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Page 1: EFICIENCIA PORTUARIA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................2

2 PORTOS.....................................................................................................3

2.1 PORTOS NO COMÉRCIO BRASILEIRO.............................................4

2.2 IMPORTÂNCIA DOS PORTOS BRASILEIROS NO COMÉRCIO

NACIONAL 5

2.3 IMPORTÂNCIA DOS PORTOS BRASILEIROS NO COMÉRCIO

EXTERIOR 6

3 PRINCIPAIS PORTOS BRASILEIROS.......................................................9

3.1 PORTO DE SANTOS.........................................................................11

3.2 PORTO DE ITAGUAÍ..........................................................................12

3.3 PORTO DE PARANAGUÁ..................................................................13

3.4 PORTO DE MANAUS.........................................................................14

3.5 PORTO DE PORTO VELHO..............................................................15

3.6 PORTO DE SANTANA.......................................................................15

3.7 PORTO DE SANTARÉM....................................................................16

4 NAVEGAÇÃO INTERIOR NO BRASIL.....................................................17

5 PRINCIPAIS GARGALOS.........................................................................17

6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA PORTUÁRIA....................19

6.1 FRONTEIRAS ESTOCÁSTICAS........................................................20

6.2 ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS.................................................20

6.3 APLICAÇÃO.......................................................................................20

7 CONCLUSÃO............................................................................................21

8 REFERÊNCIAS.........................................................................................22

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1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que o principal meio para o comércio entre países é o transporte

marítimo. A principal estrutura que possibilita este tipo de transporte é o porto. Para

Falcão e Correia (2012), os portos são a porta de entrada e saída de mercadorias e

passageiros, servindo de abrigo e ancoradouro para embarcações, além de

possuírem instalações necessárias para o embarque e desembarque.

Os portos são um importante elo da cadeia logística e são capazes de

promover o desenvolvimento de toda uma região e até mesmo de um país. Para que

ocorra tal desenvolvimento, é necessário que haja a preocupação com custos e com

a eficiência portuária, de forma a tornar os produtos nacionais competitivos no

mercado.

Ainda que o sistema portuário brasileiro esteja se modificando, principalmente

após a criação da Lei de Modernização dos Portos (Lei nº 8630/93), o país ainda

carece de melhorias no setor. Segundo a Pesquisa da CNT, no Relatório de

Competitividade Global 2012/2013 do Fórum Econômico Mundial avaliou-se a

qualidade da infraestrutura portuária de 144 países, sendo que o Brasil ficou na 135ª

posição, como mostra o gráfico a seguir (Figura 1).

Figura 1: Avaliação da qualidade da infraestrutura portuária. Fonte: CNT, 2012.

Esta posição ocupada pelo Brasil se deve aos inúmeros gargalos do sistema

portuário do país. Entre eles estão: a dificuldade de acessos rodoviários e

ferroviários aos portos, a baixa disponibilidade de terminais marítimos

especializados e o alto tempo médio de espera de navios (CNT, 2012).

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Para que se reduzam os gargalos existentes e se otimize os custos e

atividades portuárias, é necessário um estudo de eficiência, de forma a garantir

maior competitividade aos portos brasileiros. Para este estudo, foram desenvolvidas

técnicas de avaliação de eficiência portuária, sendo a Análise Envoltória de Dados e

Fronteiras Estocásticas as principais.

2 PORTOS

Os portos podem ser definidos como pontos de integração entre os modais

terrestre e marítimo, com a função adicional de amortecer o impacto do fluxo de

cargas no sistema viário local, através de armazenagem e da distribuição física

(RODRIGUES, 2003). E também considerados como a porta de entrada e saída de

mercadorias e passageiros, servindo de abrigo para embarcações, e também possui

instalações necessárias para o embarque e desembarque de cargas e passageiros.

Silva (2010) destaca como as principais funções dos portos: Prover

facilidades adequadas e eficientes para o escoamento das cargas; Promover acesso

marítimo adequado aos navios visando atender ao mais eficiente ciclo operacional

dos mesmos; Garantir a segurança dos navios no acesso e na saída, no interior da

bacia portuária bem como a segurança da vida dentro dos limites do porto; Garantir

adequada e eficiente proteção ao meio

Segundo Gonzalez e Trujillo (2008) os portos tem um importante papel na

cadeia logística, sendo assim o nível de eficiência portuária influencia,

enormemente, a competitividade de um país, por conseguinte uma alta eficiência

portuária conduz a baixas tarifas de exportações que, por sua vez, favorecem a

competitividade dos produtos nacionais em mercados internacionais. A fim de

manter uma posição de competidor no mercado internacional, os países precisam

trabalhar nos fatores que influenciam a eficiência de seus portos.

Figueiredo (2001) coloca que um porto eficiente deve minimizar a

permanência do navio, ou seja, a soma da atracação, tempo de operação e

liberação do navio. A eficiência portuária seria avaliada ainda de acordo com o

desempenho operacional, a infraestrutura existente e o grau de segurança vinculado

à operação. O que ocorre, no geral, é a utilização de indicadores de desempenho

para tentar mensurá-la, destacando-se o número de movimentos por navio por hora

e o número de movimentos por área total do terminal. Acarretando assim em uma

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visão parcial da eficiência da operação e perdendo a visão geral logística, afetando a

produtividade global.

Para melhoria da capacidade portuária estariam envolvidas variáveis como

áreas disponíveis para armazenamento de carga, produtividade dos equipamentos

de movimentação, capacidade dos acessos terrestres e marítimos, assim como o

calado do cais de atracação, que determina o padrão de utilização dos navios. Ao

alcançar limites físicos de área disponível, recursos deveriam ser transferidos para

equipamentos e sistemas e deveria ocorrer uma integração operacional,

aumentando a eficiência e a produtividade. (MARCHETTI & PASTORI, 2007 apud

FALCÃO, 2012).

2.1 PORTOS NO COMÉRCIO BRASILEIRO

A intensificação do comércio mundial exigiu profundas modificações no setor

portuário global e demandou um intenso processo de modernização. Com 90% de

seu comércio realizado por portos, a participação do Brasil nos fluxos econômicos

mundiais depende, em grande medida, de sua infraestrutura e logística. Para

manter-se competitivo, o setor portuário brasileiro tem como desafio o aumento de

sua eficiência, a redução dos custos operacionais e o gerenciamento ambiental

responsável.

Em 2001, foi criada a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e tem por

objetivo principal regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de

serviços de transportes aquaviários e de exploração da infra-estrutura portuária,

para garantir a movimentação de pessoas e bens dentro dos padrões de segurança,

conforto, regularidade, pontualidade e modicidade nos fretes e tarifas. Em maio de

2007 foi criada a Secretaria Especial de Portos visando colocar os portos brasileiros

no mesmo patamar dos portos mais modernos e eficientes do planeta.

O sistema portuário brasileiro é composto de 37 portos públicos, entre

marítimos e fluviais. Desse total, 18 são delegados, concedidos ou têm sua

operação autorizada por governos estaduais e municipais. Existem ainda 130

terminais de uso privativo.

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2.2 IMPORTÂNCIA DOS PORTOS BRASILEIROS NO COMÉRCIO NACIONAL

Falta ao Brasil um conhecimento amplo do sistema hidroviário nacional para a

elaboração de projetos consistentes que permitam a completa utilização do potencial

navegável do país. É de fundamental importância conhecer as condições de

navegabilidade, a demanda de cargas e as especificidades de cada rio que compõe

uma das maiores redes hidrográficas do planeta.

Utilizar o potencial navegável dos rios brasileiros contribui para o

fortalecimento da nossa economia, uma vez que o modal hidroviário apresenta

menores custos de frete, aumentando assim a competitividade dos produtos

nacionais no mercado mundial. Além disso, o sistema hidroviário alavanca o

desenvolvimento sustentável, aumentando a segurança no transporte, reduzindo o

consumo de combustíveis e a consequente emissão de gases do efeito estufa.

Dos quase 42 mil quilômetros de vias navegáveis existentes no Brasil, menos

de 21 mil quilômetros são economicamente aproveitados. O transporte de cargas na

navegação interior responde por apenas 1% do volume movimentado no país. O

desperdício de todo esse potencial é reflexo da falta de planejamento, dos baixos

níveis de investimentos públicos e de entraves regulatórios e institucionais.

Tendo em vista a necessidade de melhor aproveitamento brasileiro do

transporte marítimo, estatísticas apontam que a movimentação de mercadorias por

meio da navegação de cobotagem vem aumentando ao longo dos últimos anos,

porém ainda com grande potencial de crescimento.

No ano de 2011, o transporte de cargas por meio da navegação de

cabotagem movimentou 193,5 milhões de toneladas, o que representa um

crescimento de 18,3% com relação ao ano de 2006, quando foram movimentados

163,5 milhões de toneladas. Essa tendência de crescimento é positiva para o setor

de transportes, porque promove maior competitividade, balanceamento da matriz de

transportes e descongestionamento de algumas rotas que podem contribuir para

redução dos custos finais dos produtos.

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2.3 IMPORTÂNCIA DOS PORTOS BRASILEIROS NO COMÉRCIO EXTERIOR

O comércio internacional é importante para a economia dos países, sejam

eles desenvolvidos ou em desenvolvimento. A abertura comercial permite que

produtores locais explorem outros mercados, impulsionando a produção interna, por

meio das exportações. Enquanto isso, a possibilidade de importação aumenta a

oferta de produtos para o consumo interno e favorece a concorrência e as inovações

tecnológicas.

O comércio internacional incentiva a alocação ótima dos fatores de produção

nos países. Isso porque as trocas permitem que os países se especializem na

produção de bens e serviços em que são mais eficientes sem, entretanto, deixar de

consumir os demais bens. Dessa forma, os custos de produção são reduzidos, a

produção e o consumo são maximizados. Além disso, estudos de Fukuda e Toya,

1993 apontam que o comércio internacional aumenta a utilização da capacidade

produtiva, os níveis de investimento e traz melhorias tecnológicas. Outra vantagem

das trocas internacionais é a possibilidade de ganhos de escala originados de um

maior mercado consumidor.

O transporte marítimo é o modal mais importante para o comércio exterior

brasileiro. A importância do transporte marítimo vem aumentando nos últimos anos,

principalmente quando considerado o valor das mercadorias – US$ FOB (Free On

Board). O Gráfico 1 apresenta a evolução da participação do modal na corrente de

comércio exterior brasileira considerando apenas os modais marítimo, fluvial,

rodoviário, aéreo, e ferroviário. Em termos monetários, em 1997, o transporte

marítimo era responsável pela movimentação de 73% da corrente de comércio

exterior. Atualmente, a participação é de 90,2%.

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Gráfico 1: Participação modal na corrente de comércio exterior – US$ FOB. Fonte: Pesquisa CNT do transporte marítimo, 2012.

No que se refere às importações, o modal marítimo respondeu por 75,8% dos

valores movimentados em 2011. Já quando consideradas as exportações em 2011,

pode-se observar pelo Gráfico 2, que em termos monetários, a participação é de

84,3%.

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Gráfico 2 - Exportações: total e via portos (US$ FOB). Fonte: Pesquisa CNT do transporte marítimo, 2012.

A pequena participação das outras modalidades de transporte na

movimentação internacional de cargas é por causa das características dos produtos

e dos próprios modais. Por exemplo, segundo dados da pesquisa CNT do transporte

marítimo, 2012, o modal aéreo, é responsável pelo transporte de 4,5% das

exportações em termos monetários, é o mais rápido e não tem sua atuação restrita

aos países limítrofes, mas possui alto custo e restrições volumétricas. Já o modo

rodoviário, que transporta 7,1% das exportações (em US$ FOB), está limitado tanto

pelo volume quanto pela abrangência de atuação. O modo ferroviário, que

movimenta 0,2% das exportações em termos de valor, apesar de apresentar grande

capacidade volumétrica, apresenta restrições de abrangência geográfica e necessita

de conexão entre as malhas férreas nacionais e estrangeiras para que o transporte

possa ocorrer.

Portanto, pode-se dizer que o transporte marítimo possui vantagens

comparativas em relação aos outros modais no que se refere ao transporte

internacional de cargas. Podendo-se destacar o fato de o modal ser bastante flexível

quanto ao tipo de carga, ter capacidade de operar por longas distâncias, necessitar

de um menor consumo de combustíveis e emitir uma menor quantidade de

poluentes, e apresentar capacidade para grandes volumes de carga. Esta última

característica torna o transporte marítimo mais competitivo por permitir ganhos de

escala.

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3 PRINCIPAIS PORTOS BRASILEIROS

Segundo a Pesquisa do Transporte Marítimo de 2012 realizada pela

Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Brasil possui uma faixa litorânea

com 7.367 km de extensão linear, o que pode conferir um enorme potencial para a

utilização do transporte marítimo de cargas e passageiros. Com relação à economia

nacional, no ano de 2011, 95,9% do total exportado e 88,7% das importações foram

feitas pelos portos. Nesse contexto, os portos são fundamentais para a inserção de

um país no mercado internacional e, conseqüentemente, para o desenvolvimento

econômico.

Os avanços do transporte marítimo podem reduzir a distância entre os centros

produtores e consumidores e viabilizaram uma maior especialização das economias.

Com isso, os mercados podem se tornar mais eficientes e as trocas mais rentáveis.

De acordo com a mesma pesquisa, o Sistema Portuário Marítimo Brasileiro é

composto por 34 portos públicos1 organizados que estão representados na figura

abaixo:

1 Destinados ao atendimento dos usuários que solicitam o serviço marítimo, de maneira isonômica, com a obrigação da prática de tarifas módicas. Não há restrição com relação ao volume e tipo de carga a ser movimentada, desde que o porto seja dotado de condições técnicas e operacionais para o atendimento.

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Figura 2: 34 PORTOS PÚBLICOS MARÍTMOS. Fonte: CNT.

Onde:

16 são delegados, concedidos ou administrados por governos

estaduais ou municipais;

18 são administrados pelas Companhias Docas.

O sistema portuário conta também com 130 terminais de uso privativo2

(TUPs), alguns representados na figura a seguir, dos quais 73 apresentaram

movimentação marítima no ano de 2011.

2 Podem ser utilizados para movimentação de cargas próprias, para uso misto (Decreto n.º 6.620/084), para movimentação de passageiros em instalação portuária de turismo (Lei n.º 11.314/06) e como estação de transbordo de cargas (Lei n.º 11.518/07). Sendo necessária a autorização da União, por parte da Antaq, para construção e exploração dos terminais.

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Figura 3: TERMINAIS DE USO PRIVATIVO. Fonte: CNT.

Em 2011, 13 portos organizados responderam por 90% da carga transportada

por instalações portuárias. Considerando-se apenas os dados de movimentação de

cargas dos respectivos portos públicos, não sendo computada a movimentação dos

terminais de uso privativo: Santos, Itaguaí, Paranaguá, Rio Grande, Vila do Conde,

Itaqui, Suape, São Francisco do Sul, Vitória, Rio de Janeiro, Aratu, Itajaí e Fortaleza

(Pesquisa do Transporte Marítimo de 2012).

De acordo com a representatividade de alguns portos organizados3 em

relação a toda a movimentação no Brasil, nos próximos tópicos serão apresentados

os mais relevantes considerados pelo grupo (observando a Pesquisa do Transporte

Marítimo de 2012 da CNT).

3.1 PORTO DE SANTOS

Possui uma área de aproximadamente 7,7 milhões de m², faz parte da Região

Metropolitana da Baixada Santista no litoral do estado de São Paulo e é

administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Suas instalações possuem 13 km de extensão de cais, 53 berços públicos e

11 privados. A capacidade de armazenamento do porto é de, aproximadamente, 700

3 Todos aqueles que tenham sido melhorados ou aparelhados, atendendo às necessidades da navegação, da movimentação e guarda de mercadorias e cujo tráfego se realiza sob a direção de uma administração do porto (http://www.icimnet.com.br/Servicos/Dicionario/dic_P.html.)

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mil m3 para granéis líquidos, armazéns para acondicionar mais de 2,5 milhões de

toneladas de granéis sólidos e área de pátio de mais de 981 mil m².

O porto movimentou 86,0 milhões de toneladas (37,8 milhões de granéis

sólidos, 12,8 milhões de granéis líquidos e 35,4 milhões de toneladas de carga

geral), no ano de 2011. O que representou 27,8% de toda a movimentação dos

portos organizados no Brasil, que atingiu 309,0 milhões de toneladas.

Gráfico 3: Movimentação de cargas no porto de Santos. Fonte: CNT.

3.2 PORTO DE ITAGUAÍ

O porto de Itaguaí possui área de 7,4 milhões de m²e localiza-se na Baía de

Sepetiba, em Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro sendo administrado pela

Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ).

Em 2011, o porto movimentou 58,1 milhões de toneladas (55,4 milhões de

toneladas de granéis sólidos e 2,7 milhões de toneladas de carga geral), o que

representa 18,8% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil.

No que diz respeito ao tipo de navegação, foram movimentados 57,5 milhões

de toneladas por meio da navegação de longo curso (22,4% do total de carga

movimentada nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 0,6 milhões de

toneladas pela navegação de cabotagem (1,5% do total da cabotagem nos portos

organizados). Em relação ao sentido da movimentação da carga, 4,9 milhões de

toneladas (8,5% do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram

embarcados 53,2 milhões de toneladas (91,5% do total movimentado).

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Gráfico 4: Movimentação de cargas no porto de Itaguaí. Fonte: CNT.

3.3 PORTO DE PARANAGUÁ

O porto possui área de 2,3 milhões de m² e localiza-se em Paranaguá, no

estado do Paraná, sendo administrado pelo próprio Estado, por meio da

Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Suas instalações possuem 2,8 quilômetros de extensão de cais, contando

com 20 berços. A capacidade de armazenamento do porto é de, aproximadamente,

540 mil m3 de granéis líquidos, com disponibilidade de armazéns para acondicionar

mais de 1,4 milhões de toneladas de granéis sólidos e área de pátio de 538,4 mil m².

No ano de 2011, o porto movimentou 37,4 milhões de toneladas (26,7 milhões

de toneladas de granéis sólidos, 2,5 milhões de toneladas de granéis líquidos e 8,2

milhões de toneladas de carga geral), o que representa 12,1% de toda a

movimentação dos portos organizados no Brasil.

Quanto ao tipo de navegação, foram movimentados 35,1 milhões de

toneladas por meio da navegação de longo curso (13,7% do total de carga

movimentada nos portos organizados por esse tipo de navegação) e 2,3 milhões de

toneladas pela navegação de cabotagem (5,4% do total da cabotagem nos portos

organizados). Em relação ao sentido da movimentação da carga, 12,8 milhões de

toneladas (34,2% do total movimentado) desembarcaram no porto, enquanto foram

embarcados 24,6 milhões de toneladas (65,8% do total movimentado).

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Gráfico 5: Movimentação de cargas no porto de Paranaguá. Fonte: CNT.

Os principais portos para navegação interior, segundo a CNT na Pesquisa da

Navegação Interior 2013, serão citados nos próximos tópicos.

3.4 PORTO DE MANAUS

O porto, de acordo com a Pesquisa da Navegação Interior 2013 é localizado

no centro comercial da capital do Estado do Amazonas, Manaus, situado à margem

esquerda do rio Negro e a 13 km possui uma área de aproximadamente 94,4 mil m²,

dos quais 16,8 mil m² são de área flutuante (a maior área flutuante do mundo). A

administração desse porto é realizada pelo governo do Estado do Amazonas por

meio da Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH).

Gráfico 6: Movimentação total de cargas no porto de Manaus por sentido. Fonte: CNT.

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3.5 PORTO DE PORTO VELHO

Está localizado próximo do Estado do Rondônia, Porto Velho. Tem um

importante papel no escoamento da produção local e dos Estados vizinhos. Um dos

fatores para a relevância desse porto para o desenvolvimento econômico da região,

é o fato de sua área ser plenamente alfandegada, o que possibilitaria a realização de

operações de exportação (Pesquisa da Navegação Interior 2013).

Gráfico 7: Movimentação total de cargas no porto de Porto Velho por sentido. Fonte: CNT.

3.6 PORTO DE SANTANA

Sua localização permite fácil acesso aos portos de outros continentes. Ele

está localizado a 18 km da capital do Estado do Amapá, Macapá. Esse porto é a

principal rota por via marítima, para entrada e saída da região Amazônica. O canal

de acesso ao porto possui 12 metros de profundidade. E é administrado pela

Companhia de Docas de Santana (Pesquisa da Navegação Interior 2013).

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Gráfico 8: Movimentação total de cargas no porto de Santana por sentido. Fonte: CNT.

3.7 PORTO DE SANTARÉM

Está localizado à margem direita do rio Tapajós. Possui a capacidade de

receber navios de até 18.000 toneladas de porte bruto, dispondo de uma extensão

acostável de 520 metros, além de um cais marginal para o atendimento a pequenas

embarcações. A profundidade do cais do porto, ao longo do ano, varia de 13,3

metros, na época de estiagem, a 18 metros, no período de cheia. Contudo, o acesso

de alguns navios da navegação de longo curso é limitado pela profundidade do

canal de acesso na barra norte do rio Amazonas, que é de 11,5 metros (CNT 2013).

Gráfico 9: Movimentação total de cargas no porto de Santarém por sentido. Fonte: CNT.

4 NAVEGAÇÃO INTERIOR NO BRASIL

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De acordo com CNT na Pesquisa da Navegação Interior 2013, no Brasil,

como mencionado anteriormente, existem aproximadamente 42 mil quilômetros de

vias navegáveis e menos de 21 mil quilômetros são economicamente aproveitados.

O país possui uma extensa rede de rios, mas ainda não prioriza a navegação como

via de escoamento da produção.

O transporte de cargas na navegação interior responde por apenas 1% do

volume movimentado no país. O desperdício de todo esse potencial é reflexo da

falta de planejamento, dos baixos níveis de investimentos públicos e de entraves

regulatórios e institucionais. A utilização do transporte hidroviário, representa cerca

de 7% da carga transportada no país.

Os custos de investimento da navegação interior são elevados (custo da

embarcação, custo operacional e custo da viagem), por isso a movimentação de

pequenas tonelagens, geralmente, não é viável, pelo custo elevado. Sendo

fundamental a escala para que os custos do transporte sejam divididos pela lotação

da embarcação.

5 PRINCIPAIS GARGALOS

Segundo a CNT (2012 e 2013) os principais gargalos do sistema portuário do

Brasil são:

Especificidades entre as embarcações que atuam na navegação interior: a falta de diferenciação das especificidades e da prática da navegação

interior, como meio de transporte interno, dotado de embarcações exclusivas para

essa finalidade. Muitas vezes a navegação interior é realizada por embarcações

projetadas para navegação marítima. Algumas regiões sofrem grandes variações

devido ao ciclo hidrológico, por isso é importante que seja realizada uma revisão e

atualização da relação descritiva dos rios brasileiros (uma vez que o documento que

possui esse detalhamento, o Plano Nacional de Viação, é datado de 1970). Torna-se

também necessário um detalhamento do tipo de carga que circula nesses rios as

exigências quanto à proteção ambiental, as normas de tráfego, segurança e a

formação dos tripulantes;

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Dificuldade de financiamento das embarcações: é o acesso ao

crédito para financiamento de embarcações e o excesso de burocracia dos órgãos

financiadores o dificulta;

Burocracia e quantidade de órgãos envolvidos: a significativa

quantidade de órgãos, associada com a falta de clareza sobre a esfera de atuação e

responsabilidades de cada ente, resulta em lacunas de atuações e, em alguns

casos, até mesmo na sobreposição de papéis;

Dificuldades na obtenção de licenças ambientais: existem grandes

divergências entre os agentes e na própria base legal, quanto ao licenciamento

ambiental das vias navegáveis. Apesar das diversas normas existentes, faltam

definições claras e precisas do objeto das licenças, bem como dos conceitos

técnicos relacionados ao tema. Algumas destas indefinições têm impactado

negativamente na obtenção das licenças, sobretudo no que se refere à agilidade do

processo;

Discussões com o setor elétrico e dimensionamento das eclusas: ausência de simultaneidade entre os diversos segmentos que utilizam os recursos

hídricos brasileiros, sobretudo entre os empreendimentos de geração de energia e a

navegação, devido à falta de articulação e integração dos planejamentos, que são

executados apenas setorialmente. O principal conflito decorre da construção de

empreendimentos hidrelétricos sem as obras de transposição desses barramentos

(as eclusas), o que resulta na redução ou impossibilidade de navegação;

Excesso de tributos e tarifas: geralmente compõe o preço final dos

produtos. São impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. Um dos

problemas da estrutura tributária brasileira é sua complexidade. Além da quantidade

de tributos, a maioria indireta, em muitos casos há acumulação dos mesmos. O

resultado desse sistema é uma grande carga tributária, burocracia e maior custo de

produção nacional;

Qualificação da mão de obra: a escassez de pessoal qualificado em

determinadas atividades pode ser caracterizada como uma situação de monopólio

privado não regulado. O contingenciamento de recursos, aliado ao reduzido número

de instituições de capacitação, gera uma deficiência na quantidade de profissionais

para atenderão setor. Tal fato favorece a imposição de preços superiores;

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Infraestrutura portuária e de acesso: a dificuldade de acessos

rodoviários e ferroviários aos portos, a baixa disponibilidade de terminais marítimos

especializados e o alto tempo médio de espera de navios.

6 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA PORTUÁRIA

O transporte aquaviário é de extrema importância para o equilíbrio da matriz

de transportes do Brasil. No entanto, para que a navegação funcione de forma mais

eficiente, esse modo precisa se tornar mais atrativo e competitivo, de forma que a

confiabilidade no sistema aumente e os custos diminuam. Para isso ocorrer, deve-se

investir nos portos já existentes, de forma a melhorar o aproveitamento dos mesmos,

e também investir na construção de novos terminais.

Estes investimentos devem ser baseados em estudos de eficiência, que

indicam os principais gargalos dos portos e possibilitam a comparação com outros

portos concorrentes.

Para o estudo da eficiência, analisam-se algumas informações a respeito do

porto. São elas:

Quantidade de carga manipulada diariamente;

Número de clientes por semana;

Recursos necessários para a realização de atividades (funcionários,

máquinas, superfície, etc.);

Quantidade de carga movimentada por empregado;

Custo de movimentação de cada tonelada de carga;

Quantidade de carga por empregado ou por máquina comparada ao

ano anterior;

Comparação com concorrentes;

Satisfação dos clientes.

As técnicas para medir a eficiência dos portos estão evoluindo bastante

devido ao aumento da procura por dados mais confiáveis. Como as operações

portuárias são muito heterogêneas e complexas, há certa dificuldade em utilizar

ferramentas analíticas como método de avaliação. Desta forma, procura-se focar a

análise em uma única atividade.

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As duas principais metodologias utilizadas na avaliação de eficiência portuária

são: Análise de Envoltória de Dados, que avalia a eficiência relativa dos portos, e

Fronteiras Estocásticas, que consideram a eficiência técnica e econômica dos

portos.

6.1 FRONTEIRAS ESTOCÁSTICAS

Esta metodologia consiste na comparação do desempenho dos portos com

parâmetros técnicos e normalizados. Para Falcão e Correia (2012), a principal

desvantagem deste método é a necessidade de um grande número de dados de

difícil acesso, além de problemas com as definições dos insumos e produtos das

atividades dos portos.

6.2 ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS

Esta é uma técnica baseada em programação linear, e é bastante flexível com

relação a sistemas com diversos insumos e produtos. Este método não apresenta

coeficientes, e quanto menor a amostra, melhores são as interpretações feitas. No

entanto, há necessidade de escolher uma amostra correlacionada para obter

informações mais precisas (Falcão e Correia, 2012).

Esta técnica mede o desempenho relativo dos portos. Assim, os resultados

obtidos são comparados entre si para posterior classificação.

Igualmente ao método de Fronteiras Estocásticas, a principal deficiência da

Análise Envoltória de Dados é a necessidade de um grande número de dados de

difícil acesso.

Em geral, este método é mais utilizado em trabalhos de análise de eficiência

portuária. Isto se deve à maior facilidade de obtenção de dados e à possibilidade de

analisar múltiplos insumos e produtos.

6.3 APLICAÇÃO

Bertoloto e Mello (2011), no artigo “Eficiência de portos e terminais privativos

brasileiros com características distintas”, fizeram uma análise de eficiência portuária

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utilizando o método da Análise Envoltória de Dados. Neste estudo, foram avaliados

48 diferentes portos e terminais no período de 2007 a 2009.

Como insumos (inputs) foram utilizados a extensão total dos berços (em

metros) e o calado máximo (em metros) dos portos considerados. E como produtos

(outputs) considerou-se o volume total de cargas movimentadas (em toneladas). Os

dados utilizados foram coletados no site da Agência Nacional de Transporte

Aquaviário (ANTAQ) e nos sites dos próprios portos analisados.

Inputs, como por exemplo, a área do porto destinada a armazenagem de

cargas e o número de equipamentos utilizados na movimentação de cargas e

outputs, como a movimentação total de embarcações, poderiam ter sido utilizados

no estudo, porém não havia informações oficiais, de forma que não foram utilizados.

Os portos foram divididos de acordo com o tipo de carga: Carga Geral, Granel

Líquido, Granel Sólido e Misto. O critério utilizado foi: um porto ou terminal é

considerado como de carga específica (Carga Geral, Granel Líquido ou Granel

Sólido) caso 60% ou mais do volume total movimentado no porto fosse de uma

natureza de carga específica. Caso contrário, o porto é considerado Misto.

Após a aplicação dos métodos da Análise Envoltória de Dados, alguns

resultados obtidos foram: em relação à Carga Geral, os mais eficientes foram: o

terminal da Braskarne 2007 (Seara Alimentos S.A.), o porto do Rio de Janeiro 2007,

e o terminal da Portocel 2007. Em relação ao Granel Sólido, 8 terminais e portos

foram considerados eficientes. Um exemplo é o terminal Tubarão 2007 (VALE).

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7 CONCLUSÃO

O Brasil é considerado um país emergente, que vem crescendo e se

destacando cada vez mais no cenário econômico mundial. Dotar o país de um

sistema de transportes eficiente, é condição essencial para o seu desenvolvimento.

No entanto, o Brasil ainda possui diversas limitações ao seu crescimento, muito

devido à falta de investimentos em infraestrutura, à falta de planejamento e ao

excesso de entraves regulatórias e institucionais.

No caso do transporte hidroviário, por exemplo, o país possui um grande

potencial que não é aproveitado ou não é utilizado de maneira eficiente.Os portos,

principal meio de conexão entre os modais terrestres e aquaviários, carecem de

investimentos e planejamento.

Para se buscar melhoras no sistema portuário, é necessário identificar os

pontos positivos e negativos de cada um, de forma a tornar o mercado brasileiro

mais competitivo. Os estudos de eficiência surgem, neste contexto, para auxiliar na

otimização dos custos e atividades portuárias.

Os métodos de avaliação de eficiência citados neste trabalho são os

principais utilizados para portos. A Fronteira Estocástica apresenta como vantagem

o fato de comparar os resultados dos portos considerados com parâmetros técnicos

e normalizados, porém analisam somente um produto por vez. Já a Análise

Envoltória de Dados, tem como vantagem a possibilidade de se considerar múltiplos

produtos, porém com um número reduzido de dados a fim de não causar distorções

nos resultados.

Como foi possível ver, ambos os métodos possuem pontos positivos e

negativos, sendo necessário o desenvolvimento de novos estudos na área de

eficiência portuária. No entanto, todas as análises feitas, por ambos os métodos, são

de extrema importância para a classificação dos portos brasileiros e identificação

dos problemas existentes em cada um, de forma a trazer melhoras para o sistema

de transportes do país e torná-lo mais competitivo.

Page 23: EFICIENCIA PORTUARIA

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8 REFERÊNCIAS

BERTOLOTO, R. F.; MELLO, J. C. C. B. S. (2011) Eficiência de portos e terminais privativos brasileiros com características distintas. Revista de Literatura dos

Transportes, vol. 5, n. 2, pp. 4-21.

CNT- CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa: Navegação Interior. Brasília, 2013

CNT- CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa: Transporte Marítimo. Brasília, 2012.

FALCÃO, V. A.; CORREIA, A. R. (2012) Eficiência portuária: análise das principais metodologias para o caso dos portos brasileiros. Journal of Transport

Literature, vol. 6, n. 4, pp. 133-146.

FIGUEIREDO, G. S. O Papel dos Portos Concentradores na Cadeia Logística Global. Anais do XXI Encontro Nacional de Engenharia de Produção Bahia, 2001.

MARCHETTI, D. S. & PASTORI, A. Dimensionamento do Potencial de Investimentos para o Setor Portuário. Perspectivas do investimento 2007/2010.

Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 2007

RODRIGUES, P. Introdução aos Sistemas de Transporte no Brasil e à Logística Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2003.

SILVA, S. D. A utilização de jogos de empresa como instrumento pedagógico de apoio à formação profissional da área portuária. Dissertação de Mestrado.

COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 2010.


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