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UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO ADRIANA NUNES NOGUEIRA FAMILIAS CONVIVENDO COM UM PORTADOR DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA PROPOSTA DE CUIDADO BASEADA EM IMOGENE KING ITAJAÍ (SC) 2006

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UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ

MESTRADO EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

ADRIANA NUNES NOGUEIRA

FAMILIAS CONVIVENDO COM UM PORTADOR DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA PROPOSTA DE CUIDADO

BASEADA EM IMOGENE KING

ITAJAÍ (SC)

2006

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ADRIANA NUNES NOGUEIRA

FAMILIAS CONVIVENDO COM UM PORTADOR DE

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA PROPOSTA DE CUIDADO BASEADA EM IMOGENE KING

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, da Universidade do Vale do Itajaí, para obtenção do título de Mestre – Área de concentração em Saúde da Família. Orientadora: Professora Dra. Ingrid Elsen

ITAJAÍ (SC)

2006

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ADRIANA NUNES NOGUEIRA

FAMILIAS CONVIVENDO COM UM PORTADOR DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA PROPOSTA DE CUIDADO BASEADA EM IMOGENE KING

Esta dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para a

obtenção do Título de Mestre em Enfermagem, e aprovada pelo Curso de Mestrado em Saúde

e Gestão do Trabalho, área de concentração Saúde da Família, da Universidade Vale do Itajaí

em 20 de dezembro de 2006.

_______________________________________________

Águeda Lenita Pereira Wendhausen - Coordenadora do Curso –

BANCA EXAMINADORA

__________________________________ Ingrid Elsen

UNIVALI – Presidente/Orientadora

__________________________________ Elisete Navas Sanches Próspero

UNIVALI – Membro da Banca interno

__________________________________ Eliane Regina Pereira do Nascimento UFSC – Membro da Banca externo

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FICHA CATALOGRÁFICA

Nogueira, Adriana Nunes Famílias convivendo com um portador de Acidente Vascular

Cerebral: Uma proposta de cuidado baseada em Imogene King / Adriana Nunes Nogueira – Itajaí, SC.

101f.

aOrientador: Dr . Ingrid Elsen. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí: 1.Família. 2. Doença Crônica. 3. Enfermagem.

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Dedico a Paulo Nogueira, meu pai (in memorian), por me trazer à vida, pelo amor, pela luta e educação, mas acima de tudo, por ter me ensinado o valor da família. Um dia a gente se encontra..

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar a luz necessária para percorrer este caminho e por me conceder esta vitória; À minha mãe, e a toda a minha família – o bem mais valioso que possuo – pelo apoio constante, proteção, carinho e amor que me dedicam;

À minha amiga Marisa, por acolher-me com amor e carinho durante o período do

curso em sua residência, companheira de inda e vinda, lutadora por seus ideais, grata

descoberta desse caminho. As afinidades que descobrimos nos levaram a uma amizade

baseada na admiração e no afeto. Chegamos juntas amigas, conseguimos.

À minha orientadora Professora Drª Ingrid Elsen – a quem compartilho esta conquista – pelo carinho, estímulo e colaboração; pelos conhecimentos que transmitiu, pela compreensão que me ajudaram a superar os difíceis momentos desta caminhada; Aos colegas do curso, especialmente Alessandra e Saionara, pela amizade, carinho e oportunidade de termos compartilhado e convivido juntos momentos que ficarão na lembrança. Aos meus amigos, Adriana, Dioli, Eliane, Karise, Fabiane, Franciane e Zenaide, pela colaboração e apoio. Em especial à Elsa, pelas vezes em que esteve em minha casa, deixando sua família para colaborar comigo nessa trajetória.

A todas as funcionárias, em especial Rosélia, que sempre estiveram presentes nos

momentos em que foi solicitada sua ajuda e disponibilidade, agradeço pela receptividade.

A todos os funcionários da Unidade Estanislau Schaetter, em especial à enfermeira Tatiana Valente, Marli, Silvia pelo apoio nas horas em que tive que me afastar dos serviços naquela instituição para me dedicar aos estudos;

Aos membros da banca, pelo imenso carinho em aceitar este convite e pela

oportunidade de aprimorar esta pesquisa com suas contribuições;

À família de dona Hermínia, Dolores, Edmar, Eduardo e Josiane, pelo carinho e apoio recebidos, vocês fazem parte desta vitória. A todas as pessoas que, direta ou indiretamente contribuíram para o aprendizado e conclusão deste estudo.

O meu agradecimento.

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“Na verdade, todo problema – depois de resolvido – parece muito simples. A grande vitória, que hoje parece fácil, foi o resultado de uma série de pequenas vitórias que passaram despercebidas.” (Paulo Coelho)

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Sistemas e conceitos ............................................................................................. 32

Quadro 2 – Fases do Processo de Enfermagem ....................................................................... 43

Quadro 3 – Visitas Pré-Agendadas .......................................................................................... 50

Quadro 4 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 2ª visita ............. 53

Quadro 5 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 3ª visita ............. 57

Quadro 6 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 4ª visita ............. 62

Quadro 7 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 5ª visita ............. 65

Quadro 8 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 6ª visita ............. 69

Quadro 9 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 7ª visita .............. 73

Quadro 10 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 8ª visita ........... 77

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NOGUEIRA, Adriana Nunes. Famílias convivendo com um portador de Acidente Vascular Cerebral: Uma proposta de cuidado baseada em Imogene King. 2006. Dissertação (Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho) – Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, p. 101.

RESUMO A doença significa uma ameaça tanto à integridade pessoal quanto familiar. Quando um membro da família adoece, todos os outros ficam sob tensão e, geralmente o paciente e a família consideram a doença como uma situação que causa estresse, podendo provocar um desequilíbrio no cotidiano familiar. É importante ressaltar que o cuidado com o doente com seqüela neurológica impõe novas exigências emocionais e materiais. A partir deste pressuposto foi estabelecida a seguinte questão de pesquisa: como viabilizar um referencial teórico-metodológico baseado em King para o cuidado no domicílio as famílias que convivem com um portador de AVC. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, realizada no período entre Novembro de 2005 e junho de 2006. Participaram como sujeitos do estudo os integrantes de uma família cadastrada em uma Unidade de Saúde da cidade de Blumenau, mantida pela Secretaria Municipal de Saúde, e que autorizou a realização do estudo. Para a coleta de dados foram utilizados a entrevista, observação, o exame físico e a consulta ao prontuário. Os dados foram registrados em diário de campo e a análise foi feita simultaneamente a coleta, tendo como eixo norteador o referencial teórico. Os resultados demonstraram que o referencial selecionado foi viável, salientando-se a importância da inter-relação entre os sistemas pessoal, interpessoal e social. Os conceitos mais utilizados foram: comunicação, interação, transação, saúde-doença, enfermagem e família. Quanto às etapas do processo, todas foram consideradas relevantes ao trabalho da enfermagem, destacando-se a necessidade da adaptação dos mesmos a situação no domicilio. A análise feita coleta permitiu a articulação entre a teoria e a prática. O referencial possibilitou ainda que a família, além de poder cuidar melhor de seu integrante, recebesse a atenção profissional da enfermeira. O estudo aponta subsídios para o Sistema Único de Saúde, que preconiza a participação, o controle social e a cidadania. Palavras-chave: Família, Doença Crônica, Enfermagem.

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NOGUEIRA, Adriana Nunes. Families living with a person who bears a CVA (Cardio Vascular Accident): A careful proposal based in Imogene King’s (Master in Health and work management) 2006 Dissertation – Master in Health and work management Program, University of Vale do Itajaí, Itajaí, p. 101.

ABSTRACT

The illness threatens not only personal integrity but familiar integrity as well. When a member of the family suffers an illness, the rest of the family remains under tension, and generally, both the patient and the family, consider the illness as a stressful situation tending to cause disequilibrium in the family circle. It is important to highlight that nursing a sick person with neurological sequel imposes new emotional and material exigencies. From this assumption the following survey objective was established: how to make a theoretical methodological indicator possible, based on King, for nursing at the dwelling of families who live with a person bearing a CVA (Cerebral Vascular Accident). This is a research of qualitative characteristics carried out between November 2005 and June 2006. The people studied were members of a family registered in a Health Unit in the City of Blumenau, supported by the City Hall Health Secretary, who authorized the realization of the study. Data collection was done through interviews, observation, physical tests and consulting the dossier. The data were recorded in a field diary and the analysis was done at the same time of the collection, having as a guiding point the theoretical referential. Results showed that the selected referential was feasible pointing out the importance in the relation between personal, interpersonal and social systems. The most used concepts were: communication, interaction, transaction, health – illness, nursing and family. Regarding the stages of the process, they were all considered relevant to people nursing, highlighting their need to adapt to the situation at the patient’s dwelling. The analysis done through collection allowed the articulation between theory and practice. The referential made it even possible for the family not only to be able to take better care of its member but also to allow him to receive professional attention from a nurse. The study points assistance for the Only Health System which approves participation, social control and citizenship. Key words: Cerebral Vascular Accident, nursing, chronic illness

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

2 OBJETIVOS........................................................................................................................16

2.1 Objetivo geral ....................................................................................................................16

2.2 Objetivos específicos.........................................................................................................16

3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................17

3.1 Acidente vascular cerebral .............................................................................................17

3.2 Família, doença e os processos de cuidar ......................................................................23

3.3 A relação entre os profissionais da saúde e a família ...................................................27

3.4 As pesquisas brasileiras baseadas na teoria de King ...................................................29

4 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO DO ESTUDO........................................31

4.1 Imogene King: estrutura conceitual, sistemas e conceitos...........................................31

4.1.1 Sistema pessoal...............................................................................................................32

4.1.2 Sistema interpessoal .......................................................................................................34

4.1.3 Sistema social .................................................................................................................36

4.2 King e os construtos para guiar a prática profissional de enfermagem.....................38

4.3 O processo de enfermagem segundo King.....................................................................40

5 METODOLOGIA.................................................................................................................44

5.1 Tipo de estudo ..................................................................................................................44

5.2 Sujeitos..............................................................................................................................45

5.3 Local de estudo ................................................................................................................45

5.4 Instrumental utilizado no estudo ...................................................................................46

5.5 Análise ..............................................................................................................................48

5.6 Aspectos éticos .................................................................................................................48

6 RESULTADOS ....................................................................................................................50

6.1 A família de Herminia e seus sistemas pessoal, interpessoal e social..........................50

6.2 O processo de enfermagem de Herminia e sua família ................................................53

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................82

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................89

APÊNDICES ...........................................................................................................................94

ANEXOS ................................................................................................................................99

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1 INTRODUÇÃO

A família é, normalmente, o primeiro grupo social a que se pertence, e entre todas as

instituições sociais é aquela com a qual se mantêm contatos mais íntimos. Grande parte dos

acontecimentos importantes da vida, principalmente, o nascimento, infância, a doença e

morte, o indivíduo vive na família. É através dela que o indivíduo cresce, desenvolve o

caráter, afirma seus valores e desenvolve seus sentimentos.

A doença significa uma ameaça tanto à integridade pessoal quanto familiar. Quando

um membro da família adoece, todos os outros ficam sob tensão e, geralmente o paciente e a

família consideram a doença como uma situação que causa estresse, podendo provocar um

desequilíbrio no sistema familiar.

Segundo Ribeiro (1989, p.154)

Cada família tem vários e diferentes mecanismos de adaptação, da mesma forma que cada membro da família reage de maneira diferente. Na maioria das vezes, um elemento se destaca no meio familiar e chama para si a responsabilidade do tratamento e o equilíbrio da dinâmica da família. Quem assume este papel geralmente é a mãe e em menor freqüência, o pai ou irmão, mas o resultado é que todos os membros da família são afetados.

Há aproximadamente 12 anos, trabalho como enfermeira, e há 9 anos como docente.

Durante essa caminhada, um dos aspectos que sempre me preocupou foi o preservar o cuidado

da família, respeitando à sua singularidade, seja no hospital ou no domicílio/comunidade. Ao

exercer a profissão, em um hospital na cidade de Blumenau em Unidade de Terapia Intensiva

tive a oportunidade de observar a preocupação de familiares nas ocasiões próximas da alta de

seus familiares inconscientes. As famílias relatavam medo de não poder cuidá-los nos seus

domicílios e indagavam se ficariam inconscientes por muito tempo.

Atualmente, trabalho em uma unidade de saúde, e, entre outras atividades, realizo

visitas domiciliares. Percebo o quanto à família está despreparada para prestar certos cuidados

que precisam ser realizados , com dúvidas sobre o que fazer, como fazer e quando faze-lo.

Apresentam ainda questionamentos sobre quem deve cuidar, se a esposa, os filhos, os

parentes ou amigos.

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Silva (2004) identifica em pesquisa realizada com famílias de pacientes

neurocirúrgicos, que a família cada vez mais tem assumido a responsabilidade de cuidar e,

nessa perspectiva, necessita de orientação no que diz respeito à atenção a saúde. É no

domicílio e junto à família que o ser humano deve permanecer quando ocorre um

desequilíbrio físico, emocional e há necessidade de reabilitação. Percebe-se, entretanto, que

nem sempre essas famílias estão preparadas ou tem condições para dar continuidade aos

cuidados que deverão ser realizados em domicílio, sendo que quem cuida quase sempre se

restringe a um só sujeito: a esposa, mãe.

Segundo Denardin (2002), o cuidado começa na família nuclear, se amplia na família

expandida e é complementado pela rede social com vizinhos e amigos, podendo chegar ao

sistema oficial de saúde. É no núcleo familiar que são tomadas as decisões sobre saúde e

doença, constituindo-se, assim, o centro da prestação de cuidados.

Conforme Denardin (2002) No cuidado familiar, a mulher é que detém o saber sobre o cuidado. Ela aprende, em geral, no convívio com outra mulher, executa-o durante a sua vida e transmite este conhecimento também a mulheres, principalmente filhas e netas. Ela é geradora do cuidado, seja ele familiar ou ampliado na rede social.

De acordo com Marcelino (2000), um agravante para o cuidado domiciliar no Brasil, é

o fato de que poucos convênios diferenciados contemplam esse serviço nos seus planos

assistenciais. O próprio Sistema Único de Saúde – SUS, interessado em desocupar os leitos

hospitalares, prevê esta modalidade de assistência com baixíssima cobertura de custos, não

atingindo seu custo real. Os serviços da rede básica de saúde, quando procurados, informam

aos usuários sobre as dificuldades que enfrentam em relação ao fornecimento de

medicamentos e materiais de consumo, encaminhando-os aos serviços especializados.

Sabe-se que, mesmo sem apoio formal do SUS ao atendimento domiciliar, existem

muitos pacientes que estão sendo cuidados em casa por familiares. Poucos são, contudo, os

que dispõem de convênios com serviços que realizam assistência domiciliar, como “Home

Care”, por exemplo.

Alvarez (2001) em sua tese de doutorado relata que os cuidadores revelam sentimento

de solidão na tarefa de cuidar. Referem mágoa em relação aos demais membros da família e

também a falta de apoio profissional e dos serviços, assim como o peso de responsabilidade

de cuidar e de não poder dividi-lo com outros familiares.

É importante ressaltar que o cuidado com o doente com seqüela neurológica além de

outras, impõe exigências materiais que a maioria das famílias não consegue atender por dispor

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de poucos recursos financeiros. A precariedade dos programas assistenciais que garantam os

direitos dos doentes e de seus familiares tem sido uma realidade.

Dentre as doenças, o Acidente Vascular Cerebral – AVC, vem se constituindo como

causa principal de internações, mortalidade e deficiências, acometendo a faixa etária acima de

50 anos, superando as doenças cardíacas e o câncer (MS, 2000). Trata-se de uma doença de

início agudo e de curso crônico, com conseqüências intermediárias, mas previsíveis, gerando

vários tipos de deficiências, as quais demandam ajustamentos do paciente, da família, dos

serviços de saúde e dos profissionais que atendem este tipo de clientela.

O portador de seqüela de AVC, dependendo da gravidade de sua doença, requer

cuidados constantes, não podendo ficar sozinho e, com isso, sobrecarregando seus familiares.

Quando um dos cônjuges no caso, o homem, é acometido pela doença e a esposa torna-se a

responsável pelo sustento da família, recai sobre a mesma a sobrecarga, pois precisa cuidar

dos filhos, prover recursos financeiros para sobrevivência e ainda se responsabilizar pelo

doente.

A vivência da família cuidadora é permeada pelo peso da responsabilidade e da

sobrecarga de trabalho que resultam em um comprometimento do seu viver e na qualidade

dos cuidados prestados a seus integrantes. Alvarez (2001) reforça que o apoio tão necessário à

família cuidadora é escasso em nossa sociedade, principalmente por parte das instituições

públicas, o que torna a obrigação e o encargo de cuidar restrito aos membros da família.

A mesma autora enfatiza que o cuidar é complexo para o familiar porque envolve uma

série de tarefas e necessita ser aprendido, enquanto se é ainda acompanhante no hospital.

Muitos familiares descobrem sozinhos, já em casa, uma maneira de cuidar, que nem sempre é

a mais adequada. Ter experiência anterior de cuidar de alguém torna-se geralmente um

motivo para que assuma, ou seja, indicado pelos demais para o cuidado ao familiar com

seqüelas.

Diante dessa realidade questiona-se:

Qual seria o papel da enfermagem junto a essas famílias?

É possível a enfermagem de um serviço público de saúde, atuando no nível local,

auxiliar os familiares de um portador de acidente vascular cerebral a cuidar de

seu doente, e, responder seus questionamentos? Como?

Como fazer com que a família se envolva nos cuidados de seu familiar doente

sem, contudo sentir-se sobrecarregada?

Como atender às necessidades do grupo familiar para que não haja sobrecarga

para alguns?

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Como manter/preservar a saúde familial?

Como tornar os serviços de saúde locais responsáveis pelos doentes e famílias de

sua área de atuação?

A literatura de enfermagem tem apontado alguns caminhos nesse sentido. Há autores,

dentre os quais, King (1981), que abordam a importância do cuidado profissional a famílias,

cuidado esse baseado em teorias que enfatizam um cuidado compartilhado profissional e

família.

Com base nestes fatos, o presente estudo, buscou responder à seguinte questão:

– Como viabilizar um referencial teórico-metodológico baseado em King para o

cuidado no domicilio as famílias que convivem com um portador de Acidente Vascular

Cerebral?

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a utilização de um referencial teórico-metodológico baseado em King para o

cuidado no domicilio as famílias que convivem com um portador de AVC.

2.2 Objetivos específicos

Operacionalizar e implementar um referencial teórico-metodológico baseado em

King para o cuidado profissional às famílias que convivem com um portador de

AVC;

Identificar as possibilidades e os vazios do referencial teórico-metodológico

quando implementado em uma situação concreta;

Discutir a viabilidade da proposta quando vinculada a uma Unidade de Saúde

local.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Nesta revisão são contemplados aspectos relacionados ao acidente vascular Cerebral, a

família e ao cuidado profissional e a produção cientifica com base no referencial de King.

3.1 Acidente vascular cerebral

O Acidente Vascular Cerebral – AVC – é uma patologia de alta incidência e é

acompanhado de uma elevada taxa de mortalidade. Winikates (1993) afirma que o AVC é a

terceira principal causa de morte nos países industrializados, depois das doenças cardíacas e o

câncer. Nos Estados Unidos, aproximadamente 400 mil casos de AVC ocorrem anualmente,

com cerca de 150 mil mortes, sendo a principal causa de deficiência neurológica.

Segundo Kotke et al. apud Machado (1995), somente nos Estados Unidos existem

cerca de 21 milhões de pessoas portadoras de limitações na vida diária e para o autocuidado,

em decorrência de doenças dos sistemas músculo-esquelético, circulatório e nervoso.

Andrade (1999) cita em sua pesquisa que o AVC é a causa neurológica mais freqüente

de hospitalização e uma das principais causas de morte entre idosos. Robledo (1994) alega

que, aproximadamente 30% dos acometidos vão a óbito no primeiro mês que se segue,

ficando 70% dos sobreviventes com algum tipo de seqüela permanente. Smeltzer e Bare

(1994), também consideram o AVC, como sendo o principal problema neurológico, tanto nos

Estados Unidos como no mundo todo, ocupando o 3º lugar entre os óbitos, com mortalidade

global de 18% a 37% para o primeiro episódio e até 62% nas recidivas.

Conforme citado por Haussen, (2004) no Brasil, a situação também é grave: dados do

Ministério da Saúde revelam que, em 2002, 87.338 indivíduos morreram de

comprometimento vascular cerebral, enquanto o infarto provocou 61.477 óbitos. As

estatísticas também mostram que os acidentes vasculares são a principal causa de morte no

país, respondendo por cerca de 30% dos óbitos do País: a cada três mortes por eventos

vasculares, duas são por acidente vascular cerebral e uma por infarto do miocárdio. As

doenças do aparelho circulatório também respondem por mais de 10% das internações do

Sistema Único de Saúde.

A doença vascular cerebral é referida como qualquer anormalidade funcional do

sistema nervoso central, causada pela interferência no suprimento sangüíneo normal para o

encéfalo. Pode ser causada por hemorragia que ocasiona laceração da parede de um vaso ou

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por alteração da circulação cerebral, pela oclusão parcial ou completa da luz de um vaso

cerebral. O acidente vascular cerebral é definido como a perda súbita das funções cerebrais,

resultante da interrupção do suprimento para uma parte do encéfalo (BRUNNER et al., 1996).

É ainda uma patologia compreendida como tendo desenvolvimento súbito de um

déficit neurológico, provocado por anormalidade no aporte sangüíneo. O cérebro é um órgão

que exige suprimento sanguíneo adequado e constante, e, qualquer alteração nesse sistema

provoca comprometimento das funções cerebrais, o que explica as seqüelas que podem estar

presentes depois de um AVC.

Beland e Passos (1979) afirmam ser um evento que interrompe temporária,

permanente ou progressivamente o equilíbrio fisiológico, psicológico e social de um

indivíduo. O paciente com AVC apresenta graus variáveis de limitações físicas, funcionais e

emocionais, que Camargo (1975) descreve como decorrentes das alterações nos processos de

alimentação e eliminação, paresia ou paralisia de um lado do corpo, dificuldades visuais,

auditivas, impossibilidade de comunicação pela linguagem, processo este muito importante

para a reintegração sociofamiliar, incapacitando-o para o autocuidado. Esse quadro retrata

vários desafios que o paciente com seqüelas de AVC enfrenta, exigindo um tratamento

prolongado. Refere ainda que os fatores de risco para as doenças cérebro-vascular envolvem a

presença de determinadas características pessoais e de algumas condições mórbidas de caráter

crônico, que comprometem direta ou indiretamente o sistema circulatório, em especial a

hipertensão arterial.

Nos dias atuais, pelas mudanças acentuadas no estilo de vida das pessoas, as doenças

crônicas representam problemas relevantes de saúde. Isto ocorre porque muitas vezes levam à

incapacidade progressiva, além de apresentarem altas taxas de morbi-mortalidade em idades

cada vez mais precoces.

A ampla variedade de déficits neurológicos que causa ao paciente aumenta a

magnitude da problemática imposta pelo AVC. Chagas (2000); BEYERS e DUDAS, (1989),

em seus estudos calculam que nos Estados Unidos, aproximadamente 25 milhões de

sobreviventes de AVC vivem com graus variados de invalidez. Apesar de 30% de esses

sobreviventes retomarem a atividade ou ao emprego, 15% necessitam de total assistência de

enfermagem, em decorrência das incapacidades graves (seqüelas) e 55%, embora incapazes

de trabalhar, podem desempenhar as atividades da vida diária. Seqüela é definida por

Blakiston (1994) como uma anomalia conseqüente a uma doença.

Uma seqüela importante decorrente do AVC é a hemiplegia que se define como uma

paralisia do hemicorpo. Vêm geralmente associados a alterações de sensibilidade e tônus

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muscular, problemas de linguagem, defeitos de campo visual, comprometimento mental e

intelectual. Essas alterações sensitivas e motoras podem levar a negligencia do hemicorpo

acometido. Outras complicações secundárias podem estar presentes como dores, contraturas e

deformidade, problemas urinários e intestinais, alterações circulatórias e alterações no

equilíbrio (MARCONDES, 1983).

De acordo com Beyers e Dudas (1989) as manifestações clínicas do AVC envolvem

vertigens, síncope, cefaléia, déficit da memória, visão turva entre outros, que podem ser

acompanhados por vários sinais neurológicos focais como hemiplegia, afasia, hemianopsia

homônima, ataxia, paralisia dos pares cranianos e coma. É freqüente o aparecimento de

edema nos membros do lado afetado, principalmente na mão, cuja pele fica lisa e brilhante e

os dedos podem manter-se em flexão fixa. Quando a extensão da lesão isquêmica é

considerável, instala-se, inicialmente, hemiplegia flácida (paralisia do hemicorpo direito ou

esquerdo), seguida, posteriormente, de hipertonia e hiper-reflexia. Em certos casos associa-se

à síndrome ombro/mão – caracterizada por dor intensa e rigidez.

Quanto à evolução do AVC, Marcondes (1983) considera que depende da natureza

(hemorrágico ou isquêmico), extensão da lesão, da presença de complicações associadas

como as alterações cardiovasculares, renais e pulmonares. As hemorragias cerebrais têm pior

prognóstico e, quando intensas, geralmente são fatais. Mesmo quando a evolução é favorável,

a recuperação é lenta, podendo durar meses e o paciente apresentar seqüelas como

espasticidade do membro inferior ou superior, dificuldade para movimentar a mão ou

distúrbios da linguagem.

Machado (1995) descreve algumas características do AVC tais como: probabilidade de

ser permanente e incapacidade residual ou seqüelas decorrentes de alterações patológicas no

encéfalo requerendo treinamento especial do paciente para a sua recuperação. O dano cerebral

em si instala-se subitamente, e o que caracteriza a cronicidade do processo são seqüelas

resultantes do infarto cerebral.

O AVC afeta não só a quantidade, mas também a qualidade de vida do indivíduo,

acometendo cada vez mais significativamente uma fração da população em fase produtiva,

acarretando uma sobrecarga social, uma vez que torna o indivíduo dependente de assistência e

de treinamento para o autocuidado.

Nos últimos anos vem se verificando a importância de oferecer continuidade ao

tratamento dos pacientes que apresentam diagnóstico de AVC, também conhecido com o

“derrame”, desdobrado até o seu domicílio, envolvendo a família, muitas vezes com suporte

de amigos, vizinhos, grupos e profissionais de saúde.

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Stefanelli et al. (1980) enfatizam que os pacientes, família, amigos e enfermeiros,

unidos, conseguirão apoiar o paciente em sua reintegração social, tanto no ambiente familiar

quanto na comunidade, daí a importância do envolvimento dos familiares do paciente

neurológico em todas as fases do tratamento e recuperação.

No momento é inexistente um programa de atenção primária de assistência ao portador

de Acidente Vascular Cerebral a nível municipal em Blumenau. O que a Secretaria Municipal

de Saúde de Blumenau desenvolve são atividades principalmente na tentativa de uma melhor

vigilância a hipertensão arterial e a diabetes. Nas Unidades de Saúde da Família (PSF) foram

realizados cadastramentos dos usuários de sua área adscrita, onde foram levantados por

questionário dirigidos aos usuários com patologias crônicas, seguindo um planejamento de

atendimento aos mesmos.

Nos demais ambulatórios da rede básica esta identificação se faz, principalmente,

através de consultas clínicas, verificação de pressão arterial, procurando identificar o máximo

possível de usuários, programando um acompanhamento e medicação padronizada. Depois

disso, solicitamos uma avaliação profissional nos ambulatórios de especialidades (Policlínica)

ou no ambulatório de referência da Universidade Regional de Blumenau – FURB – para

seguimento adequado, referência e contra referência.

A Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau considera esta atividade não mais um

programa, mas sim um plano de ações descentralizado e hierarquizado em nossa rede de

atenção à saúde. Desenvolvem ainda atividades em grupos, seminários, cursos de culinária

dietética e exercícios, dirigidos à população em geral, como prevenção e promoção à saúde.

Além disso, há capacitação sobre conduta clínica aos clínicos da rede básica, supervisão do

treinamento de enfermeiros para trabalhos em grupo e consulta de enfermagem, participação e

realização de congressos e seminários e atividades educacionais nos ambulatórios gerais.

O Programa Saúde da Família – PSF – foi criado na década de 1990, inspirado em

experiências advindas de outros países, cuja Saúde Pública alcançou níveis de qualidade com

o investimento na promoção da saúde e prevenção de doenças, tais como Cuba, Inglaterra e

Canadá.

O modelo do PSF é dirigido não somente para a cura e prevenção de doenças, mas,

sobretudo, é voltada à promoção da saúde e incremento de vida, valorizando o papel dos

indivíduos no cuidado com sua saúde, de sua família e da comunidade. Seu objetivo é

melhorar o estado de saúde da população, mediante a construção de um modelo assistencial

baseado na prevenção, promoção, proteção, diagnóstico precoce, tratamento e recuperação da

saúde, em conformidade com os princípios e diretrizes do SUS. Incorporar os Agentes

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Comunitários de Saúde, ao Sistema Único de Saúde, significa contribuir na consolidação, bem

como na construção de novo modelo assistencial mais compatível às necessidades da

população.

Segundo Scherer et al (2006), a ênfase na implantação do PSF é justificada pela

necessidade de substituição do modelo assistencial, historicamente centrado na doença e no

cuidado médico individualizado por um novo modelo sintonizado com os princípios da

universalidade, eqüidade e integralidade da atenção, ou seja, o indivíduo não pode mais ser

visto de forma fragmentada e sim inserido no seu contexto familiar.

O PSF incorpora e reafirma os princípios do SUS. Além disso, tem como princípios

básicos ser substitutivo do modelo biomédico hegemônico, trabalhar em equipe

multiprofissional, com território definido e adscrição da clientela e realizar a vigilância à

saúde. Segundo o Ministério da Saúde, o PSF prioriza as ações de proteção e promoção à

saúde dos indivíduos e da família, tanto adultos, quanto crianças, sadios ou doentes, de forma

integral e contínua (Scherer, 2006).

Franco, apud Scherer et al. (2006), afirma que mudar o modelo assistencial curativo,

centrado na figura do médico, requer fundamentalmente interferir nos microprocessos do

trabalho em saúde, nas concepções deste mesmo trabalho e construir novas relações entre

usuários e profissionais e destes entre si, na tentativa de transformá-los em sujeitos, ambos os

produtores do cuidado em saúde.

No Relatório Final da 11ª Conferência Nacional de Saúde (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2001) são citados alguns obstáculos que devem ser discutidos e alterados com o

objetivo de melhorar o modelo assistencial existente, sendo eles, as intervenções de cunho

campanhista para atender demandas reprimidas; a desarticulação dos diversos níveis do

sistema de saúde e a precariedade de acesso ao SUS, favorecendo o crescimento dos planos e

seguros de saúde. Nessa Conferência foi criada uma agenda para efetivação do SUS. Ficou

definido que a porta de entrada do sistema se dá através de iniciativas como: saúde da família,

sistemas locais de saúde e outras estratégias, garantindo a territorialização, a gestão pública, a

responsabilidade sanitária, equipe multiprofissional, dedicação integral e articulação com os

demais níveis de atenção e exigindo que a lei seja cumprida em todos os níveis de gestão.

No Brasil, segundo Carvalho (1995), contamos com um Conselho Nacional de Saúde,

vinte e sete Conselhos Estaduais e diversos Conselhos Municipais de Saúde (4.973, previstos

para cadastramento), os quais se disseminaram pelo país a partir das disposições da

Constituição de 1988. Com relação às atribuições, o Conselho Nacional de Saúde discute e

toma decisões sobre os problemas de saúde de real importância para todo o país; os Conselhos

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Estaduais sobre os problemas de saúde relevantes para a população de seus respectivos

estados; e os Conselhos Municipais sobre os problemas pertinentes a sua área de atuação.

Todos se reúnem pelo menos uma vez por mês para debaterem e proporem diretrizes para

operacionalização da política de saúde e para acompanharem as ações de saúde realizadas.

O Ministério da Saúde na Portaria n. 2.413, de 23 de março de 1998, considerando a

necessidade de aprimorar o atendimento hospitalar de pacientes crônicos, portadores de

múltiplos agravos à saúde, convalescentes e/ou de cuidados permanentes que necessitam de

assistência contínua e de reabilitação físico funcional, com vistas a reinserção social, define

paciente crônico como o portador de patologia de evolução lenta ou portador de seqüela da

patologia básica que gerou a internação que necessita de cuidados médico-assistenciais

permanentes, com vistas à reabilitação físico-funcional.

A Portaria n.1.395/GM de 10 de dezembro de 1999, afirma que a maioria das doenças

crônicas que acometem o indivíduo idoso tem, na própria idade, seu principal fator de risco.

Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais exceção do que regra. No entanto, a presença

de uma doença crônica não significa que o idoso não possa gerir sua própria vida e

encaminhar o seu dia-a-dia de forma totalmente independente.

A maior parte dos idosos é, na verdade, absolutamente capaz de decidir sobre seus

interesses e organizar-se sem nenhuma necessidade de ajuda de quem quer que seja.

Consoante os mais modernos conceitos gerontológicos, o idoso que mantém sua

autodeterminação e prescinde de qualquer ajuda ou supervisão para realizar-se no seu

cotidiano deve ser considerado um idoso saudável, ainda que seja portador de uma ou mais

doença crônica. (Alvarez, 2001).

Decorre daí o conceito de capacidade funcional, ou seja, a capacidade de manter as

habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma. Do ponto

de vista da saúde pública, a capacidade funcional surge como um novo conceito de saúde,

mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a atenção à saúde do idoso. Ações

preventivas, assistenciais e de reabilitação devem objetivar a melhoria da capacidade

funcional ou, no mínimo, a sua manutenção e, sempre que possível, a recuperação desta

capacidade que foi perdida pelo idoso. Trata-se, portanto, de um enfoque que transcende o

simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas. (Haussen, 2006).

A Academia Brasileira de Neurologia em conjunto com a Sociedade Brasileira de

Doenças Cerebrovasculares por sua vez acabam de formar a primeira rede nacional de

hospitais especializados no atendimento de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O projeto, inicialmente com 35 centros de referência distribuídos por todo o País, pretende

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melhorar a qualidade no tratamento do AVC, a primeira causa de incapacitação e redução da

qualidade de vida e a terceira causa de morte no mundo. Os principais especialistas brasileiros

no tratamento do AVC, reuniram-se no dia 5 de março, no Rio de Janeiro, para lançar o

projeto Central AVC, uma atividade de abrangência nacional que consiste na formação de

uma rede de hospitais especializados no tratamento emergencial do AVC (Haussen, 2006).

Por fim, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que mais de 5

milhões de pessoas morrem todos os anos em função do AVC, popularmente conhecido como

derrame, e, aproximadamente um entre quatro homens e uma entre cinco mulheres poderá ter

um derrame até os 85 anos de idade (Haussen,2006).

3.2 Família, doença e os processos de cuidar

Segundo David (2000, p. 23) o termo família vem do latim famulus, que significa “[...]

conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor”. Nos chamados dependentes

incluem-se a esposa e os filhos, assim, a família greco-romana compunha-se de um patriarca e

seus fâmulos; esposa, filhos, servos livres e escravos.

Ainda de acordo com David (2000) a família pode ser classificada em três tipos

distintos:

Família patriarcal;

Família doméstica;

Família nuclear.

A família patriarcal ou grande família é um conjunto homogêneo de pequenas

famílias sujeitas à autoridade do patriarca. Ela só é possível quando a propriedade é comum a

todos; seu habitat cultural são as sociedades agropastoris, de preferência as sociedades

organizadas em torno do trabalho especializado. O que motiva a formação da família

patriarcal é a necessidade de sobrevivência pura e simples. A honra da família é ligada ao

nome e representa um grande valor. Já a família doméstica é aquela que é composta por uma

única unidade e dispõe de uma relativa independência e autonomia econômica e cultural. É

exclusivista, auto-suficiente e sem maiores compromisso e dependência com outras famílias.

Em seus membros predomina o sentimento de posse e segurança, inspirados no tamanho da

propriedade e no tamanho da família, e a honra da família é representada ao nome que carrega

e é bem valorizado (Straub, 2004).

A família nuclear, segundo David (2000), é ainda bastante valorizada e conhecida. É

composta de pai, mãe e filhos. Esta é reduzida às dimensões de unidade microssocial; seus

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interesses econômicos não giram em torno de alguma forma de propriedade territorial; seu

habitat, geralmente, é a cidade; é a que se adapta melhor á área industrial e se liga pouco ao

passado.

A família atravessou muitas turbulências em um mundo em constante mutação, mas

continua sendo a instituição mais valorizada e defendida. Straub (2004) diz que à família é

atribuído um alto valor social. Uma concepção que se tornou comum era a de que a família

seria natural, proveniente da essência biológica do homem, que o levava a reproduzir e criar

sua prole junto da companheira. Esses laços familiares naturais se dissolveriam com o fim das

necessidades do filho e seriam substituídos por outros laços, de caráter afetivo que, se não

existissem, a família acabaria por manter-se apenas por uma convenção.

Straub (2004) cita ainda que somente no século XX, a idéia de naturalidade da família

foi completamente demolida por Lévi-Strauss. Ao desvendar o problema do incesto, ele

demonstrou que a família superava a ligação consangüínea e surgia como uma união cultural

por afinidade. A trajetória da vida familiar é complexa, permeada por inúmeros eventos

importantes e necessários ao seu desenvolvimento, que podem influenciar negativa ou

positivamente o cotidiano da família.

Para Lacerda e Oliniski (2004) ao se falar em família é necessário que essa seja

compreendida de uma maneira diferente daquela de alguns anos atrás: pai, mãe e filhos

(família nuclear). A definição de família atualmente, precisa ser revista acompanhando as

mudanças ocorridas na sociedade.

Cada família varia também em sua composição durante sua trajetória vital, e diversos

tipos de família podem coexistir numa mesma época e local. Em alguns locais predominam

tipos de família em que a poligamia é aceita como prática normal, de forma que a família não

é um simples fenômeno natural, ela é uma instituição social variando através da história,

apresentando formas e finalidades diversas até em uma mesma época e lugar, de acordo com

o grupo social que esteja sendo observado.

Segundo Lacerda et al. (2004) a família é apresentada, representada e reapresentada

por distintas definições, noções, conceitos, tipos, e mesmo atribuições. Para Rice (2001), por

exemplo, a definição de família está relacionada ao tipo de relacionamento estabelecido entre

seus membros. É um grupo de pessoas que vivem juntas ou em contato íntimo, cuidam umas

das outras e proporcionam cuidado, apoio, criação e orientação para seus membros

dependentes, uns aos outros.

Para Penna (1992) a família pode ser considerada uma unidade dinâmica constituída

por pessoas que se percebem, convivem agrupadas em um espaço de tempo, unidos por laços

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consangüíneos, laços de afetividade, de interesse. Possui uma estrutura, têm direitos e

responsabilidades, vivendo em um determinado ambiente, influenciando e sendo influenciada

por fatores socioeconômicos e culturais.

Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da

sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do

arranjo familiar como vem se estruturando atualmente. É a família que propicia os aportes

afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus

componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal. Em seu

espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, se aprofundam os laços de

solidariedade e se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.

Patrício (2004) diz que a família brasileira é predominantemente nuclear, apesar de

esta se apresentar também diversificada. No seu contexto socioeconômico e cultural ela

diverge em modo e em condições do viver, incluindo características referentes ao seu ciclo de

desenvolvimento. Cada família se reproduz e define papéis e tarefas a seus membros a partir

dos padrões estabelecidos dentro da família e da região onde vive.

A família, como instituição social apresenta aspectos positivos, enquanto núcleo

afetivo de apoio e solidariedade e, aspectos negativos quando impõem normas, usos e

costumes rígidos, tornando-se geradora de conflitos e ambigüidades. Apesar dos conflitos,

pode-se dizer que a família é única em seu papel determinante no desenvolvimento da

sociabilidade, da afetividade e do bem-estar físico dos indivíduos, principalmente durante o

período da infância e adolescência (Straub, 2004).

Essas definições auxiliam os profissionais de saúde a ampliar os conceitos de família e

também apontam para que os mesmos, ao desenvolverem o seu trabalho junto à família,

considerem-na, inclusive em sua estrutura e composição, do mesmo modo como seus

membros a percebem, distituindo-se de seus próprios valores, preconceitos e crenças para

poder proporcionar uma melhor assistência. Marcon et al. (2002) afirmam que é praticamente

impossível assistir o indivíduo, doente ou sadio, de forma completa quando não se considera

pelo menos o seu contexto mais próximo, que é a família à qual ele pertence.

De acordo com Prado (1995), a família tem sido nos últimos 40 anos, motivo de

estudos para diversos campos, que abordam diferentes ângulos. Para os economistas ela é

vista sob o aspecto do consumo doméstico, os etnólogos descrevem as estruturas de

parentesco; os juristas analisam as leis relativas à família frente à nova realidade social; os

sociólogos observam o seu funcionamento contemporâneo, enquanto os psicólogos, os efeitos

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sobre o indivíduo nas relações inter e intrafamiliares. No caso específico deste estudo, o

objeto é o processo de cuidar da família diante do acidente vascular cerebral.

Conviver com uma doença crônica como o AVC cuja instalação determina mudanças

físicas, sociais e psicológicas, torna-se uma realidade que precisa ser enfrentada pelo

indivíduo dela portador, como também pelos seus familiares. Beland e Passos (1975) dizem

que, numa situação de doença crônica ou de invalidez permanente, o indivíduo não recupera

as condições físicas, anteriores à doença. Em muitos casos, é possível substituir a função

perdida para permitir que a pessoa leve uma vida normal, porém, há a incapacidade

permanece. Condições como a cegueira, surdez, amputação, paraplegia e o acidente vascular

cerebral com lesão orgânica, entram nessa categoria.

É importante destacar os aspectos físicos e biológicos da doença crônica, contudo não

se pode omitir os aspectos psicossociais, que permeiam uma situação crônica de saúde, tanto

individual como coletivo. O estresse emocional, o medo, a insegurança e a incerteza quanto

ao futuro próximo, o afastamento dos amigos e do emprego, as perdas financeiras são alguns

dos estressores que merecem ser ressaltados (MACHADO, 1995).

A doença crônica se desenvolve insidiosamente e a pessoa cronicamente enferma pode

ser considerada saudável até que sua doença já esteja avançada. As doenças crônicas

degenerativas que acometem a população, dentre elas o acidente vascular cerebral,

evidenciam o papel da família, como suporte no cuidado ao paciente. É no contexto familiar

que a doença evolui e surgem a maioria dos problemas e ocorrem resoluções. No caso do

AVC, os familiares vivenciam e se envolvem em todas as fases de tratamento da doença.

Segundo Chagas (2000), os cuidados domiciliares são elementos fundamentais ao

tratamento, considerando que o período de reabilitação após o AVC pode ser bastante

prolongado. Diante disso, a família, prestadora direta de tais cuidados, necessita estar

preparada para esse fim, caso contrário pode apresentar dificuldades em assistir o paciente.

Smeltzer e Bare (1994), em relação à abordagem familiar, afirmam: A família pode ter dificuldade na aceitação da incapacidade do paciente e pode construir metas não realistas. Eles recebem informação sobre os resultados esperados do derrame do paciente e são aconselhados a evitar fazer coisas para o paciente que ele poderia fazer por si mesmo. Eles são tranqüilizados quanto ao fato de que seu amor e afetuosidade fazem parte da terapia do paciente.

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3.3 A relação entre os profissionais da saúde e a família

Alonso (2003) enfatiza que a equipe do Programa de Saúde da Família compreende a

família como um conjunto de pessoas ligadas, na maioria das vezes, por laços consangüíneos

e relacionais, que residem proximamente, compartilhando uma área geográfica comum e

desfrutando de uma convivência social solidária, muito próxima, no dia a dia. Essas pessoas,

neste contexto, compartilham determinadas questões ou problemas pessoais em um espaço

íntimo mais ou menos comum, a que a equipe, possivelmente pode ter acesso.

Os cuidados domiciliares são elementos fundamentais ao tratamento, considerando

que o período de reabilitação após o AVC, por exemplo, pode ser bastante prolongado. Diante

disso, a família, prestadora direta de tais cuidados, necessita estar preparada para esse fim.

Segundo Cecagno et al. (2005), a família deve ser vista como parte responsável pela

saúde de seus membros, necessitando ser ouvida, valorizada e estimulada a participar em todo

o processo de cuidar/curar.

A reabilitação do paciente portador de AVC, por exemplo, está no âmbito da família,

porém tal situação extrapola os limites desta doença e parece generalizar para uma realidade

experienciada por idosos em geral. O cuidado deve ser diferenciado pelo nível de dependência

do idoso. Cuidar de pacientes acometidos por doença crônica e progressiva é diferente de

cuidar de pacientes com possibilidades de recuperação. A cronicidade pode ser um fator de

desânimo e estresse, tanto para o portador de AVC quanto para o cuidador. Dessa forma,

Schier (2001) destaca a importância da equipe de saúde em reconhecer o empenho do

cuidador, levar em consideração seus sentimentos, potencialidades e necessidades, estando

atenta aos sinais de estresse.

O cuidado em domicílio exige romper barreiras, conhecer a família no seu cotidiano,

respeitar suas crenças, suas culturas e seus valores. Atkinson et al. (1985) dizem que a doença

interfere nas relações familiares, podendo mexer nos laços afetivos, causando o afastamento

da família ou unificando-a, de forma que, mesmo frente a dificuldades vivenciadas, mantém-

se a unidade entre seus membros, podendo inclusive, tornar os laços familiares mais fortes e

proporcionar que se estabeleçam novas prioridades para suas vidas.

Segundo Alvarez (2001), as famílias contam com os serviços hospitalares

(emergências, de enfermagem e ambulatórios) para o atendimento ao portador de AVC.

Entretanto, existem dificuldades para o tratamento e acompanhamento continuado, quais

sejam: falta de leitos hospitalares, ambulatórios demorados pelas filas de espera, logo, são

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necessárias instituições formais de apoio, atuantes e ágeis, em caráter comunitário e

domiciliar, para dar continuidade e assistência no pós-alta hospitalar do portador de AVC e

seus cuidadores.

A deficiência da assistência profissional de saúde e a deficiência de educação formal

têm colocado as famílias das camadas mais pobres diante da necessidade de produzir seu

próprio cuidado. Cuidado este, segundo Boehs (2001), fruto de uma tradição oral passada de

mãe para filha, baseada na experiência de cuidado de filha mais velha para com seus irmãos

mais novos.

É reconhecida a existência de uma cultura do sistema cultural de cuidado por

benzedeiras, balconistas de farmácia e outros, além do escasso atendimento do sistema

profissional de cuidado. O atendimento médico a este segmento da população, quando ocorre,

se faz, muitas vezes, em condições precárias, de forma rápida, na qual há um “fosso” entre o

profissional de saúde com seus conhecimentos e linguagem própria e a família com suas

crenças e práticas culturais de cuidado Boehs (2001).

Segundo Elsen (1994), é na família que se tomam as decisões sobre cuidados,

tratamentos e serviços a serem buscados. A família, para tomar essas decisões tem concepções

próprias sobre reconhecimento de sintomas e busca de cuidados, que são muitas vezes

diferentes dos profissionais de saúde.

Deste modo, este segmento da população tem dificuldade de entender o que ocorre.

Assim, essas famílias são assistidas com relação ao corpo físico, sem haver tempo de trocar

palavras sobre a experiência da doença.

Segundo Santos e Miranda (2006, p. 13), as ações de enfermagem não devem ser um

prolongamento da ação médica, mas um cuidado que “[...] consiste em fazer pelos doentes o

que eles fariam se tivessem para isso a força, a vontade e o saber”, numa relação

personalizada e de parceria. Desde o primeiro dia de internação, portador de AVC e família

devem ter acesso a informações que contribuam para o pleno desempenho das capacidades do

doente pós-alta hospitalar, bem como o autocuidado do próprio cuidador. Isto requer conhecer

as capacidades e as necessidades do portador de AVC e família. Ao prover educação em

saúde durante a hospitalização, a enfermagem está considerando a família importante fonte de

apoio e de saúde além de sujeito a ser cuidado. A alta hospitalar não encerra, portanto, a

responsabilidade da equipe de saúde, pois o viver no domicílio com independência,

autonomia e redução dos riscos para reinternação, pode significar a qualidade da educação em

saúde prestada durante a hospitalização.

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3.4 As pesquisas brasileiras baseadas na teoria de King

A teoria de Imogene King vem sendo utilizada por enfermeiras brasileiras em suas

dissertações de mestrado, teses e outros estudos. Foram selecionadas aqui as que poderiam

contribuir para este estudo como a dissertação de Nascimento (1991) que realizou seu estudo,

implementando o referencial na prática com pacientes com infarto agudo do miocárdio em

uma unidade de tratamento intensivo coronariano. Utilizou os seguintes conceitos de King na

elaboração do seu marco conceitual: crescimento e desenvolvimento, comunicação, ser

humano, percepção, interação, papel, transação, estresse, tomada de decisão, saúde,

enfermagem e doença. A autora concluiu que todos os conceitos utilizados puderam ser

operacionalizados, ressaltando que alguns tiveram destaque como: papel, estresse, tomada de

decisão, crescimento e desenvolvimento. Segundo ela, a aplicação da teoria de King exige

uma mudança na relação de pessoal e número de pacientes, exigindo assim a proporção de um

pessoal/enfermagem para um paciente. Essa teoria favorece a relação enfermeiro-família e a

participação do paciente em seus cuidados, permitindo que o paciente seja assistido de forma

global, individualizado, mas também envolvendo a família.

Bello (2000) realizou sua pesquisa com o objetivo de avaliar o processo ensino-

aprendizagem com alunos do Curso de Graduação em Enfermagem na assistência à puérpera.

Dentre os conceitos utilizados, destacou: comunicação, interação, self, percepção, transação,

estresse, papel, crescimento e desenvolvimento. A autora acredita que o destaque de alguns

conceitos deve-se ao tipo de abordagem do estudo, que primou pela humanização do ensino e

da assistência. Participaram 22 alunos da 6ª fase e duas enfermeiras, sendo desenvolvido em 2

fases, a primeira com o objetivo de socializar o marco conceitual entre os alunos e a segunda

durante o estágio em uma unidade de puerpério com 67 puérperas e seus filhos. Concluiu que

a Teoria do Alcance dos Objetivos de King proveu suporte não apenas para o cuidado, mas

também para desenvolver um processo de ensino-aprendizagem com alunos de um curso de

graduação em enfermagem. Segundo a autora foi possível entender a dimensão holística do

ser humano, pois, atualmente, o mundo da enfermagem se insere num contexto no qual o que

diferencia a enfermagem é a capacidade de comunicar e interagir. Os conceitos de

comunicação e interação destacaram-se como fundamentais para o estabelecimento de

parcerias no processo de educar/cuidar, cuidar/educar.

Chagas (2000) realizou a sua pesquisa com pacientes internados numa unidade

psiquiátrica, enfocando o cuidado participativo, fundamentando sua prática na teoria de

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Imogene King e no Planejamento Educacional Participativo de Rezende (1990). Utilizou

conceitos como: ser humano, saúde e doença, enfermagem, interação, ambiente terapêutico,

relacionamento terapêutico e cuidado participativo. A autora afirma que esse modo de cuidar

permite uma aproximação entre os componentes da equipe de enfermagem, o paciente e o

familiar. Conclui que a interação entre enfermeira-paciente ocorreu com mais eficácia quando

os objetivos ficavam claros. As metas foram atingidas quando as transações entre enfermeira

e paciente se concretizaram.

Santos (1990) realizou sua pesquisa junto a indivíduos idosos, portadores de doenças

crônicas, nos ambientes ambulatorial, hospitalar e domiciliar. Utilizou vários conceitos de

King. Conclui que a implementação da assistência de enfermagem com base na teoria de King

forneceu um atendimento holístico e integrado do indivíduo idoso nas diferentes situações.

Observou que os conceitos foram significativos para a pessoa idosa, destacando-se o de

transação, crescimento e desenvolvimento psicossocial, espiritual e tomada de decisão. Em

relação ao processo de enfermagem a autora diz que ocorreu de forma dinâmica e num

constante ir e vir e que realmente foi fundamentado na teoria do alcance de objetivos de King,

em que os conceitos que envolvem a transação estiveram sempre presentes.

David (2000) realizou sua pesquisa com famílias que convivem com AIDS, e relata

que a aplicação de uma teoria de enfermagem, na prática assistencial, foi um grande desafio

que se caracteriza pela complexidade que envolve o tratamento da AIDS. Observou que a

interação com a família ocorre com mais eficácia quando as metas de intervenção de

enfermagem são estabelecidas com todos os membros da família de forma clara e que seja

realizado o cuidado desejado de todos. Observou também algumas limitações durante o

transcorrer do processo assistencial implementado. Identificou como dificuldades no sistema

interpessoal, entre enfermagem e família o aumento de estresse, devido aos acontecimentos da

vida e experiências passadas pelas famílias. Nas hospitalizações, os preconceitos, estigmas e

discriminações sofridas pela família por parte da equipe. A autora enfatiza a importância da

interação entre o profissional de enfermagem e a família, sendo que, a relação interpessoal

com o valor da terapêutica prestada pode favorecer o processo de interação e diminuir os

fatores de estresse na família.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO DO ESTUDO

Constitui o universo de princípios, categorias, conceitos formando sistematicamente

um conjunto lógico, coerente, dentro do qual o trabalho fundamenta-se e desenvolve-se. É

importante frisar que o Referencial Teórico precisa ser consistente e coerente, ou seja, deve

ser compatível com o tratamento do problema e do raciocínio desenvolvido e organizado

formando uma unidade lógica e deve servir apenas como diretriz e orientação de caminhos de

reflexão, do que propriamente de modelo ou forma, uma vez que o pensamento criativo não

pode prender-se totalmente a ele.

4.1 Imogene King: estrutura conceitual, sistemas e conceitos

Imogene M. King – enfermeira americana – nasceu em 1923. Recebeu sua educação

básica em enfermagem no St. John’s Hospital School of Nursing, em St. Louis Missouri,

formando-se em 1946. Concluiu o grau de bacharel em Ciências da Educação em

Enfermagem em 1948, e, o mestrado em Enfermagem em 1957. Em 1961, obteve o título de

Doutora pela Universidade da Columbia, em Nova Iorque. Também fez estudos de pós-

doutorado em desenho de pesquisa, estatística e computação em 1986. Em 1968, publicou o

livro ‘A conceptual frame of reference for nursing’; em 1971, ‘Toward a Theory for Nursing:

General Concepts of Human Behavior’; em 1981, ‘A Theory for Nursing: systemas, concepts,

process’ (Bello, 2000).

David (2000) refere que King propôs uma estrutura conceitual de enfermagem,

identificando-a como sendo a de um sistema aberto e uma teoria como algo para a consecução

de metas. A teoria de consecução de metas de King deriva-se, pois, de uma estrutura de

sistemas abertos, tendo como foco o cuidado da enfermagem aos seres humanos, e como meta

o atendimento à saúde dos indivíduos e grupos. King considera que os seres humanos

constituem sistemas abertos e que esses estão em constante interação com o meio ambiente.

Essa estrutura conceitual compõe-se de três sistemas interativos que são: sistema pessoal,

sistema interpessoal e o sistema social.

Os indivíduos compõem um tipo de sistema no ambiente chamado sistema pessoal,

interagindo para formar grupos diádicos, triádicos, pequenos ou grandes, os quais

compreendem outros tipos de sistemas, chamados sistemas interpessoais. Os grupos com

interesses e necessidades especiais, formam organizações, os quais formam comunidades e

sociedades (figura 1), sendo então chamados sistemas sociais (KING, 1981).

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Pode-se observar na figura 1 que os três sistemas são abertos e intercomunicantes.

Figura 1 – Estrutura conceptual de Imogene M. King. Fonte: KING (1981).

Os sistemas e seus conceitos, segundo King, foram traduzidos e adaptados para este

estudo, conforme se observa no quadro 1. Quadro 1 – Sistemas e conceitos.

SISTEMAS PESSOAIS SISTEMAS INTERPESSOAIS

SISTEMAS SOCIAIS

Percepção Papel Organização Self Interação Poder

Imagem Corporal Comunicação Autoridade Crescimento e

Desenvolvimento Transação Status

Tempo e Espaço Estresse Tomada de decisão Fonte: Adaptado de King (1981)

4.1.1 Sistema pessoal

Todo indivíduo é considerado um sistema pessoal, cujos conceitos relevantes são:

percepção;

self;

crescimento e desenvolvimento;

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imagem corporal;

espaço e tempo.

Percepção – tem a orientação voltada para o presente e baseia-se na informação

disponível. Percepção é definida por King (1981) como transações, isto é, os indivíduos são

participantes ativos de situações, e suas identidades são afetadas por sua participação. A

autora ainda discute a percepção como um processo em que dados, obtidos através dos

sentidos e a partir da memória, são organizados, interpretados e transformados. Esse processo

de interação humana com o ambiente influencia no comportamento, proporciona significado à

experiência e representa a imagem da realidade que o indivíduo possui. “É a representação

que cada pessoa faz da realidade.” (KING, 1981, p. 20). Todo ser humano é único, e vivencia

uma determinada situação de maneira única, e responde em função de suas percepções. Vale

dizer que toda percepção pode ser modificada ao longo de um processo, no sentido de

crescimento a fim de alcançar um objetivo e chegar à transação.

Self – King (1981) é composto pelo conhecimento e sentimentos que constituem a

percepção que a pessoa tem de sua existência individual, sua concepção do que é, e do que é o

“eu”. O self é o ambiente subjetivo completo de uma pessoa. O self inclui, entre outras coisas,

um sistema de idéias, atitudes, valores e compromissos. Trata-se de um centro distinto de

experiência e significado. Ele constitui o mundo interior de uma pessoa, como distinto do

mundo exterior que consiste em todas as outras pessoas e coisas.

Para King conhecimento de si mesmo é chave para a compreensão do comportamento

humano. O “eu” é a maneira como eu me defino para mim mesmo e para os outros. O eu é

tudo o que eu sou. Eu sou uma pessoa total. O “eu” é o que eu penso de mim e o que eu sou

capaz de ser e fazer. O “eu” é subjetivo, ou seja, é o que eu penso que deveria ser ou gostaria

de ser.

No processo de trabalho da saúde se lida com pessoas, portanto faz-se necessário que

se desenvolvam habilidades no sentido de compreender como as pessoas se percebem a si

mesmas e a situação na qual se encontram, e, a partir disso, planejar ações em conjunto, que

as ajudem a enfrentarem as situações que se apresentam, para que alcancem os objetivos e

cheguem à transação.

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Crescimento e desenvolvimento – King (1981) conceitua como sendo: “uma função

genérica de experiências significativas e satisfatórias e de um ambiente adequado a propiciar

os indivíduos a atingir a maturidade, que é influenciado por seu self”. Processo que tem lugar

na vida das pessoas, que os ajuda a mover-se em direção a capacidade potencial para atingir a

auto-realização.

Imagem corporal – é caracterizada como pessoal subjetiva (aprendida ou adquirida) e

dinâmica, à medida que a pessoa redefine o self. É a maneira pela qual cada pessoa percebe

seu corpo, e as reações dos outros à sua aparência.(King, 1981).

Espaço – Segundo King é caracterizado como universo pessoal ou subjetivo,

individual, situacional e dependente das relações na situação; dimensional como uma função

de volumes, área, distância e tempo; e transacional ou baseado na percepção que o indivíduo

tem da situação. King (1981, p.145) define tempo como “[...] a duração entre um

acontecimento e outro, sendo mensurável e experienciado de forma única pelo ser humano; é

a relação de um acontecimento com o outro.”

Quando os sistemas pessoais entram em contato um com o outro, formam um sistema

interpessoal.

4.1.2 Sistema interpessoal

Para King (1981) o sistema interpessoal é formado por seres humanos que vivem em

interação, quando formado por dois indivíduos são díades, quando por três são tríades e

quatro ou mais formam pequenos ou grandes grupos. A família é um tipo especifico de

sistema interpessoal. Quanto maior o número de indivíduos, maior é a complexidade das

interações.

Para King a relação enfermeira-cliente compreende um sistema interpessoal e inclui os

seguintes conceitos para melhor ajudar a compreender a relação entre os seres humanos:

papel (do paciente e do enfermeiro);

interação;

comunicação;

transação;

estresse.

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Papel – Papel é um conjunto de comportamentos que se espera de uma pessoa que

ocupa uma posição dentro de um sistema social e compreende regras que definem os direitos

e as obrigações numa posição. Implica na relação com um ou mais indivíduos que interagem

numa situação específica para alcançar um propósito (KING, 1981). Supõe-se que as

enfermeiras têm como papel ensinar, aconselhar, cuidar e guiar indivíduos e grupos,

ajudando-os a manter sua saúde.

Interação – é caracterizada por comportamentos observáveis em díades, tríades ou em

grupos. Para King (1981, p. 145) trata-se de “Um processo de percepção e comunicação entre

a pessoa e meio ambiente e entre uma pessoa e outra, representado por comportamentos

verbais e não-verbais voltados para uma meta.” King afirma que a interação envolve:

percepção, julgamento, ação e reação. Percepção e julgamento, para a autora, são

comportamentos não-observáveis diretamente, enquanto que a interação e transação são

diretamente observáveis. Enfim, interação é uma função primordial dos seres que vivem em

grupos; é um processo gradativo de conquista, é uma construção.

Comunicação – Para ser eficiente, King (1981, p. 62), diz que deve “[...] ocorrer em

atmosfera de mútuo respeito e desejo de compreensão e sempre considerar que as palavras

representam diferentes significados para diferentes pessoas.”

King (1981, p. 146) ainda coloca que comunicação é o meio pelo qual a informação é

prestada numa determinada situação de enfermagem, “[...] a fim de identifica preocupações

e/ou problemas, compartilhar informações que auxiliam os indivíduos na tomada de decisões

que conduzem à obtenção de objetivos no ambiente.”

Transação – Para King ( 1981) são comportamentos humanos dirigidos a metas.

Acontecem em situações nas quais os seres humanos participam ativamente em eventos e esta

participação ativa nos movimentos/ações para alcançar uma meta provoca mudança nos

indivíduos. King (1981, p. 80), diz que transação [...]é um processo de interação no qual os seres humanos comunicam-se com o ambiente para atingir os objetivos que são valorizados e acordados entre eles. As transações podem ser observadas em situações concretas, são únicas em dimensão de tempo e espaço.

A transação é um conceito chave, pois direciona o caminho a ser percorrido pelos

envolvidos. Para que ocorra é preciso compartilhamento de experiências, crenças, valores,

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conhecimentos e expectativas, estabelecimento de objetivos e meios para o alcance dos

mesmos. Muitas vezes, nesse processo de viabilizar os meios, os envolvidos necessitam estar

abertos para poder barganhar e mudar.

A transação ocorre dentre de um processo de percepção, e se concretiza quando os

objetivos traçados pelos elementos envolvidos forem alcançados.

Estresse – para King (1981) é um estado dinâmico no qual o ser humano/grupos

interagem com o ambiente para manter o equilíbrio, o crescimento e desenvolvimento.

Envolve troca de energia e informações entre pessoas e ambiente para regulação e controle

dos agentes estressores, que podem ser um estímulo físico, emocional, social ou espiritual que

resulta em ameaça, e que exceda a capacidade de resposta do ser humano.

As transações decorrentes dessas ações são as manifestações concretas da participação

ativa dos seres humanos (enfermeira e cliente) nos eventos do alcance de metas, que traz

como conseqüência, mudanças nos indivíduos.

A partir da união dos sistemas interpessoais, formam-se sistemas maiores, chamados

sistemas sociais.

4.1.3 Sistema social

Para King (1981) as forças sociais estão em constante movimentação dentro dos

sistemas sociais, e os jogos inter-relacionados entre essas forças influenciam o

comportamento social, a interação, a percepção e a saúde. Um sistema social é definido como

um sistema organizado e delimitado de regras sociais, comportamentos e práticas

desenvolvidas para manterem valores e mecanismos que regulamentam as práticas e as regras.

Exemplos de sistemas sociais para King (1981) são a família, grupos religiosos, escolares,

profissionais, enfim grupos que têm afinidades em comum.

Os conceitos relevantes que formam o Sistema Social segundo King (1981) são:

organização;

autoridade;

poder;

status;

tomada de decisão.

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Organização – é caracterizada por uma estrutura que ordena cargos e atividades,

relaciona combinações formais e informais de indivíduos e grupos para consecução de metas

pessoais e organizacionais. “É composta de seres humanos com papeis e posições prescritas

que utilizam recursos para alcançar objetivos pessoais e da organização.” (KING, 1981, p.

119).

Autoridade – Para King (1981, p.124), autoridade é um processo [...] transacional que se caracteriza por relações recíprocas e ativas, nas quais os valores, antecedentes e percepções os membros influem para definir, validar e aceitar a autoridade dos indivíduos dentro de uma organização. Uma pessoa influi em outra que reconhece, aceita e acata a autoridade dessa pessoa.

Poder – Segundo King( 1981) é caracterizado como universal, pessoal, situacional ou

não-dinâmico e voltado para metas. Está diretamente ligado à autoridade. Estabelece uma

função de interações humanas e de tomadas de decisões.

King (1981, p. 127-128), diz que o poder “[...] existe em todos os aspectos da vida de

cada pessoa de maneira potencial segundo seus recursos individuais e as forças do meio

ambiente que prevalecem. É uma força social que organiza e mantém metas.”

Status – é a posição de um indivíduo num grupo ou de um grupo em relação a outros

grupos, e está acompanhado de privilégio, deveres e obrigações. “O status é um aspecto da

estratificação social e está relacionado com quem o indivíduo é, o que faz, o que conhece, e o

que tem alcançado.” (KING, 1981, p. 129).

Tomada de decisão Para King (1981), a tomada de decisão afeta o curso da ação a

ser tomada numa situação específica. É um processo dinâmico e sistemático, por meio do qual

indivíduos ou grupo fazem uma escolha dentre alternativas para responder a uma questão e

alcançarem os objetivos propostos.

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4.2 King e os construtos para guiar a prática profissional de enfermagem

King também apresenta construtos, incluindo ser humano, ambiente, saúde, família e

sociedade, que estão representados na figura 2.

Meio Ambiente

Enfermagem

Saúde-doença

Ser humanoSociedade

Família

Indivíduos

Enfermeira

Figura 2 – Os construtos que delimitam a prática profissional de enfermagem Fonte: Adaptado de King (1981).

Ser Humano – é um ser social, racional e sensível, que reage conforme suas

percepções, expectativas, necessidades e valores. É um ser que se comunica e interage com

outros seres humanos e objetos no ambiente para o alcance de metas, ou seja, a transação. É

ainda um ser em contínuo crescimento e desenvolvimento, dotado de habilidade em tomar

decisões e que necessita da enfermagem quando há dificuldade no ajustamento aos elementos

estressores no seu ambiente, para poder desempenhar seus papéis (King, 1981). O ser humano

desenvolve ações de cuidados para consigo e para outros. Os seres humanos que fazem parte

desse marco referencial é a família de Dona Herminia .

Família – famílias são pequenos grupos de pessoas, juntas por um propósito em

comum, que ajudam os jovens crescerem para se tornarem adultos. Essa facilidade de

crescimento dos jovens é chamada de processo de socialização. Durante esse processo de

crescimento e desenvolvimento junto com o grupo da família crianças apreendem uma

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linguagem pelo qual eles se comunicam e apreendem sobre o mundo e a cultura na qual eles

nasceram. Apreendem os modelos ou os exemplos de comportamentos humanos de outros

membros da família através de exemplos e pela socialização. A família como um sistema,

desenvolve ações de cuidados para com seus integrantes (King ,1981).

Dona Herminia é viúva, teve sete filhos e três filhas, vive com uma de suas filhas

Dolores e o Genro Edmar. Também participam de seus cuidados outros membros que mais

tarde apresentaremos no genograma da família.

Meio ambiente – é um sistema aberto que permite a troca de matéria, energia e

informação entre os seres humanos. King (1981) classifica o ambiente do ser humano em:

interno e externo. É no ambiente interno (estrutura biológica e psicológica) que ocorre a

transformação de energia, capacitando a pessoa a ajustar-se às contínuas mudanças do

ambiente externo (espaço físico, sociedade). A satisfação depende da harmonia e balanço de

cada pessoa com o ambiente.

Saúde/doença – é uma experiência dinâmica na vida do ser humano, que implica em

ajustamentos contínuos aos elementos estressores no ambiente interno e externo, através do

uso adequado dos recursos próprios para alcançar o máximo potencial para a sua

sobrevivência. Para King (1981) o homem saudável é aquele que está habilitado a funcionar

nos seus papéis sociais. A saúde é a habilidade de desempenhar atividades da vida diária nos

seus papéis usuais.

Ambiente – segundo King (1981, p. 4), “[...] refere-se a um sistema aberto que

permite a troca de matéria, energia e informação entre os seres humanos.” Esses sistemas são

entendidos como possuidores de limites que separam seus componentes internos do resto do

mundo. O ambiente externo para um sistema é a porção do mundo que existe do lado de fora

daquele limite.

Enfermagem – é um processo de ação, reação e interação pelo qual o enfermeiro e

cliente se percebem um ao outro, comunicam-se, fixam metas, exploram meios e concordam

acerca dos meios para alcançarem as metas. King discute a meta, o domínio e a função da

enfermeira, sendo a meta da enfermeira auxiliar os indivíduos a manterem sua saúde, de modo

que possam agir em seus papéis. ( King, 1981)

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A função da enfermeira é de interpretar informações naquilo que é conhecido com

processo de enfermagem para planejar, implementar e avaliar o cuidado de enfermagem

(King, 1981, p 3).

4.3 O processo de enfermagem segundo King

Para Stanton (1999, p. 24):

O processo de enfermagem constitui o esquema subjacente que proporciona andamento e direcionamento ao trabalho do enfermeiro. Constitui a essência da pratica profissional da enfermagem; é o instrumento e a metodologia da profissão de enfermeira e, como tal, auxilia os profissionais a tomarem decisões, e a preverem e avaliarem conseqüências. Pode ainda ser definido como uma atividade intelectual deliberada, por meio da qual a prática da enfermagem é abordada de uma maneira ordenada e sistemática.

King (1981) aborda o processo de enfermagem como meio de planejar, estimar, por

em prática e avaliar o cuidado prestado ao cliente/família. Portanto, a suposição básica da

estrutura conceitual e do processo de enfermagem de King é de que, enfermeiros e clientes

comunicam informações, fixam metas mutuamente e então agem para alcançar essas metas.

O processo de enfermagem, aqui apresentado segue os pressupostos de King (1981).

1. Os seres humanos são seres sociais, conscientes, racionais que percebem,

controlam e reagem. Suas metas são orientadas para a ação e para o tempo;

2. As percepções do enfermeiro e da família influenciam no processo de interação;

3. Os indivíduos possuem o direito de participarem nas decisões que influenciam

sua vida, sua saúde e os serviços comunitários;

4. Os propósitos dos profissionais da saúde e dos recebedores de atendimento de

saúde podem ser incompatíveis;

5. Os indivíduos possuem o direito de aceitar ou rejeitar os cuidados de saúde;

6. As metas, as necessidades e os valores da enfermeira e do cliente influenciam o

processo de interação;

7. Os profissionais de saúde possuem a responsabilidade de partilhar informações

que ajudem os indivíduos e as famílias a tomar decisões sobre seus cuidados de

saúde;

8. Os indivíduos possuem o direito de se autoconhecerem (KING, 1981).

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O processo proposto neste trabalho tem como objetivo implementar na prática o

referencial de King, sendo adaptado à situação de enfermagem a famílias que convivem com

portador de AVC. Para King, é um método empregado pela maioria dos enfermeiros para

estimar, planejar, colocar em prática e avaliar o cuidado prestado ao cliente. Os componentes

que fazem parte do processo de enfermagem incluem a reação, interação e transação,

acreditando que numa situação de enfermagem, o enfermeiro com suas percepções e

conhecimentos sobre o como assistir em enfermagem, faz propostas e desencadeia ações para

as quais o cliente desenvolve reações. No processo de ação e reação acontecem a interação e a

transação.

Figura 3 – Modelo do processo de transação Fonte. Adaptado de King (1981, p. 145).

Para King (1981) o processo compõe-se de cinco fases:

1ª) Dados de base – Ocorre durante a interação da enfermeira com o cliente/família. A

enfermeira necessita possuir habilidade para avaliar, integrar conhecimentos das ciências

naturais, comportamentais e sociais para aplicar na situação concreta. Na avaliação, a

enfermeira coleta dados referentes ao crescimento e desenvolvimento do cliente/família, sua

visão do self, percepção do estado atual de saúde, padrões de comunicação e socialização de

papéis. Os fatores que influenciam a percepção do cliente/família incluem o funcionamento

do sistema sensorial, idade, o desenvolvimento, o sexo, a educação, o histórico de medicações

e dietas, e a compreensão do motivo pelo qual esta ocorrendo o contato com o sistema de

saúde. As percepções da enfermeira são influenciadas por sua experiência, cultura, situação

socioeconômica, idade e diagnóstico do cliente/família, bem como, seu conhecimento sobre a

família .

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A coleta de dados dá-se em todos os momentos da relação e incluem informações

objetivas e subjetivas, colhidas através de exame físico, observações, percepções e

comunicações compartilhadas, transcorridas durante a assistência direta prestada .

2ª) Lista de problemas – Tem origem na informação partilhada durante a avaliação.

Definido por King como uma afirmação que identifica os distúrbios, problemas ou

preocupações em relação aos quais os pacientes buscam ajuda.

Neste estudo, denominou-se a 2ª etapa do processo de enfermagem de diagnóstico de

enfermagem. Teve sua origem na informação partilhada durante a avaliação. As informações

compartilhadas nos dados de base são analisadas e originam o diagnóstico de enfermagem, no

qual são identificadas situações, problemas, preocupações geradoras de estresse e habilidades

disponíveis para enfrentar as mudanças necessárias.

3ª) Lista de Objetivos (planejamento) – King descreve o planejamento como a

fixação de metas e o proporcionar meios para a continuidade dos cuidados. Os objetivos são

estabelecidos mutuamente entre enfermeira, cliente e família .

Neste trabalho, essa fase foi denominada de Conceitos identificados (seguindo a

estrutura conceitual de King, sobre os conceitos dos sistemas pessoal, interpessoal e social).

Previu-se juntamente com as famílias, metas e tomada de decisões com relação a cada

problema encontrado. Planejou-se que através de acordos verbais seriam discutidas as metas

e as formas de atingi-las.

4ª) Implementação (meios) – são as atividades que visam o alcance das metas; a

implementação é o momento em que se busca efetivar a transação (KING, 1981). Para Bello

(2000) corresponde à fase prática do processo de enfermagem.

Esta fase foi denominada neste estudo de Plano de Cuidados. Nesse plano foram

estabelecidas metas a serem desenvolvidas com a paciente e sua família, de acordo com o

diagnóstico de enfermagem.

5ª) Avaliação – Envolve descrições da maneira como os resultados, identificados

como metas, são alcançados. King (1981) diz que a avaliação não é apenas a fala da

consecução das metas do cliente, mas também a eficácia do cuidado da família e enfermagem

realizados. King enfatiza a importância da participação mútua na interação que centraliza seu

foco sobre as necessidades e o bem-estar do cliente e sua família, bem como, da verificação

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das percepções, enquanto são executadas junto ao planejamento e as atividades, para alcançar

as metas.

Essa última fase do processo em estudo, conhecida como Evolução, retrata a

positividade ou negatividade do processo de assistência de enfermagem ao paciente e seus

familiares.

FASES DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

SEGUNGO KING SEGUNDO NOGUEIRA Dados de base Dados de base

Lista de Problemas Diagnóstico de Enfermagem Lista de Objetivos Conceitos Identificados

Implementação (meios) Plano de Cuidados Avaliação Evolução

Quadro 2 – Fases do Processo de Enfermagem. Fonte: Elaborado por esta pesquisadora.

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5 METODOLOGIA

5.1 Tipo de estudo

Trata-se de um relato de experiência que, segundo Pádua (2005), é útil para a pesquisa

e, muitas vezes, significa o único recurso para a coleta de dados, principalmente nas áreas em

que o saber científico está se estruturando.

Porzecansk apud Pádua (2005, p. 77) identifica duas posturas com relação a este tipo

de estudo: a “tradicional” que considera como sua função primordial relatar, narrar, contar os

acontecimentos de uma dada intervenção no real, como se pudesse espelhar a realidade, um

fiel registro do que se passou, que reflete, mas não procura repensar a realidade; e a

“contemporânea” ou “moderna”, que entende que os relatos cumprem funções específicas,

com o objetivo de transferir um segmento da realidade para um contexto de interpretação

científica, com seus dados sendo considerados como pontos de partida para o próprio

conhecimento de dada realidade, a partir de seu processo.

Pádua (2005) destaca ainda funções específicas de relatos que podem ser

compreendidas em três níveis: da teoria, da prática profissional e do método.

Funções específicas dentro da teoria:

interpretar a situação real com base no conhecimento científico com a finalidade

de elaborar/revisar constantemente a teoria;

garantir o conhecimento real e objetivo da ação profissional, e da situação;

relacionar a teoria a uma situação concreta;

Funções específicas dentro da prática profissional:

permite uma prática profissional eficaz, em vista das programações anteriores e

futuras que surgem do próprio relatório;

através da relação de vários relatórios elaborados, possibilita a planificação da

intervenção profissional prolongada e coerente, deixando de lado possíveis

motivações individuais (emocionais);

permite relacionar a prática imediata com a teoria, sem generalizar a primeira,

nem distorcer a segunda;

permite discutir os princípios éticos que regem a prática profissional.

Funções específicas com relação ao método:

permite passar da aparência à essência da situação;

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permite ao profissional colocar-se no próprio centro da situação real e ao mesmo

tempo ser objetivo, não se limitando a uma postura contemplativa da realidade;

verificar constantemente o conhecimento científico e a eficácia das ações

profissionais;

introduzir os pontos de vista de outras áreas do conhecimento (psicologia,

sociologia, antropologia, medicina, etc.). O relatório é um marco de

interpretação científica global, podendo ter um caráter interdisciplinar.

Analisando a função que os relatos de experiências podem abranger, acredita-se que

esse tipo de estudo está adequado à proposta deste trabalho, por oferecer a esta pesquisadora

inúmeros e significativos dados para a compreensão da realidade e, oferecer elementos para

um redimensionamento do referencial teórico-metodológico, se for o caso.

5.2 Tipo de estudo

Foram sujeitos deste estudo membros de uma família, sendo um de seus integrantes

portador de AVC. Os critérios usados para a escolha dessa família foram:

possuir um integrante com seqüela de AVC, cadastrado e em acompanhamento

na unidade básica de saúde;

todos os participantes concordaram com a aplicação do processo de enfermagem

em seu domicílio;

estar disponível para interagir com esta pesquisadora;

residir o mais próximo à Unidade Básica de Saúde, permitindo, assim, o

acompanhamento domiciliar.

5.3 Local de estudo

O presente estudo foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde, subordinada à

Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau, no período de setembro de 2005 a junho de

2006, e na residência do paciente e com autorização prévia da família.

A Unidade de Saúde possui 117 m², teve seu início de atendimento em dezembro de

1995. Dispõe de uma recepção, uma sala de procedimentos de enfermagem, dois consultórios

médicos, uma sala da enfermeira/farmácia, uma sala de equipamentos/material, um banheiro,

e, uma cozinha. A equipe de saúde é formada por duas enfermeiras, três auxiliares de

enfermagem, uma técnica de enfermagem, dois clínicos gerais, dois pediatras, e um

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ginecologista. A Unidade também conta com dois auxiliares administrativos e uma zeladora.

Não oferece outras especialidades, sendo os pacientes referenciados à Policlínica de

Blumenau. São atendidos em média 1800 pacientes/mês, incluindo o atendimento de

enfermagem, da região que pertencem à unidade de saúde.

O acesso aos serviços especializados é bastante difícil, mesmo quando são implantadas

medidas rigorosas de exigência da referência pelas unidades básicas. Em geral as esperas são

tão demoradas, que resultam em desistência da consulta agendada.

A grande maioria dos profissionais de saúde sabe que seu trabalho, por vezes é

desenvolvido de forma paliativa. Por outro lado, os usuários, mais do que ninguém, sabem

que o atendimento recebido é paliativo e insatisfatório. Os poucos recursos são mal gastos,

agravando o quadro crônico de insuficiência.

Na unidade onde esta pesquisadora desenvolveu o estudo, ficou evidente que não

existe um programa para atender pacientes com doenças crônicas, pois, a unidade não possui

um serviço de programa da saúde da família, não possuindo, assim, agentes comunitários, que

poderiam estar contemplando esse serviço, juntamente com a equipe. Além disso, não tem

infra-estrutura, muito menos servidores para realizar visita domiciliar. As enfermeiras

realizam visitas domiciliares quando solicitadas, pois esta unidade não pertence ao Programa

da Saúde da Família – PSF.

Não existe ainda agendamento de consultas para esses pacientes. Somente quando

necessitam de cuidados é que procuram a unidade para agendar consulta e receber os

medicamentos.

5.4 Instrumental utilizado no estudo

Foi aplicado o processo de enfermagem conforme apresentado no capítulo do

referencial teórico metodológico, durante o mês de novembro 2005 a junho 2006, sendo

grande parte do tempo o processo foi realizado no domicilio da família. Como visita

domiciliar se entende como uma técnica que vem se popularizando rapidamente,

acompanhando a crescente ação de grupos governamentais e não governamentais, assim como

a ação voluntária, nas comunidades. A visita domiciliar é uma atividade de campo realizada

no meio familiar ou comunitário em que se insere o indivíduo focal do atendimento. É

também uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou mais

profissionais, junto ao indivíduo em seu próprio meio social ou familiar.

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A visita domiciliar, visa prestar uma assistência educativa e assistencial no âmbito do

domicílio. “É através dela que fazemos um levantamento e avaliação das condições

socioeconômicas em que vive o indivíduo e seus familiares, elaborando, assim, uma

assistência específica a cada caso.” (KAWAMOTO et al, 1995, p. 35).

Houve, contudo, ocasiões em que etapas do processo foram realizadas na unidade de

saúde Estanislau Schaetter, quando Dona Herminia, portadora de AVC, realizava as consultas

e no hospital, no período em que esteve internada. Foram ainda trocados vários telefonemas

entre a enfermeira e a família, conforme pode se observar no relato do estudo.

Foi, ainda, aplicado o genograma (Figura 2), que consiste em um diagrama que detalha

a estrutura e o histórico familiar, fornece informações sobre os vários papéis de seus membros

e das diferentes gerações que compõem a família. Athayde e Gil (2005) definem o genograma

como um mapa esquemático, porém, para sua elaboração, necessita de uma entrevista

extensiva e contínua para a coleta e atualização dos dados e informações acerca da família em

seus diferentes ciclos de vida. Portanto, para ser adotado em sua potencialidade, há

necessidade de formação de algum grau de vínculo entre profissionais e famílias.

O conhecimento e a aplicabilidade do genograma são importantes para compreender

melhor o processo de adoecimento nas famílias, conhecer a situação dos seus membros e suas

relações não apenas dentro da família, mas também como as demais famílias com quem

convivem e com as quais estabelecem suas redes de apoio. Por ser um instrumento voltado à

abordagem familiar o genograma permite acompanhar longitudinalmente a família e seus

membros ao longo de suas vidas, propiciando a definição de ações preventivas capazes de

promover a saúde. Foram ainda consultados os prontuários da unidade de saúde.

Os dados coletados foram em parte gravados nos casos de entrevistas mais formais,

sendo que os demais foram registrados em um diário de campo, criado especificamente para

este estudo (Apêndice 1).

Segundo Gil (2001) a entrevista é uma técnica através da qual o pesquisador se coloca

diante do participante para quem faz perguntas com o objetivo de obter informações que

contribuam para a investigação. Trata-se de um diálogo assimétrico em que o pesquisador

busca coletar dados e o interlocutor se apresenta como fonte de informação. As entrevistas

procuram explorar o que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem e desejam. Com

autorização da família, essas entrevistas foram gravadas.

Segundo Richardson (1999) as entrevistas devem ser gravadas em fitas cassetes,

primeiro porque permitem a reprodução exata dos depoimentos e, segundo, porque libera o

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entrevistador das anotações, centrando sua atenção na fala dos entrevistados. Para os fins de

análise interpretativa, as entrevistas foram transcritas.

A observação desempenhou papel imprescindível na fase de coleta de dados. Segundo

Denzin (1978, p. 183), a observação participante é “[...] uma estratégia de campo que

combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a

participação e a observação direta e a introspecção.” É uma estratégia que envolve, pois, não

só a observação direta, mas todo o conjunto de técnicas metodológicas pressupondo um

grande envolvimento do pesquisador na situação estudada.

O observador como participante, é um papel em que a identidade do pesquisador e os

objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado desde o início. Nessa posição, o

pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidenciais,

pedindo cooperação ao grupo. Contudo, terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o

que será ou não tornado público pela pesquisa.

Foram feitas fotografias da paciente e familiares, utilizadas para complementar o diário

de campo,com o consentimento da família.

5.5 Análise

O processo de analise ocorreu concomitantemente á coleta, uma vez que o cuidado de

enfermagem segundo King exige a avaliação e a evolução logo em seguida a implementação

do mesmo. No caso do diagnóstico de enfermagem, decidiu-se utilizar como guia orientador o

processo de enfermagem de Nanda e Carpenito, que auxilia na identificação dos diagnósticos

do indivíduo, buscando adaptá-lo quando se tratava do grupo familiar .Visando identificar os

conceitos que emergiam dos dados de base, fez-se uma leitura cuidadosa dos dados, tendo

como referencial a estrutura, construtos e conceitos de Imogene King.

5.6 Aspectos éticos

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é um documento legal, assinado pelo

participante da pesquisa ou seu representante legal. De acordo com Vieira e Hossne (2001),

toda pessoa convidada a participar de um estudo deve ser plenamente orientada sobre todo o

processo da pesquisa. O participante da pesquisa precisa ter conhecimento dos fatos básicos a

respeito de todo o processo no qual vai se envolver. Para Bodgan e Biklen (1994), há duas

questões importantes relativas à investigação com seres humanos: o consentimento informado

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e a proteção dos sujeitos contra qualquer espécie de danos. Essas questões tentam assegurar o

seguinte: primeiro, os sujeitos aceitam participar voluntariamente do projeto de investigação,

esclarecidos e conscientes da natureza do estudo; depois, os sujeitos envolvidos na pesquisa

não são expostos a riscos.

O Conselho Nacional de Saúde, no uso da competência que lhe é outorgada pelo

decreto n. 93.933 de 14 de janeiro de 1987, em sua Resolução n. 196/1996, determina regras e

normas quanto à pesquisa envolvendo seres humanos. Esta resolução incorpora, sob a ótica do

indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bióetica: autonomia, não-

maleficência, beneficência e justiça, entre outros e visa assegurar os direitos e deveres que

dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.

As pesquisas envolvendo seres humanos ainda devem atender às exigências éticas e

científicas fundamentais, quanto à eticidade da pesquisa que implica em consentimento livre e

esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes;

ponderação entre riscos e benefícios; a garantia de que danos previsíveis serão evitados e a

relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa.

O projeto deste estudo foi submetido à Comissão de Ética da UNIVALI, recebendo

sua aprovação em 17/11/2005. Em seguida foi contactada a família da Senhora Herminia a

quem foram apresentados os objetivos da pesquisa, e estabelecidos os acordos e limitações

deste estudo, momento em que foram, então, solicitados a assinar um termo de consentimento

livre e esclarecido (Apêndice 4) e permitindo, assim, o nome real dos envolvidos.

Registra-se que o paciente encontrava-se, no momento da pesquisa, legalmente

incapaz pela sua doença, a outorgar o consentimento, sendo assim, a declaração foi assinada

pela sua filha, maior de idade (Apêndice 3).

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6 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados momentos do processo de cuidado com suas etapas,

conforme ocorrido com Dona Hermínia e sua família. Está incluída nesta apresentação a

análise em relação à estrutura conceitual, construtos e conceitos de King (1981), identificados

no momento de cada visita.

Essas visitas pré-agendadas encontram-se no quadro 3. A relação completa de todos os

contatos pessoais e por telefone encontram-se no Apêndice 2.

Vis

ita

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

Dat

a 22 nov.

2005

10 dez.

2005

19 jan.

2006

14 fev.

2006

02 mar.

2006

17 mar.

2006

07 abr.

2006

22 abr.

2006

06 maio

2006

18 maio

2006

Quadro 3 – Visitas Pré-Agendadas. Fonte: Dados da pesquisa (2006).

6.1 A família de Hermínia e a relação com os sistemas pessoal, interpessoal e social

Meu primeiro encontro com Dolores, filha de dona Hermínia, se deu no dia

28/11/2006, intermediado por uma funcionária da Unidade de Saúde, que entrou em contato

com a mesma, a fim de propiciar o encontro. Optei por visitar dona Hermínia e sua família

pela facilidade de acesso, pois moravam próximo à Unidade Avançada de Saúde e por

recomendação da funcionária, que tinha conhecimento da situação, pois a família freqüentava

bastante o posto de saúde.

Entrei em contato por telefone, no dia 27/11/2006 expliquei um pouco o que pretendia

realizar; Dolores foi muito gentil e atenciosa solicitando que fosse pela manhã, pois trabalha à

tarde. Nesse horário uma senhora prestava o cuidado, sendo que minhas visitas seguintes

poderiam ocorrer em qualquer horário. Eu estava bastante ansiosa e pensava “meu Deus,

tomara que consiga explicar e não fique nervosa diante da família e da paciente”.

Tentei fazer um planejamento sobre o que ia perguntar, mas minha ansiedade era tal

que lia várias vezes e nunca me parecia bom o suficiente.

No dia seguinte as 09 h liguei avisando que estava indo. Dolores explicou-me

novamente o local, e quando lá cheguei estava me esperando no portão. Dolores é uma

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senhora com 45 anos, casada há 24 anos, mãe de dois filhos, uma jovem de 25 anos, casada,

que está grávida de sua 1ª neta, e um adolescente de 13 anos, trabalha como auxiliar de

bordados numa empresa têxtil, das 13:00 às 22 horas, faz todo o serviço da casa na parte da

manhã. No nosso primeiro encontro fui muito bem recebida e levada ao local onde estava

dona Hermínia. Era um quarto, adaptado para suas condições, com corrimão e banheiro. Ela

ficou me olhando quando me apresentei. É afásica, mas entende e comunica-se através de

gestos e, naquele momento, estava sentada em sua cama, assistindo um programa na televisão.

Dona Hermínia é de origem alemã, tem 74 anos, viúva há 5, é uma senhora bonita,

com cabelos curtos e grisalhos, olhos castanhos claros, aproximadamente 1.70 de altura, 105

quilos . Herminia embora afásica tem uma boa audição, comunica-se através de gestos. Ao

examiná-la, observei que era muito bem cuidada, apresentando boa higiene pessoal.Vestia

camiseta branca e calça de agasalho e apresentava um semblante alegre. Fui até ela, beijou-

me, segurou minha mão com força para cumprimentar-me. Sua filha lhe explicou quem eu era

e a razão de estar lá .Depois me mostrou sua casa, explicou o porquê do quarto, e de uma

companhia, para que ela pudesse chamar se precisasse de ajuda.

Além dela, moram na casa, a filha, genro e o neto. A casa é de alvenaria, grande, com

vários cômodos, confortável, organizada, limpa e arejada. Dolores explica o motivo de sua

mãe estar no quarto dos fundos. Hermínia morava em uma casa antiga e quando ficou doente

eles fizeram um cômodo adaptado para ela, para realizar os cuidados com maior facilidade. A

família mora há 32 anos nesta comunidade, vinda de um sítio em busca de melhores

condições de trabalho.

Dolores concordou em participar de minha pesquisa, colocando-se a disposição.

Percebi que a mesma havia gostado de ter ido a sua casa, começando a responder as perguntas

que eu havia elaborado para a primeira entrevista.

A família descreve como rede de suporte a Unidade de Saúde, a igreja e os hospitais

da região. Procurei escutar e observar dona Hermínia e sua filha. O quarto em que ela fica tem

banheiro, adaptado para poder tomar banho em cadeira; balde com hipoclorito onde ela

realiza suas necessidades fisiológicas, pois assim ela consegue levantar sozinha com o auxilio

de um corrimão adaptado para a sua situação.

Segundo o genograma (figura 2) dona Hermínia possui 10 filhos, todos casados, sendo

07 homens e 03 mulheres, 23 netos e 07 bisnetos. Hermínia apresenta uma boa relação com

todos os filhos, todos casados, Delci, Delcio, Delirio, Idelcio, Silvio, Dolores, Delmirio,

Dulce, Dilço e Deolindo, noras, genros, netos.Contudo é Dolores a que cuida sempre, tendo

contratado uma senhora, Dona Sueli para ficar à tarde, cuidando de Hermínia. Segundo

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Dolores, a filha que mora mais próximo é sua irmã Dulce que a ajuda quando precisa

ausentar-se. Idelcio, Silvio, e Deolindo são os irmãos que procuram mais sua mãe. Diz que

um irmão, Delcio não mantém bom relacionamento com seu esposo.

Figura 4 – Genograma da família de Dona Hermínia. Fonte: Elaborado por esta pesquisadora.

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6.2 O processo de enfermagem de Hermínia e sua família

6.2.1 Segunda visita – Data: 10/12/2005

Quando cheguei encontrei dona Hermínia acordada, lúcida, comunicando-se através

de gestos, balbucios, tentando falar. Alimenta-se sozinha, vai ao sanitário adaptado ao lado de

sua cama; toma os remédios, às vezes sem auxilio, tem conhecimento de sua doença. Refere

dor na cabeça às vezes, demonstra com gestos, movimenta-se pouco, fica em pé apoiada com

auxilio de um corrimão adaptado na parede, ao lado da cama.

Sua filha Dolores realiza o banho de chuveiro todos os dias pela manhã, dá alguns

remédios (captopril, AAS, lovastatina) quando necessário. Além disso prepara a alimentação

e coloca travesseiros nas costas para apoiá-la, quando sentada.

Sueli acompanha Dona Hermínia as tardes, realiza massagem nas pernas com cremes

emolientes e hidratantes, reza o terço, passa roupas, oferece o café da tarde, coloca Hermínia

na cadeira de rodas e leva-a até a frente da casa para tomar sol por cerca de 30 minutos.

Edimar, o genro, auxilia Dolores e Sueli em diversos cuidados, como buscar remédio

no posto de saúde ou na farmácia, levar ao médico quando necessário e ficar a seu lado até

Dolores chegar do trabalho, à noite.

Diagnóstico Data: 28/11/2005

Plano de Cuidados

Evolução Data: 10/12/2005

1.1 Dolores vai estimular mais Hermínia a sair da cama;

1.1.1 Dolores está chamando a atenção de Hermínia para sair da cama, mas ela não aceita muito;

1.2 Enfermeira e Dolores ficaram de providenciar uma poltrona para Hermínia sentar mais vezes fora da cama;

1.2.1 Ainda não se conseguiu arrumar a poltrona;

1.3 Dolores falou com Sueli para incentivar mais Hermínia a sair da cama;

1.3.1 Sueli esta levando Hermínia mais vezes na cadeira de rodas até a frente de casa, para pegar sol e olhar o movimento;

Mobilidade física prejudicada Característica definidora: Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.4 Enfermeira e Dolores ficaram de estimular Hermínia a movimentar-se mais na cama, realizando exercícios ativos e passivos;

1.4.1 Hermínia está realizando três vezes por dia movimentos na cama com os MMSS e MMII;

2.1 Enfermeira ficou de entrar em contato com uma fonoaudióloga;

2.1.1 Enfermeira entrou em contato com a fonoaudióloga, buscando mais subsídios para auxiliar Hermínia e Dolores;

2.2 Dolores e enfermeira ficaram de estimular Hermínia a escrever mais, oferecendo papel e caneta;

2.2.1 Foi oferecido papel e caneta para Hermínia escrever pelo menos uma vez ao dia;

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças (disartria, dislalia).

2.3 Dolores e enfermeira vão pensar meios de estimular a comunicação não verbal de Herminia;

2.3.1 Ainda não foi providenciado meio para estimular a comunicação não verbal;

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Diagnóstico Data: 28/11/2005

Plano de Cuidados

Evolução Data: 10/12/2005

2.4 Dolores e Sueli ficaram de estimular Hermínia a usar mais gestos para comunicar-se;

2.4.1 Dolores e Sueli estão estimulando Hermínia a usar sinais para comunicar-se melhorar;

3.1 Dolores ficou de providenciar um apoio para levantar as pernas de Hermínia;

3.1.1 Foi providenciado apoio de madeira para colocar nos pés da cama, melhorando assim a circulação e o edema;

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele.

3.2 Enfermeira solicitou que Dolores observasse com atenção as extremidades inferiores de Hermínia,como sinais de lesões, edema, cianose e aquecimento

3.2.1 Dolores diz ter prestado mais atenção nas extremidades de Hermínia;

4.1 Dolores e Edimar vão incentivar mais Hermínia a fazer as refeições em família;

4.1.1 Dolores e Edimar convidaram Hermínia mais vezes para fazer suas refeições na cozinha com eles;

4.2 Dolores e Edimar convidam os outros filhos de Hermínia para almoço aos Domingos;

4.2.1 Dulce, uma das filhas de Hermínia participa do almoço quase todos os domingos;

Isolamento Social Características definidoras: Ausência de pessoas significativas que dêem apoio de familiares, amigos e grupos.

4.3 Dolores pede a sua irmã , que fique com Hermínia quando ela e Edimar precisam se ausentar;

4.3.1 Dulce está fazendo companhia a Hermínia quando Dolores e Edimar precisam sair;

5.1 Enfermeira observou que Dolores e Edimar têm poucas atividades de lazer e os incentiva a sair mais;

5.1.1 Dolores e Edimar estão procurando sair mais aos finais de semana;

5.2 Enfermeira estimula a família a convocar outras pessoas para ajudar nos cuidados com Herminia;

5.2.1 A família tem condições para manter a acompanhante de Herminia;

Déficit de lazer Característica definidora: Aborrecimento observado ou relatado pela inatividade. 5.3 A família paga uma senhora para

acompanhar Herminia todas as tardes; 5.3.1 Sueli permanece como acompanhante de Herminia todas as tardes.

Quadro 4 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 2ª visita. Fonte: Dados da pesquisa (2006).

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Herminia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 2ª visita.

Sistema pessoal:

Percepção – Segundo King, percepção é a representação que cada pessoa faz da

realidade. Este conceito ficou evidenciado quando a enfermeira percebeu que Dolores estava

ciente dos problemas de sua mãe, fazendo que tudo em seu quarto fosse adaptado para ela. O

comportamento de Dolores foi demonstrado de forma positiva, percebendo-se que a família

estava disposta e empenhada para que os problemas fossem resolvidos e estava disponível a

ajudar na efetivação das metas sobre os cuidados.

Da mesma forma, Dona Herminia e Dolores mantém uma percepção realista em

relação à situação vivenciada pela família.

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Self – King define self, como o conhecimento de si mesmo. Percebe-se o conceito de

self quando Hermínia definiu-se como estando bem, através de gestos, expressões faciais,

olhares. Sua filha relatou que percebia que sua mãe estava bem, apesar das seqüelas da sua

doença. Por outro lado o casal percebe que seu “eu” /casal está sendo prejudicado pelo

cuidado constante a mãe. Com orientação da enfermeira estão buscando planejar mais horas

de lazer para si.

Cuidados de Si – Este conceito não é claramente evidenciado por King , mas poderia

aproximar-se ao que a autora chama de Ação. São esforços que a paciente realiza para cuidar-

se apesar das limitações impostas pela doença e acredito que se aplica a Hermínia quando a

mesma, apesar das seqüelas impostas pelo AVC, realiza atividades em beneficio do seu

próprio cuidado tais como, hábitos de higiene, tomar seus remédios, alimentar-se sem auxílio,

assistir seus programas favoritos na televisão, sempre procurando ajudar-se e colaborar com

seus cuidadores.

Crescimento e desenvolvimento – de dona Hermínia encontra-se afetado, devido as

seqüelas. Sua família, a enfermeira e a cuidadora se programam para prevenir problemas de

saúde e para que Dona Hermínia se sinta integrada no ambiente familiar.

O espaço físico – Surge bastante afetado pela doença para Dona Hermínia que fica

limitada em parte a seu quarto.Enfermeira e Família discutem possibilidades de ampliar o

espaço físico e social de Dona Hermínia e do próprio casal.

Sistema interpessoal:

Comunicação – King define comunicação como troca e intercâmbio de pensamentos

e opiniões entre os seres, podendo ser verbal ou não verbal. Este conceito está bastante

presente quando ocorre intercambio de idéias, gestos, olhares e opiniões entre enfermeira e

família, enfermeira e Dona Hermínia, familiares e Dona Herminia. A comunicação não

verbal, através de gestos, é de extrema importância com Hermínia.

Interação – Segundo King a interação destaca-se por ser um processo de percepção e

comunicação verbal e não verbal. Na primeira visita, este conceito apareceu quando a filha

apresentou-me a Hermínia, explicando o que havia acontecido com sua mãe, confiando em

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mim, relatando seus problemas, suas dificuldades, embora eu fosse uma pessoa estranha.

Acredito que houve interação, pois fui bem aceita pela família e porque Dolores voltou a

procurar-me para ir à sua residência.

Papel – O conceito de papel surge quando a enfermeira se coloca como profissional de

cuidados de saúde e como pesquisadora. Nestes casos, há reciprocidade por parte da família ,

que atua como co-participe na pesquisa e como cuidadora de dona Hermínia. Esta, por sua

vez, tenta também desempenhar seu papel como sujeito de seu auto cuidado e co-participe dos

cuidados prestados pela família e enfermeira.

Transação – Para King (1981) ocorre transação quando os comportamentos são

dirigidos ao alcance de metas , definidas em conjunto. Observa-se na evolução que algumas

metas traçadas entre enfermeiro, família e dona Hermínia, são atingidas, outras em parte, e

outras ainda não o foram.

Sistema social:

Serviço de saúde – King não define claramente o serviço de saúde, mas em nosso

entendimento ele se inscreve no sistema social. Na situação de dona Hermínia a Unidade

Avançada de Saúde, onde a família está cadastrada para receber atendimento médico, de

enfermagem, remédios, gases e ataduras e da qual a enfermeira pesquisadora faz parte é um

sistema social importante para a família.

Construtos:

Saúde-doença – Para King a saúde é definida como ajuste contínuo a estressores no

ambiente interno e externo, e a doença como um desvio do normal. Hermínia e a família estão

procurando formas de minimizar os efeitos da doença, contudo existem evidencias de

desequilíbrio, quando se observa a dificuldade de expressão e os edemas causados pela pouca

mobilidade. Por outro lado, a família e a própria Hermínia buscam de diversas formas manter

os aspectos saudáveis possíveis na vida da paciente e minimizando os estressores.

Família – King define famílias como pequenos grupos de pessoas, juntas por um

propósito em comum. Os laços de família são fortemente evidenciados através da interação

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familiar que existe entre a família, a cuidadora e Dona Hermínia, que é considerada integrante

da família. O casal procura manter os laços afetivos entre dona Hermínia e o restante da

família.

Enfermagem – Para King enfermagem é um processo de interações humanas entre

enfermeira e cliente. Este conceito foi evidenciado quando se estabeleceu um processo de

ação, reação e interação, no qual a enfermeira e família partilharam informações sobre as

situações, identificaram os problemas e traçaram juntas metas para resolvê-lo. Registra-se que

a enfermeira procura cuidar da Dona Hermínia, da sua família e interage com a cuidadora

Sueli.

6.2.2 Terceira visita – Data: 19/01/2006

Ao chegar a casa de Dolores, fui bem recebida, já me tornava da família, pois ela

solicitava que fosse entrando e que me dirigisse até o quarto. Cumprimentei o seu esposo que

estava ajudando nos afazeres domésticos, pois está de licença no trabalho. Chegando ao

quarto de Hermínia lá estava ela, sentada na cama, beijei-a, agarrou-me na mão e beijava

muito, sentei em sua cama, e conversei com ela. Faz gestos, tenta comunicar-se, enquanto isso

Dolores deixou-me sozinha e foi preparar um suco de acerola para mim.

Dona Hermínia alimenta-se sozinha, vai sozinha ao sanitário adaptado ao lado de sua

cama; toma os remédios às vezes sem auxílio, tem conhecimento de sua doença; às vezes

refere dor na cabeça; demonstra com gestos, movimenta-se pouco, fica em pé apoiada com

auxilio de um corrimão adaptado na parede ao lado da cama.

A enfermeira observando Dona Hermínia identifica dificuldade de falar, comunica-se

através de gestos, edema de MMII, dificuldade de mobilização, edema de lábios superiores.

Diagnóstico Data: 19/01/06

Plano de Cuidados

Evolução Data: 14/02/06

1.1 Dolores vai incentivar Hermínia a sair mais da cama;

1.1.1 Dolores tem dificuldade de levar Hermínia pela manhã até a frente da casa, na cadeira de rodas, por falta de tempo;

1.2 Dolores e Sueli vão usar mais a cadeira de rodas para Hermínia sair da cama;

1.2.1 Dolores esta incentivando Hermínia a ficar mais tempo de pé para melhorar a circulação;

Mobilidade física prejudicada Característica definidora: Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.3 Enfermeira orientou Hermínia a realizar exercícios na cama;

1.3.1 Hermínia está realizando pouco os exercícios solicitados;

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Diagnóstico Data: 19/01/06

Plano de Cuidados

Evolução Data: 14/02/06

2.1 Enfermeira ficou de falar com fonoaudióloga;

2.1.1 Enfermeira entrou em contato com a fonoaudióloga para melhorar a maneira de Hermínia comunicar-se;

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças ( disartria,. Dislalia).

2.2 Dolores esta providenciando meios alternativos para melhorar a comunicação com Hermínia,

2.2.1 Foi providenciado lápis, papel, prancheta para Hermínia escrever;

3.1 Enfermeira orienta Dolores e Sueli para usar cremes emolientes mais vezes, promovendo massagem corporal;

3.1.1 Dolores tem dificuldade de levar Hermínia pela manhã até a frente da casa, na cadeira de rodas, por falta de tempo;

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele.

3.2 Enfermeira orientou Dolores e Sueli para manterem as extremidades de Hermínia sempre aquecidas;

3.2.1 Dolores esta incentivando Hermínia a ficar mais tempo de pé para melhorar a circulação;

Dor crônica Característica definidora: Relato codificado e evidência observada de expressão facial.

4.1 Enfermeira solicitou que Dolores e Sueli observassem quantas vezes durante o dia ela refere dor de cabeça;

4.1.1 Dolores e Sueli permanecem observando Herminia 4.1.2 Dolores e Sueli relataram que Hermínia coloca a mão na cabeça por várias vezes, referindo dor de cabeça;

5.1 Enfermeira examinou a mucosa oral e observou uma lesão causada por afta;

5.1.1 Enfermeira observou uma afta;

5.2 Enfermeira e Sueli retiraram a prótese de Hermínia;

5.2.1 Foi fornecido micostatin para usar na mucosa oral;

5.3 Enfermeira ficou de providenciar uma receita com o clinico geral de micostatin solução oral e solicitou que o genro busque na UAS;

5.3.1 Observou- se melhora da mucosa oral;

Mucosa oral prejudicada Característica definidora: Lesões/ vesículas orais.

5.4 Sueli ficou de suspender o suco de limão que estava sendo oferecido;

5.4.1 Foi suspenso o suco de limão, ocorrendo melhora da lesão;

6.1 Enfermeira incentiva família em seus cuidados a idosa e ao grupo familiar;.

6.1.1 Família esta se empenhando nos cuidados a Hermínia, aumentando a disposição para apreender;

6.2 Enfermeira estimula Herminia na redução do estresse e participação ativa no seu tratamento;

6.2.1 Herminia está ouvindo mais musica durante o dia;

6.3 Enfermeira orienta Herminia sobre as possíveis complicações da sua doença se os cuidados forem inadequados;

6.3.1 Dolores esta estimulando Herminia a seu auto cuidado;

Controle Ineficaz de Regime Terapêutico: Característica definidora: Escolhas da vida diária ineficaz para atingir os objetivos de um programa de tratamento ou prevenção.

6.4 Enfermeira orientou Dolores e Herminia a importância de manter os MMII de Herminia elevados e evitar colocar a mão nas lesões;

6.4.1 Dolores está chamando a atenção de Herminia para não coçar as lesões e manter mais tempo os MMII elevados;

Quadro 5 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 3ª visita. Fonte: Dados da pesquisa (2006).

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 3ª visita.

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Sistema pessoal:

Percepção – Segundo King a percepção é experimentada por todos, podendo ser

compartilhada. Ficou evidenciado nesta visita que a enfermeira ao perceber o lábio de

Hermínia com edema na parte superior e comunicar Sueli,observa percepções idênticas, o

mesmo ocorrendo em relação ao edema de MMII, facilitando a fixação de metas em conjunto.

Self – Descrito por King como o ambiente subjetivo de uma pessoa, o mesmo é

identificado quando Hermínia definiu-se como estando bem, através da comunicação não

verbal, com gestos, expressões faciais, olhares e também como referido por Dolores, que

percebia que sua mãe estava bem, apesar das seqüelas da sua doença.

Espaço – O espaço pessoal e subjetivo de Dona Hermínia é invadido pela minha

presença. Ao dar-se conta disto, a enfermeira se afasta, para que Hermínia sinta-se a vontade

quando realiza seu autocuidado.

Sistema interpessoal:

Comunicação – É necessária no inter-relacionamento entre os sistemas pessoais,

interpessoais e sociais, ocorrendo durante as visitas, por contato telefônico ou na própria

unidade de saúde. Há também comunicação não verbal entre Hermínia/família e Hermínia/

enfermeira através de gestos, sorrisos e expressões faciais.

Papel – Segundo King o papel exige reciprocidade, sendo um conjunto de

comportamentos que se espera de uma pessoa que ocupa uma posição dentro de um sistema

social e compreende regras que definem os direitos e as obrigações numa posição. Implica na

relação com um ou mais indivíduos que interagem numa situação específica para alcançar um

propósito. Supõe-se que as enfermeiras têm como papel ensinar, aconselhar, cuidar e guiar

indivíduos e grupos, ajudando-os a manter sua saúde. A enfermeira, diante de dona Hermínia

e sua família desempenha seu papel profissional, enquanto a família por sua vez, o de

responsável pela familiar idoso e doente.

Interação – A interação como mecanismo para estabelecer relações humanas,

segundo King , ocorreu de forma positiva nesta visita, pois enfermeira e família, perceberam

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as alterações em relação a saúde de Hermínia e fixaram metas para melhora, com a

colaboração de Hermínia. Percebi que a família demonstrava confiança em mim, procurando

informações no meu local de trabalho na UAS para esclarecer suas dúvidas.

Transação – O processo em que partes integrantes de sistemas interagem entre si,

definindo metas para alcançar objetivos comuns surge durante todo o processo de

enfermagem principalmente observado na evolução quando é identificado que metas comuns

foram atingidas.

Sistema social:

Serviço de saúde – Está presente no atendimento à família, fornecendo remédios, e

através da orientação da enfermeira, que na UAS torna-se um profissional de saúde a serviço

da família. Constata-se, contudo, que esta relação e mais no sentido da família buscar

recursos, do que um movimento em direção a família por parte da UAS.

Construtos:

Saúde-doença – Continua presente, pois Hermínia e a família convivem diariamente

com as seqüelas do AVC e dificuldade de locomoção, que causa edemas nos membros

inferiores de Hermínia e dor crônica. Ainda nesta visita é agravada com a observação de

lesões na mucosa oral. A família utiliza os recursos disponíveis para tentar equilibrar e

diminuir o estresse causado pela doença.

Família – Destaca-se quando os familiares desempenham o papel de cuidadores,

observadores e ao mesmo tempo companheiros de Hermínia interagindo entre si para terem

uma vida mais próxima de suas rotinas habituais.

Enfermagem – A enfermagem está presente no momento em que desenvolve as

diferentes etapas do processo. Isto acontece tanto no domicílio como na UAS.

Meio ambiente – Tanto o meio ambiente interno de Dona Hermínia como os externos

estão sofrendo as conseqüências da doença. E, por conseqüência, o ambiente familiar também

está alterado.

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6.2.3 Quarta Visita – Data: 14/02/2006

Liguei para Dolores logo cedo, que informa estar dona Hermínia com a perna

“machucada”. Respondi que ia visitá-la em seguida. Chegando a sua casa, estava me

esperando, entrei, fui até o quarto, onde encontrei dona Hermínia sorridente, assistindo a

missa na televisão. Examinei sua perna, e verifiquei que estava com uma lesão pequena e

hiperemiada. Segundo Dolores, ela começara a coçar muito, piorando a situação. Fiquei

naquele momento de agendar um médico, pois fiquei preocupada; indiquei o uso de um óleo

para cicatrizar, mas ao mesmo tempo não tinha certeza que ajudaria naquele momento.

Orientei dona Hermínia para não colocar a mão na lesão, mas ela tentava expressar-se que

coçava muito e percebi que não seria fácil fazer o que estava pedindo.

Sua filha comentou que dera laxante a mãe tendo a mesma ficado com diarréia; achava

que estava hipertensa, pois o rosto estava ruborizado, mas não medira sua pressão arterial.

Dolores deixou-me sozinha, fiquei conversando com Hermínia, que balbuciava, fazia

gestos, tentando comunicar-se. Olhou no relógio, pegou seu remédio que fica ao seu lado e

tomou, pois Dolores já deixa tudo encima de sua cama. Hermínia é uma senhora bem lúcida,

orientada, sabe bem os horários dos remédios e os toma sozinha, quando necessário.

Dolores ao retornar ao quarto, contou-me que programara um passeio para o final de

semana com o esposo e o filho, para a cidade de seu cunhado. Iria passar o final de semana

para descansar um pouco. Solicitou a sua irmã Dulce que mora próximo, para ficar com a

mãe. Ela deixará o celular com a mãe e a ensinou a dar um toque; assim a irmã Dulce saberá

quando sua mãe está precisando de algo. À noite Dulce e seu esposo dormirão com ela.

Percebi que Dolores estava feliz, pois iria ter um final de semana de lazer com sua

família. Hermínia escutava tudo que Dolores falava e concordava.

Já estava na minha hora, tinha que me retirar, fiquei de ligar para confirmar o horário e

o dia para levá-la no médico.

A enfermeira constata na visita, dificuldade de comunicação; comunica-se através de

gestos; dificuldade de mobilização; edema, prurido, hiperemia e flictemas nos membros

inferiores – MMII; estresse de Dolores e de Hermínia.

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Diagnóstico Data: 14/02/2006

Plano de Cuidados

Evolução Data: 02/03/2006

1.1 Enfermeira orientou Dolores a proporcionar cuidados regulares com a mudança de decúbito;

1.1.1 Obteve maior controle das áreas pressionadas

Mobilidade física prejudicada Característica definidora:Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.2 Dolores vai utilizar mais travesseiros, apoios, rolos para mudar de posição;

1.2.1 Foi colocado mais travesseiros e apoios evitando as úlcera de pressão;

2.1 Enfermeira insiste em orientar Dolores e Sueli para estimular Hermínia a usar mais gestos, para comunicar-se,

2.1.1 Dolores está estimulando Hermínia comunicar-se mais através de gestos;

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças (disartria,. dislalia).

2.2 Enfermeira, Dolores e Sueli vão incentivar H a escrever mais,

2.2.1 Dolores e Sueli estão estimulando H a escrever mais; oferecendo caneta e papel para ela escrever;

3.1 Enfermeira orientou a permanecer com os MMII elevados por mais tempo;

3.1.1 Hermínia não fica muito com as pernas elevadas;

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele.

3.2 Enfermeira orientou Dolores e Sueli para estimularem Hermínia para mexer com os pés e as mãos de hora em hora;

3.2.1 Dolores e Sueli estão chamando a atenção de H para movimentar mais os MMII, mas H não concorda muito;

4.1 Dolores solicitou a enfermeira que marcasse uma consulta na UAS para sua mãe ;

4.1.1 Enfermeira agendou consulta na UAS; 4.1.2 Hermínia consultou com clinico geral, que receitou antibiótico e analgésico e encaminhou para uma nova consulta com um angiologista;

Integridade da pele prejudicada Característica definidora: Rompimento da superfície da pele.

4.2 Dolores e Edimar decidiram também procurar uma benzedeira;

4.2.1 Dolores e Edimar acharam uma benzedeira, que fez três visitas a Hermínia;

5.1 Enfermeira orientou Dolores a realizar um passeio, sair um pouco com sua família, ter uma atividade de lazer no final de semana;

5.1.1 Dolores e a família foram passar um final de semana no sitio de parentes.

5.2 Dolores vai pedir para sua filha fazer companhia a Herminia para poder passear;

5.2.1 A filha de Dolores ficou o final de semana cuidando de Herminia;

Tensão do Papel de Cuidador Característica definidora: Apreensão em relação ao futuro no que diz respeito á saúde de receptor de cuidados e á habilidade do cuidador para fornecer esses cuidados, falta de tempo para atender ás necessidades pessoais.

5.3 Enfermeira investiga se os membros da família podem trocar de papéis.

5.3.1 Dolores tem dificuldade em conseguir que outros membros da família colaborem com os cuidados de Herminia.

6.1 Enfermeira orientou Dolores e Hermínia a importância de manter os MMII de Hermínia elevados;

6.1.1 Aos poucos está deixando mais tempo os MMII elevados,

Controle Ineficaz do Regime Terapêutico Característica definidora: Escolhas da vida

6.2 Enfermeira reforça para Herminia evitar colocar a mão nas lesões;

6.2.1 Permanece a dificuldade que Herminia tem de parar de coçar as lesões;

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6.3 Enfermeira estimula Herminia na redução do estresse e participação ativa no seu tratamento;

6.2.1 Herminia continua ouvindo mais música e assistindo seus programas de TV durante o dia;

diária ineficaz para atingir os objetivos de um programa de tratamento ou prevenção.

6.4 Enfermeira orienta Herminia sobre as possíveis complicações da sua doença se os cuidados forem inadequados.

6.3.1 Dolores esta continua estimulando Herminia a seu auto cuidado;

7.1 Enfermeira tenta transmitir a sensação de compreensão e empatia em relação a ansiedade de Dolores;

7.1.1 Dolores conversa muito com a enfermeira, tentando reduzir a sua ansiedade;

7.2 Enfermeira orienta Dolores á investigar o nível de ansiedade e procurar mecanismos de enfrentamento efetivo;

7.2.1 Dolores iniciou a tomar medicação para reduzir a sua ansiedade;

7.3 Enfermeira estimula Dolores e Herminia a conversarem sobre seus problemas;

7.3.1 Dolores está tentando melhor o nível de ansiedade, dialogando mais com Herminia e seu esposo;

Processos familiares alterados e Ansiedade Característica definidora: Agitação, irritabilidade, preocupação expressa devido a mudança em eventos da vida. 7.4 Enfermeira orienta a procurar

mecanismos para diminuição do estresse: passeios, musica, atividade física e outros.

7.4.1 Dolores está planejando um passeio com sua família.

Quadro 6 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 4ª visita. Fonte: Dados da pesquisa (2006).

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 4ª visita.

Sistema pessoal:

Percepção: Minha percepção foi aflorada logo que cheguei ao quarto de Hermínia,

quando observei suas pernas apresentando irritação, vermelhidão e coceira aparentemente

causada por uma alergia. Também percebi a preocupação da família para resolver o problema;

Self: Alterado evidenciado ao fato de Hermínia mostrar-se muito irritada e impotente

em relação ao problema que está enfrentando e a irritação na pele.

Sistema Interpessoal :

Comunicação, Interação e Transação: Aparecem de forma articulada, pois a

comunicação foi necessária para que eu e a família analisássemos juntas o problema de

Hermínia e tomássemos decisões com o objetivo de minimizar a situação de Hermínia.

Embora várias metas fossem atingidas, algumas ainda não se concretizaram, razão pela qual

será providenciada consulta médica.

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Estresse: Este conceito ficou evidente, na presença de prurido de Hermínia causando

um desequilíbrio emocional tanto para ela como para seus cuidadores, bem como, interações

conflituosas entre as duas gerações.

Papel: Desempenhado pela enfermeira como cuidadora e orientadora no momento da

visita. Em outro momento a enfermeira faz o papel do serviço de saúde, assistindo a família e

agendando consulta com o médico da UAS; A enfermeira, igualmente desempenhou seu papel

junto a família , aconselhando-a a sair e ter atividades de lazer.

Família: Ao perceber que se encontra estressada, busca auxilio no Serviço de Saúde,

bem como, se organiza para afastar-se um pouco de Dona Hermínia , em busca de lazer

.Outro membro assume os cuidados com Dona Hermínia .

Sistema Social:

Serviço de saúde: Atende a família em sua solicitação de consultas e medicamentos

para Dona Hermínia. Contudo, a situação crônica não é considerada em sua totalidade.

Poder: Este conceito apareceu quando Dolores usou seu poder, responsabilidade de

filha, cuidadora para chamar a atenção de Hermínia que teimava em coçar as feridas;

Sistema leigo/cultural de Saúde surge quando a família sente-se insegura quanto aos

cuidados do serviço profissional e busca auxílio em um tratamento popular.

Tomada de decisão: Aparece quando Dolores e seu marido tomaram a decisão de

procurar o médico da UAS e a benzedeira além de passar o final de semana fora, para aliviar

as tensões familiares.

Construtos:

Saúde-doença: O conceito de doença crônica é reafirmado com o aparecimento das

alergias nas pernas de Hermínia. O “equilíbrio” que a família vinha mantendo em relação a

comunicação e cuidados fica alterado.

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Família: Busca auxilio para Hermínia com o uso da medicina profissional, seguindo

as orientações da enfermeira, complementando com cuidados culturais, além de utilizar

recursos da própria rede familiar.

Enfermagem: A enfermeira utiliza seus conhecimentos para orientar e confortar a

família em relação aos cuidados adequados com Hermínia e ainda sugerindo que Dolores se

reveze com sua irmã nos cuidados e que ela tenha mais tempo para o lazer do casal. Ainda

percebe-se a compreensão e aceitação da família em buscar recursos da medicina leiga

(benzedeira).

6.2.4 Quinta visita – Data: 02/03/2006

Fui visitar a família novamente para realizar o processo de enfermagem. Encontrei

Hermínia sentada na cama, com as pernas com muito edema, grande quantidade de drenagem

de linfa, não podendo se movimentar muito. Continuava se “coçando” muito.

Dolores e Edimar, muito ansiosos, preocupados com a situação de Hermínia. Não

sabiam mais o que fazer. As lesões estavam aumentando cada vez mais; a medicação não

estava sendo eficiente. Decidimos então marcar outro médico, um angiologista, pois Dolores

já havia levado Hermínia na UAS.

A enfermeira registra a seguinte situação: continua a dificuldade de comunicação de

Dona Hermínia; dificuldade de mobilização; edema, prurido, rubor, calor, flictemas e

hiperemia aumentados em MMII; Dona Hermínia e Dolores apresentam-se estressadas.

Diagnóstico Data:02/03/2006

Plano de Cuidados

Evolução Data:17/03/2006

1.1 Dolores vai estimular mais Hermínia a movimentar-se mais na cama;

1.1.1 Herminia não aceita muito as orientações de Dolores;

1.2 Dolores e Edmar vão providenciar apoios para erguer mais a cama de Herminia;

1.2.1 Edmar providenciou um apoio de madeira para elevar os pés da cama de Herminia;

Mobilidade física prejudicada Característica definidora:Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.3 Dolores vai avaliar mais as extremidades, observando a textura da pele, a presença de edemas, cianose;

1.3.1 Dolores e Sueli observam atentamente todas as modificações na pele de Herminia;

Comunicação verbal prejudicada Característica

2.1 Enfermeira, Dolores e Sueli estimulam Hermínia a comunicar-se através de gestos e balbucios;

2.1.1 Dolores e Sueli ligam o radio. Herminia acompanha a musica balbuciando;

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definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças (disartria,. dislalia).

3.1 Enfermeira orientou Dolores a realizar curativos nos MMII;

3.1.1 Dolores esta realizando curativo 2 x ao dia, conforme orientação da enfermeira e do angiologista;

3.2 Enfermeira e Dolores decidiram colocar ataduras nos MMII, para evitar que Herminia coloque as mãos nas lesões;

3.2.1 Foi colocado ataduras, dificultando que Herminia colocasse as unhas nas lesões, mesmo assim ainda insisti em coçar as lesões;

Perfusão tissular periférica alterada e Integridade da pele prejudicada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele e Rompimento da superfície da pele.

3.3 Dolores vai agendar angiologista; 3.3.1 Dolores levou Herminia ao médico conforme havia agendado.

4.1 Enfermeira orientou Dolores a lavar bem a s mãos antes de realizar os curativos;

4.1.1 Dolores estava lavando bem as mãos antes de realizar os curativos;

Risco de Infecção Relacionado: destruição dos tecidos e exposição ambiental aumentada, defesas primárias inadequadas.

4.2 Enfermeira orientou Dolores maneiras corretas de usar o material estéril para a realização dos curativos;

4.2.1 Dolores esta usando material sempre limpo, cuida durante a realização dos curativos para não contaminar.

5.1 Dolores e Sueli continuam observando a dor de cabeça;

5.1.1 Dolores e Sueli somente dão tylenol quando acham necessário;

Dor crônica Característica definidora: Relato codificado e evidência observada de expressão facial.

5.2 Enfermeira ficou de falar com o medico para avaliar a dor de cabeça de Hermínia;

5.2.1 Clínico geral solicitou que fosse dado tylenol de 6/6 horas, conforme relato de dor de cabeça; 5.2.2 Orientou que fosse verificado mais vezes a Pressão Arterial de Herminia;

6.1 Enfermeira orienta Dolores a melhorar suas atitudes com o esposo e Herminia, pois está muito estressada;

6.1.1 Dolores ainda está tentando melhorar suas atitudes com o esposo e Herminia;

6.2 Enfermeira demonstra a Dolores maneiras para diminuir sua irritabilidade com Edmar e Herminia;

6.2.1 Dolores está tentando se controlar emocionalmente.

6.3 Enfermeira estimula a todos os membros da família oportunidade de avaliar a situação;

6.3.1 Dolores reuniu a família e falou de suas dificuldades com a saúde de Herminia;

Enfretamento Familiar Incapacitado/ comprometido Característica definidora: Pessoas próximas descrevem preocupação com as reações pessoais, quanto à doença do cliente, apresentam comportamento de auxiliar e de apoio, com resultado insatisfatório.

6.4 Enfermeira ajuda a família durante a avaliação da situação, esclarecendo os sentimentos.

6.4.1 Dolores está aprendendo a se posicionar com a família em relação a divisão de tarefas e nos cuidados de Herminia.

7.1 Enfermeira orientou Dolores a realizar um passeio, sair um pouco com sua família, ter uma atividade de lazer no final de semana;

7.1.1 Dolores programou um final de semana no sitio com a família;

7.2 Dolores vai pedir para sua filha fazer companhia a Herminia para poder passear

7.2.1 A irmã de Dolores ficou com dona Herminia no final de semana;

Tensão do Papel do cuidador Característica definidora: Apreensão em relação ao futuro no que diz respeito á saúde de receptor de cuidados e á habilidade do cuidador para fornecer esses cuidados, falta de tempo para atender ás necessidades pessoais.

7.3 Enfermeira investiga se os membros da família podem trocar de papéis;

7.3.1 Dolores permanece com dificuldade em conseguir que outros membros da família colaborem com os cuidados de Herminia.

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8.1 Enfermeira auxilia Dolores e Edmar na identificação dos pontos fortes em relação aos cuidados com Herminia;

8.1.1Dolores e Edmar sabem que estão fazendo tudo o que podem para ajudar Herminia;

Sentimento de Impotência Característica definidora: Expressão de duvida em relação ao desempenho do papel,expressão verbal de não ter o controle sobre a situação e resultado.

8.2 Enfermeira mantém a família informada sobre as condições do tratamento e seus resultados;

8.2. A família segue o tratamento da melhor forma possível , interagindo com a enfermeira quando necessário.

Quadro 7 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 5ª visita Fonte: Dados da pesquisa (2006)

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados a 5ª visita.

Sistema pessoal: Percepção: Logo no primeiro momento da visita, percebi que as lesões nas pernas de

Hermínia haviam aumentado assim como a sua irritação . Esta situação estava causando

grande preocupação em toda a família;

Self: Hermínia gesticula e tenta comunicar-se para demonstrar sua irritação, sua

expressão alegre desapareceu por completo, deixando evidente que a situação lhe causava um

grande estresse físico e emocional;

Sistema Interpessoal:

Comunicação, Interação e Transação: Acontecem em conseqüência umas das

outras, pois mesmo com a irritação e suas dificuldades verbais. Hermínia comunicou-se

comigo por gestos, expressões faciais, para explicar o que estava sentindo. Também houve

comunicação entre a enfermeira e a família quando me colocaram a par das evoluções do

plano de cuidados que havíamos elaborado na visita anterior e quais objetivos haviam sido

alcançados ou não;

Estresse: Continua evidente com a evolução das lesões nas pernas de Hermínia e

ainda pela preocupação de que o tratamento dado pelo médico não estava fazendo o efeito

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desejado. Estas preocupações têm deixado Dolores muito nervosa alterando seu

comportamento com toda a família;

Papel: Dolores realiza seu papel de cuidadora de Hermínia, se irrita e se desequilibra

emocionalmente. Neste momento invertem-se os papéis, pois ela também necessita de

cuidados, observação e carinho para conseguir vencer o estresse instalado pela doença da

mãe;

Sistema Social:

Serviço de Saúde: Continua respondendo as solicitações da família e enfermeira,

fornecendo curativos, remédios. Quando o médico orientou a família para verificar a pressão

arterial de Hermínia e também sobre os cuidados em relação a sua dor de cabeça; a família

prontamente seguiu as suas instruções. Não houve contudo maior envolvimento da UAS, no

sentido de controlar a evolução . Foi procurado um angiologista particular para avaliar as

lesões de Hermínia.

Construtos

Saúde-doença: O desequilíbrio causado pelo aparecimento das lesões nas pernas de

Hermínia e sua evolução aumentaram o estresse e com isso as relações na família ficaram

prejudicadas;

Família: Sempre presente, preocupada, buscando soluções para os problemas de

Hermínia, utilizando os recursos que possui, bem como assumindo os cuidados prescritos pelo

medico e enfermeira .

Enfermagem: Continuou presente através do processo de enfermagem. A enfermeira

orientou a família na maneira mais adequada de fazer os curativos, lavar as mãos para evitar

infecções a ainda a ter mais paciência com Hermínia.

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6.2.5 Sexta visita – Data: 17/03/2006

Após vários contatos por telefone com o intuito de trocar informações e orientações,

sobre os cuidados com dona Hermínia, realizei a minha sexta visita no dia dezessete de março

de 2006.

Chegando a sua casa, encontrei Dolores preparando o material para realizar os

curativos nas pernas de Dona Hermínia. Havia realizado a consulta particular, conforme

agendamento prévio feito na visita anterior e o médico solicitara o uso de pomada, e trocara a

medicação via oral (VO) e endovenosa (EV). Realizei orientação de como fazer os curativos,

e usar ataduras e apliquei a medicação por via endovenosa. Hermínia está sentada na cama,

apresenta alergia em todo o corpo, os pés com edema, as pernas com vermelhidão, bolhas,

balbucia que tem muita coceira, coloca a mão para coçar.

Dolores e Edimar estavam ansiosos, preocupados, pois não melhoravam as lesões dos

MMII de Hermínia . Percebi que a fé estava muito presente naquele momento, pois Dolores

comentava muito que Deus iria ajudá-la.

Hermínia apresentava resistência em relação ao tratamento, não deixava as pernas

erguidas e tentava “coçar”, fazendo lesões sangrantes. Dolores chamava a atenção, muitas

vezes chegando a ser bem rude com Hermínia.

Percebo que a cuidadora Sueli, por motivo de doença na família não presta mais

cuidados no período da tarde para dona Hermínia, aumentando ainda mais a sobrecarga

familiar .

A enfermeira constata dificuldade de comunicação;dificuldade de mobilização; edema,

prurido, rubor, calor, flictemas e hiperemia aumentados nos MMII; lesões pelo corpo todo e

nos MMSS; estresse de Hermínia e Dolores.

Diagnóstico Data:17/03/06

Plano de Cuidados

Evolução Data: 07/04/06

Mobilidade física prejudicada Característica definidora:Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.1 Dolores continua estimulando Hermínia a movimentar-se na cama;

1.1.1 Hermínia não consegue seguir muito as orientações devido as lesões nas pernas;

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para

2.1 Enfermeira, Dolores e Edimar estimulam Hermínia a comunicar-se através de gestos;

2.1.1 Hermínia esforça-se para expressar o que sente com gestos;

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formar palavras ou sentenças (disartria,. dislalia).

3.1 Dolores e Edimar vão observar as extremidades, a textura da pele ou a presença de edemas em Herminia;

3.1.1 Dolores e Edimar continuam observando todas as modificações na pele de Herminia;

3.2 Enfermeira orientou Dolores para continuar fazendo curativos nos MMII de Herminia;

3.2.1 Dolores esta fazendo curativos duas vezes ao dia, conforme orientações da enfermeira e do médico da UAS;

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele e Integridade da pele prejudicada Característica definidora: Rompimento da superfície da pele.

3.3 Enfermeira orientou Dolores para continuar com as ataduras nos MMII, para evitar que H coloque as mãos nas lesões;

3.3.1 Dolores continuou colocando ataduras nas pernas de H, para evitar que ela coce as lesões;

4.1 Enfermeira orientou Dolores a lavar bem a s mãos antes de fazer os curativos;

4.1.1 Dolores está lavando bem as mãos antes de fazer os curativos;

Risco de infecção Relacionado: destruição dos tecidos e exposição ambiental aumentada, defesas primárias inadequadas.

4.2 Enfermeira ensinou Dolores fazer os curativos corretamente;

4.2.1 Dolores está fazendo os curativos conforme orientação da enfermeira;

Controle familiar ineficaz do regime terapêutico Característica definidora: Verbaliza dificuldade com a regulação/ integração de um ou mais efeitos ou prevenção de complicações.

5.1 Enfermeira sugere que Dolores entre em contato com o médico angiologista novamente, para avaliar as lesões.

5.1.1 Percebemos que o tratamento não estava fazendo efeito. 5.1.2 Foi agendada nova consulta particular com angiologista.

Enfrentamento familiar ineficaz: Incapacitante. Característica definidora: Membro da família move-se em direção a um estilo de vida de promoção e enriquecimento da família , que dá apoio e monitora os processos.

6.1 Enfermeira e Dolores pensam em possibilidades para melhorar seus sentimentos.

6.1.1 Dolores está tentando evitar pensamentos negativos e se apega as suas orações.

7.1 Enfermeira continua auxiliando Dolores e Edmar na identificação dos pontos fortes em relação aos cuidados com Herminia;

7.1.1 Dolores e Edmar compreenderam que estão fazendo tudo o que podem nos cuidados de Herminia;

Sentimento de Impotência Característica definidora: Expressão de duvida em relação ao desempenho do papel,expressão verbal de não ter o controle sobre a situação e resultado.

7.2 Enfermeira continua mantendo família informada sobre as condições do tratamento e seus resultados;

7.2.1 A família continua seguindo 0 tratamento da melhor forma possível , interagindo com a enfermeira quando necessário;

9.1 Dolores e Herminia reconhecem as práticas espirituais;

9.1.1 A família participa das orações com Herminia,

Disposição para Religiosidade Aumentada- Característica definidora: Solicita

9.2 Herminia e Dolores expressam satisfação com as condições espirituais;

9.2.1 Dolores solicita a presença do padre mensalmente em sua residência;

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ajuda para aumentar a participação nas crenças religiosas através de: oração expressa desejo de reforçar modelos de crenças religiosas e costumes que proporcionaram conforto.

9.3 Dolores aceita várias práticas e crenças espirituais;

9.3.1 Dolores permitiu a presença de uma pessoa da comunidade para praticar suas crenças com Herminia;

Quadro 8 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 6ª visita. Fonte: Dados da Pesquisa (2006)

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 6ª visita.

Sistema pessoal:

Percepção: A percepção está sempre presente, pois em cada visita precisei observar e

utilizar todos os mecanismos necessários para interpretar o estado de saúde de Hermínia e da

família;

Self: Hermínia movimenta-se muito pouco, tenta coçar as pernas, sabe que é

prejudicial, mas gesticula que é difícil, sente-se impotente. Dolores está nervosa, a medicação

não estava adiantando, não sabe mais o que fazer e o sentimento de impotência é muito

grande entre todos.

Sistema Interpessoal:

Comunicação, Interação e Transação: Houve comunicação e devido a situação de

estresse, busquei escutá-los com atenção. Não conversamos muito a respeito do plano de

cuidados e ações elaboradas na visita anterior, não podendo, desta forma, verificar se houve

ou não transação.

Estresse: Continua evidente, e até aumentado com a evolução das lesões nas pernas de

Hermínia e ainda pela preocupação de que a medicação não estava sendo eficiente;

resolvendo agendar uma consulta particular com o angiologista, pois pela unidade de saúde, a

demora no agendamento é grande, e Dolores está muito ansiosa.

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Sistema Social:

Serviço de Saúde: Foi utilizado pela família através de uma consulta e medicação

para Dona Hermínia.

Tomada de decisão: Diante do estresse causado pela doença, e da insatisfação em

relação ao tratamento, Dolores e seu marido tomaram a decisão de agendar uma consulta

particular com um Angiologista pelo fato da UAS não ter um médico especialista nesta área.

Construtos:

Saúde-doença: A saúde de Hermínia e as relações familiares continuam em

desequilíbrio, pois o nível de estresse aumentou.

Família: Presente e preocupada, tentando equilibrar a saúde de Hermínia e do grupo

familiar, utilizando os recursos que possui e buscando novos.

6.2.6 – Sétima Visita – Data: 07//04/2006

Os contatos telefônicos ainda são contínuos, permanecendo o intuito de trocar

informações e orientações, sobre os cuidados com dona Hermínia, realizei a minha sétima

visita no dia sete de abril de 2006.

Ao chegar a casa de Dolores, encontrei Hermínia deitada em sua cama, dormindo.

Aguardei na cozinha e enquanto isso Dolores e eu fomos delineando alguns cuidados que

deveríamos traçar para Hermínia. Relatou que o uso das ataduras melhorara um pouco, mas

mesmo assim Hermínia não parava de colocar a mão para coçar as lesões, e isso estava

interferindo na sua melhora. Contou-me que teve que chamar a atenção de Hermínia com

mais rigor, pois não agüentava mais esta situação. Estava ficando cansada, o esposo também,

atrapalhando o funcionamento do lar, por ansiedade e nervosismo. Dolores preocupada,

ansiosa e chorosa, não consegue dormir direito à noite.

Sugeri que fossem em algum passeio, baile ou visitar amigos, para poder terem uma

distração, solicitando alguém para ficar com Hermínia, a fim de diminuir o estresse do

cuidador e família, ficaram de pensar na proposta. Fui até o quarto de Hermínia, a mesma

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estava usando apoios para poder erguer as pernas, mas ela não gostava muito. Apresentava os

MMII com muito edema, cianóticos, referia muita coceira, colocava a mão, senti que estava

irritada, cansada com esta situação.

O registro da enfermeira relata dificuldade de comunicação; dificuldade de

mobilização; edema, prurido, rubor, calor, flictemas e hiperemia permanecem aumentados nos

MMII; lesões pelo corpo todo e nos MMSS; Estresse de Dolores e Hermínia, Edimar o genro

demonstrava ansiedade.

Diagnóstico Data: 07/04/2006

Plano de Cuidados

Evolução Data: 22/04/2006

Mobilidade física prejudicada Característica definidora:Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.1 Dolores continua estimulando Herminia a movimentar-se na cama;

1.1.1 Hermínia apresenta resistência para deixar as pernas erguidas; 1.1.2 Apresenta dificuldade de movimentar-se pelo edema nas pernas;

2.1 Enfermeira, Dolores e Edmar continuam estimulando Herminia a comunicar-se através de gestos;

2.1.1 Herminia esforça-se para expressar o que sente com gestos;

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças (disartria,. Dislalia).

2.2 Dolores oferece caneta e papel para Herminia;

2.2.1 Herminia tenta escrever algumas palavras no papel;

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele.

3.1 Dolores e Edmar vão observar as extremidades, a textura da pele ou a presença de edemas em Herminia;

3.1.1 Dolores e Edmar continuam observando todas as modificações na pele de Hermínia;

4.1 Enfermeira orientou Dolores para continuar fazendo curativos e como usar as ataduras em Herminia;

4.1.1 Dolores esta fazendo curativos e usando ataduras nas pernas de Herminia, conforme orientações da enfermeira e do angiologista;

Integridade da pele prejudicada Característica definidora: Rompimento da superfície da pele.

4.2 Enfermeira orientou Dolores para administrar a medicação receitada pelo médico;

4.2.1 Dolores e Edmar administraram a medicação nos horários corretos;

Risco de infecção Relacionado: destruição dos tecidos e exposição ambiental aumentada, defesas primárias inadequadas.

5.1 Enfermeira reforça que Dolores deve lavar bem a s mãos antes de fazer os curativos;

5.1.1 Dolores está lavando bem as mãos antes de fazer os curativos;

Enfretamento Familiar Incapacitado/

6.1 Enfermeira conversa com Dolores e Edimar incentivando-os para terem mais dialogo sem desentendimentos;

6.1.1 Dolores está tentando conversar mais com Edimar, mantendo a calma durante a fala;

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Diagnóstico Data: 07/04/2006

Plano de Cuidados

Evolução Data: 22/04/2006

comprometido Característica definidora: Pessoas próximas descrevem preocupação com as reações pessoais, quanto a doença do cliente, apresentam comportamento de auxiliar e de apoio, com resultado insatisfatório.

6.2 Enfermeira e Dolores discutem formas de propiciar mais lazer com sua família;

6.2.1 Dolores decidiu convidar Edmar para um jantar dançante com amigos;

7.1 Enfermeira continua transmitindo a Dolores sensação de compreensão e empatia em relação a sua ansiedade;

7.1.1 Dolores conversa muito com a enfermeira, tentando reduzir a sua ansiedade;

7.2 Enfermeira orienta Dolores a investigar o nível de ansiedade e procurar mecanismos de enfrentamento efetivo;

7.2.1 Dolores continua tomando medicação para reduzir a sua ansiedade;

Processos familiares alterados e Ansiedade Característica definidora: Agitação, irritabilidade, preocupação expressa devido a mudança em eventos da vida.

7.3 Enfermeira reforça que a família deve procurar mecanismos para diminuição do estresse: passeios, musica, atividade física e outros;

7.3.1 Dolores e Edmar viajaram para a casa de parentes durante um final de semana.

Quadro 9 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 7ª visita. Fonte: Dados da Pesquisa (2006)

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de Imogene

King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 7ª visita.

Sistema pessoal:

Percepção: Em cada visita observo e utilizo todos os mecanismos necessários para

interpretar o estado de saúde de Hermínia e da família;

Self: Hermínia movimenta-se muito pouco, tenta coçar as pernas, continua irritada

com a situação; o mesmo ocorrendo com o casal.

Sistema Interpessoal:

Comunicação, Interação e Transação: Houve comunicação, interações e alguma

transação, pois naquele momento o objetivo principal era seguir o tratamento receitado pelo

médico a fim de diminuir e resolver o problema das lesões;

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Estresse: Continuava evidente, com tendência a estabilizar, pois com a nova consulta

ao Angiologista e a mudança de medicação, um clima de confiança na possibilidade de

melhora começou a se instalar, pelo menos para Dolores.

Papel: Nesta visita a Enfermeira executa dois papéis ao mesmo tempo, o do Serviço

de Saúde assistindo na residência do paciente e como profissional de Enfermagem mestranda,

assistindo a família nos cuidados de si de Dona Hermínia. Ao mesmo tempo a família, como

responsável pela Dona Hermínia desempenha o seu papel, buscando outro serviço de saúde.

Sistema Social:

Serviço de Saúde: utilizado o recurso médico de um serviço particular, uma vez que

não foi observada melhora em Dona Hermínia. A UAS, através da enfermeira pesquisadora

este presente ao dar a medicação, realizar as medicações endovenosa e intramuscular em sua

casa .

Poder: O poder e a responsabilidade de Dolores, como filha, foram utilizados para

chamar a atenção de Hermínia, para evitar que ela aumentasse as lesões, diminuindo o risco

de infecções que poderiam gravar ainda sua saúde.

Construtos

Saúde-doença: A saúde de Hermínia e de toda a família continuavam em

desequilíbrio, pois ainda havia estresse, surgindo impaciência e irritação.

Família: Sempre presente e preocupada, tentando equilibrar a saúde de Hermínia,

buscando novos recursos frente a não resolução do problema.

Enfermagem: Através do processo de enfermagem esteve presente, cuidando da idosa

e de sua família, promovendo a mediação entre o serviço de saúde e o domicílio.

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6.2.7 Oitava Visita – Data: 22//04/2006

No período entre as duas visitas, Dolores entrou em contato comigo várias vezes por

telefone. No dia anterior 21/04/2006 relatou que as pernas de Hermínia estava novamente

com lesões, flictemas, solicitou para que eu ligasse para o angiologista . Entrei em contato

com ele que solicitou sua internação no Hospital.

Hermínia foi hospitalizada no mesmo dia para iniciar com antibiótico via endovenosa

por 4 dias. Ao visitá-la no Hospital Misericórdia da Vila Itoupava dia 22/04/2006, percebi que

Hermínia ficou muito contente, com minha visita, mas ao mesmo tempo estava triste em ter

que ficar no hospital, longe de sua família. Naquele momento Dolores estava com Hermínia,

para lhe fazer companhia.

Nesta visita não realizei o processo de enfermagem, pois a mesma seguia prescrição

médica e de enfermagem, onde no momento eu não poderia intervir, realizei a observação e

evolução dos cuidados que foram prescritos no dia 07/04/06.

Hermínia recebeu alta hospitalar no dia 25/04/2006, com melhora das lesões das

pernas. A família no momento da alta foi diretamente na UAS ao meu encontro, onde eu

forneci os medicamentos prescritos pelo médico e após mantivemos o contato por telefone

por vários dias trocando informações e orientações sobre o cuidado.

6.2.8 Nona Visita – Data: 06/05/2006

Dolores entrou em contato no dia 05/05/2006, pois as lesões na perna de sua mãe

estavam piorando novamente, então agendei nova visita.

Ao chegar a casa encontrei Hermínia calma, sentada na cama, assistindo a missa na

televisão, com as pernas enfaixadas, com edema e rubor. Ainda sentia “coceira”, percebia que

estava ansiosa com a situação. Através de gestos e balbucios tentava me mostrar que as pernas

não estavam melhorando . Resolvemos entrar em contato com o angiologista que pediu para

repetir a medicação EV. Na tentativa de iniciar a medicação EV, dona Hermínia recusava-se

tomá-la e começou a bater em Dolores e em mim. Com a mão esquerda fazia movimentos de

negação, ou seja, não queria que eu puncionasse a sua veia. Dolores ficou muito chateada e

gritou usando seu poder dizendo que tinha que me deixar administrar o remédio. Naquele

momento Hermínia começou a chorar, cedendo ao pedido da filha e acabei realizando a

medicação.

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Dolores comentou que não agüentava mais, estava cansada, desanimada, mas tinha

muita força de DEUS, para vencer, percebia no seu olhar a angustia, vontade de chorar. A

enfermeira também não sabia como ajudar, estava sentindo-se impotente diante da situação.

Decidimos então marcar uma alergista particular, pela demora no agendamento pela UAS.

A enfermeira registra a seguinte situação, dificuldade de comunicação; dificuldade de

mobilização; edema, prurido, rubor , flictemas e hiperemia nos MMII; lesões pelo corpo todo

e nos MMSS; estresse de Dolores e Herminia.

Diagnóstico

Data: 06/05/2006

Plano de Cuidados Evolução

Data:18/05/2006 Mobilidade física prejudicada Característica definidora:Capacidade limitada para desempenhar habilidades motoras grossas e finas.

1.1 Dolores e enfermeira orientam Hermínia a manter as pernas erguidas, devido o edema e lesões;

1.1.1 Hermínia apresenta resistência para deixar as pernas erguidas;

2.1 Enfermeira, Dolores e Edimar estimulam Hermínia a comunicar-se através de gestos;

2.1.1 Herminia esforça-se para expressar o que sente com gestos; 2.1.2 Hermínia está muito desanimada.

Comunicação verbal prejudicada Característica definidora: Dificuldade para formar palavras ou sentenças (disartria,. Dislalia)

2.2 Dolores e enfermeira propõem a Herminia que escreva seus pedidos;

2.2.1 Herminia não aceita.

Perfusão tissular periférica alterada Característica definidora: Edema e mudança na temperatura da pele.

3.1 Dolores vai observar as extremidades, a textura da pele ou a presença de edemas em Hermínia;

3.1.1 Dolores continua observando todas as modificações na pele de Hermínia;

4.1 Enfermeira orientou Dolores para continuar fazendo curativos e usar as ataduras em Hermínia;

4.1.1 Dolores esta fazendo curativos e usando ataduras nas pernas de Herminia, conforme orientações da enfermeira e do angiologista;

Integridade da pele prejudicada Característica definidora: Rompimento da superfície da pele.

4.2 Enfermeira orientou Dolores para administrar a medicação via oral receitada pelo médico;

4.2.1 Dolores e Edimar administraram a medicação nos horários corretos;

5.1 Enfermeira orientou novamente Dolores a lavar bem as mãos antes de fazer os curativos;

5.1.1 Dolores esta lavando bem as mãos antes de realizar os curativos;

Risco de infecção Relacionado: destruição dos tecidos e exposição ambiental aumentada ,defesas primárias inadequadas

5.2 Enfermeira orienta Dolores a usar luvas de procedimentos durante a troca de curativos

5.2.1 Dolores solicitou luvas na UAS para realizar os curativos;

Controle Familiar Ineficaz do Regime Terapêutico

6.1 Decidimos marcar um alergista para Herminia;

6.1.1 Edmar agendou uma consulta com a alergista;

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Diagnóstico Data: 06/05/2006

Plano de Cuidados

Evolução Data:18/05/2006

Característica definidora: Verbaliza dificuldade com a regulação/ integração de um ou mais efeitos ou prevenção de complicações.

6.2 Dolores mostra-se preocupada com a situação de Herminia.

6.2.1 Dolores conversa muito com a enfermeira, desabafando suas ansiedades;

7.1 Enfermeira reforçou que Dolores Precisa sair com mais freqüência para passear;

7.1.1 Dolores programou ir no baile no próximo final de semana;

7.2 Dolores vai pedir para sua irmã para fazer companhia a Herminia para poder ir ao baile;

7.2.1 Sua irmã vai ficar com dona Herminia no sábado à noite;

Tensão do Papel do cuidador. Característica definidora: Apreensão em relação ao futuro no que diz respeito á saúde de receptor de cuidados e habilidade do cuidador para fornecer esses cuidados, falta de tempo para atender ás necessidades pessoais.

7.3 Dolores tem dúvidas se seus cuidados com Herminia estão adequados e solicita orientações a enfermeira;

7.3.1 Enfermeira orienta Dolores em relação aos cuidados prestados a Herminia, explicando-os detalhadamente;

8.1 Enfermeira proporciona a família avaliação da situação real;

8.1.1 Dolores e Edimar procuram meios para diminuir os conflitos,esclarecendo para Hermínia sua situação de saúde;

Enfretamento Familiar Incapacitado/ comprometido Característica definidora: Pessoas próximas descrevem preocupação com as reações pessoais, quanto a doença do cliente, apresentam comportamento de auxiliar e de apoio, com resultado insatisfatório.

8.2 Enfermeira sugere que continuem procurando apoio espiritual;

8.2.1 Edmar e Dolores solicitam ao padre para ir visitar Herminia mais vezes

Quadro 10 – Diagnóstico de enfermagem, plano de cuidados e evolução da 8ª visita. Fonte: Dados da pesquisa (2006).

Apresenta-se a seguir, a releitura da família de Hermínia à luz dos escritos de

Imogene King, contendo estrutura, construtos e conceitos identificados, relacionados à 8ª

visita.

Sistema pessoal:

Percepção: O conceito de percepção ficou evidente, pois a família, Hermínia e a

enfermeira, percebem que as pernas não estão melhorando, e novamente apresenta lesões,

edema e rubor, com isso observei que as percepções eram idênticas, efetivando as metas

propostas.

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Self: Este conceito está presente em relação a Hermínia, Dolores e Enfermeira, pois as

três sentem-se impotentes, pela situação, estando evidente o estresse, o sentimento de

impotência.

Sistema Interpessoal :

Comunicação, interação, transação: esses conceitos se fazem presentes, no processo

de cuidar, embora algumas metas não tenham sido atingidas ainda.

Papel: Ficou claro quando Dolores usou o seu poder de filha e cuidadora, no momento

em Hermínia não queria que a enfermeira administrasse a medicação, ocorrendo

desentendimento entre mãe e filha.

Sistema Social:

Serviço de Saúde: destaca-se no momento em que fornece as medicações prescritas

pelo medico particular. A enfermeira da unidade solicita a transcrição para receituário do SUS

ao clinico geral.

Construtos:

Saúde-doença: É percebido na imagem corporal de Hermínia, que apresenta as pernas

com edema e lesões aumentadas. Dolores também se apresenta cansada, estressada com esta

situação, mas mesmo assim a família procura minimizar os efeitos da doença.

Família: O conceito de família aparece quando os membros da família demonstram

interesse em permanecerem unidos, com o objetivo de que Hermínia melhore.

Enfermagem: fica claro quando a enfermeira assisti de forma integral a família,

tentando ajudar, administrando medicamentos, reforçando os cuidados prestados, partilhando

informações sobre as situações ocorridas e traçando metas.

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6.2.9 Décima Visita: Data: 18/05/2006

Nesta última visita não realizei o processo de enfermagem, encontrei Hermínia mais

tranqüila, animada, pois os MMII estavam melhorando da alergia. Estava mais feliz,

encontrava-se sentada na cama, com as pernas elevadas, com diminuição das lesões, edema,

flictemas, mas ainda estavam enfaixadas, para evitar que colocasse a mão.

Dolores também estava mais confiante, relatando que agora acreditava que as lesões

estavam melhorando, pois havia levado Hermínia na alergista, que trocara a medicação, e

estava surtindo efeito. Percebi que todos estavam bem mais tranqüilos naquele momento.

Dolores agradeceu-me pela ajuda durante as complicações de sua mãe e falou que eu já estava

fazendo parte de sua família, e que jamais iria perder o contato comigo.

Durante os seis meses em que estive acompanhando esta família, observei a evolução

dos cuidados prestados e a força de vontade de realizá-los, ocorrendo comunicação, interação

e transação entre família e enfermeira, sendo viável a teoria utilizada por King, apesar de

todas as dificuldades encontradas, em relação ao estresse do cuidador e da família. Importante

salientar o apoio da família em especial a filha Dolores e o esposo Edimar, foi de grande valia

para que o processo de enfermagem pudesse ser aplicado em sua totalidade, pois traçávamos

metas para o cuidado e posteriormente avaliávamos, com o objetivo de verificar se houve

transação no processo proposto.

Ficou evidente a falta de estrutura e organização do serviço de saúde, a que a família

se inseri, oferecido a pacientes portadores de doenças crônicas, pois muitos desses cuidados

fogem do alcance da UAS, e dependem muito de uma política de saúde articulada e eficaz que

traga resolubilidade ao tratamento destes pacientes.

Através da realização desta pesquisa, conformou-se uma nova visão no

estabelecimento de atitudes que propiciem um acompanhamento aos usuários com doenças

crônicas desta UAS, desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,

onde se pode ampliar a assistência no domicílio, e desta forma contribuir para uma nova

forma de atuar na saúde.

Sendo assim, surge por parte da pesquisadora enfermeira e sua colega a enfermeira do

turno da tarde da UAS uma proposta para o acompanhamento de doentes crônicos, com a

realização de visitas domiciliares quinzenais e formação de grupo de apoio aos mesmos, com

o objetivo de minimizar as seqüelas e auxiliar as famílias neste cuidado essencial.

Planejando a realização das visitas domiciliares, a atenção fica dirigida aos programas

pré-estabelecidos, como amamentação, hipertensão ou outros, mas principalmente um

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cuidado preventivo com determinada doença crônica, estabelecendo vínculos com a família,

tornando-a co-participe nas intervenções reais que tem necessidade, aumentado a qualidade de

vida e que a humanização da assistência seja valorizada.

O profissional da saúde deve buscar assumir nas suas ações de saúde novos padrões de

autonomia e responsabilidade dando resolubilidade nas mesmas; pois o atendimento

domiciliar é uma tendência cada vez mais aceita, pois proporciona conforto ao doente e a sua

família, além de diminuir os custos hospitalares. Esta mudança cultural tenta mudar o modelo

de atenção centrada no médico e no hospital, para um modelo de assistência integral.

Destaco que Dolores mantém contato por telefone, com a enfermeira, fornecendo e

trocando informações a respeito de Hermínia e sua família.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A seguir algumas reflexões serão apresentadas sobre a proposta teórica-prática e suas

possibilidades frente ao SUS.

A estrutura conceitual de King

a) Sistema pessoal:

Analisando o processo de cuidar da pessoa convivendo com a doença crônica, no caso

Acidente Vascular Cerebral (AVC), e sua família, fundamentado em King (1981) sob a ótica

de sistemas pessoais, podemos observar que os seres humanos percebem as situações, reagem

às interferências do seu ambiente interno e externo, tem idéias, valores, crenças e práticas que

determinam suas reações, posições e ações frente aos diferentes sistemas que compõem a

sociedade.

De acordo com Sena et al (2000) durante o desenvolvimento do ser humano, família

e amigos intercalam papéis de importância na vida da pessoa, sempre relacionados à

manutenção do bem-estar e da saúde. Os autores afirmam que a família cada vez mais tem

assumido parte da responsabilidade de cuidar de seus membros e, nesta perspectiva, necessita

de apoio de profissionais, quando diz respeito à atenção a saúde, seja a nível hospitalar ou

domiciliar.

O cuidado executado por um familiar próximo assume significados, muitas vezes,

compreendidos só por quem está envolvido. O cuidador reconhece que a sua presença e apoio

são de extremo valor para o ser cuidado.

O portador da doença crônica percebe com mais nitidez as alterações do seu ambiente

interno, devido à doença e suas complicações. Quanto maior o número e extensão das

limitações que a doença lhe impõe, maior torna sua dependência de cuidados externos, a

serem promovidos por membros de sua família, vizinhos, profissionais e serviços outros,

dentre os quais sobressai o sistema de saúde. Seu crescimento e desenvolvimento

biopsicosócio cultural encontra-se afetado em maior ou menor grau, dependendo do estágio

em que a doença se encontra.

O conhecimento e a percepção que tem de si (Self) se altera de acordo com o

comprometimento da doença, mas também pelo estágio vivenciado pela pessoa (agudo,

crônico, recidiva). Há momentos em que a pessoa se sente bem, intercalados com períodos de

dor, angústia, tristeza irritação, agressividade, principalmente quando do surgimento de

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complicações. O cuidado de si e a autonomia no viver o cotidiano estão igualmente na

dependência do estágio vivenciado pelo portador de doença crônica. A identificação de

limitações permanentes, temporárias, e do grau das mesmas, bem como dos requerimentos de

ajuda são fundamentais para que a pessoa portadora de doença crônica possa conviver com

melhor qualidade de vida. No caso investigado, as limitações decorrentes da doença levaram

sua portadora a um quase confinamento ao quarto, diminuindo substancialmente seu espaço

físico, mas também sócio-cultural, por reduzir seu contato com outros sistemas (pessoais,

interpessoais e sociais).

A família, vista por King (1981) como sistema pessoal permite que o profissional de

saúde a compreenda em sua especificidade, isto é, em sua trajetória e ciclo vital, em sua

dinâmica, em suas percepções, crenças, valores, práticas, na forma como se define, e em seu

ambiente físico, simbólico e doméstico. O sistema familiar com um de seus membros portador

de doença crônica, no caso com seqüelas de AVC conforme se constata neste exemplo, passa

por modificações a fim de possibilitar uma vida familiar mais próxima do que consideram

normal. Desta forma, faz alterações na planta física da casa para acomodar melhor seu

membro com dificuldade de locomoção, de cuidar de si mesmo, de comunicar-se. As

refeições em conjunto são (avó, pais e filhos) organizadas, a fim de possibilitar a presença de

todos. E a contratação de um cuidador para permanecer com o doente na ausência de

familiares, é igualmente uma maneira de o sistema flexibilizar-se e se manter unido,

demonstrando seu apreço, afeto e cuidado para com o outro.

Contudo, percebe-se que os familiares nessa situação podem sentir-se esgotados,

estressados, e preocupados, o que ocorre nos períodos de agravamento da doença ou no

surgimento de novas complicações, ou quando se percebem fragilizados frente à falta de

apoio de sua rede informal ou inseguros quando o sistema de saúde apresenta uma atenção

pulverizada, desarticulada, e rotineira, sem considerar as condições de pessoas portadoras de

doenças crônicas, que apresentam necessidades específicas.

É no domicílio que se inicia a maioria dos cuidados recebidos pelo cliente vítima de

afecções neurológicas, assumidos pela família em seu domicilio, onde passarão a resolver

problemas relacionados, desde as complicações cognitivas e déficits perceptuais, até as

disfasias e hemiplegias. Acrescenta-se que ao mesmo tempo em que a lesão cerebral

influencia na recuperação do sobrevivente, a maneira pela qual a família cuida do indivíduo

que adquiriu deficiências, relacionadas à mobilidade, alimentação e comunicação, também

pode produzir impactos profundos no curso da reabilitação (MACHADO, 1995 ). Observa-se

que nestas situações o desenvolvimento do grupo familiar torna-se afetado, podendo inclusive

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alterar o estado de saúde dos demais membros. As crenças e valores do portador de AVC tem

sido importantes na promoção da sua saúde, e na aceitação de suas limitações. Da mesma

forma, os valores da família (amor filial, cuidado, compromisso) tem auxiliado em sua

trajetória de cuidado.

b) Sistema interpessoal:

A aplicação do referencial de King (1981) no que se refere aos sistemas interpessoais

ao portador de doença crônica (AVC) e sua família demonstra que os mesmos devido a

dificuldade de comunicação, de locomoção e do cuidado de si acabam determinando

modificações no desempenho dos papeis, individuais e familiares, nas interações intra e extra

familiares, no surgimento do estresse, e na criação de novas formas de se cuidar, cuidar do

outro e do ambiente.

Silva (2004) menciona que a família é compreendida como um grupo interativo, sítio

privilegiado de relações e manifestações afetivas, cujos membros dividem atribuições e

tarefas, produto de heranças culturais, do próprio ciclo de vida familiar e, também, da sua

articulação social mais ampla.

A comunicação escrita e verbal estando bastante comprometida conduz ao

desenvolvimento de novas maneiras de comunicar-se como o uso de gestos, sorrisos, choro,

introdução de sinais (campainha), entre outros, que permitem a interação entre os membros da

família, o portador da doença crônica e os profissionais.

Muitas pessoas encontram-se privadas de se comunicar quando são afetadas nas áreas

cerebrais que estão responsáveis pela comunicação. A afasia é por si só a perda da capacidade

e das habilidades de linguagem falada e escrita. A comunicação pela linguagem falada é

peculiar aos seres humanos, sendo diferencialmente localizada no hemisfério esquerdo e se

correlacionando com assimetrias anatômicas (lobos frontal e temporal).

Na presença da doença e suas seqüelas, os papeis familiares se transformam a fim de

se adequarem a nova situação. Percebe-se que a portadora de AVC, embora acamada, e com

vários comprometimentos, busca manter sua autonomia quanto à alimentação, higiene, e

movimentação no quarto. Contudo, está consciente de que necessita de ajuda para realizar

outras atividades.

A família, por sua vez, fundamentada em suas crenças e valores, assume o papel de

cuidar da mãe/avó. Introduz modificações na planta física para que ela tenha mais autonomia,

preocupa-se com sua higiene, bem estar, saúde e a necessidade de sentir-se parte integrante do

núcleo familiar. Revê seus papeis, refaz horários de trabalho, a fim de garantir ao familiar

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acamado a presença de um membro da família. Quando fica sobrecarregada, busca, através da

contratação de pessoal conhecido, atender a necessidade de cuidados pessoais.

Contudo, observa-se que a família tem um limite em sua capacidade de cuidar.

Quando este é ultrapassado, seus integrantes evidenciam cansaço, estresse, dificuldades na

interação entre si e com o doente.

Quando o cuidador é um membro da família, a situação não é menos dificultada. É

importante lembrar que a dependência psicofuncional do idoso modifica significativamente a

rotina, a dinâmica familiar e as relações de troca entre seus membros. A inversão de papéis

(do ser cuidado para cuidar) coloca uma série de demandas novas e inesperadas, que são

atendidas de maneira angustiante por quem cuida, em virtude do envolvimento afetivo entre

paciente e familiar ( 1996 ).

Percebe-se que nesta família, a sua rede de suporte social está restrita ao representante

da igreja e a alguns familiares mais próximos, impedindo uma maior troca entre os sistemas, o

que poderia ampliar os recursos da família e da própria doente.

O papel da enfermeira-pesquisadora surge como uma mediação entre o portador da

doença crônica, sua família e o serviço de saúde. Identifica as necessidades de cuidado

individuais e da família, suas forças e recursos, tentando fazer as aproximações possíveis, e

discutindo caminhos para resolução das dificuldades.

c) Sistema social:

Conforme se verifica ao longo da trajetória da família, há poucas pontes entre o

sistema familiar e a sociedade. As presenças da vizinha cuidadora e do pároco são as únicas

constantes na vida da portadora de AVC que é acamada.

No caso dos serviços de saúde, há três unidades, AG (ambulatório geral), PSF e a UAS

da qual faz parte a enfermeira pesquisadora. A do PSF, embora próxima de sua casa, não pode

ser acionada pelo fato da casa da família não pertencer a área descrita pelo programa da

família . É de se questionar a razão de casas próximas ao PSF, com familiares acamados, não

serem atendidas pelo serviço, ao menos em caso de orientação e encaminhamentos urgentes.

Em relação a UAS verifica-se, pelo estudo, que a mesma só atende as famílias e

doentes, na unidade, e mesmo assim, só quando procuradas pela população. Sua estrutura e

sua organização não promovem o controle e acompanhamento do portador de doença crônica

acamado, pois oferecem os serviços (medicação, curativos, troca de receitas) apenas quando

solicitados. Constata-se ainda deficiências nos processos de referencia e contra-referencia, o

que de certa forma, faz a família sentir-se só e insegura quanto ao caminho a percorrer.

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Por outro lado, a inexistência ou o desconhecimento de outros serviços na comunidade

que apóiam famílias e portadores de AVC, limita as interações e a possibilidade de

compartilhar cuidados, preocupações e alegrias. Vê-se assim que os princípios do SUS de

universalidade, intersetorialidade, integralidade entre outros, ainda necessitam ser melhor

compreendidos e implementados.

d) O processo de cuidar de um portador de AVC e sua família:

As reflexões aqui feitas levam em conta a situação peculiar deste estudo, isto é, uma

enfermeira mestranda de uma UAS que se propõe a cuidar de um portador de AVC e sua

família. Por esta razão serão feitas considerações a respeito do processo em si, e logo após,

sobre as possibilidades de sua implantação em uma Unidade Avançada de Saúde.

O processo de cuidar baseado em King (1981) traz vários desafios. O primeiro, e

talvez o mais relevante, é o de compreender sua proposta teórica e metodológica. Entender o

significado dos conceitos dos três sistemas, perceber as articulações entre eles, operacioná-los

para uma determinada situação crônica é realmente um processo que exige esforço e tempo,

entre outros componentes.

Os conceitos, formulados por King são bastante amplos, permitindo, de certa maneira,

acolher as características das situações crônicas de saúde. Contudo, o cuidado de si, e do

outro, foram introduzidos no estudo, por sua relevância. Talvez, para King (1981), estejam

incluídos no conceito de papel.

No caso de enfocar a família, foi preciso utilizar a literatura própria da área,

principalmente no que diz respeito a rede de suporte social, recursos e forças.

Quanto ao sistema social, embora a autora o defina de forma geral, sente-se a

necessidade de adaptá-lo a realidade do SUS, suas políticas e programas ao contexto em que

vivem as famílias.

Em relação a metodologia do cuidar várias foram as dificuldades, decorrentes

principalmente da formação da enfermeira, centrada mais na doença do que na pessoa e sua

família, mais nos problemas que ela percebe, ao invés de considerar a percepção dos

envolvidos, mais em suas próprias ações, do que num processo compartilhado: profissional,

pessoa e familiares.

A primeira alteração feita ao processo foi de utilizar o diagnóstico de Nanda (2004) e

Carpenito (2002), ao invés da lista de problemas. Isto auxiliou bastante a enfermeira, que já

tem certo domínio do mesmo, decorrente de sua atividade profissional. Contudo, o

diagnóstico das situações familiares foram, em parte, criadas a partir das leituras.

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O plano de cuidados compartilhados foi uma experiência marcante devido a proposta

de King que, para se atingir a transação, é necessário o acordo entre os envolvidos. A

enfermeira muitas vezes se “policiou” para não conduzir o processo sozinha. Foi importante

esta aprendizagem, tendo em vista que a pessoa portadora de AVC e sua família precisam

assumir seus cuidados, sua autonomia, na medida do possível. A comunicação e a interação

entre sistemas (pessoal, interpessoal e social) estão previstos no pensar de King, mas não no

sentido de total dependência.

Observa-se, por se tratar de situação crônica que os diagnósticos e planos de cuidado

se repetem por períodos mais ou menos longos, intercalados por períodos de agravamento do

estado geral do doente, afetando igualmente o bem estar familiar. Os cuidados prescritos

dizem respeito ao paciente individual, enquanto outros estão direcionados ao sistema familiar.

A evolução apresentou-se também como uma forma de avaliação continuada, o que permitia

observar criticamente o processo em seu todo.

Desenvolver um processo com pessoas convivendo com situações crônicas de saúde e

suas famílias, segundo a proposta de King, exige uma articulação com os demais sistemas,

principalmente os de saúde. A enfermeira percebe as limitações por não entrar em contato

com a rede social da família e da paciente; desconhecer outros serviços que poderiam ser

acionados para ampliar os recursos da família; pela estrutura e organização da unidade em que

atua; e por não estar devidamente preparada para uma atenção a saúde específica para os

pacientes crônicos e suas famílias.

A questão sobre a viabilidade ou não de se aplicar o processo de cuidar na realidade

vivenciada hoje pelas enfermeiras da UAS que estão geralmente sozinhas, e só atuam no

espaço físico da unidade, exige certas considerações. A principio, a estrutura conceitual de

King, com adaptações a situação do conviver com a doença crônica em família, auxilia a

equipe a ter uma abordagem mais abrangente, e mais sintonizada com os princípios do SUS.

O acompanhamento do caso de forma sistemática, envolvendo todos os atores (profissionais e

familiares) permite que as situações de agravamento e/ou as de manutenção de saúde

individual e grupal sejam monitorizadas e passíveis de ações no momento adequado.

O paciente e sua família se tornam atores de sua história (de saúde e doença) e cientes

de seus direitos e responsabilidades, segundo King. Para o SUS, que preconiza a participação,

o controle social e a cidadania, pode ser um dos caminhos para se atingir tais princípios.

Esta abordagem exigirá, entretanto, alterações no serviço de saúde, tais como a

preparação da equipe técnica, mudanças quanto à assistência, incluindo consultas de controle,

atendimento em grupos de famílias, interlocução com outros serviços, no caso de internação,

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maior domínio da rede de serviços comunitários, e, sobretudo, maior envolvimento com a

realidade local.

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APÊNDICE 1 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA 1ª etapa

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PACIENTE E DA FAMÍLIA Nome: Idade: Data de nascimento: Estado civil: Sexo: Grau de instrução: Ocupação: Número de filhos: Endereço residencial: Telefone: Nome do Familiar: Grau de parentesco com o cliente: Idade do familiar: Cor: Cliente Familiar Branco ( ) ( ) Negro ( ) ( ) Outro ( ) ( ) Renda: Cliente Familiar Não possui ( ) ( ) Possui ( ) ( ) Qual?______________ Grau de instrução do familiar: 2ª Etapa IDENTIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE DA FAMÍLIA VIOLETA Estado de Saúde da paciente e da família cuidadora Diagnostico apresentado – saúde doença; Perdas da capacidade Física – saúde – doença; Cuidados recebidos; Nível de Informação a respeito da doença; Dificuldade para seguir o tratamento; Necessidade de conhecer sua situação crônica no processo saúde-doença; Preocupação com a aparência individual – imagem corporal. Fatores que influenciam na qualidade de vida da FAMÍLIA

Nível de Informação a respeito da doença Assistida por Serviços de Saúde Condições de saúde, moradia, alimentação e lazer Empregabilidade e renda familiar Liberdade de expressão Discriminação por parte da sociedade Crenças e valores presentes Comunicação e interação entre a paciente e cuidadores Perdas nos relacionamentos sociais Perdas do lazer – cuidados de si (família)

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Estado de Saúde da paciente e da família cuidadora Diagnostico apresentado – saúde doença; Perdas da capacidade Física – saúde – doença; Nível de Informação a respeito da doença; Dificuldade para seguir o tratamento; Necessidade de conhecer sua situação crônica no processo saúde-doença; Preocupação com a aparência individual – imagem corporal; Convivência com a doença. O Cliente mora com o familiar Sim ( ) Não ( ) Tipo de cuidado prestado pelo familiar? Há quanto tempo cuida do familiar com AVC? O familiar tem alguma doença importante, citar quais? O cliente tem alguma doença importante, citar quais? Diagnóstico médico do cliente Há quanto tempo o cliente tem a doença?

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APÊNDICE 2 – RESUMO DA APLICAÇÃO DO PROCESSO

RESUMO DA APLICAÇÃO DO “PROCESSO DE ENFERMAGEM” DATA AÇÕES REALIZADAS DURANTE O PROCESSO

28/11/2005 1ª Visita Interação entre Enfermeira e Família de Hermínia 10/12/2005 2ª Visita Coleta de dados 1ª Evolução 19/01/2006 3ª Visita Coleta de dados 2ª Evolução 14/02/2006 4ª Visita Coleta de dados 3ª Evolução 02/03/2006 5ª Visita Coleta de dados 4ª Evolução 13/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 15/03/2006 UAS Consulta com clínico geral e fornecimento de remédios 15/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 16/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 17/03/2006 UAS Fornecimento de remédios 17/03/2006 6ª Visita Coleta de dados 5ª Evolução 19/03/2006 Telefonema Interação entre Enfermeira e Família Herminia 23/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 24/03/2006 UAS Fornecimento de remédios 24/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 31/03/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 07/04/2006 7ª Visita domiciliar Coleta de dados 6ª Evolução 11/04/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 12/04/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 17/04/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 20/04/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 22/04/2006 8ª Visita Hospital Coleta de dados 7ª Evolução 28/04/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 01/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 03/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 05/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 06/05/2006 9ª Visita Coleta de dados 8ª Evolução 09/05/2006 UAS Fornecimento de remédios 15/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 16/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 18/05/2006 10ª Visita Troca de informações e orientações sobre cuidados 25/05/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 02/06/2006 Telefonema Interação entre Enfermeira e Família de Hermínia 14/06/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 20/06/2006 UAS Fornecimento de remédios 22/06/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 26/06/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 30/06/2006 UAS Fornecimento de remédios 01/07/2006 Telefonema Troca de informações e orientações sobre cuidados 07/07/2006 Visita de integração Interação entre Enfermeira e Família de Herminia 20/07/2006 Visita de integração Interação entre Enfermeira e Família de Herminia

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APÊNDICE 3 – TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DOS DADOS

Os abaixo assinados pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de Dados”

em conformidade com a Instrução Normativa n. 004/CEP/UNIVALI/2002, autores da pesquisa sobre o tema: “Famílias convivendo com um portador de Acidente Vascular Cerebral: uma proposta de cuidado baseada em Imogene King”, comprometem-se em utilizar os dados coletados somente para fins deste estudo, destinado à elaboração da Dissertação do Curso de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho e possível divulgação científica, através de resumo ou artigo a ser publicado em periódico.

Informamos também que a instituição foi previamente consultada, concordando e propiciando as condições necessárias para obtenção dos dados.

Outrossim, comprometemo-nos a retornar os resultados da pesquisa à instituição, apresentando-os aos seus representantes legais.

Itajaí (SC), ____/____/____.

Adriana Nunes Nogueira Ingrid Elsen Pesquisadora Orientadora

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APÊNDICE 4 – CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO CONVITE A PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO: “FAMILIAS CONVIVENDO COM UM

PORTADOR DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA PROPOSTA DE CUIDADO BASEADA EM IMOGENE KING

Estamos convidando você para participar de um estudo sobre “Famílias convivendo com um portador de acidente vascular cerebral: uma proposta de cuidado baseada em Imogene King”. Sinta-se completamente livre para decidir participar ou não, mas ressaltamos a importância de sua contribuição. Igualmente, esclarecemos que seu anonimato está garantido; as informações serão sigilosas; a não-participação não acarretará nenhum prejuízo a sua pessoa; as informações e resultados obtidos ficarão à sua disposição; sua participação não acarretará qualquer desconforto, risco, dano ou ônus à sua pessoa; os benefícios esperados relacionam-se ao Sistema Único de Saúde – SUS, como um todo. Os dados coletados, gravados, bem como as fotografias, serão utilizados para fins acadêmicos de pesquisa e divulgação de conhecimento sobre o tema. Caso concorde com estes termos solicita-se o preenchimento e assinatura neste documento, conforme segue. Eu, __________________________________________________, documento de identidade n. __________________, declaro que concordo, de forma livre e esclarecida, em participar do estudo “Famílias convivendo com um portador de Acidente Vascular Cerebral: uma proposta de cuidado baseada em Imogene King”, desenvolvido pela pesquisadora Adriana Nunes Nogueira, sob a orientação da Professora Dra. Ingrid Elsen, aprovado pela Comissão de Ética da UNIVALI.

Itajaí, ____/____/____

Assinatura: ______________________________________________________ Representante legal: Nome: Assinatura:

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ANEXOS

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ANEXO 1 – TERMO DE ACEITE

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI – UNIVALI

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO

TERMO DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO

Eu, Ingrid Elsen , Professora do Curso de Mestrado Profissionalizante em Saúde e Gestão do Trabalho, concordo em orientar a Dissertação da mestranda Adriana Nunes Nogueira tendo como tema “Famílias convivendo com um portador de Acidente Vascular Cerebral: uma proposta de cuidado baseada em Imogene King” A mestranda está ciente das Normas para Elaboração deste trabalho, bem como do Calendário de Atividades apresentado.

Itajaí, ___/___/___.

_______________________________________

Ingrid Elsen

Orientadora

__________________________________

Adriana Nunes Nogueira

Mestranda