finckh fundamentos medicina tibetana

Upload: fabio-dc

Post on 03-Apr-2018

251 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    1/137

    1

    FUNDAMENTOSDA

    MEDICINATIBETANA

    Volume I

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    2/137

    2

    FUNDAMENTOSDA

    MEDICINATIBETANA

    de acordo com a obra rGyud-bzi

    Volume I

    Elizabeth Finckh

    Traduzido por:Williams Ribeiro de Farias

    e Dra. Yeda Ribeiro de Farias

    Editora Chakpori

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    3/137

    3

    Ttulo original: Foundations of Tibetan Medicine Vol. I 1978, Robinson and Watkins Books Ltd.

    Direitos autorais adquiridos pelaEditora Chakpori

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    4/137

    4

    NDICEPREFCIO 5

    AGRADECIMENTOS DA AUTORA 7

    CAPTULO UM -OESTUDODAMEDICINATIBETANA 8

    CAPTULO DOIS -NOTASHISTRICAS 17

    CAPTULO TRS -OSAUTORES 25

    CAPTULO QUATRO -TRABALHOSMDICOS 32

    CAPTULO CINCO -CONTEDODORGYUDBZI 39

    CAPTULO SEIS -OSISTEMADAMEDICINATIBETANA 53

    CAPTULO SETE -ORGANISMOSAUDVELEDOENTE 71

    CAPTULO OITO -PESQUISANAMEDICINATIBETANA 103TRANSLITERAO 109

    TTULOS DOS TRABALHOS 110

    BIBLIOGRAFIA 113

    NOTAS 126

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    5/137

    5

    PREFCIO

    Durante toda sua histria o Ocidente tem mostradouma saudvel curiosidade e um vivo interesse nasabedoria e na filosofia do Oriente. O Tibete foi,especialmente, objeto de intensa especulao e suaposio extremamente isolada, aliada sua poltica dedesencorajamento aos estrangeiros, seduziu imensamente imaginao e ao romantismo.

    Mas foram tambm as pessoas no Ocidente,estudantes, cientistas, escritores, historiadores e mdicosquem manifestaram uma qualidade admirvel deseriedade em suas tentativas de compreender o mundoasitico. Estes esforos pioneiros para descobrir,interpretar e avaliar o tesouro cultural do Tibete tmcrescido enormemente desde 1959, quando o pas foiinvadido e ocupado pela China.

    no campo da medicina tibetana que os cientistasOcidentais tm realizado, recentemente, numerososprojetos, envolvendo a traduo e a interpretao dostextos e tratados mdicos. Esta iniciativa deu origem maiores possibilidades de contato e comunicao do que oexistente anteriormente no Tibete. Foi causado tambmpor um desejo de conservar e preservar a medicinatibetana como parte de uma rica herana cultural que estsendo atualmente influenciada e destruda pela China.

    A Dra. Finckh talvez a primeira mdica Ocidental atraduzir e interpretar os principais textos da medicinatibetana para uma lngua Ocidental. Ela tem o mrito de

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    6/137

    6

    haver estudado na Tibetan Medical School em

    Dharamsala sob a experiente orientao de mdicostibetanos em 1962. Foi com o auxlio destes mdicos queos principais textos foram traduzidos e explicados.

    A medicina tibetana hoje goza de um rpido ecrescente interesse e reputao entre os mdicosOcidentais. A cincia da medicina tibetana e suapraticabilidade est agora sendo reconhecida.

    Congratulo a autora pelos seus esforos diligentes elouvveis para propagar a medicina tibetana e desejo-lhetodo sucesso e bem-aventurana em seu nobreempreendimento.

    DALAI LAMA6 de Maro de 1972

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    7/137

    7

    AGRADECIMENTOS DA AUTORA Sua Santidade Dalai Lama ao apoiar e promover

    inicialmente meus esforos para estudar a medicinatibetana. Minha primeira palavra de agradecimento deve,portanto, ser dirigida Sua Santidade.

    A seguir desejo mencionar o Dr. Yeshe Donden,Diretor da Escola de Medicina em Dharamsala e mdicopessoal do Dalai Lama. Sem a orientao deste experientemdico a medicina tibetana jamais se tornaria inteligvelpara mim. Sou imensamente agradecida ao Dr. YesheDonden e tambm ao sbio tradutor Sr. Gyatsho Tshering.

    Muitos estudiosos tibetanos auxiliaram-me napreparao deste material: nos Himalaias, ChogyamTrungpa, entre outros, e num estgio posterior, eruditostibetanos que estavam conferenciando em universidadesalems. Devo fazer uma meno especial ao GesheGedun Lodroe, revisor no Seminrio para Histria e

    Cultura Indiana na Universidade de Hamburgo, que estavasempre pronto a auxiliar-me com quaisquer explicaesque eu necessitasse. Agradeo a todos estes estudiosos;de fato, a pesquisa com a medicina tibetana possvelapenas com o auxlio dos Tibetologistas.

    Finalmente, gostaria de agradecer aos professoresRonald Eric Emmerick (de Hamburgo), Klaus Sagaster (deBonn) e Claus Vogel (Bonn), por lerem meu trabalho,corrigindo-o e fazendo sugestes teis.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    8/137

    8

    O ESTUDO DA MEDICINA TIBETANA

    Pouco da medicina tibetana conhecido no Ocidenteat hoje. Na terra proibida, visitada por poucosocidentais, a medicina era ensinada em escolas demedicina especiais e praticada principalmente por monges,os quais precisavam submeter-se a um longo treinamento.Estas escolas de medicina sempre foram fechadas aosvisitantes ocidentais, ainda que na virada do sculo umgrupo de estudiosos russos tenha desenvolvido umtrabalho sobre os tratados mdicos tibetanos.

    Sem a instruo oral transmitida por mdicostibetanos competentes, esta rea pouco familiar damedicina permanece at nossos dias inacessvel. Eracostume no Tibete que o estudante fosse iniciado

    oralmente pelo professor, e ainda verdade que sem talexplicao um mdico Ocidental simplesmente noconsegue assimilar a matria.

    O absoluto segredo que envolvia a medicina tibetanano passado tem sido relaxado atualmente por fatorespolticos. Em 1959, o Dalai Lama foi forado a deixar seupas. Cerca de oito mil tibetanos juntaram-se a ele naretirada, entre eles doze mdicos com os quais podemosagora fazer contato nos pases em que esto asilados.Quando o centro de operaes do Dalai Lama foitransferido para o norte dos Himalaias indiano (paraDharamsala, um pequeno vilarejo no Estado de Himachal

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    9/137

    9

    Pradesh), uma escola de medicina foi ali estabelecida;

    pela primeira vez foi possvel encontrar mdicos tibetanos,e eu aproveitei a oportunidade.Minha especialidade clnica geral, treinada tambm

    em neurologia, psiquiatria e medicina tropical. Em 1951,por intermdio da homeopatia e naturopatia, cheguei acupuntura. Desde ento tenho utilizado apenas estemtodo de tratamento em minha prtica mdica. princpio, eu possua algumas dvidas se estes mtodosde cura estrangeiros poderiam ser satisfatoriamenteaplicados em nosso clima e em europeus, mas aexperincia logo as dispersou: contanto que as indicaessejam adequadamente avaliadas, a acupuntura pode serempregada em europeus.

    Meu efetivo interesse no Tibete e particularmente emsua iconografia remonta a vinte e cinco anos. Pareceu-meportanto, natural estudar a arte de curar do Tibete, a qualat o momento permanecia desconhecida. Em 1962passei trs meses nos Himalaias. No Nepal, aprendi queos melhores mdicos tibetanos estavam na corte do Dalai

    Lama.Atravs de uma carta de recomendao, obtive uma

    audincia privada com Sua Santidade o Dalai Lama.Surpreendentemente, foi-me dada permisso para estudarna escola de medicina. Recebi total apoio do Dalai Lama,que indicou seu mdico pessoal, Dr. Yeshe Donden,diretor da escola de medicina, para explicar-me tudo. Almdo mais, hbeis intrpretes foram colocados minhadisposio. A pesquisa em si provou-se muito rdua,porque era extremamente difcil encontrar a definio dostermos. Ao mesmo tempo, tornou-se evidente que meuconhecimento da lngua tibetana era infelizmente

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    10/137

    10

    inadequado. Um relacionamento amigvel foi logo

    estabelecido entre mim e os extremamente cordiaismdicos tibetanos. Um constante intercmbio de cartasdurante os cinco anos que se seguiram serviu para ampliare complementar o campo de trabalho.

    Em 1967 fiz minha segunda viagem de estudos evisitei no apenas a escola de medicina mas tambm osvales dos Himalaias, onde pude observar o trabalhoitinerante dos mdicos tibetanos e coletar importantematerial para pesquisa. Durante audincia com SuaSantidade o Dalai Lama, obtive maiores informaes sobreseu desejo de que todo material coletado fosse publicadoem um livro sobre medicina tibetana: finalmente, seria umtrabalho desenvolvido em colaborao com mdicostibetanos e baseado em suas fontes.

    A terminologia mdica, sem a qual no podemosinvestigar a medicina tibetana, foi nossa principalpreocupao. W. A Unkrig, estudioso nas lnguas tibetanae mongl, escreveu: A medicina lamasta como um todopermanece um territrio inexplorado para ns; portanto, o

    mdico, o botnico e o filologista ao explor-lo, enfrentamtarefas especficas; nesta rea pouco provvel que sejabreve a substituio destes especialistas por um nicoestudioso com todas as habilidades necessrias.i Unkrigmostra a dificuldade na definio acurada dos termos, umavez que os dicionrios em sua maioria no fornecem maisdo que definies gerais. Os termos em tibetano e emmongl permanecem demasiadamente vagos para quepossamos estabelecer seus numerosos equivalentes.

    Surgem ainda dificuldades especiais na definio dassubstncias medicinais, das quais a grande maioria proveniente do reino vegetal. A forma mais promissora

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    11/137

    11

    para definir os termos com preciso a comparao de

    textos em tibetano e em snscrito. Nosso conhecimento damedicina indiana antiga, na qual se fundamenta amedicina lamasta, adequada, pelo menos como esboopara que possamos arriscar alguns passos em direo medicina tibetana.

    Porm, tal tentativa ainda no foi feita escreveuUnkrig em 1936. Entretanto, como ser comprovado, C.Vogel fez esta tentativa.

    O primeiro passo, portanto, diz respeito grandedificuldade com a terminologia mdica;conseqentemente, este rido tpico o objeto dopresente estudo. Seria presuno tentar uma definio dosconceitos sem o conselho e o auxlio de Tibetologistas. Poroutro lado, alguns dos conceitos foram esclarecidossomente com explicaes orais dos mdicos tibetanos.

    Ambos tm contribudo na resoluo das definies.A terminologia mdica deve ser feita a partir das

    fontes. Os mdicos tibetanos possuem um trabalhopadronizado no qual o sistema e as regras de sua

    medicina esto assentadas. Este livro, que o corao damedicina tibetana, o ponto de partida deste estudo.

    O livro a que nos referimos recebe o ttulo: bdud rtsisnying po yan lag brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud. O ttulo ser traduzido posteriormente, e no momento serutilizado o ttulo abreviado rGyud bzi, o qual freqentemente denominado Tratado das Quatro Razesou Os QuatroTantras, mas mais significantemente comoQuatro Tratados. Trabalhei sobre partes desse livro

    juntamente com mdicos tibetanos. Os textos no contmquaisquer especulaes filosficas, e nada seria maiserrneo do que promover tais reflexes. Apesar da

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    12/137

    12

    medicina tibetana estar intimamente relacionada com o

    budismo, o carter budista do livro mostra-seprincipalmente quando o Buda da Medicina transmite seusconhecimentos na forma de um Sutra, atravs do profetaRig pai ye she. Os nmeros que aparecem no texto e nosistema so indicaes dos ensinamentos budistas aoestudioso.

    No passado, o estudioso podia supor com maispreciso a origem e a autoria do livro rGyu bzi. O quepodemos afirmar com certeza que o estudo da medicinatibetana deve comear com este livro. Uma vez que todosos Tibetologistas enfatizam este ponto, deixemos quetenham aqui a palavra inicial.

    C. Vogel nos oferece um importante volume. Ofamoso mdico indiano Vagbhata escreveu um dos maisimportantes tratados de medicina, o Astanga-hrdayasamhita. Este livro tem um papel especial no estudoda medicina tibetana. O Astangahrdayasamhita foitraduzido para a lngua tibetana pelo estudioso tibetanoRin chen bzan po em colaborao com o sbio indiano

    Jarandhara (entre 1013 e 1055) e posteriormenteincorporado ao Tan jur [bsTan gyur = traduo tibetana daliteratura comentada Indo-Budista] C. Vogel comeou acomparar palavra por palavra da verso em snscrito deVagbhata com a verso tibetana incorporada ao Tan jur etraduziu ambas as verses para o ingls. ii Este trabalho de excepcional valor para o estudo da medicina tibetana.C. Vogel escreve no prefcio: Mesmo sendo este umponto de partida adequado para qualquer pesquisa narea, h ainda um objetivo a alcanar: a traduo e aedio completa do rGyud bzi, o livro padro da medicinatibetana, o qual supe-se que tenha sido adaptado de um

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    13/137

    13

    atualmente desaparecido original em snscrito, escrito

    pelo mdico do Kashmir Candranandana por volta dosculo 8 D.C., e sobre o qual afirma-se que tenha sidoescrito por nenhum outro que no Kumarajivaka, o famosocontemporneo do Buda Sakyamuni.iii A condioindispensvel, entretanto, para uma adequadacompreenso do rGyud bzi um ntimo conhecimento daterminologia mdica tibetana, a qual por sua vez pode seradquirido apenas atravs da minuciosa comparao de umtexto mdico de alguma extenso existente em snscritocom a sua contraparte em tibetano. Nenhum trabalhoparece condizer melhor do que o Astangahrdayasamhitade Vagbhata, a nica descrio representativa da medicinaindiana incorporada no cnone lamasta.

    Sobre o livro rGyud bzi, Unkrig escreve: iv Pode-sesupor, na verdade, que o lamasmo, com compreensvelreverncia com que amplia sua literatura cannica, estatendo suas razes na ndia, teria utilizado como compndiopadro o maior e mais compreensvel dos trabalhoscontidos no Tan jur, ou seja, o Astangahrdayasamhita (no

    volume 118), e seus comentrios (nos volumes 119-122),no treinamento de seus mdicos e na prtica. Realmente,este no o caso; a posio que o precedente devessepor direito pertencer ao tratado de Vagbhata tem sidoocupado por outro tratado e tem se mantido inalteradadesde ento. Esta posio pertence ao rGyud bzi. Noentanto, este tratado, naturalmente suficiente, no foiincorporado ao cnone da literatura lamasta e tampoucosabe-se sobre um hipottico original em snscrito, o qualpresume-se que esteja perdido. O fato de que na estrutura,pensamento e contedo ele seja inteiramente indiano demodo algum contradiz a suposio de que o rGyud bzi

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    14/137

    14

    tenha sido escrito originalmente em tibetano. fato

    marcante que de todos os livros apenas o rGyud bzi nofoi includo no Tan jur, mostrando que lhe asseguram umaposio de autoridade prtica e terica no corpo daliteratura mdica tibetana e forma a base toda a literaturarestante de relevncia, se de fato eles remontam umoriginal em snscrito e devem ser, portanto, de idadeconsidervel. Alm disso, as vrias edies em tibetano eem mongl no possuem o ttulo em snscrito transliteradoo que habitual que acontea. Eu me deparei com umttulo em snscrito apenas uma nica vez em uma ediotibetana... Concluir deste exemplov que o trabalho possuium original em snscrito, penso eu, temerrio. Que osLamas atribuem uma idade considervel ao rGyud bzi noaltera de forma alguma o fato de que, apesar de baseadapraticamente em sua posio de autoridade face literatura mdica no Tan jur, eles no o incluram nesteltimo. Onde um devoto e uma tradio puramenteorientada para a religio traam a estrutura de idias norGyud bzi para o Buda em si, um outro denomina

    honestamente o autor como Kumarajivaka (em tibetano:Tso byed gzon nu), o famoso mdico e contemporneodo Buda Sakyamuni.

    Neste estudo no qual pretende-se auxiliar em direo compreenso da medicina tibetana, dois captulos dovalioso livro rGyud bzi. Que consiste de 15 captulos,foram analisados, denominados captulo 3 e captulo 6 doLivro Um. A partir destes dois captulos o sistema demedicina e as primeiras duas sees da cincia mdica, oestudo dos organismos saudveis e doentes, com suasterminologias, puderam ser expostos. O carter especficoda medicina tibetana no se tornar inteiramente

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    15/137

    15

    transparente mesmo aps a traduo completa do livro

    rGyud bzi. Ele se tornaria mais claro se houvesse maisdescries, ou seja, as denominadas influncias quetiveram um efeito sobre a medicina tibetana: a) influnciaspr-budistas; b) budismo tibetano, c) medicina indianaantiga, d) medicina chinesa antiga.

    Concluindo a exposio sobre o estudo da medicinatibetana com algumas anotaes sobre aplicabilidade, nsno devemos abandonar a inteno real de nossotrabalho. A medicina tibetana no apresenta apenas umelevado interesse terico, mas, assim como a acupuntura, aplicvel no Ocidente.

    Como mdica, eu encontro naturalmente maisfacilidade para lidar com mtodos de diagnsticos eteraputica do que com a difcil terminologia mdica,especialmente quanto ao material que est disponvel paraaplicao prtica: pranchas de anatomia e tais pranchasso importantes para o diagnstico e a terapia. Ostibetanos possuem muitos mtodos tpicos de tratamentoque seria mais simples relacionar as caractersticas de sua

    medicina pelas descries do mtodo do que tra-los apartir da terminologia mdica.

    A tarefa mais difcil ser o tratamento a partir dasfamosas preparaes herbceas tibetanas, uma vez que adefinio exata das ervas extremamente complicada. Aolado disso o uso de preparaes herbceas tibetanasabsolutamente puras ser, por diversas razes, muitodifcil. por isso que mtodos tibetanos tpicos tais como asangria e o moxabusto (cauterizao) so to valiosos,pois nos tornam independentes de medicamentos. Ambosos mtodos so conhecidos por ns atravs da medicinachinesa, mas os mtodos de aplicao acima citados tm

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    16/137

    16

    sido magistralmente desenvolvido pelos tibetanos. Alm

    disso, o moxabusto em certos pontos influenciafavoravelmente o processo de meditao. Por experinciaprpria, podemos estabelecer que para certas doenas omtodo tibetano superior aos demais. No momento,devemos resistir tentao de comentar as aplicaes damedicina tibetana para faz-lo posteriormente. Os mtodosde cura dos tibetanos sero descritos inteiramente em umtrabalho adicional. Ser fornecida, entre outras coisas,uma descrio detalhada destes procedimentosteraputicos, os quais influenciam todas as meditaesimportantes.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    17/137

    17

    NOTAS HISTRICAS

    Na poca do legendrio rei gNya khri btsan poconta-se que dois mdicos notveis fizeram uma viagemda ndia para o Tibete. L permaneceram por dez anos eintroduziram a medicina indiana aos tibetanos. Um dessesmdicos casou-se com uma garota tibetana e seu filhotornou-se um famoso mdico que foi encarregado deensinar e disseminar a arte mdica. A lenda conta como ahierarquia deste primeiro mdico tibetano foi preservadaem linha direta at o sculo 18. Os tibetanos pretendiammostrar a continuidade de sua tradio mdica.vi Em umperodo mais remoto, o conhecimento da medicina eratransmitido oralmente pelo professor para o aluno; ostibetanos aprenderam a arte de escrever posteriormente.

    Sob o reinado do rei Srong btsan sgam po, de 620 a 640D.C., o Tibete ganhou seu lugar na histria como umestado independente. O budismo comeou a se difundir eos tibetanos criaram sua escrita: o estudioso Thon miSambhota, enviado pelo rei ao Kashmir, desenvolveu aescrita tibetana a partir da indiana.

    O perodo seguinte, no qual os reis Khri srong ldebtsan (reinou de 755 a 797) e Khri gtsug lde btsan (reinoude 815 a 838) tiveram um papel especial, foi marcado pelorelacionamento tibetano com a ndia e a China.

    Posteriormente, vrios fatores levaram divergncia:o reinado comeou a desintegrar-se culturalmente e

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    18/137

    18

    religiosamente, o budismo sofreu um declnio e o ltimo rei

    desta dinastia, Glang dar ma, foi assassinado em 842. Oreinado do Tibete foi dividido em numerosos principados.Aps a desintegrao poltica e o declnio do

    budismo seguiu-se a segunda propagao do budismo,marcado sobretudo com o convite tibetano ao grandemestre indiano Atisha (982-1054). Professores vieram dandia e do Nepal, e peregrinos tibetanos viajaram para ospases vizinhos; desenvolveu-se uma vigorosa atividadede traduo, incrementando a literatura mdica tambm.

    Nesta poca viveu no Tibete o grande mestre dameditao Mi la res pa (1040-1123), um poeta de elevadareputao. Seu trabalho Hundred-Thousand Songsdeveser mencionado com relao medicina: nestes versossurge uma clssica descrio da causa e do tratamento deuma doena de acordo com as idias da religio Bon. vii

    A medicina obviamente atingiu seu auge no apogeumximo do poder poltico. Sob o reinado de Khri srong ldebtsan, afirmamos, houve trs fatos de importncia histricapara a medicina:

    1. O debate de bSam yas (794)viii

    Sob a orientao do mais famoso mdico da poca, gYu

    thog pa Yon tan mgon po rnying ma, ocorreu um grandedebate, no qual compareceram delegaes de mdicosdos seguintes pases: ndia, China, Prsia, Nepal,Sinkiang, Kashmir e Afeganisto. No debate que duroumuitos dias os delegados deveriam definir a teoria e aprtica de seus sistemas mdicos. O tema da discussoera comparar o contedo e a teoria da medicina tibetanacom os sistemas de outros pases. De acordo com ahistria oral, o mdico tibetano foi proclamado vitoriosono final do debate.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    19/137

    19

    2. Os Quatro Votosix

    O rei Khri srong lde btsan decretou os Quatro Votos quedeveriam ser colocados em prtica.

    3.As Treze LeisxO rei Khri srong lde btsan decretou as Treze Leis que

    foram colocadas em prtica.

    Como mencionado, particularmente importantepara a histria mdica o debate de bSam yas: durante aidade de ouro da arte da cura houve um intensointercmbio na rea da medicina. Os sistemas mdicosdos pases mencionados tiveram influncia sobre amedicina tibetana alm de deixarem sua marca naliteratura daquela poca. Certamente o livro rGyud bzi jformara o ponto focal da medicina. Os estudos mdicosdaquela poca foram baseados neste trabalho padro. Emais, a tradio foi assimilada de modo que oensinamento pelo livro no era suficiente e apenas ainstruo oral transmitida pelo professor poderia tornar amedicina inteligvel. Mesmo a rotina mdica, conservada

    por todos os mdicos, era transmitida ao estudante.O monastrio de Sa skya foi fundado em 1073,

    e seus Grandes Lamas logo governaram o pas. O sbioSa skya (1182-1251) j reinava como sacerdote-rei. Nestenterim, sob o comando de Gengis Khan, os mongistornaram-se bastante poderosos, subjugando no s aChina, mas tambm o Tibete: em 1207 a soberania daMonglia havia sido reconhecida. Phags pa, sobrinho dosbio Sa skya, deu incio nomeao dos Grandes Lamasde Sa skya como vice-regentes no Tibete. Aps osmongis terem se convertido ao budismo, a medicinatibetana ganhou cada vez mais espao na Monglia:

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    20/137

    20

    Lamas-mdicos do Tibete eram convocados para serem

    mdicos da corte dos prncipes mongis. A medicina tinhaum poder poltico real, pois a primeira converso dosmongis ao budismo no foi profunda, sendofundamentada, ao lado da necessidade de estabeleceruma doutrinao e aconselhamento poltico, na influnciada medicina tibetana praticada por monges tibetanos.xi

    Nesta poca, durante a qual os tibetanos levaramseu conhecimento para os mongis, a medicina deve teradquirido algumas caractersticas extremamente nousuais. Ao mesmo tempo, a medicina tibetana foi por suavez influenciada pelas Quatro grandes escolas demedicina do perodo mongl,xii que foram de algumaimportncia na China durante os perodos Chin e Yan.

    Na diversidade da histria do Tibete, a qual nopodemos acompanhar mais profundamente, o grandereformador Tson kha pa (1357-1419) representou umpapel importante. Foi introduzida novamente uma severadisciplina monstica, que fez do celibato uma regra. Tsonkha pa fundou a seita dos Ge lugs pa. Aps a fundao

    dos monastrios dGa ldan (1409), Bras spuns (1416) eSe ra (1419), todos localizados nos arredores da capitalLhasa, foram estabelecidos na mesma rea as famosasescolas de medicina Chak po rixiii e sMan rtsi khanxiv, osbaluartes da medicina.

    Sob o governo do quinto Dalai Lama Ngag bdang blorgya mtsho (1617-1682), o desenvolvimento do Tibetecomo uma teocracia atingiu seu auge. Aps a morte doquinto Dalai Lama, Sans rgyas rgya mcho assumiu aregncia. Este regente, que morreu em 1705, foi umestudioso extremamente verstil, interessava-se tambmpela medicina e escreveu muitos trabalhos mdicos que

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    21/137

    21

    esto entre os mais importantes na rea. Os reinados que

    se seguiram foram marcados pelas grandes inquietaespolticas e por desavenas com o sempre crescente poderdos chineses. Sob o reinado do dcimo-terceiro DalaiLama, Nag dban thub ldan rgya mcho (1876-1933), oTibete envolveu-se em mais conflitos, mas tornou-seindependente politicamente em 1912, atravs da abolioda monarquia chinesa. Desta poca em diante o Tibeteisolou-se dos pases vizinhos. O acesso s escolas demedicina tornou-se impossvel aos visitantes estrangeiros.

    O dcimo-quarto Dalai Lama, Ngag dbang blo bzangbstan dzin rgya mtsho, nascido em 1935, precisou fugir doTibete em 1949, aps nove anos de ocupao chinesa.Cerca de 80.000 tibetanos conseguiram escapar. Elesencontraram asilo na ndia, no Nepal, Buto, Sikkim,Sucia e Inglaterra. Em 1960 o Dalai Lama transferiu asede de seu governo no exlio para Dharamsala. Nosprimeiros anos que se seguiram fuga, a sade dostibetanos estava extremamente deteriorada: aqueles quevieram pelas montanhas foram acometidos pela

    tuberculose, e as crianas, particularmente, pelas doenasinfecciosas. Este tambm um aspecto da histriamdica, embora um tanto triste: a falta de resistncia emum povo das montanhas s doenas da infncia,obviamente desconhecidas para eles em tal proporo, esua reao a estas e outras doenas prprias de reastropicais s quais eles no estavam habituados.

    O Dalai Lama ordenou que uma soluo fosseencontrada; e ento em 1961 foi fundada a TibetanMedical School introduzindo a Residncia mdica.Deveriam ser realizadas as seguintes tarefas:

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    22/137

    22

    1. Os refugiados tibetanos deveriam receber tratamento

    mdico.xv

    2. A tradio da medicina tibetana deveria ser preservada.3. Os poucos mdicos tibetanos que haviam fugido

    deveriam ser reunidos para ensinarem estudantes eassim assegurar uma futura gerao de mdicos.

    4. Os trabalhos mdicos retirados do Tibete pelos mdicosquando fugiram deveriam ser coletados e reunidos emuma biblioteca e relacionados.

    O doutor Yeshe Donden, o mais talentoso dosmdicos, foi encarregado pelo Dalai Lama para a tarefa dedirigir a escola de medicina. Apesar da falta de meiosadequados ele comeou esta difcil tarefa juntamente comoutros mdicos tibetanos. Posteriormente ele foi designadomdico pessoal do Dalai Lama.

    Aps a fuga dos tibetanos o acesso medicinatibetana tornou-se possvel. O Dalai Lama reconheceu queo momento de divulgar e transmitir o conhecimento damedicina tibetana havia chegado, uma vez quepermanecera at ento cuidadosamente guardado.

    A atual situao da medicina tibetana.Os dados a este respeito foram baseados nas

    seguintes fontes:1.Artigo do Tibetan Bulletin, dezembro 1968 (Vol. 4, n

    11 e 12, pgs. 15-17), editor: Gyatso Tsering.2. Duas visitas feitas pela autora: 1962 e 1967.

    a) A ClnicaA primeira clnica era muito pequena e primitiva, sendo

    ento ampliada. Em 10 de outubro de 1968 os prdiosampliados foram entregues pelo Dalai Lama para o

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    23/137

    23

    funcionamento da clnica. Aqui, quatro a cinco mdicos

    tratam cem a cento e cinqenta pacientes diariamente.Os mdicos tibetanos possuem boa reputao na ndia;no apenas tibetanos, mas tambm indianos de todasas partes do pas chegam para receber tratamento.

    b) A FarmciaFoi primeiramente instalada em uma pequena cabana, e

    agora est instalada na clnica. Muitas das plantasnecessrias para a fabricao dos medicamentos soencontradas apenas nos locais mais altos dosHimalaias: as plantas so coletadas pelos prpriosmdicos em exaustivas expedies que durameventualmente muitas semanas.

    c) O HospitalAssim como a clnica h tambm um hospital com doze

    leitos que esto sempre ocupados, uma vez que ostibetanos so pouco inclinados a se internarem emhospitais indianos.

    d) O TreinamentoDe 2 de janeiro de 1969 em diante os estudantes, todos

    necessariamente com educao secundria completa,passaram a receber o seguinte treinamento:

    Um perodo de estudos de nove anos complementado pordois anos de treinamento prtico. O fundamento doestudo assim como anteriormente o livro rGyud-bzi.

    Atualmente, vinte estudantes esto sendo treinados, osquais passaro por um exame oral e escrito, e

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    24/137

    24

    naturalmente devem dar demonstrao prtica de seus

    conhecimentos.

    e) A Biblioteca de Obras e Arquivos TibetanosAps os livros tibetanos serem reunidos por algum tempo

    no Sikkim (Gangtok), no Namgyal Institute of Tibetology,o mesmo instituto foi fundado em Dharamsala emnovembro de 1971, sob ordens do Dalai Lama, paraexercer vrias funes. Na Biblioteca existem agora20.000 livros e manuscritos tibetanos, dos quais 3.000so particularmente valiosos. A seo sobre medicinacontm uma coleo de cinqenta volumes; YesheDonden possui oitenta trabalhos sobre medicina. ABiblioteca de Obras e Arquivos Tibetanos est sob adireo de meu primeiro intrprete, Gyatso Tsering. Autilizao das obras tibetanas, portanto, est muito maisfcil do que na poca de minha visita quando no existiaa Biblioteca.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    25/137

    25

    OS AUTORES

    A lista de autores (mdicos, tradutores, estudiosos)fornecida pelos mdicos tibetanos contm trinta e doisnomes. A escolha foi difcil e muitos mdicos famosos noforam mencionados. Os autores mais importantes eaquelas personalidades que foram de grande significadopara a medicina tibetana foram classificados em ordemcronolgica. Segue-se um relato da carreira de YesheDonden, no apenas porque foi mdico pessoal do DalaiLama, Diretor do Tibetan Medical School e professor deoutros autores, mas tambm para apresentar uma brevedescrio do treinamento de um mdico tibetano,mostrando que o rGyud bzi foi a base do estudo damedicina.

    1) Vairocanaraksita

    Afirma-se que este famoso tradutor, que viveu na poca dorei Khri srong lde btsan, traduziu o rGyud bzi para alngua tibetana. (Livro 1)

    2) Candranandana (Tib.: Zla ba la dga ba)

    Veio do Kashmir. Foi um mdico e afirma-se que auxiliouVairocanaraksita na traduo do rGyud bzi. C.Vogelxvi

    chama nossa ateno ao fato de que o nome foiincorretamente descrito na literatura comoCandrananda: Huth assim como W.A.Unkrig

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    26/137

    26

    (Introduo a Die Tibetische Medizinphilosophie de

    Korvin-Krasinski) no forneceram a correta transcriodo nome, apesar de Cordier j ter corrigido este erro hmuito tempo. C. Vogel mostra posteriormentexvii que noh certeza de que este mdico seja Candrabhinandana(Tib.: Zla ba [la] mngos dga) ou um outroCandranandana que afirma-se tenha vivido no sculo11. (Livro 2)

    3) gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma (o maisvelho)

    Tambm viveu na poca do rei Khri srong lde btsan e podecertamente ser considerado o mais famoso mdicodaquela poca. Ele estudou na ndia durante trsestadias neste pas e escreveu muitos trabalhos sobremedicina. (Livro 3)

    4) gYu thog pa Yon tam mgon po rnying ma (o maisjovem)

    Viveu no sculo 11. Este mdico tambm visitou a ndia ea Prsia. Afirma-se que tenha escrito vinte tratadossobre medicina e que tenha fundado uma escola. Eleelaborou uma reviso do rGyud bzi e geralmenteconhecido por ser o autor da atual verso do rGyud bzi.W.A.Unkrig escrevexviii que o ensinamento sobre odiagnstico pelo pulso e a palpao uma inovaoatribuda a este mdico. Yeshe Donden afirma que livrossobre o exame pelo pulso j haviam sido escritos porgYu thog pa Yon tan mgon po, o mais velho. Estasincertezas devem ser eliminadas, pois de crucial

    importncia conhecer a data exata da introduo do

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    27/137

    27

    exame pelo pulso no Tibete, que remonta influncia

    chinesa. (Livro 4)5) Rin chen bzan po (958-1055)

    Este estudioso, juntamente com o sbio indianoJarandhara, traduziu, entre outros o trabalho do mdicoindiano Vagbhata, o Astanga-hrdayasamhita, para alngua tibetana. Na verdade este trabalho foi realizadoem uma data relativamente posterior, fixada entre osanos de 1013 e 1055xix. Esta obra foi incorporada aobsTan gyur.

    6) Bu ston (1290-1364)

    Organizou toda a literatura dogmtica e litrgica em umaseqncia lgica e deu ao bKa gyur [traduo tibetanados ensinamentos orais de Buda] e ao bsTan gyur[traduo tibetana da literatura comentada indo-budista]a sua forma atual. Bu ston foi um dos maioreshistoriadores tibetanos e escreveu muitos livros. Umbreve resumo dos escritos mdicos contidos no bsTangyur pode ser encontrado em seu livro History ofBuddhism (Chos byung).xx

    7)Chos kyi od zer

    No incio do sculo 14 este Lama erudito traduziu o rGyudbzi para a lngua mongl. Quanto a este aspecto W. A.Unkrig observa que a traduo do rGyud bzi para estalngua ocorreu na poca em que os mongis foramintroduzidos ao Lamasmo. O fato desta traduo serdesenvolvida e completada logo no incio prova que o

    rGyud bzi era altamente considerado.8) Blo bzan prin las

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    28/137

    28

    Logo aps a inveno da escrita da Monglia Ocidental

    1648 o rGyud bzi foi traduzido por este estudioso (W.A. Unkrig).

    9) Blo gros rgyal po

    Assim como o autor citado a seguir, viveu na Monglia nosculo 17. (Livro 5)

    10)Blo bzan chos grags

    Escreveu dois livros valiosos e freqentementeconsultados. (Livros 6 e 7)

    11)Ja rud dge slon Chos kyi rgya mtshoTraduziu a obra Glang thabs da lngua tibetana para a

    mongl.xxi

    12)Gsi Mi gyur chos rje

    Traduziu o rGyud bzi da lngua tibetana para a mongl.xxii

    13)Sangs rgyas rgya mtsho (1620-1705)

    Autor de importantes trabalhos mdicos; ambos os livros

    mencionados so reconhecidos como os comentriosmais importantes do rGyud bzi. (Livros 8 e 9a-d)

    14)bsTan jin phun chogs

    Viveu por volta de 1800 e escreveu diversos trabalhosmdicos altamente respeitados que so tambmparticularmente valiosos pois foram impressos noMonastrio de sDe dge (Tibete Oriental), (os blocos deimpresso deste monastrio so considerados porserem fidedignos). (Livros 10 e 11)

    15)Jam dpal rdo rje

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    29/137

    29

    Foi um mdico mongl que exerceu a medicina no incio

    do sculo 19. No se sabe se este autor foi muitoconhecido em sua poca, mas como o Professor LokeshChandra reproduziu um trabalho do autor (ver no

    Apndice Ttulos de Trabalhos), um livro contendovaliosas explicaes est nossa disposio. (Livro 12)

    16)mKhyen rab nor bu (1882-1962)

    Foi professor de Yeshe Donden. Este famoso mdicofundou a Escola de Medicina sMan rtsis khan e autorde diversos livros. mKhyen rab nor bu tinha tima

    reputao, um grande nmero de estudantes e pareceter sido bem conhecido. (Livros 13, 14 e 15)

    17)Yeshe Donden (Tib.: Ye shes don ldan)

    Nasceu em 1927, no Tibete Central em uma pequena vilaprximo ao Lago Yar brog. Desde a infncia esteve emcontato com a medicina atravs de seu av, o qualgozava de tima reputao como mdico. Com 6 anosfoi aceito como aluno no Monastrio de Bras spuns.Durante os primeiros sete anos foram estudadosprincipalmente textos sagrados budistas. Quando YesheDonden tinha treze anos, foi aceito na famosa escola demedicina sMan rtsis khan.

    Permaneceu em sMan rtsis khan at a idade de vintee trs anos e estudou sob a experincia e orientao deprofessores como mKhyen rab nor bu e mKhyen rab odzer, posicionados entre os mais famosos mdicos de seutempo.

    Aps o trmino dos exames na Escola de MedicinaCentral, Yeshe Donden retornou sua cidade natal ecolocou em prtica o conhecimento mdico adquirido.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    30/137

    30

    Posteriormente, tornou-se mdico itinerante, ou seja, ele

    praticava medicina em todas as regies do Tibete, estavafreqentemente em viagem e desta maneira veio a tomarconhecimento de todas as doenas que ocorriam naquelevasto pas.

    De fato, comum que muitos mdicos tibetanospassem grande parte de seu tempo viajando; h tambmmdicos que nunca tiveram residncia fixa.

    Durante os anos em que esteve viajando, YesheDonden nunca rompeu suas ligaes com seusprofessores. Ele visitava a capital Lhasa com freqnciapara continuar sua educao e trocar experincias comseus colegas; sob a permanente orientao de seusprofessores seu conhecimento foi continuamenteexpandido.

    As Escolas de Medicina sMan rtsis khan e Chak pori, ambas localizadas nos arredores da capital Lhasa,sempre foram consideradas os mais ilustresestabelecimentos de ensino mdico e, apesar de existiremboas escolas de medicina em outras regies do pas, por

    exemplo, em Amdo, sKu bum e sDe dge, era objetivo detodos os estudantes de medicina freqentar uma ou outradas duas escolas mais famosas.

    Estudavam em sMan rtsis khan de quatrocentos aquinhentos estudantes, assessorados por cerca de trintaprofessores.

    A base do estudo era o livro rGyud bzi, cujo roteiroera o seguinte:

    Primeiro ano Parte 1

    Segundo e terceiro anos Parte 2

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    31/137

    31

    Quarto, quinto e sexto anos Parte 3

    Stimo, oitavo e nono anos Parte 4

    Alm deste livro era exigido que os comentriosescritos pelos mais eminentes mdicos tibetanos fossemestudados e memorizados; estes comentrios eramgeralmente baseados no prprio rGyud bzi.

    Antes e durante o perodo de estudos, os estudantesprecisam aprender filosofia, astrologia e budismo. Os

    mdicos tibetanos assim como outros estudiosostibetanosconservam os livros mais importantes em suascabeas.

    O trabalho prtico era acrescentado nos ltimosanos. Um estudante de medicina, portanto, tinha queestudar pelo menos dez a doze anos. Os tibetanos nopossuem o conceito de especializao como costume noOcidente.

    A partir deste resumo da carreira de Yeshe Donden, possvel observar que este mdico recebeu uma boaeducao cientfica. Ele escreveu tambm algunstrabalhos mdicos.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    32/137

    32

    TRABALHOS MDICOS

    O Tibete a Terra dos Livros. Os mdicostibetanos possuem centenas de trabalhos mdicos, masat hoje no foi feita qualquer classificao sistemtica dosmesmos no Ocidente. Ns tambm enfrentamos grandesdificuldades em nosso trabalho por causa de muitosaspectos pelos quais os livros podem ser descritos, porexemplo, classificao quanto qualidade, quanto aosautores; classificao quanto ao grau de importncia dotrabalho mdico; classificao cronolgica.

    Minha segunda estadia nos Himalaias (1967), acimade tudo, destinou-se a trazer esclarecimentos sobre esteponto tambm. Ao nos defrontar com esta difcil escolha,chegamos seguinte concluso: quando saram de seu

    pas, os tibetanos puderam levar consigo apenas os livrosmais importantes. Uma inspeo na biblioteca de YesheDonden em Dharamsala e um interrogatrio detalhadosobre este assunto em especial confirmou nossa suspeita:a biblioteca continha, de fato, os mais valiosos tesouros ehavia, portanto, uma certa garantia de que os livros maisimportantes seriam encontrados entre eles. Os ttulosforam fotografados, os livros examinados e o tamanho dostrabalhos anotados. Visitei as bibliotecas pessoais dosmdicos itinerantes nos muitos vales dos Himalaias, masno havia nada to variado. Todos os mdicos possuam o

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    33/137

    33

    rGyud bzi e afirmaram ser este o mais importante trabalho

    mdico.O catlogo fornecido por Yeshe Donden continha 71ttulos. Aqueles considerados os mais importantes pelosmdicos tibetanos esto descritos aqui. Esto compiladosem ordem cronolgica. A traduo dos ttulos fornecidano nos d indcio do contedo. O resumo do contedo mais informativo que a traduo dos ttulos: nestessumrios esto explicaes dadas por Yeshe Donden.

    As livros so descritos como segue: ttulo, contedo,autor. H informaes adicionais para a maioria dos livrosmais importantes: ttulo abreviado, traduo do ttuloabreviado, extenso.

    Livro 1bdu d r ts i sny ing po y an lag brgyad pa gsang ba man

    ngag g i rgyud-Traduo do ttulo:xxiii Tratado Secreto das Instrues

    sobre os Oito Ramos da Essncia da Imortalidade-Ttulo abreviado: rGyud bzi

    -Traduo do ttulo abreviado: Quatro Tratados-Contedo: Ver Captulo Cinco-Extenso: 396 flios (frente e verso)Os tibetanos atribuem o livro rGyud bzi ao Buda, assimcomo alguns outros trabalhos, por exemplo, gYu thogsnying thig byin rlabs bla sgrub las kha byang. Estestrabalhos, que datam de poca muito remota, e incluemaindaklu sgrub kyi sbyor ba brgyad pai mchan, atribudoa Nagarjuna, podem ser encontrados em Dharamsala.

    Livro 2r tsa dpy ad r ig pa rab gsal sde tshan lng a pa lag lenpod chung

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    34/137

    34

    -Contedo: Descrio exata do diagnstico pelo pulso

    -Autor: gYu thogg pa yon tan mgon po rnin ma ( o maisvelho). Este autor escreveu outros livros sobre odiagnstico pelo pulso

    -Ttulo: mnon ses gnad kyi hphrul hkhar. digno de notaque este autor tenha escrito dois livros sobre odiagnstico pelo pulso.

    Livro 3slob mai don du zong mchan-Contedo: Instrues prticas sobre o significado dos

    quatro tratados bsicos sobre medicina.-Autor: gYu thog pa Yon tan mgon po rnin ma (o mais

    antigo) Livro 4cha lag bco brgyad-Contedo: retirado dos ttulos dos captulosCaptulos 2 e 5: Comentrio sobre o rGyud bzi (parte 2)Captulo 16: Sumrio do rGyud bzi-Autor: gYu thog pa Yon tan mgon po gsar pa (o mais

    novo)

    Livro 5mes po tza l lung-Contedo: Medicina geral (um trabalho muito importante)-Autor: Blo gros rgyal po Livro 6sman ngag bka rgya ma-Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (parte 3)-Autor: Blo bzang chos grags Livro 7

    phyi mai rgyud kyi dka gnad rdo rje bdud dul-Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (parte 4)-Autor: Blo bzang chos grags

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    35/137

    35

    Livro 8

    bdu d r ts i sny ing po y an lag brgyad pa gsang ba manngag yon tan rgyud kyi lhan thabs zug rngui chagdun sel bai katpura dus min chi tzags gcod pai ralr ixxiv

    -Ttulo abreviado: lHan thabs (Glang thabs)-Traduo do ttulo abreviado: Apndice (suplemento,

    mtodos de tratamento)-Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (parte 3)-Extenso: 288 flios-Autor: Sans rgyas rgya mtsho Livro 9Este livro consiste de quatro partes:I. gso ba rig pai bstan bcos sman blai dgons rgyan

    rgyud bzii gsal byed bai dur sngon poi malli ka-Ttulo abreviado: Bai du rya sngon po-Traduo do ttulo abreviado: Berilo azul xxv-Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (Parte 1)-Extenso: 40 flios-Autor: Sans rgyas rgya mtsho

    W. A. Unkrig observa (Introduo) que o autor deve terescrito o livro com idade bastante avanada, e citaVarlakov, que data o texto entre 1745 e 1750. fato,entretanto, que Sans rgyas rgya mtsho foi assassinadoem 1705; portanto, o texto deve ter sido completado emuma data anterior (provavelmente 1687-1688).

    II. gso ba rig pai bstan bcos sman blai dgons rgyanrgyud bzii gsal byed bai dur sngon poi phreng balas dum bu gnyis pa bshad pai rgyud kyi rnam

    bshad-Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (Parte 2)-Extenso: 283 flios

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    36/137

    36

    -Autor: Sans rgyas rgya mtsho

    III.gso ba rig pai bstan bcos sman blai dgons rgyanrgyud bzii gsal byed bai dur sngon poi phreng balas dum bu gsum pa man ngag yon tan rgyud ky irnam bshad

    -Contedo: 563 flios-Autor: Sans rgyas rgya mtsho

    O autor j fez um comentrio detalhado sobre o rGyudbzi no livro lhan thabs (288 flios). A parte 3 parece sertambm particularmente importante ou particularmentedifcil. Trabalharemos com a funo principal destaterceira posteriormente.

    IV.gso ba rig pai bstan bcos sman blai dgons rgyanrgyud bzii gsal byed bai dur sngon poi phreng balas dum bu bzi pa phyi ma rgyud kyi rnam btsad

    -Contedo: Comentrio sobre o rGyud bzi (parte 4)-Extenso: 251 flios-Autor: Sans rgyas rgya mcho Livro 10bdud nad gzhom pai gnyen po rtsi sman gyi nus pa

    rkyang btsad gtsa l ston dr i m ed tsel gong-Contedo: Descrio de plantas medicinais-Autor: bsTan dzin phun tshogs Livro 11bdu d r ts i sman gyi nus m in rnam par btsad pa dr i med

    sel phreng-Contedo: Descrio de plantas medicinais-Autor: bsTan dzin phun tshogs xxvi Livro 12

    gso byed bdud rtsii krul med nos dzin bzo rig melong du rnam par tsar pa jes tschar mig rgyan zhesbya ba btzugs so

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    37/137

    37

    -Contedo: Apresentao do sistema de medicina,

    descrio de plantas medicinais. Anatomia, cirurgia.(Ilustrado)-Autor: Jam dpal rdo rje Livro 13nad sman sprod pai nyams yig-Contedo: Descrio de plantas medicinais-Autor: mKhyen rab nor bu Livro 14lag len nyer mkhoi sman gyi sbyor dpe bdud rtsi pai

    bum bzang-Contedo: Tratado sobre a preparao de plantasmedicinais

    -Autor: mKhyen rab nor bu Livro 15lag len gces r igs bsdus p a sman kun bcud du bsgrub

    pai las kyi cho ga kun gsal snang mdzod-Contedo: Descrio de mtodos para extrair as toxinas

    das substncias medicinais-Autor: mKhyen rab nor bu

    Evidentemente, algumas obras importantes noforam mencionadas nesta lista. Aqueles livros apontadospelos mdicos tibetanos como os mais importantes sofornecidos abaixo:1. rGyud bzi: Quatro Tratados (Livro 1)2. Bai du rya sngon po: Berilo azul (Livro 9 a-d)3. lHan thabs: Apndice (suplemento, mtodos de

    tratamento) (Livro 8)

    Uma descrio precisa destes trabalhos mdicos fornecida no Apndice Ttulos dos Livros. Resumindo,devemos mencionar que os trabalhos mais importantes

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    38/137

    38

    so comentrios sobre o rGyud bzi; esta a opinio dos

    mdicos tibetanos tambm.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    39/137

    39

    CONTEDO DO RGYUD BZI

    O livro rGyud bzi considerado o corao damedicina tibetana. Este trabalho clssico a base para otreinamento de mdicos tibetanos e o ponto a partir doqual resulta toda a literatura relevante posterior, comodescrito anteriormente. Para elucidar a estrutura do livro,seu contedo ser delineado resumidamente como aseguir. As fontes para a descrio do contedo so:

    Informao dada por Yeshe Donden.A. Csoma de Kros: Analysis of a Tibetan Medical

    Work.P. A. Badmaev: O principal livro-texto para as cincias

    mdicas do Tibete, o rGyud bzi, em uma nova traduo

    por P. A. Badmaev, com introduo na qual o autor explicaos fundamentos da cincia mdica tibetana (Parte 1 e 2 dorGyud bzi).

    Tem se tornado regra a utilizao dos ttulosabreviados para descrever as quatro partes do livro, asquais so usadas nas pginas seguintes. O livro estdividido em quatro partes.

    A tabela seguinte mostra os ttulos abreviados, aextenso e as em sees e captulos.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    40/137

    40

    Ex ten so Sees Captu lo s

    Parte 1rtsa bai rgyudTratado Raiz

    11 Flios 9 6

    Parte 2bshad pai rgyudTratado Explicativo

    43 Flios 11 31

    Parte 3man ngag gi rgyudTratado da Instruo

    275 Flios 15 92

    Parte 4phyi mai rgyudTratado Final

    67 Flios 4 27

    396 Flios 39 156

    Parte 1bdu d r ts i snin po yan lag brgyad pa gsang ba man nag

    gi rgyud las dum bu dan po rtsa bai rgyud-Traduo: Primeira Parte do Tratado Secreto das

    Instrues sobre os Oito Ramos da Essncia daImortalidade, Tratado Raiz.

    -Ttulo abreviado: rtsa bai rgyud-Traduo do ttulo abreviado: Tratado Raiz-Extenso: 11 flios. 9 sees, 6 captulos.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    41/137

    41

    Captulo 1

    A Cidade da cincia mdica, cujos tesouros curam as404 doenas do corpo, descrita: os quatro lados dasmontanhas com suas ervas medicinais especificamenteefetivas. Ao ser questionado pelo sbio Yid las skyes, osbio Rig pai ye shes explica-lhe a cincia da medicinacomo descrita por sMan pai rgyal po, o Buda da Medicina.

    Captulo 2As bases fundamentais da cincia mdica o livro rGyudbzi. O mdico deve estudar as quatro partes deste

    trabalho: 1. Tratado Raiz, 2. Tratado Explicativo, 3. Tratadoda Instruo, 4. Tratado Final.O mdico deve estudar as oito partes da cincia: 1.Doenas do corpo (adulto), 2. Doenas das crianas, 3.Doenas das mulheres, 4. Doenas nervosas, 5.Ferimentos (cirurgia), 6. Envenenamento, 7. Doenas dosidosos, 8. Afrodisacos.xxvii

    Captulo 3Descrio dos organismos doentes e dos organismos

    saudveis. Captulo 4Descrio dos trs mtodos de exame = diagnstico: 1.Observao, 2. Palpao, 3. Questionamento (anamnese).

    Captulo 5Descrio dos quatro mtodos de cura = terapia: 1.Nutrio, 2. Comportamento, 3. Medicamentos, 4.Tratamentos (externos).

    Captulo 6

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    42/137

    42

    Descrio do sistema de medicina: das trs razes brotam

    nove troncos, quarenta e sete ramos e duzentas e vinte equatro folhas.

    Parte 2bdu d r ts i sny ing po y an lag brgyad pa gsang ba man

    nag gi rgyud las dumbu gnyis pa bshad pai rgyud-Traduo: Segunda parte do Tratado Secreto das

    Instrues sobre os Oito Ramos da Essncia daImortalidade, Tratado Explicativo.

    -Ttulo abreviado: bshad pai rgyud.-Traduo do ttulo abreviado: Tratado Explicativo.-Extenso: 43 flios. 11 sees, 31 captulos.

    11 Sees

    1.Introduo, anlise 1 Captulo

    2.Embriologia, anatomia, fisiologia 5 Captulos

    3.Organismos doentes 6 Captulos

    4.Comportamento 3 Captulos

    5.Nutrio 3 Captulos

    6.Medicamentos 3 Captulos

    7.Mtodos de cura, incluindo cirurgia 1 Captulo

    8.Existncia livre de doenas 1 Captulo

    9.Diagnstico dos organismos doentes e saudveis 4 Captulos

    10.Mtodos de cura 3 Captulos

    11.tica, qualificao dos mdicos 1 Captulo

    31 Captulos

    Se o 1 In trodu o , an l ise 1 Captulo

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    43/137

    43

    (7) Cap. 1 Anlise

    Seo 2 Emb rio logia, anatom ia, fisio log ia 5 Captulos(8) Cap. 2 Embriologia(9) Cap. 3 Anatomia(10) Cap. 4 Fisiologia(11) Cap. 5 A natureza dos trs processos vitais(12) Cap. 6 Tipos de corpo (constituio) e suas funes

    Seo 3 Org an ismos doen tes 6 Captulos(13) Cap. 7 Condies insalubres, sinais de morte, sonhos(14) Cap. 8 Causas das doenas

    (15) Cap. 9 Condies para doenas, sintomasconcomitantes(16) Cap. 10 Localizao das doenas (stios)(17) Cap. 11 Natureza das doenas, sintomas(18) Cap. 12 Diviso das doenas em 101 e 404 tipos

    Seo 4 Comport amen to 3 Captulos(19) Cap. 13 Comportamento dirio(20) Cap. 14 Comportamento quanto ao clima e estaes(21) Cap. 15 Conduta geral, hbitos, bom senso

    Seo 5 Nu trio 3 Captulos(22) Cap. 16 Lquidos e slidos(23) Cap. 17 Regras dietticas. Erro na combinao

    de alimentos, i.e. leite e peixe, leite efrutas do tipo morango, ovo e peixe,mel e leos vegetais.

    (24) Cap. 18 Hbitos alimentares regulares, corretos(quantidades)

    Seo 6 Med icamen to s 3 Captulos(25) Cap. 19 Preparao de medicamentos, sabor(26) Cap. 20 Eficcia dos medicamentos, descrio

    detalhada(27) Cap. 21 Farmacologia

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    44/137

    44

    Seo 7 Mtodos de cura, inc lu si ve c iru rg ia 1 Captulo(28) Cap. 22 Descrio dos tratamentos einstrumentos cirrgicos

    Seo 8 Ex is tnc ia li v re de doenas 1 Captulo(29) Cap. 23 Observao das regras gerais para

    manuteno da sade

    Seo 9 Diagnst ico de or gan ism os do entese saudveis

    4 Captulos

    (30) Cap. 24 Diagnstico geral, sintomas das doenas

    (31) Cap. 25 Diagnstico de doenas especficas,anamnese(32) Cap. 26 Mdico e paciente. Diagnstico preciso de

    doenas curveis e incurveis(33) Cap. 27 Regras no tratamento

    Seo 10 Mtodos de tratam en to 3 Captulos(34) Cap. 28 Descrio detalhada de tratamentos e

    medicamentos(35) Cap. 29 Dieta. Cura da obesidade e desnutrio(36) Cap. 30 Procedimentos gerais nos tratamentos

    Seo 11 tica mdica 1 Captulo(37) Cap. 31 Qualificao dos mdicos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    45/137

    45

    Parte 3

    bdu d r ts i sny ing po y an lag brgyad pa gsang ba manngag g i rgyud las dum bu gsum pa man ngag rgyud

    -Traduo: Terceira parte do Tratado Secreto dasInstrues sobre os Oito Ramos da Essncia daImortalidade, Tratado da Instruo

    -Ttulo abreviado: Man ngag gi rgyud-Traduo do ttulo abreviado: Tratado da Instruo-Extenso: 275 flios. 15 sees, 92 captulos.

    15 Sees

    Introduo 1 Captulo1. Tratamento de doenas de rlung, mkhris pa e badkan

    4 Captulos

    2. Doenas internas 6 Captulos3. Febre, infeces 16 Captulos4. rgos sensoriais 6 Captulos5. rgos slidos e ocos 8 Captulos6. Sistema urogenital 2 Captulos7. Doenas diversas 19 Captulos8. Epidemias e lceras 8 Captulos

    9. Doenas da infncia 3 Captulos10.Doenas das mulheres 3 Captulos11. Doenas neurolgicas 5 Captulos12. Ferimentos 5 Captulos13. Intoxicaes 3 Captulos14. Doenas senis 1 Captulo15. Afrodisacos 2 Captulos

    92 Captulosxxviii

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    46/137

    46

    (38) Cap. 1 In troduoSaudao ao professor. O pedido feito para gerar uma instruo oral edissertativa sobre o tratamento dasdoenas. So feitas cincodiferenciaes em todas asdoenas:1. Causa, 2. Causas secundrias, 3.Classificao, 4. Sintomas, 5.Tratamento

    Seo 1 Tratamen to das do enas de rlu ng ,mkris p a e bad kan 4 Captulos(39) Cap. 2 Doenas de rlung(40) Cap. 3 Doenas de mkhris pa(41) Cap. 4 Doenas de bad kan(42) Cap. 5 Doenas combinadas de rlung,

    mkhris pa e bad kan

    Seo 2 Do enas in ternas 6 Captulos(43-48) Cap. 6-11

    Seo 3 Febre, in feces 16 Captulos(49) Cap. 12 Febre comum(50) Cap. 13 Febre no calor ou no frio(51) Cap. 14 Febre alta(52) Cap. 15 Incio da febre(53) Cap. 16 Elevao da febre(54) Cap. 17 Febre latente(55) Cap. 18 Febre oculta(56) Cap. 19 Febre persistente(57) Cap. 20 Febre mista(58) Cap. 21 Febre difusa(59) Cap. 22 Febre flutuante(60) Cap. 23 Infeces(61) Cap. 24 Infeces

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    47/137

    47

    (62) Cap. 25 Infeces

    (63) Cap. 26 Infeces(64) Cap. 27 Infeces

    Seo 4 rgos sen so riai s 6 Captulos(65) Cap. 28 Doenas da cabea(66) Cap. 29 Doenas dos olhos(67) Cap. 30 Doenas do ouvido(68) Cap. 31 Doenas do nariz(69) Cap. 32 Doenas da boca(70) Cap. 33 Doenas da garganta e bcio

    Seo 5 Do enas dos rgos slidos eocos 8 Captulos(71) Cap. 34 Doenas do corao(72) Cap. 35 Doenas dos pulmes(73) Cap. 36 Doenas do fgado(74) Cap. 37 Doenas do bao(75) Cap. 38 Doenas dos rins(76) Cap. 39 Doenas do estmago(77) Cap. 40 Doenas do intestino delgado(78) Cap. 41 Doenas do intestino grosso

    Seo 6 Sis tema u ro gen ita l 2 Captulos(79) Cap. 42 Doenas do sistema urogenital masculino(80) Cap. 43 Doenas do sistema urogenital feminino

    Seo 7 Do enas d iv ersas 19 Captulos(81-99) Cap. 44-62

    i.e. rouquido, anorexia, sede, soluos,dispnia, clicas, infeces, vmitos,diarria, constipao, reteno urinria,mico freqente, diarria indiana(diarria com febre; muito perigosa paratibetanos que visitam a ndia), gota,doenas reumticas, doenas linfticas,veia branca, doenas da pele, doenas

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    48/137

    48

    diversas (encurtamento dos tendes,

    ferimentos causados por perfuraes eflechas, corpos estranhos alojados nagarganta, ingesto de aranhas eescorpies, congelamento, rigidez nanuca)

    Seo 8 Ep id em ias , lc eras 8 Captulos(100-107) Cap. 63-70

    Seo 9 Do enas das c ri anas 3 Captulos(108) Cap. 71 Doenas dos bebs

    (109) Cap. 72 Doenas comuns na infncia(110) Cap. 73 Doenas neurolgicas nas crianas(causadas por energias prejudiciais)

    Se o 10 Do en as d as mulh eres 3 Captulos(111) Cap. 74 Doenas gerais das mulheres(112) Cap. 75 Doenas especficas das mulheres(113) Cap. 76 Doenas freqentes nas mulheres

    Seo 11 Do enas neu ro lg ic as 5 Captulos(114) Cap. 77 Doenas neurolgicas causadas por

    energias prejudiciais(115) Cap. 78 Doenas mentais, insanidade(116) Cap. 79 Perda da memria(117) Cap. 80 Paralisias(118) Cap. 81 Emagrecimento nas doenas mentais

    crnicas

    Seo 12 Fer im en to s 5 Captulos(119) Cap. 82 Leses por armas e ferramentas de

    trabalho(120) Cap. 83 Leses na cabea(121) Cap. 84 Leses na regio do pescoo(122) Cap. 85 Ferimentos no tronco(123) Cap. 86 Ferimentos nas extremidades superiores

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    49/137

    49

    e inferiores

    Seo 13 In tox icaes 3 Captulos(124) Cap. 87 Venenos preparados artificialmente(125) Cap. 88 Envenenamentos simples (acidental)(126) Cap. 89 Envenenamentos genunos

    Seo 14 Do enas sen is 1 Captulo(127) Cap. 90 Debilidade senil

    Seo 15 Afrod isacos 2 Captulos(128) Cap. 91 Suporte pessoa idosa

    (129) Cap. 92 Fortalecimento do organismo emprocesso de envelhecimento

    Parte 4bdu d r ts i sny ing po y an lag brgyad pa gsang ba man

    ngag g i rgyud las dum bubzi pa phyi mai rgyud-Traduo: Quarta parte do Tratado Secreto das

    Instrues sobre os Oito Ramos da Essncia daImortalidade, Tratado Final.

    -Ttulo abreviado: Phyi mai rgyud

    -Traduo do ttulo abreviado: Tratado Final-Extenso: 67 flios. 4 sees, 27 captulos.

    4 Sees

    1. Exame do pulso e da urina 2 Captulos

    2. Sedativos 10 Captulos

    3. Tratamentos radicalmente efetivos 7 Captulos

    4. Tratamentos externos 6 Captulos

    25 Captulos

    Concluso 2 Captulos

    27 Captulos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    50/137

    50

    Seo 1 Exam e do pu lso e da u rin a 2 Captulos(130) Cap. 1 Exame do pulso(131) Cap. 2 Exame da urina

    Seo 2 Sedat iv os 10 Captulos(132) Cap. 3 Tratamento com fluidos(133) Cap. 4 Ps(134) Cap. 5 Plulas(135) Cap. 6 Pastas

    (136) Cap. 7 Manteiga medicinal(137) Cap. 8 Cinzas medicinais(138) Cap. 9 Xaropes, caldos(139) Cap. 10 Vinho medicinal(140) Cap. 11 Tratamentos com minerais

    produzidos com pedras preciosos(141) Cap. 12 Certas plantas que produzem o mesmo

    efeito

    Seo 3 Tratamen to s rad icalmen teefetivos

    7 Captulos

    (142) Cap. 13 Purgantes em geral(143) Cap. 14 Purgantes com efeitos ascendentes(suaves, moderados, fortes)

    (144) Cap. 15 Emticos(145) Cap. 16 Substncias para limpeza nasal(146) Cap. 17 Elixires para purgao(147) Cap. 18 Clisters(148) Cap. 19 Misturas para limpeza dos vasos

    Seo 4 Tratamen to s extern os 6 Captulos(149) Cap. 20 Sangrias

    (150) Cap. 21 Moxabusto(151) Cap. 22 Compressas(152) Cap. 23 Banhos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    51/137

    51

    (153) Cap. 24 Ungentos

    (154) Cap. 25 Tratamento cirrgicoConcluso 2 Captulos(155) Cap. 26 Resumo(156) Cap. 27 Classificao das 404 doenas

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    52/137

    52

    Saudao ao leitor.

    Ficou claro com o resumo xxix do contedo que no TratadoRaiz (Parte 1 do livro rGyud bzi) certos conceitosfundamentais foram descritos:

    Captulo 1 Introduo

    Captulo 2 Descrio das quatro partes do livro rGyud bzi

    Descrio da cincia em oito partes

    Captulo 3 1. Organismos saudveis2. Organismos doentes

    Captulo 4 3. Observao4. Palpao5. Questionamento

    Captulo 5 6. Nutrio

    7. Comportamento

    8. Medicamentos9. Mtodos de tratamento (externo)

    Captulo 6 Apresentao do sistema de medicina

    A terminologia mdica deve em primeiro lugar derivar seusistema a partir do texto; portanto, voltaremos agora aoCaptulo 6 (Parte 1) do livro rGyud bzi.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    53/137

    53

    O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA

    Este Captulo 6 da Parte 1 do livro rGyud bzi estdescrito como segue:

    A) Blocos de impresso (flios 9b, 10a, 10b do meu blocode impresso)

    B) Transliterao do textoC) Traduo do textoD) Apresentao do sistema

    A) (Bloco de impresso): Os livros tibetanos soapresentados como blocos de impresso (folhas soltasimpressas de ambos os lados). Estes blocos deimpresso so difceis de serem adquiridos. Meuexemplar um presente de meu professor YesheDonden muito confivel e valioso.

    B) (Transliterao): O livro rGyud bzi consisteprincipalmente de estrofes de quatro linhas, mtricas. Hnove slabas em cada verso. Os textos no livro rGyud bzi

    completo mostram, no entanto, que nem todos oscaptulos so divididos em estrofes de quatro linhas. Osparnteses includos na transliterao referem-se aosflios, pginas e linhas nos blocos de impresso. Osnmeros entre colchetes [ ] correspondem aos mesmosna traduo, ou seja, na

    C) (Traduo) os nmeros so includos no texto [5] -[30]desta forma de modo que o termo correspondente podeser encontrado sem dificuldade.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    54/137

    54

    A) Blocos de impresso

    rGyud bzi, Parte 1Captulo 6Flio 9b

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    55/137

    55

    rGyud bzi, Parte 1

    Captulo 6Flio 10aFlio 10b

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    56/137

    56

    B) Transliterao do texto

    de nas yang drang sron Rig pai ye shes kyis di skad ces gsungs sokye drang srong chen po ngon cig

    gnas lugs ngos dzin gso bai rtsa ba la [1]rnam gyur ma (9b6) gyur blta reg dri ba dang [2]zas spyod sman dpyad sdong po dgu ru dril [3]yal ga lus la nad zungs dri ma gsum [4]nad la rgyu rkyen dzug sgo gnas dang lam [5]ldang dus bras bu ldog rgyu mdo don dgu [6]blta ba (10a1) lce chu reg pa rtsa la gsum [7]

    dri ba slong rkyen na lugs goms pa gsum [8]zas la zas skom drug ste spyod lam gsum [9]sman la ro dang nus pa gnyis gnyis drug [10]sbyar thabs zhi byed (10a2) drug dang sbyong byed gsum [11]dpyad gsum bzi bcu rtsa bdun gyes pa yin [12]rgyas pai lo dab dang po nyi shu lnga [13]nad kyi zin tig drug cu rtsa gsum dang [14]blta ba drug dang reg pai rtsa rgyud gsum [15]dri ba nyer (10a3) dgu rlung zas bzi dang [16]

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    57/137

    57

    C) Traduo do texto

    Ento o grande sbio Rig pai ye ses expressou-senovamente da seguinte maneira: Oh grande sbio, oua-me!

    Nas razes da organizao (das partes do corpo) (A),do diagnstico (B) (e) da terapia (C) desenvolvem-se (osseguintes) nove troncos: (organismo) alterado, (organismo(inalterado), observao, palpao, questionamento enutrio, comportamento, medicamentos (e) mtodos de

    tratamento (externos) (I-IX).Seus ramos no corpo (saudvel) so (os seguintes):

    (fundamento) da doena (1), constituintes do corpo (2) (e)impurezas (excrees) (3) trs.

    [5] No (corpo) doente: causas (causas primrias) (4),causas desencadeantes (causas secundrias) (5), modosde entrada (6), locais de permanncia (7) e caminhos (8),poca de surgimento (de uma doena) (9), frutos(resultados) (10), causas contrrias (a cada uma) (11) e

    princpios (12) nove.Na observao: lngua e gua (urina) (13, 14), no

    diagnstico pelo pulso trs (15, 16, 17). Noquestionamento: causas produtoras (18), condies dadoena (19), hbitos (20) trs.

    Na nutrio: alimentos (e) bebidas seis (21-26). Nocomportamento trs (27, 28, 29). [10] Nos medicamentos

    seis (diversos): dois (= metade de acordo com o) sabor(30, 31, 32) e dois (- metade de acordo com a) potncia(33, 34, 35). Na combinao de medicamentos: sedativos

    seis (36-41) e eliminativos trs (42, 43, 44). Nos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    58/137

    58

    tratamentos (externos) trs (45, 46, 47). (No total)

    quarenta e sete (ramos) subdividem-se destes troncos.No primeiro (tronco) (desenvolvem-se) vinte e cinco

    folhas (1-25). Na condio doentia (condio natural dadoena) sessenta e trs (26-88) e na [15] observao seis (89-94) e no diagnstico pelo pulso trs (95-97). Noquestionamento vinte e nove (98-126). Nutrio (em)(doenas) de rlung quatorze (127-140).

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    59/137

    59

    Mkhris zas bcu gnys bad kan zas dgu [17]

    spyod lam drug dang sman gyi ro nus dgu [18]khu ba gsum dang sman mar rnam pa lnga [19]thang phye bzi ril bu rnam pa gnyis [20](10a4) tres sam lnga dang mi dai bcos thabs dgu [21]dpyad ste bdun te nad gzhi brgyad cu brgyad [22]sum cu rtsa brgyad ngos bzung brtag pa ste [23]bcos pai thabs la dgu bcu rtsa brgyad do [24]spyir sdoms nyis brgya rtsa (10a5) bzir rgyas pa yin [25]me tog nad med she ring gsal ba la [26]bras bu chos nor bde ba gsum du smin [27]dpe dang sbyar te rnam grangs bkod pa yi [28]

    snying po lta bur bsdus pai rtsa rgyud di [29]shes rab blo ldan ga (10a6) yi spyod yul las [30]blo rmongs skye bo rnams kyis rtogs mi gyur [31]spros dga rgya chen gzhung du blta bar gyis [32]

    zhes gsungs nas drang srong Rig pai ye shes de Sman pai rgyalpoi thugs kar thim par (10b1) gyur to / bdud rtsi snying po yan lagbrgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud las dpe don gyi rnam grangsrnam par bkod pai leu ste drug pao /

    bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud(10b2) las rtsa bai rgyud ces bya ba rdzogs so //

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    60/137

    60

    A nutrio (nas) (doenas) de mkhris pa (bile) doze

    (141-152), alimentos e bebidas (nas) (doenas) de bad kan(fleuma) nove (153-161). No comportamento seis (162-167) e no sabor e na potncia (dos medicamentos) nove(em cada) (168-185). Nas sopas trs (186-188) e namanteiga medicinal cinco tipos (189-193). [20] Nasdecoces e nos ps quatro (em cada) (194-197), (198-201), nas plulas dois tipos (202-203). Nas pastas cinco(204-208) e nos medicamentos (eliminativos) nove (209-217). Nos tratamentos (externos) sete (218-224).

    Bases das doena: desenvolvem-se oitenta e oito(folhas). H trinta e oito (folhas) para os mtodosdiagnsticos. Para os mtodos teraputicos h noventa eoito (folhas).

    [25] No total desenvolvem-se duzentas e vinte equatro (folhas).

    As (duas) flores desabrocham com a longevidade e

    na ausncia de doena (sade), (e) desenvolvem-se comotrs frutos: religio, prosperidade e felicidade.

    Com a listagem do nmero (de razes, troncos, etc.)juntamente com a comparao (com a rvore da Vida)este Tratado Raiz delineado (resumidamente) (de talforma) (como se fosse) o corao (a essncia) ( dos trstratados seguintes). [30] Como (este Tratado Raiz) aesfera de atividade somente das pessoas com um poucode sabedoria e inteligncia, aquelas pessoas menos

    inteligentes no o compreendero, (no entanto, se elas)

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    61/137

    61

    desejam trabalhar, permitam-nas consultar trabalhos mais

    detalhados.

    Assim ele se pronunciou.

    Ento o sbio Rig pai ye ses emergiu do corao do Reidos Mdicos. O sexto captulo sobre uma apresentaocompleta do nmero (lista) de comparaes (com a rvoreda Vida) a partir do Tratado Secreto da Instruo sobre osOito Ramos da Essncia da Imortalidade.

    Aqui termina o assim-chamado Tratado Raiz doTratado Secreto da Instruo sobre os Oito Ramos daEssncia da Imortalidade.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    62/137

    62

    D) Apresentao do sistema

    O sistema deve ser derivado do texto. A identificaode todos os termos (razes, troncos, ramos e folhas) foipossvel apenas com as explicaes seguintes, oscomentrios e diagramas:

    1) Explicaes orais de Yeshe Donden que elucidou cadatermo.

    2) Comentrios e diagramas feitos a partir dasreprodues dos blocos de impresso.

    a- cha lag bco brgyad (Detalhes, ver no apndiceTtulos dos Trabalhos).b- gso byed bdud rtsii khrul med ngos dzin bzo rig melong du rnam par shar pa mdzes mtshar mig rgyan zhesbya ba bzhugs so (Detalhes, ver no apndice Ttulosdos Trabalhos). O Sistema descrito nas primeiras oitopginas.

    Na apresentao do Sistema os termos no textotraduzido so apresentados com letras e nmeros (Razes

    A-C, Troncos I-IX, Ramos 1-47, Folhas 1-224).Antes da apresentao, no entanto, alguns dos

    termos devem ser explicados:

    [2] rnam gyur xxx = alterado. Este termo o primeiro aaparecer no texto; no entanto ele se aplica ao Tronco II =organismo doente.

    [2] ma gyur = no alterado. Este termo aparece emsegundo lugar no texto (provavelmente devido mtrica);no entanto, aplica-se ao Tronco I = organismo saudvel,

    que deve vir em primeiro lugar no texto.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    63/137

    63

    O Sistema de medicina tibetana representado sob

    a forma de uma rvore a qual possui trs razes:Raiz A = Organizao (das partes do corpo)Raiz B = DiagnsticoRaiz C = TeraputicaDestas trs razes brotam nove troncos:

    Raiz ARaiz da Organizao (das partes do corpo) gnas lugs rtsa baTronco INo alterado (i.e. organismo saudvel) rnam par ma gyur pa

    Tronco IIalterado (i. e. organismo doente) rnam par gyur pa

    Raiz BRaiz do Diagnstico (exame) ngos dzin rtsa baTronco IIIObservao blta baTronco IVPalpao reg paTronco VQuestionamento dri ba

    Raiz CRaiz da Teraputica (mtodos de tratamento) gso bai rtsa baTronco VINutrio (dieta) zasTronco VIIComportamento spyod pa (spyod lam)Tronco VIIIMedicamentos smanTronco IX(externo) Mtodos de tratamento dpyad pa

    9 Troncos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    64/137

    64

    Estes nove troncos correspondem s nove partes dacincia mdica:

    Tronco I = Organismo saudvelTronco II = Organismo doenteTronco III = ObservaoTronco IV = PalpaoTronco V = Questionamento

    Tronco VI = NutrioTronco VII = ComportamentoTronco VIII = MedicamentosTronco IX = Mtodos de tratamento

    Destes nove troncos crescem quarenta e sete ramos:

    Raiz A

    Tronco I Organismo saudvelno alterado

    (Bases da) doena (1)Constituintes do corpo (2)Impurezas (3)

    rnam par ma gyur pa

    nadlus zungsdri ma

    3 ramos

    Tronco II Organismo doentealterado

    Causas (causas primrias) (4)

    Causas desencadeantes(secundrias) (5)Modos de entrada (6)

    rnam par gyur pa

    rgyu

    rkyenjug sgo

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    65/137

    65

    Stios de localizao (7)

    Trajetrias (8)poca de aparecimento (9)Frutos (conseqncias) (10)Causas opostas (umas soutras) (11)Princpios (12)

    gnas

    lamldang dusbras bu

    ldog rgyumdo don

    9 ramos

    Raiz B

    Tronco III Observao

    Lngua (13)gua (urina) (14)

    blta ba

    lcechu

    2 ramos

    Tronco IV Palpao

    Diagnstico pelo pulso (nasdoenas de rlung, mkhris pa ebad kan) (15, 16, 17)

    reg pa

    reg pai rtsa rgyud

    3 ramosTronco V Questionamento

    Causas produtoras (18)Condies das doenas (19)Hbitos (20)

    dri ba

    slong rkyenna lugsgoms

    3 ramos

    Raiz C

    Tronco VI NutrioAlimentos (para rlung, mkhris

    zaszas

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    66/137

    66

    pa e bad kan) (21-23)

    3 ramosBebidas (para rlung, mkhris pae Bad kan) (24-26)

    skom

    3 ramos

    Tronco VII Comportamento spyod pa (spyod lam)

    (para rlung, mkhris pa e Badkan) (27-29)

    3 ramos

    Tronco VIII Medicamentos sman

    Sabor (para rlung, mkhris pa ebad kan) (30-32)

    ro

    3 ramosPotncias (para rlung, mkhrispa e bad kan) (33-35)

    nus pa

    3 ramosSedativos (para rlung, mkhrispa e bad kan) (36-41)

    zhi byed

    6 ramosMedicamentos eliminatrios(para rlung, mkhris pa e Badkan) (42-44)

    sbyong byed

    3 ramos

    Tronco IX Mtodos de tratamento(externo)

    dpyad pa

    (para rlung, mkhris pa e Bad

    kan) (45-47)3 ramos

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    67/137

    67

    Sumrio

    Tronco I 3 Ramos Raiz A - 12 RamosTronco II 9 Ramos

    Tronco III 2 RamosTronco IV 3 Ramos Raiz B - 8 RamosTronco V 3 RamosTronco VI 6 Ramos

    Tronco VII 3 RamosTronco VIII 15 Ramos Raiz C - 27 RamosTronco IX 3 Ramos

    47 Ramos

    Estes quarenta e sete ramos correspondem aos detalhesgerais dos Troncos I-IX.

    Destes quarenta e sete ramos brotam duzentas e vinte equatro folhas:

    Raiz A

    Tronco I (1-25) 25Tronco II (26-88) 63

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    68/137

    68

    Raiz B

    Tronco III (89-94) 6

    Tronco IV (95-97) 3

    Tronco V (98-126) 29

    Raiz C

    Tronco VI (127-161)

    Nutrio nas doenas de rlung

    (127-140)

    rlung zas 14

    Nutrio nas doenas de mkhris pa(141-152)

    mkhris pa zas 12

    Nutrio nas doenas de Bad kan(153-161)

    bad kan zas skom 9

    Tronco VII (162-167) 6

    Tronco VIII (168-217)

    Sabor(168-176)

    ro 9

    Potncia(177-185)

    nus pa 9

    Sopas (rlung)(186-188)

    khu ba 3

    Manteiga medicinal (rlung)(189-193)

    sman mar 5

    Decoces (mkhris pa)(194-197)

    thang 4

    Ps (mkhris pa)(198-201)

    phye 4

    Plulas (Bad kan)(202-208)

    ril bu 2

    Pastas (Bad kan)(204-208)

    tres sam 5

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    69/137

    69

    Medicamentos para limpeza

    (209-217)

    mi dai bcos thabs 9

    Tronco IX (218-224) 7

    224 folhas

    Sumrio

    Tronco I 25 folhas Raiz A - 88 folhas

    Tronco II 63 folhas

    Tronco III 6 folhas Raiz B - 38 folhasTronco IV 3 folhasTronco V 29 folhas

    Tronco VI 35 folhas Raiz C - 98 folhasTronco VII 6 folhasTronco VIII 50 folhasTronco IX 7 folhas

    224 folhas

    Estas 224 folhas correspondem aos detalhes especficosdos Troncos I-IX.

    H (duas) flores (nad med pa = sade e tshe ring =longevidade), que geram trs frutos (chos = religio, nor =prosperidade e bde = felicidade).

    As flores e os frutos esto classificados no Tronco I,Organismo saudvel.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    70/137

    70

    O Sistema da Medicina Tibetana:

    3 Razes 9 Troncos 47 Ramos 224 Folhas

    9 reas da cinciamdica

    47detalhesgerais

    224 detalhesespecficos

    Raiz A I Organismo saudvel 3 25

    Organizao II Organismo doente 9 6312 88

    Descrito no livro rGyud bzi, Parte 1, Captulo 3

    Raiz B III Observao 2 6Diagnstico IV Palpao 3 3

    V Questionamento 3 298 38

    Descrito no livro rGyud bzi, Parte 1, Captulo 4

    Raiz C VI Nutrio 6 35

    Terapia VII Comportamento 3 6VIII Medicamentos 15 50IX Mtodos detratamento (externo) 3 7

    27 98Descrito no livro rGyud bzi, Parte 1, Captulo 5

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    71/137

    71

    ORGANISMO SAUDVEL E DOENTE

    No captulo anterior o Sistema da medicina tibetanafoi extrado do texto e apresentado. O prximo passo descrever as nove reas da cincia mdica.

    Da primeira raiz saem dois troncos quecorrespondem s duas primeiras reas da cincia mdicadenominadas: Tronco I = organismo saudvel e Tronco II =organismo doente. Estes dois troncos so descritos noCaptulo 3 (Parte 1) do livro rGyud bzi. Devemos, portanto,dedicarmos ao Captulo 3 agora, o qual ser exposto damesma maneira que o captulo anterior:

    A) Blocos de impresso (flios 6b, 7a, 7b, 8a de meusblocos de impresso

    B) Transliterao do textoC) Traduo do textoD) Apresentao

    C) (Traduo): a traduo deste captulo apresentougrandes problemas. Ainda que a traduo de YesheDonden, acompanhada com suas explicaes oraistenham possibilitado a identificao das oitenta e oitofolhas, minha traduo foi bastante imprecisa. Atraduo do stimo ramo foi particularmente difcil.Entretanto, recorri ao Professor Emmerick para auxiliar-me, e foi ele quem traduziu estas passagens efinalmente produziu uma traduo em ingls de todo ocaptulo. Esta primeira traduo em ingls, para a qualos tradutores tiveram acesso aos meus blocos de

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    72/137

    72

    impresso, foi gentilmente colocada minha disposio.

    O Professor Emmerick havia dado incio traduo dolivro rGyud bzi; um nmero considervel de captulos jpode ser utilizado. importante mencionar aqui que oscomentrios tibetanos (por exemplo, Bai du rya sngonpo) foram extensamente utilizados. O captulo emquesto foi revisado e expandido.xxxi Felizmente umatraduo deste importante livro est sendo realizadaafinal por um especialista.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    73/137

    73

    A) Bloco de impresso

    rGyud bzi, Parte 1Captulo 3Flio 6bFlio 7a

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    74/137

    74

    rGyud bzi, Parte 1,

    Captulo 3Flio 7bFlio 8a

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    75/137

    75

    B) Transliterao do texto

    de nas drang srong Yid las skyes kyis drang sron Rig pai ye shes diskad ces gsol tokye ston pa drang sron Rig (6b5) pai ye shes lagsgso ba rig pai rgyud sde rnam bzi lasrtsa bai rgyud la ji ltar bslab par bgyitsho mdzad sman pai rgyal pos btsad du gsolzhes zhus pa las / thugs kyi sprul (6b6) pa drang sron Rig pai yeshes kyis di skad ces gsungs so

    kye drang sron chen po Yid las skyes

    dan po rtsa rgyud mdo yi gnas bstan pa [1]rtsa ba gsum la dril bai sdong po dgu [2](7a5) gyes pai yal ga bzi bcu rtsa bdun te [3]lo dab nyis brgya rtsa bzhir rgyas pa yin [4]gsal bai me tog bras bu lnga ru smin [5]di dag rtsa bai rgyud kyi sdoms su bshad [6]de nyid rgyas par bkrol na di lta ste [7]nad dang lus zungs dri (7a6) ma rnam pa gsum [8]rnam par ma gyur pa dang gyur pa las [9]

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    76/137

    76

    C) Traduo do texto

    Ento, pronunciou-se o sbio Yid las skyes ao sbioRig pai ye shes:

    Oh professor, sbio Rig pai ye ses! Como o TratadoRaiz dos Quatro Tratados sobre a cincia mdica pode seraprendido? Permita que ele seja exposto pelo Mdico, oRei da Medicina.

    Sendo formulada a questo, o sbio Rig pai ye shes,a Emanao do Corao (de Buda), falou como segue:

    Oh grande sbio Yid las skyes! Primeiro, deve serensinado o tpico contendo um resumo (do ensinamento)do Tratado Raiz. Nas trs razes h nove troncos quecrescem (delas). (Destes), emergem quarenta e seteramos, e brotam duzentas e vinte e quatro folhas. [5](Duas) flores reluzentes (e seus trs) frutos sedesenvolvem. Estes (aspectos) so explicados nesteresumo do Tratado Raiz.

    Se estas verdades forem explicadas, seus detalhes

    sero como segue:De acordo, se os trs fatores a seguir: as (bases das)

    doenas, os constituintes corporais e as excreesestiverem inalteradas ou se estiverem alteradas,

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    77/137

    77

    lus ni gnas dang joms par byed pa yin [10]

    nad ni rlung dang mkhris pa bad kan gsum [11]srog jin gyen rgyu khyab byed me thur sel [12]ju byed mdangs sgyursgrub (7b1) mthong mdog gsal lnga [13]rten myag myong tshin byor byed bco lngao [14]dangs ma khrag sha tshil rus rkang khu ba [15]lus zungs bdun yin dri ma bshang gci rngul [16]de ltar rnam grangs nyi shu lnga po [17]ro dang nus pa spyod lam rnam (7b2) gsum po [18]thams cad mnyam par gnas pas phel gyur zhing [19]de las ldog pa gnod par gyur ba yin [20]nad ni skyed par byed pai rgyu gsum ste [21]

    de la lhan cig bskyed pai rkyen bzi yis [22]jug sgo rnam pa drug tu (7b3) zhugs nas ni [23]lus kyi stod smad bar du gnas bcas shing [24]rgyu bar byed pai lam ni bco lnga ru [25]na so yul dus dgu ru phel byed de [26]bras bu srog gcod pa yi nad dgur smin [27]ldog pai rgyu ni bcu dang gnyis su gyur [28](7b4) mdo don dril bas tsha grang gnyis su dus [29]

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    78/137

    78

    [10] eles fazem com que o corpo permanea saudvel ou o

    destrem.

    As (bases das) doenas so trs: rlung (vento),mkhris pa (bile) e bad kan (fleuma) (I).

    Os cinco (tipos de rlung so: aquele que) sustenta avida (1), (aquele que) produz claridade (do quilo) (7),(aquele que) satisfaz (os desejos) (8), (aquele que produz)viso (9), (e aquele que torna) clara a cor (da pele) (10).

    (Os cinco tipos de mkhris pa so: aquele que) apia(11), (aquele que causa) decomposio (12), (aquele queproduz) sabor (13), (aquele que causa) satisfao (14) (eaquele que) faz (com que as articulaes) se curvem (15).

    (Estes grupos cinco de cada perfazem) quinze.

    [15] Quilo (16), sangue (17), carne (18), gordura (19),osso (20), medula ssea (21), (e) smen (22) so os seteconstituintes do corpo (II).

    As excrees (impurezas) so fezes (23), urina (24)(e) sudorese (25).

    Portanto, o total vinte e cinco.

    Se o sabor, a potncia (do alimento) e ocomportamento, (estes) trs fatores (e) todos (os vinte ecinco itens acima mencionados) permanecem equilibrados,(o vigor do corpo) se elevar, [20] mas, se tais fatores sedesviarem deste (estado de equilbrio), eles prejudicaro(o corpo).

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    79/137

    79

    Dependendo das doenas, h trs causas primrias

    que as produzem (IV), (acompanhadas) por quatro causassecundrias, que as desenvolvem em conjuno com cada(caso) (V). Quando (estas doenas) entrarem (no corpo)atravs das seis maneiras de entrar (VI), elas se localizamem seus stios de residncia (VII), nas (partes) superior,mdia e inferior do corpo [25] mas nas quinze trajetriasde circulao (VIII), nas quais (aquelas causas) fazem asdoenas circularem, so a idade, a regio e as estaes(IX) que fazem com que se desenvolvam de nove(maneiras). Quando seus frutos (resultados) (X) estiveremamadurecidos em nove doenas que interrompem a vida,como causas desencadeantes (primrias) que so opostas(entre si), elas tornam-se doze (XI). (Todas estas doenas)podem ser condensadas em dois princpios (XII): quente efrio.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    80/137

    80

    De ltar drug cu rtsa gsum gso byai nad [30]

    de la dod chags zhe sdang gti mug gsum [31]rlung mkhris bad kan rim pas skyed pai rgyu [32]de la dus gdon zas dang spyod lam bzhiz [33]de dag (7b5) phel dang zad par gyurnas ni [34]pags la gram zhing sha la rgyas pa dang [35]rtsa ru rgyu zhing rus la zhen pa dang [36]don la bab cing snod du lhung bar gyur [37]bad kan klad pa la brten stod na gnas [38]mkhris pa mchin dri la brten bar na (7b6) gnas [39]rlung ni dpyi rke la brten smad na gnas [40]rus pa rna ba reg bya snying srog long [41]

    khrag rngul mig dang mchin mkhris rgyu ma dang [42]dvangs ma tsha tshil rkang khu btsang gci dang [43]sna lce glo mcher pho mkhal lgang pa rnams [44]lus (8a1) zungs dri ma dbang po don snod lnga [45]rlung mkhris bad kan rgyu bai lam du btsad [46]rgas pa rlung mi dar ma mkhris pai mi [47]byis pa bad kan mi yin na sos gnyan [48]ngad can grang ba rlung gi yul yin te [49]

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    81/137

    81

    [30] H portanto sessenta e trs tipos de doenas (amaioria das) quais podem ser curadas.

    Dentre estas existem trs (denominadas) desejo(26), averso (27), iluso (28) que so as (trs) causasdesencadeantes (primrias) da elevao de rlung (vento),mkhris pa (bile) e bad kan (fleuma) respectivamente.Quando estes (trs) conectados elevam-se ou reduzem-seatravs das quatro (causas secundrias, denominadas)poca (29), energias prejudiciais (demnios) (30), nutrio

    (31) e comportamento (32), (penetram o corpo atravs dasseis formas de entrada, ou seja) [35] espalham-se pelapele (33), expandem-se na carne (34), circulam nas veias(35), estabelecem-se nos ossos (36), descem para osrgos slidos (37) e penetram nos rgos ocos (38).

    Bad kan, mantido no crebro, tem como stio a regiosuperior (39) (do corpo). Mkhris pa, mantido no diafragma,tem como stio a regio mediana (40) (do corpo). [40]rlung, mantido nos quadris e coxas tem como stio a regio

    inferior (41) (do corpo).

    Ossos (42), audio (44), tato (44), corao (45),(canais) vitais (45) e intestino grosso (46); sangue (47),sudorese (48), olhos (49), fgado (50), vescula biliar (51) eintestino delgado (51); quilo (52), carne (52), gordura (52),medula ssea (52), smen (52), fezes (53), urina (53),nariz (54), lngua (54), pulmes (55), bao (55), estmago(56), rins (55) e bexiga urinria (56); [45] afirma-se que(cada uma das) cinco (categorias): constituintes corporais,excrees, rgos sensoriais, rgos slidos e ocos so

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    82/137

    82

    trajetrias de circulao de rlung (vento), mkhris pa (bile) e

    bad kan (fleuma).

    Uma pessoa idosa (57), (de acordo com suanatureza,) est (sob a influncia de) rlung; uma pessoa

    jovem (58), (de acordo com sua natureza,) est (sob ainfluncia de) mkhris pa; uma criana (59) (de acordo comsua natureza,) est (sob a influncia de) bad kan, (ouseja), a doena ( determinada) pela fase da vida.

    (Uma regio) fria (e) com brisas perfumadas (60)

    uma regio na qual ocorre (aumento de) rlung.

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    83/137

    83

    (8a2) skam sa tsha gdung che ba mkhris pai yul [50]

    rlan can snum pa bad kan yul du btsad [51]rlung nad dbyar dus dgongs dang tho rangs ldang [52]mkhris pa ston dus nyin dgung mshan dgung ldang [53]bad kan dpyid dus srod dang snga (8a3) dro ldan [54]tsho ba gsum zad du ba gshed du babs [55]sbyor ba mshungs dang gnad du babs pa dang [56]dus das rlung nad srog rten chad pa dang [57]tsha ba la das grang ba gting khar ba [58]zungs kyis mi thub rnam par tshe ba (8a4) rnams [59]bras bu srog gcod nad dgu zhes su btsad [60]rlung mkhris bad kan tzi dang ma tzi ba [61]

    gnyis gnyis bzi ru ldog pas bcu gnyis so [62]rlung dang bad kan grang ba chu yin te [63]khrag dang mkhris pa cha ba me ru dod [64](8a5) srin dang chu ser cha grang thun mong gnas [65]de ltar rnam grangs brgyad cu rtsa brgyad kyis [66]nad gzhii rnam pa ma lus shes par gyur [67]tzes gsungs sobdud rtsi snying po yan lag brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyudlas (8a6) lugs nad gzhii leu ste gsum pao

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    84/137

    84

    [50] (Uma regio de) terra seca (e) quente (61), e

    onde, conseqentemente, prevalece a misria, umaregio onde ocorre (elevao de) mkhris pa (bile), (e umaregio) mida e oleosa (62) uma regio onde ocorre(elevao de) bad kan.

    As doenas de rlung emergem na estao chuvosa(vero), no final da tarde e ao amanhecer (63), as doenasde mkhris pa emergem no outono, ao anoitecer e meia-noite (64). As doenas de bad kan emergem na primavera,ao anoitecer e pela manh (65).

    [55] Os trs fatores que sustentam a vidacompletaram-se (esgotaram-se) (66). A combinao (defrio e quente oculta o tratamento necessrio, desta forma,o paciente) cai nas mos do algoz (67). Mistura (demedicamentos) semelhantes (68) ( doena sendo elaquente ou fria). Um ponto vital atacado (69) (por armas).

    A sustentao da vida interrompida, (porque) o tempo noqual era possvel o (tratamento) da doena causada porrlung terminou (70). (O momento certo) (para o tratamentode uma doena) quente foi ultrapassado (71). Seracometido por frio intenso (72), (porque o momento certopara o tratamento de uma doena fria passou). Osconstituintes (corporais) no so capazes de suportar(tratamentos mdicos) (73). Perseguio aguda (74) (porenergias prejudiciais): [60] estas nove doenas queencurtam a vida so conhecidas como fruto (o resultado).

    rlung, mkhris pa e bad kan estando equilibrados ou

    no equilibrados combinados de dois em dois tornam-se opostos um ao outro de quatro (formas), resultandoem doze (causas opostas umas s outras) (75-86).

  • 7/28/2019 Finckh Fundamentos Medicina Tibetana

    85/137

    85

    rlung e bad kan so (por natureza) frios (e

    semelhantes ) gua (87). Sangue e mkhris pa so (pornatur