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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
A CRIANÇA E A ARTE
ALUNA Iracelma Firmino da Cunha
PROFESSORA ORIENTADORA Narcisa Castilho Melo
Posse-GO, julho/2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
A CRIANÇA E A ARTE Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do
curso de pós-graduação “Lato Sensu” em
Arteterapia em Educação e Saúde.
Posse-GO, julho/2009
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me faz acreditar que tudo é possível, quando se
tem fé.
A minha família que sempre acredita em mim.
4
DEDICATÓRIA
Dedico à minha família que me ajudaram
a alcançar esta vitória.
5
EPÍGRAFE
“Nunca consigo aprender coisa alguma
dos adultos. Quando quero aprender
algo novo tenho de me misturar com as
crianças”.
(MARTIN BUBER)
6
RESUMO
Os desafios atuais do ensino da arte buscam promover e estimular as
potencialidades dos alunos como um todo, uma vez que a função do professor
não é mais o de transmitir conhecimento e, sim, facilitador da aprendizagem.
Sendo assim, cabe ao educador ajudar o aluno a realizar-se, a fazer experiências,
exprimir em sua arte o seu próprio mundo. A arte é o caminho onde o aluno
encontrará respostas criativas que irão beneficiar a sua vida futura.
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METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de pesquisas bibliográficas, buscando
informações na teoria de diversos autores como Victor Lowenfeld, Barbosa,
Duarte Jr, Fayga Ostrower, Eisner, Piaget, Vasconcelos e outros, pesquisa em
Internet e entrevistas com professores de arte.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO PARA ARTE 11
1.1 – Ensino da Arte 14
CAPÍTULO II – EXPRESSÃO CRIADORA – A ARTE INFANTIL 19
2.1 – A Arte da Criança 20
2.2 – Arte e Criatividade 22
CAPÍTULO III – O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO GRÁFICO 26
3.1 – Etapas de Evolução do Desenho 27
3.2 – O Professor a Criança e a Aula de Arte 30
3.3 – A Criança Começa a Desenhar 32
3.4 – O Professor e as Aulas de Arte 35
CAPÍTULO IV – OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO ARTÍSTICA 39
4.1 – A Arte da Criança 40
4.2 – Desenvolvendo a Expressão Oral e Escrita da Criança 49
CONCLUSÃO 57
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 60
9
INTRODUÇÃO
A arte, entre as possibilidades comunicativas, possui a capacidade de
manifestar pensamentos, dimensões, essências, tendências, sentimentos e
comportamentos que revelam aspectos do movimento humano no tempo-espaço.
Nesse sentido, a arte, enquanto expressão, utiliza a cultura local para explorar
aspectos revelados ou velados que faz parte do cotidiano da compreensão
humana desvelada pela “mão artística” que se apropria de múltiplos recursos
materiais para formar a sua ideia.
Este trabalho tem como intenção inicial auxiliar o professor na prática do
ensino da arte com as crianças.
Aos professores, não temos a pretensão de transmitir conhecimento ou
ensinar algo novo, mas sim levá-los a refletir sobre suas práticas educativas para
reverem conceitos de arte que possam trazer novas perspectivas e abrir novos
caminhos na educação por meio do estudo da atividade criadora.
As etapas do trabalho objetivam possibilitar uma reflexão acerca da
essencialidade da arte na vida da criança, uma vez que ela tem uma necessidade
natural de expressar o que pensa e o que sente. A arte deve ser uma fonte de
alegria e prazer para ela, quando permite que organize seus pensamentos e
sentimentos presentes em suas atividades criadoras. A arte tem influência
importante sobre o desenvolvimento da personalidade infantil e, por isso, a
atividade artística deve ser estimulada por meio dos sentidos, da imaginação e de
atividades lúdicas, que irão ampliar as possibilidades cognitivas, afetivas, sociais
e criadora da criança.
No momento em que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
designa obrigatório o ensino da arte na Educação Básica, faz-se imprescindível
que os professores utilizem práticas sensíveis e de reflexões sobre as atividades
artísticas que levem a criança a humanizar-se, a tornar-se cidadã sensível e
reflexiva.
Uma das finalidades aqui é trazer uma abordagem sobre a arte infantil,
sobre a importância de o professor conhecer as etapas do desenvolvimento do
desenho, para que possa compreender todo o processo da evolução da criança.
10
Diante disso, o professor deve estar preparado para atuar junto à criança
de forma consciente e afetiva, sempre atento à sua prática pedagógica
direcionada exclusivamente para a formação da criança. Ela precisa receber
condições psicológicas, condições pedagógicas e condições materiais para que
se expresse por meio da linguagem plástica.
O papel do professor de arte é fundamental para criar situações de
aprendizagens desafiadoras, em que a arte, o lúdico e o cognitivo estejam sempre
presentes na educação da criança.
Enfim, é papel do professor repensar sua prática educativa, lembrando
que as atividades lúdicas e a criatividade são bases necessárias para o
desenvolvimento do ser humano. A criatividade não pode ficar restrita às
atividades de pintura, desenho, colagem, modelagem, ela deve ser a base de
todo o processo educacional. A arte deve estar presente em todas as disciplinas,
por meio de atividades interdisciplinares.
No capítulo I, mostraremos um breve relato da história do ensino da arte
no Brasil.
No capítulo II abordaremos a expressão criadora e a arte infantil.
No capítulo III abordaremos o processo de desenvolvimento gráfico ou a
evolução do grafismo infantil.
E no capítulo IV apresentaremos a oficina de sensibilização artística que
tem o objetivo de explorar e desenvolver as potencialidades da criança.
11
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO PARA ARTE
Este capítulo, abordará a arte vinculada ao desenvolvimento humano,
suas fluências e influências vinculadas às fases evolutivas na complexidade da
“alfabetização estética do olhar”. Para subsidiar esse estudo, será apresentado o
pesquisador Lowenfeld, que trata da arte e do processo de criação.
A arte enquanto linguagem manifesta de pensamentos no espaço-tempo
articula impressões, possui códigos, símbolos, formas, culturas, enfim,
diversidades locadas no espaço. Porém, a arte também é discussão temporal,
quando se compromete com o processo educativo, quando se percebe como
parte da trajetória de construção de pensamento, conhecimento e
autoconhecimento. Já foi visto que o homem desde o início dos tempos buscava
na arte espaço para a compreensão de si, do outro e do mundo, sendo que dessa
maneira a arte é fonte de sensibilidade, criatividade e projeção.
A educação na arte circunscreve o processo de ensino-aprendizagem
quando na mediação professor-aluno estes interagem a tal ponto que o educador
promove a construção do conhecimento estabelecido em zona de significância,
comprometido com a articulação de conceitos éticos e estéticos, a todo tipo de
manifestação: pintura, escultura, vídeo, cinema, instalação, teatro, música,
poesia; enfim que ensine a identificar por meio das formas expressivas a análise
crítica, reflexiva e sensibilizadora. Por exemplo, um educador ao promover uma
visitação a um museu (pode também ser uma galeria, um prédio histórico, uma
casa de cultura), este, num primeiro momento, deverá reconstruir a história desse
espaço e contextualizá-lo de acordo com a temática do projeto a ser
desenvolvido. Durante a visitação deve sensibilizar o olhar para as “entrelinhas”
contidas no ambiente.
Assim como existe a alfabetização ortográfica, também é possível
alfabetizar “o olhar”, isto é, a arte como código de linguagem. A alfabetização
ortográfica é a capacidade humana de ler, analisar, interpretar textos; já a
alfabetização do olhar seria a capacidade humana de interpretar elementos,
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símbolos, cores, contexto, cultura, entes, intencionalidades que possibilitam o
diálogo entre o artista e o contemplador.
Por exemplo, o educador apresenta a imagem de uma obra de arte para
seus alunos e os questiona a respeito das cores, das formas, dos movimentos,
dos sentimentos, da composição e das intencionalidades. Este educador está
fazendo com que seu aluno saiba compreender o significado da imagem para
além da iconografia, buscando a interpretação iconológica que transcende
contextos. Esse mesmo exercício poderá ser executado com filmes, poesias
músicas, propaganda de televisão, desenhos animados, telenovelas, objeto
artesanal, folder, enfim, qualquer forma de manifestação estabelecida em mundo
vivido, fazer análise crítica de imagens pode desenvolver a sensibilidade do olhar,
ampliando dessa maneira conceitos de critério e juízo estético.
Nesse sentido, a arte é agente formador de opinião, cujos critérios
transcendem ao belo e ao funcionalista, podendo dessa maneira ampliar pontos
de vista, estabelecendo interfaces entre o visível e o oculto.
Portanto, a arte é um recurso extremamente rico por sua versatilidade,
temporalidade, diversidade cultural, acessibilidade, praticidade etc., pois nos faz
pensar, pois está em toda parte, em qualquer lugar, a qualquer instante. Basta o
educador estar receptivo a essa linguagem que a arte começa a surgir em espaço
informais, tais como: revistas, televisão, internet, livros, revistas, jornais, catálogos
em banca de revista, isso sem contar espaços formais como museus, galerias,
casas de culturas, exposições, salões, vernissage (ambientes de exposição),
mostras de arte, teatro, casa de espetáculos, livrarias.
Vimos que a arte é expressão de pensamento contextualizado no tempo-
espaço e profundamente vinculado à intencionalidade representativa do artista.
Este é o cenário do criador, porém do outro lado da “cortina” existe o apreciador
que dentro da sua dimensão contemplativa apreende essas informações, códigos
e linguagens e os decodifica conforme seu mundo vivido.
Esse processo histórico é resultado de uma bagagem que se inicia na
infância e se prolonga para o resto da vida. Mas, como se dá esse processo? É
possível “alfabetizar” o olhar? Somos talentosos ou desenvolvemos talentos?
Apreende-se arte ou se sente arte? A arte é resultado ou é processo? Arte é ato
13
consciente e/ou inconsciente? Como a arte faz parte da nossa vida? Arte é um
conceito interno ou externo? A arte faz parte do desenvolvimento humano? É
possível ensinar arte?
Essas questões perpassam o pensamento humano há muito tempo, e
elas são focos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, desde a filosofia,
pedagogia, arte, sociologia, história, porém, em nenhum momento, essas
questões foram definidamente conceituadas quanto aos seus limites.
Nesse sentido, temos aqui por objetivo compreender aspectos de arte que
fazem parte do desenvolvimento humano, ressignificando suas temáticas, formas
de expressão, formatividades, temporalidades, materialidades, contextos, enfim,
dar continuidade aos referenciais teóricos até então apresentados, mas nesse
momento desvelando a arte numa concepção humana da criança ao adulto.
A criança no início de sua vida cria seus códigos e linguagens a partir de
referências contextualizadas, os quais serão desenvolvidos conforme o seu
mundo vivido. Segundo Viktor Lowenfeld, pesquisador inglês que estudou as
fases evolutivas da criança e sua arte, existem momentos gráficos da criança que
evoluem conforme seu pensamento na seguinte ideia:
As manifestações artísticas, iniciadas nos primeiros anos de vida, podem significar para nossos filhos a diferença que existe entre indivíduos adaptados e felizes e outros que, apesar de toda a capacidade, continuam, às vezes, desequilibrados e encontram dificuldades em suas relações o próprio ambiente.
Lowenfeld analisa a importância dos momentos gráficos na vida da
criança. O estudo mostra que a cada fase uma “nova criança” surge e se desvela
enquanto traçado manifesto, através de novas descobertas, desafios, formas,
manifestações, expressões, representações; portanto, o traçado sempre vai dizer
algo dessa criança, ou seja, como pensa, age, interfere, se emociona, como se
relaciona com as fases subjetiva (eu-comigo), intersubjetiva (eu-outro) e
transubjetiva (eu-outro-mundo). Portanto, independente da fase evolutiva, todo o
traço é reflexo da identidade da criança. Com isso, cabe ao educador e à família
saber conhecer e reconhecer essas fases e saber valorizar o momento gráfico do
sujeito, pois, a cada momento, tanto traçado como a criança sofrem
14
transformações, e o olhar atento do adulto cuidador será um grande diferencial
para a trajetória evolutiva deste ser humano, que sempre se constrói e se
reconstrói.
A partir desse momento, será analisada a arte no desenvolvimento da
criança. Esse estudo terá três etapas: 1) a primeira será a compreensão do
movimento de vida da criança, a partir de suas necessidades, subsidiada por
Zagury – pois para compreender o universo artístico da criança é necessário
compreendê-la, interpretá-la; 2) a segunda será os fundamentos teóricos que
expressam a arte para a criança (Lowenfeld – linguagem gráfica, Delalande –
linguagem musical e Reverbel – linguagem cênica) e 3) na terceira constarão
exemplos gráficos que evidenciam os fundamentos apresentados.
As manifestações artísticas da criança serão desveladas em cinco
momentos. No primeiro, serão apresentadas as necessidades da criança por
Zagury, pois é fundamental compreender as necessidades dela nas dimensões
humana e comportamental, uma vez que arte é reflexo de subjetividade. No
segundo momento, serão destacadas as fases evolutivas da criança em artes
visuais, tendo como base Vicktor Lowenfeld, nas artes cênicas, Olga Reverbel e
nas artes musicais, Delalande.
O estudo desses autores é fundamental, pois o educador deverá ter
consciência do momento vivido pela criança sob forma de expressão,
representação e formatividade. Após esses estudo, serão mostradas algumas
expressões gráficas vinculadas às suas fases evolutivas, para subsidiar a
identificação de cada fase, conforme forem apresentadas suas características, e
na conclusão serão costuradas algumas considerações finais vinculadas ao fazer
pedagógico.
O sentido da arte para criança até a vida adulta é revelado a cada
instante e se faz presente através da mediação estabelecida entre educador e
educando, sendo, portanto fundamental estimular vivências sensibilizatórias no
aprender a ouvir, olhar, sentir, degustar, enfim, inspirar...
1.1 – Ensino da Arte
15
A preocupação com arte-educação no Brasil começou com a era
industrial que alcançou o País no final do século XIX. As mudanças ocorridas no
plano político-social tornaram a preparação para o trabalho o objetivo principal
dos políticos e dos intelectuais que tentavam reformular e organizar a educação
no País. “A arte como livre-expressão somente alcançou a educação durante os
anos 30, quando outra crise político-social, mudança de oligarquia para
democracia, exigiu reformas educacionais” (BARBOSA,1991, p.13).
Barbosa (1991) comenta que, nas décadas de 50 e 60, surgiu no Brasil,
influenciado por Dewey e outros educadores, o movimento Escola Nova, em uma
tentativa de transformar o precário sistema de educação da época. Vários
educadores e líderes do movimento afirmavam a importância da arte na educação
para o desenvolvimento da imaginação, intuição e inteligência da criança,
direcionando o ensino da arte para a livre-expressão. Quando o movimento
estava no auge, o Estado Novo iniciou a repressão no campo educacional. Depois
da queda de Vargas, os esforços pela redemocratização e as atenções se
voltaram novamente para a educação.
Barbosa (1991) destaca que foi durante este período favorável à
renovação da educação brasileira que o artista Augusto Rodrigues criou a
Escolinha de Arte do Brasil, em 1948, no Estado do Rio de Janeiro, onde o aluno
podia desenhar e pintar livremente. A Escolinha de Arte começou a afirmar sua
identificação com ideias de Herbet Read, de artistas da época e de educadores
envolvidos no processo educacional, como Anísio Teixeira e Helena Antipoff.
Barbosa (1991, p. 14) completa: "As práticas das Escolinhas começaram a
acontecer nas escolas por meio das classes experimentais criadas no Brasil
depois de 1958. Até 1973, as Escolinhas eram as únicas instituições permanentes
para treinar o professor de arte para atuar em sala de aula".
Duarte Ir. (1988, p. 117) explica o assunto:
Na década de 60, especialmente após 1964, nossos dirigentes passaram a se valer dos valores técnicos e pragmáticos da moderna tecnologia norte-americana. A censura abateu-se especialmente sobre a produção artística nacional. O sistema de poder que passou a dominar o país em 1964 se propôs a eliminar ou controlar o espírito crítico, inerente a toda atividade intelectual, jornalística, artística, filosófica ou científica. Manifestações artísticas regionais e folclóricas foram gradativamente sendo esvaziadas, já que o "moderno" e "civilizado" eram as mensagens
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estéticas televisionadas. Quando a Lei Federal nº 5.692, de 1971, tornou a arte disciplina obrigatória na escola de primeiro Grau e em alguns cursos de segundo Grau, os professores de arte correram às Escolinhas em busca de orientação. Organizada de maneira formal e burocrática, a estrutura da Lei nº 5.692 relegou a arte a uma disciplina a mais dentro dos currículos tecnicistas, com uma pequena carga horária semanal. A arte continuou sendo encarada, como um mero lazer, uma distração entre as atividades "sérias" das demais disciplinas (1988, p. 117).
Barbosa (1991, pp. 16-17) completa a questão:
Somente em 1973 foram criados pelo Governo Federal os cursos universitários para formação dos arte-educadores. O currículo, entretanto, baseava-se na prática em ateliê, seguida de alguma informação teórica sobre arte, principalmente sobre a história da arte. As disciplinas na área pedagógica limitavam-se à Psicologia, à Didática e à Estrutura e ao Funcionamento do Ensino, visando a uma abordagem relacionada a problemas do ensino da arte ou ao desenvolvimento do aluno por meio da arte, não havendo preocupação com uma teoria da arte-educação no currículo.
Nas últimas décadas, houve algumas tentativas de melhoria do ensino da
arte. A partir dos anos 80, foi criado o movimento Arte-Educação. Os professores
se mobilizaram com a finalidade de conscientizar e organizar os profissionais da
área de arte para a valorização da disciplina. Entidades públicas e particulares
reuniram-se por todo o País por meio de encontros e eventos com o objetivo de
propor novos andamentos à ação educativa em arte.
Segundo os PCN/Arte (2000), a arte na educação passa a ser vista não
só como auto-expressão mas também como conhecimento. O aluno deve
conhecer nosso passado para entender o presente, fundamentando a proposta de
ensino da arte no fazer artístico, na leitura da obra de arte e na contextualização
da história. Esta proposta foi introduzida no Brasil pela arte-educadora Ana Mae
Barbosa. Denominada metodologia triangular, foi sugerida depois pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais como abordagem triangular (a produção do
aluno, a fruição das obras e a reflexão).
Em 1988, com a promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões
sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que seria
sancionada apenas em 20 de dezembro de 1996. Certos da importância do
acesso escolar dos alunos de ensino básico também à área de Arte.
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Essa nova concepção para o ensino da arte é assim explicitada pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais/Arte (2000, p. 30):
Com a Lei nº 9.394/96, revogam-se as disposições anteriores e Arte é considerada obrigatória na educação básica: "O ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos" (art. 26, § 2º).
A Lei nº 9.394/96 (PCN/Arte, 2000, p. 30) acrescenta:
"São características desse novo marco curricular as reivindicações de identificar a área por Arte (e não mais por Educação Artística) e de incluí-la na estrutura curricular como área, com conteúdos próprios ligados à cultura artística, e não apenas como atividade".
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (2000) têm também como
objetivo levar as artes visuais, a dança, a música e o teatro para serem
aprendidos na escola. Por muito tempo, essas práticas foram consideradas
atividades importantes apenas para recreação, equilíbrio psíquico, expressão
criativa ou simplesmente treino de habilidades motoras. Nos PCN/Arte, entretanto,
Arte é apresentada como área de conhecimento que requer espaço e constância,
como todas as áreas do currículo escolar.
Segundo os PCN/Arte (2000), é de fundamental importância que, na
disciplina Arte, os educandos possam dar continuidade aos conhecimentos
práticos e teóricos sobre a arte, ampliando sua visão do mundo por meio do saber
sobre produção, apreciação e história, em música, artes visuais, dança, teatro e
também artes audiovisuais. Podem ainda incluir as novas tecnologias em suas
práticas artísticas. Isso tem como objetivo principal uma educação
transformadora, preocupada com a formação e a identidade do cidadão.
Os educandos, ao desenvolverem atividades por meio das linguagens
artísticas, podem aprender a desvelar uma pluralidade de significados, de
interferências culturais, económicas e políticas. Podem também analisar as
relações de forma e conteúdos presentes na sua produção em linguagem visual e
audiovisual, fazendo trabalhos artísticos: desenhos, pinturas, gravuras,
modelagens, esculturas, fotografias, artes gráficas (folhetos, cartazes, capas de
discos, encartes, logotipos, dentre outros). Além destes, podem fazer trabalhos
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artísticos em telas informáticas, vídeos, CD-ROM, home page, integrando as artes
audiovisuais e aprofundando a compreensão e o conhecimento de suas estéticas.
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CAPÍTULO II
EXPRESSÃO CRIADORA – A ARTE INFANTIL
O ser criativo é aquele que consegue fazer associações de ideias,
derivando daí, diversidade de respostas a uma situação estimuladora. Ana Mae
Barbosa acredita que a educação necessita desenvolver na criança este potencial
criativo. A autora afirma:
Não é possível uma educação intelectual, formal ou informal, de elite ou popular, sem arte, porque é impossível o desenvolvimento integral da inteligência sem o desenvolvimento do pensamento divergente, do pensamento visual e do conhecimento presentacional que caracterizam a arte (1991, p.5).
Para Fayga Ostrower (1978, p. 5), "a criatividade é um potencial inerente
ao homem, e a realização desse potencial uma de suas necessidades". A arte na
educação deve ser baseada na liberdade de expressão e no respeito às
diversidades culturais dos indivíduos. Em virtude disso, acreditamos que toda
pessoa tem potencial criativo, e a arte na escola deve ser parte fundamental no
processo da formação do homem, pelos seus conteúdos cognitivos, afetivos e
perceptivos.
Essa é também a compreensão de Eisner (1999, p.82) que diz ainda:
A arte é entendida como um terreno permissivo ante um currículo repleto de números e de palavras. É a arte que encoraja a criança a colocar sua visão pessoal e sua assinatura em seus trabalhos. As escolas são dominadas por tarefas curriculares voltadas ao professor e que, frequentemente, oferecem apenas uma solução para os problemas, uma resposta certa para as perguntas. A arte não pode tornar-se algo sem vida, mecânico, como tem ocorrido com o que ensinamos, em todos os níveis da educação.
A Arte-Educação tem também como finalidade fornecer experiências que
ajudem a criança a refletir sobre a arte, desenvolver valores, sentimentos,
emoções e uma visão crítica do mundo que a cerca. O papel do professor é o de
mediador que incentiva e valoriza a criação infantil, assumindo assim a
responsabilidade de uma educação crítica, criativa e prazerosa.
20
Os PCN/Arte (2000, p. 15) afirmam: "Aprender arte envolve, basicamente,
fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve também conhecer,
apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas
individuais e coletivas de distintas culturas e épocas".
A criança, ao conhecer a arte de outras culturas, poderá perceber sua
realidade cotidiana, poderá fazer uma observação crítica da cultura em geral,
valorizando o modo de pensar e agir de sua cultura, assim como a de outras.
Sobre isso, os PCN/Arte (2008, p. 20) acrescentam:
A arte de cada cultura revela o modo de perceber, sentir e articular significados e valores que governam os diferentes tipos de relações entre os indivíduos na sociedade. A arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como portas de entrada para uma compreensão mais significativa das questões sociais.
2.1 – A Arte da Criança
O desenho é para a criança um campo imaginário em que ela poderá
desenvolver a imaginação criadora. Derdyk (2003,p.64) afirma: "A criança, em um
determinado momento, percebe que tudo que está depositado no papel partiu
dela. Não lhe foi dado, foi inventado por ela mesma. Inaugura-se o terreno da
criação".
Viktor Lowenfeld (1977) considera que o professor deve compreender
que, enquanto a criança desenha, está realizando experiências importantes para
seu desenvolvimento e que a expressão artística da criança é um registro de sua
personalidade. Porcher afirma: "O desenho é um ato de inteligência, desenhar é
um ato inteligente. Isto quer dizer notadamente que, para as crianças, ele
representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do mundo e, em
particular do espaço" (1982, p.106).
Podemos afirmar que isso significa que:
Aqui como nos outros campos, o objetivo não deve ser a formação de desenhistas profissionais e de especialistas; trata-se de dar a cada um os meios de expressar-se e, através disso, de dotá-lo dos instrumentos sensoriais e mentais necessários para as suas relações com o mundo (Porcher, 1982, p. 107).
21
Diante disso, o professor necessita encorajar a iniciativa, a criação de
trabalhos por meio de seu próprio esforço, levara criança a descobertas por si
mesma, a inventar e criar suas ideias, não dar respostas prontas para todas as
indagações, não permitindo, assim, que a criança dependa do pensamento alheio.
Procure ajudá-la a esclarecer o que pensa, levando-a a falar espontaneamente
sobre a sua obra. Não acrescente ou mude nada no que ela construiu
artisticamente, uma vez que a criança deve ser a única autora do seu trabalho.
O professor deve procurar sensibilizar a criança em relação ao meio em
que ela vive. É importante incentivá-la quando consegue expressar sua própria
experiência, retratando elementos do seu cotidiano. No entanto, também não há
motivo para elogiar indiscriminadamente todos os trabalhos artísticos da criança.
Dessa forma, ela acaba perdendo a confiança no educador, uma vez que percebe
que, em determinado momento, não deveria receber tais elogios.
Nesse caso, as críticas também não são construtivas. A criança precisa
apenas sentir que o professor entende e valoriza o seu empenho em transmitir
suas vivências por intermédio da arte.
O trabalho artístico deve ser espontâneo e criativo. Não se devem
entregar à criança desenhos prontos para colorir nem mostrar à criança como se
"pinta", pois a tornará insensível ao meio.
Deve-se considerar, também, que os sentimentos das crianças a respeito
de sua arte são diferentes dos sentimentos do adulto. Portanto, a arte infantil deve
ser apreciada, levando em conta a sua fase de desenvolvimento. Devem-se
observara individualidade, as ideias, o simbolismo mental e emocional do trabalho
artístico da criança.
Na atividade artística, não deve haver a preocupação em avaliar, uma vez
que não há medida real que avalie a expressão artística da criança.
As comparações dos trabalhos artísticos também são negativas. Todos os
trabalhos devem ser valorizados. Como incentivo, o professor deve sempre expor
os trabalhos de todas as crianças (nos murais, nas paredes, no chão da sala de
aula, nas "cordinhas"), não levanto em conta somente os melhores trabalhos, mas
que todos participem das exposições. Devem-se, por isso, evitar concursos que
levem a premiações ou comparações.
22
Recuperar o ser poético que é a criança só é possível quando os
professores se percebem como pessoas ainda capazes de viver o estranhamento,
que é o ser da poesia, quando o professor descobre nele mesmo o prazer da
criação (OSTROWER, 1978).
Dessas análises, é possível concluir que cada criança caminha em seu
ritmo próprio, umas aceleram esse processo, outras caminham mais lentamente.
Esse caminhar não deve ser forçado, uma vez que a criança está desenvolvendo
sensibilidade, emoção, imaginação. O principal objetivo da arte-educação é
formar o ser criativo que possa realizar-se como pessoa, por meio da educação
integral da criança. O mais importante é a criança, e não a arte.
Dessas análises, é possível concluir que cada criança caminha em seu
ritmo próprio, umas aceleram esse processo, outras caminham mais lentamente.
Esse caminhar não deve ser forçado, uma vez que a criança está desenvolvendo
sensibilidade, emoção, imaginação. O principal objetivo da arte-educação é
formar o ser criativo que possa realizar-se como pessoa, por meio da educação
integral da criança. O mais importante é a criança, e não a arte.
2.2 – Arte e Criatividade
A arte na educação tem papel fundamental para desenvolver na criança
os aspectos físicos, motor, emocional e perceptivo, desenvolvendo, com isso, os
processos criativos que a levarão a descobrir sua capacidade inventiva. Para
Ferreira (1998, p. 45), "a constituição da criança não pode ser explicada apenas
pelos fatores biológicos. Os fatores culturais e sociais também constituem a
criança". A arte poderá também enriquecer culturalmente a criança, assim como
embelezar sua vida, fator determinante para o desenvolvimento da personalidade
do indivíduo.
O importante é que a criança tenha oportunidade de se expressar de
forma criativa, de acordo com as etapas do desenvolvimento infantil
correspondente a cada fase.
Diante disso, o professor deve estar preparado para atuar junto à criança
de forma consciente e afetiva, sempre atento à sua prática pedagógica,
direcionada exclusivamente para a formação da criança. Ela precisa receber
23
condições psicológicas, condições pedagógicas e condições materiais para que
se expresse por meio da linguagem plástica.
Vygotsky (1991) considera que o desenvolvimento da linguagem escrita
na criança está expressa no deslocamento de desenho de coisas para o desenho
de palavras. "Nesse processo de transição, está também a importância decisiva
para o desenvolvimento do simbolismo no desenho" (Apud FERREIRA, 1998, p.
72).
O ato de criar, de se expressar, inerente a todo ser humano, pode ser
bloqueado, interrompido se o adulto na ânsia de ver a criança deixar de rabiscar
para desenhar formas "bonitas" ou "perfeitas", agir de forma inadequada,
cobrando perfeição em suas atividades artísticas, iniciando aí um processo de
tolhimento da criatividade infantil, principalmente quando é entregue à criança um
desenho mimeografado para colorir. Agindo assim, o adulto estará
desrespeitando sua personalidade, inteligência e sensibilidade. Ninguém daria
um desenho pronto para um artista desenhar. E qual o motivo de fazer isso com
uma criança? Aí vem a resposta de alguns professores: "eles não sabem
desenhar". Alegam que são cobrados por pais e coordenadores nas escolas
onde trabalham a apresentar atividades mimeografadas, inclusive para a
"capinha" de seus trabalhos. Não seria mais interessante a própria criança criar a
sua "capinha"?
Derdyk (2003, p. 107) comenta: "Todo ensino que se baseia na cópia não
é ensino inteligente. O aprendizado que depende basicamente do desempenho
eficiente da capacidade de copiar é um ensino que considera a criança como um
ser cognitivo".
O importante é que a arte da criança seja valorizada e que os adultos não
permitam que as crianças passem pelas etapas de desenvolvimento de forma
incorreta, trazendo consequências futuras.
Sendo assim, uma alternativa para o professor que trabalha em escolas
que adotam o desenho mimeografado como prática artística é, por meio das
reuniões de pais e coordenadores, mostrar a importância do desenho livre para o
desenvolvimento emocional, afetivo; o desenvolvimento da sensibilidade e da
coordenação motora da criança. O professor, também, em sua prática de sala de
24
aula, deve procurar não valorizar esses desenhos mimeografados, promovendo
exposições, ou dando qualquer destaque a esses trabalhos. A criança necessita
sentir que o desenho feito e pintado por ela é sempre o alvo de toda atenção e
valorização.
O mais grave ainda é que o adulto, depois de dar um desenho pronto
para a criança colorir, ainda determina as cores a serem usadas de forma
arbitrária, não deixando escolha para a criança. Ela não gosta dessas cores, mas
terá de aceitar o que lhe foi imposto. A criança começa a pintar um desenho que
não é seu, usando cores que não são de seu agrado.
O que pode existir de criatividade e expressividade da criança em uma
atividade como essa? Por que os adultos não entendem que a atividade artística
é da criança, e que ela tem o direito de ser a única autora do seu trabalho?
A criança é naturalmente criativa e sensível. Sua criatividade é
espontânea até que consigam, por meio de práticas conservadoras e desrespeito
à arte infantil, tornar a criança um ser incapaz de se expressar espontaneamente,
levando-a mais tarde a dizer: "Eu não sei desenhar".
Muitas escolas, ainda hoje, usam o desenho mimeografado como prática
artística para que a criança tenha noção de espaço, noção de limite, para que ela,
por meio dessa atividade, aprenda o que está fora e o que está dentro do limite da
forma. Há muitas maneiras de a criança receber essas noções sem utilização de
desenhos prontos. Podem ser utilizados jogos, colagens, histórias, brincadeiras,
uso de corda de pular, onde a criança poderá estar dentro ou fora, riscos no chão,
brincadeira de "coelhinho na toca", entre muitas outras atividades. O professor
precisa estar atento e ser muito criativo para elaborar atividades que possam
desenvolver o potencial artístico que toda criança traz dentro de si.
É importante lembrar que a atividade artística na escola também não é
para "acalmar" as crianças ou "descansar" o professor ou simplesmente ser uma
atividade complementar. A arte é muito mais do que isso, a arte tem a função de
favorecer a ação espontânea, facilitar a livre expressão e permitir a comunicação.
Ela contribui para a formação intelectual da criança.
Um exemplo de criatividade espontânea da criança aconteceu em uma
escola de educação infantil. Durante uma atividade artística, uma criança pintou
25
um coração verde. A professora ao olhar o desenho fez o seguinte comentário:
"Você já viu um coração verde"? Coração tem de ser vermelho. A criança então
respondeu: "Eu estava pintando o coração da natureza". A criança demonstrou aí
toda sua criatividade e inventividade, uma vez que a atividade era sobre a
natureza.
Então perguntamos: Por que o coração tem de ser vermelho? Vários
artistas famosos não usam as cores reais nas suas obras, no entanto ninguém
considera que elas estão "erradas". Na atividade criadora, todos os "artistas",
inclusive, e, principalmente as crianças, devem ter liberdade de expressão.
Como observamos, o uso de desenhos prontos em nada acrescenta ao
desenvolvimento criador da criança. Seria muito mais interessante estimular a
percepção, o raciocínio e a criatividade, substituindo essa prática por atividades
livres e formadoras que respeitassem a capacidade de expressão, característica
de toda criança. Sans (1995, p. 37) diz ainda: “A criança é observadora por
natureza. Olha atentamente, examina, reflete e especula o que acontece ao seu
redor. Assimila e retém informações com facilidade”. O importante é que o adulto
estimule a criança a se expressar de forma criativa, de acordo com cada etapa de
seu desenvolvimento, pois, se isso não acontecer, ela perderá a confiança na
capacidade de criar e se expressar ou, até com o tempo, deixai de desenhar,
como acontece com muitas crianças e adolescentes.
Fayga Ostrower (1978, p. 9) afirma: "O homem cria, não apenas porque
quer, ou porque gosta, e sim porque precisa; ele só pode crescer, enquanto ser
humano, coerentemente, ordenando, dando forma, criando".
Com isso, podemos afirmar que, a arte é de suma importância para o ser
humano. Precisamos desmistificar a ideia de que a criatividade pertence a alguns
privilegiados.
26
CAPÍTULO III
O PROCESSO DO
DESENVOLVIMENTO GRÁFICO
O objetivo aqui é apresentar a evolução do grafismo infantil de forma
simples e didática. Grafismo é o resultado de uma tendência natural, expressiva.
O processo de desenvolvimento gráfico infantil está ligado ao desenvolvimento
físico, social, intelectual e afetivo-emocional da criança.
Para a pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg (1985), todas as
crianças garatujam de forma semelhante, dependendo da cultura de cada uma.
Dessa forma, todos os desenhos de uma pessoa serão reflexos dos desenhos
construídos na primeira infância. A pesquisadora constatou que, por meio dos
mandalas, símbolos iniciais do tempo e espaço, a criança começa a ocupar os
espaços, a combinar os símbolos geométricos até formar os desenhos. O sol, por
exemplo, pode ser um bicho, um ser humano. Ela pode não ter a intenção de
representar o sol (Apud MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998).
Em cada fase, a criança tem determinada maneira de representar os
elementos, não há uma relação fixa entre a idade da criança e a etapa a ser
alcançada, assim como a idade mental não é a mesma para com a mesma idade
cronológica. Referindo-se às teorias de Jean Piaget, Vasconcelos (2001, p.24)
comenta:
Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos dois anos, ela evolui do estágio sensório-motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos (como sugar a mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório.
De acordo com as ideias de Piaget, Vasconcelos (2001) comenta que, por
volta dos sete anos, a criança passa para o estágio operacional-concreto, onde
consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos.
27
Segundo Piaget, por volta dos 12 anos, a criança chega ao estágio
operacional-formal. “O adolescente pode pensar em coisas completamente
abstratas sem necessitar da relação direta com o concreto. Ele compreende
conceitos como amor ou democracia” (Apud VASCONCELOS, 2001, p. 24).
Desse modo, a expressão gráfica da criança varia com a idade, o meio,
os estímulos e as vivências próprias. Características comuns aparecem nas
representações gráficas de todas as crianças, dando origem a estágios do
grafismo infantil. Para Lowenfeld (1977), o desenvolvimento gráfico da criança
passa por vários estágios:
• Estágio de rabiscação, no qual o desenho é um prolongamento do
gesto.
• Estágio de início de figuração, no qual surgem as primeiras formas
reconhecíveis.
• Estágio de figuração esquemática, no qual a criança desenha o
que ela sabe.
• Estágio de figuração realista, quando a criança se esforça em
representar o que vê.
3.1 – Etapas da Evolução do Desenho
O estudo das etapas do desenho infantil requer ainda muito estudo, uma
vez que as diferenças individuais, a forma de desenvolvimento e as
transformações de cada criança são distintas, variando de criança para criança.
Quanto a essa questão, Martins; Picosque; Guerra (1988, p.94) explicam:
Compreender a trajetória expressiva da criança é uma tarefa instigante. Os sistemas educacionais, as oportunidades oferecidas, os valores culturais, as predisposições genéticas colorem de forma particular as produções, percepções e concepções artísticas das crianças. Entretanto, os pesquisadores desse desenvolvimento têm percebido que, mesmo em cenários e épocas diferentes, certas similaridades indicam aspectos fundamentais comuns.
Primeiro estágio do desenvolvimento do desenho infantil
28
Essa fase é de grande relevância para a formação da criança. Cabe ao
educador a tarefa de conhecer as etapas do desenho gráfico e aos cursos de
formação de professores a responsabilidade por esse aprendizado. Derdyk (2003,
p. 15) diz sobre isso o seguinte: “Se o arte-educador da pré-escola não possuir
uma vivência prática e efetiva das linguagens expressivas, facilmente incorrerá
em erros grosseiros na avaliação daquelas garatujas e rabiscos aparentemente
inúteis”.
A teoria de Viktor Lowenfeld (1977) divide o desenvolvimento do desenho
infantil em quatro estágios. O primeiro estágio compreende o período da
rabiscação ou garatujas, que corresponde à idade de um ano e meio a quatro
anos, variando de criança para criança, sendo o momento em que a criança
segura um instrumento e traça, sem intenção de escrever ou desenhar. São
experiências cinestésicas, gestos instintivos que causam prazer orgânico, onde a
criança dá expansão às necessidades motoras. Na fase da rabiscação
desordenada, a criança, por meio do traçado, expressa ternura e confiança ou
medo e agressividade.
Para Rhoda Kellogg (1985), todos os futuros desenhos de um indivíduo
serão construídos a partir dos movimentos iniciados na primeira infância e
registrados no papel ou na massinha. Segundo a pesquisadora,
...dos rabiscos iniciais, nascem as formas circulares, triangulares, irregulares, a cruz e o x, denominado por ela de diagramas básicos. A cruz e o x podem parecer simples, mas a construção das duas perpendiculares, com horizontal/vertical ou com linhas oblíquas, é uma ação importante (Apud MARTINS; PICOSQUE; GUERRA. 1998,p.99).
Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 101) consideram:
A criança não é uma produtora de símbolos, de forma consciente. Mas, como está no mundo da cultura, em um mundo essencialmente simbólico, já é leitora de índices e imitadora de símbolos. É assim que aprende a dar “até logo”, a assoprar a velinha de mentira, a bater palmas.
Segundo Viktor Lowenfeld (1977), a criança passa depois para a
rabiscação longitudinal. Nessa fase, o rabisco já é intencional, isto é, a criança
tem relativa noção do que está fazendo e, também, já aprecia a sua atividade. É
29
um movimento renovado, repetido e controlado onde aparece a coordenação
motora e visual, ela se interessa pela própria atividade, observa e gosta do que
está fazendo.
Com as formas enoveladas ou celulares (as bolinhas), surge a
capacidade de controle por meio de símbolos, que são: círculos, quadrados,
cruzes, entre outros, que representam: casas, pessoas, sol, animais. É o início do
desenho. Torna-se importante destacar que, nessa fase, a criança ainda não
abandonou as garatujas, ela continua rabiscando.
Quanto a isso, Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 102) comentam: “É
importante lhe oferecer oportunidades de contatos sensoriais e perceptivos com o
mundo da natureza e da cultura humana”. As autoras continuam em suas
observações:
Infelizmente, há uma pressa para que a criança deixe logo as garatujas e passe para os desenhos reconhecíveis. Para algumas pessoas, só há desenho quando a criança faz o figurativo. Só há música quando existe uma música definida. Antes disso, é só rabisco ou barulho, como se essas manifestações não fossem sumamente importantes!
A tarefa do educador dessa faixa etária é valorizar as expressões
gráficas, plásticas, táteis, sensoriais, sonoras, corporais, desafiando a criança
com propostas criativas a partir da observação atenta e sensível de sua própria
expressão artística.
A criança chega agora à fase da rabiscação acompanhada de fabulação.
Ela dá nome aos seus desenhos, descobre o aparecimento da linguagem plástica
pela utilização dos símbolos e representa, em seus trabalhos artísticos,
sensações vividas ou imaginadas.
Sobre isso, Ferreira (1998, p. 59) diz o seguinte: "Imaginando, figurando,
interpretando e falando, a criança compõe seu desenho e cria um modo de
comunicar seus pensamentos".
A representação ainda é irreconhecível, no entanto é o momento em que
a criança, por meio de fabulação intensa, demonstra toda sua criatividade e
inventividade. A figura humana começa a aparecer com frequência nessa fase,
em que é representada pela criança por meio de formas celulares, mais filamento
retilíneo. A criança fecha o círculo e desenha pernas e braços que saem da
30
cabeça (pernas, braços, cabelos em forma de filamentos retilíneos). Para a
criança, esses membros são importantes porque servem para pensar, ver, andar
e se movimentar. Vygotsky explica que "... esses esquemas usados pelas
crianças são indicadores de que elas acham essa representação suficiente para
significar o ser humano" (Apud FERREIRA, 1998, p.30).
O professor necessita compreender que, na educação infantil, os
sentimentos estéticos devem merecer um destaque especial e, Ferraz; Fusari
(1999, p. 60) afirmam: "As representações mentais, advindas desse mundo
perceptivo, reorganizam-se, recombinam-se em outras formas por meio do
processo que é, sobretudo, imaginativo".
3.2 – Professor e a Criança na Aula de Arte
O professor pode se sentir indeciso e apreensivo em relação à criança
nessa fase, quando ela inicia suas primeiras experiências no papel, uma vez que
as folhas podem ser rasgadas, furadas ou amassadas. Essa descarga de energia
é natural e não deve ser reprimida, pois isso pode interferir na evolução normal da
criança.
A criança precisa ser estimulada por meio de liberdade de criação; o
material deve ser adequado (papéis grandes, lápis cera estaca, entre outros
materiais), e o espaço de acordo com suas necessidades motoras. Nessa fase,
desenhar com a mão esquerda ou girar o papel são movimentos normais.
Quando a criança começa a dar nome ao que faz (fase da fabulação),
atribuindo um significado aos seus trabalhos plásticos, ainda irreconhecíveis, é
recomendável que o professor não faça comentários sobre o desenho nem
pergunte o que significam as suas garatujas, ou tente adivinhar o que a criança
desenhou. Isso pode levá-la a perder sua capacidade de exploração e de
pesquisas por seus próprios meios. É aconselhável dialogar com a criança, indo
ao encontro de seu pensamento imaginativo; reunir todas as crianças em círculo
para que todos falem sobre seu trabalho, incentivando-as a falar, sem interferir
nem sugerir qualquer forma de representação. É por meio do estímulo indireto
que a imaginação infantil mais facilmente se desenvolve.
31
Entender a criança e sua arte nessa fase é fundamental. Derdyk (2003,
p.15) comenta:
Para o educador da pré-escola, é essencial absorver a noção da possível inter-relação e interdependência de todas as instâncias físicas, psíquicas, emocionais, culturais, biológicas, simbólicas, enfim, de tudo o que ocorre para o pleno desenvolvimento da criança.
Segundo Estágio
Corresponde em média entre quatro e sete anos e, segundo Viktor
Lowenfeld (1977); é denominada fase do início da figuração. E a descoberta da
relação entre desenho, pensamento e realidade, fase em que as garatujas vão se
tornando reconhecíveis, com significado definido. A criança continua
experimentando os símbolos até chegar ao conceito de forma, e os símbolos
mudam constantemente. A criança está buscando um conceito de forma ao
repetir elementos em seus desenhos, mudando diversas vezes a representação
de um objeto. Várias vezes gira a folha do desenho ao falar sobre ele enquanto
desenha. Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 104) afirmam: “A função simbólica
é o centro do processo de ensino-aprendizagem, seja formal ou informal. A
criança constrói seus símbolos. Por meio de suas ações e de diferentes formas
de linguagem, representa os objetos e as ações sobre eles, representando
também seus conceitos".
Quanto ao movimento simbólico, as autoras comentam:
O início do movimento simbólico nas artes plásticas se dá por meio do tridimensional. As bolinhas e cobrinhas vão virando objetos. Um lápis pode se transformar numa injeção ou num avião. O jogo do faz-de-conta entra de vez na vida da criança (1998, p. 105).
Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 105) também acreditam: "No
desenho, a passagem se dá lentamente. Dos rabiscos e das pesquisas de
formas, nascem as primeiras tentativas de letras - diferenciando escrita e desenho
- e as primeiras figuras humanas".
Nessa fase, a criança começa a descobrir a relação entre o desenho, o
pensamento e a realidade. E a representação do seu mundo, onde aparecem
figura humana e objetos. O desenho tem intenção de representação figurativa
32
simbólica, por meio de linhas, curvas, pontos, formas ovais, que podem ser
cabeça, olhos, braços. A figura humana no início é representada por um círculo
irregular de onde saem braços e pernas, sendo enriquecido mais tarde, com
detalhes e minúcias. O desenho dessa figura humana é, portanto, a estrutura
básica de toda sua representação futura.
Assim, a criança ainda não relaciona o tamanho do objeto com a
realidade. Pode desenhar em maiores dimensões o que mais gosta, deseja ou
teme. O desenho apresenta exageros e omissões, figuras que sempre se repetem
e que favorecem o desenvolvimento do seu processo mental. Quanto à relação
espacial, no início, são representadas por figuras desalinhadas, espaço
desordenado, elementos enfileirados, sem preocupação de conjunto. A criança
ainda não tem uma ideia geral do desenho. Uma constante nessa fase é a
fabulação, a narração sempre acompanha a atividade, a criança costuma falar
sobre seu desenho, fantasiar, imaginar, dando uma sequência lógica aos
elementos, criando uma relação entre eles. A esse respeito, Sans (1995 p. 48) diz
o seguinte:
A criança que está fantasiando em suas estórias, brincadeiras, desenhos e, de modo geral, misturando sonho e realidade, está fazendo uso mais intenso da inteligência e está se aproximando cada vez mais de conquistar uma nova visão de mundo.
Nessa fase, enquanto o desenho começa a evoluir, tornando-se rico em
detalhes, a pintura continua ainda com características da primeira fase, sendo,
portanto, normal que a criança ainda pinte rabiscando.
Quanto à cor, seu emprego é puramente emocional, a criança usa a cor
por prazer, sem intenção de fazer uma relação com a realidade. A cor utilizada
pode depender do que mais lhe agrada ou também pode ser de caráter afetivo. A
representação de uma pessoa pode ser azul, roxa ou amarela (LOWENFELD,
1977).
3.3 – Acriança Começa a Desenhar
Vygotsky considera que o processo de formação de pensamento é
despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se
33
estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência
de muitas gerações (Apud DAVIS; OLIVEIRA, 1990).
Diante disso, cabe ao professor ser compreensivo e afetuoso,
encorajando sempre as crianças a expressarem suas ideias, encorajando a
individualidade e a originalidade. Deixe a criança experimentar e cometer erros,
procure manter uma convivência afetiva com ela, mantendo um ambiente informal
e agradável durante as atividades artísticas. Essas atividades deverão sempre ser
recreativas e prazerosas para a criança. Procure olhar sempre para o simbolismo
mental e emocional da expressão plástica, elogiando sempre o esforço da criança
no desenvolvimento da atividade. E, principalmente, o trabalho artístico não deve
ser avaliado. Como medir com letras, números ou "estrelinhas" (símbolos usados
para conceituar o trabalho) a expressividade artística da criança?
É importante lembrar que a brincadeira, o lúdico e o jogo simbólico devem
constar como atividades diárias no planejamento do professor. A criança, ao
participar dessas atividades, está criando e realizando atos espontâneos de
representação dramática, criando um mundo simbólico para ela mesma. Sans
(1995, p. 39) esclarece: "O brincar e o desenhar para a criança manifestam-se
impulsionados pela mesma essência motivadora, que é caracterizada pela ação
lúdica". Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 107) comentam: "No faz-de-conta ou
jogo simbólico, como é denominado por Piaget, se manifesta a presença da
espontaneidade estética e a capacidade de criação das crianças, já que a
invenção e a representação estão presentes". Para as autoras, ao brincar, as
crianças estão inventando uma nova realidade, simbolizando objetos ausentes.
Quanto a isso, Ferraz e Fusari (1999, p. 62) completam:
... lembramos que todo trabalho com o desenvolvimento da observação, percepção e imaginação infantil não pode ser desvinculado de atividades com caráter lúdico, de jogos, por serem fundamentais no seu processo de amadurecimento.
Na opinião de Ferraz e Fusari, quando o educador sabe intermediar os
conhecimentos, ele é capaz de incentivar a construção e as habilidades do ver, do
observar, do ouvir, do sentir, do imaginar e do fazer, assim como suas
representações.
34
Constata-se que a função simbólica é fator essencial no processo ensino-
aprendizagem. Por meio de diferentes formas de linguagens, a criança representa
seus conceitos de vida. Representar, falar, cantar, imitar ou desenhar são funções
criativas e lúdicas, expressam representações verbais, visuais, gestuais e
sonoras. As autoras Martins, Pícosque e Guerra (1998, p. 104) completam o
assunto: "Se a escola valoriza apenas o sistema da linguagem oral ou escrita, não
dará oportunidade para a realização de experiências que podem ampliar a
competência simbólica. A arte tem um papel prioritário no exercício dessa
competência". Sans (1995, p. 22) comenta sobre isso: "A perda do lúdico provoca
na criança o envelhecimento precoce e a atrofia da espontaneidade".
Terceiro Estágio
Compreende em média de sete a dez anos, período em que a criança
busca convenções e regras para suas expressões gráficas. As influências
socioculturais aparecem com frequência, como casas, pessoas, animais, carros,
paisagens. A criança, nesta etapa, descobre a existência de uma ordem definida
nas relações espaciais.
Segundo Lowenfeld (1977), as crianças não procuram identificações com
os elementos reais de representação nem buscam copiar, mas tentam expressar
suas ideias a respeito do mundo. Nessa fase, ela demonstra por meio de sua
expressão plástica a intenção de significar, descrever, usando minúcias e riqueza
de detalhes; a representação é simbólica-esquemática, em que a forma sempre
se repete com características geométricas. O esquema da forma dos elementos
geometrizados é o símbolo da representação gráfica do período. A figura humana
é retratada geralmente de frente, aparecendo outras vezes de perfil para indicar
movimento, uma vez que ela já tem um conceito definido dessa figura.
O espaço é representado de forma ordenado, existindo ligação entre os
elementos. Aparece o conceito definido de espaço: a linha de.base que sustenta
tudo que está no chão: pessoas, casas, árvores, carros. Essa linha é o "chão" da
cena e pode ser uma ou várias. Com frequência, essa linha é desenhada no meio
da folha ou a criança utiliza a própria borda do papel com a mesma função.
Quanto a essa fase, Nicolau (1995, p. 14) comenta:
35
Dependendo de suas experiências emocionais, a criança poderá usar a borda do papel como linha de base, omiti-la, desenhá-la dupla ou curva. Outro processo de representar o espaço é o do rebatimento ou dobragem, quando os objetos são desenhados perpendicularmente à linha de base. E há ainda outro tipo de representação, os raios X, em que é mostrado o interior dos objetos.
Os planos representados pela criança passam depois a serem
superpostos, com o aparecimento de dois ou mais planos sucessivos e diversos
pontos de vista. A superposição com transparência é outra solução gráfica que a
criança usa constantemente nesse período: o interior de uma casa ou carro é
retratado como se todos os seus elementos interiores pudessem ser vistos. Nessa
fase, a criança também descobre a relação entre cor e objeto: árvore é verde,
maçã é vermelha, o céu é azul. O esquema-cor pode ter significados afetivos para
a criança.
E também nessa etapa que a criança descobre que existe relação entre o
objeto e a cor. Após definir-se, esse esquema é repetido, o que denota a
descoberta de nova experiência e o prazer de dominá-la. Nicolau (1995, p. 14)
completa:
Os desenhos, as pinturas e as realizações expressivas das crianças não apenas representam seus conceitos, percepções e sentimentos em relação ao meio, como também possibilitam ao adulto sensível e consciente uma melhor compreensão da criança.
3.4 – O Professor e as Aulas de Arte
Esta é uma fase para a criança de intensa expressividade, e o professor
pode explorar toda a potencialidade criativa que ela tem. Os estímulos devem
voltar-se para as experiências e vivências do mundo da criança. Geralmente a
criança usa o desenho para exprimir e comunicar realidades individuais, na
maioria das vezes inexpressivas, pela linguagem verbal. Por isso, o desenho
contribui para valorizar as respostas das crianças e o professor deve sempre
incentivá-la por meio de desafios que despertem sua curiosidade. O desenho
mimeografado, o desenho pronto, deve ser abolido das atividades artísticas da
criança, pois sua prática interfere negativamente no desenvolvimento da criança,
no processo de percepção, no raciocínio e na criatividade.
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A criança, nessa fase, deve ser incentivada a observar, a criar e a
conduzir o seu olhar para novas experiências que a levem à pesquisa e a:p
conhecimento e, também, devem-se elaborar propostas que trabalhem o
pensamento divergente, procurando respeitar o ritmo de cada criança,
incentivando o processo criativo, valorizando principalmente a originalidade, a
marca pessoal que cada uma deixa em seu trabalho. Diante disso, o professor
não deve julgar as atividades criadoras das crianças ou estabelecer comparações
entre os seus trabalhos artísticos. A criança deve ser incentivada a valorizar tudo
o que faz, progredindo sempre no seu processo criador e ter um amplo
entrosamento com o meio ambiente, respeitando sempre as experiências e as
vivências de cada um. O papel do professor é sempre demonstrar segurança,
afetividade e tranquilidade aos seus alunos.
Quarto Estágio
A partir dos 10 anos, a criança é detalhista e procura representar o que
vê. Piaget afirma: "A principal característica da etapa operacional-formal, por sua
vez, reside no fato de que o pensamento se torna livre das limitações da realidade
concreta" (Apud, DAVIS; OLIVEIRA, 1990, p. 44).
Viktor Lowenfeld (1977) denomina essa fase de figuração realista ou a
idade da "turma", porque, nesta fase, a criança começa a explorar o pensamento
a respeito do mundo, observa que vive em uma sociedade, descobre o prazer de
realizar tarefas em grupo e compreende que pode construir mais em grupo do que
sozinha.
No desenho da criança, já se pode notar a descoberta do plano que
substitui a linha de base, a ideia de profundidade por meio de artifícios: o que está
na frente sempre é maior. Ela desenha, usando sucessivos planos, onde o que
está na frente encobre o que está atrás, sem usar transparência ou raios X. No
desenho, a criança procura dar uma ilusão de perspectiva e começa a
experimentar o uso de sombra e nuance (claro e escuro). O desenho da criança
nessa fase já possui acabamento, ela procura representar também a terceira
dimensão. O acabamento do desenho é aprimorado, e as figuras humanas se
37
apresentam com detalhes em suas roupas, a fim de fazer uma diferenciação entre
os sexos.
Esta é, entretanto, uma fase em que os adultos precisam valorizar a
percepção estética e a imaginação criadora da criança, sendo um período em que
ela passa a copiar em demasia tudo que vê, como o herói da TV, vídeo game,
revistas e até os desenhos dos colegas. Quanto a isso, Louis Porcher (1982,
p.128) explica:
O fato é que a partir desse momento, e cada vez mais (até o fim da adolescência, na verdade, se é que ela ainda está desenhando e pintando) a criança copia. Mas ela tem também consciência da imperfeição das suas cópias, as quais não conseguem, aliás, equilibrar o seu sentimento de impotência. Ela desanima, e passa a fazer decalques. Decepciona-se mais e mais; sente vergonha, e abandona: é o famoso "eu não sei desenhar".
Nesse momento, cabe ao professor a tarefa de agir com prudência,
incentivando cada vez mais a expressão livre e criativa da criança, a expressão
deve dominar a representação realista. Precisa, de toda forma, evitar que a
criança utilize seu potencial criativo e artístico para fins de cópias, desenhos
estereotipados, que contribuem para destruir a criatividade e a inventividade
pessoal.
A aula de arte bem planejada prioriza sempre o desenvolvimento da
percepção estética, da sensibilização, da imaginação criadora, por meio de
atividades onde as linguagens artísticas estejam integradas (música, artes
plásticas, artes cênicas e expressão corporal). Desenvolver atividades de jogos
dramáticos e sensibilização artística e propor situações em arte que levem a
criança a desenvolver todo o seu potencial são pontos fundamentais para o
ensino da arte. Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 118) nos dizem: "A percepção
estética e a imaginação criadora são o passaporte sensível para a aventura no
mundo da arte".
Sobre as aulas de arte, as autoras acreditam:
Na aula de artes, a ênfase não deveria estar, por exemplo, na teoria das cores, mas no provocar a sensibilidade cromática; não na história da arte impressionista, mas no ressignificar o momento de olhar a vitalidade das cores e das coisas, na fugacidade impressa pelo gesto do artista; não
38
execução de ritmos na atividade com a bandinha, mas na exploração percursiva dos sons, em busca de frases sonoras (1998, p. 117).
39
CAPÍTULO IV
OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO ARTÍSTICA
A arte na educação tem como objetivos explorar e desenvolver as
potencialidades de cada um, levar o aluno a novas descobertas, buscar promover
a conscientização e a efetiva participação no processo de vida e, também,
valorizar as relações interpessoais na interação e na integração entre o
conhecimento e as experiências de vida por meio da arte, dar condições ao aluno
de ampliar seu mundo de respostas em situações diversas de forma espontânea
e criativa.
Diante de tudo isso, a escola precisa rever seus conceitos de ensino
aprendizagem. Infelizmente a reprodução do conhecimento ainda é prioridade em
muitas escolas.
Mas afinal, o que é ensinar? E decorar verbos? É preparar para o
vestibular?
O papel do professor é fundamental para criar situações de
aprendizagens desafiadoras, em que a arte, o lúdico e o cognitivo estejam sempre
presentes na educação da criança.
A criança brinca. Brinca na rua, na escola, em casa; brinca de roda, de
pique, de bola de gude, com seus brinquedos improvisados: pedaços de pau,
tecidos, aros, cabos de vassouras e tudo mais que possa inventar. Elas inventam
brincadeiras onde se transformam em "professores", "médicos", imitam atitudes
dos pais, imitam animais, dramatizam cenas a que assistiram na rua ou em
qualquer lugar. Reproduzindo a vida imaginária, a criança promove seu
desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social.
Quando vai para a escola, percebe que existem regras rígidas para serem
obedecidas. Na sala de aula, tem de estudar; no recreio, é proibido correr e
brincar. As crianças, hoje, iniciam sua escolaridade mais cedo, e as escolas, por
sua vez, aceleram seus programas, valorizando os conteúdos considerados "mais
importantes" para o aprendizado do aluno, a tecnologia torna-se elemento
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fundamental e importante, ficando as atividades artísticas e lúdicas para segundo
plano.
Diante disso, o que fazer para que as crianças não se tornem
desinteressadas ou indisciplinadas? Como elaborar atividades em que os alunos
se movimentem, falem, expressem suas ideias de maneira organizada e criativa?
E papel do professor repensar sua prática educativa, lembrando que as
atividades lúdicas e a criatividade são bases necessárias para o desenvolvimento
do ser humano. A criatividade não pode ficar restrita às atividades de pintura,
desenho, colagem, modelagem, ela deve ser a base de todo o processo
educacional. A arte deve estar presente em todas as disciplinas, por meio de
atividades interdisciplinares.
4.1 – Desenvolvimento das Atividades Práticas
Os jogos
A primeira descoberta da criança é seu próprio corpo. Poe meio desse
conhecimento, ela se relaciona com os objetos no espaço e a presença dos
outros.
As atividades iniciais com as crianças devem desenvolver os movimentos
das mãos, braços, pés e pernas e até do corpo inteiro na criação individual e em
grupo. As atividades tanto podem ocorrer na sala de aula como nas áreas livres
da escola.
A descoberta do movimento: ritmo e equilíbrio deve relacionar-se com a
própria criança: como ela anda, como respira, como vive.
Todo ato criador está comprometido com o gesto; pode ser ele utilitário,
como comer, andar, tomar banho; ou plástico, como dançar, representar, pintar.
A criança tem uma tendência natural para dramatizar tudo que ocorre à
sua volta. Essa tendência deve ser aproveitada pelos professores para que ela
possa compreender seu próprio corpo, as formas, os objetos e o meio ambiente.
Sugestões de atividades
Atividade de apresentação ao grupo
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Essas atividades devem ser aplicadas no início do período letivo para que
se conheçam todas as crianças.
• Cada criança escreve seu nome no papel e algumas de suas
características físicas. Em círculo, jogam os papéis no centro e todos
pegam um papel tentando adivinhar quem tem aquelas características.
Quando a encontram, colocam o papel com seu nome em sua roupa.
Confraternização
• Pode-se variar a dinâmica anterior, brincando de "amigo oculto". Cada
criança cria um cartão artístico com uma mensagem especial e por meio
das características de cada uma, escritas no papel (não colocar o nome),
descobre-se o amigo e entrega-se o cartão.
• Todos "cantam" o próprio nome. Depois os participantes repetem,
cantando o nome de todos (um de cada vez).
• Em círculo, cada criança diz seu nome, comenta sobre ele: seu nome
lhe agrada? Quem lhe deu esse nome e por quê? Divide-se em grupos e
cada criança desenha a primeira letra do seu nome. Trocam de papéis e
cada um faz um desenho criativo, partindo da letra que recebeu do outro.
No final, montam uma história com todos os desenhos, que será contada
pelo grupo.
Jogo das Ações - atividades plásticas
Reunir a turma em círculo e propor a atividade:
• Cada criança representa um objeto utilizado em uma determinada
profissão por meio de um desenho. Ao observar o desenho, os outros
alunos deverão adivinhar qual é a profissão (o professor poderá propor
depois uma técnica de pintura ou uma colagem de revista).
• Em grupo, as crianças poderão criar vários desenhos relativos ao
vento, à chuva, ao sol, às nuvens, ao meio ambiente, entre outros. A
seguir, devem recortar os desenhos e misturar com os desenhos de
todos do grupo. Feito isso, todos devem escolher, alternando a vez, um
desenho, até o último ser escolhido. Na parte final, cada criança cria, com
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os desenhos recortados e colados no papel, uma composição plástica,
completando com pintura livre.
• As crianças desenham o que observaram de interessante no percurso
de casa para a escola. Depois cada uma vai dramatizar seu desenho
para o grupo.
Equilíbrio, Ritmo, Som, Movimento e Percepção
• A partir de um estímulo auditivo, andar livremente, procurando não se
chocar com os participantes e, também, não deixar espaços vazios.
• A partir de outros estímulos (ritmos, sons), parar de repente, andar
depressa, andar livremente; "andando" de trem, a "cavalo", andando
como um "elefante", como uma "formiga"; "voando" como os pássaros,
como o avião. Andar para o lado esquerdo, para o lado direito, para trás,
para frente (orientação espacial).
• Por meio de um som forte e grave, andar como um elefante; som leve
e rápido, correr como um coelho, sempre atento ao som que o professor
determinar. As crianças poderão também imitar os sons da cidade, das
florestas, das máquinas, do mar, do vento.
• Na sequência de atividades, a criança é solicitada a praticar,
reconhecer, descobrir, inventar, a partir dos movimentos com o corpo e
fora dele, o ritmo e o som de maneira mais ampla, livre e organizada.
• Usando o corpo, a criança poderá criar tipos populares, bater palmas,
estalar dedos, bater com os pés, usar onomatopéias, construir formas
com o corpo: túnel, torre, árvore, seguir linhas invisíveis ou traçadas a giz
pelo professor. A seguir, todos fecham uma roda e cantam (cantigas de
roda), movimentando o corpo (indo de fora para dentro e dentro para
fora), diminuindo e aumentando a intensidade da música.
• A turma é dividida em grupos e elaboram um festival de música,
utilizando as disciplinas escolares (História, Geografia, Português, Artes
etc). Os textos são distribuídos, e os grupos compõem uma música
sobre o texto recebido, fazendo uma adaptação a ritmos conhecidos. A
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seguir, os grupos se apresentam, e a melhor música será escolhida. É
uma atividade interdisciplinar.
• Por meio de uma música escolhida pelo professor, os alunos fazem
um trabalho artístico de pintura, acompanhando o ritmo: pinta devagar
quando o ritmo for lento ou acelera a pintura de acordo com o ritmo. Ao
término do trabalho, todos comentarão suas atividades artísticas.
• Em grupo, as crianças desenham ou recortam de revistas partes do
corpo humano. A seguir, juntam as partes de todos os componentes do
grupo, formando um ser diferente. Cada grupo apresentará seu
personagem no final.
• Os grupos se posicionam em roda, uma criança de cada grupo vai ao
quadro de giz com os olhos vendados, orientada por um colega
(orientador); é-lhe solicitada desenhar o contorno de uma cabeça. Todas
as crianças dos grupos serão chamadas para completar o desenho da
figura humana (uma parte do corpo de cada vez), com os olhos sempre
vendados. No final, a "figura humana" é apresentada e outro grupo
começará a tarefa novamente.
Dinâmica de final de ano
• O professor escreve, no quadro de giz, palavras que transmitam
sentimentos: amor, carinho, paz, esperança, felicidade, alegria, entre
outras. A seguir, as crianças fazem um desenho coletivo em uma folha de
papel grande, de acordo com a palavra escolhida por cada uma. Depois
de pronto, corta-se o trabalho em pedaços (quantas forem as crianças).
Cada uma fica com um pedaço, para lembrança dos amigos.
Criando com o som e as artes visuais
A expressão musical envolvendo a criatividade pode proporcionar
recursos poderosos de expressão e comunicação por meio da voz, do ritmo, da
expressão corporal, integrando as artes visuais.
As atividades criativas e espontâneas dessas linguagens apuram a
sensibilidade e a descontração, desinibindo a criança, estimulando a interação
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entre vários grupos, desenvolvendo também a socialização e a valorização de
diferentes processos culturais.
• As crianças formam um círculo. Cada uma vai ao centro e marca um
ritmo: batida de pé, palmas, estalar dedos ou qualquer outro som. As
outras crianças imitam esse som.
• Tocar uma música. As crianças desenham de acordo com o
sentimento que a música lhe causou. Todos os desenhos são
apresentados e comentados.
• Todas as crianças fazem sons diferentes com folhas de jornal, uma de
cada vez. Depois todas juntas, formam um único som (cantam uma
música folclórica ou outras variações).
• Formam-se grupos, e cada grupo faz um trabalho de escultura com
jornal amassado. A atividade pode ou não ter um tema central. No final,
cada grupo apresenta a sua escultura, fazendo comentários sobre ela.
• Cada criança do círculo, usando uma folha de jornal, constrói um
animal, amassando o papel. Depois todos devem adivinhar, por meio de
uma dramatização, que animal é esse. Formam-se grupos e, com os
"animais" de jornal, monta-se uma história, que é contada pelos
componentes dos grupos.
• Os alunos, sentados em círculo, fazem um desenho e o jogam dentro
de um saco, que será sacudido. Cada criança tira um desenho. Uma
inicia uma história e todas continuam, de acordo com o desenho que tirou
do saco.
• Os grupos são divididos, tendo como material uma folha de papel
pardo e uma folha de jornal. Cada criança do grupo fecha os olhos e
rasga o jornal em vários pedaços. Escolhe um pedaço de jornal rasgado
e cola-o no papel pardo (em qualquer parte do papel). Explorando a
forma do jornal, cada criança cria um desenho, usando materiais de
pintura e formando um trabalho de grupo.
• Variação (jogo): depois de pronta a atividade anterior, vira-se do outro
lado do papel pardo e corta-se em vários pedaços, formando um quebra-
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cabeça. Os pedaços são trocados de grupos, e cada grupo monta o
quebra-cabeça. Vence o jogo quem fizer a montagem mais rápida.
• Em grupo, os alunos colam gravuras diversas em volta de um papel
pardo (podem também desenhar). Depois jogam um dado, marcando as
gravuras ou os desenhos, selecionando alguns elementos. O grupo,
depois de todas as jogadas, monta uma história com todos os elementos
selecionados que deverá ser escrita no centro da folha do papel pardo.
No final, todos vão contar sua história.
• Cada criança faz uma máscara de papel, procurando relacioná-la com
alguma pessoa que gostaria de ser. Todos se apresentam, fazendo um
comentário sobre seu personagem e o porquê de sua escolha. Pode-se
criar também uma dramatização. No final, fazem um baile de carnaval e
brincam à vontade.
• O grupo é instruído para que cada criança desenhe uma linha
contínua em um papel grande colocado no chão. Essa linha corresponde
à música que está sendo tocada no momento. A linha não pode ser
interrompida até a música terminar. Cada criança deverá se deslocar com
sua linha por todo o papel sem se cruzar com as linhas dos outros
componentes, procurando usar a criatividade, mesmo usando somente
uma linha. Quando todos terminarem, a pintura é livre.
• As crianças, em círculo, escolhem um tipo de material para criar um
som (chaveiro, papel, caixa de fósforos ou outro material qualquer). As
crianças vão apresentando os sons, de duas em duas, até que todas se
juntam formando um único som.
• Usando um retroprojetor, as crianças constroem arranjos de
elementos variados:
Papel celofane, vidros, barbante, colar e qualquer outro objeto escolhido.
Cada grupo monta o seu arranjo e liga o retroprojetor. Em seguida,
usando um lápis de cera, contornam o desenho projetado em uma folha
de cartolina colocada na parede na direção do foco do retroprojetor.
Retiram a cartolina da parede e fazem a pintura da composição, de
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acordo com as ideias criativas do grupo. No final, todos apresentam o seu
trabalho.
Trabalhando as partes do corpo humano
• Recortar de uma revista a metade de um rosto. Colar no papel e, por
meio de observação, completar a outra metade, usando a pintura que
escolher.
• Com uma caneta hidrocor, cada criança faz o contorno dos seus pés,
das mãos, dos cotovelos, do rosto, criando uma composição com esses
elementos.
Variação: podem fazer colagem com revista ou jornal.
Outra variação: em um papel grande, contornam o corpo inteiro do
colega, criando outra composição. Criam vários desenhos e, depois,
fazem uma exposição dos trabalhos. No final, apresentam um teatro em
grupo, usando os dedos pintados.
• Em grupo, as crianças recebem orientação do professor para
desenhar e recortar as partes do corpo (cada criança do grupo desenha
determinadas partes). Depois a figura humana é montada e apresentada
a toda a turma.
• O professor recorta de uma revista figuras que representem partes
separadas do corpo humano (cabeça, pé, mão, tronco, pernas, braços).
As crianças colanvuma dessas partes em uma folha de papel e
completam a figura com desenho. As figuras também poderão ser
recortadas pelas crianças.
• Prender uma folha de papel grande, no chão, com fita crepe. As
crianças andam sobre a folha com as solas dos pés pintadas com tinta
guache, utilizando cores variadas (cada criança utiliza uma cor). A
atividade é em grupo, e cada grupo utiliza uma folha de papel. Nessa
atividade, poderão empregar as cores primárias.
Os elementos da composição plástica
Pontos e Linhas
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• Trabalhando os elementos da composição plástica, ponto e linha, os
alunos fazem contornos de seu corpo em uma folha grande de papel,
depois preenchem os espaços em branco, utilizando linhas em várias
direções. Quanto aos pontos (elemento da linguagem plástica), podem
preencher as formas, usando bolinhas de papel ou qualquer material que
tenha forma de ponto, completando com pintura a guache ou qualquer
outro material.
• Sugestão de atividade: Colocar água em vários recipientes (meio
copo), acrescentando uma colher de detergente e anilina em pó de cor
bem forte, usando várias cores. Com um canudo de refresco, as crianças
vão soprando e fazendo bolinhas, jogando-as por cima do papel,
formando pontos. Completar com pintura.
• Outra sugestão: Pintar as pontas dos dedos com guache; carimbar no
papel, formando uma bonita composição de pontos, de acordo com a
criatividade de cada um. Outra variante é trabalhar essa composição por
meio de pontos, usando carimbos de legumes (cenoura, quiabo,
batatinha).
• Derreter giz de cera na vela acesa e deixar pingar no papel, formando
um desenho figurativo ou abstrato, usando pontos. É aconselhável
trabalhar essa técnica com crianças maiores e em atividades diver-
sificadas, onde o professor deverá dar atenção especial a grupos
pequenos. A criança deverá também ser orientada para o uso do fogo,
recomendando todos os devidos cuidados.
Cor
• Em círculo, cada criança é estimulada a imaginar uma cor no
pensamento (a cor que mais gosta). O professor pede a cada uma que
pense na cor que escolheu e faça um som correspondente. Exemplo:
quem pensou azul, bate palmas; quem pensou verde, bate o pé, e quem
pensou amarelo, coloca a mão na cabeça. Deverá haver sempre música
ambiente. Logo após, todos fazem um desenho de acordo com a cor do
pensamento. No final, todos falam sobre a sua atividade.
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Linha e Textura
Textura
• As crianças passeiam pela parte externa da escola, levando folhas de
papel para desenho. Observam as várias texturas encontradas na
natureza: pedras, troncos, plantas e tudo que for encontrado. Depois o
papel é colocado por cima dos materiais de textura e a pintura é feita por
cima do papel com o lápis cera na posição horizontal. O passo seguinte é
escolher entre todos o que mais gostou, montar com o grupo um painel
artístico com trabalhos dos componentes do grupo.
• A partir do traçado de uma linha no quadro de giz, feito pelo professor,
as crianças copiam a linha, completando o desenho de forma individual.
A pintura é livre.
Sugestão: Embeber giz de quadro colorido em um recipiente de água com
cola (a cola é para fixar o pó do giz) e pintar com o giz molhado.
• Em uma folha de papel branco, traçar um ponto e, sem tirar o lápis do
papel, "caminhar" com a linha como se fosse uma raiz. Continuando o
"passeio" da linha, procurar dar alguma forma ao desenho. Pintai
livremente. Sugestão: colorir fortemente com lápis cera as áreas
fechadas do desenho, deixando o contorno em branco. Pintar todo o
desenho usando guache preto ou nanquim (o efeito será de vitral, uma
vez que a tinta só pintará os contornos do desenho).
• Fechar os olhos, colocar o lápis cera ou hidrocor no papel, traçar um
ponto e seguir com a linha sem tirar o lápis do papel; desenhar
livremente, procurando relaxar (música de relaxamento acompanha a
atividade). Ao abrir os olhos, observar o desenho e pintar as formas
reconhecíveis (percepção) ou simplesmente fazer um desenho abstrato.
• Na folha de papel branco, pingar gotas de nanquim preto. Movimentar
a folha para que os pingos "andem" pelo papel, fechando algumas áreas.
Depois de secos, procurar as formas reconhecíveis (percepção),
colorindo criativamente o trabalho. Essa atividade pode também ser feita
com cola colorida.
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Forma
• Molhar uma folha de papel branco, usando um conta-gotas, e pingar
anilina líquida colorida nessa folha. As manchas que vão surgir no papel,
depois de secas, podem ser exploradas criativamente.
• Dobrar uma folha de papel ao meio e, em uma das partes, colocar
camadas grossas de cola colorida de várias cores. Dobrar o papel,
abrindo imediatamente para não colar uma parte na outra. O efeito será
de um desenho abstrato. Variação: Criar um desenho pela metade, na
dobra do papel. Quando fechar e abrir o papel, vai aparecer a outra
metade do desenho.
• Dividir uma folha de papel em quatro partes. No primeiro quadrinho,
desenhar livremente. Nos outros quadrinhos, desenhar, modificando cada
vez mais a primeira forma até que fique quase irreconhecível.
• Dividir a folha em oito partes. Desenhar qualquer situação no primeiro
quadrinho, que pode ser uma cena real ou imaginária. Nos outros
quadrinhos, desenvolver outras situações de acordo com a criatividade
de cada um.
• Recortar, em papel colorido, figuras geométricas. Colar essas figuras
no papel, usando criatividade. Contornar as figuras geométricas com
guache colorido e pincel fino.
• Recortar quadrinhos de classificados do jornal e colar como mosaico.
Criar uma figura grande ou recortar uma gravura da revista e colar na
frente do mosaico de jornal. A figura deverá ser contornada com guache
para realçar, e os quadrinhos também poderão ser pintados com giz de
cera.
• Dobrar uma folha de papel ofício ao meio, abrir e pingar nanquim
sobre a metade da folha. Fechar a folha imediatamente, abrir e observar
a forma criada. Completar o desenho livremente. Poderá, também, ser
usada nessa atividade cola colorida diluída em água.
4.2 – Desenvolvendo a Expressão Oral e Escritada da Criança
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A dramatização, por meio da expressão verbal, oferece muitos recursos
para o desenvolvimento linguístico das crianças.
Em virtude disso, as artes visuais devem, em determinado momento,
integrar-se às atividades de expressão oral e escrita. Por meio dessas atividades,
a criança passa a perceber que uma ideia pode se expressar em várias
linguagens. Será preciso, no entanto, aguçar sua curiosidade, dar liberdade de
expressão, conduzir a criança a estar em contato com seu meio ambiente e,
principalmente, contar com o auxílio de um educador que procure ajudá-la a
desenvolver seu potencial criativo.
O professor poderá elaborar atividades criativas, envolvendo
dramatizações, adivinhações, poesias, histórias contadas ou desenhadas,
histórias em quadrinhos.
Diante disso, faz-se necessário incentivar sempre a criança a falar sobre
tudo que realiza, fazer comentários sobre seu trabalho artístico, mostrar grande
interesse em suas atividades artísticas, desenvolvendo, assim, sua autoconfiança.
As crianças, após ouvirem uma história, devem ter oportunidade de falar
sobre os personagens: do que mais gostaram, o que foi mais divertido, o que não
foi interessante; comentar todos os sentimentos que tiveram em relação à história.
O professor deve incentivá-las a imaginar novos personagens e criar outros
diálogos entre elas.
Ao concluir essas atividades, o professor pode propor a construção de um
projeto artístico que envolva toda a turma na elaboração de murais, cenários para
as dramatizações, ilustrações das histórias contadas, exposições dos trabalhos,
criação de músicas para fundo musical das apresentações, painéis ilustrativos,
confecção de máscaras e de outros adereços.
Sugestões de atividades
• Criar, com a turma, um texto oral sobre uma situação vivida pelo
aluno. Elaborar em seguida uma dramatização, envolvendo toda a turma.
No final, criam uma ilustração do trabalho.
• O professor conta uma história conhecida para a turma (Patinho Feio,
Branca de Neve, etc.). Em seguida, as crianças inventam uma nova
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história que tenha alguma semelhança com a história contada, mas que
não seja igual. E a releitura da história. As crianças podem também criar
um trabalho plástico, envolvendo desenho ou colagem.
• O professor inicia uma história. Quando chega à metade, solicita à
turma que a complete e elabore o seu final, desenhando depois a
ilustração.
• O título de uma história é colocado no quadro de giz. A turma toda
elabora a história de acordo com o título dado. Cada criança cria uma
parte da história.
• As crianças, em círculo, começam a desenhar sob o comando do
professor por meio de um estímulo sonoro: palmas, apito, batida de pé,
entre outros. A cada estímulo, os desenhos vão passando por todas as
crianças, que vão completando-o. Quando o professor encerra a
atividade por meio do último estímulo sonoro, as crianças começam a
escrever uma história no verso do papel desenhado. O procedimento é o
mesmo da atividade do desenho. O papel vai passando por todos que
vão completando a história até terminar a atividade após o último
estímulo sonoro. No final, as histórias ilustradas são entregues a seus
verdadeiros donos, e todos contarão a sua história.
• As crianças recortam e colam gravuras de revistas no papel ofício.
Depois, em grupo, reúnem os trabalhos de todas, criam os diálogos e
montam uma história.
• Por meio de desenhos, criam uma história sem legenda em que cada
grupo ou criança (individual) inventa uma história.
• Confeccionar trabalhos em dobraduras (origami) com a turma toda e
depois montar uma história, usando legendas e dobraduras. A história
pode ser também em quadrinhos, ou uma história em que as dobraduras
substituam algumas palavras.
• Criar uma história, tendo como personagem principal um sapo, ou
uma borboleta, ou uma ave ou outro animal. O professor confecciona a
dobradura do personagem principal com a turma para que ilustrem a
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história, usando essa dobradura. O aluno poderá completar o trabalho,
usando desenho e pintura.
• Construir fantoches de sucata, usando tubos de papel, copos
plásticos, jornal amassado, latas, garrafas plásticas e todo tipo de sucata.
Após essa atividade plástica, as crianças elaboram uma história em
grupo, que será apresentada para a turma. Não é necessário que os
alunos decorem de maneira sistemática o texto. Todo o trabalho deve ser
por meio de dramatização espontânea e criação dos alunos.
• O professor lê uma poesia para a turma. Em seguida, procura fazer
com que falem sobre ela, imaginem uma situação diferente para
determinado trecho da poesia. No final, as crianças fazem a ilustração da
poesia.
• Criar um livro de histórias em que cada página seja ilustrada com uma
técnica de pintura diferente. O tema pode ser dado pelo professor ou
pode ser livre. O livro deve conter capa, autores e tudo o que contém um
livro, podendo depois fazer parte do acervo da escola ou da sala de aula.
Sugestões de técnicas de pintura para ilustração do livro
Essas técnicas poderão ser mudadas ou transformadas de acordo com o
gosto estético e a criatividade de cada um.
• Desenhar uma parte da história, usando giz de cera branco,
procurando forçar bem o lápis. Dissolver anilina em pó com um pouco de
álcool, completando com água. Usar uma trincha para pintar todo o
desenho, utilizando anilina.
• Colorir o papel, usando forte camada de giz de cera, utilizando várias
cores. Pintar tudo com nanquim ou guache preto ou usar giz de cera
preto. Depois de seco, raspar com palito ou ponta de tesoura, formando
desenhos, ilustrando outra parte da história. O desenho deve ser bem
raspado, a fim de que o colorido do fundo apareça.
• Pintura a dedo – Utilizar a massa de modelagem, colocando mais
água, deixando-a mais rala. Pode-se, também, utilizar a goma caseira
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colorida com qualquer corante. Passar a goma por todo o papel.
Desenhar com os dedos sobre ela uma parte da história.
• Pintar em um pedaço de cartolina branca o desenho da ilustração da
história, usando guache bem grosso. Deixar secar, passar nanquim preto
por todo trabalho e, depois de seco, lavar embaixo da torneira,
esfregando, com a mão, os espaços pintados com o guache. Tomar
cuidado para não rasgar o trabalho.
• Desenhar com cola branca, utilizando o bico do recipiente, outra parte
da história. Deixar secar bem e pintar toda folha com tinta de anilina de
cor forte.
• De acordo com a ilustração da história, cortar figuras, usando restos
de papel crepom de cores bem fortes. Molhar uma folha de papel branco
com água limpa e, imediatamente, grudar as figuras do papel crepom.
Deixar secar e retirar todo o papel. O desenho ficará marcado no papel e
poderá ser completado com pintura em caneta hidrocor ou giz de cera.
• Colocar uma folha de papel ofício dentro de uma tampa de caixa de
sapato grande. Pintar bolinhas de gude, usando guache ou cola colorida
de várias cores. Jogaras bolinhas na tampa da caixa, por cima do papel
ofício, sacudindo-as em várias direções. Essa atividade poderá ser a
capa do livro (sugestão).
Uma história inventada...
O professor conta uma história para a turma, somente até a metade. Os
alunos completam a história. No final, cada uma vai ilustrar a parte que mais lhe
chamou a atenção, podendo ser o início, o fim ou a parte mais interessante para
ela.
Técnica: usando papel colorido, recortar com os dedos, sem auxílio da
tesoura, figuras diversas: pessoas, casas, paisagens, os componentes da história.
No final, colam as figuras recortadas e completam com detalhes, usando qualquer
material de pintura.
A história...
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Dona coelha foi à feira e deixou seus dois filhinhos em casa com a recomendação de
que não abrissem a porta para ninguém e não saíssem de casa.
Os dois peraltas não obedeceram e foram para a floresta passear. Quando resolveram
voltar, caiu uma tempestade e eles constataram que estavam perdidos.
Quando a mãe chegou à casa e não encontrou os filhos, saiu desesperada à procura
deles.
O professor pode explorar de diferentes maneiras a atividade realizada.
Podem também:
- Imaginar outros personagens;
- Imaginar outro local onde poderia acontecer a história;
- Inventar uma história, cujos personagens moram em uma floresta.
Outra história...
Esta é a história de um sonho. Uma noite Pedrinho sonhou que as estações do ano
estavam brigando entre si.
O verão começou a falar que era a estação preferida de todas as pessoas, pois elas
podiam ir à praia, brincar no parque, andar de bicicleta, além de muitos outros passeios.
O inverno argumentou que ele era mais importante para todos, uma vez que as pessoas
trabalhavam mais nessa estação, que as pessoas andavam bem vestidas e dormiam melhor.
O outono entrou na discussão falando que ele era a estação mais importante, pois era a
estação das frutas.
A primavera era a mais entusiasmada. Chegou cantando e dançando animadamente,
distribuindo flores a todos os presentes.
A discussão entre as estações era sobre a eleição para presidente do meio ambiente.
Nesse momento, Pedrinho acordou assustado com o sonho e começou a pensar nas estações do
ano.
Sugestões
Iniciar desenvolvendo a imaginação das crianças:
- Inventar um título para a história.
- Ampliar e criar outra história semelhante.
- Inventar diálogos para essa história.
- Criar uma dramatização espontânea.
- Confeccionar máscaras sobre o tema.
- Inventar uma musica sobre o assunto.
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- Ilustrara história.
Converse com seus alunos sobre o assunto, a fim de desenvolver a
expressão verbal:
- Se você fosse uma estação, qual gostaria de ser? Comente sobre ela.
- O que você acha que Pedrinho estava pensando sobre as estações do
ano?
- Continue a história e termine com outro final.
Vamos ilustrar a história utilizando técnicas de pintura?
• Cortar um pedaço de papel celofane incolor menor que uma folha de
papel ofício. Ilustrar uma parte da história, pintando com caneta hidrocor
sobre o papel celofane. Grampear depois no centro do papel ofício.
• Cortar um pedaço de lixa fina menor do que uma folha de papel ofício.
Ilustrar outra parte da história, pintando com giz de cera bem forte (o giz
de cera deve cobrir toda a lixa). Colar no centro do papel ofício.
• Raspar, com uma tesoura, o giz de cera colorido. Com a cola branca,
fazer desenhos, utilizando o bico do recipiente da cola. Jogar por cima da
cola o pó de giz de cera. Deixar secar.
• Colocar meio copo de farinha de mesa em um recipiente. Acrescentar
uma colher de chá de anilina em pó. Pingar algumas gotas de álcool
sobre a anilina e sacudir bem até a farinha secar e ficar colorida. Pintar
de acordo com a atividade anterior.
Ilustrar a história, por meio de uma composição plástica, utilizando massa
de modelagem caseira. A ilustração também poderá ser feita com a construção de
uma maquete.
Receita da massa caseira:
Duas xícaras de farinha de trigo
Meia xícara de sal
Uma colhei (sopa) de óleo
Uma colher (sopa) de vinagre
Corante: anilina, ou anilina para doce, suco de fruta em pó ou guache.
Água
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Modo de fazer:
Coloque todos os ingredientes em um recipiente plástico. Vá misturando
tudo e acrescentando a água aos poucos até formar uma massa com consistência
de massa de pastel.
Nota: Esta massa não possui durabilidade.
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CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho foi feito um estudo sobre a relação da criança
e a arte e o valor que a educação em arte exerce no desenvolvimento integral da
criança.
A arte contribui para que a criança sinta-se plena, oportunizando uma
comunicação mais ampla e flexível, desenvolvendo suas potencialidades,
aguçando sua sensibilidade, aumentando sua capacidade de simbolização e
gosto estético.
Sendo assim, precisamos estruturar novas posturas, despertando para o
aprender escolar. Acreditamos que a arte seja um excelente canal de
comunicação, uma linguagem viva onde a criança encontra espaço e liberdade
para vivenciar suas fantasias e possa fazer conexões com o mundo real e
concretizar seu mundo imaginário.
Para tanto, será necessário que a escola resgate a sensibilidade, o sonho
no processo ensino-aprendizagem, alimentando o pensamento criador, que
eduque demonstrando heterogeneidade do mundo, contribuindo na formação de
seres humanos que aprendam a crescer e viver na diversidade, que dominem
suas emoções, não sejam estressados e que tenham uma visão crítica do mundo.
E que transforme a vida na brincadeira mais séria da sociedade, pois mesmo
sabendo que a vida tem perdas, ela deve ser vivida com otimismo, alegria e
segurança.
Enfim, a escola deve ampliar sua atuação, despertando os educadores a
terem uma visão mais ampla quanto a criança como indivíduo cheio de
possibilidades e habilidades cognitivas e emocionais, ajudando-o a preparar-se
para o mundo.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARBOSA, A. M. A Imagem no Ensino da Arte. 4ª ed. São Paulo: Perspectiva,
1991.
BYGOSTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
COLLI, O. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1992.
CUNHA, N. H. da Silva. Brinquedo, Desafio e Descoberta. Rio de Janeiro:
Ministério da Educação, FAE, 1988.
DAVIS, C. e Oliveira, Z. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1990.
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São Paulo: Cortez, 1999.
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PILLAR, A. D. Desenho e Construção de Conhecimento na Criança. Porto
Alegre: Art Méd, 1996.
59
ÍNDICE
CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO PARA ARTE 11
1.1 – Ensino da Arte 14
CAPÍTULO II – EXPRESSÃO CRIADORA – A ARTE INFANTIL 19
2.1 – A Arte da Criança 20
2.2 – Arte e Criatividade 22
CAPÍTULO III – O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO GRÁFICO 26
3.1 – Etapas de Evolução do Desenho 27
3.2 – O Professor a Criança e a Aula de Arte 30
3.3 – A Criança Começa a Desenhar 32
3.4 – O Professor e as Aulas de Arte 35
CAPÍTULO IV – OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO ARTÍSTICA 39
4.1 – A Arte da Criança 40
4.2 – Desenvolvendo a Expressão Oral e Escrita da Criança 49
CONCLUSÃO 57
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
60
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES:
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: A Criança e a Arte
Autor: Iracelma Firmino da Cunha
Data da entrega: ___/___/______
Avaliado por: Narcisa Castilho Melo
Conceito:_______