idade media oriental final

Upload: bruna-tayla

Post on 14-Jan-2016

220 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Descrição dos acontecimentos históricos na idade média da parte oriental.

TRANSCRIPT

Universidade Federal de Itajub

EHD 904: GeopolticaIdade Mdia Oriental

Bruna Tayla Cabral de Vasconcellos - 19012Thiago Baldan Kfouri - 20969

Itajub (2014)Sumrio

1.Imprio Bizantino41.1.Diviso do Imprio e a Capital do Oriente41.2.A Era de Justiniano71.2.1.Conquistas81.2.2.Cisma do Oriente81.2.3.O Direito101.3.Decadncia do Imprio122.Imprio Islmico132.1.Origem132.2.Hgira132.3.Jihad132.4.Sucesso de Maom142.5.Extenso152.6.Xiitas e Sunitas152.7.Decadncia do Imprio163.Imprio Mongol173.1. Antes do Imprio173.1.1 Vida nas plancies173.2. Incio do Imprio Mongol183.2.1 Genghis Khan183.2.2. Ps Genghis Khan203.3. Queda do Imprio234.Imprio Chins234.1.A Dinastia Sui234.2.A Dinastia Tang244.3.Interao com Outras Culturas264.4.O Servio Civil284.5.Poesia304.6.Crescimento Econmico335.Imprio Japons365.1.De Yamato Idade de Ouro375.2.Os Samurais e o Shogunato.39Referncias42

1. Imprio Bizantino1.1. Diviso do Imprio e a Capital do Oriente

Segundo SANCHOTENE (2010), com a expanso dos seus domnios, a forma Republicana de Roma comeava a dar sinais de insustentabilidade. A Repblica mostrava-se dbil para resolver os novos problemas que surgiam e as situaes de crise passaram a ser regra; no mais, exceo. As provncias necessitavam de um maior controle, ao mesmo tempo em que os cidados romanos exigiam uma maior ateno por parte das autoridades. Havia um clamor por mudanas. A poltica expansionista havia chegado a um ponto em que no era mais possvel a Roma retornar ao que antes era. O destino da Repblica estava selado; sua existncia chegara definitivamente ao fim. Contudo, essa derrocada seria lenta e gradual, com momentos de retrocesso. Jlio Csar foi o primeiro a utilizar-se de frmulas republicanas contra a Repblica, acabando com o limite de eleies de um ditador, mas tambm foi o primeiro a sofrer as consequncias do mpeto em alterar o que estava consolidado a sculos: foi assassinado, em 44 a.C., por seus oposicionistas no Senado. Coube a Otvio Augusto governou entre 30 e 14 a.C. descobrir a maneira de transformar Roma sem rupturas, ao estabelecer um Imprio Republicano. Tal iniciativa, todavia, era insustentvel no longo prazo; e novas frmulas necessitavam serem descobertas e estabelecidas: a mais importante delas, provavelmente, tendo sido a diviso administrativa do Imprio. Roma, ao contrrio do que possa parecer, no era una. Um exemplo disso que nos territrios a leste de Roma, o idioma universal era o grego e no, o latim. Tal fato se d pela permissividade com que os romanos tratavam os povos conquistados. Isso, por si, gerara uma diviso cultural que impedia um tratamento nico por parte do governo de Roma. A soluo encontrada por Diocleciano (imperador entre 284 e 305 d.C.), talvez inspirado na tradio dirquica da Repblica Romana, foi dividir o poder entre dois imperadores - ambos responsveis pelo todo - mas com prioridade sobre uma das partes. Foi o golpe que faltava para a derrocada de Roma como centro poltico do mundo. Os romanos tinham como caracterstica se deixar influenciar pelas culturas existentes nos territrios conquistados e, ao entrarem em contato com as civilizaes orientais, no houve exceo. Os prprios gregos j se haviam embebido antes dessa influncia com o fim das cidades-Estado e o surgimento do Imprio Macednico9. Para os orientais, uma Repblica algo impensvel, sendo a figura imperial preponderante e vital na organizao de uma sociedade. As sociedades orientais organizavam-se a espelho de suas crenas religiosas e viam-se como reflexo direto da ordem transcendente; a ordem do Cosmos. Nesse aspecto, o Imperador o elo entre a ordem terrestre e a celestial, do que recebe seu carter divino. Contudo, Roma nunca abdicou de suas prprias tradies, e ver na figura do Imperador - um homem - um ser divino era demasiado difcil para a racionalidade romana. No toa, no incio do sculo VI, Diocleciano mudara-se para Nicomdia (era imperador do Oriente) e sua contraparte ocidental, Maximiano, foi governar em Milo. Um imprio, mesmo o Imprio Romano, no poderia subsistir que no Oriente e no tardou para que a parte ocidental sucumbisse. Entre os anos de 476 e 800, o Ocidente romano permaneceu politicamente acfalo e, mesmo aps a coroao de Carlos Magno, a capital jamais voltou a ser Roma. A cidade imperial por excelncia era definitivamente Constantinopla.Quando Constantino - aps a adoo do Cristianismo - consegue unificar o Imprio, entendeu por bem construir uma nova capital. O lado oriental do Imprio necessitava de maiores cuidados em razo da perigosa vizinhana, bem como sua localizao estratgica colocava o Imprio de frente para o mundo. Certamente no foi a converso de Constantino ao Cristianismo que o fez estabelecer a capital do Oriente em Bizncio, rebatizando-a de Nova Roma ou Constantinopla, mas, sim, sua posio estratgica e entreposto entre o Ocidente e a sia. Todos os caminhos, de fato, no levavam a Roma, mas a Bizncio; onde comerciantes persas, chineses e indianos encontravam-se com os africanos e europeus. Da naturalmente guarnecida Bizncio, as tropas romanas poderiam deslocar-se para todo o mundo conhecido. Era apenas questo de tempo para que Constantinopla se tornasse a cidade mais importante do Imprio; levou mais de sculo, mas finalmente o Oriente se imps como o local natural para a sequncia da tradio romana.

Figura 1 Localizao de ConstantinoplaSeguramente, no foi A converso que motivou a mudana de capital, mas o estabelecimento do elemento cristo ao Imprio, de uma s vez, estabeleceu as razes do que se convencionou de civilizao ocidental algo que no diz respeito ao presente trabalho - e transformou o Imprio do Oriente em algo nico na Histria da humanidade. Afinal, como se viu, a sociedade bizantina foi construda sobre quatro alicerces: ela era tradicionalmente romana; culturalmente grega; politicamente oriental; e religiosamente crist. Era parcialmente todas, mas integralmente nenhuma, pois cada um de seus elementos influenciou a compreenso do outro. Como Roma, em Constantinopla havia o povo e o Senado, mas com conotaes bem distintas daquelas da antiga capital. Sua fora poltica era meramente residual, pois a figura do Imperador, por fora da influncia oriental, centralizava a poltica, o direito e a religio. Todavia, inexistia a figura divina do Monarca como ocorria na China e na Prsia, alm disso, o Imperador fazia parte da Igreja, mas no era a Igreja; no se confundia com ela. A nomeao do imperador bizantino passava pela aprovao do povo, do Senado e do Exrcito, mas, normalmente tratava-se apenas de uma ratificao.A vida social girava em torno do Hipdromo, em que os diferentes grupos sociais organizados disputavam corridas de cavalos. Os grupos polticos foram distinguidos pelas cores de seus carros: os azuis; os verdes; os vermelhos; e os brancos; sendo os dois primeiros os mais importantes. Tais grupos tambm formavam milcias armadas, o que sempre deixava tenso o clima na Bizncio do incio do Imprio20. A Guerra Civil era algo sempre iminente. Ela eclodiu justamente durante o imprio de Justiniano, em 532. Por pouco, no houve um golpe de Estado. A reao implacvel do imperador, apoiado por sua esposa Teodora, restabeleceu a ordem sobre os corpos de mais de 30.000 revolucionrios. Aps esse evento, Justiniano e Teodora passaram a equilibrar as aes entre os azuis (protegidos do imperador) e os verdes (protegidos da imperatriz), trazendo paz interna Constantinopla. Mas no estava na sua capacidade poltica, nem nos seus feitos militares e arquitetnicos, tampouco nas suas realizaes teolgicas a maior obra de Justiniano; foi pelo Direito que ele entrou efetivamente para a Histria.

Figura 2 Hipdromo de Constantinopla 1.2. A Era de Justiniano

O imperador Justiniano destaca-se como um dos maiores imperadores da histria da civilizao bizantina, foi durante seu governo que o imprio atingiu mximas propores, nesse perodo so institudas reformas que modificam o modelo tradicional poltico, social e econmico da poca.1.2.1. Conquistas

Justiniano constri fortalezas e castelos para firmar as fronteiras e tambm obras monumentais, como a Catedral de Santa Sofia. Ocupa o norte da frica, derrota os vndalos e toma posse da Itlia. No sul da Espanha, submete os lombardos e os visigodos. Estimula a arte bizantina na produo de mosaicos e o desenvolvimento da arquitetura de igrejas, que combina elementos orientais e romanos (SANTANA et al.).

Figura 3 Conquistas do reinado de Justiniano1.2.2. Cisma do Oriente

Em 391, o imperador Teodsio - o mesmo que dividiu o Imprio Romano em oriental e ocidental - tornou o cristianismo a religio oficial do Estado. O Imprio Romano do Oriente manteve como credo oficial a religio crist, porm, aos poucos, a Igreja Catlica do Oriente foi se diferenciando da Igreja Catlica do Ocidente. Um dos fatores que contriburam para isso foi o fato de o papa, autoridade mxima do catolicismo, viver em Roma e de l comandar toda a Igreja. O Imprio Bizantino tinha seu chefe religioso em Constantinopla, o patriarca, que deveria prestar obedincia ao papa. No entanto, o patriarca dirigia a religio do Imprio Oriental de forma independente. Os desentendimentos entre o papa e os patriarcas eram constantes. Alm dos contrastes na forma de pensar do Ocidente (influenciado pela cultura romana) e do Oriente (influenciado pelas culturas grega, macednica, rabe e persa), havia a diferena de idiomas - latim no Ocidente e grego no Oriente -, e mais as diferenas nas prticas e cultos religiosos. Tudo isso levou a um crescente distanciamento entre as duas igrejas. Os imperadores bizantinos reinventaram, em toda a sua extenso, o poder de origem divina, tpico do antigo Oriente. E, sobre bases crists, reuniram o poder espiritual (do papa) e o poder poltico (de Csar) nas mos do imperador. o chamado Cesaropapismo. evidente que o cesaropapismo foi de encontro ao poder do papa romano e as divergncias entre a cristandade ocidental e oriental foram se acentuando e se acumulando. Alis, muitos outros conflitos sociais e polticos do Mundo Bizantino acabaram se expressando na esfera religiosa. que a unificao do poder temporal e espiritual acabou por transferir para a esfera poltica as divergncias teolgicas e travestir de religiosidade conflitos social e polticos. As divergncias teolgicas entre o papa e os imperadores bizantinos, na verdade refletiam na existncia de dois mundos distintos e irreconciliveis.Foi no segundo milnio que as diferenas e enfrentamentos se acentuaram. No ano de 1043 assumiu a Igreja Bizantina o patriarca Miguel Cerulrio, sob sua liderana foi desenvolvida uma campanha que pregava contra as Igrejas Latinas na cidade de Constantinopla. O combate proposto pelo novo patriarca envolvia questes teolgicas que versavam sobre o Esprito Santo. Anos mais tarde, em 1054, Roma providenciou o envio do Cardeal Humberto Constantinopla para tentar entender a crise e solucionar o problema. Entretanto a crise entre os cristos j havia tomado lugar, como resultado da discusso o Cardeal Humberto decidiu por excomungar o patriarca Miguel Cerulrio. O ato do Cardeal foi entendido como extensivo a toda a Igreja Bizantina, que por sua vez reagiu excomungando o papa Leo IX. Configurava-se o Cisma do Oriente, tambm chamado de O Grande Cisma do Oriente, que daria origem Igreja Ortodoxa, no Oriente, e a Igreja Catlica Apostlica Romana, no Ocidente.Vrias foram as tentativas de reunificar a Igreja, dentre as quais cabe destacar os Conclios Ecumnicos de Lyonem 1274 e de Florena em 1439. Por alguns momentos as duas Igrejas estiveram reunidas novamente, mas sempre por muito pouco tempo. A separao fez com que a cidade de Constantinopla fosse tomada pelos otomanos em 1453 resultando na dominao do Imprio Bizantino por muito tempo. Somente no dia 7 de dezembro de 1965 que o papa Paulo VI e o patriarca Atengoras I tentaram aproximar as duas Igrejas novamente levantando a questo das excomunhes, que por sua vez foram retiradas no ano seguinte por ambas as Igrejas.Na prtica os ortodoxos seguem sacramentos tpicos da Igreja Ocidental, mas no acreditam na existncia do purgatrio ou na infalibilidade do papa. Trata-se de outra corrente religiosa dentro do cristianismo e dentro do prprio catolicismo, s recentemente as duas partes retomaram os dilogos tentando de alguma forma sanar o Cisma.1.2.3. O Direito

Segundo SANCHOTENE (2010), nas sociedades humanas mais simples, tudo o que se conhece est intimamente ligado natureza e a algo sobre esta, do que o nico que sabe que se desconhece. Tal desconhecimento preenchido por mitos cosmolgicos, que explicam o mundo e o homem25. O homem se v, nessas sociedades, como algo integrante e no-independente do mundo: ele tanto faz parte do mundo como o mundo faz parte dele. Essa viso de mundo tem conseqncias diretas ao Direito que regula essa sociedade afinal, o Direito tem sua funo no ordenamento concreto da sociedade27. Este, pois, nessas sociedades, tende a ser ritualstico, formular e religioso28. Como o homem est intimamente ligado ao Universo, seus atos encontram correspondncia na natureza, ao mesmo tempo em que so influenciados por ela. normal utilizar-se de fatos naturais como elementos integrantes do Direito: o tempo, os animais, as plantas, as guas, o fogo, o corpo, etc.O Direito Romano no escapou dessa influncia, seja nos seus primrdios30; seja em momentos de crise, quando em contato com o Direito brbaro, aps a queda do Imprio Romano do Ocidente. Entretanto, na medida em que a sociedade romana foi tendo outra compreenso de si mesma e de seu lugar no mundo, o Direito Romano modificou-se, afastando os elementos msticos e supersticiosos. Quando o homem passa a compreender-se como parte autnoma da natureza, presente, mas no integrante, o seu Direito tambm muda para expressar essa nova Ordem, como ocorrera nas plis gregas no final do perodo helenstico (pela Filosofia) e em Israel (pela Revelao)32. Mas, como se viu, a sociedade romana seguia redescobrindo-se e a converso do Imperador Constantino acrescentou-lhe um novo elemento: o cristianismo. Todavia, a mudana de capital e as graves crises internas poderiam sepultar o Direito Romano como se conhecia no fosse o trabalho restaurador de Justiniano33. Assim, se Constantino o responsvel pela absoro do cristianismo pelo Imprio Romano, Justiniano , de fato, quem definiu qual o grau de influncia que essa exerceria no Direito, alterando de maneira definitiva a compreenso romana do que o Direito.Ao consolidar o Direito Romano como o vigente no Imprio, Justiniano transformou a sociedade bizantina e consequentemente, o seu Direito em algo nico, diferente a tudo o que o mundo conhecia anteriormente. tentador falar em evoluo, mas isso pareceria darwinista em demasia35. O melhor termo para exemplificar as mudanas seria sobreposio. Aos modelos anteriores foi sobreposta essa nova Ordem do Imprio, porm permanecendo caractersticas das anteriores. Justiniano, por exemplo, congregou os elementos da razo, presentes na filosofia grega e romana, e da Revelao, herdados do Judasmo pelo Cristianismo, como fontes autoritativas de Ordem. A Ordem Imperial, portanto, baseava-se em trs fontes: o Poder, a Razo e a Revelao36. Por essa razo, os legisladores por mais poder que tivessem no agiam como ditadores de um regime totalitrio moderno. O fato que esses estavam todos limitados por fontes externas de autoridade. Como bem resumiu o Imperador Leo III (717-741), o poder legislativo imperial encontrava limites nas Sagradas Escrituras, nas decises dos Snodos e Conselhos, e no Direito Romano37. O Imperador que no observasse tais normas no estaria legislando, mas descumprindo a Lei. Essa compreenso do Direito foi totalmente perdida na modernidade, principalmente aps as codificaes, em que a principal fonte autoritativa do Direito passou a ser o Poder e apenas o Poder, fosse o poder do prncipe ou do povo. O Direito Moderno perdeu totalmente suas razes romnicas, sendo representante de uma Ordem distinta daquela estabelecida no Imprio Romano e no Ocidente. Hoje, o Direito encontra-se em crise, situao com que Justiniano se deparou ao se tornar Imperador em 527.

1.3. Decadncia do Imprio

Segundo SANTANA et al., depois da morte de Justiniano (565), o imprio enfrentou um lento processo de decadncia. Seus sucessores no tiveram fora poltica para manter a unidade de todo o territrio conquistado. Isso facilitou a invaso de povos vizinhos e, aproveitando-se dessas invases, outros povos, dominados por Bizncio, realizaram revoltas que contriburam para tumultuar ainda mais a situao do imprio.Nos sculos VII e VIII, os invasores conseguiram reduzir bastante o tamanho do imprio bizantino no Oriente Mdio, ao norte da frica e na Europa. Mesmo reduzido, o imprio persistiu como guardies da cultura ocidental numa regio dominada por povos orientais.Em todo tempo de sua existncia, o imprio bizantino esteve sempre envolvido em lutas com invasores estrangeiros, em brigas religiosas e em lutas internas com invases estrangeiras. No ano de 1453, ele foi definitivamente conquistado pelos turcos otomanos, tendo como consequncias: a desestruturao econmica, a falta de apoio da igreja catlica e sua regresso territorial gradual, que marcou o fim da Idade Mdia.Com Constantinopla sob domnio muulmano, o comrcio entre Europa e sia declinara subitamente. Nem por terra nem por mar os mercadores conseguiriam passagem para as rotas que levavam ndia e China, de onde provinham as especiarias usadas para conservar alimentos, alm de artigos de luxo, e para onde se destinavam suas mercadorias mais valiosas.Desta forma, as naes europias iniciaram projetos para o estabelecimento de rotas comerciais alternativas. Portugal e Espanha se aproveitaram sua posio geogrfica junto ao Oceano Atlntico e frica para tentar um caminho para chegar ndia. Desta forma, os europeus chegaram ao continente americano, dando incio ao processo de ocupao do Novo Mundo. As duas naes, outrora sem muita expresso no cenrio poltico europeu, se tornaram no sculo XVI as naes mais poderosas do mundo, estabelecendo uma nova ordem mundial.2. Imprio Islmico2.1. Origem

Surgiu na idade media em 610, na pennsula arbica, regio com povos nmades (pastores e comerciantes, politestas). Maom supostamente teve um sonho em que encontra o anjo Gabriel, ganhando uma misso, criar uma religio a Deus, portanto, a partir deste suposto sonho, Maom cria uma nova religio, o Isl, cultuando um nico Deus, Al.Com esse surgimento, Maom consegue converter uma boa parte da populao rabe, criando assim uma nao (Arbia Saudita). 2.2. Hgira

Ocorreu quando Maom, logo aps ter recebido a revelao divina, foi obrigado a se deslocar da cidade de Meca para a vizinha Medina, uma vez que os habitantes daquela cidade no foram, em um primeiro momento, sensveis pregao do profeta. Tal deslocamento (ou "fuga", segundo alguns), recebeu o nome de Hgira, e revestiu-se de tamanha importncia que acabou marcando o incio do calendrio islmico; Assim, o ano de 622 do calendrio cristo o Ano I da Hgira no calendrio muulmano.2.3. Jihad

dividida entre Jihad Maior e Jihad Menor, a primeira definida como uma luta do prprio individuo pelo domnio da alma, j a segunda definida como uma luta para difuso do islamismo.A ideia de guerra foi criada pelos europeus, como a expresso de Guerra Santa.2.4. Sucesso de Maom

O profeta Maom faleceu sem deixar instrues de como a sua sucesso deveria ser feita. Alguns muulmanos defendiam que Ali ibn Abi Talib, primo do profeta e genro do profeta, deveria assumir o posto de lder poltico-religioso, mas a maior parte da Ummah, como chamada a comunidade muulmana, optou por ter Abu Bakr, um dos sogros de Maom, como seu califa. O governo de Abu durou apenas dois anos e foi marcado pelas tentativas de reconquistar os povos que, aps morte de Maom, buscaram voltar independncia.Abur Bakr indicou Umar Ibn Al-Kattab, um dos primeiros seguidores de Maom, para seu sucessor e este governou entre 644 e 656 e durante esse perodo expandiu oterritriodo Imprio rabe, conquistando a Sria, aPalestina, o Egito e boa parte da Prsia.O terceiro califa, Uthman Ibn Affan, comeou seu governo em 644. Foi nesse perodo que o texto oficial doAlcorofoi confeccionado e o Imprio rabe aumentou ainda mais o seu domnio, conquistando completamente a Prsia, e grandes pores da sia Menor e do norte da frica.As propores territoriais enormes do Imprio rabe dificultaram a administrao e a corrupo comeou a ser frequente nas elites rabes. Essa situao fez com que um grupo de pessoas que defendiam o primo e genro de Maom, Ali Ibn Abi Talib, como califa ganhasse mais adeptos. Uthman foi assassinado durante esse perodo e Ali se tornou o quarto califa.Os partidrios de Uthman acusaram Ali de ter praticado o assassinato e diante disso surgiram dois partidos polticos inimigos que existem at hoje: os xiitas e os sunitas.

2.5. Extenso

Figura 4 Extenso do imprio islmico.2.6. Xiitas e Sunitas

Os xiitas seguiam os mandamentos apenas do Coro, apoiando Ali e defendiam a ideia de que apenas familiares do profeta deveriam governar o povo muulmano. J que era esperado que ele fosse tambm um guia espiritual para o povo. Os sunitas seguiam os mandamentos da Suna e do Coro, afirmavam que Maom j havia feito toda revelao divina e que, por isso, o califa no precisava ser um guia espiritual.

2.7. Decadncia do Imprio

A criao das vertentes do islamismo, xiitas e sunitas, enfraqueceu o poder religioso, logo se torna um dos pontos chaves para a queda do imprio.Administrar o Imprio foi se tornando cada vez mais difcil e o Califa no conseguia mais concentrar o poder todos nas prprias mos. As provncias comearam a se desmembrar e no sculo XIV o Imprio rabe no existia mais.

3. Imprio Mongol3.1. Antes do Imprio3.1.1 Vida nas plancies

Os mongis antes do sculo XIII habitavam a regio que compreendia ao sul o rioKerulene ao norte orio Onon, e entre os dois, as montanhasBurqan Qualdun, consideradas at hoje como local sagrado. A maior parte do territrio da Monglia formada por planaltos e estepes, alm de possuir algumas cordilheiras, especialmente na parte norte do pas. Nos vales destas montanhas existem florestas deconferasou florestas de pinheiros, lar de algumas tribos seminmades. No obstante, ao sul do pas encontram-se as terras ridas doDeserto de Gobique marca a fronteira entre a Monglia e a China. Os mongis se organizavam em tribos chamadasulus, asuluseram formadas por cls, sendo que um destes cls era o cl governante da tribo, o lder era chamado debahadur. A maioria dos cls era nmade, eram chamados deayils. O territrio destas tribos, chamado deyurte, podia abranger vriosquilmetros quadrados, e possuir vriosayilssob seudomnio, liderado por umbahadur, e em alguns casos, dependendo do tamanho do territrio e da influncia do chefe, ele passava a receber o ttulo dekhan(senhor).Contudo, era comum os cls entrarem em briga um com os outros, ento, perseguies, assassinatos, sequestros, traies, era algo comum na vida de um mongol da Idade Mdia.Essencialmente eles viviam da caa, da pesca, da coleta e do pastoril, no praticavam a agricultura devido infertilidade do solo para o plantio e as condies frias das estepes. Assim, os mongis que habitavam as florestas, viviam basicamente da caa, da coleta e da pesca, e em alguns casos no exerciam o pastoril. J os mongis das estepes, tambm caavam e coletavam em raras vezes, e viviam mais do pastoril. Eles criavam rebanhos de cabras, carneiros, camelos, as vezes de vacas ou iaques, e, claro, de cavalos.Alm destes animais, eles tambm criavam cachorros.A religio dos mongis nesse tempo e por muitos sculos fora oxamanismo. Xamanismo um termo genrico para se referir a prticas medicinais, mgicas, fetichistas, animistas, entre outras. Nesse caso, o xamanismo era cultuado e seguido por distintos povos da sia, Europa, Amricas e frica. Possuindo suas prprias particularidades. Neste caso, geralmente o xam uma mistura de mago, curandeiro e sacerdote, logo, em algumas culturas ele visto como o intermedirio entre os homens e os deuses, possuindo poderes mgicos e at profticos, como a vidncia. Os xams poderiam ser homens ou mulheres, era temido por alguns, ou vistos com respeito por outros.

3.2. Incio do Imprio Mongol3.2.1 Genghis Khan

Antes de Genghis Khan, outroskhanstentaram unificar as tribos mongis, mas falharam muitas vezes, mas em1206, aps dez anos de guerras, Genghis, conseguiu unificar a poro oriental da Monglia e a poro ocidental, unificando todas as tribos atravs de clemncia, honrarias, crueldade e medo. Assim, no ano de 1206, um novoQuriltayfora convocado e os senhores mongis decidiram conceder a Genghis Khan o ttulo dekagan(imperador). A Monglia fora unificada e o imprio nascia.Seu primeiro alvo, ele escolheu atacar alguns velhos inimigos dos mongis, a Dinastia deKinouJin(tambm conhecida como Jurchen), formada por invasorestungusesvindos da Monglia e da Rssia.Em 1207 ele marchou para o sul em direo ao Imprio Tangut ou Si Hia, depois de alguns meses de batalha, em 1209 ele subjugou o imprio, o rei havia decretado rendio, contudo o imprio s seria conquistado totalmente em 1226, devido ao fato de haver focos de rebelio no local. Concludo a conquista dos tanguts, ele retornou para a Monglia a fim de se preparar para invadir osdomniosdos Jin. Os ataques comearam em 1211 e se prolongaram at 1217, mas, em1214, a capital do imprio,Pequimfora sitiada, e aps um cerco de vrios meses, o imperadorTaizudecretou rendio, mas ao mesmo tempo aproveitou para fugir. Ele refugiou-se no sul do imprio, fato este que o Imprio Jin s seria conquistado na sua totalidade aps a morte do Grande Khan. Em resposta a fuga do imperador, Genghis Khan ordenou que Pequim fosse pilhada e incendiada em1215.Em 1212, decidiu conquistar o imprio doCanato de Kara Khitai, mas para se chegar ao canato passasse peloCanato dos Uigures, governado pelos turcos uigures, os quais eram favorveis a aliana com os mongis.

O Grande Khan, enviou o seu generalDjebpara resolver este problema, em 1218, Djeb subjugou o Canato de Kara Khitai, executando o traidor e anexando os dois canatos ao Imprio Mongol. Os canatos compreenderiam nos dias de hoje, parte do territrio da China e os territrios doTurcomenisto, Tadjiquisto,QuirguistoeCazaquisto.Ainda em 1218, ele tentou fazer alianas com o prsperoSultanato de KhwarezmouImprio Carisminiano, regido pelo sultoMohammed Chah. Contudo, desentendimentos gerados entre o governador com os mongis, levou o Grande Khan a declarar guerra ao sulto. Assim, de 1218 a 1221 batalhas se seguiram, sendo lideradas pelo prprio Genghis Khan, pelos seus filhos, alguns netos e seus generais Djeb eSubotei.Nesses pouco mais de trs anos de guerra, alguns historiadores persas, relataram na poca que pelo menos 1 milho de persas foram massacrados na guerra. De fato, as campanhas na China e na Prsia foram as mais sangrentas do governo de Genghis Khan, as hordas agiram com tamanha brutalidade e sanguinolncia, fato este que levou o Ocidente a v-los como brbaros e a passar a ter medo do Senhor da sia, Genghis Khan.Em18 de agosto de 1227, o Senhor da sia, o Imperador do Mundo, veio a falecer, as causas ainda so incertas, mas o Grande Khan fora sepultado com honrarias, prximo aoMonte Kenteina Monglia, embora que seu tmulo at hoje no fora encontrado. Genghis Khan unificou os mongis, lhe deu leis e um Estado, e tornou simples cavaleiros arqueiros numa "mquina de guerra" que abalou a sia medieval. 3.2.2. Ps Genghis Khan

Antes de sua morte, Genghis Khan j havia sabiamente escolhido seu sucessor e designado as possesses de seus de mais filhos. Em fevereiro de 1227, Djothci faleceu em batalha na China, assim seusdomniosficaram para seu filho Batu.Batu Khan se tornou o governador das regies que compreendiam o sul da Rssia, incluindo oReino dos Blgarosem volta dorio Volgae o outrora pequeno reino turco deKyptchak(nessa poca a Rssia nopossuaa dimenso que conhecemos hoje e era composta por vrios pequenos Estados). O segundo filho de Genghis, Djaghatai Khan, ficou responsvel pelo governo da sia Central, compreendendo o antigo Canato de Kara Khitai e parte do Sultanato de Khwarzm. Ogodei Khan, o terceiro filho, ficou com as regies que compreendiam o Canato dos Uigures e o antigo pas dos Naimans, a noroeste da Monglia. Finalmente o caula, Tolui Khan, ficou responsvel pelo restante do imprio.Ogodei daria continuidade ao trabalho iniciado pelo seu pai, e expandiria ainda mais os limites do imprio, chegando de fato a Europa Oriental. Alm disso, ele tambm procurou estabilizar asprovncias, as finanas e a ordem.Em 1236, Ogodei, o qual ainda se ocupava com a fracassada empreitada no sul da China, ordenou que Subotai e outros generais, seguissem marcha com Batu Khan a fim de se conquistar a Rssia. Entre 1236 e 1237, o Reino daBulgria no Volgafora conquistado de vez, ainda e 1237, os turcos de Kyptchaks foram destrudos, com as duas vitrias, o sul da Rssia estava praticamente sem defesas. Batu e Subotei continuaram a seguir para o Oeste, e ainda no ano de 1237, as cidades deMoscovo(atualmente Moscou), Soudzal,Wladimir,Jaroslav, foram tomadas e saqueadas.Em 1241, Com a vitria sobre a Ucrnia, os mongis marcharam sobre a Hungria e no comeo de abril as tropas de Subotei confrontaram os exrcitos do rei hngaro Bela IV, seus exrcitos foram derrotados e o rei fugiu do pas. Os soldadoshngarossubjugados foram degolados. Ainda no mesmo ano, os mongis continuam com seu avano frentico e tempestuoso sobre a Europa, eles chegam prximas as cidades deVienaeNatal(hoje ambas na ustria), dali, seguem para o sul e chega aoMar Adritico, a poucos quilmetros da Repblica de Veneza.No ano de 1241, Ogodei Khan veio a falecer, e a escolha de um herdeiro era cogitada. Dessa forma Subotei e Batu tiveram que suspender as campanhas na Europa e retornar rapidamente para o Oriente, para participar da escolha do prximo imperador." nesse momento que a noticia da morte de Ogodei salvar a Europa do perigo maior que se delineia a leste". (CONRAD, 1976, p. 220).Em1251, oQuriltayvotou a favor da escolha de Mongka Khan como novo imperador. Mongka no realizou grandes conquistas em seu governo, de fato, ele continuou a empreender as campanhas para se tentar conquistar o Imprio Song. Porm ele priorizou a manuteno do imprio e conseguiu que outros Estados que no estavam totalmente sob o controle mongol se tornassem seus tributrios como forma de no serem invadidos. Alm disso, Mongka, anos antes, havia participado ao lado de seu irmo Guyuk e de seu primo Batu, nas campanhas de conquista da Rssia, dos blgaros e na Polnia, de fato, eles eram considerados veteranos de guerra.Enquanto Mongka cuidava da parte administrativa e das campanhas na China, os outros khans governavam o restante do imprio, e nesse caso nessa poca o khan responsvel pela Prsia, era o irmo do imperador,Hulagu. Hulagu tinha pretenses de aumentar os dominios do imprio, j nessa poca, ele havia empreendido campanhas nos atuais territrios do Arzebaijo e Gergia, agora sua ateno se voltava para sudoeste, em direo aoCalifado de Bagdo qual pertencia a poderosaDinastia dos Abssidas, os quaispossuamterritrios pela sia, frica e na Peninsula Ibrica (Portugal e Espanha). Contudo, naquele momento o califado era o alvo em questo. Ascampanhasse seguiram pelos anos seguintes, e finalmente em1258, as tropas de Hulagu Khan sitiaram Bagd, a cidade fora invadida, saqueada e destruda, as tropas de defesa foram executadas sem misericrdia, e parte da populao fora escravizada. Historiadores persas apontam que cerca de 90 mil pessoas foram mortas naquela batalha que duraram trs dias.Kublai tenta invadir o Japo em 1274, mas no consegue e indignado com a derrota, ordenou a execuo dos rebeldes e dos generais e comandantes incompetentes. Ele passou imediatamente a preparar uma nova expedio, sua ideia era partir em 1275, mais atrasos, acabaram levando a expedio a ocorrer apenas em 1281. Nessa poca, os japoneses tiveram tempo de se preparar para o prximo confronto, eles aumentaram o contingente militar, construram muralhas e fortalezas em pontos estratgicos, j esperando o prximo ataque mongol. Devo lembrar que embora o Japo fosse um imprio, nessa poca ele vivenciava seu perodo feudal, logo, os daimyos(senhor feudal)possuammaior autonomia e autoridade do que o prprio imperador. Dessa vez Kublai enviou uma frota maior e mais homens para a batalha, porm a frota chinesa acabou tendo alguns dias de atraso para sair e demorou a se unir com o restante docontingenteque aguardava na costa japonesa deKyushu. Porm, para azar dos mongis e de seu exrcito chins, um tufo varreu aquelas guas, e muitos dos barcos e pequenos navios afundaram, matando milhares de soldados. Os japoneses viram aquele tufo como uma ajuda divina e o batizaram deKamikaze"deus do vento". A frota mongol parcialmente destruda e abalada moralmente, bate em retirada. Kublai acabou desistindo de tentar uma terceira expedio.Kublai fora sucedido porTemur Oljeitucomo imperador da China, j que o imprio propriamente falando se fragmentou. Aps a sua morte, nenhum outro imperador fora eleito, por vrios anos seguintes, embora que o imprio ainda sobrevivesse sob os governos dos khans e dos imperadores da Dinastia Yuan, a qual perdurou at o ano de 1368.

3.3. Queda do Imprio

O Imprio Mongol comeou a declinar no sculo XIV. A dinastia Ming dominou a China por volta de 1368. Em 1380, um grupo liderado por russos derrotou a Horda de Ouro.O ltimo imperador mongol importante foi Timur Lang, ou Tamerlo, que morreu em 1405. Suas conquistas abrangeram desde a ndia e a Rssia at o mar Mediterrneo. Mas o imprio de Tamerlo acabou em 1506. Por fim, o vasto Imprio Mongol ficou reduzido terra original dos mongis e a pequenos reinos esparsos.Os mongis perderam o poder em parte devido ao modo como governavam seus territrios. Uma vez que dependiam de pessoas locais para governar no dia a dia as terras conquistadas, os imperadores mongis deixaram escapar das mos o controle de seus domnios.4. Imprio Chins

Em decorrncia das invases sofridas, a China foi dividida em reinos feudais independentes no perodo compreendido entre os sculos III e IV. Neste tipo de reino, o rei desempenhava a funo de chefe religioso e aos nobres cabia a responsabilidade de defender o territrio contra as invases estrangeiras.4.1. A Dinastia Sui

Os imperadores Tang foram precedidos por uma efmera, mas eficaz dinastia, os Sui, que formaram uma base unificada sobre a qual os Tang puderam construir. Os Sui tiveram apenas dois imperadores, o segundo dos quais recebeu fama de mau carter nas histrias tradicionais, pelo fato de ser o ltimo de uma dinastia fadada a ser substituda. Mas, de fato, os governos dos dois imperadores Sui e os dos primeiros Tang mostram uma continuidade construtiva. Sob os reinados Sui, a Grande Muralha foi ampliada, abriram-se canais de irrigao e palcios foram erigidos em Changan e Luoyang. O mais importante de tudo, o controle chins comeou a ser reafirmado na sia central. Os Sui dilataram tambm seu poder na direo do sul mas depararam com dificuldades na Coria (MORTON, 1986).4.2. A Dinastia Tang

Os reveses na Coria e insurreies camponesas mais perto de casa abriram o caminho bem-sucedida usurpao do trono pela famlia Li, aristocratas do Noroeste que tinham ligaes passadas com os "brbaros". Apoiados por aliados turcos, eles tomaram Changan e fundaram em 618 a dinastia Tang. O pai tornou-se o primeiro imperador com o ttulo de Gao Zu, "Alto Progenitor", sendo sucedido por seu filho, o verdadeiro instigador da aventura, em 626, como Tai Zong, "Esplndido Ancestral".A ancestralidade Li um indicador daqueles fatores que possibilitaram as conquistas militares na sia central, sobre as quais se alicerou a grandeza Tang. A liderana durante os primeiros Tang, em ntido contraste com a dos Tang posteriores e os Song, proveio das velhas famlias do Noroeste da China, imbudas de tradio guerreira, homens de ao, criadores de gado, amantes de cavalos, acessveis ao contato com os nmades da estepe, a quem muitos deles estavam vinculados pela ancestralidade. Essas famlias forneceram o corpo de oficiais, a cavalaria decisiva na guerra na sia central, e os membros da guarda de elite do palcio. Eram apoiados nas fileiras por grande nmero de fu-bing, ou milicianos, que eram usados como infantaria, guardas de fronteira, tropas de apoio, mensageiros, destacamentos para a obteno de forragem etc. A milcia, nos primeiros tempos, tinha sido limitada a famlias que se especializavam na prtica de armas; contudo, o sistema foi ampliado sob os Tang a todo o campesinato, como parte de suas obrigaes tributrias. Os Tang tambm usaram colnias militares de famlias cujos homens combinavam as funes de soldado e de agricultor, sendo colocados em postos estratgicos das fronteiras. Por fim, os Tang dependiam substancialmente de tropas nmades sinicizadas, as quais formavam uma excelente cavalaria, e de aliados como as tribos uigures, que abandonaram suas ligaes com a confederao turca ocidental e se tornaram leais defensores dos Tang por um longo perodo.Fortalecidos por um esprito confiante, e apoiados num sistema militar como o que acima se descreveu, os imperadores Tai Zong (626-649) e Gao Zog (649-683) puderam derrotar o Imprio Turco Oriental, reduzir a bacia do Tarim a controle chins, fazer do Tibete uma dependncia e at interferir com xito em assuntos indianos. O poder chins foi ampliado para alm do macio do Pamir e a suserania estabelecida sobre o vale do Oxo e o moderno Afeganisto. Em 657, o Imprio Turco Ocidental (assinale-se que a Turquia moderna no a mesma rea) caiu diante de uma combinao de chineses Tang e uigures. Os coreanos tinham rechaado os Sui e depois os primeiros ataques Tang, mas a totalidade do pas foi colocada finalmente sob domnio chins em 668, com o reino de Silla, um aliado chins, como potncia local dominante. O Vietn do Norte, sob o nome de An-nan (Annam moderno) ou "Pacificar o Sul", converteu-se em um dos protetorados militares e administrativos dos Tang.Sem o cavalo, a mobilidade atravs das imensas distncias da sia central teria sido impossvel. A criao Tang, como nas figuras funerrias em magnfica cermica esmaltada que so peas favoritas dos colecionadores, era o resultado do cruzamento de cavalos das regies perifricas da China com raas oriundas da regio do Oxo e do Oriente Mdio; eram exemplares mais altos e mais esguios do que os pequenos e resistentes garranos mongis, dos quais dependeriam mais tarde os conquistadores mongis. As classes altas no Imprio Tang eram apaixonadamente dedicadas a atividades eqestres, e o jogo de plo, importado do Ir, estava em moda na capital, Changan. At damas da corte o praticavam. O governo criou haras especiais para fins militares e o nmero de montadas cresceu rapidamente de 5 mil no comeo da dinastia para 700 mil animais 50 anos depois. Durante o perodo Tang posterior a situao deteriorou-se com a chacina dos reprodutores por uma invaso tibetana em 763. O Estado teve ento de comprar 30 mil guas de criadores particulares para reconstituir as coudelarias imperiais. Aos uigures foi concedido o privilgio do comrcio oficial de cavalos para o Estado, em troca de sua ajuda militar contra os tibetanos, mas consta que teriam ludibriado o governo chins, fornecendo-lhe reprodutores de raa inferior. (Mais tarde, durante a dinastia Ming, Realizou-se um comrcio regular em que o ch chins era trocado por cavalos nmades).4.3. Interao com Outras Culturas

O intercmbio com a sia central no se limitava, evidentemente, aos negcios de cavalos. Os meios fsicos para manter contatos e receber influncias do estrangeiro eram numerosos, proporcionados por caravanas de mercadores, misses tributrias dos Estados dependentes, peregrinos budistas e embaixadas oficiais. O ponto vital era que a atitude aberta que apreciava a interao com outras culturas tambm esteve presente nos primeiros Tang, num grau jamais repetido em sculos subseqentes. A moda nesse perodo, entre as classes altas, era acolher com entusiasmo elementos centro-asiticos, indianos, persas e outros na arte, no vesturio, na decorao, msica, dana e culinria. Provas interessantes dessa tendncia encontram-se nos objetos, incluindo instrumentos musicais, cermica e trabalhos em metal do perodo Tang inicial e de origem no-chinesa, ainda preservados no Shosoin, um tesouro presenteado ao templo Todaiji em Nara pela viva de um imperador japons em 756.

Como prova cabal da existncia de religies estrangeiras durante a dinastia Tang existe a estela erigida em Changan em 781, onde aparecem registrados em chins e siraco alguns fatos relativos Igreja Nestoriana na China.

Um bispo cristo, Nestrio (foi morto c. 451), tinha 'sido condenado por heresia, embora suas diferenas com a f ortodoxa fossem leves. Seus adeptos fundaram a Igreja Nestoriana, com uma forte base no Ir, nos sculos V e VI. Os esforos missionrios estabeleceram ncleos nestorianos na Arbia, ndia (costa do Malabar) e Turquesto. A f manteve-se por muitos sculos na Monglia e sia central. Foi introduzida na China em 631 por um persa chamado Olopan (tambm grafado Alopen), e permisso imperial foi concedida mais tarde para a pregao e ereo de igrejas. Adeptos do Zoroastrismo (ou Masdesmo) e do Maniquesmo tambm existiam na China durante a era Tang. A grande perseguio religiosa de 841-45, que debilitou severamente o Budismo, ps fim a essas trs comunidades religiosas. O Judasmo e o Islamismo, entretanto, continuaram sobrevivendo na China.

Os japoneses, coreanos, povos da sia central e sul-oriental, bem como de outras regies, estavam, por sua vez, recebendo influncias culturais da brilhante corte Tang e incorporando-as aos seus prprios estilos de vida; as trocas eram recprocas. Os visitantes estrangeiros devem ter sido imensamente impressionados com a exibio e a pura extenso de poder, riqueza e refinamento dos Tang. Veriam, por exemplo, as viagens oficiais do imperador, quando este realizava giros de inspeo, para impor sua autoridade e fiscalizar a conduta de funcionrios regionais. Ele era acompanhado por regimentos da guarda montada palaciana, altos funcionrios com seus prprios sqitos, um numeroso harm com respectivos eunucos e escravos, baixelas de ouro e prata, porcelanas, tapearia de incalculvel preo e todos os atavios da corte imperial. Os desfiles de homens, mulheres, carroas e carruagens levavam com freqncia vrios dias para passar num nico lugar. Os japoneses, notadamente, enviaram China muitas embaixadas, incluindo monges e intelectuais em seu pessoal, durante um longo perodo de 607 a 838, a fim de descobrirem e adotarem o que julgassem aproveitvel na caligrafia e arte chinesas, no pensamento budista e confucionista, e nos procedimentos administrativos e legais [Ver W. Scott Morton. Japan: Its History and Culture, pp. 17ss.]. Ainda maior foi a dvida dos coreanos para com a China, a partir do sculo III a.C. e prosseguindo substancialmente durante as dinastias Hang e Tang.

Entre os produtos e invenes exportados para o Ocidente durante o perodo Tang havia dois sem os quais a existncia do mundo moderno, tal como o conhecemos, inconcebvel: o papel e a impresso. O longo intervalo de tempo na transmisso pode ser visto no quadro anexo. possvel que a inveno da impresso, a partir do tipo mvel, tenha ocorrido independentemente na Europa do sculo XIV . Mas os chineses j vinham imprimindo com blocos de madeira desde, pelo menos, o incio do sculo VIII, e com tipos mveis desde o sculo XI. No h dvida alguma de que a inveno do papel viajou para oeste a partir da China, onde ele estava em uso corrente desde o sculo II d.C. Pensou-se, em dado momento, que o papel de trapo era uma inveno europia, mas ficou mais recentemente estabelecido que os primeiros papis na China, remontando a, pelo menos, o sculo IV e provavelmente ao sculo II, eram feitos de trapos, tal como conhecemos o melhor papel de hoje. evidente que tambm na esfera poltica os chineses do perodo Tang tinham contatos com o mundo que se estendia a oeste deles. Esses contatos foram numerosos e de graus variveis de importncia para a China. Alguns deles j foram mencionados. Mais um exemplo pode ser dado, de significado poltico secundrio mas interessante em seu mbito geogrfico. Peroz, o ltimo monarca da dinastia sassnida da Prsia, solicitou a ajuda do imperador Tang em 661 contra as investidas do Califado muulmano Omada. De maneira talvez surpreendente, a resposta foi imediata e uma fora chinesa penetrou profundamente em direo oeste, chegando a Ctesifonte, s margens do Tigre, e reps Peroz em seu trono. O infeliz monarca, porm, foi expulso de novo e, com um ttulo palaciano honorrio concedido pelo imperador, foi encontrar finalmente abrigo na China. A corte Tang realizou mais tarde uma aliana com o califado abssida, dirigida contra os ataques tibetanos na sia central, em fins do sculo VIII.4.4. O Servio Civil

Aps este breve panorama das influncias e questes externas na era Tang, tempo de reatarmos o exame da situao interna. consolidao inicial da dinastia e sua notvel expanso militar sob Tai Zong e Gao Zong sucedeu o que se considera a idade de ouro da cultura Tang, sob Xuan Zong (712-756), tambm conhecido como Ming Huang ("O Brilhante Imperador"). Mas, nesse intervalo, a China foi governada por uma mulher, a imperatriz Wu. Personalidade impressionante mas implacvel em sua nsia de poder, ela fora uma concubina de Tai Zong e de Gao Zong. Aps a morte deste ltimo, em 683, ordenou a chacina de centenas de seus opositores e possveis rivais, incluindo vrios membros da famlia imperial Li. Wu era uma ardente budista e provavelmente contou com o apoio velado da Igreja budista quando tomou a iniciativa sem precedentes de se declarar "imperador" em 690, a nica mulher a faz-lo em toda a histria da China. No mais amplo contexto da dinastia Tang, o reinado dela reveste-se de importncia por ter promovido a seleo de funcionrios para a burocracia imperial mediante exame competitivo. Os motivos disso provinham menos de uma preocupao desinteressada com a erudio dos servidores imperiais do que de sua ansiedade em reduzir o poder da antiga aristocracia militar do Noroeste, a qual, durante os primeiros Tang, tinha exercido decisiva influncia poltica. Os letrados que participaram desses exames pblicos tornaram-se uma nova classe de pequena nobreza e, da dinastia Tang em diante, passaram a formar, a despeito de muitas vicissitudes, a espinha dorsal da classe dominante da China.A dinastia Han j recorrera a exames como um meio de seleo de funcionrios para o servio imperial, mas somente em suplementao de recomendaes, proteo e ingresso quase automtico dos filhos de altos dignitrios. O sistema de exame foi aperfeioado e geralmente aplicado durante o perodo Tang e, com vrias modificaes, continuou sendo o caminho para ingresso no servio pblico at o fim do imprio em 1911. Os Sui tinham estabelecido exames e escolas do governo para treinar os candidatos; os Tang continuaram e ampliaram o sistema, incluindo escolas nas prefeituras provinciais, em aditamento s da capital. Os exames eram administrados pelo Ministrio de Ritos sob diferentes categorias, como xiu-cai, "talento florescente", que tratava de problemas polticos: jin-shi, "letrado apresentado" (isto , apresentado ao imperador), que abrangia uma vasta gama de estudos literrios; e exames de literatura clssica, matemtica, direito e caligrafia. (Estes trs ltimos eram considerados talentos de menor importncia.) No fim, o grau jin-shi em literatura tornou-se o mais importante de todos. Os admitidos ao servio dos Tang eram principalmente os que tinham passado pelas escolas governamentais. Para os que eram bem-sucedidos nos primeiros exames e, por conseguinte, considerados qualificados para assumir responsabilidades, o Ministrio do Pessoal realizava uma outra srie de provas, escritas e orais, a fim de determinar a nomeao efetiva para um cargo.A notvel qualidade da administrao e a estabilidade do Estado chins num perodo de muitos sculos podem ser creditadas a esse sistema de concurso pblico. Foi uma tentativa sria de recrutar um corpo de servidores de elite para o governo, baseado na capacidade intelectual e no carter, e no no nascimento ou riqueza, como em tantas outras sociedades. Reavaliaremos algumas das fraquezas do sistema na poca em que o imprio se avizinhava do seu fim; mas, de um modo geral, pode-se afirmar que o esforo intelectual requerido dos aspirantes a cargos era igualado, no domnio do carter, pelo menos teoricamente e com freqncia na prtica, pela nfase confuciana sobre a moral. Foi sublinhado que uma educao geral na literatura dos clssicos preparou tanto os funcionrios imperiais chineses (quanto os ingleses) para uma administrao geralmente bem-sucedida e criteriosa. Mas nem sempre se destaca ou recordado que no apogeu da educao clssica, em ambos esses regimes, o objetivo no era a simples aquisio de saber mas o conhecimento em beneficio do carter, na esperana de se alcanar a sabedoria. O jovem aspirante a um cargo na China recebia uma educao em obras clssicas que haviam sido escritas com propsito nitidamente didtico. O escolar da Westminster SchooI lia os gregos, os romanos e a Bblia, no meramente com vistas excelncia intelectual mas para imitar os melhores, Scrates e Ccero, e evitar os piores, Nero e Cmodo (com lies ainda mais importantes da Bblia, embora essas fossem fortuitamente aplicadas). Depois, ambos os jovens, o chins e o britnico, eram admitidos, desde cedo, na administrao pblica, para controlar as vidas de milhares, com a confiana em que sua educao geral, sem o beneficio de qualquer estudo especializado, os preparara condignamente para realizarem um bom trabalho.4.5. Poesia

Quando a imperatriz Wu estava com mais de 80 anos, foi derrubada por um golpe palaciano. O poder logo foi tomado por Xuan Zong, e assim comeou seu longo e brilhante reinado. O controle chins da sia central foi, em grande parte, recuperado, quando os aliados uigures, que se haviam oposto imperatriz Wu, reataram sua obedincia casa dos Tang. Mas o reinado de Xuan Zong recordado mais por suas glrias culturais do que militares.A cidade de Changan era um soberbo cenrio para a vida da corte e para metrpole da nao. O palcio estava na zona norte, de frente para o sul no grande plano quadriculado da cidade. Os escritrios e edifcios governamentais estavam agrupados ao sul do palcio, no bairro administrativo, e no disseminados ao acaso, como na capital Han. Avenidas amplas e sombreadas por rvores cruzavam longitudinal e transversalmente o restante da rea, dentro das grandes muralhas da cidade. Os setores leste e oeste estavam divididos uniformemente, com um vasto mercado servido por transporte por canal e instalado em cada setor. As quadras que formavam o centro da cidade possuam suas prprias muralhas internas e suas portas eram fechadas todas as noites, ao toque de recolher, a fim de aumentar a segurana. Todo o plano urbano estava simetricamente concebido para corresponder s foras equilibradas do cosmo.Entre as muitas realizaes dos Tang, os prprios chineses consideram sua poesia como a mais valiosa. O prprio imperador Xuan Zong era poeta, msico e tinha um pouco de ator. Nada menos de 2.300 autores esto includos na compilao completa de poesia Tang. Os mais famosos, como Li Bo, Du Fu, Wang Wei e Gao Shi, durante o reinado de Xuan Zong, e Bo Zhuyi e Yuan Zhen, pouco depois, foram recordados principalmente como poetas, mas todos eles pertenceram classe mdia erudita e tiveram cargos na burocracia oficial. Seus poemas foram apreciados muito alm de seus prprios crculos sociais, porquanto eram cantados como baladas por jovens cortess-cantoras, e corriam de boca em boca nos crculos elegantes da capital e das provncias, e mesmo entre o povo comum. Wang Wei era tambm clebre como paisagista.

Os poemas da era ficaram conhecidos como shi, um entre muitos gneros da poesia chinesa, e obedeciam s rigorosas regras clssicas de paralelismo verbal, rima e mtrica. Eram peas curtas e lricas, algumas suficientemente longas para poderem ser consideradas poemas narrativos estilizados, mas a China nunca desenvolveu o estilo pico. O verso chins uma poesia de estado de esprito, fortemente alusiva e dependente de um conhecimento ntimo da literatura e lendas do passado. A natureza nunca est distante e referncias so constantemente feitas a flores e montanhas, rios e nuvens, pssaros e feras, embora raramente ao mar, pois os chineses so um povo amante da terra. Os temas so por vezes leves, embora tratados com relances intencionalmente breves de profundidade. A tendncia para tratar os temas srios com aparente ligeireza, dado que o poeta gosta de arvorar, pelo menos na superfcie, um ar de auto-depreciao. Arthur Waley, em sua deliciosa introduo ao livro A Hundred and Seventy Chinese Poems, sublinha que, longe de se recomendar como um heri e um amante maneira ocidental, o poeta chins uma figura simples e tranqila", que no se envergonha de escrever um poema intitulado Alarma ao Penetrar nos Desfiladeiros". Ele recomenda-se mais como um amigo do que como um amante, e so numerosos os poemas de tristeza pela despedida de amigos. Entretanto, convm ser prudente em toda e qualquer generalizao acerca da China e dos chineses. Alguns poemas de amor, impregnados de ternura, aparecem em quase todas as pocas da literatura chinesa. Existem milhares de outros, mas eis parte de um:

Uma Cano de Pura FelicidadeSeu manto uma nuvem, seu rosto uma flor;Seu balco, cintilante de puro orvalho primaveril.Ou o pico da Montanha de Jade na terraOu um teto orlado de luar do paraso.H um perfume que emana da haste mida de um boto vermelhoE uma nvoa que vem da mgica Colina de Wu impregnar o corao...Os palcios da China jamais conheceram tamanha beleza...Nem mesmo a Andorinha, com todas as suas refulgentes vestes.[Li-Bo, traduzido para o ingls por Kiang e Bynner]

Poesia e histria conjugam-se no destino pessoal do imperador Xuan Zong, pois um romance e uma tragdia que o envolveram, e se tornaram o tema de um famoso poema, acompanharam um dos eventos histricos decisivos da dinastia Tang, a rebelio de An Lushan, a qual viria afinal a assinalar um momento culminante na histria chinesa. Como a carreira militar passou a ser menos considerada pelos novos letrados do que fora pela velha aristocracia, acentuou-se uma perigosa tendncia para depender de generais de origem estrangeira para os mais importantes comandos militares. An Lushan era um deles. De ascendncia sogdiana e turca, conseguira obter o controle de trs distritos militares ao Norte da capital, em vez de apenas um, como era normal, por ter-se insinuado nas boas graas do imperador. Xuan Zong, na casa dos 60 anos, apaixonara-se por uma famosa beldade, Yang Guifei, concubina de um de seus filhos. An Lushan era uma boa companhia, e tanto o imperador como sua favorita se divertiam com esse homem intrpido e desinibido, que parecia bastante inofensivo. Yang Guifei adotou-o como seu filho e corriam boatos de que era seu amante. Mas, com a morte do poderoso primeiro-ministro, Li Linfu, An Lushan apareceu como o rival de um primo de Yang Guifei, Yang Guozhung, para ocupar aquele cargo. No conseguiu obt-lo e, quando se sentiu pronto para agir, deixou cair a mscara e, em 755, marchou sobre a capital em revolta aberta. O imperador foi obrigado a fugir mas, antes de ir muito longe, seus guardas amotinaram-se e recusaram-se a prosseguir enquanto ele no se livrasse de sua favorita. Xuan Zong, em humilhao e desespero, foi compelido a consentir que a estrangulassem. An Lushan foi mais tarde assassinado por seu prprio filho e a rebelio finalmente suprimida, aps oito anos de lutas, considervel perda de vidas e uma queda desastrosa de prestgio do governo. O incidente tornou-se o tema de um poema de Bo Zhuyi, O Eterno Remorso, no qual o fantasma de Yang Guifei aparece ao imperador.A combinao de rebelio, dificuldades fiscais e derrota em 751 do general coreano que comandava as tropas chinesas contra os rabes, na batalha de Talas, resultaram numa considervel diminuio do poderio Tang. A dinastia continuou por mais 150 anos e testemunhou uma revitalizao econmica, mas nunca recuperou sua antiga vivacidade ou aquele controle central, de importncia essencial, sobre os seus prprios generais que tinham marcado os anos anteriores crise.4.6. Crescimento Econmico

Uma das diferenas principais entre os Tang anteriores e os Tang posteriores, ou os anos que antecederam e se seguiram rebelio de An Lushan, situa-se na esfera da economia e tributao. A nfase incidiu sobre as realizaes militares e culturais da dinastia, mas as primeiras teriam sido impossveis e as segundas improvveis sem aquele perodo de mais de um sculo anterior rebelio, quando existia um equilbrio favorvel no tesouro. Slidas bases tributrias tinham sido estabelecidas pelos Wei setentrionais e mantidas pelos Sui, mediante o que foi chamado de sistema de "campo igual", o qual foi refinado e desenvolvido pelas autoridades na dinastia Tang. O sistema baseava-se na concepo tradicional de controle governamental de pessoas, e no de bens. Os impostos em espcie e o trabalho compulsrio eram avaliados per capita, e no por acre. Mas, a fim de habilitar os camponeses a pagarem esses impostos e impedir que fossem absorvidos pelas propriedades dos grandes latifundirios e, por conseguinte, perdidos para o governo, atribua-se a cada homem e sua esposa uma mdia de 100 mou , ou cerca de 13,5 acres, com quantidades adicionais de acordo com as idades dos membros da famlia. Apenas um quinto do lote de terra podia ser conservado permanentemente, em geral um pomar de amoreiras para cultura de seda; o restante da terra tinha de ser devolvido ao governo em caso de morte ou desde que fosse excedido o limite de idade estipulado. O tributo a ser pago por cada indivduo tinha forma trplice: uma quantidade determinada de cereal; uma quantidade estipulada de seda ou tecido de cnhamo, no casulo ou em fibra; e uma corvia de 20 dias, trabalho compulsrio para o governo central ou, em alguns outros dias, para a administrao local. Alguns camponeses eram passveis de servio militar sem soldo, mas a esses era concedida a iseno de outras obrigaes. As "terras de hierarquia" e, por vezes, concesses especiais de terra imperial eram dadas a altos funcionrios e as despesas de administrao local eram satisfeitas atravs das "terras de servio". O padro de propriedade governamental da principal quantidade de terra e de propriedade privada de pequenos lotes reapareceu com a presena do regime comunista.O sistema era complexo. Dependia de um censo rigoroso e do levantamento cuidadoso das terras. Sabe-se que ambas as operaes foram concludas. Uma til tabela de equivalncias foi tambm elaborada, onde um certo peso de prata ou medidas de cereais, tecido de seda ou casulo de seda, eram equiparados em valor com a corda-padro de 1.000 sapecas. O sistema parece ter funcionado relativamente bem, pelo menos por algum tempo. As dificuldades em manter um registro exato de mudanas no status familiar, com a ocorrncia constante de nascimentos e mortes, acentuaram a conhecida averso dos camponeses em renunciar a qualquer pedao de terra, o que converteu, sem dvida, num problema de monta a redistribuio e tributao de terras. No reinado de Xuan Zong houve dificuldades desse tipo, e o governo defrontou-se com presses fiscais decorrentes dos gastos crescentes e do declnio na receita tributria. Uma mudana decisiva, h muito em gestao, ocorreu finalmente em 780, quando impostos diretos, no mais per capita, foram lanados sobre a prpria terra, baseados na rea e na produo. Ao mesmo tempo, os impostos comerciais tornaram-se mais rendosos, graas ao crescimento do comrcio e da indstria. Foram esses novos impostos, assim como os monoplios do governo e o desenvolvimento da economia ao sul do rio Yangzi, que examinaremos em breve, que geraram a recuperao do errio, aps o desastroso perodo da rebelio de An Lushan.

Os Han tinham institudo os monoplios governamentais do sal, ferro e bebidas alcolicas. Os monoplios do sal e das bebidas alcolicas foram agora restaurados e somou-se-lhes o do ch. Originalmente um medicamento, o ch tornou-se geralmente usado como bebida durante os Tang, e o lucro governamental decorrente do monoplio aumentou de forma significativa. Os comerciantes de ch que vendiam ao monoplio foram responsveis, diga-se de passagem, por um novo recurso financeiro, no comeo dos anos 800: a letra de cmbio, ou "dinheiro voador". Contra entrega de suas remessas de ch na capital, os comerciantes recebiam uma nota declaratria do dinheiro que lhes era devido, a qual podia ser cambiada em sua terra por mercadorias, menos uma percentagem para impostos do governo. Em fins do sculo, empresas mercantis, usurrios e cambistas estavam usando certificados negociveis de depsito, a fim de evitar o incmodo transporte de vultosas e pesadas quantidades de moeda. Esses certificados foram os precursores das cdulas bancrias. O primeiro papel-moeda emitido pelo Estado atribuvel a Sichuan, em 1024.Isoladamente, o maior fator de crescimento econmico durante a dinastia Tang foi o aumento da populao agrcola na bacia, inferior do rio Yangzi, tanto nas margens do prprio rio como nas terras frteis que se estendiam mais alm. A par do aumento populacional registrou-se um progresso no rendimento dos arrozais. Anteriormente, O arroz tinha crescido e era colhido nos campos onde era plantado. Agora, os brotos cresciam em viveiros e eram depois mudados para os campos alagados, um trabalho imenso, mas lucrativo. Ao mesmo tempo, foram desenvolvi- das variedades melhores, de amadurecimento mais rpido, de arroz. O melhoramento resultante em safras foi espetacular. Alm disso, os canais construdos nos perodos Sui e Tang, ligando o Yangzi com os vales de Wei e do rio Amarelo, possibilitaram, mesmo quando as condies setentrionais de agricultura eram adversas, transportar arroz suficiente para alimentar a corte e os exrcitos aquartelados na capital.

Essas grandes mudanas econmicas beneficiaram o Sul e alteraram significativamente o equilbrio entre o Sul e o Norte da China. Elas aumentaram os recursos disponveis para o pas como um todo. E habilitaram a dinastia Tang a sobreviver por um perodo adicional, aps a grande rebelio. Mas havia outros fatores em ao, e seria errneo supor que o governo Tang foi sempre o beneficirio das novas condies da sociedade. A rebelio foi um augrio, porquanto pressagiou a ascenso de comandantes militares independentes e de exrcitos mercenrios. Isso foi um fator poderoso para mudanas tambm no Ocidente, em data posterior, e foi acompanhado na China, como no Ocidente, por um surto de urbanizao e uma dependncia crescente de uma economia monetria. Os distritos militares tiveram de aumentar de nmero no final da dinastia Tang para enfrentar as desordens internas, e isso fortaleceu a persistente ameaa de regionalismo na histria chinesa, ao mesmo tempo que diminua o poder do governo central.As fomes no Norte da China uma vez mais originaram o aparecimento de bandos insurretos de camponeses desesperados que, nessa altura. vagueavam e saqueavam quase todo o territrio chins, percorrendo as estradas principais. Encontraram um lder na figura de um certo Huang Zhao e efetuaram a pilhagem de cidades ricas, chegando at Canto, no Sul, onde massacraram a comunidade de negociantes estrangeiros no bairro da cidade reservado para residncia deles. Dirigiram-se novamente para o norte em 881, com uma fora agora aumentada para cerca de 600 mil homens, saquearam a capital, Changan e, aps enorme carnificina, deixaram-na em total runa. Os imperadores transferiram-se para Luoyang, e as glrias dos Tang dissiparam-se. Um antigo subordinado de Huang Zhao iniciou uma nova dinastia, a dos Liang posteriores, em 907, adotando por capital Kaifeng, na provncia de Henan. Mas o perodo intermdio de desunio, conhecido como as Cinco Dinastias, foi nesse caso muito mais breve. As tcnicas de centralizao eram agora mais fortes e mais refinadas, e o imprio voltou a ser reunido sob a dinastia Song, em 960.5. Imprio Japons

5.1. De Yamato Idade de Ouro

Conforme YAMASHIRO (1978, p. 11), alguns relatos de poca sobre o pas recm unificado pelo prestgio poltico de Yamato, surgem, ainda que deficientes, em escritos chineses do sculo III: Segundo a narrativa, todos os homens de Yamato usam tatuagens no rosto e no corpo a fim de amendrontar os peixes grandes e aves de rapina quando mergulham na gua para pegar peixe ou mariscos. (...) Os homens usam cabelos longos, amarrados junto s orelhas e cobrem a cabea com lenos de Kozo. A vestimenta no passa de um largo pano aberto ao meio e enfiado pela cabea. Cultivam o arroz e uma variedade de linho, criam bicho de seda, tecem tecidos de seda e de kozo. Mas no conhecem o cavalo nem o boi. (...) Quando morre algum, guardam luto por mais de dez dias. (...) Em casa, pais e filhos dormem em compartimentos separados. (...) Para se tomar uma deciso recorre-se adivinhao, queimando ossos de animais. Os elementos mais categorizados possuem quatro ou cinco esposas, e mesmo os de classe inferior, duas ou trs. Em caso de crime leve, castigam-se mulheres e filhos do delinquente, mas quando o delito grave, todo o cl sofre punio. Pagam-se tributos em produtos que so guardados em depsitos. (...) e realizam-se trocas de produtos, sob fiscalizao dos funcionrios do governo.Percebe-se, atravs deste fragmento, que alm da consolidao do sistema de arrizicultura e do culto aos ancestrais, a sociedade japonesa comeava a conformar-se hierarquicamente na vida ntima e comunitria, sob a chancela de um governo centralizado. A responsabilidade deste regramento recai sobre os membros de Yamato, que se torna o mais poderoso dentre os vinte e oito cls constitudos. Dele irradiam as outorgas, concedidas exclusivamente aos membros mais eminentes de cada cl, de ttulos nobilirquicos (kabane), sem os quais no se pode integrar o governo. Dono de considervel burocracia, o governo de Yamato nomeia interventores nas provncias mais afastadas e dispe de ministros (Oomuraji) e subalternos (Tomayakko) para a administrao pblica e a tributao regular. A arbitragem das tenses porventura existentes no seio dos diferentes cls, portanto, centralizou-se sob um sistema profundamente hierrquico que subsistiu at o sculo VII. Torna-se interessante relatar que a chefia do governo central personificava-se, poca inicial de Yamato, em uma mulher, a rainha Himiko (que, acatando a tradio, supostamente descenderia da deusa Amaterasu), para quem a venerao dos sditos dirigida com fervor. Ainda que a prtica do haraquiri enquanto ritual dirigido e normatizado seja ento desconhecida, processam-se neste perodo as primeiras ocorrncias de suicdios em nome da lealdade a um senhor, visto que o falecimento da rainha demanda a construo de uma "grande tumba e mais de cem servidores se imolam para acompanh-la alm tmulo" (idem, p. 12), um costume auto-gestionrio cujos precedentes no antigo Egito eram sem dvida inteiramente desconhecido pelo praticamente isolado Japo do sculo III.

A alta complexidade do Estado de Yamato chegou mesmo a permitir o empreendimento exitoso de expedies militares Coria meridional no ano de 321. Vitoriosa a campanha, aos despojos da conquista soma-se um importante ingrediente que operaria intensa modificao cultural na sociedade japonesa: a introduo do budismo. Trazidos por imigrantes coreanos, os ensinamentos de Buda chegam no ano de 538 e rapidamente permeiam o Japo, alterando, alm da viso religiosa de grande parte da populao, as relaes de poder, visto que a influncia dos bonzos (sacerdotes budistas) expande seus tentculos ao Palcio Imperial.De fato, o prncipe Shotoku (592-621), sobrinho da Imperatriz Suiko, ento reinante, abraa a nova religio e trata de difundi-la: "Sendo uma f colorida e dramtica, foi aceita pelo povo, principalmente porque dava aos homens esperana de vida eterna, lacuna imperdovel nas promessas do Xintosmo. (...) O Imperador permitiu de bom grado a entrada da nova religio, que ensinava ao povo a piedade e a obedincia" (PALMARY, 1959, p. 14). A popularidade obtida por Shotoku devido ao Budismo lhe permite ascender regncia do trono, de onde outorga a primeira constituio do Japo, em 604, documento no qual j se oficializa a sacralidade e os amplos poderes conferidos ao Imperador, alm de uma diviso social rigorosa e praticamente imutvel, anloga ao sistema de castas hindu. Sobre este ltimo pormenor, merece destaque o fato de que os comerciantes so enquadrados como o extrato mais baixo da estrutura social ( exceo dos escravos estrangeiros), sendo-lhes superiores, progressivamente, os camponeses, os guerreiros, os nobres, os sacerdotes e a linhagem real. Sob tal conformao floresce o Imprio nipnico. Nara, a nova capital, construda pelos braos escravizados dos povos subjugados e a plancie das ilhas paulatinamente pontilhada por imponentes templos budistas. Jias e kimonos de seda bordados ornamentam as mulheres. Espadas so agasalhadas em bainhas de ouro e marfim. A arte e a msica regozijam os convidados das recepes palacianas e a literatura, sobretudo aquela voltada poesia, vale-se dos ideogramas Kana para produzir notvel obra, cabendo distino especial ao mundialmente clebre Man-yo-shu-in (Livro das Dez Mil Folhas), publicado no ano de 780. Enfim, experimentavam os japoneses um perodo de prosperidade e paz (tanto interna quanto externa) que ficou conhecido como "Idade de Ouro". No entanto, a paz e a bonana cederiam lugar guerra e revolta dos estamentos menos favorecidos.

5.2. Os Samurais e o Shogunato.Imersos no faustoso e despreocupado modo de vida proporcionado pela "Idade de Ouro", os nobres cotidianamente sobretaxam os camponeses e descuidam-se da administrao pblica, sobretudo no que concerne segurana fsica dos cls. Excitados pela carestia e pela inexistncia de aparato repressivo, destacamentos de assaltantes ento se formam com a finalidade de saquear os vilarejos. Eclodem rebelies e "os interesses particulares pouco a pouco levam vantagem sobre o Estado", que por sua vez dependia inteiramente das falanges guerreiras dos cls para impor a ordem. "Ia chegar o dia em que esses chefes de cls no se contentariam mais com cartas de agradecimentos: logo reclamariam o poder ao qual lhes dava direito a sua fora" (PINGUET, 1987, p. 114). Assim, nas regies mais orientais do pas, Masakado Taira, amparado por um grupo de mercenrios, domina uma srie de cls vizinhos e audaciosamente proclama-se o novo imperador. Finalmente, sensvel crescente sensao de anomia, a famlia Minamoto, desprovida da empfia dos Taira, mas nutrida por idntico ardor militar, organiza seus Bushidan (guerreiros), e, fiel ao Imperador, domina os cls a leste, declarando franca hostilidade aos revoltosos do oeste. Aps inmeras e encarniadas batalhas que se processam ao longo do tempo - nas quais, como veremos adiante, o haraquiri foi cometido em abundncia - Yoritomo Minamoto vence os Taira e funda, em 1192, o Bakufu regime de corte eminentemente marcial. O novo lder adota o ttulo de seii-taishogun (generalssimo). Era o fim do Japo antigo e o advento do Shogunato, que marcou a asceno dos samurais ao poder: A nova classe elimina o domnio dos aristocratas que se limitavam a vivier como parasitas da produo rural. O novo regime poltico constitui na prtica a ascenso da nova classe de proprietrios rurais, com fora militar prpria, formando um Estado sui generis. Em outras palavras, representa a passagem de uma sociedade escravista, sob domnio da aristocracia, para uma sociedade caracterizada pela escravido dos camponeses (regime feudal), comandada pelos samurais. YAMASHIRO (1978, p.63). Denotando o excepcional prestgio conferido aos samurais e ao Shogun, assinale-se que mesmo a figura do sacrossanto Imperador, at ento detentor de poderes ilimitados, passa a encontrar entraves aos seus domnios. Ainda que o soberano veja mantida sua inviolabilidade e seu status de deus encarnado, o manejo direto da administrao pblica e das decises de Estado excluem-se de sua alada. No entanto, tal iniciativa oculta um propsito mais amplo: Os estadistas japoneses planejaram acertadamente ao apartarem seu Imperador como um Chefe Sagrado, removendo-o do tumulto da existncia; somente assim no Japo poderia ele concorrer para congregar o povo todo para um servio no ambivalente ao Estado. (...). O Imperador tinha de ser um Pai Sagrado, apartado de todas as consideraes seculares. (...) O Imperador permaneceu isolado. Ele investiu Suas Excelncias com autoridade, entretanto, ele prprio no chefiava o governo, o exrcito ou ditava pessoalmente a poltica." (BENEDICT (1988, p. 108-109) Assim, estando o Imperador alheio s atribulaes polticas, evita-se o surgimento de levantes anti-sistmicos (como ocorrera com a insurreio promovida por Masakado Taira), ao mesmo tempo em que se conserva perante o povo a existncia de um ente maior, cuja simbologia de coeso nacional impunha lealdade acima de quaisquer querelas. Alm disso, o direcionamento do controle poltico ao Shogun sacia minimamente as pretenses dos cls, que se vem representados e livres para a competio pelo poder sem que para tanto haja a necessidade de maculao da ordem reinante em sua essncia.Tendo justamente como ponto de partida essa dupla lealdade - ao Imperador e ao Shogun governante - um terceiro estamento, o samurai, impe seus valores como norma a ser respeitada por toda a estruturao social japonesa. E de fato, constitui a lealdade (giri), o elemento mais caro casta dos guerreiros, ingrediente central por onde orbitariam todas as exigncias daquela saciedade, j que "O giri era ento uma apreciada relao frente a frente, com todos os adornos feudais. 'Conhecer seu giri' significava ser fiel a vida inteira a um senhor que, por seu turno, cuidava de seus dependentes. 'Pagar o giri' queria dizer oferecer at mesmo a prpria vida ao senhor a quem se devia tudo".Devido a tais caracteres psicolgicos, a sociedade nipnica esteve permanentemente predisposta prtica suicida, embora seja claro que o advento do shogunato e a ascenso do cdigo de tica dos samurais (Bushido) tenham oferecido um ambiente ainda mais propcio sua expanso. Alm do suicdio de acompanhamento diante da morte de um lder e do haraquiri executado em nome da lealdade, podemos citar o suicdio de amor - levado a cabo quando a unio entre um casal era considerada socialmente inapropriada - o suicdio religioso - virgens consagradas aos santurios xintostas frequentemente ofertavam a vida em virtude do eventual descumprimento de seus votos e a pena suicida, quando o prprio shogunato impe a obrigao do seppuku como forma justa e digna de reparar uma traio ao Estado. Acrescente-se a isso a evidncia de que a cultura japonesa parece ter querido dar um peso maior culpa, ligando-a vergonha (PINGUET, 1987).Referncias

Disponvel em Acesso em: 19/09/2014.SANTANA et al. Histria Moderna. Disponvel em Acesso em: 19/09/2014.SANCHOTENE. Justiniano I. Disponvel em < Sanchotenehttp://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/a4.pdf> Acesso em: 19/09/2014.Disponvel em Acesso em: 20/09/2014Disponvel em: Acesso em: 20/09/2014Disponvel em: Acesso em: 20/09/2014Disponvel em: Acesso em: 20/09/2014Disponvel em < http://www.historialivre.com/revistahistoriador/espum/marcosquadros.pdf > Acesso em: 29/09/2014.BENEDICT, Ruth. O Crisntemo e a Espada. So Paulo: Perspectiva, 1988. PALMARY, Luiz. Pequena Histria do Japo. Rio de Janeiro: Irmos Pongetti, 1959. PINGUET, Maurice. A Morte Voluntria no Japo. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. STOKES, Henry Scott. A Vida e a Morte de Mishima. Porto Alegre: L&PM, 1986. YAMASHIRO, Jos. Japo: presente e passado. So Paulo: Hucitec, 1978.MORTON , W. Histria e Cultura (1986), Editora Zahar; Rio de Janeiro.2