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QUERO VOCÊ CAP: 13 PÁG: 1

Quero Você!

NOVELA CRIADA E ESCRITA POR: RÔM ULO GUILHERM E

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO: BETE

ROBERTA

SAMANTHA

FÁTIMA

RICHARD

MARIANA

VANESSA

MIRNA

ARMANDO

PASSARINHO

ZÉLIA

MARCOS

WHITNEY

THELMA

WASHINGTON

PEZÃO

CHULÉ

GUSTAVO

ANA

BIGORNA

NOEL

TICIANO

RICARDO

MAGNO

FOTÓGRAFOS

REPÓRTERES

JORNALISTA


MAQUIADORA

DIRETORES

ASSISTENTE

CENA 1. APTO DE NOEL E ANA. SALA. INTERIOR. DIA

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

Thelma, Ana e Noel.

NOEL — Estou esperando uma resposta Ana!

Ana levanta e pega a revista.

THELMA — Já vou indo, porque vocês tem muita coisa pra conversar...

Ana fuzila Thelma com os olhos.

THELMA (BAIXO, PARA ANA) Achou que aprontando ninguém ia descobrir? Se enganou meu bem. Agora

quero ver você sair dessa.

Thelma saía e Ana bate a porta com força.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 2. APTO DE NOEL E ANA. CORREDOR. INTERIOR. DIA

Thelma na porta do apartamento do casal.

THELMA — (RINDO) Depois dessa será separação na certa! Aí eu entro como a amiga solidária, me

preparando para ser a futura esposa do afamado e rico diretor Noel.

Thelma caminha em direção ao elevador, rindo.

CORTA PARA:


CENA 3. APTO DE NOEL E ANA. SALA. INTERIOR. DIA

Noel e Ana.

ANA — Eu posso explicar, Noel.

NOEL — Explicar? Explicar o quê? Eu estou vendo! Não só eu, o Brasil todo! (T) Eu já estava desconfiada

de vocês dois. Eu só não imaginava que você seria capaz de me trair assim, em público. Me fazendo passar

por essa situação constrangedora... Meu Deus, eu devo estar na boca do povo, como o novo corno do

momento.

ANA — Foi um beijo roubado, sem importância. O Gustavo me surpreendeu com essa atitude. Eu não queria...

Quando eu vi ele já estava me beijando. Algum paparazzo que passou no momento aproveitou e tirou essa

foto!

Noel começa a rir, de forma debochada.

NOEL — Então você é a vítima da história? Que foi atacada pelo Gustavo?

ANA — Eu me afastei dele! O empurrei para longe de mim, recriminando esse beijo que ele tinha me dado,

que eu não queria. Nós não temos nada. Somo apenas bons amigos, colegas de trabalho. Eu juro Noel!

NOEL — Você não podia ter feito isso, Ana. Não podia!

Noel vai pro quarto. Ana senta no sofá e abaixa a cabeça.

Noel vem do quarto trazendo as roupas de Ana, que ele tirou do guarda-roupa, jogando tudo no chão, com

raiva.

ANA — (CATANDO AS ROUPAS) Minhas roupas... Pára de fazer isso, Noel! Ficou louco...

NOEL — Eu devia tacar fogo em tudo!

ANA — Vamos sentar e conversar direito, Noel!

NOEL — Conversar? Não quero mais conversa, Ana. Quero você fora desse apartamento agora!


ANA — Esse apartamento também é meu!

NOEL — Se você quer, podemos resolver isso no tribunal...

Noel pega sua pasta em cima do sofá

NOEL — Eu vou para o estúdio e quando não quero te ver mais aqui!

Noel saí e bate a porta, com raiva.

CORTA PARA:

CENA 4. CASA MIRNA. QUARTO DE VANESSA. INTERIOR. DIA

Vanessa e Washington estão dormindo, abraçadinhos, depois de uma noite intensa de amor. Mirna abre a porta

e se depara com os dois nessa situação.

MIRNA — (GRITA) Vanessa!

Os dois acordam assustados.

VANESSA — O que foi, Mirna? Aconteceu alguma coisa?

MIRNA — E você ainda me pergunta o quê aconteceu? Eu é que devo te perguntar o que aconteceu aqui!

Marcos aparece.

MARCOS — Que grito foi esse mãe?

MIRNA — Vai terminar de tomar seu café, Marcos. Isso aqui é conversa de adulto.

MARCOS — Conversa de adulto é sempre mais interessante!

WASHINGTON — Você quer mesmo saber o que aconteceu, dona Mirna?

MIRNA — (ATRAPALHADA) Não! Me poupem dos detalhes sórdidos...


MARCOS — Eu quero!

MIRNA — (EMPURRANDO MARCOS) Vai, Marcos. Estou mandando!

Marcos vai pra sala.

WASHINGTON — (BAIXO, PARA VANESSA) Eu disse que ia dar BO, Vanessa!

VANESSA — (PARA MIRNA) Não fizemos nada de errado, minha irmã.

MIRNA — Como não, Vanessa? Na minha casa, com o Marcos aqui... Quando eu voltar quero ter uma

conversa muito séria com você (APONTANDO VANESSA) e com o senhor (APONTANDO)seu Washington!

Mirna saí e fecha a porta.

WASHINGTON — Sua irmã vai correr comigo daqui!

VANESSA — Vai nada! Eu sei que depois dessa lição de moral vai ficar tudo na boa. Eu e minha irmã nos

damos muito bem. Ela pose de durona, mas tem a cabeça muito aberta...

WASHINGTON — Tomará mesmo!

CORTA PARA:

CENA 5. CASA BETE. SALA. INTERIOR. DIA

Nicanor e Bete tomando café.

NICANOR — Você é muito cara-de-pau mesmo Bete! Ir numa delegacia, falar com o delegado, como se fosse

a boa samaritana, a mulher mais inocente do mundo, que não tem nenhum crime nas costas...

BETE — Cara-de-pau é a vovozinha! Eu sou uma mãe preocupada e zelosa, que não iria abandonar minha

filha nesse momento tão difícil que ela está passando!

NICANOR — Não ficou com medo de fazer companhia pra sua filhinha, não?


BETE — Medo? Medo de quê, Nicanor? Não tenho nada pra temer numa delegacia...

NICANOR — Não, Bete? (RINDO) Só rindo mesmo, viu!

BETE — Ninguém sabe do que aconteceu! Minha ficha está limpinha, sem nada pra me envergonhar e me

fazer esconder. Ao contrário de você, né Nicanor?! Que não pode nem passar perto da porta de uma delegacia,

que só deles sentirem seu cheiro, vão te colocar em cana!

NICANOR — Nem fala uma coisa dessas, Bete! Tremo só de pensar nisso...

BETE — E se tu for preso nem precisa contar comigo pra te visitar viu. Pra levar lanchinho, celular, droga

e tudo mais que a maioria dos visitantes levam para os detentes!

NICANOR — Que papo bravo, viu?! Não tá na hora de tu visitar sua filhinha, não?

BETE — Eu tô indo não é porque você falou não. Estou indo porque tenho que ir mesmo!

CORTA PARA:

CENA 6. FERRO-VELHO. EXTERIOR. DIA

Bigorna e os dois irmãos (Pezão e Chulé) estão conversando.

BIGORNA — É um mané, que tá fazendo tudo o que uma piriguete manda.

PEZÃO — Se a grana for boa é claro que “nóis” topa, né irmão?!

CHULÉ — Falou e disse, mano brother!

Ricardo chega e se aproxima deles.

BIGORNA — Esse aí é o Ricardo. Ricardo, esses aí são os irmão Pezão e Chulé.

Eles se cumprimentam.

RICARDO — O Bigorna disse que vocês são firmeza.


PEZÃO — Com a gente é tudo preto no branco. Não tem erro!

CHULÉ — É só tu explicar como vai ser o esquema, que “nóis” combina a grana. Não é irmão?

PEZÃO — É, mano!

RICARDO — A parada é o seguinte...

Quando Ricardo começa a contar como vai ser o esquema, já CORTA PARA:

CENA 7. MANSÃO FLAMING. SALA. INTERIOR. DIA

Samantha está tomando café. Fátima vem da cozinha, com uma bandeja de café-da-manhã.

SAMANTHA — O Richard não levantou ainda?

FÁTIMA — Não. E pelo jeito não vai levantar agora não. Pediu pra que eu lhe servisse o café na cama...

SAMANTHA — É o amor, Fátima, que deixou o meu filho assim.

Samantha levanta e pega a bandeja.

SAMANTHA — Pode deixar que eu levo o café pro Richard, Fátima. Obrigada!

Samantha sobe com a bandeja. Fátima espera Samantha sair de cena para sentar no mesmo lugar que ela estava

e beliscar alguma coisa que está na mesa, bem caprichada, do café.

FÁTIMA — Não vejo a hora de deixar de ser uma empregadinha, para virar madame. Ser servida, ao invés

de servir... Vou ser uma patroa muito chata, viu! Exigir bastante dos meus empregados. E não ser uma

manteiga derretida como essa nojenta (REFERINDO-SE A SAMANTHA) que ainda vai me dar o devido

valor...

O telefone toca. Fátima levanta e vai atender.

FÁTIMA — (TEL) Mansão dos Flaming.

CORTA RÁPIDO PARA:


CENA 8. MIAMI. PRISÃO. INTERIOR. DIA

Ticiano no telefone. Um policial mal encarado está do seu lado.

TICIANO — (TEL) Tia, sou eu, Ticiano... Estou precisando muito da ajuda da senhora... Eu fui preso. Eles

vão me deportar...

CORTA RÁPIDO PARA:


Fátima no telefone.

FÁTIMA — Isso é problema seu Ticiano.

TICIANO — (OFF) Me ajuda tia, por favor... Estou precisando muito da senhora, minha única família...

FÁTIMA — Não mandei você ir praí, agora que deu com os burros n’água se vira!

TICIANO — (OFF) Chego amanhã...

Fátima desliga, com raiva, sem ouvir o que Ticiano fala.

CORTA PARA:

CENA 10. QUARTO RICHARD. INTERIOR. DIA

Richard está deitado, todo encolhido no edredom. Samantha entra, trazendo a bandeja de café.

SAMANTHA — Não quero ver você desse jeito, meu filho!

Samantha coloca a bandeja perto de Richard e senta-se do seu lado.

RICHARD — Está sendo muito difícil pra mim, mãe!


SAMANTHA — Eu imagino. Sei o tanto que você gosta da Roberta. Mas não é por isso que você vai ficar

trancado aqui no quarto.

RICHARD — Saber que ela não quer me ver, não me dá ânimo pra nada. Nem pra trabalhar, que é algo que

eu sempre fiz com todo o prazer do mundo!

SAMANTHA — É tudo uma fase. Como eu te falei: vocês agora estão sofrendo com a nuvem negra, de chuva

com raios e trovões... Logo ela passa e o céu claro, bonita, volta a brilhar pra vocês, como antes. E você tem

que estar bem quando esse céu chegar. Se alimentar, trabalhar, ter sua rotina de sempre, deixando a tristeza

ali, de lado. Fácil não é, mas a vida é assim, com seus momentos de alegria e tristeza!

Fátima entra.

FÁTIMA — Tem uma moça, na portaria, querendo falar com você, Richard!

RICHARD — (ANIMA-SE) Moça? Não vai me dizer que é.../

FÁTIMA — Ela se chama Mariana!

SAMANTHA — (PARA RICHARD) Quem é essa?

RICHARD — Mariana? Acho que sei quem ela é.

FÁTIMA — Posso deixar ela entrar?

RICHARD — Pode sim! Já vou descer.

Fátima saí.

SAMANTHA — Lembrou-se de quem é essa Mariana?

RICHARD — Se for quem eu estou pensando foi a que denunciou a Roberta.

SAMANTHA — Mas o que ela está fazendo aqui?

RICHARD — É isso que vamos descobrir agora.


CORTA RÁPIDO PARA:


Mariana, Samantha e Richard.

MARIANA — (CUMPRIMENTANDO SAMANTHA) Que honra minha cumprimentar a senhora, dona

Samantha! Como a senhora é bonita!

SAMANTHA — Que isso, menina! Sou uma pessoa comum...

Samantha se aproxima de Richard.

(PARA RICHARD, BAIXO) Vou deixar vocês sozinho para conversarem, seja lá o que for que ela tem a

dizer.

RICHARD — (BAIXO) Só que eu ainda não consegui entender essa visita. O que temos pra conversar.

SAMANTHA — (BAIXO) Ouve, pelo menos. Mal não vai fazer!

Samantha se despede do filho e vai embora.

RICHARD — Então, Mariana? O que você quer falar comigo?

MARIANA — Eu vim ver como você está. Me senti muito culpada pelo seu sofrimento, que continua

estampado no seus olhos...

RICHARD — Estou sofrendo sim, mas logo vai passar. Assim que a Roberta sair da cadeia vamos nos acertar.

E não se sinta culpada. Você fez o que foi certo, já que viu um crime acontecendo, não podia ficar calada,

compactuando com ele, não é?

MARIANA — Eu pensei assim! Por isso que não fiquei calada, mesmo gostando da Roberta, como uma

amiga.

RICHARD — É só isso que você tem pra dizer?


MARIANA — Espero que você não fique com raiva de mim.

RICHARD — Como eu disse na primeira vez, que você falou isso, não. Eu não estou com raiva de você e nem

vou ficar. E não se preocupe com seu emprego também. Sei separar bem as coisas... (T) Agora eu tenho que

me arrumar, pois tenho que trabalhar!

MARIANA — Eu também tenho que ir. Aproveitei que hoje eu podia chegar mais tarde para passar aqui...

Mariana rouba um beijo, no rosto, de Richard e depois vai embora.

RICHARD — Maluquinha!

CORTA PARA:

CENA 12. JOALHERIA. INTERIOR. DIA

Mariana e Vanessa.

VANESSA (SEM ACREDITAR) — Você fez o quê?

MARIANA — Fui lá na casa do Richard. Casa não, mansão, aonde um dia eu vou morar. Deus é Pai, que esse

dia está próximo de chegar!

VANESSA — Você é louca, Mariana! Antes eu só desconfiava, agora eu tenho certeza!

MARIANA — Você não viu nada, minha amiga. Esse foi o segundo ato da minha grande encenação. Hoje a

noite será o ato principal. Meu grande momento...

CORTA PARA:

CENA 13. CASA WHITNEY. SALA. INTERIOR. DIA

Whitney está sentada, tomando café, numa mesa posta simples. Ela está longe, com seus pensamentos.

Armando aparece.

ARMANDO — (BEIJANDO) Bom dia, minha linda!


WHITNEY — Bom dia!

Armando senta e começa a tomar café.

ARMANDO — Que cara é essa Whitney?

WHITNEY — Eu não dormi nada a noite! Fiquei pensando.../

ARMANDO — (CORTA, BRINCANDO) Em mim que não foi, né?

WHITNEY — (BEIJA ARMANDO) Em você eu penso todo dia... Fiquei pensando na conversa que a Bete

tava tendo com a Mariana. O que as duas estavam conversando... Que tal de plano B é esse que elas falavam...?

ARMANDO — Quantos questionamentos, Whitney. Não preocupa com isso não!

WHITNEY — Preocupo sim, Armando. Porque envolve minha amiga. A Roberta pra mim é quase uma irmã.

ARMANDO — Eu não quis dizer isso, Whitney. Eu não só respeito a amizade de vocês, como admiro muito.

WHITNEY — Tudo bem! Não vamos brigar por isso! (T) O que você tava querendo falar comigo, Armando?

ARMANDO — (SEM JEITO) É um assunto meio delicado...

WHITNEY — Não enrola não, Armando. Tu sabe que eu gosto das coisas bem diretas!

ARMANDO — Tá bom! Eu vou falar! (RESPIRA E SOLTA) Meu carro sumiu, desapareceu, como fumaça

no ar. O delegado não deu esperanças de encontrá-lo e realmente foi isso o que aconteceu... Eu não posso

ficar parado, com meus pneus arriados... Por isso eu pensei que você podia dar um jeitinho pra mim...

WHITNEY — Ah, meu amor... Grana pra comprar um carro novo eu não tenho assim, na mão.

ARMANDO — Quem sabe um empréstimo, um financiamento?

WHITNEY — Será que dá? Eu não entendo muito dessas coisas...


ARMANDO — Vamos tentar! Eu vou te pegar tudo, cada centavo, nem que eu trabalhe dia e noite, sem

descansar, sem folga.

WHITNEY — Assim não vale. Quero que você descanse também. Só que comigo. Do nosso jeitinho!

ARMANDO — Então isso é um sim?

WHITNEY — É claro, né Armando! Você acha que eu não ia atender um pedido desses, depois de tudo o que

aconteceu, ainda mais sabendo o quanto você amava aquele carro?!

Armando levanta e agarra Whitney. Garre-a no colo e os dois caem no sofá, se beijando, trocando muitos

carinhos.

ARMANDO — Vamos lá hoje? Não agüento mais ficar como esses velhos aposentados, sem ter o que fazer.

Só tá faltando eu jogar xadrez na praça...

WHITNEY — Ia ser o aposentado mais lindo da asilo.

Os dois riem.

WHITNEY — Mas vamos sim! Resolvemos isso, depois vou lá visitar minha amiga!

CORTA PARA:

CENA 14. ESCRITÓRIO FLAMING. SALA SAMANTHA. INTERIOR. DIA

Samantha está trabalhando, lendo alguns e-mais, no seu notebook.

SAMANTHA — É só coisa inútil que mandam pra gente...

Mirna bate na sala e entra.

MIRNA — Magno na primeira linha. A senhora atende?

SAMANTHA — Claro!


Samantha atende a ligação e Magno.

SAMANTHA — Como é bom ouvir sua voz.

MAGNO — (OFF) Estou morrendo de saudades... Volto pro Rio amanhã!

SAMANTHA — (FELIZ) Que ótima notícia, Magno!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 15. RIO GRANDE SUL. VINÍCULA. EXTERIOR. DIA

Magno caminha pela vinícula, falando no celular.

MAGNO — Tive um contratempo, mas que já resolvi. Chego de manhã, no aeroporto Galeão.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 16. ESCRITÓRIO FLAMING. SALA SAMANTHA. INTERIOR. DIA

Samantha no telefone.

SAMANTHA — Eu vou te buscar no aeroporto.

MAGNO — Estou te levando um dos meus legítimos vinhos, pra você experimentar.

SAMANTHA — E tenho certeza que vou adorar... Beijos...

Samantha desliga.

CORTA PARA:

CENA 17. EMISSORA. CORREDORES/SALA DE REUNIÕES. INTERIOR. DIA

Noel vem caminhando, indo em direção a sua sala. A medida que vai caminhando, Noel sente os olhares das

pessoas, que cometam baixinho, riem. Ele sente que estão falando dele, do fato acontecido.


NOEL — (VOZ) Você me transformou em motivos de deboche, Ana. De deboche...

Quando entra na sala, os três outros diretos (dois homens e uma mulher) que conversam, rindo, silenciam,

cortando o assunto. Noel novamente sente que estão rindo do fato acontecido.

NOEL — É uma piada? Quero ouvir também.

DIRETOR — Deixa pra lá, Noel. Vamos trabalhar. Só estávamos esperando você chegar...

Noel reflete um pouco, antes de falar:

NOEL — Tudo bem, então! Vamos começar a reunião.

DIRETOR 1 — A estréia está se aproximando e parece que foi ontem que começamos a gravar as primeiras

cenas.

NOEL — Temos uma boa frente de capítulos! Depois dos contratempos iniciais, não perdemos o ritmo de

gravação.

DIRETORA — Graças também ao Gustavo. Que em pouco tempo incorporou o papel e decorou as cenas de

vários capítulos, dá noite pro dia.

DIRETOR 2 — E vem interpretando o personagem Silas brilhantemente...

Noel amassa, sem perceber, um papel na mesa, demonstrando sua raiva ao ouvir o nome do Gustavo.

DIRETOR — Está tudo bem, Noel?

NOEL — Vamos mudar de assunto, deixar de lado todo o brilhantismo desse ator pra lá...

Corta para o final da reunião

Os dois diretores saí, ficando apenas a diretora. Noel termina de guardar alguns papeis. Ela se aproxima dele.

DIRETORA — Noel, eu sei que não deve estar sendo fácil pra você. Me solidarizo com sua dor. Mas se

quiser podemos resolver esse assunto, dizendo que aquela era uma das cenas que estava sendo gravada para


a novela. Aí pedimos o autor para escrever esse cena, que será gravada, e posteriormente, encaixada em algum

capítulo. O que você acha?

NOEL — Agradeço, mas acho melhor não! Já que esse assunto está na boa de todo mundo, é melhor que

saibam que é verdade e não ficção.

DIRETORA — Eu só queria ajudar. Mas você quem sabe!

Diretora saí da sala.

NOEL — Essa é a verdade. Pura e venenosa verdade!

CORTA PARA:

CENA 18. PENSÃO PASSARINHO. SALA. INTERIOR. DIA

Passarinho está sentada, fazendo algumas contas, concentrada.

PASSARINHO — Como as coisas andam caras, meu Deus!

Zélia entra, trazendo a revista de fofoca, toda serelepe.

ZÉLIA — Já está sabendo da fofoca da semana, minha irmã?

PASSARINHO — Não tenho tempo pra tomar conta da vida dos outros.

ZÉLIA — Eu também não tenho e nem gosto...

Zélia mostra a revista para Passarinho, que pega e dá uma olhada, sem muito entusiasmo.

PASSARINHO — Quem é essa?

ZÉLIA — Aquela atriz, que fez a protagonista daquela novela: Sol e Lua. Casada com aquele diretor bonitão.

Ela foi flagrada beijando outro homem na praia. O ator que vai interpretar seu par na próxima novela.


Passarinho entrega a revista de volta pra Zélia.

PASSARINHO – Isso é porque você não gosta de se meter na vida dos outros.

ZÉLIA — Mas são eles que ficam se exibindo pra todo mundo. Agente só lê pra ficar informada, por dentro

do assunto... Eu achei uma pouca-vergonha isso. Trair o marido desse jeito, descaradamente!

PASSARINHO — Deus deu a vida pra cada um, pra que cada um cuide da sua!

ZÉLIA — Eu também acho isso, minha irmão! Mas que é uma pouca vergonha é!

CORTA PARA:

CENA 19. EMISSORA. SALA MAQUIAGEM. INTERIOR. TARDE

Ana está sendo maquiada. Ela está com o capítulo no colo dando uma última lida nas suas falas.

MAQUIADORA — Você está bem, Ana!

ANA — Estou sim!

MAQUIADORA — Estou perguntando isso porque me considero sua amiga.

ANA — Uma grande amiga, em quem eu confio muito. Mas estou bem sim!

Thelma entra e senta na cadeira do lado de Ana. As duas se olham. Thelma começa a se maquiar, dando uma

última ajeitada, pois já está vestida com o figurino da sua personagem Manuela.

THELMA — (CÍNICA) E o casamento, Ana?... Vai bem?

ANA — Deixa de ser cínica, Thelma! Por que você fez aquilo?

THELMA — Eu? Você quem beijou outro na praia, Ana. Não fui eu!

ANA — Estou falando de ter levado a revista pro Noel. Se intrometido em um assunto que você não tem nada

haver.


THELMA — Só adiantei os fatos. Mais cedo, ou mais tarde, o Noel iria ficar sabendo.

ANA — Sua ação foi cheia de interesses... Você não presta, Thelma! Não vale nada!

MAQUIADORA — Acalmem-se meninas... Não briguem!

THELMA — (RINDO) Você que é uma mulher casada, que fica beijando outro homem na praia, e eu é quem

não presto? Aproveita que você está em frente a um espelho, bem grandão, olha bem pra ele Ana e vê quem

é que não presta mesmo!

Thelma levanta e saí. Ana levanta e vai atrás dela, enfurecida.

CORTA PARA:

CENA 20. EMISSORA. CORREDOR. INTERIOR. DIA

Thelma caminha. Ana vai atrás dela.

ANA — Acabar com o meu casamento vai te favorecer em quê, Thelma? Hen, fala?... A não ser que você

esteja querendo roubar o meu marido, assumir o meu lugar. Ou melhor, ser eu!... É isso, Thelma? Você tem

inveja de mim, de quem eu sou?

THELMA — Eu? Inveja de você? (RI, DEBOCHADAMENTE) Uma atriz, que só tem destaque por causa

do marido. Que, ao contrário da esposa, executa muito bem o que faz.

ANA — Invejosa, recalcada... Depois de tanto tempo longe da televisão, alguém lembrou que você existia e

agora pretende usar desses métodos baixos, pra conseguir se firmar né?!

THELMA — E se for? Qual é o problema? Está com medo de deixar de ser a queridinha do diretor?

Ana parte pra cima de Thelma. As duas saem no tapa, puxão de cabelo. Gustavo chega a tempo para separar

a briga. Ele segura Ana, enquanto a maquiadora tenta segurar Thelma.

THELMA — (COM RAIVA) Olha o que você fez! Estragou todo o meu cabelo!

ANA — Eu queria era quebrar essa sua cara-de-pau!


GUSTAVO — (PARA THELMA) É melhor você ir, Thelma.

MAQUIADORA — Vem Thelma. Em dois tempos dou um jeito no seu cabelo.

THELMA — Tu não faz mais do que sua obrigação. É paga para cuidar das estrelas de verdade, que brilham

com luz própria e não com a luz dos outros (PROVOCANDO ANA).

Ana caminha até o jardim da emissora.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 21. EMISSORA. JARDIM. EXTERIOR. DIA

Ana e Gustavo.

GUSTAVO — Você está bem, Ana?

Ana começa a chorar. Gustavo tenta confortá-la. Mas Ana se afasta.

ANA — Me larga, Gustavo. Minha vida está assim por sua culpa.

GUSTAVO — Eu sinto muito, Ana. Não queria te causar tantos problemas... Você quer que eu me afaste de

você?

ANA — Se afastar de mim?

GUSTAVO — Sim! Se eu te causei tantos problemas, acho que o mais correto que eu tenho que fazer é me

afastar de você. Limitando nossa convivência no âmbito profissional e nada mais. (T) Só que antes de você

responder, eu tenho que dizer, confessar, que você mexeu comigo de uma forma que nenhuma outra pessoa

conseguiu. Aquele beijo que eu roubei de você na praia, foi o melhor beijo da minha vida. Me senti como um

adolescente, descobrindo o primeiro amor. Todo aquele turbilhão de sentimentos, de sensações, atravessando

o meu corpo, preenchendo todo o vazia de relacionamentos anteriores... Enfim, é isso. Eu vou intender e

aceitar perfeitamente sua decisão, Ana.

Ana fica surpresa com a declaração de Gustavo. Quando vai falar, o assistente de direção se aproxima dos dois.


ASSISTENTE — Cinco minutos para começarmos a gravar.

GUSTAVO — Já estamos indo.

Assistente se afasta.

GUSTAVO — Já vou indo então.

Ana segura o braço de Gustavo.

ANA — Não vai ouvir minha resposta?

GUSTAVO — Acho melhor não. Eu já sei qual será. Vai dor mais ouvindo-a sair de sua boca...

ANA — Não! Eu não quero que você se afaste de mim, Gustavo! Quero continuar tendo você como um amigo.

GUSTAVO — (FELIZ) Sério, Ana?

Ana estende a mão.

ANA — Amigos?

Gustavo olha para a mão de Ana e aperta.

GUSTAVO — Amigos!

FUSÃO PARA:

CENA 22. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. TARDE

CORTA PARA:

CENA 23. RUAS. EXTERIOR. TARDE

Bete caminha, falando no celular.


BETE — Então, pensou em alguma coisa? No plano B, caso os dois continuem juntos?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 24. JOALHERIA. SALA DOS FUNCIONÁRIOS. INTERIOR. TARDE

Mariana no celular.

MARIANA — Não só pensei, como vou executá-lo hoje a noite. Sou precavida, meu bem! Não vou esperar

ver se esse vai dar certo, para pensar e colocar outro em ação.

BETE — (OFF) Você não é fácil, em garota! Meu Deus! Com essa sua cara de santa, é pior do que o diabo!

Vai me contar o que você prende fazer?

MARIANA — Não. Se não vai perder a graça, ainda mais porque envolve outras pessoas e eu também não

confio na senhora plenamente. Vai que está se fazendo de amiga, para aprontar pra cima de mim?... O seguro

morreu de velho e não vou dar um mole desses. Tenho mais a perder do que você!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 25. RUAS. EXTERIOR. TARDE

Bete no celular.

BETE — Tudo bem então! Você é quem sabe! Mas pode ter a certeza, que se o assunto for separar a Roberta

do Richard, você vai me ter como uma fiel aliada.... Ok... Depois nos falamos.

Bete desliga o celular.

CORTA PARA:

CENA 26. DELEGACIA. CELA ROBERTA. INTERIOR. TARDE

Bete e Roberta conversam.


BETE — Como você está, minha menina? Não sabe como dói o meu coração te ver aqui, nesse lugar horrível,

pagando por algo que não cometeu.

ROBERTA — Não vou mentira, dizendo que está bem, pois não está! Mas eu acredito na justiça, mãe! Tanto

na justiça de Deus e dos homens.

BETE — (VOZ) Espero que você me perdoe, minha filha, por estar compactuando com esse plano, que te

colocou nessa situação.

ROBERTA — (CONTINUA) Sei que eu não roubei aquele anel, estou com minha consciência tranqüila. As

pessoas que me conhecem, que gostam de mim, sabe que eu não cometi esse crime que estou sendo acusada,

por isso estou com meu coração leve!

Bete pega na mão de Roberta.

BETE — Filha, saiba que eu te amo muito viu! Mais até do que minha própria vida. Qualquer coisa que eu

venha a fazer, saiba que é pensando em você, exclusivamente em você. No seu bem e principalmente na sua

felicidade.

ROBERTA — Por que você está dizendo isso, mãe?

BETE — Porque quero que você nunca se esqueça disso. Desse meu intenso amor por você!

ROBERTA — Eu sei disso, mãe. Eu também amo muito a senhora.

BETE — Promete que nunca vai me abandonar, que vai ter raiva de mim.

ROBERTA — (SEM ENTENDER) Te abandonar? Raiva de você, mãe?

BETE — Só promete, filha!

ROBERTA — Tudo bem, mãe. Eu prometo que nunca vou te abandonar e que nunca vou ter raiva de você.

CORTA PARA:

CENA 27. MOTEL. QUARTO. INTERIOR. TARDE


Armando e Whitney estão deitados, abraçadinhos.

ARMANDO — Que ótima maneira de comemorar esse presentão que você me deu.

WHITNEY — Temos que comemorar em grande estilo o táxi novo, que vai bombar de passageiro por essas

ruas do Rio.

ARMANDO — Se Deus e São Jorge quiserem!

WHITNEY — E eles já querem, meu amor!

Os dois se beijam.

ARMANDO — Amanhã vou fazer uma surpresa pro Marcos, levando ele na escola, no carro novo.

WHITNEY — Falando no Marcos.../

ARMANDO — O que quê tem Whitney?

WHITNEY — É que acho eu e seu filho tão afastados. Estamos juntos a quase dois anos e eu e ele mal

trocamos algumas palavras. Tudo bem que a relação de filho e madrasta não é muito bem vista. Mas acho que

podemos nos dar bem, falta é oportunidade.

ARMANDO — E o que você sugere?

WHITNEY — Podíamos sair. Eu, você e ele.

ARMANDO — (ESTRANHANDO) Nós três?

WHITNEY — Sim! Por quê? Não gostou da idéia?

ARMANDO — Gostei. Mas tem é que ver se o Marcos vai gostar. Vou ligar pra ele.

Armando pega o celular, mas Whitney coloca a mão em cima, interrompendo a discagem dos números.


WHITNEY — Vamos fazer uma surpresa. Pessoalmente tenho certeza que ele não vai dizer que não aceita

sair com a gente... Tenho certeza que vamos nos divertir muito, Armando. Confie em mim. Vai ser uma noite

maravilhosa.

FUSÃO PARA:

CENA 28. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. TARDE/NOITE

CORTA PARA:

CENA 29. EMISSORA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE

A frente da emissora está tomada de jornalista, repórteres, fotógrafos, movidos pela traição de Ana, que

ganhou repercussão nacional. O carro de Noel saí da emissora.

REPÓRTER — É o carro do Noel!

Todos vão pra cima do carro de Noel. Os fotógrafos começam disparar uma saraivada de flashes.

JORNALISTA — Uma palavrinha, Noel! Uma palavrinha.

REPÓRTER — Qual a resposta: ficção ou realidade?

Noel, que até então estava com o vidro fechado, abre.

REPÓRTER — Como você está sentindo diante dessa traição nacional?

JORNALISTA — É tudo verdade ou não passa de cena da novela?

NOEL — Vocês querem saber a verdade?

REPÓRTER — É o que todo Brasil está querendo saber.

NOEL — Verdade. A mais pura verdade. A Ana me traiu com o Gustavo Lerói.


Noel fecha o vidro e parte, acelerando, quase atropelando toda a imprensa. Assim que ele vai embora, os

jornalistas e repórteres começam a conversar entre si.

JORNALISTA (COMENTANDO COM FOTÓGRAFO) — Vamos nos preparar porque a Ana e o Gustavo

estão aí dentro ainda. Obtive informações de fontes quentíssimas.

REPÓRTER — Então é tudo verdade.

REPÓRTER 1 — Eu já esperava. Pra mim não foi nenhuma surpresa a confirmação dele.

CORTA PARA:

CENA 30. ESCRITÓRIO FLAM ING. SALA RICHARD. INTERIOR. NOITE

Richard está recolhendo alguns papeis sobre sua mesa. O seu telefone toca.

RICHARD — Alô?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 31. ORELHÃO. EXTERIOR. NOITE

Mariana está no telefone, disfarçando sua voz, usando um pano.

MARIANA — Tenho informações que podem provar a inocência da Roberta. Me encontre no estacionamento

da joalheria, na Barra, daqui a duas horas... E não fale nada com a polícia. Caso contrário essas provas vão

desaparecer como fumaça...

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 32. ESCRITÓRIO FLAMING. SALA RICHARD. INTERIOR. TARDE

Richard fica impressionado com o telefonema.

RICHARD — Alô? Quem está falando?... Droga, desligou.


Richard coloca o telefone na base.

RICHARD — Devo ir ou não? Não posso perder essas provas, mesmo sem saber quais provas são essas...

CORTA PARA:

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FIM DO CAPÍTULO

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quero você!static.recantodasletras.com.br/arquivos/3938005.pdf · quero vocÊ cap: 13 pÁg: 1...

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