La poesía social femenina de Rosalía de Castro

Matilde Albert Robatto

T o d a obra d e c r e a c i ó n artística hay q u e s ituarla s i e m p r e e n u n l u g a r y u n t i e m p o : las c o o r d e n a d a s t i e m p o - e s p a c i a l e s s o n i m p r e s c i n d i b l e s para los e f ec ­tos de l c laro e n t e n d i m i e n t o y la v a l o r a c i ó n prec i sa de l h e c h o es té t i co . Por o t r o lado , la obra d e arte es t a m b i é n e x p r e s i ó n ind iv idua l y v ivencia in trans fer ib le , m o d o part icular d e ser e n el t i e m p o . Entre e s tos d o s p o l o s , o e n t r e estas d o s caras d e la m o n e d a : i n d i v i d u o y s o c i e d a d , se m u e v e , v ive , se hace o se crea t o d o acto de l h o m b r e , y, p o r tanto , el p r o d u c t o artíst ico. I n c l u s o los artistas e n apar ienc ia m á s a l e jados o d i s o c i a d o s c o n el m e d i o , c o m o , p o r e j e m p l o , p o d r í a n ser lo G ó n g o r a o B o r g e s , e n el f o n d o s i e m p r e m a n t i e n e n c iertos v íncu los p e r m a n e n t e s .

La p o e s í a lírica, u n a d e las e x p r e s i o n e s artísticas e n d o n d e la d i m e n s i ó n indiv idual af lora m á s e s p o n t á n e a m e n t e y, a veces , c o n c i er to p e l i g r o d e ocu l tar la d i m e n s i ó n social , n o p u e d e e n t e n d e r s e si n o e s e n esa d o b l e f u n c i ó n . A p r i m e r a vista, la pareja lírica y s o c i e d a d p u e d e n h a c e r n o s p e n s a r e n u n a i n c o m p a t i b i l i d a d teór ica y d e pr inc ip ios . A u n r e s p e t a n d o esta pos i ­c ión , e n rea l idad la m i s m a n o pasa d e ser u n a a p r e c i a c i ó n p u r a m e n t e formal , p u e s , d e s d e u n a perspec t iva ex i s t enc ia l y d e g é n e r o l i terario , n o t a m o s q u e esa incompat ib i l idad c a r e c e d e base . El g é n e r o l i terario , c o n t o d o su c a r g a m e n t o d e subjet iv idad, s i e m p r e va a e s tab lecer u n a re lac ión e n t r e u n y o y u n tú , e s to es , e n t r e u n a c o n c i e n c i a ind iv idua l y u n o b j e t o e x t e r n o a el la. P o s t e r i o r m e n t e aparecerá la o tra re lac ión: la de l p o e m a c o n el lector . La o b r a lírica n o se q u e d a a p r i s i o n a d a só lo e n la subje t iv idad de l p o e t a ; e n e s t o p r e c i s a m e n t e radica su valor: e n su p o d e r d e t r a s c e n d e n c i a . T h e o d o r A d o r n o , m u y at ina­d a m e n t e , p u s o d e m a n i f i e s t o la i n c u e s t i o n a b l e re lac ión e n t r e lírica y s o c i e d a d :

La referencia a lo social no debe apartar de la obra de arte, sino introducir más profundamente en ella. Ahora bien: la más simple reflexión basta para mostrar que esa profundización debe precisamente esperarse. Pues el contenido de un poema no es meramente la expresión de emociones y experiencias individuales. Sino que éstas no llegan a ser nunca artísticas a menos que cobren participación en lo general por medio, precisamente, de la especificación que es su estético tomar forma.

Pero esa generalidad del contenido lírico es esencialmente social. Sólo entiende lo que dice el poema aquel que percibe en la soledad del mismo la voz de la humanidad; aún más: incluso la soledad misma de la palabra lírica está predibujada por la sociedad individualista y finalmente atomística, del mismo modo que, a la inversa, su constric­ción general vive de la densidad de su individualización. Por eso el pensamiento dirigido a la obra de arte está autorizado y obligado a preguntarse concretamente por el contenido social y a no contentarse con el vago sentimiento de un algo general y comprehensivo '.

'Theodor W. ADORNO, «Discurso sobre lírica y sociedad», en Notas de Literatura, pág. 5 4 .

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Las palabras de l cr í t ico n o s c o n f i r m a n esa d o b l e c o n d i c i ó n d e l g é n e r o p o é t i c o y n o s v i e n e n m u y a p u n t o para apl icarlas a la p o e s í a d e Rosal ía d e Castro: p o r u n lado , su e senc ia l v u e l o l írico, q u e la l leva a p r o d u c i r u n a p o e s í a e n la q u e c o n tanta a u t e n t i c i d a d e x p r e s a el s e n t i m i e n t o d e la sau­d a d e , d e l d o l o r ex i s tenc ia l ; p o r o t r o , su g e n u i n a p r e o c u p a c i ó n social , q u e se t r a d u c e e n u n a p o e s í a d e n u n c i a d o r a d e t o d a injusticia social. Estas d o s ver­t ientes poét i cas c o n v i v e n e n la lírica rosa l iana y, e n o c a s i o n e s , n o s o n s i n o u n a c o m p l e m e n t o d e la otra; d isoc iar las e n su p r o f u n d i d a d resul ta u n a o p e r a c i ó n artificial y e m p o b r e c e d o r a . Ser ía u n g r a v e e r r o r q u e r e r d e s v i n c u l a r la o b r a d e Rosal ía d e su m e d i o , d e las c i rcuns tanc ias s o c i o c u l t u r a l e s y d e sus e x p e r i e n ­cias part iculares . I g u a l m e n t e sería o t r o g r a v e e r r o r e s tab lecer u n a s e p a r a c i ó n tajante e n t r e u n a p o e s í a rosa l iana d e carácter l írico y o tra d e d e n u n c i a social , y d e d u c i r p o r e s to d o s Rosal ías y d o s poes ías . Q u i e n así p r o c e d e n o e n t i e n d e q u e el c r e a d o r es u n o y q u e los i m p e r a t i v o s q u e o b l i g a n a escribir , a u n q u e s e a n d iversos , n o s o n separab les , s i n o q u e se d a n c o n j u n t a m e n t e e n el ac to d e la c r e a c i ó n . La c a p a c i d a d ps i co lóg i ca d e l c r e a d o r o p e r a e n to ta l idad, a u n q u e e n c iertos m o m e n t o s a l g u n o s a s p e c t o s s o b r e s a l g a n m á s q u e o tros , p e r o , e n def in i t iva , t o d o s s o n partes d e u n c o n j u n t o , d e u n a c o s m o v i s i ó n c r e a d o r a . A mi e n t e n d e r , Rosal ía d e Cas tro fue u n a y lo social d e su p o e s í a e s raíz, c o m o lo e s t a m b i é n lo í n t i m o o lo l írico d e su obra . C o n g r a n ac ier to a p u n t a R a m ó n Piñe iro:

Rosalía ten sido, ninguén poderá negarllo, unha das máis outas e puras voces que espresan o sentimento da door, tanto da door absoluta, filosófica, entendida como interpretación da vida, como da door do pobo galego: dos segadores, dos emigrantes, das viudas dos vivos e mortos, da soidade da térra, etc. 2.

Rosalía ha sido, ninguno podrá negarlo, una de las más altas y puras voces que expresaron el sentimiento del dolor, tanto del dolor absoluto, filosófico, entendido como interpretación de la vida, como del dolor del pueblo gallego: de los segadores, de los emigrantes, de las viudas, de los vivos y muertos, de la soledad de la tierra, etc.

El p u n t o final a esta d i g r e s i ó n m o t i v a d a e n t o r n o a la in t erre lac ión e n t r e lírica y s o c i e d a d , y su e j e m p l o e n la lírica d e la escr i tora ga l l ega , qu izá lo d e b a n p o n e r u n a s o p o r t u n a s palabras d e e l la m i s m a , las c u a l e s n o n o s de jan la m e n o r d u d a s o b r e el e n t r o n q u e social d e su obra:

Por outra parte, Galicia era nos Cantares obxeto, a alma enteira, mentras que neste meu libro de hoxe, ás veces, tan soio a ocasión, anque sepre o fondo o fondo do cuadro: que si non pode senón ca morte despirse o esprito das envolturas da carne, menos pode o poeta prescindir do medio en que vive e da naturaleza que o rodea, ser alleo a su tempo e deixar de reproducir, hastra sin pensalo, a eterna e liada queixa que hoxe eisalan tódolos labios. Por eso inoro o que haxa no meu libro dos propios pesares, ou dos alíeos, anque ben podo telos todos por meus, pois os acostumados á desgracia, chegan a contar por súas as que afrixen ós demáis. Tanto é así, que neste meu novo libro preferín, ás composicións que puderan decirse personales, aquelas outras que, con máis ou menos acertó, espresaran as tribulaciós dos que, uns tras outros, e de distintos modos, vin durante largo tempo sofrir ó meu arredore 3 .

Por otra parte, Galicia era en los Cantares el objeto, el alma entera, mientras que en este mi libro de hoy, a veces, tan sólo por ocasión, aunque siempre al fondo del cuadro: que si no puede sino con la muerte despojarse el espíritu de las envolturas de la carne, menos puede el poeta prescindir del medio en que vive y de la naturaleza que lo rodea, ser ajeno a su tiempo y dejar de

2 Ramón P I Ñ E I R O , «A saudade en Rosalía», en Siete ensayos sobre Rosalía, pág. 103. 3 Rosalía de C A S T R O , Prólogo de Follas Novas, Poesías, pág. 161.

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reproducir, hasta sin pensarlo, la eterna y dolida queja que hoy exhalan todos los labios. Por eso ignoro lo que haya en mi libro de los propios pesares, o de los ajenos, aunque bien puedo tenerlos todos por míos, pues los acostumbrados a la desgracia, llegan a contar por suyas las que afligen a los demás. Tanto es así, que en este mi nuevo libro preferí a las composiciones que pudieran decirse personales, aquellas otras que, con más o menos acierto, expresan las tribulaciones de los que, unos tras otros, y de distintos modos, vi durante largo tiempo sufrir a mi alrededor.

S o n éstas u n a s r e v e l a d o r a s pa labras p o r q u e n o s d e s c u b r e n la clara c o n c i e n c i a d e la escr i tora an te la e s t r e c h a e inev i tab le re lac ión e n t r e el q u e h a c e r l i terario y el m e d i o , e n t r e la pa labra lírica y su sens ib i l idad social . N o deja d e ser para mí r e a l m e n t e a s o m b r o s o el q u e u n a m u j e r , e n u n a p a r t a d o r i n c ó n p e n i n s u l a r , a lejada d e los m e d i o s un ivers i tar ios y d e las tertul ias soc ia les , p o c o viajera, d e d i c a d a e n g r a n m e d i d a al c u i d a d o d e l h o g a r , l l egase a t e n e r u n a c o n c i e n c i a social tan d e f i n i d a . Si f u e r o n las l ec turas , m e d i t a c i o n e s , e x p e r i e n c i a s p e r s o n a ­les o in f luenc ias d e a l g u n o s a m i g o s u o t r o s e scr i tores los q u e c o n t r i b u y e r o n a f o r m a r el p e n s a m i e n t o d e Rosal ía , n o lo s a b e m o s c o n e x a c t i t u d , e s p r o b a b l e q u e f u e s e la c o n f l u e n c i a d e t o d o s e s to s factores; lo c i er to es q u e esta m u j e r , esta senci l la p r o v i n c i a n a ga l l ega , l l e g ó a u n a s i n t u i c i o n e s y r a z o n a m i e n t o s tan c laros q u e hoy día n o d e j a n d e s o r p r e n d e r n o s .

A c e p t a d a s las raíces soc ia les d e la obra rosa l iana 4 , voy a d e t e n e r m e a h o r a e n u n e s tra to social q u e , c o m o figura s u f r i e n t e y o p r i m i d a , a p a r e c e e n m ú l t i p l e s o c a s i o n e s e n la o b r a d e la au tora : m e r e f i e r o a la m u j e r , q u i e n , e n aque l e n t o n c e s , era o b j e t o d e u n a abierta o s o l a p a d a d i s c r i m i n a c i ó n d e p e n ­d i e n d o d e las c ircunstanc ias . D e es ta m a n e r a m e s i túo e n el e je centra l d e e s te trabajo y, c o m o c u e s t i ó n d e m é t o d o y d e p r i n c i p i o , h e d e e s tab lecer q u e sí ex i s t e u n f e m i n i s m o rosa l iano c u y o o r i g e n está e n la e v i d e n t e p r e o c u p a c i ó n social d e la autora , e x p r e s a d a c o n s i s t e n t e m e n t e a lo l a r g o d e su obra . Es és te u n f e m i n i s m o v i n c u l a d o a u n a p o e s í a d e protes ta social , ya q u e , e n e s e n c i a , se protes ta an te la c o n d i c i ó n injusta q u e s u f r e u n o d e los c o m p o n e n t e s d e la s o c i e d a d : la mujer . Esta p r e o c u p a c i ó n d e Rosal ía p o r la c o n d i c i ó n f e m e n i n a se d e s p r e n d e d e su v ivo i n t e r é s p o r los p r o b l e m a s soc ia les d e su m e d i o y d e su é p o c a ; p o r esta razón el f e m i n i s m o r o s a l i a n o resul ta tan a u t é n t i c o , ya q u e n o está in f lu ido p o r ac t i tudes d e m o d a , s i n o q u e p r o v i e n e d e u n a raíz m á s p r o f u n d a . N o q u i e r o d e c i r c o n e s t o q u e el m o v i m i e n t o f e m i n i s t a f u e s e u n a m o d a , t o d o lo contrar io , l o v e o c o m o u n a d e las causas soc ia les m á s jus ta s q u e se h a n d e b a t i d o d u r a n t e los s ig los XIX y XX; m a s , al s eña lar la a u s e n c i a d e u n a base teórica f emin i s ta e n los escr i tos d e Rosal ía , e n d o n d e se des taca la figura f e m e n i n a , a l u d o a e s a a tracc ión natural q u e tales t e m a s e j erc i eron s o b r e la autora . Esa a u s e n c i a d e in f luenc ia a b i e r t a m e n t e f emin i s ta , al est i lo d e la é p o c a , n o s o b l i g a a p e n s a r e n la i m p o r t a n c i a vital q u e para Rosal ía t u v o q u e t e n e r t o d o lo c o n c e r n i e n t e a la mujer . La pro te s ta f e m e n i n a d e Rosal ía resulta tan c o n v i n c e n t e p o r la s incer idad d e sus p l a n t e a m i e n t o s y, s o b r e t o d o , p o r q u e p r o v i e n e d e u n a m u j e r q u e , v i v i e n d o e n u n m e d i o p r e j u i c i a d o c o n t r a su s e x o y e n u n o s t i e m p o s tan p o c o favorables a sus d e m a n d a s , d e n u n c i a u n a s i tuac ión d e d i s c r i m i n a c i ó n e n contra d e la m u j e r . Mas esta d e n u n c i a , q u e d e b e e n t e n d e r s e d e n t r o d e u n c o n t e x t o social y, r e p i t o , n o parte d e u n a base i d e o l ó g i c a f emin i s ta e n su s e n t i d o m o d e r n o , e n t r o n c a c o n u n a d e c i d i d a acti­t u d d e protes ta social e n c o n t r a d e las injusticias q u e p o r tantos a ñ o s ven ía s u f r i e n d o el p u e b l o g a l l e g o y, d e m a n e r a m u y espec ia l , la m u j e r ga l l ega .

4 Para mayor información sobre el aspecto social de la obra rosaliana, véase Matilde A L B E R T R O B A T T O , Rosalía de Castro y la condición femenina, págs. 49-66.

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¿ C u á n d o a p a r e c e es ta p r e o c u p a c i ó n f e m i n i s t a e n la o b r a d e Rosalía? Y o p i e n s o q u e d e s d e sus in ic ios , p u e s ya e n La hija del mar ( 1 8 5 8 ) , t en ía e n t o n c e s la a u t o r a ve in t idós años , e n c o n t r a m o s e j e m p l o s q u e s u s t e n t a n esta tesis 5 . D e s d e los c o m i e n z o s d e su labor l i teraria n u e s t r a escr i tora se p e r c a t ó d e la c o n d i c i ó n d e u s o y e x p l o t a c i ó n d e q u e era o b j e t o la m u j e r p o r par te d e u n d i s c r i m i n a t o r i o s i s t ema social, d e su d e s a m p a r o a fec t ivo e n n u m e r o s a s ocas io ­nes , d e su m i n u s v a l o r a c i ó n inte lectual y, c o m o c o n s e c u e n c i a , d e los e scasos r e c u r s o s e d u c a t i v o s a su a l cance . U n a p e r s o n a d o t a d a d e u n a sens ib i l idad tan espec ia l para sent ir el d o l o r p r o p i o y el a j e n o , c o m o p u e d e verse a lo l a r g o d e su obra , tan recept iva p a r a n o t a r la injusticia y la t r a g e d i a n o p o d í a g u a r d a r u n a b s o l u t o s i lencio .

Si b u s c a m o s e n la o b r a o e n la c o n d u c t a d e Rosal ía u n a act i tud be l ige ­rante , u n a p o s t u r a a b i e r t a m e n t e c o m b a t i v a al est i lo d e las f emin i s tas ing lesas , n o la e n c o n t r a r e m o s n u n c a . Esta m u j e r , tan c o m p r o m e t i d a c o n la p r o b l e m á ­tica social d e su r e g i ó n , tan al d ía e n las i n n o v a c i o n e s artísticas, n o m o s t r ó u n in terés m a n i f i e s t o p o r el f e m i n i s m o d e la é p o c a . En t o d a su o b r a n o h e p o d i d o e n c o n t r a r la m e n o r a l u s i ó n y m u c h o m e n o s s o l i d a r i d a d c o n el mov i ­m i e n t o e n sí. N o ex i s t e c o n s t a n c i a a l g u n a d e la mi l i tanc ia d e n u e s t r a escr i tora ni t a m p o c o d o c u m e n t o e n el q u e m u e s t r e s impat ía p o r la causa femin i s ta . La Declaración de Séneca Falls o c u r r e e n 1 8 4 8 , Stuart Mili publ ica The Subjection of Women e n 1 8 6 9 , C o n c e p c i ó n A r e n a l e n 1861 y e n 1 8 8 1 , r e s p e c t i v a m e n t e , d a a c o n o c e r sus e n s a y o s f emin i s tas : La mujer del porvenir y La mujer de su casa, Emil ia P a r d o B a z á n i r r u m p e e n el p a n o r a m a social y l i terario e s p a ñ o l e n d e f e n s a d e los d e r e c h o s f e m e n i n o s y, a n t e es tas i m p o r t a n t í s i m a s mani f e s ta ­c i o n e s , n o s e n c o n t r a m o s c o n el s i l enc io d e Rosal ía . Esta part icular p o s t u r a s i l enc iosa d e Rosal ía a n t e u n m o v i m i e n t o ya c o n o c i d o e n su é p o c a , contras ta c o n las n u m e r o s a s a l u s i o n e s a la p r o b l e m á t i c a f e m e n i n a q u e p u e d e n e n c o n ­trarse e n su obra; p o r e s ta r a z ó n m e p a r e c e m u y p e l i g r o s o n e g a r el f emi ­n i s m o rosa l iano e n v ir tud d e q u e n o hay d o c u m e n t a c i ó n q u e c o r r o b o r e su a d h e s i ó n a la causa .

P o d r í a m o s intentar d a r d i f e r e n t e s r e s p u e s t a s a e s e s i l enc io d e Rosal ía; d e b i d o a l imi tac iones d e e s p a c i o voy a e x p o n e r u n a d e e l las , qu izá la q u e a mí m e resul ta m á s c o n v i n c e n t e . S in d u d a a l g u n a n u e s t r a a u t o r a c o n o c i ó y hasta p u e d e q u e se interesara p o r el f e m i n i s m o d e su é p o c a ; a h o r a b i e n , p r e s i o n e s fami l iares y sociales la o b l i g a r o n a g u a r d a r u n p r u d e n t e s i lenc io . D i g o la o b l i g a r o n , y e s to d e b e e n t e n d e r s e e n s e n t i d o a m p l i o , p o r q u e qu izá la c a u s a de l s i l enc io se d e b i e r a m á s b ien a u n a acc ión c o m b i n a d a d e los t rad ic iona le s p a t r o n e s de l m e d i o , la s i tuac ión famil iar d e Rosal ía y sus p a s a d a s e x p e r i e n c i a s p e r s o n a l e s . P i e n s o q u e u n a act i tud f e m i n i s t a c o m b a t i v a sería p e d i r l e d e m a ­s iado a u n a m u j e r q u e , d e n t r o d e u n p r o v i n c i a n o m e d i o social , t u v o q u e a frontar el « p e c a d o » d e ser hija d e cura . ¿ N o había s i d o ya e x c e s i v a la her ida abierta e n los p r i m e r o s años , la terrible i n s e g u r i d a d d e u n a n iña q u e i g n o r a la c a u s a de l a b a n d o n o a q u e la s o m e t e n sus p a d r e s , las m u r m u r a c i o n e s y hasta el r e c h a z o social, e s e d e s c o m u n a l s e n t i d o d e s o l e d a d q u e la a c o m p a ñ a s i e m p r e ? C r e o q u e Rosal ía n e c e s i t ó d e u n a g r a n fuerza espir i tual para a f r o n ­tar c i e n t o s d e p r o b l e m a s p e r s o n a l e s : n o era j u s t o p e d i r m á s h e r o í s m o .

5 Para mayor información sobre la preocupación feminista en la obra en prosa de Rosalía, véase Ibid, págs. 66-88, 119-137.

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6 Rosalía de C A S T R O , Cantares Gallegos, Poesías, págs. 116-18, 27, 82-83, 135-36. 7 Rosalía de C A S T R O , Prólogo a Follas Novas, Poesías, págs. 161-62.

Por o t r o lado , M a n u e l M u r g u í a , a pesar d e t o d o su h a b e r inte lec tua l , e n lo (pie respec ta a la pos i c ión d e la m u j e r e n la s o c i e d a d y el lugar q u e ésta d e b e o c u p a r e n el h o g a r , t en ía ideas bas tante t rad ic iona les . T a m p o c o hay e v i d e n c i a d e q u e M u r g u í a , al igual q u e B e n i t o J e r ó n i m o Fei joo , J o h n Stuart Mili y F e d e r i c o E n g e l s , e n t r e o tros , se h u b i e s e m a n i f e s t a d o e n p r o d e los d e r e c h o s f e m e n i n o s . Si e n el m a t r i m o n i o d e M u r g u í a y Rosal ía ya ex i s t ían ciertas d i v e r g e n c i a s , ¿ P o r q u é a ñ a d i r u n m o t i v o m á s d e t ens i ó n?

L l e g a d o s a e s te p u n t o , n o s e n c o n t r a m o s c o n u n a parte de l p r o b l e m a s o l u c i o n a d o a m o d o d e pos ib le c o n j e t u r a , p e r o n o s q u e d a lo m á s i m p o r t a n t e : la e v i d e n c i a d o c u m e n t a l l iteraria d e la p r e o c u p a c i ó n f e m i n i s t a d e Rosal ía . Si e n a l g o c o n c e n t r a la a u t o r a sus e s f u e r z o s y se d e d i c a e n c u e r p o y a l m a e s a su obra l iteraria. Esta act i tud ya s u p o n í a e n aque l la é p o c a u n a c o p i o d e coraje , y p r e c i s a m e n t e e n la o b r a l i teraria e n c o n t r a m o s la faceta f e m e n i n a o f emin i s ta rosal iana. En sus escr i tos se a t reve a d e f e n d e r y atacar lo q u e n u n c a h izo e n la vida real. U n a p e r s o n a q u e d e d i c ó tantas p á g i n a s d e su o b r a a p lan tear p r o b l e m a s f e m e n i n o s o a d e n u n c i a r las s i tuac iones injustas q u e ten ía q u e sobre l l evar la mujer , sin d u d a d e b i ó d e ser p o r q u e e se p r o b l e m a le in teresaba y le do l ía s o b r e m a n e r a . N a d i e escr ibe c o n s t a n t e m e n t e s o b r e a l g o q u e le resulta i n d i f e r e n t e o p o c o le i m p o r t a . Si el m e d i o social le era hosti l y las c o n d i c i o n e s fami l iares t a m p o c o se per f i laban prop ic ias , la l i teratura le o frec ía u n a sal ida.

El f e m i n i s m o q u e Rosal ía n o s p r e s e n t a e n su o b r a des taca las c u a l i d a d e s d e la mujer : c a p a c i d a d d e e n t r e g a , e sp ír i tu d e sacrif icio, lealtad al h o m b r e , d i spos i c ión al trabajo, for ta leza an te el d o l o r j u n t o a u n a innata t ernura , etc. En contras te c o n e s t o , la a u t o r a p o n e d e re l ieve las c o n d i c i o n e s q u e l imitan la e d u c a c i ó n f e m e n i n a e n aque l la s o c i e d a d . La m u j e r a p a r e c e c o m o c e n t r o p o é t i c o d e s d e Cantares Gallegos; r e c o r d e m o s los p o e m a s : Menina, ti a máis hermosa; Nasin cando as prontas nasen; Pasa, río, pasa, río; Cando a luniña aparece, e tcé tera *. T a m b i é n se e n c u e n t r a n r e f e r e n c i a s e n La Flor y En las orillas del Sar; m a s quizá el l ibro p o é t i c o Follas Novas s ea el q u e m e j o r i lustre la t emát ica f e m e n i n a rosa l iana, y, d e n t r o del m i s m o , la ser ie d e p o e m a s r e u n i d o s bajo el t í tulo d e As viudas dos vivos e as viudas dos morios. V e a m o s c ó m o la p r o p i a Rosal ía n o s retrata e n el p r ó l o g o la d e s g r a c i a d a v ida d e la c a m p e s i n a ga l lega:

... Vin e sentín a suas penas como si fosen miñas; mais o que me conmovéu sempre, e polo tanto no podía deixar de ter un eco na miña poesía foron as innumerables coitas das nosas mulleres: criaturas amantes para os seus i os estraños, eneas de sentimento, tan forzadas de corpo como brandas de corazón, e tamén tan desdechadas que se dixeran nadas solasmentes para rexer cantas fatigas poideran afrixir á parte máis froxa e inxel da humanidade. No campo compartindo mitade eos seus homes as crudas faenas; na casa, soportando valerosamente as ansias da maternidade, os traba-llos domésticos e as arideces da pobreza. Soias o máis do tempo, tendo que traballar de sol a sol, e sin axuda pra mal manterse, pra manter ós seus fillos, e quisáis ó pai valetudinario, parecen condenadas a non atoparen nunca reposo senón na tumba.

A emigrazón i o Reí arrebátanlles decontino o amante, o irmán, o seu home, sostén da familia de cote numerosa; e así abandonadas, charando o seu desamparo, pasan a amarga vida antre as incertidumbres da esperanza, a negrura da soidade i as angustias dunha perene miseria 1 .

BOLETÍN AEPE Nº 25. Matilde ALBERT ROBATTO. La poesía social femenina de Rosalía de Castro

... Vi y sentí sus penas como si fuesen mías; mas lo que me conmovió siempre, y por lo tanto no podía dejar de tener eco en mi poesía, fueron las innumerables cuitas de nuestras mujeres: criaturas amantes para los suyos y los extraños, llenas de sentimiento, tan esforzadas de cuerpo como blandas de corazón, y también tan desdichadas que se dijera nacidas solamente para resistir cuantas fatigas puedan afligir a la parte más débil y sencilla de la humanidad. En el campo, compartiendo mano a mano con sus hombres las rudas faenas; en la casa, soportando valerosa­mente las angustias de la maternidad, los trabajos domésticos y las privaciones de la pobreza. Solas la mayor parte del tiempo, teniendo que trabajar de sol a sol, y sin ayuda para mal mantenerse, para mantener a sus hijos, y quizá al padre valetudinario, parecen condenadas a no encontrar nunca reposo sino en la tumba.

La emigración y el Rey les arrebatan de continuo al amante o el hermano, su hombre, el sostén de la familia usualmente numerosa; y así, abandonadas, llorando su desamparo, pasan la amarga vida entre las incertidumbres de la esperanza, la negrura de la soledad y las angustias de una perenne miseria.

El c ic lo p o é t i c o d e As viudas dos vivos e as viudas dos mortos n o s p r e s e n t a la i m a g e n d e la m u j e r sola o a b a n d o n a d a ; tal s i tuac ión se d e b e a las c o n s e c u e n ­cias d e r i v a d a s d e la e m i g r a c i ó n q u e prop ic ia u n a larga s e p a r a c i ó n y, a veces , hasta el o l v i d o y el d e s a m o r p o r parte d e l h o m b r e . La d e s g r a c i a q u e a f r o n t a la m u j e r e n tales c i rcuns tanc ias n o se d e b e p r i m o r d i a l m e n t e a la incons tanc ia m a s c u l i n a , s i n o q u e t i e n e su v e r d a d e r a c a u s a e n u n e n d é m i c o mal social: la escasez d e r e c u r s o s e c o n ó m i c o s y el a b a n d o n o q u e p o r tantos a ñ o s ha s u f r i d o la r e g i ó n gal lega . La m u j e r s u f r e la a u s e n c i a o el a b a n d o n o de l h o m b r e , q u i e n , e n el m e j o r d e los casos , r e g r e s a tras largos a ñ o s d e s e p a r a c i ó n ; e n otras o c a s i o n e s , n u n c a v u e l v e . Ella se q u e d a e s p e r a n d o el r e g r e s o y s u f r i e n d o la lejanía d e su a m o r ; a la m i s m a vez t i e n e q u e c u i d a r d e los hijos, d e l b u e n f u n c i o n a m i e n t o de l h o g a r y a t e n d e r las r u d a s y a g o t a d o r a s labores d e l c a m p o . A c o n t i n u a c i ó n , a m o d o d e e j e m p l o , voy a inc lu ir u n p o e m a d e l c i tado ciclo poé t i co :

Tecín soia a miña tea Tejí yo sola mi tela, sembréi soia o meu nabal, sembré sola mi nabal, soia vou por leña ó monte, sola voy por leña al monte, soia a vexo arder no lar. sola arder la veo en el lar. Nin na fonte nin no prado, Ni en la fuente ni en el prado, así morra coa carrax, así muera de penar, el non ha de virme a erguer, él no ha de levantarme, el xa non me pousará. él ya no me ayudará. ¡Qué tristeza! O vento zoa, ¡Que tristeza! El viento sopla, canta grilo ó seu compás...; canta el grillo su compás...: ferve o pote..., mais, meu caldo, hierve el pote..., más, mi caldo. soíña te hei de cear. sólita te he de cenar. Cala, rula; os teus arrulos Calla, tórtola: tu arrullo ganas de morrer me dan; ganas de morir me da; cala, grilo, que si cantas, calla, grillo, que si cantas, sinto negras sóidas. siento negra soledad. O meu homiño perdeúse, Se ha perdido mi hombre, niguén sabe en onde cai... nadie sabe en dónde va... Anduriña que pasache Golondrina que pasaste con el es ondas do mar; con él las olas del mar; anduriña, voa, voa, golondrina, vuela, vuela, ven e dime en onde está 8 . ven y dime en dónde está.

8 Rosalía de CASTRO, «AS viudas dos vivos e as viudas dos motors, en Follas Novas, Poesías, página 2 8 7 .

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B i b l i o g r a f í a

ADORNO, W. Theodor: Notas de Literatura, traducción de Manuel Sacristán, Barcelona: Ed. Ariel, 1962, 134 págs.

ALBERT R O B A T T O , Matilde: Rosalía de Castro y la condición femenina. Madrid: Ed. Partenón, 1981, 143 págs.

CASTRO, Rosalía de: Poesías, 1 . a ed. Vigo: Ed. Patronato Rosalía de Castro, 1973, 403 páginas.

PlÑEIRO, Ramón: «A Saudade en Rosalía». En Siete ensayos sobre Rosalía. Vigo: Ed. Galaxia, 1952, págs. 97-107.

: Dos ensayos sobre la saudade, Buenos Aires: Ed. Alén-Mar, 1961, 75 págs.

* Ramón PlÑEIRO, Dos ensayos sobre la saudade, pág. 44.

El p o e m a , a d m i r a b l e p o r la a r m o n í a q u e se l ogra e n t r e la senc i l l ez e x t e ­r ior y la c o m p l e j i d a d in terna , n o s p r e s e n t a d o s caras d e la rea l idad; p o r u n l a d o , la m u j e r c a m p e s i n a q u e sola h a d e real izar los d u r o s trabajos , c o m o sembrar , cortar l eña y buscar e l a g u a a la f u e n t e ; p o r o t r o lado , la m u j e r q u e sola — a d j e t i v o q u e se r e p i t e c u a t r o v e c e s e n los p r i m e r o s c u a t r o v e r s o s — se d u e l e d e su c o n d i c i ó n d e d e s a m p a r o d e b i d o a la a u s e n c i a de l c o m p a ñ e r o . La s a u d a d e , «el s e n t i m i e n t o d e so ledad» 9 , la v ivencia d e e se s e n t i m i e n t o , se hace p a t e n t e e n el v e r s o n o v e n o y se e x t i e n d e al res to de l p o e m a d á n d o l e u n part icular t o n o d e d o l o r , d e a u s e n c i a y d e s a m p a r o . La p r e g u n t a a la g o l o n ­d r i n a para p e d i r n u e v a s de l a u s e n t e n o s r e c u e r d a las que jas d e la d o n c e l l a e n a m o r a d a e n las c a n t i g a s d e a m i g o . El l i r i smo de l p o e m a t i e n e su contra­p u n t o e n la p e n o s a rea l idad social q u e le toca s o p o r t a r a la m u j e r .

S in t e m o r a q u e se n o s a g o t a s e el t e m a , p o d r í a m o s s e g u i r a n a l i z a n d o o tros p o e m a s d e es te c ic lo y d e los o t r o s l ibros; inc l us o p o d r í a m o s s o m e t e r a es te anális is t e m á t i c o d i v e r s o s f r a g m e n t o s d e la p r o s a rosal iana. D e t o d o s e l los sacar íamos la c o n c l u s i ó n d e q u e Rosal ía d e Cas tro s int ió la n e c e s i d a d d e la re iv ind icac ión d e los d e r e c h o s f e m e n i n o s y q u e aque l «s i lencio» se h izo voz e n la pa labra poét ica .

BOLETÍN AEPE Nº 25. Matilde ALBERT ROBATTO. La poesía social femenina de Rosalía de Castro

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