programa de pÓs-graduaÇÃo trÍade/candido mendes … · 2020. 2. 29. · para continuação do...

TRÍADE ESTUDOS JURÍDICOS 1 Curso Preparatório de Concurso Público

Rua Buenos Aires, 178-C Centro - Petrópolis – RJ

[email protected] PROIBIDA A REPRODUÇÃO (24) 9977-6162 – 2237-6162

FAVOR TRAZER A APOSTILA NA PROXIMA AULA

Profa. Leticia Sodré

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

TRÍADE/CANDIDO MENDES

Curso: Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional

Disciplina: Psicopedagogia Clínica Professor: Leticia Sodré

Psicopedagogia Clínica Dificuldades de aprendizagem baseado na modalidade de assimilação-acomodação. Para Piaget o processo de aprendizagem ocorre devido ao duplo movimento de assimilação e acomodação. Por meio da assimilação o sujeito transforma a realidade para integrá-las às suas possibilidades de ação, e por meio da acomodação transforma e coordena seu próprios esquemas ativos, para adequá-los às exigências da realidade. Os problemas de aprendizagem, nesta perspectiva, estão frequentemente ligados às perturbações precoces que determinam a inibição dos processos ou predomínio de um dos momentos (assimilação/acomodação) sobre o ouro. O primeiro esquema de ação de o bebê exercita é o de sucção, não apenas para alimentar-se mas também para conhecer; todo objeto que chega a sua boca é investigado através da sucção e discriminado como duro, mole, morno, seco, etc., e a função no vazio determinará a ausência do objeto. O espaço bucal vai progressivamente se enriquecendo com novos objetos que o bebê não atribui àqueles que vê, enquanto não coordena os esquemas orais, casuais e táteis motores em um único complexo. Entretanto pode ocorrer que a criança seja proibida de levar os objetos à boca no preciso instante de sua vida em que é capaz de integrar o conhecimento oral e o visual, e então tal conhecimento fica desintegrado do objeto, irrecuperável para a experiência do sujeito. Esse “tira a mão da boca” vai acompanhado meses mais tarde de um “não toca nisso”, que inibe a criança de tocar no que come. Desta forma, o conhecimento oral e o tato se dissociam definitivamente, dando lugar a uma série de objetos que aparecem duplicados em dois espaços diferentes e acompanhados de sentimento de nojo que garantem a cisão. Ilustradora anedota de Piaget e sua filha: a pequena só conseguiu situar em si própria a orelha que seu pai assinalava nele próprio, quando teve a oportunidade de tocar a de seu

mailto:[email protected]






pai. Somente neste momento reconheceu em si mesma a parte que correspondia à orelha do pai. Nesse exemplo notamos a limitação que alguns pais e educadores impõem ao conhecimento da criança. Pelo simples fato de não se deixar tocar, apesar de ser, o tato, além do espelho a única via através do qual a criança tem possibilidades de investigar as partes do corpo que não são visíveis. Aqui, como a criança deixa muitas experiências para trás, estas não são interligadas no esquema do objeto total, não podendo “evoluir” aos sistemas cada vez mais equilibrados; empobrecendo o pensamento inteligente por perda e falta de disponibilidade. Podemos verificar situações que levam ao desequilíbrio no processo assimilativo durante a anamnese nos momentos de aleitamento, passagem para comida semissólida, o manejo da colher etc. com os seguintes comentários: “Eu alimentava com a colher para que não se sujasse.” “Eu lhe segurava as mãozinhas, caso contrário era uma lambuseira.” Podemos encontrar situações de desequilíbrio nos aspectos ligados à acomodação durante anamnese, à situação do controle dos esfíncteres. Buscamos informações sobre a regularidade e independência no uso do banheiro. E as oportunidades que a criança teve para fazer uma boa adaptação inteligente. Esse fato supõe que a criança reconhece, por meio de certos sinais interoceptivos, sua necessidade; que pode protelá-la até que as condições para seu cumprimento se deem e, que é capaz de desenvolver em certa atividade (demanda) que mediatiza a efetivação de tais condições. É possível, entretanto, que diante ameaças de castigo ou de assiduidade neste aspecto a criança iniba sua necessidade ou simplesmente não chegue a senti-la, adequando-se desta forma, a exigência materna, por simples domesticação. Esse controle evita, do ponto de vista cognitivo, um rápido reconhecimento do sinal, daí a possibilidade de adiar, que a criança internaliza, em um só esquema, necessidade e condições de realização, e finalmente o arbítrio de meios que antecipam estas condições de realização. Modalidade das Dificuldades de Aprendizagem (Inibições precoces das atividades assimilativoacomodativas): Hipoassimilação: Os esquemas do objeto permanecem empobrecidos, bem como a capacidade de coordená-los. Isso resulta num déficit lúdico e na disfunção do papel antecipatório da imaginação criadora. Hiperassimilação: Pode se dar uma internalização prematura dos esquemas, com um predomínio lúdico, que, em vez de permitir a antecipação de transformações possíveis, desrealiza negativamente o pensamento. Hipoacomodação: Aparece quando o ritmo da criança não foi respeitado, nem na necessidade de repetir muitas vezes a mesma experiência.







A modalidade da atividade do bebê é a circularidade, mas esta não pode ser exercitada no caso de perder-se do objeto sobre o qual se aplica; isso por sua vez atrasa a imitação e, portanto a internalização das imagens. Podem, portanto aparecer problemas na aquisição da linguagem quando os estímulos são confusos e fugazes. Hiperacomodação: Acontece quando houve superestimação da imitação. Interessa, portanto investigar a oportunidade que a criança teve para investigar (aplicar seus esquemas precoces) e para modificar-se (por transformação de seus esquemas), com as implicações posteriores dessas atividades no jogo e na imitação, o que leva à constituição de símbolos e imagens. Primeira sessão diagnóstica com o paciente. Weiss: Procura uma conversa informal sobre interesses, atividades, autovisão, consciência ou não de uma problemática, expectativas. É importante explicar, dentro do nível de compreensão do paciente, o que acontecerá nas próximas sessões e qual é o objetivo dos encontros e a importância de sua participação e colaboração no processo. No primeiro contato com crianças, Winnicott nos mostra que o essencial é o uso da brincadeira, do jogo, para criar uma relação amigável, um espaço de confiança. Com frequência ele utilizava um jogo em que traçava rabiscos no papel e a seguir pedia que a criança os completasse, invertendo em seguida as posições

Criada a relação de confiança, a criança pode com mais facilidade se engajar e, colaborar nos momentos de testagem ou de avaliação de aspectos pedagógicos. Na primeira sessão diagnóstica com o paciente, Jorge Visca utilizava a EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem).







A intenção de EOCA é a de permitir o sujeito a construir a entrevista de maneira espontânea, porémdirigida de forma experimental. Esta basea-se em modelos da Psicologia Social de Pichon Riviêre, nos postulados da Psicanálise, e namodalidade experimental do método clínico da Escola de Genebra, voltando-se sobre a investigação dosmodelos de aprendizagem. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical, etc. O material e as propostas feitas devem variar de acordo com a idade e a escolaridade. Material comumente usado para crianças: folhas brancas de papel a4, papel pautado, folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta, apontador, borracha, régua, canetinha, tesoura, cola, papel lustroso, livros e revistas. De modo geral usam-se propostas do tipo: “Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que te ensinaram e o que aprendeu”, “Esse material é para você usar como quiser”. Durante a realização da sessão, é necessário observar três aspectos: -A temática, que envolverá o significado do conteúdo das atividades em seu aspecto manifesto e latente; -A dinâmica, que é expressa através da postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar, e manipular os objetos etc.; -O produto feito pelo paciente, que será a escrita, o desenho, as contas, a leitura etc., permitindo assim uma primeira avaliação do nível pedagógico. A partir da análise desses três aspectos, Visca propõe que se trace o primeiro sistema de hipóteses para continuação do diagnóstico. Uma EOCA para adolescentes é aproximadamente a mesma situação descrita, e pede-se, por exemplo, para que faça a planta de casa, do bairro, do clube etc., em buscamos ver as construções espaciais e relações emocionais

.







A hora do jogo Pain afirma que a atividade lúdica nos fornece informação sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento em um nível representativo. Portanto a observação do jogo do paciente pode ser uma alternativa para a primeira sessão. O material utilizado para a “Hora do Jogo” quando se trata de diagnosticar os problemas de aprendizagem é predominantemente não-figurativo, pois interessa prestar especial atenção ao processo de construção do simbólico, mais do que às projeções efetuadas sobre um objeto já determinado pelo seu conteúdo. Utiliza-se uma caixa que contém paralelepípedos de construção, cartões, fita adesiva, clips, tesouras, cordões, cartolina, papéis coloridos, tintas, esponjas, massinha, percevejos, etc. Eventualmente podem se adicionar miniaturas de personagens e animais. A hora do jogo pode ser realizada até os 9 anos. A partir dos 10 anos, as crianças preferem jogos de regra. Para estes últimos, Weiss sugere jogos de estratégia como Lig4, Damas, Einstein, Contra-ataque etc. A tarefa precisa estar perfeitamente enquadrada para que a criança possa mobilizar-se dentro de uma situação insólita, a de brincar enquanto um desconhecido a observa. Mostrar a caixa com os materiais aberta e dizer algo como: “aqui tem uma caixa com muitas coisas para que você brinque do que quiser, enquanto você brinca vou anotar o que você vai fazendo...”. A caixa deve estar em um lugar cômodo para manipulação em uma mesa grande e estável ou no chão. Neste caso o terapeuta deve ficar na mesma altura da criança. Transcurso normal do jogo e sua consequência lógica: 1. Inventário. Aqui a criança trata de classificar, de alguma maneira, o conteúdo da caixa. Seja por meio de mera manipulação dos objetos, seja experimentando seu funcionamento, seja notando sua presença através do olhar, o paciente procurará fazer uma composição avaliando os elementos que dispõe de modo que esses venham sugerir-lhe possibilidade de ação. 2. Postulação do jogo. Este é construído em torno da sequência coerente da hipótese. O material deixa de ser analisado e começa a formar parte de uma organização simbólica que é realizada por sucessivos ensaios que dirigem a ação, escolhe o destino e o papel dos personagens, corrige o argumento, combina e mantém adequados os materiais na busca de um fim antecipado, aceita do também descartando significantes.







3. Aprendizagem. Integração da experiência que permanece como conhecimento. Dá-se de duas maneiras: resumo ou esquematização do jogo e a vinculação deste esquema com esquemas anteriores.

impossível encontrar tais realizações em crianças com problemas de aprendizagem. As perturbações podem aparecer em qualquer dos três níveis:







1. Relação peculiar que a criança estabelece com os objetos. Pode ser que a distância mínima, que o sujeito fique confundido com o objeto, que não diferencie as propriedades do objeto das atividades que podem ser exercidas sobre eles. Essa criança entrará virtualmente na caixa, tirará as coisas, pulará com os objetos. Psicóticos e hipercinéticos, pós encefalíticos, parecem se desmoronar junto das cambaleantes torres que constroem reiteradamente. Noutro extremo, o desligamento da realidade. Indiferença sem ansiedade. O sujeito se dobra sobre seu próprio corpo ou permanece em uma atividade quase catatônica. Certos autismos O mais importante é notar até que ponto a criança toma o objeto como tal, o diferencia e o relaciona com os outros e em que medida acata as leis do objeto e as aproveita para desenvolver as suas. Algumas crianças com problemas de aprendizagem: . Culpam o potinho por que não quer abrir-se; . Repetem sem corrigir a construção de uma torre que cai ... Algumas crianças são capazes de realiar um bom inventário, entretanto fixam-se a ele. Seu jogo consiste em classificar e ordenar uma e outra vez os elementos da caixa sem esboçar nenhuma combinação entre eles. Todo seu esforço concentra-se precisamente em manter os objetos separados, discriminados e controlados. São especialistas na análise, mas não podem sintetizar. Alguns comportamentos obsessivos interrompem o jogo na etapa do inventário, e isso se reflete na aprendizagem como incapacidade de coordenação.

2. Grau de organização que a atividade lúdica apresenta. Impor uma linha de sentido e de relacionar os materiais de maneira que realizem tal sentido. Pode contar com uma antecipação suficiente ou pode ser motivado pelos próprios objetos. A antecipação nas crianças com problemas de aprendizagem é bastante lábil, geralmente iniciam realizando jogos pobres e paralelos com escassos elementos. . Casinha, um cestinho de massinha, pacotinhos enrolados e amarrados no cordão... No momento de organização, levamos em consideração além da criação antecipatória, o aproveitamento dos recursos, a possibilidade de







autocorreção, a consequência do episódio, a coerência do relato dramatizado e a inclusão de referências verbais. Estes aspectos costumam estar diminuídos ou desiguais, e isso aparece em termos de aprendizagem como incapacidade para entender relações, para formular hipóteses, para colocar problemas e encontrar-lhes solução. 3. Possibilidade de integração em um esquema único a conclusão ou resultante do exercício lúdico e, desta forma, poder interioriza-lo como experiência disponível. Algumas crianças com problemas de aprendizagem não são capazes de fazer a síntese cognitiva porque destroem o jogo no momento em que está mais organizado, nessa atitude que Freud chamou “fracasso diante do êxito”, outros não podem fazer a síntese porque, mergulhados num tipo de inércia criativa continuam acumulando experiências sem deter-se para coordená-las em um objetivo ou projeto comum a todas elas. Há aqui um contínuo desperdício de energia que não rende. Umas crianças conseguem o mesmo efeito por meio do comportamento contrário, e interrompem o jogo quando está organizado porque resistem a destruir o que fizeram, mesmo que seja para fazêlo melhor. Uma criança disse “a ponte ficaria melhor aqui mas tenho pena de desmanchá-la”. Em todos esses casos há aprendizagem imediata, compreensão correta, mas pouca modificação real. Os dados mais importantes a serem extraídos da sessão “hora do jogo” respondem a quatro aspectos fundamentais da aprendizagem: 1. Distância de objeto, capacidade de inventário. 2. Função simbólica, adequação significante-significado. 3. Organização, construção de sequência. 4. Integração, esquema de assimilação.







Bibliografia: Pain, S. “Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem” Porto Alegre, Artmed, 1985. Sodré, L.M.G. ”O teste projetivo CAT-A no processo de diagnóstico psicopedagógico - Um suporte para a descoberta da dinâmica da personalidade infantil”. Espírito Santo, ESAB, 2012. WEISS, M.L.L. “Psicopedagogia Clínica, uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem”. Rio de Janeiro, DPA Editora, 2006.


programa de pÓs-graduaÇÃo trÍade/candido mendes … · 2020. 2. 29. · para continuação do...

Documents