cinco proposicione sobrs cervantee...

Post on 26-Sep-2018

217 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

TRANSCRIPT

CINCO PROPOSICIONES SOBRE CERVANTES

Para Eulalio Ferrer Rodríguez

1 . L A FUNCIÓN DEL LIBRO EN DON QUIJOTE

E n 1 6 1 8 Rene Descartes abandona el estudio de las letras para aprender en " e l g r a n l i b r o del m u n d o " . D o n Q u i j o t e , c o n t e m ­poráneo casi exacto del filósofo, p a r t o de u n ingen io que h a l l eva­do v i d a t a n azarosa como la de Descartes, n o aprende nada en el g r a n l i b r o de l m u n d o . T o d o lo sabe de a n t e m a n o , todo lo que sabe procede de su bibl ioteca. Recorr iendo los caminos de la M a n ­cha y de Aragón , el h ida lgo c i ta , expl ica y glosa sus lecturas. E n u n p r i m e r m o m e n t o predica esencialmente el evangelio caballe­resco y en t ono m e n o r el evangelio pas tor i l : los Amadises y las Dia­nas n u t r e n el discurso de D o n Q u i j o t e en la P r i m e r a parte de la nove la . E l discurso del héroe se va d ivers i f i cando en la Segunda p a r t e , introduciéndose en él, a l lado de los universos de ensueño que obsesionan al caballero, u n ampl io conjunto de problemas m u y concretos que apasionan a l h ida lgo : l a g u e r r a , el due lo , l a nob le ­za , el casamiento , las relaciones entre padres e h i jos , los precep­tos de la cortesía, las leyes de la c i u d a d 1 . E n esta Segunda parte el discurso sobre la novela retrocede frente al discurso sobre las exigencias morales y l a v i d a social. Estas reflexiones se a l i m e n t a n de u n a c u l t u r a m u c h o más v a r i a d a de lo que dejaría sospechar el i n v e n t a r i o de la b ib l io teca del h ida lgo , pero que ev idenc ian sus

1 D e p u r o sabido se nos o l v i d a el hecho . O p o r t u n a m e n t e nos recordó A L ­B E R T O S Á N C H E Z l a i m p o r t a n c i a de las cuestiones políticas en l a S e g u n d a parte de l a n o v e l a ( " A r q u i t e c t u r a y d i g n i d a d m o r a l de l a S e g u n d a parte del Quijo­te", ACeru, 1 8 , 1 9 7 9 - 8 0 , 1 7 - 1 9 ) .

838 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

. pláticas. E n cuanto a las letras sagradas, el Evangelio, el Libro de Job, el Libro de los Proverbios, los Salmos. E n cuanto a obras científi­cas, el Dioscórides del doc tor L a g u n a y s in d u d a unas misceláneas erud i tas de las que habrá sacado el h ida lgo sus razonables cono­c imientos en m a t e r i a de cosmografía, lingüística, h i s t o r ia y m i t o ­logía. E n el t e r reno de la ciencia política, la Parénesis de Isócrates, E l perfecto regidor (1586) de J u a n de Cast i l l o y A g u a y o , acaso la Política para corregidores (1597) de Jerón imo Cast i l l o de la B o b a d i -11a y a lguna obra m á s 2 . Por lo que toca a la l i t e r a t u r a didáctica, unas colecciones de fábulas (Esopo, Fedro ) , u n t ra tado de poética p o r lo menos (verosímilmente el de A lonso López P inc iano ) y u n t r a t a d o de u r b a n i d a d , el Galateo español de Lucas Gracián D a n t i s -co. E n cuanto a poesía, los versos de Garci laso y quizás la Eneida, a u n q u e las frases en que r e m i t e A lonso Q u i j a n o al poema v i r g i -l i a n o pueden proceder de u n a miscelánea e r u d i t a . A lonso Q u i j a ­no se nos aparece como u n h ida lgo excepcionalmente cu l to : m u y dudoso resulta que la general idad de los hidalgos del Siglo de O r o mani festaran t a n decidida inclinación a la lectura. Detalle elocuen­te : l a novela sólo en u n a ocasión a p u n t a las aficiones cinegéticas de A l o n s o Q u i j a n o ( I , 1) cuando la caza fue u n a de las ac t iv ida ­des a que más as iduamente se d i e r o n los hidalgos del siglo. A l o n ­so Q u i j a n o es el h o m b r e del l i b r o .

A t a n apreciable c u l t u r a corresponden u n lenguaje exquis i to y u n vocabular io castigado. Recomienda el h i d a l g o que se apele al eu femismo ( I I , 43) , en lo cual coincide u n a vez más con el l i ­b r o , y más concretamente con u n l i b r o , el Galateo español ( p p . 108 y 167) 3 . Además Alonso Q u i j a n o nó entiende la j e r g a de los ga­leotes ( I , 22) . Sorprende ta l i gnoranc ia en h o m b r e de t a n t a l ec tu ­r a . H a s t a si nos negamos a aceptar la hipótesis ( m u y verosímil) según la cual los Romances de germania reunidos por J u a n H i d a l g o se habrían pub l i cado en fecha anter i o r a 1609, convendrá reco­nocer que no escaseaban las colecciones en que se podían leer las obr i tas de este género: el Cancionero general (a p a r t i r de 1557), la Rosa de1 amores (1573) de J u a n T i m o n e d á , el Romancero (1583) de Pedro de Pad i l l a — y eso sin contar con miles y miles de pliegos. V e r d a d que en 1605 Quevedo todavía no h a compuesto sus m a -

2 Sobre las fuentes del pensamiento político de A l o n s o Q u i j a n o véanse en especia l A M É R I C O C A S T R O , El pensamiento de Cervantes, N o g u e r , B a r c e l o n a , 1972, p p . 353 -355 , y las notas de S c h e v i l l - B o n i l l a y Rodríguez Marín a los caps . 42 y 43 de l a S e g u n d a parte del Quijote.

3 R e m i t o a l a edición del Galateo que debemos a M A R G H E R I T A M O R R E A -L E , C S I C , M a d r i d , 1968.

NRFH, X X X V I I I C I N C O P R O P O S I C I O N E S S O B R E C E R V A N T E S 839

ravi l losas jácaras. C o n todo . . . D e aquel vocabu lar io que se h a deslizado en las imitac iones de La Celestina desde 1521 , que Cer ­vantes m a n e j a con t a n t a so l tura , que e n t r a en el teatro de Lope hac ia 1602, ¿no sabría nada A l o n s o Q u i j a n o ? L a hipótesis es i n ­sostenible. L a única solución razonable de este m i s t e r i o consiste en a d m i t i r que el novel ista quiso conscientemente que su honesto h i d a l g o desconociera la j e r g a de los ruf ianes .

Germanía aparte, Alonso Q u i j a n o se expresa con ref inada ele­ganc ia . E m p l e a con discreción y p a r s i m o n i a los modismos p e t r i ­ficados que Francisco de Quevedo acaba de cal i f icar de * ' b o r d o n ­cil los inútiles ' ' : los refranes, como es sabido; los versos de r o m a n ­ces, también. C i e r t o que D o n Q u i j o t e gusta de evocar las bellas h i s to r ias de a m o r y m u e r t e que florecen e n e l R o m a n c e r o , Pero los versos de romances que h a n v e n i d o a ser mule t i l l as de la con­versación, éstos no los emplea A l o n s o Q u i j a n o , los abandona a Sancho Panza. ¿ Y qué d i remos de los cuentecillos? C o m o cual ­q u i e r contemporáneo suyo Alonso Q u i j a n o conoce y refiere cuen­tecil los. Pero dosifica su empleo homeopáticamente: no es él h o m ­b r e p a r a lanzarse a u n a de estas justas de ment i ras que gustosos p r a c t i c a n en aquel entonces caballeros españoles y caballeros franceses 4 . Además son cuentecil los referidos con brevedad , en los que el n a r r a d o r cuidadosamente ahorra los detalles superfluos y se guarda de perderse en u n l a b e r i n t o de c i r cunloquios a b u r r i ­dos. A lonso Q u i j a n o respeta los preceptos del Galateo5.

Por fin el arte de la conversación re f inada ta l como lo pract ica A l o n s o Q u i j a n o excluye las figuras de la agudeza verba l que Cer ­vantes considera ev identemente como vulgares e ind ignas de u n discreto . H e procurado demostrar en o t r a ocasión que el apodo y el equívoco son las figuras fundamentales de los juegos de inge­n i o cortesanos a lo largo del siglo x v i y en las p r imeras décadas de l siglo s iguiente 6 . Estas figuras, según d o c u m e n t a n los viajeros

4 Sobre este punto véase m i artículo " C u e n t o s de m e n t i r a s " , Studia in ho-noremProf. M. de Riquer, Q u a d e r n s C r e m a , B a r c e l o n a , 1986, t. 1, pp. 289-298.

5 Y S a n c h o no. Véase e n p a r t i c u l a r el cuento mal ic ioso que refiere el es­c u d e r o p a r a i lustrar las reglas que r igen l a jerarquía de los asientos a l a m e s a ( I I , 31 ) . E l cuento es sencil lo : podría, y debería, re latarse brevemente . P e r o S a n c h o lo re l lena con tantas digresiones que resulta embrol lado e i n t e r m i n a ­b le . E l relato q u e b r a n t a e n f o r m a tan sistemática los preceptos del Galateo que n o parece dudoso que C e r v a n t e s , a l escr ib ir este capítulo de l a n o v e l a , recor­d a r a el texto de Gracián D a n t i s c o y g u s t a r a de d a r m u e s t r a del estilo de que h a de h u i r c u a l q u i e r n a r r a d o r .

6 " E l arte de m o t e j a r e n l a corte de C a r l o s V " , CuLH, 5 (1983) , 61 -77 ;

840 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

extran jeros , se prac t i can abundante y agudamente en la España de Cervantes . Estas figuras propone Cervantes que se proscr iban . " A p o d e el t r u h á n " , p r o n u n c i a B e r g a n z a 7 . A l onso Q u i j a n o , p o r su p a r t e , no c u l t i v a el apodo. C o n u n a excepción: apoda a l Bar ­bero ( I I , 1) , i n d i c i o evidente de que el cuenteci l lo p icante de éste le h a her ido en lo más v i v o . E n cambio no apoda n u n c a a San­cho , cuya morfología lo predispone a ser b lanco p r i v i l e g i a d o para tales flechas. " L o s gordos —escribe L u i s Z a p a t a — se hacen te ­r r e r o de graciosos y fisgantes, y son m o l d e de dichos , de motes y de a p o d a d u r a s " 8 . E n cuanto al equívoco n o lo m a n e j a n u n c a A l o n s o Q u i j a n o , si he leído correctamente el l i b r o . L o reserva el nove l i s ta p a r a la V e n t e r a ( I , 32 ) , p a r a T o m é Cec ia l ( I I , 13) y p a ­ra el m a y o r d o m o que hace el papel de l a T r i f a l d i ( I I , 40 ) . Y para el d u q u e . C u a n d o pretende Sancho haber j u g a d o con las c a b r i ­llas celestes, salta el d u q u e : " D e c i d m e , Sancho: ¿vistes allá entre estas cabras algún c a b r ó n ? " ( I I , 41) . N o lo dudemos , estas razo­nes le i m p r i m e n al personaje u n sello negat ivo . Pero quédese este aspecto p a r a o t r o l u g a r . L o que i m p o r t a p o r ahora es que el d u ­que se expresa como u n caballero de su época. Y A lonso Q u i j a ­n o , n o . A l o n s o Q u i j a n o obedece a los preceptos de los tratados de u r b a n i d a d , A l onso Q u i j a n o obedece a los preceptos del l i b r o .

L a cortesía y los buenos modales p a r a conc lu i r . Gus ta D o n Q u i j o t e de p r o c l a m a r que adquirió l a v i r t u d de la cortesía el día en que abrazó el of icio de caballero andante ( I , 50) . Af irmación ésta que no hemos de aceptar s in examen . Puede que nos acer­quemos más a la verdad defendiendo el parecer exactamente opues­t o , dado que es el andante m u c h o más que el h ida lgo q u i e n t r a t a m a l de pa labra al cabrero ( I , 52) y a D i e g o de M i r a n d a ( I I , 17). C u a l q u i e r a que sea nuestra convicción sobre el p a r t i c u l a r , es i n ­d u d a b l e m e n t e A lonso Q u i j a n o q u i e n demuestra perfecta u r b a n i ­d a d y elegante so l tura frente a u n g r a n señor como d o n Fernando y más tarde cuando le rec iben en el palacio duca l . Es i n d u d a b l e ­mente Alonso Q u i j a n o q u i e n aparece allí como "escuela de la mis -

" L e g e n t i l h o m m e et le galant . À propos de Q u e v e d o et de L o p e " , BHi, 8 8 ( 1 9 8 6 ) , 5 - 4 6 .

7 Novelas ejemplares, en Obras completas de M I G U E L D E C E R V A N T E S S A A V E D R A , eds . S c h e v i l l - B o n i U a , B . Rodríguez, M a d r i d , 1 9 1 4 - 1 9 4 1 , t. 3 , p. 1 7 3 . Obsér­vese que e n los m i s m o s años en que escribe C e r v a n t e s esta frase florece el apo­do e n las calles de V a l l a d o l i d , según d e m u e s t r a l a Fastiginia de P i n h e i r o d a V e i g a .

8 Luís Z A P A T A , Miscelánea, núm. 4 7 , Clásicos C a s t i l l a , t. 1, p. 1 2 7 .

NRFH, X X X V I I I C I N C O P R O P O S I C I O N E S S O B R E C E R V A N T E S 841

m a cor tes ía" , de buenos modales , según h a de observar la p r o p i a duquesa ( I I , 32) .

Esta cortesía re f inada ¿dónde la habrá aprend ido A lonso Q u i -j a n o ? N o será en la compañía de l c u r a y el barbero de su pueblo . A esta p r e g u n t a conviene u n a sola respuesta: esta cortesía el h i ­da lgo la habrá aprend ido en los l i b r o s . Y no en los l ibros de caba­llerías que son " e n las cortesías m a l m i r a d o s " ( I , 47) . L a a p r e n ­d ió en u n t r a t a d o de u r b a n i d a d : el Galateo español. Sobre los p r e ­ceptos del Galateo a m o l d a su conducta , demuestra en p a r t i c u l a r su a c t i t u d cuando el duque Je m a n d a que tome l a cabecera de l a mesa ( I I , 3 1 ; Galateo, p . 137).

Y en los preceptos del Galateo se i n s p i r a n con frecuencia los consejos que ém A lonso Q u i j a n o a l gobernador de Barataría: c o n ­v iene vest ir según su estado ( I I , 5 1 ; Galateo, p p . 113, 117, 180); el vest ido no h a de i r desceñido ( I I , 43; Galateo, p . 180); conviene c a m i n a r despacio ( I I , 43; Galateo, p p . 180-181); conviene comer y beber t e m p l a d a m e n t e ( I I , 43; Galateo, p . 179); conviene hab lar c on reposo ( I I , 43; Galateo, p . 113).

C ier to que no supone n i n g u n a or ig ina l idad el observar la huella que dejó el Galateo en la novela ce rvant ina : hace t i e m p o que la a p u n t a r o n los erud i tos . Pero no se ha va lorado esta in f luenc ia co­m o lo merece. H e m o s pre fer ido evocar a propósito de Don Quijote el Cortesano de Cast ig l ione cuya estampa en la nove la es indecisa y finalmente i m p a l p a b l e . Se ent iende este esfuerzo e r u d i t o p o r ­que el t ra tado de Cast ig l ione se sitúa m u y p o r e n c i m a del Galateo, p u r o m a n u a l de cortesía, y es incomparab lemente más r ico y be­l l o que él. Pero se t r a t a de u n esfuerzo desesperado. E n t r e los t r a ­tados de la v i d a palaciega y de la u r b a n i d a d es indudab lemente el l i b r o de G i o v a n n i D e l l a Casa, no el de l conde Cast ig l i one , el que i m p r i m e su sello en el Quijote. ¿Habremos de l a m e n t a r el he­cho? D e reaccionar así, desconoceríamos la i m p o r t a n c i a que can­t i d a d de buenos ingenios del Siglo de O r o conceden al aseo del vest ido , a l comer l i m p i a m e n t e , a l a corrección y la pureza del l e n ­gua je , a l a honest idad de los vocablos, a l cu idado que se ha de p o n e r en ev i tar m e n c i o n a r unas realidades nauseabundas o desa­gradables , en u n a p a l a b r a , a los buenos modales. Este código de b u e n a educación parecerá convenc ional y m e z q u i n o a nuestros contemporáneos . Pero ¿acaso no tendrían nuestros antepasados sus mot ivos p a r a o p i n a r como lo hacían? Los preceptos de la cor­tesía eran p a r a ellos la manifestación tang ib le de u n contro l de l a a fec t iv idad y las pulsiones; e ran para ellos, en el siglo v io lento en que vivían, l a condición de u n a v i d a en c o m ú n re la t ivamente

842 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

pacífica y a rmon iosa d e n t r o de lo pos ib le 9 . Para estos efectos el Galeteo b i e n valía el Cortesano. M e n o s ocupado en teor izar y filoso­f a r , enunciaba cien menudas prescripciones cuya observancia p r o ­metía a los h u m a n o s u n a v i d a más sosegada. L a h i s t o r ia había de ra t i f i ca r esta opc ión : el Galateo servirá de m a n u a l de educación d u r a n t e dos siglos mient ras que el Cortesano se h u n d e en el o lv ido .

D o n Q u i j o t e es el h o m b r e del l i b r o , A l onso Q u i j a n o t a m ­b i é n 1 0 . E n las páginas de la novela c e rvant ina se va d i b u j a n d o l e n t a m e n t e u n a doble c u l t u r a : la u n a , que ocupa preferente lugar en las charlas de la P r i m e r a parte , es p u r o entretenimiento ; la otra , que i m p e r a en las pláticas de la Segunda par te , es ilustración y consue lo 1 1 . L e y e n d o l ibros enloqueció el h i d a l g o , y este carácter de alucinación es e l que h a seducido a l a crítica contemporánea, c o m o la de M a r t h e R o b e r t , M i c h e l Foucaul t y algunos más. Pero n o menos c ierto resulta que los l ibros h a n a l imentado las m e d i t a ­ciones de A lonso Q u i j a n o y que al calor de los l ibros brotó aque­l l a cortesía exquis i ta que a d m i r a n tantos personajes de la novela , y sobre todo aquel la sabiduría generosa que m a r a v i l l a a Sancho Panza . E l l i b r o ejerce doble función d e n t r o de la novela , y el po­der maléfico de las novelas caballerescas t iene su contrapeso en los l ibros a cuyo contacto h a ven ido a ser A lonso Q u i j a n o decha­do de hidalgos .

D O N QUIJOTE Y ALONSO QUIJANO

A l o n s o Q u i j a n o demuestra interés por los conocimientos científi­cos, afición a las buenas letras, apego a los preceptos de la u r b a ­n i d a d y al decoro. Su c u l t u r a mant iene sut i l e q u i l i b r i o entre los valores profanos y los valores devotos. L levados de la desmedida

9 P H I L L I P P E A R I E S , L'enfant et la vie familiale sous VAncien Régime, Éds. d u S e u i l , P a r i s , 1973, p. 277.

1 0 Y C e r v a n t e s el h o m b r e de l a i m p r e n t a . C u a n d o defendí l a idea en u n coloquio sobre hidalgo e hidalguía ( B u r d e o s , octubre de 1987), m e parecía o r i ­g inal l a afirmación. L u e g o m e enteré de que otro cervantista , E U L A L I O F E R R E R R O D R Í G U E Z , había destacado y a el interés del novel ista por l a i m p r e n t a (véa­se "Comunicac ión e n l a c o m u n i c a c i ó n E l Quijote y la comunicación, E d i c i o n e s de Comunicación, México , 1983, esp. p. 84 ) . P o r eso le dedico , con a d m i r a ­ción y afecto, el presente estudio .

1 1 " L a invención de C e r v a n t e s es conforme al carácter de u n hidalgo de h a r t o b u e n j u i c i o que , aviéndole i lustrado c o n l a l e t u r a de los l ibros , le perdió desvelándose e n los de cavallerías [. . . ] " ( G . M A Y A N S , Vida de Miguel de Cer­vantes Saavedra, E s p a s a - C a l p e , M a d r i d , 1972, p. 37) .

NRFH, X X X V I I I C I N C O P R O P O S I C I O N E S S O B R E C E R V A N T E S 843

atención que hemos concedido a unas interrogaciones sobre el cris­t i a n i s m o del andante — y el de otros personajes de la n o v e l a 1 2 — , casi estamos por o lv idarnos de t a n exquis i to e q u i l i b r i o . E n lo cual andamos descaminados porque este equi l ibr io es justamente la cla­ve de esta a r q u i t e c t u r a c u l t u r a l , y nos tendría que impres i onar p o r ser el m i s m o que había de b r i l l a r pocos años más tarde en el honnête homme francés. P a u l H a z a r d esbozó u n parale l ismo e n ­tre D o n Q u i j o t e y el honnête homme13. Antes que él el siglo x v n ya había adver t ido el hecho: D o n Q u i j o t e , escribe Pierre P e r r a u l t , es très honnête h o m m e " 1 4 — a falta de traducción exacta p r o ­pongamos u n a equivalenc ia y d igamos que D o n Q u i j o t e es u n d i s c r e t o — , observación a t inada si las hay .

Pero observación que suscita u n reparo : más vale correg i r la frase de P e r r a u l t sust i tuyendo a D o n Q u i j o t e p o r A lonso Q u i j a -n o . Posiblemente v i s l u m b r a r a Perrau l t que el discreto no era D o n Q u i j o t e , sino A lonso Q u i j a n o . Pero su declarado aristotel ismo lo encandiló y no le permitió per c ib i r c laramente la ve rdad que es­t u v o a p u n t o de descubr ir , a saber, que por la novela cervant ina v a n c i r cu lando dos personajes dist intos que l l evan con frecuencia el m i s m o n o m b r e de D o n Q u i j o t e . Porque a la doble c u l t u r a que he p r o c u r a d o d e f i n i r corresponde u n personaje doble . Cervantes l anza a la novela dos personajes: D o n Q u i j o t e el loco y A lonso Q u i j a n o el cuerdo . N o sólo en el p r i m e r capítulo de la P r i m e r a par te y en el último de la Segunda parte in terv iene A lonso Q u i j a ­n o , sino en otros muchos capítulos del l i b r o . C u a n d o la p r i m e r a sal ida del héroe q u i e n hab la y actúa es D o n Q u i j o t e . E n la segun­da salida p r e d o m i n a D o n Q u i j o t e , aunque asoma Alonso Q u i j a ­no . E n la tercera salida prevalece Alonso Q u i j a n o frente a u n D o n Q u i j o t e que se va esfumando. O con otras palabras, apelando al v o c a b u l a r i o de la p i n t u r a barroca , la P r i m e r a parte de la novela

1 2 T i e n e razón E D W A R D C . R I L E Y c u a n d o o p i n a que " i n d u d a b l e m e n t e el p r o b l e m a de las opiniones religiosas y morales de C e r v a n t e s h a sido inflado p o r los críticos, a p a r t i r de 1920, hasta más allá de sus límites r e a l e s " (Teoría de la novela en Cervantes, T a u r u s , M a d r i d , 1966, p. 157). E s t e desequil ibrio de nuestros estudios nos oculta u n a s ev idencias : en especial l a d e c e n c i a del v o c a ­b u l a r i o c e r v a n t i n o se suele a c h a c a r a l a C o n t r a r r e f o r m a c u a n d o se h a de a t r i ­b u i r a u n decoro que es concepto p u r a m e n t e la ico . P u n t o es éste sobre el c u a l volveré en o t r a ocasión.

13 "Don Quichotte" de Cervantes, étude et analyse, Mellottée, P a r i s , 1949, p. 240 .

14 Critique du livre de Don Quichotte de la Mancha (1679) , ed . M a u r i c e B a r -d o n , C h a m p i o n , P a r i s , 1930, p. 237.

844 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

es el Triunfo de Don Quijote, l a Segunda parte l a Apoteosis de Alonso Quijano. Por u n j u e g o de manos d i g n o de u n pres t id ig i tador Cer ­vantes h a sust i tu ido u n personaje p o r o t r o . Desde este enfoque resu l ta fácil d e f i n i r el Quijote de Ave l laneda : es nove la en l a que A l o n s o Q u i j a n o no aparece n u n c a .

A l onso Q u i j a n o suscitó u n entusiasmo m u y re la t i vo . E l siglo X V I I , encariñado con la p a r o d i a , prefirió a D o n Q u i j o t e ; el siglo x i x , seducido p o r l a l o c u r a y encapr ichado con los héroes que se s ienten incómodos en la c i u d a d de los hombres , únicamente co­noc i ó a l andante y se o lvidó de l h i d a l g o 1 5 . Nues t ro siglo parece m a n t e n e r l a m i s m a exclusiva. Porque sigue rep i t i endo el parale ­l i s m o entre Don Quijote e Illusionsperdues. A h o r a b i e n , parale l i smo es éste que m> se puede defender , p o r q u e b i f u r c a n los senderos de las dos novelas. C u a n d o encarcelan a L u c i e n de R u b e m p r é , se h u n d e el personaje, que es todo fachada. C u a n d o es d e r r i b a d o D o n Q u i j o t e , queda en pie A lonso Q u i j a n o ; cuando es derrotado el andante , sigue ileso el discreto . Don Quijote será nove la del f r a ­c a s o — h a s t a c ierto p u n t o — , pero en ningún caso de la desespe­ración. Porque si se deshacen las qu imeras del cabal lero , s iguen vigentes los valores que defiende el h ida lgo . Tenemos derecho a considerar estos valores como trasnochados, y podemos leer el l i ­b r o como se nos anto je . E n c a m b i o , si lo queremos estudiar , será p r u d e n t e ev i tar el doble contrasent ido en que cayeron (y caen) los románticos y sus herederos espirituales: el texto no sugiere que la l o cura sea vía de acceso pr iv i l eg iada al saber n i que Alonso Q u i ­j a n o v i v a en d i s con fo rmidad con la sociedad de su t i e m p o .

3. SANCHO PANZA Y su AMO

F r e n t e a D o n Q u i j o t e , ebr io de novela , frente a A lonso Q u i j a n o , n u t r i d o de buenas letras , representa Sancho, Sancho el analfabe­t o , Sancho el de los refranes, el m u n d o de la o r a l i d a d . L a novela y sus exégetas t a n constantemente nos sugieren esta i m a g e n que a t r e v i d a parecerá cua lqu ier t e n t a t i v a de cuest ionarla . S in embar ­go n o parece descaminada la idea de m a t i z a r representación t a n comúnmente rec ib ida . N o fa l tan en efecto en la h i s t o r ia de D o n Q u i j o t e y Sancho las charlas y acciones en que demuestra el escu-

1 5 Recuérdese q u e H e r d e r r e p u t a b a ilegible l a S e g u n d a parte del Quijote y q u e el propio G o e t h e no gustaba de el la ( J . J . A . B E R T R A N D , Cervantes et le romantisme allemand, A l e a n , P a r i s , 1914, p p . 73 y 520) .

NRFH, X X X V I I I C I N C O P R O P O S I C I O N E S S O B R E C E R V A N T E S 845

dero poseer conoc imientos de fuente e r u d i t a . E n especial las sen­tencias sanchopancescas, que t a n frecuentemente quis ieron los co­mentar istas de la novela achacar a l b u e n sentido característico de l campesino y acercar a unos paradigmas " p o p u l a r e s " , m u y poco t i e n e n de t r a d i c i o n a l . Posiblemente pertenezca a la tradición o r a l l a h i s t o r i a del sastre y las caperuzas, aunque el hecho no resulta de los más evidentes. Pero son p u r a m e n t e erudi tos los pleitos de l báculo de los escudos, de la m u j e r supuestamente v i o lada y de la carrera del gordo y del flaco. Q u i s o Cervantes que b r i l l a r a la agudeza de Sancho en unas sentencias de tradición escrita, en unos pleitos que m a l podía conocer u n analfabeto . Q u i s o que Sancho p a r t i c i p a r a en c ierta m e d i d a de la c u l t u r a que da o c o n f i r m a el l i b r o , qtMSO q u e a l campesino i l e t rado le tocara u n destello de l a gracia que dispensa la c u l t u r a l ibresca 1 6 . Desemboca esta conduc­t a de l novel ista en unos episodios que podemos legítimamente t a ­c h a r de inverosímiles. T a l i n v e r o s i m i l i t u d tendrá su explicación, y nos toca ac larar sus mot ivos . Pero conviene ante todo adver t i r el f enómeno .

Dec lara Sancho haber aprovechado las enseñanzas de su a m o 1 7 . Pero ¿de cuál de los dos?, ¿de D o n Qui jo te? I m p o s i b l e . Sancho no comprende al andante , tampoco c o m p r é n d e l a l i t e r a ­t u r a de los Amadises. D e caballerías únicamente ent iende lo que es preciso para engañar a su señor. Pero no a d m i r a " l a ciencia a n d a n t e s c a " . Sí a d m i r a en cambio la generosidad, l a sabiduría y l a h u m a n i d a d de A lonso Q u i j a n o , u n a generosidad que sabe aprec iar el escudero, u n a sabiduría que puede entender el c a m ­pes ino , u n a h u m a n i d a d que ha de recordar el gobernador de B a ­rataría. R u e g o a los manes de d o n M i g u e l de U n a m u n o que m e perdonen: pienso que Sancho se va qui jan izando , no qui jo t izando .

4. SOBRE LA PLURIVOCALIDAD DE LA NOVELA

C o n g r a n acierto destacó Bajtín la p l u r i v o c a l i d a d como carácter f u n d a m e n t a l del Quijote18. Si se admite lo que se h a procurado de-

1 6 S o b r e estos aspectos véase m i artículo " S a n c h o P a n z a y l a c u l t u r a es­c r i t a " , de próxima publicación en Studies in honor qf Bruce W. Wardropper.

1 7 Véase e n especial el c a p . 12 de l a S e g u n d a parte . 1 8 S o b r e estas tesis de Bajtín véase el agudo comentar io de F E R N A N D O L Á ­

Z A R O C A R R E T E R , " L a prosa del Quijote", en Lecciones cervantinas, C a j a de A h o ­r r o s de Z a r a g o z a , Aragón y R i o j a , Z a r a g o z a , 1985, p p . 113-129.

846 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

m o s t r a r más a r r i b a , convendrá reconocer que esta p l u r i v o c a l i d a d se mani f i es ta en la nove la de m a n e r a más comple ja de la que ob ­servó el p r o p i o crítico ruso. Quienes d ia logan en las páginas del l i b r o no son únicamente D o n Q u i j o t e y Sancho, sino D o n Q u i j o ­te , Alonso Q u i j a n o y Sancho — y sin d u d a , más exactamente, D o n Q u i j o t e , A lonso Q u i j a n o , Sancho el rústico y Sancho el cu l to . E l carácter heterofónico de la novela es m u c h o más acentuado de lo que se ha sospechado. Se entiende que al t r a t a r de heterofonía y d ia log ismo no me refiero a las solas formas del hab lar , sino t a m ­bién y sobre todo a los contenidos que acarrean éstas.

Acer tadamente observó André M a l r a u x que detrás de la j e r ­ga de N u c i n g e n no se percibe n i n g u n a voz . L o m i s m o se podrá dec i r de l sayagués de tantos pastores teatrales. Pero n o de l hab lar de Sancho que siempre refleja u n a visión d e l m u n d o , que s iem­pre expresa u n a c u l t u r a . U n e jemplo entre ciento que se podrían a d u c i r : a la astronomía de A lonso Q u i j a n o , que es astronomía del l i b r o ( I I , 29) , opone Sancho su astronomía, que es astrono­mía de pastor ( I I , 41) . Y a se ve c ó m o , echando por este c a m i n o , nos encontramos o t ra vez con el concepto de personaje, este in-contournable personaje, cuya m u e r t e se apresuraron a p r o c l a m a r , hace unos t r e i n t a años, unos petulantes jóvenes .

Sobre todo tenemos interés en examinar el desdoblamiento del héroe manchego y sus consecuencias, lo cual proyecta nueva luz sobre unos episodios cuya interpretación ha hecho correr m u c h a t i n t a . Pienso en especial en las pláticas que sostienen D o n Q u i j o ­te , el Caba l l e ro del V e r d e Gabán y su h i j o d o n Lorenzo . Los ca­pítulos 16, 17 y 18 de la Segunda parte de la novela presentan unos vaivenes incesantes en los que el i n t e r l o c u t o r de d o n Diego de M i r a n d a y de d o n Lorenzo cambia constantemente. Q u i e n ala­ba la caballería andante , q u i e n se d i r ige en tono áspero y agresi­vo a D iego de M i r a n d a — " V a y a s e vuesa merced , señor h ida lgo , a entender con su perdigón manso y con su hurón a t rev ido , y de­j e a cada u n o hacer su oficio [. . . ] si vuesa merced no quiere ser oyente desta que a su parecer ha de ser t raged ia , p ique la t o r d i l l a y póngase en s a l v o " — , q u i e n se g lor i f i ca de su t r i u n f o sobre el león, qu ien define la ciencia andantesca, qu ien aconseja a don L o ­renzo que abrace la profesión de andante es D o n Q u i j o t e . Q u i e n d iscurre sobre las relaciones entre padres e hi jos , q u i e n elogia elo­cuentemente la poesía, q u i e n recuerda unos versos de Garci laso , q u i e n a d m i r a el maravi l loso silencio que re ina en la m o r a d a m a n -chega, qu ien habla sin ilusión de las justas poéticas es Alonso Q u i ­j a n o . E l texto subraya este juego de luces y sombras al ins is t i r re -

NRFH, X X X V I I I C I N C O P R O P O S I C I O N E S S O B R E C E R V A N T E S 847

p e t i d a m e n t e sobre las opiniones fluctuantes de D iego de M i r a n ­da y su h i j o acerca de la salud m e n t a l de su huésped, a l d i s t r i b u i r en f o r m a e q u i t a t i v a los cal i f icativos de 4 ' m e n t e c a t o " , ' ' l o c o " , " c u e r d o " y ' ' d i s c r e t o " , al crear en fin la famosa fórmula sobre el ' ' e n t r e v e r a d o loco, l leno de lúcidos i n t e r v a l o s " 1 9 .

Consecuencia de esta perspectiva es que A lonso Q u i j a n o v ie ­ne a ser personaje clave en la novela . N o sólo a l i m e n t a su presen­cia l a fecunda d u a l i d a d del andante y del h ida lgo , del a luc inado y de l discreto , sino que abre c a m i n o al diálogo entre amo y c r ia ­do que , de no terc iar A lonso Q u i j a n o en el l i b r o , p r o n t o quedaría sofocado. T a n poco ent iende Sancho de caballerías, t a n lejos a n ­da de l universo quimérico de d o n Q u i j o t e que sus conversaciones con el andante p r o n t o se reducirían a unas proposiciones c o n t r a ­puestas, anquilosadas en oposiciones elementales parecidas a las que mani f ies ta la p r i m e r a plática entre caballero y escudero:

[. . . ] bien podría ser que antes de seis días ganase yo tal reino, que tuviese otros a él adherentes, que viniesen de molde para coronarte por rey de uno dellos [. . . ]

—De esa manera —respondió Sancho Panza—, si yo fuese rey por algún milagro de los que vuestra merced dice, por lo menos Juana Gutiérrez, m i oíslo, vendría a ser reina [. . . ] ( I , 7).

P r o n t o pararía en seco el diálogo o desembocaría en yuxtapos i ­c ión de monó logos . D o n Q u i j o t e "neces i taba a Sancho —escribe U n a m u n o — , necesitábalo para h a b l a r " 2 0 . Sancho, en cuanto a él, necesitaba para hab lar a A lonso Q u i j a n o , porque con Alonso Q u i j a n o , y no con D o n Q u i j o t e , podía char lar , podía p r e g u n t a r , pod ía cambiar ideas — p o d í a m a n t e n e r auténtico diálogo. L a no ­ve la , por lo que es de el la, necesitaba de Alonso Q u i j a n o para que la p lur ivoca l idad desarrollara plenamente sus virtualidades. Se sue­le considerar que el l i b r o cervant ino viene a ser novela en el m o ­m e n t o en que e n t r a en él Sancho Panza. Pero la intervención de A l o n s o Q u i j a n o es innovación t a n decisiva como la aparición del

1 9 A c a s o c o n v e n g a r e v i s a r a l a l u z de l a m i s m a observación las a p r e c i a ­c iones del m a n c h e g o sobre las imágenes que descubre e n cierto pradi l lo verde . S a n J o r g e cali f icado c o m o " u n o de los mejores a n d a n t e s " , S a n Martín como u n o de " l o s aventureros c r i s t i a n o s " , Santiago c o m o " u n o de los más v a l i e n ­tes santos y c a b a l l e r o s " , S a n P a b l o como " c a b a l l e r o andante por l a v i d a " ( I I , 58 ) , ¿serán informaciones sobre el pensamiento religioso de C e r v a n t e s , ¿o s i m p l e s reflejos de l a manía del andante?

2 0 Vida de don Quijote y Sancho, c a p . 7.

848 M A X I M E C H E V A L I E R NRFH, X X X V I I I

escudero. T a n t o como la de Sancho, la creación de A l o n s o Q u i -j a n o f u n d a el l i b r o como novela .

5. L A PARADOJA DE DON QjJIJOTE

Es l u g a r c o m ú n observar que el protagonis ta de la Segunda parte es d i s t i n t o del que actúa en la P r i m e r a par te . Únicamente el des­dob lamiento del personaje en D o n Qui jo te y Alonso Q u i j a n o puede j u s t i f i c a r esta alteración. H a b i e n d o c o r r i d o sólo unos pocos m e ­ses desde la p r i m e r a salida del cabal lero , no vale l a hipótesis de que h u b i e r a evo luc ionado o m a d u r a d o el héroe (y la hipótesis r a ­y a en lo absurdo si recordamos que se t r a t a d e u n c incuentón) . Don Quijote n o refiere l a h i s t o r ia de u n a v i d a ; Don Quijote no es n i n g u n a educación sentimental , ningún i t inerar i o intelectual . Esta es l a parado ja de la novela . Nos v a n d ic iendo (y d i cen b ien ) que Don Quijote es l a p r i m e r a novela europea. Los grandes novelistas europeos del siglo x i x son frecuentemente convencidos y decla­rados admiradores del Quijote. Pero entre las novelas dec imonó­nicas y Don Quijote existe u n a di ferencia básica, que n o parece h a ­berse adver t ido . Los personajes de la novela dec imonónica s iem­pre t ienen niñez, siempre t ienen j u v e n t u d , y niñez y j u v e n t u d que d e t e r m i n a n su t rayec tor ia v i t a l , llámense L u c i e n de R u b e m p r é , J u l i e n Sorel , D a v i d Copper f i e ld o G a b r i e l A r a c e l i , E m m a Bovary ( " D o n Q u i j o t e con f a l d a s " , decía O r t e g a ) o A n a Ozores . Todos t i e n e n h i s t o r ia . Y A lonso Q u i j a n o , no . A l onso Q u i j a n o es u n a c u l t u r a , no u n a h i s to r ia .

M A X I M E CHEVALIER Université de B o r d e a u x I I I

top related