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Sala de Arte: a importância do espaço

3

Caderno Temático Material do Professor

Josiane Maria Krauze da Silva

Resenha de textos Divulgação de pesquisa

Fomentação à reflexão

Secretaria de Estado da Educação – SEED Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE / ARTE

Universidade Federal do Paraná – UFPR Orientação: Ms. Marília Diaz

Curitiba/2008

4

Biografia da Autora Oi professor(a) e colega! Meu nome é Josiane Maria Krauze

da Silva, nasci e moro em Curitiba, sou formada em Educação

Artística pela Universidade Federal do Paraná, desde 1983,

concluí a habilitação plena em Artes Plásticas pela Fundação

Educacional Miguel Mofarrej / Faculdades Integradas de

Ourinhos, em 1997. Adquiri especialização em Artes –

Educação Artística Aplicada, pela Faculdade de Educação

São Luís de Jaboticabal, no ano de 1998, e, Inclusão /

Educação Especial pela Universidade Federal do Paraná, em

2005. Como professora da Rede Estadual do Paraná, a partir

de 1988, lecionei na disciplina de Educação Artística, no

Ensino Fundamental, Médio e Magistério. Fui assessora

técnica da Coordenação de Estrutura e Funcionamento da

Secretaria de Estado da Educação, desde 2000. Como

professora da Rede Municipal de Curitiba, a partir de 2002,

lecionei na Educação Infantil e Ensino Fundamental séries

iniciais e finais, como regente e na disciplina de Ensino da

Arte. Espero que este material possa ser útil para você! Foi

produzido com muito carinho, e, partindo do princípio de que a

vida toda estamos em construção! Boa leitura! Josiane Maria Krauze da Silva

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Cora Coralina

5

Caro(a) colega professor(a):

“A educação, para mim, é botar dentro do indivíduo, além do esqueleto de ossos que já possui, uma estrutura de sentimentos,

um esqueleto emocional. O entendimento na base do amor.” (Cecília Meirelles) Este caderno tem sua origem, na composição da produção de material didático-pedagógico, como parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Buscando organizar uma coletânea de resenhas de

textos, divulgar a pesquisa realizada para o projeto de intervenção na escola, e, argumentar com vistas à reflexão, a influência da

arquitetura no ambiente escolar. Tratando-se da valorização da importância do espaço físico para a Arte, objetiva fomentar a revisão de

concepções, significados e a investigação das implicações da montagem do ambiente adequado à realidade escolar.

O material indica a influência diversa da arquitetura, e, as várias possibilidades construtivas na visão de vários autores, sob os

aspectos político, econômico, cultural, estético, social, legislativo, simbólico, antropológico e psicopedagógico, contextualizados à

História da Educação no Paraná.

O aprofundamento teórico é respaldado pela legislação vigente, de acordo com as Diretrizes Curriculares de Arte para os Anos

Finais do Ensino Fundamental e Médio, bem como, nas pesquisas realizadas por especialistas da área do Ensino da Arte, da Educação,

da Ergonomia, da Engenharia, do Design e da Arquitetura.

Apresentando a influência da infra-estrutura para o trabalho com arte, a projeção e pesquisa sobre a construção da sala “ideal”

para a disciplina, busca-se, desta forma, estabelecer pontes com a realidade escolar e a construção de uma sala de arte, a ser realizada

no Colégio Estadual Dr. Francisco de Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio, em espaço cedido.

6

Apresentação

Durante o ano de 2008, o Projeto PDE desenvolveu intenso

programa junto aos professores da Rede Estadual de Ensino no Estado

do Paraná. Como resultado, podemos contar com diversas pesquisas

que favorecem o contexto escolar e a auto-estima do professorado.

Muito mais que um sonho, a professora Josiane Maria Krauze da

Silva, cria um novo território para o ensino da Arte, não só em sua

escola, projetando uma sala de Arte para um espaço de depósito, mas

também, discutindo a importância e as possibilidades de construção com

baixo custo.

Que esta pesquisa vá além da citação e paráfrase e se

transforme em fonte de inspiração e conhecimento para que muitos

construam territórios de conhecimento em Arte, de convivência na

multiplicação de salas de Arte nos espaços escolares. É preciso

acreditar! É preciso planejar e propor! É preciso fazer!

Professora Marília Diaz Orientadora da professora Josiane Maria Krauze da Silva no Programa PDE

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Sumário

Biografia da autora.......................................................... Introdução....................................................................... Apresentação.................................................................. 1 A Arquitetura no ambiente educacional...................... 2 A Legislação............................................................... 3 A importância do espaço para o Ensino da Arte......... 4 Indicações para a construção de uma sala de arte..... Referências..................................................................... Créditos da imagens.......................................................

4

5

6

8

36

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50

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1A influência da arquitetura no ambiente escolar

No contexto histórico da educação, compreender as influências da arquitetura sobre o espaço escolar, tem sido foco de pesquisa

de vários autores como Bruno Zevi; Antonio Viñao Frago; Agustín Escolano; Marcus Levy Albino Bencosta; Ana Paula Pupo Correia;

Letícia Coneglian Mognol, e, Graciela Ormezzano entre outros. Nesse caderno, para fins de fundamentação teórica sobre o espaço para

o trabalho com arte, primeiramente, foram selecionados alguns textos relacionados ao contexto histórico educacional e estabelecidas

resenhas, com fins de fomentação à reflexão para você professor(a).

9

“Por sua vez, a arquitetura é como uma grande escultura escavada, em cujo interior o homem penetra e caminha”. (ZEVI, 2000)

1 SILVA, Josiane Maria Krauze da. Saber Ver a Arquitetura, Capítulo 2: O Espaço Protagonista da Arquitetura. São Paulo, p.17-27, 2000. Resenha.

“Por sua vez, a arquitetura é como uma grande escultura escavada, em cujo interior o homem penetra e caminha” (ZEVI, 2000, p.17).

ZEVI, Bruno.Capítulo 2: O Espaço Protagonista da Arquitetura. In: Saber Ver a Arquitectura. Tradução de Maria Isabel Gaspar e Gaëtan Martins de Oliveira. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 14,8X21,0.

Fig 1. Fachada UFPR, prédio histórico (KRAUZE, 2008).

Bruno Zevi, arquiteto italiano e teórico da historiografia da arquitetura moderna,

formado pela Graduate School of Design de Harvard, nos EUA, foi influenciado pela

concepção de arquitetura orgânica de Frank Lloyd Wright, e, produziu obras

consagradas na área como: “A Linguagem Moderna da Arquitetura” e “História da

Arquitetura Moderna”, entre outras.

Inicialmente, o autor faz um comparativo com outras artes, valoriza a especificidade

da arquitetura no aspecto tridimensional que extrapolando as técnicas construtivas,

apresenta a questão do espaço vazio como forma de interação do homem, que pela

educação do seu olhar, consegue compreender os edifícios teórica, histórica e

concretamente.

Posteriormente, conceitua a arquitetura, relacionando o ideal relativo de beleza ao

“conteúdo do espaço interior”, à funcionalidade, à representação gráfica, à realidade

posterior, aos vários pontos de vista deslocados sucessivamente em ângulos visuais,

sua posição no espaço urbano, e, à pluralidade de valores. A arquitetura, é um “método

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O espaço interior [...] não pode ser representado perfeitamente em nenhuma forma, que não pode ser conhecido e vivido a não ser por experiência direta, é o protagonista do fato arquitetônico (ZEVI, 2000).

Fig 2. Espaço interior da UFPR, prédio histórico (KRAUZE, 2008).

representativo da realidade, decomposto em planos verticais e horizontais de

projeção abstrata”, o que é evidenciado pela dificuldade de educação espacial humana,

e, extrapola para o espaço, para o vazio, onde existe a interação do homem com a sua

representação e abstração.

Em seguida, em forma de argumentação, ZEVI (2000), faz reflexões sobre a

relação da arquitetura com a Estética como fundamentação para a apreciação; com o

conteúdo que é o espaço interior; com a perspectiva como representação da

tridimensionalidade; com a fotografia na divulgação em massa; com o Cubismo, que sob

vários pontos de vista deslocados, sugerem uma quarta dimensão: o tempo, bem como,

estabelece uma relação com a idéia de beleza.

O tempo e os fatores sociais, econômicos, funcionais, artísticos, espaciais,

decorativos e técnicos para o autor, estão presentes desde as primeiras construções,

permitindo a interação humana. Porém, com o modernismo, houve uma valorização do

volume e do espaço, em detrimento da decoração. Em arquitetura, tudo se relaciona, o

que para o autor é uma equação arquitetônica.

Situa a importância do espaço urbano onde está localizado o edifício, que é uma

forma de interpretação crítica para a experiência com a arquitetura, bem como, com o

espaço interior.

Destaca aspectos interessantes como a funcionalidade, a pluralidade de valores,

elementos decorativos, e, os critérios de julgamento do que é arquitetura.

11

Fig 3. Espaço urbano UFPR. Prédio histórico (KRAUZE, 2008).

Fig 4. Rua XV de Novembro. Curitiba (KRAUZE, 2008).

ZEVI (2000), conclui que são importantes porém, as relações da arquitetura com

outras artes, outros aspectos arquitetônicos retromencionados, a influência do espaço

interior nos critérios de julgamento de um edifício, é superior por ser possibilitador de

incluir e circundar o indivíduo, e, ser um ambiente onde se vive.

Estruturado como método comparativo, em forma de descrição denotativa, o texto

apresenta uma linguagem acessível sobre as características da arquitetura apontando

conceitos, significados e especificidades dentro das Artes Visuais, da Estética, da

Arqueologia e da Filologia. Configura-se assim, como uma interpretação da diversidade,

do agregamento de valores, e da contribuição histórica contextualizada com o espaço

urbano. Relaciona o homem à compreensão insuficiente do espaço arquitetônico, que na

ausência de um método de estudo apropriado, tem sido historicamente deficiente.

Este texto é uma contribuição conceitual e significante, apresentando idéias

originais para a educação do olhar em arquitetura, de forma realista e concisa. O autor

consegue captar a essência da arquitetura que passa desapercebida em nosso cotidiano

e exerce tanta influência sobre a nossa vivência.

Considera-se que esta é uma obra que todo professor da disciplina de arte, deve

conhecer, para compreender a arquitetura que está ao seu redor, adequar o seu espaço

de trabalho e educar o seu olhar para a sua realidade, uma vez que depende do espaço

para concretizar o seu conhecimento teórico e a sua prática.

12

Fig 5, 6 e 7. Fachada da Secretaria de Estado da Educação recentemente redecorada (KRAUZE, 2008). [...]se podemos encontrar na arquitetura as contribuições das outras artes, é o espaço interior, o espaço que nos rodeia e nos inclui, que dá o lá no julgamento sobre um edifício, que constitui o “sim” ou o “não” de todas as sentenças estéticas sobre a arquitetura. [...] O que é arquitetura? E, o que mais interessa agora, o que é a não-arquitetura?[...] a distinção entre arquitetura e não-arquitetura baseia-se numa apreciação meramente estética? (ZEVI, 2000, p. 19-28).

13

2 SILVA, Josiane Maria Krauze da. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa.

Capítulo: A arquitetura como programa. Espaço-escola e currículo. RR, p.21-57, 2001. Resenha.

ESCOLANO, Agustín. A arquitetura como programa. Espaço-escola e currículo. In: FRAGO, Antonio Viñao; ESCOLANO, Agustín. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Tradução de Alfredo Veiga-Neto. 2ª edição. RR: DP&A, 2001. 152p.

Fig 8. Rua XV de Novembro, Curitiba (KRAUZE,

2008).

Agustín Escolano Benito, espanhol, foi professor de teoria e história da educação

na Universidade de Valladolid. Com enfoques renovadores, foi autor de várias obras: “La

memória y el deseo: cultura de la escuela y educación deseada”; “El pênsil de lãs niñas:

la educación de la mujer: invención de uma tradición” e “Tiempos y espacios para la

escuela: ensayos históricos”, entre outras.

Primeiramente, relatando de forma narrativa, ESCOLANO (1943), situando a

arquitetura da escola que freqüentou, quando era criança, indica a influência da política

dominante à época, e, que após as reformas ocorridas ao longo do tempo, transformou

seu espaço educativo, numa grande reunião eclética de formas clássicas e funcionais. O

autor reviveu e indentificou-se com as experiências simbólicas, nos espaços vividos.

Para ESCOLANO (1943), a escola teve uma grande importância em sua vida, por

ocupar um lugar muito próximo, posterior à sua casa, influenciando sua aprendizagem e

seu desenvolvimento físico.

14

Fig 9. Vista da Rua XV de Novembro, Curitiba (KRAUZE, 2008).

Para ele, devem ser observadas, também, a história da arquitetura e os processos

psicopedagógicos.

O autor faz uma leitura de que a arquitetura da década de 1920, era conservadora,

passando, no fim do século, a uma maior funcionalidade, e, sujeita à sofrer com as

modificações políticas, culturais e econômicas. Embora, muitas construções escolares,

conservam ainda suas características originais.

Com o ideal de modernização, indica ser a arquitetura uma forma de escritura no

espaço, porém, ainda muito conservadora ao organizar os limites e o ambiente escolar.

Num breve retorno à sua antiga casa, o autor relata o encontro com materiais de sua

época de estudante como: cartilha, enciclopédia, caderno, instrumentos de trabalho e

outros, que o levaram à refletir sobre o significado das relações afetivas e culturais.

Encontrou a relação da arquitetura presente em seus estudos espaciais, na maneira de

representação e das medidas, percebendo que os estudos espaciais se faziam presentes

em várias disciplinas como as noções do espaço cósmico, as orientações para aprender os

mapas, cálculos em geometria, reprodução de fachadas, planos e espaço interior da escola,

textos com temas relativos à localização, higiene, conforto, e busca do ideal na escola. O

espaço escolar, foi tema de diversas matérias do currículo. A escola tradicional,

apresentava um caráter cultural sobre o espaço, que teve uma função predominante no

currículo, na aprendizagem e na formação do autor.

15

Fig 10. Fachada de prédio na Rua XV de Novembro, Curitiba (KRAUZE, 2008). Em resumo, a arquitetura escolar pode ser vista como um programa educador, ou seja, como um elemento do currículo invisível ou silencioso, ainda que seja, por si mesma, bem explícita ou manifesta. A localização da escola e suas relações com a ordem urbana das populações, o traçado arquitetônico do edifício, seus elementos simbólicos próprios ou incorporados e a decoração exterior e interior respondem a padrões culturais e pedagógicos que a criança internaliza e aprende (ESCOLANO, 2001, p. 45).

Num segundo momento, Escolano aponta a relação entre a educação e o tempo,

que para ele, não é neutra, mas um programa que estabelece “um sistema de valores”

nas concepções disciplinares e vigilantes, marcantes para a estética, a cultura e a

ideologia. Para ele, o espaço-educativo é reflexo da pedagogia, é um “constructo

cultural” refletindo ideologias predominantes, é um “mediador cultural” na formação do

indivíduo desde as primeiras experiências e aprendizagens e tem grande significado

para o currículo, é “uma forma silenciosa de ensino”. (ESCOLANO apud MESMIN, 1967,

p. 62-66). Entende a arquitetura como currículo oculto, presente no valor, no estímulo,

no conteúdo, e, na imposição de normas pré-estabelecidas quanto à ordenação de

poder.

O autor, apresenta fatos comparativos nos discursos históricos, que com

significados diversos de controle social, estão inclusos nas ações arquitetônicas. Para

ele, no modernismo, a relação humana está na relação com o espaço, que além do

escolar, é também elemento importante para o currículo: o urbano.

A localização da escola era sinônimo de poder perante a comunidade, nos grandes

centros, e, com a modernidade, foi sendo afastada para a periferia, sendo um fator

decisivo na relação do currículo com o espaço e com a arquitetura. Por meio de um

programa educador, o autor, estabelece relacionamento com os problemas sociais, e,

com os problemas arquitetônicos da cidade, que são fonte de ensinamentos, e, neste

sentido, indica como primeira escola: a vida.

16

Fig 11. Interior do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Acervo da escola (MOTTINHA, 2007).

O autor observa a contextualização no contato da criança com outras instituições

e locais, sendo construída partindo de dentro para fora, possibilitando à sala de aula

permanecer como um local de produção. A escola deveria ser predominante entre as

construções do entorno, como um símbolo institucional, como um exemplo de domínio.

ESCOLANO, apresenta aspectos arquitetônicos e decorativos, baseados em

várias concepções, dos mais variados gêneros, pois tudo tinha significado ao ser

construído. A escola era sinônimo de nacionalismo, religiosidade e sociomoralismo. Era

comprovadamente símbolo de poder perante toda a sociedade. ESCOLANO indica a

arquitetura como um plano didático, quando é seguido um modelo na definição do

espaço, para uma metodologia ativa. A arquitetura exerce poder sobre a aprendizagem e

o desenvolvimento da criança, podendo ser extremamente manipuladora.

O autor conclui que o espaço-escola é ponto inicial e terminal de uma viagem

imaginária, uma forma de registro nas imagens e mentalidades, presente no coletivo da

memória cultural.

Utilizando o método comparativo, numa visão nostálgica do ambiente escolar, traz

a argumentação da influência política, econômica, antropológica, cultural, social,

estética, psicopedagógica, cognitiva e educativa da arquitetura, como também, a análise

das diferentes leituras arquitetônicas que envolvem o espaço, o tempo e o simbolismo.

17

Fig 12. Interior do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Acervo da escola (MOTTINHA, 2007).

Como resultados de uma educação formal, institucionalizada, por meio da

leitura deste texto, podemos ser transportados ao passado, e, também

contextualizarmos as nossas experiências escolares, e, compreendermos que o

espaço teve grande influência sobre o nosso desenvolvimento integral, formando a

geração de adultos que somos. Ao refletirmos sobre o nosso passado, podemos

perceber a nossa formação escolar, e, analisarmos as influências que o espaço nos

impôs em termos de condutas e atitudes, as provocações que sofremos pelo e no

espaço, que resultaram em ações controladas, bem como, nos situarmos no tempo

comparando o ontem com o hoje.

Considera-se que, é uma obra de grande fomentação, para defender as

concepções arquitetônicas e situar o contexto histórico-educacional que envolveu o

homem em determinado período, percebendo-se o agregamento de valores de

determinada sociedade.

Este texto nos remete à reflexão estética e artística, como forma de

conhecimento em arte, conhecendo ideologias dominantes, e, a cultura complexa

na diversidade de determinado período histórico.

Podemos tornar as nossas ações, enquanto educadores, mais ativas, se

organizarmos o nosso espaço de trabalho possibilitador de autonomia e cidadania.

18

3 SILVA, Josiane Maria Krauze. História da Educação, arquitetura e espaço escolar. Capítulo VII: Arquitetura Escolar: a cidade e a escola rumo ao progresso

Colégio Estadual do Paraná (1943-1953). São Paulo, p. 221-257, 2005. Resenha.

“O que se fizer no Paraná deve ser feito em grande escala, ou então não ser feito. Fazer com timidez, fazer com acanhamento, fazer com mediocridade será um crime contra o futuro” (PARANÁ BROTINHO, 1952:53).

CORREIA, Ana Paula Pupo. Capítulo VII: Arquitetura Escolar: a cidade e a escola rumo ao progresso Colégio Estadual do Paraná. In: BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org). História da educação, arquitetura e espaço escolar. São Paulo: Cortez, 2005.

Ana Paula Pupo Correia, formada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia

Universidade Católica do Paraná em 1999, e mestrado pela Universidade Federal do

Paraná em 2004 com a dissertação “História e arquitetura escolar: os prédios escolares

públicos de Curitiba (1943-1953)”. Atua nos temas de arquitetura escolar, cultura escolar

e arquitetura e educação.

Inicialmente, a arquiteta situa como cultura escolar, a reunião de todos os aspectos

que caracterizam a escola para ser organização institucionalizada: símbolos, vestuário,

design do mobiliário e configuração do espaço entre outros. Para a autora a arquitetura

escolar é um símbolo histórico, cultural, agregador de valores e político dentro da história

da educação, observando que o ambiente urbano, onde a escola está inserida, também

apresenta sua simbologia, permitindo a identificação da realidade de determinada época.

Situa a cidade de Curitiba na década de 1940 quando, numa euforia econômica,

foi preciso remodelar a imagem da cidade, numa visão progressista.

19

FIG 13. Fachada do Colégio Estadual do Paraná (PARANÁ, 2008). Dentre outros que contribuíram na edificação de pressupostos de análise teórica desta reflexão destacam-se: Châtelet (1999); Souza (1998); Faria Filho (2000); Wolf (1992); Bencostta (2001); Viñao e Escolano (1998), e outros, que ajudaram para abrir o campo da investigação da arquitetura escolar, do ponto de vista da apropriação e interpretação do espaço em sua funcionalidade (CORREIA, 2005, p. 222).

Ideologicamente, a política dominante apresentava um discurso moderno

que resultou na reformulação do espaço urbano de Curitiba, “a sociedade

paranaense deveria trilhar rumo ao futuro”, no início da década de 40, com o Plano

Agache (urbanista francês Alfredo Agache), foi redefinido o espaço com diretrizes e

normas técnicas para organizar a rede física, urbana e espacial e suas funções. Na

demonstração de prosperidade, foram destruídas algumas construções do passado,

em estilo colonial, e, instalados edifícios comerciais, a Biblioteca Pública, o Teatro

Guairá, o Hospital de Clínicas, o Colégio Estadual do Paraná e o Centro Cívico, no

estilo moderno, de grandiosidade arquitetônica, e, possibilitando à cidade um

destaque nacional.

A autora cita Oscar Niemeyer, arquiteto em ascensão à época, que

escreveu para a Revista Joaquim que circulava em Curitiba, sobre as limitações

encontradas para a “construção de prédios isolados, edifícios públicos e casas

burguesas” sem um planejamento urbano e social adequado, resultando em

“crescimento desordenado” e a precaridade da situação do “trabalhador urbano e

rural”. E, citando Dalton Trevisan, que em sua crônica faz crítica ao fato de se dar

apenas importância à monumentalidade, em detrimento do conforto à população.

Curitiba tornou-se um símbolo de poder para o Governo, fortalecida

enquanto capital, inclusive com relação ao espaço escolar, que também faziam

parte do discurso de modernização, na obra da cidade.

20

Fig 14. Fachada do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Acervo da escola (MOTTINHA, 2007).

Para CORREIA, no governo de Moysés Lupion, havia a preocupação com o

respeito à educação, e para tal, era necessário reformas construtivas como: implantar

escolas primárias, reorganizar as de trabalhadores rurais, as normais rurais, e, construir

escolas para corrigir adolescentes infratores. A modernização, não conseguiu atender à

demanda existente, levou a população a incorporar um bonito discurso, mas não previu

outros problemas, como saneamento, enchentes, valetas e cortiços.

A autora, faz uma viagem à história escolar, desde o período Imperial, analisando

as características construtivas da escola pública. Com o tempo, o espaço escolar foi

tornando-se importante identificação arquitetônica, cuja ação educativa estava dentro e

fora de sua localização. Com a industrialização e urbanização, a arquitetura escolar,

passou a ter um caráter dominador e controlador, revelando a concepção pedagógica da

escola, e, sua posição simbólica.

Foram criados, a partir de 1903, grupos escolares como modelos a serem

seguidos: Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva e Grupo Escolar D. Pedro II. Os prédios

eram planejados prevendo espaços como: “gabinete para diretor, bibliotecas, anfiteatro,

laboratórios, secretarias, oficinas, pátios etc., mas nem sempre estas exigências foram

atendidas.” (Correia, 2005, p. 232).

Com o período histórico escolanovista, a autora aponta modificações na cultura

escolar e na organização do espaço: com ventilação, iluminação, ambientes de jogos,

21

Fig 15. Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva. Disponível em: <www.netescola.pr.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2008.

recreação, higiene, bibliotecas, laboratórios, rádio educativa, teatros, cinemas, salões de

festas, quadras de esporte e refeitórios, com uma visão estética voltada para o estilo

colonial, e, nacionalista tradicional.

Para a década de 1940 e 1950, construções padrão foram implantadas em todo o

Estado, por possibilitar mais facilidade de construção, aproximando a arquitetura do estilo

neocolonial, simplificando as fachadas e sendo economicamente mais viável. Nesta

época já havia preocupação com “orientação, iluminação, ventilação, pisos, corredores,

escadas, posições do quadro-negro e instalações sanitárias”. (CORREIA, 2005, p. 234).

A autora, dedica um capítulo à análise do projeto de construção do Colégio

Estadual do Paraná, criado em 1846. Faz a introdução histórica do estabelecimento de

ensino, citando a criação de outras escolas como o Instituto Paranaense e a Escola

Normal (atualmente Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto). Faz

análise sobre o novo prédio de 40 mil m2, num terreno de 20 mil m2 de área construída,

do Colégio Estadual do Paraná e sua relação com o entorno. Construído no estilo

moderno e monumental, com cinco pavimentos, preparado para a “evolução

tecnológica”, dominando o homem e sua circulação no espaço, é até hoje um modelo de

construção escolar. Com vários espaços, inclusive para a disciplina de Arte, comporta

sala de música com piano e aparelhos de som, além de outros, oferece várias

oficinas em espaços adequados, que possibilitam o trabalho de arte para

22

Fig 16. Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva. Disponível em: <www.netescola.pr.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2008.

atendimento de alunos e comunidade. No entorno, a arquitetura recebe a influência da

organização urbana, melhorando o sistema de transporte e o habitacional, e,

transformando a região em local elitizado.

A autora conclui que existe uma relação entre a arquitetura escolar, a paisagem

urbana, e, a sociedade em transformação. As mudanças ocorridas com o progresso da

cidade de Curitiba, na década de 1940, tiveram forte influência sobre a implantação dos

projetos escolares. Para a autora, a preocupação com o discurso moderno, em

detrimento do pedagógico, foi marcado pelo afastamento dos espaços de paróquias e

locais alugados, que ocuparam espaços mais adequados aos fins educacionais.

A arquiteta Ana Paula Pupo Correia, utilizando o método histórico, traz uma

análise, também, cultural, estética, pedagógica e política dos edifícios escolares a partir

da construção do Colégio Estadual do Paraná, do Grupo Escolar Tiradentes, o Grupo

Escolar Dr. Xavier da Silva, do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo

Pilotto e as mudanças ocorridas com o desenvolvimento da modernidade e da

urbanização da cidade de Curitiba.

Percebe-se que a autora consegue propor uma grande reflexão sobre o histórico

da educação escolar em Curitiba, de forma imparcial e com qualidade dissertativa, pois

como registro de fatos passados, comprova que a arquitetura não é uma área da arte

23

Fig 17. Fachada do Colégio Prof. Lysímaco Ferreira da Costa (KRAUZE, 2008).

por si mesma, mas contextualizada com o espaço urbano, e, com a sociedade.

Compreende-se com essa leitura, que são complexas as relações entre as obras

arquitetônicas e a organização espacial das cidades, e, para o planejamento urbano de

Curitiba, a arquitetura teve significado fundamental.

24

Refletindo P Você se lembra da escola em que estudou? Como era organizada?

R Na estética arquitetônica, que aspecto tem hoje?

O Você já observou a fachada da escola em que trabalha? Qual é o estilo arquitetônico que apresenta? F

E Atualmente, como está organizado o espaço escolar, houve alguma reforma na arquitetura? S

S O espaço escolar permite a ação democrática e a autonomia na sua escola?

O E para o seu trabalho com Arte, existe um espaço adequado?

R Há documentação histórica sobre a construção da escola onde atua? Fotografias, recortes de jornal e outros? Que tal organizar um acervo? Esse tema pode se constituir em conteúdos para o Ensino da Arte? Quais? A forma como aprendemos é a mesma de como ensinamos? Qual o espaço escolar que nos habita?

25

Professor, o espaço abaixo fica como sugestão para seus registros. Complemente este caderno, com as fotos da arquitetura da escola em que estudou e de sua escola de atuação. Aproveite para observar detalhes, modificações e compreender o espaço escolar que lhe habita!

26

BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org). Capítulo III: Arquitetura e Espaço Escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928). In: História da educação, arquitetura e espaço escolar”. São Paulo: Cortez, 2005.

“Instruir uma nação é também civilizá-la” (BENCOSTTA apud DIDEROT, 1775, p. 94).

Marcus Levy Albino Bencostta, tem pós-doutorado pela École Nationale

Supérieure d’Architecture de Versailles, França, em 2007-2008, e, aperfeiçoamento

em Arquitetura Escolar pela Université du Quebec no Canadá em 2004. Bacharel em

História pela Universidade Estadual de Campinas (1991), mestre em História pela

Universidade de São Paulo (1993) e doutor em História pela mesma Universidade,

em 1999. Professor da Universidade Federal do Paraná desde 1997, pesquisador do

CNPq, membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Educação (ANPED),

entre outros. Tem experiência em História da Educação, como por exemplo: culturas

escolares, arquitetura escolar, fotografias escolares, e, colégios confessionais.

O autor faz uma abordagem histórica da educação, desde o Brasil

4 SILVA, Josiane Maria Krauze da. História da Educação, arquitetura e espaço escolar. Capítulo III: Arquitetura e Espaço Escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares

de Curitiba (1903-1928). São Paulo, p. 95-140, 2005. Resenha.

“Um edifício próprio para a escola: eis uma importante questão que os poderes públicos tiveram que enfrentar diante do comprometimento discursivo que coroava a instrução escolar como uma das principais colunas de sustentação da civilização” (BENCOSTTA, 2005, p. 103).

27

Fig 18. Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva. Disponível em: <www.netescola.pr.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2008.

Fig 19. Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva. Disponível em: <www.netescola.pr.gov.br>. Acesso em 22 de setembro de 2008.

republicano de 1889, que esteve sob a influência da experiência norte-americana e

européia, até o início do século XX, com o discurso modernista.

Segundo o autor, ideologicamente, educar o povo aprimorava-lhe, bem como,

estabilizava e eternizava a República, que seguia o modelo de educação francesa.

Na França nessa época, encerrou-se o monopólio eclesiástico sobre a educação e

atribuiu-se a responsabilidade ao Estado, que conseqüentemente se tornou

obrigatória e gratuita, com saberes mais utilitários. No Brasil, buscou-se a cópia da

escola francesa, mas foi de maneira incompleta, como a implementação da escola

graduada.

BENCOSTTA (2005), afirma que, houve uma preocupação com a construção

dos grupos escolares, edificações específicas para o espaço urbano, onde ficavam

as capitais e a prosperidade econômica. Eram símbolos republicanos, reorganizados

em um único espaço para economizar os aluguéis das escolas isoladas,

desenvolvendo projetos de adequação à moderna pedagogia. Os recursos não

foram suficientes para o desenvolvimento educacional esperado.

Para o autor, no Paraná no início do século XX, houve a preocupação com o

ensino regulamentado para a escola primária, tendo a proposta de reorganizar os

grupos escolares sob a fiscalização de um diretor ou inspetor, à luz do Estado de

São Paulo.

Os grupos escolares, tinham uma “ordenação do espaço, das atividades, dos

28

Fig 20. Fachada do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Acervo da escola (MOTTINHA, 2007).

ritmos e dos tempos”, os professores e alunos eram valorizados, indicando uma

nova forma de cultura, um novo modo de educar e de comandar.

Foi criado, como modelo, o Grupo Escolar Xavier da Silva, inaugurado em 19

de dezembro de 1903, localizado longe do espaço urbano, mesmo, incoerente com a

ideologia de demonstração progressiva no centro de Curitiba, mas também, com

uma arquitetura monumental. Esta escola, devería ser um espaço laboratorial,

disciplinador, moralista e higienista. A fachada, tinha um ecletismo no ornamento e

decoração, simétrico e formal, voltado para seu interior, nas salas de aula, a luz era

mal distribuída. Nesta época o ensino foi sistematizado na seriação, e houve

preocupação com o desenvolvimento intelectual, físico e mental da criança, porém,

as expectativas não corresponderam às necessidades. O autor, cita outros grupos

criados à época, analisando descritivamente suas arquiteturas.

Quanto à arquitetura, BENCOSTTA (2005), afirma que era necessário um

edifício específico para a escola, espaços públicos de escolarização fundamentados

na nova pedagogia. O autor elenca determinações arquitetônicas constantes no

artigo 855 do regulamento, afirmando uma visão mais funcional e simbólica, com

características pré-determinadas. Um programa arquitetônico e monumental, com

fins à educação racional e científica, que dava valor à estética, cultura e ideologia da

República, porém, na realidade, independente destas recomendações, muitos

espaços ficaram inadequados.

Por meio da análise arquitetônica de vários grupos escolares, o autor traz

29

Fig 21 a e b . Museu Oscar Niemeyer – MON (SILVA, 2008).

reflexões sobre a conservação dos espaços, por serem poucos os preservados em

suas características construtivas, e, outros extintos, sem a preocupação com o

patrimônio histórico de Curitiba. Posteriormente, muitos grupos foram construídos de

forma padrão, para economia de tempo e orçamento. Cenário, só modificado com a

construção do Grupo Escolar D. Pedro II, em dois pavimentos, com espaços

funcionais, e, fachada enriquecida de ornamentos e estilos.

O autor conclui que essa institucionalização foi decorrente da reorganização

do ensino, mudanças que transpuseram a didática, a pedagógica e a espacialidade,

sendo uma das principais representações do plano republicano modernista, de

integração social e política. Existiram muitos grupos escolares sem destaque, nem

infra-estrutura apropriada, mas que fizeram presente a arquitetura e a configuração

do espaço urbano na representação da sociedade curitibana.

Utilizando o método histórico, e, técnica de pesquisa, o autor absorveu

detalhes da arquitetura Curitibana, que muitas vezes nos passam desapercebidos, e,

apontou para a importância do espaço na vida cotidiana do homem.

Apresentando de forma dissertativa, a análise histórica, cultural, estética,

social, simbólica, política, administrativa e legislativa da arquitetura escolar, e as

implicações das mudanças ocorridas no ensino público do Estado do Paraná e da

cidade de Curitiba, no início do século XX, com a institucionalização dos grupos

escolares: Dr. Xavier da Silva; Cruz Machado; Conselheiro Zacarias; Presidente

Pedrosa; Professor Brandão; Professor Cleto; Rio Branco, 19 de Dezembro e Pedro

30

II, entre outros, traz uma leitura de grande importância para o conhecimento do

professor de arte, para compreender o significante, os significados e a simbologia

complexa que envolve a arquitetura.

Trazendo essas considerações para a contemporaneidade, observa-se a

monumentalidade ainda presente nos espaços curitibanos, basta saber ver a

arquitetura, como por exemplo o Museu Oscar Niemeyer – MON e o Palácio da

Araucárias onde situa-se o atual Governo do Estado do Paraná.

Fig 22. Palácio das Araucárias – Sede do Governo do Estado (SILVA, 2008).

31

MOGNOL, Letícia Coneglian. Capítulo: A arquitetura do espaço escolar: um espaço/lugar para a arte na educação. In: PILLOTTO, Silvia Sell Duarte (org). Linguagens da arte na infância. Joinville: UNIVILLE, 2007.

“Quando olhamos para a maioria das escolas públicas, deparamos tristemente com a situação adversa. Se o espaço é um lugar percebido por meio dos vestígios de seu uso, a ausência de um ‘espaço/lugar’ para a arte nas escolas significa ainda a negação ou a não-legitimação desse campo do conhecimento nos currículos? Ou essa configuração linear e disciplinar dos currículos não é compatível com a arte?” (MOGNOL, 2007, p. 127).

Letícia Terezinha Coneglian Mognol, mestre pela UNIVALI, professora do curso

de Artes Visuais da Universidade de Joinville – UNIVILLE, e, membro do núcleo de

pesquisa em arte educação NUPAE.

Inicialmente, MOGNOL (2007), faz uma conceituação sobre espaço, situando

principalmente, o escolar. Para a autora, o espaço tem enorme influência sobre o

desenvolvimento da criança, produzindo “marcas nas estruturas mentais”. Para ela, a

conformação com o espaço, que socializa e educa, simultaneamente, situa e ordena,

além de interferir dentro e fora da escola. A autora faz um estudo sobre a arquitetura

escolar e a influência do espaço educativo numa visão ergonômica, aponta que o

espaço tem uma ordenação de poder resultando na construção social do indivíduo.

Observa, também os aspectos da funcionalidade firmado com o modernismo, na

5 SILVA, Josiane Maria Krauze da. Linguagens da Arte na Infância. Capítulo: A arquitetura do espaço escolar:

Um espaço/lugar para a arte na educação. Joinville, UNIVILLE, p.119-128, 2007. Resenha. “O espaço comunica o uso que dele se faz, e esse uso varia conforme as culturas e diz respeito não só às interações, mas também aos conflitos de poder, aos ritos sociais, ao uso do corpo e a toda uma semiologia para ler essas relações.”(MOGNOL, 2005, p. 119)

32

Fig 23. Escola Dom Áttico Eusébio da Mota – Ensino Fundamental, sala de exposição de Arte Paranaense/ comemoração de 50 anos (KRAUZE, 2008).

ideologia racionalista, formando cidadãos dóceis.

Da antropologia, apresenta uma visão da cultura ditando as normas ao social,

situando a educação como agente de fixação dos ideais intelectuais, afetivos e físicos.

Para a autora, a diversidade cultural e social, impera sobre o uso do corpo de

determinado povo individual e coletivamente. Aborda também, as influências

fisiológicas, psicológicas e sociológicas que são integradas na relação do homem com o

espaço, num mundo interativo, que não pode mais ter relações interpessoais

individualistas.

Questiona a organização do espaço escolar, quanto ao mobiliário enfileirado, as

formas de rituais, a imposição de valores, condutas e hábitos baseados em regras

antinaturais, que têm a função de fiscalizar, controlar, proteger e dominar o aluno.

LOURO in MOGNOL (2000, p.120), aponta o tempo e o espaço como categorias

de transformação das construções sociais, como elementos de transformação da mente

e do corpo, que se adaptam aos processos disciplinares.

Para a autora, desde o século XVII, com o desenvolvimento comercial e a

revolução industrial, foi necessária a sincronização das atividades e a produção de uma

rede de tempo e espaço contínua e uniforme, que, apud VARELA (2000, p. 120) “se

tornaram exigências sociais determinantes no processo de desenvolvimento das

sociedades.” A escola é o local de conexão do tempo, do espaço, das ações e do meio.

O currículo deve ser constituído como território e lugar, praticado nas relações

interpessoais entre professor e aluno, contextualizado à percepção do espaço-tempo

33

Fig 24. Entrada do Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa – Ensino Fundamental e Médio (KRAUZE, 2008).

construídos pela cultura.

MOGNOL, apresenta uma relação do espaço, do tempo e do currículo na

modernidade, influenciada desde o século XV, pela educação francesa, que dividiu o

ensino em seriado, com classes e horários, diferindo dos tempos biológico e social.

Para a autora, os espaços podem ser adequados ou inadequados ao currículo

escolar e às concepções adotadas, pois, mesmo quando fragmentado e alienante, não

é neutro, basta fazer-se uma leitura espacial, estando de acordo com a linguagem

arquitetônica, podendo expressar um sistema intencional, valorativo e simbólico da

cultura. Esta leitura extrapola a edificação para as relações do homem com o uso do

espaço.

Situa seu estudo, voltado à Educação Infantil quando observa a organização

espacial, afirmando que é fundamental ao desenvolvimento do trabalho educativo.

Quanto ao trabalho com arte, afirma que não pode haver passividade, para a

concretização da educação estética pelo trabalho de apreciação, fruição e

produtividade, pois o espaço educa, e, a arquitetura, o mobiliário, os acessórios, e, o

entorno são fundamentais para a estimulação, significação e da comunicação

desenvolvidas pela manifestação artística. MOGNOL, faz sugestão da instalação de

laboratórios de linguagens artísticas com disponibilidade de recursos materiais, físicos e

de equipamentos adequados à percepção, ao estímulo e ao significado para o aluno.

Espaços flexíveis e versáteis possibilitadores da criatividade, da ludicidade, da

interação e do respeito à diversidade, sem esquecer do externo.

34

Apresenta uma série de argumentações sobre a situação e organização dos

prédios escolares existentes para fomentar uma reflexão sobre o assunto. Para o

espaço educativo, situa a importância dos aspectos arquitetônicos à concretização do

currículo, e, a da posição da escola, depois da residência da criança, pois, são

refletidos os aspectos pedagógicos, discursivos e culturais, que se tornam significantes

como parte do currículo oculto.

“A escola é espaço e lugar. Algo físico, material, mas também uma construção cultural que gera fluxos energéticos.

Com isso quero dizer, mais uma vez, que o espaço educa” (FRAGO, 2001 p. 77).

35

O Espaço Educa???

Fig 25-26. Detalhes do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Acervo da escola (MOTTINHA, 2007).

36

2 Legislação

caracterização de uma atividade escolar, mas a

programação contida na Proposta Pedagógica que tenha

freqüência e orientação do professor. Sabe-se que o aluno

pode aprender de formas diferentes, em vários ambientes de

aprendizagem e com múltiplas estratégias de ação,

inclusive, por meio da educação formal e informal. O

Conselho Estadual de Educação do Paraná, no uso de suas

atribuições, orienta que:

A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO DA ARTE SOB O FOCO DA LEGISLAÇÃO

Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996

De acordo com o artigo 26, parágrafo 2º da legislação

vigente, que estabelece as diretrizes da educação

nacional, à luz da Lei nº 5692/71, o Ensino da Arte

manteve o caráter obrigatório na educação básica, porém,

enfocando a promoção do desenvolvimento cultural dos

alunos e a mudança da Arte de mera atividade para uma

disciplina componente da Base Nacional Comum na Matriz

Curricular. Na proposta de regulamentação da lei nº

9394/96, o Conselho Nacional de Educação/Câmara de

Educação Básica emitiu o Parecer nº 05/97 de 07 de maio

de 1997, que indica não apenas os limites da sala como

As atividades escolares se realizem na tradicional sala de aula, do mesmo modo que em outros locais adequados a trabalhos teóricos e práticos, a leituras, pesquisas ou atividades em grupo, treinamento e demonstrações, contato com o meio ambiente e com as demais atividades humanas de natureza cultural e artística, visando à plenitude da formação de cada aluno (PARANÁ, 1998, p.120).

37

Observa-se que a legislação, embora não seja

específica, direciona a interpretação do leitor para a

importância da relação do espaço adequado com a

disciplina de Arte, visando como educação, a formação

integral do aluno.

Na realidade, esta alteração na legislação é o ponto

de partida para uma transformação de concepção, de

ideologia e até de paradigmas.

O Conselho Estadual de Educação do Paraná, nos

Pareceres nº 534/07 de 10 de agosto de 2007 e nº 832/07 de

07 de dezembro de 2007, apesar de enfatizar a importância

do laboratório de Ciências, refere-se à necessidade de

equipar todos os estabelecimentos de ensino com estruturas

adequadas, professores habilitados e recursos suficientes

para a manutenção, bem como, apud Parecer nº 95/99-CEE,

questiona o mantenedor quanto as condições das escolas

estaduais para a efetivação do reconhecimento. O Sistema

Estadual de Ensino, abordando as escolas públicas e

particulares, precisa ser repensado como um sistema

integrador e inclusivo, pois a legislação prevê a qualidade

educacional para todos indistintamente, e, o que se encontra

é um grande investimento nas escolas particulares e o

sucateamento das escolas públicas.

Segundo o Parecer nº 22/05 do Conselho Nacional

de Educação/Câmara de Educação Básica, datado em 04

de outubro de 2005, a Lei nº 9394/96 significou um avanço

para a área, pois além da obrigatoriedade e da alteração

na denominação “Educação Artística” para “Ensino da Arte”

provocou o entendimento da disciplina como forma de

conhecimento e não mais como atividade. Entendimento

que trouxe grande desenvolvimento para a área e, que

provocou reflexões e mudanças nos cursos de formação

de docentes e possibilitou uma visão diferenciada da

disciplina como componente curricular.

A nova denominação preconizada tende a fortalecer a proposta que vê o ensino da arte como área específica do saber humano, partindo do raciocínio de que a importância da arte está na arte em si mesma e no que ela pode oferecer, e não porque serviria para atingir outros fins (BRASIL, 2005, p.2).

38

Interpreta-se que indiretamente está implícito na

legislação a busca da qualidade de ensino, quando o sujeito

que a interpreta, tem compromisso com a mesma. Sabe-se

que são poucas as escolas que possuem espaços para a

disciplina, e, quando podem usufruir do mesmo, há

necessidade de justificativas por meio de relatórios anuais

para a efetiva manutenção e continuidade. Observa-se o

contido do Parecer nº 832/07-CEE, apud Parecer nº95/99-

CEE, que indiretamente outras áreas podem ser

beneficiadas:

[...] O rigor na apuração da existência de condições materiais e de recursos humanos qualificados ‘mínimos’ deve valer tanto para os estabelecimentos privados quanto públicos. Como pode o poder público zelar, como é seu dever constitucional, pela qualidade do ensino, se a começar das escolas que cria e autoriza as exigências vão sendo amortecidas, minimizadas e desqualificadas em nome de uma pseudo-criatividade? (PARANÁ, 2007, p.5). Observa-se na legislação, uma valorização da

área de exatas, quando é exigida a instalação do

laboratório de Ciências, Física, Química e Biologia em

detrimento da área de humanas quando não se exige,

explicitamente, o espaço para a concretização do

conhecimento artístico. O Estado vem suprindo as

escolas da rede com espaços, equipamentos e materiais

voltados para o ensino de Ciências, Física, Química e

Biologia, porém, o Ensino da Arte, não está sendo

contemplado. Como a legislação não é clara, não há

investimento expressivo na disciplina, o que induz ao

aligeiramento das aulas de Arte. O professor reduz o

desenvolvimento do conhecimento apenas para o

encaminhamento teórico de suas aulas e à

desvalorização na prática do aluno.

Assim, fica explícito que o mencionado Parecer deste Conselho Estadual de Educação, jamais afirmou ou indicou, mesmo que implicitamente, a não necessidade do laboratório de Ciências, no Ensino Fundamental. Pelo contrário, afirma sua necessidade e, sugere também, outros espaços para complementar as possibilidades de experimentação realizada pelos alunos” [grifo meu] (PARANÁ, 2007,p.8). O Ensino da Arte necessita de espaço adequado para

o trabalho prático, assim como, Ciências e outras,

necessitam da experimentação para concretizar conceitos

teóricos e buscar o novo.

Conforme a figura 27, o Colégio Estadual Dr.

Francisco Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio,

39

Médio, possui o laboratório supracitado totalmente

equipado, tem reconhecimento, pelo Conselho Estadual

de Educação, de suas condições plenas, porém, ainda

não possui uma sala de arte.

Fig. 28. Fachada do Colégio Estadual Francisco de Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio (CELEPAR, 2008).

Fig. 27. Laboratório de Física, Química e Biologia

do Colégio Estadual Dr. Francisco Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio (CELEPAR, 2008).

40

Fig 29 e 30. Estudos para adequação de uma sala para a disciplina de Arte, no Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio, realizados por Luciana Ravaglio Tavarnaro, arquiteta.

41

Refletindo

P Por que as escolas deveriam otimizar um espaço para se constituir como sala de arte? R

O Para quem e como este espaço é importante? F

Quando a escola já possui uma sala de arte, o espaço é adequado ao desenvolvimento do aluno? E

S Você percebeu que nas Diretrizes Curriculares Estaduais não há registro de discussões sobre o espaço físico para a disciplina de Arte? Quais os motivos que você aponta para esta decisão?

S O R

Qual seria a sua proposta para medidas saneadoras, a fim de que ocorram mudanças quanto à falta de um espaço físico adequado?

42

3 A importância do espaço físico para o Ensino da Arte

Fig 31 e 32. Foto datada em maio de 2008. Sala a ser adequada para a disciplina de Arte no Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo – EF e M (KRAUZE, 2008).

43

REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO FÍSICO PARA O ENSINO DA ARTE

Como o retromencionado, comprova-se a

importância do espaço para o Ensino da Arte no contexto

educacional. CASTILLO, numa visão da concepção

expositiva e das implicações na montagem de espaços

para exposições de Arte na contemporaneidade, indica

como ponto de início, a prática em comparação com o

fazer artístico, o espaço-tempo, a obra e o fruidor. (2008, p.

22). Elementos que entende-se como fundamentais para a

compreensão artística do contexto do indivíduo na

sociedade.

Compreende-se que, a divulgação do trabalho é

imprescindível no estabelecimento das já citadas relações

entre o artista e o espectador. A consciência do outro e as

relações sociais, iniciam-se pela interpretação das idéias

expressadas por ele. Por meio de trabalho expositivo

consegue-se aproximar os sujeitos dessas relações.

Mas de que se constitui esse entrelaçamento de sujeito, obra e espaço, senão de uma experiência estética em que fluxos de atração e repulsão, resultantes da fruição artística, estabelecem um processo subjetivo e espiritual capaz de dar

concretude à materialidade e à temporalidade tanto do objeto artístico quanto do espaço arquitetônico que ele ocupa? (CASTILLO, 2008, p.22). O objeto está diretamente ligado ao espaço, a Arte ao

objeto, portanto, um não sobrevive sem o outro. O Ensino da

Arte não é efetivo sem os dois, e, não é a fragmentação que

se procura, mas a educação integral.

O espaço expositivo também é uma preocupação de

MOGNOL (2007, p.125), que considera uma contribuição na

descrição do processo de trabalho, e, no desenvolvimento da

especificação das etapas seguidas, auxiliando no registro

documental da construção do conhecimento.

O espaço pode ser utilizado por outras disciplinas e

pela própria comunidade para o trabalho do estudo, da

prática e do comunicativo. Entende-se, que há grande

contribuição no processo social, se utilizado com a

concepção democrática. “O arranjo e o uso desses espaços

(estúdios de arte) podem configurar-se como centros

estimulantes e significativos das atividades e das múltiplas

percepções de mensagens que oferecem.” (MOGNOL, 2007,

p. 125).

44

Comprovada a importância do espaço, há

necessidade de partir-se para a ação. As transformações

só ocorrem se existir esta convicção, não é momento de

espera, muito menos de conformismo, há necessidade de

se estabelecer espaços adequados ao Ensino da Arte na

contemporaneidade, seja para o desenvolvimento do

conhecimento, seja para representação de aprendizagens

significativas e produtivas do aluno, ou então, para a

divulgação expositiva de todo o trabalho.

MOGNOL (2007, p. 119-120), que apresenta uma

preocupação com a questão da arquitetura dos espaços

educacionais, afirma que ainda hoje, ela representa a

demonstração de poder e isolamento e resulta de um

processo de construção social. Relaciona a ocupação do

espaço e sua distribuição, à disposição funcional dos

corpos dos alunos, retomando que a escola moderna

concretizou uma relação de poder. O corpo é ativo, sendo

obrigado a permanecer passivo por longas horas na

escola.

É uma questão de mudança de paradigmas ao

ocorrerem as transformações efetivas ao Ensino da Arte.

Acredita-se que enquanto os alunos estiverem enfileirados,

com seus corpos aprisionados aos pequenos espaços das

carteiras, limitados ao uso do caderno, em ambientes

desfavoráveis como porões ou sótãos definidos para a

disciplina, não só o trabalho artístico estará seriamente

comprometido, mas todo o processo educacional.

O espaço comunica o uso que dele se faz, e esse uso varia conforme as culturas e diz respeito não só às interações, mas também aos conflitos de poder, aos ritos sociais, ao uso do corpo e a toda semiologia para ler essas relações. Tais aspectos se referem à escola enquanto lugar que produz marcas nas estruturas mentais de crianças, adolescentes e jovens (MOGNOL, 2007, p.119). A escola deve prever a democratização do ensino,

mas o ponto de partida deveria ser a sua organização

arquitetônica integrada à pedagógica, pois enquanto

estiverem fragmentados os aspectos que a envolvem, não

acontecerão mudanças efetivas.

Para a autora, as estruturas mentais já conformadas

45

por um espaço, socializam e educam, mas recebem

influência do ambiente situando e ordenando

comportamentos (MOGNOL, 2007, p. 119).

A sala de arte, é um espaço produtivo que

desenvolve essas estruturas mentais do educando,

propicia as relações humanas, favorecendo a integração

das diversidades e da cultura existente, permite a

percepção de si e do outro, aproximando e inserindo.

A questão do espaço não é tarefa fácil, pois

depende de uma série de recursos: físicos, humanos,

materiais, dos aspectos financeiros, político-

administrativos, bem como, dos conceituais, pois a

administração escolar e seus pares ao entenderem a

importância do Ensino da Arte, compreendem que o

investimento é produtivo e imprescindível para a sua

melhoria na rede estadual.

Estabelecida essa grande preocupação com a

arquitetura da escola, percebe-se que são muitos os

aspectos envolvidos, porém ainda, para serem objetos de

reflexão. Poucos autores começaram a demonstrar grande

interesse pelo estudo, mas o que existe é de grande valia,

vários campos de estudo estão comprometidos com a

questão do espaço, não só voltados para o educacional, mas

principalmente, ao empresarial. Sabe-se que o homem em

ambiente favorável, consegue produzir mais e melhor.

Considerando o sistema tradicional escolar para a

ocupação do espaço e a antropologia, concorda-se com a

idéia de que “a cultura dita normas em relação ao corpo, que

é socialmente concebido, e a educação é quem faz a

introjeção e fixa ideais intelectuais, afetivos e físicos no

corpo das crianças.” (MOGNOL , p.119, apud RODRIGUES,

1975).

É um grande compromisso de todos, buscar soluções

para os espaços da Arte na educação, bem como, para

outros espaços que auxiliem nas aprendizagens

significativas do aluno.

O espaço arquitetônico escolar, deve partir do

contexto da realidade, uma vez que existem influências

próprias a cada região, e, populações com características

culturais já estabelecidas. Deve enfocar os diferentes pontos

46

de vista na elaboração do projeto prévio: a quem se

destina, o que é necessário construir e para quem trará

benefícios. Muitos estabelecimentos de ensino foram

cópias arquitetônicas de outros municípios e estados, não

sendo condizentes com as necessidades impostas pela

realidade, o que prejudicou o desenvolvimento do currículo,

parcialmente.

Da mesma forma, devem ser enfatizadas “as

técnicas nos modos do corpo e os episódios educacionais

que são impostos a partir de uma tríplice abordagem: da

fisiologia, da psicologia e da sociologia.” (MOGNOL, p.120,

apud MAUSS, 1974).

Um projeto bem elaborado, condizente ao número

de alunos por turma, deve ser implantado em todas as

escolas do sistema, buscando a tão citada melhoria do

ensino.

ORMEZZANO (2006), em concordância conceptiva,

afirma que é fundamental para o trabalho em Artes Visuais,

os materiais e o espaço adequado. Este espaço deve

também possibilitar a função educativa através da

exposição.

Entende-se que, o trabalho expositivo pode ser uma

excelente forma de condução pedagógica à cidadania e à

autonomia do aluno, com a democratização do trabalho de

seleção e a apreciação da produção do outro.

Um espaço adequado depende de recursos, das

concepções que a instituição tem de educação, da forma

como é conduzido e do currículo.

Pode ser utilizada a parte traseira de um armário, uma porta que não se usa mais, uma corda com grampos de roupa ou uma parte da parede forrada em cortiça. É importante que os alunos participem da montagem, da escolha do tema e da seleção dos trabalhos a serem expostos. Desse modo, aqueles alunos com tendências mais destrutivas, terão mais dificuldade em destruir o trabalho que eles mesmos auxiliaram a realizar. As produções podem também ser expostas noutros locais, mas, nem sempre é educativo expor o que os alunos produzem ao público, a menos que eles mesmos desejem essa exposição, assim, como pode ser destrutiva, discriminadora e prejudicial a seleção dos melhores trabalhos pelo professor, desconsiderando o esforço pessoal de todos os participantes (ORMEZZANO, 2006). As concepções contidas na Proposta Pedagógica,

quando estabelecidas para a realidade da instituição e não

como mera cópia de modelos, são fundamentais nas

escolhas para a montagem do espaço.

47

Compreende-se nas afirmações da autora, que o

trabalho realizado na sala de arte, deve ter condução

pedagógica diferenciada, pois é necessário um tempo

maior para o trabalho com artes visuais, há necessidade de

uma preparação para a compreensão da proposta, para a

elaboração mental do aluno, depois para a seleção e

organização do material a ser utilizado, para a produção

criativa e para a reflexão sobre todo o processo.

Observa-se que o tempo constante na Matriz

Curricular de 50 minutos, é pouco para o desenvolvimento

de um projeto artístico, além da locomoção do aluno e da

chamada, há necessidade de explicitação sobre a proposta

do trabalho a ser desenvolvido, e, tempo para a sua

execução. Como é possível desenvolver o conhecimento

em todos os aspectos que o envolvem, se não há tempo

hábil?

É necessário abrir nova discussão, visando

modificações na Proposta Pedagógica do estabelecimento

de ensino, e, conseqüentemente na Matriz Curricular,

repensando os paradigmas já estabelecidos, em âmbito

nacional e municipal, pela ampliação da carga horária na

disciplina.

O ensino tradicional ainda está presente na

arquitetura da escola, como o já citado, mas também, na

condução do trabalho pedagógico da comunidade escolar, e,

na Proposta Pedagógica que deveria ser refletida e discutida

democraticamente.

No espaço-tempo da oficina, promovem-se vivências pessoais e interpessoais, alicerçadas numa ação criadora e motriz do desenvolvimento das quatro funções básicas da consciência: pensamento, sentimento, sensação, e intuição. A oficina precisa muito de intuição para perceber o jogo de olhares, a postura corporal, os gestos dos participantes. Nela se busca descontrair; integrar o grupo; despertar o interesse, a paixão, para o que pode ser relevante ou irrelevante em determinados momentos; favorecer a tomada de consciência; criar um espaço de trabalho e discussão no qual todos os participantes se sintam mestres e aprendizes, construindo o conhecimento em sucessivas etapas coletivas e autônomas. Essa construção se dá desde que algo a conhecer seja, verdadeiramente, significativo (ORMEZZANO, 2006).

A percepção está comprometida com essa velocidade

temporal e relacionada à Cultura Visual, mas a educação do

olhar não pode ser ignorada pela comunidade escolar, pois o

objetivo maior é formar um agente transformador da

sociedade.

48

Para ORMEZZANO (2006), as oficinas de arte são

espaços de troca, de participação integral como fonte de

motivação à produção e à criação, de aprofundamento do

processo educativo, fortalecendo os sentidos e o

pensamento, ajudando a desbloquear sentimentos,

promovendo a inteligência social e a criatividade coletiva,

integrando o corpo e a mente à alma.

Percebe-se que a contemporaneidade não tem mais

espaço para o ensino tradicional, o desenvolvimento pleno

do aluno, depende das mudanças educacionais e a

pesquisa tornou-se fundamental para detectar o que deve

ser discutido. O professor deve assumir a posição de

orientador e fomentar o desenvolvimento da capacidade do

aluno para enfrentar a própria realidade.

MOGNOL, também propõe mudanças no ensino

tradicional, como a disposição das carteiras em filas e

“corpos dóceis” controlados e vigiados, e que

urgentemente devem ser repensados sob os aspectos

físico, cultural e natural. O espaço do Ensino da Arte deve

ser, conforme o retromencionado, ativo nas múltiplas

relações, flexível e versátil, possibilitando o novo, a

autonomia, além da expressão e da construção do

conhecimento. Ao docente, propõe assumir a posição de um

“articulador, um propositor de experiências sensíveis,

superando assim a estrutura rígida, linear, simétrica e

retilínea dos espaços educativos e dos currículos lineares.”

(MOGNOL, 2007, p. 120-126).

No mundo interativo não se pode mais, ficar no

alienamento, pois o espaço/tempo são construções sociais

inseridas entre as noções de trabalho e da cultura. O aluno

traz consigo esse conhecimento do mundo que o rodeia,

mas precisa ser despertado para um olhar mais crítico e para

perceber o novo.

[...] a percepção das relações entre espaço e tempo no currículo está imbricada com as práticas e representações socioculturais. Nesse sentido, o currículo composto por espaços geográficos, simbólicos e sociais.[...] Assim, a escola e o currículo são responsáveis por determinar formas de perceber e pensar o espaço e o tempo, percepção e entendimento que não são naturais, mas construídos pela cultura. O currículo tem operadores por meio dos quais se coloca em movimento e cujas ordenações refletem a construção da espacialidade moderna. São calendários, cronogramas e horários escolares que estabelecem a conexão tempo/espaço (MOGNOL, 2007, p.121-122).

49

Na contemporaneidade, o espaço deve ser refletido sob

um novo modo de construí-lo, juntamente à escola, pois sabe-

se que o que tem sido feito, não tem correspondido à

realidade. Os objetivos não estão sendo atingidos

plenamente, existem muitas barreiras a serem ultrapassadas.

Na montagem de um espaço educativo entende-se que o

indivíduo estando numa nova época, deve levar em conta a

realidade do entorno, para a funcionalidade e otimização do

mesmo.

De acordo com estas afirmações: “esta é época do

espaço, do simultâneo, da justaposição, do entrecruzamento

do tempo e do espaço, ao mesmo tempo da dispersão em

que no mundo se experimenta. ”(MOGNOL, 2007, apud

FOUCAULT, 2001, p.411). Percebe-se que algumas

mudanças estão ocorrendo, principalmente quando é focada a

Educação Infantil, compreende-se que o espaço físico educa,

interfere diretamente na vida do ser humano.

As relações entre a Arte e a contemporaneidade, estão

integradas ao espaço-tempo, e, ao distanciamento necessário

à expressão, para que o olhar possa ter maior clareza do

social, de significados tão diversos e ilimitados.

Na especificidade do Ensino da Arte, como o

retromencionado, são apontadas necessidades de mudança

para uma posição ativa na convivência com o ambiente,

com uma arquitetura, mobiliário e recursos materiais que

propiciem à educação estética e ao papel da escola como

agente desse processo. É importante revisar que o

desenvolvimento dos sentidos só acontecem enfatizando a

liberdade, “através da ação, e a ação requer espaço, - não

o espaço restrito da sala ou de um ginásio, mas o espaço

da natureza”. (MOGNOL, 2007, apud READ, 1982, p. 124).

Quando existe um senso comum entre os teóricos e

professores, sobre o tema da necessidade do espaço físico

para a qualidade educacional, é recorrente da veracidade

comprovada pela pesquisa científica, bem como, pela

prática do cotidiano escolar.

50

4 Indicações para a construção de uma Sala de Arte

Fig 33 e 34. Consulta ao engenheiro Carlos Dib, (representado pela design Isabelle Krauze da Silva), para o projeto de intervenção (PDE)

51

A construção arquitetônica, a ergonomia e a

engenharia, devem ser integradas favoravelmente à

elaboração de um ambiente considerado “ideal” para o

Ensino da Arte. Num ambiente propício, o aluno

desenvolve suas percepções com maior fluidez e

funcionalidade, produzindo mais e melhor o

conhecimento (KRAUZE, 2008, p. 26).

52

Colega, a partir de agora, serão

feitas indicações de fundamentação teórica, da

pesquisa-ação realizada para o projeto de intervenção “Sala de Arte: a importância do espaço”.

Esta intervenção tem sua origem no Colégio Estadual Francisco

Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e Médio, do

município de Curitiba.

São estudos de caráter construtivo, importantes para a montagem de um ambiente para

a disciplina de Arte, na sua escola, bem como, base para

outros projetos.

Fig 35. Pôster – representação do projeto PDE (KRAUZE, 2008).

53

“A monumentalidade nunca me atemoriza quando um tema mais forte a justifica. Afinal, o que ficou da arquitetura foram as obras monumentais,

as que marcam o tempo e a evolução da técnica. As que, justas ou não sob o ponto de vista social, ainda nos comovem.”

Oscar Niemeyer

Foto Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (MARTINI, 2008).

54

Questões Ergonômicas

Inicialmente, é necessário fazer-se o diagnóstico da

instituição para a montagem ou construção da sala de arte, uma

vez que os dados apresentados vão nortear o projeto a ser

implantado.

Observa-se que as implicações dessa montagem

relacionam-se diretamente com as dimensões, quantidade de

pessoas que vão vivenciar a arte neste espaço, estabelecendo a

relação social, bem como, com o contexto escolar, a natureza

humana e suas emoções, o local onde se habita.

IIDA, ao analisar o processo de ensino, analisa também a

postura dos alunos classificando em dois tipos básicos a relação

do corpo com as carteiras escolares: “inclinado para frente, sem

usar encosto, com um ou dois antebraços sobre a mesa, e,

encostado, com os antebraços sem contato com a mesa.” (2005,

p. 569 a 575). Tendo como conseqüência um gasto de 80% do

tempo, a primeira classificação do autor, que ocorre quando o

aluno está escrevendo e a segunda, quando está ouvindo, são

duas posturas inadequadas

Fig 36. Carteiras início do século XX. Original disponível em: <http://www.overmundo.com.br/_overblog/multiplas/1198262650_carteira_escolar.jpg>.Acesso em 15/10/2008. Transformação da imagem: Josiane Maria Krauze da Silva, 2008.

Questões Ergonômicas

55

Questões Ergonômicas

A antropometria é extremamente importante para que o

corpo do aluno tenha um bom desenvolvimento e possibilite a

existência de conforto para realizar o próprio estudo.

Entende-se que além das medidas, as formas do

mobiliário também tem importante destaque para o conforto do

aluno, e que, a sua atenção e produção está diretamente

relacionada com a sua carteira.

Para o autor (2005, p. 569 a 575), uma inadequação

pode causar dores e degenerações que podem persistir até a

fase adulta. A carteira escolar, é considerada um posto de

trabalho do aluno, e, deve ser projetada para permitir a

mobilidade, o conforto, e, facilitar a realização das atividades

educacionais.

Nos estudos do autor são apresentadas duas tabelas

com as dimensões recomendadas tanto para mesas, como para

cadeiras escolares conforme NBR 14006/2003. Ver a seguir:

Fig 37. Carteiras escolares contemporâneas. Original disponível em: <http://www.designgrafico.art.br>. Acesso em: 15/10/2008. Transformação da imagem: Josiane Maria Krauze da Silva, 2008.

56

Questões Ergonômicas

TABELAS PARA MOBILIÁRIOS ESCOLARES - NBR (IIDA, 2005, p. 574)

Dimensões recomendadas para mesas escolares (NBR 14006/2003)

Identificação do tamanho (cm) Classe de tamanhos 1 2 3 4 5 6

Estaturas (cm) Até 100 100 a 130 130 a 148 148 a 162 162 a 180 Acima de 180

Largura mínima – 1

lugar

60 60 60 60 60 60

Largura mínima – 2

lugares

120 120 120 120 120 120

Profundidade mínima

45 45 45 45 45 45

Tampo

Altura (tolerância +-

1 cm)

46 52 58 64 70 76

Largura mínima – 1

lugar

45 47 47 47 47 50

Profundidade mínima

30 30 30 35 40 50

Espaço

para pernas

Altura mínima

35 41 47 53 59 65

57

Questões Ergonômicas

Dimensões recomendadas para cadeiras escolares (NBR 14006/2003)

Classe de tamanhos 1 2 3 4 5 6

Estaturas (cm) Até 100 100 a 130 130 a 148 148 a 162 162 a 180 Acima de 180 A S S E N T O

Largura mínima Profundidade (+- 1 cm)

Altura (+- 1 cm) Inclinação

33

26

26

2 a 4º

33

29

30

2 a 4º

33

33

34

2 a 4º

39

36

38

2 a 4º

39

38

42

2 a 4º

39

40

46

2 a 4º

E N C OS T O

Largura mínima Altura mínima a partir do assento

Altura máxima a partir do assento Raio de curvatura

30

21

25

50 a 90

30

25

28

50 a 90

30

28

31

50 a 90

30

31

33

50 a 90

30

33

36

50 a 90

30

36

40

50 a 90 Ângulo assento/encosto

95 a 106º 95 a 106º 95 a 106º 95 a 106º 95 a 106º 95 a 106º

58

Questões Ergonômicas

O corpo humano sempre foi a base de muitas

pesquisas. Na atualidade, mudaram-se os fins, porém não

menos importante, continuaram-se os estudos para a busca

do conforto, ocupando menor espaço.

Para o autor, o clima também influencia nas

proporções do corpo, em lugares mais quentes a tendência

dos corpos fica mais longilínea no tronco e membros “devido

a troca de calor com o ambiente” (2005, p. 103), em contrário

aos climas frios, com tendência para mais curvilíneo e

volumoso, pois conservam o calor com mais facilidade.

Para IIDA, existem diferenças entre as medidas de

acordo com os sexos, feminino e masculino, as etnias, e a

idade com as suas variações. Abaixo, o autor estabelece as

diferentes medidas entre a dimensão da cabeça e o tronco

que coincide com o comprimento do braço:

Vários autores estudam as influências do ambiente

sobre o corpo humano, o que se constitui em detalhes de

grande importância para projetar-se um espaço adequado.

Refletindo sobre o espaço escolar, observa-se que

esta ação nem sempre existiu, muitas escolas são

construções improvisadas e inadequadas ao processo

educativo, o corpo do aluno fica esquecido diante do desafio

de acomodar um grande número de matrículas.

Tabela 3. As proporções corporais vão se modificando com a

idade (IIDA, 2005, p.100).

IDADE ESTATURA/CABEÇA TRONCO/BRAÇORecém- 3,8 1,00

nascido IIDA, reforça que para realizar uma função, o corpo conjuga

vários movimentos, relacionando-se com as medidas

posturais, os instrumentos e técnicas de medida

empregados, às referências da localização, ao crescimento

não linear, às diferenças individuais. (2005, p.110).

2 anos 4,8 1,14 7 anos 6,0 1,25 Adulto 7,5 1,50

59

Questões Ergonômicas

O homem tem características próprias, porém, houve

necessidade de estabelecer-se uma média padrão para a

norma vigente. Existem normas estabelecidas que devem

ser seguidas, mas sabe-se que não estão sendo respeitadas

integralmente.

Meninos acima de 120 cm de estatura possuem relativamente maiores alturas poplíteas e maiores distâncias entre o cotovelo e o piso, em relação às meninas da mesma estatura. Em compensação, meninas acima de 120 cm de estatura, tem maior profundidade poplítea-nádega e maior perímetro da bacia, em relação aos meninos de mesma estatura (IIDA, 2005, p. 571).

Sabe-se que, alguns autores já escreveram,

questionando o tamanho das cadeiras, que o ideal deveria

ser a adequação a cada movimento da pessoa, mas

entende-se que apesar desse estudo, há necessidade de se

estabelecer uma norma padrão para a possibilitação de

atendimento à população.

Fig 38: Foto mostrando a postura corporal do aluno induzida por um conjunto escolar ergonométrico. Ergonomia da sala de aula: constrangimentos posturais impostos pela sala de aula. Antônio Renato Pereira Moro. (Mobiliário escolar regulável de propriedade da Indústria CEQUIPEL - Biguaçu-SC). Original disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm> Revista Digital Buenos Aires, Año 10, nº 85, Junio de 2005. Acesso em 31/10/2008. Transformação da imagem: Josiane Maria Krauze da Silva, 2008.

60

Questões Ergonômicas

A importância do mobiliário já está definida pela

legislação, sabe-se que estão previstas normas previamente

pesquisadas, como o supracitado, e, que a sala de arte “ideal”

necessita de um mobiliário especializado, que deve estar

adequado à faixa etária do aluno.

As normas estão previstas para a média populacional,

mas existem proposições diferenciadas para mobiliários

funcionais. Na escola são padronizados por faixa etária.

NEUFERT (1976, p. 214), embora refira-se às

dimensões dos alunos da Alemanha, afirma que até pouco

tempo o mobiliário escolar era fixo e que de acordo com os

novos métodos de ensino, foram necessários, mesas e

bancos móveis, com altura regulável, ou a oferta de bancos

e carteiras de alturas diferentes. Para ele, os móveis sendo

soltos permitem reagrupamentos diferentes e facilitam a

limpeza. Hoje em dia, em salas de aula comuns, dá-se

preferência à carteira com dois assentos fixos, mas nas

escolas da rede estadual do Paraná, são utilizadas carteiras

individuais.

No Brasil, existem as normas que prevêem instalações

e mobiliários com tamanhos diferentes, visando o corpo do

aluno. Sem desprezar os fins para que os ambientes se

destinam, e o previamente projetado, é importante o

aproveitamento do espaço.

No Brasil, a norma NBR 14006/2003 fixa 6 diferentes tamanhos de mesas e cadeiras escolares, de acordo com as faixas de estatura [...] Essa norma adota medidas baseadas na ISSO 5970, devido à inexistência de medidas antropométricas da população infanto-juvenil de abrangência nacional [...] De acordo com essa norma, o tampo da mesa deve ter a dimensão mínima de 45x60 cm e ficar na horizontal. Se houver necessidade, o mesmo pode ser inclinado até 10º. O assento deve ter inclinação de 2 a 4º e sua aba frontal, uma curvatura para baixo de 3,5 cm, com raio de 3 a 9 cm. O ângulo entre o assento e o encosto deve ficar entre 95 a 106º, e o encosto deve ter uma curvatura côncava para dentro, com raio de 50 a 90 cm. A norma apresenta ainda especificações de acabamento e recomendações para ensaios de resistência mecânica e estabilidade (IIDA, 2005, p. 574).

A sala de arte, ao ser projetada, deve ser refletida

para o melhor mobiliário a atender os alunos, de acordo com

estatura, faixa etária e finalidade de utilização. Deve seguir

os estudos da normatização, mas ser adequado ao efetivo

trabalho.

61

Questões Ergonômicas

1

No Paraná, existem normas que seguem a Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, de acordo com as

diferenças dos alunos, e, a Secretaria de Estado da Saúde

emitiu a Resolução nº 318/02 de 31 de julho de 20021, que

aprovou a norma técnica que estabelece exigências sanitárias

para instituições de ensino fundamental, médio, superior e

cursos livres, e, apontou para a sala de uso múltiplo uma

estrutura mínima - referência que inclui a sala de arte.

As Normas Brasileiras (NBR 140006/1997) prevêem esse problema, dividindo a carteira escolar em sete classes de medidas de tamanho para mesas e assentos em todas as instituições educacionais, onde deverão ser observados as variáveis antropométricas de cada aluno. Porém, na prática, essa norma nunca foi obedecida. Talvez por não dispormos dados antropométricos de nossos alunos ou porque as nossas salas de aulas são usadas para diferentes níveis escolares com diferentes faixas etárias, ou ainda, será que é pelo custo ? Ou por não sabermos decidir ? São questões sem soluções. As normas existem, mas parecem um pouco a margem de nossa realidade educacional (MORO, 2005).

São várias as interpretações da legislação vigente, mas

quanto às normas não há possibilidades de agir

diferentemente do que está previsto, ao menos que as

realidades não consigam alcançar estas determinações por

falta de recursos financeiros, ou, por necessitarem de um

trabalho diferenciado.

Refletindo sobre as afirmações acima, pode-se concluir

que a escola pública precisa de maior atenção, basta imaginar a

criança sentada numa carteira inadequada durante pelo menos

quatro horas seguidas. A falta de conscientização e infra-

estrutura nos estabelecimentos de ensino, sobre este aspecto, é

prejudicial à saúde.

1 PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Resolução nº 318/02. Disponível em:

<http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/legislação/atosdodiretorgeral/2004/portarias/port031-2004anexo>.

62

Questões Ergonômicas

Fig 39 e 40 Carteiras antigas da UFPR/Departamento de Artes

(KRAUZE, 2008).

63

Questões Ergonômicas

Deve-se refletir, também, sobre essa possibilidade

para as escolas da rede estadual, pois a Arte deve ser

trabalhada nas quatro áreas: Dança, Música, Teatro e

Artes Visuais, sendo necessário espaço específico para

cada uma delas. Em Curitiba, sabe-se da existência deste

tipo de arquitetura no Colégio Estadual do Paraná – Ensino

Médio e Profissional, que funciona com atendimento aos

alunos na disciplina de Arte do Ensino Médio, mas faz

também, um trabalho extra-curricular nas oficinas. É um

modelo a ser seguido, pois a maioria das escolas não

oferece a possibilidade de se construir nenhum espaço

para a disciplina.

A organização da escola pode dividir as aulas em gerais ou particulares. As primeiras distribuem cada aluno numa sala determinada que só abandona para determinados exercícios (ginástica, canto, trabalhos manuais, etc) e pela qual passam os diversos professores; nas segundas, cada professor dá aulas numa sala própria a várias turmas (NEUFERT, 1976, p.215).

Uma vez que não se dispõe de espaços adequados,

como poderia a escola atender o aluno dentro de sua

realidade? Um grande investimento se faz necessário e

urgente, e, um trabalho de gestão escolar é indispensável nas

buscas alternativas.

O autor propõe salas específicas de acordo com o

trabalho a ser produzido, como sala de desenho, sala de

música e oficinas de carpintaria, trabalho com metais, de

trabalho com cartão, e outros. Para cada tipo, apresenta os

móveis, a ocupação do espaço e a construção necessários.

(NEUFERT, 1976, p. 218).

64

Questões Ergonômicas

Professor, você já ficou sentado numa carteira escolar por quatro horas seguidas?

A sala de aula é um espaço adequado para o desenvolvimento do currículo na disciplina de Arte?

Fig 41 . CELEPAR. Sala de aula com carteiras escolares atuais, da Escola Estadual Dom Áttico Eusébio da Rocha – Ensino Fundamental. Disponível em <http://www.seed.pr.gov.br/diaadia/escola/index.php?PHPSESSID=200804> . Acesso em 15/10/2008.

65

“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A linha que encontro nas montanhas do meu país.

No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein.”

Oscar Niemeyer

Foto Catedral de Brasília (MARTINI, 2008).

66

A cor e o ambiente

De acordo com os estudos de IIDA, a luz é uma

energia física e se propaga por meio de ondas

eletromagnéticas: “O olho humano é sensível a radiações

eletromagnéticas na faixa de 400 a 750 nanômetros

(1nm=10-9 m), ou 0,4 a 0,75 mícrons (1 mícron = 10-6 m),

mas não tem sensibilidade uniforme para todos os

comprimentos de onda dessa faixa.” (2005, p.86).

Para a escolha da cor ao ambiente, é necessário a

compreensão da física que a envolve na relação com o

corpo humano.

Para o autor (2005, p. 86), a sensibilidade máxima é

de 555 nm quando o olho está adaptado à luz e ficando na

cor verde-amarela, em contraposição, quando está

adaptado ao escuro, varia para 510 nm e se aproxima da

cor azul. Pode-se compreender que a luz tem grande

importância para a percepção da cor, pois ocorrem

modificações nos olhos humanos. Órgãos favorecedores

da aproximação entre o sujeito e o ambiente.

Fig 42. Olho humano (KRAUZE, 2008).

67

A cor e o ambiente

Atualmente, foram considerados sete tipos de

receptores cromáticos, que não ficam distribuídos de

maneira uniforme na retina, diferentemente de antigamente

que eram considerados apenas “três tipos de receptores

cromáticos dentro dos cones: o vermelho (680 nm), o verde

(545 nm) e o azul (430 nm).” (IIDA, 2005, p.86).

Compreende-se que a luz branca contém todas as

cores em seu espectro, e, que existem classificações tanto

para as relacionadas à luz quanto para as relacionadas à

pigmentação. E que cada indivíduo percebe e sente de

maneira própria.

O autor afirma que: “Todas as cores são visíveis

quando a imagem é projetada na fóvea. Afastando-se da

fóvea, a sensibilidade às cores vai diminuindo. Vermelho,

verde e amarelo são visíveis até o ângulo de 50º, o verde

até 65º e o branco, até 90º.”(2005,p.86).

Fig 43. Espectro de cores (KRAUZE, 2008).

Percebe-se que a relação entre a luz, o olho e a cor

68

A cor e o ambiente

é direta e bastante científica, quando experimental. Isaac

Newton, já realizava experimentações com as cores e

seus efeitos ópticos. Sabe-se que o homem percebe o

mundo que o rodeia, colorido e cheio de significados.

a luz de maneira seletiva, “isso significa que a luz refletida tem

uma composição diferente da luz incidente e essa diferença é

responsável pelo aparecimento de cores.” (2005, p.87).

Quando uma superfície é de determinada cor, isto

significa que essa cor absorve “todos os demais comprimentos

de onda” e reflete só essa cor, o que é diferente para a luz

artificial, “as cores ditas ‘reais’ são aquelas que o olho humano

percebe normalmente quando os objetos são iluminados pela

luz solar.” O espectro é diferente da luz branca, e pode mudar

a cor. (IIDA, 2005, p. 87)

IIDA explica que, é através do reflexo de objetos

onde incide a luz branca ou solar, que “contém todos os

comprimentos de onda visíveis.” Esses objetos refletem a

luz de maneira seletiva, “isso significa que a luz refletida

tem uma composição diferente da luz incidente e essa

diferença é responsável pelo aparecimento de cores.”

(2005, p.87). Observa-se que o corpo humano tem influência física

como o supracitado, mas também emocional, da vivência, da

simbologia e do psicológico na percepção da cor. A mesma

cor tem diferentes significados de uma cultura para outra.

Como por exemplo: o branco, que para os budistas significa

redenção e libertação, para os chineses e japoneses, é morte

e luto, bem como, para os ocidentais é pureza e virtude. Já a

cor vermelha para os chineses é alegria e sorte, para os

japoneses é raiva, ódio, perigo, e, para os ocidentais é perigo.

Observa-se que o corpo humano tem influência

física como o supracitado, mas também emocional, da

vivência, da simbologia e do psicológico na percepção da

cor. A mesma cor tem diferentes significados de uma

cultura para outra.

Quando uma superfície é de determinada cor, isto

significa que essa cor absorve “todos os demais

comprimentos de onda visíveis.” Esses objetos refletem

69

A cor e o ambiente

Percebe-se a apresentação de um estudo

aprofundado sobre essa questão, mas a abordagem

permanecerá na relação com o ambiente, mesmo que

existam influências das cores em publicidade, mídias,

objetos, vestuário, obras de arte, comércio, enfim em

toda a sociedade contemporânea. Sabe-se que existem

simbologias nas cores de acordo com a diversidade

cultural. Um projeto de sala de arte é para a melhoria das

condições educacionais visando a melhoria da vida de

seus usuários.

O uso da cor, num ambiente, deve ser bem

planejado: “As paredes, máquinas e equipamentos de

transporte e até utensílios e ferramentas individuais

deverão seguir as cores planejadas.” IIDA (2005, p.486),

Deve-se pensar no visual, no emocional do

indivíduo, e, no eqüilíbrio do ambiente, mesmo que as

Fig 44. CELEPAR, Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br> . Acesso em: 15/10/2008. concepções e significados da contemporaneidade sejam

70

A cor e o ambiente

mutáveis. Para a sala de arte, existem outros fatores

além da cor a serem refletidos no projeto, pois deve

haver integração entre a arquitetura e o mobiliário, e, a

cor se faz presente em tudo.

tetos e móveis, pois isso pode distrair a atenção.” (IIDA,

2005, p.486).

Entende-se, para o ambiente educacional, que distrair

a atenção do aluno é extremamente prejudicial ao trabalho

artístico, pois a percepção é fundamental para o trabalho

com Arte. É de suma importância saber compor, pois as

cores podem ser classificadas de várias formas, bem como,

causar efeitos diversos ao ambiente. Uma única cor, quando

combinada à outra, pode modificar sua influência.

IIDA afirma em seus estudos sobre a cor, que para

maior visibilidade deve-se aumentar o contraste, além do

nível de iluminação, e, para não ocorrer em monotonia,

deve-se compor com cores diferentes em “algumas

paredes, vigas, pilares, cortinas, máquinas, mesas,

cadeiras, estantes e assim por diante.” (2005, p.486). NEUFERT, em concordância com o contido acima,

também realizou estudos sobre o homem e sua relação com

a cor. Declara que a cor pode provocar “otimismo ou

depressão”, bem como, “atividade ou passividade.” (1976,

p.27).

Muitos estudos são realizados, culminando no

aspecto da cor e sua influência psicológica sobre o ser

humano. Um ambiente educacional deve favorecer a

segurança e o bem estar, deve propor o trabalho e

fomentar aprendizagens. Uma escolha errada pode trazer resultados bastante

ruins, embora quando uma pessoa está inserida em um

ambiente, tende a acostumar-se e adaptar-se ao mesmo. Os

alunos, muitas vezes, tendem a se acostumar com lugares

Observa-se que, o autor propõe, que para não

poluir visualmente o ambiente: “Não se recomenda o uso

de cores muito fortes e ‘chamativas’ nas paredes, pisos,

71

A cor e o ambiente

desgastados e de aspecto desagradável, pela falta de

manutenção dos prédios escolares.

O autor, classificando as cores em impulsivas,

pouco impulsivas, quentes e ativas, frias e passivas,

propõe que a cor do ambiente “em oficinas, escritórios

ou escolas” influenciam a produção e o aproveitamento,

e, “em clínicas” é de grande influência para a saúde do

paciente. (NEUFERT, 1976, p.27).

A sala de arte contemporânea, deve agregar

valores, propor conhecimento da realidade através do

novo, estar aberta à autonomia e à mudanças de

paradigmas pré-estabelecidos, a partir desses pontos

de vista, é de grande importância ao ambiente

educacional. Deve ser bem projetada, combinando os

vários aspectos que a envolvem, podendo partir do uso

das cores.

Fig 45. BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org). Exposição Fotográfica Imagens do Universo Escolar na Curitiba do Século XX. 28º Reunião Anual da ANPED. Minas Gerais, 2005.

NEUFERT (1976, p.27), propõe que a cor pode

agir de duas formas: indireta quando reduz ou aumenta

72

A cor e o ambiente

um espaço, sendo componente perceptivo do mesmo,

ou direta ao provocar a emoção psicológica.

número de indivíduos freqüentadores, permitir boa ventilação

e aquecimento, uma boa iluminação para a melhor

visibilidade, além de estimular para o trabalho com Arte.

Para o autor, o branco, além de limpeza e ordem, consegue

desligar uma cor da outra neutralizando, clareando e

alegrando.

Refletir sobre as escolhas é de suma

importância, haja vista o supracitado. Deve-se estar de

acordo com as medidas do espaço, suas formas e

posições de iluminação.

Há necessidade de reflexão, também, sobre o

material que será utilizado para o trabalho do aluno, pois

com poucos recursos, as possibilidades são limitadas. A

escolha da cor é apenas um dos recursos, porém importante.

A cor mais impulsiva é o alaranjado; seguem-se o amarelo, o encarnado, os verdes-amarelos e o púrpura. As menos impulsivas são o azul, o verde-azul e o violeta (cores frias). As cores impulsivas só estão indicadas para compartimentos pequenos, as pouco impulsivas, pelo contrário, estão indicadas para grandes superfícies. As cores quentes são ativas, excitantes, por vezes irritantes. As cores frias são passivas, tranqüilizante ou íntimas. O verde é sedativo. A ação da cor depende também da iluminação e do ambiente [...] (NEUFERT, 1976, p.27).

As côres [sic] quentes e claras [grifo do autor] atuam de cima como excitantes do espírito, das costas são acolhedoras ou íntimas; de baixo, leves, flutuantes. As côres quentes e escuras criam, de cima, dignidade; pelas costas são limitantes; de baixo conferem segurança e firmeza. As côres frias e claras são luminosas e repousantes de cima; protetoras pelas costas; de efeito deslizante quando de baixo. As côres frias e escuras são ameaçadoras quando de cima, frias e tristes pelas costas; pesadas e monótonas de baixo (NEUFERT, 1976, p.27).

Não obstante, percebe-se que para a sala de

artes, deve-se refletir sobre a necessidade de oferecer

um ambiente calmo ao aluno sem provocar monotonia, organizado, com mobiliário adequado ao tamanho do

mesmo, com espaço para circulação de acordo com o Ao escolher a cor para a sala de arte, deve-se levar

em conta que as paredes não estarão vazias, pois há

73

A cor e o ambiente

necessidade de espaços para o material expositivo e/ou

murais, para prateleiras, varais e para quadro de

registro do professor.

Subentende-se que para a referida sala, o ideal é

utilizar cores claras no teto e na parede de fundo, para

aumentar o espaço; no piso, embora usar cores quentes e

escuras transmita segurança e firmeza aos alunos, deve-se

lembrar que para não haver redução da absorção da luz

recomenda-se utilizar-se as claras, bem como, tinta lavável

até a metade da parede para facilitar a limpeza; harmonizar

cores quentes e claras e/ou frias e claras com o branco, nas

paredes laterais e de entrada, para dar sensação de

organização, proteção ou acolhimento e intimidade. Sabe-se

que estas escolhas dependem do tamanho, formato,

aquecimento e iluminação do espaço arquitetônico a ser

construído.

Assim como NEUFERT (1976, p. 27), propõe

que um teto pintado com cor escura provoca sensação

de estar mais baixo; para o ambiente ficar mais alto

deve-se pintar as paredes com cores escuras e o teto

com clara; quando a parede do fundo está com cor

mais escura que as paredes laterais, o ambiente fica

mais curto.

Desse ponto de vista, há necessidade de

estabelecer-se o diagnóstico do local a ser implantada a

sala de arte, também para realizar-se um estudo prévio

de acordo com o pé direito, metragem das paredes,

piso, teto e nível de claridade refletido pelas cores

escolhidas.

Observa-se que existem normas de regulamentação

também para o uso das cores, IIDA explicita: “NBR

6503/1984, que fixa a terminologia [...] NBR 7195/1995

apresenta recomendações para [...] segurança, [...]” (2005,

p. 486).

Na tabela 4 são informados os níveis de claridade

refletidos pelas superfícies.

74

Tabela 4. Valores entre o branco teórico (100%) e o negro (0%) (NEUFERT, 1976, p. 27).

SUPERFÍCIE % SUPERFÍCIE % SUPERFÍCIE % SUPERFÍCIE %

Papel branco 84 Castanho claro ≈25 Azul turqueza 15 Lageado branco

≈50

Branco de cal

80 Beje ≈25 Verde médio ≈20 Pedra de tonalidade

média

35

Amarelo limão

70 Castanho Médio ≈15 Verde amarelo ≈50 Asfalto sêco ≈20

Marfim ≈70 Salmão ≈40 Prateado ≈35 Asfalto molhado

≈5

Creme ≈70 Escarlate 16 Cinzento de reboco de cal

≈42 Carvalho escuro

≈18

Amarelo de ouro puro

60 Vermelhão, cinábrio

20 Cinzento de betão sêco

≈32 Carvalho claro ≈33

Amarelo palha

60 Carmim 10 Contraplacado madeira

≈38 Nogueira ≈18

Ocre claro ≈60 Violeta, rôxo ≈5 Tijolo amarelo ≈32 Pinho claro ≈50 Amarelo de crômio puro

50 Azul claro 40 a 50

Tijolo vermelho ≈18 Chapa de alumínio

83

Laranja puro 25 a 30

Azul celeste 30 Tijolo escuro ≈10 Chapa galvanizada

16

A cor e o ambiente

75

“Na arquitetura debrucei-me por toda a vida. Foi meu hobby, uma das minhas alegrias, procurar a forma nova e criadora que o concreto armado sugere. Descobri-la, multiplicá-la,

inseri-la na técnica mais avançada, criar o espetáculo arquitetural.” Oscar Niemeyer

Foto Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MARTINI, 2007).

76

Iluminação

O planeta terra depende da luz solar, que além de

econômica tem boa qualidade e transmite saúde, mas com a

agitação da vida atual, o homem perdeu em grande parte, o

contato com a natureza e passou a necessitar, cada vez

mais, da iluminação artificial.

IIDA explica que “o olho humano é sensível à luz com

comprimentos de onda entre 400 nm (azul) a 750 nm

(vermelha). A sensibilidade não é uniforme e indica o ponto

máximo em “550 nm (amarelo esverdeado).” (2005, p. 460).

Estas afirmações significam que o olho consegue adaptar-

se, de maneira automática, às diferenças dos níveis de

iluminação dos ambientes.

Observa-se que, o corpo humano é extremamente

adaptável à transformações naturais, sociais e emocionais.

Ambientes com pouca iluminação são prejudiciais à saúde

física e mental do indivíduo.

Fig 46. Iluminação natural. Vitral do Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa (KRAUZE, 2008).

77

Iluminação

O nível de iluminamento interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda os movimentos dos olhos. [...] o olho humano possui dois tipos de células fotossensíveis: os cones e os bastonetes. Possui também musculaturas internas para promover mudanças na forma do cristalino e musculaturas externas para movimentar os globos oculares (IIDA, 2005, p.462).

Conforme afirmação do autor, existem fatores que são

importantes para uma iluminação adequada ao ambiente, e,

exercem influência sobre o ser humano: a quantidade de luz,

o tempo de exposição e o contraste de figura e fundo, que

devem ser considerados ao estudar-se o projeto.

IIDA, em seus estudos, relembra que antigamente a

iluminação era deficiente, “até a década de 1950 oscilam em

torno de 10 a 50 lux.” O que, ainda hoje, causa fadiga visual.

Porém atualmente, com o progresso, foram criadas lâmpadas

mais econômicas e mais intensas, e, um maior planejamento

na sua utilização possibilitando redução do número de

acidentes. (2005, p. 462). Fig 47. Iluminação artificial na Rua XV de Novembro, Curitiba (KRAUZE, 2008).

78

Iluminação

2 3

Para o ambiente educacional, é importante salientar

que a influência da iluminação integrada à combinação das

cores, é fomentadora da condução pedagógica docente.

Deve-se levar em conta a possibilidade do

aproveitamento da luz natural que é mais saudável, mas

diante dessa impossibilidade, deve-se refletir sobre a melhor

utilização da iluminação artificial.

[...] para áreas não-produtivas como almoxarifados, passagens e corredores, pode-se manter níveis em torno de 100 lux. Para áreas produtivas, com a presença contínua de trabalhadores, são recomendados níveis de 200 a 600 lux. Se houver necessidade de um iluminamento maior, aconselha-se usar iluminação localizada [grifo do autor] de até 2000 lux , complementando a iluminação do ambiente. Com essa providência, além de economizar energia, pode-se ter a vantagem de poder direcionar o foco da luz sobre os detalhes desejados ou eliminar sombras, reflexos e ofuscamentos (IIDA,2005, p. 463).

Iluminação geral [ grifo do autor] – se obtém pela colocação regular de luminárias por toda a área, garantindo-se, assim, um nível enorme de iluminamento [...] Iluminação localizada – [...] concentra maior intensidade do iluminamento sobre a tarefa, enquanto o ambiente recebe menos luz [...] colocação de luminárias próximas aos locais onde são executadas as tarefas. [...] Iluminação combinada – [...] pode ser complementada com focos de luz localizados sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao ambiente geral [...] (IIDA, 2005, p. 472).

É necessário um bom planejamento da iluminação,

como já citado, em harmonia com as cores do ambiente, em

que o autor sugere o uso de contrastes, para a qualidade do

espaço a ser utilizado. Quando a luz é direcionada, permite o

aumento da concentração do aluno sobre a tarefa, que o

autor denomina “efeito fototrópico, pois os olhos são atraídos

para os pontos mais brilhantes do campo visual.” Quanto à

intensidade do foco, recomenda o triplo da luz geral.

A escolha da iluminação, também depende de

investimento e, principalmente, deve receber manutenção

constantemente.

Nesse contexto, surge então a questão: como iluminar

adequadamente a sala de arte que terá multiusos?

79

Iluminação

DIAZ (2008) 2 faz a sugestão da iluminação mista,

nas cores amarela e branca, com possibilidade de

escurecimento para o trabalho com projeções.

De acordo com o ambiente diagnosticado para

este projeto, uma sala com dimensões pequenas e

iluminação natural apenas frontal, devería ter uma

iluminação artificial combinada, porém, é necessário

verificar as instalações elétricas do prédio, para não

haver uma sobrecarga de energia.

A quantidade de luz utilizada deve estar de acordo

com as normas ABNT (NBR 5413/1992), e ficar protegida

de possíveis acidentes.

Fig 48. Salão Nobre do Colégio Lysímaco Ferreira da Costa (KRAUZE,

2008). Compreende-se a necessidade de reflexão,

também, sobre a altura das janelas, cortinas, espessura

das paredes na absorção e reflexão da luz e tipos de

vidro, presentes no ambiente.

2 DIAZ, Marília. Como montar um espaço educativo em artes visuais? Apostila elaborada para o Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná.

Curitiba, [2000-] Apostila digitada.

80

“(...) estou convencido de que um arquiteto não deve se limitar à aprendizagem de seu métier. Ele deve ter uma cultura geral, ler os clássicos, os escritores contemporâneos, para melhor

compreender seu ambiente cultural.” Oscar Niemeyer

Foto Palácio da Alvorada, em Brasília (MARTINI, 2008).

81

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

Assim como o retromencionado, um ambiente deve

ser favorável ao corpo humano em todos os seus aspectos

fisiológicos, psicológicos, sociais e produtivos. Num

ambiente desfavorável, o homem produz menos e adoece

mais rápido, além de sofrer riscos com acidentes.

Segundo IIDA, o homem tem grande capacidade de

adaptação ao clima, por não ter o corpo coberto de pelos,

possuir glândulas sudoríparas eficazes e fazer evaporação

através do suor, conseguindo manter a temperatura do corpo

a 37º C, “por meio de mecanismos termoregulatórios.” (2005,

p. 492).

Nos países em que o inverno é muito rigoroso, existe

calefação nos ambientes devido ao frio excessivo, mas no

Brasil, mesmo em locais frios, não há esse investimento e, o

corpo humano sofre mesmo quando inserido em ambiente

interno. Em outros locais, onde o calor é excessivo, o corpo

sofre com a falta de refrigeração.

Fig 49. CELEPAR. Corpo Humano em adaptação. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br> . Acesso em: 19/10/2008.

82

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

IIDA explica que, esse fenômeno ocorre porque o

corpo humano usa açúcar, gordura e proteína para causar

combustão, além de trocar calor com o ambiente (radiação)

e manter o eqüilíbrio térmico. Para o autor, existe um

equilíbrio da temperatura, que denomina “zona de conforto

térmico”, e, que está entre 20 a 24º C, com umidade de 40 a

80%, velocidade do vento moderada de 0,2 m/s. (2005, p.

492 a 499).

Em ambientes escolares, a renovação do ar é

imprescindível ao estar fechado, pois o corpo elimina o gás

carbônico. Um fator que não pode ser esquecido, é que

podem surgir doenças graves. Um ambiente bem planejado,

deve proporcionar constante renovação do ar, mesmo que

as janelas estejam posicionadas na mesma parede.

A ventilação ajuda a remover, por convecção, o calor gerado pelo corpo. Ao remover o ar saturado próximo da pele, facilita a evaporação do suor e o resfriamento do corpo. [...]uma pessoa precisa de uma renovação de 12 a 15 metros cúbicos de ar por hora. [...] Para verificar a qualidade do ar em ambientes internos, deve-se analisar, em primeiro lugar, a temperatura, umidade e velocidade do ar (IIDA, 2005, p. 499).

Um ambiente sem ventilação, ou extremamente frio,

prejudica a aprendizagem do aluno. O corpo se altera e

provoca sensações ruins como o desânimo e/ou agitação,

dores e desequilíbrio.

A primeira condição para o conforto é o equilíbrio térmico, ou seja, a quantidade de calor ganho pelo organismo deve ser igual à quantidade de calor cedido para o ambiente. [...] Existem diversos fatores que se conjugam para a produção de um ambiente confortável. Eles se classificam em aqueles de natureza ambiental, pessoal e ocasionais (Ruas, 1999). Entre as de natureza ambiental, destacam-se: temperatura do ar; temperatura radiante média; e umidade e velocidade do ar. O conforto térmico depende também das condições ocasionais e preferências individuais, sendo influenciado por fatores como: vestimenta (isolamento térmico); e intensidade do esforço físico (metabolismo) (IIDA ,2005, p.498).

A sala de arte, ao ser parte de um projeto integrado

ao currículo, deve abordar as concepções pedagógicas

alicerçadas às construtivas, por isso a sugestão de

discussões e reflexões coletivas, para as alterações

necessárias.

Na visão de IIDA, um ambiente educacional, onde as

83

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

tarefas exigem concentração, em que a temperatura

excessiva pode causar distração se for fria, e, prejudicar a

percepção se for quente, e, o desempenho variar para uma

tarefa simples em 18 e 28º C, com umidade de 40%, em

contraposição, ao melhor desempenho em 23º C, propõe

como projeto de edificações, a previsão da penetração da

luz solar e a influência do calor no ambiente. Para um

telhado de zinco ou cimento-amianto, um forro e paredes

claras para redução do calor ou para telhados, em climas

tropicais, estendidos para proteção de janelas e paredes dos

efeitos da luz solar. (IIDA, 2005, p. 503-504).

De uma forma muito interessante, SCHAFER ( 1991,

p. 69), apresentou uma definição para o ruído: “Ruído é

qualquer som que interfere. É o destruidor do que queremos

ouvir”.

A sala de aula é um exemplo de paisagem sonora que

sofre interferência de ruídos. Na escola contemporânea,

muitas vezes, os alunos provocam ruídos que prejudicam a

própria aprendizagem.

Num ambiente com ruídos externos, o processo de

comunicação seria extremamente prejudicado. Há

necessidade de conscientização sobre os prejuízos

envolvidos, e, sobre a arquitetura escolar. Outro aspecto importante são os ruídos que também

prejudicam a aprendizagem, o processo de comunicação e à

saúde.

Considerados sons indesejáveis, IIDA (2005, p. 504 a

505) situa que em até 90 decibéis não provocam danos ao

aparelho auditivo, entre 70 e 90 decibéis dificultam o diálogo

e a concentração, provocam aumento dos erros e redução

de desempenho, mas quando ultrapassam essa medida,

causam estresse e cansaço, prejudicando efetivamente, o

processo de comunicação.

Segundo LEITE (2006, p. 161), “a cidade, o trabalho, o

campo, enfim, todo ambiente possui uma paisagem sonora

(soudscape).”

Sabe-se que toda paisagem sonora possui ruídos.

84

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

Refletindo o espaço como área do conhecimento,

existem algumas sugestões de autores que já realizaram

esta experimentação.

Em uma escola nos arredores de um aeroporto observou-se uma mudança de comportamento de professores e alunos nos dias de maior movimento dos aviões. Nesses dias, os alunos ficavam mais excitados, barulhentos e menos inclinados ao trabalho escolar. Os professores diminuíam o ritmo, sentiam-se irritados e cansados, tinham dores de cabeça e freqüentemente perdiam o controle sobre a disciplina na sala de aula (IIDA, 2005, p.509). Os móveis, as cores das paredes, a luz do sol, a abertura das

janelas, a presença de vegetação e, principalmente, o desenho dos ambientes, são elementos fundamentais na concepção de um ‘espaço/lugar’ para o desenvolvimento das linguagens e manifestações expressivas da arte. Eles podem ser organizados e configurados como laboratórios de linguagens artísticas, nos quais as crianças vão se expressar e se comunicar por meio dessas linguagens (MOGNOL, 2007, p.125).

Percebe-se, que um ambiente de produtividade, deve

ser planejado rigorosamente de acordo com todos os

aspectos que o envolvem, os autores expuseram estudos e

sugestões que devem ser refletidos, pois o espaço

adequado é fundamental para a qualidade do ensino e, o

que se tem visto atualmente, é o sucateamento das

instalações, a falta de planejamento das construções, o

reaproveitamento de espaços não adequados e a alienação

da grande influência que podem provocar na saúde física e

mental do aluno.

Não se pode esquecer de refletir-se sobre o estilo e

localização das portas e janelas a serem utilizadas: portas

de correr, metálicas, de vidro duplo, e, janelas basculantes,

compostas, entre outros elementos construtivos. Como

sugestão da autora, com ferramentas e materiais diversos

disponíveis e organizados, bancadas iluminadas e

prateleiras abertas. Para a devida seleção, é necessário

conhecer-se a arquitetura, a disposição do mobiliário, a

funcionalidade do ambiente, e, o plano de trabalho.

Quanto à montagem da sala de arte ideal, deve-se

pensar nos vários aspectos construtivos, na funcionalidade

do ambiente e no conforto das pessoas que a freqüentarão.

85

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

As paredes precisam ser bem lisas sob as janelas ou forradas de cortiça para que possam receber papéis, permitindo que os alunos trabalhem em pé ou na cadeira de rodas; as mesas, grandes de madeira lixada, cobertas com plásticos e de diversas alturas de acordo com o tamanho dos bancos, para que os alunos possam sentar-se em pequenos grupos (PAÏN e JARREAU, 1996, p. 90-122).

Um espaço reduzido é mais difícil de se projetar,

quando há excesso do número de alunos e poucos recursos

para investimentos. É um grande desafio a ser transposto,

mas buscando orientações em autores experientes, podem

ser feitas adequações.

ORMEZZANO (2006), sugere a disposição dos

materiais em prateleiras abertas e de fácil acesso, e, propõe

uma lista de recursos para as múltiplas possibilidades

criativas: como materiais para desenho, pintura, modelagem,

fotografia, gravura e arte digital. Propõe mudança na

disposição tradicional das carteiras, para favorecer o

distanciamento visual do trabalho do aluno à percepção de

novas qualidades, e, à diminuição do isolamento.

Fig 50. Laboratório de cerâmica da UFPR/ Departamento de Artes (KRAUZE, 2008).

86

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

As Artes Visuais devem ser trabalhadas na sua

diversidade, no contexto da Cultura Visual e da Estética, mas

isso decorre também dos materiais necessários ao trabalho

do docente e do aluno. Nas escolas da rede estadual, não

tem havido investimento nesse aspecto, mas sabe-se que

deve ocorrer uma mudança urgente para que os meios não

prejudiquem os fins.

O espaço ideal ainda é uma utopia para os padrões

vigentes, porém, alguns recursos são imprescindíveis para a

integração do currículo com a arquitetura escolar:

[...] o uso de bancadas de concreto; parede pintada com tinta lavável; piso com antiderrapante, fácil de lavar; torneira no chão com mangueira; cantos com rodapé arredondado; várias tomadas protegidas; porta de correr com acesso ao exterior; varais internos e externos; prateleiras abertas; tanque com caixa de decantação; mesas e cadeiras com mobilidade de novas configurações; mural grande para exposição dos trabalhos com tratamento especial para facilidade de lavar e pintar; espaço para aquário ou minhocário para depositar restos de material orgânico; iluminação mista amarela e branca com a possibilidade de escurecimento para projeção; caixas com dupla utilidade para guardar materiais (DIAZ, 2008).

Fig 51. Laboratório de cerâmica da UFPR/ Departamento de Artes (KRAUZE, 2008).

87

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

Ao projetar-se um espaço para as Artes Visuais, sabe-

se da necessidade da instalação de um tanque para o

umidecimento do material necessário às práticas e, à

limpeza do mesmo. E, para não haver contaminação do

manancial de águas, é necessário uma caixa de decantação,

que impedirá a passagem de detritos e material

contaminante.

Na diversidade das Artes Visuais, e, para o trabalho

com Arte, são necessários recursos materiais básicos de

utilização nas práticas, que devem permanecer no

ambiente cotidianamente e com fácil acesso dos usuários

que utilizarão o espaço. Quanto ao sobredito, recomenda-

se o uso de:

Quanto a este aspecto, TORTORI (2008), apresenta

dicas de instalação ecologicamente corretas, e propõe o

reaproveitamento de pilhas usadas e dos fios de cobre em

desuso (Ver site – Dicas para Instalação da Caixa de

Decantação):

[...] tesouras com ponta arredondada – ponto vermelho; papéis maiores que A4, sulfite, jornal, canson, craft, lustro colorido, de presente, quadriculado e outros; papelão; pincéis chatos para cola e para a pintura de grandes áreas, finos para detalhes – confeccionar com restos de pano, penas, pêlos; cola branca ou goma arábica, resina de árvores; tinta guache, pó xadrez, têmpera, aguadas; não usar tintas com diluição em solventes; cuidar com a inalação de alguns produtos; produzir com argilas pigmentos naturais; lápis e similares de grafite – dar preferência aos moles; cor – bastões; canetas hidrográficas, pincéis atômico; argila armazenar em caixa d’água; evitar o uso da massa de modelar, durepox – alto teor de chumbo – tóxico; não usar massa feita de trigo, a não ser que seja possível comer depois;[...] banco de imagens com folhinhas; revistas; encartes; folders; cartões postais [...] todos os materiais possíveis e imagináveis de serem trabalhados” (DIAZ apud TROJAN, 1978, s.p).

TORTORI, Tito. Cerâmicanorio. Ecologia e segurança. Colaboração do Professor Tito Tortori, ceramista com ateliê no Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.ceramicanorio.com/ecologiaseguranca/ceramistacorreto/ceramista correto.htm> . Acesso em 24/05/2008.

88

A ventilação, a temperatura ambiente e o ruído

É, também, de grande importância refletir sobre o

reaproveitamento de objetos, que podem ser coletados pelos

alunos, na comunidade, como um exercício de consciência

ecológica, de cidadania e até mesmo, de autonomia. Reciclar,

é uma forma de poupar o planeta, de desenvolver-se a

criatividade e de economizar-se recursos. Assunto

enriquecedor, também, para o trabalho com projetos artísticos

interdisciplinares. Deve-se considerar a possibilidade de

incorporar materiais que permitem diferentes usos tais como:

Percebe-se que na perspectiva de consciência

ecológica, este espaço é um exemplo de respeito à

natureza, pois o aluno tornar-se-á um agente ativo desse

processo reciclando materiais, organizando e produzindo

arte, o que possibilitará a ampliação de sua visão do

mundo real. Este processo de comunicação, através da

Arte é de grande importância para a transformação de

paradigmas e agregamento de valores éticos.

Sabe-se que haverá necessidade de adaptação à

realidade de cada escola a ser implantado um espaço para

a disciplina, bem como, o porte no recebimento de

recursos e a influência política da comunidade. Entende-se

que é uma questão de compromisso para com o aluno

proporcionar essa construção.

[...] cabos de vassoura; tecidos ou similares – TNT; embalagens plásticas; vidros com tampas; jornais; revistas; godês de frutas e ovos; peneiras; escovas de dente velhas; caixas de papel – diferentes tamanhos – fogão, geladeira, remédios;[...] sucata doméstica como embalagens de isopor, rolinhos de papel, embalagens de leite, salgadinhos, tampas de pasta de dentes, latas, xampu, objetos em desuso – sombrinha; sucata encontrada no comércio como estrutura das peças de tecido; fios de telefone; serragem; sacolas de supermercado; embalagens de filmes e outros; sucata industrial como restos de vime; plástico; couro; camurça e outros; materiais naturais como penas; terras; areia; água; plantas – sementes, cascas, folhas [...] (DIAZ apud TROJAN, 1978, s.p).

89

Consideração final

Fig 52. Espaço cedido para a montagem da sala de arte do Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo – Ensino Fundamental e

Médio ( KRAUZE, 2008).

Caro colega, considere este momento, um ponto de partida e leve

consigo estas sábias palavras:

“Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres

humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que

foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para

você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do

trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a

resposta e a força para encontrar a saída."

MAHATMA GANDHI

90

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. (Série Prática Pedagógica).

DIAZ, Marília. Como montar um espaço educativo em artes visuais? Apostila elaborada para o Departamento de Artes da UFPR, Curitiba, [200- ]. Apostila digitada.

BENCOSTTA, Marcus Levy Albino (org). Capítulo III: Arquitetura e Espaço Escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928). In: História da educação, arquitetura e espaço escolar”. São Paulo: Cortez, 2005.

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Fig 1 Fachada da Universidade Federal do Paraná, prédio histórico. Color.; 7 x 6 cm. R Fig 2 Espaço interior da UFPR, prédio histórico. Color.; 7 x 9,5 cm. É

Fig 3 Lateral da UFPR, prédio histórico. Color.; 7 x 5,5 cm. D Fig 4 Rua XV de Novembro, em Curitiba. Color.; 6,5 x 7,5 cm.

I Fig 5, 6 e 7 Fachada da Secretaria de Estado da Educação. Color.; 9,5 x 7 cm.

CELEPAR. Portal Educacional do Estado do Paraná. Disponível em:<http://www.seed.pr.gov.br/diaadia/escola/index.php?PHPSESSID=2008042522273170&PHPSESSID=2008042522273170>. Acesso em: 19/05/2008.

T Fig 8 Rua XV de Novembro, em Curitiba. Color.; 7 x 6,5 cm. Fig 9 Rua XV de Novembro, em Curitiba. Color.; 7 x 11,5 cm. O Fig 10 Fachada de prédio na Rua XV de Novembro, em Curitiba. Color.; 7 x 7 cm. S Fig 17 Fachada do Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa. Color.; 7 x 6,5 cm.

Fig 13 Fachada do Colégio Estadual do Paraná. Color.; 7 x 7cm.

D Fig 23 Escola Estadual Dom Áttico Eusébio da Rocha, sala de exposição de Arte Paranaense/comemoração de 50 anos. Color.; 7 x 12 cm.

Fig 27 Laboratório de Física, Química e Biologia do Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo. Color.; 9 x 8 cm. A

Fig 24 Entrada do Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa. Color.; 7 x 11 cm. S Fig 28 Fachada do Colégio Estadual Francisco Azevedo

Macedo. Color.; 10,5 x 7 cm. Fig 31 e 32 Sala a ser adequada para a disciplina de arte do

Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo. Color.; 11 x 9 cm. Fig 41 Sala de aula com carteiras escolares, da Escola Estadual Dom Áttico Eusébio da Rocha. Color.; 12 x 8,5 cm. Fig 39 e 40 Carteiras antigas da UFPR/Departamento de Artes.

Color.; 10 x12 cm I Fig 44 Placas de segurança. Color.; 8x10,5 cm. Fig 43 Espectro das cores. Fig 49 Corpo humano. Color.; 12 x 8 cm. M Fig 46 Iluminação natural. Vitral do Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Rocha. Color.; 8,5 x 11,5 cm.

A

Fig 47 Iluminação artificial na Rua XV de Novembro em Curitiba. Color.; 8,5 x 11,5 cm.

DESIGNGRAFICO. G

Fig 48 Salão Nobre do Colégio Estadual Professor Lysímaco ferreira da Rocha. 12 x 6,5 cm.

Fig 37 Carteiras escolares contemporâneas. Original disponível em: <http://www.designgrafico.art.br/> Acesso em: 15/10/2008. Transformação da imagem: Josiane Maria Krauze da Silva, 2008.

E N Fig 50 e 51 Laboratório de cerâmica da UFPR/Departamento de

Artes. Color.;11x 8,5 cm. S Fig 52 Vista lateral esquerda do espaço cedido para montagem

da sala de arte. Color.; 7,5 x 5 cm. KRAUZE DA SILVA, Amanda. Fotografia de 2008. Fig 45 Olho humano. Color.; 11 x 11 cm.

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KRAUZE DA SILVA, Isabelle. OVERMUNDO

C Fig s/ nº. Perspectiva da sala de arte. Cinza. 2008 Fig 36 Carteiras início do século XX. Original disponível em: <http://www.overmundo.com.br/_overblog/multiplas/1198262650_carteira_escolar.jpg> Acesso em 15/10/2008.Transformação da imagem: Josiane Maria Krauze da Silva, 2008.

Fig 33 e 34 Consulta ao engenheiro Carlos Dib, representada pela design para o projeto de intervenção (PDE). Preto e branco; 9 x 8,5 cm. 2008.

R É

Fig 35 Pôster- representação do projeto de intervenção (PDE). Preto e branco; 12 x 6,5 cm. D

I PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. T MARTINI, Denise Calomeno. Fig 15, 16, 18 e 19. Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva.

Disponível em: http://www.netescola.pr.gov.br. Acesso em 22/09/2008. Color.; 7 x 5,5 cm.

O Foto Museu Oscar Niemeyer (2008); color.; 17 x 10 cm. S Foto Catedral de Brasília (2008); color.; 8,5 x 10 cm. Foto Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2007);

color.; 12,5 x 10 cm. SILVA, CARLOS AUGUSTO DA. Fotografias de 2008. D Foto Palácio da Alvorada em Brasília (2008); color.; 23,5 x

9,5 cm.

A Fig 21 a,b Museu Oscar Niemeyer / MON. . Color.; 7 x 5,5 cm. Fig 22 Palácio das Araucárias. Color.; 12,5 X 9 cm. MORO, Antônio R. Pereira S Fig 38 Conjunto escolar ergonométrico. Original disponível

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Fig 29 e 30 Estudos para adequação de uma sala para a disciplina de arte no Colégio Estadual Francisco Azevedo Macedo. Color.; 12,5 x 14 e 10 x 14 cm. 2008.

I M

A MOTTINHA FOMIN, Rosana de S. Fotografias de 2007. G

Fig 11 e 12 Interior do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Color.; 7 x 5,5 cm. E

N Fig 14 Fachada do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Color.; 7 x 6 cm.

S Fig 20 Fachada do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Color.; 7 x 12,5 cm. Fig 25 e 26 Detalhes do Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pillotto. Color.; 12 x 7,5 e 9 x 13 cm.