19&20 - a historiografia da arquitetura brasileira no século xix e os conceitos de estilo e...

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08/08/2015 19&20 A Historiografia da Arquitetura Brasileira no Século XIX e os conceitos de Estilo e Tipologia, por Sonia Gomes Pereira http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 1/12 A Historiografia da Arquitetura Brasileira no Século XIX e os conceitos de Estilo e Tipologia * Sonia Gomes Pereira ** PEREIRA, Sonia Gomes. A Historiografia da Arquitetura Brasileira no Século XIX e os Conceitos de Estilo e Tipologia. 19&20 , Rio de Janeiro, v. II, n. 3, jul. 2007. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm>. * * * Grande parte da historiografia sobre a arquitetura brasileira do século XIX apresenta a tendência dominante de trabalhar com divisões rígidas entre estilos, enfatizando a oposição entre barroco/rococó e neoclassicismo no início do século e, depois, entre neoclassicismo e ecletismo no final do século XIX/início do XX. Essa postura decorre de uma outra noção generalizada na literatura sobre arte brasileira: a idéia de que há uma correspondência “natural” entre linguagens artísticas e períodos históricos; assim o barroco predominaria na Colônia, o neoclassicismo no Império e o ecletismo na 1a. República.Estes esquemas redutores sobrevivem nesta historiografia tradicional, apoiados numa metodologia que está fundamentada basicamente na “pinçagem” de alguns fatos históricos relevantes, tais como a chegada da Missão Francesa e a abertura da Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro, ou de alguns arquitetos destacados, como Grandjean de Montigny, em torno dos quais toda a narrativa histórica é construída. No entanto, suspendendo, mesmo que temporariamente, a questão das atribuições ou as preocupações meramente estilísticas, é possível observar na prática arquitetônica do século XIX um conjunto muito mais complexo, em que vários elementos estão imbricados: a persistência de formas e técnicas coloniais; a necessidade de novos programas e funções; a incorporação de materiais importados; a diversificação dos agentes; os novos processos de formação profissional de arquitetos e engenheiros; além da sincronicidade de várias linguagens formais a recorrência aos estilos do passado (barroco e rococó) e a apreensão dos estilos então contemporâneos (o neoclassicismo e outros revivalismos, além do ecletismo e do art nouveau). Portanto, em lugar de uma só feição dominante, coexistem técnicas, programas e estilos do passado e do presente, evidenciando a permanência da tradição colonial, entrelaçada no desejo de modernização e na necessidade de construção imaginária da nova nação. Entender essa diversidade estilística da arquitetura do século XIX, tanto na Europa quanto no Brasil, tem sido um desafio para os historiadores da arte e

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A Historiografia da Arquitetura Brasileira no Século XIX e os conceitos de Estilo e Tipologia

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08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 1/12AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia*SoniaGomesPereira**PEREIRA,SoniaGomes.AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosConceitosdeEstiloeTipologia.19&20, Rio de Janeiro, v. II, n. 3, jul. 2007. Disponvelem:.***Grande parte da historiografia sobre a arquitetura brasileira do sculo XIXapresenta a tendncia dominante de trabalhar com divises rgidas entreestilos,enfatizandoaoposioentrebarroco/rococeneoclassicismonoinciodo sculo e, depois, entre neoclassicismo e ecletismo no final do sculoXIX/incio do XX. Essa postura decorre de uma outra noo generalizada naliteratura sobre arte brasileira: a idia de que h uma correspondncianatural entre linguagens artsticas e perodos histricos assim o barrocopredominaria na Colnia, o neoclassicismo no Imprio e o ecletismo na 1a.Repblica.Estes esquemas redutores sobrevivem nesta historiografiatradicional, apoiados numa metodologia que est fundamentada basicamentena pinagem de alguns fatos histricos relevantes, tais como a chegada daMissoFrancesaeaaberturadaAcademiadeBelasArtesnoRiodeJaneiro,ou de alguns arquitetos destacados, como Grandjean de Montigny, em tornodosquaistodaanarrativahistricaconstruda.No entanto, suspendendo, mesmo que temporariamente, a questo dasatribuies ou as preocupaes meramente estilsticas, possvel observar naprtica arquitetnica do sculo XIX um conjunto muito mais complexo, emque vrios elementos esto imbricados: a persistncia de formas e tcnicascoloniais a necessidade de novos programas e funes a incorporao demateriais importados a diversificao dos agentes os novos processos deformao profissional de arquitetos e engenheiros alm da sincronicidade devrias linguagens formais a recorrncia aos estilos do passado (barroco erococ) e a apreenso dos estilos ento contemporneos (o neoclassicismo eoutrosrevivalismos,almdoecletismoedoartnouveau).Portanto,emlugarde uma s feio dominante, coexistem tcnicas, programas e estilos dopassado e do presente, evidenciando a permanncia da tradio colonial,entrelaada no desejo de modernizao e na necessidade de construoimaginriadanovanao.Entender essa diversidade estilstica da arquitetura do sculo XIX, tanto naEuropa quanto no Brasil, tem sido um desafio para os historiadores da arte e08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 2/12da arquitetura. Na verdade, essa dificuldade tem razes profundas, relativas prpria constituio da Histria da Arte e a importncia primordial que anoodeestiloassumiuemsuadefiniocomodisciplinaautnoma.Sabemos que etmologicamente a palavra estilo vem do latim stilus, quedesignava o instrumento usado para a escrita entre os romanos. Pormetonmia, passou a designar tambm a maneira de escrever de um escritor.Todaessadiscussodeestiloentreosantigospertenciaaocampodaretrica,queanalisavasobretudoaescolhadaspalavrasesuapertinnciasdiferentesocasies, seguindo a doutrina do decorum. Essas noes da retricaespalharamse para outros campos, como a msica, a arquitetura e as artesplsticas1. Mas a partir do renascimento que os termos estilo, maneira egosto aparecem com maior freqncia, alternandose com significaespraticamentesimtricas2.Vasari3 atribui maniera uma grande variedade de matizes, tanto paraidentificar um artista ou grupo de artistas, quanto um perodo cronolgico,mas certamente a questo de um estilo nacional est fora de suaspreocupaes.Imprimesuateoriadobeloidealumsentidoevolucionista,emanalogia natureza. Assim, organiza as biografias dos artistas numaseqncia, que evidencia uma lgica interna: a sua concepo de que a artesegue o mesmo ritmo dos seres vivos, passando pelo processo de infncia,maturidadeedeclnio.EstandoVasariconvencidodafinalidadedaartecomoconstruodobeloideal,seumaiorinteressevoltaselogicamenteparaafasedoapogeu,quelocalizavanosromanos,entreosantigos,eemMichelangelo,entreosseuscontemporneos.Winckelmann4,emsuaobramaisimportanteHistriadaarteantigade1764,retoma vrias das posies de Vasari. Sua teoria tambm repousa na procuradobeloideal.Entendiaigualmenteaartedeformaevolutiva,seguindoociclovital de desenvolvimento na natureza. Mas, em outros pontos, sua posturadiferetotalmentedeVasari.Consideraqueopadromaisaltodebelezahaviasido alcanado pelos gregos, e no pelos romanos como defendia Vasari,acompanhando, assim, o interesse crescente pela Grcia entre vrios de seuscontemporneos. Explica o gnio grego pela influncia do clima: Minervaescolheu por residncia de seu povo favorito o clima aprazvel da Grciacomo o mais apropriado aos progressos do esprito e do gnio, graas temperatura amena e ditosa que reina ali durante as diferentes estaes doano5. Winckelmann no foi o inventor dessa teoria que relaciona a culturaao meio geogrfico6, mas essa relao tomou em seu sistema um relevosignificativo. Mas, num outro tpico, Winckelmann toma uma posio nova:08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 3/12no considerava a arte grega em isolamento, mas, sim, no contexto dacivilizaogregatomadacomoumatotalidade7.Portanto, ao se constituir como disciplina, a histria da arte consolida umasrie de noes j esboadas anteriormente: teoria do belo ideal, estilo,evoluo e analogia com o ciclo vital. A elas acrescenta algumas idiascontemporneas, tais como a influncia do clima, a concepo de povo e ointeressepelahistria.EssasmesmasnoessoretomadasaolongodosculoXIX,servindodebaseaposturasbastantediferentesemrelaoaestiloesuaimportncianoestudodasartesvisuaisedaarquitetura.OarquitetoGottfriedSemper8acreditaquetodasasformasartsticas,desdeasartes decorativas at a arquitetura, obedecem aos mesmos princpios, queretiram sua lgica das aplicaes da tcnica. Apia a sua teoria nas idias dabiologia da poca, especialmente nos princpios anatmicos de Cuvier e noevolucionismo de Darwin9. Para Semper, por exemplo, o estilo geomtrico,encontrado nos exemplos artsticos mais antigos ento conhecidos, seriadevido ao uso predominante das artes txteis na poca neoltica. Assim, aorigem da arte puramente material, regulada apenas pelas questes prticasdoavanotcnico.Hippolyte Taine10 tambm procura articular a arte a uma explicaomaterialista,mascentraasuateorianomeiofsicoesocial.Constritodoumsistema histrico, cujo mtodo consiste em procurar a causalidade da criaoartstica nas reaes do meio sobre a arte. Taine no foi o inventor dessateoria, pois, como vimos, Winckelmann j insistia nessa idia. Mas ele d sinflunciasclimticasumcarterimperativo,tentandoimporhistriaearteosmtodosprpriosdascincias.Deumlado,apiasenabiologia.Suateoriado meio uma adaptao da teoria evolucionista darwiniana e do mtodoexperimental de Claude Bernard11. Por outro lado, Taine d um destaqueainda maior ao dos agentes sociais sobre a produo da obra de arte,alinhandose a idias que vo se consolidar na escola de Durkheim e nascinciassociais12. Para Taine, todas as manifestaes artsticas, intelectuais,morais, religiosas e institucionais de uma poca guardam entre si uma certarelao: o que ele chama lei das dependncias mtuas. Estabeleceu entreestasmanifestaesumarelaocausal,emqueaartesempreconseqnciadasoutrasmanifestaesculturais.Aaoindividualdoartistapraticamentenula. Tanto o artista quanto a arte so produtos moldados pelo meio. Asteorias de Taine sobre a influncia do meio fsico e social sobre a artedeixaramumamarcaprofundaeduradouranahistriadaarte13.Muito diferente a posio de Alois Riegl14. Formado no Instituto de08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 4/12PesquisasHistricasdeViena,Rieglapiasenomtododeanlisehistricaecomparativa, derivado da tradio filolgica. A seleo de seus objetos deestudorevelaaprefernciaportemaspolmicoseoobjetivoderefutarteoriascorrentes em sua poca. Assim, publica Stilfragen (Questes de estilo) em1893, em que se dedica anlise do ornato vegetal, combatendo a teoria daprimazia da tcnica de Semper, e ao mesmo tempo inserindose na polmicadapocaentreoArtNouveau(Jugendstil),muitoatuanteemViena,easidiasmodernistas de combate ao ornamento, como as de Adolf Loos, que seroreunidas num manifesto logo depois15. Novamente em 1901, ao escrever Asartes aplicadas na poca romana tardia segundo descobertas na ustriaHungria,Rieglrejeitaasnoesdequeaarteromanadecorredaartegregaequeoromanotardiorepresentaodeclniodaculturalatina.Noaceitaaidiade decadncia e acredita que os romanos, assim como o perodo romanotardio, so culturas autnomas, sem estarem necessariamente relacionadasentre si numa seqncia evolutiva. Por esses motivos, Damisch questiona acrtica posterior que considerava Riegl simplesmente um evolucionista e umdeterminista, acreditando que Riegl cita Darwin justamente para manterdistncia,poisrejeitatotalmenteanoodeseleonatural16.Mas, certamente, a teoria de Riegl est centrada na idia de continuidade, enonaderuptura.Paraele,humacriatividadecontnua,identificadaporumasriedetransformaes,menospelodesejodeimitaranatureza,emuitomaispelaspossibilidadesvirtuaisdasformas,queconstituemasleisdoestilo.ParaRiegl, no h imperativo tcnico, mas sim uma Kuntswollen, que Otto Pchttraduzporaquiloquedeterminaaarte:muitomaisdoquevontade,comonormalmente traduzido, tratase de uma pulso, como no conceitofreudiano17.Outros tericos poderiam ser aqui mencionados, mas esses trs autores Semper, Taine e Riegl j nos bastam para evidenciar a diversidade deabordagens,emqueanoodeestilotomadanosculoXIX. bastante significativo que o problema do estilo e suas implicaes para ahistria e crtica da arte sejam retomados nos anos 1950 e 1960, justamentequando se avolumam as crticas ao modernismo e comea a se constituir opsmodernismo.Meyer Schapiro escreve em 1955 o artigo Style que se tornou clssico narea18. Nele, Schapiro enumera as vrias dimenses e conotaes da palavraestilo, finalizando por reafirmar aquela que constitui, na sua opinio, aabordagem mais importante: muito mais do que o material, ou o meio, aanlise da forma como expresso que distingue a obra de arte. O conceito 08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 5/12colocadoemtermosindividuaisounomximoemtermosdeescolasartsticas,masnoestendeanooparanenhumidiadeculturaglobal.Relacionaessaabordagem diretamente com a teoria de arte moderna, o que parece coerentenumadcadaemqueoinformalismoserevigora,tantonaEuropaquantonosEstadosUnidos.Ernst Gombrich publica um artigo tambm chamado Style em 196819. Suaposio de intenso questionamento das teorias do estilo, tanto asmaterialistas quanto as idealistas. Na verdade, o seu argumento est centradonocarterholsticodessasteorias,queimplicamsemprenumapriori,quedsentido arte e cultura como um todo, submetidas, assim, a umdeterminismo inexorvel20. No aceita as tentativas de determinar a lgicainterna de uma evoluo, tomandoa como inevitvel e genrica, pois, paraele,osestilostraadosnumaevoluososemprerecortesarbitrriosRecusatambm as tentativas de caracterizaes sincrnicas, que vem o estilo comoexpressodoespritocoletivo,criticandooKunstwollen(vontadedaarte),oZeistgeist(esprito de poca) e o Volksgeist(esprito do povo). Identifica emHegelaorigemdestaidiaeacreditaquetodaahistoriografiadoXIXepartedo XX tentou se livrar dos traos embaraosos da metafsica de Hegel, semsacrificarsuavisounitria.Assim,todasessasteorias,quetmumcartera priori, fundamse sobre uma presumida interdependncia entre estilo esociedade, constituindo, na sua opinio, generalizaes questionveis. ParaGombrich o futuro est sempre aberto e o artista est sempre compelido afazer escolhas. A questo central de toda a teoria da expressividade ,portanto, o conceito de escolha, estando a sinonmia na raiz de todo oproblema de estilo. Logicamente essas escolhas no so ilimitadas: hrestriesimpostaspelasdiversassituaespessoaisoudomeio,masoartistatem sempre um grau de latitude para escolhas. Na opinio de Gombrich, soexatamenteessaslimitaeseescolhasquedevemserobservadas.Amaneirade identificar os estilos decorre em parte da familiaridade com as suasconvenes e o preenchimento ou no dessas expectativas. Apesar dosesforosdeumamorfologiacientfica,quepretendedarcontadaconstituiodos estilos, a tomada intuitiva do especialista ainda o melhor caminho,emboranoinfalvel.A superao do modernismo e a confrontao com a arte e a crtica psmodernastmobrigadooshistoriadoresdaartearevisesprofundasemseusembasamentos tericos e metodologias. Superar a pretenso de que seriapossvel reconstituir o passado totalmente e com a mxima verdade possvel.Compreender a sincronicidade de processos de longa, mdia e curta durao,em lugar da sucesso e superao dos estilos. Entender tambm a08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 6/12sincronicidade de tendncias estticas opostas (clssicas e anticlssicas, porexemplo),emlugardasuaocorrnciacclica.TodosessespassostmsidoumdesafioparaohistoriadordaartenestapassagemdosculoXXparaosculoXXI.Outrascategoriaspassamaterimportnciaaoladodoestilonatentativadeentenderaproduoartsticaemsuacomplexidade.MuitoseavanounaspesquisassobreaarquiteturadosculoXIXapartirdealguns trabalhos de reavaliao crtica do ecletismo, como os de FranoisLoyeredeLucianoPatetta21.Suspendendoopontodevistamodernista,essesestudos retomavam o ecletismo como um sistema diferenciado de valores eprticas, em que se destacava, entre outros, a funo do ornamento comoelemento que daria carter arquitetura. Seria uma verdadeira architectureparlante,emquesobretudooornamentoteriaumvalorassociativo,conotandocertaslinguagensadeterminadasfunes.Assim,umdostraosrecorrentesdaarquiteturahistoricistaaassociaoentredeterminadosprogramaseestilos,tais como os prdios religiosos e os estilos medievais ou os monumentospblicoseoneoclssicoouoneorenascimentoouospavilhesvoltadosparao lazer e os estilos exticos. Seria uma verdadeira tipologia definida pelarelaoentreestiloefuno.Mas a tipologia era tambm um recurso historiogrfico. A partir do sculoXVIII, tornaramse bastante comuns os levantamentos de monumentoshistricos, agrupandoos por tipologias, que tanto podiam ser ditadas pelafuno comum, quanto pela recorrncia a um mesmo padro formal.Certamente esse procedimento era sugerido pelos novos mtodos cientficosdapoca,emqueaexposioconjuntadosespcimeserafundamentalparaaidentificaodesemelhanasediferenaslevandosuaclassificao.nessadireoquesepodeanalisarousoqueDurand22fezdatipologia.Eleno aceitava mais a idia da arquitetura como imitao da natureza ou dosantigos ao contrrio, acreditava que as ordens e demais formas histricaseram importantes pela fora do hbito e do costume. Assim, sua tipologiaapoiavase no levantamento histrico e concretizavase em catlogos deprdios com funes ou partidos similares, em que ficavam evidenciados ospadres comuns. Para Durand, o tipo era uma composio caracterstica deprojeto,que,apesardenotermaisaautoridadedeumcnone,concentravaaforadeumatradiohistrica. importante assinalar que essas pranchas, apesar de decorrentes de umconhecimento histrico, acabavam gerando uma tipologia acima da histria eda geografia, exatamente o contrrio da noo de estilo. Pois, se o estilo eradeterminado temporal e espacialmente, tal no acontecia com o tipo, que se08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 7/12ancorava em caractersticas comuns, em termos de funo ou partido. Diantedessas pranchas, como se o arquiteto tivesse exposto diante de si toda umatradio arquitetnica sua disposio para ser reutilizada nos prdioscontemporneos. Mais do que imitar simplesmente o passado, tratase deaproveitar de sua notvel experincia. A sua exemplaridade avaliza asescolhasdoarquitetoegarantealegitimidadedesuaarquitetura.Temosaqui,tambm, todo um processo de escolha entre alternativas possveis, comoaquelaqueGombrichindicacomosendoespecficadotrabalhoartstico.Ao contrrio de Durand, Quatremre de Quincy23 aceitava a validade datradioclssica,acreditandonapermannciadeumaessncianaarquitetura,que estaria localizada em suas origens. A diferena que essa origem noestaria apenas na cabana primitiva, como se afirmava antes, mas em trselementosagrutausadapeloscaadores,atendadospastoreseacabanadoscamponesestendoesseselementossidodesenvolvidospordiferentespovos:a gruta pelos egpcios, a tenda pelos chineses e a cabana pelos gregos. Fica,assim evidenciado que Quatremre, apesar de ainda atrelado ao pensamentoclssico,jincorporaraumavisohistricaerelativista.Tambmemrelaoimitao, possvel verificar essa historicizao do classicismo. Quatremreestabeleceu uma diferena entre modelo, que uma coisa, e tipo, que umaidiaequeconstituiuanicabasevlidaparaimitao.Aessnciadotipoumprincpioelementar,espciedencleo,masapresentasediferenteemcadapas24. Retomada por Argan nos anos 1960, a noo de tipologia tornousetema central do discurso arquitetnico. Argan adotou a distino entre tipo emodelo de Quatremre, enfatizando que apenas o tipo deveria ser o ponto departidaparaoprojeto.Passandoparaocampodourbanismoedapreservaodopatrimnio,AldoRossipropunhaotipocomocontendoidias,quesooselementos irredutveis nas cidades elementos culturais que deveriam serpreservados. Posteriormente, apesar da diferena de contexto, essas idiasobtiverambastanteaceitaoentreosarquitetosnosEstadosUnidos25.Acreditamos, portanto, que esta relao tipo/estilo lana uma luz nova noentendimento das opes formais dessa arquitetura, evidenciando que, muitomais do que escolhas estilsticas, tratamse em grande parte de escolhastipolgicas,quedevemtersidodegrandeoperacionalidadenosembatesentretradio e modernidade na Europa e, no caso brasileiro, nos projetos demodernizaoedeconstruodanaonosculoXIX.Ilustraes08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 8/12FIGURA 1 Capa do livro Rcueil et parallle des difices de tout genre,anciensetmodernes,remarquablesparleurgrandeurouparleursingularit,et dessins sur une mme chelle, de JeanNicholasLouis Durand (17601834), publicado em Paris em 17991801. As vinhetas nos ngulosrepresentam os quatro continentes. H vrios monumentos da sia (China),umdaAmrica(TemplodosolemCuzco)evriosdaEuropa(reunindoobrasclssicasantigasedorenascimento,etambmmedievais).FIGURA 2 Durand, Rcueil et parallle, prancha Temples gyptiens etgrecs. Aqui, encontramse reunidas sries do tipo templo, com obras daAntigidadenoEgitoenaGrcia.Assim,essatipologiatemcarterfuncionaleestsubmetidaaocritriohistricoegeogrfico.FIGURA 3 Durand, Rcueil et parallle, prancha Temples Ronds. J essasrie foi formada por templos de vrias pocas e lugares (Grcia e Romaantigas, renascimento italiano) em torno de um tipo de soluo espacial(templo redondo). Tratase, portanto, de uma tipologia fundamentada nafunoenopartidoeacimadahistriaedageografia.08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 9/12FIGURA4 Durand, Rcueil et parallle, prancha Maisonsdeville, Palaisde Justice. Para esse tipo, a srie incorpora exemplos medievais, quecertamentetinhamvalorsimbliconatradiodascidadeseuropias.Aqui,ocritriofoifuncionaletambmacimadahistriaedageografia._______________* Esse artigo foi parcialmente publicado na Revista Estudos IberoAmericanos,PUCRS,v.XXXI,n.2,dezembro/2005,p.143154.**SoniaGomesPereiraprofessoratitulardaEscoladeBelasArtesdaUFRJ.Fezmestrado na Universidade de Pennsylvania, doutorado na UFRJ e psdoutorado noLaboratoiredeRecherchessurlePatrimoineFranais/CNRSemParis.__________________________________________________1Da mesma forma, a associao entre poesia e pintura a clebre Ut pictura poesis,estabelecida por Horcio no sculo I mantevese praticamente inquestionvel, at serrepelida por Lessing (17291781) em seu ensaio Laokon de 1766, que estabeleceu asfronteirasentreosdoiscamposeatribuindosartesplsticasumalinguagemespecfica.2Giorgio Vasari (15111574) utilizava maneira. J Giovanni Pietro Bellori (16131696)usavaestilo,queestedefiniadaseguinteforma:estiloeumamaneiraparticularouaindaomododepintaredesenhonascidodognioparticulardecadaumnaaplicaoeempregodasidias(Osservazionede Nicol Pussino, 1672). Denis Diderot (17131784) preferia gosto,termoquetambmfoiempregadoporJoahanWinckelmann(17111778),queescreveu,entrevriosensaios,Riflessionisullabellezzaesulgostodellapintura,publicadoemalemoem1762eemitalianoem1780.3Giorgio Vasari (15111574) escreveu Vidas dos mais excelentes arquitetos, pintores eescultores italianos de Cimanue ao nosso tempo, descritas em lngua toscana por GiorgioVasari,pintor aretino, com uma introduo til e indispensvel sobre as diferentes artes,publicadoem1550emdoisvolumes.4Johan Joachin Winckelmann (17111778) escreveu inmeras obras, mas a de maiorrepercusso foi a Histria da arte antiga de 1764. Pertence gerao que inicia, naAlemanha,oromantismo.GerdBornheimchamaatenoparaoisolamentoqueaAlemanhatinha vivido at ento em relao cultura latina, propiciando em muitos casos umverdadeiro sentimento de inferioridade cultural. Winckelmann tinha uma necessidadeimperiosadeafastarsedeseupas,poisdiziaseincapazdesuportaraterrveledeprimentepaisagem. Sofria de uma perene e insubstituvel nostalgia quase mrbida pelo solmediterrneo(IntroduoleituradeWinckelmann.InPginasdefilosofiadaarte.RiodeJaneiro:Uap,1998.p.78113).5Avalorizaodos antigos como sendo os povos que tinham atingido o mais alto grau deperfeio na construo do belo ideal era uma unanimidade entre praticamente todos osartistas e tericos desde o renascimento. Mas quase todos localizavam essa fase urea daantigidadeentreosromanos,comovimosnoexemplodeVasari.NosculoXVIII,sobretudoentre os romnticos alemes, cresce o interesse pela Grcia. Goethe (17491832) jcompartilhava desse mesmo sentimento: chegou ataspraias da Siclia, onde, de p, nas08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 10/12margens do Mediterrneo, voltado para a Grcia, recitava os versos de Homero(BORNHEIM,opcit,p.84).6A idia da influncia do clima sobre a cultura dos povos j tinha sido formulada antes.Aparece, por exemplo, em Montesquieu em Lesprit des lois de 1748. Diretamenterelacionadaatividadeartstica,jhaviaaparecidoem1719emReflxionscritiquessurlaposieetlapeinture,dopadreDuBos(BAZIN,Germain.Histriada histria da arte. SoPaulo:MartinsFontes,1989.p.111115).7Um sculo antes de Winckelmann, j aparecera uma histria das artes: em 1698 PierreMonierescreveraaHistoiredesartsquisontrapportavecledessinidiviseentroislivres,o il est trait de son origine, de son progrs, de sa chute et de son rtablissment,incorporando vrios povos: egpcios, hebreus, babilnios, gregos, romanos, decadncia daarte romana, gosto gtico, idade mdia e renasicmento (Bazin, op cit, p. 56). No h,entretantoemMonieromesmoconceitodeculturaglobalcomoemWinckelmann.8Gottfried Semper (18031879) era arquiteto, terico e historiador da arte. Exilado daAlemanha, esteve na Frana e na Inglaterra, onde visitou a 1a. Exposio Universal deLondresem1551,queoimpressionoumuito.Noanoseguinte,em1552,publicaArquiteturae civilizao. De 1855 a 1871, dirigiu a seo de arquitetura da Escola Politcnica deZurique.Pretendiaescrever uma obra bastante mais ampla, mas publicou apenas a primeiraparte:osdoisvolumesdeOestilonasartestcnicasearquitetnicasde1861a1863.9GeorgesCuvier(17691832)foiocriadordaAnatomiaComparada.Criouvriosprincpios:a lei da subordinao dos rgos e a lei da correlao das formas. Charles Darwin (18091882),apsviagemAmricadoSulem18311836,escreveuDaorigemdasespciespelavia da seleo natural, publicada em 1859 obra que teve, logo de imediato, imensarepercussoemvrioscamposdoconhecimento.10HippolyteTaine(18281893)foiprofessordehistriadaarteeestticanacoledesBeauxArtes de 1864 a 1874. Substituiu ViolletleDuc, que ficara nessa ctedra pouco tempo (de1863a1864).OseulivroPhilosophiedelartde1865foiacolhidoquasegenericamenteemambientes acadmicos na Frana a 13a edio dessa obra, datada de 1909, se encontradisponvelnositedaGallica,emdoistomos:http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k206166pehttp://gallica.bnf.fr/document?O=N20616711Antes de se dedicar aos estudos histricos, Taine freqentou por dois anos os cursosdoMuseudeHistriaNatural.DevedecorrerdaasuafamiliaridadecomomtodoexperimentaldeClaudeBernard(18131878)clebrefisiologista,quedescobriufunesdopncreas,dofgado e do sistema nervoso, sendo o mais ilustre representante da cincia experimentaldofinaldosculoXIX.12mileDurkheim(18581917)consideradoolderdasociologiafrancesanacorrentedonaturalismo sociolgico. Foi diretor da Sorbonnne, escreveu vrias obras e foi diretor deLannesociologique.13Sua influncia foi tambm grande no Brasil, devendo ser a referncia terica maisimportantenofinaldeXIX/inciodoXX,emautorescomoDuqueEstradaeArajoViana.Ocontraponto a essas interpretaes materialistas da arte demoraria a aparecer na crtica dasartesvisuaisnoBrasil.AinflunciadostericosdachamadaEscoladeVienasdespontamnos anos 1940, sobretudo atravs do interesse na valorizao do barroco entre ospesquisadoresdoSPHAN.EstedeveserumdosmotivosdaacolhidaHannaLevyeoespaoquefoiabertoaelanaspublicaesdessainstituio.14Alois Riegl (18581905) foi formado no Instituto de Pesquisas Histricas de Viena, quemantinha estreita ligao com a filologia e a Escola Francesa de Chartres. Dirigiu oDepartamente de Artes Txteis do Museu de Artes Decorativas durante 12 anos (de 1885 a1897).Assumiu a ctedra de histria da arte na Universidade de Viena em 1897. Publicouvriasobras.Em1893,Stilfragen(Questesdeestilo).Em1901,AsartesaplicadasnapocaromanatardiasegundoasdescobertasnaustriaHungria.Em1902,Oretratodegrupona08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 11/12Holanda do sculo XVII. Deixou manuscrita a Gramtica Histrica das artes plsticas,escritoem18971898,epublicadaporSwobodaeOttoPchtem1963.15EmStilfragen,combateatesedeprimaziadatcnicaexatamenteemcimadasartestxteis,quetinham,comofoivistoantes,umaimportnciafundadoranateoriadeSemper.Ascrticasao ornamento feitas pelo modernismo tm em Adolf Loos o seu verdadeiro manifesto:OrnamentundVerbrechen(Ornamentoecrime),redigidoem1908epublicadoem1912narevistaDerSturm.16DAMISCH,Hubert. Le texte mis nu. In RIEGL, Alois. Les questions de style. Paris:Hazan,1992.Prefciop.IXXXI.DamischacreditaqueRieglestejamaisprximodeLamarck(17441820), que apresentou a teoria da vontade animal, que foi tambm examinada porFreud.17AssimcomoAlberti,Rieglenfatizaoornatocomoartedesuperfcie.Apassagemdasartesplsticas para as artes de superfcie sempre implica numa maneira de projeo, na acepogeomtricadotermo:representaogrficadelinhas.Essaslinhasnoexistemnanatureza,com exceo dos vegetais, como nas folhas, por exemplo. Mais do que a inveno docontorno,dotraoedaimpresso,oatodetraarqueimportaemtodoodesenho:indciode uma pulso artstica. Essa dimenso pulsional est naturalmente sempre sujeita alimitaeseobservncisaderegraseprincpios,quecaracterizamoestilo.18Meyer Schapiro (19941995) foi professor da Columbia University em Nova York. Esseartigo foi publicado pela primeira vez em KROEBER, Alfred, ed. Anthropology today.Chicago:UniversityofChicagoPress,1953.19Ernst Gombrich foi professor do Warburg Institute em Londres e seu diretor de 1959 a1976.FoitambmprofessornasUniversidadesdeOxfordeCambridge.EsseartigoStylefoipublicado na International Encyclopaedia of the Social Sciences. New York: Marmillan,1968,tomo15.20Gombrichfoimuitoinfluenciado por K. R. Popper, especialmente pela sua obra PobrezadoHistoricismode 1957, em que critica e refuta o holismo cultural existe uma verso emportugus dessa obra (POPPER, K. A Misria do Historicismo (1957). So Paulo: Edusp,1980),disponvelnositehttp://www.ateus.net/ebooks/index.php21LOYER,Franois.Ornementetcaracterre.InLesicledeleclectisme:Lille18301930.Paris/Bruxelles: Archives darchitecture moderne, 1977 PATETTA, Luciano.Consideraes sobre o ecletismo na Europa. In FABRIS, Annateresa, org. Ecletismo naarquiteturabrasileira.SoPaulo:Nobel/Edusp,1987.22Durand,JeanNicholasLouis (17601834) era arquiteto formado pela Academia Real deArquitetura de Paris. Foi professor de arquitetura na Escola Poletcnica a partir de 1796.EscreveuduasobrasquesetornarammanuaisobrigatriosparaosestudantesdearquiteturaeengenhariaemtodoosculoXIX:Recueiletparallledesdificesentoutgenre,anciensetmodernes, remarquables par leur beaut, par leur grandeur ou par leur singularit, etdessins sur une mme chelle. Paris, 17991801 (Disponvel no site da Gallica:http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k85721q ehttp://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k857222). DURAND, JeanNicholasLouis. Prcis desleonsdarchitecturedonneslcolePolytechnique.,Paris:18021805.2vols23Quatremre de Quincy (17551849) foi secretrio da classe das Belas Artes, depoisAcademia de Belas Ares de 1816 1 1839. O verbete Type foi publicado originalmente naEncyclopdiemthodique:Architecture.Paris:Panckoucke,17881825,tome3,pp.543,544e 545 (cf. o facsmile dessa obra no site da Gallica:http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k85720c)24Carol W. Westfall afirma que, durante a tradio clssica, tipo uma terminologiaimprecisa,masdequalquermaneiracircunscritaaocampodaarquitetura.Maisoumenosem1800, h uma ruptura. Nova epistemologia relativista e historicista vai proceder classificaodosprdiossegundocategoriasdeestiloecarter.Noentanto,duasnoesde08/08/2015 19&20AHistoriografiadaArquiteturaBrasileiranoSculoXIXeosconceitosdeEstiloeTipologia,porSoniaGomesPereirahttp://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm 12/12tiposobreviveram,formuladasmaisoumenosem1800:adeDurandeadeQuatremre.Sonoesdiferentes,mas ambas alternativas tentativa relativista e historicista dominantedereduzir o conhecimento da arquitetura histria dos estilos arquitetnicos. As noes maisantigasdetiponosobreviveram:otermopassouaserusadoparareferiralgumacoisaforadocorpotradicionaldaarquitetrua.(WESTFALL,CarolS.&VANPELT,RobertJ.Architecturalprinciplesintheageofhistoricism.NewHavenandLondon:YaleUniversityPress,1993.p.145148).25ARGAN, Giulio Carlo. El concepto del espacio arquitectnico desde el barroco anuestros dias. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visin, 1973. p. 2936. ROSSI, Aldo. Thearchitectureofthecity.Cambridge:MITPress,1942.p.41.