vidas dos santos - 1

44
VIDAS SANTOS Padre Rohrbacher ,g ,ã-

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vida de los santos

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  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    1/446

    VIDAS

    SANTOS

    Padre

    Rohrbacher

    ,g

    ,-

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    2/446

    AVISO

    AO

    LEITOR:

    Os nomes

    de

    Santos

    acompanhados

    do

    sinal

    (*)

    indicam

    biografias

    compiladas

    por

    Jannart

    Moutinho

    Ribeiro,

    s

    quais

    constituem

    acrescenta-

    mento

    necessrio

    obra

    do

    Padre

    Rohrbacher.

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    3/446

    VIDAS

    SA

    EDIO

    ATUALIZADA

    POR,

    JANNART

    MOUTINHO

    RIBEIRO

    SOB

    A

    SI]PERVISO

    DO

    PROF. . DELLA NINA

    (BACHAREL

    EM

    FILOSOFIA)

    VOLUME I

    EDITRA

    DAS

    AMRICAS

    Rua

    Visconde

    de

    Taunay,

    866

    -

    Telefone:

    51-0988

    '

    Caixa Postat 4468

    SO PAULO

    DOS

    NTO

    PADRE

    ROHRBCHER

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    4/446

    NIHIL

    OBSTT

    PDRE NTNIO

    CHRBEL.

    S.

    D. B.

    IMPRIMTUR

    So

    Paulo,

    10

    de

    |ulho

    de

    1959

    t

    Paulo Rolim

    Loureiro

    Bispo

    Auxiliar

    e

    Vigrio Geral

    Propriedade

    literrid

    e

    artstica

    da

    EDITR,A

    DAS

    AMR,ICAS

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    5/446

    \7id

    as

    dos

    Santos

    http://www obrascatolicas com

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    6/446

    http://www obrascatolicas com

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    7/446

    I

    INTRODIJO

    (*)

    OS

    SANTOS

    ERMO

    DE TODOS

    Em

    Lisboa, no

    Contsento

    de

    Odiaellas.

    Ano

    1643.

    Beatimundocorde(l).

    r

    L43

    A

    festa mais

    universal

    e

    a

    festa

    mais

    particular,

    a

    festa

    mais

    de

    todos e

    a

    fesfa mais de

    cada um,

    a

    que hoje celebra

    e

    nos

    manda celebrar

    \.

    a

    Igreja.

    a

    festa

    mais

    universal e

    mais

    de

    todos,

    \porque,

    comeando

    pela

    fonte

    de

    tda

    a

    santidade,

    1ue

    Cristo,

    e

    pela Rainha de

    todos

    os

    santos,

    que

    a Virgem Santssima,

    fazemos

    festa

    hoje

    a

    tdas

    as

    jerarquias

    dos

    anjos,

    fazemos

    festa

    aos

    patriarcas

    e

    aos

    profetas,

    aos

    apstclos

    e

    aos

    mrtires,

    aos

    confessores

    e

    s virgens.

    E

    nc

    ha bem-aventurado

    na

    Igreja

    triunfante,

    ou

    canonizado

    ou

    no canoni-

    j

    zado,

    ou

    conhecido

    ou

    no

    conhecido

    na

    militante,

    que no

    tenha

    a sua

    parte

    ou

    o

    seu

    todo

    neste

    (*) A

    Editra das

    Amricas houve

    por

    bem

    colocar,

    como

    Introduo

    a

    esta

    obra,

    o

    inspiradssimo

    Sermo

    de

    Todos

    o

    Santos,

    do

    P. Antnio Vieira, onde

    o

    Autor

    exalta a

    glria

    da

    Santidade

    e

    propicia

    a todos ns

    lies a serem

    meditadas.

    (1)

    Bem-aventurados

    os

    limpos dg corao

    (Mt

    5,

    8).

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    8/446

    INTRODUO

    grande

    dia.

    E

    ste

    mesmo

    dia

    to

    universal

    e

    to

    de

    todos,

    tambem

    o mais

    particul

    a

    e mais

    prprio

    de

    cada

    uffi,

    porque

    hoje

    r

    celebram

    os

    rutor

    d"

    cada nao,

    os

    santos

    de cada

    reino,

    os

    santos

    de

    cada

    religio,

    os

    santos

    de

    cada

    cidade,

    os

    santos

    de cada

    famlia.

    Vede

    quo

    nosso

    e

    quo

    particular

    ste

    dia.

    No

    s

    celebramos

    os

    santos

    dsta

    nossa

    cidade,

    seno

    cada

    um

    de

    ns

    os

    santos

    da

    nossa

    famlia

    e

    do nosso

    sangue.

    Nenhuma

    famlia

    de

    cristos haver

    to

    desgraciada

    que

    no tenha

    muitos

    ascendentes

    na

    gloria.

    Fazemos

    pois

    ho

    je

    festa

    a

    nossos

    pais,

    a

    nossos

    avs,

    a

    nossos

    irmos,

    e

    os

    gue

    tendes

    filhos

    no

    cu, ou

    inocentes

    ou

    adultos,

    fazeis

    tambem

    festa

    hoje

    a

    vossos

    filhos.

    Ainda

    mais

    nossa

    esta

    festa,

    porque,

    se

    f)eus

    nos

    izet

    m_erc

    de que

    nos

    salvemos,

    tambm

    vir

    tempo,

    e

    no

    ser

    muito tarde,

    em que

    ns

    entremos

    no

    nrJ-

    mero

    de

    todos

    os

    santos,

    e

    tambm

    ser

    nosso

    ste

    dia.

    Agora

    celebramos,

    e

    depois

    seremos

    celebrados:

    ag_oIa

    nos

    celebramos

    a les,

    e

    depois

    outros

    nos

    celebraro

    a

    ns.

    Esta

    ltima

    considerao,

    que

    to

    verdadeira,

    foi

    a que

    fez

    urgr-

    derroJ

    at

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    9/446

    INTRODUO

    II

    Beati

    mundo

    corde.

    144

    A

    mais

    poderosa

    inclinao

    e

    o mais

    po-

    deroso

    apetite

    do homem

    desejar

    ser.

    Bem

    nos

    conhecia

    ste natural

    o

    demnio,

    quando

    esta

    foi

    a

    primeira

    pedra

    sbre

    que

    fundou

    a runa

    a nossos

    primeiros

    pais.

    A primeira

    coisa

    que

    lhe

    disse

    e

    que

    lhe

    prometeu

    foi

    que

    seriam:

    Eritis

    (Gen 3, 5),

    e

    ste

    eritis,

    ste

    sereis

    foi

    o que

    destruiu

    o

    mundo.

    No

    est

    o

    rro

    em

    desejarem

    os

    homens

    ser,

    mas

    est

    em no

    desejarem

    ser

    o

    gue

    importa.

    Uns

    desejam

    ser

    ricos,

    outros

    desejam

    ser nobres,

    outros

    desejam_

    ser

    sbios,

    outros

    desejam

    ser poderosos,

    outros

    desejam

    ser ccnhecidos

    e

    afamados,

    e

    quase

    todos

    desejam

    tudo

    isto,

    e

    todos

    erram.

    S

    -

    uma

    coisa

    devem

    os

    homens

    deseiar

    ser, que

    ser

    santos.

    Assim

    emendou

    Deus

    o sereis

    do

    demnio

    com

    outro

    sereis,

    dizendo:

    Sancti

    eritis,

    quia

    Ego

    sanctus

    sum

    (2)

    .

    O

    demnio

    disse:

    Sreis

    .*o

    Deus,

    sendo

    sbios;

    e

    Deus

    disse:

    Sereis

    como

    Deus,

    sendo

    santos.

    E

    vai

    tanto

    de

    um

    sereis

    a

    outro

    sereis,

    que

    o

    sereis

    do

    demnio

    no s nos

    tirou

    o

    ser

    como

    Deus,

    mas

    tirou-nos

    tambm

    o ser, porque

    nos

    tirou

    o

    ser santos,

    e

    o sereis

    de

    Deus,

    exortan-

    do-nos

    a ser

    santos,

    como

    le

    , no

    s nos

    restitui

    o

    ser

    como

    Deus,

    seno

    tambm

    o

    ser.

    euando

    Moiss

    perguntou

    a

    Deus

    o

    que

    era,

    respondeu

    Deus

    definindo-se

    :

    Ego

    sum

    gui

    sum

    (x

    3,

    14)

    : Eu

    sou

    o

    que sou

    :

    porque s Deus tem

    por

    essncia

    o

    ser.

    Agora

    diz

    a

    todos

    os

    homens

    po.

    bca

    do

    Q) Vs

    sereis

    santos,

    porque

    eu sou

    santo

    (Lev

    11,

    4b).

    \

    http://www obrascatolicas com

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    10/446

    10

    INTRODUO

    mesmo

    Moiss:

    Se

    sois

    to

    amigos

    e

    to

    ambiciosos

    de

    ser,

    sde

    santos,

    e

    sereis,

    porque

    tudo

    o

    que

    no

    ser

    santo,

    no

    ser.

    Sede

    rei,

    sde

    imperador,

    sde

    papa:

    se

    no

    sois

    santo,

    no

    sois

    nada.

    Pelo

    contrrio,

    ainda

    que sejais

    a

    mais

    vil

    e

    mais

    despre-

    zada

    criatura

    do

    -

    mundo,

    se

    sois

    santo,

    sois

    tudo

    o

    que pode

    chegar

    a

    ser

    o

    maior

    e

    mais

    bem

    afortu-

    nado

    homem,

    porque

    sois

    como

    aqule

    que so

    r

    e

    s

    tem ser,

    que

    Deus.

    Todo

    o

    outro

    ser,

    por

    maior

    que

    parea,

    no

    ,

    porque vem

    a

    parar

    em

    no

    ser.

    So

    o

    ser

    santo

    o

    verdadeiro

    ser,

    porque

    o

    que

    so

    ,

    e

    o

    que

    h de

    permanecer

    por

    tda

    a

    eternidade.

    145

    Bastava

    esta

    s

    razo

    para

    os

    homens,

    que temos

    alma

    imortal,

    desejarmos

    a,

    santidade

    sbre

    tdas

    as

    coisas,

    e

    desprezarmos

    tdas

    as

    coisas

    s

    por

    Ser santos.

    Mas

    quero

    que

    oS

    mesmos

    santos

    e

    iodos

    os santos nos ensinem

    e

    animem a

    esta

    verdade.

    Todos

    os

    santos

    quantos

    ha

    e

    pode

    haver,

    pela

    mesma

    ordem

    em

    que

    hoje

    os

    celebra

    a

    igr-eia,

    se

    reduzem

    a

    quatro

    classes.

    .

    Deus,

    qYq

    tambrm

    se

    peza

    de

    ser-e

    de

    se

    chamar

    santo; a

    Me de

    Deus'

    que

    a

    mais

    santa

    entre tdas

    as

    puras

    criaturas;

    os

    santos

    anjos,

    repartidos

    em

    nove

    coros;

    os

    ho-

    mens santos,

    divididos

    em

    seis

    ;'erarquias.

    Ora,

    vejamos

    como

    todos

    stes

    santos

    nos

    ensinam

    a

    esti-

    ma

    sbre

    tudo

    o Ser

    santos,

    e

    comecemos

    por

    Deus.

    146

    Se

    perguntarmos

    aos

    telogos

    qual -

    o

    maior

    atributo

    -de

    Deus,

    responder-nos-o

    que

    todos

    so

    iguais,

    porque

    todos

    e

    cada

    um

    dles

    Deus.

    Mas

    e

    perguntarmos

    qual

    o

    qu_e

    mais

    declara

    e

    engrand."

    ser

    do

    mesmo

    Deus, S. Dionsio

    Areo-

    pugitu,

    que

    o

    que

    mais

    altamente

    escreveu

    dos

    trlbrtos-

    divinos,

    -diz

    que

    o

    ser

    santo

    :

    Deus

    pet

    excellentiam

    cuncta

    exellentem

    Sanctus

    Sanctorum

    http://www obrascatolicas com

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    11/446

    INTRODUO

    praedicatur.

    Quando

    dizemos

    que Deus

    santo,

    e

    Santo

    dos

    Santos,

    louvamos

    em

    Deus

    uma

    excelncia

    que mais excelente que

    tdas

    :

    Excellentiam

    cuncta

    xcellentem.

    O

    grande doutor

    da

    Igreja, Santo Am-

    brsio,

    ainda

    disse

    mais,

    ou

    com

    maior expresso:

    Nihil

    pretiosius

    inuenimus,

    quo

    Deus

    praedicate

    p9s'

    simus,

    nisi ut

    sanctum

    apellemusi

    guodlibet

    aliud

    in[e-

    rius

    est

    Deo,

    inferius

    est

    Domino:

    Quando

    queremos

    louvar

    e

    engrandecer

    a

    Deus,

    nenhuma coisa

    achamos

    de

    maiot

    esti*ao

    e

    de

    maior

    preo que chamar-lhe

    santo,

    porque tudo

    o

    demais

    que dissermos

    inerior

    a

    Deus, e s

    quando

    lhe chamamos

    santo

    dizemos

    o

    gue . Antigamente,

    como

    Deus era

    s

    conhecido

    em

    ludia,

    no

    resto

    do

    mundo

    havia

    muitos

    chama-

    dos deuses,

    os

    quais todos tinham

    sacrifcios

    e

    scer-

    dotes.

    E

    que

    f..2

    o

    verdadeiro

    Deus

    para

    se

    distinguir

    dos

    deusei

    falsos? Mandou

    que

    o

    seu Sumo

    Sacer-

    dote

    trouxesse

    na

    testa

    uma

    lmina de

    ouro

    com

    esta

    letra:

    Sanctum

    Domino

    (x

    28,

    36):

    A santi-

    dade

    ao

    Senhor

    porgue s

    agule

    Senhor,

    que

    tem

    por

    atributo

    o

    ser

    santo,

    o

    verdadeiro

    Deus.

    147

    Mais

    .izeram os

    profetas,

    os

    quais, f.a'

    lando de

    Deus, deixavam

    o

    nome

    de

    Deus,

    e

    o

    trocavam

    pelo

    nome

    de

    Santo.

    LCde

    Isaas

    e

    os

    demais,

    e

    achareis:

    Ad

    Sanctum

    Israel

    respiciente:

    Blasphemaverunt

    Sanctum

    Israel:

    In

    Sancto

    Israel

    laetabers:

    Veniat

    consilium Sancti

    Israel

    (3),

    e

    assim em

    muitos

    outros

    lugares,

    no havendo

    pane-

    grico,

    invectiva

    ou

    declamao

    em

    gue

    no

    tragam

    (3)

    Olharo

    para

    o

    Santo de Israel

    (Is

    17,

    7).

    -

    Blasfemaram

    o

    Santo

    de

    Israel

    (Is

    1, 4).

    -

    Alegrar-te-s

    no

    Santo

    de fsrael

    (Is

    41,

    16).

    -

    Chegue-se

    o

    conselho do Santo de

    Israel

    (fs

    5, 19).

    11

    \

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    12/446

    72

    INTRODUO

    sempre

    na

    bca

    o

    Santo

    de

    Israel,

    o

    Santo

    de

    Israel.

    E

    que

    Santo

    de

    Israel

    ste?

    Abrao,

    Isaac,

    ou

    laco?

    Moiss, fosu,

    ou

    Davi?

    Elias ou

    Eliseu?

    No. O

    Santo

    de

    Israel,

    de

    que

    falam

    os

    profetas,

    Deus.

    Pois,

    se

    Deus,

    por que

    lhe no

    chamam

    Deus,

    ou

    o

    Deus

    de

    Israel,

    seno

    o Santo

    de

    Israel?

    Porqe

    em

    Israel havia

    naquele

    tempo muitos id-

    latras,

    que

    veneravam

    e

    sacrificavam

    aos

    deuses

    falsos

    da

    gentilidade;

    e

    para

    distinguir

    o

    Deus

    ver-

    dadeiro dos

    deuses

    falsos,

    no

    acharam

    os

    pro,fetas

    outra

    diferena

    mais

    individual,

    nem

    outra

    distino

    mais

    adequada,

    que

    chamar-lhe

    o

    Santo.

    Se

    lhe

    chamaram Deus,

    equivocava-se

    o

    nome

    de

    Deus

    com

    o

    dos

    dolos,

    a

    quem

    os

    idlatras

    tambm

    chamavam

    deuses;

    mas

    chamando-lhe

    o

    Santo,

    tiravam

    tda

    a

    equivocao

    e

    tda a

    duvida,

    porque

    s

    o

    atributo

    da

    santidade era

    o

    que distinguia

    e

    provava

    no

    Deus

    de Israel

    a

    nica

    e

    verdadeira

    divindade.

    Tanto

    significa,

    tanto monta,

    e to alta

    e divina

    coisa

    ,

    ainda

    no

    mesmo

    Deus,

    o

    ser

    santo.

    148

    Mas,

    se

    os

    profetas queriam

    distinguir

    o

    Deus

    verdadeiro

    dos falsos,

    por

    gue no

    fundavam

    a

    distino na

    verdade,

    seno na

    santidade?

    .

    Por

    gue

    no

    diziam

    o

    verdadeiro

    de

    Israel,

    seno

    o

    Santo

    de Israel? Porgue,

    ainda que

    o

    verdadeiro

    se

    ope

    formalmente

    ao

    falso,

    mais

    se

    qualifica

    o

    ser

    divino

    pelo

    atributo

    de santo

    que

    pelo

    de

    verdadeiro.

    Ouvi

    uma

    das

    maiores

    ponderaes

    com

    que

    se pode

    ya,-

    liar

    e conhecer

    guo

    sublime

    e

    divina

    coisa , ainda

    na

    estimao

    e

    venerao

    do

    mesmo Deus,

    o

    ser

    santo. furou

    Deus a

    Davi

    que seria o

    seu

    reino

    eterno,

    porque

    dle

    descenderia

    o

    Messias;

    e

    gomo

    fz Deus

    ste

    juramento,

    ou

    por quem

    jurou?

    Coisa

    estu-

    penda

    Semel

    juraui

    in

    sancto meo, si

    Dauid

    mentiar:

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    13/446

    INTRODUO

    semen

    e

    jus

    in

    aeternum

    manebit

    (Sl

    88,

    36)

    :

    ]urei

    a Davi,

    pelo

    meu

    Santo,

    que

    no

    hei

    de

    faltar

    verdade

    do

    que

    the

    prometi,

    e

    que

    ha

    de

    ser

    pai

    do

    Messias.

    -

    In

    Sancto

    meo, pelo

    meu

    Santo

    E

    que

    santo

    ste,

    pelo

    qual

    Deus

    jura?

    la

    sabeis

    gue

    juramento

    se

    f.az

    sempre

    por

    aquilo que

    mais

    se

    venera

    ou mais

    se

    estima.

    Fora

    de

    ns,

    juramos

    pela

    vida

    de el-rei, pela

    cruz, por

    Cristo, por

    Deus,

    porque

    o

    que

    mais

    veneramos;

    dentro em

    ns,

    juramos

    por

    nossa

    vida, por

    nossa

    alma,

    porgue

    o

    que

    mais

    estimamos.

    Da

    mesma

    maneira,

    no

    tendo

    Deus

    fcra

    de

    si

    por

    quem

    jurar,

    jura

    pelo

    que

    tem

    dentro

    em

    si, e

    jura

    por

    si mesmo,

    enquanto

    santo,

    poque

    o

    ser santo

    o

    que

    mais

    estima,

    o

    que

    mais

    peza,

    e, se

    se

    pode

    dizer

    assim,

    o

    que

    mais

    venera.

    Parece

    que

    havia Deus de

    jurar

    pela

    sua

    verdade,

    e

    iura

    pela

    sua

    santidade,

    como

    se

    ficara

    mais

    estabe-

    lecida

    a

    verdade

    do seu

    juramento

    na

    ftmeza

    da

    sua

    santidade

    que

    da

    sua

    mesma

    verdade.

    Em

    Deus

    tudo

    igual,

    e

    to

    verdadeiro

    como

    santo,

    e

    to

    santo

    como

    verdadeiro;

    mas

    buscando

    Deus

    den-

    tro

    de si

    mesmo

    um

    atributo

    que,

    ou

    fsse

    o

    pre-

    cesse

    mais

    soberano

    e

    mais

    digno

    de venerao,

    pelo

    qual

    pudesse

    jurar, jurou

    Deus

    verdadeiro

    por

    Deus

    Santo

    :

    Semel

    iuraui

    in

    Sancto

    meo.

    rrr

    149

    Por

    to

    altos

    e

    to

    admirveis

    trmos

    como

    stes

    nos

    ensinou

    Deus em

    comum

    quo

    grande

    coisa

    seja

    o ser

    santos,

    e o

    mesmo

    documento

    con-

    firmou

    cada

    uma

    das

    trs

    Pessoas

    divinas

    em

    parti-

    cular,

    por

    exemplos

    no

    menos

    maravilhosos.

    Sbre

    a

    Encarnao

    da

    Pessoa

    do

    Filho

    mandou

    o

    13

    \

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  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    14/446

    14

    INTRODUO

    Eterno

    Padre

    por

    embaixador

    o anjo

    S.

    Gabriel,

    e

    o

    que

    lhe

    deu

    por

    instruo que

    dissesse

    de

    sua

    parte

    Virgem

    Santssima,

    foi

    que

    o Filho

    de

    Deus e

    seu,

    que

    de suas

    entranhas

    havia

    de

    nascer,

    seria

    santo:

    Ideoque,

    et

    quod

    nascetur ex

    te

    sanctum,

    uocabitut

    Filiui

    Dei

    (4)

    .

    De

    sorte

    que,

    tendo

    o

    Eterno

    Padre

    um

    Filho

    igual a si

    mes.mo,

    e

    querendo

    QUe

    por

    s-

    gunda gerao

    e

    segundo

    nascimento,

    sendo

    Deus,

    fsse tambm homem,

    o

    que

    lhe

    deu

    a

    le,

    e

    o

    que

    prometeu

    sua

    Me,

    foi

    que seria

    santo

    :

    Quod

    nascetur

    ex

    te

    sanctum.

    Notai o

    sanctum

    e

    o

    ex te:

    santo,

    e

    de

    vs.

    No

    lhe deu

    riquezas,

    porque

    o

    .,2

    Filho

    de

    uma

    Me

    muito

    pobre: ex te;

    no

    lhe deu

    honras,

    porque

    o

    ez Filho

    de

    uma

    Me

    muito

    hu-

    milde

    : e:x te;

    no lhe

    deu

    mandos,

    nem

    dignidades,

    nem

    imprios temporais, porque,

    ainda

    que a

    Virgem

    era

    descendente

    de reis,

    todos

    sses

    cetros

    e coroas

    tinham

    i

    degenerado

    aos

    instrumentos

    mecnicos

    de

    um

    oficial,

    com

    quem

    era

    desposada

    :

    ex

    te.

    E,

    que

    lhe

    deu? Deu-lhe

    o

    ser santo :

    Quod

    nascetur

    e)c

    te sanctum.

    Pois a

    seu

    Filho

    no lhe

    daria

    outra

    coisa

    um

    Pai

    onipotente?

    Os

    pais, tudo

    quanto tm

    e

    tudo

    quanto podem, do

    a

    seus

    filhos,

    e mais,

    se

    so

    primognitos e nicos,

    como

    Cristo

    era.

    Pois a um

    Filho

    primognito,

    a

    um

    Filho

    nico,

    um

    Pai

    todo-pderos,

    um

    Pai Deus

    e

    Senhar

    de

    tudo,

    no

    lhe d

    outra

    coisa

    mais

    que

    o

    ser

    santo?

    No,

    e

    por

    isso

    mesmo.

    Ao

    Filho

    primog-

    nito

    e

    nico

    do

    Eterno

    Padre

    competia-lhe

    a

    herana de todos

    os

    bens de

    seu

    pai;

    e

    todos

    os

    bens

    que

    Deus tem, e

    todos

    os

    que

    pode

    dar,

    .azer

    a

    (4)

    Por

    isso

    meslno

    mado

    Filho

    de

    Deus

    (Lc

    o

    santo

    que

    h

    de nascer de

    ti,

    ser

    cha-

    1,35).

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  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    15/446

    INTRODUO

    15

    um

    homem

    santo

    e

    mais

    santo,

    porque

    tudo

    o

    mais,

    ou

    nc

    nada,

    ou,

    para

    ser

    alguma

    cois

    a,

    h

    de

    ser

    tambm santificado

    -

    e

    santo.

    Enquanto

    Filho,

    her-

    deiro

    de

    sua

    Me,

    pertenciam-lhe

    ao

    mesmo

    Cristo

    o

    cetro

    de

    Davi

    e

    a

    casa

    de

    |ac,

    que

    tambm

    Deus

    lhe

    mandou

    prometer:

    Dabit

    illi

    sede

    Dauid

    patris

    ejus,

    et

    regnabit

    in

    domo

    lacob

    (5

    )j-

    mas

    esa

    mesma

    casa

    e

    sse

    mesmo

    cetro

    deu-lhe

    Deus

    a

    seu

    Filho

    por tal

    modo

    que, de

    temporal

    -qu9

    era,

    o

    converteu

    m

    espiritual,

    paa

    que

    tudo

    nle

    fsse

    s

    santidade,

    e le,

    por todos

    os

    modos,

    mais e

    mais

    santo.

    150

    Vede

    como

    dizem

    o

    que

    digo,

    os

    que viram

    o

    mesmo

    Unignito

    do

    Padre:

    Vidimus

    gloriam

    eius,

    gloriam

    quasi

    unigeniti

    a

    Patre, plenum

    grat'iae

    et

    eritatis

    (O

    )

    r

    Vimos

    -

    diz

    S.

    |oo

    -

    d

    sua

    glria,

    a

    sua

    majestade,

    a

    sua

    grandeza,

    e

    bem

    mostrava

    que

    era gtiu,

    que

    era

    majesta{",

    9u"

    era

    grandeza

    de

    FilhJ

    Urigenito

    do

    Eterno

    Padre.

    E

    em-

    que

    consistia

    essa

    gltiu,

    essa

    majestade e

    essa

    grandeza?

    Plenum

    gratiae

    et uetitatst

    em

    ser

    cheio

    de

    graa

    e

    de

    verdde.

    A

    graa

    a santidade

    formal,

    ou

    a

    forma

    santificante,

    que f.az

    e

    denomina

    santos;

    e

    nesta

    graa,

    nesta santidade,

    neste ser

    santo

    consis-

    tia

    td

    a

    glria, tda a

    grandeza

    e

    tda

    a

    majestade

    do

    nico

    herdeiro

    do

    Padre.

    E

    se

    perguntardes

    ao

    Evangelista

    a

    razo de

    serem

    s

    stes

    os

    bens

    que

    cont

    a

    herana

    de

    um

    Pai

    todo-Poderoso

    e

    Senhor

    de

    tudo,

    o

    mesmo

    Evangelista

    tem

    i

    dado

    a

    razo

    nas

    mesmas

    palavras

    :

    Plenum

    gratiae

    et

    ueritatis:

    cheio

    de

    graa e de

    verdade.

    Porque

    tudo

    o

    que

    no

    (5)

    Dar-lhe-

    na

    casa

    de seu

    Pai

    (6)

    Ns vimos

    cheio

    de

    graa

    e

    de

    o

    trono de seu

    pai

    Davi,

    Jac

    (Lc

    1,

    32).

    a sua

    glria, glria

    como

    de

    I

    verdade

    (Jo

    1,

    14),

    e

    reinar eternamente

    Filho

    unignito

    do Pai,

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    16/446

    16

    INTRODUO

    graa

    de

    Deus

    e

    santidade,

    mentira.

    As riqu

    ezas

    mentira,

    s

    honras

    mentira,

    os

    mandos

    mentira:

    s

    o

    estar

    em

    graa

    de

    Deus verdade, s

    o viver

    em

    graa

    de Deus

    verdade,

    s

    o

    morrer

    em

    graa

    de

    Deus,

    em

    gue

    consiste

    o

    ser

    santo,

    verda

    dei

    ptLru*

    gratiae

    et

    ueritatis.

    Isto

    deu

    o

    Eterno

    Padre

    a

    seu

    Filho,

    para

    que

    vs

    aprendais

    a

    saber

    o que

    haveis

    de

    procurar

    aos

    vossos.

    Procurai-lhes

    u"

    sejam

    santos,

    e

    esta

    a

    maior

    gueza,

    a maior

    honra,

    a

    maior felicidade

    que lhes podeis alcanar, e os maio-

    res

    e s

    verdadeiros

    bens

    de

    que

    os

    podeis

    deixar

    por

    herdeiros.

    l5l

    Vamos

    Pessoa

    do Filho.

    A

    pessoa

    do

    Filho

    a

    sabedoria

    de Deus.

    Fz-se

    homem

    a

    sabe-

    doria

    Divina,

    veio

    ao mundo

    para

    ensinar

    aos homens,

    e

    que

    lhes

    ensinou?

    Nenhuma

    outra

    coisa,

    seno

    a

    ser

    santos.

    Naquela

    escada

    de

    |ac,

    como

    todos

    sabeis,

    repreJentou-se

    em

    viso

    e

    profecia

    a

    Encar-

    nao

    do

    verbo

    Encarnado.

    N

    alto

    da

    escada

    estava

    Deus

    inclinado

    sbre

    ela,

    porque

    uma

    das

    Pessoas

    divinas

    havia

    de

    descer

    uo

    ndo;

    ao

    p

    da

    escada

    estava

    ]ac,

    que

    era

    o

    homem,

    ou

    o

    gnero

    humano,

    porque

    o modo

    com que

    Deus

    havia

    dt

    des-

    cer

    era

    encarnando

    e

    f.azendo-se

    homem;

    e

    a

    escada

    cheg=rva

    da

    terra

    ao

    cu, pcrgue

    o

    fim

    do

    mistrio

    da

    Encarnao,

    e

    o

    fim

    po"

    qu"

    Deus

    desceu

    do

    cu

    terra,

    foi

    para

    ensinar

    e niostrar

    ao homem

    como

    havia

    de

    -

    subir

    da

    terra

    ao

    cu.

    E para

    esta

    subida

    to notvel

    e to

    nova,

    que

    at

    ento

    estava

    ignorada,

    que

    o

    que

    ensinou

    o

    Deus

    que

    desceu

    e

    encarnou, que

    o

    gue ensinou

    o

    Verbo

    e

    a

    Sabe-

    doria

    divina

    a

    laco,

    9q

    ao homem,

    que

    nle

    se

    repre-

    sentava?

    o

    mesmo

    verbo

    o

    diz

    no

    captulo

    deimo

    da

    mesma

    Sabedoria,

    falando

    do

    mesmo-|ac

    :

    Osten-

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    17/446

    INTRODUO

    dit illi

    regnum

    Dei,

    et

    dedit ili

    scientiam

    sanctorum

    (

    Sab 10, 10

    )

    :

    Mostrou-lhe

    o

    cu

    e

    o

    reino

    de

    Deus,

    e

    ensinou-lhe

    a

    cincia

    de

    ser

    santo.

    De

    sorte

    que,

    vindo a

    Sabedoria

    divina em pesso,

    e

    descendo

    do

    cu

    terra

    a ser

    Mestre

    dos homens,

    a

    nova

    cadeira

    que

    instituiu

    nesta grande

    universidade do

    mundc,

    a cincia

    que professou,

    foi

    s ensinar

    a

    ser

    santos,

    e

    nenhuma

    outra.

    A

    Retrica

    deixou-a aos

    Tulios

    e

    aos

    Demstenes;

    a

    Filosofia

    aos

    Plates

    e

    aos

    Aristteles; as Matemticas

    aos Tolomeus

    e

    aos

    Euclides;

    a Medicina

    aos

    Apolos

    e

    aos

    Esculpios;

    a

    |urisprudncia

    aos Soles

    e

    aos

    Licurgos:

    e

    para

    si

    tomou

    s

    a

    cincia

    de

    ensinar

    a salv

    ar

    e

    f.azer

    santos:

    Qegnum

    Dei,

    et scientiam

    sanctorum.

    152

    Em

    tdas

    as

    cincias,

    r

    certo que

    h

    muitos

    erros,

    dos

    quais

    nasce

    a

    diferena

    das

    opi-

    nies;

    em

    tdas

    as

    cincias

    h

    muitas

    ignorncias,

    as

    quais

    confessam

    todos

    os maiores

    letrados

    que

    no

    compreendem

    nem

    alcanam.

    Pois,

    se

    vinha

    a

    Sabe-

    dcria

    de Deus

    ao

    mundo,

    por que

    no

    alumiou

    stes

    erros,

    por

    que

    no

    tirou

    estas

    ignorncias?

    Porque

    errar

    ou

    acertar

    em

    tdas

    estas matrias,

    sab-las

    ou

    no

    as saber,

    nenhuma

    coisa

    importa:

    o

    que

    s

    importa

    saber

    salvar,

    o

    que s importa

    acertar

    a

    ser

    santos,

    e

    isto

    o

    que

    s nos

    veio

    ensinar

    o

    Filho

    de

    Deus.

    Nem

    ensinou

    aos

    filsofos

    a compo-

    sio

    do

    contnuo,

    nem

    aos

    gemetras

    a

    quadratura

    do

    crculo,

    nem

    aos mareantes

    a

    altura

    de Leste

    a

    Oeste, nem

    aos

    qumicos

    o

    descobrimento

    da pedra

    filosofal,

    nem

    aos

    mdicos

    as

    virtudes

    das

    errra,

    das

    plantas,

    das

    pedras

    e dos

    mesmos

    elementos, nem

    aos

    astrlogos

    e astrnomos

    o

    curso,

    a

    gran

    deza,

    o

    n-

    mero,

    as

    influncias

    dos

    astros:

    s

    nos

    ensinou

    a

    ser

    humildes,

    s

    nos

    ensinou

    a

    ser

    castos, s

    nos

    17

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    18/446

    18 INTRODUO

    ensinou

    a

    desprezar

    as

    riquezas,

    s

    nos

    ensinou

    a

    perdoar as injrias, s nos

    ensinou

    a

    sofrer

    as

    perse-

    guis,

    so

    nos

    ensinou

    a

    chorar

    e

    aborrecer

    os

    pecados,

    e

    a amar e exercitar

    as

    virtudes,

    porque

    estas so

    as

    regras

    e

    as concluses,

    stes

    os

    pe'

    ceitos

    e

    os teoremas

    pcr

    onde se aprende

    a

    ser

    santos,

    que

    a cincia

    que

    professou

    e

    veio ensinar a

    Pessoa

    do

    Filho

    de

    Deus:

    Scier:

    ti.am

    sanctorum.

    153 A

    Pessoa

    do

    Esprito

    Santo

    com

    o

    sett

    prprio

    nome

    nos

    prova

    e

    confirma

    o

    mesmo.

    O

    Padre ta.mbm

    esprito,

    e

    tambem

    santo.

    Pois,

    por

    que

    se chama

    s

    a

    terceira

    Pessoa Esprito

    Santo?

    A razo

    -

    dizem

    todos os

    telogos

    porque

    ao

    Esprito

    Santo

    compete

    o

    ofcio de

    santificar

    e

    de

    f.azer santos.

    TOclas as cbras

    de

    Deus,

    que

    chamam

    ad

    extra, isto

    ,

    que

    saem

    de

    Deus e

    se

    terminam

    s

    criaturas, so

    inivisamente

    de

    tda

    a

    Santssima

    Trindad e,

    na

    qual

    o

    poder

    e

    o

    obrar

    no so

    igual,

    seno

    um

    s e

    o

    mesmo.

    Mas

    por

    certa

    propriedade,

    fundada

    na natueza

    ou

    origem

    das

    mesmas

    pessoas,

    umas

    obras

    se

    atribuem

    a

    umas

    pessoas, e

    cutras

    a

    outras.

    E

    porque

    terceira

    Pessoa se atribui

    parti-

    cularmente

    o santificar

    e

    .azer

    santos,

    por

    isso

    se

    chama Santo.

    i54

    E

    para

    que

    vejais

    quo

    grande significa-

    o

    na mesma

    Pessoa do

    Esprito

    o

    nome de

    Santo

    e o

    atributo

    c,u

    atribuio

    de santificar,

    notai

    o

    muito

    que com ela se

    supre,

    e

    a

    grande

    carncia

    ou

    vazio

    que

    com

    ela

    se

    enche.

    O

    nome ou

    antonomsia

    de

    santo,

    e

    o

    ofcio

    de

    santificar

    e

    fazet

    santos

    no

    lhe

    pudera competir

    ao Pai,

    que

    r

    a

    fonte

    original

    e

    inascvel

    da

    santidade?

    No

    lhe

    pudera

    competir

    ao

    Filho,

    que foi

    o

    que,

    encarnando,

    nos

    mereceu

    essa

    mesma

    santidade?

    Sim'

    Pois

    por

    que se

    deu

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    19/446

    19

    NTRODUO

    ao

    Esprito

    Santo?

    Disse

    ccm

    alto

    pensamento

    Ru-

    perto,

    que

    para

    suprir

    a

    infecundidade

    da

    terceira

    P"rrou.'

    A

    'divindade

    no

    Pad

    re

    fecunda,

    ro

    Filho

    fecunda,

    to

    Esprito

    Santo

    no

    fecunda.

    No

    Padre

    fecunda,

    porque

    gera

    o

    Filho;

    no

    Filho

    fecunda,

    porque,

    juntamente

    com

    o

    Padre,-

    produz

    o Esprito-Sato;

    no Esprito

    Santo

    s

    no

    fecunda,

    porql.

    no

    produz cutra

    Pessoa

    divina.

    Po,

    que

    mei

    podia

    -haver

    para

    suprir

    na terceira

    Pessoa

    esta

    infecundidade?

    O

    meio

    foi

    cederem

    nela

    as

    outras

    Pessoas

    divinas

    a

    virtude

    ou

    atribuio

    de

    santificar

    e

    f.azer

    santcs

    e

    o

    ttulo

    e

    antonomsia

    de

    se

    chamar

    Santo.

    A terceira

    Pessoa

    no

    pode

    gerar nem

    produzir

    pessoa

    que seja

    Deus?

    Pois

    fua

    santos.

    A

    terceira

    Pessoa

    no

    se

    pode chamar

    Pai

    nem

    se

    pode chamar

    Filho?

    Pois

    chame-se

    Santo. Tao

    grande,

    to

    alta

    ,

    to sublime,

    to

    divina

    coisa

    ser

    santo,

    e ccm

    to

    maravilhosos

    documentos

    nos

    ensinaram

    esta

    verdade

    em

    si

    mesmas

    as

    trs

    Pessoas divinas.

    IV

    155

    Depois

    do

    Padre,

    Filho e

    Esprito

    Santo,

    segue-se

    a

    Filha

    do

    Padrc,

    a

    Me

    do

    Filho,

    a

    EJpsa

    do

    Esprito

    Santo,

    a

    Virgem

    Santssima,

    a

    qual,

    como a

    mais santa entre

    tdas

    as

    puras

    cria-

    turas

    nos

    dir

    melhor

    que tdas

    quo

    grande

    bem

    sermcs

    santos.

    No

    captulo

    vinte

    e

    quatro do

    Eclesis-

    tico

    nos refere

    a

    mesma

    Senhora como

    Deus, que

    a

    escolheu

    por morada,

    lhe

    deu

    a

    herana

    de

    tudo

    quanto tinha

    vinculado

    ao povo

    de

    Israel,

    que

    ea

    o

    morgado

    do

    mesmo

    Deus t

    Tunc

    praecepit

    et

    dixit

    mihi

    creator

    omnium;

    et

    gui

    creauit

    me requie-

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    20/446

    20

    INTRODU,O

    (7)

    Ento

    o

    criador

    de

    tudo

    deu-me os

    seus preceitos,

    e

    falou-

    rne,

    e

    aqule

    que

    me

    criou

    descansou

    no meu

    tabernculo,

    e

    disse-me:

    Possui

    a tua herana

    em

    Israel

    (Eclo

    24,

    12

    s).

    (8)

    Exerci diante

    dle

    o

    meu ministrio

    na morada

    santa,

    e

    repousei

    na

    Cidade

    Santa

    (Eclo

    24,

    14

    s).

    uit

    in

    tabernaculo

    meo,

    et

    dxit

    mihi:

    In

    Israel

    hae-

    reditare

    (7

    )

    .

    E

    gue

    vos

    parece

    que

    escolheria

    e

    tomaria para

    si a

    Virgem Maria

    de

    tda a

    universi-

    dade

    de

    bens

    naturais

    e sobrenaturais

    dste

    imenso

    morgado?

    SO

    tomou

    o que

    era

    santo,

    e nenhuma

    outra

    coisa.

    Do

    que

    no

    era

    santo, psto

    gue

    fsse

    precicso

    e

    estimado,

    no

    quis

    nada,

    porque

    tudo

    .

    nada;

    do gue

    era

    santo,

    tomou

    tudo,

    porgue

    s

    o

    ser

    santo

    tudo.

    Ouamos

    a mesma

    Senhora,

    e

    ponderemos

    o

    gu_e

    diz

    com

    a

    ateno

    que

    suas

    pala-

    vras

    merecem.

    Primeiramente,

    do que

    pertence

    ao

    lugar,

    diz

    que

    escolhe

    uma

    cidad

    santa

    e

    uma

    casa

    santa,

    para

    nela

    servir

    a Deus

    em sua presena,

    sem nenhum

    outro

    cuidado:

    In

    habitatione

    tarcta

    99ram

    ipso

    mnistraui,

    et in

    ciuitate

    sanctificata

    simi-

    liter

    reguieu_i

    (8

    )

    .

    E quanto

    ao

    que

    pertencia

    pessoa,

    sendo

    tantos e

    to

    excelentei os

    dotes

    natu-

    rais

    gue

    Deus

    desde

    seu

    princpio

    tinha

    rep.artido

    com

    as

    mulheres

    famosas

    daquela

    nao,

    de

    tudo

    isto

    nenhum

    caso f.ez

    a

    Senhora,

    tudo

    deixou,

    tudo

    desprezou,

    e s

    tomou e

    quis

    para

    si

    a

    santidade

    de

    todos

    os

    santos:

    In

    plenitudine

    sanctorum

    detentio

    mea

    (Eclo

    24, 16):

    Detive-te

    -

    diz

    -

    na

    enchente

    de

    todos

    os

    santos

    -

    porque

    tudo

    o

    gue no

    ser

    santo

    pode

    inchar,

    mas

    no

    pode

    enche

    -

    aqui

    me

    detive,

    aqui parei,

    aqui

    insisti

    e

    no

    passei,

    nem

    tive

    para

    onde passar

    daqui.

    156

    Oh quem

    me

    dera ter

    neste

    auditrio

    tdas

    as

    senhoras

    do

    mundo,

    to

    prendadas

    e

    to

    prsas,

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    21/446

    T

    INTRODUO

    to tidas

    e

    to

    retidas

    das

    vaidades

    do

    mesmo

    mundo,

    para

    que

    vissem

    o

    de gue

    s

    se haviam

    de

    deixar

    prender e deter,

    imitao da maior

    Senhora

    e Rai-

    nha

    de

    tdas

    Tudo

    quanto

    a

    apreenso

    e

    fantasia

    feminil

    estima

    e

    peza,

    viu

    a benditissima

    virgem

    no

    grande_

    teatro

    de

    Israel,

    de

    gue

    Deus

    a

    f.izera

    her-

    deira

    :

    In

    Israel

    haereditare.

    viu

    a nobre

    za do

    sangue,

    antiga

    e ilustre

    em

    sara,

    soberana

    e

    real

    em

    Micol,

    mas

    no

    a deteve

    o

    esplendor

    da

    nobreza,

    nem

    lhe

    moveu

    ou alterou

    os

    espritos.

    viu a

    formosura

    se-

    vida

    e adorada

    em

    Raquel,

    buscada

    e preferida

    em

    Abisai,

    mas

    no

    a

    deteve

    a

    formosura,

    nem

    julgou

    por

    digna

    de

    ser vista

    a

    gue

    leva

    aps

    si

    os'ollios.

    Vtu

    a

    fecundidade

    grande

    e

    invejada

    em

    Lia,

    maior

    e

    mais

    desvanecida

    em Fenena,

    mas

    no

    a

    deteve

    o

    apetite

    natural

    de ser

    me,

    nem

    desejou

    perpe-

    tuar-se

    em mais

    vidas.

    Viu

    a rigueza

    domstica

    -em

    Rebeca,

    e

    os

    tesouros

    reais

    em

    Sulamites,

    mas

    no

    a

    deteve

    cobia

    ou ambio

    de riquezas,

    porque

    tinha

    o corao

    em

    outros

    tesouros.

    Viu

    as

    galas

    e

    afeitas

    de

    |esabel,

    e

    todo

    o

    valor

    do

    Oriente

    ngastado

    nas

    jias

    de

    Ester,

    mas

    no

    a

    deteve

    a

    aparncia v

    dos

    aparatos

    do

    corpo,

    como

    a

    gue s cuidava

    em

    ornar

    o

    esprito.

    Viu a

    gue

    o mundo

    chama

    ventura

    nas

    bodas

    no

    esperadas

    de Rute,

    e

    rs

    muito

    mais

    Vn-

    turosas

    de

    sfora,

    mas

    no

    a

    deteve

    o

    especioso

    lao

    das

    bodas,

    antes

    lhe

    fizeram

    hcrror

    as

    elcias

    do

    tlamo.

    Viu

    as

    vitrias

    e triunfos

    de

    Debora,

    e

    os

    despojos

    e trofus

    da famosa

    |udite,

    mas

    no

    a

    deteve

    a

    fama

    com

    o

    rudo de

    seus aplausos,

    nem

    afetou

    vitrias

    e

    triunfos.

    Viu,

    finalmnte,

    coroada

    Abigail,

    e assentada

    Bersabe

    em

    igual

    trono

    com

    salomo,

    mas

    no

    a

    deteve

    a sobrania

    daguelas

    2t

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    22/446

    22

    INTRODUO

    alturas,

    porgue

    era

    mais

    alto

    o seu

    nimo

    que

    os

    tronos,

    e

    de

    maior

    esfera

    que as

    coroas.

    157

    Pois,

    Senhora,

    se

    todos

    stes

    bens

    da

    natureza

    e da

    fortuna,

    se

    tdas

    estas

    grandezas

    e

    felicidades

    da

    vida,

    gue os

    homens

    tanto

    estimam,

    tanto

    pezam

    e tanto

    invejam,

    nem divididas,

    nem

    juntas

    vos

    encheram

    os olhos,

    se

    por

    tdas

    passastes

    pisando-s,

    e

    nenhuma

    vos

    parec-eu

    digna,

    nem de

    vos

    deter

    um

    momento,

    nem de

    vos

    .azer

    parar

    um

    passo,

    que

    o

    que vistes,

    que

    so

    vos agradou,

    que

    o

    gu.

    ister,

    que so

    vos

    dteve

    cu

    teve

    mo,

    para

    que.ali

    parassem

    os passos

    do vosso

    desej-o,

    par?

    que. dali

    no

    passassem

    os

    vossos

    afetos?

    Vi

    a

    humildade,

    diz

    a

    Senhora,

    vi

    o

    desprzo

    de

    si e

    do

    mundo,

    vi

    o

    recolhimento,

    vi

    o

    silncio,

    vi

    a

    modstia,

    vi

    d tem-

    perana,

    vi

    a

    pacincia,

    vi

    a

    ofialeza,

    vi

    a

    mortifi-

    ao

    das

    paires

    e

    a resignao da

    propria vont1d",

    vi

    amor

    "

    Deus

    e

    a

    caridade

    do

    prximo,

    vi,

    enfim,

    tda

    a

    santidade,

    virtudes

    e

    graa de

    que

    estiveram

    cheios

    os

    santos, e

    nesta

    enchente

    de

    santidade

    r

    gue

    s

    tomei

    p,

    nesta

    parei,

    nesta

    me detive

    e

    nesta

    me detenho

    : Et

    in

    plenitudine

    sanctorum

    detentio

    mea.

    Isto

    o

    que

    dii

    de

    si

    a

    Me

    de

    Deus.

    E

    p9r-

    que

    ste

    foi

    o

    seu

    juizo e

    a

    sua eleio,

    por

    isso oi

    Me

    de

    Deus,

    no

    s

    porque

    estimou

    o

    ser

    santa

    mais

    que

    tdas

    as

    coisa,

    mas

    porque

    deixou

    e

    des-

    pezou

    tdas

    as

    coisas

    para ser

    mais

    santa.

    v

    158

    Os

    anios, que so

    a

    terceira

    classe

    dos

    santos

    que

    hoje

    celebra

    a

    lgreja,

    assim

    como

    nos

    persuadem

    com

    suas

    inspiraes,

    nos

    ensinam

    com

    ,",.,

    "r"mplo

    quo

    grande

    coisa

    ser

    santos.

    O

    exer-

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    23/446

    INTRODUO

    ccio

    dos

    anjos

    no

    ceu

    estarem sempre

    louvando

    a

    Deus.

    NOs

    no

    o

    sabemos

    louvar, porque

    o

    no

    vemos; les, que

    o

    esto

    sempre

    vendo,

    so

    o

    louvam

    como

    devem.

    Mas, quais

    so

    os louvores,

    ou

    as

    lisonjas que

    os

    anjos

    cantam

    a

    Deus?

    O

    profeta

    Isaas,

    que

    um

    a vez foi

    admitido

    a

    os ouvir, o disse:

    Seraphim

    stabant, et

    clamabant

    alter ad alterum:

    Sanctus,

    Sanctus, Sanctus

    (ls

    6, 2

    r): Estavam os

    serafins

    divididos em dois

    coros, e

    o

    que

    cantavam

    alternadamente

    a

    grandes vozes,

    era:

    Santo,

    Santo,

    Santo.

    Isto

    diziam

    e

    repetiam sem

    cessar,

    como

    tambm

    os

    ouviu,

    da

    a

    oitccentos

    anos, S.

    |oo

    no

    seu Apocalipse

    : Et

    requiem

    non

    habebant,

    dicentia:

    Sanctus,

    Sanctus,

    Sanctus

    (9).

    Se

    isto

    no estivera

    to

    expresso

    em

    um

    e

    outro testamento, quem

    tal

    cuidara?

    Deus no

    um objeto imenso,

    as grandezas

    de

    Deus no

    so

    infinitas, os

    anjos que

    o

    vem

    e

    conhecem

    intuitivamente

    no

    so

    to

    entendidos

    e

    to sbios? Pois,

    como no

    variam de vozes

    nem

    de

    pensamento?

    Por que

    no

    discorrem

    por

    outrs

    pe-

    feies

    divinas,

    por que

    no

    louvam

    e

    no

    engrande-

    cem

    cutros

    atributos? Por

    isso

    mesmo. Porque

    vem

    a

    Deus,

    porque

    o

    conhecem,

    e

    porque

    so

    entendidos.

    Quem louva

    ou

    lisonjeia

    discretamente,

    diz

    tudo

    o

    que

    pode

    e

    tudo

    o

    que

    mais

    agrada,

    e

    a

    maior gfl-

    deza

    que

    se

    pode

    dizer

    de

    Deus,

    e o

    louvor que

    mais

    lhe

    agrada

    chamar-lhe

    santo. Por

    isso

    o

    primeiro

    cro

    dos anjos

    diz Santo,

    e o segundo

    responde

    Santo;

    o

    primeiro

    torna

    a dizer Santo,

    e

    o segundo

    torna

    a

    repetir

    Santo; e isto

    dizem, e

    isto

    sempre

    esto

    dizendo

    sem

    cessar,

    uma

    e

    mil

    vzes,

    e

    isto ho

    de

    continuar

    a

    dizer

    por tda

    a

    eternidade, porque,

    depois

    23

    (9)

    E no

    cessavam

    de

    dizer:

    Santo,

    Santo,

    Santo

    (Apc

    4,

    8).

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    24/446

    24

    INTRODUO

    de

    dizerem

    gue Deus

    Santo, Santo

    e

    mais

    Santo,

    nem

    os serafins

    do cu,

    que so

    os

    anjos

    de

    mais

    alto

    entendimento

    e

    de mais

    profunda

    cincia,

    sabem

    dizer

    mais, nem

    lhes

    fica

    mais

    que

    dizer.

    Deus

    eterno,

    imenso, infinito,

    onipotente, mas tudo

    isso

    so

    grandezas,

    porque

    esto

    juntas

    com

    o

    ser

    santo. Se

    Deus,

    por

    impossvel,

    no

    fra

    santo,

    todos

    os

    outros

    seus

    atributos

    careceram

    da

    sua

    maior

    Per-

    feio.

    Por

    isso

    perfeio em

    Deus

    o

    ser

    eterno,

    porque

    eternamente

    santo;

    por

    isso

    e

    perfeio

    o

    ser

    imenso,

    porgue

    imensamente

    santo;

    por

    isso

    perfeio

    o ser

    infinito,

    porque

    infinitamente santo;

    por isso

    perfeio

    o ser

    onipotente,

    porque

    todo-

    poderosamente santo : Sanctus,

    Sanctus, Sancfus.

    159 Isto

    o

    gue

    os anjos

    dizem

    de

    Deus.

    E

    de

    si,

    que

    dizer,

    ou

    gue pod

    em

    dizer? O

    gue podem

    e

    so

    obrigados

    a

    dizer

    todos os

    que

    perseveraram

    no

    cu e

    o

    no perderam,

    que

    todo

    o seu

    bem

    tda

    a

    sua felicidade

    consistiu

    em

    ser santos.

    Houve

    no

    cu

    entre os

    anjos aquela

    grande batalha

    gue sabe-

    mos: Lcifer, com

    os

    maus, rebelou-se

    contra

    Deus;

    S.

    Miguel,

    com os bons,

    seguiu

    as

    partes

    de

    seu

    Senhor;

    stes

    venceram,

    aqules

    foram

    vencidos,

    e

    que ganharam

    os

    gue ganharam a

    vitria,

    que

    perde-

    ram os

    que

    perderam

    a batalha?

    Nenhuma

    outra

    coisa

    mais

    que

    o

    ser

    ou

    no

    ser

    santos.

    Os

    que

    ganharam

    a vitria

    ganharam

    o

    ser

    santos,

    porgue

    ficaram confirmados

    em

    graa;

    os

    que

    perderam

    a

    batalha

    perderam

    o ser santos,

    porque

    foram

    privados

    da

    mesma

    graa,

    e

    err

    tudo

    o

    mais

    que

    tinham

    por

    natureza

    ficaram

    como dantes

    eram.

    160

    Dagui se entender

    um

    famoso

    lugar

    de

    Ezequiel

    no

    captulo

    vinte

    e

    oito, onde

    chama

    uer.

    bim

    a

    Lcifer

    :

    Tu

    Cherub

    extentus,

    et protegens,

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    25/446

    I

    5

    et

    posui

    te

    in

    monte-

    sancto

    De,

    n

    medio

    lapidum

    igiitorum

    ambulasti.'

    Perfectus

    in

    uiis

    tus

    a de

    con-

    ditionis

    tuae, donec

    inuenta

    est

    iniquitas

    in

    te

    (10):

    Ty,

    guerubim,

    eras

    o anjo

    de

    mior

    esera,

    e

    que

    debaixo

    de tuas

    asas

    tinhas

    todos

    os

    outros

    :

    Tu

    Cherub

    extentus,

    et protegens.

    Eu

    te

    criei

    .Santo

    e

    em

    graa,

    e

    te

    pus

    no

    cur

    Posu

    te in

    monte

    sancto.

    Tu

    estavas

    entre

    os

    serafins,

    onde

    passeavas

    com

    Iiberdade

    de-superior:

    In

    medio

    tapdum

    ignitorum

    ambulasti.

    E

    desde

    o

    dia_

    de

    tua

    criao fste

    per-

    feito,

    at

    gue

    em

    ti

    se

    achou

    o

    p".udo

    e

    maldde,

    que

    tu inventaste:

    Perf

    ectus

    in uiis

    tuis,

    donec

    inuenta

    est

    niquitas

    in

    te.

    Em

    suma,

    que

    Lcifer,

    como

    diz

    o texto,

    e

    declaram

    conformemente

    todos

    os

    padres,

    era por

    natureza

    serafiffi,

    e criado

    entre

    os serafins,

    e.

    superior

    a

    todos.

    Pois,

    se era

    serafim,

    como

    lhe

    chama

    o

    profeta, em

    nome

    de

    Deus,

    no

    serafim,

    seno

    querubim?

    E

    se

    lhe

    nega

    o

    nome

    de

    serafim,

    porque

    j

    no

    era

    anjo,

    seno

    demnio,

    por

    que

    lhe

    chama

    querubim:

    Tu

    cherub?

    porque

    r"rufi.

    .ig"i-

    fica

    amor

    e

    amante,

    9

    querubim

    sgnifica

    cincia

    e

    sbio;

    e ainda

    que

    Luifer,

    pela

    "reberio

    "

    pelo

    pecado,

    perdeu

    o amor

    e

    a

    gra

    a"

    Deus

    e

    os.outros

    dons

    sobrenaturais,

    no

    perdeu

    a

    sabedoria

    e

    as

    cincias,

    nem

    os

    outros

    dotes

    do

    entendimento

    e

    da

    natureza,

    coT

    que

    fra

    criado.

    To

    anjo

    ficou

    no

    saber,

    como

    dantes

    era,

    to

    anjo

    ,ro

    podr,

    t"

    ;"i;

    na

    capacidade

    da

    esfera,

    to

    anjo

    na

    beleza

    e

    f.on-

    mosura

    natural,

    e

    em

    tudo

    o

    mais

    como

    dantes,

    e

    TNTRODU,O

    (10).Tu

    eras

    um

    querubim

    que

    estendia

    a.s

    tuas

    asas

    e

    prote-

    gra,

    e

    eu

    te

    ptrs

    sbre

    o

    monte

    santo

    de

    Deus,

    tu

    andaste

    no

    meio

    das

    pedras

    incendidas.

    Tu

    eras

    perfeito

    nos

    teus

    caminhos

    desde

    o

    dia

    da

    tua

    criao,

    at

    que

    e

    iniqi.iLidade

    se

    achou

    eE

    ti

    (Ez

    2g,14

    s).

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    26/446

    26

    INTRODUO

    somente

    privado da

    graa

    e da

    santidade,

    em

    que

    por

    sua

    culpa e

    maldade

    se

    no

    quis conservar.

    16l

    De

    sorte gue

    a

    principal

    diferena

    que

    ento

    houve

    e

    hole

    h

    entre

    Miguel

    e

    Lcifer,

    que

    Miguel

    chama-se

    S.

    Miguel.

    e

    Lucifer

    no

    se

    chama

    .unio.

    Direis

    que tambm

    foi

    privado

    Lucifer

    da

    glria e da

    vista

    de

    Deus. No

    foi,

    porque essa

    ainda

    no

    tinha,

    que

    se

    i

    tivera

    visto

    a

    Deus

    no o

    pudera

    ofender

    nem

    perder

    a

    graa

    e

    santidade.

    Mas,

    ssim como

    Deus

    o

    privou da

    graa

    e da

    santidade,

    por

    que

    o

    no

    prir.ou

    tambm

    de

    tudo

    o

    mais?

    Quan-

    do

    -

    vassalo

    se

    rebela

    cc.ntra

    seu

    rei, confis-

    cam-lhe

    todos

    seus

    bens.

    Pcis,

    se

    Lcifer

    se

    rebelou

    contra

    Deus,

    por

    que lhe

    ccnfiscam

    s

    a

    graa

    e

    a

    santidade,

    e

    lhe deiram

    tudo

    o

    mais?

    Porque s

    a

    graa

    e

    a

    santidade

    so

    bens:

    tudo

    o

    mais

    gue

    tm

    s

    anjos

    maus, uma

    vez

    gue

    no tm santidade,

    antes

    so

    males

    que bens.

    A

    cincia,

    sem

    santidade,

    ignorncia;

    a

    fcrmosura,

    se1 santidade,

    fealdade;

    o

    podet,

    sem

    santidade,

    f.ragueza;

    a

    grandeza,

    sem

    santidade,

    mis

    ria; e

    por isso so

    os

    an

    jos

    maus

    os

    mais

    miserveis

    de

    tdas

    as

    criaturas,

    assim

    como

    oS

    anjos bons

    os

    mais

    f

    elizes

    e

    bem-aventurados

    de

    tdas:

    stes

    pcrque

    so

    santos,

    aqules

    porque

    no

    so

    santos.

    VI

    162

    Vamos

    aos

    homens,

    e

    perguntai

    a

    todos

    os

    que esto

    no

    cu que coisa

    ser

    santos?

    A

    esta

    perunta

    no

    quero

    responder

    com

    Escrituras

    nem

    ao*

    palavras,

    seno

    com

    obras.

    As

    coisas

    estimam-se

    pelo

    i""

    valem

    e

    pelo

    que

    custam.

    Tudo

    o

    que

    ize-

    iurr,

    "

    pud".eram

    os

    santos,

    foi

    por

    ser

    santos.

    A

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    27/446

    INTRODUO

    esperana

    to

    longa

    e to

    constante dos

    patriarcas,

    a e e

    pacincia

    dos

    profetas,

    o zlo

    e

    pregao dos

    apstclos,

    os

    tormentos

    e

    mortes

    dos

    mrtires,

    s

    penitncias

    e

    asperezas dos

    confessores, a continncia

    e

    pueza

    das

    virgens:

    tudo

    santo,

    e

    tudo

    por ser

    so-

    tos.

    Mas no

    esta

    a

    matria que

    se haja

    de

    passar

    e

    escurecer

    com

    uma

    to

    abreviada

    generalidade.

    Discorramos

    por

    cada

    uma

    das

    jerarquias

    dos

    santos,

    e

    vejamos quanto

    se empenharam

    por conseguir

    ste

    nome.

    163

    Olhai

    para

    os

    patriarcas

    nos

    dois

    primeiros,

    e vereis a Isac

    lanado

    sbre

    a

    lenha,

    esperando com

    a

    garganta

    nua

    o

    rigor, por

    no

    dizer a desumanidade

    do

    golpe,

    e

    a

    Abrao

    com

    a

    espada

    em

    uma

    mo,

    para

    ccrtar a

    cabea ao

    nico filho,

    e

    com

    o

    fogo

    na

    outra, para

    o

    queimar em

    holocausto

    e

    sepultar

    em

    cinzas.

    Podia haver

    maior resoluo,

    nem

    mais he-

    rico

    e deliberado

    empenho,

    assim

    na sujeio

    do

    filho

    ao

    pai,

    como na

    obedincia

    do pai

    a

    Deus?

    O

    mesmo

    Deus

    confessou que no

    podia

    ser

    maior.

    Mas,

    se

    virdes que

    um

    anjo

    naquele

    mesmo flagrante

    tem mo no

    brao

    a

    Abrao,

    voltai os

    olhos para o

    de

    let,

    armado

    doutra

    espada

    e

    do

    mesmo

    zlo,

    e

    vereis

    no

    suspenso,

    mas,

    executado

    o

    tremendo

    sacrifcio,

    derramando

    o

    pai

    animoso

    com

    suas

    pr-

    prias

    mos

    o

    sangue

    da

    inocente

    filha,

    tambm

    nica,

    e sem

    herdeiro.

    E

    por

    gue

    vos

    parece que

    se

    atre-

    veram

    stes

    dois homens

    a

    uma

    to

    espantosa e

    medonha

    ao,

    de

    que

    se

    estremece

    o

    amor

    e

    tapa

    os olhos

    a

    natureza? Abrao,

    por

    no

    quebrar

    um

    preceito,

    lef.t,

    por

    no

    faltar

    a

    um voto,

    e

    ambos

    por

    ser

    santos. Abrao

    podia

    duvidar,

    com

    grande

    fundamento,

    se

    um

    preceito

    to

    novo

    e

    inaudito,

    e

    to

    repugnante

    s promessas

    que

    o

    mesmo

    Deus

    lhe

    2T

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    28/446

    28

    INTRODUO

    tinha feito, era

    iluso;

    ]eftr,

    com

    maior razo

    ainda,

    podia

    duvidar

    se

    o voto

    naquele

    caso

    obrigava,

    no

    sendo

    tal

    a

    sua

    teno,

    nem

    lhe

    tendo

    vindo

    tal

    coisa

    ao

    pensamento;

    e,

    contudo, ambos

    seguiram

    a

    parte

    mais

    dificultosa

    e

    mais segura,

    por

    no

    deixar em

    escrpulo

    a

    salvao,

    nem

    pr

    em

    duvida

    o ser santos.

    164 Aos

    patriarcas

    se

    guel-se

    os

    profetas,

    e

    aos profetas os

    apstolos.

    E

    se

    entre

    os

    profetas

    vos

    assombrais

    de

    ver

    um

    Isaas serrado

    pelo meio,

    e

    um Daniel

    na

    cova dos

    lees,

    e

    um

    |onas

    engolido

    da baleia,

    nos

    apstolos,

    que foram

    menos

    em

    nmero,

    vereis a

    Pedro crucificado,

    a Paulo degolado,

    a

    Andr

    aspado, a

    Felipe

    apedrejado,

    a

    Bartolomeu

    esfolado,

    a

    Mateus e

    Tomr

    alanceados,

    a Simo

    e

    Tadeu

    espe-

    daados,

    e todos,

    enfim,

    dando

    o sangu

    e

    e a

    vida

    em

    testemunho

    da

    f

    que pregaram,

    no

    s

    para ser

    santos les

    em

    si,

    mas

    para

    azer

    santos

    a

    outros.

    165 E

    que

    direi eu de

    vs,

    fortssimo

    e

    luzi-

    dssimo

    exrcito

    dos

    mrtires,

    to

    infinito

    no

    nmero

    como

    ncs

    esquisitos

    gneros

    de

    martrios?

    Se

    entro

    no

    anfiteatro de

    Roma,

    vejo-vos

    lanados

    s

    feras,

    ou

    lanados aos Neros,

    aos

    Dcios, aos

    Dioclecia-

    nos,

    aos

    Tray'anos,

    mais feros que as

    mesmas feras.

    A

    muitos de

    vs

    reverenciaram

    os

    lees,

    os ursos,

    os

    tigres,

    mas

    a nenhum

    perdoou a vida a

    impiedade

    mais

    que

    brutal

    dos

    tiranos,

    sempre

    mais obstinados

    e

    furiosos.

    As

    pedras de

    Estvo,

    as

    setas

    de

    Sebas-

    tio,

    as

    grelhas

    de

    Loureno e

    Vicente

    i

    erum

    tor-

    mentos

    vulgares.

    Que

    mquinas

    e

    invenes

    de

    atormentar no excogitou

    a

    sevcia

    raivosa de

    se

    ver

    vencida,

    paa combater

    e tentar

    vossa

    f.ortaleza?

    A

    uns

    mrtires

    penduravam

    pelos cabelos,

    ou

    por um

    p, ou

    por

    ambos,

    ou

    pelos

    dedos

    polegares,

    e

    assim,

    no ar

    e

    despidos,

    com

    azorcagues de

    nervos remata-

    htt // b t li

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    29/446

    INTRODUO

    29

    .dor

    em

    pelotas

    de

    chumbo

    ou

    abrolhos

    de

    ao,

    os

    batiam

    e

    martelavam

    com

    tal

    fra

    e

    continuao

    os

    cruis

    e

    robustos algozes,

    que

    ao

    princpio

    oita-

    vam_

    corpos,

    depois

    eriam

    as

    mesmas

    chagas

    ou

    uma

    so

    chaga,

    at

    gue

    no

    tinham

    j

    gueaoitai

    nem

    ferir.

    A

    outros,

    estirados

    e

    desconjuntadomo

    ecleo,

    ou

    estendidos

    na

    catasta,

    aravam

    ou

    cardavam

    os

    rer-

    blos

    com

    pentes

    e

    garfos

    de

    ferro,

    a que

    prpriamente

    chamavam

    escorpies,

    ou

    metidos

    debair

    a

    grandes

    pedras

    de

    moinho,

    lhes

    espremiam

    como

    "

    lagar

    o

    sangue,

    e

    lhes

    moam

    e

    imprensavam

    os

    ossos,

    at

    ficarem

    uma

    pasta

    confusa,

    sem

    figura

    nem

    se,-

    Ihana

    do

    que

    dantes

    eram.

    A

    outrs

    cobriam

    todos

    de

    pez,

    resina

    e

    enxfre,

    e,

    ateando-lhes

    o

    fogo,

    os

    f.aziam

    arder

    em

    p

    como

    tochas

    ou

    luminrias

    nas

    festas

    dos

    dolos,.

    esforando-se

    para

    ste

    suplcio

    com lhes

    dar

    a

    beber

    chumbo

    derretido.

    A

    o,itror,

    nos

    mais

    rigorosos

    frios

    do inverno,

    metiam

    em

    tan-

    gues

    enregelados,

    com

    banhos

    de gua

    guente

    vista,

    e

    liberdade

    de

    s-e

    passarem

    a

    les",

    puru

    gue

    enf.ra-

    guecesse

    o

    remdio

    os que

    no

    venci

    o

    tormento.

    A

    outros

    coziam

    em

    couros,

    juntamente

    com

    serpentes

    e

    ces danados,

    e

    assim

    os

    lanavam

    ao

    mar,

    para

    gue

    naquela

    _

    estreita,

    medonha

    e

    asquerosa

    priso,

    primeiro

    acabassem

    mordidos

    e

    atassalhados

    dos

    dentes

    venenosos,

    do

    gue

    afogados

    das

    ondas.

    A

    outros

    escalavam

    vivos

    pelos

    feitos,

    e lhes

    rnc-

    vam

    o

    corao

    e

    entranhas

    palpitantes,

    ou lhes

    ata-

    vam

    as

    mos

    g

    os

    pes

    a

    quatro

    ramos

    grossos

    de

    rvores, dobrados

    a

    -fra

    e

    soltos ao

    mesmo tempo,

    com

    que

    sbita

    e

    violentissimamente

    os

    espedaur*

    em

    quartos.

    A

    outros

    assentavam

    em

    iadeiras

    de

    ferro

    afogueado,

    a

    outros

    f.aziam

    andar

    aescals

    sbre

    lminas

    ardentes,

    a

    outros

    metiam

    em

    caldeiras

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    30/446

    30

    rNrRoouq

    de

    azeite

    e

    alcatro

    ervendo,

    a

    outros

    em

    bois

    de

    metal

    abrasado,

    a

    outros

    em

    fornalhas

    de

    chamas

    vivas.

    E

    tudo isto sofriam

    e

    suportavam

    aqules

    valo'

    rcsos

    cavaleiros

    de

    Cristo,

    no s

    com

    pacincia_

    e

    ccnstncia,

    mas

    com

    jbilo

    e

    alegria.

    Por

    qu?

    S

    por

    ser

    e

    segurar

    o

    ser

    sants,

    como

    exclama

    a

    igreja

    :

    Omnes

    sancti,

    quanta

    passi

    su.nt

    totmenta,

    u-t

    securi

    peruenirent

    ad

    palmam

    martyrii'

    vll

    166

    Os

    santos

    doutres,

    esquadro

    tambm

    laureado,

    no

    f.zeram

    ou

    no

    se

    desfizeram

    menos

    por

    ser

    santos.

    Foram

    a

    luz

    do

    mundo

    e o

    sal

    da

    iarru,

    e

    assim

    como

    a

    tocha

    se

    consome

    para

    alumiar,

    e

    o

    sal

    Se

    derrete

    para

    conservar, assim les,

    para

    alumiar

    as

    cegueiras

    do

    muntlo,

    e

    conservar

    a

    f.

    e

    religio

    em

    ru

    pufeza,

    no

    so

    se

    pode

    dzer

    com

    ,rerad"

    que

    consumiram

    a

    vida,

    mas

    que

    derreteram

    e

    estilaram

    a

    alma.

    Todos

    sses

    livros,

    tantos

    e

    to

    admirveis

    de

    S.

    Baslio,

    de

    S.

    Crisostomo,

    de

    Santo

    tansio,

    de

    Santo

    Ambrsio,

    de

    S.

    |ernimo,

    de

    Su"to

    Agostinho

    e

    dos

    dois

    Gregrios,

    quatro

    dgY-

    tOres

    da

    "lgreja

    Grega

    e

    quatro

    da

    Latina,

    e

    os

    dois

    que

    depois"

    se acrescentaram

    a ste

    sagrado

    nmero,

    Santo

    Toms

    e

    S.

    Bo,aventura,

    os

    livros

    igualmente

    doutssimos

    dos

    santos

    bispos,

    Hilrio,

    Cipiiano,

    Ful-

    grrcio,

    Epifnio,

    Isidoro,-e

    um

    e cutro

    Cirilo'

    e

    os

    os

    antiquisslmos

    padres

    Clemente

    Romano,

    Dionsio

    Areopagitu, Erinu,

    |us-tino, Gregorio

    -Taumaturgo'

    Clemlne

    Alerandrino,

    Lactncio,

    e

    infinitos

    outros,

    todcs

    stes

    escritos,

    digo,

    cheios

    de

    divina

    e

    celestial

    doutrina,

    que

    outra

    coisa

    so,

    Sem

    encarecimento

    nem

    metfora,

    seno

    aS

    almas

    dos

    mesmos

    santos,

    e

    aS

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    31/446

    INTRODUO

    guinta-essncias

    dos

    seus

    entendimentos

    estiladas pela

    pena?

    167

    Ali

    se

    vem

    refutadas

    e convencidas tdas

    as

    seitas

    dos

    antigos

    filosofos

    pitagricos,

    platnicos,

    cnicos,

    peripatticos,

    epicureus,

    esticos;

    ali

    os

    mis-

    trios

    profundssimos

    da

    fe

    facilitados

    e

    crveis,

    e os

    argumentos

    contrrios

    desvanecidos;

    ali

    as tradies

    apostolicas

    sucessivarnente

    continuadas,

    e as

    defini-

    es

    dos

    conclios

    gerais

    e

    particulares

    estabelecidas;

    ali

    as

    dificuldades da

    Sagrada

    Escritura

    e

    os lugares

    escuros

    dela

    declarados,

    e

    o

    Velho

    e

    Novo Tsta-

    mento,

    e

    os

    Evangelhos

    entre

    si

    concordes;

    ali as

    questes

    altssimas

    da

    Teologia

    sutilissimamente

    disputadas

    e

    resolutas,

    as

    controvrsias

    debatidas

    e

    examinadas,

    e

    o

    certo

    como

    certo,

    o

    falso

    como

    falso,

    e

    o

    provvel

    como

    provvel,

    tudo

    decidido;

    ali

    as

    heresias

    antigas

    e

    modernas

    expugnadas,

    e

    as

    cavi-

    laes

    dos hereges

    desfeitas,

    e

    cs textos

    sagrados,

    corruptos

    e

    adulterados

    por

    les,

    ccnservados

    em

    sua

    original

    pureza;

    os

    rios,

    os

    Apolinares,

    os

    Mace-

    dnios,

    os

    Nestorios,

    os

    Donatos,

    os

    Pelgios,

    os

    Me$qqeus,

    os

    Eutquics,

    os Elvdios,

    os

    ]ovinianos,

    os

    Vigilncios,

    e

    os

    Luteros

    e

    calvinos,

    que

    em nossos

    tempos

    os

    ressuscitaram,

    sepultados

    outa

    vez

    e co[-

    vencidos;

    ali,

    finalmente,

    os

    vcios

    perseguidos,

    os

    abusos

    emendados,

    as

    virtudes

    sinceras

    "e

    solidas

    louvadas,

    as

    falsas

    e aparentes

    confundidas,

    e tda

    a

    perfeio

    evanglica

    digesta,

    praticada

    e

    posta

    em

    seu ponto.

    168

    E

    para tudo

    isto

    -

    que

    muitos no

    enten-

    {"-,

    lem

    capacitam

    que

    compreensc

    e

    vastido

    de

    tdas

    as cincias

    divinas

    e

    hurnanas

    era necessria;

    que

    memria

    de

    tdas

    as

    histrias

    sagradas

    e

    profa-

    nas;

    que

    escrutnio

    da

    cronologia

    de

    todos

    os

    tempos;

    31

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    32/446

    32

    INTRODUO

    gue

    notcias

    de

    tdas

    as terras

    e

    gentes, de

    suas

    leis,

    ostumes,

    cerimnias,

    ritos;

    gue

    inteligncia

    e

    conhe-

    cimento

    exato

    de

    tdas

    as lnguas,

    latina,

    grega,

    he-

    bria,

    caldaica,

    siraca,

    umas

    originais

    dos

    textos

    sa-

    grados,

    outras

    em

    gue

    foram

    vertidos

    E

    que estudo,

    que aplicao,

    que

    ccntinuao

    e

    trabalho

    era

    outros-

    ii*

    ncessrio

    para

    adquirir

    esta

    imensa

    erudio

    ,

    aiu-

    dado

    o

    engenho

    natural

    e

    elevado

    de

    contnuas

    of'

    s

    ao

    cri,

    donde

    vem

    a

    verdadeira

    luz

    Estas

    eram

    as

    minas em que cavavam

    e

    suavam

    aqules

    diligen-

    tssimos

    e

    utilssimos

    operrios,

    estas

    as

    riguezas

    inestimveis

    qqe

    metiam

    e

    acumulavam

    nos

    tesouros

    da

    Igreja,

    ests

    as

    armas

    finssimas

    e

    escudos

    impe-

    netrveis

    de

    que

    forneciam

    a

    Trre de

    Davi

    para

    as

    futuras

    ocasies

    e

    batalhas,

    como

    hoje

    se

    experi-

    menta, empregando

    e

    aplicando

    a

    estas

    -

    gue com

    razo

    te

    chu-m

    obras

    -

    tdas

    as

    fras do'esprito,

    tdas

    as

    potncias

    da

    alma,

    e

    todos

    os

    sentidos

    do

    corpo,

    negando-lhe

    o

    descanso

    de

    dia,

    e

    o

    repouso

    e

    soro

    de

    noite,

    e

    chegando

    a

    no

    gostar

    nem

    sentir

    o

    mesmo

    que

    comiam,

    como

    mesa

    de

    el-rei

    S.

    Lus

    de

    Frana-lhe

    aconteceu

    a

    Santo

    Tcms.

    Mas,

    como

    "ru*

    t

    doutos

    e

    sbios,

    sabiam

    melhor

    que todos

    guo

    grande

    coisa

    ser

    santos,

    e

    por.isso o

    pfoCu-

    .r.-

    eies

    ser

    com

    esta

    vida,

    e

    gue os

    demais

    o

    fssem

    com

    esta

    mesma

    doutrina.

    169

    Por outro

    caminho

    bem

    diverso

    conquista-

    ram

    o

    Ser

    santos

    os

    anacoretas,

    deixando

    o

    trato

    e

    comunicao

    das

    gentes,

    e

    indo-se

    viver

    aos

    desertos;

    mas tambm

    l

    lhes

    no

    faltaram

    batalhas,

    porque

    se

    levavam

    a

    si

    consigo,

    nem

    vitrias,

    porq-ue

    os

    levava

    Deus.

    Estas

    er-

    as

    plantas

    do

    cr

    de

    que

    estavam

    cultivados

    os

    rmos

    d

    Palestina,

    da

    Tebaida,

    a"

    Egito,

    e

    agui

    viviam

    como

    anios,

    porque

    souberam

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    33/446

    T

    INTRODUO

    fugir

    dos

    homens,

    os

    Paulos,

    os

    Hilaries,

    os

    Ars-

    nios,

    os

    Onofres,

    os

    Pacmios,

    os

    Macrios.

    Em

    muitos anois,

    e

    alguns em tda

    a

    vida,

    no se

    viam;

    eram

    porm

    muito para

    ver

    aquelas venerveis cs

    nunca

    tocadas

    de

    ferro,

    como

    nazareus

    da

    lei

    da

    graa,

    da

    qual

    de

    noventa,

    qual

    de

    cento,

    gual

    de

    cento e vinte anos,

    estendendo

    o

    jejum

    e

    a abstinn-

    cia

    as vidas,

    gue

    tanto

    desbarata e

    abrevia

    o

    regalo.

    Habitavam

    as

    grutas

    e

    covas,

    das

    quais,

    guando

    saam,

    mais pareciam

    cadveres

    que homens

    vivos.

    Das

    mos

    de

    S.

    Pedro

    de Alcntara escreve

    Santa

    Teresa gue

    eram

    como feitas

    de

    razes,

    e

    o

    mesmo

    podemos

    dizer

    das

    esttuas

    ou

    semelhanas

    dstes

    santos

    velhos,

    secos,

    plidos,

    mirrados,

    e como

    feitos

    ou

    tecidos

    das

    raizes

    das

    mesmas

    ervas

    de

    gue

    se

    sustentavam.

    170

    Mas

    como

    na

    carne

    enfraquecida

    e

    debi-

    litada

    com

    as

    penitncias

    se criam

    e crescem

    os mais

    robustos

    espritos, invejosos

    os

    do

    inferno

    de tanta

    santidade,

    se

    armavam

    fortemente

    contra

    les,

    e,

    a-

    zendo daqueles

    desertos

    campanha,

    lhes

    davam

    crudelssimos

    combates.

    Umas

    vzes

    lhes

    apareciam

    os

    demnios

    transfigurados

    em

    spides,

    basiliscos,

    drages,

    e

    outros

    monstros

    horrendos que

    os

    queriam

    tragar,

    como

    ao

    grande

    Antnio;

    outras os

    assombra-

    vam

    com tremores

    espantosos

    da

    terra, relmpagos,

    troves

    e raios,

    com

    que parecia

    que

    as

    mesmas

    grutas

    se

    partiam,

    e caam

    sbre les

    os montes;

    e talvez

    na

    maior

    serenidade

    e

    frescura

    do ar,

    Ihes

    traziam

    e

    punham diante

    dos

    olhos

    as mesmas

    figuras

    humanas

    de

    gue

    tinham fugido,

    mais

    capazes pelo gesto

    e pelos

    trajos

    de

    provocar

    amor

    que

    mdo;

    e

    stes

    eram

    entre

    todos

    os mais

    apertados

    e

    furiosos

    assaltos. Mas,

    gue

    f.aziam

    agules

    canstantssimos

    atletas

    da

    casti-

    33

  • 7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1

    34/446

    34

    INTRODUO

    dade,

    quando os

    cilcios,

    de

    que

    sempre

    andavam

    armados, lhes

    no bastavam?

    Ou

    se

    valiam

    ds

    lagos

    e

    rios

    enregelados,

    como

    S. Francisco, ou

    nas

    silvas

    e

    espinhos,

    c*o

    So

    Bento,

    ou

    no fogo,

    metendo

    nle

    a

    mo

    e

    deixando

    derreter

    os

    dedos,

    como

    S.

    Diogo,

    e

    desta

    sorte,

    com

    a

    memria

    do

    mesmo

    inferno

    que

    lhes

    .azia

    a

    guerra,

    o

    venciam

    e

    triunfavam

    dale.

    Assim

    venciam,

    porque

    eram

    assistidos

    da

    graa.de

    Deus,

    e

    assistia-os

    Deus

    to

    e.icazmente

    com

    sua

    graa,

    porque

    les

    continuamente

    assistiam

    tambm

    a

    Deus, orando

    e

    contemplando.

    17l

    De alguns

    se

    escreve

    que de

    noite

    mediam

    as

    horas

    da otuo

    com

    um

    novo

    e

    admirvel

    relogio

    do sol,

    porque

    comeav

    am

    a

    orar

    quando

    se

    punh ,

    e

    acabavm

    quando

    nascia.

    Mais

    f.azia

    Simeo

    Estilita,

    a

    quem

    com

    razo

    podemos

    chamar

    Anacoreta

    do

    Ar,

    e

    no da

    terra.

    Vivia

    sbre

    uma

    coluna

    de

    trinta

    e

    cinco

    cvados

    de

    alto,

    onde

    perseverou

    oitenta

    anos

    ao sol,

    ao

    frio,

    neve,

    aos

    ventos,

    comendo

    uma

    s vez

    na semana,

    e

    orando

    de

    dia e

    de

    noite,

    quase

    sem

    dormir.

    LImas

    vzes

    orava

    de

    ioelhos

    e

    prostrado,

    outras

    em

    p e

    com os

    braos

    a