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7/29/2019 O PRÍNCIPE analise resumo http://slidepdf.com/reader/full/o-principe-analise-resumo 1/12 O PRÍNCIPE – Nicolau Maquiavel (1513) 1- Sobre o autor, Nicolau Maquiavel:  Nicolau Maquiavel nasceu em Florença a 3 de maio de 1469. Sua família, cuja origem remonta ao XII século XII, era uma antiga família da Toscana e que pertencia ao partido quelfo ou pontifical. Os Maquiavel tinham abandonado Florença em 1260, depois da derrota de Montaperti; mas voltaram mais tarde e participaram largamente dos cargos  públicos, num período de mais de três séculos. A juventude de Maquiavel não deixou traço digno de memória. Sabe-se somente que em 1494 foi copista de Marcelo Virgílio Adriani, professor de literatura grega a latina e secretário da República de Florença. Mais tarde, tinha ele vinte e nove anos completos, Maquiavel foi nomeado chanceler na segunda chancelaria e, enfim, secretário dos Dez magistrados da liberdade e da paz, ofício que constituía o governo da república. Ocupou este posto durante catorze anos e cinco meses, e nesse espaço de tempo lhe foram confiadas vinte e três legações no exterior. Das missões de Maquiavel, a mais importante foi sem dúvida a legação junto a César Bórgia (1502). Aceitou ele de mau grado o encargo que o obrigava a mudar a sua modesta vida e a tratar com o duque em nome do governo de Florença. A sua ação, no desempenho desta missão, não mudou o curso dos acontecimentos  políticos, mas o encontro com o duque Valentino foi importante para o desenvolvimento do seu pensamento, e a legação à Romanha decidiu o seu destino de escritor político. Em 1527, de volta de uma viagem a Cività Vecchia, adoece e morre a 22 de junho do mesmo ano, “depois de ter confessado os seus pecados ao irmão Mateus, que ficou ao  pé dele até que cessasse de viver”, como diz o seu filho Pero em carta a Francesco Melli. Os despojos de Maquiavel foram sepultados na igreja da Santa Cruz. Suas obras: •Príncipe •Os Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio •Os Sete Livros Sobre a Arte da Guerra •As Comédias •A Vida de Castruccio Castracani 1.1- Maquiavel Na Atualidade Modernamente, os estudos têm procurado romper com a tradição de crítica do ponto de vista oral, ou com a utilização da obra de Maquiavel como instrumento ideológico. Procura-se mais amplamente determinar a contribuição específica que ele deu à história das idéias, especialmente aquilo que se refere aos domínios pertencentes à ciência  política. A tendência é não mais ver o pensamento de Maquiavel como geometria euclidiana da  política eterna, mas como pensamento de seu tempo. Por outro lado, o problema da existência ou não de unidade intrínseca entre seus diversos escritos – especialmente os Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio e O Príncipe – não é avaliado segundo as disputas filosóficas que propiciou. O maquiavelismo antecede a Maquiavel como repositório de práticas que informavam a ação dos detentores do poder; ele simplesmente teria sistematizado esse conhecimento, transformando-o em engenharia operacional de governo. Nela não haveria lugar para a moral, e o amoralismo dos meios não prejudicaria os resultados se estes são bons.

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O PRÍNCIPE – Nicolau Maquiavel (1513)

1- Sobre o autor, Nicolau Maquiavel: Nicolau Maquiavel nasceu em Florença a 3 de maio de 1469. Sua família, cuja origemremonta ao XII século XII, era uma antiga família da Toscana e que pertencia ao partidoquelfo ou pontifical. Os Maquiavel tinham abandonado Florença em 1260, depois daderrota de Montaperti; mas voltaram mais tarde e participaram largamente dos cargos

 públicos, num período de mais de três séculos.

A juventude de Maquiavel não deixou traço digno de memória. Sabe-se somente que em1494 foi copista de Marcelo Virgílio Adriani, professor de literatura grega a latina esecretário da República de Florença. Mais tarde, tinha ele vinte e nove anos completos,Maquiavel foi nomeado chanceler na segunda chancelaria e, enfim, secretário dos Dez

magistrados da liberdade e da paz, ofício que constituía o governo da república. Ocupoueste posto durante catorze anos e cinco meses, e nesse espaço de tempo lhe foramconfiadas vinte e três legações no exterior.Das missões de Maquiavel, a mais importante foi sem dúvida a legação junto a César Bórgia (1502). Aceitou ele de mau grado o encargo que o obrigava a mudar a suamodesta vida e a tratar com o duque em nome do governo de Florença.A sua ação, no desempenho desta missão, não mudou o curso dos acontecimentos

 políticos, mas o encontro com o duque Valentino foi importante para o desenvolvimentodo seu pensamento, e a legação à Romanha decidiu o seu destino de escritor político.Em 1527, de volta de uma viagem a Cività Vecchia, adoece e morre a 22 de junho domesmo ano, “depois de ter confessado os seus pecados ao irmão Mateus, que ficou ao

 pé dele até que cessasse de viver”, como diz o seu filho Pero em carta a FrancescoMelli. Os despojos de Maquiavel foram sepultados na igreja da Santa Cruz.Suas obras:•Príncipe•Os Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio•Os Sete Livros Sobre a Arte da Guerra•As Comédias•A Vida de Castruccio Castracani

1.1- Maquiavel Na Atualidade

Modernamente, os estudos têm procurado romper com a tradição de crítica do ponto devista oral, ou com a utilização da obra de Maquiavel como instrumento ideológico.Procura-se mais amplamente determinar a contribuição específica que ele deu à históriadas idéias, especialmente aquilo que se refere aos domínios pertencentes à ciência

 política.A tendência é não mais ver o pensamento de Maquiavel como geometria euclidiana da

 política eterna, mas como pensamento de seu tempo. Por outro lado, o problema daexistência ou não de unidade intrínseca entre seus diversos escritos – especialmente osDiscursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio e O Príncipe – não é avaliado segundoas disputas filosóficas que propiciou.O maquiavelismo antecede a Maquiavel como repositório de práticas que informavam a

ação dos detentores do poder; ele simplesmente teria sistematizado esse conhecimento,transformando-o em engenharia operacional de governo. Nela não haveria lugar para amoral, e o amoralismo dos meios não prejudicaria os resultados se estes são bons.

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2- Contextualização2.A – Sociedade de Maquiavel (1469-1527)2.A.1- Cristandade em decadência: conflitos entre o poder divino (Igreja) e o poder temporal (Estado).2.A.2- Processo de ascensão do capitalismo: mercantilismo.2.A.3- Desenvolvimento do Estado Nacional: soberanos locais são absorvidos pelofortalecimento das monarquias e pela crescente centralização das instituições políticas

(cortes de justiça, burocracias e exércitos).2.A.4- Estado absoluto: preserva a ordem de privilégios aristocráticos (mantendo sobcontrole as populações rurais), incorpora a burguesia e subordina o proletariadoincipiente.2.A.4.1- Inglaterra e França: consolidam poder central.2.A.4.2- Itália não realiza unificação nacional: é um conglomerado de pequenascidades- estado rivais, disputados pelo Papa, Alemanha, França e Espanha.

2.B- Concepção de homem em Maquiavel2.B.1- Racionalidade instrumental: busca o êxito, sem se importar com valores éticos.2.B.2- Cálculo de custo/benefício: teme o castigo.2.B.3- Natureza humana:2.B.3.1- Homem possui capacidades: força, astúcia e coragem.2.B.3.2- Homem é vil, mas é capaz de atos de virtude.2.B.3.3- Mas não se trata da virtude cristã.2.B.3.4 – Não incorpora a idéia da sociabilidade natural dos antigos.2.B.4- O homem não muda: não incorpora o dogma do pecado original: naturezadecaída que pode se regenerar pela salvação divina.

2.C- Concepção da História em Maquiavel2.C.1- Perspectiva cíclica, pessimista, de inspiração platônica.

2.C.1.1- Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente.2.C.1.2 -Todo princípio corrompe-se e degenera-se.2.C.1.3 -Isto só pode ser corrigido por acidente externo (fortuna) ou por sabedoriaintrínseca (virtu).2.C.2 - Não manifesta perspectiva teleológica à humanidade não tem um objetivo a ser atingido.2.C.2.1 -A política não admite a teleologia cristã: o caminho da salvação, a construçãodo Reino de Deus entre os homens.2.C.2.2 -Também não pensa a história sob a perspectiva dos modernos: não menciona aidéia do progresso à estrutura cíclica.

2.D- Concepção de Política em Maquiavel2.D.1 - Política: pela primeira vez é mostrada como esfera autônoma da vida social.2.D.1.1 -Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe com os antigos e com oscristãos.2.D.1.2 -Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudoindependente.2.D.2 - Vida política: tem regras e dinâmica independentes de considerações privadas,morais, filosóficas ou religiosas.2.D.2.1 -Política: é a esfera do poder por excelência.2.D.2.2 -Política: é a atividade constitutiva da existência coletiva: tem prioridade sobretodas as demais esferas.

2.D.2.3 -Política é a forma de conciliar a natureza humana com a marcha inevitável dahistória: envolve fortuna e virtu.2.D.3 - Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação de Deusou Providência Divina.2.D.3.1 -Há no mundo, a todo momento, igual massa de bem e de mal: do seu jogo

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resultam os eventos (e a sorte).2.D.4 - Virtu: qualidades como a força de caráter, a coragem militar, a habilidade nocálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversários.2.D.4.1 -Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história.

2.E- Concepção de Estado em Maquiavel2.E.1 – Não define Estado: infere-se que percebe o Estado como poder central soberano

que se exerce com exclusividade e plenitude sobre as questões internas externa de umacoletividade.2.E.2 – Estado: está além do bem e do mal.2.E.2.1 -Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles têm de

 bom e os contém no que eles têm de mal.2.E.2.2 – Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade.2.E.2.3 -Daí a idéia de “razão de Estado”: existem motivos mais elevados que sesobrepõem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei.2.E.2.4 -Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o fim: e osfins justificam os meios.

2.F- “O Príncipe”: não se destina aos governos legais ou constitucionais2.F.1 - Questão: como constituir e manter a Itália como um Estado livre, coeso eduradouro? Ou como adquirir e manter principados?2.F.2 - A tirania é uma resposta prática a um problema prático.2.F.3 - “O Príncipe”: não há considerações de direito, mas apenas de poder: sãoestratégias para lidar com criações de força.2.F.4 - Teoria das relações públicas: cuidados com a imagem pública do governante.2.F.5 - Teoria da cultura política: religião nacional, costumes e atos social comoinstrumentos de fortalecimento do poder do governante.2.F.6 - Teoria da administração pública: probidade administrativa, limites à tributação e

respeito à propriedade privada.2.F.7 - Teoria das relações internacionais:2.F.7.1 -Exércitos nacionais permanentes, em lugar de mercenários.2.F.7.2 -Conquista, defesa externa e ordem interna.2.F.7.3 -A guerra é a verdadeira profissão de todo governante e odiá-la só trazdesvantagens.

3- Sobre a obra O PríncipeEm sua obra “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel mostra a sua preocupação em analisar acontecimentos ocorridos ao longo da história, de modo a compará-los à atualidade deseu tempo.

“O Príncipe” consiste de um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de MédiciMédicecomo um presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Maquiavel analisa asociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como obter emanter o poder.A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em cinco partes, a saber:capítulo I a XI: análise dos diversos grupos de principados e meios de obtenção emanutenção destes;

 Na primeira parte (cap. I a XI), Maquiavel mostra, através de claros exemplos, aimportância do exército, a dominação completa do novo território através de sua estadianeste; a necessidade da eliminação do inimigo que no país dominado encontrava-se ecomo lidar com as leis preexistentes à sua chegada; o consentimento da prática da

violência e de crueldades, de modo a obter resultados satisfatórios, onde se encaixa perfeitamente seu tão famoso postulado de que “os fins justificam os meios” como os pontos mais importantes.

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capítulo XII a XIV: discussão da análise militar do Estado;Já na segunda (cap. XII ao XIV), reflete sobre os perigos e dificuldades que tem oPríncipe com suas tropas, compostas de forças auxiliares, mistas e nacionais, e destaca aimportância da guerra para com o desenvolvimento do espírito patriótico e nacionalistaque vem a unir os cidadãos de seu Estado, de forma a torná-lo forte.

capítulo XV a XIX: estimativas sobre a conduta de um Príncipe;

Do capítulo XV ao XIV, vê-se a necessidade de uma certa versatilidade que deve adotar o governante em relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se adapte àscircunstâncias momentâneas – “qualidades”, em certas ocasiões, como afirma o autor,mostram-se não tão eficazes quanto “defeitos”, que , nesse caso, tornam-se própriasvirtudes; da temeridade dele perante a população à afeição, como medida de precauçãoà revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o ódio; da utilização da forçasobreposta à lei quanto disso dependeram condições mais favoráveis ao seudesempenho; e da sua boa imagem em face aos cidadãos e Estados estrangeiros, demodo a evitar possíveis conspirações.

capítulo XX a XXIII: conselhos de especial interesse ao Príncipe;Em seguida, constata-se um questionamento das utilidade das fortalezas e outros meiosem vistas fins de proteção do Príncipe; o modo em que encontrará mais serventia em

 pessoas que originalmente lhe apresentavam suspeitas em contrapartida às primeiras quenele depositavam confiança; como deve agir para obter confiança e maior estima entreseus súditos; a importância da boa escolha de seus ministros; e uma espécie de guiasobre o que fazer com os conselhos dados, estes, raramente úteis, quando se considera ointeresse oculto de quem os dá.

capítulo XXIV a XXVI: reflexão sobre a conjuntura da Itália à sua época; Na última parte, que abrange os três capítulos finais, Maquiavel foge de sua análise

 propriamente “maquiavélica” na forma de um apelo à família real, de modo que estaadote resoluções em favor da libertação da Itália, dominada então pelos bárbaros.Terminada a breve exposição dos principais temas abordados no livro “O Príncipe” aquisintetizado, conclui-se ser tamanha a complexidade organizacional de um Estado, que serecorre a todo e qualquer meio, justo ou injusto, da república à tirania, par ter-se comoconseqüência não um país justo no sentido próprio da palavra – ao menos não se julga,habitualmente, haver uma possibilidade de fazer-se justiça com relação a todos osintegrantes de uma sociedade ou grupo de extensão considerável, já que os interessessão os mais variados, mas estável, governável e próprio de orgulho por suas partes e,

 principalmente, de respeito perante aos demais países/nações, o que certamente propiciaria um meio sadio e mais tranqüilo de viver-se, tanto ao Príncipe quanto aos

seus seguidores.

4- Resumo do livro O Príncipe:IntroduçãoComo Segundo Chanceler de Florença, Maquiavel, e tinha uma vida política muitoativa. Era uma época de mudanças, o sistema feudal era substituído pela produçãocapitalista, a soberanias eram absorvidas pelas monarquias, e existia uma centralizaçãodo poder na Europa exceto na Itália.Maquiavel, então participava de encontros com as cortes estrangeiras para fazer acordos

 políticos. A experiência de sua vida é relatada neste livro, mostrado para o homemcomum as verdadeiras intenções de um governante ambicioso.

 Niccoló Machiavelli – Ao magnífico Lorenzo, filho de Piero de MédiciOs príncipes ganham sempre bons presentes, que estão a sua altura, porém nãoencontrei entre minhas posses, nada além das experiências que adquiri ao longo deminha vida, e que agora remeto a Vossa Magnificência, reduzidas em um pequenovolume.

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Portanto, aceite este pequeno presente, e lendo esta obra, o meu desejo de que atinjaaquela grandeza que a fortuna e demais qualidades lhe asseguram.Capítulo I – De quantas espécies são os principados e quantas são as maneiras em quese adquiremOs Estados podem ser republicas ou principados, que foram herdados pelo sangue, ouforam adquiridos recentemente. Os novos, tais como Milão com Francesco Sforza, outais membros juntados a um Estado que recebe por herança um príncipe, tal o reino de

 Nápoles ao rei da Espanha. Estes domínios recebidos, são sujeitos a um príncipe oulivres, e são adquiridos por tropas alheias ou próprias.

Capítulo II – Dos principados hereditários Não falarei das repúblicas, mas só dos principados, e tentarei mostrar como os principados herdados podem ser governados e mantidos. Estados ligados a família deseu príncipe, tem-se menores dificuldades para se governar dos que os novos, pois,

 basta não abandonar o procedimento dos antecessores, se o príncipe for inteligentes seconservará no poder.

 Na Itália, por exemplo, temos o duque de Ferrara, que opôs resistência ao ataque dosVenezianos em 1484, e aos do Papa Júlio em 1510, apenas porque antigo era o domíniode sua família, e era evidente que se tornasse mais querido.

Capítulo III – Dos principados mistosA maior dificuldade está nos principados novos, que também podem ser Estado reunidoao hereditário, que poderíamos chamar de principado misto, isto porque o povo revolta-se com o novo príncipe que precisou ofender os novos súditos com sua tropa e através eoutras ofensas que uma recente conquista provoca.Então serão seus inimigos todos aqueles que foram prejudicados com a ocupação dos do

 principados, e seus amigos serão aqueles que te colocaram lá, pois, estavaminsatisfeitos, e mesmo que estejas fortalecido não poderá ser violento contra eles, pois,

 precisa das boas graças dos habitantes. Este foi o erro de Luís XII, Rei da França,quando ocupou Milão, que teve o mesmo povo que abriu as portas, contra ele, quando percebeu que erram a respeito do bem que traria aquele príncipe.Estados conquistados e acrescentados a um Estado Antigo, sendo na mesma província ede idêntica língua, facilmente são sujeitados, sobretudo se não têm o costume de viver livres.Para Estados com línguas diferentes, mas com mesmos costumes, o conquistador, paraconserváconserva-los, deve ter em mira duas regras: primeira, extinguir a linguagem doantigo príncipe; segunda, não modificar leis e impostos.Já em uma província com língua, costumes e legislação diferentes, o modo mais eficazde conquistar é o príncipe ir habitá-la, assim poderá acabar com as desordens, logo

quando forem surgindo, do contrário, quando a notícia chegar será tarde para agir. Outramaneira é formar colônias em alguns lugares da província conquistada.Os Romanos, organizaram colônias nas províncias conquistadas. Na, veja na provínciada Grécia, Roma fomentouformentou os Aqueus e os Etólios, submeteu o reino dosMacedônios, expulsou Antíoco.O desejo de conquista é coisa realmente natural e comum e os homens que podemsatisfazê-los serão louvados sempre e nunca recriminados. Mas não o podendo equerendo fazê-lo de qualquer modo, aí estão em erro, e merecem censura.

Capítulo IV – Razão por que o Reino de Dario, ocupado por Alexandre, não serevoltou com os sucessores deste.

O fato de Alexandre Magno, ter conquistado em poucos anos a Ásia, e depois ter morrido logo em seguida, e o povo não ter-se revoltado contra os sucessores éespantoso. Dos principados que recordamos, dois são os modos que se governam: ou

 por príncipes auxiliados por ministros, ou por um príncipe e barões.Tais barões têmtem domínio e súditos próprios, que os reconhecem como senhores e

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dedicam-lhes natural afeto.Agora considerando-se a natureza do governo de Dario, ter-se -á que é semelhante à dosultão da Turquia. Se foi necessário a Alexandre desbaratar o inimigo em bloco após avitória, morto Dario, teve o estado seguro. E os sucessores de Alexandre, tivessem elesmantido unidos, poderiam desfrutar ociosos aquele reino; não houve aí outras turbaçõessenão aquelas que eles mesmo provocaram.A conquista de um povo, não é mérito só do vencedor, mas das diferenças dos povos

subjugados.

Capítulo V – Do modo de manter cidades ou principados que antes de ocupados segovernavam por leis própriasExplanação de como conservar governos com ideologias natas. Por mais que novasideologias sejam infiltradas, as antigas leis do principado perdurarãoperdurão até que onovo principado transgridatrasgrida as regras antigas e declare novas regras contantoque se permita que “…repouse a lembrança da perdida liberdade.”

Capítulo VI – Dos principados novos que são conquistados pelas armas e com nobrezaCitação de exemplos de Moisés, Teseu, entre outros, que por virtude própria tornaram-se príncipes.

Capítulo VII – Dos principados novos que são conquistados com armas e com virtudesalheiasO autor transcorre a respeito de César BórgiaBorgia, filho do papa Alexandre VI, cujasconquistas foram impulsionadas pelo poder da posição de seu pai e, depois, por aliançascom pessoas de punho mais firme que ele, como Remirro de Orco.

Capítulo VIII – Dos que chegaram ao principado pelo crime Neste capítulo o autor trata o fato de se atingir o principado através de “…atos maus ou

nefandos…”.Vale destacar a forma que Maquiavel propõe da maneira como devemdiscorrer as injúrias ao povo, segundo ele “…todas de uma só vez, para que, durando pouco tempo, marquem menos…”.Também é interessante a maneira com que os benefícios ao povo devem ser proporcionados:”…pouco a pouco, para serem melhor saboreados…”.

Capítulo IX – Do principado civilO que se pode denominar principado civil, sendo que não é necessário grande valor oufortuna, mas sim astúcia. Este é alcançado pelo favorecimento dos grandes ou do povo.

 Nas cidades encontram essas duas disposições, sendo que o povo não quer ser oprimido pelos grandes e os grandes desejam comandar e oprimir o povo. A estes dois apetites

 produzam os efeitos; o principado, a liberdade ou a liderança.O principado é obra do povo ou dos grandes segundo a oportunidade acolhida por umou por outro. Os grandes percebem que não podem se opor ao povo, começam a

 promover a reputação de um membro do povo e o fazem príncipe. Este para seconservar no poder tem dificuldades. Já o povo percebendo sua incapacidade de se opor aos grandes, concede prestigio a alguém e o torna príncipe, mediante sua autoridade, ser defendido. Este ajuda o povo não tendo dificuldades, pois estáesta cercado de outrosque lhe parecem iguais.Por outro lado aquele que atinge a condição de príncipe graças ao povo encontra-se só,não tendo em torno de si ninguém ou poucos que não estejam prontos a obedecê-lo.Pode honestamente e sem prejuízo de outros satisfazer aos grandes, mas certamente

 pode-se satisfazer o povo, pois este tem uma meta bem mais honrada que os grandes,desejando estes oprimir e o povo não se deixar oprimir.O pior que o príncipe pode esperar de um povo hostil é ser abandonado por ele; mas osgrandes hostis não deve apenas temer que o abandonem, as também que o ataquem. Este

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 príncipe deve viver sempre com o mesmo povo, mas nem sempre com os mesmosgrandes.Para um príncipe é necessário contar com a amizade do povo, caso contráriocontrarionão haverá soluções nas adversidades. Um príncipe sábio deve pensar em um modo peloqual seus cidadãos, sempre e em quaisquer circunstâncias, careçam do Estado e dele,com o que eles lhe depois sempre fiéis.

Capítulo X – Como devem ser medidas as forças de todos os principadosOs príncipes capazes de se conservarem por si só, que podem, por abundância dehomens e de dinheiro, constituir um exercito forte e enfrentar qualquer assaltante. Estesexércitos devem ser regidos por leis. Deste modo este principado terá uma cidadefortificada, mas que não se faça odiado.A natureza humana obriga ao homem tanto benefícios feitos pelos que recebeu. Pode-seconcluir que não será difícil a um príncipe prudente garantir-se de seu povo.

Capítulo XI – Os principados EclesiásticosPara este aparecem toda espécie de obstáculos, porque são obtidos pelo mérito ou pelafortuna, mas são mantidos pela rotina da religião. Estas são tão forte que conseguemmanter seus príncipes tenham estes a vida que for. Por este poder tais principados sãoconsiderados seguros e felizes.É de se esperar que, se alguns fizeram o Papado poderoso pelas armas. O pontíficeatual, por sua bondade e muitas outras virtudes, o faça mais forte e venerado.

Capítulo XII – Das espécies de milícias e dos soldados mercenáriosFaz-seSe faz necessário que um príncipe tenha fundamentos sólidos; como boas leis e

 princípios. Como boas leis não existem onde não há armas, portanto, as forças com asquais um príncipe conserva o seusue Estado são próprias ou mercenárias auxiliares oumistas. As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas, pois não são de fato ligadas

ao príncipe, são ambiciosas, sem disciplina, infiéis, insolentes com os amigos ecovardes como inimigos, não temem a Deus, nem fazem fé nos homens. Sendo assim o príncipe apenas retarda sua própria ruína.O príncipe deve se fazer capitão, a República mandará para esse cargo um de seuscidadãos, mas sendo infeliz deve substituí-lo imediatamente. Mas se este revelar seuvalor deve a República assegurar-se por meio de leis suas atribuições.Os capitães afastavam de si e de seus soldados, o medo e o trabalho, poupando-se noscombates e fazendo-se prender uns aos outros sem resgate. A eles tudo era permitido emseu código militar, que tinha por objetivo evitar o trabalho e os perigos. Deste modoescravizaram e infamaram a Itália.

CAPÍTULO XIII – Das tropas auxiliares, mistas e nativasAs tropas auxiliares são mandadas por poderosos em teu auxílio. Estas podem ser boas eúteis, mas em caso de derrota está abatido e em caso de vitória será seu prisioneiro. Asforças mercenárias, após uma vitoria necessitam de mais tempo para causar mal, poisforam organizadas e são remuneradas por ti.Todos os príncipes prudentes repeliam este tipo de tropas, as auxiliares, sempre

 preferiam suas próprias tropas para assim poder chegar a uma vitória de fato.Com esta observação de diferentes tropas conclui-se que sem possuir tropas própriasnenhum príncipe está garantido a não ter contratempos. As forças próprias sãocompostas de súditos ou cidadãos, ou de servos; todas as outras são mercenárias ouauxiliares.

CAPÍTULO XIV – Dos deveres do príncipe para com as tropas.Um príncipe deve, portanto, ter como único objetivo a guerra e sua regulamentação edisciplina, pois é a única obrigação de quem comanda.

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CAPÍTULO XV – Das razões pelas quais os homens e sobretudo os príncipes sãolouvados ou vituperados.O príncipe deve aprender a capacidade de não ser bom e empregar ou não essacapacidade segundo a necessidade.

CAPÍTULO XVI – Da generosidade e da parcimôniaO príncipe deve procurar ser generoso, porém se houver muita generosidade, esta será

 prejudicial. A generosidade conduz o príncipe a pobreza ou a fama de desprezível.Portanto é melhor o príncipe ter a imagem de miserável,, a qual gera má fama, contudo,sem ódio.

CAPÍTULO XVII – Da crueldade e da piedade e se é preferível ser amado outemidoTodo príncipe deve buscar ser conhecido pela sua clemência, mas se for necessário ao

 príncipe ter a fama de cruel para manter seu reino, assim deve o príncipe agir.

CAPÍTULO XVIII – De que maneira devem os príncipes guardar a fé da palavraempenhadaO príncipe não deve ter outra finalidade nem outro pensamento, senão a guerra, seuregulamento e disciplina, pois esse é a única arte que se atribui a quem comanda. Ela éde tal poder que não só mantém os que nasceram príncipes, porém muitas vezes elevaàquela qualidade cidadãos de condição particular. Um príncipe não versado de milícia,além de outras desventuras, como se disse, não pode ter a estima de seus soldados nemconfiar neles. Um príncipe sábio deve considerar as histórias de outros países e meditar as ações de homens ilustres, estudar as razões de suas derrotas e vitórias e jamais estar ocioso nos tempos de paz; deve isto sim, de modo inteligente, ir formando cabedal deque tire proveito nas adversidades, para estar a qualquer tempo preparado para resistir-lhes.

Os príncipes se fazem notáveis pelas qualidades que lhes trazem reprovação ou louvor.Qualquer um reconhecerá que muito louvável seria um príncipe possuísse, de todas ascaracterísticas tidas por boas; mas a condição do homem é tal, que não permite a possecompleta delas; é preciso que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitosque lhe tirariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe garantir a possedele.A liberalidade usada para que se espalhe a tua fama de liberal não é virtude; se ela se

 pratica de modo virtuoso e como se deve, será ignorada e não escaparás da má fama deseu contrário. Portanto, não podendo usar dessa virtude sem prejuízo para si mesmo,deve ele, sendo prudente, desprezar a pecha de avaro, pois com o tempo, poderádemonstrar que é sempre mais liberal, pois verá o povo que a parcimônia do príncipe

faz que lhe baste a sua receita, podendo defender-se dos que lhe movem guerra, e estádeste modo sendo liberal para todos aqueles dos quais nada tira, que são muitos, eavarento para aqueles aos quais nada dá, que são muitos poucos.É mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má fama sem ódio, do que, parater fama de liberal, ser elevado a incorrer também na de repasse, o que constitui infâmiaodiosa.Cada príncipe deve querer ser considerado piedoso e não cruel; não obstante, devecuidar de empregar de modo conveniente essa piedade. Não deve, pois, importar ao

 príncipe a pecha de cruel para conservar seus súditos unidos e com fé, porque, com pequenas exceções, ele é mais piedoso do que por excesso de clemência deixam quesurjam desordens, das quais podem se originar assassínios ou rapinagens. É que tais

conseqüências prejudicam todo o povo e as execuções prejudicam a um só. Muito maisseguro é ser temido que amado quando seja obrigado a falhar numa das duas. Oshomens hesitam menos em ofender aos que se fazem amar, do que aqueles que setornam temidos. Deve-se o príncipe fazer-se temido de modo que, se não for amado, aomenos evite o ódio, pois fácil é ser ao mesmo tempo temido e não odiado. Portanto, um

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 príncipe sábio ama os homens como querem ser amados, e sendo temido por eles comoqueira, deve firmar-se no que é seu e não sobre o alheio. Enfim, deve apenas evitar ser odiado.Há duas formas de combater: uma, pelas leis, outra pela força. A primeira é natural dohomem, a segunda dos animais. Ao príncipe se faz preciso, porém, saber empregar demaneira conveniente o animal e o homem, e uma desacompanhada da outra é origem dainstabilidade. Não pode um príncipe de prudência, nem deve, guardar a palavra

empenhada quando isso lhe é prejudicial e quando os motivos que o determinaremdeixarem de existir. Um príncipe não pode seguir a todas as coisas tidas como boas,sendo muitas vezes obrigado, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião.

 Nas atitudes dos homens, sobretudo dos príncipes, importa apenas o êxito bom ou mau.Trate, portanto, de vencer e conservar o Estado, pois os meios que empregar serãosempre julgados honrosos e louvados, pois o vulgo se deixa levar por aparências e pelasconseqüências dos fatos consumados, e o mundo é formado pelo vulgo, e não haverálugar para a minoria se a maioria não encontre lugar para se apoiar.

Capítulo XIX – De como se deve evitar o desprezado ou odiadoO príncipe procura evitar coisa que o faça odioso ou desprezível e sempre que agir assim, cumprirá seu dever não achará nenhum perigo nos outros defeitos. O que o tornasobretudo odioso é o ser rapace e usurpador dos bens e das mulheres e de seus súditos.Torna desprezível o ser tido como volúvel, leviano, efeminado, covarde e irresoluto.Tais coisas devem ser evitadas do mesmo modo que o navegante evita um rochedo.Deve ele fazer que em suas ações se reconheça a grandeza, coragem, gravidade efortaleza, e quanto às ações particulares de seus súditos deve fazer que sua presença sejairrevogável, portando-se de modo tal que ninguém pense enganá-lo ou fazê-lo mudar deidéia.Deverá defender-se destes com boas armas e bons aliados, e tendo armas sempre terá

 bons amigos. Os negócios internos, por seu turno, estarão estabilizadas se estabilizadas

estiverem as coisas de fora, a não ser aqueles que já estejam perturbados por umaconspiração. A propósito dos súditos deve-se recear que sempre conspirem em segredo,e se tiver conseguido que o povo esteja satisfeito com ele.A um Príncipe pouco deve-se importar as conspirações se ele é querido do povo, pois seeste é seu inimigo e o odeia, deve temer tudo e todos. Deve-se estimar os poderosos,

 porém não se tornar odiado pelo povo.E é preciso que se note que o ódio se adquire ou pelas ou pelas más ações. Por isso, umPríncipe desejando conservar o Estado, é freqüentemente obrigado a não ser bom,

 porque quando aquela maioria, seja povo, senado ou grandes, de que julgas ter precisão para conservar no poder, é corrupta, é conveniente que sigas o seu pensador parasatisfazêsatisfaze-la e, assim, as boas ações são prejudicadas.

É de se notar neste ponto que assassínios, deliberados por homens obstinados sãoimpossíveis de serem evitados pelos Príncipes porque todo o que não tiver medo damorte poderá executá-los não deve, entretanto, o Príncipe amedrontar-se, pois sãoraríssimos. Deve somente evitar, não injuriar gravemente algumas das pessoas que seutiliza e que tenha ao seu lado a serviço de seu governo, como fez Antonino. Tinha esteassassinado de modo indigno um irmão daquele centurião, e ameaçada ainda a estediariamente, mas, obstante isso, manteve-o na sua guarda, o que era coisa temerária ecapaz de arruiná-lo como sucedeu.Contudo, quem observar o que foi narrado, entenderá que o ódio e o desprezo forammotivos da ruína de muitos imperadores e conhecerá ainda os motivos pelos quaisalguns deles, agindo de uma forma e outros de modo contrário, alguns terminaram bem

e outros tiveram triste fim.

Capítulo XX – Se as fortalezas e tantas outras coisas que cotidianamente são feitaspelo príncipe são úteis ou nãoAlguns Príncipes, para conservarem com segurança o Estado, deixaram desarmados os

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seus súditos, outros repartiram as cidades conquistadas mantendo facções paracombaterem-se mutuamente, outros alimentaram inimizades contra si próprios, outrosentregaram-se à conquista do apoio daqueles que lhe eram suspeitos no princípio de seuGoverno, alguns outros construíram fortalezas.Tirando as armas, principais por ofendê-los, dando a entender que desconfia deles ouque é covarde. Qualquer dessas opiniões levantará ódio contra ti. Não houve Príncipenum principado novo, sempre organiza a força armada, porém, um Príncipe que

conquista um novo Estado, que seja anexado ao domínio, então se faz -se precisodesarmar aquele Estado, menos aqueles que tenham ajudado a conquistá-lo a ainda aesses é preciso, com o tempo, torná-los apáticos e moles, de maneira que todas as armasdesse Estado estejam com os teus soldados, que junto a ti viviam no Estado antigo.Muitas vezes, servem melhor ao Príncipe os serviços dos ex-adversários do que osdaqueles que, por demasiada segurança, negligenciam os interesses do Príncipe.Considerando-se todas essas coisas, louvaremos os que edificarem fortalezas e ainda osque não as construírem, e lamentarei os que, confiando em tais meios de defesa, não se

 preocuparem com o fato de o povo os odiar.

Capítulo XXI – O que um príncipe deve realizar para ser estimado Nada torna um príncipe tão estimado como as grandes empresas e o dar de si rarosexemplos.Um príncipe deve ter o cuidado de não se aliar com um mais poderoso, se não quandofor impelido pela necessidade, porque, vencendo, ficará presa do aliado; e os príncipesdevem evitar a todo custo estar a mercê de outro.Deve um príncipe mostrar-se amante das virtudes e honrar aqueles que se destacamnuma arte qualquer.

Capítulo XXII – Dos ministros dos príncipesA escolha dos seus ministros não é uma coisa de mínima importância.

Para que um príncipe possa conhecer bem o ministro, existe este modo que jamais falha:quando percebes que o ministro pensa mais em si mesmo do que em ti, e que em todasas suas ações procura tirar proveito pessoal, podes estar certo de que ele não é bom, enunca poderás confiar-te nele; aquele que dirige os negócios do Estado não deve jamais

 pensar em si mesmo, mas sempre no príncipe e nunca recordar-lhe coisas que estejamfora da esfera do Estado.O príncipe para garantir-se do ministro, deve pensar nele, honrando-o, fazendo-o rico,fazendo com que ele contraia obrigações para contigo, fazendo-o participar de honras ecargos, de modo que as muitas honrarias não lhe tragam o desejo de outras.

Capítulo XXIII – De como se evitam os aduladores

Outra maneira de proteger-se da adulação não existe, se não fazer com que os homenscompreendam que não te fazem ofensa em dizer a verdade; quando, porém, todos podem dizer-te a verdade, faltar-te-ão ao respeito. Um príncipe prudente deve, pois, portar-se de uma terceira maneira, escolhendo em seu Estado homens sábios e apenas aestes conceder o direito de dizer-lhe a verdade a respeito , porém, somente das coisasque ele lhes inquirir.Um príncipe deve, pois, aconselhar-se sempre, mas quando ele julgar que o deve e nãoquando os outros desejam. Mesmo, julgando que alguém, por medo, não lhe diga averdade, não deve o príncipe deixar de mostrar o seu desprazer. Conclui-se daí, é que os

 bons conselhos, venham de onde vierem, nascem da prudência do príncipe e não a prudência do príncipe dos bons conselhos.

Capítulo XXIV – Porque os príncipes da de Itália perderam seus EstadosUm príncipe novo é muito mais vigiado em seus atos do que um hereditário, e quandoesses atos mostram virtude, atraem muito mais aos homens e os obrigam muito mais deque a antigüidade do sangue. Isso porque os homens são muito mais presos as coisas do

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 presente do que àquelas do passado e, quando acham o bem naquelas, contentam-se enada mais buscam, antes, tomarão a defesa do príncipe se este não falhar nas demaiscoisas às suas promessas.Deste modo, esses nossos príncipes que, por muitos anos, possuíram seus principados,

 para depois vir a perdê-los, não acuse a fortuna, mas sim sua própria ignávia; porque jamais tendo nas boas épocas pensando em que os tempos poderiam mudar (e é comumnos homens não se preocupar, na bonança, com as tempestades), quando chegaram os

tempos adversos, pensaram em fugir e não defender-se e aguardaram que as populaçõescansadas da insolência dos vencedores os reclamassem outra vez.

 Não quererias cair apenas porque acreditas que encontres quem te levante. Isto, ou nãosucede, ou, quando sucede, não te trará segurança, porque é fraco meio de defesa o quede ti não depende. E são sempre bons, certos e duradouros os meios de defesa quedependem de ti mesmo e de teu valor.

Capítulo XXV – De quanto pode a sorte nas coisas humanas e de que maneira sedeve resistir-lhe

 Não desconheço que muitos têm e tiveram a opinião de que as coisas do mundo sãodirigidas pela fortuna e por Deus, de modo que a prudência humana não pode corrigi-las, e mesmo não lhes traz nenhum remédio. É o que acontece com rios impetuosos que,quando se tornam encolerizados, alagam as planícies, destroem as árvores, os edifícios,tudo cede ao seu ímpeto, sem poder obstar-lhe; mas não é menos verdade que oshomens podem, quando o rio se acalmar, providenciarem diques para que da próximacólera do rio, este passe por canais que certamente conterão parte dos estragos. Omesmo acontece com a fortuna, o seu poder se manifesta aonde não há resistênciaorganizada.Relativamente os caminhos que conduzem os homens às finalidades que buscam,

 podem ser diversos. Nota-se que dois indivíduos para chegarem ao mesmo objetivo podem agir de maneiras maneira totalmente diversas; em contrapartida dois homens

agindo da mesma maneira podem não chegar aos mesmos resultados. Mas com todacerteza, de qualquer maneira que se porte o homem, deve ele modificar seu modo deagir de acordo com o tempo e as coisas.Concluo, pois, por dizer que, modificando-se a fortuna, e conservando os homens, comobstinação, o seu modo de proceder, são felizes enquanto esse modo de agir e as

 particularidades do tempo combinarem. Não combinando, serão infelizes.

Capítulo XXVI – Exortação ao príncipe para livrar a Itália das mãos dos BárbarosDeste modo, tendo ficado como sem vida, aguarda a Itália aquele que lhe possa curar asferidas e dê fim ao saque da Lombardia, aos tributos do reino de Nápoles e da Toscana,e que cure as suas chagas já há muito tempo apodrecidas. Percebe-se que ela pede a

Deus que lhe mande alguém que a redima de tais crueldades e insolências deestrangeiros. Vê-se mesmo, que se acha pronta e disposta a seguir uma bandeira, desdeque exista quem a levante.Aqui há muito valor no povo, embora faltem chefes. Observai, nos duelos e torneios,quanto são os italianos superiores em força, destreza e inteligência.Tratando-se, porém, de exércitos, tais qualidades não chegam a mostrar-se. E tudoderiva da fraqueza dos chefes, pois os que sabem não são obedecidos e todos acreditamsaber muito, não tendo surgido até o momento nenhum cujo valor ou sorte de tantorealce que obrigue os demais a abrir-lhe caminho. É por este motivo que em tantotempo, em tantas guerras que se deram nestes últimos vinte anos, todo exércitointeiramente italiano sempre se saiu mal.

É preciso, portanto, preparar as armas, para poder defender-se dos estrangeiros com a própria bravura italiana. E não obstante sejam considerados formidáveis as infantariassuíças e espanholas, têm ambas defeitos, de maneira que uma terceira potência, queviesse a ser criada, poderia não só opor-se mas ter confiança na vitória. Pode-se, pois,conhecendo os defeitos dessas duas infantarias, organizar uma terceira que resista à

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cavalaria e não tema a sua rival. E daí virá a `formação de uma geração de guerreiros e aalteração dos métodos. E são essas coisas que , reorganizadas, dão reputação e grandezaa um príncipe novo.

 Não se deve, pois, deixar escapar-se essa oportunidade, a fim de fazer com que a Itália,após tanto tempo, encontre um redentor. Já fede , para todos, este domínio de bárbaros.Toma, portanto, a vossa ilustre casa esta tarefa com aquele ânimo e aquela fé com queas boas causas são esposadas, a fim de que, sob o seu brasão, esta pátria se enobreça, e

sob os seus auspícios se verifique aquela expressão de Petrarcapetrarca.APÊNDICE – Carta de Machiavelli a Francesco VettoriMagnífico embaixador. Tardas nunca foram as graças de Deus. Digo tal porque me

 parecera não ter perdido, mas enfraquecido a vossa graça, tendo vós ficado tanto temposem me escrever e estava eu em dúvida de onde pudesse vir a razão. E a todas quantasme acudiam à mente dava eu pouca importância, menos àquela pela qual duvidava nãohouvésseis deixado de escrever-me, porque vos houvesse sido escrito que não fosse eu

 bom conservador de vossas cartas; e sabia eu que, Felippo e Pagolo exclusive, outrosnão as tinham visto de mim.

 Não posso, pois, desejando render-vos iguais graças, dizer-vos nesta missiva outra coisaa não ser minha vida, e se julgardes deva trocá-la pela vossa, ficaria satisfeito em mudá-la. E como disse Dante, não pode a ciência daquele que não guardou o que escutou – anoto aquilo de que pela sua conversação fiz cabedal e compus um opúsculo DEPRINCIPATIBUS, onde me aprofundo o mais que posso nas cogitações deste assunto,debatendo o que é principado, de quantas espécies são, como são conquistados, como se

 podem manter, porque se perdem; e se alguma vez vos agradou uma fantasia minha, nãodeveria esta vos desagradar. E de minha fé não se deveria duvidar, pois tenho sempreobservado a fé, não vou agora quebrá-la; e quem foi fiel e bom durante quarenta e trêsanos, que são os que tenho, não deve poder mudar sua natureza; e de minha fé e

 bondade é testemunho a minha pobreza. Queria, portanto, que ainda me escrevêsseis oque sobre este assunto vos pareça , e a vós me recomendo.

Bibliografia•MACHIAVELLI, Niccolò. O Príncipe; comentado por Napoleão Bonaparte; traduçãode Edson Bini. Curitiba/PR: Hemus – Livraria, Distribuidora e Editora Ltda., 2000.

Por: Antonio Bernardo da SilvaAntonio Roberto da SilvaCarlos Soares GarciaEdson Moretão Ramos