lógica silogística
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1. Argumentao e lgica formal
1.1. Distino validade/verdade
A lgicapermite avaliar se as afirmaes so ou no corretamente inferidas, distinguindo os argumentos validos dos invlidos e identificar as
regras que permitem afirmar se so ou no validos. A lgica, ajuda-nos a aprender a construir e a avaliar argumentos validos, garantindo deste
modo que partindo de premissas verdadeiras consegue-se chegar a uma concluso verdadeira. Ou seja, a lgica investiga as regras de carncia dos
racioc!nios e permite a formali"ao do pensamento, independentemente dos seus poss!veis conte#dos materiais. $entro da lgica e%iste tam&'m a
lgica formal, que ' uma cincia que estuda as leis que permitem estruturar corretamente o nosso pensamento atrav's da e%plicitao das
propriedades dos argumentos vlidos.
(mconceito' uma representao lgica a&strata que designa na mente, um conjunto ou uma classe de o&jetos.
(m termo' a e%presso ver&al do conceito, sendo os conceitos representaes mentais a&stratas dos termos.
(m juzo' a ligao mental de um ou mais conceitos. $esta forma, e%prime-se por uma proposio, ou seja, uma e%presso ver&al, oral ou
escrita do ju!"o.
O raciocnio' o encadeamento de ju!"os em que a verdade de um depende da verdade e da sua ligao com os outros. )o entanto, o racioc!nio
e%prime-se por argumentos, os quais constituem discursos de trs diferenciados tipo* dedutivo, indutivo e analgico. +or e%emplo, o
raciocnio analgicoparte, ento, de uma suposio inicial, que pode ser um pressentimento, uma ideia, uma hiptese, para uma similaridade de
estrutura, enquanto que o indutivo, parte de um certo numero de casos estudados e indu" que o que se verificou nos casos analisados tam&'m se
verificar em todos os casos do mesmo g'nero. inalmente, o raciocnio dedutivo' uma operao intelectual mediante a qual o pensamento, a
partir de uma ou mais proposies dadas premissas e relacionadas entre si, retira uma concluso que deriva logicamente das primeiras.
Lgica Silogstica Aristot!lica"
A lgica aristot'lica foi introdu"ida por Aristteles /01-/22 a. 3. e sistemati"ada na 4dade 5'dia. A parte da lgica aristot'lica que vou a&ordar 'a lgica silog!stica, que se ocupa apenas da validade dedutiva de um certo tipo de argumentos, os chamados 6silogismos7.
As #uatro formas lgicas$ A, %, &, '
)a lgica aristot'lica reconhecem-se apenas proposies que tenham uma de quatro formas lgicas*
8.9odos os A so :.
2.)enhum A ' :.
/.Alguns A so :.
1.Alguns A no so :.
;stas proposies so classificadas como se segue*
6(odos os A so )7 so as de ti*o Aou universais afirmativas.
6+enum A ! )7 so as de ti*o %ou universais negativas.
6Alguns A so )7 so as de ti*o &ou *articulares afirmativas.
6Alguns A no so )7 so as de ti*o 'ou *articulares negativas.
As proposies destes tipos incluem sempre dois termos. O termo sujeito ' aquele que ocupa o lugar de A. O termo predicado ' aquele que ocupa o
lugar de :. ; di"-se que um ju!"o ' a atri&uio de um termo predicado a um termo sujeito, segundo a estrutura 6< ' +7 (i*o A
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Todo o homem racional
Nenhum animal racional
Nenhum animal homem
Premissa maior
Premissa menor
Concluso
Termo Mdio
Termo Menor Termo Maior
2
)enhum alentejano ' lis&oeta. > (i*o %
(ma proposio '
*articular quando
a&range apenas uma
parte da e%tenso do
termo sujeito.
;%emplos* Alguns
comerciantes so
honestos. > (i*o &
Alguns
alunos
no so
estudiosos. > (i*o '
A qualidade de uma proposio refere-se ao seu carter afirmativo ou negativo.
Afirmando, declara-se que determinado termo predicado se aplica a determinado termo sujeito? negando, declara-se que determinado termo
predicado no se aplica a determinado termo sujeito. As proposies podem ser afirmativas as de tipo A e de tipo 4 ou negativas as de tipo ; e de
tipo O.
A forma cannica das *ro*osi-es
)em sempre as proposies aparecem na sua forma cannica. +or e%emplo, a frase 6@ homens mortais7 e%prime uma proposio de tipo 4, mas
no est na forma cannica. $e modo a coloc-la na forma cannica das proposies de tipo 4 6Alguns A so :7, ter!amos de a e%primir atrav's da
frase 6Alguns homens so mortais7.
A ta&ela que se segue mostra algumas formas de e%primir proposies de tipo A, ;, 4 O, indicando a sua transformao na forma cannica.
(eoria do silogismo
(m silogismo' uma forma particular de racioc!nio argumento dedutivo, constitu!da por trs proposies categricas que afirmar ou negam
algo de forma a&soluta e incondicional* duas premissas e uma concluso
9odos os portugueses so s&ios.
9odos os minhotos so portugueses.
ogo, 9odos os minhotos so s&ios.
Al'm de terem duas premissas e unicamente proposies de uma das quatro formas silog!sticas, os silogismos tm de o&edecer a uma certa
configurao*
O termo maior' o termo predicado da concluso e ocorre uma #nica ve" na primeira premissa premissa maior.
O termo menor' o termo sujeito da concluso e ocorre uma #nica ve" na segunda premissa premissa menor.
O termo m!dio' o termo que surge em am&as as premissas, mas no na concluso.
Assim,
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+or e%emplo, no argumento acima o termo maior ' 6s&ios7, o menor ' 6minhotos7 e o m'dio ' 6portugueses7.
)em sempre os argumentos surgem na sua forma silogsticaa que tam&'m se chama 6forma padro7. +ara colocar um argumento na forma
silog!stica, ' preciso apresentar as premissas pela ordem correta. A premissa maior deve estar sempre acima da premissa menor. O argumento 6)o
h filsofos dogmticos, visto que qualquer filsofo ' cr!tico? mas nenhum dogmtico ' cr!tico7 no se encontra na forma silog!stica.
)a forma silog!stica este argumento teria de ser apresentado do seguinte modo*
)enhum dogmtico ' cr!tico. +remissa maior.
9odos os filsofos so cr!ticos. +remissa menor.
ogo, nenhum filsofo ' dogmtico. 3oncluso.
Os silogismos tm uma dada forma lgica. +ara representar essa forma lgica, temos de usar s!m&olos. +ara compreendermos melhor a noo
de forma lgica vamos comparar dois silogismos*
)o que respeita ao
conte#do, estes
silogismos em nada se
assemelham, pois as
proposies que os constituem so acerca de assuntos completamente diferentes. 5as tm eatamente a mesma forma lgica. ;ssa forma ' a
seguinte*
9odos os A so :.
9odos os 3 so A.
ogo, todos os 3 so :.
O&teremos os argumentos 1e 0se su&stituirmos 6A7, 6:7 e 637 pelos termos apropriados. B importante distinguir o conte#do dos argumentos
da sua forma lgica, porque a validade dedutiva depende e%clusivamente da forma lgica. Ou seja, para determinar se um argumento 'dedutivamente vlido, podemos ignorar o seu conte#do e e%aminar apenas a sua forma. Os argumentos 1e 0tm uma forma silog!stica vlida, mas
outros tm formas invlidas. Assim, podemos di"er o seguinte*
A forma lgica de um argumento ' a sua estrutura relevante para a validade dedutiva.
egras do silogismo v2lido
(m silogismo ' vlido se, e apenas se, satisfa" todas as regras da validade silog!stica.
As regras da validade silog!stica distri&uem-se por dois grupos* as regras paratermos
trs regras e as regras para *ro*osi-esquatro regras. 3omecemos com as regras *ara termos*
egra 1$4m silogismo tem de ter eatamente trs termos$ termo maior, menor e m!dio.+or ve"es, um silogismo tem 6disfaradamente7 mais de trs termos, quando um dos termos ' am&!guo e est a ser usado com dois significados
diferentes*
As margaridas so flores
Algumas mulheres so 5argaridas.
ogo, algumas mulheres so flores.
)este caso, o termo 6margaridas7 ' usado em dois sentidos diferentes valendo por dois termos* no sentido de nome de flor e de nome prprio
de algumas mulheres.
Assim, o silogismo no ' vlido porque tem quatro e no trs termos.
egra 0$' termo m!dio tem de estar distri5udo *elo menos uma vez.
4m termo est2 distri5udoquando refere todos os mem&ros da classe.
8.
9odos os anf!&ios so verte&rados.
9odas as rs so anf!&ios.
ogo, todas as rs so verte&rados.
2.
9odos os portugueses so europeus.
9odos os vimaranenses so portugueses.
ogo, todos vimaranenses so europeus.
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+or e%emplo, na afirmao 6todos os ces so carn!voros7, o termo 6ces7 est distri&u!do pois estamos a referir-nos a todos os ces. 5as o
termo 6carn!voros7 no est distri&u!do j que no estamos a referir-nos a todos os carn!voros. +odemos concluir que nas proposies de tipo A o
termo sujeito est distri&u!do mas o termo predicado no.
+ara sa&ermos se, numa das proposies reconhecidas pela lgica aristot'lica, o termo sujeito ou o termo predicado esto distri&u!dos &asta reter o
seguinte*
O termo sujeitos est distri&u!do nas proposies universais.
O termo *redicados est distri&u!do nas proposies negativas.
A distri&uio dos termos pode representar-se na seguinte ta&ela*Cejamos o seguintee%emplo*
9odos os romances so
o&ras literrias.
9odos os poemas so
o&ras literrias.
ogo, todos os poemas
so romances.
;ste silogismo ' invlido, porque o termo m'dio 6o&ras literrias7, nunca est distri&u!do, pois em am&as as premissas ' predicado numa
proposio de tipo A.
egra 6$ Se um termo ocorre distri5udo na concluso, tem de estar distri5udo nas *remissas.
Os espanhis so i&'ricos.
Os portugueses no so espanhis.
ogo, os portugueses no so i&'ricos.
O argumento anterior ' um silogismo invlido porque o termo 6i&'ricos7 est distri&u!do na concluso, mas no na premissa.
3onsideremos agora as regras *ara as *ro*osi-es*
egra 7$ +enuma concluso se segue de duas *remissas negativas.
)enhum crocodilo tem guelras.
)enhum crocodilo ' um pei%e.
ogo, alguns pei%es no tm guelras.
;ste argumento ' invlido porque tem duas premissas negativas.
egra 8$ +enuma concluso se segue de duas *remissas *articulares.
Alguns jovens so homens.
Alguns jovens so mulheres.
ogo, algumas mulheres so homens.
;ste silogismo ' invlido porque tem duas premissas particulares.
egra 9$ Se as duas *remissas forem afirmativas, a concluso no *ode ser negativa.
9odos os melros so animais.
Alguns pssaros so melros.
ogo, alguns pssaros no so animais.
;ste argumento ' invlido j que a concluso ' negativa, mas as premissas so afirmativas.
egra :$ A concluso tem de seguir a *arte ou *remissa mais fraca. A *arte mais fraca ! a negativa e/ou a *articular. Se uma
*remissa for negativa, a concluso tem de ser negativa; se uma *remissa for *articular, a concluso tem de ser *articular. Se
ouver uma *remissa *articular e outra negativa, a concluso ser2 *articular e negativa.
9odos os atenienses so gregos.
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Alguns atenienses so filsofos.
ogo, todos os filsofos so gregos.
;ste silogismo ' invlido porque a concluso ' universal, mas uma das premissas ' particular.
3onv'm nunca esquecer que na lgica aristot!lica no se *ode usar classes vazias. Assim, quaisquer argumentos que contenham termos
como 6lo&isomens7, 6mulheres com mais de 8D metros de altura7, 6marcianos7, etc., no podem ser analisados recorrendo = lgica aristot'lica.)os casos em que no sa&emos se uma classe ' va"ia ou no como a classe dos e%traterrestres inteligentes tam&'m no podemos usar a lgica
aristot'lica. 3aso usemos classes va"ias, a lgica aristot'lica apresenta resultados errados. 3onsideremos o seguinte silogismo*
9odos os portugueses so i&'ricos.
9odos os marcianos so portugueses.
ogo, h marcianos i&'ricos.
O silogismo anterior, vlido segundo a teoria do silogismo, ' de facto invlido. A verdade da universal afirmativa 69odos os marcianos so
portugueses7 no nos o&riga a concluir que alguma ve" tenham e%istido seres da classe dos marcianos. $este modo, temos um silogismo constitu!do
por premissas verdadeiras e concluso falsa > o que contraria a noo de validade dedutiva.
+G;$43A$O na premissa maior
9odo o francs ' europeu > +G;$43A$O na premissa menor
)enhum francs ' americano.
+G;$43A$O na premissa maior
9odo o canadiano ' norte-americano >
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0.constringente?, ou seja, estamos
racionalmente constrangidos a aceitar a concluso.
O mesmo no acontece no argumento 2. B perfeitamente racional no aceitar a concluso desse argumento J &asta recusar a primeira premissa,
que ' muit!ssimo discut!vel, ainda que seja uma 6opinio respeitvel7.
3laro que o ideal seria encontrar sempre premissas indisputveis para os nossos argumentos? mas isso nem sempre ' poss!vel. ; quando no '
poss!vel, temos de nos contentar com as premissas mais plaus!veis,verosmeisou *referveisque conseguirmos encontrar.
4sto, por sua ve", significa que esses argumentos no so conclusivos. B sempre poss!vel disputar racionalmente as concluses de argumentos
vlidos &aseados em premissas meramente plaus!veis J &asta disputar pelo menos uma das premissas.
+or e%emplo, uma pessoa poderia disputar o argumento 2 defendendo
com outros argumentos que a primeira premissa ' falsa. A esta troca de argumentos chama-seargumentao.
A argumentao' uma sequncia de argumentos.Assim, a argumentao difere da demonstrao, no sentido aristot'lico.
(ma demonstrao, neste sentido, ' o ponto final da argumentao. 5as no podemos esquecer que o que est demonstrado foi originalmente
esta&elecido por argumentao? pura e simplesmente, essa argumentao foi conclusiva e chegou ao fim.
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%m concluso$
Argumentao
(tili"a a retrica e a dial'tica?
B pessoal, dirige-se a indiv!duos para o&ter a sua adeso?
B necessariamente situada, j que o orador depende do auditrio? +ersuadir outrem e%ige* reconhec-lo como interlocutor, agir so&re ele intelectualmente e no pela fora, tem de ter em conta as reaes para
adaptar o discurso?
)o ' um monlogo mas um dilogo?
+retende um efeito imediato ou, no m!nimo, predispor a uma ao eventual?
(tili"a uma linguagem natural que pode levar a equ!vocos?
Ao pretender a adeso a uma tese por parte do auditrio, torna-se varivel, da! que a intensidade da adeso possa ser acrescida?
O valor e a quantidade de uma argumentao no pode medir-se unicamente pelos resultados, depende igualmente da qualidade do auditrio
que se ganha pelo discurso.
$emonstrao
B um clculo formal? $i" respeito = verdade de uma concluso a partir das premissas com que necessariamente se relaciona?
A prova demonstrativa ' impessoal?
A sua validade depende das dedues efetuadas?
B insulado do conte%to?
B impessoal
(tili"a uma linguagem artificial?
A sua linguagem, porque ' formal, no condu" a equ!vocos?
A verdade ' uma propriedade da proposio e da! que no haja variao de intensidade.
+ota$complementam-se no discurso argumentativo.
' auditrio e as *remissas
Cejamos o seguinte argumento*
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Alguns argumentos so maus ou &ons para quaisquer pessoas, como o argumento acima. 5as outros argumentos podero ser &ons para certas
pessoas e maus para outras.
A plausi&ilidade das proposies 'relativaao estado cognitivo dos auditrios.
+or e%emplo*
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pois s uma pessoa de racioc!nio desenvolvido ' capa" de desco&rir solues ideais para os pro&lemas dos cidados?
;%celncia e &enevolncia > estas devem associar-se = ra"o para mostrar que o orador no deturpa os acontecimentos, no tem ideias reservadas
ou segundas intenes, nem se dispe a enganar os ouvintes.
0.A argumentao &aseada no estado emocional (pathos) do auditrio? ligao ao auditrio
Gefere-se =s emoes despertadas nos ouvintes, pelo orador.
B o modo como o orador provoca a adeso entoao, repeties, figuras de estilo, gestos, questes para refletir, suspenses frsicasM
6.A argumentao &aseada no argumento (logos) propriamente dito.elemento mais racional
Gefere-se =quilo que ' dito, ao discurso argumentativo, aos argumentos que o orador utili"a na defesa das opinies.
B o aspeto mais desenvolvido por Aristteles segundo ele, ' o que deve prevalecer num discurso.
;is como Aristteles e%plica esta distino*
Os argumentos convincentes fornecidos atrav's do discurso so de trs esp'cies* 8 Alguns fundam-se no carter de quem fala? 2 alguns, na
condio de quem ouve? / alguns, no prprio discurso, atrav's de prova ou aparncia de prova.
Os argumentos so a&onados pelo carter sempre que o discurso ' apresentado de forma a fa"er quem fala merecer a nossa confiana. +ois temos
mais confiana, e temo-la com maior prontido, em pessoas decentesNM 4sto, contudo, tem de resultar do prprio discurso, e no das perspetivas
pr'vias do auditrio quanto ao carter do orador. A convico ' assegurada atrav's dos ouvintes sempre que o discurso desperta neles alguma
emoo. +ois no damos os mesmos veredictos quando sentimos ang#stia e quando sentimos alegria, ou quando estamos numa disposio favorvel
e numa disposio hostil NM.As pessoas so convencidas pelo prprio discurso sempre que provamos o que ' verdade ou parece verdade a partir de
seja o que for que ' convincente em cada tpico. Aristteles,Retrica, *. 1689a
0.0. ' discurso argumentativo$ *rinci*ais ti*os de argumentos e fal2cias informais
Argumentos e fal2cias informais
A diferena fundamental entre os argumentos informais e os formais ' esta* nos argumentos formais, a validade depende e%clusivamente da suaforma lgica, ao passo que nos informais a sua validade no depende e%clusivamente da sua forma lgica.
ala-se por ve"es de argumentosdedutivos ou de deduo e de argumentos no dedutivosque incluem a induo. )o 3a*tulo @Distino
validade/verdadeestudmos alguns tipos de argumentos dedutivos formais.
A diferena fundamental entre os argumentos dedutivos e os no dedutivos ' a seguinte* )um argumento dedutivo vlido ' imposs!vel as suas
premissas serem verdadeiras e a sua concluso falsa. 5as nos argumentos no dedutivos vlidos no ' imposs!veis as suas premissas serem
verdadeiras e a sua concluso falsa? ' apenas muito improvvel.
Assim, um argumento dedutivo vlido com premissas verdadeiras garante a verdade da sua concluso. 5as um argumento no dedutivo vlido
com premissas verdadeiras torna provvel, mas no garante, a verdade da sua concluso.
9odos os argumentos no dedutivos so informais.
Alguns argumentos dedutivos so informais, mas outros so formais. Os argumentos dedutivos que estudmos no 3a*tulo @Distino
validade/verdadeso formais.
Argumentos no dedutivos
Camos estudar &revemente os seguintes tipos de argumentos no dedutivos*
1.4ndues?
0.Argumentos por analogia?
6.Argumentos de autoridade.
Peralmente usa-se o termo >induo? para falar de dois tipos diferentes de argumentos* as generali"aes e as previses. (ma generalizao
' um argumento do seguinte g'nero*
9odos os corvos o&servados at' hoje so pretos.
ogo, todos os corvos so pretos.
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+ara que uma generali"ao seja vlida tem de o&edecer a algumas regras. +or e%emplo, os casos em que se &aseia tm de ser representativos e
no pode haver contrae%emplos. $efender que todos os portugueses vo regularmente ao cinema porque os meus amigos vo regularmente ao
cinema viola estas duas regras* os meus amigos no so representativos dos portugueses em geral e h portugueses que no gostam de cinema. A
falcia da generalizao*reci*itadaocorre quando os casos em que nos apoiamos no so representativos.
)uma *revisoas premissas &aseiam-se no passado e a concluso ' um caso particular. +or e%emplo*
9odos os corvos o&servados at' hoje so pretos.
ogo, o pr%imo corvo que o&servarmos ser preto.
)um argumento *or analogiapretende-se concluir que algo ' de certo modo porque esse algo ' anlogo a outra coisa que ' desse modo. +or
e%emplo*
Os filsofos so como os cientistas.
Os cientistas procuram compreender melhor o mundo.
ogo, os filsofos procuram compreender melhor o mundo.
)o se deve confundir os argumentos por analogia com as analogiaspropriamente ditas. (ma analogia ' apenas uma semelhana entre coisas?
os argumentos por analogia &aseiam-se nesta desejada semelhana, mas no so, eles mesmos, analogias. 3omo se pode ver, nos argumentos por
analogia uma das premissas ' uma analogia.
Cejamos outro argumento por analogia*
O mundo ' como uma casa.
9odas as casas tm um arquiteto.
ogo, o mundo tam&'m tem um Arquiteto J $eus.
;ste argumento ' pro&lemtico, pois a analogia entre casas e o mundo no ' mais plaus!vel do que a prpria concluso. (m argumento por
analogia tem de se &asear numa analogia mais plaus!vel do que a hiptese de a concluso ser verdadeira. 3ontesta-se um argumento por analogia
tentando mostrar que h diferenas entre as duas coisas comparadas que derrotam a concluso.
A falcia da falsa analogiaocorre quando h diferenas entre as duas coisas comparadas que derrotam a concluso.
)um argumento de autoridadeusa-se a opinio de um especialista, como no e%emplo seguinte*
@egel disse que a realidade ' espiritual.
ogo, a realidade ' espiritual.
+ara que um argumento de autoridadeseja &om ' necessrio que o especialista ou especialistas invocados sejam realmente especialistas da
mat'ria em causa e que os outros especialistas no discordem dele. +or isso, em filosofia os argumentos de autoridade so quase sempre falaciosos,
dado que os filsofos discordam quase sempre uns dos outros relativamente a questes su&stanciais.
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- costuma-se representar a deduo pela seguinte frmula*
9odos os A so : definio ou teoria geral?
% ' A caso particular?
+ortanto, % ' : deduo.
;%.*
9odos os homens A so mortais :?
9odos os ces que eu vi so mam!feros.
ogo, todos os ces so mam!feros.
2 > 9odos os ces que eu vi foi em +ortugal.
ogo, todos os ces esto em +ortugal.
- pode ter premissas singulares, particulares QAlgunsR ou gerais Q9odosR
- o Hm&ito e e%tenso da concluso ' sempre maior que o das premissas
- pode ser encarado de duas perspetivas* generali"ao e previso
- a ra"o tam&'m oferece um conjunto de regras precisas para guiar a induo? se tais regras no forem respeitadas, a induo ser considerada
falsa.
Beneralizao$
3onsiste em atri&uir a todos os casos poss!veis de certo tipo aquilo que se verificou em alguns casos desse tipo. A generali"ao justifica, portanto,
uma concluso universal a partir de premissas menos gerais. As premissas so menos a&rangentes que a concluso.
;%.*
9odos os corvos o&servados at' hoje so pretos.
ogo, todos os corvos so pretos.
A generali"ao no garante a verdade da concluso, pois a concluso ' mais geral do que a premissa.
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B uma violao da regra* a amostra deve ser ampla
alcia da amostra tendenciosa*
(ma amostra ' tendenciosa ou parcial e, por isso, de fraca relevHncia, se no a&ranger as variedades de o&jetos ou situaes a que se aplica a sua
concluso.
5esmo sendo muito grande, uma amostra pode ser tendenciosa ou parcial.
Creviso$
As premissas &aseiam-se no passado e a concluso ' um caso particular.
;%.*
9odos os corvos o&servados at' hoje so pretos.
ogo, o pr%imo corvo que o&servarmos ser preto.
$iferena fundamental entre os argumentos dedutivos e no dedutivos*
)um argumento dedutivo vlido ' imposs!vel que as suas premissas sejam verdadeiras e a concluso falsa. )um argumento no dedutivo vlido no
' imposs!vel que as suas premissas sejam verdadeiras e a concluso falsa? ' apenas muito improvvel. Assim, um argumento dedutivo vlido com
premissas verdadeiras garante a verdade da sua concluso, enquanto que um argumento no dedutivo vlido com premissas verdadeiras torna
provvel, mas no garante, a verdade da sua concluso. 9odos os argumentos no dedutivos so informais.
Algumas fal2cias informais
As fal2cias formaisso erros de racioc!nio que resultam e%clusivamente da forma lgica. As fal2cias informaisso erros de racioc!nio que
no resultam e%clusivamente da forma lgica. O n#mero de falcias informais ' muito elevado. Camos estudar &revemente algumas das mais
comuns.
A falcia do falso dilemaest associada a argumentos &aseados em disjunes afirmaes da forma 6+ ou I7. +or e%emplo*
As verdades so relativas ou a&solutas.
B falso que sejam a&solutas.
ogo, so relativas.
;ste argumento ' dedutivamente vlido, mas esconde uma falcia* a primeira premissa ' um falso dilema, pois no esgota todas as possi&ilidades.
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)ormalmente, esta falcia no ' formulada de forma to evidente. ;m ve" disso, a premissa falaciosa surge disfarada com variaes gramaticais da
concluso ou misturada com outras premissas*
9udo o que a :!&lia di" ' verdade porque a
:!&lia foi escrita por $eus.
A :!&lia di" que $eus e%iste.
ogo, $eus e%iste.3hama-se tam&'m >raciocnio circular?= petio de princ!pio.
A falcia de a*elo = fora,' o argumento que recorre a foras de ameaa como meio de fa"er aceitar uma afirmao*
Iuando as autoridades de trHnsito depois de terem esgotado os demais recursos persuasivos para levar os condutores a no ultrapassarem os limites
de velocidade esta&elecidos, lhes recordam que as multas a pagar pelas infraes so elevadas. e%* opresso psicolgica, ameaas
A falcia do a*elo = misericrdia(argumentum ad misercordiam) consiste ha&itualmente em tentar convencer algu'm a fa"er algo com &ase
no estado lastimoso do autor do argumento. O argumento ' falacioso quando o estado lastimoso do autor do argumento no tem qualquer
relevHncia relativamente ao que est em causa. +or e%emplo*
;u estudei desalmadamente durante as duas #ltimas semanas.
ogo, o professor deve dar-me uma &oa nota.
;ste argumento ' um apelo ileg!timo = misericrdia porque as notas so atri&u!das no em funo do esforo do estudante mas sim dos resultados,
tal como numa prova desportiva.
A falcia de ad ominem ' uma falcia contra a pessoa, sendo o argumento que pretende mostrar que uma afirmao ' falsa atacando e
desacreditando a pessoa que a emite.
O Go&erto disse que amanh no h aulas, mas de certe"a que h porque ele ' mal criado e um grande preguioso.
A falcia Cost oc, consite em ver uma relao de sequencia causal causaLefeito onde s e%iste uma relao temporal.
rancisco di"* - Acho que hoje me vai correr mal o teste de ilosofia.
Ana di"* - +orquK
rancisco di"* - +orque fui ao fute&ol e o meu clu&e perder.
6. Argumentao e
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A argumentao racional, logos, era a chave da autoridade, sendo que quem e%ercia o poder pol!tico necessitava sempre apresentar ra"es
aceitveis?
;%istia uma relao intr!nseca entre cidadania e participao,
@avia a su&misso = lei e no a uma pessoa?
$ava-se grande importHncia = educao c!vica e solidariedade.
A dis*uta entre filsofos e retores
Ao longo da histria, a convivncia entre retores e filsofos nem sempre foi fcil, lutando am&os pela prioridade na formao dos cidados gregos.
A retrica foi desco&erta pelos gregos como forma democrtica de resolver os pro&lemas da cidade.
A via da filosofia
+arm'nides e +lato tinham uma a&ordagem ontolgica da retrica ontosSser. 3onsideravam que a #nica via para a verdade era o ser.
+arm'nides segue a via a&strata da refle%o pura. 4nveste e confia no poder que a ra"o tem de, por si s, especular e atingir a verdade das coisas.
4ndiferente = pol!tica, desvalori"ava as opinies humanas e ignorava a importHncia de se chegar a consensos e o poder convincente da palavra.
A via da retrica
Prgias e $emcrito, sofistas, tinham uma a&ordagem antropolgica da retrica antrophos S homem. 3onsideravam que a #nica via para a
verdade era a investigao pela argumentao interpessoal.
)esta altura a retrica ' vista como uma prtica ajustada =s necessidades do tempo.
Os sofistas apareceram no final do s'c. C a.3., numa 'poca em que a vida democrtica reclamava a participao dos cidados que se mostrassem
aptos a fa"-lo. Cinham de vrios pontos da Pr'cia ou at' do estrangeiro, apresentando tendncia para relativi"ar os h&itos e instituies
atenienses e para pTr em causa a autoridade das tradies enrai"adas.
Os sofistasso pois um conjunto de livres-pensadores que se propem a ensinar a arte da pol!tica e as qualidades que os homens devem possuir
para serem &ons cidados. Andam de cidade em cidade proporcionando aos jovens que desejam alargar os seus hori"ontes intelectuais uma
aprendi"agem eficiente, ha&ilitando-os para o ingresso na vida pol!tica. Coltavam-se para a formao prtica dos homens, tentando torn-los &ons
cidados e pol!ticos eficientes, ensinando temas relativos = moral, pol!tica, economia, retrica e filosofia.
Os sofistas pem de lado a procura da verdade em si mesma para insistirem na arte de e%por, argumentar e convencer. A verdade torna-se assim
su&jetiva e relativa a cada um. A insistncia neste su&jetivismo e relativismo fomenta a li&erdade intelectual que leva as pessoas a questionar os
conceitos e valores do passado e, simultaneamente, a esta&elecer novos tipos de crenas e ideais. A retrica apresenta-se assim como um poderosa
t'cnica de persuaso.
)o entanto, este redu"ir o carter a&soluto e universal da verdade a meras opinies relativas, fa" com que os sofistas comecem a ser e%pulsos do
grupo dos filsofos. Apesar de tudo, hoje em dia considera-se que o m'rito dos sofistas reside na sua refle%o centrada no homem, formao cultural
do homem, vocao pedaggica, radicalidade argumentativa, desenvolvimentos da eloquncia e questionamento da tradio.
A retrica, serva da filosofia
3om +lato a retrica sujeita-se ao papel de escrava da filosofia. ;ste v na retrica uma forma de manipular as t'cnicas argumentativas, postas
ao servio de interesses particulares, desrespeitando a verdade.
+lato ope-se o verdadeiro conhecimento, procurado pelo filsofo, ao pseudo- sa&er da retrica sofista, que atrav's do recurso = lisonja da palavra,
negligencia a verdade.
Apesar de tudo, +lato serve-se da dial'tica, atri&uindo-lhe efeitos persuasivos para &anir a contradio dos interlocutores, e da retrica,
utili"ando como m'todo de comunicao e e%plicao da verdade. A retrica platnica est assim ao servio da verdade e no das opinies humanas,
como a retrica sofista.
A retrica ao lado de outros sa5eres
A retrica no ' tida s como a arte de &em falar, mas tam&'m como a teoria dessa mesma arte. Aristteles classifica os sa&eres em t rs grupos,
de acordo com a sua finalidade*
3incias 9eor'ticas, sa&er e%plicar atual conhecimento cient!fico*
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-5etaf!sica, 9eologia, !sica, Peometria e Astronomia
3incias +rticas, sa&er agir atuais campos da ao humana*
-Btica, ;conomia e +ol!tica
3incias +oi'ticas, sa&er fa"er ligados = produo e t'cnica*
-+oi'tica, $ial'tica, Getrica, 5edicina, 5#sica, Pinstica, ;staturia
O conhecimento e e%plicao do mundo, e a ao ou prtica humana tm m'todos e meios de prova espec!ficos. )as cincias teor'ticas utili"a-se aintuio para a deduo lgica de afirmaes, e nas cincias prticas usa-se a retrica.
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A aceitao de uma doutrina passa, por ve"es, no s por aquilo que consideramos verdadeiro mas tam&'m pelo que ' do nosso agrado. +ara isso,
o orador serve-se do logos, ethos e pathos. Apoia-se na fora dos seus argumentos logos, na credi&ilidade da sua pessoa etos, e nos sentimentos
que desperta ao auditrio*atos.
O fenmeno da persuaso d-se por U etapas, que no seu conjunto formam um todo indivis!vel*
Geceo e compreenso da mensagem*
1.%*osio = mensagem$' necessrio que a pessoa tenha contacto com a mensagem, que pode ser apresentada numa conferncia, revista,
televiso,...
0.Ateno = mensagem$a ateno ' seletiva. )o &asta ser e%posto = mensagem para que ele capte a nossa ateno.
6.3ompreenso da mensagem* cada pessoa e%trai e constri significaes da mensagem que lhe so prprias.
7.Aceitao ou rejeio$a pessoa ela&ora um ju!"o em termos de acordo ou desacordo com as propostas e, eventualmente, pode mudar de
atitude.
Aceitao da mensagem*
8.Cersistncia da mudana$
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Crinc*io do modo$os intervenientes devem e%por claramente os seus pontos de vista, evitando discursos am&!guos, longos e desordenados que
confundam o que se pretende di"er.
Crinc*io da livre e*resso$os participantes no podem impedir a opinio ou o questionamento de pontos de vista e%pressos por qualquer
outro interveniente da discusso.
Crinc*io da *rova$todos os intervenientes so o&rigados a fundamentar as afirmaes que fa"em se isso assim lhes for e%igido.
%m concluso$
Cersuadiralgu'm ' fa"er essa pessoa mudar de ideias.
A *ersuaso irracionalou manipulao ' um tipo de argumentao que viola a autonomia das pessoas e procura impedi-las de pensar.
A *ersuaso racional' um tipo de argumentao que respeita a autonomia das pessoas e se dirige = sua inteligncia.
)a persuaso irracional procura-se fechar o de&ate? por contraste, a persuaso racional ' um convite ao de&ate e = refle%o. )a persuaso racional
argumentamos para chegar =verdadedas coisas, independentemente de sa&er quem 6ganha7 o de&ate? na persuaso irracional discute-se para
6ganhar7 o de&ate, independentemente de sa&er de que lado est a verdade.
6.6. Argumentao, verdade e ser
+lato afirma que h dois usos distintos da retrica, um &om e um mau uso e se o &om uso consiste em usar a capacidade persuasiva do discurso
para di"er o que ' verdade. 9emos que perguntar* o que ' a verdadeK @aver uma verdadeK
o mundo do ser
> de que a realidade que continuamente captamos atrav's dos nossos sentidos e da e%perincia quotidiana ' apenas um refle%o ou uma cpia. +ara
+lato e%iste uma verdade universal e a&soluta a respeito de cada assunto, quando o nosso discurso tradu" adequadamente essa realidade ideal.
)este conte%to a retrica s ser leg!tima quando o orador colocar a sua capacidade oratria ao servio da desco&erta e da partilha do conhecimentodessa verdade universal.
Os sofistas, pelo contrrio, partem do pressuposto de que, pelo menos no que se refere aos valores morais e pol!ticos, no e%iste QverdadeR
segura e un!voca? e%istem unicamente opinies e argumentos mais ou menos convincentes. Assim sendo, o dever e direito de quem est convencido
da qualidade da sua perspetiva so usar uma argumentao convincente para conquistar a aceitao das outras pessoas. +ara os sofistas a Qverdade
filosficaR ' m#ltipla pois, sendo humana nunca ' certa seno para aquele que a possui e enuncia e para os que nela acreditam.
;stas questes da nature"a da realidade e da possi&ilidade ou impossi&ilidade de a conhecermos tal como ela ', tem interessado os filsofos desde
os gregos e continua em a&erto e a suscitar in#meras discusses e diferentes perspetivas de resposta. As questes de sa&er o que ' 6verdade7 ou o
6conhecimento da realidade7 no esto ainda resolvidas e continuam a desafiar a capacidade racional e argumentativa dos filsofos e de todos ns.
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3laro que nada nos garante que a ha&ilidade retrica no seja usada para manipular e enganar. +or'm, contra esse perigo, o melhor rem'dio ',
justamente, a posse de um apurado sentido cr!tico e de uma capacidade argumentativa que nos permita conhecer os meios para nos defendermos
de qualquer tipo de manipulao* Qa capacidade de decompor os racioc!nios, analisar as intenes e o alcance dos discursos, ponderar a
pertinncia dos argumentos, de modo a podermos assumir uma posio cr!tica, esclarecida e ativa face seja a que discurso forR.
%m concluso$
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Os filsofos chamam 6sa5erH#ue7 ao tipo de conhecimento e%presso em / e 1. )o caso do sa&er-fa"er, o o&jeto do conhecimento ' uma atividade.
)o caso do conhecimento por contacto, o o&jeto ' uma pessoa ou lugar um o&jeto concreto. )o caso do sa&er-que, o o&jeto do conhecimento '
uma proposio. 3omo vimos no uma proposio ' aquilo que ' e%presso por uma frase declarativa.
Iuando di"emos que o Foo sa&e que ondres ' uma cidade, o que o Foo sa&e ' que a proposio e%pressa pela frase que est depois da palavra
6que7 6ondres ' uma cidade7 ' verdadeira. +or outras palavras, sa&er que ondres ' uma cidade ou que u!s igo ' um jogador de fute&ol '
sa&er que ' verdade que ondres ' uma cidade ou que u!s igo ' um jogador de fute&ol.
A este tipo de conhecimento tam&'m se chama >conecimento de verdades? ou >conecimento *ro*osicional?, pois o seu o&jeto ' uma
proposio verdadeira.
+raticamente tudo aquilo
que aprendemos na
escola ' do tipo sa&er-
que.
Aprendemos #ue
qualquer n#mero
multiplicado por "ero d
"ero, que $. Afonso
@enriques foi o primeiro rei de +ortugal, #ue o
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;is ento aquilo que desco&rimos at' agora acerca da nature"a do conhecimento*
A crena' uma condio necessria para o conhecimento.
+or e%emplo, se o Foo sou&er que a neve ' &ranca, ento acredita que a neve ' &ranca. 5as ser a crena uma condio suficiente para o
conhecimentoK ;videntemente que no, dado que as pessoas podem acreditar em coisas que no podem sa&er, nomeadamente falsidades. (ma
pessoa pode acreditar que e%istem fadas, por e%emplo, mas no pode sa&er que e%istem fadas porque no h fadas.
A crenano ' uma condio suficiente para o conhecimento.
3omo a crena ' uma condio necessria mas no suficiente para o conhecimento, a crena e o conhecimento no so equivalentes.
Sa5ere acreditarso coisas distintas.
Ao tentar definir uma coisa, procuramos as condies necessrias e suficientes dessa coisa.
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+or outras palavras, ser que uma crena verdadeira ' suficiente para o conhecimentoK
Cejamos o seguinte dilogo*
3atarina$Aca&ei de jogar no totoloto, e algo me di" que ' desta que vou ganhar.
Ioo$ ;spero que simV
Alguns dias depois...
3atarina$ Foo, ganhei o totolotoV )o te disse que sa&ia que ia ganhar o totolotoKIoo$ +ara&'ns 3atarinaV 5as como podias sa&er tal coisaK )o querers antes di"er que tinhas uma forte convico de que ias ganharK
3atarina$ :om, sa&er, sa&er, no sa&ia. 5as achava que sim, e a verdade ' que isso aca&ou por se verificar.
Ioo$ 5as isso s quer di"er que tinhas uma crena verdadeira. 5as ser que tinhas de facto conhecimentoK
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Clato, Teeteto, 0J1aHc.
Aquilo que +lato designa por 6logos7 ' o que tradicionalmente se passou a designar 6justificao7. Assim, al'm de verdadeira, di"-nos +lato, a
crena tem de ser justificada, para que possa haver conhecimento. 5as o que significa istoK
Cimos que o facto de algu'm ter uma crena verdadeira no significa que tenha conhecimento. +or e%emplo, do facto de a crena do Antnio de que
vai passar de ano ser verdadeira no se segue que ele sai&a realmente que vai passar de ano. 5as se, al'm de possuir uma crena verdadeira, o
Antnio tiver ra"es que suportem a sua crena, ele sa&e-o. +or e%emplo, se ele acreditar que vai passar de ano porque tem &oas notas a todas as
disciplinas, ento a sua crena verdadeira no ' mero fruto do acaso, mas est justificada por &oas ra"es* a sua crena ' conhecimento. ;is,
portanto, a terceira condio para o conhecimento*
Ajustificao' uma condio necessria para o conhecimento.
5as ser a crena justificada suficiente para o conhecimentoK
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Apesar de, separadamente, nenhuma das condies ser suficiente para o conhecimento, tomadas conjuntamente parecem suficientes.
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ver neve. 4sto significa que a justificao do nosso conhecimento de que 2 Y 2 S 1 ' diferente da justificao do nosso conhecimento de que a neve '
&ranca.
)o primeiro caso, parece que estamos justificados a acreditar que 2 Y 2 S 1 pelo pensamento apenas, ou pela ra"o. )o segundo caso, estamos
justificados a acreditar que a neve ' &ranca pela e%perincia, ou atrav's dos nossos sentidos.
$-se tradicionalmente os nomes de 6conhecimento a priori7 e 6conhecimento a posteriori7 ou 6conhecimento emp!rico7 a estes dois tipos de
conhecimento*
(m sujeito sa&e queP a priorise, e s se, sa&e queP pelo pensamento apenas.
(m sujeito sa&e queP a posteriorise, e s se, sa&e queP atrav's dae%perincia.
A distino entre conhecimento a priori e a posteriori encontra-se impl!cita em muito filsofos, mas foi com 4mmanuel Mant8W21-80D1 que se
tornou mais clara*
NM designaremos, doravante por ju!"os a priori, no aqueles que no dependem desta ou daquela e%perincia, mas aqueles em que se verifica
a&soluta independncia de toda e qualquer e%perincia. A estes opem-se o conhecimento emp!rico, o qual ' conhecimento apenas poss!vel a
posteriori, isto ', atrav's da e%perincia.
&mmanuel Mant, Crtica da Razo Pura, 1:N:, )0H)6.Cejamos agora o seguinte caso*
1.(m o&jeto totalmente a"ul no ' vermelho.
)o precisamos de recorrer = e%perincia para sa&er que 8 ' verdade* &asta pensar. 5as o prprio conceito de a"ul, de vermelho e de cor teve de ser
adquirido pela e%perincia, vendo cores. Apesar de adquirirmos o conceito de a"ul e vermelho pela e%perincia, no precisamos de recorrer =
e%perincia para sa&er que um o&jeto todo a"ul no pode ser vermelho. A partir do momento em que temos os conceitos de a"ul, vermelho e cor,
sa&emos que 8 ' verdadeira. +ossuir os conceitos necessrios no ' mais do que um pr'-requisito para o nosso conhecimento proposicional. 5as
apesar de possuirmos os conceitos de c'u e de a"ul, no ' poss!vel sa&er que o c'u ' a"ul sem olhar para o c'u.
9al como h conhecimento a priori e conhecimento a posteriori, tam&'m h argumentos a priori e argumentos a posteriori.
(m argumento ! a *osteriorise, e s se, pelo menos uma das sua premissas ' a posteriori.
(m argumento ! a *riorise, e s se, todas as suas premissas so a priori.
%m concluso$
(m sujeito sa&e queP a priori se, e s se, sa&e queP pelo pensamento apenas.
(m sujeito sa&e queP a posteriori se, e s se, sa&e queP atrav's da experincia.
(m argumento' a priori se, e s se, todas as suas premissas so a priori.
(m argumento' a posteriori se, e s se, pelo menos uma das suas premissas for a posteriori.
3onhecemos algoinferencialmentequando conhecemos atrav's de argumentos ou ra"es.
3onhecemos algo no inferencialmentequando conhecemos diretamente por e%emplo, atrav's dos sentidos.
+A9ZO ; O 3O)@;345;)9O 3O5O 3G;)[A C;G$A$;4GA F(
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-A crena ' um ponto de partida para o conhecimento.
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7Ora, apesar de eu acertar ao di"er que aquele aluno chegaria = aula com dois past'is para a aluna em causa, eu no tinha efetivo conhecimento.
7A minha crena mostrou-se verdadeira por acaso, por coincidncia.
7Al'm disso, a justificao daquilo que aconteceu sofreu uma alterao sem que eu sou&esse.
7
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7uma prova rigorosa nada ser aceite como verdadeiro sem ser posto em d#vida?
7um e%ame rigoroso que afasta tudo que possa ser minimamente duvidoso.
+PG%&S D% ACL&3AV' DA DUG&DA
-$escartes vai aplicar a d#vida a tudo que possa causar incerte"a, nomeadamente*
7as informaes dos sentidos?
7as nossas opinies, crenas e ju!"os precipitados?
7as realidades f!sicas e corpreas e, duma maneira geral, tudo que julgamos real?
7os conhecimentos matemticos?
7tam&'m $eus ' su&metido = prova rigorosa da d#vida, uma ve" que $escartes coloca a hiptese de $eus poder ser enganador ou um g'nio do mal.
-A d#vida hiper&lica e radical e a possi&ilidade de $eus ser enganador parecem levar a um &eco sem sa!da. Iuer di"er, torna-se quase imposs!vel
acreditar que a ra"o humana pode alcanar conhecimentos verdadeiros. )o entanto, h uma sa!da.
O COGITOC%+S', L'B', %W&S('"
-A d#vida ir condu"ir a ra"o a uma primeira verdade incontestvel.
-5esmo que se duvide ao m%imo, no se pode duvidar da e%istncia daquele que duvida.
-A d#vida ' um ato do pensamento e no pode acontecer sem um autor.
-3hegamos ento = primeira verdade* 6penso, logo, e%isto7 cogito ergo sum.
-9oda a mente humana sa&e de forma clara e distinta que, para duvidar, tem que e%istir.
-A verdade, para $escartes, deve o&edecer aos crit'rios da clare"a e distino.
-A verdade 6eu penso, logo, e%isto7 ' uma evidncia. 9rata-se de um conhecimento claro e distinto que ir servir de modelo para todas as verdades
que a ra"o possa alcanar.
-;ste tipo de conhecimento deve-se e%clusivamente ao e%erc!cio da ra"o e no dos sentidos.
-$escartes mostrou que a ra"o, s por si, ' capa" de produ"ir conhecimentos verdadeiros, pois ela alcanou uma verdade inquestionvel.
-5as apesar da ra"o ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda no est e%clu!da a hiptese do $eus enganador.
-$escartes considera fundamental demonstrar a e%istncia de $eus, um $eus que traga segurana e seja garantia das verdades.
A %W&S(X+3&A D% D%4S
-$escartes considera que termos a perceo que e%istimos no chega para a fundamentao do conhecimento.
-+ara $escartes, ' essencial desco&rir a causa de o nosso pensamento funcionar como funciona e e%plicar a causa da e%istncia do sujeito pensante.
-$escartes parte das ideias que esto presentes no sujeito para provar a e%istncia de $eus.
-As ideias que qualquer indiv!duo possui so de trs tipos* advent!cias, fact!cias e inatas.
-(ma das ideias inatas que todos ns temos na mente ' a ideia de perfeio. B esta ideia que $escartes vai usar como ponto de partida para as
provas da e%istncia de $eus.
C'GAS DA %W&S(X+3&A D% D%4S
-$escartes apresenta trs provas*
71Y *rova$sendo $eus perfeito, tem que e%istir. )o ' poss!vel conce&er $eus como perfeio e no e%istente.
70Y *rova* a causa da ideia de perfeito no pode ser o ser pensante porque este ' imperfeito. A ideia de perfeio s pode ter sido criada por algo
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perfeito, $eus.
76Y *rova* o ser pensante no pode ter sido o criador de si prprio, pois se tivesse sido ter-se-ia criado perfeito.
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-As ideias so as representaes ou imagens das impresses no pensamento.
-As ideias so memrias ou imagens enfraquecidas das impresses no pensamento.
-As ideias so menos vivas e intensas do que as impresses, j que estas so a causa das ideias.
-)o pode e%istir ideia sem uma impresso pr'via.
-)o h conhecimento fora dos limites impostos pelas impresses.
'S (&C'S D% 3'+R%3&F%+('$ 3'+R%3&F%+(' D% %LA'%S D% &D%&AS % 3'+R%3&F%+(' D%
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e%pectativas.
-;nquanto seres humanos, temos vontade e adaptamo-nos = ideia de que o futuro seja previs!vel e, portanto, controlvel.
3O)@;345;)9O C(PAG ; 3O)@;345;)9O 34;)9\43O
' 3'+R%3&F%+(' G4LBA
- O conhecimento vulgar corresponde ao senso comum e a&range aquelas coisas que quase toda a gente sa&e.- Geporta-se =quilo que vamos aprendendo desde muito cedo e, por ve"es, at' de uma forma quase inconsciente.
- As crenas e opinies que partilhamos, as tradies e jogos, as cele&raes e of!cios, as tarefas e lendas di"em respeito ao senso comum.
- Adquire-se atrav's da repetio de e%perincias, do testemunho e do e%emplo dos outros fam!lia, amigos, vi"inhos, etc., com a prtica e tam&'m
com os erros.
- Ajuda a so&reviver e a conviver, ajuda nas tarefas do quotidiano e nos mais diversos of!cios e ajuda-nos a desempenhar pap'is sociais ao longo da
vida.
- 9rata-se de um conhecimento assistemtico, pois consiste num conjunto de informaes dispersas e pouco estruturadas.
- B um conhecimento superficial e mais direcionado para um dom!nio prtico, porque no procura as causas e os porqus dos fenmenos e porque
tem em vista o funcionamento das coisas e a reali"ao de tarefas.
- B um conhecimento acr!tico e passivo, na medida em que se aceita sem se pTr em causa, sem se questionar.
- ;st pouco sujeito a mudanas rpidas ou radicais, em&ora no seja completamente esttico, j que aca&a, por ve"es, por sofrer a influncia das
desco&ertas cient!ficas.
- A linguagem usada no conhecimento vulgar ' a nossa linguagem de todos os dias e, frequentemente, os termos utili"ados so imprecisos e vagos.
- Apesar de ser muitas ve"es dogmtico e errneo =s ve"es, o senso comum constitui um sa&er vlido e indispensvel.
' 3'+R%3&F%+(' 3&%+(P
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- +odemos afirmar que o conhecimento cient!fico ' acompanhado por uma atitude cr!tica, na medida em que os cientistas no encaram as teorias
como inquestionveis, podendo ser revistas em qualquer altura.
- Assistimos, portanto, = mudana de teorias cient!ficas com alguma frequncia.
- A linguagem cient!fica ' rigorosa, porque sem esse rigor no seria poss!vel conce&er teorias que e%pliquem os fenmenos e que possam ser
controladas pela e%perincia.
- O conhecimento cient!fico ' hoje um tipo de conhecimento fundamental, pois desempenha um papel important!ssimo na vida dos homens, em&ora
possa ter fortes implicaes no meio am&iente. +or isso, no devemos encar-lo com reverncia e passividade, mas sim com esp!rito cr!tico e
pro&lemati"ador.
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