historia da enfermagem

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Livro produzido na Yendis Editora. Fiz capa, projeto grafico e diagramaçao.

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historia da enfermagem.indb 2 9/6/10 6:01 PM

História da

Enfermagem

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Fernando PortoWellington Amorim (Organizadores)

História da

EnfermagemIdentidade, profi ssionalização e símbolos

historia da enfermagem.indb 3 9/6/10 6:01 PM

Copyright © 2010 Fernando Porto e Wellington Amorim.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo,

sem a autorização escrita da Editora.

Editora: Dirce Laplaca Viana

Coordenadora editorial: Anna Yue

Assistentes editoriais: Gabriela Hengles e Renata Alves

Assistentes de produção gráfica: Aline Gongora e Cristiane Viana

Secretária editorial: Priscilla Garcia

Preparação de originais: Cristiane Maruyama e Poliana Oliveira

Revisão de português: Renata Gonçalves e Renata Truyts

Capa, projeto gráfico e editoração eletrônica: Cristiane Viana

Imagem da capa: Powerhouse Museum Collection – Gift of Australian Consolidated Press

under the Taxation Incentives for the Arts Scheme, 1985

As informações e as imagens são de responsabilidade dos autores.

A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das

informações contidas neste livro.

O texto deste livro segue as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

História da enfermagem brasileira / Fernando Porto, Wellington Amorim, (organizadores). – São Caetano do Sul, SP : Yendis Editora, 2010.

Vários autores.Vários colaboradores.ISBN 978-85-7728-188-6

1. Enfermagem - História I. Porto, Fernando. II. Amorim, Wellington.

CDD-610.7309 10-09577 NLM-WY 011

Índices para catálogo sistemático:1. Enfermagem : História : Ciências médicas 610.7309

Yendis Editora Ltda.R. Major Carlos Del Prete, 510 – São Caetano do Sul – SP – 09530 -000Tel./Fax: (11) 4224 [email protected]

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… V …

Organizadores

Fernando Porto

Pós-doutor pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Doutor pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Enfermagem pela Escola de En-fermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Especialista em Enfermagem Neonatal pela Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Espe-cialista em Assistência Intensiva para Clientes com Problemas pela EEAN/UFRJ. Graduado pela Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac. Professor adjunto da EEAP/UNIRIO e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO. Membro fundador dos grupos de pesquisa do Labora-tório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da EEAP/UNIRIO e do Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira (NUPHEBRAS) da EEAN/UFRJ. Vice-líder do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Labo-ratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF) do PPGEnf da UNIRIO. Editor da revista de pesquisa Cuidado é Fundamental Online. 1o vice -presidente da Academia Brasileira de História da Enfermagem – ABRADHENF (2010-). Atuação no ensino e pesquisa em Administração e Gerenciamento em Enfermagem, História da Enfermagem, Enfermagem na Saúde da Mulher e da Criança.

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História da Enfermagem

… VI …

Wellington Amorim

Doutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federal do Es-tado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professor adjunto do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública da EEAP/UNIRIO. Docente permanente do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO. Mem-bro fundador do Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira (NUPHEBRAS) da EEAN/UFRJ e do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da EEAP/UNIRIO. Líder do grupo de pesquisa (Dire-tório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfer-magem (LACENF) do PPGEnf da UNIRIO. Integrante do grupo de pesquisa Laboratório de Estudos em História da Enfermagem (LAESHE) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Coorde-nador do PPGEnf – Mestrado e Doutorado da UNIRIO (2009-2010). Membro da Academia Brasileira de História da Enfermagem (ABRADHENF). Atuação em ensino e pesquisa em Política de Saúde, História da Enfermagem, História da Enfermagem de Saúde Pública e Metodologia da Pesquisa.

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… VII …

Andréia Neves de Sant’Anna Menezes

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janei-ro (UNIRIO). Enfermeira do Hospital Municipal Jesus da Prefeitura do Rio de Janeiro. Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

Bruna Medeiros Gonçalves

Mestranda em Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ). Graduada em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Membro do Laboratório de Pesquisa em História da Enfermagem (LAPHE) da EEAP/UNIRIO e ex-bolsista do Programa PIBIC-CNPq.

Claudinéa Lacerda da Rosa Neves

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Especialista em Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). En-

Autores

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História da Enfermagem

… VIII …

fermeira do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da UNIRIO. Membro do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF) do Programa de Pós-graduação em En-fermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

Érica Toledo de Mendonça

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Especialista em Modalidade Residência em Enfermagem em Onco-logia pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Professora assistente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Integrante do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na His-tória da Enfermagem (LACENF) do Programa de Pós-graduação em Enferma-gem (PPGEnf) da UNIRIO. Atuação nas seguintes áreas: Oncologia, História da Enfermagem, Políticas Públicas de Saúde, Feridas e Saúde da Mulher.

Fernanda Teles Morais do Nascimento

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Integrante do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF). Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pin-to (EEAP) e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

Lilian Fernandes Arial Ayres

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Ja-neiro (UNIRIO). Especialista em Saúde da Mulher pelo Instituto Fernandes Figueiras (IFF-Fiocruz). Enfermeira do Hospital do Andaraí (Ministério da Saúde). Integrante do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF). Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) e do Programa de Pós-graduação em En-fermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

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Autores

… IX …

Luciane de Almeida Araujo

Mestre e graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Especialista em Enfermagem Obstétrica pela Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Docente do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora de práticas do campus Taquara/R9. Possui experiência na área de Enfermagem Obstétrica e Neonatal.

Marina do Nascimento Bessa

Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janei-ro (UNIRIO). Enfermeira do Hospital dos Servidores do Estado (Ministério da Saúde). Membro do Laboratório de Pesquisa em História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

Mary Ann Menezes Freire

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) – Mes-trado da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Inte-grante do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF). Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UNIRIO.

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… XI …

Almerinda Moreira

Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP). Mes-tre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP). Atualmente, é professora associada da UNIRIO. Tem experiência na área de Enfermagem Médico-cirúrgica com ênfase em História da Enfermagem. Vem atuando principalmente nos seguintes temas: História da Enfermagem – escolas, imprensa e história da profissão. Membro fundadora do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da EEAP/UNIRIO. Membro da Academia Brasileira de História da Enfermagem (ABRA-DHENF). Autora de livros de história da enfermagem.

Joséte Luzia Leite

Livre-docente e Doutora pela Federação das Escolas Federais Isoladas do Esta-do do Rio de Janeiro da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (FEFIERJ/EEAP) – Lei n. 5.802/1972, que instituiu a Livre-docência e o Doutorado. Bacharel em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Ca-tólica de Pernambuco (UNICAP). Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Guanabara (UEG). Licenciada em Enfermagem pela FEFIERJ. Professora titular aposentada e Professora emérita da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Professora permanente da Pós-graduação

Autores Colaboradores

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História da Enfermagem

… XII …

da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordena projetos de pesquisa no CNPq, cujas linhas de pesquisa são: HIV/Aids, Modelos Assistenciais e Avaliação. Representante da área de Enfermagem no CNPq – 1998-2001. Membro de comitê de avaliação da Capes na Gestão 2002-2005; 2005-2008. Diretora do Centro de Estudos e Pesquisa em Enfermagem (CEPEn) – Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) – em 2004-2007. Sócia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco). Membro fundadora do Núcleo de Pesquisa de História da Enfer-magem Brasileira (NUPHEBRAS) e do Núcleo Gerência, Educação, Pesquisa e Exercício Profissional (GESPEN) da EEAN. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Comunicação no Processo de Enfermagem (GEPECOPEN) da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora IA do CNPq.

Luciana Barizon Luchesi

Doutora em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ri-beirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP). Estagiária de dou-toramento sanduíche na Faculty of Nursing, University of Alberta, Edmonton – Canadá. Especialista em Modalidade Residência em Urgência e Emergência pelo Departamento de Enfermagem Geral e Especialista da EERP/USP. Pro-fessora do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da EERP/USP. Líder do Laboratório de Estudos em História da Enfermagem (LAESHE). Integrante do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) – Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF). Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem (LAPHE) da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Membro da Academia Brasileira de História da Enfer-magem (ABRADHENF).

Nalva Pereira Caldas

Doutora em Administração de Enfermagem pela Pontifícia Universidade Ca-tólica do Rio de Janeiro (PUC-RJ, 1977). Mestre em Administração Pública. Especialista em Administração de Pessoal, Organização e Métodos pela Escola

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Autores colaboradores

… XIII …

Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas do Rio de Ja-neiro (FGV-RJ). Graduada em Enfermagem pela Escola de Enfermeiras Rachel Haddock Lobo (1952). Possui experiência na área de Enfermagem com atua-ção em Tisiologia, Ortopedia, Centro Cirúrgico e Administração de Serviços. Professora titular aposentada da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), tendo lecionado Administração de En-fermagem e Política de Saúde. Suas publicações incidem sobre temas ligados a Enfermagem de modo geral e Administração Geral e Específica nas áreas Hos-pitalar e de Enfermagem.

Taka Oguisso

Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública e em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Lei n. 5.802/1972, que instituiu a Livre-docência e o Dou-torado. Bacharel em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Atualmente faz parte da International Advisory Board – Japan Journal of Nur-sing Science. Professora titular da Universidade de São Paulo (USP). Líder do grupo de pesquisa (Diretório CNPq) de História e Legislação da Enfermagem. Presidente da Academia Brasileira de História da Enfermagem – ABRADHENF (2010-) Tem experiência na área de Enfermagem com ênfase em Ética Profis-sional da Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: História da Enfermagem, Pesquisa em Enfermagem, História da Profissionalização da Enfermagem e Ética da Enfermagem.

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… XV …

Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi

1 Anna Justina Ferreira Nery . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 Fernando Porto, Taka Oguisso

2 Anúncios para enfermeiros(as) no alvorecer da República (1889 ‑1890) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 Luciane de Almeida Araujo, Almerinda Moreira, Fernando Porto, Wellington Amorim

3 Os Congressos Médicos Latino ‑Americanos e a enfermagem (1904 ‑1907) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55 Fernanda Teles Morais do Nascimento, Wellington Amorim

4 O Relatório Goldmark e a enfermagem de saúde pública na capital do Brasil (1923 ‑1927) . . . . . . . . . . . . . .97 Mary Ann Menezes Freire, Wellington Amorim

5 As enfermeiras visitadoras da Cruz Vermelha Brasileira e do Departamento Nacional de Saúde Pública do início do século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Lilian Fernandes Arial Ayres, Wellington Amorim, Fernando Porto,

Luciana Barizon Luchesi

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História da Enfermagem

… XVI …

6 Hospital Jesus (1935 ‑1938) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 Andréia Neves de Sant’Anna Menezes, Almerinda Moreira, Nalva Pereira Caldas,

Fernando Porto

7 O movimento religioso na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (1943 ‑1949) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 Bruna Medeiros Gonçalves, Wellington Amorim, Fernando Porto

8 O rito institucional e o efeito simbólico do descerramento do monumento a Anna Nery . . . . . . . . . . 271 Fernando Porto, Taka Oguisso

9 Os efeitos do movimento estudantil na enfermagem (1955 ‑1958) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .307 Marina do Nascimento Bessa, Wellington Amorim

10 Enfermagem ‑saúde: construindo um saber sobre políticas de saúde (1977 ‑1980) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .379 Érica Toledo de Mendonça, Wellington Amorim

11 Cuidados ao paciente portador do HIV: uma história da prática da enfermagem em um hospital universitário (1983 ‑1987) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .441 Claudinéa Lacerda da Rosa Neves, Wellington Amorim, Joséte Luzia Leite

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… XVII …

A coletânea que constitui o presente livro História da enfermagem: identidade, profissionalização e símbolos é oriunda da união de onze produtos de pesquisa, o que exigiu investimento no atendimento dos interesses acadêmicos de quali-ficação da produção intelectual em história da enfermagem e sensibilidade para tornar o texto prazeroso aos leitores. Neste caso, a proposta é oferecer a desco-berta de uma cultura de interesse, em especial pela nossa história, sem esquecer os traços influenciadores da enfermagem internacional no desenvolvimento da enfermagem brasileira.

Tivemos acesso a um texto da professora doutora Victoria Secaff, aposen-tada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e integrante do grupo de pesquisa “História e legislação da enfermagem”, que, na década de 1970, ministrou as aulas da disciplina de História da Enfermagem em subs-tituição à professora Catedrática Glete de Alcântara. Nessa ocasião, a profes-sora doutora Victoria Secaff passou aos estudantes um manuscrito intitulado “Introdução à história da enfermagem”, na forma de anotações, reproduzido a seguir.

Para os estudantes matriculados na escola de enfermagem, e que

portanto escolheram enfermagem como carreira, ser enfermeiro(a)

significa cursar uma escola de nível superior e receber, ao término de

seus estudos, um diploma que o habilite ao exercício da profissão. A

profissão apresenta -se como um trabalho especializado, regulamen-

tado por lei, desempenhado mediante remuneração salarial, possuin-

do uma associação de classe, uma revista profissional e código de

Apresentação

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História da Enfermagem

… XVIII …

ética. É, pois, uma profissão que já atingiu elevado grau de desenvol-

vimento, reconhecida como pertencente ao grupo de profissões libe-

rais. O objetivo desse curso é mostrar que a profissão tal qual se apre-

senta atualmente nem sempre foi assim; que esse progresso do qual

se beneficiam hoje é produto de lento desenvolvimento, para o qual

contribuíram muitas pessoas.... Para que possam compreender esse

desenvolvimento e avaliá -lo é mister olhar para o passado, examinar

os fatos que ocorreram há séculos, relacioná -los com outros setores

da vida humana. Somente após o estudo do passado através da pers-

pectiva histórica poderão encarar inteligentemente o futuro e dar sua

contribuição à profissão. A Medicina e a Enfermagem desenvolveram-

-se em respostas às necessidades da vida. Arthur Castro (...) em seu

livro sobre a história da medicina indica bem (...) o progresso da

medicina, ligado mais do que qualquer outra ciência às necessidades

essenciais da vida e à cultura de um povo. Não apenas está ligado aos

antigos ritos mágicos e aos credos religiosos, mas se encontra nova-

mente associado às condições socioeconômico -políticas e intelectuais

de diversos países (...), isto é, sua riqueza, miséria, comércio, legisla-

ção, guerras, filosofia, arte e literatura. Tratando -se de enfermagem,

como compreender, por exemplo, a enfermagem moderna, iniciada

na Inglaterra, na segunda metade do século XIX, desligada das con-

dições socioeconômicas desse país naquela época? Como é possível

explicar a escassez de enfermeiros(as) no Brasil sem procurar estudar

o desenvolvimento socioeconômico e educacional do nosso país? O

estudo histórico de qualquer arte ou ciência só tem sentido se ligado

ao momento histórico -cultural em que se manifestou.

Sem a pretensão de analisar a riqueza de significados das proposições, até porque nos sentimos cúmplices delas, é que a visão dos estudos históricos da enfermagem, implícita na derradeira proposição, nos motivou a organizar esta obra contendo novos estudos, evidências, inferências e assertivas na perspecti-va histórica que se apresenta aos leitores.

Nesta obra foram articulados relatórios de pesquisa assim definidos: três produtos de iniciação científica apoiados por bolsas PIBIC -CNPq e IC--UNIRIO e vinculados à linha de pesquisa Desenvolvimento da Enferma-gem no Brasil do Programa de Pós -graduação em Enfermagem – Mestrado e Doutorado (PPGEnf) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), validados nos espaços do Laboratório de Pesquisa de História da

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Apresentação

… XIX …

Enfermagem (LAPHE), do Laboratório de Abordagens Científicas na História da Enfermagem (LACENF) e em eventos científicos, com destaque para X e XI Jornada Nacional de História da Enfermagem, na Escola de Enfermagem Anna Nery – UFRJ.

Em tais eventos, duas produções receberam, respectivamente, em 2007 e 2008, o primeiro lugar do prêmio A Lâmpada; a terceira produção recebeu o primeiro lugar na Jornada de Iniciação da UNIRIO, em 2009. São elas: “Con-gressos médicos latino -americanos e a enfermagem (1904 -1907)”, “Relatório Goldmark e a enfermagem de saúde pública na capital do Brasil (1923 -1927)” e “O movimento religioso na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (1943 -1949)”, apresentadas nos Capítulos 3, 4 e 7.

Acrescentamos seis investigações oriundas de dissertações de mestrado, uma apoiada por bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes). Elas foram produzidas no PPGEnf -UNIRIO e desenvolvidas no LACENF, em sua maioria na perspectiva da história social, por procedimentos de análise documental, iconográfica e depoimentos orais, sob abordagens teó-ricas de Pierre Bourdieu, Bruno Latour, Sergio Arouca e Maria Cecília Puntel de Almeida, e investigaram os mais diversos temas, sendo eles: anúncios em jornal, movimento estudantil, hospital, cuidados, profissionalização e política de saúde. Essas pesquisas foram validadas no LAPHE, e nas bancas de defesa final com participação de pesquisadores externos em história da enfermagem e pesquisadores da área de história, educação e biblioteconomia. São elas: “Anún-cios para enfermeiros(as) no alvorecer da República (1889 -1890)”, “As enfer-meiras visitadoras da Cruz Vermelha Brasileira e do Departamento Nacional de Saúde Pública do início do século XX”, “Hospital Jesus (1935 -1938)”, “Os efeitos do movimento estudantil na enfermagem (1955 -1958)”, “Enfermagem--saúde: construindo um saber sobre políticas de saúde (1977 -1980)” e “Cuida-dos ao paciente portador do HIV: uma história da prática da enfermagem em um hospital universitário (1983 -1987)”, correspondendo aos Capítulos 2, 5, 6, 9, 10 e 11.

Os Capítulos 1 e 8 se baseiam em duas partes do relatório de Pós--doutoramento desenvolvido no Programa de Doutorado em Enfermagem da Escola de Enfermagem da USP, desenvolvido no grupo de pesquisa “História e legislação da enfermagem”, que se originou, em sua parcialidade, dos estudos intitulados “Anna Justina Ferreira Nery” e “O rito institucional e o efeito sim-bólico do descerramento do monumento a Anna Nery”.

Assim, em que pese sermos avaliados por leitores informais, estudantes, professores e pesquisadores da história da enfermagem de forma crítica – o que

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História da Enfermagem

… XX …

é fundamental –, procuramos manter o eixo científico desta obra, o que a tor-na uma obra inacabada, pois a ampliação do número de núcleos, laboratórios e pesquisadores no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq identificados pelo descritor história da enfermagem nos dá a clareza de que em breve a con-tribuição aqui descrita será uma gota de descobertas nesse oceano temático da enfermagem. Tais grupos contribuirão com novas dúvidas, novos objetos, novas abordagens, fundamental para incluirmos na história da enfermagem as histórias da enfermagem ainda excluídas das aulas, dos livros e das pesquisas e dos eventos científicos, que passarão a compor a base histórico -cultural e político -científica da arte e da ciência Enfermagem.

Esperamos que, em breve, os estudantes de graduação e de pós -graduação, auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiras e enfermeiros cuidem da his-tória da enfermagem como o fazem da sua identidade civil, pois nela está re-gistrada sua primeira linha genealógica, o pré -nome, nome e sobrenome, um traço cultural, uma idade, uma fisionomia, a impressão digital e uma indicação de cidadania. Tornemo -nos porta -vozes do valor epistemológico da história da enfermagem para a mesma enquanto um campo de conhecimento específico que se consolida e se fortalece como ciência em desenvolvimento.

Fernando PortoWellington Amorim

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… XXI …

Prefácio

Quando me propuseram a tarefa tão nobre e complexa de prefaciar este livro inteiramente dedicado à história da enfermagem, a primeira coisa que me veio à cabeça foi uma questão básica, mas ao mesmo tempo árdua: será que os au-tores serão capazes de fundamentar uma obra sobre a história dos cuidados na qual cada uma de suas facetas, teóricas, metodológicas e temáticas, venha a convergir? Ao meu ver, só seria possível enfrentar esse desafio com expectativas de sucesso se houvesse uma atuação precisa, no modo como fizeram os autores desta obra: mediante a adoção de uma abordagem holística do cuidado hu-manista desde suas origens até a atualidade. Os capítulos que integram o livro constituem uma abordagem temática e metodológica que apresentam, a partir da diversidade, um resultado final de grande harmonia e admirável coerência.

Na história da enfermagem, deparamos-nos com dois grandes problemas que só poderão ser superados com contribuições tão valiosas quanto a deste livro. O primeiro problema em quase todos os países está em considerá-la uma disciplina sem muita utilidade, sem aplicação além da mera erudição. Não há erro maior que considerar a história de uma profissão como disciplina mera-mente teórica, uma vez que não existe profissão ou ciência que não deva sua identidade e seu processo de socialização à mais prática e útil de todas as ati-vidades científicas: a história. A medicina, o direito, a economia, a sociologia, entre outras áreas do conhecimento, constituem claros exemplos da utilidade da ciência histórica como ferramenta socializadora do coletivo científico-pro-fissional. O segundo problema decorre do primeiro e é especialmente grave no contexto da enfermagem: a grande vinculação entre o gênero e os cuidados – que manteve a enfermagem em âmbitos domésticos, como os lares, ou religio-sos, como as diferentes ordens que de maneira tão brilhante se destacaram por

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História da Enfermagem

… XXII …

seu trabalho de prestação de cuidados – influenciou na lenta incorporação da enfermagem a âmbitos precisamente profissionais e científicos.

A reinterpretação da enfermagem como profissão e ciência se dá sob deter-minadas circunstâncias influenciadas por fatores sociais, políticos, ideológicos, religiosos etc. Da mesma forma que as circunstâncias, os fatores são objetos de estudo ao longo dos onze capítulos que de maneira tão consistente com-põem esta obra. Como exemplo, podemos mencionar os capítulos que tratam da figura de uma enfermeira emblemática para a enfermagem brasileira: Anna Nery. Neles, paralelamente, descreve-se também o contexto bélico – a Guerra da Tríplice Aliança – em que ela desenvolveu seu trabalho. A relação entre a guerra e o desenvolvimento da enfermagem constitui um dos paradoxos de como algo tão negativo quanto os conflitos bélicos pode contribuir para revelar o que há de melhor em alguns homens e mulheres, como é o caso de figuras da enfermagem como Florence Nightingale na Guerra da Crimeia, Cadvel na Primeira Guerra Mundial e a própria Anna Nery na Tríplice Aliança. Em outro capítulo, podemos ver a influência dos congressos médicos latino-americanos realizados entre 1904 e 1907 para o desenvolvimento da enfermagem. É notória a inter-relação entre grupos de médicos e enfermeiras de diferentes países que se influenciaram reciprocamente ao longo da história. A criação de associações profissionais de enfermeiros na Espanha, por exemplo, é um fenômeno que não pode ser entendido sem se considerar a influência das associações pro-fissionais de médicos. A inter-relação entre a classe médica e as enfermeiras sempre esteve repleta de contradições e, evidentemente, o poder médico tam-bém colaborou para o atraso da profissionalização da enfermagem. Por isso, é relevante apontar as contribuições da influência médica como um motor da evolução e do desenvolvimento do enfermeiro.

Na sequência, a obra se aprofunda em um fato crucial para a enfermagem: a influência do relatório Goldmark no processo de consolidação da enfermagem no contexto específico da saúde pública e a profissionalização da enfermagem comunitária. O relatório Goldmark teve grande alcance em países latino-ame-ricanos, mas também exerceu um grande impacto na Europa, sendo a Espanha um exemplo dessa grande influência.

Posteriormente, analisa-se a repercussão das enfermeiras da Escola de En-fermagem Alfredo Pinto na gerência do Hospital Jesus entre 1935 e 1938. Essa seção é especialmente interessante, pois mostra a ligação entre o trabalho do-cente em um centro educativo e a função gestora em um centro assistencial; assim, a obra chega a um tema pouco estudado na história da enfermagem: o movimento estudantil. Desde meados do século XX, coincidindo com a rees-truturação dos estudos de enfermagem, descreve-se a evolução do movimento

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Prefácio

… XXIII …

estudantil entre 1955 e 1958. Em outro capítulo, destaca-se uma reflexão sobre a história e a enfermagem: o “saber fazer”, em que se analisam as relações entre o sistema de saúde nos congressos brasileiros de enfermagem, o direito à saúde e o poder médico, a extensão da cobertura assistencial e a reinterpretação e o redimensionamento da enfermagem brasileira no setor público.

Por fim, é abordado um tema bastante atual: os cuidados de enfermagem a pessoas com Aids em um hospital universitário na década de 1980. No mesmo capítulo, são tratados aspectos interessantes como as características históricas da Aids no Brasil, os conhecimentos emergentes que as enfermeiras irão adqui-rir nos cuidados a esse setor da população e o medo cotidiano dos enfermeiros ao praticar esses cuidados.

Este livro constitui uma grande contribuição para a solução dos dois gran-des conflitos históricos na enfermagem: sua falta de identidade e o tardio pro-cesso de profissionalização. Não resta senão parabenizar os autores e os editores deste estudo de que participam os mais renomados pesquisadores da história da enfermagem brasileira e internacional e, concluindo, podemos afirmar que nos encontramos diante de uma obra de imensa importância para a história da enfermagem brasileira, mas também de grande relevância para a história da enfermagem internacional, dadas a enorme transcendência dos temas tratados e a impecabilidade metodológica com que foram abordados.

José Siles González

Doutor em História

Professor E.U.E. da Universidad de Alicante, Espanha

Editor da Revista Cultura de los Cuidados

Diretor da Asociación de Historia y Antropología de los Cuidados

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1Anna Justina Ferreira Nery

Fernando PortoTaka Oguisso

Guerra da Tríplice AliançaA Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Também conhecida como Guerra da Tríplice Aliança – na Ar-gentina e no Uruguai – e Grande Guerra – no Paraguai –, essa luta ocorreu no período de 1864 a 1870.

O conflito iniciou -se quando o governo imperial brasileiro, com a concor-dância da Confederação Argentina, após um ultimato, interveio militarmente no Uruguai, a fim de consolidar sua posição hegemônica na região e impor um governo uruguaio transigente com os fortes interesses dos criadores rio--grandenses -do -norte daquele país. A reação militar do Paraguai a essa inter-venção gerou o desencadeamento da guerra.

O Paraguai, que antes da guerra atravessava uma fase marcada por gran-des investimentos econômicos em áreas específicas, encontrava -se, então, sob a presidência de Francisco Solano López.

Solano López reagiu à interferência brasileira no Uruguai declarando guer-ra ao Brasil, já que a deposição do governo uruguaio autonomista significava a hegemonia brasileira e argentina plena sobre o rio da Prata, pondo fim à autonomia nacional paraguaia, com o condicionamento da sua saída ao mar, através do rio Paraná.

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História da Enfermagem

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Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas, durante os quais o Brasil enviou em torno de 150 mil ho-mens à guerra, e aproximadamente 50 mil não voltaram, entre militares e civis.

Argentina e Uruguai sofreram perdas proporcionalmente pesadas, com a redução de mais de 50% de suas tropas durante a guerra. Já as perdas humanas sofridas pelo Paraguai são calculadas em até 300 mil pessoas, entre civis e mi-litares, mortas em decorrência dos combates, das epidemias que se alastraram durante a guerra e da fome. Esses números são, porém, considerados excessi-vos, considerando -se que a população do país na época não chegaria possivel-mente a 500 mil habitantes.

Nesse cenário atuou Anna Justina Ferreira Nery como voluntária, após ter encaminhado uma carta ao presidente da província da Bahia, Manuel Pinto de Souza Dantas. A resposta do presidente foi positiva para a contratação de Anna Nery, e no caminho para o campo de batalha, no Rio Grande do Sul, obteve al-gumas lições sobre cuidados hospitalares com as Irmãs da Caridade de São Vi-cente de Paulo. No campo de batalha prestou cuidados aos feridos e manteve -se abnegada à pátria, mesmo após a perda do filho Justiniano de Castro Rebello e do sobrinho Arthur Rodrigues Ferreira.

Figura 1.1 Anna Nery.

No retorno da Guerra do Paraguai (1870) foi homenageada por diversas autoridades civis e militares, recebendo o título de Mãe dos Brasileiros pelos soldados brasileiros, dentre outros. Nesse sentido, muitos autores – como Ber-

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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nardino José de Sousa (1936), Maria Leonor Álvares Silva (1954), João Fran-cisco de Lima (1977) e Joaquim Francisco de Mattos (1990) – biografaram sua trajetória de vida com base na figura de uma mulher heroína, Anna Nery.

Este capítulo pretende descrever analiticamente algumas representações objetais ligadas a ela e outros dados sobre a sua trajetória de vida. Para tan-to, apresentam -se algumas fotografias – como a residência em Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira; Anna Nery com as órfãs; a coroa de folhetos dourados acompanhada do laço; a pintura da homenageada, de autoria de Victor Meirelles,1 exposta na Câmara Municipal de Salvador – e a discussão em torno de suas homenagens.

As representações objetais de Anna Nery

Anna Nery morava na Bahia, na cidade de Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, no edifício n. 7 da Rua da Matriz, atualmente Rua Anna Nery, ao lado da Igreja Matriz.

Atualmente, sua antiga residência se localiza no centro da cidade de Cacho-eira, e a rua se inicia à direita da praça central, de onde partem as ruas principais. A casa foi construída conforme o estilo da época, em tamanho razoavelmente grande, se cotejada com as da vizinhança (Cardoso e Miranda, 1999: 340).

Trata -se de uma construção de dois pavimentos de pé -direito alto, em alve-naria, com portas e janelas largas e altas em madeira, e um telhado que se des-taca por possuir uma eira, que tem significação para a época: família de meio social elevado entre os ex -residentes (Cardoso e Miranda, 1999: 340). Desse modo, o estilo da casa indica a posição social que tinha em sua cidade (ver Fi-gura 1.2 – a fotografia é alusiva à década de 1990; logo, as duas placas/letreiros na fachada necessitam ser desconsideradas).

1 Victor Meirelles de Lima era filho de Meireles de Lima e Maria da Conceição – por‑tugueses. Ele nasceu na cidade de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis (SC), em 18 de agosto de 1832. Faleceu no Rio de Janeiro, em 22 de fevereiro de 1903. Em 1847, seus pais mudaram ‑se para o Rio de Janeiro, onde formou ‑se na Academia Imperial de Belas ‑Artes. Pintou várias obras históricas no período de 1852 e 1900. Pintor renoma‑do, que experimentou as mais díspares alternâncias da existência humana: do reconhe‑cimento ao esquecimento. Meirelles foi ligado ao Romantismo brasileiro (na segunda metade do século XIX). Ademais, ele ganhou notoriedade a partir da década de 1870, em parceira com Pedro Américo e Almeida Júnior.

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Anna Nery pertencia a uma família de patriotas legítimos, irmã de homens de posição militar e político -social,2 vistas pela sociedade como indicadores de poder e prestígio. Foi educada no confinamento do lar, preparando -se para o matrimônio. A idade para o casamento era prevista, socialmente, entre 16 e 23 anos. Esta era considerada a idade -limite para o matrimônio das moças, núme-ro próximo ao dos anos de Anna Nery, quando se casou com Isidoro Antonio Nery (Cardoso e Miranda, 1999: 341).

A condição de mulher casada seguia os modelos preconizados pela Igreja e as condutas morais da época, que tinham o interesse de promover a mulher, no sentido de desempenhar o papel de esposa e as funções de gerenciamento do lar e cuidar dos filhos e sua educação (Cardoso e Miranda, 1999: 341).

Bourdieu cita que a educação feminina é composta de diversos elementos que tendem a inculcar a dominação masculina. Isso se dá por meio do dito e não dito, pelo confinamento dentro dos espaços e do próprio corpo como posturas submissas que se impõem à mulher, representando o limite até onde podem ir (Bourdieu, 2003: 38). Dessa forma, no contexto do século XIX, era comum que as mulheres se condicionassem, na maioria das vezes, a compor-tamentos e educação direcionados ao casamento, bem como ao confinamento simbólico do corpo e do lar.

Anna Nery casou -se em 15 de maio de 1838, aos 23 anos, e enviuvou em 1844. Como outras mulheres viúvas, provavelmente dependeria dos filhos ou viveria com base na remuneração deixada pelo marido, como imóveis e/ou pensão.

Miriam Moreira Leite, em sua obra A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX, de 1993, relata as diversas condições de vida da mulher nesse século, em especial da viúva. Ela poderia ser até a matrona da família, administradora dos bens herdados e dona de estabelecimento para hospedagem de pessoas que necessitavam de lugar para passar dias ou até mesmo para morar. A viuvez era, para algumas, uma vida triste coberta de saudades do falecido marido, a ponto de alguns deles, à beira da morte, verbalizarem: “Minha pobre mulher, que será dela, que não pode viver só!”. Ademais, muitas se dedicavam à caridade, no sentido do desdobramento das atividades religiosas, como enfermeiras (Leite, 1993: 59, 104).

2 Pouco se sabe sobre a história familiar dos pais de Anna Nery. Sobre os irmãos: Ma‑noel Jeronymo Ferreira foi tenente ‑coronel e comandou o 41o Batalhão de Voluntários da Pátria; Ludgerio Rodrigues Ferreira foi médico clínico de nomeada influência política; e Antonio Benício Ferreira foi conceituado corretor em Cachoeira (Cardoso e Miranda, 1999: 340).

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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Anna Nery, como viúva, não levou uma vida muito diferente. Em outras palavras, pelo que se sabe, foi como voluntária para a Guerra do Paraguai, ar-gumentando ficar perto de seus familiares e cuidar dos feridos em combate; depois do conflito, passou a cuidar de órfãs (como se pode ver na Figura 1.3) e, com residência estabelecida no Rio de Janeiro, abre uma enfermaria, assunto que será abordado mais adiante.

A Figura 1.3 é uma reprodução do retrato encontrado entre os documentos de Benjamin Constant doada à Escola de Enfermagem Anna Nery, em 1981. Trata -se de uma foto posada em ambiente fechado. Anna Nery encontra -se ro-deada de seis crianças do sexo feminino. Traja vestido longo de mangas compri-das, com alguns bordados em cor escura e gola de cor clara. Na cabeça ostenta uma coroa, e as órfãs encontram -se trajadas com roupas em cor escura, algu-mas de mangas compridas e outras de mangas curtas.

A hexis corporal das retratadas na figura chama a atenção no sentido dos braços e das mãos: algumas estão apoiadas e unidas umas às outras, o que ex-pressa laços afetivos. Aliás, as duas retratadas em primeiro plano, possivelmente as mais novas entre elas, encontram -se carinhosamente reclinadas sobre o cor-po de Anna Nery. Os atributos de paisagem são compostos por uma espécie de aparador que sustenta, possivelmente, uma fruteira ou travessa alta. Pode -se es-pecular, à primeira vista, tratar -se de um fundo não residencial, provavelmente algum estúdio fotográfico comum à época.

Figura 1.2 Ex ‑residência de Anna Nery. Foto do acervo do Museu Nacional da Enfermagem Anna Nery, em Salvador (BA).

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História da Enfermagem

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Figura 1.3 Anna Nery e as órfãs. Centro de Documentação da Escola de Enfer‑magem Anna Nery/UFRJ – Rio de Janeiro (RJ).

Existe a hipótese, ainda, de que a foto possa ter sido tirada no dia em que Anna Nery recebeu a coroa de folhetos dourados, no Rio de Janeiro (Figura 1.4). A especulação é pautada na assertiva de Miriam Moreira Leite, que afirma que, por meio da história da fotografia, revelavam-se os momentos marcantes da vida; apesar de ser uma prática para poucos, era uma realidade comercial (Leite, 1993).

A socióloga do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, Maria Eliza Linhares Borges, relata que em meados do século XIX a fotografia passou a ser uma condição mais democrática, saindo do monopólio dos membros da aristocracia e da alta burguesia, em virtude da comercialização das fotos. Para tanto, era comum encontrar estúdios que ofereciam cenários e artefatos para a decoração, objetivando compor a imagem a ser fotografada (Borges, 2005: 51). Infere -se que os atributos de paisagem da foto em que Anna Nery e as órfãs foram retratadas revelam um possível estúdio para representar certa condição social, que de fato pode não caracterizar a posição de poder e prestígio que detinham.

Um dado que chama a atenção na foto, em especial, é a coroa de Anna Nery. Esse ornamento foi um presente oferecido a ela na chegada da Guerra do Pa-raguai, ao Rio de Janeiro, em 1870, por suas conterrâneas residentes na cidade.

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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A ficha técnica do artefato, encontrado no Museu de Artes da Bahia, o des-creve como:

Coroa de folhetos dourados, ofertada a Anna Nery quando do seu

regresso da Guerra do Paraguai, sem data. Atada por grande laço de

fita acetinada, verde esmaecido, tendo nas pontas, em letras douradas,

a dedicatória: “À heroína da caridade, as baianas agradecidas”.

Homenagem das senhoras baianas, domiciliadas no Rio de Janeiro,

naquela ocasião, cerca de 1870 (Ficha técnica n. 33.19 – Museu de

Artes da Bahia, Salvador).

A coroa é descrita por muitos pesquisadores como sendo de “ouro crave-jada de brilhantes” ou de “louro cravejada de brilhantes” provavelmente para dar certo tom romanceado da representação objetal. Mediante a evidência pre-sencial do pesquisador à coroa e o registro da foto, verificou -se a ausência de vestígios dos brilhantes, bem como melhor se evidencia tratar -se de uma coroa de folhetos dourados de diâmetro de 35 cm, ornamentada de flores e folhas.

As flores, como representação objetal na história, são reveladoras. A rosa, considerada a rainha das flores, destaca -se ao longo da trajetória dos feitos his-tóricos em diversos momentos, do comemorativo ao fúnebre, com significação de regeneração, piedade, pureza e outros, dependendo de sua cor (Dumas, 2006:

Figura 1.4 Coroa de folhetos dourados. Foto do acervo do Museu Nacional da Enfermagem Anna Nery, em Salvador (BA).

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História da Enfermagem

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66 -70). Dessa forma, as flores que ornamentam a coroa de folhetos dourados recebida por Anna Nery levam a algumas inferências pelo contexto da época.

Eduardo Silva, na obra As camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história cultural, evidenciou a camélia como símbolo a fa-vor da abolição dos escravos no Brasil; e Rafael Santos Silva, por meio do estu-do intitulado “Camélias e Revista Ilustrada: o movimento abolicionista em lito-grafias de Ângelo Agostini”, mostra como aquela flor era, sutilmente, veiculada nas páginas da Revista Ilustrada no final do século XIX, no sentido figurado de crítica ao sistema escravagista no país. Nesses estudos, a camélia foi o símbolo de uma das vertentes do movimento abolicionista ao se referendar a defesa da liberdade dos escravos (Silva, 2003 e Silva, 2008).

Destaca -se, por exemplo, que a Princesa Isabel, após a assinatura da Lei Áu-rea, recebeu buquês de camélias, consideradas por Ruy Barbosa “a mais mimo-sas das oferendas populares”. Logo, em tal contexto não é possível considerar ingenuidade o uso da simbologia das camélias (Silva, 2003: 43; Silva, 2008: 12).

Para tanto, no contexto de 1870, infere -se a possibilidade de que as flores que ornamentavam a coroa de Anna Nery fossem camélias, pois a homenageada em campo de batalha teria cuidado sem distinção dos feridos. Como Silva eviden-ciou nas páginas da Revista Ilustrada, Anna Nery, ao receber a coroa, contribuía para a veiculação do movimento abolicionista, e as diversas imagens de ca-mélia com o significado deste movimento podiam ser consideradas estratégias de visibilidade pelos interessados (Silva, 2008). Ademais, quando Anna Nery abriu uma enfermaria para atender a população, como será apresentado mais adiante, cuidava também dos negros e necessitados de forma gratuita, mas isso requer maior aprofundamento intelectual que para o momento não atende aos objetivos deste estudo.

Ignez Sabino, na obra Mulheres ilustres do Brasil (1899), relata que a foto de Anna Nery com as órfãs teria sido tirada em Montevidéu, mas Maria Manuela Vila Nova Cardoso e Cristina Maria Loyola de Miranda discordam e defendem que a presença da coroa ostentada em sua cabeça encontraria referência na che-gada de Anna Nery ao Rio de Janeiro (Cardoso e Miranda, 1999: 344).

Sobre esse fato talvez caiba a explicação de que Sabino possa tê -la visto em Montevidéu, pois a coroa foi realmente ofertada pelas conterrâneas baianas no Rio de Janeiro, no retorno da Guerra do Paraguai, em 1870, quando também en-comendaram um retrato a óleo da homenageada que mais adiante será abordado.

A representação objetal da coroa de folhetos dourados é arrematada por fita larga verde de gorgorão, onde se lê: “À heroína da caridade, as baianas reco-nhecidas” (Silva, 1942: 18), que se encontra desgastada pelo tempo, conforme a Figura 1.5 apresenta.

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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Figura 1.5 Parte do laço que acompanha a coroa de folhetos dourados de Anna Nery. Foto do acervo do Museu Nacional da Enfermagem Anna Nery, em Salva‑dor (BA).

Em 1933, os familiares de Anna Nery, Azarias Heráclito Nery3 e seus filhos, Antonio Carlos Nery e Gilberto Xavier Nery, doaram a coroa à Pinacoteca do Estado da Bahia, atual Museu de Artes da Bahia.

A doação foi feita porque os herdeiros entendiam que o Estado da Bahia deveria ser o lugar de guarda da estimada lembrança de sua ancestral, que à época suas conterrâneas teriam lhe ofertado no Rio de Janeiro (Silva, 1942: 19).

O dia da doação, 24 de maio de 1933, foi um momento emblemático, consi-derando ser próximo ao dia do passamento de Anna Nery em 20 de maio. Após a doação, a coroa foi exposta para visitação pública (Silva, 1942: 19).

Na fotografia em que Anna Nery ostenta a coroa de folhetos dourados, ela se encontra com as órfãs, filhas de soldados brasileiros mortos nos campos de batalha, mas sobre as quais pouco se sabe (Rodrigues, 2004: 7).

Cardoso e Miranda, ao escreverem o artigo intitulado Anna Justina Ferreira Nery: um marco na história da enfermagem brasileira, levantaram alguns ques-tionamentos sobre as órfãs os quais não é possível responder, mas cabe sua transcrição para que outros pesquisadores os possam desvelar:

Alguns fatos que instigam esclarecimentos ainda não desvelados: o

que faziam crianças em campo de batalha? Como se deu o encontro

de Anna Nery com tais órfãs? (Cardoso e Miranda, 1999: 344).

Tais questionamentos coadunam com as glórias destinadas a Anna Nery no sentido de serem uma estratégia para escamotear a dura realidade em que

3 Foi o sucessor de seu pai, Pedro Antonio Nery, na guarda da coroa de folhetos dourados.

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História da Enfermagem

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outras mulheres viúvas, mães e órfãs se encontravam depois de encerrado o conflito. Como exemplo disso pode -se citar Maria Cerqueira de S. Pedro, que perdeu na guerra dois filhos4 que a sustentavam e se viu obrigada a recorrer ao auxílio destinado às famílias dos voluntários da pátria (Rodrigues, 2004: 9).

Em 1870, na passagem de Anna Nery pelo Rio de Janeiro, como já men-cionado anteriormente, por ocasião da doação da coroa de folhetos dourados, dentre outros objetos,5 as conterrâneas providenciaram que fosse pintado um retrato da homenageada. Victor Meirelles foi o autor do retrato em tela pintada a óleo, que em 1873 foi descerrado em um rito institucional, na Câmara Muni-cipal de Salvador (Silva, 1942: 15).

Meirelles representou Anna Nery em cenário próximo ao campo de batalha, entre os clarões dos bombardeios, significando a caridade da homenageada ao cuidar de pessoas naquele contexto. A obra de Meirelles foi ricamente emol-durada e ficou pronta em 28 de setembro de 1873 para ser exposta no Paço Municipal de Salvador (Figura 1.6) (Silva, 1942: 15 -16).

A ficha técnica da obra localizada no Memorial da Câmara Municipal de Salvador6 a descreve como:

As dimensões: 275 x 177 cm. Retratada de pé, trajada de preto. Braço

direito dobrado apoiado no peito. O esquerdo estendido segura a alça

de pequena bolsa. Traz no peito, do lado direito, a medalha da Cam-

panha do Paraguai. O pintor a retratou na atmosfera enevoada de um

campo de batalha. Em primeiro plano o corpo de um oficial ferido.

4 Pedro Pereira Magalhães, alferes do 31o Regimento de Cavalaria Ligeira, e José Pedro da Silva, sargento do Corpo de Polícia.5 Álbum de madrepérola não localizado, mas descrito por Pedro Celestino da Silva como de valor subido, guarnecido de madrepérola e prata, tendo a inscrição na parte superior “A. J. F. N.” com a dedicatória “Tributo de admiração à caridosa baiana por algu‑mas patriotas” e a seguinte mensagem: “Sra. D. Anna Nery – As Senhoras, nesta Corte, não podiam assistir indiferente a passagem de V. Exa. por aqui no seu regresso à velha heroica província. Entusiastas das virtudes e da caridade de V. Exa. para com os nossos concidadãos, que o Paraguai pugnou pela honra da nação, encarregaram ‑nos elas de oferecer a V. Exa. este pequeno sinal do seu alto apreço, distinta consideração e afetuosa estima. Rio de Janeiro, 6 de maio de 1870 – Baronesa de Muritiba, Isabel Tosta Duque Estrada, Joana Tosta da Silva Nunes, Maria Senhorinha Madureira Acioli Brito, Isabel Cândida de Leão, Laurentina Adelaide de Moura Lima, Maria Amélia Esteves Ramos, Ana Ferreira Rebouças, Eponina Ala de Lima Maia, Maria José de Melo Matos Vasconcelos, Laurentina Ala de Moura Lima, Adelina Ala de Lima Moura, e Cândida Rebouças Rios” (Silva, 1942: 14, 15).6 Oferta da Colônia Baiana, residente no Rio de Janeiro, à Província da Bahia, colocada no Salão Nobre do Paço Municipal de Salvador, a 28 de setembro de 1873. Restaurada, em 1947, por Presciliano Silva; em 1997, por Studio Argolo; e em 1999, por Emília Barreto (ficha técnica da pintura de Victor Meirelles).

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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Atrás, mais próximo a ela, um oficial sentado de costas. Mais atrás,

outro ferido é carregado por dois homens. Ao fundo, uma igreja e,

à direita, o acampamento. No canto superior direito, folhas de uma

palmeira (ficha técnica da pintura de Victor Meirelles).

Apesar de a ficha técnica carecer de registros sobre o traje, destaca -se que o vestido, na tela, apresenta bordados e franjas de canutilhos na cor escura, traje semelhante ao da foto em que Anna Nery foi retratada junto das órfãs. A bolsa que ela segura é bordada, e parece ser do mesmo material do vestido, dando uma ideia de conjunto, traje e acessório.

A coroa de folhetos dourados, na tela, se confunde com o véu/lenço em sua cabeça, sem o destaque do dourado da representação objetal, bem como do laço com as pontas caídas sobre os ombros.

A medalha7 de Campanha de 2a Classe por serviços humanitários prestados nos hospitais militares durante a Guerra do Paraguai, como representação ob-jetal, foi ofertada por Dom Pedro II e parece ser ovalada, com destaque para o passador na cor amarela.

Especula -se que Victor Meirelles não teve acesso à coroa ou então, em sua obra, não aspirou destacar a representação objetal ostentada na cabeça de Anna Nery na cor amarela. Por outro lado, também se pode pensar que, por não se

7 Não foi possível localizar a medalha.

Figura 1.6 Tela pintada a óleo de autoria de Victor Meirelles. Foto do acervo do futuro Museu Nacional da Enfermagem Anna Nery, em Salvador (BA).

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História da Enfermagem

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tratar de uma coroa de ouro, em metal, ele optou por não destacá -la – a meda-lha com o passador de ouro é visível na tela.

As representações objetais – coroa com laço e medalha – articuladas são uma das formas de ratificar o heroísmo da homenageada na Guerra do Para-guai e ao mesmo tempo uma estratégia de mitificação dos seus feitos, o que se entende pelas palavras de Bourdieu: “não há poder simbólico sem uma simbo-logia do poder” (Bourdieu, 1998: 63).

Discussão em torno das homenagens a Anna Nery

São diversas as discussões dos pesquisadores de história em torno das ho-menagens a Anna Nery, seja quanto ao título de primeira enfermeira do Brasil, seja como Dama da Caridade.

Nesse sentido, as homenagens a Anna Nery após a Guerra do Paraguai po-dem ser entendidas como uma das estratégias de escamoteamento das perdas no conflito, bem como é discutível, mas se deixa transparecer que ela teria sido a única mulher a ter partido para cuidar dos feridos da Guerra do Paraguai.

O dicionário Mulheres do Brasil revela que, antes de Anna Nery chegar ao lo-cal da Guerra do Paraguai, uma paulista de nome Felisbina Rosa de Anunciação Fernandes e Silva, conhecida como Felisbina Rosa, já se encontrava no conflito cuidando dos feridos em combate (Schumaher, 2000: 228).

Felisbina Rosa nasceu em 1830, na cidade de São Paulo. Aos 11 anos se-guiu para o Rio de Janeiro com seus pais. Casou -se com Joaquim Fernandes de Andrade e Silva, mas ficou viúva logo em seguida, com um filho. Mediante a eclosão da Guerra do Paraguai, seu filho foi convocado e ela decidiu partir com ele como voluntária da pátria. Felisbina Rosa foi designada a ficar no hospital instalado em Montevidéu, nos primeiros meses de 1865. No ano seguinte foi transferida para o Hospital Avalos em Corrientes, destinado aos praças.

Ela atendeu aos feridos da Batalha de Tuiuti e depois regressou a Corrientes, acompanhando os feridos, quando em 31 de julho de 1865 foi acometida por colapso cardíaco e faleceu.8

A discussão sobre Anna Nery ser reconhecida como a primeira enfermeira brasileira existiu e ainda existe entre alguns pesquisadores. Não que ela desme-

8 Seu filho permaneceu no combate e chegou à patente de generalato.

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

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reça as homenagens, mas o fato se encontra no sentido do reconhecimento de outras mulheres que também participaram da Guerra do Paraguai.

Outra mulher, também pouco citada nos estudos de História da Enferma-gem e esquecida com o passar dos tempos, foi Francisca de Sande, que cuidou dos acometidos pela febre amarela, em 1686 (Costa, 1946).

Francisca de Sande, baiana, filha de português de certa situação financeira para a época, não aspirou seguir a vida religiosa e casou -se com Nicolau Aranha Pacheco, militar do exército, que faleceu em 1670.

Sande ficou viúva aos 32 anos e, devido à ocorrência da “bicha”, atualmente conhecida como febre amarela, transformou uma das residências deixadas pelo seu esposo em enfermaria para cuidar dos acometidos por aquela patologia, falecendo em 21 de abril de 1702. À época, foi reconhecida socialmente pelos feitos, mas após sua morte caiu no esquecimento social, sendo defendida por Afonso Costa, no jornal A Tarde, em Salvador, por um reconhecimento em que ele a intitulava como:

a enfermeira número um do Brasil, legítima dama da caridade que os

séculos ainda agora escondem sob as lajeadas do esquecimento, quan-

to acontece aos feitos históricos que não trazem o cheiro e o saber das

preferências da atualidade (Costa, 1946: 18).

O reconhecimento social de Anna Nery como Dama da Caridade e a Primei-ra Enfermeira do Brasil pode ser entendido pelo seu habitus, oriundo de fami-liares militares e políticos. O habitus constitui um conjunto de conhecimentos práticos que permite ao ser humano perceber e agir, evoluir com naturalidade em certo universo social, uma espécie de segunda natureza inconsciente. É uma matriz geradora, constituída historicamente, institucionalmente enraizada e socialmente variável. Além de ter participado de um conflito, as perdas hu-manas proporcionaram -lhe visibilidade, acrescida da vitória do Brasil sobre o Paraguai e do fato de ter se mantida viva no período da guerra.

A Guerra da Crimeia fez com que Florence Nightingale passasse a ser co-nhecida como “Dama da Lâmpada” e a levou a fundar uma Escola de Enfer-meiras. A Batalha de Solferino tornou Jean Henry Dunant conhecido como o “Homem de Branco” e o levou a fundar a Cruz Vermelha.

Exemplos como estes nos ajudam a pensar sobre o título e as homenagens recebidas por Anna Nery, apesar dos problemas que enfrentou após a Guerra do Paraguai, quando tentou manter uma enfermaria particular para ambos os sexos, no Rio de Janeiro, como apresenta a historiadora Maria Lucia Mott em

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História da Enfermagem

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seu estudo intitulado Anna Néri: uma personagem muito festejada, mas pouco conhecida (2002).

Nesse estudo, Mott apresenta um documento da Junta de Higiene Pública de 22 de setembro de 1875 que relata a existência de uma enfermaria criada na Corte, em 1871, por Anna Nery. Nesse documento datado de 29 de julho de 1875, ela solicitou a concessão de quatro loterias para auxiliar nas despesas daquela enfermaria.

Os argumentos referidos para indeferir o pedido de Anna Nery foram que: a criação da enfermaria não possuía autorização junto à Corte; já existiam na cidade hospitais públicos que ofereciam serviços com melhores condições e de forma gratuita aos enfermos; a enfermaria possuía índice de 14% de mor-talidade, considerado alto, além de o custeio ser provido pelos atendidos e a enfermaria não apresentar diferencial para o que já existia na cidade.

Não se pode afirmar que a enfermaria de Anna Nery tenha sido fechada por falta de auxílio governamental, mas acredita -se que tenha passado por sérias dificuldades. Como se pode observar, apesar de tantas homenagens e reconhe-cimento social, Anna Nery parece ter carecido de poder e prestígio suficientes para que fosse deferido o seu pedido. Dessa forma, a pesquisadora Mott pro-põe que os estudos direcionados a Anna Nery analisem -na como uma mulher brasileira.

Bourdieu esclarece que as biografias, entendidas como história de vida, são, por vezes, mal compreendidas no sentido do jogo que as envolve, pois levam a noção da trajetória de vida como uma série de posições sucessivamente ocupa-das por um mesmo agente. Ademais, tentar entender uma vida por uma série única, sem a evidência de outras ligações do biografado, é tentar explicar um trajeto do metrô sem levar em conta a estrutura da rede, ou seja, a matriz de relações objetivas entre as diversas estações (Bourdieu, 1996: 82).

Desse modo, a construção biográfica pode resultar como Bourdieu a chama de superfície social, sendo o conjunto de posições simultaneamente ocupadas em um dado momento do tempo histórico, de forma a resultar na individua-lidade biológica socialmente instituída, que age como suporte de um conjunto de atributos e atribuições que permitem certa intervenção. Para tanto, se faz necessário (des)construir o agente construído e ter capacidade de fazê -lo existir como agente em diferentes campos de atuação (Bourdieu, 1996: 82 -83).

Muitos foram os biógrafos de Anna Nery, mas algumas passagens por eles apresentadas careceram de dados/fontes sobre sua vida, pois mesmo com tan-tas homenagens, glórias e reconhecimento social, ela passou por dificuldades para manter a enfermaria e, quiçá, outras na sua trajetória de vida. Por outro lado, o tempo passou a cristalizar seus feitos na Guerra do Paraguai, o que

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levou à perpetuação de certos acontecimentos, a ponto de Anna Nery ser equi-parada a Florence Nightingale, sobre a qual pesquisadores estrangeiros vêm se debruçando para evidenciar que, ela também, na sua trajetória de vida, foi uma pessoa de carne e osso como as demais.

Quadro 1.1 Homenagens a Anna Nery após a Guerra do Paraguai (1870 ‑1880)

Ano Homenagem1870 Diploma de Sócia Honorária da Sociedade Filantrópica de Socorros,

em Corrientes1870 Diploma de Sócia Instaladora da Sociedade de Beneficência Portugue‑

sa, em Assunção1870 Álbum guarnecido de madrepérola e prata com dedicatória “Tributo

de admiração à caridosa baiana por alguns compatriotas” seguida de outra mensagem

1870 Medalha de Campanha de 2a Classe por serviços humanitários presta‑dos nos hospitais militares durante a Guerra do Paraguai

1870 Encomendado o retrato pintado a óleo de Anna Nery para Victor Mei‑relles

1870 Coroa de folhetos dourados arrematada com laço com a inscrição “À heroína da caridade, as baianas agradecidas”

1870 Discurso em homenagem a Anna Nery em sua residência por felicita‑ções pela comissão nomeada pela Assembleia Legislativa da Provín‑cia, publicado no Diário da Bahia, proferido pelo deputado Romero Affonso Monteiro

1870 Discurso em homenagem a Anna Nery em sua residência, publica‑do no Diário da Bahia, proferido pela esposa do Coronel Lourenço Marques

1870 Ainda em 1870 outras homenagens foram realizadas por poetas, como João Brito, Castro Rebelo Júnior, Augusto Baltazar da Silveira, Basili‑no Dias e jornalistas com discursos em Assembleias e Câmaras

1873 Exposição da tela de homenagem a Anna Nery pintada por Victor Mei‑relles no Salão das Sessões do Paço Municipal de Salvador

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História da Enfermagem

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Quadro 1.2 Algumas homenagens in memoriam a Anna Nery (1880 ‑1979)

Ano Homenagem1880 O passamento de Anna Nery ocorreu em 20 de maio de 1880, no Rio de

Janeiro, sendo seu corpo sepultado no Cemitério São Francisco Xavier Cardoso

1880 Discurso (poemeto histórico) proferido à beira do túmulo em sua ho‑menagem pelo Dr. Rozendo Muniz Barreto, publicado no jornal Gazeta de Notícias em 22 de junho de 1880

1880 Lápide em seu túmulo: “Aqui descansam os restos mortais de Da. Anna Nery, denominada Mãe dos Brasileiros, pelo Exército, na Campa‑nha do Paraguai”

1880 Trajetória de vida de Anna Nery publicada no jornal Gazeta de Notícias1880 Trajetória de vida de Anna Nery publicada no Jornal do Commercio1880 Notícia sobre o sepultamento de Anna Nery publicada no jornal Gazeta

de Notícias1880 Trajetória de vida de Anna Nery e retrato pintado à mão publicados na

Revista Ilustrada1887 Rua Anna Nery, no Largo do Pedregulho, em Benfica, subúrbio do Rio

de Janeiro1916 Rua Anna Nery, situada no bairro do Mooca, em São Paulo (pelo Ato

Municipal n. 972)1918 Retrato de Anna Nery no Salão Nobre do Paço Municipal de Salvador1918 Proposta de ereção do monumento em homenagem a Anna Nery no I

Congresso da Cruz Vermelha Brasileira, em São Paulo1919 Anna Nery foi apontada Pioneira da Enfermagem no Brasil e Precur‑

sora da Cruz Vermelha Brasileira, pela Liga das Sociedades da Cruz Vermelha Brasileira

1924 O antigo Largo da Palma, em Salvador, passou a ser denominado Anna Nery, pela Resolução Municipal n. 650

1924 Discurso de Maria Rennotte para a ereção do monumento em home‑nagem a Anna Nery, em São Paulo

1925 Tela pintada a óleo de Anna Nery inaugurada no Salão Nobre do Palá‑cio da Cruz Vermelha Brasileira, no Rio de Janeiro

1926 Patrona da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saú‑de Pública, passando a ser denominada Escola de Enfermeiras Donna Anna Nery, no Rio de Janeiro, pelo Decreto n. 17.268

1926 Alteração do nome da Rua da Matriz para Rua Anna Nery, na cidade de Vila Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, pela Resolução n. 20

1928 Inauguração da placa do nome da Rua Anna Nery, na cidade de Vila Nos‑sa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, pela Resolução n. 20

(continua)

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Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

… 17 …

Quadro 1.2 Algumas homenagens in memoriam a Anna Nery (1880 ‑1979) (continuação)

Ano Homenagem1928 Lápide no Museu da Bahia “À heroína Donna Anna Nery, Homenagem

do Museu da Bahia 27/junho/1928”1930 Denominação de Escola Anna Nery às Escolas Reunidas de Cachoeira,

pela Portaria n. 446, da Diretoria Geral de Instrução Pública1933 Inauguração da tela pintada a óleo em homenagem a Anna Nery por

Presciliano Silva, na Casa da Bahia1933 Coroa de louros entregue à Pinacoteca do Estado da Bahia, no bairro

Campo Grande, em comemoração ao aniversário do Batalhão Tuiuti1935 III Conferência Pan ‑americana da Cruz Vermelha: oficialização da pro‑

posta de ereção do monumento a Anna Nery, no Rio de Janeiro, pela delegação da Cruz Vermelha Peruana – Guillermo Fernandes Davila

1935 Assentamento da pedra fundamental ao monumento de Anna Nery, no Rio de Janeiro

1938 Instituído o Dia do Enfermeiro pelo Decreto n. 2.956/1938 pelo Pre‑sidente Getúlio Vargas, em 10 de agosto de 1938, devendo todas as instituições de saúde comemorar a memória de Anna Nery

1940 Criação da Semana Brasileira de Enfermagem pela diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, Laís Netto dos Reys, no Rio de Janeiro. Período: 12 de maio (nascimento de Florence Nightingale) a 20 de maio (passamento de Anna Nery)

1943 Aeronave batizada com o nome de Anna Nery, no Rio de Janeiro1956 Descerramento do monumento em homenagem a Anna Nery pela Cruz

Vermelha Brasileira, no Rio de Janeiro1971 Busto de Anna Nery no Círculo Militar de São Paulo, na Alameda Cívica

Marechal Maurício José Cardoso, na cidade de São Paulo1979 Exumação dos restos mortais de Anna Nery, no Rio de Janeiro1979 Caixa de prata para os restos mortais de Anna Nery oferecida pela Uni‑

versidade Federal da Bahia com a inscrição: “Restos mortais de Anna Nery, Mãe dos Brasileiros na Campanha do Paraguai – Homenagem da Universidade Federal da Bahia – 1979”; e na placa da frente da urna: “Aqui está Anna Nery vencendo as trevas da morte e a distância dos séculos para receber de nós outros o que lhe deve a posteridade”

1979 Exposição da urna no Pavilhão de Aulas da Escola de Enfermagem Anna Nery

1979 A urna foi transportada pela Aeronáutica à Bahia e posteriormente à cidade de Cachoeira, na sacristia da Igreja Matriz, no centro da nave principal

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História da Enfermagem

… 18 …

BibliografiaBORGES, M. E. L. História e fotografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

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______. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, 1998.

______. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.

CARDOSO, M. V. N.; MIRANDA, C. M. L. Anna Justina Ferreira Nery: um marco na

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DUMAS, V. As rosas não falam (mas contam a história). História Viva, São Paulo, ano

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LEITE, M. M. A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX. São Paulo: Edusp, 1993.

MATTOS, J. F. A Guerra do Paraguai. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal; 1990.

MOTT, L. Anna Néri: uma personagem muito festejada, mas pouco conhecida. Revista

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SCHUMAHER, S. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade biográfico e

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SILVA, E. As camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história

cultural. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

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Memorial da Câmara Municipal de Salvador – Salvador (BA)

Ficha técnica da tela pintada por Victor Meirelles – Anna Nery.

historia da enfermagem.indb 18 9/6/10 6:01 PM

Capítulo 1 … Anna Justina Ferreira Nery

… 19 …

Arquivo Histórico Municipal de Salvador – Salvador (BA)

Câmara Municipal de Salvador. Livro de Atas. Salvador, 1873. p. 129 -32.

Museu de Artes da Bahia – Salvador (BA)

Coroa de folhetos dourados pertencente a Anna Justina Ferreira Nery e ficha técnica do

artefato: coroa de folhetos dourados – número 33: 19.

Acervo do futuro Museu Nacional de Enfermagem Anna Nery – Salvador (BA)

Foto da ex -residência de Anna Nery (Figura 1.2).

Foto da coroa de folhetos dourados e do laço que acompanha o que a arremata (Figuras

1.4 e 1.5).

Foto da tela pintada a óleo de Anna Nery de autoria de Victor Meirelles (Figura 1.6).

Acervo da Associação Brasileira de Enfermagem – filial São Paulo (SP)

COSTA, A. Da Bahia, a enfermeira n. 1 do Brasil – transcrição do jornal A Tarde em 7 de

maio de 1946. Anais de Enfermagem. São Paulo: Associação Brasileira de Enfermagem;

1946 abr. -jun. p. 18 -20, n. 19.

Centro de Documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ – Rio de Janei‑

ro (RJ)

Documento sem nome do jornal. Centro de Documentação da Escola de Enfermagem

Anna Nery. Cx. 7, doc. 60. (Este jornal encontra -se com o registro do ano de 1922, mas

os fatos nele registrados, como a foto e legenda da visita ao túmulo de Anna Nery, em

1925, e a referência à inauguração do seu retrato nas dependências da Cruz Vermelha

Brasileira, em 26 de maio de 1925, nos leva a inferir que a matéria foi publicada em 1925

e não em 1922.)

Foto de Anna Nery com as órfãs (Figura 1.3).

Recorte de jornal, sem registro do nome da imprensa escrita localizado no Centro de

Documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery. Cx. 7, doc. 64, 1925.

Recorte de jornal, sem registro do nome da imprensa escrita localizado no Centro de

Documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery. Cx. 7, doc. 60, 1925.

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