vidas dos santos - 1
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VIDAS
SANTOS
Padre
Rohrbacher
,g
,-
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
2/446
AVISO
AO
LEITOR:
Os nomes
de
Santos
acompanhados
do
sinal
(*)
indicam
biografias
compiladas
por
Jannart
Moutinho
Ribeiro,
s
quais
constituem
acrescenta-
mento
necessrio
obra
do
Padre
Rohrbacher.
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
3/446
VIDAS
SA
EDIO
ATUALIZADA
POR,
JANNART
MOUTINHO
RIBEIRO
SOB
A
SI]PERVISO
DO
PROF. . DELLA NINA
(BACHAREL
EM
FILOSOFIA)
VOLUME I
EDITRA
DAS
AMRICAS
Rua
Visconde
de
Taunay,
866
-
Telefone:
51-0988
'
Caixa Postat 4468
SO PAULO
DOS
NTO
PADRE
ROHRBCHER
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
4/446
NIHIL
OBSTT
PDRE NTNIO
CHRBEL.
S.
D. B.
IMPRIMTUR
So
Paulo,
10
de
|ulho
de
1959
t
Paulo Rolim
Loureiro
Bispo
Auxiliar
e
Vigrio Geral
Propriedade
literrid
e
artstica
da
EDITR,A
DAS
AMR,ICAS
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
5/446
\7id
as
dos
Santos
http://www obrascatolicas com
-
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6/446
http://www obrascatolicas com
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
7/446
I
INTRODIJO
(*)
OS
SANTOS
ERMO
DE TODOS
Em
Lisboa, no
Contsento
de
Odiaellas.
Ano
1643.
Beatimundocorde(l).
r
L43
A
festa mais
universal
e
a
festa
mais
particular,
a
festa
mais
de
todos e
a
fesfa mais de
cada um,
a
que hoje celebra
e
nos
manda celebrar
\.
a
Igreja.
a
festa
mais
universal e
mais
de
todos,
\porque,
comeando
pela
fonte
de
tda
a
santidade,
1ue
Cristo,
e
pela Rainha de
todos
os
santos,
que
a Virgem Santssima,
fazemos
festa
hoje
a
tdas
as
jerarquias
dos
anjos,
fazemos
festa
aos
patriarcas
e
aos
profetas,
aos
apstclos
e
aos
mrtires,
aos
confessores
e
s virgens.
E
nc
ha bem-aventurado
na
Igreja
triunfante,
ou
canonizado
ou
no canoni-
j
zado,
ou
conhecido
ou
no
conhecido
na
militante,
que no
tenha
a sua
parte
ou
o
seu
todo
neste
(*) A
Editra das
Amricas houve
por
bem
colocar,
como
Introduo
a
esta
obra,
o
inspiradssimo
Sermo
de
Todos
o
Santos,
do
P. Antnio Vieira, onde
o
Autor
exalta a
glria
da
Santidade
e
propicia
a todos ns
lies a serem
meditadas.
(1)
Bem-aventurados
os
limpos dg corao
(Mt
5,
8).
htt // b t li
-
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INTRODUO
grande
dia.
E
ste
mesmo
dia
to
universal
e
to
de
todos,
tambem
o mais
particul
a
e mais
prprio
de
cada
uffi,
porque
hoje
r
celebram
os
rutor
d"
cada nao,
os
santos
de cada
reino,
os
santos
de
cada
religio,
os
santos
de
cada
cidade,
os
santos
de cada
famlia.
Vede
quo
nosso
e
quo
particular
ste
dia.
No
s
celebramos
os
santos
dsta
nossa
cidade,
seno
cada
um
de
ns
os
santos
da
nossa
famlia
e
do nosso
sangue.
Nenhuma
famlia
de
cristos haver
to
desgraciada
que
no tenha
muitos
ascendentes
na
gloria.
Fazemos
pois
ho
je
festa
a
nossos
pais,
a
nossos
avs,
a
nossos
irmos,
e
os
gue
tendes
filhos
no
cu, ou
inocentes
ou
adultos,
fazeis
tambem
festa
hoje
a
vossos
filhos.
Ainda
mais
nossa
esta
festa,
porque,
se
f)eus
nos
izet
m_erc
de que
nos
salvemos,
tambm
vir
tempo,
e
no
ser
muito tarde,
em que
ns
entremos
no
nrJ-
mero
de
todos
os
santos,
e
tambm
ser
nosso
ste
dia.
Agora
celebramos,
e
depois
seremos
celebrados:
ag_oIa
nos
celebramos
a les,
e
depois
outros
nos
celebraro
a
ns.
Esta
ltima
considerao,
que
to
verdadeira,
foi
a que
fez
urgr-
derroJ
at
-
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INTRODUO
II
Beati
mundo
corde.
144
A
mais
poderosa
inclinao
e
o mais
po-
deroso
apetite
do homem
desejar
ser.
Bem
nos
conhecia
ste natural
o
demnio,
quando
esta
foi
a
primeira
pedra
sbre
que
fundou
a runa
a nossos
primeiros
pais.
A primeira
coisa
que
lhe
disse
e
que
lhe
prometeu
foi
que
seriam:
Eritis
(Gen 3, 5),
e
ste
eritis,
ste
sereis
foi
o que
destruiu
o
mundo.
No
est
o
rro
em
desejarem
os
homens
ser,
mas
est
em no
desejarem
ser
o
gue
importa.
Uns
desejam
ser
ricos,
outros
desejam
ser nobres,
outros
desejam_
ser
sbios,
outros
desejam
ser poderosos,
outros
desejam
ser ccnhecidos
e
afamados,
e
quase
todos
desejam
tudo
isto,
e
todos
erram.
S
-
uma
coisa
devem
os
homens
deseiar
ser, que
ser
santos.
Assim
emendou
Deus
o sereis
do
demnio
com
outro
sereis,
dizendo:
Sancti
eritis,
quia
Ego
sanctus
sum
(2)
.
O
demnio
disse:
Sreis
.*o
Deus,
sendo
sbios;
e
Deus
disse:
Sereis
como
Deus,
sendo
santos.
E
vai
tanto
de
um
sereis
a
outro
sereis,
que
o
sereis
do
demnio
no s nos
tirou
o
ser
como
Deus,
mas
tirou-nos
tambm
o ser, porque
nos
tirou
o
ser santos,
e
o sereis
de
Deus,
exortan-
do-nos
a ser
santos,
como
le
, no
s nos
restitui
o
ser
como
Deus,
seno
tambm
o
ser.
euando
Moiss
perguntou
a
Deus
o
que
era,
respondeu
Deus
definindo-se
:
Ego
sum
gui
sum
(x
3,
14)
: Eu
sou
o
que sou
:
porque s Deus tem
por
essncia
o
ser.
Agora
diz
a
todos
os
homens
po.
bca
do
Q) Vs
sereis
santos,
porque
eu sou
santo
(Lev
11,
4b).
\
http://www obrascatolicas com
-
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10
INTRODUO
mesmo
Moiss:
Se
sois
to
amigos
e
to
ambiciosos
de
ser,
sde
santos,
e
sereis,
porque
tudo
o
que
no
ser
santo,
no
ser.
Sede
rei,
sde
imperador,
sde
papa:
se
no
sois
santo,
no
sois
nada.
Pelo
contrrio,
ainda
que sejais
a
mais
vil
e
mais
despre-
zada
criatura
do
-
mundo,
se
sois
santo,
sois
tudo
o
que pode
chegar
a
ser
o
maior
e
mais
bem
afortu-
nado
homem,
porque
sois
como
aqule
que so
r
e
s
tem ser,
que
Deus.
Todo
o
outro
ser,
por
maior
que
parea,
no
,
porque vem
a
parar
em
no
ser.
So
o
ser
santo
o
verdadeiro
ser,
porque
o
que
so
,
e
o
que
h de
permanecer
por
tda
a
eternidade.
145
Bastava
esta
s
razo
para
os
homens,
que temos
alma
imortal,
desejarmos
a,
santidade
sbre
tdas
as
coisas,
e
desprezarmos
tdas
as
coisas
s
por
Ser santos.
Mas
quero
que
oS
mesmos
santos
e
iodos
os santos nos ensinem
e
animem a
esta
verdade.
Todos
os
santos
quantos
ha
e
pode
haver,
pela
mesma
ordem
em
que
hoje
os
celebra
a
igr-eia,
se
reduzem
a
quatro
classes.
.
Deus,
qYq
tambrm
se
peza
de
ser-e
de
se
chamar
santo; a
Me de
Deus'
que
a
mais
santa
entre tdas
as
puras
criaturas;
os
santos
anjos,
repartidos
em
nove
coros;
os
ho-
mens santos,
divididos
em
seis
;'erarquias.
Ora,
vejamos
como
todos
stes
santos
nos
ensinam
a
esti-
ma
sbre
tudo
o Ser
santos,
e
comecemos
por
Deus.
146
Se
perguntarmos
aos
telogos
qual -
o
maior
atributo
-de
Deus,
responder-nos-o
que
todos
so
iguais,
porque
todos
e
cada
um
dles
Deus.
Mas
e
perguntarmos
qual
o
qu_e
mais
declara
e
engrand."
ser
do
mesmo
Deus, S. Dionsio
Areo-
pugitu,
que
o
que
mais
altamente
escreveu
dos
trlbrtos-
divinos,
-diz
que
o
ser
santo
:
Deus
pet
excellentiam
cuncta
exellentem
Sanctus
Sanctorum
http://www obrascatolicas com
-
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INTRODUO
praedicatur.
Quando
dizemos
que Deus
santo,
e
Santo
dos
Santos,
louvamos
em
Deus
uma
excelncia
que mais excelente que
tdas
:
Excellentiam
cuncta
xcellentem.
O
grande doutor
da
Igreja, Santo Am-
brsio,
ainda
disse
mais,
ou
com
maior expresso:
Nihil
pretiosius
inuenimus,
quo
Deus
praedicate
p9s'
simus,
nisi ut
sanctum
apellemusi
guodlibet
aliud
in[e-
rius
est
Deo,
inferius
est
Domino:
Quando
queremos
louvar
e
engrandecer
a
Deus,
nenhuma coisa
achamos
de
maiot
esti*ao
e
de
maior
preo que chamar-lhe
santo,
porque tudo
o
demais
que dissermos
inerior
a
Deus, e s
quando
lhe chamamos
santo
dizemos
o
gue . Antigamente,
como
Deus era
s
conhecido
em
ludia,
no
resto
do
mundo
havia
muitos
chama-
dos deuses,
os
quais todos tinham
sacrifcios
e
scer-
dotes.
E
que
f..2
o
verdadeiro
Deus
para
se
distinguir
dos
deusei
falsos? Mandou
que
o
seu Sumo
Sacer-
dote
trouxesse
na
testa
uma
lmina de
ouro
com
esta
letra:
Sanctum
Domino
(x
28,
36):
A santi-
dade
ao
Senhor
porgue s
agule
Senhor,
que
tem
por
atributo
o
ser
santo,
o
verdadeiro
Deus.
147
Mais
.izeram os
profetas,
os
quais, f.a'
lando de
Deus, deixavam
o
nome
de
Deus,
e
o
trocavam
pelo
nome
de
Santo.
LCde
Isaas
e
os
demais,
e
achareis:
Ad
Sanctum
Israel
respiciente:
Blasphemaverunt
Sanctum
Israel:
In
Sancto
Israel
laetabers:
Veniat
consilium Sancti
Israel
(3),
e
assim em
muitos
outros
lugares,
no havendo
pane-
grico,
invectiva
ou
declamao
em
gue
no
tragam
(3)
Olharo
para
o
Santo de Israel
(Is
17,
7).
-
Blasfemaram
o
Santo
de
Israel
(Is
1, 4).
-
Alegrar-te-s
no
Santo
de fsrael
(Is
41,
16).
-
Chegue-se
o
conselho do Santo de
Israel
(fs
5, 19).
11
\
htt // b t li
-
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12/446
72
INTRODUO
sempre
na
bca
o
Santo
de
Israel,
o
Santo
de
Israel.
E
que
Santo
de
Israel
ste?
Abrao,
Isaac,
ou
laco?
Moiss, fosu,
ou
Davi?
Elias ou
Eliseu?
No. O
Santo
de
Israel,
de
que
falam
os
profetas,
Deus.
Pois,
se
Deus,
por que
lhe no
chamam
Deus,
ou
o
Deus
de
Israel,
seno
o Santo
de
Israel?
Porqe
em
Israel havia
naquele
tempo muitos id-
latras,
que
veneravam
e
sacrificavam
aos
deuses
falsos
da
gentilidade;
e
para
distinguir
o
Deus
ver-
dadeiro dos
deuses
falsos,
no
acharam
os
pro,fetas
outra
diferena
mais
individual,
nem
outra
distino
mais
adequada,
que
chamar-lhe
o
Santo.
Se
lhe
chamaram Deus,
equivocava-se
o
nome
de
Deus
com
o
dos
dolos,
a
quem
os
idlatras
tambm
chamavam
deuses;
mas
chamando-lhe
o
Santo,
tiravam
tda
a
equivocao
e
tda a
duvida,
porque
s
o
atributo
da
santidade era
o
que distinguia
e
provava
no
Deus
de Israel
a
nica
e
verdadeira
divindade.
Tanto
significa,
tanto monta,
e to alta
e divina
coisa
,
ainda
no
mesmo
Deus,
o
ser
santo.
148
Mas,
se
os
profetas queriam
distinguir
o
Deus
verdadeiro
dos falsos,
por
gue no
fundavam
a
distino na
verdade,
seno na
santidade?
.
Por
gue
no
diziam
o
verdadeiro
de
Israel,
seno
o
Santo
de Israel? Porgue,
ainda que
o
verdadeiro
se
ope
formalmente
ao
falso,
mais
se
qualifica
o
ser
divino
pelo
atributo
de santo
que
pelo
de
verdadeiro.
Ouvi
uma
das
maiores
ponderaes
com
que
se pode
ya,-
liar
e conhecer
guo
sublime
e
divina
coisa , ainda
na
estimao
e
venerao
do
mesmo Deus,
o
ser
santo. furou
Deus a
Davi
que seria o
seu
reino
eterno,
porque
dle
descenderia
o
Messias;
e
gomo
fz Deus
ste
juramento,
ou
por quem
jurou?
Coisa
estu-
penda
Semel
juraui
in
sancto meo, si
Dauid
mentiar:
htt // b t li
-
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13/446
INTRODUO
semen
e
jus
in
aeternum
manebit
(Sl
88,
36)
:
]urei
a Davi,
pelo
meu
Santo,
que
no
hei
de
faltar
verdade
do
que
the
prometi,
e
que
ha
de
ser
pai
do
Messias.
-
In
Sancto
meo, pelo
meu
Santo
E
que
santo
ste,
pelo
qual
Deus
jura?
la
sabeis
gue
juramento
se
f.az
sempre
por
aquilo que
mais
se
venera
ou mais
se
estima.
Fora
de
ns,
juramos
pela
vida
de el-rei, pela
cruz, por
Cristo, por
Deus,
porque
o
que
mais
veneramos;
dentro em
ns,
juramos
por
nossa
vida, por
nossa
alma,
porgue
o
que
mais
estimamos.
Da
mesma
maneira,
no
tendo
Deus
fcra
de
si
por
quem
jurar,
jura
pelo
que
tem
dentro
em
si, e
jura
por
si mesmo,
enquanto
santo,
poque
o
ser santo
o
que
mais
estima,
o
que
mais
peza,
e, se
se
pode
dizer
assim,
o
que
mais
venera.
Parece
que
havia Deus de
jurar
pela
sua
verdade,
e
iura
pela
sua
santidade,
como
se
ficara
mais
estabe-
lecida
a
verdade
do seu
juramento
na
ftmeza
da
sua
santidade
que
da
sua
mesma
verdade.
Em
Deus
tudo
igual,
e
to
verdadeiro
como
santo,
e
to
santo
como
verdadeiro;
mas
buscando
Deus
den-
tro
de si
mesmo
um
atributo
que,
ou
fsse
o
pre-
cesse
mais
soberano
e
mais
digno
de venerao,
pelo
qual
pudesse
jurar, jurou
Deus
verdadeiro
por
Deus
Santo
:
Semel
iuraui
in
Sancto
meo.
rrr
149
Por
to
altos
e
to
admirveis
trmos
como
stes
nos
ensinou
Deus em
comum
quo
grande
coisa
seja
o ser
santos,
e o
mesmo
documento
con-
firmou
cada
uma
das
trs
Pessoas
divinas
em
parti-
cular,
por
exemplos
no
menos
maravilhosos.
Sbre
a
Encarnao
da
Pessoa
do
Filho
mandou
o
13
\
http://www obrascatolicas com
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
14/446
14
INTRODUO
Eterno
Padre
por
embaixador
o anjo
S.
Gabriel,
e
o
que
lhe
deu
por
instruo que
dissesse
de
sua
parte
Virgem
Santssima,
foi
que
o Filho
de
Deus e
seu,
que
de suas
entranhas
havia
de
nascer,
seria
santo:
Ideoque,
et
quod
nascetur ex
te
sanctum,
uocabitut
Filiui
Dei
(4)
.
De
sorte
que,
tendo
o
Eterno
Padre
um
Filho
igual a si
mes.mo,
e
querendo
QUe
por
s-
gunda gerao
e
segundo
nascimento,
sendo
Deus,
fsse tambm homem,
o
que
lhe
deu
a
le,
e
o
que
prometeu
sua
Me,
foi
que seria
santo
:
Quod
nascetur
ex
te
sanctum.
Notai o
sanctum
e
o
ex te:
santo,
e
de
vs.
No
lhe deu
riquezas,
porque
o
.,2
Filho
de
uma
Me
muito
pobre: ex te;
no
lhe deu
honras,
porque
o
ez Filho
de
uma
Me
muito
hu-
milde
: e:x te;
no lhe
deu
mandos,
nem
dignidades,
nem
imprios temporais, porque,
ainda
que a
Virgem
era
descendente
de reis,
todos
sses
cetros
e coroas
tinham
i
degenerado
aos
instrumentos
mecnicos
de
um
oficial,
com
quem
era
desposada
:
ex
te.
E,
que
lhe
deu? Deu-lhe
o
ser santo :
Quod
nascetur
e)c
te sanctum.
Pois a
seu
Filho
no lhe
daria
outra
coisa
um
Pai
onipotente?
Os
pais, tudo
quanto tm
e
tudo
quanto podem, do
a
seus
filhos,
e mais,
se
so
primognitos e nicos,
como
Cristo
era.
Pois a um
Filho
primognito,
a
um
Filho
nico,
um
Pai
todo-pderos,
um
Pai Deus
e
Senhar
de
tudo,
no
lhe d
outra
coisa
mais
que
o
ser
santo?
No,
e
por
isso
mesmo.
Ao
Filho
primog-
nito
e
nico
do
Eterno
Padre
competia-lhe
a
herana de todos
os
bens de
seu
pai;
e
todos
os
bens
que
Deus tem, e
todos
os
que
pode
dar,
.azer
a
(4)
Por
isso
meslno
mado
Filho
de
Deus
(Lc
o
santo
que
h
de nascer de
ti,
ser
cha-
1,35).
http://www obrascatolicas com
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
15/446
INTRODUO
15
um
homem
santo
e
mais
santo,
porque
tudo
o
mais,
ou
nc
nada,
ou,
para
ser
alguma
cois
a,
h
de
ser
tambm santificado
-
e
santo.
Enquanto
Filho,
her-
deiro
de
sua
Me,
pertenciam-lhe
ao
mesmo
Cristo
o
cetro
de
Davi
e
a
casa
de
|ac,
que
tambm
Deus
lhe
mandou
prometer:
Dabit
illi
sede
Dauid
patris
ejus,
et
regnabit
in
domo
lacob
(5
)j-
mas
esa
mesma
casa
e
sse
mesmo
cetro
deu-lhe
Deus
a
seu
Filho
por tal
modo
que, de
temporal
-qu9
era,
o
converteu
m
espiritual,
paa
que
tudo
nle
fsse
s
santidade,
e le,
por todos
os
modos,
mais e
mais
santo.
150
Vede
como
dizem
o
que
digo,
os
que viram
o
mesmo
Unignito
do
Padre:
Vidimus
gloriam
eius,
gloriam
quasi
unigeniti
a
Patre, plenum
grat'iae
et
eritatis
(O
)
r
Vimos
-
diz
S.
|oo
-
d
sua
glria,
a
sua
majestade,
a
sua
grandeza,
e
bem
mostrava
que
era gtiu,
que
era
majesta{",
9u"
era
grandeza
de
FilhJ
Urigenito
do
Eterno
Padre.
E
em-
que
consistia
essa
gltiu,
essa
majestade e
essa
grandeza?
Plenum
gratiae
et uetitatst
em
ser
cheio
de
graa
e
de
verdde.
A
graa
a santidade
formal,
ou
a
forma
santificante,
que f.az
e
denomina
santos;
e
nesta
graa,
nesta santidade,
neste ser
santo
consis-
tia
td
a
glria, tda a
grandeza
e
tda
a
majestade
do
nico
herdeiro
do
Padre.
E
se
perguntardes
ao
Evangelista
a
razo de
serem
s
stes
os
bens
que
cont
a
herana
de
um
Pai
todo-Poderoso
e
Senhor
de
tudo,
o
mesmo
Evangelista
tem
i
dado
a
razo
nas
mesmas
palavras
:
Plenum
gratiae
et
ueritatis:
cheio
de
graa e de
verdade.
Porque
tudo
o
que
no
(5)
Dar-lhe-
na
casa
de seu
Pai
(6)
Ns vimos
cheio
de
graa
e
de
o
trono de seu
pai
Davi,
Jac
(Lc
1,
32).
a sua
glria, glria
como
de
I
verdade
(Jo
1,
14),
e
reinar eternamente
Filho
unignito
do Pai,
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
16/446
16
INTRODUO
graa
de
Deus
e
santidade,
mentira.
As riqu
ezas
mentira,
s
honras
mentira,
os
mandos
mentira:
s
o
estar
em
graa
de
Deus verdade, s
o viver
em
graa
de Deus
verdade,
s
o
morrer
em
graa
de
Deus,
em
gue
consiste
o
ser
santo,
verda
dei
ptLru*
gratiae
et
ueritatis.
Isto
deu
o
Eterno
Padre
a
seu
Filho,
para
que
vs
aprendais
a
saber
o que
haveis
de
procurar
aos
vossos.
Procurai-lhes
u"
sejam
santos,
e
esta
a
maior
gueza,
a maior
honra,
a
maior felicidade
que lhes podeis alcanar, e os maio-
res
e s
verdadeiros
bens
de
que
os
podeis
deixar
por
herdeiros.
l5l
Vamos
Pessoa
do Filho.
A
pessoa
do
Filho
a
sabedoria
de Deus.
Fz-se
homem
a
sabe-
doria
Divina,
veio
ao mundo
para
ensinar
aos homens,
e
que
lhes
ensinou?
Nenhuma
outra
coisa,
seno
a
ser
santos.
Naquela
escada
de
|ac,
como
todos
sabeis,
repreJentou-se
em
viso
e
profecia
a
Encar-
nao
do
verbo
Encarnado.
N
alto
da
escada
estava
Deus
inclinado
sbre
ela,
porque
uma
das
Pessoas
divinas
havia
de
descer
uo
ndo;
ao
p
da
escada
estava
]ac,
que
era
o
homem,
ou
o
gnero
humano,
porque
o modo
com que
Deus
havia
dt
des-
cer
era
encarnando
e
f.azendo-se
homem;
e
a
escada
cheg=rva
da
terra
ao
cu, pcrgue
o
fim
do
mistrio
da
Encarnao,
e
o
fim
po"
qu"
Deus
desceu
do
cu
terra,
foi
para
ensinar
e niostrar
ao homem
como
havia
de
-
subir
da
terra
ao
cu.
E para
esta
subida
to notvel
e to
nova,
que
at
ento
estava
ignorada,
que
o
que
ensinou
o
Deus
que
desceu
e
encarnou, que
o
gue ensinou
o
Verbo
e
a
Sabe-
doria
divina
a
laco,
9q
ao homem,
que
nle
se
repre-
sentava?
o
mesmo
verbo
o
diz
no
captulo
deimo
da
mesma
Sabedoria,
falando
do
mesmo-|ac
:
Osten-
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
17/446
INTRODUO
dit illi
regnum
Dei,
et
dedit ili
scientiam
sanctorum
(
Sab 10, 10
)
:
Mostrou-lhe
o
cu
e
o
reino
de
Deus,
e
ensinou-lhe
a
cincia
de
ser
santo.
De
sorte
que,
vindo a
Sabedoria
divina em pesso,
e
descendo
do
cu
terra
a ser
Mestre
dos homens,
a
nova
cadeira
que
instituiu
nesta grande
universidade do
mundc,
a cincia
que professou,
foi
s ensinar
a
ser
santos,
e
nenhuma
outra.
A
Retrica
deixou-a aos
Tulios
e
aos
Demstenes;
a
Filosofia
aos
Plates
e
aos
Aristteles; as Matemticas
aos Tolomeus
e
aos
Euclides;
a Medicina
aos
Apolos
e
aos
Esculpios;
a
|urisprudncia
aos Soles
e
aos
Licurgos:
e
para
si
tomou
s
a
cincia
de
ensinar
a salv
ar
e
f.azer
santos:
Qegnum
Dei,
et scientiam
sanctorum.
152
Em
tdas
as
cincias,
r
certo que
h
muitos
erros,
dos
quais
nasce
a
diferena
das
opi-
nies;
em
tdas
as
cincias
h
muitas
ignorncias,
as
quais
confessam
todos
os maiores
letrados
que
no
compreendem
nem
alcanam.
Pois,
se
vinha
a
Sabe-
dcria
de Deus
ao
mundo,
por que
no
alumiou
stes
erros,
por
que
no
tirou
estas
ignorncias?
Porque
errar
ou
acertar
em
tdas
estas matrias,
sab-las
ou
no
as saber,
nenhuma
coisa
importa:
o
que
s
importa
saber
salvar,
o
que s importa
acertar
a
ser
santos,
e
isto
o
que
s nos
veio
ensinar
o
Filho
de
Deus.
Nem
ensinou
aos
filsofos
a compo-
sio
do
contnuo,
nem
aos
gemetras
a
quadratura
do
crculo,
nem
aos mareantes
a
altura
de Leste
a
Oeste, nem
aos
qumicos
o
descobrimento
da pedra
filosofal,
nem
aos
mdicos
as
virtudes
das
errra,
das
plantas,
das
pedras
e dos
mesmos
elementos, nem
aos
astrlogos
e astrnomos
o
curso,
a
gran
deza,
o
n-
mero,
as
influncias
dos
astros:
s
nos
ensinou
a
ser
humildes,
s
nos
ensinou
a
ser
castos, s
nos
17
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
18/446
18 INTRODUO
ensinou
a
desprezar
as
riquezas,
s
nos
ensinou
a
perdoar as injrias, s nos
ensinou
a
sofrer
as
perse-
guis,
so
nos
ensinou
a
chorar
e
aborrecer
os
pecados,
e
a amar e exercitar
as
virtudes,
porque
estas so
as
regras
e
as concluses,
stes
os
pe'
ceitos
e
os teoremas
pcr
onde se aprende
a
ser
santos,
que
a cincia
que
professou
e
veio ensinar a
Pessoa
do
Filho
de
Deus:
Scier:
ti.am
sanctorum.
153 A
Pessoa
do
Esprito
Santo
com
o
sett
prprio
nome
nos
prova
e
confirma
o
mesmo.
O
Padre ta.mbm
esprito,
e
tambem
santo.
Pois,
por
que
se chama
s
a
terceira
Pessoa Esprito
Santo?
A razo
-
dizem
todos os
telogos
porque
ao
Esprito
Santo
compete
o
ofcio de
santificar
e
de
f.azer santos.
TOclas as cbras
de
Deus,
que
chamam
ad
extra, isto
,
que
saem
de
Deus e
se
terminam
s
criaturas, so
inivisamente
de
tda
a
Santssima
Trindad e,
na
qual
o
poder
e
o
obrar
no so
igual,
seno
um
s e
o
mesmo.
Mas
por
certa
propriedade,
fundada
na natueza
ou
origem
das
mesmas
pessoas,
umas
obras
se
atribuem
a
umas
pessoas, e
cutras
a
outras.
E
porque
terceira
Pessoa se atribui
parti-
cularmente
o santificar
e
.azer
santos,
por
isso
se
chama Santo.
i54
E
para
que
vejais
quo
grande significa-
o
na mesma
Pessoa do
Esprito
o
nome de
Santo
e o
atributo
c,u
atribuio
de santificar,
notai
o
muito
que com ela se
supre,
e
a
grande
carncia
ou
vazio
que
com
ela
se
enche.
O
nome ou
antonomsia
de
santo,
e
o
ofcio
de
santificar
e
fazet
santos
no
lhe
pudera competir
ao Pai,
que
r
a
fonte
original
e
inascvel
da
santidade?
No
lhe
pudera
competir
ao
Filho,
que foi
o
que,
encarnando,
nos
mereceu
essa
mesma
santidade?
Sim'
Pois
por
que se
deu
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
19/446
19
NTRODUO
ao
Esprito
Santo?
Disse
ccm
alto
pensamento
Ru-
perto,
que
para
suprir
a
infecundidade
da
terceira
P"rrou.'
A
'divindade
no
Pad
re
fecunda,
ro
Filho
fecunda,
to
Esprito
Santo
no
fecunda.
No
Padre
fecunda,
porque
gera
o
Filho;
no
Filho
fecunda,
porque,
juntamente
com
o
Padre,-
produz
o Esprito-Sato;
no Esprito
Santo
s
no
fecunda,
porql.
no
produz cutra
Pessoa
divina.
Po,
que
mei
podia
-haver
para
suprir
na terceira
Pessoa
esta
infecundidade?
O
meio
foi
cederem
nela
as
outras
Pessoas
divinas
a
virtude
ou
atribuio
de
santificar
e
f.azer
santcs
e
o
ttulo
e
antonomsia
de
se
chamar
Santo.
A terceira
Pessoa
no
pode
gerar nem
produzir
pessoa
que seja
Deus?
Pois
fua
santos.
A
terceira
Pessoa
no
se
pode chamar
Pai
nem
se
pode chamar
Filho?
Pois
chame-se
Santo. Tao
grande,
to
alta
,
to sublime,
to
divina
coisa
ser
santo,
e ccm
to
maravilhosos
documentos
nos
ensinaram
esta
verdade
em
si
mesmas
as
trs
Pessoas divinas.
IV
155
Depois
do
Padre,
Filho e
Esprito
Santo,
segue-se
a
Filha
do
Padrc,
a
Me
do
Filho,
a
EJpsa
do
Esprito
Santo,
a
Virgem
Santssima,
a
qual,
como a
mais santa entre
tdas
as
puras
cria-
turas
nos
dir
melhor
que tdas
quo
grande
bem
sermcs
santos.
No
captulo
vinte
e
quatro do
Eclesis-
tico
nos refere
a
mesma
Senhora como
Deus, que
a
escolheu
por morada,
lhe
deu
a
herana
de
tudo
quanto tinha
vinculado
ao povo
de
Israel,
que
ea
o
morgado
do
mesmo
Deus t
Tunc
praecepit
et
dixit
mihi
creator
omnium;
et
gui
creauit
me requie-
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
20/446
20
INTRODU,O
(7)
Ento
o
criador
de
tudo
deu-me os
seus preceitos,
e
falou-
rne,
e
aqule
que
me
criou
descansou
no meu
tabernculo,
e
disse-me:
Possui
a tua herana
em
Israel
(Eclo
24,
12
s).
(8)
Exerci diante
dle
o
meu ministrio
na morada
santa,
e
repousei
na
Cidade
Santa
(Eclo
24,
14
s).
uit
in
tabernaculo
meo,
et
dxit
mihi:
In
Israel
hae-
reditare
(7
)
.
E
gue
vos
parece
que
escolheria
e
tomaria para
si a
Virgem Maria
de
tda a
universi-
dade
de
bens
naturais
e sobrenaturais
dste
imenso
morgado?
SO
tomou
o que
era
santo,
e nenhuma
outra
coisa.
Do
que
no
era
santo, psto
gue
fsse
precicso
e
estimado,
no
quis
nada,
porque
tudo
.
nada;
do gue
era
santo,
tomou
tudo,
porgue
s
o
ser
santo
tudo.
Ouamos
a mesma
Senhora,
e
ponderemos
o
gu_e
diz
com
a
ateno
que
suas
pala-
vras
merecem.
Primeiramente,
do que
pertence
ao
lugar,
diz
que
escolhe
uma
cidad
santa
e
uma
casa
santa,
para
nela
servir
a Deus
em sua presena,
sem nenhum
outro
cuidado:
In
habitatione
tarcta
99ram
ipso
mnistraui,
et in
ciuitate
sanctificata
simi-
liter
reguieu_i
(8
)
.
E quanto
ao
que
pertencia
pessoa,
sendo
tantos e
to
excelentei os
dotes
natu-
rais
gue
Deus
desde
seu
princpio
tinha
rep.artido
com
as
mulheres
famosas
daquela
nao,
de
tudo
isto
nenhum
caso f.ez
a
Senhora,
tudo
deixou,
tudo
desprezou,
e s
tomou e
quis
para
si
a
santidade
de
todos
os
santos:
In
plenitudine
sanctorum
detentio
mea
(Eclo
24, 16):
Detive-te
-
diz
-
na
enchente
de
todos
os
santos
-
porque
tudo
o
gue no
ser
santo
pode
inchar,
mas
no
pode
enche
-
aqui
me
detive,
aqui parei,
aqui
insisti
e
no
passei,
nem
tive
para
onde passar
daqui.
156
Oh quem
me
dera ter
neste
auditrio
tdas
as
senhoras
do
mundo,
to
prendadas
e
to
prsas,
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
21/446
T
INTRODUO
to tidas
e
to
retidas
das
vaidades
do
mesmo
mundo,
para
que
vissem
o
de gue
s
se haviam
de
deixar
prender e deter,
imitao da maior
Senhora
e Rai-
nha
de
tdas
Tudo
quanto
a
apreenso
e
fantasia
feminil
estima
e
peza,
viu
a benditissima
virgem
no
grande_
teatro
de
Israel,
de
gue
Deus
a
f.izera
her-
deira
:
In
Israel
haereditare.
viu
a nobre
za do
sangue,
antiga
e ilustre
em
sara,
soberana
e
real
em
Micol,
mas
no
a deteve
o
esplendor
da
nobreza,
nem
lhe
moveu
ou alterou
os
espritos.
viu a
formosura
se-
vida
e adorada
em
Raquel,
buscada
e preferida
em
Abisai,
mas
no
a
deteve
a
formosura,
nem
julgou
por
digna
de
ser vista
a
gue
leva
aps
si
os'ollios.
Vtu
a
fecundidade
grande
e
invejada
em
Lia,
maior
e
mais
desvanecida
em Fenena,
mas
no
a
deteve
o
apetite
natural
de ser
me,
nem
desejou
perpe-
tuar-se
em mais
vidas.
Viu
a rigueza
domstica
-em
Rebeca,
e
os
tesouros
reais
em
Sulamites,
mas
no
a
deteve
cobia
ou ambio
de riquezas,
porque
tinha
o corao
em
outros
tesouros.
Viu
as
galas
e
afeitas
de
|esabel,
e
todo
o
valor
do
Oriente
ngastado
nas
jias
de
Ester,
mas
no
a
deteve
a
aparncia v
dos
aparatos
do
corpo,
como
a
gue s cuidava
em
ornar
o
esprito.
Viu a
gue
o mundo
chama
ventura
nas
bodas
no
esperadas
de Rute,
e
rs
muito
mais
Vn-
turosas
de
sfora,
mas
no
a
deteve
o
especioso
lao
das
bodas,
antes
lhe
fizeram
hcrror
as
elcias
do
tlamo.
Viu
as
vitrias
e triunfos
de
Debora,
e
os
despojos
e trofus
da famosa
|udite,
mas
no
a
deteve
a
fama
com
o
rudo de
seus aplausos,
nem
afetou
vitrias
e
triunfos.
Viu,
finalmnte,
coroada
Abigail,
e assentada
Bersabe
em
igual
trono
com
salomo,
mas
no
a
deteve
a sobrania
daguelas
2t
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
22/446
22
INTRODUO
alturas,
porgue
era
mais
alto
o seu
nimo
que
os
tronos,
e
de
maior
esfera
que as
coroas.
157
Pois,
Senhora,
se
todos
stes
bens
da
natureza
e da
fortuna,
se
tdas
estas
grandezas
e
felicidades
da
vida,
gue os
homens
tanto
estimam,
tanto
pezam
e tanto
invejam,
nem divididas,
nem
juntas
vos
encheram
os olhos,
se
por
tdas
passastes
pisando-s,
e
nenhuma
vos
parec-eu
digna,
nem de
vos
deter
um
momento,
nem de
vos
.azer
parar
um
passo,
que
o
que vistes,
que
so
vos agradou,
que
o
gu.
ister,
que so
vos
dteve
cu
teve
mo,
para
que.ali
parassem
os passos
do vosso
desej-o,
par?
que. dali
no
passassem
os
vossos
afetos?
Vi
a
humildade,
diz
a
Senhora,
vi
o
desprzo
de
si e
do
mundo,
vi
o
recolhimento,
vi
o
silncio,
vi
a
modstia,
vi
d tem-
perana,
vi
a
pacincia,
vi
a
ofialeza,
vi
a
mortifi-
ao
das
paires
e
a resignao da
propria vont1d",
vi
amor
"
Deus
e
a
caridade
do
prximo,
vi,
enfim,
tda
a
santidade,
virtudes
e
graa de
que
estiveram
cheios
os
santos, e
nesta
enchente
de
santidade
r
gue
s
tomei
p,
nesta
parei,
nesta
me detive
e
nesta
me detenho
: Et
in
plenitudine
sanctorum
detentio
mea.
Isto
o
que
dii
de
si
a
Me
de
Deus.
E
p9r-
que
ste
foi
o
seu
juizo e
a
sua eleio,
por
isso oi
Me
de
Deus,
no
s
porque
estimou
o
ser
santa
mais
que
tdas
as
coisa,
mas
porque
deixou
e
des-
pezou
tdas
as
coisas
para ser
mais
santa.
v
158
Os
anios, que so
a
terceira
classe
dos
santos
que
hoje
celebra
a
lgreja,
assim
como
nos
persuadem
com
suas
inspiraes,
nos
ensinam
com
,",.,
"r"mplo
quo
grande
coisa
ser
santos.
O
exer-
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
23/446
INTRODUO
ccio
dos
anjos
no
ceu
estarem sempre
louvando
a
Deus.
NOs
no
o
sabemos
louvar, porque
o
no
vemos; les, que
o
esto
sempre
vendo,
so
o
louvam
como
devem.
Mas, quais
so
os louvores,
ou
as
lisonjas que
os
anjos
cantam
a
Deus?
O
profeta
Isaas,
que
um
a vez foi
admitido
a
os ouvir, o disse:
Seraphim
stabant, et
clamabant
alter ad alterum:
Sanctus,
Sanctus, Sanctus
(ls
6, 2
r): Estavam os
serafins
divididos em dois
coros, e
o
que
cantavam
alternadamente
a
grandes vozes,
era:
Santo,
Santo,
Santo.
Isto
diziam
e
repetiam sem
cessar,
como
tambm
os
ouviu,
da
a
oitccentos
anos, S.
|oo
no
seu Apocalipse
: Et
requiem
non
habebant,
dicentia:
Sanctus,
Sanctus,
Sanctus
(9).
Se
isto
no estivera
to
expresso
em
um
e
outro testamento, quem
tal
cuidara?
Deus no
um objeto imenso,
as grandezas
de
Deus no
so
infinitas, os
anjos que
o
vem
e
conhecem
intuitivamente
no
so
to
entendidos
e
to sbios? Pois,
como no
variam de vozes
nem
de
pensamento?
Por que
no
discorrem
por
outrs
pe-
feies
divinas,
por que
no
louvam
e
no
engrande-
cem
cutros
atributos? Por
isso
mesmo. Porque
vem
a
Deus,
porque
o
conhecem,
e
porque
so
entendidos.
Quem louva
ou
lisonjeia
discretamente,
diz
tudo
o
que
pode
e
tudo
o
que
mais
agrada,
e
a
maior gfl-
deza
que
se
pode
dizer
de
Deus,
e o
louvor que
mais
lhe
agrada
chamar-lhe
santo. Por
isso
o
primeiro
cro
dos anjos
diz Santo,
e o segundo
responde
Santo;
o
primeiro
torna
a dizer Santo,
e
o segundo
torna
a
repetir
Santo; e isto
dizem, e
isto
sempre
esto
dizendo
sem
cessar,
uma
e
mil
vzes,
e
isto ho
de
continuar
a
dizer
por tda
a
eternidade, porque,
depois
23
(9)
E no
cessavam
de
dizer:
Santo,
Santo,
Santo
(Apc
4,
8).
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
24/446
24
INTRODUO
de
dizerem
gue Deus
Santo, Santo
e
mais
Santo,
nem
os serafins
do cu,
que so
os
anjos
de
mais
alto
entendimento
e
de mais
profunda
cincia,
sabem
dizer
mais, nem
lhes
fica
mais
que
dizer.
Deus
eterno,
imenso, infinito,
onipotente, mas tudo
isso
so
grandezas,
porque
esto
juntas
com
o
ser
santo. Se
Deus,
por
impossvel,
no
fra
santo,
todos
os
outros
seus
atributos
careceram
da
sua
maior
Per-
feio.
Por
isso
perfeio em
Deus
o
ser
eterno,
porque
eternamente
santo;
por
isso
e
perfeio
o
ser
imenso,
porgue
imensamente
santo;
por
isso
perfeio
o ser
infinito,
porque
infinitamente santo;
por isso
perfeio
o ser
onipotente,
porque
todo-
poderosamente santo : Sanctus,
Sanctus, Sancfus.
159 Isto
o
gue
os anjos
dizem
de
Deus.
E
de
si,
que
dizer,
ou
gue pod
em
dizer? O
gue podem
e
so
obrigados
a
dizer
todos os
que
perseveraram
no
cu e
o
no perderam,
que
todo
o seu
bem
tda
a
sua felicidade
consistiu
em
ser santos.
Houve
no
cu
entre os
anjos aquela
grande batalha
gue sabe-
mos: Lcifer, com
os
maus, rebelou-se
contra
Deus;
S.
Miguel,
com os bons,
seguiu
as
partes
de
seu
Senhor;
stes
venceram,
aqules
foram
vencidos,
e
que ganharam
os
gue ganharam a
vitria,
que
perde-
ram os
que
perderam
a batalha?
Nenhuma
outra
coisa
mais
que
o
ser
ou
no
ser
santos.
Os
que
ganharam
a vitria
ganharam
o
ser
santos,
porgue
ficaram confirmados
em
graa;
os
que
perderam
a
batalha
perderam
o ser santos,
porque
foram
privados
da
mesma
graa,
e
err
tudo
o
mais
que
tinham
por
natureza
ficaram
como dantes
eram.
160
Dagui se entender
um
famoso
lugar
de
Ezequiel
no
captulo
vinte
e
oito, onde
chama
uer.
bim
a
Lcifer
:
Tu
Cherub
extentus,
et protegens,
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
25/446
I
5
et
posui
te
in
monte-
sancto
De,
n
medio
lapidum
igiitorum
ambulasti.'
Perfectus
in
uiis
tus
a de
con-
ditionis
tuae, donec
inuenta
est
iniquitas
in
te
(10):
Ty,
guerubim,
eras
o anjo
de
mior
esera,
e
que
debaixo
de tuas
asas
tinhas
todos
os
outros
:
Tu
Cherub
extentus,
et protegens.
Eu
te
criei
.Santo
e
em
graa,
e
te
pus
no
cur
Posu
te in
monte
sancto.
Tu
estavas
entre
os
serafins,
onde
passeavas
com
Iiberdade
de-superior:
In
medio
tapdum
ignitorum
ambulasti.
E
desde
o
dia_
de
tua
criao fste
per-
feito,
at
gue
em
ti
se
achou
o
p".udo
e
maldde,
que
tu inventaste:
Perf
ectus
in uiis
tuis,
donec
inuenta
est
niquitas
in
te.
Em
suma,
que
Lcifer,
como
diz
o texto,
e
declaram
conformemente
todos
os
padres,
era por
natureza
serafiffi,
e criado
entre
os serafins,
e.
superior
a
todos.
Pois,
se era
serafim,
como
lhe
chama
o
profeta, em
nome
de
Deus,
no
serafim,
seno
querubim?
E
se
lhe
nega
o
nome
de
serafim,
porque
j
no
era
anjo,
seno
demnio,
por
que
lhe
chama
querubim:
Tu
cherub?
porque
r"rufi.
.ig"i-
fica
amor
e
amante,
9
querubim
sgnifica
cincia
e
sbio;
e ainda
que
Luifer,
pela
"reberio
"
pelo
pecado,
perdeu
o amor
e
a
gra
a"
Deus
e
os.outros
dons
sobrenaturais,
no
perdeu
a
sabedoria
e
as
cincias,
nem
os
outros
dotes
do
entendimento
e
da
natureza,
coT
que
fra
criado.
To
anjo
ficou
no
saber,
como
dantes
era,
to
anjo
,ro
podr,
t"
;"i;
na
capacidade
da
esfera,
to
anjo
na
beleza
e
f.on-
mosura
natural,
e
em
tudo
o
mais
como
dantes,
e
TNTRODU,O
(10).Tu
eras
um
querubim
que
estendia
a.s
tuas
asas
e
prote-
gra,
e
eu
te
ptrs
sbre
o
monte
santo
de
Deus,
tu
andaste
no
meio
das
pedras
incendidas.
Tu
eras
perfeito
nos
teus
caminhos
desde
o
dia
da
tua
criao,
at
que
e
iniqi.iLidade
se
achou
eE
ti
(Ez
2g,14
s).
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
26/446
26
INTRODUO
somente
privado da
graa
e da
santidade,
em
que
por
sua
culpa e
maldade
se
no
quis conservar.
16l
De
sorte gue
a
principal
diferena
que
ento
houve
e
hole
h
entre
Miguel
e
Lcifer,
que
Miguel
chama-se
S.
Miguel.
e
Lucifer
no
se
chama
.unio.
Direis
que tambm
foi
privado
Lucifer
da
glria e da
vista
de
Deus. No
foi,
porque essa
ainda
no
tinha,
que
se
i
tivera
visto
a
Deus
no o
pudera
ofender
nem
perder
a
graa
e
santidade.
Mas,
ssim como
Deus
o
privou da
graa
e da
santidade,
por
que
o
no
prir.ou
tambm
de
tudo
o
mais?
Quan-
do
-
vassalo
se
rebela
cc.ntra
seu
rei, confis-
cam-lhe
todos
seus
bens.
Pcis,
se
Lcifer
se
rebelou
contra
Deus,
por
que lhe
ccnfiscam
s
a
graa
e
a
santidade,
e
lhe deiram
tudo
o
mais?
Porque s
a
graa
e
a
santidade
so
bens:
tudo
o
mais
gue
tm
s
anjos
maus, uma
vez
gue
no tm santidade,
antes
so
males
que bens.
A
cincia,
sem
santidade,
ignorncia;
a
fcrmosura,
se1 santidade,
fealdade;
o
podet,
sem
santidade,
f.ragueza;
a
grandeza,
sem
santidade,
mis
ria; e
por isso so
os
an
jos
maus
os
mais
miserveis
de
tdas
as
criaturas,
assim
como
oS
anjos bons
os
mais
f
elizes
e
bem-aventurados
de
tdas:
stes
pcrque
so
santos,
aqules
porque
no
so
santos.
VI
162
Vamos
aos
homens,
e
perguntai
a
todos
os
que esto
no
cu que coisa
ser
santos?
A
esta
perunta
no
quero
responder
com
Escrituras
nem
ao*
palavras,
seno
com
obras.
As
coisas
estimam-se
pelo
i""
valem
e
pelo
que
custam.
Tudo
o
que
ize-
iurr,
"
pud".eram
os
santos,
foi
por
ser
santos.
A
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
27/446
INTRODUO
esperana
to
longa
e to
constante dos
patriarcas,
a e e
pacincia
dos
profetas,
o zlo
e
pregao dos
apstclos,
os
tormentos
e
mortes
dos
mrtires,
s
penitncias
e
asperezas dos
confessores, a continncia
e
pueza
das
virgens:
tudo
santo,
e
tudo
por ser
so-
tos.
Mas no
esta
a
matria que
se haja
de
passar
e
escurecer
com
uma
to
abreviada
generalidade.
Discorramos
por
cada
uma
das
jerarquias
dos
santos,
e
vejamos quanto
se empenharam
por conseguir
ste
nome.
163
Olhai
para
os
patriarcas
nos
dois
primeiros,
e vereis a Isac
lanado
sbre
a
lenha,
esperando com
a
garganta
nua
o
rigor, por
no
dizer a desumanidade
do
golpe,
e
a
Abrao
com
a
espada
em
uma
mo,
para
ccrtar a
cabea ao
nico filho,
e
com
o
fogo
na
outra, para
o
queimar em
holocausto
e
sepultar
em
cinzas.
Podia haver
maior resoluo,
nem
mais he-
rico
e deliberado
empenho,
assim
na sujeio
do
filho
ao
pai,
como na
obedincia
do pai
a
Deus?
O
mesmo
Deus
confessou que no
podia
ser
maior.
Mas,
se
virdes que
um
anjo
naquele
mesmo flagrante
tem mo no
brao
a
Abrao,
voltai os
olhos para o
de
let,
armado
doutra
espada
e
do
mesmo
zlo,
e
vereis
no
suspenso,
mas,
executado
o
tremendo
sacrifcio,
derramando
o
pai
animoso
com
suas
pr-
prias
mos
o
sangue
da
inocente
filha,
tambm
nica,
e sem
herdeiro.
E
por
gue
vos
parece que
se
atre-
veram
stes
dois homens
a
uma
to
espantosa e
medonha
ao,
de
que
se
estremece
o
amor
e
tapa
os olhos
a
natureza? Abrao,
por
no
quebrar
um
preceito,
lef.t,
por
no
faltar
a
um voto,
e
ambos
por
ser
santos. Abrao
podia
duvidar,
com
grande
fundamento,
se
um
preceito
to
novo
e
inaudito,
e
to
repugnante
s promessas
que
o
mesmo
Deus
lhe
2T
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
28/446
28
INTRODUO
tinha feito, era
iluso;
]eftr,
com
maior razo
ainda,
podia
duvidar
se
o voto
naquele
caso
obrigava,
no
sendo
tal
a
sua
teno,
nem
lhe
tendo
vindo
tal
coisa
ao
pensamento;
e,
contudo, ambos
seguiram
a
parte
mais
dificultosa
e
mais segura,
por
no
deixar em
escrpulo
a
salvao,
nem
pr
em
duvida
o ser santos.
164 Aos
patriarcas
se
guel-se
os
profetas,
e
aos profetas os
apstolos.
E
se
entre
os
profetas
vos
assombrais
de
ver
um
Isaas serrado
pelo meio,
e
um Daniel
na
cova dos
lees,
e
um
|onas
engolido
da baleia,
nos
apstolos,
que foram
menos
em
nmero,
vereis a
Pedro crucificado,
a Paulo degolado,
a
Andr
aspado, a
Felipe
apedrejado,
a
Bartolomeu
esfolado,
a
Mateus e
Tomr
alanceados,
a Simo
e
Tadeu
espe-
daados,
e todos,
enfim,
dando
o sangu
e
e a
vida
em
testemunho
da
f
que pregaram,
no
s
para ser
santos les
em
si,
mas
para
azer
santos
a
outros.
165 E
que
direi eu de
vs,
fortssimo
e
luzi-
dssimo
exrcito
dos
mrtires,
to
infinito
no
nmero
como
ncs
esquisitos
gneros
de
martrios?
Se
entro
no
anfiteatro de
Roma,
vejo-vos
lanados
s
feras,
ou
lanados aos Neros,
aos
Dcios, aos
Dioclecia-
nos,
aos
Tray'anos,
mais feros que as
mesmas feras.
A
muitos de
vs
reverenciaram
os
lees,
os ursos,
os
tigres,
mas
a nenhum
perdoou a vida a
impiedade
mais
que
brutal
dos
tiranos,
sempre
mais obstinados
e
furiosos.
As
pedras de
Estvo,
as
setas
de
Sebas-
tio,
as
grelhas
de
Loureno e
Vicente
i
erum
tor-
mentos
vulgares.
Que
mquinas
e
invenes
de
atormentar no excogitou
a
sevcia
raivosa de
se
ver
vencida,
paa combater
e tentar
vossa
f.ortaleza?
A
uns
mrtires
penduravam
pelos cabelos,
ou
por um
p, ou
por
ambos,
ou
pelos
dedos
polegares,
e
assim,
no ar
e
despidos,
com
azorcagues de
nervos remata-
htt // b t li
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
29/446
INTRODUO
29
.dor
em
pelotas
de
chumbo
ou
abrolhos
de
ao,
os
batiam
e
martelavam
com
tal
fra
e
continuao
os
cruis
e
robustos algozes,
que
ao
princpio
oita-
vam_
corpos,
depois
eriam
as
mesmas
chagas
ou
uma
so
chaga,
at
gue
no
tinham
j
gueaoitai
nem
ferir.
A
outros,
estirados
e
desconjuntadomo
ecleo,
ou
estendidos
na
catasta,
aravam
ou
cardavam
os
rer-
blos
com
pentes
e
garfos
de
ferro,
a que
prpriamente
chamavam
escorpies,
ou
metidos
debair
a
grandes
pedras
de
moinho,
lhes
espremiam
como
"
lagar
o
sangue,
e
lhes
moam
e
imprensavam
os
ossos,
at
ficarem
uma
pasta
confusa,
sem
figura
nem
se,-
Ihana
do
que
dantes
eram.
A
outrs
cobriam
todos
de
pez,
resina
e
enxfre,
e,
ateando-lhes
o
fogo,
os
f.aziam
arder
em
p
como
tochas
ou
luminrias
nas
festas
dos
dolos,.
esforando-se
para
ste
suplcio
com lhes
dar
a
beber
chumbo
derretido.
A
o,itror,
nos
mais
rigorosos
frios
do inverno,
metiam
em
tan-
gues
enregelados,
com
banhos
de gua
guente
vista,
e
liberdade
de
s-e
passarem
a
les",
puru
gue
enf.ra-
guecesse
o
remdio
os que
no
venci
o
tormento.
A
outros
coziam
em
couros,
juntamente
com
serpentes
e
ces danados,
e
assim
os
lanavam
ao
mar,
para
gue
naquela
_
estreita,
medonha
e
asquerosa
priso,
primeiro
acabassem
mordidos
e
atassalhados
dos
dentes
venenosos,
do
gue
afogados
das
ondas.
A
outros
escalavam
vivos
pelos
feitos,
e lhes
rnc-
vam
o
corao
e
entranhas
palpitantes,
ou lhes
ata-
vam
as
mos
g
os
pes
a
quatro
ramos
grossos
de
rvores, dobrados
a
-fra
e
soltos ao
mesmo tempo,
com
que
sbita
e
violentissimamente
os
espedaur*
em
quartos.
A
outros
assentavam
em
iadeiras
de
ferro
afogueado,
a
outros
f.aziam
andar
aescals
sbre
lminas
ardentes,
a
outros
metiam
em
caldeiras
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
30/446
30
rNrRoouq
de
azeite
e
alcatro
ervendo,
a
outros
em
bois
de
metal
abrasado,
a
outros
em
fornalhas
de
chamas
vivas.
E
tudo isto sofriam
e
suportavam
aqules
valo'
rcsos
cavaleiros
de
Cristo,
no s
com
pacincia_
e
ccnstncia,
mas
com
jbilo
e
alegria.
Por
qu?
S
por
ser
e
segurar
o
ser
sants,
como
exclama
a
igreja
:
Omnes
sancti,
quanta
passi
su.nt
totmenta,
u-t
securi
peruenirent
ad
palmam
martyrii'
vll
166
Os
santos
doutres,
esquadro
tambm
laureado,
no
f.zeram
ou
no
se
desfizeram
menos
por
ser
santos.
Foram
a
luz
do
mundo
e o
sal
da
iarru,
e
assim
como
a
tocha
se
consome
para
alumiar,
e
o
sal
Se
derrete
para
conservar, assim les,
para
alumiar
as
cegueiras
do
muntlo,
e
conservar
a
f.
e
religio
em
ru
pufeza,
no
so
se
pode
dzer
com
,rerad"
que
consumiram
a
vida,
mas
que
derreteram
e
estilaram
a
alma.
Todos
sses
livros,
tantos
e
to
admirveis
de
S.
Baslio,
de
S.
Crisostomo,
de
Santo
tansio,
de
Santo
Ambrsio,
de
S.
|ernimo,
de
Su"to
Agostinho
e
dos
dois
Gregrios,
quatro
dgY-
tOres
da
"lgreja
Grega
e
quatro
da
Latina,
e
os
dois
que
depois"
se acrescentaram
a ste
sagrado
nmero,
Santo
Toms
e
S.
Bo,aventura,
os
livros
igualmente
doutssimos
dos
santos
bispos,
Hilrio,
Cipiiano,
Ful-
grrcio,
Epifnio,
Isidoro,-e
um
e cutro
Cirilo'
e
os
os
antiquisslmos
padres
Clemente
Romano,
Dionsio
Areopagitu, Erinu,
|us-tino, Gregorio
-Taumaturgo'
Clemlne
Alerandrino,
Lactncio,
e
infinitos
outros,
todcs
stes
escritos,
digo,
cheios
de
divina
e
celestial
doutrina,
que
outra
coisa
so,
Sem
encarecimento
nem
metfora,
seno
aS
almas
dos
mesmos
santos,
e
aS
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
31/446
INTRODUO
guinta-essncias
dos
seus
entendimentos
estiladas pela
pena?
167
Ali
se
vem
refutadas
e convencidas tdas
as
seitas
dos
antigos
filosofos
pitagricos,
platnicos,
cnicos,
peripatticos,
epicureus,
esticos;
ali
os
mis-
trios
profundssimos
da
fe
facilitados
e
crveis,
e os
argumentos
contrrios
desvanecidos;
ali
as tradies
apostolicas
sucessivarnente
continuadas,
e as
defini-
es
dos
conclios
gerais
e
particulares
estabelecidas;
ali
as
dificuldades da
Sagrada
Escritura
e
os lugares
escuros
dela
declarados,
e
o
Velho
e
Novo Tsta-
mento,
e
os
Evangelhos
entre
si
concordes;
ali as
questes
altssimas
da
Teologia
sutilissimamente
disputadas
e
resolutas,
as
controvrsias
debatidas
e
examinadas,
e
o
certo
como
certo,
o
falso
como
falso,
e
o
provvel
como
provvel,
tudo
decidido;
ali
as
heresias
antigas
e
modernas
expugnadas,
e
as
cavi-
laes
dos hereges
desfeitas,
e
cs textos
sagrados,
corruptos
e
adulterados
por
les,
ccnservados
em
sua
original
pureza;
os
rios,
os
Apolinares,
os
Mace-
dnios,
os
Nestorios,
os
Donatos,
os
Pelgios,
os
Me$qqeus,
os
Eutquics,
os Elvdios,
os
]ovinianos,
os
Vigilncios,
e
os
Luteros
e
calvinos,
que
em nossos
tempos
os
ressuscitaram,
sepultados
outa
vez
e co[-
vencidos;
ali,
finalmente,
os
vcios
perseguidos,
os
abusos
emendados,
as
virtudes
sinceras
"e
solidas
louvadas,
as
falsas
e aparentes
confundidas,
e tda
a
perfeio
evanglica
digesta,
praticada
e
posta
em
seu ponto.
168
E
para tudo
isto
-
que
muitos no
enten-
{"-,
lem
capacitam
que
compreensc
e
vastido
de
tdas
as cincias
divinas
e
hurnanas
era necessria;
que
memria
de
tdas
as
histrias
sagradas
e
profa-
nas;
que
escrutnio
da
cronologia
de
todos
os
tempos;
31
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
32/446
32
INTRODUO
gue
notcias
de
tdas
as terras
e
gentes, de
suas
leis,
ostumes,
cerimnias,
ritos;
gue
inteligncia
e
conhe-
cimento
exato
de
tdas
as lnguas,
latina,
grega,
he-
bria,
caldaica,
siraca,
umas
originais
dos
textos
sa-
grados,
outras
em
gue
foram
vertidos
E
que estudo,
que aplicao,
que
ccntinuao
e
trabalho
era
outros-
ii*
ncessrio
para
adquirir
esta
imensa
erudio
,
aiu-
dado
o
engenho
natural
e
elevado
de
contnuas
of'
s
ao
cri,
donde
vem
a
verdadeira
luz
Estas
eram
as
minas em que cavavam
e
suavam
aqules
diligen-
tssimos
e
utilssimos
operrios,
estas
as
riguezas
inestimveis
qqe
metiam
e
acumulavam
nos
tesouros
da
Igreja,
ests
as
armas
finssimas
e
escudos
impe-
netrveis
de
que
forneciam
a
Trre de
Davi
para
as
futuras
ocasies
e
batalhas,
como
hoje
se
experi-
menta, empregando
e
aplicando
a
estas
-
gue com
razo
te
chu-m
obras
-
tdas
as
fras do'esprito,
tdas
as
potncias
da
alma,
e
todos
os
sentidos
do
corpo,
negando-lhe
o
descanso
de
dia,
e
o
repouso
e
soro
de
noite,
e
chegando
a
no
gostar
nem
sentir
o
mesmo
que
comiam,
como
mesa
de
el-rei
S.
Lus
de
Frana-lhe
aconteceu
a
Santo
Tcms.
Mas,
como
"ru*
t
doutos
e
sbios,
sabiam
melhor
que todos
guo
grande
coisa
ser
santos,
e
por.isso o
pfoCu-
.r.-
eies
ser
com
esta
vida,
e
gue os
demais
o
fssem
com
esta
mesma
doutrina.
169
Por outro
caminho
bem
diverso
conquista-
ram
o
Ser
santos
os
anacoretas,
deixando
o
trato
e
comunicao
das
gentes,
e
indo-se
viver
aos
desertos;
mas tambm
l
lhes
no
faltaram
batalhas,
porque
se
levavam
a
si
consigo,
nem
vitrias,
porq-ue
os
levava
Deus.
Estas
er-
as
plantas
do
cr
de
que
estavam
cultivados
os
rmos
d
Palestina,
da
Tebaida,
a"
Egito,
e
agui
viviam
como
anios,
porque
souberam
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
33/446
T
INTRODUO
fugir
dos
homens,
os
Paulos,
os
Hilaries,
os
Ars-
nios,
os
Onofres,
os
Pacmios,
os
Macrios.
Em
muitos anois,
e
alguns em tda
a
vida,
no se
viam;
eram
porm
muito para
ver
aquelas venerveis cs
nunca
tocadas
de
ferro,
como
nazareus
da
lei
da
graa,
da
qual
de
noventa,
qual
de
cento,
gual
de
cento e vinte anos,
estendendo
o
jejum
e
a abstinn-
cia
as vidas,
gue
tanto
desbarata e
abrevia
o
regalo.
Habitavam
as
grutas
e
covas,
das
quais,
guando
saam,
mais pareciam
cadveres
que homens
vivos.
Das
mos
de
S.
Pedro
de Alcntara escreve
Santa
Teresa gue
eram
como feitas
de
razes,
e
o
mesmo
podemos
dizer
das
esttuas
ou
semelhanas
dstes
santos
velhos,
secos,
plidos,
mirrados,
e como
feitos
ou
tecidos
das
raizes
das
mesmas
ervas
de
gue
se
sustentavam.
170
Mas
como
na
carne
enfraquecida
e
debi-
litada
com
as
penitncias
se criam
e crescem
os mais
robustos
espritos, invejosos
os
do
inferno
de tanta
santidade,
se
armavam
fortemente
contra
les,
e,
a-
zendo daqueles
desertos
campanha,
lhes
davam
crudelssimos
combates.
Umas
vzes
lhes
apareciam
os
demnios
transfigurados
em
spides,
basiliscos,
drages,
e
outros
monstros
horrendos que
os
queriam
tragar,
como
ao
grande
Antnio;
outras os
assombra-
vam
com tremores
espantosos
da
terra, relmpagos,
troves
e raios,
com
que parecia
que
as
mesmas
grutas
se
partiam,
e caam
sbre les
os montes;
e talvez
na
maior
serenidade
e
frescura
do ar,
Ihes
traziam
e
punham diante
dos
olhos
as mesmas
figuras
humanas
de
gue
tinham fugido,
mais
capazes pelo gesto
e pelos
trajos
de
provocar
amor
que
mdo;
e
stes
eram
entre
todos
os mais
apertados
e
furiosos
assaltos. Mas,
gue
f.aziam
agules
canstantssimos
atletas
da
casti-
33
-
7/17/2019 Vidas Dos Santos - 1
34/446
34
INTRODUO
dade,
quando os
cilcios,
de
que
sempre
andavam
armados, lhes
no bastavam?
Ou
se
valiam
ds
lagos
e
rios
enregelados,
como
S. Francisco, ou
nas
silvas
e
espinhos,
c*o
So
Bento,
ou
no fogo,
metendo
nle
a
mo
e
deixando
derreter
os
dedos,
como
S.
Diogo,
e
desta
sorte,
com
a
memria
do
mesmo
inferno
que
lhes
.azia
a
guerra,
o
venciam
e
triunfavam
dale.
Assim
venciam,
porque
eram
assistidos
da
graa.de
Deus,
e
assistia-os
Deus
to
e.icazmente
com
sua
graa,
porque
les
continuamente
assistiam
tambm
a
Deus, orando
e
contemplando.
17l
De alguns
se
escreve
que de
noite
mediam
as
horas
da otuo
com
um
novo
e
admirvel
relogio
do sol,
porque
comeav
am
a
orar
quando
se
punh ,
e
acabavm
quando
nascia.
Mais
f.azia
Simeo
Estilita,
a
quem
com
razo
podemos
chamar
Anacoreta
do
Ar,
e
no da
terra.
Vivia
sbre
uma
coluna
de
trinta
e
cinco
cvados
de
alto,
onde
perseverou
oitenta
anos
ao sol,
ao
frio,
neve,
aos
ventos,
comendo
uma
s vez
na semana,
e
orando
de
dia e
de
noite,
quase
sem
dormir.
LImas
vzes
orava
de
ioelhos
e
prostrado,
outras
em
p e
com os
braos
a
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