativas, aumentou
a proteção aos investidores, criou a
auditoria obrigatória, obrigou a formação
dos conselhos de administração nas
empresas com capital aberto, criou o
dividendo mínimo, enfim, trouxe novos
instrumentos para as empresas se
capitalizarem.
Aquela normatização incipiente foi
uma demanda do próprio mercado?
Ou se tratava de uma necessidade
percebida pelo governo?
As duas coisas. O governo entendia
que, para aumentar a eficiência
do país e estabelecer um ritmo de
investimentos, a separação das funções
dos intermediários financeiros etc.
Esses incentivos tinham como objetivo
estimular a subscrição de ações.
Mais tarde, em 1967, o governo, para
incentivar ainda mais o mercado,
editou o Decreto-lei 157, que permitiu
a pessoas físicas e jurídicas investirem
5% do Imposto de Renda em carteira
ou fundo de ações. A iniciativa gerou
um interesse muito grande. As pessoas
correram ao mercado, inclusive
comprando ações de empresas que
não estavam estruturadas. Para piorar,
a legislação era precária, não havia
proteção ao investidor, o registro de
emissões não era feito por um órgão
especializado e o mercado internacional
não estava presente. Todos esses
fatores combinados levaram a uma
crise. Entre 1967 e 1971, o mercado
havia crescido de modo desenfreado.
Em 1971, surgiram sinais de fadiga.
Inicialmente, o governo tentou,
por meio de alguns mecanismos
Legislação 05
do arcabouço necessário ao surgimento
de um mercado de ações mais amplo e
eficiente, que alcançou o auge no início
do século XXI. A partir de 2001, começou
a aumentar, de forma ainda precária, o
número de empresas que abriam seu
capital. De 2003 a 2007, o movimento de
IPOs se intensificou. Em 2007 aconteceu
realmente um boom, com mais de 60
empresas estreando no mercado. Já o
ano de 2008 vem sendo prejudicado pela
conjuntura internacional.
Quais são os avanços trazidos pela
nova Lei das SAs?
Acho importante ressaltar que o Brasil,
no último período, assumiu uma posição
de liderança, não só em relação à
América Latina, mas também frente
aos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Do ponto de vista de regulamentação
para o mercado de capitais e para a
governança corporativa, o país tem
uma das legislações mais avançadas
e fortes. A CVM tem atuado com
dinamismo, criando mecanismos que
desenvolvimento constante, as
empresas brasileiras não poderiam viver
exclusivamente dos recursos oriundos
do Estado e das empresas públicas.
Era necessário estimular, por exemplo,
a poupança privada. O primeiro passo
que o colegiado da CVM propôs à CMN
foi criar a obrigação de os fundos de
pensão investirem 25% da carteira em
ações. Entendíamos que o mercado
precisava de uma base institucional.
Os fundos de pensão já demonstravam
certa pujança e eram protagonistas
importantes para a criação da poupança
em médio e longo prazo. Essa iniciativa
foi corroborada pelo estímulo à entrada
de investidores estrangeiros, que,
mais tarde viriam a se tornar atores
importantes no mercado.
Em comparação com outros países,
na época, como era a situação das
normas de regulamentação?
Quando comparado com outros países
em desenvolvimento, o Brasil tinha
um mercado bastante representativo.
Na nossa região, o país contava com
uma das legislações mais avançadas.
Os únicos países que tinham alguma
estrutura de mercado eram o Chile
e o México.
Que balanço o sr. faz da primeira Lei
das SAs?
Os objetivos foram parcialmente
alcançados. Durante o período de quase
20 anos, entre a promulgação da Lei das
SAs e o Plano Real, de 1994, convivemos
com a inflação, uma estrutura mortal
para o mercado de capitais. A inflação
é inimiga da aplicação em ações. Pelo
fato de uma ação ser um título de renda
variável, o impacto concorrencial do
governo e da caderneta de poupança era
enorme. O governo demandava recursos
imensos no mercado e a poupança,
durante muitos anos, ofereceu uma
renda garantida, com correção monetária,
em um país de inflação alta. Em 1994
finalmente foi cunhada uma legislação
que livrou o país da correção monetária.
O Plano Real foi essencial para a criação
06 Legislação
A nova Lei das SAs ficou quase oito
anos em tramitação no Congresso.
Ela ainda atende às necessidades do
atual mercado financeiro?
Não é possível criar mercado por
meio de legislação. A legislação é um
instrumento de apoio ao fomento do
mercado. O país pode até ter as leis
mais avançadas do mundo, mas se
o investidor não tiver confiança, não
enxergar oportunidades de investimento
e não achar que o país vai crescer, essas
leis de nada servirão. O mercado é que
deve fazer certas exigências. A Bovespa,
por exemplo, criou o Novo Mercado,
que é um ambiente separado para
aquelas empresas que estão dispostas
a bancar altos níveis de transparência e
liquidez. O resultado foi excelente: 80%
das emissões de ações nos últimos
anos foram feitas no Novo Mercado.
Isso porque as empresas só atraem o
investidor se demonstrarem um alto
padrão de excelência na gestão.
favorecem a confiança do investidor.
O Brasil avançou muito também no
que se refere às informações para o
investidor, que ajudam na tomada de
decisão. Há uma melhora na qualidade
dessa informação que deve estar cada
vez mais disponível a todos, ao mesmo
tempo, sem privilégio a nenhum grupo.
Outro aspecto importante é que as
empresas começaram a prestigiar mais
o mercado de ações, em face da maior
importância dada agora aos acionistas,
incluindo os minoritários. Criou-se o
consenso de que o mercado é um
instrumento importante para a captação
de recursos. Atualmente, é difícil
sustentar condições de crescimento
sem abrir o capital. A entrada no
mercado é fundamental também para
a distribuição da riqueza. Fomentar
a participação dos funcionários nos
lucros das companhias, tornando-os
acionistas, por exemplo, é uma forma
de aumentar sua preocupação sobre a
ética e o comportamento da empresa
como um todo.
De que maneira a nova Lei das SAs
pode ajudar a melhorar o ambiente
econômico brasileiro?
Todos os avanços alcançados pela
nova legislação são fruto de dois
fatores combinados: o bom ambiente
interno, com austeridade financeira
macroeconômica, e o cenário
internacional, que, até o final de 2007 foi
muito favorável.
Que tópicos da legislação e da
regulamentação do mercado financeiro
brasileiro devem ser aprimorados?
Apesar da qualidade das informações
ter melhorado bastante no mercado
nacional, ainda é necessário avançar. É
importante deixar mais claro o nível de
risco que existe em qualquer operação.
A governança corporativa também
precisa avançar muito. A crise financeira
que o mundo está vivendo vai gerar um
aumento de regulamentação que acabará
chegando mais cedo ou mais tarde ao
Brasil. O próprio mercado deve se auto-
regular, mas o governo deve acompanhar
pari passu essas tendências.
Legislação 07
LEGISLAÇÃO
Em janeiro deste ano, entrou em vigor
a nova Lei das Sociedades Anônimas,
com o número 11.638/07. Sancionada
no final do ano passado pelo presidente
Lula, a nova lei modificou a legislação
de 1976 e é considerada um marco
importante para o avanço regulatório do
setor, uma vez que afeta profundamente
o mercado de capitais no país. O projeto
tramitava no Congresso Nacional desde
2000 e foi aprovado com diversas
alterações a partir da formulação inicial,
realizada pelo então deputado federal
Emerson Kapaz. Ex-relator do Projeto de
Lei que deu origem à nova legislação,
Kapaz comentou o tema em entrevista à
KPMG Business Magazine. Hoje diretor
do Instituto para o Desenvolvimento
do Varejo (IDV), Emerson Kapaz traça
um histórico da Lei das SAs e aponta
as oportunidades e os desafios para o
aprimoramento do mercado de capitais
no Brasil.
De que maneira a primeira Lei das
SAs, de 1976, alterou o mercado
financeiro brasileiro?
É preciso contextualizar aquela
legislação no tempo e espaço em que
estava inserida. Formulada em 1976,
ela significou um importante avanço
para o mercado de capitais nacional,
garantindo a sua modernização. Logo
que cheguei ao Congresso Nacional,
em 1998, tratei de tomar contato com
a Lei em questão e somente então vi a
necessidade de sua atualização, pois o
mercado demandava diversos avanços e
a lei de 1976, dentro do que era possível
naquele período, permitiu alguns deles.
Quais foram as alterações mais
significativas feitas no PL do qual o sr.
foi relator, para se chegar à nova Lei
das SAs? Houve distorções?
O embrião para formular uma nova
lei, que aprimorasse a Lei das SAs,
começou a nascer em meu gabinete.
Não foi uma idéia vinda do governo,
nem fruto de pressões do Banco
Central. Eu sentia, por conversas
com empresários, que, para avançar,
o mercado de capitais precisava de
mudanças na legislação. O próprio
Ainda há muito por fazer
Emerson Kapaz, diretor do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV)
08 Legislação
Congresso já começava a perceber essa
necessidade. Havia alguns projetos
tramitando pela Casa. Na Comissão de
Economia, por exemplo, tive acesso a
vários desses projetos, inclusive um do
deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB -PR),
que tinha como objetivo uma mudança
extrema, propondo acabar com as
ações preferenciais, transformando
todos os papéis em ações ordinárias.
A partir da percepção da necessidade
de aprimoramento, iniciei um estudo
do mercado de capitais brasileiro que
durou um ano e meio. Conversei com
dirigentes de empresas e consultorias
que trabalhavam no mercado e viajei
ao exterior para conhecer a visão que
os grandes fundos de investimentos
internacionais tinham do Brasil. Essa
experiência me mostrou a necessidade
urgente de mudanças na legislação.
A partir daí, comecei a escrever o
Projeto de Lei, que trazia alterações
importantes, como maior proteção para
os acionistas minoritários, melhoria
na representatividade dos conselhos
de administração, a instituição do
mecanismo de tag along, entre
muitas outras.
Quais foram os objetivos que
nortearam a elaboração do projeto?
O mercado de capitais precisava de
mudanças; esse era o primeiro passo.
No final, o texto aprovado foi bem
diferente do original. Faltaram muitas
das propostas inicialmente colocadas,
que se perderam ao longo do processo
de negociação no Congresso. É parte
do jogo democrático fazer concessões.
A tramitação do PL foi bastante
longa e as alterações vieram passo a
passo. Na primeira etapa, o projeto
foi apresentado na Comissão de
Economia e minha primeira versão do
texto terminou aprovada. Na segunda
etapa, na Comissão de Finanças e
Tributação, o projeto, que foi relatado
pelo ex-deputado Antônio Kandir, sofreu
as primeiras alterações. Boa parte dos
avanços propostos foi perdida nessa
comissão. Depois, tombaram outros
na Câmara e também no momento da
sanção presidencial. O que ficou, de
mais importante, foi a geração de uma
cultura de mudança no mercado e o que
era realmente relevante na proposta
inicial acabou se transformando em um
projeto da Bovespa: a criação do Novo
Mercado. Ao perceber que muitas das
propostas não foram aprovadas, a Bolsa
de Valores de São Paulo tomou essa
iniciativa por conta própria.
A nova Lei das SAs tramitou por
quase oito anos no Congresso. Na
época de sua elaboração, era uma
legislação avançada. Ela ainda
atende às necessidades do mercado
financeiro?
Naquele momento foi um grande
avanço, muito mais do que se
acreditava. Era um passo inicial
importantíssimo para a consolidação
do mercado de capitais. O aumento do
movimento de IPOs e de lançamentos
de ações mostrou o vigor da economia
brasileira e também a importância do
mercado de ações para o financiamento
das empresas. Mas, hoje, é possível
observar que a legislação brasileira que
Legislação 09
rege o mercado de capitais precisa
de uma nova reforma. A nova lei
nasce aquém das necessidades. E o
empresariado já tem em mente quais
são as mudanças exigidas. A boa notícia
é que esses aprimoramentos não
precisam vir necessariamente na forma
de leis: podem ser feitas pela Bolsa de
Valores ou pela própria CVM, por meio
de portarias e regulamentações. Os
mecanismos encontrados pela própria
Bovespa, por exemplo, foram além
daquilo a que a lei se propôs.
Quais são os principais avanços
trazidos pela nova Lei das SAs?
De que maneira ela pode ajudar a
melhorar o ambiente econômico
brasileiro?
O mais importante foi trazer para o
mercado de capitais o respeito aos
acionistas minoritários. A grande base
de mudanças no meu Projeto de Lei
estava no tratamento diferenciado a
essa parcela dos investidores. A nova
Lei das SAs fortaleceu a representação
dos minoritários, seja no conselho de
administração, seja no peso das ações
preferenciais em relação às ações
ordinárias. O que motivou essa alteração
foi a força que os controladores das
empresas tinham de acordo com a
legislação anterior. Antes, o controle
da empresa estava nas mãos de quem
tinha apenas um terço das ações. Os
minoritários eram alijados do processo:
não compravam as ações, não se
sentiam representados. Assim, havia
um baixíssimo volume de recursos
aplicados e de entrada de capital,
assim como de fundos internacionais
de investimento. Com mais proteção
aos minoritários, começou a entrar no
país um fluxo de investimento cada vez
maior, que trouxe vigor ao mercado de
capitais.
Como o sr. analisa o atual momento
do mercado de capitais no país?
Hoje, ele é o melhor e o maior
instrumento para financiar o
crescimento das empresas no país
– mais que o BNDES ou que qualquer
banco. As companhias olham o
A nova Lei das SAs fortaleceu a representação dos minoritários, seja no conselho de administração, seja no peso das ações preferenciais em relação às ações ordinárias
mercado de capitais como um aliado
para o seu fortalecimento. Vislumbram
a possibilidade de realizar um IPO,
buscam capital no mercado de ações
e, ao socializar seus ativos, possibilitam
aos investidores serem donos de parte
da empresa. Para ingressar na Bolsa de
Valores, as companhias devem estar
legalmente constituídas, diminuindo,
assim, a porcentagem de empresas
que usam caixa dois, que trabalham
na informalidade e que não respeitam
os balanços. Sem práticas mínimas
de boa gestão, nenhuma empresa
hoje consegue abrir seu capital. E,
se permanecem fora do mercado de
ações, terão que buscar recursos no
mercado financeiro, com taxas de
juros muito altas. O instrumento de
financiamento via mercado de capitais
é o mais democrático porque permite
a participação da sociedade como
um todo, já que amplia o número de
pessoas que controlam essa empresa.
Atualmente, os acionistas podem
eventualmente interferir na remuneração
dos diretores da empresa, que têm
10 Legislação
que prestar contas de suas atividades
aos investidores. Assim, conseguimos
aperfeiçoar o capitalismo brasileiro,
avançando na direção de um sistema
muito mais moderno, democrático,
e conectado globalmente. A grande
vantagem é que as empresas podem
se financiar no mercado do mundo
inteiro. Os investidores internacionais
são atraídos ao Brasil por conta da
credibilidade da empresa e do próprio
mercado de capitais. Estamos conectados
com o mundo e em condições de
absorver sua liquidez financeira.
Quais são os pontos da
regulamentação que necessitam de
avanço?
Existe hoje um debate intenso sobre
eventuais mudanças que poderiam
acelerar esse bom momento que
estamos vivendo no mercado de capitais.
É importante frisar que, a exemplo do
novo mercado, muitas delas podem vir do
próprio consenso de sua implementação,
inicialmente voluntária, outras, por
regulamentação da CVM. Sei o que
foi a elaboração da lei que resultou no
que temos hoje. Por isso, não diria que
o Congresso Nacional é o caminho
ideal. Sobre os pontos que mereceriam
um aprofundamento, eu citaria um
maior disclosure sobre remuneração
de diretores, as poison pills, abertura
do Novo Mercado para empresas
estrangeiras, o que fazer com os
ativistas, funcionamento dos Conselhos
de Administração, entre muitas outras
que têm sido debatidas.
A velocidade e a força do mercado
de capitais exigem outros avanços.
Com a nova Lei das SAs e a obtenção
do investment grade, quais são
as perspectivas para a economia
brasileira e, especificamente, para o
mercado de capitais?
Em termos econômicos, o Brasil
vive seu melhor momento em 20
ou 30 anos. Não é uma situação
pontual. É fruto de um processo de
amadurecimento e de avanços em uma
série de áreas. Tudo isso proporcionou
um momento absolutamente favorável
e único para o país. Os fatores decisivos
para o crescimento econômico foram
o combate à inflação, o processo de
privatização, os avanços na legislação
que proporcionaram um maior controle
sobre o déficit público e a promulgação
da nova lei das SAs. O fim da inflação, a
partir de 1994, por meio do Plano Real,
foi responsável por mudanças em uma
série de conceitos que deturpavam os
números da economia do país. Hoje,
graças ao novo cenário de estabilidade,
conseguimos controlar os orçamentos
públicos e privados. Por fim, a liquidez
internacional é outro ponto que
contribuiu para esse momento. Essas
mudanças nos permitiram aproveitar
o bom momento da economia
internacional, atraindo investidores
que antes relutavam em colocar seus
recursos no Brasil.
Legislação 11
outros países, esse percentual alcança
80%, 90% e até 100% do PIB. Ou
seja, poderíamos multiplicar o nível de
consumo por três se houvesse produção
suficiente. O país terá que frear seu
crescimento até que a produção possa
responder à altura. Insisto: o segredo
está em incrementar a produção e
ampliar o mercado de capitais, para
que as empresas se sintam instigadas
a abrir o capital, beneficiando-se,
assim, dessa fonte de recursos. É um
momento extraordinário do mercado
brasileiro e não podemos correr o risco
de perdê-lo, com uma reforma tributária
mal feita que complique ainda mais o
sistema tributário ou com a criação de
impostos, como a Contribuição Social
para a Saúde (CSS), que não é bem-
vinda neste momento. O ideal, agora,
é que o Estado seja um instrumento de
avanço do crescimento do país e não
um retrocesso.
A continuidade do projeto econômico,
garantida pelo atual governo após
as eleições, e o reconhecimento
internacional de que o país tem uma
economia mais previsível ajudaram
de fato o Brasil a crescer. No entanto,
ainda temos grandes desafios pela
frente. Em vez de tentar controlar a
demanda, ou diminuí-la por meio do
aumento das taxas de juros, como
se tem feito ultimamente, o certo
é aumentar a oferta. O segredo da
mudança é o investimento maciço
em áreas importantes: infra-estrutura,
aumento da produção de máquinas
e equipamentos, não à tributação
do investimento, além da redução
máxima de tributos sobre a produção,
para que os empresários continuem
a ampliar a capacidade produtiva. Já
é possível perceber o potencial que
tem o mercado consumidor no Brasil.
O país conta hoje com uma oferta de
crédito que passa de R$ 1 trilhão, mas
representa só um terço do PIB. Em
GESTÃO TRIBUTÁRIA
Os tributos indiretos têm um
grande impacto na formação do
preço de produtos e serviços.
As empresas aptas a identificá-
los e analisá-los corretamente
conseguem uma importante
vantagem competitiva
Impostos indiretos e os impactos na lucratividade
Gestão Tributária 13
“Neste mundo, nada é certo, a não ser a morte e os impostos”. A frase, atribuída a um dos pais da independência norte-americana, Benjamin Franklin, ainda no século XVIII, continua mais atual do que nunca. No Brasil, não obstante serem inevitáveis, os tributos são organizados em uma estrutura intrincada, o que dificulta a visualização de todos os impostos pagos pela sociedade ao Estado e prejudica a compreensão do processo de formação dos preços dos bens e serviços produzidos no país.
Assim, mesmo que a questão tributária afete diretamente diversos departamentos – comercial, fiscal, administrativo, controladoria, financeiro, jurídico etc – e tenha impacto no próprio desempenho da companhia, são poucos os líderes que, de fato, entendem os mecanismos de incidência dos tributos indiretos. Com isso, perdem uma ótima oportunidade para o aprimoramento da gestão, com prováveis ganhos de performance.
“A estrutura das corporações está bastante enxuta. Por sua vez, a área de tributos indiretos pode ser melhor compreendida. Por exemplo, se a empresa que paga tributos de forma equivocada passar a entender melhor esta área, poderá diminuir custos e,
Elson Bueno, diretor da KPMG no Brasil na área de Tax
com isso, aumentar sua margem de lucro ”, afirma o diretor da KPMG no Brasil na área de Tax para o segmento de Impostos Indiretos, Elson Bueno. Segundo ele, é fundamental que haja uma cultura interna voltada ao entendimento do processo de formação dos preços não só entre os funcionários ligados diretamente à área contábil ou fiscal, mas também para os funcionários da área comercial, por exemplo.
As respostas – ou, em muitos casos, a ausência delas – para seis perguntas elaboradas pela KPMG são ilustrativas sobre o nível de entendimento da formação de preços de bens e serviços:
u Quantos tributos existem no Brasil?
u Quais deles são devidos pela sua empresa?
u Qual é a carga tributária dos produtos/serviços adquiridos?
u Qual é a carga tributária dos produtos/serviços vendidos/prestados?
u Como são formados os preços de venda com a aplicação dos tributos devidos pela sua empresa?
uComo seu concorrente trabalha a questão de tributos na formação dos preços?
“Estudos comprovam que há, na média, alteração na legislação de impostos indiretos a cada 48 horas”
Sem um bom entendimento do mecanismo de incidência de tributos indiretos, aumenta a dificuldade na obtenção de ganhos de desempenho por meio de gestão tributária eficiente. Um bom exemplo é o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), principal imposto estadual. Ao lado do ISS (Imposto Sobre Serviços), cobrado pelos municípios, do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), do PIS (Programa de Integração Social) e da COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), estes, cobrados pela União, forma o grupo dos principais tributos indiretos cobrados no país. No caso do ICMS, sua legislação é de responsabilidade dos estados. Há, portanto, 27 textos, fazendo com que existam diferenças entre eles.
Uma mercadoria produzida em São Paulo e vendida dentro do estado paga uma alíquota de 18% de ICMS. Caso o mesmo produto tenha o Norte ou Nordeste como destino final, essa alíquota cai para 7%. Para os estados
da região Sul e Sudeste (à exceção do próprio estado paulista), o imposto é de 12%. Trata-se de um mecanismo complexo, mas que também traz oportunidades. É possível, por exemplo, que o cliente de uma empresa de São Paulo tenha uma filial na Bahia, o que poderá diminuir o custo do ICMS.
Nessa questão, manter-se bem informado é um pré-requisito essencial. “Estudos comprovam que há, na média, alteração na legislação de impostos indiretos a cada 48 horas”, afirma Bueno. “Quem não se atualizar, fica para trás”, completa. O diretor da KPMG lembra também que, em um mercado competitivo, um ganho tributário de 0,5% faz enorme diferença no desempenho de uma companhia. Para ilustrar, ele dá o exemplo de uma montadora de automóveis. “Todo carro sai da fábrica com um pouco de combustível para rodar até o posto mais próximo da concessionária. Se houver um erro de cálculo e forem colocados 100 ml a mais em cada veículo, o impacto total é enorme. Com impostos,
Confira o percentual
relativo a impostos
indiretos no preço final
de alguns produtos
Produto % aproximada no preço final
Material de limpeza
Eletrodoméstico
Carnes
Material escolar
Cama, mesa e banho
Energia elétrica
40
38
18
39
37
46
O tamanho da mordida
14 Gestão Tributária
é a mesma coisa. Com um erro de 0,5% no cálculo tributário, perde-se a venda”.
Aos poucos, as companhias já começam a perceber os ganhos com o melhor entendimento, por parte dos funcionários, do processo de formação de preços. “É algo natural. Quando a empresa se dá conta de que este é um ponto da gestão de governança corporativa que precisa ser melhor trabalhado, ela corre atrás. Fizemos recentemente um curso in company sobre formação de preços para uma empresa do ramo químico. Os executivos gostaram tanto do resultado que encomendaram mais dois cursos – que são desenvolvidos sob medida para as características da empresa”, esclarece Elson Bueno.
Os principais tributos indiretos obedecem ao princípio da não-cumulatividade. Aqui reside outro fator importante, que pode trazer vantagens caso haja compreensão adequada do processo de formação de preços. Para evitar a tributação em cascata (pagamento do mesmo imposto nas duas pontas da cadeia produtiva:
Custo de produção R$ 20.000,00 (A)
Cálculo para a formação do valor base para incidência de tributos 0,7185 R$ 27.835,77 (18% x 5% = 18,90% + 9,25% = 28,15% - 100/100) Cálculo do imposto devido sobre nova baseIPI 5 R$ 1.391,79 (B)ICMS 18 R$ 5.260,96 (C)PIS/COFINS 9,25 R$ 2.574,81 (D)
Valor final do produto (A+B+C+D) R$ 29.227,56
compra dos insumos e venda do produto final), a legislação permite que os impostos indiretos (à exceção do ISS), embutidos na compra das matérias-primas, sejam recuperados no cálculo do imposto devido para a venda do bem ou prestação do serviço ao consumidor final. “É muito comum que as empresas não se dêem conta do total de tributo que têm para recuperar, o que aumenta o custo das companhias, tornando-as menos eficientes. Com o crédito proveniente da não-cumulatividade dos tributos indiretos, a organização ganha uma flexibilidade importante na estratégia de seus negócios. Os executivos podem optar por elevar a margem de lucro, para oferecer maior retorno aos acionistas, mas podem também reduzir o preço do produto ou do serviço, na tentativa de abocanhar mais mercado”, avalia o diretor da KPMG. Dessa forma, a identificação correta dos benefícios fiscais existentes e da legislação torna-se um instrumento importante de estratégia. “É imprescindível para entender o próprio negócio”, finaliza Elson Bueno.
Cálculos intrincados
Cômputo dos impostos
indiretos na formação do
preço de um produto*
com custo de produção
de R$ 20 mil para venda
ao consumidor final
*Produzido e vendido dentro do Estado de São Paulo
Gestão Tributária 15
Descrição Percentagem Valor
TRIBUTAÇÃO
Roberto Haddad, sócio da KPMG no Brasil na área de International Tax
Governos agora utilizam
também benefícos fiscais
como política tributária de
preservação ambiental
e meioImpostos
ambiente
Tributação 17
Nos últimos anos, poucos assuntos
ganharam tanta repercussão
quanto o aquecimento global e a
necessidade de preservação ambiental.
Constantemente na pauta do dia, as
pressões da sociedade pela redução
do nível de emissões de gases tóxicos
forçaram os governos nacionais a
criar políticas ambientais para evitar a
degradação da natureza. O resultado,
em muitos países, foi o surgimento das
green taxes, os chamados impostos
ambientais. Uma pesquisa da KPMG
do Reino Unido, no entanto, revela
um dado interessante: enquanto
recrudesciam as pressões pela
redução da emissão de poluentes,
diminuía a proporção dos impostos
verdes em relação ao Produto Interno
Bruto dos países, principalmente os
mais ricos. Em 1996, as green taxes
representavam, em média, 2,72% do
PIB de 29 das maiores economias do
mundo. Em 2005, esse percentual caiu
para 2,52%.
Aparentemente uma contradição, os
resultados da pesquisa exigem uma
avaliação mais profunda. “Não é possível
concluir, a partir desses números, que
há um processo de relaxamento em
relação às preocupações ambientais.
É importante contextualizar o fato. De
início, esse fenômeno faz parte de um
movimento mundial de redução da carga
tributária. Outras hipóteses – como
o PIB ter aumentado em um ritmo
mais forte do que o de arrecadação de
impostos ambientais e também a busca
por outros mecanismos não-tributários
de controle da poluição – são mais
factíveis para entender esses dados”,
afirma o sócio da KPMG no Brasil
na área de International Tax, Roberto
Haddad.
O fato é que a questão tributária é
imensamente complexa e engloba
diversos fatores que têm forte influência
sobre os resultados. Dessa forma, não
existe uma relação exata de causa e
efeito entre a diminuição dos impostos
ambientais em proporção ao PIB e um
aumento da poluição (ou de seu controle
governamental). Não obstante, no que
se refere ao problema da poluição,
também há diversos mecanismos
diferentes de se exercer o controle
da ação humana sobre a natureza.
“O fundamental é que as green taxes
sejam um dos braços da política dos
governos em relação ao meio ambiente.
Esses tributos devem fazer parte de
uma ampla política, com diversas ações
voltadas à preservação e à redução
da degradação ambiental”, esclarece
Haddad.
Existem fundamentalmente dois
caminhos tributários para o controle
da emissão de poluentes. O primeiro
é tributar as companhias que não
contam com políticas ambientais
adequadas ou que poluam demais. A
alternativa é oferecer benefícios fiscais
para as organizações que adotem
bons programas ambientais. De forma
geral, a tributação sobre o poluidor foi
mais utilizada no início da elaboração
das green taxes. O índice que
aponta a carga de tributos verdes em
relação ao PIB consegue captar esse
mecanismo de tributação. Já a política
de benefícios para as companhias
que têm programas sustentáveis não
é identificada por esse índice – o que
ajuda a explicar a aparente queda da
importância dos impostos ambientais.
O sócio da KPMG esclarece que
a evolução para o mecanismo de
benefícios representa uma segunda
fase das green taxes, um progresso na
forma de se buscar a sustentabilidade
do meio ambiente por meio da política
tributária. “Os países estão estudando
melhores formas de tratar essa
questão, com medidas diferentes e
pacotes para incentivar a adoção de
ações de sustentabilidade ambiental
por parte da iniciativa privada”, afirma
Haddad. “Até porque, apesar de não
haver consenso nessa seara, cobrar
impostos não é a melhor forma de se
buscar diminuir a poluição”.
O tema, entretanto, é polêmico e
complexo, como reconhece Haddad.
O dilema entre “punir os maus ou
incentivar os bons” não tem uma
resposta fácil. A tributação sobre
sacolas plásticas, implementada na
Irlanda em 2002, é um exemplo de
sucesso do mecanismo de cobrar dos
poluidores. A cobrança provocou uma
redução imediata no uso per capita
de sacolas plásticas: de 328 para 21
unidades anuais. Quatro anos depois
ocorreu um aumento no uso de sacolas
por pessoa, o que forçou o governo
irlandês a aumentar o imposto para
voltar aos números de 2002.
Apesar do sucesso de algumas
medidas, a criação de novos impostos
vai na contramão da atual tendência
mundial de se reduzir a carga tributária.
Os governos vêm se esforçando
para substituir impostos em vez de
somar outros novos. Até porque os
efeitos do aumento da tributação são
extremamente complexos – o que
faz com que nem sempre o objetivo
à época da criação do imposto seja
alcançado. Em um país como o Brasil,
o aumento da carga tributária, mesmo
que tenha a louvável iniciativa de
reduzir a poluição ambiental, pode
conter o efeito perverso de reduzir
os investimentos das empresas em
outras áreas – o que seria prejudicial ao
desempenho da economia brasileira.
Roberto Haddad também esclarece
que esse mecanismo de tributação
restringe o alcance dos benefícios
18 Tributação
para o meio ambiente. Isso acontece
porque a receita com um novo imposto
verde será alocada para um projeto
específico de meio ambiente, definido
pela burocracia governamental. Já o
alcance da política de benefícios fiscais
para boas políticas ambientais é muito
maior porque engloba diversos projetos
de sustentabilidade das empresas. “É
um mecanismo mais amplo, que gera
menos efeitos colaterais às companhias
– como a redução de investimentos
produtivos – e que os estudos já
demonstraram ser mais eficaz. Ao
pulverizar os investimentos ambientais,
com as decisões sobre a alocação
desse recurso sob responsabilidade
da iniciativa privada, beneficia-se a
diversidade”, garante o sócio da KPMG.
O principal objetivo dessas
políticas é produzir uma mudança
no comportamento da sociedade
(população, empresas, poder público).
Aqui, de acordo com Roberto Haddad,
encontra-se outra vantagem dos
Tributação 19
benefícios fiscais. “Criar novos impostos
atrapalha a vida econômica e não muda
o comportamento da sociedade. É
mais eficiente mudar as atitudes da
sociedade por meio de benefícios”, diz.
Por exemplo, o uso racional da água
doce também pode ser alvo de uma
política de conscientização baseada em
benefícios fiscais. Uma possibilidade
seria reduzir o IPTU para prédios que
consumissem menos água.
O Brasil, que está em um momento
extremamente delicado, com grande
necessidade de desenvolvimento
econômico para proporcionar inclusão
social à sua população – e que, ao
mesmo tempo, tem importantes
(e grandes) ecossistemas cuja
preservação é vital para o planeta –,
tem projeto de adotar prioritariamente
o mecanismo de benefícios fiscais
como política tributária de preservação
ambiental. Os projetos abrangem, por
exemplo, dedução no IR para doações
ligadas ao meio ambiente, inclusive
para pessoas físicas. Por um lado,
isso demonstra que o país ainda
engatinha nessa questão. Por outro
lado, a vantagem é que o Brasil deve
ingressar na segunda fase das green
taxes. “Devido à nossa carga tributária,
a não criação de um novo imposto é
uma ótima notícia”, diz Haddad. O foco
não está em elaborar novos impostos
ambientais e, sim, em beneficiar
projetos que tragam bons resultados ao
meio ambiente.
Independentemente da estratégica de
tributação – cobrança de impostos ou
benefícios fiscais –, o mais importante,
alerta o sócio da KPMG, é que ela
venha inserida em uma política ampla,
que abarque diversas ações em prol da
conservação e da busca pela redução
dos danos causados pelo homem
à natureza. Em meio a todas essas
questões, só não restam dúvidas de
que a humanidade precisa de fato
repensar suas relações com o planeta.
com a complexidadeOportunidades
GLOBALIZAÇÃO
A simplificação nem sempre é o
melhor caminho para as empresas
que querem aumentar sua
lucratividade no longo prazo
global
Oportucom a comp
Globalização 21
Com a globalização da economia, o
aumento exponencial da complexidade
dos negócios nas empresas tornou-se
inevitável. As mudanças constantes no
cenário mundial trazem tanto desafios
quanto oportunidades e exigem que as
empresas reavaliem suas estratégias
constantemente. À medida que as
operações globais crescem e se tornam
mais fragmentadas, a complexidade
dos negócios vai se tornando cada
vez mais intrincada e de difícil
controle. Podemos exemplificar com
o que acontece na cadeia produtiva.
De um lado, fornecedores ficaram
cada vez mais geograficamente
distantes e especializados. Na outra
ponta, os consumidores se tornaram
mais exigentes e a necessidade de
personalização dos produtos atingiu
níveis nunca antes vistos. O desafio
comercial, nos tempos modernos, é
Fernando Aguirre, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services
atender aos anseios por produtos mais
adequados ao perfil de cada segmento
de uma mesma sociedade. Muitas
companhias ainda não estão preparadas
para enfrentar este cenário. Entretanto,
organizações de sucesso enxergam o
aumento da complexidade como uma
oportunidade e não como uma ameaça
aos negócios.
Essa foi a conclusão do estudo
Rethinking Business Complexity,
elaborado pela KPMG International.
“Empresas que apostam na estratégia
da simplificação poderão reduzir custos
no curto prazo, porém não aproveitarão
a lucratividade maior trazida por uma
complexidade abrangente nos negócios,
tendo a inovação como vantagem
competitiva” avalia Fernando Aguirre,
sócio da KPMG no Brasil na área de Risk
Advisory Services.
“Fica evidente onde estão asoportunidades de se diferenciar dos concorrentes – com produtos únicos e serviços superiores”Fernando Aguirre
O desafio imposto pela globalização
é estimular os negócios através da
compreensão e do gerenciamento da
complexidade.
As variáveis “clientes” e “produtos” são
responsáveis por 70% da complexidade
enfrentada pelas empresas, dizem os
especialistas. “Portanto, fica evidente
onde estão as oportunidades de se
diferenciar dos concorrentes: por
meio de produtos únicos e serviços
superiores”, esclarece Aguirre.
A crescente complexidade nos negócios
provém da base de fornecedores,
clientes, da logística de distribuição
e das questões regulatórias/
governamentais. Para obter sucesso
com tais fatores, o estudo da KPMG
aponta cinco iniciativas fundamentais:
• Desenvolver uma visão coerente
• Gerenciar talentos
• Acelerar a inovação
• Rapidez na execução de mudanças
• Equilibrar a cadeia de suprimentos
De acordo com a pesquisa, ajustes
contínuos nos processos da companhia
devem acontecer não apenas para as
atividades executadas internamente,
mas também em todo serviço
terceirizado. Uma iniciativa importante,
segundo o sócio da KPMG, é analisar
a cadeia completa de elaboração de
um produto, visando um tratamento
sistêmico que monitore os sistemas de
qualidade e reduza as ineficiências. “É
um grande desafio atender a um cliente
que preza sempre o menor custo mas
não abdica da qualidade.”
Uma forma de lidar com essas
complexas e multifacetadas cadeias de
fornecedores é dar-lhes flexibilidade.
Um setor que ilustra bem esse desafio
é o automotivo. As montadoras
terceirizaram para outras indústrias
a fabricação de grande parte dos
22 Globalização
componentes de seus veículos. Não por
acaso, o segmento de autopeças é um
dos maiores, mais bem estruturados e,
também, geograficamente espalhados
ramos industriais no mundo, sempre
em busca de redução de custos. Para
se adaptar às complexidades dessa
cadeia, o setor automobilístico de
alta performance, além de gerenciar
as diferentes marcas, passou a
incorporar a cadeia de fornecimento,
em muitos casos envolvendo também
os consumidores no processo de
desenvolvimento dos produtos.
“Se eu coloco o cliente no ciclo de
desenvolvimento, sei o que ele quer”,
define o sócio da KPMG.
O desafio, para as empresas, é
equilibrar essa fórmula numa equação
em que a flexibilidade da cadeia não
resulte em um aumento de custos
proibitivo. Ou seja, manter a agilidade,
com baixo custo, aliada a uma logística
eficiente de distribuição. “Cada vez
menos o mercado se predispõe a
pagar os custos de distribuição de
um produto. Por essa razão, não é
possível fazer ou ser tudo para todos os
clientes. É necessária uma certa dose
de criatividade junto aos fornecedores
e parceiros para conseguir maiores
níveis de serviço e a cobrança de preços
diferenciados”, comenta Aguirre.
“O balanceamento correto da cadeia
de suprimentos requer uma visão
acertada sobre o mercado no qual se
quer avançar. A grande questão é ter
foco. Reconhecer segmentos nos quais
a empresa (ainda) não tem eficiência é
importante para evitar custos fixos sem
retorno”, afirma Aguirre.
Esse panorama força uma mudança no
perfil dos executivos no que se refere
ao pensamento sobre a complexidade
nos negócios, com uma boa dose de
descentralização do poder de decisão
– estratégia gerencial conhecida como
Globalização 23
empowerment. Processos bem geridos
e maior autonomia de decisão no nível
operacional fazem com que os executivos
possam se dedicar mais às tarefas
estratégicas. Nesse modelo adaptado
à globalização, um ponto importante,
portanto, é o gerenciamento de talentos.
Pesquisa e desenvolvimentoO processo de criação de novos
produtos também precisa evoluir.
Atualmente, muitos ciclos de criação
não respeitam a complexidade aportada
pela globalização dos mercados. Ainda
são muito comuns os processos longos
de desenvolvimento de produtos, que
não necessariamente chegam em
decisões relevantes.
Segundo o modelo “stage-gate”, um
processo de criação assemelha-se
a um “funil”. Em muitas empresas
as idéias de novos produtos
atravessam este processo antes que
se tornem disponíveis ao mercado.
24 Globalização
De onde vem a complexidade nos negócios?
Complexidade de governança
Exigências comerciais e de mercadoPortfólio de marcas
Complexidade nos
negócios
Base de fornecedores
Ausência de padrões nos produtos
Variedade de SKU
Complexidade
defornecim
ento
Complexidade da cadeia de suprimento
Complexidade de processos
operacionaisBase de
consumidores
Complexidade de operação e
distribuição
Exigências fiscais, de
tesouraria e de legislação
Infra-estrutura de TI
Com
plex
idad
e de
co
nsum
idor
es
Lidando com a complexidade
Acelerar a inovação
Gerenciar talentos
Desenvolver uma visão coerente
Rapidez na execução de mudanças
Equilibrar a cadeia de
suprimentos
Lidando com a
complexidade
“Principalmente nas grandes empresas
fabricantes de produtos de consumo, a
criação de produtos é demasiadamente
orientada pelo marketing, o que
também leva a processos caros de
desenvolvimento”, avalia. “É preciso
capturar as boas idéias, mas baratear o
processo – eis o desafio”.
No Brasil, um país heterogêneo em
muitos aspectos, o que abrange
também as exigências e os hábitos
dos consumidores, há oportunidades
significativas. “O aumento da condição
de renda abre espaço para as empresas
conquistarem a ascendente classe
C com produtos específicos para
esse público”. O desafio é atender
esse novo cliente, com agilidade
no desenvolvimento do produto, no
marketing, na entrega e excelência no
fulfillment. Porém, segundo o sócio da
KPMG, o Brasil possui uma precária
e desafiadora infra-estrutura logística,
além de complexa legislação fiscal.
Empresas que se dispõem a atuar com
esta complexidade estão crescendo
seus negócios. Se a complexidade nos
negócios não veio para simplificar, é
fato que também não veio somente
para complicar: ela pode trazer
oportunidades para a companhia se
diferenciar das concorrentes.
Globalização 25
Devido à complexidade, surgem nas organizações alguns “sintomas”
Uma cadeia de suprimentos ineficientes em termos de custos e de fornecimento de
serviços
Origem
Proliferação sem controle de
produtos/variação de demanda
Características
Oscilação excessiva dos estoques da cadeia de suprimento por causa de mudanças
abruptas na demanda, promoções para estimular as vendas e lentidão nos estoques
Desempenho irregular dos ativos Subutilização dos ativos atuais
Falta de habilidadesAusência de habilidades comerciais em departamentos-chave ou ausência de
habilidades técnicas para o desenho de produtos ou serviços
Sobrecarga de pessoalExcesso de empregados e de indicadores de performance. Problemas nos
programas de aperfeiçoamento
Processo decisório lento e TI
Lentidão no processo decisório e sistemas de informática pouco integrados resultam
em atrasos nas mudanças e no uso de contrapartidas para anormalidades nos
negócios e na cadeia de suprimento
Desenho ineficiente da cadeia
de suprimento
AMÉRICA LATINA
Carlos Vargas
no MéxicoInvestindo
Marienne Munhoz
Carlos Vargas, sócio da KPMG no México na área de M&A Tax
Marienne Munhoz, sócia da KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax
Bruna Futuro, gerente da KPMG no Brasil na área de International Corporate Tax, atualmente no programa de Tax Trek na KPMG México
América Latina 27
O México vem consolidando
internamente, nos últimos anos, a
estabilidade política e econômica.
O governo está empenhado em
implementar reformas estruturais
profundas, que têm impulsionado de
forma significativa o desenvolvimento
do país nas mais diversas áreas. Entre
as principais iniciativas está o aumento
dos investimentos em projetos de infra-
estrutura, energia e recursos naturais.
O país também vem se destacando
pelo dinamismo nos setores de
telecomunicações, alimentício e no
mercado consumidor em geral.
Os investimentos externos no México
vêm crescendo substancialmente nos
últimos anos, impulsionados também
pelos diversos acordos internacionais de
comércio e por novos tratados que se
destinam a evitar a bitributação.
Note-se que o México é o único país da
América Latina a integrar a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), signatário de 37
tratados para evitar a dupla tributação,
em vigor com os principais mercados
mundiais, como os Estados Unidos,
Canadá, União Européia e também
o Brasil. Ademais, a regulamentação
doméstica relativa a investimentos
externos e a transferência de tecnologia
está mais branda, ao mesmo tempo
em que a tributação sobre esse tipo de
capital vem sendo reduzida.
O Tratado Brasil-México está em vigor
desde 2006 e segue a tendência
presente nas últimas convenções
assinadas pelo país. Este acordo
traz não só a cláusula da nação mais
favorecida em relação a juros, royalties
e dividendos – determinando que, na Bruna Futuro
eventualidade de o Brasil assinar novos
tratados com alíquotas menores do que
as definidas no Tratado Brasil-México,
essas alíquotas valerão também para
o Tratado em questão –, mas, ainda,
uma série de cláusulas destinadas ao
combate à evasão fiscal internacional.
E, também, ao combate ao abuso das
disposições do Tratado Brasil-México
(anti treaty shopping). Vale ressaltar
que, ao contrário de outras convenções
assinadas pelo Brasil, o Tratado Brasil-
México não incluiu a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
entre os tributos abrangidos por suas
disposições.
Capitais O México conta com normas de
capitalização mínima (regras de
subcapitalização). O valor dos
empréstimos tomados de investidores
estrangeiros (partes relacionadas),
quando superiores à proporção de 3:1
sobre os investimentos, não é dedutível
na empresa mexicana.
As regras de preços de transferência
(transfer pricing) começaram a ser
implementadas no México em 1992,
mas seguem os modelos da OCDE
desde 1994, quando o país não só
se tornou membro da Organização
supracitada, mas também assinou o
Tratado de Livre Comércio da América
do Norte (NAFTA).
Atualmente, o México tem tributos
diretos federais e estaduais. No âmbito
federal existem tributos diretos e
indiretos. E, nos planos estadual e
municipal, somente tributos específicos
sobre propriedade, folha de pagamento
e bens imóveis, conforme resumo a
seguir:
Tributos FederaisDiretos: Imposto de Renda (IR),
Imposto Empresarial à Taxa Única (IETU
– em vigor desde janeiro de 2008),
Imposto sobre Depósitos em Espécie
(IDE) e Imposto sobre Automóveis
Novos (ISAN).
Indiretos: Imposto sobre o Valor
Agregado (IVA) e Imposto Especial
sobre Produção e Serviços (IEPS).
O primeiro é semelhante ao ICMS
28 América Latina
brasileiro e o segundo, uma combinação
dos nossos IPI e ISS.
Tributos Estaduais e Municipais:
Imposto sobre a Propriedade, Imposto
sobre a Folha de Pagamento e Imposto
sobre Bens Imóveis.
De modo geral, há três formas de uma
empresa estrangeira se estabelecer no
mercado mexicano:
n Constituição de uma subsidiária
mexicana;
n Criação de um estabelecimento
permanente (EP) ou filial;
n Constituição de um escritório de
representação.
A legislação mexicana dispõe de seis
tipos societários diferentes. Mas, como
ocorre no Brasil, os mais comuns são a
Sociedade Anônima (SA) e a Sociedade
de Responsabilidade Limitada (SRL).
Os estabelecimentos permanentes e
as filiais são considerados equivalentes
pela legislação societária mexicana. Sua
constituição no país deve ser autorizada
pelo Ministério da Economia, para
que possam desenvolver atividades
comerciais e obtenham a nacionalidade
mexicana.
Tanto as sociedades constituídas no
México quanto os estabelecimentos
permanentes ou filiais têm sua renda
tributada à alíquota de 28%. Todavia,
algumas despesas e remessas para o
exterior podem não ser dedutíveis para
os estabelecimentos permanentes.
Caso o investidor já saiba de antemão
que a empresa constituída no México
terá muitas despesas ou efetuará
muitas remessas ao exterior, a criação
de uma subsidiária pode ser a melhor
alternativa.
Em janeiro de 2008, entrou em vigor
o Imposto Empresarial à Taxa Única
(IETU), que substituiu o antigo Imposto
sobre Ativos. A alíquota efetiva deste
novo imposto será de 17,5% a partir de
2010. Este ano, porém, a alíquota é de
16,5%; em 2009, será de 17%.
O IETU é considerado um adicional
ao Imposto de Renda e o contribuinte
é obrigado a apresentar a cada ano
cálculos independentes, mas paralelos.
Em geral, a base de cálculo do IETU
considera os pagamentos em espécie
decorrentes de venda de ativos
(incluindo inventários e outros ativos), de
serviços e aluguéis.
No final, o contribuinte deve pagar o
maior entre os dois impostos (IR e
IETU), apesar de, na prática, o IETU
atuar como um complemento do IR.
Em outras palavras, somente o eventual
excesso de IETU sobre o IR devido será
efetivamente tributado.
O Brasil, através do Ato Declaratório
Interpretativo RFB nº 22, de 1º de
fevereiro de 2008, reconheceu o IETU
entre os tributos abrangidos pelo Tratado
Brasil-México.
Atualmente, o México não possui
regras de controle cambial e a
tributação sobre as remessas ao
exterior varia de acordo com a sua
natureza. E é regulada pela legislação
interna, combinada com os tratados
para evitar a dupla tributação.
América Latina 29
Quando da aquisição de empresa
mexicana, procedimentos de
diligência (due diligence) são
sempre recomendados, uma vez
que contingências decorrentes de
operações entre partes relacionadas,
reorganizações intra-grupos e
distribuição disfarçada de lucros são
muito comuns no país.
A discussão entre aquisição de
ativos versus ações também é muito
recorrente, uma vez que cada tipo
de operação possui suas vantagens
e desvantagens. Por exemplo, em
uma aquisição de ativos devidamente
implementada, não há, em geral,
sucessão de contingências da antiga
empresa. E pode haver uma valorização
automática dos ativos transferidos para
o novo investidor. Já uma aquisição
de ações é mais rápida, não gera
tributação pelo IVA nem por outros
impostos relativos à transferência de
bens, enquanto os prejuízos fiscais
da empresa adquirida são mantidos.
Os prejuízos fiscais não podem ser
compensados com os montantes
devidos nos anos anteriores, mas
podem ser compensados em sua
totalidade por até dez anos.
Outra questão muito comum ao se
considerar um investimento no México
é o uso do Programa de Maquiladoras,
normalmente conhecido como
“Maquilas”. Trata-se dos processos
industriais destinados a transformar,
manufaturar ou reparar bens
estrangeiros que são importados livres
de quaisquer ônus, temporariamente,
para que sejam exportados depois. As
maquilas também podem ser usadas
para as atividades de exportação de
serviços, como gerenciamento de bens,
call centers e processamento de dados,
entre outros.
Qualquer empresa constituída no
México pode se cadastrar no Programa
de Maquilas. Estas empresas podem
ser constituídas em qualquer ponto do
país e sua principal atividade deve ser
a exportação da maior parte de sua
produção ou serviços, o que não as
impede de desempenhar atividades no
próprio território mexicano.
Este programa também oferece boas
oportunidades para empresas com
projetos de exportação, por meio do
uso de empresas estrangeiras. Elas
fornecem tecnologia ou matéria-
prima, mas não estão envolvidas no
gerenciamento do projeto em questão
(shelter maquiladora).
Por fim, podemos concluir que o México
está gerando muitas oportunidades para
investidores estrangeiros, principalmente
pelo fato de que as recentes reformas
tributárias e estruturais estão não só
aproximando sua legislação às dos
mercados mais desenvolvidos, como
proporcionam maior segurança para
quem investe no país.
30 América Latina
RELAÇÕES COMERCIAIS
Intercâmbio de conhecimento
e amplas oportunidades de
negócios
Europa e Brasil
Europa 33
Os analistas econômicos são unânimes:
está em curso um novo balanceamento
das forças econômicas mundiais. Nesse
contexto, os Estados Unidos se mantêm
como o principal ator econômico, mas,
desde a consolidação da União Européia,
o mercado europeu se mostra forte e
à altura de dividir os holofotes com os
EUA. Os emergentes, principalmente
os do denominado BRIC (grupo
composto por Brasil, Rússia, Índia e
China), ganham cada vez mais espaço
no cenário internacional. O resultado
é um mercado global multifacetado,
com amplas possibilidades de relações
comerciais.
A Europa certamente é uma das
potências econômicas que analisam o
Brasil com novas perspectivas, entre
outras razões por ser fonte de matéria-
prima e energia. Essa foi uma das
mensagens-chave apresentadas por
Robert Gutsche, membro do Comitê
Executivo e líder da área de mercados
na KPMG na Alemanha, que esteve
recentemente no Brasil para participar
de uma série de eventos. Gutsche
desembarcou no país em nome da
KPMG Europe LLP, que é resultado da
fusão das firmas-membro da KPMG no
Reino Unido, Alemanha e Suíça. Com
grande conhecimento do mercado
globalizado, Gutsche compartilhou
sua experiência em vencer obstáculos
impostos pelas diferenças que há entre
países europeus nos aspectos legais,
de tributação, de regime alfandegário
etc. Diante da possibilidade real de
aumento do intercâmbio comercial entre
o Brasil e o resto do mundo, trata-se de
um conhecimento fundamental. Dessa
forma, o país pode se manter atraente
para investimentos externos e também
iniciar um processo de investimentos
produtivos em outros países, ganhando
mercado. Apenas em 2006, a indústria
brasileira investiu US$ 32 bilhões no
exterior, o que coloca o país na 12ª
colocação entre os maiores investidores
estrangeiros do mundo, à frente, por
exemplo, da China, Rússia e Austrália.
Robert Gutsche, membro do Comitê Executivo e líder da área de mercados na KPMG na Alemanha
A Alemanha é grande parceira comercial
do Brasil. O país europeu ocupa o
quarto lugar na lista das nações de que
o Brasil mais importa. Os investimentos
diretos da Alemanha aqui somam US$
35 bilhões. As 12 maiores empresas
alemãs/brasileiras empregam mais
de 250 mil pessoas e contribuem
com cerca de 5% do Produto Interno
Bruto brasileiro. São números de
destaque, com grande potencial para
melhorar. “Mesmo com a complexidade
tributária brasileira, os investimentos
estrangeiros continuam chegando.
O grande diferencial, na hora de
fechar um negócio, é ter um profundo
conhecimento da cultura, das leis e
da língua do parceiro comercial”, avalia
Charles Krieck, sócio-líder da KPMG no
Brasil na área de Industrial Markets.
Os novos desafios comerciais de um
mundo globalizado, portanto, estão
longe de se resumirem ao preço das
negociações.
O mesmo acontece em relação a
outros parceiros comerciais: há grandes
oportunidades para incrementar
investimentos e comércio. De acordo
com pesquisa da KPMG International,
Brasil e China serão, por exemplo,
os dois principais destinos para
investimentos da Espanha, país que
vem ganhando importância no cenário
econômico mundial. Isso demonstra
uma reversão de tendência, como
apontou Gutsche. “No início, a inclusão
do Brasil no BRIC foi muito questionada
pelo fato de o país não apresentar taxas
anuais de crescimento na casa dos
dois dígitos. No entanto, vimos nos
últimos anos uma verdadeira reviravolta
nas finanças brasileiras. A inflação sob
controle trouxe vida nova ao mercado de
capitais. Ao mesmo tempo, o consumo
doméstico está em alta – e o país tem
mais de 180 milhões de habitantes. Para
coroar, houve a classificação do país
como grau de investimento. Há uma
grande oportunidade para investidores
estrangeiros produzirem no Brasil, não
só para exportação, mas também para o
mercado interno”, avalia Gutsche.
Naturalmente, o principal desafio é
construir um ambiente econômico
propício para os negócios e aproveitar as
oportunidades comerciais advindas do
recente ciclo mundial de crescimento.
De acordo com outra pesquisa da
KPMG International, que ouviu mais
de 300 companhias de 15 países, 14%
dos entrevistados pretendem fazer
“investimentos significativos” no Brasil
no período de 2013/2014. Bem mais do
que os 10% que o fazem atualmente.
Segundo Charles Krieck, quando há
duas culturas distintas envolvidas nos
negócios, o importante é ter uma estrutura
forte, com pessoal preparado e com
conhecimentos teóricos e práticos de
todas as áreas envolvidas de ambos os
34 Europa
Quando há duas culturas distintas envolvidas nos negócios, o importante é ter uma estrutura forte, com pessoal preparado e com conhecimentos teóricos e práticos de todas as áreas envolvidas de ambos os países
países. “A presença dos Country Desks
na KPMG faz a diferença. Mostra grande
respeito à cultura do cliente. É preciso
ter conhecimento técnico, da prática
contábil, de impostos e também das
legislações dos dois países para superar
qualquer obstáculo. Falar, literalmente,
a mesma língua do possível investidor
transmite segurança e certamente facilita
os negócios”, afirma Krieck. Em sua
passagem pelo Brasil, Gutsche ressaltou a
intensa cooperação entre o desk alemão e
brasileiro presentes em ambos os países.
“A troca de informações e conhecimentos
específicos é constante”, diz.
O intercâmbio de conhecimento para
facilitar negociações é uma prática
arraigada na KPMG. Não por acaso,
a empresa organiza periodicamente
o International Day. Na edição mais
recente, que aconteceu em Viena, na
Áustria, executivos de todas as firmas-
membro da KPMG de várias partes do
mundo se encontraram para discutir
e buscar o aprimoramento sobre o
intercâmbio de profissionais. “A KPMG
montou uma rede mundial entre suas
firmas-membro, com conexões muito
fortes entre elas, para aproveitar os
conhecimentos específicos de cada
país em prol da criação de um ambiente
econômico propício aos negócios. E isso
é bom para o Brasil, que está no foco
dos investidores”, diz Krieck.
Com o objetivo de auxiliar empresas
provenientes de vários países
no intercâmbio de negócios, os
profissionais da KPMG sabem que
as parcerias bem-sucedidas devem
abranger aspectos mercadológicos,
culturais, financeiros e tributários. Os
desks funcionam como interface para os
negócios. Além da perspectiva de bons
resultados financeiros, o empresário
estrangeiro leva em consideração
outros fatores ao avaliar uma proposta
de negócios, entre os quais o aspecto
cultural e os benefícios sociais. São
muitas as diferenças e qualquer
mal-entendido pode comprometer a
negociação.
Os Country Desks são mantidos graças
ao sólido programa de intercâmbio de
profissionais entre as firmas-membro
da KPMG, que busca o aprimoramento
contínuo ao estimular a experiência
internacional – ativo vital para prestar
serviços de alto desempenho para
clientes multinacionais. Em 2007, 1.686
profissionais participaram do programa
de intercâmbio de longo prazo, locados
em vários países do mundo todo. O
contato com diferentes culturas procura
enriquecer a vivência dos profissionais
da KPMG para que eles possam prestar
os melhores serviços sempre.
Europa 35
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Ana Rosa Rios, sócia da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services - IRM Compliance
A iniciativa eleva o nível de
governança corporativa e a
segurança dos sistemas
Cresce a importância da auditoria em TI
Auditoria em TI 37
A informatização dos sistemas corporativos e o avanço da rede mundial de computadores trouxeram a vantagem da comunicação sem fronteiras e a agilidade do real time, mas também acarretaram um aumento da vulnerabilidade dos sistemas de informática. Por conta desse cenário, o componente tecnológico transformou-se em um habilitador estratégico, que pode significar uma importante vantagem competitiva, desde que a segurança e a estrutura dos sistemas acompanhem a evolução tecnológica. “A constante mudança nos processos internos, acarretada pelo aumento da informatização, deve vir acompanhada de um aprimoramento na monitoração e nos controles internos das organizações”,avalia a sócia da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services - IRMCompliance, Ana Rosa Rios. “Ao proteger seus ativos digitais, as empresas se tornam menos vulneráveis a ameaças internas e externas, que podem corromper estes dados, gerando informações equivocadas que afetam seus balanços e abalam a credibilidade perante o mercado, os acionistas e os investidores”, completa.
Não é por acaso, portanto, que a auditoria em Tecnologia da Informação (TI), cujo objetivo primordial é diminuir riscos, ganha cada vez mais espaço dentro das grandes companhias. Cabe também ao auditor interno de TI a importante função de informar ao Conselho de Administração e à alta administração sobre a importância da adesão às políticas de segurança e sobre quanto os ativos-chave de informação estão ou não protegidos. De acordo com um estudo da KPMG, realizado em seis países da América Latina, incluindo o Brasil, 60% das empresas que participaram da pesquisa contam com a função específica de auditoria de informática. Se forem levadas em conta atividades associadas, esse percentual sobe para mais de 95%. Os principais procedimentos avaliados pela auditoria em TI dizem respeito ao cumprimento das normas corporativas e da legislação vigente, aos mecanismos de controle dos sistemas de informática e às funcionalidades do sistema. Em suma: o que impulsiona o interesse das empresas em investir em suas estruturas de governança de tecnologia da informação é a grande – e
crescente – necessidade de proteger a integridade, confidencialidade e disponibilidade dos dados.
Um item que aparece com destaque no estudo é a maior autonomia que os responsáveis pela auditoria em informática adquiriram nas empresas: em mais de 60% dos casos, o departamento está subordinado à Auditoria Interna, ao Conselho de Administração ou ao Comitê de Auditoria. “Trata-se de uma boa notícia. Ao subordinar-se à Auditoria Interna, o auditor de TI ganha independência para exercer sem pressões as suas funções. Caso tivesse, por exemplo, que responder ao líder da área de informática da empresa, poderia haver conflito de interesses”, esclarece Ana Rosa Rios.
A função primordial do auditor interno de TI é realizar uma análise independente sobre os programas de segurança de informação das empresas, de forma pró-ativa, efetiva e levando em conta ameaças atuais e emergentes. Para proporcionar este nível de conforto, os auditores internos comparam as práticas da organização com práticas
da mesma indústria. Assim, podem concluir, por meio de comparação com organizações do mesmo segmento ou de mesmo perfil, como a empresa está operando seus controles de TI. A auditoria de sistemas precisa ser planejada com foco no ambiente geral de TI, incluindo firewalls, software antivírus, gerenciamento de identidade e acesso e em todas as possíveis alterações nos programas ativos. Tudo para assegurar que os controles de tecnologia da informação estejam funcionando adequadamente dentro do perímetro da área de TI e nos próprios processos informatizados que suportam as operações da empresa.
Para concretizar esse objetivo, o primeiro desafio é convencer a companhia como um todo – da alta cúpula a áreas como compliance, risk management, negócios, entre outras – a confiar nas informações. Todos os funcionários devem ter ciência do quanto é importante proteger os dados, evitando, assim, controles internos falhos. “As empresas em fase incipiente, no tocante à proteção de seus ativos
digitais, devem iniciar a discussão sobre segurança de informação junto à alta administração. Semrpe com a preocupação de assegurar o entendimento pleno sobre os riscos-chave e, assim, conseguir apoio para a implementação de um programa contínuo de segurança”, afirma a sócia da KPMG.
Um cuidado básico de qualquer projeto de segurança da informação deve estar ligado à garantia de que as estruturas de governança de TI sejam construídas na empresa obedecendo o conceito do todo – de forma a englobar a companhia em geral. Há também a necessidade premente de um elo com os provedores externos de serviços, para garantir consistência nos procedimentos de proteção relativos às informações operadas por terceiros.
De acordo com a sócia da KPMG, o principal ponto vulnerável dos sistemas de informática continua sendo a acessibilidade. Informações confidenciais ainda precisam ser melhor protegidas, por meio de senhas e
38 Auditoria em TI
45,00%
40,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%Conselho
e/ou Comitê de Auditoria
Presidência e/ou Gerência Geral (aplica-se a todos os
casos)
OutrosComitê Executivo
Corporativo Responsável pela
Auditoria Interna
A quem está subordinado o Departamento de Auditoria de Sistemas?
melhoria no desenho da estrutura e dos perfis de acesso. Quando há a adoção de padrões internacionais de segurança da informação, a auditoria de sistemas de informática se torna, naturalmente, um importante instrumento para fortalecer a governança em TI. “Após a promulgação, nos Estados Unidos, da lei Sarbanes-Oxley, houve um avanço considerável na preocupação das empresas com auditoria em TI. Além daquelas empresas regidas pela SOX, outras empresas perceberam que isso poderia agregar valor à companhia”, diz a sócia da KPMG. O setor econômico que largou na dianteira foi o financeiro. Também por conta das regulamentações mais rígidas às quais estão submetidos, a maioria dos bancos tem seu Departamento de Auditoria de sistemas incluídos em estruturas de GRC (Governance Risk and Compliance).
Diante do desafio de avaliar os procedimentos internos de TI, as organizações podem adotar dois caminhos: contratar uma empresa especializada ou manter pessoal interno capacitado voltado a essa atividade. Segundo a pesquisa da KPMG, quando
ocorre a contratação de um staff externo, ela aconteceu, em 20% dos casos, por estratégia da organização. Também para 20% das empresas, a causa foi a falta de pessoal. Outros 15% apontaram o prestígio agregado pela auditora externa. Somando-se o percentual de empresas que alegaram falta de pessoal (20%) e falta de conhecimento técnico (18%), chega-se a quase 40% de organizações que não têm pessoas ou habilidades para exercerem a função de auditores em TI.
A explicação para esse índice é a necessidade de atualização constante que essa área demanda. “Na área de tecnologia, há o pré-requisito de se manter atualizado, com novas ferramentas, aprimoramento de linguagens de programação e modernizações tecnológicas”, explica Ana Rosa Rios. Os diferentes sistemas operacionais dos programas de gestão também exigem que o auditor de TI conte com um amplo leque de conhecimento técnico. Dessa forma, apesar de o Departamento de Auditoria Interna historicamente não necessitar de um volume muito
Auditoria em TI 39
Por que as empresas contratam serviços externos de auditoria em TI?
9%20%
18%
20%15%
18%
Por falta de recursos
Por falta de conhecimentos técnicos
Por estratégia da organização
Por prestígio
Por requisito legal e/ou regulatório
Outros
“Após a promulgação da SOX, houve um avanço considerável na preocupação das empresas com auditoria em TI”Ana Rosa Rios
40 Auditoria em TI
Atualização constante, conhecimento de regulamentações e também do funcionamento do
negócio da empresa são imprescindíveis
Classificação, em ordem de importância e por média ponderada, das funções da auditoria de sistemas:
Função de auditoria de informática Ponderação
Verificar o cumprimento das normas corporativas e da legislação vigente
13,04%
Revisar os níveis de controle dos sistemas de informática
13,39%
13,39%
Verificar o cumprimento das funcionalidades dos sistemas
Realizar auditorias de segurança de informática
Acompanhar o resultado das auditorias de sistemas
Colaborar no desenvolvimento de políticas, normas e procedimentos sobre os sistemas de informática
Assessorar na definição, no projeto, no desenvolvimento e na manutenção dos sistemas de informática
Verificar/autorizar os projetos de desenvolvimento de novos sistemas de informática
Outros
13,04%
12,68%
11,79%
10,89%
10,54%
1,25%
grande de recursos, a auditoria em TI exige investimento em atualização e reciclagem de seus funcionários. Às empresas regidas pela SOX, é algo obrigatório. Já o retorno em termos de imagem, garantido pela aplicação de altos níveis de governança em TI, costuma ser vantajoso para empresas de forma geral já que, assim, podem se valorizar para uma possível venda.
Para os auditores, o desafio é desenvolver um relacionamento equilibrado com o pessoal de tecnologia e com as demais áreas operacionais da empresa. Nem tão próximo que se torne pessoal e nem tão distante que possa atrapalhar o fornecimento de informações.
Atualização constante, conhecimento de regulamentações e também do funcionamento do negócio da empresa são imprescindíveis. Uma boa governança corporativa, com uma auditoria em TI eficiente, é a melhor garantia aos stakeholders de que a empresa tem processos internos seguros e bem geridos.
Indústria Farmacêutica 41
INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
*Séverine Trinh
Regulamentação e oportunidades
A indústria farmacêutica no Brasil
tem passado por fortes mudanças
nos últimos dez anos. A criação
de seu órgão regulador máximo, a
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), no final da década de 90,
reforça a idéia de que se trata ainda de
um setor em período de adaptação.
A possibilidade da criação de uma
superfarmacêutica nacional, que
poderia ser viabilizada a partir da
fusão de grupos brasileiros que atuam
no setor, financiada pelo BNDES,
também gera expectativas a respeito
das exportações de medicamentos
nacionais. Essa situação levaria a
indústria a mais uma preocupação
regulamentária: a adaptação às
legislações internacionais.
No Brasil, legislações como a dos
medicamentos genéricos e a liberação
de patentes também significaram
sobressaltos.
Compondo essa situação conjuntural,
outro dado que chama a atenção é o
estudo recém-divulgado pelo IBGE,
que dá conta de que, nos últimos 12
meses, a produção industrial teve
alta de 6,3%, mas o resultado da
indústria farmacêutica apresentou
queda de 4,9%. Contrariando todos
os prognósticos, em 2007, o déficit da
balança comercial de medicamentos
foi de R$ 2,77 bilhões e o de
farmoquímicos (insumos utilizados na
produção de farmacêuticos), de
R$ 1,32 bilhão.
Mas nem só de pesares vive a indústria
farmacêutica. Ela é reconhecidamente
uma das mais avançadas nos aspectos
de governança e sustentabilidade.
Também por isso é um dos segmentos
que mais atraem investimentos no
mundo todo.
A inovação talvez seja o gancho
mais importante para o sucesso do
setor. Para visualizar as melhores
oportunidades em um ambiente
altamente regulamentado, as
empresas devem dar atenção especial
à área responsável pelo atendimento
regulatório.
Mas será que as empresas brasileiras
mantêm uma postura sadia com relação
aos seus departamentos e à sua função
dentro da estrutura de gestão?
Um departamento regulatório forte
pode significar o diferencial necessário
para o bom posicionamento de um
canal de vendas, para a assertividade
na formulação de novos produtos,
além, é claro, de minimizar os riscos
de regulamentação, ao tornar-se pró-
ativo no relacionamento com os órgãos
competentes.
A inovação talvez seja o gancho mais importante para o sucesso do setor. Para visualizar as melhores oportunidades em um ambiente altamente regulamentado, as empresas devem dar atenção especial à área responsável pelo atendimento
Séverine Trinh, diretora da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services
42 Indústria Farmacêutica
Por esses motivos, muitas empresas
têm adotado como estratégia
transformar os departamentos
regulatórios – de meros suportes
operacionais em verdadeiros parceiros
no negócio. Atrelado às instâncias
decisórias da empresa, o departamento
assume um caráter de parceiro das
estratégias de mercado.
O departamento passa a atender
também aos seus “clientes internos”
e é importante que esteja em
conformidade com as estratégias da
empresa e bem treinado para entender
as demandas oriundas desse novo
stakeholder.
Aliar as necessidades da empresa com
o ambiente de regulamentações em
crescimento é o grande desafio para a
indústria farmacêutica. Em países como
os Estados Unidos, há uma tendência
de vincular o departamento regulatório
à presidência da empresa. No Brasil,
ainda que de forma incipiente, esse
movimento também acontece. Já é
possível encontrar no país companhias
com essa estrutura organizacional.
Então, por fim, é dada às empresas
a tarefa de valorizar os profissionais
e o departamento, aperfeiçoar o
relacionamento com o restante da
companhia e definir, juntamente
com o departamento, as estratégias
de negócio. Essas ações conjuntas
significarão a redução de riscos e a
abertura de novas oportunidades.
Em suma, o ponto fundamental é fazer
com que o departamento regulatório das
empresas farmacêuticas deixe de ser
apenas um suporte operacional e passe
a ter uma grande representatividade
no processo todo da indústria, sempre
alinhado com os objetivos da empresa.
Sem, é claro, aumentar os custos. O
desafio está lançado.
*Séverine Trinh, diretora da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services
Um departamento regulatório fortepode significar o diferencial necessário para o bom posicionamento de um canal de vendas
Indústria Farmacêutica 43
Aquecimento global versus
negócios
SUSTENTABILIDADE
Alexandre Heinermann, sócio da KPMG no Brasil líder na área de Sustentabilidade
Alterações no clima da Terra
representam riscos reais para
amplos setores da economia
Aquecime
Sustentabilidade 45
Para reduzir os impactos diretos e
indiretos das mudanças climáticas
em suas atividades de negócio, as
empresas de todo o mundo terão de
enfrentar sérios desafios nas próximas
décadas. O estudo Climate Changes:
Your Business, elaborado pela KPMG
International, analisou diversos
segmentos econômicos e avaliou o
grau de risco de cada atividade, assim
como a prontidão das companhias para
reagir a possíveis impactos causados
pelo aquecimento global. Afinal,
estimativas apontam que os custos
resultantes de mudanças climáticas
podem alcançar até 20% do Produto
Interno Bruto mundial.
Foram avaliados 18 segmentos
econômicos, com base em relatórios de
sustentabilidade e entrevistas com 11
especialistas em mudanças climáticas.
“Os setores analisados oferecem
um perfil bem completo do sistema
econômico mundial e mostram qual
é a tendência de atuação em relação
às alterações no clima”, afirma Carlos
Alberto Silva, gerente sênior da KPMG
no Brasil na área de Sustentabilidade.
Para Denise Saboya, também gerente
sênior da KPMG no Brasil na área de
Sustentabilidade, “o aquecimento
global ou já está afetando os negócios
das companhias ou pode vir a afetar.
Portanto, o estudo serve de alerta”.
A pesquisa da KPMG classificou os
18 setores em três diferentes grupos,
de acordo com uma pontuação que
considera o risco da atividade e o grau
de preparo para enfrentá-lo. Na chamada
“zona de perigo” foram classificados os
segmentos de aviação, saúde, petróleo
e gás, turismo, transporte e serviços
financeiros. Na “zona de segurança”
estão os setores de
telecomunicações, indústria química
e alimentos e bebidas. Em nível
intermediário de risco, denominado
“meio do caminho”, aparecem indústria
automobilística, construção, seguros
e resseguros, imobiliário, manufatura,
mineração e metalurgia, farmacêutico,
varejo e energia.
Segundo alerta Alexandre Heinermann,
sócio da KPMG no Brasil líder na área de
Sustentabilidade, independentemente
da classificação de risco, todos os
setores analisados demonstraram
subestimar a extensão das adversidades
que podem ser provocadas pelas
Denise Saboya, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Sustentabilidade
Carlos Alberto Silva, gerente sênior da KPMG no Brasil na área de Sustentabilidade
mudanças climáticas. As maiores
preocupações das empresas
pesquisadas foram os riscos referentes
a regulamentações – com 71% de
citação nos relatórios. Depois vêm os
riscos físicos causados por alterações no
clima, como falta de água e degradação
ambiental, com citação em 50% dos
relatórios. Em seguida, aparecem os
riscos de reputação, com 28%, e de
processos judiciais, com 14%.
A explicação para o foco nas
regulamentações é que se trata de um
risco de curto prazo. Imposições às
empresas, como a redução de emissão
de gás carbono, podem modificar
sistemas produtivos inteiros e causar
impactos financeiros diretos. “Fala-se,
inclusive, que essas regulamentações
sobre a redução de emissões podem ser
expandidas para países que não constam
do Anexo 1 do Protocolo de Kyoto”, afirma
Carlos Alberto Silva. De acordo com o
documento assinado em 1997 na antiga
capital japonesa, somente os países
mais ricos, listados no Anexo 1, devem
cumprir metas de redução de emissão
de gás carbônico. Já os riscos físicos,
envolvendo catástrofes ambientais, são
mais difíceis de avaliar, mas permanecem
como uma ameaça constante aos
negócios. “Sempre paira aquela dúvida:
as mudanças climáticas vão acontecer,
mas quando?”, pondera Denise Saboya.
Os riscos de imagem para as
organizações também estão presentes
com destaque no estudo, uma vez que
o consumo consciente já se tornou
realidade em muitos setores. Além
de colocar em xeque a reputação
das companhias poluidoras, essa
nova realidade abre espaço para
que empresas com boas práticas
ambientais se diferenciem das
concorrentes. Existe também o
chamado risco de crédito. Muitas
instituições financeiras avaliam a
atuação ambiental de uma companhia
na hora de tomar decisões sobre
a concessão de empréstimos e
financiamentos. Em vários casos,
os juros para empresas com boas
práticas ambientais são menores. “Até
porque as instituições financeiras que
concedem empréstimos começam a
ser vistas como co-responsáveis”, avalia
Denise Saboya.
Os setores econômicos com maior
risco de terem suas atividades afetadas
pelas mudanças climáticas são aqueles
que dependem, em alguma medida,
da exploração de recursos naturais.
A indústria de energia (petróleo, gás,
hidrelétricas) é aquela que enfrenta
maiores riscos. Por isso mesmo,
tais setores tendem a apresentar
também maior grau de preparo para
enfrentar as possíveis conseqüências
de alterações no clima. “O exemplo
do setor de petróleo e gás é
emblemático. Como a atividade gera
impacto direto no meio ambiente,
eles têm de agir de forma rápida.
Assim, essa indústria deve estar bem
preparada, com estratégias claras
para lidar com esse novo cenário.
Em muitos casos, isso inclui até
mesmo mudanças de modelos de
negócios. Atualmente, a maior parte
das companhias petrolíferas já se
define como empresas de energia”,
diz Carlos Alberto Silva.
Para lidar com os efeitos do
aquecimento global, o importante
é a preparação e o planejamento
das empresas. “Companhias que
compreendem seus riscos climáticos
estarão em melhor posição para
gerenciá-los e também serão capazes
de aproveitar de forma mais completa
a vantagem competitiva resultante da
compreensão antecipada e integral
dos problemas”, completa Alexandre
Heinermann.
46 Sustentabilidade
ZO
NA
DE
PE
RI G
O
ZON
A D
E SEGU
RAN
ÇA
ME
I O D
O C
AM
I NH
O
Sustentabilidade 47
As principais preocupações das empresas
72% Riscosregulatórios 50% Riscosdenaturezafísica 28% Riscosdereputação 14% Riscosdeprocessosjurídicos
A área de Sustentabilidade da KPMG no
Brasil foi criada em dezembro de 2007.
Atualmente sob a liderança do sócio
Alexandre Heinermann e dos gerentes
seniores Denise Saboya e Carlos Alberto
Silva, o departamento conta com outros
PerigoàespreitaClassificação de 18 setores econômicos segundo os riscos relativos a mudanças climáticas
e o grau de prontidão para enfrentá-los
sete profissionais especialistas para
prestar consultoria em assuntos ligados
às questões de sustentabilidade. A área
de Sustentabilidade existe na KPMG
International há mais de dez anos. No
Brasil, com o aumento da demanda por
Nív
el d
e p
rep
araç
ãoB
aixo
Alt
o
Nível de riscoBaixo
Telecomunicações
Alto
Indústria Manufatureira
Varejo
Alimentos e bebidas
Turismo
Transporte
AviaçãoSaúde
Setor FinanceiroImobiliário
Indústria Química
Indústria Farmacêutica
Indústria AutomobilísticaPetróleo
e Gás
Seguro e Resseguro
Construção
Mineração e Metalurgia
Energia
Sustentabilidadeemfoco
esse tipo de serviço, surgiu a necessidade
de criar uma estrutura própria dentro
da firma. “Foi também uma forma de
aproveitar a oportunidade para agregar
valor e novos serviços”, diz Heinermann.
Cenário positivo
CENTRO-OESTE
Região atrai investimentos e,
graças à expansão do
agronegócio, se destaca na
economia do país
Centro-Oeste 49
Com a alta internacional no preço das
commodities e a crescente preocupação
com a questão energética, o Brasil
ganha destaque como um dos maiores
exportadores do mundo neste
segmento. Somos grandes produtores,
por exemplo, de álcool, açúcar, café,
suco de laranja, entre outros. A região
Centro-Oeste do país, pelo fato de ter
uma atividade agropecuária de grande
destaque, garante, com honras, uma
posição relevante entre os maiores
produtores de commodities alimentícias.
A região vem liderando o aumento de
produção do agronegócio brasileiro. Com
uma economia em franca expansão,
o Centro-Oeste é responsável pela
segunda maior safra brasileira. Projeções
do IBGE apontam para uma safra de
cereais, leguminosas e oleaginosas de
144,3 milhões de toneladas em 2008.
Desse total, o Centro-Oeste deve
responder por 49,2 milhões de toneladas,
já que o aumento previsto na produção
de soja é de 11,5% enquanto o cultivo
de milho deve crescer 9,2%, sempre em
comparação com o ano anterior.
Segundo estudo do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
Marcelo Aquino, diretor da KPMG no Brasil e responsável pelo escritório de Goiânia
o saldo comercial positivo da região
totalizou US$ 3,9 bilhões em 2007, contra
US$ 3,5 bilhões no ano anterior. Ainda
de acordo com o estudo, observa-se
um aumento de 29,3% nas exportações
e de 45% nas importações do Centro-
Oeste em relação a 2006. Para 2008,
há expectativa de novos recordes. No
primeiro bimestre do ano, as exportações
alcançaram US$ 1,4 bilhão, registrando
um superávit de US$ 184,7 milhões
– 180% superior ao do mesmo período
de 2007.
As previsões dos próprios governos
estaduais da região seguem no mesmo
ritmo. Somente o Estado do Mato
Grosso do Sul prevê a realização de
139 novos projetos empresariais,
principalmente de indústrias frigoríficas,
sucroalcooleiras e de base florestal.
A projeção indica que o PIB estadual
cresceu 8,6% em 2007, chegando a R$
25,3 bilhões – nesse período, a economia
brasileira teve expansão de 5,4%. Para
este ano, a previsão de crescimento
supera os 7%.
Segundo Marcelo Aquino, diretor da
KPMG no Brasil e responsável pelo
escritório de Goiânia, a questão fiscal
pode ter sido um fator importante para o
aumento dos investimentos na região. No
caso de Mato Grosso do Sul, por exemplo,
a isenção de ICMS pode chegar a 67%, por
um prazo de até dez anos. Aos possíveis
investidores, o Governo do Estado sinaliza
também com a concessão de terrenos
e financiamentos a juros baixos, por
intermédio do Fundo Constitucional do
Centro-Oeste (FCO). Essa linha de crédito
já garantiu R$ 348 milhões durante o ano
passado, 36% a mais do que em 2006.
Por sua vez, o Governo do Estado de Goiás
calcula uma renúncia fiscal de ICMS em
torno de R$ 36 bilhões nos próximos dez
anos. E aponta a possibilidade de postergar
o recolhimento de 72% do imposto até
2020. A ação do governo goiano gerou
resultados. Segundo o IBGE, no primeiro
trimestre do ano, Goiás verificou uma
expansão de 9,3% na produção industrial.
DesafiosO crescimento acelerado da economia
regional traz grandes desafios e, junto,
excelentes oportunidades para as
empresas que, em sua maioria, são
familiares. Nos próximos anos, para
continuarem a crescer, essas companhias
terão de avançar na profissionalização da
gestão. Em alguns casos, até uma abertura
de capital. “A questão da sucessão é
vital para as companhias familiares. Ela
deve ser feita de modo planejado, com
acompanhamento profissional passo a
passo, para não gerar instabilidade e não
prejudicar o andamento do negócio como
um todo”, explica Aquino.
“A conquista do investment grade pelo
Brasil também influenciará as decisões
das empresas da região, já que elas
deverão estar preparadas para atrair
novos investimentos decorrentes da
elevação do grau de classificação”,
acrescenta o diretor.
A análise desse panorama levou a KPMG
no Brasil inaugurar um novo escritório, no
coração do Centro-Oeste, em Goiânia.
A cidade ocupa a 12ª posição no ranking
Centro-Oeste dos municípios mais
ricos do país e é a primeira na região,
segundo dados do IBGE. “Devido a
sua proximidade de Brasília, local onde
a KPMG já possui escritório, e às sua
crescente importância econômica na
região, Goiânia foi a escolha certa”,
afirma o diretor.
Outro fator que, segundo Aquino,
reforçou a decisão de implantar o
novo escritório foi a proximidade com
muitos clientes. “A demanda mundial
crescente por maior transparência
na gestão, o ambiente econômico
globalizado e a necessidade de as
empresas se inserirem no mercado
internacional fizeram com que o tema
governança corporativa ficasse mais
presente. Conseqüentemente, a
busca pelos nossos serviços também
é maior”, afirma Aquino. O diretor da
KPMG no Brasil conclui lembrando que
a KPMG é a primeira das Big Four a se
instalar na região.
50 Centro-Oeste
“A demanda mundial
crescente por maior
transparência na
gestão, o ambiente
econômico
globalizado e a
necessidade de
as empresas se
inserirem no mercado
internacional fizeram
com que o tema
governança
corporativa ficasse
mais presente”
Marcelo Aquino
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AVI KPMG 1 7/10/08 5:56 PM Page 1
LIDERANÇA
Michael Useem, professor da
Wharton School, conta como
experiências radicais podem
ensinar alguns princípios de
liderança
As conquistas do Everest e da Antártida
Liderança 53
Escolhemos a Antártida para funcionar
como uma espécie de “sala de aula
a céu aberto”, na qual testaríamos na
prática as lições ensinadas entre quatro
paredes. Depois de freqüentar um curso
sobre liderança na Wharton School,
18 alunos teriam de aplicar tudo que
haviam estudado nas aulas em uma
viagem de sobrevivência e exploração
na Antártida, com uma semana de
duração.
De acordo com algumas pesquisas, a
liderança de fato exerce grande impacto
sobre o desempenho financeiro da
empresa quando é preciso sobreviver
em ambientes desafiadores ou
imprevisíveis. Por isso, a escola de
administração onde leciono decidiu não
se ater às salas de aula e criar algumas
experiências reais nas quais os alunos
e executivos pudessem aprender
pela própria experiência, testando
conceitos de liderança em ambientes
desafiadores.
O aprendizado na Antártida:Os estudantes que participaram de
nossa viagem passaram por um intenso
teste sobre os princípios de liderança
assim que chegaram à ilha King George,
na Antártida, em janeiro de 2004.
Como os fortes ventos que sopram na
Antártida destroem as barracas, nossa
primeira tarefa foi erguer uma parede
de neve para proteger os abrigos.
Resultado: só bem depois da meia-noite
conseguimos acomodar-nos nos sacos
de dormir, após várias e várias horas de
trabalho.
Nos dias seguintes, os 18 estudantes
do curso de MBA (divididos em três
equipes de seis integrantes cada uma)
assumiram diversas responsabilidades
pela empreitada, como o preparo
das refeições, o deslocamento, o
fornecimento de apoio e a liderança
cotidiana. No terceiro dia, levando um
aparelho GPS com as coordenadas do
lugar escolhido, cada um deles tinha
de encontrar o próprio caminho até o
destino. No momento em que as três
equipes partiram, em intervalos de dez
minutos entre uma e outra, poucos
integrantes perceberam as nuvens
escuras que se formavam atrás deles.
Menos de uma hora após o início da
subida, todos os marcos identificáveis
haviam desaparecido. No entanto,
todos os grupos permaneceram unidos
e ilesos, uma resposta aos exercícios
de formação de times realizados nos
primeiros dois dias. O fato curioso
era que as três equipes começaram
a seguir caminhos diferentes, o que
aparentemente se devia a conclusões
distintas sobre as indicações do GPS.
Até esse momento, as três equipes
haviam agido como unidades bem
organizadas, com boa liderança interna
e um plano de viagem objetivo – mas
independentes.
Subestimava-se o fato de que os grupos
faziam parte de uma única empresa (a
expedição) e que todos deveriam chegar
ao próximo local de acampamento
juntos. Na falta de uma coordenação
unificada, cada um seguia a própria
direção.
Apesar das divergências nos caminhos
e das incertezas que os cercavam, os
três grupos finalmente se reuniram.
As discussões se acirraram por causa
das condições impróprias e da falta
de uma liderança coletiva, mas todos
concordaram que o melhor a fazer era
voltar e passar a noite no acampamento
anterior.
O momento da decisão pela retirada
coletiva lançou por terra qualquer teoria
sobre liderança. As três equipes não
haviam conseguido criar uma liderança
centralizadora capaz de promover a
conciliação entre as diversas propostas
de rota e de reavaliar os objetivos
quando as condições climáticas
inviabilizaram a meta original. Ao
discutirmos mais tarde a experiência
daquele dia, ficou mais claro o fato de
que qualquer empreendimento (seja
uma empresa ou uma expedição)
tem de contar com uma liderança
centralizadora a fim de decidir qual
a nova direção quando imprevistos
inviabilizam os planos iniciais.
O aprendizado no Himalaia: ir além dos interesses pessoaisConseguir superar as demandas
pessoais na hora de tomar decisões
constitui o terceiro princípio da
liderança. A função do líder é unificar e
motivar uma empresa em torno de um
objetivo comum.
Minha percepção desse princípio
estudado em sala de aula foi confirmada
em uma expedição ao monte Everest.
Estávamos no Himalaia para aprender
sobre liderança a céu aberto, em uma
das paisagens mais belas e exigentes
do planeta. Durante 11 dias, o grupo
de 20 pessoas (que incluía alunos de
MBA e executivos em meio de carreira)
percorreu cerca de 128 quilômetros
em terreno acidentado com o objetivo
54 Liderança
de atingir um ponto situado a mais de
5,4 mil metros de altitude. Dias depois,
no final da tarde, um alpinista norte-
americano que havíamos encontrado no
caminho chegou a nosso acampamento.
Tínhamos acabado de montar nossas
barracas acima da área na qual havia
vegetação, a uma altitude de 4,2 mil
metros – o acampamento mais elevado
de nossa viagem. O inesperado visitante
informou que seu irmão apresentava os
sintomas típicos da exposição a grandes
altitudes: enjôo, tontura e dificuldades
para se locomover. Se não for contido,
esse quadro pode levar à morte, e
o único tratamento seguro consiste
em levar o doente para altitudes mais
baixas. Cansado pelas tarefas daquele
dia, a última coisa que eu desejava era
encarar uma longa descida noturna.
Meu instinto físico dizia para deixar
o problema a cargo de outra pessoa,
pois eu precisava de uma noite de
descanso e recuperação para enfrentar
a extensa caminhada em altas altitudes
do dia seguinte que nos levaria a nosso
objetivo. No entanto, lembrei-me do
caso que havíamos discutido sobre um
banqueiro que tinha encontrado um
debilitado religioso hindu nas alturas
do Himalaia. Preocupado apenas com
o próprio projeto, o banqueiro ofereceu
a ajuda mais imediata e seguiu seu
caminho, sem saber, depois, se o
abatido homem conseguiu sobreviver a
suas dificuldades.
Felizmente, a médica de nossa
equipe, especialista em emergências,
contava com um generoso estoque de
medicamentos. Ela cuidou do rapaz e
acompanhou seu estado para verificar
se os sintomas regrediam. O explorador
melhorou durante a noite e no dia
seguinte já tinha condições de descer
para altitudes mais seguras. Apesar do
desfecho feliz, o episódio fortaleceu
minha determinação em não deixar que
os interesses pessoais se sobreponham
ao que é melhor para o grupo.
Os alunos que participaram da
expedição ao Everest se revezavam
na posição de líder, cada um deles
A função do líder é unificar e motivar uma empresa em torno de um objetivo comum
Liderança 55
56 Liderança
ocupando-a por um dia, oportunidade
que lhes permitia constatar a dificuldade
de colocar as necessidades do grupo
em primeiro lugar.
A responsabilidade da liderança os
obrigava a se certificar de que todos
haviam chegado bem e se recuperavam
adequadamente – antes de pensar na
satisfação das próprias necessidades.
Os líderes aprendiam a levantar-se antes
dos outros e a ser os últimos a ir dormir,
e o abstrato conceito de liderança
se transformou em uma experiência
concreta e vivida na carne.
O aprendizado com os marines: ter viés para a açãoApós anos de experiência em cargos de
liderança, os executivos muitas vezes
dizem que saber agir decisivamente
sob pressão constitui uma das
habilidades mais valiosas na gestão
de empresas. Uma decisão prematura
pode ser imprecisa, mas se for tardia
demais pode significar a perda de
uma oportunidade promissora. A arte
da liderança está em reconhecer o
momento certo para tomar decisões
corretas e propícias. Outro grupo de
estudantes teve a oportunidade de
testar esse princípio da liderança na
academia do corpo de fuzileiros navais
norte-americanos. Os comandantes dos
marines passam dez semanas nesse
ambiente de treinamento, do qual saem
com mais preparo para tomar decisões
durante os combates. Mesmo em uma
situação bem mais branda, os alunos
do MBA conseguiram identificar a
necessidade de disciplina em casos de
adversidade.
A fim de testar ainda mais a capacidade
de decisão, o corpo de fuzileiros navais
dividiu os alunos em “times de fogo”
de cinco integrantes para enfrentar
uma série de dificuldades em um
programa chamado “Curso de Reação
à Liderança”, denominação dos próprios
marines. No treinamento, um instrutor
informa aos integrantes que eles
dispõem de 15 minutos para avaliar
uma situação e solucioná-la, que pode
ser uma tarefa como mover um tambor
de aço de cerca de 20 quilos sobre
uma barreira elevada sem contar com
recursos óbvios para isso.
No primeiro desafio, uma das equipes
dedicou mais da metade do tempo
disponível para avaliar o problema e
não conseguiu solucioná-lo. Por isso,
seus integrantes receberam elogios
do instrutor pelo estudo analítico
da questão, mas sérias críticas por
reservar tão pouco tempo para testar
as soluções possíveis. O instrutor
ressaltou que o grupo só conseguiria
compreender totalmente o problema
a ser solucionado colocando as mãos
na massa e encontrando por tentativa
e erro as alternativas que realmente
funcionavam.
Na universidade, abordamos o processo
de tomada de decisões em situações
de pressão, mas também orientamos
nossos alunos a adotar uma postura
analítica, uma vez que o ambiente
acadêmico propicia mais essa última
abordagem. O resultado é a possível
criação de um viés que favorece a análise
em detrimento da ação. Depois de
aprender essa lição na teoria por meio de
discussões em sala de aula e na prática
mediante a experiência vivencial com os
marines, nossos alunos provavelmente
hesitarão menos ou não errarão tanto
nas situações em que precisarem tomar
decisões corretas e no tempo exato,
mesmo enfrentando prazos exíguos.
Um novo método de aprendizadoO sistema de aprendizado que serviu
de base a nossas expedições sobre
liderança é simples: os intensos
programas de liderança incluem tanto
aprendizado teórico como experiência
“para valer”. A construção da liderança
tende a ser mais duradoura se contar
com a experiência individual.
Quando questionados sobre a fórmula
usada no desenvolvimento de suas
habilidades de liderança, executivos
bem-sucedidos muitas vezes revelam
que o processo combinou um dedicado
estudo do assunto com a experiência
cotidiana. Assim, as organizações fariam
muito bem se oferecessem um pouco
de cada ingrediente a seus membros.
Liderança 57
Reportagem publicada na edição de nº 50
da Revista HSM Management
Crescimento à vista
O mercado brasileiro de créditos
inadimplidos apresenta forte
potencial para expansão
Crescimento
NPL
NPL 59
O Brasil vive um momento econômico
único. Há estabilidade nos mercados,
nas políticas governamentais e também
compromisso do governo em pagar
suas dívidas. O esforço de toda a
sociedade para tornar a economia mais
previsível foi recompensado com a
recente elevação do grau de risco do
país. As agências norte-americanas
Standard & Poor’s e Fitch conferiram
Salvatore Milanese, sócio da KPMG no Brasil na área de Advisory
O crédito avançou e se tornou uma das principais alavancas para o desenvolvimento econômico
Fonte: Banco Central do Brasil
ao Brasil o tão desejado grau de
investimento. Nesse processo, o crédito
avançou e se tornou uma das principais
alavancas para o desenvolvimento
econômico (veja no quadro 1). E o país
se transformou em um interessante
local para aplicações alternativas de alto
potencial de rendimento, como, por
exemplo, os investimentos em créditos
problemáticos.
Evolução do crédito
Total de créditos no Sistema Financeiro Nacional (abril/08) – R$ bilhões
1000
900
800
700
600
500
400
300
R$
bilh
ões
1018
Jan-04 Jul-04 Jan-05 Jul-05 Jan-06 Jul-06 Jan-07 Jul-07 Jan-08
CAGR = 23% a.a.
Quadro 1
Conhecidos como NPL (Non-Performing
Loans), os créditos inadimplidos
são títulos que não foram honrados
e/ou oferecem grande risco de não
pagamento. Apesar de haver indícios
que negociações envolvendo NPL se
iniciaram no Brasil no final da década
de 90, somente nos últimos anos
as carteiras de NPL começaram a
apresentar números significativos
dentro do mercado de capitais, no que
diz respeito a transações de compra e
venda (veja no quadro 2). Atualmente,
são negociados créditos singulares
(geralmente, representados por créditos
corporativos) e carteiras com maior
60 NPL
Quadro 2
número de créditos (massificados), que
são adquiridos por investidores que
procuram altos rendimentos, enquanto
outros só enxergam alto risco ou
problemas. Os motivos que incentivam
esse mercado são vários, entre eles:
1) O crescimento do crédito e o
aumento da “massa crítica” de títulos
inadimplidos nas carteiras dos bancos
(pelo menos em valor absoluto);
2) A necessidade de as instituições
financeiras tratarem esses casos sem
incremento nas estruturas internas de
cobranças;
3) A existência, em nível mundial e local,
de capital e agentes especializados na
compra desse tipo de ativo;
4) A existência, em nível local, de
veículos, tais como o FIDC (Fundos de
Investimentos em Direitos Creditórios),
que podem ser utilizados para a
Transações de NPLs – Brasil
Volume de transações de NPL (valor contábil das carteiras, de acordo com a Resolução nº 2682)
Fonte: KPMG
20
16
12
8
4
0
17.1
20072006
7.0
R$
bilh
ões
11.1
6.1
4.0
3.0
Operaçõescomparticipaçãoda
KPMG
Outras
aquisição desses ativos. O FIDC oferece
eficiência fiscal para os compradores,
em comparação com empresas de
securitização.
Em economias desenvolvidas,
operações envolvendo esse tipo de
crédito são bastante comuns. Em alguns
países, como a Alemanha, o potencial
de negociação de NPL supera a cifra de
US$ 200 bilhões. Apesar de incipiente,
o mercado brasileiro tem um tamanho
potencial respeitável: a estimativa de
estoque de NPL disponível no país é
de aproximadamente US$ 100 bilhões
– o que é bastante significativo para
padrões internacionais.
Os principais compradores desse
tipo de ativo são fundos e bancos de
investimentos internacionais, o que
reforça a importância do Brasil ter
alcançado o investment grade. Com a
nova classificação de risco, a economia
brasileira se habilita a receber novos
NPL 61
investimentos de grandes fundos, que
têm como norma estatutária investir
recursos somente em países seguros.
Segundo o sócio da KPMG no Brasil na
área de Advisory, Salvatore Milanese, a
chancela das agências de risco aumenta,
sim, o potencial de liquidez do país.
“Os investidores que têm limitações
para operar em países que não têm o
investment grade – que, aliás, são os
maiores investidores – vão contar com
mais liberdade para alocar seus recursos
no Brasil”, resume Milanese.
Para os bancos brasileiros, o momento
não poderia ser melhor. A possibilidade
de limpar esses créditos do balanço,
recuperar ativos, reduzir as perdas
e diminuir os custos com cobranças
torna muito mais atrativas as operações
com NPL. Segundo o sócio da KPMG
no Brasil, falta a adesão dos maiores
bancos públicos brasileiros para a
consolidação desse mercado no país.
“Em valores absolutos, o volume de crédito deve avançar; é coerente pensar em uma expansão também do mercado potencial de NPL”Salvatore Milanese
62 NPL
CaracterísticasSalvatore Milanese indica que as
características do mercado brasileiro
de NPL não diferem muito daquelas
encontradas em outros países. Aqui, o
crédito para consumo, que representa
cerca de 40% da oferta geral de crédito
no país, é o que apresenta maiores
índices de inadimplência. Esse é o
crédito massificado, caracterizado por
um ticket médio baixo (inferior a R$
30 mil), sem garantia e não ajuizado
– o que, teoricamente, torna sua
recuperação menos dependente de
procedimentos legais, ainda custosos,
incertos e longos no Brasil.
Milanese afirma também que,
não bastasse o mercado de NPL
ser promissor, por conta de suas
dimensões, a própria oferta de crédito
no Brasil ainda apresenta potencial de
expansão, já que representa apenas
36% do PIB. Em outros países, como
a China, esse percentual ultrapassa
os 120%. Nos Estados Unidos,
esse índice é de 86% do PIB. “O
crescimento da oferta de crédito não
significa necessariamente um aumento
vegetativo da inadimplência. Aliás, a
inadimplência relativa tem caído no país
(veja quadro 3). Mas, como o volume
de crédito deve aumentar em valores
absolutos, é coerente pensar também
em uma expansão do potencial do
mercado de NPL”, afirma o sócio da
KPMG no Brasil.
Três fatores, segundo o sócio da KPMG,
ainda limitam o acesso completo de
investidores internacionais ao mercado
brasileiro de créditos inadimplidos: (i) o
alto custo dos serviços de recuperação
de crédito quando adicionados os
meios judiciais, (ii) a falta de um
pipeline consolidado de operações, que
alimente continuamente os veículos
constituídos para a compra desse tipo
de crédito, diluindo a estrutura de custos
dos investidores para acompanhar a
cobrança/recuperação, e (iii), em alguns
casos, a escassez de informações sobre as
carteiras. No entanto, Milanese avalia que
esses fatores podem se tornar secundários,
já que o Brasil está mais atraente para os
investidores internacionais.
Conforme mencionado, o fator de maior
preocupação para os investidores em
carteiras de NPL é a morosidade do
sistema judiciário do país, pelo fato
de alguns créditos se encontrarem
em estágio de ajuizamento – ou que
provavelmente serão ajuizados para
que sejam recuperados. Contudo, há
iniciativas para solucionar esse problema.
“Apesar das profundas melhorias
observadas nos últimos anos, é sabido
que a justiça brasileira ainda necessita
melhorar muito no que se refere às leis
e regras aplicáveis à recuperação de
crédito”, completa Milanese.
Quadro 3
Créditos vencidos
Evolução dos créditos entre 61 e 360 dias vencidos
Fonte: Banco Central do Brasil
20072006
80
40
0
R$
bilh
ões
CAGR = 14% a.a.
Créditos entre 61 e 360 dias vencidos % do total de créditos do SFN Até abril 2008
2004 20082005
20%
15%
10%
5%
0%
8%9%
11%
8%
10%
75.065
68.115
52.674
81.640
60.960
Terceiro Setor 63
TERCEIRO SETOR
Não se constrói um país de economia
sólida, estável e atraente para
investimentos de todo o mundo apenas
com uma aplicação cada vez maior de
recursos públicos em assistência social.
É claro que os investimentos nessa
área são fundamentais, principalmente
para diminuir as diferenças sociais
existentes no Brasil. Mas, quando se
trata de preparar o país para o futuro, o
fundamental é garantir o incentivo e o
desenvolvimento daquilo que de fato vai
impulsionar o crescimento econômico
sustentável: o empreendedorismo.
Empreendedorismo ganha força
como elemento importante na
conquista do desenvolvimento
sustentável
Negócios inovadores
64 Terceiro Setor
Paulo Veras, diretor-geral da Endeavor
Ações empreendedoras são
responsáveis por transformar boas
idéias em atividades lucrativas e
geradoras de riqueza, o que traz
prosperidade para a sociedade.
Assim, com empresas estruturadas,
empresários conscientes e negócios
sustentáveis, é possível garantir mais
emprego, em melhores condições, com
maior geração de renda.
Para o Brasil, é imprescindível
incentivar o empreendedorismo.
Alguns empresários, cientes de seu
papel no projeto de colocar o país na
rota do desenvolvimento sustentável,
uniram esforços para formar o Instituto
Empreender Endeavor. A entidade,
que não tem fins lucrativos, foi
fundada com o objetivo expresso de
incentivar o empreendedorismo como
agente multiplicador de prosperidade
no país. “Os empreendedores, ao
criarem novas empresas, geram
empregos e renda, pagam impostos
e desenvolvem soluções. Exatamente
por isso, a Endeavor procura estimular
as novas gerações para que sejam
mais empreendedoras. Assim, terão
a possibilidade de contribuir para o
desenvolvimento sustentável de que
nosso país tanto precisa”, explica Paulo
Veras, diretor-geral da Endeavor.
A Endeavor Brasil iniciou suas
atividades em junho de 2000. O
objetivo é disseminar Brasil afora
exemplos de sucesso, que propaguem
o conhecimento e promovam o
voluntariado. A entidade é internacional.
A idéia original nasceu em 1997, a
partir de um grupo de ex-alunos da
Universidade de Harvard. Hoje, o
Instituto Endeavor atua, além dos
Estados Unidos e Brasil, em outros
Terceiro Setor 65
“Muita gente pode dizer que não trabalha exatamente com empreendedorismo. Mas, trabalhar com empreendedorismo é trabalhar para desenvolver o país”Paulo Veras
nove países: México, Colômbia, Chile,
Uruguai, Argentina, Turquia, Egito, África
do Sul e Índia.
Segundo Paulo Veras, “muita gente
pode dizer que não trabalha exatamente
com empreendedorismo. Mas,
trabalhar com empreendedorismo
é trabalhar para desenvolver o
país. Portanto, se nos depararmos
com pessoas que transmitem o
conhecimento, com empresas
que oferecem oportunidades de
emprego, capacitam seus funcionários,
trabalham com boas práticas de gestão
e sustentabilidade, e, ainda, se esses
empreendedores iniciaram há pouco
o negócio ou se estão caminhando
para abrir o capital, todos são
responsáveis pelo desenvolvimento do
país”, acrescenta.
Para realizar seu trabalho, a Endeavor
enfrenta grandes desafios. Disseminar
uma cultura empreendedora ambiciosa e
de qualidade, para uma parcela ampla da
população brasileira, é uma tarefa árdua.
Os passos seguintes também não são
fáceis: encontrar empreendedores
promissores e de alto potencial, formar
exemplos e inspirar gerações futuras.
“Todos nós vivenciamos dificuldades
relacionadas à burocracia na abertura
de empresas, no acesso ao capital,
em relação à carga tributária, enfim,
problemas estruturais. Mas é fato
também que o Brasil já deu passos
importantes para vencer esses
obstáculos. O papel da Endeavor é
mostrar que é possível conquistar
sucesso mesmo em um ambiente
difícil e, muitas vezes, hostil aos
empreendedores”, afirma o diretor-geral
da ONG.
66 Terceiro Setor
Por outro lado, é muito gratificante
para todos os voluntários do Instituto
reconhecer o verdadeiro empreendedor,
aquele que reúne um conjunto de
valores imprescindíveis para sonhar
grande e buscar a realização: atitude,
ambição, motivação pelo desafio, busca
por resultados, ética e atenção às
oportunidades. “Trata-se daquela pessoa
que olha para qualquer cenário e vê uma
oportunidade de criar e fazer algo que
tenha valor, independentemente dos
recursos de que dispõe”, esclarece Veras.
O Instituto dá preferência ao apoio a
empreendedores cujos negócios estão
em um estágio de desenvolvimento
no qual a Endeavor pode agregar
conhecimento e valor à empresa.
Ou seja, quando pode contribuir para
acelerar o crescimento da companhia.
É realizada uma série de entrevistas
e avaliações que permitam revelar o
perfil do empreendedor e o grau de
desenvolvimento, de inovação e de
potencial de crescimento dos negócios.
Após várias reuniões e pela passagem
por dois painéis de avaliação – um
com a participação do Conselho de
Administração do Instituto e outro
com participantes do mundo inteiro
–, o empreendedor, se aprovado, está
apto a receber o apoio da Endeavor.
“Participam desse processo em torno
de 400 empresas a cada ano. O nosso
objetivo principal é encontrar nelas os
próximos exemplos para o país e, então,
multiplicá-los” explica Veras.
A Endeavor orienta na captação de
recursos, dá apoio à gestão, por
meio de parcerias com consultorias,
e proporciona mentoring com
“O empreendedor é aquela pessoa que olha para qualquer cenário e vê umaoportunidade de criar e fazer algo que tenha valor, independentemente dos recursos de que dispõe”Paulo Veras
NúmerosNesses oito anos de atuação no
Brasil, o instituto já selecionou 64
empreendedores Endeavor (que
administram empresas com forte
grau de inovação e altas taxas
de crescimento), 37 empresas
e mais de 250 voluntários para a
rede de Mentores. Nesse período,
houve mais de 8,5 mil horas de
aconselhamentos e mais de 45 mil
pessoas se cadastraram no Portal
da Endeavor. Sem esquecer os 15
mil empregos gerados e os cinco
cases de empreendedores Endeavor
estudados na Universidade Harvard,
no MIT (Massachusetts Institute of
Tecnology) e na Universidade de
Columbia, nos EUA.
“Com freqüência, nossos voluntários
comentam que aprendem mais com os
empreendedores do que o contrário.
Para esses profissionais, geralmente
bem sucedidos, as conversas com
os novos empreendedores, sempre
cheios de vida e de energia, os
colocam em contato com o Brasil que
funciona, que trabalha duro, que quer
crescer e dar certo”, explica Veras. “As
sociedades modernas precisam mais
do que de funcionários. Precisam de
protagonistas, de pessoas que inovam
e criam valor. Necessitamos de atitude
para desenvolver o país, sonhar grande
e ir mais longe. Empreendedores que
acreditam em seus objetivos e buscam
realizá-los transformam-se em
exemplos a ser seguidos; e o Brasil
precisa de referências colhidas
na sociedade que mostrem que é
possível chegar lá!”, conclui.
empresários que acumularam expertise
na área de atuação. O intuito é oferecer
know how e possibilitar à empresa o
acesso ao conhecimento e às melhores
práticas do mercado.
O perfil dos voluntários do Instituto é de
alto nível. São, geralmente, empresários,
executivos ou profissionais liberais
com muita experiência e profundo
conhecimento sobre temas específicos.
São pessoas que acreditam no Brasil e
na importância do empreendedorismo,
já que orientam gratuitamente os
novos empreendedores. “Procuramos
cruzar a experiência do voluntário com
a necessidade do empreendedor.
O trabalho de aconselhamento é
sempre acompanhado de perto pela
equipe da Endeavor, para possibilitar
a continuidade e a aplicação dessas
orientações”, explica Veras.
Terceiro Setor 67
PATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO
* As inscrições dos integrantes do grupo serão validadas por EXAME de acordo com o perfil desenhado para o evento.** Bilhete aéreo: US$ 2.125 pagos à Prime Tour (Classe econômica: bilhete + taxas).
Organização do evento: US$ 9.175 (toda a infra-estrutura necessária para a realização de palestras e visitas em território chinês, contando com serviços de alta categoria).Valores indexados em reais na data da confirmação de participação.
EXAME leva um grupo* de altos executivos e empresários até os centros nervosos da economia chinesa, num evento decisivo
para a expansão dos seus empreendimentos.
Negócios na China.Vá direto aos pontos.
Investimento total**: US$ 11.300
Roteiro de 13 dias - de 13 a 25/9/2008: Pequim, Xangai, Dongguan, Hong Kong e Dubai
Amplie seus conhecimentos sobre a realidade econômica, política, social e cultural da China
Saia na frente e aproveite as oportunidades desse mercado emergente
Confira a experiência de brasileiros que vivem e fazem negócios no país
Conheça empresas chinesas e sua visão de negócios
Entenda como funcionam as técnicas de negociação
Veja a realidade de empresas brasileiras estabelecidas lá
Fique por dentro dos principais aspectos legais e trabalhistas na implementação de um negócio na China
Prepare-se para analisar e conhecer setores de oportunidades vagas
limitadas
Acesse: www.portalexame.com.br/chinaContatos• (11) 3037-2889 • [email protected]
AnEX_CHINA_KPMG 11.07.08 19:51 Page 1
A Revista EXAME, com o apoio da KPMG
no Brasil, realizará no próximo mês de
setembro uma missão empresarial para
a China. O objetivo será apresentar
a empresários e executivos grandes
oportunidades e desafios que investidores
estrangeiros podem encontrar no país,
com uma abordagem direcionada para
o ambiente de negócios e o contexto
econômico local.
“Este é um projeto pioneiro, pois se trata de
uma missão voltada exclusivamente para o
entendimento da conjuntura atual do país, as
perspectivas para os empresários brasileiros
e o entorno do mundo dos negócios. Nossos
convidados conhecerão a China a partir do
olhar de EXAME, a mais prestigiada revista
de negócios do Brasil”, afirma Alexandre
Caldini, diretor superintendente das revistas
EXAME, Você S/A e Info, todas publicadas
pela Editora Abril.
O programa é composto por painéis,
debates, apresentações, além de visitas
a empresas brasileiras e chinesas.
“Acreditamos que a experiência da KPMG
na China, onde opera com mais de 8.500
funcionários e 11 escritórios nas principais
cidades chinesas, será essencial para ajudar
os convidados da missão a compreender
um ambiente de negócios com tantas
peculiaridades”, afirma o Hsieh Yuan, sócio-
diretor do China Desk Brasil da KPMG.
MISSÃO EMPRESARIAL
China: no centro do mundoEmpresários e executivos brasileiros desvendarão a conjuntura
econômica e as práticas de negócios chinesas
Confira a programação da Missão Exame
na China, que tem, além do apoio
da KPMG, patrocínio de Apex-Brasil,
Emirates e HSBC.
A China começará a ser desvendada
antes da viagem. Neste aquecimento,
que acontecerá no dia 4 de setembro em
São Paulo, Alexandre Caldini e Marienne
Munhoz, sócia da KPMG no Brasil na área
de International Corporate Tax, vão ajudar
os convidados a desenvolver uma nova
visão sobre a China e a possibilidade de
fazer negócios fora do Brasil.
Em 15 de setembro, já em Pequim,
os participantes da missão terão um
panorama completo. Palestras e debates
abordarão vários temas, tais como:
sistema tributário, leis trabalhistas,
propriedade intelectual, além de aprender
como se negocia com chineses. A missão
contará com a participação, entre outros
palestrantes, do Embaixador do Brasil
na China, Luiz Augusto Castro Neves, do
presidente da Apex-Brasil, Alessandro
Teixeira e de Khoonming Ho, sócio de
International Tax da KPMG Beijing.
Ainda em Pequim, os participantes terão a
oportunidade de conhecer as instalações
de uma empresa brasileira. Para
complementar, haverá visita aos famosos
pontos turísticos da cidade.
A Missão continuará em Xangai, a partir
de 18 de setembro. O Cônsul do Brasil
em Xangai, Marcos Caramuru Paiva,
fará uma apresentação sobre o contexto
asiático, a história do crescimento chinês
e os desafios para os anos futuros.
Parcerias e joint-ventures na China serão
o tema da palestra de Miguel Montoya,
sócio de Transation Service da KPMG.
Serão relatadas também experiências de
brasileiros que vivem e fazem negócios
na China.
Já na famosa cidade de Hong Kong, nos
dias 22 e 23 de setembro, será visitada
uma empresa bem sucedida de calçados,
criada por uma família de brasileiros.
Os integrantes da missão conhecerão
mais sobre a tributação específica para
os brasileiros e também sobre o melhor e
mais rápido porto do mundo. Nick Debnam,
sócio da KPMG em Hong Kong comentará
sobre o mercado de luxo e a construção
de marcas de sucesso no varejo. A visita à
sede do HSBC marcará o encerramento das
atividades em Hong Kong.
No retorno ao Brasil, antes de aterrissar
em São Paulo, a missão visitará Dubai.
68 Missão Empresarial
PATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO
* As inscrições dos integrantes do grupo serão validadas por EXAME de acordo com o perfil desenhado para o evento.** Bilhete aéreo: US$ 2.125 pagos à Prime Tour (Classe econômica: bilhete + taxas).
Organização do evento: US$ 9.175 (toda a infra-estrutura necessária para a realização de palestras e visitas em território chinês, contando com serviços de alta categoria).Valores indexados em reais na data da confirmação de participação.
EXAME leva um grupo* de altos executivos e empresários até os centros nervosos da economia chinesa, num evento decisivo
para a expansão dos seus empreendimentos.
Negócios na China.Vá direto aos pontos.
Investimento total**: US$ 11.300
Roteiro de 13 dias - de 13 a 25/9/2008: Pequim, Xangai, Dongguan, Hong Kong e Dubai
Amplie seus conhecimentos sobre a realidade econômica, política, social e cultural da China
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Entenda como funcionam as técnicas de negociação
Veja a realidade de empresas brasileiras estabelecidas lá
Fique por dentro dos principais aspectos legais e trabalhistas na implementação de um negócio na China
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limitadas
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AnEX_CHINA_KPMG 11.07.08 19:51 Page 1
Gestão empresarial em foco
EXPOGESTÃO
Grandes nomes do cenário
empresarial nacional e
internacional debatem o tema
em Joinville
Gestão empem foco
Expogestão 71
Já se tornou tradição. Pelo sexto ano
consecutivo, a cidade de Joinville
(SC) recebeu grandes nomes da
economia nacional e internacional,
líderes empresariais e gestores para
discutir o tema: Gestão Empresarial.
A Expogestão, que aconteceu este
ano, em junho, no Centreventos Cau
Hansen, é uma oportunidade para trocar
experiências, atualizar tendências e
estreitar relacionamentos, unindo teoria
e prática.
Durante os quatro dias de evento, a
Expogestão reuniu, em um mesmo
espaço, congresso, feira, workshops
e encontros temáticos. Neste ano, o
congresso recebeu cerca de 1,5 mil
congressitas; ao todo, 1800 pessoas
participaram dos 45 workshops e a feira
foi visitada por mais de 14 mil pessoas.
A Expogestão 2008, que contou mais
uma vez com o apoio da KPMG no
Brasil, é uma promoção da Federação
das Associações Empresariais de
Santa Catarina (Facisc), Associação
Empresarial de Joinville (Acij) e do
Núcleo do Jovem Empresário da Acij.
Estima-se que o evento tenha gerado
R$ 36 milhões em negócios.
Alguns dos principais nomes do evento
deste ano foram Steno Marcegaglia,
fundador do Grupo Marcegaglia; Nancy
Snyder, vice-presidente Corporativa para
Liderança e Competências Estratégicas
da Whirlpool Corporation; Ram Charan,
um dos consultores em gestão mais
reconhecidos em todo o mundo, coach
de importantes CEOs no mundo; o
consultor internacional Patric Sweeney,
vice-presidente e executivo mundial da
Caliper; e Oscar Motomura, principal
executivo do Grupo Amana-Key.
A participação da KPMG no Brasil foi
garantida também com as seguintes
palestras e workshops:
Marcelo Tonini, sócio da KPMG no Brasil
na área de Auditoria e responsável pelo
escritório em Jaraguá do Sul, ministrou
a palestra Aspectos contábeis da Lei
11.638. Nela, discorreu sobre como a
legislação introduziu diversas mudanças
importantes nas práticas contábeis
adotadas no Brasil, com a alteração
de diversos dispositivos da Lei 6.404.
E sobre como a nova lei significa um
passo essencial para a convergência
das práticas contábeis brasileiras com
as internacionais.
A gerente da KPMG no Brasil na área
de Assessoria em Gestão de Recursos
Humanos, Andréa Barcellos Gauté,
falou sobre Assessoria em Gestão de
Recursos Humanos – Programa de
Executive Coaching. Esse programa
é desenvolvido para assessorar
Marcelo Tonini, sócio da KPMG no Brasil na área de Auditoria
executivos no desenvolvimento de
suas competências profissionais,
pessoais e interpessoais. O objetivo
é assessorá-los em uma reavaliação
de seu momento de carreira, por
meio de um programa individual de
desenvolvimento pessoal/profissional,
que visa contribuir eficazmente para o
próprio crescimento, desempenho do
executivo e, conseqüentemente, com
os resultados da organização.
O programa de Executive Coaching
é usualmente utilizado nas seguintes
situações: desenvolvimento e retenção
de talentos; mudanças organizacionais;
processos sucessórios; adequação de
perfil; soluções de problemas pontuais;
plano de carreira; e movimentações
internas.
Luiz Gustavo Cabral, diretor da KPMG
no Brasil na área de Risk Advisory
Services, ministrou conferência
sobre Segurança da Informação e
Fraudes em TI. Segundo Cabral, cada
vez mais dependentes de sistemas
automatizados, as empresas enfrentam
grandes desafios nas questões
relacionadas à segurança dos dados
e transações eletrônicas. A palestra
apresentou um histórico destes
desafios, as principais vulnerabilidades
dos sistemas corporativos e
aplicações web, estudos de caso e
recomendações frente ao crescente
aumento das falhas.
72 Expogestão
Luiz Gustavo Cabral, diretor da KPMG no Brasil na área de Risk Advisory Services
A novidade do evento foi a realização
do painel Ecogestão sobre Economia
Verde – Negócios e Sustentabilidade,
com a presença do chairman do
Quality Policy Group, John Gummer,
um dos responsáveis pelas políticas
de meio ambiente na Europa. O
painel incluiu um debate com casos
nacionais sobre reciclagem e crédito
de carbono, integrando a política de
responsabilidade social da Expogestão
que, em 2007, foi o primeiro grande
evento na área empresarial a neutralizar
o carbono produzido ao longo de sua
realização.
Andréa Barcellos Gauté, gerente da KPMG no Brasil na área de Assessoria em Gestão de Recursos Humanos
kpmg.com.br
Escritórios
São PauloRua Dr. Renato Paes de Barros, 3304530-904 São Paulo, SPTel 55 (11) 2183-3000Fax 55 (11) 2183-3001
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Belo HorizonteRua Paraíba, 1122 - 13º andar30130-918 Belo Horizonte, MGTel 55 (31) 2128-5700Fax 55 (31) 2128-5702
BrasíliaSBS Quadra 2, Bloco Q, Lote 3Salas 708 a 711Ed. João Carlos Saad70070-120 Brasília, DFTel 55 (61) 2104-2400Fax 55 (61) 2104-2406
CampinasAv. Barão de Itapura, 950 - 6º andarEd. Tiffany Office Plaza13020-431 Campinas, SPTel 55 (19) 2129-8700Fax 55 (19) 2129-8728
CuritibaAl. Dr. Carlos de Carvalho, 417 - 16º andar80410-180 Curitiba, PRTel 55 (41) 3544-4747Fax 55 (41) 3544-4750
Fortaleza
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Jaraguá do Sul
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Manaus
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Porto Alegre
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