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1Congresses Update WPA 2005

Edi

toria

l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela

World Psychiatric Association - WPA, realizado de 10 a 15 de

setembro de 2005, no Cairo, Egito, reuniram-se profissionais de

diferentes países do oriente e ocidente criando um cenário de

diversidade cultural onde a troca de experiências foi pautada pelo

alto nível da programação científica do Congresso.

A presença brasileira foi marcada pela participação científica de

especialistas em diversas atividades, como apresentações orais,

workshops, fóruns e sessão de pôsteres. A relação de algumas

destas atividades e trabalhos encontra-se no final desta edição.

Ainda sobre a presença brasileira, destacamos a eleição do Prof. Dr.

Miguel Jorge para o cargo de Secretário de Seções da WPA, em

assembléia realizada no Congresso.

Abordar os destaques da programação deste grande evento foi o

desafio de alguns colegas-colaboradores que assumiram a tarefa

de selecionar e compilar o que de mais relevante ocorreu em vários

segmentos da psiquiatria, durante todos os dias do Congresso, são

eles os(as) doutores(as): Clarice Gorenstein, Diogo Lara, Fátima

Vasconcellos, Marcos Gebara, Marcos de Noronha, Paulo

Dalgalarrondo e Ricardo Moreno. Eles abordaram em seus registros

desde genética até aspectos socioculturais e religiosos, passando

por clínica e imagem, entre outros procedimentos e terapias.

Desejamos que esse conjunto de informações, presente nesta

edição da Congresses Update, seja um instrumento útil para todos

aqueles que buscam informação científica atual.

Prof. Dr. Josimar Mata de Faria França

Presidente da Associação Brasileirade Psiquiatria - ABP (2004-2007)

Professor de Psiquiatria da Faculdade deMedicina do Planalto Central - FAMEPLAC-UNIPLAC

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A Congresses Update, lançada em agosto de 2000, é uma publicação que visa trazer alguns dos muitos e importantes tópicos apresentados e discutidos nos principais congressos médicos àqueles profissionais que não tiveram oportunidade de participar. É dirigida a médicos de diversas especialidades, de acordo com a área de cada edição.

Os anúncios publicados nesta edição são de exclusiva responsabilidade do(s) anunciante(s), assim como, os conceitos emitidos em artigos assinados e em entrevistas concedidas, são de exclusiva responsabilidade de seus autores/entrevistados, não refletindo necessariamente a opinião da editora e do(s) patrocinador(es). Todos os direitos reservados à Aquaprint Gráfica e Editora Ltda. É proibida a reprodução de qualquer parte desta publicação sem autorização prévia da Editora. Marca mista Congresses Update, processo nº 822458322, de 25/07/2000, na classe16.

Mensagem do Editor

CorpoEditorial

Expediente

Com mais de trinta edições publicadas em diversas especialidades, a Congresses Update traz nesta edição destaques do “XIII World Congress of Psychiatry” da “World Psychiatric Association - WPA". Realizado no Cairo, Egito, de 10 a 15 de setembro de 2005, o evento reuniu especialistas de diferentes países e foi palco de grande diversi-dade cultural cujos protagonistas tinham o mesmo objetivo: a busca de conhecimento científico atualizado e de qualidade. Contudo, para aqueles que não tiveram a oportunidade de estar pre-sente no Congresso da WPA apresentamos, nesta edição, destaques do que foi lá abordado, segundo a visão dos especialistas que compu-seram uma pequena delegação de brasileiros participantes, a quem agradecemos o empenho. Agradecemos também ao Dr. Josimar França - atual presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) - que nos prestigiou com seu editorial. Nosso agradecimento especial a Torrent do Brasil, que tornou viável esta edição.Sumarizando, o objetivo da Congresses Update é que em cada edi-ção, o empenho do corpo editorial, o investimento do patrocinador e o trabalho de todos envolvidos no processo, tenham resultados práticos, permitindo cumprirmos a nossa missão: “Colaborar na educação e atualização médica para o desenvolvimento da saúde no Brasil, de modo que todos os benefícios advindos do conhecimento cheguem até o paciente, através do alívio de sintomas, da cura de doenças e da melhora da qualidade de vida”.

[email protected]

A mais populosa cidade africana, com 50 mil habitantes por quilômetro quadrado, contrasta um trânsito caótico e pro-blemas comuns às grandes metrópoles mundiais, com uma beleza rara e passeios quase místicos, capazes de dei-xar qualquer turista perplexo. Cairo é tudo isso e muito mais. Coração do Egito há mais de mil anos, o Cairo reúne o mundo medieval e o ocidental contemporâneo numa mistu-ra de construções modernas, mesquitas, templos, monu-mentos milenares, ruínas, carros novos e carroças puxadas por burros. Quinze milhões de pessoas vivem na capital do Egito, con-vivendo com um comércio pujante aliado à paixão por nego-ciar, traço característico dos árabes. O mais famoso merca-do é o Khan el-Khalili, totalmente preservado desde o sécu-lo 14, está encravado nas ruelas medievais do bairro islâmi-co. Lá tem quase tudo: jóias, utensílios domésticos, espe-ciarias, perfumes, vidro, couro, cerâmica, roupas, calçados e alimentos, uma loja ao lado da outra. A pechincha é a cha-ve de entrada para esse mundo deslumbrante. Às margens do Nilo, o cenário é de um imenso museu ao ar livre onde do lado ocidental do rio, distante cerca de 18 km, estão as pirâmides de Gizé. A maior e mais antiga das três grandes pirâmides é a de Quéops, ou Khufu, construída ao longo de vinte anos por mais de cem mil escravos. Concluída por volta de 2.570 a.C., até hoje intriga os mais renomados arquitetos quanto à precisão de sua constru-ção. Com 160 metros, é a mais alta das 80 pirâmides egíp-cias tendo sido superada apenas em 1.889, com a constru-ção da Torre Eiffel. Ao seu lado está a pirâmide de Quéfren, filho de Khufu, que até parece maior porque foi erguida em um terreno mais alto. A terceira, e menor, é a pirâmide de Miquerinos, filho de Quéfren. As três pirâmides e a Grande Esfinge são consideradas umas das sete maravilhas do mundo.

Editora Magali A. Luiz Martins

Jornalista Zulmira Felício (MTB 11.316)

Revisão

Assistente Editorial

Maria Inês Gonçalez

Isabel de Araújo

Projeto Gráfico Duoeme BrasilPré-impressão Estúdio ABC

Impressão Aquaprint Gráfica e Editora LtdaTiragem 15.000 exemplares

Distribuição Nacional Torrent do Brasil Ltda.

Cartas, sugestões, comentáriose contato com os colaboradores:

® Congresses Update - WPA 2005

Próximo CongressoXIV World Congress of Psychiatry

Prague, Czech Republic - September, 20-25, 2008

História, fascínio e mistériocontemplam o Cairo

Magali A. Luiz Martins

Traz o Congresso até você!

®Congresses Update

Clarice GorensteinDiogo Lara

Fátima VasconcellosMarcos de Noronha

Marcos Gebara Paulo Dalgalarrondo

Ricardo Alberto Moreno

Ano 6 nº 32 - Dezembro, 2005

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Paulo Dalgalarrondo

Paulo Dalgalarrondo

Marcos de Noronha

O surgimento de uma Nova Ordem na Psiquiatria

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Sum

ário

Fátima Vasconcellos

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Depressão

News

Depressão em Idosos

Brasileiro assume Diretoria naAssociação Mundial de Psiquiatria

Paulo Dalgalarrondo

Entrevista com Dr. Miguel Jorge

Depressão Pós-Menopausa e Tratamentocom Terapia Hormonal e Antidepressivo

Ricardo Alberto Moreno

Sintomas Físicos na DepressãoRicardo Alberto Moreno

Transtorno de Ansiedade

Transtorno de Ansiedade: O desafio da criaçãode uma aliança terapêutica com o paciente

Transtorno Bipolar

Revisão e Atualização de conceitossobre Transtorno Bipolar

Diogo Lara

Genética

A Genética Psiquiátrica e a FarmacogenéticaClarice Gorenstein

Neuroimagem e Esquizofrenia

Neuroimagem e EsquizofreniaMarcos Gebara

Marcos Gebara

Eletroconvulsoterapia (ECT)

Declaração da WPA sobre Eletroconvulsoterapia

Aspectos Socioculturaise Religiosos

Psiquiatria Cultural e Social

Religião e Saúde Mental

WPA 2005Congresses Update

Participação Brasileira

Calendário 2006

Participação Brasileira em diversas atividades da Programação do Congresso

Congressos InternacionaisNeurologia e Psiquiatria

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New

sBrasileiro assume Diretoria naAssociação Mundial de PsiquiatriaEleito com 48%dos votos, oDr. Miguel Jorge irátrabalhar tambémem prol de maiorvisibilidade da Associação junto à comunidade para diminuir o estigmado portador dedoença mental.

Na assembléia realizada no "Congresso Mundial de Psiquiatria" de 2005, em setembro último, no Egito, que reuniu representantes de todo o mundo, o brasileiro - Professor Adjunto e Chefe da Disciplina de Psiquiatria Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, era o único candidato da América Latina concorrendo a um cargo na atual diretoria da "Associação Mundial de Psiquiatria" (World Psychiatric Association - WPA), juntamente com outros três candidatos (dois americanos e um egípcio). Com uma votação expressiva, o Dr. Miguel Jorge foi eleito para o cargo de Secretário de Seções. Das 120 Sociedades Nacionais, 104 compareceram à Assembléia, registrando um número total de mil votos, sendo que dos 992 votos válidos, o Dr. Miguel Jorge sozinho somou 483, o equivalente a 48%, ou seja, quase 50% dos votos.

Fundada em 1950, a WPA é composta pelas 120 Sociedades Nacionais sediadas em diversos países. A cada três anos, por oca-sião do Congresso Mundial, realizam-se as assembléias dos repre-sentantes dessas sociedades para a renovação de metade da direto-ria (composta de oito membros), ou seja, trocam-se quatro diretores. Cada diretor tem um mandato de seis anos. O processo de votação ordena que cada representante da sociedade tenha direito a um determinado número de votos, segundo a sua quantidade de sócios.

Até hoje, somente dois brasileiros fizeram parte da entidade: o , Rio de Janeiro, (sem, contudo, ocupar cargo

na Diretoria) e o Rio de Janeiro, que chegou à Presidência da WPA em 1989.

Em 1993 o Congresso Mundial ocorreu no Rio de Janeiro, sendo a pri-meira vez que esse evento aconteceu “abaixo da linha do Equador”. Com sede em Genebra, a Diretoria da WPA se reúne durante os simpósios regionais (quatro a cinco por ano) e no Congresso Mundial (trienal), forma escolhida inclusive para que seus diretores contribuam na programação científica dos eventos.

Dr. Miguel Jorge

Prof. Ulysses Vianna Filho

Prof. Jorge Alberto Costa e Silva,

Planos futuros

Educação continuada

Prof. Mario Maj

- Muito embora o Dr. Miguel Jorge não tenha sido elei-to somente pelas sociedades latino-americanas, ele ressalta que “ter um representante na Associação Mundial é importante para a América Latina como um todo, uma vez que as necessidades e as expectativas da região devem ser mais evidenciadas, apesar de não serem muito diferentes das questões presentes na Ásia e na África, que enfrentam problemas semelhantes em termos de recursos huma-nos e de acesso aos serviços. São exceções os Estados Unidos, o Canadá e países europeus que vivem outra realidade, principalmente a socioeconômica ”.

Segundo ele, o trabalho da WPA junto à comunidade ainda é bastante tímido. Neste sentido, irá empenhar-se para que o mesmo seja incre-mentado, não apenas em países em desenvolvimento, como nos demais onde o problema também é identificado. “A Associação preci-sa ter maior visibilidade e um canal de comunicação mais ágil com a sociedade - não especificamente com os pacientes , mas no esclare-cimento à população sobre a natureza e características dos transtor-nos mentais, como forma de diminuir o estigma, a discriminação e a exclusão (até familiar) dirigidos ao paciente, por desconhecimento das pessoas. Existe uma crença de que todo doente mental é um assassino em potencial, o que não é verdade, já que existem pesqui-sas que mostram o paciente mais como vítima de violência”, argu-menta o doutor.

A conscientização dessa verdade permitirá que os pacientes possam ser atendidos e devidamente tratados sem que fiquem isolados den-tro de suas casas e sofrendo discriminação.

- A WPA tem por objetivo preencher as lacu-nas referentes à psiquiatria e à saúde mental no mundo, desenvolven-do suas atividades através de diversos tipos de ações: o Congresso Mundial (estando os dois próximos programados para Praga e Buenos Aires, em 2008 e 2011, respectivamente), um Congresso Internacional (nos anos em que não há o Mundial) e Simpósios Regionais (quatro a cinco anuais), além de outros eventos que visam oferecer atualização científica, profissional e de educação continuada oferecidos na forma de programas educativos (para maiores informa-ções, consulte o site www.wpanet.org).

Outra ação que envolve educação continuada resulta das publica-ções. Algumas das 64 Seções da WPA publicam revistas científicas. Existe ainda uma revista, a World Psychiatry, que é editada pelo

(Nápolis, Itália) e aborda, entre outros assuntos, políticas de saúde, aspectos clínicos e epidemiológicos dos transtornos mentais, questões acadêmicas de psiquiatria. O Dr. Miguel Jorge, atual Secretário de Seções, é o responsável pelos contatos da Diretoria com os coordenado-res de cada uma das 64 Seções da WPA, Seções estas que podem constituir uma subespecialidade da psi-quiatria ou uma área de especialização.

Dr. Josimar França

Dr. Miguel Jorge (Brasil) eleito para o cargo de Secretário de Seções

da WPA (dir.) e Prof. Juan Mezzich (USA), Presidente da WPA (esq.).

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Depressão

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DEP

RES

SÃO

Paulo Dalgalarrondo

em Idosos

Paulo DalgalarrondoMédico Psiquiatra, ProfessorLivre-docente do Departamentode Psicologia Médica e Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicasda Universidade Estadualde Campinas - UNICAMP.

Congresses Update WPA 2005

A depressão em idosos foi tratada em algumas destacadas ses-

sões do Congresso Mundial de Psiquiatria, no Egito. O “Meno-

pause Symposium” abordou a depressão, em particular em

mulheres de meia-idade e idosas.

A , representante da

sessão de Saúde Mental da Mulher da Organização Mundial da

Saúde (OMS), apresentou tema sobre a relação entre estróge-

nos, o sistema nervoso central e a depressão. Ela afirmou que a

menopausa é um estágio normal da vida no qual ocorrem

mudanças importantes na secreção hormonal, no status repro-

dutivo, na aparência física, na sexualidade, assim como no con-

texto psicossocial, cultural e econômico. A transição para

a menopausa ocorre em muitos anos para a maior

parte das mulheres. Muitas não experimentam difi-

culdades, mas um subgrupo torna-se vulnerá-

vel à depressão, ansiedade e psicoses. Os

receptores de estrógeno ocorrem de forma

ampla no sistema nervoso central, em particu-

lar em áreas que controlam as emoções. Hoje se

sabe que tanto o estrógeno como a progesterona

têm implicações fundamentais nos processos cogniti-

vos e nos estados de humor.

A

, relatou o tema “Além da menopau-

sa: a psicopatologia e psicoterapia de mulheres idosas”. Ela afir-

mou que embora as mulheres vivam mais que os homens, isto

não significa que tenham uma vida mais saudável. As duas cau-

sas de morbidade mais importantes em mulheres idosas são

depressão e demência, pois têm grande impacto sobre a quali-

dade de vida destas mulheres. Tais patologias, assim como as

dificuldades gerais na vida em mulheres idosas relacionam-se a

complexos processos de acesso a tratamentos, carga em ter

que cuidar de parentes doentes (marido, pais, irmãos, etc.),

pobreza, assim como a importância em ter atividades físicas re-

gulares. As mulheres idosas sofrem freqüentemente com situa-

ções de baixo reconhecimento social, desvantagens econômi-

cas e políticas, e discriminação. Mulheres com disfunções cog-

nitivas e do humor são vítimas com maior freqüência de abuso

aDr . Donna Stewart, de Toronto, Canadá

aDr . Marta Rondon, da Associação Peruana para a Saúde

Mental da Mulher e da OMS

"Deve-sereconhecer a importância

dos hormônios no conjunto defatores associados à depressãoem mulheres idosas, mas buscar

reconhecer que muitos fatorespsicopatológicos e socioculturais

têm igual importância..."

Dr. PauloDalgalarrondo

realizado por familiares ou pessoas que com elas convivem.

A última contribuição neste simpósio veio da

. Esta pesquisadora comentou sobre a importância

dos hormônios femininos no humor e nos transtornos de humor

(depressão) durante a menopausa. Ela ressaltou, entretanto, que

embora importantes no tratamento clínico e psicoterapêutico em

mulheres idosas com depressão, não se deve enfatizar em dema-

sia a importância dos hormônios femininos para não se reforçar a

noção de que a mulher é “dominada por hormônios” e os fatores

psicológicos e sociais em suas vidas são de pouca importância.

Deve-se reconhecer a importância dos hormônios no con-

junto de fatores associados à depressão em mulhe-

res idosas, mas buscar reconhecer que muitos

fatores psicopatológicos e socioculturais têm

igual importância e também podem ser modifi-

cados pelos tratamentos adequados.

Na sessão de Workshops, foram discutidos os

temas sobre “Depressão resistente a tratamento

em idosos”.

, apre-

sentou o tema “Depressão com patologia vascular”. Ele ressaltou

que há um conjunto de evidências consistentes que aproximam a

depressão resistente, no idoso, de patologias cerebrovasculares.

Os fatores de risco para patologia cerebro-vascular (dislipide-

mias, hipertensão, diabetes, etc.) devem ser considerados em

pacientes idosos com depressão. Da mesma forma, um exame de

neuroimagem (Tomografia ou Ressonância) que revele alterações

como leucoareiosis ou pequenos e múltiplos infartos em região

periventricular, pode indicar que a depressão é refratária num ido-

so em particular, pois está associada a patologia cerebrovascular.

Nesta mesma sessão o

, apresentou o tema sobre “Tratamento da

depressão refratária em idosos”. Ele reviu a literatura atual e pro-

pôs uma abordagem sistêmica para a elaboração de um plano

terapêutico individualizado. A associação de fármacos com estu-

dos empíricos que demonstrem sua validade, a evitação de medi-

camentos com riscos de piora da cognição em idosos, assim

aDr . Nada Stotland,

do Departamento de Psiquiatria da Rush Medical College, de

Chicago, EUA

Edmond Chiu, da Academic Unir for

Psychiatry of Old Age, de Kew Vic, Austrália

Dr. Cornelius Katona, da Universidade

de Kent, Grã-Bretanha

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Ricardo Alberto Moreno

DepressãoPós-Menopausa e

Tratamento com TerapiaHormonal e Antidepressivo

Ricardo Alberto MorenoProfessor do Departamentode Psiquiatria e Coordenadordo Grupo de Estudos deDoenças Afetivas do Institutode Psiquiatria do Hospital dasClínicas da FMUSP.

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DEP

RES

SÃO

Congresses Update WPA 2005

A depressão é duplamente mais comum em mulheres do que

em homens. As mulheres apresentam fatores de risco específi-

cos como o ciclo menstrual, contraceptivos orais, a gravidez e a

menopausa. Há uma associação positiva entre história de sín-

drome depressiva anterior e o aparecimento de sintomas

depressivos durante a perimenopausa. O surgimento de sinto-

mas depressivos nesse período pode indicar uma vulnerabilida-

de psicológica ou fisiológica prévia e não uma reação específi-

ca aos eventos da menopausa. A eficácia do estrogênio como

agente principal ou secundário no tratamento de transtorno

depressivo durante a perimenopausa nunca foi confirmada.

Várias observações clínicas indicam que o gênero e os hormô-

nios sexuais (progesterona e estrogênio) têm um papel impor-

tante na prevalência e curso dos transtornos de humor. A com-

preensão dos processos fisiológicos envolvidos na diferencia-

ção sexual e os efeitos das alterações dos hormônios sexuais

nos transtornos de humor podem trazer esclarecimentos da

fisiopatologia da depressão e sugestão de novas terapias.

O conhecimento da influência dos hormônios sobre o compor-

tamento é tão antigo quanto à endocrinologia (McEwen, 1994).

Hormônios gonadais estão ligados a comportamentos relacio-

nados diretamente à reprodução, tais como a indução do cio e

lactação, e a outros indiretamente, como a agressividade dos

machos atribuída à testosterona (Steiner, 1987). Os esteróides

gonadais são determinantes parciais de comportamentos sexual-

mente dismórficos, interagindo com fatores psicológicos, socio-

culturais e outros fatores biológicos (Steiner, 1987). No ser huma-

no, esta influência tende a ser mais útil que a encontrada em

outros mamíferos. A presença de receptores para esteróides

gonadais em numerosas áreas cerebrais extra-hipotalâmicas,

não relacionadas ao controle endócrino ou ao comportamento

sexual, tem estimulado a pesquisa de seu papel na regulação de

outras funções cerebrais (Maggi; Perez, 1985). O Sistema Nervo-

so Central (SNC) possui receptores para esteróides gonadais não

apenas nas áreas relacionadas ao controle de sua própria libera-

ção (feedback) como também em áreas responsáveis pela modu-

lação de emoções, como o humor (Sistema Límbico). Receptores

para andrógenos estão distribuídos amplamente no tecido cere-

bral e da adenohipófise, concentrando-se mais no hipotálamo,

área pré-óptica e no tecido límbico cerebral (McEwen, 1994).

Receptores para estrógeno e progesterona são encontrados,

além do hipotálamo e hipófise, na amígdala, no hipocampo, cór-

tex do cíngulo, no locus coerulus, nos núcleos da rafe mesencefá-

licos e na substância cinzenta central (Joffe; Cohen, 1998).

como a possibilidade de tratamentos menos utilizados como a

eletroconvulsoterapia e o uso de inibidores da monoamino-

oxidase devem ser ponderados nesses casos.

No simpósio “Entendendo as várias facetas da depressão” o

, apresentou o tema “Disfunção cognitiva na depres-

são”. Ele salientou que pacientes com depressão, sobretudo

idosos, apresentam com freqüência deficits cognitivos nas

Dr.

Ranga Rama Krishnan, da "Duke University", da Carolina do

Norte, EUA

áreas de funções executivas frontais, fluência verbal, memória

de trabalho e flexibilidade cognitiva (set-shifting). Há múltiplos

mecanismos na base de tais deficits. Pesquisas recentes indi-

cam, entretanto, que a sinalização neural no córtex do cíngulo

anterior e no córtex pré-frontal dorsolateral têm grande relevân-

cia para tais deficits cognitivos, pois estes relacionam-se a: pior

evolução da depressão, pior funcionamento social e maior recor-

rência dos episódios.

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SÃO

Células gliais, além de neurônios, podem expressar estes

receptores em certas regiões cerebrais; alguns receptores são

expressos durante o desenvolvimento cerebral desaparecen-

do no cérebro adulto (córtex e hipocampo) (McEwen, 1994).

Estudos epidemiológicos descrevem de forma consistente que

a prevalência de transtornos depressivos nas mulheres é maior

em relação aos homens. O risco de transtorno depressivo (uni-

polar, para a vida toda) situa-se entre 10% e 25% nas mulheres

e entre 5% e 12% nos homens (Goodwin; Jamison, 1990), parti-

cularmente do transtorno distímico, da depressão sazonal,

transtorno bipolar com ciclagem rápida e da depressão atípica

(incluindo a disforia histeróide) (Soares, 2000). Para o transtor-

no bipolar (risco para a vida toda 1,2%) (Goodwin; Jamison,

1990) e a esquizofrenia (risco para a vida toda 1,0% igual entre

os gêneros, mas com tendência ao início mais tardio em mulhe-

res) (Haefner; Gattaz, 1991), não existe diferença significativa

na prevalência entre os sexos; para depressão unipolar encon-

tra-se de 2 a 2,5 (se considerarmos certos subtipos depressi-

vos) mulheres afetadas para cada homem.

Ocorre um aumento na prevalência de sintomas depressivos na

população de mulheres na perimenopausa que procuram aten-

dimento em clínica especializada. Entretanto, os sintomas psi-

quiátricos da perimenopausa parecem estar mais relacionados

com a saúde mental prévia da mulher do que com a menopau-

sa em si. A presença de um transtorno psiquiátrico prévio está

freqüentemente associada a pacientes que apresentavam sin-

tomatologia psiquiátrica significativa na época da menopausa.

Estudos têm demonstrado a melhora dos sintomas do humor

com a reposição do estrógeno como monoterapia na depressão

leve em mulheres na perimenopausa e menopausadas. A

opção de terapia de reposição hormonal com androgênios vem

sendo feita na pós-menopausa, especialmente para aquelas

mais jovens, com menopausa precoce ou cirúrgica. Os estudos

sobre a associação da terapia de reposição hormonal com anti-

depressivos para o tratamento da depressão em mulheres

menopausadas são escassos, contraditórios em seus resulta-

dos, com grandes variações metodológicas - diferentes tipos e

dosagens de reposição hormonal e antidepressivos, mulheres

em diferentes fases do climatério (pré, peri e pós-menopausa),

sem grupo-controle, falta de definição diagnóstica precisa, méto-

dos de avaliação não padronizados e viés de interpretação -

que isolados acabam por inviabilizar sua análise e comparação.

O estudo apresentado por

(Dias e cols, 2003; Dias e cols, 2005), na sessão

de pôsteres, teve por objetivo avaliar a resposta à terapia de repo-

sição hormonal (TRH) com ou sem andrógenos associada à

Rodrigo da Silva Dias e

colaboradores

Referências Bibliográficas:

DIAS RS, KERR-CORRÊA F, MORENO RA, TRINCA LA, PONTES A, HALBE HW.

Positive effect size of HRT with and without mehtyltestosterone added to venlafa-

xine on treatment of postmenopausal depression: a double blind, randomized

study. Menopause. Submitted and accepted.

DIAS RS. Estudo do tratamento da depressão em mulheres menopausadas com

antidepressivo associado à terapia de reposição hormonal com e sem andróge-

nos: resultados preliminares. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina

para a obtenção do título de Mestre em Medicina. 2003.

GOODWIN FK, JAMISON KR. Manic-Depressive Illness. New York, Oxford

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SOARES CN. Depressão Puerperal, Tensão Pré-menstrual e Depressão na

Menopausa. In: Depressão no Ciclo da Vida. Eds. Lafer B, Almeida OP, Fráguas

R, Miguel E. Artmed Editora, Porto Alegre, 2000, 144-156.

venlafaxina no tratamento de mulheres menopausadas com

depressão. Oitenta pacientes com idade entre 45 e 65 anos, apre-

sentando amenorréia por pelo menos um ano, e FSH > 40 UI/L;

depressão maior de acordo com a DSM-IV, e com pontuação na

MADRS >20; sem TRH por três meses; sem uso de antidepressivo

por pelo menos duas semanas e índice de massa corporal < 35,

foram avaliadas no estudo prospectivo de seguimento de 24 sema-

nas, paralelo, duplo-cego, controlado. Todas as pacientes recebe-

ram venlafaxina (75mg a 225 mg) e foram randomizadas para qua-

tro grupos que receberam os seguintes tratamentos de TRH:

20 pacientes com estrógeno (0,625 mg) + medroxipro-

gesterona (2,5 mg) + metiltestosterona (2,5 mg);

20 pacientes com estrógeno + medroxiprogesterona +

metiltestosterona placebo;

16 pacientes com estrógeno + medroxiprogesterona pla-

cebo + metiltestosterona;

16 pacientes com estrógeno + medroxiprogesterona pla-

cebo + metiltestosterona placebo.

Os resultados indicam melhor desfecho da associação de venla-

faxina a esteróides hormonais no tratamento da depressão em

mulheres na pós-menopausa. Embora a combinação de metiltes-

tosterona com venlafaxina resultem em importante redução dos

escores da MADRs, seu uso também esteve associado a menor

tolerabilidade (aumento da atividade onírica, cefaléia, constipa-

ção, sonolência, boca seca, sudorese, náusea e vômitos).

Grupo 1:

Grupo 2:

Grupo 3:

Grupo 4:

Congresses Update WPA 2005

Page 9: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

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O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma condição médica

que envolve uma variedade de sintomas afetivos, cognitivos, físi-

co-somáticos e comportamentais. As classificações colocam

em foco alguns sintomas psicológicos da depressão como

humor depressivo, falta de interesse, culpa excessiva e/ou ina-

propriada, pensamentos suicidas e sentimentos de desespe-

rança e indecisão. Entretanto, sintomas somáticos ou físicos são

comuns e em alguns casos, sintomas afetivos e cognitivos

podem estar escondidos ou mascarados por uma variedade de

queixas físicas. O CID-10 considera que os sintomas somáticos

têm significado clínico especial e qualifica como “síndrome

somática” um subtipo depressivo, desde que ao menos quatro

dos seguintes sintomas estejam presentes:

1. Marcante perda de interesse e prazer em atividades

que são normalmente agradáveis;

2. Falta de reações emocionais a eventos ou atividades

que normalmente produzem uma resposta emocional;

3. Acordar pela manhã duas ou mais horas antes

do horário habitual;

4. Piora da depressão pela manhã;

5. Evidência objetiva de retardo ou agitação psicomotora

definitiva (percebida ou relatada por outras pessoas);

6. Marcante perda de apetite;

7. Perda de peso;

8. Marcante perda da libido.

Embora alguns dos sintomas físico-somáticos do TDM, notada-

mente a fadiga, os distúrbios de sono e o apetite, estejam incluí-

dos na classificação da DSM-IV e do CID -10, é evidente que sin-

tomas físico-somáticos encontram-se sub-representados na

nosologia da depressão, a despeito de representarem a queixa

principal de uma considerável proporção de pacientes.

O não reconhecimento da depressão nos pacientes com sinto-

mas físicos pode ser a principal causa pela qual os transtornos

psiquiátricos são subdiagnosticados na prática médica geral.

Sabe-se que à medida que os sintomas físicos aumentam torna-

se maior a probabilidade da existência de um transtorno de humor.

A depressão é freqüentemente encontrada em comorbidade com a

dor crônica, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos.

Pacientes com depressão, freqüentemente relatam sintomas físi-

cos, principalmente dor, como sua queixa principal ou mesmo úni-

ca, ao invés dos sintomas psicológicos. Por causa disso, muitos

médicos não consideram a possibilidade de um transtorno de

humor subjacente. Há relatos que 30% dos pacientes com depres-

são experimentam sintomas físicos por mais de cinco anos antes

de receberem o diagnóstico apropriado.

Recentemente, um estudo investigou a prevalência de sintomas

físicos dolorosos em pacientes latino-americanos com depres-

são, com ênfase nas complexas relações entre gravidade da

depressão, sintomas físicos dolorosos e qualidade de vida. A ele-

vada prevalência de sintomas físicos dolorosos em pacientes com

depressão, atendidos inicialmente em atenção primária à saúde,

foi confirmada através de consultas psiquiátricas na América

Latina. A contínua observação psiquiátrica de pacientes ao longo

de doze meses permitiu maior compreensão sobre a apresenta-

ção no “mundo real” do TDM na prática clínica, e sobre o significa-

do clínico dos sintomas físicos dolorosos em pacientes com

depressão.

Um crescente corpo de evidências sugere que a serotonina e a

noradrenalina compartilham mecanismos neuroquímicos comuns

para a depressão e sintomas físicos. Da mesma forma, a dor crôni-

ca e a depressão compartilham uma via biológica comum através

dos sistemas serotonérgicos e noradrenérgicos. Hipoteticamente,

um balanceamento de ambos os sistemas modularia a resposta

central ao estímulo doloroso através das vias inibitórias descen-

dentes do sistema nervoso. O papel modulador desempenhado

pela noradrenalina e a serotonina faz parte do sistema analgésico

endógeno. Uma explicação possível para a correlação de dor e

depressão seria que pacientes com TDM caracterizado tanto por

sintomas emocionais como físicos podem apresentar uma desre-

gulação dos neurotransmissores, que contribuem para a constela-

ção de sintomas do humor e cognitivos, acentuando a sensitivida-

de dolorosa nas vias inibitórias descendentes.

Ricardo Alberto Moreno

Ricardo Alberto MorenoProfessor do Departamentode Psiquiatria e Coordenadordo Grupo de Estudos deDoenças Afetivas do Institutode Psiquiatria do Hospital dasClínicas da FMUSP. Sintomas Físicos

na Depressão

Congresses Update WPA 2005

Page 10: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

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SÃO

Referência Bibliográfica:

MUÑOZ RA, MCBRIDE ME, BRNABIC AJM, LOPEZ CJ, HETEM LA, SECIN R,

DUEÑAS HJ. Transtorno depressivo maior na América Latina: relação entre gravi-

dade da depressão, sintomas físicos dolorosos e qualidade de vida. J Affective

Disorders 86:93-98, 2005.

Medicamentos antidepressivos com atividade serotonérgica e

noradrenérgica poderiam ser mais eficazes que os inibidores

seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) para pacientes

com sintomas físicos e depressão. Agentes com atividade dual

(serotonina e noradrenalina) parecem apresentar benefício con-

sistente nas síndromes dolorosas, algumas vezes mesmo na

ausência de síndrome depressiva. Isto pode explicar porque

antidepressivos tricíclicos têm, historicamente, demonstrado

melhor efetividade no tratamento dos sintomas físicos associa-

dos à depressão do que antidepressivos com ações mais sele-

tivas, como os ISRS. Mais recentemente, a venlafaxina, um

antidepressivo com ação dual (em sistemas de serotonina e

noradrenalina) teve sua eficácia comprovada na depressão com

sintomas físicos e/ou dolorosos associados. Atualmente, dadas

às evidências de eficácia em depressões leves, moderadas e gra-

ves, com ou sem sintomas somáticos (físicos e/ou dolorosos) ela

representa o antidepressivo de escolha para o tratamento da

depressão.

Congresses Update WPA 2005

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Os Transtornos de Ansiedade representam um grande proble-

ma de saúde pública no mundo inteiro. São altamente prevalen-

tes e sua incidência tem aumentado na população em geral.

Afetam indivíduos desde a infância, são altamente incapacitan-

tes, reduzindo, assim, a qualidade de vida.

Os Transtornos Ansiosos como grupo são os mais comuns dos

Transtornos Mentais e do Comportamento. O “Estudo da Área

de Captação Epidemiológica do Instituto Nacional de Saúde

Mental” - ECA-NIMH (Robbins e Regier, 1991), conduzido nos

Estados Unidos a partir de 1980, mostra que 13,3% das pessoas

sofrem de Fobia Social durante a vida, Transtorno Obsessivo

Compulsivo (TOC) 2,5%, Transtorno do Estresse Pós-

Traumático (TEPT) 8%, Agorafobia sem Transtorno

do Pânico 5,3%, Transtorno do Pânico 3,5% e

Transtorno de Ansiedade Generalizada 5,1%.

Outro estudo, o National Comorbidity Repli-

cation Survey, (Kessler. Archives of General

Psychiatry 2005; 62:593-602), mostrou que

entre pessoas que sofrem de Depressão Grave,

60% delas, em alguma fase de suas vidas, têm uma

comorbidade com algum Transtorno Ansioso. A relação

entre Ansiedade e Depressão é importante do ponto de vista de

saúde pública por estar associada a um maior risco de suicídio.

Para todos os Transtornos de Ansiedade, evidências científicas

comprovam que a Psicofarmacoterapia e a Psicoterapia, indivi-

dualmente ou combinadas, são intervenções eficazes. Dentre

os Transtornos Ansiosos, os mais abordados no Congresso da

WPA 2005 foram o TEPT e o TOC.

O mundo mudou após o ataque terrorista de 11 de setembro de

2001 e dos ataques subseqüentes a Madri e Londres. Juntam-

se a esses acontecimentos as catástrofes da natureza, como o

“Tsunami”, o “Katrina”, entre outros, ficando bem evidente a preo-

cupação com a prevenção da população de diferentes países,

diferentes culturas e regimes políticos, submetidas a situações

de estresse e violência.

Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)

No Congresso, o assunto gerou grande discussão, resultando na

possibilidade de atuação precoce para diminuir a extensão e a gra-

vidade dos quadros de depressão, abuso de drogas e suicídios,

que surgem como conseqüência do estresse e do TEPT. Estes

achados são particularmente importantes em países como o

Brasil, com alta incidência de homicídios e de violência urbana. Um

grave problema também é o desrespeito aos direitos humanos,

que gera um alto grau de insegurança na população em geral. No

mundo existem muitos países com imensas desigualdades so-

ciais, indo da pobreza extrema (a grande maioria) a uma enorme

concentração da renda em um pequeno grupo.

Pessoas com TEPT passam a ter recordações inten-

sas da situação vivida nesses tipos de ocorrência,

chegando, muitas vezes, a ter pesadelos, mu-

danças extremas do humor, depressão, insônia

e ansiedade. Estes pacientes têm duas vezes

mais possibilidades de desenvolver pressão

alta, úlcera e diabetes, além de um risco maior

de abuso de drogas e suicídio.

Evidências científicas comprovam a eficácia dos ini-

bidores seletivos de recaptação de serotonina - ISRS

(fluoxetina, fluvoxamina, sertralina, paroxetina, citalopram) e dos

duais (venlafaxina, minacilprano) e terapias cognitivas. Sabe-se

ainda que a medicação tem um importante papel na facilitação

do envolvimento no tratamento.

O TOC é um transtorno ansioso grave e altamente incapacitante,

afetando 2% a 3% da população mundial. Conhecido há séculos,

Pierre Janet, neurologista francês, já o chamava de “folie de dou-

te” (“loucura da dúvida”) - uma espécie de mania da dúvida. A psi-

canálise se preocupa em estudar o tema e encontrar as origens

psicodinâmicas das obsessões, surgindo, destes estudos, a des-

crição das obsessões e compulsões como um mecanismo de

defesa contra a ansiedade. Nos anos 70, com o fracasso do mo-

delo psicanalítico no TOC, os psiquiatras passaram a procurar

um substrato biológico para entender e tratar esta doença e teve

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)

Fátima Vasconcellos

Fátima VasconcellosTranstorno de Ansiedade:

O desafio da criação deuma aliança terapêutica

com o paciente

Chefe de Clínica doServiço de Psiquiatria daSanta Casa da Misericórdiado Rio de Janeiro.

"...o grande desafioda Psiquiatria é a criação de

uma aliança terapêutica com o paciente, sendo esta aliança

que possibilita o início e,principalmente, a

continuidade dos cuidados. "

aDr . FátimaVasconcellos

Congresses Update WPA 2005

Page 12: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

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início o uso da psicofarmacoterapia, com a utilização de medi-

camentos antidepressivos.

A hipótese serotonérgica surgiu a partir da resposta dos pa-

cientes portadores de TOC à imipramina e clomipramina,

quando se percebeu que os mesmos passavam a ter controle

de suas obsessões. Com o avanço da neurociência e do papel

dos neurotransmissores, se estuda o papel da serotonina e

da dopamina. Ainda os estudos sobre o TOC levam a várias

hipóteses que passam também por fatores auto-imunes, uma

vez que 70% dos pacientes com Coréia de Sydenham desen-

volvem sintomas obsessivos-compulsivos.

Em sua conferência neste congresso mundial, o

, lembrou que Sir Aubrey Lewis

(Inglaterra) falava da importância da genética no TOC. Existe

uma alta prevalência deste transtorno em parentes de primei-

ro grau, da ordem de até 35%. As taxas entre gêmeos monozi-

góticos foi da ordem de 53% a 87% (Carey and Gottesman,

1981; Rasmussen and Tsuang, 1986).

Comenta ainda o Prof. Lopez-Ibor que os estudos de neuro-

imagem mostram que os circuitos orbitofrontais límbicos dos

gânglios basais foram implicados em vários estudos e a resso-

nância magnética do TOC mostra anormalidades volumétri-

cas incluindo tamanhos orbitofrontais e amigdalares reduzi-

dos (Szeszko et al.,1999), gânglios basais menores (Rosen-

berg et al.,1997) e tálamo aumentado (Gilbert et al.,2000).

Sabe-se que os sistemas de neurotransmissão não operam iso-

ladamente. Ainda analisando a neuroimagem, Rauch (1998),

observa que no quadro clínico de simetria e ordem existe dis-

função do caudato direito. Já nas obsessões de sujeira e lava-

gem, as alterações demonstram um aumento da atividade do

córtex orbitofrontal e do cíngulo, bilateralmente.

O Prof. Lopez-Ibor lembra, ainda, a heterogeneidade do TOC

Prof. Juan

Jose Lopez-ibor (Espanha)

e fala das comorbidades associadas, como depressão secundá-

ria, "tics" e outros transtornos motores.

Comentou também que em função do comprometimento dos siste-

mas serotonérgicos e dopaminérgicos, em alguns casos, o trata-

mento farmacológico do TOC pode incluir, além dos ISRS, o uso de

medicamentos antipsicóticos atípicos.

Nos casos graves de TOC é indicada a psicocirurgia, onde se pro-

duz uma interrupção no eixo fronto-talâmico, modulado pelo gân-

glio basal (cingulotomia, talamotomia, capsulotomia anterior e leu-

cotomia (Rauch, 1994).

Finalizando, nesse congresso pôde-se ver um grande avanço cien-

tífico: estudos epidemiológicos mostrando um aumento na inci-

dência e prevalência de vários transtornos mentais que continuam

sem diagnóstico e sem tratamento. Num congresso dessa magni-

tude, com a participação de países em diversos estágios econômi-

cos, culturais e políticos é que se mapeia as desigualdades, já que

alguns dos progressos atingidos com novos fármacos, mais efica-

zes e com menos efeitos colaterais, têm um alto custo, impossibili-

tando o tratamento de grande parte da população do mundo.

Mas o principal resultado de todo este avanço é o reconhecimento

de fatores biopsicossociais. Emerge disto que o grande desafio

da Psiquiatria é a criação de uma aliança terapêutica com o pa-

ciente, sendo esta aliança que possibilita o início e, principalmente,

a continuidade dos cuidados. É preciso atuar na prevenção atra-

vés de ações profissionais que desmitifiquem os transtornos men-

tais. Os Transtornos Ansiosos, precisam ser conhecidos por médi-

cos de outras especialidades para que em cuidados primários,

possam fazer um reconhecimento precoce dos efeitos nocivos do

estresse, levando a uma menor morbidade e mortalidade no uso e

abuso de drogas, nas doenças cardiovasculares, no diabetes e

nas doenças auto-imunes.

Congresses Update WPA 2005

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Diogo Lara

O transtorno bipolar, no "Congresso Mundial de Psiquiatria" de

2005, contou com dois dos maiores especialistas na área: os

(Estados Unidos) e

(Suíça). O Professor Akiskal, em uma palestra de destaque na

programação, revisou e atualizou vários conceitos, alertando

para a importância de buscar a bipolaridade a partir de uma

visão biográfica e temperamental dos pacientes. Nesse enfo-

que, pessoas com perfil hipertímico (ousadas, energéticas,

empreendedoras, extravagantes) teriam maior chance de ter um

quadro de transtorno bipolar do tipo I, com sintomatologia

maníaca proeminente. Já naquelas com temperamento ciclotí-

mico (alternância entre momentos de otimismo e pessimismo,

alta e baixa energia) o quadro mais comum é de trans-

torno bipolar do tipo II, com curso predominante-

mente depressivo. O temperamento ciclotímico

também foi proposto como um marcador endo-

fenotípico para estudos genéticos, já que em

famílias, mesmo os membros não afetados por

bipolaridade clara tinham mais freqüentemente

esse tipo de temperamento. O temperamento

ciclotímico foi identificado também como um fator

preditor para a mudança de diagnóstico para a bipolari-

dade em crianças e adolescentes com depressão maior.

O Professor Akiskal também mostrou dados recentes de seus

estudos com o (Itália) sobre a avaliação clíni-

ca de um grande número de pacientes. Nesses estudos, de 644

pacientes ambulatoriais avaliados por queixa de depressão, 58%

tinham o diagnóstico de transtorno bipolar do tipo II. Os autores

sugerem que, durante a entrevista, a investigação da hipomania

tenha início pelos sintomas de ativação comportamental, o que

pode ajudar o paciente a lembrar-se dos episódios de euforia ou

irritabilidade marcados nesses momentos de hiperatividade. Em

relação aos pacientes com transtorno depressivo maior, várias

características diferenciaram os pacientes com bipolaridade: sur-

gimento do primeiro episódio depressivo mais precocemente,

mais sintomas atípicos (aumento de sono e apetite), mais recor-

rências depressivas, mais sintomas de ativação durante o

Professores Hagop Akiskal Jules Angst

Dr. Franco Benazzi

Revisão e Atualizaçãode conceitos sobreTranstorno Bipolar

Diogo Lara Professor de Psiquiatria eBioquímica da PontifíciaUniversidade Católica doRio Grande do Sul - PUCRS.

episódio depressivo, labilidade de humor no temperamento e his-

tória familiar de bipolaridade. A freqüência com que sintomas de

ativação foram encontrados nesses pacientes não mostra ponto

de divisão entre os transtornos depressivos puros e bipolares,

sugerindo um continuum entre as duas categorias. Outros estu-

dos têm mostrado que mesmo em pacientes sem história de hipo-

mania, a depressão agitada faz parte de um quadro misto de

humor, com maior história familiar de bipolaridade e mais sintomas

de ativação durante o episódio depressivo. Esses estados mistos

são particularmente associados à ideação suicida, e a falta de

identificação desses quadros seria parte importante em relação

aos sintomas de ideação suicida por antidepressivos, particular-

mente em jovens, tendo talvez um papel maior do que o

efeito do medicamento em si.

O Professor Jules Angst apresentou os resultados

relativos a um estudo naturalístico sobre suicídio

e mortalidade geral, no curso de quatro déca-

das, em pacientes que haviam sido internados

por transtorno de humor. Nesse intervalo de tem-

po, 81,3% dos 406 pacientes haviam morrido, sen-

do 45 (11,1%) por suicídio. Mais da metade dos suicí-

dios aconteceu nos primeiros dez anos de seguimento. A

taxa de suicídio foi de 17,5% em pacientes com depressão maior,

12% naqueles com transtorno bipolar do tipo I, 8,3% em pacientes

com transtorno bipolar do tipo II e 5% em pacientes com predomi-

nância de sintomas maníacos e hipomaníacos, não havendo dife-

rença de gênero quanto aos suicídios. Apesar de pacientes mais

graves terem recebido medicação por períodos maiores, houve

menos suicídios em pacientes que receberam tratamento de lon-

go prazo com lítio, antipsicóticos (principalmente clozapina) e anti-

depressivos. O mesmo padrão foi observado quanto à mortalida-

de geral, e pacientes que receberam tratamentos combinados

tiveram menor mortalidade do que aqueles que foram tratados em

monoterapia. O risco de doença cardiovascular aumentou à medi-

da que os quadros clínicos apresentavam mais sintomas manía-

cos. Esse estudo, apesar das limitações metodológicas, é um

bom indício de que não só o lítio, mas também antipsicóticos e

"...uma palestra dedestaque na programação,revisou e atualizou vários

conceitos, alertando para aimportância de buscar a

bipolaridade a partir de uma visãobiográfica e temperamental

dos pacientes."

Dr. Diogo Lara

Congresses Update WPA 2005

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antidepressivos, são capazes de reduzir a mortalidade natural e

por suicídio. Quanto aos potenciais efeitos neuroprotetores ou

neurotóxicos do lítio, não houve diferença na incidência de

demência entre usuários e não-usuários da droga.

O mostrou os resultados da sua colabora-

ção realizada nos Estados Unidos com o

sobre "a impulsividade no transtorno bipolar". Ele rela-

tou que pacientes eutímicos, com história de tentativa de suicí-

dio, faziam mais erros impulsivos em um teste de memória ime-

diata e apresentavam menor latência para responder, particular-

mente, quando eram respostas impulsivas. Houve também uma

correlação entre a gravidade da tentativa de suicídio e a impulsi-

vidade. A impulsividade também foi proposta como um fator

comum e de ligação entre os transtornos bipolares e a drogadi-

ção. Quanto maior a impulsividade com traço ou temperamento,

maior a chance do paciente ter os dois transtornos. Outro estu-

do mostrou que a impulsividade como traço pode ser identifica-

da em pacientes bipolares tanto na fase maníaca como na eutí-

mica. No entanto, quando se mede objetivamente impulsividade

por testes computadorizados, os pacientes em eutimia apresen-

tam escores semelhantes aos controles e menores do que

Professor Moeller

Professor Alan

Swann

pacientes em estado maníaco.

Um estudo inglês longitudinal de , em cem pacientes

com transtorno bipolar I ou II, mostrou que a não-adesão à medica-

ção chegou a 48%, mas estava mais correlacionada à atitude fren-

te à doença e aos remédios do que aos seus efeitos colaterais. A

internação hospitalar foi três vezes mais freqüente em pacientes

não aderentes ao tratamento. Também foi observado que o conhe-

cimento da família sobre a doença era um fator preditivo de curso

favorável da mesma. Esses resultados mostram a importância de

se investir na psicoeducação dos pacientes e de seus familiares.

Resultados recentes da Stanley Foundation Bipolar Network, em

908 pacientes acompanhados por sete anos, mostraram que a

hipomania é mais comum em pacientes do tipo I do que do tipo II,

tendo ocorrido em cerca de 7% das consultas. Em 57% dessas

consultas o quadro hipomaníaco era misto e a presença de sinto-

mas depressivos estava fortemente relacionada ao sexo feminino.

Outros estudos confirmaram que mulheres tendem a apresentar

mais ciclagem rápida do que homens e que novas gerações de

pacientes em uma família com transtorno bipolar tendem a mani-

festar seus sintomas mais precocemente (cerca de nove anos de

antecipação) em relação aos pais.

Scott e Pope

Congresses Update WPA 2005

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GEN

ÉTIC

A

Clarice Gorenstein

A Genética Psiquiátricae a Farmacogenética

Clarice Gorenstein Professora Associada,Departamento de Farmacologia,Instituto de Ciências Biomédicas daUniversidade de São Paulo - USP, Laboratório de Psicofarmacologia(LIM-23), Instituto de PsiquiatriaHC-FMUSP.

As pesquisas em genética psiquiátrica têm confirmado a etiolo-

gia poligênica e multifatorial dos transtornos psiquiátricos. Ainda

assim, a descoberta de genes de vulnerabilidade pode auxiliar

na compreensão e tratamento destes transtornos.Concomitan-

temente, a farmacogenética tem se mostrado bastante promis-

sora, não só no desenvolvimento de psicofármacos mais efica-

zes e com menos efeitos colaterais, mas também para identificar

os fatores responsáveis pela presença ou ausência de resposta

terapêutica às medicações disponíveis. Os avanços na genética

psiquiátrica e farmacogenética foram destacados em simpósios

ou sob a forma de painéis no "XIII Congresso Mundial de

Psiquiatria" da WPA - World Psychiatric Association.

, prestigiado cientista da

, presidiu o simpósio “Pharmaco-

genetics in Psychiatry: Fiction or Prediction?”.

Ressaltou que fatores genéticos influenciam a

eficácia e a toxicidade dos fármacos por inter-

ferência na absorção (ex.: transportadores), bio-

transformação (ex.: enzimas do CYP) e na inte-

ração da droga com os receptores. Alguns acha-

dos promissores emergiram dos vários estudos reali-

zados nos últimos anos, enfocando a resposta a antide-

pressivos e a antipsicóticos.

., também da , (Pharma-

cogenetics in Psychiatry: somewhere between Sisyphus and

Gattaca?), descreveram estudos de associação entre genes

candidatos (5-HT2A, 5-HT2C, DRD3, SNAP-25, leptinas e

outros) e a resposta clínica ou efeitos colaterais de antipsicóti-

cos. Seus dados mais recentes mostraram que o gene para a

proteína sináptica SNAP25 prediz a resposta clínica e o ganho

de peso com antipsicóticos.

(Genetic

aspects of antipsychotic induced body weight change), relatou

que os genes associados à neurotransmissão serotonérgica

são os mais importantes, embora os relacionados aos sistemas

dopaminérgico e histaminérgico, entre outros, também pare-

cem envolvidos no ganho de peso induzido por clozapina e

outros antipsicóticos.

James

Kennedy Universidade de

Toronto, Canadá

Müller e cols Universidade de Toronto

Frank Theisen, Universidade de Marburg, Alemanha

Outros dados interessantes foram mostrados por

(Genetic polymorphisms influencing res-

ponse of antidepressants). Sua equipe investigou a influência de

um grupo de genes candidatos como possíveis preditores da efi-

cácia de antidepressivos. Foram independentemente associados

com a eficácia de curto prazo de antidepressivos inibidores sele-

tivos de recaptação de serotonina: o polimorfismo funcional loca-

lizado acima da região reguladora do gene que codifica o trans-

portador de serotonina (5-HTTLPR), ou polimorfismo A218C do

gene da triptofano hidroxilase (TPH), a variante 102TC do recep-

tor 5HT2A, o polimorfismo C825T da subunidade beta3 do gene

que codifica a proteína G (Gbeta3) e o gene Circadian Locomotor

Output Cycles Kaput (CLOCK). Variantes CLOCK tam-

bém foram associadas à insônia durante o trata-

mento com antidepressivos. Embora prelimina-

res, os resultados obtidos nos estudos de far-

macogenética de antidepressivos são indicati-

vos de que a terapia individualizada é uma

perspectiva viável em casos específicos

de refratariedade ou de intolerância a efeitos

colaterais.

Vários progressos também foram relatados referentes

à genética dos transtornos psiquiátricos. Nos últimos dois anos,

genes candidatos como a disbindina, a neuregulina, o G72 e

outros, foram descritos como associados à esquizofrenia e/ou ao

transtorno bipolar. A associação destes transtornos aos genes dis-

bindina e neuregulina é a que tem sido mais consistentemente

replicada nos estudos, representando achados significativos

para a compreensão das bases neurobiológicas das psicoses.

Novos estudos foram apresentados sob a forma de pôster.

(PIK3C3 promoter variant is associated with

bipolar disorder and schizophrenia), em projeto conjunto da

República Tcheca e Estados Unidos, analisaram o PIK3C3, um

gene regulador da via fosfoinositol (PI), para avaliar seu papel na

patogênese do transtorno bipolar e da esquizofrenia em um estu-

do de associação caso-controle. Os resultados sugerem que

uma mutação na região promotora do PIK3C3, que possivelmen-

te afeta a ligação de um fator de transcrição, está envolvida na

patogênese dos dois transtornos.

Alessandro

Serretti, Milão, Itália

Stopkova e cols.

"As pesquisas em genética psiquiátrica

têm confirmado a etiologia poligênica e multifatorial

dos transtornos psiquiátricos."

aDr . ClariceGorenstein

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GEN

ÉTIC

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Resultados interessantes também têm sido observados no transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

, autores brasileiros, juntamente com cana-denses (Attention deficit hyperactivity disorder in adults and the dopamine transporter gene), não encontraram associação entre os alelos do gene transportador de dopamina (DAT1) e o TDAH em adultos, apesar de resultados positivos terem sido observados em crianças. De fato, os estudos de família, de gêmeos e de adoção, sugerem que o TDAH é um transtorno de genética complexa e que a ocorrência de circunstâncias am-bientais específicas podem influenciar a etiologia/gravidade do TDAH.

em outro estudo em adultos com TDAH (Adult

ADHD, adverse life events and the 5-HTT gene: a model of

gene/environment interaction?) investigaram a interação gené-

tico-ambiental entre eventos vitais adversos e a presença de

um polimorfismo funcional no promotor do gene do transporta-

dor de serotonina (5-HTTLPR). Os resultados mostraram uma

associação significativa entre altos escores de eventos vitais e

a gravidade do TDAH, porém o 5-HTTLPR não foi associado

com o transtorno. Apesar disso, eles observaram que os pa-

cientes com genótipos l/l (dois alelos longos, long) foram

menos gravemente afetados pelos sintomas de TDAH na pre-

sença de eventos vitais adversos de moderada intensidade do

Monteiro e cols.

Müller e cols.

que os pacientes com genótipos s/s (dois alelos curtos, short). Os

achados sugeriram que o 5-HTTLPR pode moderar a associação

entre eventos vitais e a gravidade dos sintomas de TDAH.

Finalmente, outro estudo recente tenta elucidar a contribuição gené-

tica no comportamento suicida.

(Candidate gene polymorphism and brain mRNA expression in

suicide), verificaram a associação entre suicídio e o polimorfismo

C(-1019)G na região promotora do gene que codifica o receptor de

serotonina 1A (5HT1A). Este achado possui uma importância fun-

cional, já que a troca C/G impede o mecanismo de regulação da

transcrição do gene 5HT1A através do fator NUDR. É provável que

este polimorfismo regule a expressão do 5HT1A em neurônios pré-

sinápticos na rafe, diminuindo a transmissão serotonérgica nesta

área.

Apesar de sabermos que estas pesquisas necessitam de confir-

mação em estudos futuros, e em diferentes amostras populacio-

nais, os resultados e as discussões realizadas abrem novos cam-

pos de investigação na genética psiquiátrica e na farmacogenéti-

ca. Com os constantes avanços tecnológicos nestas áreas, espe-

ra-se que a incorporação de novas técnicas de biologia molecular

e de análise estatística possibilite uma melhor compreensão da

etiologia das doenças mentais e proporcionem novas e melhores

estratégias de tratamento.

Faludi e cols., Hungria e Canadá

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NEU

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Desde seu surgimento, na década de 80, quando as técnicas de neuroimagem permitiram uma visualização mais acurada do encéfalo, os psiquiatras, associados aos neurorradiologistas vêm tentando estabelecer padrões que subsidiem o diagnóstico e o acompanhamento da evolução e do tratamento da esquizo-frenia. Inicialmente, a Tomografia Computadorizada do Crâneo não trouxe nenhum auxílio no intuito supramencionado. Na déca-da de 90, começaram a surgir métodos mais sofisticados. A Ressonância Magnética Estrutural, a princípio com aparelhos de baixa capacidade, já revelava alguns dados que, embora não-patognomônicos, mostravam-se extremamente freqüentes nesta entidade nosológica. Podemos citar o aumento ventricular, o alargamento de sulcos, o cavum do septo pelúcido e a atrofia hipocampal e amigdaliana como os mais encontradiços. Anos mais tarde, com o advento das tecnologias funcionais, acrescentaram-se mais elementos úteis para o melhor entendi-mento da doença. A Tomografia por Emissão de Fóton Único (SPECT) permite, através do tracejamento de contraste radioati-vo, estudar com detalhes e em vários cortes o fluxo sangüíneo cerebral, obtendo, também, informações indiretas a respeito do metabolismo. Na esquizofrenia é possível observar áreas de hipofluxo, principalmente frontotemporais. A Tomografia por emissão de Pósitrons (PET) é ainda mais sensível, possibilitando o estudo do metabolismo, captando o consumo de glicose mar-cada radioativamente e, traçando radiofármacos, expõe as pro-priedades e funções dos receptores de diversos neurotransmis-sores envolvidos na esquizofrenia. No final da década de 90, a engenharia médica produziu aparelhos de Ressonância Magnética com capacidade superior a 1.5 Tesla, o que permitiu aos pesquisadores, de posse de uma técnica não-invasiva , pela simples captação do retorno do sinal emitido, criar os Mapas de Perfusão e a Espectroscopia de Prótons, que consiste num ver-dadeiro “mapeamento”, utilizando tecnologia de voxel único que estuda pequenas áreas específicas e multivoxel, que abrange áreas mais extensas na percepção da presença de substâncias marcadoras do funcionamento neuronal. A queda da relação entre o N-Acetil-Aspartato e a Creatina (NAA-CR) na área ante-rior do giro do cíngulo e lobo frontal direitos já vem se estabele-cendo como característica. Adveio em somatório à Ressonância Magnética Funcional de Ativação, que estuda a atividade de

Marcos Gebara

Neuroimagem eEsquizofrenia

Marcos GebaraPresidente da AssociaçãoPsiquiátrica do Estado doRio de Janeiro (APERJ); Diretor Técnico do NúcleoIntegrado de Psiquiatria doRio de Janeiro (NIP).

determinadas regiões do cérebro, capturando a aceleração meta-bólica no momento da função, seja motora, seja sensitiva, ou mes-mo mental. A partir daí, abriu-se um universo infindável de linhas de pesquisa, aumentando sobremaneira a compreensão da intrin-cada complexidade que cerca a esquizofrenia.Em brilhante palestra no Congresso Mundial de Psiquiatria de 2005, na cidade do Cairo, Egito, o

, apresentou trabalho ver-sando sobre “Os efeitos cognitivos dos antipsicóticos no primeiro episódio: Estudos randomizados com Ressonância Magnética Funcional”. O objetivo foi demonstrar se os padrões de imagem na ativação cerebral previamente relatados na esquizofrenia crônica estavam também presentes no primeiro episódio. Técnicas de Ressonância Magnética Funcional de Ativação (RMf A) foram usa-das para comparar a função cerebral durante um teste verbal de memória. Seis pacientes masculinos esquizofrênicos em primeiro episódio, destros, foram pareados com esquizofrênicos crônicos segundo a PANSS. Dois do primeiro grupo eram virgens de trata-mento, enquanto todos os outros recebiam terapia antipsicótica em doses semelhantes. Não havia diferença entre os dois grupos quan-to ao QI pré-mórbido. Todos foram submetidos à RMf A enquanto executavam o teste denominado “Two-Back Task”. Quando compa-rados a um grupo-controle normal, ambos os grupos de esquizofrê-nicos, tanto os de primeiro episódio quanto os crônicos, apresenta-ram hipoativação evidente no córtex pré-frontal direito, giro pré-central e córtex parietal posterior bilateral. Mostraram também hipe-rativação difusa no giro cuneiforme esquerdo. A ativação no grupo dos esquizofrênicos agudos e crônicos foi menor, difusa e desorde-nada, enquanto no grupo-controle mostrou-se mais intensa, con-centrada e delimitada às áreas específicas da rede neural envolvi-da no teste. Os pacientes virgens de tratamento apresentaram alte-rações mais intensas que o grupo de agudos sob tratamento. Concluindo, as anormalidades observadas não foram devidas à cro-nicidade da doença nem ao efeito de curto ou longo prazo dos antipsicóticos, porém a introdução do tratamento parece atenuá-las. O trabalho do Prof. Sharma, apesar de abranger uma amostra-gem diminuta, desperta o interesse daqueles que vislumbram na neuroimagem um poderoso método de exame complementar em Psiquiatria, descortinando a imensa vastidão do campo de pesqui-sa a ser esquadrinhado.

Professor Tonmoy Sharma do "Clini-

cal Neuroscience Research Centre", UK

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Marcos Gebara

Marcos GebaraPresidente da AssociaçãoPsiquiátrica do Estado doRio de Janeiro (APERJ); Diretor Técnico do NúcleoIntegrado de Psiquiatria doRio de Janeiro (NIP). Declaração da WPA

sobre Eletroconvulsoterapia

Uma das ocorrências mais importantes do Congresso Mundial

de Psiquiatria foi a divulgação, na Assembléia de Delegados,

de um documento produzido pela Seção de Psiquiatria Bioló-

gica da WPA (World Psychiatric Association) intitulado “Decla-

ração de Consenso sobre o Uso e Segurança da Eletrocon-

vulsoterapia”, e que deverá pautar todos os guidelines das

Associações afiliadas pelo mundo. Resumidamente, diz o

seguinte:

A Eletroconvulsoterapia (ECT) é um importante, porém contro-

verso, tratamento para alguns subgrupos de indivíduos pade-

centes de graves doenças mentais. Basicamente, abrange as

depressões graves, estados de mania, catatonia e, ocasional-

mente, esquizofrenia. Dependendo das comorbidades, pode

constituir um procedimento de risco variável. Deve ser aplica-

do, de preferência, com o expresso consentimento do paciente

ou responsável legal, num ambiente adequado às novas nor-

mas de administração. O objetivo da Declaração é evidenciar a

eficácia e segurança da ECT e prover elementos e recomenda-

ções para otimizar sua prática.

Nos transtornos depressivos graves, a ECT é largamente consi-

derada como o mais efetivo método de tratamento, quando

comparada a qualquer outra modalidade, mesmo ao amplo

espectro de opções farmacológicas, sendo particularmente

indicada na presença de sintomas psicóticos delirantes ou cata-

tônicos e, principalmente, risco iminente de suicídio. Desde a

sua introdução, na década de 30, a ECT vem angariando

importantes progressos, como o uso de anestesia e relaxamen-

to muscular, no sentido de aumentar sua segurança e tolerabili-

dade. O seu ressurgimento nos Estados Unidos, nos anos 70,

foi marcado por uma grande “resistência” ao tratamento, insu-

flada por uma falsa imagem de barbárie e coerção. Em contra-

partida, a ciência mostrava cada vez mais sua importância, e

propunha modernos recursos para sua aplicação. Foram pro-

duzidos, pelas grandes Associações da especialidade, diver-

sos algoritmos para humanizar seu uso.

O tratamento é categorizado por uma fase aguda para induzir a

remissão dos sintomas, cobrindo um período de 6 a 8 semanas,

uma fase de continuação correspondente às subseqüentes 16

a 20 semanas, no sentido de manter a remissão (evitando recaí-

das) e atingir a plena recuperação, e uma fase de manutenção,

visando prevenir as recorrências, de duração flexível, dependen-

do de critério médico e considerando a virulência prévia do trans-

torno. A boa prática repousa ainda num correto diagnóstico e

minuciosa avaliação de riscos que o paciente possa infligir a si

próprio ou a circunjacentes. O expresso consentimento do pa-

ciente ou responsável legal deve ser a regra, excetuando condi-

ções extremas onde o procedimento seja necessário para salvar

vidas ou evitar rápida deterioração física ou mental. Em determi-

nadas circunstâncias, pode ser importante que a decisão parta

de “juntas médicas” constituídas.

Um relevante subsídio para estabelecer as bases da ECT em evi-

dências foi uma recente e sistemática metanálise dos estudos ran-

domizados controlados e observacionais feita pelo UK ECT

Review Group, que reportou os seguintes achados:

1. Estudos comparando aplicações efetivas de

ECT versus aplicações simuladas demonstraram

ampla margem de significância estatística em favor

das primeiras.

2. Estudos comparando ECT e farmacoterapia

resultaram de forma significativamente favorável à ECT,

além de evidenciar a menor incidência de sintomas

de descontinuação no grupo que recebeu

esta terapêutica.

3. A aplicação bilateral demonstrou ser superior à

unilateral, porém pode provocar mais efeitos cognitivos

adversos, principalmente prejuízo da memória

anterógrada, mais encontradiços na primeira semana

após o término da fase randomizada dos estudos

diminuindo sobremodo a longo prazo.

4. ECT em procedimentos administrados de uma a três

vezes por semana foi eficaz não sendo eliciada

diferença significativa entre as três maneiras e não

houve diferença quanto aos sintomas de

descontinuação. No entanto, freqüências superiores

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podem levar a maiores prejuízos cognitivos.

5. As doses mais altas do estímulo elétrico implicaram

em resultados mais efetivos quanto à melhora dos

sintomas, mas também produziram mais

efeitos adversos.

6. As aplicações, utilizando pulso breve e onda

quadrada, demonstraram ser largamente mais

eficazes e produziram menores efeitos adversos.

Outros importantes subsídios foram a recente Cochrane Review,

que evidenciou a superioridade da ECT em deprimidos idosos e

a NICE Review, com 90 estudos randomizados controlados, que

reforçaram os dados supramencionados e acrescentaram que

doses mais altas do estímulo elétrico unilateral no hemisfério

dominante podem assemelhar-se, em termos de eficácia, às apli-

cações bilaterais, às custas de aumento na ocorrência de efei-

tos cognitivos adversos que não devem durar mais que seis

meses após o término do tratamento. Estudos de neuroimagem

não demonstraram qualquer indício de que ECT possa causar

destruição neuronal. Altas taxas de recaídas foram relatadas

após a remissão completa dos sintomas com ECT, sendo que

estas foram enormemente reduzidas com a introdução de far-

macoterapia na fase de continuação, conforme estudos de

Sackheim.

Na Esquizofrenia, a Cochrane Review, a NICE Review e estudos

de Suzuki, Tang, Ungvari e Sackheim, evidenciaram a superiori-

dade da farmacoterapia antipsicótica quando comparada à

ECT (excetuando os estados de agitação psicomotora agudos e

estuporosos relativos à catatonia), mas enfatizaram a eficácia da

ECT demonstrando benefícios clínicos significativos e como as

variações na administração da terapêutica influenciaram a evo-

lução. Poucos pacientes deixaram de se beneficiar com ECT

(aplicações efetivas), obtendo melhora dos sintomas e menores

índices de recaídas quando comparados aos que receberam

aplicações simuladas. A associação de ECT com farmacotera-

pia nas fases de continuação e manutenção foi superior ao uso

de fármacos isoladamente, mas também aumentou as taxas de

prejuízos cognitivos.

Os estudos demonstraram fartamente que a ECT pode ser muito

valiosa no rápido controle de estados maníacos graves e tam-

bém no tratamento de manutenção dos Transtornos Bipolares

refratários, cicladores rápidos e estados mistos.

A ECT pode ser considerada uma poderosa arma no tratamento

de grande parte das emergências psiquiátricas, assim como

pode ser decisiva para salvar vidas para certos casos de Sín-

drome Neuroléptica Maligna, mormente os que não respondem

à farmacoterapia específica. A ECT ainda tem demonstrado ser

de grande valia em alguns casos de TOC (Transtorno obsessivo

compulsivo), demência e Parkinson. Cabe ressaltar o bom uso da

ECT em condições especiais como na gravidez, em idosos e em

crianças, sempre obedecendo cuidadosamente os critérios.

Quanto aos riscos, a mortalidade associada à ECT é menor do

que aquela associada aos procedimentos menores de anestesia

geral, ou seja, 1/100.000, sendo exclusivamente devida a compli-

cações cardíacas.

Não há contra-indicações absolutas ao uso da ECT, porém deve

ser evitado em pacientes com: tumores e infarto cerebrais, arrit-

mias cardíacas graves, marca-passo, aneurismas, descolamen-

tos de retina, infarto do miocárdio e feocromocitoma.

Nos tempos hodiernos não se justifica a prática da ECT sem anes-

tesia, relaxamento muscular, ventilação, além do uso de medica-

mentos como: atropina, para prevenir bradicardia vagotônica;

succinilcolina, como relaxante muscular; e pentotal ou etomidato,

como hipnóticos.

A freqüência recomendada das aplicações varia de 6 a 12 para o

tratamento da depressão, enquanto na mania o número pode ser

superior a 16, sempre divididos em duas ou três vezes por sema-

na. A continuação pode ser semanal e a manutenção quinzenal

ou mensal. A dosagem do estímulo elétrico, com eletrodos bilate-

rais, em pulso breve e onda quadrada, deve estar regulada em

cerca de duas vezes a do limiar convulsivo.

A observação da convulsão pode ser obtida pela maioria dos apa-

relhos modernos, capazes de monitorizar o EEG. Quando isto

não for viável, o simples garroteamento da extremidade de um

membro pode evidenciar as contrações.

Há muita controvérsia sobre a administração simultânea de ECT e

psicotrópicos, mas a maioria dos estudos compactua do consen-

so de que devem ser evitados, quando possível, apenas aqueles

medicamentos que têm ação de antagonismo como benzodiaze-

pínicos e barbitúricos. Os algoritmos, de forma geral, recomen-

dam o uso concomitante de antidepressivos e antipsicóticos,

especialmente nas fases de continuação e manutenção.

Concluindo, mesmo depois de setenta anos, a ECT é um valioso

recurso terapêutico para diversas condições psicopatológicas,

além de ser um método seguro e bem tolerado. Considerando

suas futuras perspectivas, são de alta prioridade o melhor conhe-

cimento de seu mecanismo de ação, assim como estudos mais

detalhados nas fases de continuação e manutenção. Levando

em conta sua inquestionável validade, faz-se mister um esforço

das Associações afiliadas à WPA no sentido de conscientização

pública, visando desestigmatizar a ECT.

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Marcos de Noronha

O surgimento deuma Nova Ordem

na Psiquiatria

Marcos de NoronhaPsiquiatra e psicoterapeuta formadoem Etnopsiquiatria na Universidade deNice, França, e Psicodrama pela FederaçãoBrasileira de Psiquicodrama - FEBRAP. Presidente da Associação Brasileirade Psiquiatria Cultural e membro da Associação Mundial de PsiquiatriaCultural - Florianópolis, SC.

Uma variedade de temas esteve presente durante o último

Congresso Mundial de Psiquiatria. Tivemos, desde estudos

sobre marcadores genéticos de algumas doenças até as

influências de aspectos socioculturais na psiquiatria. Atual-

mente, enquanto alguns biólogos moleculares, focalizando a

relação entre as microestruturas e seu processo de formação,

admitem que a vida seja uma rede de processos metabólicos,

filósofos e pensadores sistêmicos procuram se interessar pelas

propriedades das estruturas contempladas recentemente pela

ciência, assim como nós, psiquiatras, estamos encarando con-

juntamente disciplinas que há pouco tempo pareciam exclu-

dentes. Quem fazia uma prática clínica biológica parecia não

ter atenção para com os aspectos psicológicos, e mui-

to menos culturais, do paciente. Os psiquiatras

sociais pareciam rejeitar as constantes novida-

des trazidas tanto pela genética quanto pelo

surgimento de novas drogas paliativas. Os

colegas mais sensatos, parecem ter ampliado

sua área de interesse. Definitivamente o ho-

mem não pode ser encarado como um ser isola-

do de seu meio e seus valores. Os avanços em

outras disciplinas proporcionados por autores como 1 2Capra , Maturana e Varela , corroboram com as necessidades

do dia-a-dia daqueles que trabalham com a doença mental.

Eles precisaram olhar para a célula, através de um microscó-

pio, para ver que todos nós pertencemos a um universo e

somos influenciados por ele. Vale lembrar de um fato ocorrido

no Senegal, quando Henri Collomb - o precursor da Etnopsi-

quiatria clínica e diretor do Hospital de Fann, em Drakar - con-

versava com um curandeiro. Este, que habitualmente utilizava

recursos místicos e sociais para efetuar um tratamento, reco-

nhecia o poder das drogas sobre os sintomas, trazidas pela

sociedade moderna, embora admitisse que elas não fossem

capazes de curar.

Mesmo que haja consenso na bibliografia de que fatores socio-

culturais modificam os sintomas psiquiátricos, é comum o

desprezo a esses fatores numa avaliação de etiologia ou no

estabelecimento de um tratamento nas práticas de enfoque bio-

lógico, que visam principalmente o alívio de sintomas. Nestes

últimos vinte anos de prática em psiquiatria, eu posso dizer que

aumentou o número de colegas com uma compreensão mais

ampla do doente mental, e recorrendo a técnicas que contem-

plem o sistema onde o paciente está envolvido. Até mesmo insti-

tuições oficiais da psiquiatria ampliaram sua visão, como mostra a

evolução dos temas apresentados nos congressos, tanto no

Brasil quanto no exterior.

Se considerarmos que há uma função terapêutica no meio am-

biente e na cultura de um povo, deveríamos nos estimular para,

com criatividade, diminuirmos os equívocos das nossas ativida-

des terapêuticas. Compreendendo a complexidade do ser huma-

no, e conseqüentemente, do doente mental, poderemos adotar

práticas que considerem não somente os recursos téc-

nicos do terapeuta, mas sua intuição e vocação,

somados com os recursos do próprio paciente.

Na nossa atualidade seria hipocrisia pensar

numa neutralidade afetiva ou cultural, como

querem alguns mais influenciados pela psica-

nálise. Seria interessante, tanto cientistas quan-

to psiquiatras, estudarem filosofia, para entende-

rem o quanto o pensamento preponderante poderia

estar influenciando suas práticas. Não se trata de estabe-

lecer aqui um modelo ideológico de assistência, que poderia ter o

seu valor, mas sim, propor um modelo que deslumbre aspectos

essenciais do ser humano e privilegie encontros sociais que pro-

piciem a comunicação.

A Etnopsiquiatria se propõe a estudar o homem na sua relação

com a natureza e a sociedade. Para isso, utiliza seus hábitos, cos-

tumes, pensamentos e crenças. Esse entendimento é a condição

necessária para o aprimoramento de técnicas de abordagem tera-

pêutica, que poderia abreviar a recuperação do paciente. Assim

como temos aperfeiçoado técnicas para trabalharmos com os tra-

ços do caráter do indivíduo em psicoterapia, deslumbramos aqui

o desenvolvimento de técnicas onde nós utilizaríamos também

seus padrões culturais.

Membros da Seção de Psiquiatria Transcultural da Organização

Mundial de Psiquiatria, vêm apresentando, nas últimas décadas,

formas de tratamento que algumas vezes foram empregadas para

superar dificuldades no trabalho com imigrantes e refugiados;

"A Etnopsiquiatria sepropõe a estudar o homem

na sua relação com a naturezae a sociedade. Para isso,

utiliza seus hábitos, costumes,pensamentos e crenças."

Dr. Marcosde Noronha

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Referências Bibliográficas:

1. CAPRA, F. As Conexões Ocultas. Cultrix, São Paulo, 2002.

2. MATURANA, H. e VARELA, F. J. A Árvore do Conhecimento. Palas Athena, São

Paulo, 1984.

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Dr. PauloDalgalarrondo

outras vezes numa assistência comunitária em determinada etnia

com padrão diferente da sociedade moderna; ou então, diante

da necessidade de assistir em grupo uma população de origem

étnica diversificada. Em meu consultório, desde 1987, procuro

desenvolver também uma abordagem e um tratamento que con-

sidere sistematicamente o contexto do paciente e sua herança

cultural baseado nos ensinamentos de Henri Collomb e no estu-

do de disciplinas fronteiriças, como etnologia e psicologia.

A princípio, parece que o conhecimento em Etnopsiquiatria seria

direcionado ao trabalho com populações de imigrantes, conflitos

étnicos e religiosos. Outros colegas elegeram técnicas para tra-

balhar com esses conhecimentos na própria comunidade e com

os recursos que ela oferecia. O meu objetivo era trabalhar na cida-

de, num consultório e com população de classe média. Os resul-

tados dessa prática, que denominei “Terapia Social”, unicamente

para ressaltar também aspectos socioculturais além dos aspectos

fisiológicos e psicológicos comumente valorizados pela socieda-

de, me empolgaram. A cultura está presente em qualquer socie-

dade e pode muito bem ser considerada na atividade terapêutica.

Paulo Dalgalarrondo

Paulo Dalgalarrondo

Médico Psiquiatra, ProfessorLivre-docente do Departamentode Psicologia Médica e Psiquiatria,Faculdade de Ciências Médicasda Universidade Estadual deCampinas - UNICAMP. Psiquiatria

Cultural e Social

O "XIII Congresso Mundial de Psiquiatria" da WPA - World

Psychiatric Association - que ocorreu no Cairo, Egito, de 10 a 15

de setembro deste ano, incluiu um grande número de eventos

científicos nos quais as relações entre os transtornos mentais,

psiquiatria, sociedade e cultura foram abordadas de for-

ma rica e original. A sessão “Psiquiatria, Cultura e

Globalização: Conflitos e Oportunidades”, presi-

dida por

, representou bem o espírito

de muitas das atividades científicas do con-

gresso.

Um dos principais responsáveis pelos estudos

internacionais da Organização Mundial da Saúde

sobre esquizofrenia,

abriu a ses-

são apresentando o tema “Culturas, Populações e Psicopato-

logia”. Ele iniciou afirmando que a relação entre cultura e psico-

patologia, tema central para a psiquiatria e ciências sociais, ne-

cessita ser reconsiderada e aprofundada, tendo-se em consi-

deração os avanços recentes das neurociências e as profundas

Renato Alarcon, da Clínica Mayo,

Rochester, EUA

Asseh Jablensky, da Univer-

sidade do Oeste da Austrália (Perth-Australia),

transformações no mundo contemporâneo nas últimas duas déca-

das, sejam elas sociais, econômicas ou políticas. O modelo “natu-

re versus nurture” (natureza ou biologia versus ambiente ou cultu-

ra) não se sustenta mais, pois os recentes conhecimentos sobre o

cérebro têm demonstrado que a cultura não é apenas um

“fator mediador”, mas pode participar da conforma-

ção do próprio cérebro e redes neurais através de

processos evolutivos, nos quais o ambiente físi-

co e fatores sociais e culturais interagem tanto

na organização neuronal como na comporta-

mental. Ele encerrou sua apresentação afir-

mando que o novo paradigma da psiquiatria tem

sido proposto como uma “ciência da complexida-

de” nos quais fatores físicos, genéticos e socioculturais

interagem dinamicamente, num processo bem mais complexo do

que a causalidade linear faria supor.

O pesquisador de

, expôs sobre a “Farmacogenômica e suas apli-

cações nos contextos culturais”. Constatou que tem havido pro-

gressos consistentes na possibilidade de se identificar genótipos

Minesota, da Universidade de Rochester,

David A. Mrazek

"...o novo paradigma da psiquiatria tem sido

proposto como uma “ciência dacomplexidade” nos quais fatores físicos, genéticos e socioculturais

interagem dinamicamente..."

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individuais referentes à variabilidade de eficácia dos psicofár-

macos. Verifica-se uma variação intensa no metabolismo e res-

posta clínica a psicofármacos em diferentes grupos étnicos e

culturais. Conseqüentemente, hoje se tornou possível persona-

lizar os tratamentos psicofarmacológicos para grupos étnicos e

para indivíduos, em particular. Através de genotipagem refe-

rente ao complexo de enzimas hepáticas que metabolizam os

psicofármacos, por exemplo, é possível saber se este ou aque-

le paciente, deste ou daquele grupo étnico, irá necessitar de

doses baixas, médias ou altas dos psicofármacos utilizados ou

se terá maior propensão a uma resposta eficaz com este ou

aquele agente. Obviamente, ressaltou o Dr. Mrazek, deve-se

estar atento para não se fazer qualquer apropriação racialista

dessa linha de pesquisa.

Finalmente, o

apresentou seus trabalhos referentes à for-

mulação cultural do caso. Trata-se de um método de avaliação

de pacientes, a maior parte oriundos de grupos culturais distin-

tos dos espanhóis (africanos, latino-americanos, asiáticos, cari-

benhos, etc.). Essa avaliação investiga cuidadosamente, mas

de forma pragmática, como o universo cultural do paciente e

seus familiares, os símbolos culturais de interpretação do sofri-

mento, a busca e aceitação dos tratamentos psiquiátricos, ou

Dr. Enrique Baça, da Universidade Autônoma

de Madri, Espanha,

seja, o conjunto de fatores culturais que conforma a percepção

do transtorno e o modo como pacientes e familiares lidam e per-

mitem ou não o tratamento. Ele ressaltou que tal formulação cultu-

ral não pode ser muito longa e deve ser incorporada à avaliação

rotineira, para viabilizar-se no trabalho clínico diário.

Num trabalho colaborativo entre psiquiatras etíopes e ingleses,

foram apresentados vários trabalhos sobre transtornos mentais

na Etiópia rural, uma das regiões mais pobres do mundo, numa

mesa-redonda intitulada “Estudos Epidemiológicos de Trans-

tornos Mentais na Etiópia Rural”. Souci Frissa (Etiópia) descreveu

um estudo sobre depressão maior em Butajira, no interior da

Etiópia, região em que mais de 95% da população vive em condi-

ções de miséria absoluta. Encontrou uma prevalência de 3,4% de

depressão maior nessa população, utilizando o instrumento "Com-

posite International Diagnostic Interview" (CIDI). Esse autor tam-

bém pôde identificar que ter depressão maior nesse contexto

associa-se a maior mortalidade e mais disfunções sociais. Os sin-

tomas da depressão, ao contrário de estudos anteriores, verifica-

ram que nessa região do mundo as pessoas acometidas também

apresentam idéias de menos valia, sentimentos de culpa e delí-

rios de ruína. Este estudo não confirmou a impressão do passado

de que a depressão em países africanos e asiáticos ocorre com

sintomas físicos mas apenas com raros sintomas psíquicos.

Paulo Dalgalarrondo

Paulo Dalgalarrondo

Religião eSaúde Mental

Médico Psiquiatra, ProfessorLivre-docente do Departamentode Psicologia Médica e Psiquiatria,Faculdade de Ciências Médicasda Universidade Estadual deCampinas - UNICAMP.

No "Congresso Mundial de Psiquiatria", no Cairo, Egito, as relações

entre religião e saúde mental ocuparam um lugar de destaque,

pelo número e qualidade das sessões. Deve-se lembrar, antes de

tudo, que o próprio país onde se realizou o congresso é composto

por uma sociedade intensamente religiosa, na qual o islamismo

(com as milhares de mesquitas que embelezam o Cairo) tem pre-

sença dominante (mais de 90% da população egípcia é islâmica e

tem grande envolvimento religioso). A religião é sempre um tema

delicado, que gera polêmica e debates. Deve, portanto, merecer

um tratamento cuidadoso e respeitoso em relação à diversidade

religiosa que caracteriza o mundo contemporâneo.

Refletindo o contexto cultural e religioso do país sede do con-

gresso, várias mesas e sessões analisaram as relações entre o

islamismo e a psiquiatria. A sessão “Influência da religião islâmi-

ca na psiquiatria”, abriu espaço para vários pesquisadores que

atendem imigrantes islâmicos na Europa. De modo geral, eles

constataram que as crenças tradicionais e os valores religiosos

interferem na expressão dos transtornos mentais, no diagnóstico

clínico e na aceitação do tratamento.

, analisou uma das formas das populações islâmicas de

interpretar e “construir” o adoecimento mental. Para ele, o conceito

Riyadh Al-Baldawi, da Orienthalsan (Orient Health Center),

Suécia

Congresses Update WPA 2005

Page 23: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

22

ASP

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REL

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SOS

de psicose no islamismo articula-se com a entidade denomi-

nada “Jinon”, que deriva de “Jinn”, um espírito que possui

pessoas acometidas por sintomas psicóticos. O “Jinn” é uma

espécie de espírito demoníaco (freqüentemente maléfico, mas

eventualmente benéfico). A possessão pelo Jinn, ou seja, o

Jinon, pode ser interpretada como um reconhecimento de que

Deus percebe a aflição do indivíduo e lhe dá uma oportunidade

para ascender espiritualmente. Outra forma de interpretação,

mais comum, é a de que o Jinon é uma punição pelos pecados

cometidos.

,

relatou sua experiência de mais de vinte anos atendendo

diariamente pacientes islâmicos do norte da África

(Magrebinos). Ele afirmou que a religiosidade islâ-

mica nessa população estrutura não só a orga-

nização social, mas também a personalidade

de cada pessoa, independentemente do gêne-

ro, idade ou classe social.

,

apresentou um cuidadoso estudo no qual 116 pes-

soas, de seis grupos étnicos residentes na Inglaterra,

foram entrevistados em profundidade através de questionários

qualitativos, investigando-se a religiosidade, cultura e saúde men-

tal. Ele verificou que a religião é uma forma importante de lidar

com o sofrimento mental (religious coping), principalmente nos

islâmicos oriundos de Bangladesh e entre os cristãos afro-

caribenhos. Orar, ouvir programas religiosos no rádio, usar amu-

letos e ter uma relação com Deus, foram os meios mais utilizados

para lidar com situações de sofrimento pessoal, sentimentos

depressivos e ansiosos, nessas populações. Ele conclui que as

práticas religiosas de lidar com o sofrimento são essenciais em

alguns grupos étnicos que vivem em países ocidentais.

Rachid Bennegadi, do Centro Minkowska de Paris, França

Kamaldeep Bhui, da Universidade de Londres

Em complementação a essas sessões que analisaram a influên-

cia da religiosidade islâmica sobre a saúde mental, uma sessão

presidida pelo italiano , analisou a “Influência

da religião cristã na psiquiatria”. Ele analisou a influência da ideo-

logia católica na antropologia, nos cursos universitários e nas

associações de psiquiatria e psicologia de orientação católica.

Além disso, examinou um renascimento de “curas religiosas” no

contexto contemporâneo e os riscos que uma visão ingênua de

crítica religiosa à psiquiatria secular podem implicar.

Num trabalho muito original e cuidadoso o grupo da

liderado por

, pesquisou em profundidade

a ocorrência e o significado dos delírios religio-

sos em diferentes países e culturas. Numa

amostra de 1.006 pacientes com esquizofre-

nia verificou-se as seguintes prevalências de

delírios religiosos: Áustria 33%, Polônia 32%,

Lituânia 30%, Paquistão 8%, Nigéria 40% e Gana

48%. Estes dados confirmam tendências identificadas

por outros autores. Assim, os autores do trabalho concluem que

os delírios religiosos ocorrem mais em países com religiões ani-

mistas sincréticas e em católicos. Os delírios com demônios são

os temas de 60% a 80% dos delírios religiosos, sendo mais raros

os delírios de vocação religiosa. Em relação às denominações

religiosas os pacientes esquizofrênicos católicos têm delírios reli-

giosos em 33% dos casos, os protestantes em 20% e os islâmi-

cos em 8%. Concluem que a freqüência de delírios religiosos

depende de atribuições centrais das religiões relacionadas à

possessão e ao padrão cultural da sociedade em questão.

Goffredo Bartocci

Clínica

Universitária de Viena, Áustria, Thomas

Stompe e por Idumenei Sunday da Universidade

de Ibadan, Nigéria"...as crenças tradicionais e os valores religiosos interferem

na expressão dos transtornosmentais, no diagnóstico clínico e

na aceitação do tratamento."

Dr. PauloDalgalarrondo

Congresses Update WPA 2005

Page 24: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

23

PAR

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ParticipaçãoBrasileira

Participação Brasileira

Congresses Update WPA 2005

Relação de atividades da Programaçãodo “XIII World Congress of Psychiatry”da WPA, que tiveram a participação de brasileiros.

4- SYMPOSIA

4.4.1 - Special Symposia

THE BRAZILIAN PSYCHIATRIC REFORM1Jose G. V. Taborda ;1. Associação Brasileira de Psiquiatria

(ABP).

THE LONG-TERM PHARMACOTHERAPY OF MAJOR DEPRESSION. ADVANTAGES AND DISADVANTAGES

1Marcio Versiani ; 1. Univ. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil.

4.4.3 - Institutional Symposia

A PROPOSED COMPREHENSIVE INTERVENTION TO REDUCE SCHOOL DROP-OUT IN PUBLIC SCHOOLS. A PILOT FEASIBILITY STUDY

1 1Luis Augusto Rhode , Ana Soledad Martins , Christian 1 1 1Kieling , Julia Comassetto , Renata Goncalves , Silvia

1Oswald ; 1. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

4.4.4 - Section Symposia

PHENOMENOLOGY OF DEPRESSIONS AND ANXIETIES IN LATIN AMERICAN WOMEN

1Helena Calil ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

EVALUATING SCHOOL-BASED INTERVENTIONS AGAINST STIGMA: RESULTS FROM BRAZIL

1 1 1Cecilia Villares , Gabriela Cruz de Moraes , Miguel R. Jorge ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

IS ADHD A LEGITIMATE DISORDER IN CULTURES FROM DEVELOPING COUNTRIES?

1 1Luis Augusto Rohde , Marcelo Schmitz , Guilherme 1 1 1 1Polanczyk , Silza Tramontina , Silvia Martins , Claudia Szobot ;

1. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

SEXUAL SATISFACTION :WHAT IT IS, HOW TO MEASURE, HOW TO ACHIEVE IT ?

1 1Ruben Hernandez Serrano , Aminta Parra , Ricardo 2Cavalcanti ; 1. Venezuela; 2. Brasil.

OCCUPATIONAL STRESSORS AND GENDER DIFFERENCES: A BRAZILIAN PERSPECTIVE

1Ana Maria Rossi ; 1. ISMA-BR, Porto Alegre, RS, Brasil.

COMMUNITY AND INTRA-FAMILIAL VIOLENCE IN YOUTH

1Silvia Koelle ; 1. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

PHENOMENOLOGICAL ASSESSMENT IN CULTURE AND PSYCHOPATHOLOGY

1Virginia Moreira ; 1. Univ. de Fortaleza (UNIFOR), CE, Brasil.

4.4.5 - Regular Symposia

SHOULD OUR CHILDREN BE TREATED WITH MEDICATION? AN EVIDENCE-BASED APPROACH TO CHILD PSYCHOPHARMACOLOGY

1 2Peter S. Jensen (Chairperson), Luis Augusto Rohde ( Co-Chairperson); 1. Columbia University , New York , NY,USA; 2. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

5 - FORUMS

PAST, PRESENT AND FUTURE OF WPA

1 2 Ahmed Okaska (Chairperson), Juan E. Mezzich (Co-1 2chairperson); Panelists: Ahmed Okasha , Juan E. Mezzich ,

3 4Jorge Alberto Costa e Silva , Feice Lieh-Mak , Norma 5 6Satorius , Juan J. Lopez Ibor .; 1. Egypt; 2. USA; 3. Brasil; 4.

China; 5. Switzerland; 6. Spain.

7 - WORKSHOPS

PSYCHIATRY AND THE MEDIA: HOW TO DEAL WITH THE MEDIA IN A CONSTRUCTIVE WAY AND PROMOTE PSYCHIATRY AND DEVELOP SUCCESSFUL PRESS RELATIONS.

1 2Amelia Gonzalez , Dennis Carvalho ; 1.Jornal O Globo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2. Rede Globo de Televisão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

SP003.3 -

SP009.3 -

IS002.4 -

SS015.5 -

SS033.3 -

SS038.3 -

SS059.1 -

SS066.4 -

SS099.3 -

SS106.4 -

SY116 -

PF - PRESIDENTIAL FORUM -

WS025 -

9 - ORAL COMMUNICATIONS

DRUG MISUSE IN PUBLIC SCHOOLS OF SÃO PAULO CITY: APPROACHING THE SCHOOL ENVIRONMENT.

1 1 2; 3Fernanda Moreira , Dartiu da Silveira , Sérgio Andreoli ; 1. PROAD Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil; 2. NEMAP Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil; 3. Univ. de Santos (UNISANTOS ), SP, Brasil.

HIGH MORTALITY AMONG YOUNG CRACK COCAINE USERS IN BRAZIL: A 5-YEAR FOLLOW-UP STUDY.

1Marcelo Ribeiro1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

ALCOHOL AND ALCOHOLISM AMONG WORKING AND NONWORKING ADOLESCENT STUDENTS IN BRAZIL

1 1 1Dartiu da Silveira , Kelsy Areco , Delma Souza , Clovis 1Araujo ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

ATTEMPTED SUICIDE AMONG BRAZILIAN ADDICTS

1 1Dartiu da Silveira , Miguel Jorge ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

ATTEMPTED SUICIDE ASSOCIATED WITH DOMESTIC VIOLENCE

1José Lippi ; 1. Faculdade de Medicina da Univ. Federal de Minas Gerais (UFMG), MG, Brasil.

THE PSYCHIATRY PRACTICE CONSIDERING THE CONTEXT SOCIAL AND CULTURAL AS RESOURCES TO THE PATIENT.

1Marcos de Noronha ; 1. Associação Brasileira de Etnopsiquiatria.

10 - POSTERS

Thematic Area 1History and Psychiatry

WORKSHOPS ON MENTAL HEALTH: THE HISTORY AND ITS FUNCTION.

1 2Nadja Lappann-Botti , Renata Curi Labate ; 1. Pontifica Univ. Católica (PUC MINAS GERAIS), MG, Brasil; 2. Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil.

Thematic Area 2Human Development

VIOLENCE AS A DAILY EXPERIENCE IN YOUTH LIVES IN BRAZIL

1Silvia Koller ; 1. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

Thematic Area 3Biological Psychiatry and Neurosciences

FACTORS RELATED TO ABNORMAL BRAIN PERFUSION IN COCAINE DEPENDENTS

1 1 1Dartiu da Silveira , Antonio Barbieri , Evelyn da Silveira ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP),SP, Brasil.

MEANING OF THE ELECTROCONVULSIVE THERAPY (ECT) IN THE VISION OF THE PROFESSIONALS OF MENTAL HEALTH.

1Josenaide Engracia ; 1. Univ. do Estado da Bahia (UNEB), BA, Brasil.

Thematic Area 4Social and Cultural Psychiatry

NEUROPSYCHOLOGICAL ASSESSMENT OF ADOLESCENTS USING HALLUCINOGENS IN A RELIGIOUS CONTEXT

1 1 1Evelyn da Silveira , Dartiu da Silveira , Paulo Bertolucci , 1 2 3Castello Otavio , Charles Grob , Marlene de Rios , Glacus

4 5Brito , Luisa Alonso ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil; 2. UCLA , California, USA; 3. California State University, Fullerton, USA; 4. PAHO; 5. Univ. de Uberaba (UNIUBE), MG, Brasil.

OR05.7 -

OR05.9 -

OR06.9 -

OR13.4 -

OR21.7 -

OR24.1 -

P01.P017 -

P01.P021 -

P01.P025 -

P01.P059 -

P01.P098 -

P01.P153 -

P01.P166 -

P01.P201 -

P01.P203 -

P01.P219 -

P01.P227 -

P01.P233 -

P01.P296 -

P01.P298 -

PSYCHODYNAMICS ASPECTS OF REFUGEE'S MENTAL HEALTH

1 2Carmen Santana , Francisco Lotufo Neto ; 1. Caritas, 2. Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil.

Thematic Area 5Psychiatry in Africa and other developing regions

CHILDREN OF THE AUTISTIC SPECTRUM: A PRE-DIAGNOSTIC CHECKLIST

1 2 Fernanda Fernandes , Silvana Gaino ; 1. Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil; 2. APAE Ourinhos, SP, Brasil.

Thematic Area 6Epidemiology and Public Health

CROSS VALIDATION OF CIDI COMPARED WITH SCAN IN A POPULATION-BASED STUDY IN BRAZIL

1 1Camila Magalhães Silveira , Laura Andrade ; 1. LIM-23 Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil.

ALCOHOL AND OTHER DRUGS PREVALENCE BETWEEN MALE AND FEMALE STUDENTS OF THE SÃO PAULO UNIVERSITY IN 2001 - SÃO PAULO CAMPUS - BRAZIL

1 1 1Vladimir Stempliuk , Arthur Andrade , Andre Malbergier , 2Lucia Barroso ; 1. GREA Univ. de São Paulo (USP), SP,

Brasil; 2. IME Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil.

Thematic Area 7Diagnostic Systems

IMPULSIVITY AND COMPULSIVITY IN PATIENTS WITH SKIN PICKING OR TRICHOTILLOMANIA AS COMPARED TO PATIENTS WITH OBSESSIVE-COMPULSIVE DISORDER.

1 2 3Ygor Ferrão , Vanessa Paiva Almeida , Nádia Richter Bedin , 3Ellis Busnello ; 1. Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil; 2.

HCPA-Brasil; 3. Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), RS, Brasil.

RELIABILITY AND FACTOR STRUCTURE OF THE LIEBOWITZ SOCIAL ANXIETY SCALE

1 1 1Mauro Terra , Helena Barros , Airton Stein , Luciana 1 1 1Athayde , Marcelo Gonçalves , Luiz Henrique Palermo ,

1 1 2Daniele Ott , Rita de Cássia Azambuja , Ivan Figueira ,Dartiu 3da Silveira

1.Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA),RS, Brasil; 2. Univ. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil; 3. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil.

DIMENSIONALITY OF PREMENSTRUAL DYSPHORIC SYMPTOMS AMONG BRAZILIAN COLLEGE STUDENTS

1, 2 1 1Yuan Pang Wang , Chei Tung Teng , Antonio Helio Vieira , 1 1Clarice Gorenstein , Laura Helena Andrade ; 1.Univ. de São

Paulo (USP), SP, Brasil; 2. Faculdade de Medicina de Santo Amaro (UNISA), SP, Brasil.

Thematic Area 14Eating, sexual and sleep disorders

ARE EATING DISORDERS A MAJOR RISK FACTOR FOR SUICIDE?

1 1Manuela Abreu1, Sonia Oliveira , Jennifer Santos ; 1.Hospital de Santa Maria

TOPIRAMATE AND COGNITIVE BEHAVIOUR THERAPY FOR BINGE EATING DISORDER

1 2 1Angélica Claudino , Oliveira Irismar , Bacaltchuk Josué , 3, 4 3,4 5Appolinário José , Duchesne Monica , Cordás Táki ,

6Sichieri Rosely ; 1. Univ. Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil; 2. Univ. Federal da Bahia (UFBA), BA, Brasil; 3. Univ. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), RJ, Brasil; 4. Instituto de Endocrinologia e Diabetes do Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 5. Univ. de São Paulo (USP), SP, Brasil ; 6. Univ. Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),RJ, Brasil.

Page 25: l Durante o “XIII Congresso Mundial de Psiquiatria” promovido pela 2005.pdf · 2020. 2. 6. · Congresses Update WPA 2005 1 E d i t o r i a l Durante o “XIII Congresso Mundial

Congresses Update WPA 200524

Cal

endá

rio20

06

AACAP - 24 a 29 de outubro53rd Annual Meeting of the American Academy of Child and

Adolescent Psychiatry

San Diego, CA, USA

MDS - 29 de outubroa 2 de novembro10th International Congress of Parkinson's Disease & Movement Disorders(The Movement Disorder Society)Kyoto, Japan

ACNP - 3 a 7 de dezembro45th Annual Meeting of the

American College of

Neuropsychopharmacology

Los Angeles, FL, USA

Conference on Alzheimer15 a 20 de julho10th International Conference on Alzheimer's Disease and Related DisordersMadrid, Spain

1WPA International Congress12 a 16 de julhoCongress of the Psychiatric Association of Turkey and the Turkish Neuropsychiatric Society(World Psychiatric Association)Istanbul, Turkey

APA - 20 a 25 de maio159th Annual Meeting of the American Psychiatric AssociationToronto, Canada

ENS - 27 a 31 de maio16th Meeting of theEuropean Neurological SocietyLausanne, Switzerland

Abril

Fevereiro

AAN - 1 a 8 de abril58th Annual Meeting of theAmerican Academy of NeurologySan Diego, CA, USA

APS - 3 a 6 de maio25th Annual Scientific Meetingof the American Pain SocietySan Antonio, TX, USA

Maio

WCCN - 11 a 16 de junho10th World Congressof Child NeurologyMontreal, QC, Canadá

Junho

CINP - 9 a 13 de julho25th Congress of the Collegium InternationaleNeuro-PsychopharmacologicumChicago, IL, USA

Julho

AAPM - 22 a 25 de fevereiro22nd Annual Meeting of theAmerican Academy of Pain MedicineSan Diego, CA, USA

Julho

ECNP - 16 a 20 de setembro19th Congress of the EuropeanCollege of NeuropsychopharmacologyParis, France

Setembro

ANA - 8 a 11 de outubro131st Annual Meeting of the American Neurological AssociationChicago, IL, USA

Outubro

AES - 1 a 5 de dezembro60th Annual Meeting of theAmerican Epilepsy SocietySan Diego, CA, USA

Dezembro

CongressosInternacionaisde Neurologia e

2Psiquiatria 1. Este é o Congresso Internacional da WPA, que ocorre nos anos em que não há o Congresso Mundial, que acontecerá em 2008 (ver pág. 2).

2. Informações levantadas em novembro de 2005, sujeitas a alterações pelos organizadores dos congressos.

Recomendável confirmar datas previamente a participação.