o que é biblioteca digital

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  • 8/2/2019 o que biblioteca digital

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    Afinal, o que biblioteca digital?

    INTRODUO

    omeando na dcada passada, a idia debiblioteca digital, tal qual genericamente

    imaginamos, tem se transformado no pa-

    radigma reiterado dos sistemas e servios

    bibliotecrios. Desde ento, um nmero

    impressionante de iniciativas, que incluem

    produtos e servios de informao digital,

    infra-estrutura tcnica, normativa e comer-

    cial, consrcios em escala global, tem sido

    continuamente desenvolvido em torno

    dessa idia.

    LUIS FERNANDO SAYO

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    LUIS FERNANDO

    SAYO membroda ComissoNacional de EnergiaNuclear (CNEN).

    As bibliotecas digitais surgem num con-

    texto que sobrepe, por um lado, a integra-

    o e uso das tecnologias de informao e de

    comunicao, das redes de computadores,

    das tecnologias de apresentao e o bara-

    teamento dos meios de armazenamento

    em massa; e, por outro, a disponibilidade

    crescente de contedos digitais em escala

    planetria, a possibilidade de digitalizao a

    um custo economicamente vivel de con-

    tedos em mdias convencionais e, ainda,

    o fenmeno conhecido como coernciadas mdias digitais, que abre a possibilidade

    singular para a concepo de novos servios

    de informao a partir da integrao de

    objetos digitais heterogneos.

    Esse contexto de rpidas transforma-

    es oferece as condies primordiais para

    o estabelecimento de uma infra-estrutura

    tcnica que viabiliza o surgimento de diver-

    sas atividades centradas no conhecimento

    e na informao globalmente distribudos.

    Alm do mais, a ambientao tecnologica-

    mente favorvel exerce uma forte influncia

    sobre a reconfigurao dos mercados de

    contedos e no delineamento de uma nova

    dinmica para a economia da informao,

    que rapidamente vai incorporando novos

    patamares de consumo de contedos digi-

    tais. Assim sendo, surgem diversos produtos

    e servios de informao resultados de

    concepes inditas ou de inovaes sobre

    servios j consagrados. Dentre eles, impul-

    sionada por um conjunto heterogneo de

    foras, est a idia de biblioteca digital.

    Verdadeiramente, ns estamos ainda

    nos primeiros estgios do entendimento

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    de todas as implicaes dessa tecnologia

    e das suas potencialidades. Termos como

    redes de conhecimento, colaboratrios

    e bibliotecas digitais tm significados que

    se misturam. H uma forte sobreposio de

    significados entre a pesquisa e o desenvol-

    vimento em arquitetura para federao de

    colees digitais autnomas e seus servios

    associados e a arquitetura necessria ao

    comrcio eletrnico em larga escala, como

    apontava Dan Atkins (1998). Dez anos

    no foram suficientes para resolver essas

    ambigidades. A observao de Atkins

    continua viva nas agendas das comunidades

    envolvidas com a questo.

    No obstante a intensa atividade de

    pesquisa, de utilizao e de exploraocomercial das bibliotecas digitais, no se

    tem um consenso estvel do que seja exa-

    tamente uma biblioteca digital e das suas

    vinculaes com a biblioteca tradicional e

    com a biblioteconomia. O termo biblioteca

    digital vem sendo aplicado a uma varie-

    dade extraordinria de coisas do catlogo

    on-line de comrcio eletrnico coleo

    de programas de computadores , grande

    parte delas desvinculada do conceito quetemos de biblioteca.

    A busca por uma definio mais precisa

    e consensual para biblioteca digital esbar-

    ra tambm na existncia de trs termos

    biblioteca digital, biblioteca eletrnica e

    biblioteca virtual que possuem diferentes

    significados, mas que so usados freqente-

    mente para designar a mesma coisa.

    Ainda h mitos que envolvem as bi-

    bliotecas digitais, o que aumenta o grau de

    mal-entendidos sobre o problema. Kuny e

    Cleveland (1998) analisaram a irrealida-

    de em torno das bibliotecas digitais num

    artigo cujo objetivo explcito era ser uma

    provocao, uma refutao ao tecnologismo

    exacerbado e aos excessos retricos que

    caracterizavam as expectativas em torno

    do tema biblioteca digital. Segundo os

    autores, essa mistificao foi impulsionada

    pelas companhias tecnolgicas, polticos e

    revistas vanguardistas as mesmas forasque nos deram mitos como o paperless

    office (escritrio sem papel) e vaticinaram

    o fim dos livros.

    A diversidade de atores envolvidos na

    curta histria das bibliotecas digitais bem

    como o complexo de tecnologias necess-

    rias ao seu pleno funcionamento parecem

    ser o motivo mais bvio para idia pouco

    precisa do que seja uma biblioteca digital.

    Entretanto, outros fatores intervm nas

    sobreposies conceituais, um deles o

    extraordinrio potencial de crescimento em

    diversos domnios e as expectativas geradas

    nos mais diversos segmentos da sociedade

    (Sayo, 2008). Alm do mais, a realizao

    desses potenciais, numa perspectiva social

    e humanstica, constitui um desafio que re-

    quer uma interao sofisticada entre vrias

    disciplinas tecnolgicas e sociais.

    Por outro lado, a linha que separa aconcepo quase ingnua de biblioteca

    digital como um mero sistema compu-

    tacional para armazenamento e acesso a

    informaes eletrnicas tem sido rapida-

    mente pulverizada pela idia avassaladora

    de um ambiente voltado para a criao e

    para o compartilhamento de informaes

    digitais. Esse ambiente formado por um

    complexo de servios e de colees de con-

    tedos distribudos, gerenciados de formaautnoma, contudo interoperveis. Nesse

    patamar, viabiliza-se tambm o surgimento

    de uma nova economia da informao e de

    modelos de negcios que vo moldando

    as novas possibilidades de distribuio

    de contedos de toda natureza via rede de

    computadores.

    sobre o que biblioteca digital, a tica

    como ela vista por diversos grupos sociais

    e a natureza da sua vinculao e apropria-

    o pela biblioteca tradicional, que vamos

    discutir rapidamente neste texto.

    VISES SOBRE AS BIBLIOTECAS

    DIGITAIS

    Criou-se, historicamente, uma enorme

    expectativa em torno das potencialidadesdas bibliotecas digitais, no somente em

    termos de um novo paradigma de sistema

    de informaes, de busca e recuperao,

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    mas tambm como um recurso estratgico

    dentro de contextos altamente institucionali-

    zados, como governo, educao, cidadania,

    negcios e pesquisa cientfica.

    O conceito de uma biblioteca digital

    meramente equivalente a uma coleo de

    objetos digitalizados, assistida por uma

    ferramenta de gesto de informao, torna-

    se tosco e j no cabe nas utopias desses

    inmeros setores. A idia de biblioteca

    digital como um ambiente distribudo

    que integra colees, servios e pessoas na

    sustentao do ciclo de vida completo de

    criao, disseminao, uso e preservao

    de dados, informao e conhecimento

    (Duguid, 1997) conforme preconizado

    pelo relatrio final do Santa F PlanningWorkshop on Distributed Knowledge Work

    Environments , talvez esteja mais prxima

    do que se almeja para bibliotecas digitais

    agora e num futuro possvel.

    A complexidade das bibliotecas digitais

    em termos tecnolgicos e organizacionais,

    somada ao seu universo vasto e variado de

    usurios e multiplicidade de vises reais

    e imaginrias sobre as suas possibilidades

    e a sua extenso, impacta significativamen-te a construo de uma definio comum.

    Apesar das intensas atividades de pes-

    quisa e de desenvolvimento em torno das

    vrias vertentes do problema, no se tem

    absolutamente claro o significado do termo

    biblioteca digital (Harter, 1997).

    Passada mais de uma dcada, a afirmao

    de Harter continua sendo irritantemente

    verdadeira: biblioteca digital uma idia

    em movimento, ainda se desenvolvendo

    e tomando forma. Ns estamos agora

    na adolescncia das bibliotecas digitais,

    confirmam Lagoze e seus colaboradores

    (2005, p. 1) pensando nos motivos de preo-

    cupao e otimismo que essa fase turbulenta

    representa.

    A impossibilidade de uma definio

    de consenso acontece por vrios motivos,

    porm, o mais importante deles que o

    termo biblioteca digital usado para de-

    notar um nmero extraordinrio de coisas de colees pessoais at a internet intei-

    ra. Na maioria das vezes essas coisas s

    tm em comum uma remota manipulao

    de recursos informacionais digitalizados

    (Harter, 1997). Somam-se ainda o grande

    nmero de atores que contriburam para

    o desenvolvimento e a implementao de

    bibliotecas digitais e aqueles que esto

    envolvidos profissionalmente no seu uso,

    alm, claro, do dinamismo prprio da

    ambientao tecnolgica que sustenta essas

    bibliotecas. Biblioteca digital representa um

    espao sinrgico de um grande nmero de

    reas da tecnologia da informao e vrias

    outras disciplinas e campos de pesquisa,

    como biblioteconomia, cincia da informa-

    o, museologia, arquivologia e gesto do

    conhecimento, para citar algumas das mais

    importantes (Candela et al., 2007).

    Dessa forma, a maioria das definies fortemente influenciada pela percepo e

    pontos de vista particulares de pessoas e de

    organizaes de diversas reas que estive-

    ram envolvidas em empreendimentos volta-

    dos para a construo e o uso de bibliotecas

    digitais. A diversidade de contribuies que

    tanto serviu para o enriquecimento da rea

    criou, ao mesmo tempo, uma zona obscura

    de indefinies. Para ilustrar essa plurali-

    dade de vises e possibilidades de uso, umresumo da tica dos cientistas da informao

    e bibliotecrios, cientistas da computao,

    arquivistas, polticos e governantes, edito-

    res, educadores e professores, comunidades

    da rea cultural e do comrcio eletrnico

    apresentado a seguir tendo como base o

    artigo de Urs (2007).

    A comunidade de biblioteconomia e

    cincia da informao visualiza a biblioteca

    digital menos como um sistema de compu-

    tao uma mquina e mais como uma

    instituio, como uma extenso lgica do

    que as bibliotecas vm fazendo desde os

    tempos imemoriais, ou seja, adquirindo,

    organizando e disseminando conhecimento

    usando as tecnologias correntes. O que o

    bibliotecrio deseja a ampliao dos re-

    cursos e dos servios disponveis e tambm

    a audincia das bibliotecas. Na sua pers-

    pectiva prtica, o acesso simultneo a um

    mesmo documento digital por um nmeroindefinido de usurios significa o fim da lista

    de emprstimo. Para ele a biblioteca digital

    um estgio a mais no desenvolvimento

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    contnuo de novos meios de publicao em

    que a biblioteca soma a responsabilidade de

    tambm ser uma publicadora web , bem

    como uma nova infra-estrutura tecnolgica

    e organizacional voltada para potencializar

    a sua misso de disseminar informao e

    conhecimento. Porm, enquanto os profis-

    sionais de informao tm uma perspectiva

    de continuidade evolutiva em relao s

    bibliotecas digitais, outras vises impor-

    tantes se sobrepem.

    Os profissionais da rea de cincia da

    computao enxergam as bibliotecas digi-

    tais como uma extenso dos sistemas de

    computadores em rede um sistema que

    oferece facilidades informacionais. Essas

    vises se fragmentam medida que seanalisa com um grau a mais de detalhes as

    diferentes reas que compem o domnio

    da cincia da computao. Por exemplo,

    enquanto os pesquisadores da rea de

    recuperao da informao (RI) vem as

    bibliotecas digitais como uma ampliao

    dos sistemas de recuperao de informao

    em que os documentos e sua representa-

    o (ou descrio) so diferentes da RI

    tradicional, quem trabalha com sistemasmultimdia considera as bibliotecas digi-

    tais uma aplicao dessa tecnologia; para

    pesquisadores da rea de base de dados, a

    biblioteca digital to-somente uma ampla

    base de dados.

    Apesar das controvrsias apaixona-

    das, a maioria dos polticos e governantes

    percebe a biblioteca digital como parte da

    infra-estrutura tecnolgica necessria para

    a superao da desigualdade informacional

    e de acesso, e como mais um recurso para

    apoio dos programas de incluso digital.

    Consideram, com maior nfase, a biblioteca

    digital como um insumo bsico para a pes-

    quisa, o ensino superior e a ps-graduao

    e como um instrumento para a maior visi-

    bilidade de bens e instituies culturais. Os

    governantes, com intensidade varivel, tm

    investido em infra-estrutura computacional

    e de redes que beneficiam diretamente as

    iniciativas na rea de bibliotecas digitais.Grande parte dos projetos mais relevantes

    so iniciativas do poder pblico, financiados

    por suas agncias e, no raro, apoiados por

    segmentos da iniciativa privada interessada

    em expandir suas reas de atuao.

    Os editores, desde a revoluo de Gu-

    temberg, tm continuamente desempenhado

    um papel fundamental na facilitao da

    produo e distribuio de informao. A

    percepo da indstria editorial em relao

    nova mdia representada pelas bibliotecas

    digitais ambivalente: em contrapartida s

    novas oportunidades mercadolgicas exis-

    tem as ameaas representadas pelas novas

    formas de autopublicao e o movimento

    crescente em torno do acesso livre, o que

    exige uma adaptao permanente a um

    meio que se renova constantemente. Numa

    viso otimista, para o mundo editorial, a

    biblioteca digital constitui um novo modode distribuio de contedos e um novo

    mercado bastante competitivo a ser

    conquistado, num contexto de mudana

    da economia da informao. Para isso os

    editores esto se adaptando ao paradigma

    da publicao eletrnica, integrando mdias,

    criando novos modelos de negcio, como

    os portais agregadores, e estabelecendo

    parcerias com organizaes mais prximas

    ao mundo da internet.Para os educadores e os professores que

    sempre tiveram uma relao de colaborao

    quase que simbitica com as bibliotecas

    tradicionais, as bibliotecas digitais podem

    ser um meio de ampliar essa relao clssica.

    Para eles as bibliotecas digitais constituem

    um novo recurso de aprendizado, apoiados

    por contedos multimdia, interatividade

    e integrao de informaes heterogneas

    de que o ensino e, particularmente, o en-

    sino a distncia no podem prescindir. As

    bibliotecas digitais abrem possibilidades

    extraordinrias para a educao e o ensi-

    no, mudando paradigmas e estabelecendo

    novas metodologias pedaggicas. So as

    reas que mais podem se beneficiar dessa

    nova tecnologia.

    Para os arquivistas, as bibliotecas

    digitais rompem com a relao quase an-

    tagnica entre a preservao e o acesso

    existente no mundo do papel e dos demaismateriais analgicos (Sayo, 2005). Isso

    acontece na medida em que a digitalizao

    se torna um meio de preservar os contedos

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    raros, nicos ou frgeis, ao mesmo tempo

    em que proporciona acesso universal a

    representaes digitais desses contedos

    atravs das bibliotecas e arquivos digitais.

    A digitalizao vista pelos arquivistas

    como uma alternativa microfilmagem

    tradicional com a ressalva dos problemas de

    integridade e confiabilidade dos contedos

    digitais, ou seja, do seu valor de prova e de

    sua preservao de longo prazo, que uma

    preocupao constante de toda a comuni-

    dade arquivstica.

    Para os pesquisadores, a colaborao a

    chave para a pesquisa e o desenvolvimento.

    Nesse sentido, eles percebem a biblioteca

    digital como um espao dinmico voltado

    para a gerao, o compartilhamento e adisseminao de conhecimento. Atravs das

    bibliotecas digitais, os dados de pesquisa

    agora podem ser acessados em escala plane-

    tria pelos pesquisadores interessados. Essa

    caracterstica de grande importncia para

    o surgimento do conceito de colaborat-

    rios resultado da contrao das palavras

    colaborao e laboratrio, significando

    um centro de pesquisa sem paredes onde os

    pesquisadores interagem eletronicamenteno desenvolvimento de projetos inovadores.

    Projetos como Genoma Humano, baseados

    em compartilhamento internacional de dados

    de pesquisa e anlises, so exemplos signifi-

    cantes da idia de um colaboratrio.

    Ainda h a perspectiva da biblioteca digi-

    tal como forma de apropriao do mundo da

    informao pelo comrcio eletrnico. Para

    as organizaes comerciais, as bibliotecas

    digitais estabelecem um novo mercado glo-

    bal, constituindo, para alguns autores, um

    caso especfico de economia da informao

    (Schuble & Smeaton, 1998). Um dado

    importante que os desenvolvedores de

    bibliotecas digitais tm deliberadamente in-

    corporado modelos econmicos e de preos

    nas arquiteturas de bibliotecas digitais.

    No campo cultural, o que se observa

    que a biblioteca digital um meio privile-

    giado de dar visibilidade global a manifes-

    taes culturais antes circunscritas s suascomunidades e sem canais de comunicao

    para fora delas. O desenvolvimento de

    metodologias e tcnicas para recuperao

    multilnge de informao, somado ao de-

    senvolvimento de recursos lingsticos para

    serem acoplados s bibliotecas digitais, vai

    ajudar as comunidades que se expressam

    em outros idiomas que no o ingls a su-

    perarem as barreiras lingsticas no acesso

    e na disseminao de informaes.

    A BIBLIOTECA VERSUSA

    GOOGLIZAO

    Tentando interpretar essa pluralidade de

    entendimentos e expectativas sobre o que

    biblioteca digital, Harter (1997) contrapeas duas vises extremas sobre a natureza das

    bibliotecas digitais: uma viso abrangente

    que toma a biblioteca digital tal como a web

    hoje anrquica e individualista; e uma

    viso que toma a biblioteca digital como

    uma metfora, ou mesmo uma extenso,

    da biblioteca tradicional. No espao entre

    esses limites so discutidas as diferenas

    essenciais: propriedades de localizao

    fsica, de contedo, de critrios de seleo,de organizao, controle de autoridades, de

    autoria, de acesso, de grupos de usurios-

    alvo, de servios, de taxao e de fixidade

    conceito que est relacionado com a

    integridade e a segurana dos contedos e

    suas propriedades de permanncia.

    Num extremo, est a googlizao das

    bibliotecas digitais, referindo-se incmoda

    e errnea concepo de que o Google (http://

    www.google.com.br) representa a apoteose

    da informao digital e que os problemas

    existentes nesse domnio j foram resolvidos

    ou sero resolvidos por esse servio ou por

    outra ferramenta semelhante. Esse estreita-

    mento das discusses conduz viso mope

    de que a biblioteca digital est limitada

    busca e ao acesso funes essenciais (e

    ainda desafiadoras), mas que so somente

    parte do ambiente informacional circuns-

    crito pela idia plena de biblioteca, seja ela

    imaginria ou real (Lagoze et al., 2005).Essa viso est turvada pelo fato de mais

    e mais pessoas estarem usando a internet

    como a principal fonte de informao. De

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    fato, a internet tem sido referida por muitos

    como uma vasta biblioteca, contendo todo

    tipo de informao conhecida pelos seres

    humanos (Wallace, 1999). Entretanto, essa

    constatao no pode ser ignorada como

    elemento de compreenso do seu contr-

    rio, pois, diferentemente das bibliotecas

    tradicionais, onde as fontes de informao

    adicionadas s colees so cuidadosamente

    selecionadas, organizadas e descritas clas-

    sificadas, catalogadas, indexadas, resumidas

    , isso no acontece com freqncia nas

    colees encontradas na internet. Porm,

    a infra-estrutura oferecida pela internet

    um veculo de dramtica importncia para

    a distribuio de informao de qualidade

    para os usurios, e parte essencial da infra-estrutura tecnolgica de que as bibliotecas

    digitais no podem prescindir.

    No outro extremo, observa-se uma ten-

    dncia convergente na direo do enquadra-

    mento das bibliotecas digitais aos cnones

    biblioteconmicos, principalmente no que

    concerne organizao e representao

    dos recursos informacionais e tambm s

    relaes orgnicas com suas comunidades-

    alvo. Isso parece indicar que as bibliotecasdigitais devem se equiparar s bibliotecas

    tradicionais, ao mesmo tempo em que

    criam condies tcnicas para expandir os

    limites, as formulaes e o alcance espacial

    e temporal do que sempre conhecemos

    como biblioteca. Entretanto, importante

    assinalar que vai ficando cada vez mais n-

    tido que essa viso expandida de biblioteca

    exige novas reflexes sobre os modelos de

    informao e de servios sobre os quais elas

    estaro baseadas.

    Essa convergncia para a bibliotecono-

    mia pode ser justificada de vrias maneiras,

    porm a mais convincente delas tambm

    a mais bvia: biblioteca digital continua

    sendo biblioteca.

    O progresso tecnolgico mudou a maneira

    como as bibliotecas fazem o seu trabalho,

    mas no a razo do seu trabalho. Ainda

    que desenvolvimentos tecnolgicos maiscontundentes como a conexo de um

    computador a outro numa cadeia contnua

    pelo mundo afora possam alterar o con-

    ceito fundamental de biblioteca no sculo

    XXI, podemos supor que a tecnologia no

    vai mudar substancialmente o negcio das

    bibliotecas, que conectar pessoas com

    informaes (Kuny & Cleveland, 1998,

    p. 1 traduo nossa).

    imprescindvel compreender que a

    tecnologia atual est focada na converso

    de papel para formatos digitais e no na

    converso da biblioteca in totopara formatos

    digitais (Brown, 2005). Assim como uma

    biblioteca de audiovisual ou de microfilmes

    continua sendo uma biblioteca, o conceito

    atual de biblioteca digital constitui um

    subconjunto de um conceito mais extenso

    de biblioteca, e no um substituto para ele.Todos os valores e funes da biblioteca

    continuam vlidos, o que muda so os

    objetos fsicos que formam a biblioteca e,

    naturalmente, o instrumental tecnolgico

    para manipul-los. As mdias digitais devem

    ser vistas como um novo suporte na longa

    lista de materiais que a civilizao tem, ao

    longo da histria, utilizado para registrar e

    transmitir o conhecimento para geraes

    futuras. Como os outros materiais, nspodemos esperar que eles sejam utilizados

    na proporo em que a sua disponibilidade

    local, as tecnologias de apoio, seu custo

    e a sua confiabilidade sejam adequados e

    suficientes para armazenar e disseminar

    informao e conhecimento de acordo

    com as exigncias do seu tempo. As novas

    geraes de bibliotecas digitais no devem

    ser consideradas como meros repositrios

    de informaes estticas. Antes disso, elas

    devem ser reconhecidas como ncleo inicial

    do que, num estgio futuro, constituir uma

    parte substancial do conhecimento humano

    (Thanos, 2004).

    BIBLIOTECA DIGITAL:

    INVENO OU REINVENO?

    O conceito de biblioteca digital no

    algo que desponta desvinculado da idia

    ancestral que temos de biblioteca. Ao

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    contrrio, ele se desenvolve tendo como

    fundamento uma analogia direta com a

    biblioteca tradicional e com a sua misso

    de organizar colees impressas e outros

    artefatos, de operar servios e sistemas

    que facilitem o acesso fsico e intelectual

    e tambm o acesso de longo prazo aos

    seus estoques informacionais.

    Assim como no surgimento de outras

    concepes da era digital, que so recria-

    es de idias j estabelecidas, como , por

    exemplo, o correio eletrnico, a biblioteca

    digital, num primeiro momento, espelha-se

    na biblioteca tradicional, para em seguida

    expandir esse conceito j consagrado atra-

    vs da apropriao e uso das tecnologias

    disponveis.Adicionando o adjetivo digital ao

    nome biblioteca, o futuro parece estar

    reconciliado com o passado (Lyman,

    1996). Alegorias futursticas como biblio-

    tecas digitais e publicaes eletrnicas so

    tranqilizadoras porque elas sugerem uma

    continuidade institucional entre o passado e

    o futuro. Pois, se verdade que a inovao

    tecnolgica geralmente comea imitando o

    passado, no so as novas ferramentas queconstituem inovao, mas sim as novas ins-

    tituies. Elas acalmam e ocultam a tenso

    latente que existe entre tecnologia digital e

    as instituies de uma sociedade industrial,

    tenses que levam a questes importantes

    sobre a natureza das bibliotecas digitais

    (Lyman, 1996, p. 1). Em outras palavras, bi-

    bliotecas digitais parecem oferecer-nos toda

    a convenincia, a eficincia, a sofisticao da

    tecnologia digital dentro da idia familiar e

    confortvel de uma biblioteca (McPherson,

    1997). Nessa direo, a biblioteca digital

    parece antes querer reforar os fundamentos

    da biblioteca e da biblioteconomia do que

    aniquil-los, como temem alguns.

    O produto que gerenciamos nas biblio-

    tecas tradicionais informao, e o seu

    invlucro que nos mais familiar, o pa-

    dro cdice, tem influncia decisiva sobre

    a arquitetura da biblioteca e sobre o seu

    funcionamento, mas ele no define por si so que uma biblioteca. Ns no estamos

    preocupados em qualificar nossas bibliote-

    cas chamando-as de bibliotecas de tabletes

    ou bibliotecas de rolos de papiros, por que

    ento temos que qualificar as bibliotecas

    digitais?, interroga-se Braund (1999) num

    artigo com um ttulo interessante: Virtual

    ou Real: o Termo Biblioteca o Bastante

    (traduo nossa).

    Mas, apesar de a biblioteca digital ser, na

    maioria das vezes, um servio vinculado

    biblioteca tradicional, fica claro que existe

    uma distino que deve ser feita entre elas.

    Os invlucros fsicos e monolticos em que

    a informao est fixada por exemplo, um

    livro so adequados ao acesso direto pelos

    nossos sentidos e podem ser manuseados

    fisicamente; por outro lado, dados digitais

    so constitudos de sinais eletrnicos que

    independem de mdias, mas que dependemde mquinas e programas de computado-

    res que os interpretem antes de qualquer

    interao humana com eles. A transio

    do impresso para o digital implica tambm

    a criao de camadas de funcionalidades,

    de modos diferenciados de disseminao

    e entrega da informao e na forma como

    nos relacionamos com ela. A informao

    digital no antagnica informao im-

    pressa, porm, no patamar atual, tambmno a sua mmica. O seu surgimento muda

    muita coisa.

    A passagem inicial do impresso para

    o digital teve como nfase a converso

    retrospectiva direta de contedos impres-

    sos para formatos digitais, por exemplo, a

    converso de documentos raros, frgeis ou

    muito consultados. A verso digitalizada

    dos estoques informacionais da biblioteca

    tradicional proporcionou a possibilidade

    indita do acesso independente de distn-

    cia e de tempo, o compartilhamento por

    mais de um usurio de uma mesma obra a

    um custo muito baixo e, claro, o acesso

    instantneo e fcil a uma verso digital do

    texto completo.

    Muito alm da mera converso retros-

    pectiva, a emergncia da web acelerou o

    surgimento de novos gneros de tipos de

    documentos que no tinham equivalncia

    no domnio da informao impressa e exis-tiam somente no domnio da computao

    e da comunicao em rede. No contexto

    ciberespao, a informao digital pode

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    ser transportada na velocidade da luz,

    armazenada em densidade atmica, e con-

    vergir em novos tipos de documentos que

    combinam texto, imagem, grficos, vdeo,

    udio, hiperlinks, applets e tudo mais que

    a inovao tecnolgica e fora do mercado

    possam proporcionar.

    As bibliotecas digitais incluem as fun-

    cionalidades das bibliotecas tradicionais,

    mas potencialmente vo alm em escopo

    e significado. O ambiente da biblioteca

    digital um espao dinmico, constitudo

    de informaes eletrnicas, com nveis

    diferenciados de granularidade, e servios

    que possibilitam inmeras configuraes

    nas suas formas de disseminao e uma

    gama extraordinria de usos e resos paraos seus estoques informacionais e para as

    representaes correspondentes.

    A substituio de papel pelo documento

    eletrnico est assentada em algumas impor-

    tantes diferenas: no armazenamento distri-

    budo em formas digitais, na comunicao

    direta, on-line, na obteno do material via

    redes de computadores, na multiplicidade

    de cpias a partir de uma verso original,

    no nvel de granularidade que possveltratar as informaes digitais e nas suas

    possibilidades de reso. Essas diferenas se

    desdobram em transformaes to profun-

    das que eventualmente deixam a biblioteca

    digital distante de uma mera expresso da

    biblioteca tradicional (McPherson, 1997).

    Essas diferenas e transformaes que

    ainda esto em curso as tentativas de

    definio tentam traduzir.

    UMA DEFINIO POSSVEL

    Os sonhos e as utopias, juntamente

    com as realidades, expressam-se de diver-

    sas formas quando adicionamos o termo

    digital idia precisa que a maioria de

    ns tem sobre o que biblioteca. No mo-

    mento em que se analisa a multiplicidade

    de idias sobre o que biblioteca digital,o nico consenso possvel de se distinguir

    que o conceito de biblioteca digital no

    equivalente a uma mera coleo digitali-

    zada apoiada por uma ferramenta de gesto

    de informao. Esse primeiro patamar na

    evoluo das bibliotecas digitais foi substi-

    tudo por um conceito mais sofisticado que

    envolve um ambiente onde esto reunidas

    colees, servios e pessoas com a misso

    de dar apoio ao ciclo completo de criao,

    disseminao, uso e preservao de dados,

    informao e conhecimento, como prope

    Paul Duguid (1997).

    necessrio trazer, portanto, o debate

    para dentro dos limites da realidade onde

    atuam os bibliotecrios e demais profissio-

    nais do conhecimento e onde se desenrolam

    pesquisas e as prticas mais importantes

    para a rea. Localizar os possveis atributos

    e propriedades das bibliotecas digitais nesseespao de pesquisas e prticas pode ajudar a

    definir as vinculaes das bibliotecas digi-

    tais ao universo das bibliotecas. Os autores

    Savanur e Negaraj (2004) e Urs (2007) tri-

    lharam esse caminho e definiram conjuntos

    de caractersticas que contornam o desafio

    de uma definio mais formal. Antes deles,

    a Association of Research Libraries (ARL)

    lanou mo da mesma estratgia, registrada

    no documento Definition and Purposes of aDigital Library (ARL, 1995). Essas carac-

    tersticas foram reunidas a seguir:

    as bibliotecas digitais so a contraparte

    digital das bibliotecas tradicionais e incluem

    materiais eletrnicos (digitais) bem como

    materiais impressos e ainda outros materiais

    por exemplo, udio, vdeo e objetos que

    no se enquadram na mdia impressa e nem

    podem ser disseminados em formato digital

    ainda;

    uma biblioteca digital possui e controla

    a informao. Ela oferece acesso infor-

    mao, e no apenas aponta para ela;

    uma biblioteca tem uma estrutura organi-

    zacional unificada com pontos consistentes

    para acesso aos dados;

    uma biblioteca digital no uma entidade

    nica, ela pode tambm oferecer acesso

    a materiais digitais e recursos de outras

    bibliotecas digitais; bibliotecas digitais apiam o acesso rpi-

    do e eficiente a uma grande quantidade de

    fontes de informao distribudas, porm

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    vinculadas por links e que so plenamente

    integradas;

    bibliotecas digitais tm colees que:

    a) so volumosas e persistentes ao longo

    do tempo; b) so bem organizadas e bem

    gerenciadas; c) contm formatos variados;

    d) contm objetos e no somente a sua

    representao; e) contm objetos que no

    podem ser obtidos de outra forma;

    bibliotecas digitais incluem todos os

    processos e servios oferecidos pelas

    bibliotecas tradicionais, embora esses

    processos tenham que ser revisados para

    acomodar diferenas entre mdias digitais

    e impressas;

    as bibliotecas digitais cumprem o para-

    digma do acesso onipresente, a qualquerhora e em qualquer lugar. Existe uma bi-

    blioteca onde houver um computador pes-

    soal conectado a uma rede. As bibliotecas

    digitais esto sempre disponveis;

    as bibliotecas digitais intensificam o

    conceito de compartilhamento de recursos

    provenientes das bibliotecas tradicionais;

    as bibliotecas digitais se dirigem a uma ou a

    um conjunto de comunidades de usurios.

    A Digital Library Federation (DLF) foi

    mais adiante. Ela registra na sua pgina web

    (http://www.diglib.org/about/dldefinition.

    htm) uma definio abrangente que insti-

    tucionaliza a viso biblioteconmica das

    bibliotecas digitais:

    Bibliotecas digitais so organizaes

    que disponibilizam os recursos, incluindo

    pessoal especializado, para selecionar, es-

    truturar, oferecer acesso intelectual, inter-

    pretar, distribuir, preservar a integridade e

    assegurar a persistncia ao longo do tempo

    de colees de trabalhos digitais, de forma

    que eles estejam pronta e economicamente

    disponveis para uso de uma comunidade

    definida ou um conjunto de comunidades

    (traduo nossa).

    A prpria DLF oferece uma interpretao

    para a definio que ela estabelece: Pode-se, naturalmente, revisar, refinar e de outra

    forma melhorar essa definio abrangente.

    Entretanto, o que se prope aqui princi-

    palmente sugerir que existe um conjunto

    de atributos que confere coerncia ao con-

    ceito de biblioteca digital. Esses atributos

    incluem funes de colees, organizao,

    preservao, acesso e economia. O que sig-

    nifica dizer que os projetos que envolvam

    bibliotecas digitais precisam ser definidos

    e mensurados segundo o desenvolvimento

    desses atributos. Porm, importante dei-

    xar claro que a definio proposta tambm

    enfatiza que as bibliotecas digitais devem

    ser definidas e mensuradas em relao s

    comunidades a que elas servem.

    Esses atributos, de certa forma, do

    densidade ao conceito proposto pela DLF,

    ao mesmo tempo em que jogam luz sobre

    outras funes biblioteconmicas importan-tes para o desenvolvimento de bibliotecas

    digitais, que no somente a busca e o acesso

    a colees digitais. As propostas da ARL

    e da DLF revelam que a biblioteca digital

    no est isenta de administrar os servios

    de uma biblioteca no seu elenco de funes,

    e que a sua vertente digital deve conviver

    com as outras modalidades de informao

    disponveis, estabelecendo uma possvel

    convergncia entre os reinos digital e oimpresso.

    A definio da DLF tem sido adotada

    amplamente por grande parte das comunida-

    des vinculadas s reas de biblioteconomia

    e de cincia da informao. Tem sido ado-

    tada tambm como marco primordial dos

    principais projetos de pesquisa das muitas

    reas que permeiam os estudos em biblioteca

    digital. Entretanto, como vimos anterior-

    mente, ela revela apenas uma das muitas

    faces do que universalmente discutido e

    entendido como biblioteca digital.

    GUISA DE CONCLUSO

    A idia de biblioteca digital tem mui-

    tas faces, mas nenhuma delas a define

    completamente e esgota todos seus signi-

    ficados. As definies de biblioteca digitalse reconfiguram de acordo com os seus

    inmeros protagonistas que se espalham

    por muitas reas.

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    Mesmo no contexto mais restrito da

    biblioteconomia e da cincia da informa-

    o, h uma multiplicidade de vises sobre

    a natureza das bibliotecas digitais que se

    sobrepem, e de prticas que se concreti-

    zam em harmonia com essas vises. O que

    se pode concluir com algum risco que oconceito de biblioteca digital algo ainda no

    estgio transiente de evoluo e que prova-

    velmente guardar significados distintos ou

    receber denominaes distintas medida

    que as atuais sobreposies conceituais se

    resolvam. O breve passado das bibliotecas

    digitais no foi capaz de resolver essas am-

    bigidades, quem sabe o futuro seja rpido

    em harmoniz-las.

    No entanto, o que se observa que adivergncia se instala menos em relao

    natureza dos servios, produtos e interaes

    que uma biblioteca digital pode oferecer

    isso parece cada vez mais claro e con-

    sensual , e mais em relao natureza

    da sua vinculao com a biblioteca e seus

    fundamentos.

    Essa questo deve ser ressaltada, pois

    est reiteradamente explcito nas definies

    correntes que biblioteca digital e biblioteca

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    tradicional so coisas separadas e distintas.

    Elas no incluem a perspectiva simples de

    que a biblioteca pode ser as duas coisas:

    impressa e digital.

    O digital no o antagnico do im-

    presso, como o rolo de papiro no o

    antagnico do livro. Para cumprir o seupapel ancestral a biblioteca sempre se

    apropriou das mais avanadas tecnologias

    disponveis e vem continuamente evoluin-

    do no ritmo dessas tecnologias. Assim foi

    com a tecnologia de microfilme, com a

    computao e agora com a web. Desde o

    surgimento dessas tecnologias, percebeu-

    se que elas trariam um ganho extraordi-

    nrio de produtividade e de amplitude

    nas funes administrativas, tcnicas ede intercmbio de informao e conheci-

    mento no mundo das bibliotecas.

    Portanto, a biblioteca digital mais um

    marco que no traz aniquilamentos e nem

    pontos de singularidade na continuidade

    evolutiva das bibliotecas, que caminham

    rapidamente para se tornarem palcios

    hbridos de acesso informao e ao conhe-

    cimento distribudo, para onde convergem e

    se integram todos os tipos de mdias.

  • 8/2/2019 o que biblioteca digital

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