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DIAGNÓSTICO FUNCIONAL DE LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA NO HOSPITAL SANTA CASA DEMISERICÓRDIA DE GOIÂNIA Área temática: Logística Irene Reis [email protected] Taynara Guimarães Reis [email protected] Tereza Lima [email protected] Lucia Abrantes [email protected] Resumo: Este estudo tem como objetivo geral elaborar diagnóstico funcional na logística hospitalar com foco no setor de farmácia, além de apresentar sugestões de melhorias para o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Metodologicamente, utilizou-se de uma pesquisa descritiva exploratória e estudo de caso, com embasamento em análise de documentos, entrevistas com gerentes e funcionários do setor de farmácia. Os resultados indicaram a necessidade de treinamento e aperfeiçoamento do pessoal; elaboração das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo físico do setor de logística; reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e evitar desperdícios com medicamentos vencidos; implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois, através da gestão da qualidade, o hospital poderá efetuar resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos, fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade. Palavras-chaves: diagnóstico organizacional, administração, propostas de melhorias, logística hospitalar. ISSN 1984-9354

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DIAGNÓSTICO FUNCIONAL DE LOGÍSTICA HOSPITALAR

NO SETOR DE FARMÁCIA NO HOSPITAL SANTA CASA DEMISERICÓRDIA DE GOIÂNIA

Área temática: Logística

Irene Reis

[email protected]

Taynara Guimarães Reis

[email protected]

Tereza Lima

[email protected]

Lucia Abrantes

[email protected]

Resumo: Este estudo tem como objetivo geral elaborar diagnóstico funcional na logística hospitalar com foco no

setor de farmácia, além de apresentar sugestões de melhorias para o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia.

Metodologicamente, utilizou-se de uma pesquisa descritiva exploratória e estudo de caso, com embasamento em

análise de documentos, entrevistas com gerentes e funcionários do setor de farmácia. Os resultados indicaram a

necessidade de treinamento e aperfeiçoamento do pessoal; elaboração das descrições e análise dos cargos,

especificando as funções e os requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; atualização do software da gestão de

logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no

arranjo físico do setor de logística; reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e

evitar desperdícios com medicamentos vencidos; implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois, através da

gestão da qualidade, o hospital poderá efetuar resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos,

fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade.

Palavras-chaves: diagnóstico organizacional, administração, propostas de melhorias, logística

hospitalar.

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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INTRODUÇÃO

O estudo apresenta a elaboração do diagnóstico funcional no setor de logística hospitalar com

foco no setor de farmácia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, apresentando sugestões

para implementação de melhorias. Segundo Bertazzo (2013, p. 9) “A Santa Casa de Misericórdia de

Goiânia (SCMG) é uma das maiores unidades hospitalares do Estado de Goiás no atendimento de

média e alta complexidade médica em uma completa e ampla estrutura”. A SCMG tornou-se um

hospital de referência na região Centro-Oeste e visa atender todas as pessoas que são carentes de seus

serviços, sem fazer exceção de pacientes.

Saúde é qualidade de vida. A saúde é um direito dos cidadãos e, por isso, todos devem ter

acesso. O papel do hospital vai muito além de apenas prestar serviços de saúde uma vez que fica

responsável indiretamente por fatores sociais da população, tornando-se reconhecido e com um

diferencial de atendimento e preocupação com seus pacientes.

Mezomo (1995, p. 17) diz que “administrar um hospital é como comandar um navio. O capitão

planeja um roteiro, mas não sabe se vai encontrar tempestades. Se ele não for corajoso, não utilizar

instrumentos de navegação, seu navio poderá afundar antes de chegar ao porto planejado”. Para

administrar um hospital, é preciso ser um administrador dinâmico e proativo, que prevê os problemas

futuros e soluções rápidas para sanar as necessidades gerais do hospital no dia a dia.

Este trabalho tem como propósito contribuir com o processo de melhorias na logística de

medicamentos, nas áreas de farmácia e centro cirúrgico, através da elaboração de um diagnóstico da

realidade e apresentação de sugestões para implementação de melhorias.

Justifica-se pela importância da logística hospitalar para um bom funcionamento do hospital,

com métodos eficazes e rápidos, sanando problemas como custo alto e desperdícios de medicamentos.

Busca, por meio de uma análise geral do hospital, destacar os atuais problemas verificados e

propor sugestões de melhorias. Ainda nesse sentido, as informações apresentadas, mediante o

diagnóstico realizado, visam colaborar também com a academia no sentido de servir como fonte para

pesquisas futuras.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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As bases teóricas deste trabalho estão relacionadas aos estudos sobre administração,

especialmente em logística. Apresenta o conceito de administração, suas funções e áreas funcionais,

bem como trazemos o conceito de logística, logística hospitalar e logística hospitalar no setor de

farmácia.

ADMINISTRAÇÃO

Entende-se que se torna necessário saber lidar não apenas com pessoas, mas, também, com

recursos. Desse modo, para se ter uma boa administração não basta ser bom somente com papéis; a

administração depende de pessoas qualificadas nas funções certas. Bateman (2006, p. 15) salienta que

a “administração é o processo de trabalho com pessoas e recursos, que visa cumprir as metas de uma

organização. Os bons administradores fazem isso tanto com eficácia quanto com eficiência”. Descreve

sobre as quatro funções da administração que são planejar especificando os objetivos a serem

atingidos; Liderar estimulando, coordenando e auxiliando pessoas e grupos para o alcance dos

objetivos propostos; controlar implementando as mudanças necessárias e para se ter uma

administração de competência é necessário trabalhar alinhando todas as funções da administração.

O autor acima citado define as áreas funcionais da empresa como: “marketing (necessidades

dos clientes); Recursos Humanos (pessoas da empresa); Compras (selecionar insumos); Logística

(processo) e Finanças (financeiro da empresa)”. Todas essas áreas funcionais devem estar interligadas

e trabalhando em um propósito único para que a organização tenha sucesso. (Bateman, 2006, p. 576 e

577).

Importante reafirmar a partir dos estudos e pesquisa realizadas que as teorias administrativas

apresentam diferentes abordagens para administração das organizações, refletindo os fenômenos

históricos, sociais, culturais, tecnológicos e econômicos de sua época. Assim, as teorias administrativas

decorrem do momento em que elas estão inseridas.

Os estudos de Cobra (1992, p. 41 e 44) revelam que “a interação de uma organização com seus

meios ambientes internos e externos se realiza através do composto de marketing. Essa interação se

processa através dos chamados 4 Ps (produto, preço, promoção e praça que é a distribuição)”.

Portanto, é preciso que o produto, o preço, a promoção e a praça estejam interligados para satisfazer as

necessidades dos clientes. Na sequência, será apresentada a revisão teórica sobre logística.

LOGÍSTICA

Através da logística, as organizações desenvolvem atividades de suprimentos, transporte,

estocagem e distribuição de produtos e essas atividades são desenvolvidas de forma integradas e

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coordenadas. Ballou (1993, p. 23) comenta que “a logística empresarial associa estudo e administração

dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento. Vencer tempo e

distância é a tarefa da logística”. A logística requer qualidade de seus serviços e produtos.

Atualmente, a logística é conhecida como parte essencial nas empresas por ser um

departamento responsável pela gestão de materiais de qualquer tipo. A logística tem como função sanar

os problemas, tais como: falta de controle, demora na entrega de produtos e serviços, entre outros.

Assim, Viana (2000, p. 46) afirma que:

As atividades logísticas têm se concentrado em dois setores diferenciados,

suprimentos e distribuição física. Cumpre destacar a significância dos custos logísticos

na composição total dos custos da empresa.

Kobayaschi (2000, p. 18) comenta que a logística é o “processo de planejar, implementar e

controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas e estoque

durante a produção e produtos acabados”. Para se ter uma logística com eficiência é necessário unir o

planejamento com implementação e controle, ambos devem trabalhar em um foco comum que é o bom

andamento da organização.

De acordo com Martins (2006, p. 133), “a gestão do fluxo de materiais, serviços e informações,

desde o fornecedor inicial até o consumo final, constitui a essência da logística”. A logística é uma

atividade que oferece produtos e serviços com rapidez, qualidade e satisfação dos clientes.

Complementando, Barbieri (2009, p.3) comenta que “as atividades voltadas para administrar o fluxo

de materiais e de informações relacionadas com esse fluxo ao longo da cadeia de suprimento

constituem o que genericamente se denomina logística”. A logística faz parte de um processo de

planejamento do fluxo de materiais.

Ainda nesse sentido, Silva (2010, p. 21) afirma que a “logística é um processo de

gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de matérias-primas, partes e

produtos acabados, de tal forma que a lucratividade atual e futura seja maximizada”. A logística tem o

objetivo de aumentar a lucratividade da organização e organizar o processo dos materiais. A seguir,

será apresentada a revisão sobre logística hospitalar.

LOGISTÍCA HOSPITALAR

Heleno (2008, p. 14) comenta que “quem atua na área de administração hospitalar se depara,

continuamente, com dois cruciais desafios: o de obter os melhores resultados empresariais e, ao

mesmo tempo, ter a capacidade de otimizar recursos”. Ao buscar alcançar um bom desempenho, os

gestores oportunizam um tratamento ético e sustentável que afeta diretamente a vida das pessoas que

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procuram assistência hospitalar. Conforme Laes & Haes (2009, p. 112): “a preocupação com a

logística hospitalar vem crescendo e os hospitais são organizações complexas e resguardam diferenças

em relação à indústria manufatureira”. A logística hospitalar é o processo de gerenciar

estrategicamente e racionalmente a aquisição, movimentação e a armazenagem de medicamentos e

instrumentos médicos.

O papel da logística hospitalar deve ser o de preservar a vida e restaurar a saúde dos pacientes

com ótima qualidade, custo baixo e retorno satisfatório para o hospital. Laes & Haes (2009, p.116)

destacam que “a gestão de cadeia de suprimentos da saúde se inicia na saída de matéria prima dos

fornecedores. Passa pela produção e distribuição dos itens acabados até chegar ao paciente”.

O hospital deve prestar um bom atendimento para seus clientes ou pacientes desde a recepção

até o atendimento final com o médico. Ruiz (2012, p. 87) comenta que “clientes não compram

produtos ou serviços, mas sim expectativas, soluções para seus problemas e atendimento as suas

necessidades”.

Segundo Teixeira (2010, p. 97), “em saúde devemos ter sempre em mente que cada paciente ou

cliente valoriza aspectos diferentes de forma também diferenciada”. Existem clientes ou pacientes que

dão importância ao atendimento, desde a recepção, outros, por sua vez, observam com mais atenção o

atendimento especifico do médico ou da enfermeira.

No que se refere à saúde, um atendimento rápido é primordial para o hospital e a rapidez um

dos objetivos de desempenho operacional. O papel do hospital é o de trabalhar com recursos de forma

econômica e ao mesmo tendo atender os pacientes com qualidade. Os clientes/pacientes, mesmo se

encontrando em hospital público, procuram atendimento com rapidez, pontualidade e qualidade. Os

estudos desenvolvidos por Barbieri (2009, p. 33) afirma que:

Atendimento, rapidez, pontualidade e qualidade das entregas, como dimensões do

nível de serviço, são indicadores da satisfação dos clientes, constituindo-se, dessa

forma, em importantes parâmetros de administração de materiais.

Segundo Silva (2010, p. 27), “a logística tem cumprido papel fundamental na gestão hospitalar,

seja na redução de custos, seja no aumento de confiabilidade do sistema de abastecimento hospitalar”.

A logística tem sido extremamente importante nos hospitais para diminuir custos e aumentar a

qualidade dos serviços.

Barbieri (2009, p. 13) comenta que “uma gestão eficiente dos recursos materiais pode dar uma

contribuição importante para melhorar os serviços hospitalares, na medida em que reduz os custos

desses recursos ao mesmo tempo em que promove uma melhoria nos serviços prestados”. Atuar na

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gestão hospitalar requer muita agilidade e qualidade. Uma má gestão pode gerar sérios riscos não

apenas para o hospital como, também, para a sociedade que necessita dos serviços de saúde. A seguir,

apresentamos o aporte teórico sobre logística hospitalar no setor de farmácia.

LOGISTÍCA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA

Toda e qualquer farmácia hospitalar deve seguir os padrões e normas do recebimento e da

distribuição dos medicamentos. Kuhner e Oliveira (2010, p. 48) definem a logística hospitalar no setor

de farmácia como sendo “boas práticas de distribuição das medidas para garantir que a qualidade do

produto farmacêutico elaborado sob as diretrizes de boas práticas de fabricação chegue ao consumidor

final”. Os medicamentos dentro da farmácia hospitalar devem ser armazenados em lugares apropriados

e serem usados conforme seu período de vida útil.

Silva (2010, p. 123) comenta que “cumpre duas funções fundamentais da logística hospitalar. A

primeira é a responsabilidade de recebimento de medicamentos. A segunda consiste na preparação de

medicamentos e materiais de consumo”. Além do recebimento dos medicamentos, a farmácia

hospitalar também faz a preparação dos medicamentos e matérias de consumo. A farmácia hospitalar

também exerce outro papel relevante que é o de controle total de seus medicamentos.

Barbieri (2009, p. 11) comenta que “a qualidade dos serviços se relaciona de modo muito

intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem feito é

necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. A qualidade dos

serviços é muito importante para um hospital no setor de farmácia, que deve ter os medicamentos

certos quando solicitado.

Segundo Silva (2010, p. 125), “todas as farmácias hospitalares são consideradas

estabelecimentos assistenciais de saúde, devendo evidenciar a realização de atividades como recepção

e inspeção de produtos farmacêuticos”. As farmácias hospitalares devem receber os medicamentos,

registrar e conferir sua entrada e ter controle de sua distribuição conforme os medicamentos sejam

solicitados.

Ainda conforme Silva (2010, p.125), “usualmente, num hospital, os denominados postos de

enfermagem requisitam medicamentos a serem supridos pela farmácia hospitalar”. A farmácia

hospitalar deve ser bem organizada e realizar o controle de compra dos medicamentos, para que não

corra o risco de receber pedidos de medicamentos pelos postos de enfermagem que não possam ser

encontrados na farmácia.

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METODOLOGIA

ABORDAGEM METODOLÓGICA

Este estudo tem caráter exploratório e descritivo, que visa elaborar um diagnóstico funcional na

logística hospitalar com foco no setor de farmácia, e apresentar sugestões de melhorias para o hospital

Santa Casa de Misericórdia de Goiânia

A pesquisa descritivo-exploratória possibilita a descoberta de novas ideias e insights,

permitindo que o pesquisador compreenda melhor os aspectos envolvidos na questão em foco.

Segundo Collis e Hussey (2005, p. 24), “o objetivo desse tipo de estudo é procurar padrões, ideias e

hipóteses, em vez de testar ou confirmar uma hipótese”.

Assim, para o desenvolvimento deste estudo, elegeu-se o hospital Santa Casa de Misericórdia

de Goiânia como objeto de análise.

Yin (2005, p. 32) afirma que “o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o

fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

SELEÇÃO DO CASO

A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia se destaca como uma das maiores unidades

hospitalares do Estado de Goiás por atender média e alta complexidade em uma completa e ampla

estrutura. No setor de internação, a instituição disponibiliza uma excelente estrutura com 301 leitos,

divididos em apartamentos e enfermarias. Possui Centro Cirúrgico com 12 salas, setor de hemodiálise

e quimioterapia, e Banco de Sangue próprio, além de possuir 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva

(UTI) Adulto, toda a cobertura de exames diagnósticos e Pronto Atendimento 24 horas.

COLETA DE DADOS

Foi utilizada, como técnica de coleta de dados, a entrevista semiestruturada. O roteiro de

entrevista abordou questões sobre planejamento e execução dos processos inerentes à logística

hospitalar no setor de farmácia. Foram entrevistados os gerentes e os funcionários da farmácia.

ANÁLISE DOS DADOS

No processo de pesquisa, a análise de dados consiste em examinar as pressuposições iniciais de

um estudo, analisando as evidências através dos dados coletados, combinados com a pesquisa teórica

(Yin, 2005). A análise da pesquisa empírica em conjunto com a teórica proporciona um melhor

entendimento do objeto em estudo.

O caso foi analisado quanto ao referencial teórico, considerando-se o setor de logística,

logística hospitalar e, por último, a logística no setor de farmácia hospitalar.

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APRESENTAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE GOIÂNIA – GO

A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (SCMG) foi fundada em 1937 e em parceria com a

Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), começa, no setor central da cidade a construção do prédio

que abrigaria a SCMG. Em 1954, quando uma junta administrativa é formada devido à expansão

técnico-físico do hospital, a SCMG já possuía Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mais de 150 leitos,

Centro Médico onde começaram a se definir clínicas mais especializadas, como a de urologia e de

cardiologia, o que contribui para que a Santa Casa deixasse de ser apenas um hospital municipal,

passando a atender pacientes provenientes até do Distrito Federal.

Em 1984, novo prédio da SCMG foi edificado na Vila Americano do Brasil, onde funciona até

os dias atuais. No ano de 2003, a Sociedade Goiana de Cultura (SGC) se vinculou à Santa Casa de

Misericórdia de Goiânia resultando na ampliação do potencial hospitalar e na melhoria de prestação de

assistência à saúde. Isso significou consolidar a SCMG como hospital de referência na região Centro-

Oeste, na área de assistência de saúde, bem como no ensino e na pesquisa.

A Santa Casa desenvolve importante função na formação de profissionais de saúde com

programas de internato, residência médica e convênio com curso na área da saúde da Pontifícia

Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Em 2010 a Santa Casa recebeu certificação e em 2012, a

recertificação como Hospital de Ensino, junto aos Ministérios da Saúde e da Educação, tendo como

visão: Garantir níveis de excelência na prestação de serviços de assistência à saúde, tendo em vista seu

reconhecimento como instituição de referência na área, e colaborar com o fomento à pesquisa, ao

ensino, à extensão e à assistência social. Sua missão é: Ser sujeito de transformação, de participação e

de promoção social, pela prestação filantrópica de serviços em saúde, adotando, compartilhando e

difundindo princípio da entidade mantenedora, contribuindo com a geração e a produção de

conhecimentos sistemáticos, com estrutura organizacional moderna valorizando os colaboradores, com

vistas ao efetivo acesso a bens e serviços de saúde. O organograma apresenta a estrutura

organizacional do setor de logística hospitalar.

Hoje, a Santa Casa conta com cerca de 1.200 colaboradores, sendo que sua estrutura

organizacional, no setor de logística hospitalar no setor de farmácia, é composta por 39 colaboradores.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

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O objetivo deste capítulo é apresentar uma análise dos dados coletados, considerando-se o

embasamento da pesquisa teórica desenvolvida. Como técnica de coleta de dados, utilizou-se o método

de observação, análise de documentos e a entrevista semiestruturada, composta por perguntas abertas

desenvolvidas a partir de um referencial teórico, considerando os objetivos gerais e específicos.

As questões foram divididas em três sessões: a primeira relacionada aos aspectos da logística

geral, a segunda relacionada aos aspectos da logística hospitalar e a terceira relacionada à logística

hospitalar no setor de farmácia. As entrevistas foram realizadas em outubro de 2014 com os gestores e

com os funcionários do setor de farmácia.

DIAGNÓSTICO DE ENTREVISTAS COM GESTORES

SESSÃO 1: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA GERAL

Abordou-se inicialmente se o setor de logística participa do planejamento estratégico da Santa

Casa. Os gestores responderam que a Santa Casa não possui logística e que existe uma deficiência na

atribuição de cargos dentro do hospital.

Dando prosseguimento à entrevista, os gestores foram questionados a respeito da elaboração do

planejamento e controle de fluxo e estocagem dos produtos hospitalares de uma forma geral. Os

gestores responderam que, teoricamente, esse controle deveria ser feito exclusivamente pelo programa

de gestão hospitalar “MV2000i”. Como esse programa não tem todos os dados devidos, existe uma

diferença considerável entre o estoque físico e o virtual.

Perguntou-se, a seguir, sobre qual a importância da logística para o sucesso da Santa Casa. Os

gestores responderam que a logística poderia organizar toda a cadeia de suprimentos da instituição,

auxiliar não somente as equipes assistenciais na hora de utilizar os insumos e administrar medicações,

como também organizar as contas no momento da cobrança pelo departamento administrativo-

financeiro e, principalmente, reduzir o desperdício com a má utilização dos materiais. Eles também

afirmaram que, atualmente, a logística da Santa Casa se encontra um pouco mal planejada, e que seria

de extrema importância melhorar o arranjo.

Em relação à falta de medicamentos e produtos, nos foi relatado que isso acontece em função

da dificuldade de gestão do estoque. Os procedimentos adotados pelo setor de farmácia para minimizar

extravios de medicamentos é o fracionamento dos kits em três períodos distintos: dispensação dos kits

de forma individualizada, devidamente identificados com os dados do paciente alvo e

acompanhamento e conferência das devoluções com a finalidade de identificar falhas ou más condutas

no manuseio dessas medicações.

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Indagou-se, ainda, a respeito do controle inerente às datas de vencimentos dos produtos e quais

são os procedimentos adotados. Os gestores responderam que esse controle é feito no CAF (Central de

Abastecimento Farmacêutico). O procedimento adotado é posicionar os produtos de menor data de

validade à frente daqueles de maior data de validade. Eles responderam também que o controle é

realizado através da checagem manual dos funcionários após essa conferência de produtos vencidos e,

então, é dado baixo no sistema e preenchido o auto de inutilização de medicamentos, onde constam as

assinaturas do farmacêutico e do responsável da Santa Casa que os encaminha para a empresa de

incineração.

Cavanha Filho (2001, p. 3) define a “logística como parte do processo da cadeia de suprimentos

que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e

informações relacionados, do ponto de origem ao ponto de consumo”. Portanto, mediante estudos

realizados e dados coletados, entende-se que o setor de logística requer a elaboração da descrição e

análise dos cargos, especificando suas funções e requisitos exigidos para os ocupantes dos cargos; a

atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos

medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo físico do setor de logística e

reformulação nos processos de compras para sanar os problemas com medicamentos vencidos,

diminuindo o custo e evitando desperdícios.

SESSÃO 2: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR

Os entrevistados informaram que o principal desafio da administração hospitalar encontra-se

em promover a distribuição dos restritos recursos de forma homogênea, pois o hospital funciona em

cadeia onde um setor está direta ou indiretamente ligado ao outro. Responderam também que os

desafios estão em corrigir falhas no departamento pessoal, analisar desvios de conduta e coordenar as

funções e que o dever maior é a conscientização de quem trabalha no hospital.

Nota-se que, na segunda questão, os gestores responderam que o objetivo principal da

administração está em colocar o hospital em capacidade máxima para salvar vidas, sem ocasionar

problemas posteriores. Eles afirmaram também que o objetivo principal está em coordenador

processos de trabalho, identificando falhas e carências que possam comprometer o fluxo de

funcionamento de cada setor primando pela vida do paciente. Entende-se que, mediante teorias

estudadas, será necessário reformular os processos de trabalho de todos os setores do hospital para um

melhor funcionamento de todas as áreas para que o paciente possa receber um atendimento de

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qualidade, desde a sua chegada no hospital, na recepção, ou em casos de pacientes com extrema

emergência que chegam em ambulâncias, até o momento da alta hospitalar.

Perguntou-se aos gestores se a Santa Casa realiza pesquisa junto aos pacientes para mensurar

seu nível de satisfação. Os gestores responderam que não, porém o hospital está implantando o

“Núcleo de Segurança do Paciente”, de acordo com a Resolução - RDC Nº 36, de 25 de julho de 2013,

e após esse processo, essa e outras medidas serão adotadas, priorizando o bem estar dos pacientes.

Buscou-se saber se a Santa Casa trabalha com gestão da qualidade e quais são os resultados

obtidos em relação à qualidade de uma forma geral. Os gestores responderam que atualmente não

existe nenhuma comissão de gestão da qualidade no hospital.

Diante das respostas obtidas, reforçamos as palavras de Ruiz (2012, p. 87) ao afirmar que

“clientes não compram produtos ou serviços, mas sim expectativas, soluções para seus problemas e

atendimento as suas necessidades”.

Mediante os estudos realizados e os dados coletados, entende-se que se faz necessário

implantar no hospital uma gestão de qualidade, efetuando pesquisa de satisfação para averiguar o nível

de satisfação junto aos pacientes. Através da implantação da gestão da qualidade, o hospital Santa Casa

de Misericórdia de Goiânia também poderá efetuar resolução de problemas, promover a padronização

de processos críticos, verificar o desempenho da instituição, proporcionar a capacitação de recursos

humanos, aumentar a produtividade e garantir o reconhecimento da comunidade.

SESSÃO 3: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA

Inicialmente, perguntou-se sobre os procedimentos relativos aos controles dos medicamentos

no setor de farmácia. Os entrevistados responderam que o controle é feito pelo programa de gestão

hospitalar “MV2000i”. Como esse programa não é devidamente alimentado, não existe até o momento

um controle eficaz.

Portanto, encontramos em Barbieri (2009, p. 276) respaldo para esse dado quando o autor

afirma que “a farmácia hospitalar tem duas funções básicas: (1) receber, armazenar e distribuir

medicamentos aos usuários; e (2) preparar ou fabricar medicamentos, produtos químicos e de limpeza

e materiais diversos”. Logo, mediante estudos realizados e dados coletados, entende-se que o software

do hospital precisa ser alimentado de maneira correta para que se tenha um efetivo controle dos

medicamentos do hospital.

Os entrevistados nos relataram que há faltas dos produtos, prejudicando o tratamento dos

pacientes. Não se pode deixar faltar insumos dentro do hospital, pois essa conduta pode colocar em

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risco a vida do paciente. Eles responderam que a orientação é para que o setor de estoque (CAF)

comunique ao setor de compras a previsão de falta com, pelo menos, 3 dias de antecedência. Para isso,

a equipe da farmácia deve conhecer a fundo o consumo médio de cada produto. O sistema de gestão

hospitalar “MV2000i”, se bem alimentado, pode oferecer essa previsão, basta saber operá-lo. Foi ainda

ressaltado que quando acontece falta dos produtos, eles são solicitados em outros hospitais a fim de

que seja garantido o pronto atendimento ao paciente.

Para tanto, Barbieri (2009, p. 11) enfatiza que “a qualidade dos serviços se relaciona de modo

muito intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem-feito

é necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. Portanto,

mediante estudos realizados e dados coletados, percebe-se a necessidade de uma reestruturação nas

compras dos medicamentos para evitar que os mesmos faltem para os pacientes.

Em relação à forma de controle relativo a entradas e saídas dos produtos, quando perguntamos

se os medicamentos na farmácia são armazenados de forma correta, os gestores responderam que o

controle de entrada é feito no CAF através da nota fiscal do produto ou outro documento que

comprove sua origem; as saídas são feitas por solicitações via prescrições médicas, boletins cirúrgicos

ou requisições; e os armazenamentos dos medicamentos são feitos respeitando as orientações em bula,

de acordo com as características do ambiente, como: temperatura e luminosidade. Foi-nos relatado

ainda que as saídas não são dadas corretamente devido à falta de instrução.

Ainda nesse sentido, constatou-se a perda de medicamentos por vencimento, ocasionada por

razões distintas: falta de gestão de estoque; compra mal sucedida, (compra de quantidade muito

superior ao consumo) ou quando o medicamento deixa de ser usado no mercado (por possuir restrição

na ANVISA ou propaganda discriminatória). A consequência principal de perda de medicamentos por

vencimento é o prejuízo financeiro para a instituição.

Em relação ao descarte dos produtos vencidos, os gestores responderam que o procedimento

para descarte dos produtos vencidos e avariados é a incineração. Esse procedimento também gera

prejuízo para a Santa Casa, pois o serviço de incineração é feito por empresa particular e não pela

prefeitura.

Dessa forma, Silva (2010, p.123) discute as funções da logística hospitalar: “A primeira é as

responsabilidades de recebimento de medicamentos. A segunda consiste na preparação de

medicamentos e materiais de consumo”. Em vista disso, mediante estudos realizados e dados

coletados, entende-se que devem ser elaborados processos para diminuir a quantidade de

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medicamentos vencidos no hospital, através do setor de compras e através das solicitações de compras

desnecessárias.

DIAGNÓSTICO DE ENTREVISTAS COM OS COLABORADORES

SESSÃO 1: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA GERAL

Inicialmente, abordou-se a elaboração da participação dos colaboradores no plano estratégico

do setor de logística, sendo as respostas parecidas. Os colaboradores responderam que a participação

deles no plano estratégico do setor de logística é inexistente, e que eles apenas são responsáveis pela

execução do trabalho em si, cabendo ao coordenador do setor participa do plano estratégico.

Responderam também que “não existe a participação, mas que seria importante se participassem do

plano estratégico do setor de logística para que tivessem uma melhora no trabalho deles”, segundo

palavras de Odirleia Franca Xavier e Jacileide Ferreira da Silva.

Cavanha Filho (2001, p. 3) define a “logística como parte do processo da cadeia de suprimentos

que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e

informações relacionados, do ponto de origem ao ponto de consumo”. Verifica-se, mediante os estudos

realizados e os dados coletados, a grande necessidade da participação dos funcionários no plano

estratégico da logística para aumentar a produtividade e a satisfação dos mesmos.

Foi abordado se a logística contribui para o sucesso da Santa Casa e de que forma isso

acontece. Os colaboradores responderam que a logística é extremamente importante para que os

medicamentos cheguem aos pacientes de forma correta, contribuindo para o bom funcionamento de

todos os setores do hospital. Os colaboradores responderam também que “no hospital não tem logística

e, por isso, existem muitas falhas de controle em vários setores”, conforme salienta Eunice Sousa

Silva.

Pozo (2007, p.13-14) destaca, então, que “a logística é vital para o sucesso de uma organização.

Ela é uma nova visão empresarial que direciona o desempenho das empresas, tendo como meta reduzir

o lead time entre o pedido, a produção e a demanda”. Consequentemente, após estudos realizados e

dados coletados, entende-se a importância da implantação de uma logística no hospital que atualmente

a fim de obter sucesso nos seus vários setores.

Dando sequência à entrevista, perguntou-se sobre os procedimentos adotados no setor de

logística para torná-la eficiente e eficaz e se os colaboradores são treinados nesse sentido. Os

colaboradores responderam que adotam os procedimentos de controlar os medicamentos desde o

recebimento até a chegada deles ao paciente. Todavia, responderam que eles não têm treinamento

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quando começam a trabalhar no hospital, e que aprendem o serviço com outros colegas do setor.

Responderam também que “deveriam ter treinamentos por pessoas qualificadas para aprenderem

melhor a rotina dos seus serviços”, segundo relato de Angélica Fernandes da Costa.

Já na quinta questão, foram abordadas quais as maiores dificuldades e facilidades encontradas

para o desenvolvimento das suas atividades. Os colaboradores responderam que tiveram muita

dificuldade no começo, quando entraram, devido ao fato de não terem recebido treinamentos,

dificuldade em montar os kits que são encaminhados para as cirurgias e alguns tiveram facilidade na

organização dos medicamentos no setor de farmácia.

Pozo (2007, p.13-14) reforça que a “logística é vital para o sucesso de uma organização. Ela é

uma nova visão empresarial que direciona o desempenho das empresas, tendo como meta reduzir o

lead time entre o pedido, a produção e a demanda”. Mediante estudos realizados e dados coletados,

entende-se a necessidade de treinamento dos funcionários após a admissão no hospital para capacitá-

los ao trabalho.

SESSÃO 2: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR

Os entrevistados informaram que boa parte dos clientes não manifesta satisfação em relação ao

atendimento, pois disseram que há muitas coisas a serem melhoradas, como, por exemplo, o

atendimento na recepção do hospital. Outros entrevistados responderam que boa parte dos clientes

manifesta satisfação em relação ao atendimento, e que os pacientes recebem os medicamentos em

tempo hábil. Outros funcionários responderam também não ter conhecimento sobre a pergunta, pois

“não tem contato com pacientes e apenas fica no setor na parte interna e não sabe se os pacientes do

hospital no geral estão satisfeitos com o atendimento”, conforme aponta Eunice Sousa Silva.

Para Teixeira (2010, p. 97), “em saúde devemos ter sempre em mente que cada paciente ou

cliente valoriza aspectos diferentes de forma também diferenciada”. Mediante estudos realizados e

dados coletados, entende-se a necessidade de elaborar pesquisas contínuas com os pacientes do

hospital para avaliar o nível de satisfação junto ao setor de atendimento.

Nota-se que todos os colaboradores responderam que os serviços prestados pela Santa Casa são

considerados serviços de qualidade, porque o hospital possui serviços diferenciados e médicos de

várias especialidades. Todos os dias, o hospital recebe muitos pacientes provenientes de várias cidades

e que vêm de longe e buscam a Santa Casa por ser um hospital de referência no estado de Goiás. No

que se refere às deficiências no setor de atendimento, foi relatada a necessidade de melhorias,

principalmente em relação aos pacientes, que precisam ser acolhidos de forma mais atenciosa, com

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eficiência e rapidez. Responderam também que “pelo tamanho do hospital ele tem poucos leitos de

UTI e muitos pacientes correm risco de morte esperando por uma vaga na UTI”, segundo relato de

Eliane Fernandes Bion de Lima.

Heleno (2008, p. 14) ressalta que “quem atua na área de administração hospitalar se depara,

continuamente, com dois cruciais desafios: o de obter os melhores resultados empresariais e, ao

mesmo tempo, ter a capacidade de otimizar recursos”. Em virtude dos estudos realizados e dos dados

coletados, entende-se a que o hospital precisa elaborar uma comissão de gestão da qualidade para

aumentar sua produtividade e, consequentemente, promover a satisfação de toda a comunidade.

SESSÃO 3: QUESTÕES SOBRE A LOGÍSTICA HOSPITALAR NO SETOR DE FARMÁCIA

Em relação às faltas de medicamentos para atendimento das prescrições médicas, perguntou-se

se o fato acontece com frequência, quais são as consequências para os pacientes da Santa Casa e qual o

motivo da falta de medicamentos. Os colaboradores responderam que existem faltas de medicamentos

das prescrições médicas e que não acontecem com frequência. Responderam que as consequências

para os pacientes são muito graves, pois muitos deles estão no hospital em caso de vida ou morte e

precisam ser medicados. Sobre o motivo da falta de medicamentos responderam que ela acontece em

virtude de falhas no setor de compras ou também de falhas no momento da armazenagem dos

medicamentos no estoque, pois os medicamentos que estão próximos do vencimento devem ficar

sempre na frente, para serem retirados primeiro, e os medicamentos com maior prazo de validade

devem ficar atrás. Responderam também que “quando falta medicamentos, eles podem ser solicitados

em outros hospitais quando for um caso de emergência para que o paciente não fique prejudicado”,

conforme relato de Eunice Sousa Silva.

Kuhner e Oliveira (2010, p. 48) destacam: “entende-se como boas práticas de distribuição das

medidas para garantir que a qualidade do produto farmacêutico elaborado sob as diretrizes de boas

práticas de fabricação chegue ao consumidor final”. Após estudos realizados e dados coletados,

entende-se que precisam ser sanados os problemas com falta de medicamentos que ocorrem no

hospital, através de uma reestruturação no setor de compras em relação aos setores que solicitam essas

compras.

Referente à questão sobre qual a forma de controle estabelecida para a fiscalização dos

medicamentos e se existem falhas no processo e quais seriam, os colaboradores responderam que

primeiramente o controle começa na Central de Abastecimento de Farmácia onde os funcionários

recebem os medicamentos e verificam se estão corretos os pedidos, recebem as notas fiscais e dão

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entrada no sistema. Depois que esses medicamentos são entregues no setor de farmácia para serem

armazenados no estoque, eles são posteriormente entregues às enfermeiras quando os solicitam, sendo

necessário que elas assinem certificando que estão retirando esses medicamentos para o controle do

setor. Os colaboradores avaliaram que existem falhas no processo no momento das saídas dos

medicamentos, pois eles são entregues às enfermeiras e também são entregues os kits para as cirurgias,

porém não se sabe, de fato, se esses medicamentos foram utilizados nos pacientes. Foi destacado ainda

que “alguns médicos ainda estão fazendo prescrições médicas manuais em vez de eletrônicas”,

segundo Karina Rodrigues da Silva.

Na questão seguinte abordou a forma de armazenagem dos medicamentos na farmácia

hospitalar: se são armazenados de forma correta e se o armazenamento permite o manuseio

satisfatório. Os colaboradores responderam que sim, os medicamentos são armazenados de forma

correta, que todos são armazenados no estoque da farmácia, são etiquetados e que a temperatura do

estoque é adequada. Informaram também que o manuseio é satisfatório, pois permite fácil acesso no

momento de encontrar e retirar os medicamentos, pois todos são colocados nos lugares certos. “Os

próprios funcionários do setor cuidam da organização dos medicamentos”, conforme Eliane Fernandes

Bion de Lima.

Foi questionado se havia perda de medicamentos devido ao prazo de validade e por que isso

acontece. A metade dos colaboradores respondeu afirmativamente e a outra metade respondeu que não

existem muitas perdas de medicamentos devido ao prazo de validade. A resposta para essa questão está

vinculada ao momento de se retirar os medicamentos dos estoques, pois estão sendo retirados de

formar errada: estão retirando os medicamentos novos e deixando os que estão perto de vencer.

Responderam também que “o motivo de ter muitos medicamentos vencidos seja devido a falhas na

hora de comprar os medicamentos, pois as compras são feitas de 15 em 15 dias e são comprados

muitos medicados que usam pouco, e em menor quantidade os medicamentos que usam mais nos

pacientes”, de acordo com Jacileide Fereira da Silva.

Barbieri (2009, p. 11) comenta que: “a qualidade dos serviços se relaciona de modo muito

intenso com a qualidade de administração de materiais, pois para que um serviço seja bem-feito é

necessário que o material certo esteja disponível no momento em que for necessário”. Mediante

estudos realizados e dados coletados, salienta-se a necessidade de que sejam revistos, dentro do

hospital, os processos de compras e solicitações para sanar os problemas com faltas de medicamentos.

Por último, perguntou-se sobre os procedimentos inerentes ao descarte dos produtos vencidos e

avariados. Os colaboradores responderam que, primeiramente, esses medicamentos precisam ser

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retirados do estoque e separados dos demais e, posteriormente, são entregues ao coordenador do setor

para serem incinerados.

Barbieri (2009, p. 276) diz que “a farmácia hospitalar tem duas funções básicas: (1) receber,

armazenar e distribuir medicamentos aos usuários; e (2) preparar ou fabricar medicamentos, produtos

químicos e de limpeza e materiais diversos”. Em conformidade com os estudos realizados e dados

coletados, constata-se a necessidade de elaboração de um processo preciso para que se evite, ao

máximo, medicamentos vencidos no hospital.

Quadro 1 - Síntese Sugestões Para Implementação de Melhorais

01 Treinamento e aperfeiçoamento do pessoal;

02 Elaboração das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos exigidos para os

ocupantes dos cargos;

03 Atualização do software da gestão de logística hospitalar, possibilitando o controle efetivo dos

medicamentos e outros ativos da instituição;

04 Melhorias no arranjo físico do setor de logística;

05 Reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir custos e evitar desperdícios com

medicamentos vencidos;

06 Implantação de uma gestão da qualidade no hospital, pois através da gestão da qualidade o hospital Santa

Casa de Misericórdia de Goiânia poderá efetuar a resolução de problemas existentes, padronizar os

processos críticos, fazer uma capacitação de recursos humanos, aumentar a produtividade e ter

reconhecimento da comunidade.

Fonte: A Autora. 2014.

Segundo o Sebrae (2008), a técnica 5W2H é uma ferramenta prática que permite, a qualquer

momento, identificar dados e rotinas mais importantes de um projeto ou de uma unidade de produção.

Também possibilita identificar quem é quem dentro da organização, o que faz e porque realiza tais

atividades. O método é constituído de sete perguntas utilizadas para implementar soluções.

Quadro 2 - Plano de Ação para Sugestões da Implementação de Melhorias

O quê ? (What)

Por quê? ( Why)

Onde? Where

Quem ? (Who)

Quando? (When)

Como? (How)

Quanto Custa?

(How Much)

Treinamento

e

aperfeiçoame

nto do

pessoal

Os

funcionários

estão

despreparados

Setor de

farmácia

Contratar

empresa de

consultoria

01/04/2015

Através de

cursos,

palestras e

treinamentos

específicos

R$160,00 a

hora

Elaboração de análise dos cargos

Para aumentar a

produtividade dos

funcionários

Setor de farmácia

Recursos Humanos

01/09/2015

Elaborar análises, coletar

informações e fazer revisão

das descrições dos cargos

R$ 1.500,00

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Software

O sistema não está

devidamente alimentado

Em todo o

sistema do

hospital

Coordenador de cada

setor 01/12/2014

Treinando os funcionários para usar o sistema de

maneira correta

R$ 1,000,00

Arranjo físico Melhorar o

espaço Setor de farmácia

Coordenador Farmácia

01/01/2015

Organizar o

que for necessário no

setor

R$ 3.000,00

Compras Controle de

produtos inadequado

Em todos os setores

que solicita

m compras

Coordenador de Compras

01/03/2015

Reformulando os processos e solicitações de

compra

R$ 2.000,00

Gestão da qualidade

A Santa casa não tem

No hospital

todo

Contratar empresa

01/08/2015

Promover melhoria

contínua de todos os serviços

R$180,00

Fonte: A Autora, 2014.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo apresentou como tema - Diagnóstico Funcional no setor de logística

hospitalar do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e atendeu aos objetivos propostos na

condução de um estudo de caso.

Com os dados obtidos através das entrevistas, foi possível apresentar diagnóstico tendo por

base a visão dos gestores e funcionários, a saber: melhorias em treinamento e aperfeicoamento do

pessoal; elaboracao das descrições e análise dos cargos, especificando as funções e os requisitos

exigidos para os ocupantes dos cargos; atualização do software da gestão de logística hospitalar,

possibilitando o controle efetivo dos medicamentos e outros ativos da instituição; melhorias no arranjo

físico do setor de logística; reformulação nos processos e nas solicitações de compras para diminuir

custos e evitar desperdícios com medicamentos vencidos; implantação de uma gestão da qualidade no

hospital, pois através da gestão da qualidade o hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia poderá

efetuar a resolução de problemas existentes, padronizar os processos críticos, fazer uma capacitação de

recursos humanos, aumentar a produtividade e ter reconhecimento da comunidade.

Com isso, os objetivos foram alcançados, através do confronto da teoria com a prática

vivenciada no hospital. Diante do dinamismo do mercado é importante ressaltar que novos estudos

devem ser desenvolvidos, a fim de permitir que o hospital atenda às exigências dos pacientes.

Este trabalho limitou-se ao estudo sobre a logística hospitalar, com base na área de Farmácia do

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Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Porém, a base teórica utilizada poderá servir como

embasamento para os estudos de outros segmentos dentro do hospital.

Os resultados apresentados sugerem oportunidades para a continuidade de pesquisa em relação

aos procedimentos da logística hospitalar. Sugere também a continuidade dos estudos, buscando mais

casos de sucesso na logística de hospitais, tema ainda considerado novo para muitos profissionais.

Sugere-se ainda, como outra oportunidade para a continuidade deste trabalho, que os futuros

pesquisadores realizem pesquisas sobre as dificuldades encontradas pelos funcionários da área de

logística com relação à adequação dos procedimentos.

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