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    Dirigira revista para chefas e quadros

    UNIO EUROPEIA

    Fundo Social Europeu

    108Out. Nov. Dez.

    09issn0871-7354 2,50#

    McocdtoMicroempresas

    SepaataPequenas e Microempresas

    Dicas de Gesto

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    revistadirigir 1

    ndice

    ndice

    FICHA TCNICAPROPRiEDADEInstituto de Empregoe Formao Profssional, I.P.

    DiREctOR Francisco Caneira Madelino

    cOORDEnADORA DO nclEODE REvistAsdirigirE formarMaria Fernanda Gonalves

    cOORDEnADORA DA REvistAdirigirLdia Spencer Branco

    cOnsElhO EDitORiAl Adelino Palma, AntnioValarinho, Francisco Caneira Madelino,Francisco Vasconcelos, Henrique Mota, JosLeito, Joo Palmeiro, Jos Vicente Ferreira,J.M. Marques Apolinrio, Ldia Spencer Branco,Maria Fernanda Gonalves e Maria Helena Lopes

    cOlAbORADOREsAlice Cardoso, Andr Ferreira,Carlos Barbosa de Oliveira, Francisco MariaBalsemo, Glria Rebelo, Joo Godinho Soares,

    Jos Coelho Martins, J.M. Marques Apolinrio,Manuel Portugal Ferreira, Maria Viegas,Nuno Gama de Oliveira Pinto, Nuno Reis,Pedro Mendes Santos, Ruben Eirase Teresa Souto.

    REvisO tiPOgRficALaurinda Brando

    ilustRAEsExtramedia Design Studios,Joo Amaral, Manuel Libreiro,Paulo Buchinho, Paulo Cintra, Plinoe Srgio Rebelo.

    APOiO ADministRAtivOAna Maria Varela

    REDAcO E AssinAtuRAsDepartamento de Formao ProfssionalDireco das revistas Dirigir e FormarTel.: 21 861 41 00Ext.: 2652 e 2719

    Fax: 21 861 46 21Rua de Xabregas, n. 52 - 1949-003 Lisboae-mail: [email protected]

    DAtA DE PublicAO Novembro 2009

    PERiODiciDADE 4 nmeros/ano

    cOncEPO gRficA E PAginAOPlino Inormao. Lda.Tel.: 217 936 265Fax: 217 942 [email protected]

    cAPAJorge Barros

    imPREssO Soctip

    tiRAgEm 21 000 exemplares

    cOnDiEs DE AssinAtuRA

    Enviar carta com nome completo, data denascimento, morada, uno profssional,empresa onde trabalha e respectiva reade actividade para:Rua de Xabregas, n. 52 - 1949-003 Lisboa

    nOtADA nO ics

    DEPsitO lEgAl 17519/87

    issn 0871-7354

    Todos os artigos assinados so de exclusivaresponsabilidade dos autores, no coincidindonecessariamente com as opiniesdo Conselho Directivo do IEFP. permitidaa reproduo dos artigos publicados,para fns no comerciais, desde queindicada a onte e inormada a Revista.

    editoRial 2

    destaque 3Microempresas e perspectivas de fnanciamento Francisco Maria Balsemo

    7O microcrdito: actor de inovao Maria Viegas

    tome nota 12Comisso Europeia prope novo instrumento de microfnanciamento Nuno Gama

    de Oliveira Pinto

    13Mudar de vida Carlos Barbosa de Oliveira

    FoRmao 17Formao: uma resposta necessria crise Glria Rebelo

    histRia e cultuRa 23Lusos riscos Joo Godinho Soares

    Gesto 28O marketing e as microempresasManuel Portugal Ferreira; Nuno Reis

    33Microcrdito: as solues dos bancos portugueses Teresa Souto

    sabia que... 38A importncia das microempresas em Portugal e UE Nuno Gama de Oliveira Pinto

    39Trabalhar a partir de casa Andr Ferreira

    42Te Buldn: a arte de ortalecer as relaes pessoais Carlos Barbosa de Oliveira

    46Os jovens ace ao mercado de emprego Jos Coelho Martins

    temas pRticos 50No se pode dispensar uma boa cultura de gesto J.M. Marques Apolinrio

    RadaR Global 52Bssola Geoeconmica Pedro Santos; Knowledge Tracker Ruben Eiras

    54Disse sobre gesto

    desenvolvimento pessoal 55A Melcoado: um caso de gesto criativa... ou no? Alice Cardoso

    quiosque de novidades

    obseRvatRio eco-inovao 60Ruben Eiras

    euRoFlash 62Nuno Gama de Oliveira Pinto

    livRos a leR 63

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    editorialAs oportunidades tambm se criam! Muitas vezes, dar um novo rumo

    profssional s nossas vidas est distncia de um click, de uma ideia para

    um novo projecto, para uma pequena prestao de servios... nesse sentido

    importante sabermos que possvel criar um pequeno negcio com

    um investimento reduzido, basta a dose certa de imaginao, criatividade,

    gosto de correr riscos... e, trabalho, claro, muito trabalho!

    Nesta edio da revista procuramos disponibilizar inormao aos jovens

    e a todos os leitores, de um modo geral, sobre as potencialidadesdo microcrdito e como potenciar pequenos negcios e desenvolver

    o esprito empreendedor como alternativa ao trabalho por conta de outrem.

    Destacamos alguns artigos, como Microempresas e Perspectivas

    de Financiamento que, entre outros aspectos, divulga alguns dos apoios

    que a ANJE concede aos jovens empresrios. O artigo Mudar de Vida

    relata alguns exemplos de pessoas que, em determinado momento

    das suas vidas, optaram por criar o seu prprio negcio e como essa iniciativa

    mudou as suas vidas. O artigo Os Jovens Face ao Mercado de Trabalho

    procura auxiliar os jovens na procura de emprego, reerindo os tpicos

    undamentais a observar nesse processo.

    Para melhor perceber a importncia do marketing em qualquer negcioconvidamo-lo, ainda, a ler o artigo O Marketing e as Microempresas.

    O conceito de marketing undamental no mundo dos negcios, mesmo

    dos pequenos negcios... O marketing no um luxo, olhar o mercado

    e identifcar as oportunidades que existem, olhar para os consumidores

    e perceber o que querem e precisam, como e onde querem ser servidos

    e quanto esto dispostos a pagar.

    No texto Formao: Uma Resposta Necessria Crise o leitor poder

    encontrar um resumo das principais medidas pblicas de estmulo

    ao emprego, consubstanciadas na Iniciativa Emprego 2009.

    Na Separata procura-se, de orma simples, dar algumas dicas sobre como

    um pequeno empresrio pode ir aerindo o uncionamento da sua empresaatravs da anlise das respostas a algumas questes: Como medir e avaliar

    a evoluo do negcio? Como prever o volume de negcios? Como melhorar

    a efccia econmica? Como determinar o custo dos produtos?

    Francisco Caneira Madelino

    2Out. Nov. Dez. 2009

    editorial

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    Em Portugal existem cerca de 300 mil PME. Neste univer-so, a grande maioria so microempresas, o que signifca

    que luz da defnio da Comisso Europeia empregam

    menos de 10 trabalhadores e o seu volume de negcios (ou ba-

    lano total anual) no excede os 2 milhes de euros. Estamos,

    pois, a alar sobretudo de prestadoras de servios de proximida-

    de, sem massa crtica e capacidade de inovao. Mais: a entrada

    em actividade destas empresas muitas vezes motivada por ra-

    zes de subsistncia dos seus promotores.

    Ora, isto remete-nos para a clssica distino entre empreen-

    dedorismo de subsistncia e empreendedorismo qualifca-

    do. O primeiro conceito abarca os empreendedores que o somais por necessidade do que por vocao, conhecimento ou vi-

    so empresarial. O conceito inclui, portanto, todos aqueles que

    criaram o seu negcio porque no tinham quaisquer ontes de

    rendimento nem perspectivas de poder vir a ter, merc das dif-

    culdades de entrada ou permanncia no mercado de trabalho. Por

    contraponto temos o empreendedorismo qualifcado, que tem

    por base o conhecimento e procura gerar valor acrescentado nos

    microepresas

    e perspectivasde fnanciamentoPor: Francisco Maria Balsemo Presidente da ANJE Associao Nacional de Jovens EmpresriosIlustraes: Paulo Buchinho

    negcios, designadamente atravs de uma orte aposta na ino-

    vao, investigao cientfca/tecnolgica, desenvolvimento de

    produto, dierenciao de bens e servios e internacionalizao.

    O chamado empreendedorismo de subsistncia louvvel,

    embora esteja longe de contribuir decisivamente para a competi-

    tividade da nossa economia. Contudo, tem uma uno social que

    no nada despicienda e devia, at, ser mais valorizada pelos de-

    cisores polticos. Segundo o ltimo relatrio da Rede Nacional de

    Centros de Formalidades das Empresas (CFE), que data de 2007,os desempregados so um grupo com algum peso entre os em-

    preendedores portugueses. Quase 13% dos novos empresrios

    encontravam-se, data da criao da sua empresa, em situao

    de desemprego. Alm disso, os pequenos negcios de hoje po-

    dem sempre ser os grandes negcios de amanh...

    Acrescente-se que o empreendedorismo de subsistncia

    entronca numa caracterstica portuguesa que nos permitiu, em

    momentos de crise (e oram tantos ao longo da nossa Histria!),

    reagir e em muitos casos dar a volta por cima. Ao criarem o seu

    prprio emprego, os Portugueses demonstram que no se resig-

    nam perante as difculdades. Pelo contrrio: prezam a sua digni-

    revistadirigir 3

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    dade e valorizam o trabalho, resistindo assim tentao de viver

    na sombra do Estado ou de resvalar para a marginalidade.

    Mas importa, sobretudo, que os Portugueses empreguem o seu

    potencial humano no empreendedorismo qualifcado. E, eliz-

    mente, j existem em Portugal exemplos de microempresas que

    seguiram a rota do conhecimento e hoje se revelam competitivas

    no mercado global, muitas vezes em sectores que implicam um

    grande investimento em investigao cientfca aplicada. No

    sendo a maioria, como bvio, estas empresas tambm contri-buram para a expanso do empreendedorismo portugus, pro-

    vando at que podemos estar na vanguarda empresarial mundial.

    Ns temos recursos humanos muito qualifcados nas engenha-

    rias, nas cincias da vida e da sade, na produo de contedos

    ou nas indstrias criativas, pelo que, com os devidos estmulos,

    podemos criar uma gerao de cientistas/empreendedores com

    sucesso no segmento high tech/high growth. Refra-se que, em

    2007, o nosso pas oi pela primeira vez exportador lquido de

    tecnologia. Isto signifca que Portugal est, paulatinamente, a

    abandonar um modelo econmico assente em mo-de-obra

    intensiva e produtos/servios de baixo perfl tecnolgico paraassumir um modelo econmico baseado no trinmio cincia,

    tecnologia e inovao.

    Contudo, muitos empreendedores portugueses so penalizados

    por um ambiente empresarial pouco propcio a projectos inova-

    dores. Os sistemas de incentivo, o quadro fscal, a tramitao bu-

    rocrtica/administrativa e a legislao laboral esto desasados

    das necessidades e interesses dos empreendedores, sobretudo

    os mais jovens. Acresce que a nossa banca ainda demasiado

    garantista na avaliao fnanceira das operaes de investi-

    mento e no parece vocacionada para ser parceira das microem-

    presas.

    vantagens do microcrdito

    O fnanciamento constitui, de resto, um dos grandes bices

    expanso dos micronegcios. E um dos instrumentos fnancei-

    ros que podem ajudar a contornar este problema , justamente,

    o microcrdito. Com origem h cerca de 20 anos no Bangladesh,

    o microcrdito um instrumento da chamada fnana tica.

    Na altura, o economista Muhammad Yunus (mais tarde Prmio

    Nobel da Paz) acreditou que era possvel azer um banco dos

    pobres desde que se acreditasse na capacidade do homem seajudar a si prprio. E resultou: o microcrdito permitiu a milhes

    de amlias em todo o Mundo sarem da pobreza, confrmando ser

    uma erramenta de desenvolvimento altamente reprodutiva.

    Apesar de pensado para situaes de pobreza extrema, o micro-

    crdito logrou ser, nos pases desenvolvidos, um apoio importan-

    te para desempregados e desocupados que no encontravam

    resposta no mercado de trabalho, nomeadamente porque no

    possuam as qualifcaes desejadas pelos empregadores por

    questes de idade ou porque viviam em regies de baixo dina-

    mismo econmico. Portugal no oi excepo, tendo o micro-

    crdito contribudo para libertar muitas amlias de situaes deexcluso social.

    Mas dado o seu sucesso, o microcrdito passou a ser mais do

    que um instrumento de apoio ao comeo ou recomeo de vida.

    H muito que se tornou uma erramenta de crdito capaz de

    estimular e fnanciar projectos de empreendedorismo, designa-

    damente os promovidos por jovens. Neste contexto, a ANJE assi-

    nou, em Dezembro de 2005, um protocolo com a Caixa Geral de

    Depsitos (CGD) para lanamento de uma linha de microcrdito.

    Com este protocolo, a inteno do banco pblico era omentar o

    empreendedorismo fnanciando projectos de auto-emprego ou

    pequenos negcios. Com base nestas premissas, a ANJE surgia

    4Out. Nov. Dez. 2009

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    como a instituio que estabelecia a ponte entre a CGD e jovensempreendedores sem capacidade fnanceira para concretizaremas suas ideias de negcio.A CGD disponibilizou, ento, uma linha de crdito de 750 000euros para fnanciar iniciativas empresariais. Deste montante,

    500 000 euros oram destinados a projectos de jovens empreen-dedores propostos pela ANJE. Refra-se que, candidatando-se linha de crdito da CGD atravs da ANJE, os jovens empreendedo-res podiam conseguir um fnanciamento at 80% das despesastotais. O montante limite de emprstimo era de 25 000 euros, aser pago num prazo mximo de 48 meses.O protocolo oi um sucesso, tanto assim que acabaria por ser re-novado h muito pouco tempo. Entretanto, o montante mximode emprstimo subiu de 25 para 50 000 euros e o perodo dereembolso de 48 para 72 meses, no caso de novas empresas, eat 60 meses no caso de expanso e modernizao de empre-

    sas j existentes. A taxa de juro mantm-se igual, equivalendo Euribor a trs meses, com um spead mximo de 3 pp. Importasalientar que, para usururem desta linha de crdito, os jovensempreendedores necessitam de desenvolver um plano de neg-cio baseado num ormulrio prprio disponvel no site da ANJE.Caber associao avaliar a viabilidade e as potencialidadesdos projectos e, passado este processo de apreciao e triagem,apresentar as respectivas propostas CGD. Sempre que a qua-lidade dos planos de negcio assim o justifque, a ANJE poder

    propor o alargamento do montante mxi-mo de emprstimo.

    No obstante as virtualidades domicrocrdito, a ANJE deende adiversifcao e expanso dosinstrumentos fnanceiros de

    apoio ao empreendedorismo. Os jovens empreendedores preci-sam de produtos fnanceiros ade-

    quados s ases seed capital(ideias/prottipos que sepodem tornar empresas)e stat-ups (empresas

    recm-criadas), em que ataxa de mortalidade gran-

    de e, em larga medida, pro-vocada por ormas desa-

    justadas de fnancia-mento dos projectos.

    Neste sentido, consi-deramos que impor-

    ta expandir o capi-tal de risco, tanto

    o privado co-

    mo o pblico

    (InovCapital). Em nosso entender, os investidores do capital derisco no devem assumir um comportamento conservador ouseguidista. Ou seja, no podem seguir apenas os enmenosde moda e os negcios empreendedores aparentemente maisdentro dos cnones do momento. necessrio que o ventue

    capital se direccione azendo jus ao vocbulo risco paraos sectores emergentes, para os negcios verdadeiramente ino-vadores, para as tecnologias revolucionrias mesmo que issosignifque operar em contraciclo ou parea quixotesco.Para a ANJE, os business angels so uma alternativa extrema-mente importante ao fnanciamento tradicional proveniente querdas entidades bancrias, quer das prprias sociedades de capitalde risco. que, alm do capital que incorporam nos projectos em-presariais, os business angels podem transmitir aos jovens em-preendedores a sua experincia de gesto. Ou seja, podem aju-dar os jovens empreendedores a consolidarem a respectiva ideia

    de negcio, a estudarem o mercado, a elaborarem um plano denegcio, a defnirem um programa de fnanciamento consistentee, por fm, a porem em prtica o projecto empresarial idealizado.Funcionam, pois, como um av paciente e sabedor que orienta osnetos sem, contudo, intererir demasiado nas suas vidas, comocompreensivelmente os pais azem.H ainda um conjunto vasto de apoios pblicos para a criao eexpanso de empresas, destacando-se neste mbito os siste-mas do QREN (SI I&DT Incentivos Investigao e Desenvolvi-mento Tecnolgico nas Empresas; SI Inovao Incentivos Inovao; SI Qualifcao PME Incentivos

    Qualifcao e Internacionalizao de PME),os programas FINICIA e MODCOM (Comrcio),os Incentivos Fiscais e a linha de crditoPME Investe.

    Apoios AnJE

    A prpria ANJE tem, ao longo destaltima vintena de anos, desen-volvido mecanismos deincentivo ao empreende-dorismo. Estima-se que,

    desde 1997, a Academiados Empreendedores da ANJEtenha apoiado mais de ummilho de jovens com vo-cao empresarial. Acres-ce que, segundo um in-qurito, cerca de 30%dos participantes nasiniciativas mais em-blemticas da Academia(Prmio do Jovem Em-

    preendedor, road-show,

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    Concurso de Ideias e Escola de Empreendedores) criaram a sua

    prpria empresa, enquanto 27% pensam ainda vir a desenvolverum projecto empresarial por conta prpria.A rea de Empreendedorismo da ANJE est estruturada em cincoases, de acordo com os pblicos-alvo a atingir e os estdios dedesenvolvimento dos negcios. Na ase Play so desenvolvi-das actividades ldico-pedaggicas complementares aos progra-mas curriculares das escolas bsicas e secundrias, no sentidode omentar o empreendedorismo jnior entre os alunos. Na aseThink so disponibilizados aos estudantes do ensino superiorconhecimentos especializados em empreendedorismo e at pro-postas de negcio, tendo em vista a promoo da iniciativa em-

    presarial entre jovens qualifcados. J na ase Start a inteno detectar e apoiar ideias de negcio inovadoras com o objectivode estimular a converso do conhecimento em valor empresa-rial. Num estdio mais avanado encontra-se a ase Expand,sendo nesta que os jovens empresrios usuruem de acompa-nhamento especializado (servios inormativos, promocionaise de consultoria) no desenvolvimento das suas empresas. Porltimo, a ase World abarca um conjunto de iniciativas que vi-sam concretizar o potencial de internacionalizao dos negciospromovidos por jovens empresrios.A ANJE dispe tambm de uma vasta rede de Centros de Incuba-

    o de Empresas: Troa, Maia, Matosinhos, Barcelos, Porto, Lisboa,

    Aveiro e Faro. Estas inra-estruturas esto vocacionadas para aincubao de empresas projectadas por jovens com idades entre

    os 18 e os 40 anos que pretendam iniciar ou dar continuidade actividade empresarial. Tm como fnalidade incentivaros jovens empreendedores a criarem a sua prpria empre-

    sa, proporcionando-lhes as condies avorveis para umcrescimento sustentado e com maiores probabilidades de

    sucesso no incio de actividade. Neste mbito, a ANJE criou,mais recentemente, o PIAF Plo Promotor de Iniciativas de

    Acolhimento, Apoio e Formao de Jovens Mulheres e a incu-badora de base tecnolgica Portugal Global, ambos no Porto.

    O projecto Portugal Global enquadra-se, alis, no objectivo daassociao de promover o empreendedorismo jovem na rea dasTICE (Tecnologias da Inormao, Comunicao e Electrnica).De uma orma sucinta, o apoio que a ANJE concede aos jovensempresrios engloba a concepo e divulgao de instrumen-

    tos acilitadores da criao de empresas, como acontece com aPlataorma Fencia; a prestao de servios de consultoria em-presarial e jurdica; a representao institucional junto dos deci-sores polticos, nomeadamente no Conselho Econmico e Social;a promoo de estratgias de internacionalizao; o combate aodfce tecnolgico e o apoio inovao; a realizao regular deaces de qualifcao profssional e empresarial; o acesso privi-legiado a instrumentos de incentivo fnanceiro e inra-estrutural,como a linha de microcrdito criada pela CGD e os vrios centrosempresariais espalhados pelo pas; a distino e valorizao deempresas em ase de criao e/ou expanso de negcios, desig-

    nadamente atravs do Prmio do Jovem Empreendedor; e, porltimo, a rede empresarial que proporciona aos seus associados,a qual potencia onetworkingentre investidores.

    6Out. Nov. Dez. 2009

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    o micrcrdit:

    factor de inovaoPor: Maria Baptista Viegas SocilogaO microcrdito, instrumento verdadeiramente revo-

    lucionrio e inovador quando oi criado h mais detrinta anos no Bangladesh por Muhammad Yunus,

    oi conquistando vrios continentes e chegou Eu-

    ropa h vinte anos pela mo de Maria Novak, unda-

    dora e presidente da ADIE (Association pour le Dve-loppement de Linitiative Economique) em Frana.

    Portugal iniciou a primeira experincia de microcr-

    dito h dez anos (ver Caixa) com a criao da Asso-

    ciao Nacional de Direito ao Crdito (ANDC).A Dirigiroi alar com o seu actual presidente, Mo-

    hamed Lemine Ould Ahmed, pretendendo nessa

    conversa azer um balano, embora sucinto, da

    evoluo do microcrdito em Portugal e na Europa.Foi num tom de grande cordialidade que este portu-gus, nascido na Mauritnia, nos alou do trabalho

    realizado e dos novos desafos que se pem actual-

    mente a esta Associao

    leio os seus ohos que he muito gratifate ser presidete

    da AnDc. Porqu?

    Tem razo, muito gratifcante, diria mesmo que uma grandehonra ser presidente da ANDC. Porqu? Porque a nossa Associa-

    o toca no mago da vida das pessoas.O microcrdito visa essencialmente um objectivo social, a erradi-cao da pobreza e a incluso plena de grande parte da popula-o excluda, ou em risco de o ser, por via da sua reabilitao eco-nmica. Gosto de citar Yunus (abre o livro, cheio de anotaes,o Banqueir ds Pbres, e l: Ironicamente, o microcrdito que construdo em redor, pelo e com o dinheiro, no tem no seumago, na sua raiz prounda, nada a ver com o dinheiro. Tem a vercom ajudar as pessoas a realizarem totalmente os seus poten-ciais. No tem a ver com capital fnanceiro, mas capital humano.O dinheiro uma mera erramenta que ajuda realizao dos

    sonhos, que ajuda as pessoas mais pobres e mais desaortuna-

    das a ganharem dignidade, respeito e um sentido para as suasvidas. isto que a nossa Associao persegue.

    como que a AnDc materiaiza esse ivestimeto o apita

    humao de que aa Yuus?Temos que comear por realar que o microcrdito democra-tizou o acesso ao crdito, veio demonstrar que os pobres, queat aqui no tinham acesso ao crdito por no terem garantias,so melhores pagadores que os ricos. O nosso modelo de inter-veno passa sempre por um grande investimento no estabele-cimento de uma relao de confana entre o microempresrioe o nosso agente de microcrdito. Muitas vezes necessriocomear pelo reoro da sua auto-estima, apoiando e ajudandoa transormar uma ideia num negcio, mas tambm responsa-bilizando-o pelo compromisso de pagar o emprstimo (capital e

    juros) a tempo e horas.

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    8Out. Nov. Dez. 2009

    Como trabalhamos prximo das comunidades, tambm ajuda-

    mos a reorar a cultura de empreendedorismo. Nada melhor do

    que ver um vizinho conseguir melhorar a vida e tentar seguir-lhe

    o exemplo aproveitando os seus conselhos. Aqui tenho que cha-

    mar a ateno para o papel que o microcrdito tem tido no empo-

    deramento das mulheres um pouco por todo o Mundo.Temos conscincia de que a nossa interveno luta contra a ins-

    talao da subsdio-dependncia ao encorajar e apoiar iniciativas

    de auto-emprego por parte de desempregados ou de benefci-

    rios do rendimento mnimo de insero. Os nossos indicadores

    quantitativos nmero de emprstimos ou nmero de postos

    de trabalho criados (ver quadros) revelam-se insufcientes en-

    quanto medidas deperformance e, por conseguinte, devem ser

    conjugados com outros indicadores mais qualitativos e de ndole

    social. Pretendemos combater ao mesmo tempo a excluso eco-

    nmica e social, e isso exige um longo trabalho de acompanha-

    mento especializado e com elevados custos antes de os micro-negcios atingirem a velocidade de cruzeiro.

    coo qe a AnDc e orgazo para oegr repoder

    a odo ee deafo?

    A criao da ANDC partiu de um movimento da sociedade civil,

    o que nem sempre aconteceu noutros pases. O modelo por-

    tugus , muitas vezes, reerido como exemplo pelas organi-

    zaes congneres da ANDC da Europa porque assenta numaparceria tripartida:

    Entre a sociedade civil a ANDC que identifca, selecciona,

    instrui e acompanha os benefcirios dos emprstimos.

    Os bancos que so nossos parceiros, que concedem os em-

    prstimos. Actualmente, alm do Millenium BCP, tambm

    podemos contar com o Banco Esprito Santo (BES) e a Caixa

    Geral de Depsitos (CGD).

    O Estado, nomeadamente o IEFP, I.P., que subsidia grande

    parte dos custos de estrutura da ANDC e ajuda na divulga-

    o do microcrdito, sobretudo para desempregados inscri-

    tos nos Centros de Emprego.

    Por ltimo, no posso deixar de reerir o empenhamento de

    todos os associados e voluntrios que ao longo dos anos tm

    acreditado neste projecto.

    Este modelo tem uncionado e o nmero de benefcirios prova

    que temos conseguido resultados. No entanto, tambm certo

    que esta dupla dependncia coloca a instituio de micro-

    crdito numa posio de intermedirio social (por conta do Es-

    tado) e fnanceiro (por conta das instituies bancrias).

    coo podera er deree?Temos o exemplo de outros pases europeus e posso dar o

    exemplo da Frana, onde a lei bancria oi revista para poder

    abrir excepes e permitir s instituies de microcrdito em-

    prestarem dinheiro directamente, ou com undos prprios ou

    atravs da banca comercial, e com este sistema podem cobrir

    parte dos seus custos de estrutura e fcar menos dependen-

    tes do Estado e da Banca.

    Peo qe e pode dzer qe o rordo oeo qae

    oo reo de orapoder, e reordo-e da a

    a de maad Y, oeadaee ora a aaoera o ora a poa do bao mda... oje e

    a oda e o a ra a poa a rea-o.

    coo e e eado o rordo a uo Eropea?

    O microcrdito na Europa, como natural, assume caracters-

    ticas dierentes conorme as realidades de cada pas. Penso

    que se pode dizer, grosso modo, que h dois tipos de prticas

    do microcrdito:

    O da Europa Ocidental, mais orientado para a incluso social e

    econmica, que oi beber a flosofa de Yunus, mais consent-

    neo com o seu modelo de Estado-providncia e a sua rede de

    proteco social para os pblicos mais vulnerveis.

    PROJEctOs cREDitADOs

    hoe mere toa

    2008 125 49% 130 51% 255

    2009 69 49,3% 71 50,7% 140

    hro 571 47,3% 637 52,7% 1208

    POstOs DE tRAbAlhOs cRiADOs

    Aproado pea AnDc aado pea baa

    2008 331 318

    2009 239 178

    hro 1705 1615

    PRinciPAis ActiviDADEs inAnciADAs

    Projeo redado Peo e ero goa

    Peqea

    ofa144 11,9%

    Peqeo

    oro451 37,3%

    Rearao 158 13,1%

    destaque

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    11/68

    revistadirigir 9

    O modelo da Europa Central e de Leste, com uma experinciamais recente e mais virado para o negcio e benefciando deprogramas de apoio fnanciados pelo Banco Mundial, que nes-te momento j um apoiante deste tipo de instrumento, e pelaAgncia de Cooperao Americana (USAID).

    Respondendo directamente sua questo de como a Unio Eu-

    ropeia incentiva actualmente o microcrdito, o aumento da suavisibilidade e a afrmao nos vrios pases, como j reeri, leva-ram a vrias iniciativas de instncias comunitrias.Em 2006, a Comisso Europeia convidou os Estados-mem-bros a adoptarem as medidas necessrias para que se en-corajasse a concesso de microcrditos at 25 000 euros,realando que emprstimos desta natureza constituem ummeio importante de promoo da iniciativa empreendedora,nomeadamente no caso das mulheres e das minorias tnicas,sendo um instrumento que avorece no apenas a competiti-vidade e o esprito empreendedor como tambm a integrao

    social.

    No ano seguinte, em Novembro de 2007, a Comisso lanou aIniciativa Europeia do Microcrdito em apoio ao Crescimentoe ao Emprego, que comporta vrios nveis de promoo do mi-crocrdito, nomeadamente o melhoramento do quadro jurdicoinstitucional, com o objectivo de criar condies que acilitem odesenvolvimento do sector...

    Aha qe sso pode ser porae o aso pors e evar revso da e bara de ode a perr, oo reer oaso da fraa, qe as ses de rordo abpossa epresar dhero dreaee?Penso que uma discusso que est em aberto e para a qualneste momento no tenho resposta... mas que de certeza trariarutos positivos.S para terminar com a anlise que estava azer em termos daUnio Europeia, ns percebemos muito bem a nase que a UEtem dado nos ltimos anos ao incentivo do microcrdito, a exis-tncia de bolsas importantes de pobreza e um preocupante au-

    mento da excluso social que a crise econmico-fnanceira s

    A funDADORA DO micROcRDitO Em PORtugAl

    Joana Veloso teve o grato prazer participar na Cimeira Mundial para o Desenvolvi-

    mento que as Naes Unidas realizaram em 1995, em Copenhaga.

    No meio de um programa riqussimo, quase por acaso entrou numa sala onde

    discursava, ou melhor alava, numa voz suave e de sorriso permanente, Muham-mad Yunus. Joana Veloso reere-nos: Este homem tem o condo de transormar

    as utopias em coisas ao alcance da mo. Desde os anos setenta que persegue

    a ideia de que com crdito e vontade poltica possvel acabar com a pobreza no

    Mundo e a sua obra no Bangladesh vai nesse sentido.

    J h muitos anos ligada a projectos de desenvolvimento, fcou admirada por

    ainda nunca ter ouvido alar do microcrdito e da experincia do Grameen Bank.

    De regresso a Portugal, j em conjunto com Jorge Wemans, conquistam vrias

    pessoas para a ideia de implementar uma iniciativa semelhante em Portugal.

    No mbito do Projecto Direito ao Crdito, fnanciado pelo Programa Integrar, QCA

    II, oi possvel durante dois anos, de 1997 e 1998, estudar a viabilidade de se

    implementar o microcrdito em Portugal. Graas a esse estudo oi possvel in-ventariar as polticas activas de emprego, nomeadamente as de criao do pr-

    prio emprego, e chegar concluso que havia necessidade de criar este novo

    dispositivo porque podia responder a situaes de carncia que nem a banca

    comercial nem as polticas pblicas podiam responder. nessa sequncia que

    criada, em 1998, a Associao Nacional de Direito ao Crdito (ANDC), que come-

    mora este ano o dcimo aniversrio.

    Mas, actualmente, Joana Veloso chama-nos a ateno para uma nova ideia de

    Yunus e que comea a dar rutos: a criao de empresas sociais. Aconselha-nos

    a ler o seu segundo livro j editado em portugus, Criar u mundo se Pobreza

    o Negcio Social e o Futuro do Capitaliso: as empresas sociais so empre-

    sas sem fns lucrativos constitudas com capitais disponibilizados, em ormade emprstimo, por mecenas individuais ou atravs de empresas que sero

    reembolsadas a longo prazo quando a empresa social tiver a possibilidade de o

    azer, mas no obtendo lucros desse capital. Todos os lucros obtidos so sempre

    obrigatoriamente aplicados na criao de novas empresas sociais.

    Por outro lado, estas empresas tm sempre fns sociais e portanto desenvolvemsempre actividade em sectores que tm directamente a ver com a melhoria das

    condies de vida das populaes educao, alimentao, sade, ambiente ou

    microcrdito proporcionando bens e servios de qualidade a preos mais bai-

    xos. Este modelo oi testado numa experincia-piloto com a DANONE e, graas a

    ela, oi possvel melhorar a qualidade da alimentao das crianas do Bangladesh

    e criar muitos postos de trabalho.

    Pararaseando Yunus, Joana Veloso acrescenta: Os flantropos do uturo sero

    ortemente atrados pelos negcios sociais. Uma vez que os doadores provm

    do mundo empresarial, eles compreendero de imediato que o dlar do negcio

    social muito mais poderoso que o dlar da caridade. O dlar da caridade s pode

    ser usado uma nica vez, enquanto o dlar do negcio social reciclvel ad infni-tu, indo benefciar cada vez mais pessoas ao longo de todo o processo.

    destaque

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    10Out. Nov. Dez. 2009

    veio agravar. Sabemos que estamos a alar de muitos milhes de

    pessoas em risco de pobreza ou abaixo do limiar de pobreza.

    As alteraes enormes do mercado de trabalho, o desapareci-

    mento das grandes empresas geradoras de emprego em massa,

    predominado cada vez mais as pequenas empresas de servios,

    o aumento do trabalho precrio... todas estas transormaes a-zem do microcrdito e da criao do prprio emprego um recurso

    que para muitas pessoas pode ser a nica orma de construrem

    novos projectos de vida.

    E a AnDc qer oar a deepear ee pape?Cada vez com mais redobrado esoro. Alis, no podemos ugir

    a esta responsabilidade. Quando inicimos este projecto, como

    bem sabe, estvamos longe de pensar que em dez anos amos

    chegar onde chegmos. Com a experincia que adquirimos, o n-

    mero de pessoas que ajudamos e a pedagogia da incluso pela

    iniciativa econmica que diundimos na sociedade, estamos

    histRicO DOs PROJEctOs APROvADOs PElA AnDc, POR DistRitO E nuts ii*

    1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    Dt tOtAl 25 61 70 57 98 67 151 117 154 221 145

    01 Aero 3 3 5 3 4 1 2 12 8 7 8

    02 beja 10 4 1 5 6 6 4 2 18 3

    03 braa 1 1 1 5 2 4 9 6

    04 braaa 1 1 1 6

    05 caeo brao 1 1 1 2 2 3 1 1 2 1

    06 cora 1 5 2 2 5 5 6 5 3

    07 ora 1 1 1 3 3 5 4 8 2 4

    08 faro 1 2 8 5 2 3 7 33 11

    09 garda 5 3 1 1 2 1

    10 lera 2 11 3 8 6 15 9 20 12 7

    11 loa 5 21 24 24 36 28 74 34 57 74 35

    12 Poraere 1 1 4 1 2 1

    13 Poro 9 13 7 7 10 5 12 15 18 24 15

    14 saar 1 4 2 4 1 9 9 2 7 215 sea 1 3 8 9 11 5 8 11 15 14 14

    16 vaa do caeo 2 1 2 1 2 3

    17 va Rea 1 2 21

    18 ve 1 1 4 3 9 4

    nutsii

    1 nore 13 16 12 9 15 7 18 30 27 41 54

    6 cero 7 12 18 13 17 12 37 29 37 39 23

    7 loa 5 21 30 32 46 33 74 42 67 82 45

    8 Aeejo 11 8 3 12 10 20 13 16 26 12

    5 Aare 1 2 8 5 2 3 7 33 11

    * Apenas foram considerados novos projectos que no foram encerrados por motivos alheios ANDC

    cOmO REcORRER AO micROcRDitO?

    Contacte:

    Associao Nacional de Direito ao Crdito

    Associao sem fns lucrativos / Pessoa Colectiva de Utilidade Pblica

    Praa Jos Fontana, 4 5. 1050-129 LISBOA

    Tel.: 213 15 62 00 /808 202 922 / Fax.: 213 15 62 02

    [email protected]

    www.microcredito.com.pt

    destaque

    mais seguros de que podemos azer mais e melhor. E gratif-

    cante ver que o nosso trabalho mudou a vida de muitas pessoas

    que de outra orma difcilmente teriam dado a volta.

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    O micROEmPREEnDEDORismO Em fEtAis

    Fetais, no mapa, no fca longe de Lisboa, mas fca longe da luz da capital

    em relao ao modo de vida. um bairro enorme, completamente clandesti-

    no, do concelho de Loures. Tem uma vida comunitria intensa, onde se vem

    constantemente pessoas a entrarem e a sarem das casas dos vizinhos, ge-ralmente casas pobres que com engenho e arte os moradores oram melho-

    rando. A ANDC tem ajudado a criar vrios micronegcios reorando o micro-

    empreendedorismo nesta comunidade.

    sEmPRE DE DEDAl nO DEDO...

    Assuno Miranda tem 64 anos e um sorriso doce, apesar dos amargos da vida

    que no a deixam pensar em reormar-se.

    Chegou a Portugal h 34 anos, vinda de Angola, para ugir guerra. Nas poucas

    coisas que trouxe no se esqueceu da cabea da mquina de costura. Ainda

    estava na penso, paga pelo IARN, e j comeava a calcorrear a cidade, que

    mal conhecia, procura de trabalho de arranjos nas lojas de moda das imedia-

    es. Depois, l conseguiu arranjar uma casa em Fetais, onde ainda hoje mora.

    Sempre trabalhou em casa e oi assim criando os flhos e depois os netos. No

    ano passado decidiu abrir uma loja e arranjou um espao no bairro que, depois

    das obras que realizou, fcou agradvel. Para esta realizao diz que oi indis-

    pensvel o apoio do microcrdito.

    No dia em que a visitmos estava muito atareada e a sala cheia de vestidos

    de lantejoulas e olhos de musselina para umas clientes ciganas que iam a um

    casamento e queriam levar modelos nicos!

    cAchuPA E cAlulu nA chuRRAscARiA

    Albertina Gomes da Cruz, 37 anos, nasceu em So Tom e h 23 anos que est

    em Portugal. Durante muitos anos sempre trabalhei para os patres e sem-

    pre na rea da cozinha. Um dia eu e o meu marido decidimos trabalhar para

    ns. Comecei a procurar um espao e ui ao banco pedir um emprstimo, mas

    disseram que eu no tinha direito. Ento l me inormaram que havia o micro-

    crdito e ui directamente Associao, que meu deu todo o apoio.

    Reere, com algum orgulho na voz, que a churrascaria serve almoos e janta-

    res, sobretudo de comida aricana. A cachupa e o calulu so os que tm mais

    sada na clientela portuguesa...

    O negcio, apesar da crise, tem estado a conseguir ir para rente; consigo pa-

    gar as despesas e fcar com algum dinheiro para a amlia.

    mERcEARiA

    Maria Antnia Rodrigues tem 28 anos, nasceu em Portugal mas a amlia veio

    h muitos anos da ilha do Fogo.

    Abriu uma mercearia o ano passado porque no conseguia arranjar trabalho.

    Quem me deu muita ora oi a minha me, porque ela aventureira, tem mui-

    ta genica. Mas agora tenho a ajuda de toda a amlia.

    Diz que ao princpio tudo era dicil, sentia-se mesmo um zero esquerda,

    mas depois, como acha que tem capacidades, oi logo aprendendo onde pode-

    ria arranjar os ornecedores com os melhores preos. Com o seu sorriso sim-

    ptico reere que o acompanhamento do agente do microcrdito oi essencial,

    no s na ase da candidatura como no arranque do negcio.

    EngOmADORiA guigui

    Manuela Nunes, 58 anos, tinha aberto o negcio h dois dias quando a visit-mos. Est tudo a postos, a mquina de engomar a vapor, os cabides... s altam

    os clientes.

    Ela e o marido distriburam publicidade por todo o bairro e agora aguardam que

    os clientes apaream para estrear o erro e a mquina registadora.

    O marido fcou desempregado, apenas tem uma penso por invalidez muito

    pequena, Manuela pediu um emprstimo com o apoio da ANDC e abriu a en-

    gomadoria Guigui.

    H muitos anos tinha visto um documentrio sobre o microcrdito no Ban-

    gladesh e a ideia fcou-lhe na cabea. Todas as pessoas devem ter direito ao

    crdito, mesmo as pobres.

    destaque

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    12 Out. Nov. Dez. 2009

    A Comisso Europeia props a criao de um novo instru-mento de microfnanciamento que permitir a concessode microcrditos s pequenas empresas e aos trabalha-

    dores que perderam os seus empregos e desejam criar a suaprpria pequena empresa. Este instrumento benefciar de umoramento inicial de 100 milhes de euros, que poder alavan-car mais 500 milhes de euros, numa iniciativa conjunta com asinstituies fnanceiras internacionais, em especial o grupo doBanco Europeu de Investimento (Grupo BEI).

    A crise econmica resultar na perda de 3,5 milhes de empre-gos na Unio Europeia (UE) este ano. A crise fnanceira travou oacesso ao crdito das pessoas que desejam criar ou desenvolveras suas prprias empresas, declarou Vladimr pidla, o comiss-rio da UE responsvel pelo Emprego e os Assuntos Sociais. Noperodo actual de recesso, queremos proporcionar um novocomeo aos trabalhadores desempregados, acilitando o acessoao crdito destinado criao ou ao desenvolvimento de novasempresas. Pretendemos igualmente ajudar as pequenas empre-sas a desenvolverem-se apesar da crise. Isto ajudar a criar no-vos empregos. A UE pode produzir um valor acrescentado real ao

    maximizar o eeito de alavanca em cooperao com o Grupo BEI epermitir que um maior nmero de pessoas realize o seu sonho dese tornarem empresrios, salientou Vladimr pidla.O novo instrumento de microfnanciamento visa acilitar a situa-o das pessoas que, no contexto actual de restrio do acessoao crdito, possam ter difculdade em obter os undos necess-rios para o lanamento de uma nova empresa.Os trabalhadores que perderam ou podero vir a perder os seusempregos, e que desejam criar a sua prpria empresa, benefcia-ro agora de um acesso mais cil aos undos e outras medidasde apoio adicionais, nomeadamente ao nvel do aconselhamento,

    ormao e acompanhamento.

    tOMeNOta

    No quadro da resposta dada pela Unio Europeia crise, o Conse-lho Europeu da Primavera e a Cimeira sobre o Emprego, realizada

    em Praga no passado ms de Maio, identifcaram e defniram trsprioridades-chave: manter o emprego, criar postos de trabalho epromover a mobilidade. Com base neste consenso, em 3 de Junhoa Comisso Europeia props um Compromisso Comum a avordo Emprego (oportunamente divulgado no nmero anterior darevistaDirigir) com vista a intensifcar a cooperao relativa a es-sas trs prioridades, quer entre a UE e os Estados-membros, querentre os parceiros sociais europeus.A proposta agora apresentada corresponde a uma das acesprevistas no mbito daquele compromisso, esperando a Comis-so Europeia que este novo instrumento de microfnanciamento

    esteja operacional a partir de 2010.

    comisso europia

    prope novo instrumentode microfnanciamentoPor: Nuno Gama de Oliveira Pinto Conerencista e Investigador Snior(Comisso Europeia/UNL); Consultor de EmpresasIlustrao:Extramedia Design Studios

    Na UE, o termo microcrdito signifca um emprstimo num montante in-

    erior a 25 000 euros. Destina-se s microempresas com menos de 10 em-pregados, a desempregados e a pessoas inactivas que pretendem exercer

    uma actividade independente mas no tm acesso aos servios bancrios

    tradicionais.

    Na Europa, 99% das novas empresas so microempresas ou pequenas em-

    presas e um tero desta percentagem corresponde a empresas criadas por

    trabalhadores desempregados.

    destaque

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    revista dirigir 13

    mudar de VidaPor: Carlos Barbosa de Oliveira Jornalista

    O desemprego nem sempre uma fatalidade. Por vezes, desse momento de infortnio que nasce a opor-tunidade de pessoas com esprito empreendedor criarem o seu prprio negcio e se tornarem indepen-dentes. preciso vencer o medo e recusar a resignao de um cruzar de braos. O acesso ao crdito podeser um obstculo, mas h negcios cujo investimento pode ser garantido atravs do microcrdito. Outrasvezes, basta saber aproveitar as potencialidades das novas tecnologias para criar um negcio com inves-timento muito reduzido

    Alugar livros atravs da Internet, cuidar de crianas, lev-las es-

    cola e traz-las de regresso a casa, engomar a roupa dos outros,vender produtos para animais e cuidar deles quando os donos

    vo para ora. Estes so apenas alguns exemplos de reas de

    actividade de microempresas criadas por pessoas que um dia,

    quando o desemprego lhes bateu porta, quiseram dar um novo

    rumo sua vida e passaram de empregados por conta de outrem

    a empreendedores. Fomos alar com algumas, conhecer os seus

    percursos de vida, casos de sucesso confrmado ou ainda a dar

    os primeiros passos. Em comum, uma enorme ora de vencer

    que situaes ortuitas permitiram concretizar. Por vezes, a di-

    fculdade de aceder ao crdito e as elevadas taxas de juro so

    obstculos de monta para a concretizao de um negcio. Emdois dos casos, os empreendedores recorreram ao microcrdito

    e criaram empresas que transormaram a sua vida.

    Papo-Xeyo

    Henrique Paquete ala com o -vontade de quem j est habitu-

    ado a dar entrevistas. J dei muitas e todas oram dierentes.

    O problema que depois de alar comigo, todos escrevem coisas

    muito bonitas sobre o microcrdito e at d a ideia que isso resol-

    ve tudo. Mas no assim!

    Ento como , Henrique?

    H pessoas que pensam que a vida delas pode mudar s por-que recorreram ao microcrdito. J tenho recebido cartas de pes-

    soas que lem a entrevista e depois escrevem a dizer ah e tal, eu

    tambm gosto muito de animais, se calhar uma ideia interes-

    sante... Desculpe que lhe diga, mas abrir uma loja de animais no

    o mesmo que abrir um ca. No vamos brincar aos bichinhos!

    O microcrdito muito til, mas no se pode dar a impresso s

    pessoas de que basta chegar l, pedir o dinheiro e montar o ne-

    gcio.

    Claro que se a pessoa no perceber do assunto, o negcio vai-se

    e o dinheiro tambm, mas por isso que h pessoas na ANDC

    que acompanham os projectos e analisam a sua viabilidade...

    Comeando por dar voz a este alerta do Henrique, vamos ao que

    interessa. O proprietrio da Papo-Xeyo tem uma ormao tcni-ca que uma mais-valia para abrir uma loja de animais. Mas tem

    mais do que isso: uma experincia de vida que oi determinante

    na sua opo.

    Aos 16 anos trabalhava numa loja de animais em Campo de

    Ourique e j nessa altura tomava conta de coelhos que uma

    senhora lhe confava quando ia de rias. Depois oi tirar o

    curso de tcnico de produo animal, em Torres Vedras,

    onde conviveu com vacas, ovelhas, cavalos, porcos e ran-

    gos. Quando terminou oi para uma quinta no Alentejo tratar

    de papagaios. No tem qualquer rebuo em conessar a sua

    paixo por estas aves, que quase o levaram at ao Brasil paratrabalhar numa misso em regime de voluntariado. S que

    em Torres Vedras toparam-lhe o jeito para lidar com animais e

    convidaram-no para dar aulas. Trocou os papagaios e o Brasil

    por transmitir a outros o que o amor pelos animais e ensi-

    nar-lhes como se devem tratar quando esto em cativeiro.

    Como no h bem que sempre dure, no fnal do ano lectivo

    de 2005 comunicaram-lhe que o curso ia ser reormulado e,

    quando estivesse pronto, o chamariam novamente. Henrique

    esperou durante uns meses. Pelo Natal j percebera que esta-

    va no desemprego. Tinha 28 anos e comeou a pensar em dar

    um novo rumo sua vida.

    destaque

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    14Out. Nov. Dez. 2009

    Nesse mesmo ano tinha estado numas jornadas sobre microcr-dito. Quando pensou em montar um negcio, lembrou-se do queaprendera nesses dias. Pediu um emprstimo de 5000 euros emeteu mos obra com um ensinamento que colhera de pessoaamiga: Tudo o que comea grande acaba depressa. Avanou

    por isso devagar, sabendo que tinha muito tempo para crescere expandir o negcio. Comeou com alimentao para co egato, que o que se vende mais, mas tambm com alimentospara aves e roedores. Como cria pssaros desde mido, decidiuvend-los na loja e, pouco depois, arranjou uns hamsters e unscoelhos para diversifcar a oerta. Competir com as grandes su-percies em matria de preos no tarea cil. Deu a volta aotexto apostando na qualidade e na diversidade de produtos. Ven-dia marcas que no se vendem nos supermercados e tm maisqualidade. Os clientes comearam a reconhecer que valia a penacomprar na Papo-Xeyo. No s a alimentao mas tambm ou-

    tros produtos, como a slica para os gatos que reconhecem ser dequalidade superior que se vende noutros locais.No incio, apostar na qualidade rustrante, mas ao fm de al-gum tempo comeamos a colher o que semeamos. Algumas dassementes que lancei em 2006, quando abri a loja, s agora estoa dar rutos, mas vale a pena saber esperar. Ganha esta aposta,investiu na fdelizao dos clientes criando um carto de fdeli-dade.Mas a cabea de Henrique no pra. Ele sabe que um dos segre-dos de qualquer negcio saber alargar a oerta para atrair maisclientes. isso que tem eito nestes trs anos. Comeou por au-

    mentar a variedade de animais para venda, entrou na concorrn-cia directa com as grandes supercies (vende tambm as mar-cas de alimentos que elas disponibilizam com uma margem delucro muito reduzida) e lanou-se no ramo de banhos e tosquias.Henrique tem sempre projectos na manga. Um dos mais recentes o hotel para animais. Comeou por s aceitar animais de gaiola,mas est a iniciar-se tambm no acolhimento de ces. E comosabe que h pessoas que no querem retirar os seus animaisdo habitat onde vivem, lanou este ano o servio depet-sitting.Os donos vo de rias? Ele vai cuidar dos animais ao domiclio.Alimenta-os, d-lhes banho, leva-os a passear pelo jardim. Com

    hora marcada, de acordo com os desejos do cliente.

    Criou um novo servio, mas ainda est numa ase embrionria:entregas ao domiclio. O seu objectivo alargar a oerta a toda area de Lisboa, mas para isso precisa de ter uma carrinha. Quan-do achar que chegou o momento oportuno, equaciona voltar arecorrer ao microcrdito.

    No entanto, deixa o aviso: Qualquer pessoa monta uma loja deanimais, o dicil mant-la. Henrique Paquete sabe azer issobem. Em Julho bateu todos os recordes de vendas. Apesar dacrise e de, em Benfca, terem aberto mais duas lojas de animaisdepois de ter criado a Papo-Xeyo.

    A Av cuida, a Av leva

    Sofa recebe-me numa tarde de cancula, na vspera de partirpara rias. O seu rosto revela o ar cansado de quem precisa derecuperar rapidamente oras para um novo ano lectivo que seaproxima. No proessora, nem trabalha numa escola, mas o

    ritmo da empresa que criou gere-se pelo calendrio escolar.A Av Cuida, a Av Leva nasceu em 2006, quando Sofa fcou no

    desemprego, sem qualquer proteco social, depois de concluir

    um estgio profssional numa IPSS. Poderia ter fcado l a traba-

    lhar, mas a oerta de um salrio de 400 euros no era propria-

    mente aliciante para quem acabara de tirar uma licenciatura na

    rea de Reabilitao. Decidiu, por isso, construir o seu prprio

    caminho criando a Av Cuida, a Av Leva. O objectivo inicial era

    prestar servios de baby sitting, organizar estas de aniversrio

    e actividades de rias, mas um bom negcio de oportunidade

    proporcionou-lhe a possibilidade de comprar uma carrinha e

    abrir novos horizontes. Conhecera o microcrdito durante a li-cenciatura e, quando pensou na concretizao do negcio, no

    hesitou e oi bater porta da ANDC, pedindo um emprstimo de

    5000 euros. Invertia-se assim a ideia inicial. A Av Cuida que

    deveria ajudar a fnanciar a componente da Av Leva, passava

    para segundo plano, embora no tenha sido descurada como

    adiante veremos.

    Ao volante da carrinha, Sofa passou a ser patroa e empregada.Todos os dias levava crianas escola, a estas ou actividadesextra-escolares e, no fnal do dia, deixava-as em casa. A empresateve um crescimento rpido e, trs anos volvidos, j so cinco as

    carrinhas a circular em Lisboa e arredores ostentando o logtipo

    destaque

  • 8/8/2019 Dirigir 108

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    revista dirigir 15

    da empresa. Sofa j no conduz porque a expanso do negcio

    obriga-a a cuidar de toda a rea de gesto. As carrinhas so agora

    conduzidas por prestadores de servios contratados para o eei-

    to. No entanto, a Av Cuida, a Av Leva no perdeu as suas carac-

    tersticas iniciais de prestadora de servios personalizados, que

    d resposta individualizada a cada cliente.O aumento dos combustveis e a crise econmica aectaram o

    negcio, reduzindo as margens de lucro, mas ainda consegue

    manter a sustentabilidade do empreendimento. As quebras no-

    taram-se mais durante o Vero, poca em que a empresa oerece

    programas de rias que podem durar at 15 dias e privilegiam

    a vertente cultural (visitas a museus, por exemplo) e o contacto

    com a Natureza (praia e campo), sem descurar o lazer (atelis e

    actividades de ar livre). Porm, a procura este ano oi muito re-

    duzida.

    A organizao de eventos , como j se reeriu, outra das reas

    de actividade da Av Cuida, a Av Leva. As estas de aniversrio,ou temticas, tm uma procura crescente. H vrias rmulas

    para dar resposta aos pedidos dos pais. Desde procurar o local,

    desenhar o programa da esta e a ementa, simples organizao

    de actividades de animao, a empresa d resposta ao que lhe

    or pedido.

    Sofa vai agarrando as oportunidades medida que vo surgindo

    mas, como az questo de salientar, evito dar um passo maior

    do que a perna, por isso os projectos de uturo dependero das

    necessidades dos utilizadores.

    No troco por nada a possibilidade de ver crescer um pro-

    jecto idealizado por mim, por isso recusa a ideia de trocar aempresa por um emprego que lhe d estabilidade (recebeu

    recentemente uma oerta aliciante, mas descartou-a por ser

    incompatvel com a sua continuidade rente da empresa).

    Apesar de ser uma situao eventualmente conortvel, no

    lhe permitiria desrutar o prazer de traar o seu prprio rumo.

    Essa possibilidade oi-lhe dada pelo microcrdito, pois nunca

    ps a hiptese de pedir emprstimo a um banco. O microcr-

    dito d uma resposta rpida s nossas necessidades e ainda

    tenho a possibilidade de receber, sempre que preciso, o apoio

    de pessoas que me do sugestes ou ajudam a corrigir even-

    tuais distores.

    como um momento pode mudar uma vida

    No h idade ideal para se iniciar um negcio e dar um novo rumo

    vida. O importante ter ideias bem assentes, esprito de inicia-

    tiva e, claro, tambm alguma sorte. Silvina Ferreira um exemplo

    disso. Aos 54 anos, quando j muitos pensam na reorma, deci-

    diu montar o seu prprio negcio e ser dona da sua vida.A histria conta-se em breves palavras. Silvina trabalhava numa

    engomadoria. Nove a dez horas dirias, a troco de um salrio de

    500 euros. Por vezes o patro pedia-lhe para fcar mais algumas

    horas e ela nunca recusava. Um dia decidiu pedir um aumento.

    Recebeu como resposta que estava a ser injusta com as suas co-

    legas. Silvina no mulher para se fcar e muito menos para ouvir,

    indierente, uma acusao que considera injusta. Antes quebrar

    que torcer. Silvina, resoluta, decidiu nesse momento mudar a sua

    vida. Magoada, saiu do trabalho com a ideia frme de montar a sua

    prpria engomadoria. Quando chegou a casa inormou a amlia,

    que a olhou de soslaio. No recebeu incentivos nem reprovaes.Apenas alguma indierena, qui desconfana. Afnal j tinha

    idade mas era para comear a pensar na reorma...

    Silvina desconhecia o microcrdito, mas conhecia uma senhora

    num banco e, no dia seguinte, oi l e perguntou-lhe que possi-

    bilidade tinha de pedir um emprstimo. A resposta oi positiva e,

    nesse mesmo dia, comeou a procurar um local para se instalar.

    Encontrou-o perto de casa, na Ameixoeira. A renda era elevada,

    mas Silvina estava decidida e resolveu arriscar. Com o dinheiro

    do crdito na mo, pagou trs meses de renda adiantados, com-

    prou o equipamento necessrio e instalou-se. A renda pesava,

    um negcio destes no cria clientes do p para a mo, os pri-meiros tempos oram diceis. Silvina no mulher de esmore-

    cer acilmente. Procurou arranjar outro local e, ao fm de um ano,

    encontrou-o. Noutro local da Ameixoeira, mas mais espaoso e

    com uma renda mais baixa. J tinha na altura muitos clientes.

    Muitos deles vieram da empresa onde trabalhava, a maioria so

    vizinhana que oi espalhando a notcia. Trabalho 13 horas por

    dia, no tenho mos a medir, saio daqui estaada e ainda vou le-

    var a roupa a algumas clientes que no tm possibilidade de a

    vir buscar, mas agora trabalho para mim e no corro o risco de

    ser acusada de ser injusta. Proere estas palavras com a convic-

    o frme de que deu o passo certo. No mulher de arrependi-

    destaque

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    16Out. Nov. Dez. 2009

    mentos. Embora admita que o pagamento dos juros elevados aobanco so uma constante dor de cabea, livrou-se de uma cargaque lhe pesava. No ganha muito, mas o sufciente para garantira sua liberdade. Ao fm de trs anos admite, no entanto, que selhe aparecesse algum com uma oerta aliciante para comprar o

    negcio, no hesitava. Livrava-me destes encargos e das doresde cabea. E reormava-se? Reormar? Nem pensar! Que iaazer para casa? Arranjava trabalho noutro stio, at me cansar.Desde que o patro me pagasse o que eu acho que mereo, atpodia fcar a trabalhar para quem me comprasse a loja...

    cube de leitura

    E se em vez de comprar um livro o pudesse alugar por um preoacessvel? Menos prejuzos quando o livro no lhe agrada, pos-sibilidade de ler, durante um ms, vrios livros a preos que vodesde os 3 euros por unidade, so coisas que o atraem? Gosta-

    ria que um servio de aluguer de livros estivesse ao seu dispor?

    Pois essa possibilidade, j h muito existente em pases como oBrasil ou os Estados Unidos, chegou agora a Portugal. Se quisersaber como, s continuar a ler.Mariana Gibson era advogada no Brasil. Os aectos levaram-naa atravessar o Atlntico e vir viver para Portugal. As tcnicas etrmites da advocacia so iguais ou pelo menos semelhantes dos dois lados do Atlntico, mas as leis so dierentes. Paraexercer advocacia em Portugal no lhe bastava exibir o diploma eabrir um escritrio. Tinha de aprender os cdigos e amiliarizar-se

    com a legislao portuguesa. Fora de questo.

    Um dia, ao ler um estudo sobre os baixos ndices de leitura dosPortugueses e as justifcaes apresentadas, ez-se um clique.Se os Portugueses dizem que lem pouco porque os livros somuito caros, porque no oerecer-lhes a oportunidade de lerema custos reduzidos? Foi assim que se lembrou de uma prtica

    muito em uso no Brasil e nos Estados Unidos: o aluguer de livrosatravs da Internet. Em Portugal a ideia absolutamente inova-dora e o mercado est por explorar, por isso decidiu introduzir oconceito. No oi cil... Primeiro oi necessrio ultrapassar umasrie de barreiras burocrticas. Depois, encontrar um parceirocom um catlogo muito diversifcado que d resposta pronta aospedidos dos leitores, estudar as modalidades de aluguer, defnirestratgias de marketing. Finalmente, azer o layoutdosite. Esteoi, at agora, o nico investimento do Clube de Leitura, que en-trou no ciberespao no fm de Agosto. Tempo ainda muito curtopara azer uma avaliao, mas Mariana sabe que no ser cil

    implantar em Portugal este novo conceito no mercado dos livros.Uma coisa abrir um negcio que no existe e precisa de umgrande trabalho de divulgao e motivao das pessoas; outra abrir um negcio j existente, cujo mercado j se conhece, querquanto aos destinatrios, quer quanto aos seus hbitos e recep-tividade.Por agora, o Clube de Leitura est em ase de lanamento da ima-gem, mas o nmero de registos animador e indicia que talvezseja possvel atingir, at ao fnal do ano, a meta estabelecida: 200utilizadores/clientes. As trs modalidades de aluguer inicialmen-te oerecidas pelo Clube de Leitura visam pblicos com dierentes

    comportamentos ace leitura.De qualquer modo, Mariana sabe que s dentro de dois anos po-der comear a obter alguns lucros. muito dicil alterar os h-bitos de um mercado virado exclusivamente para a compra, ondeos leitores gostam de guardar os livros e os servios de correiono esto preparados em termos logsticos para prestar umservio deste gnero com os padres de qualidade dos EstadosUnidos, por exemplo.Mas como o sonho comanda a vida e a leitura essencial paraa sua concretizao, Mariana acredita que, com o tempo, alugarlivros se ir tornar um hbito comum para os Portugueses, au-

    mentando os ndices de leitura. Oxal!

    destaque

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    Formao:

    uma respostanecessria crise(1)Por:Glria Rebelo Jurista, Proessora Universitria (ULHT) e Investigadora (Dinmia /ISCTE). Licenciada e Mestre pela FDL e Doutora pelo ISEG/UTL.Ilustraes:Manuel Libreiro

    1. crise internaional e desemprego

    Conrmada que est a pior crise econmica mundial desde 1929,

    consensualmente reconhecido que esta , principalmente, uma

    crise de conana que se maniesta a diversos nveis da nossasociedade, muito em especial na quebra acentuada do consumo

    e na retraco do investimento privado. Mas, perante a retraco

    na procura, as empresas tendem a ajustar no emprego.

    De acto, se algumas empresas ajustam a sua actividade sem dis-

    pensar recursos humanos recorrendo, por exemplo, aos mlti-

    plos instrumentos de fexibilidade qualitativa, como a adaptabili-

    dade do tempo de trabalho outras, invocando motivos como o

    m de contratos de trabalho a termo ou os despedimentos colec-

    tivos por motivos de mercado, optam por medidas de fexibilidade

    quantitativa, impelindo para o desemprego.

    Por exemplo, o Eurostat estima que em Maio de 2009 o desem-prego tenha atingido, nos 27 pases da UE, os 8,9%, ou seja,

    21 462 milhes de pessoas, o que signica um aumento de 5111

    milhes ace ao perodo homlogo de 2008 (2). Alm do mais, pa-

    ses como a Espanha, com uma taxa de desemprego de 18,7% o

    pas da UE-27 no qual este indicador mais expressivo e como

    a Letnia e a Estnia, com taxas de desemprego tambm acima

    dos 15%, mostram-se muito aectados por esta crise. E, embora

    a taxa de desemprego tenha registado maior aumento nos EUA,

    comparativamente a este pas e ao Japo o espao da Zona Euro

    aquele onde se regista a taxa de desemprego mais elevada:

    9,5%, ace a 9,4% nos EUA e 5,2% no Japo (Quadro 1).

    formao

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    2. meddas ancrse e bo da incava Eprego 2009Procurando reagir conjuntamente crise, os diversos pases da

    UE anunciaram de imediato medidas para aplicao em cada

    Estado-membro dotadas da fexibilidade necessria diversi-

    dade dos sistemas nanceiros e regras nacionais, mas acima de

    tudo capazes de salvaguardar o investimento, o poder de compra

    e o emprego como os pilares da sua poltica econmica nacional.

    Portugal no oi excepo. Com a crise a acentuar-se e a iminente

    multiplicao de situaes pessoais e amiliares diceis relacio-

    nadas com o recurso ao crdito, as reestruturaes de empre-

    sas e situaes de lay-off, o plano anticrise portugus assentou

    em cinco eixos: apoio ao emprego e reoro da proteco social;apoio especial actividade econmica, exportaes e PME; in-

    vestimento em energia sustentvel; modernizao de escolas e

    da inra-estrutura tecnolgica; reoro da transparncia dos mer-

    cados nanceiros.

    Assim, no plano anticrise portugus so de destacar o reoro da

    transparncia do mercado por via de nova legislao nanceira

    e um conjunto de medidas de apoio ao emprego, em especial a

    Iniciativa para o Investimento e o Emprego. De acto, no que con-

    cerne s medidas de apoio ao emprego, assume principal prota-

    gonismo a Iniciativa para o Investimento e o Emprego (IIE) ini-

    ciativa que representa um estmulo adicional para a economia de2180 milhes de euros (cerca de 1,25% do PIB), dos quais 1300

    milhes de euros (0,8% do PIB) so nanciados directamente

    pelo Oramento do Estado aprovada pelo Governo em Dezem-

    bro de 2008.

    A IIE prev um conjunto de medidas especcas de estmulo ao

    emprego, assumindo particular importncia os novos instru-

    mentos direccionados para a manuteno do emprego para aci-

    litar o retorno ao mercado de trabalho, bem como para promover

    o acesso dos jovens ao emprego. De acto, ace ao impacto da cri-

    se internacional, a ideia reorar, temporariamente, as medidas

    tradicionais de apoio s empresas mediante o estabelecimento

    de instrumentos que lhes permitam enrentar esta nova realida-

    de conjuntural. Esta medida visa trs propsitos simultneos:

    evitar a reduo do rendimento das amlias, estimular a quali-

    cao atravs de ormao prossional e proporcionar s em-

    presas uma melhor capacidade de resposta na altura da retoma

    econmica internacional.Procura-se assim responder a uma crise conjuntural, pretenden-

    do aproveitar os perodos de reduo ou suspenso da activida-

    de nas empresas para melhorar a qualicao dos trabalhado-

    res, assegurando os nveis de emprego e contribuindo, atravs

    da ormao prossional, para a sua adaptao aos desaos da

    conjuntura internacional.

    Enquadrada na Iniciativa para o Investimento e o Emprego, a Ini-

    ciativa Emprego 2009 (Quadro 3) visou apoiar a contratao de

    desempregados e colocar vrios milhares de trabalhadores em

    programas de ormao, quer atravs de um conjunto de medi-

    das gerais (nomeadamente, cursos de especializao tecnolgi-ca, estgios Qualicao-Emprego, contratos Emprego-Insero,

    apoio contratao de desempregados de longa durao, apoio

    reduo da precariedade no emprego, apoio contratao sem

    termo de desempregados com 55 anos ou mais, apoio contra-

    tao a termo dos trabalhadores com 55 anos ou mais), quer

    atravs de um conjunto de medidas especcas para jovens,

    apoiando a contratao e acultando estgios prossionais des-

    tinados a jovens, quer ainda implementar medidas para pblicos

    especcos (contrato Emprego-Insero+, apoio contratao

    sem termo de pblicos especcos, apoio contratao a termo

    de pblicos especcos).

    formao

    Qadro 1

    taxa de Deseprego na uE-27, Zona Ero, EuA e Japo

    (Jlho de 2008 e mao de 2009)

    Jlho de 2008 mao de 2009

    uE 27 7,0 8,9

    Zona Ero 7,5 9,5

    EuA 5,8 9,4

    Japo 4,0 5,2

    Fonte: Eurostat

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    A qualifcao de activos em perodos de reduo ou de suspen-so da actividade dirige-se a empresas economicamente viveis

    que estejam, conjunturalmente, a enrentar uma reduo da pro-

    cura e visa aproveitar esses perodos para melhorar o conjunto de

    competncias dos trabalhadores, implementando ormao orien-

    tada para a melhoria da competitividade, em particular ormao

    do Catlogo Nacional de Qualifcaes e Novas Oportunidades.

    Depois, tambm dirigida s empresas, a Iniciativa Emprego 2009

    visa aplicar medidas de apoio ao emprego e contratao (apoio

    ao emprego em micro e pequenas empresas; contratao de

    jovens, de desempregados de longa durao e de pblicos es-

    pecfcos; apoio contratao a termo de trabalhadores com 55anos ou mais e de pblicos especfcos; apoio reduo da pre-

    cariedade no emprego dos jovens; apoio reduo da precarieda-

    de no emprego; Programa Qualifcao-Emprego e concesso de

    benecios fscais), considerando neste mbito ainda as medidas

    de estgios (programa estgios profssionais e estgios Qualif-

    cao-Emprego). Por fm, no que concerne s medidas para os

    sectores social e local, procurou implementar medidas de apoio

    ao emprego e contratao (apoio ao emprego; apoio contrata-

    o de jovens, de desempregados de longa durao e de pblicos

    especfcos; apoio contratao a termo de trabalhadores com

    55 anos ou mais e de pblicos especfcos; apoio reduo da

    formao

    Quadro 2

    Estgos Qualfao-Eprego e contratos Eprego-insero

    Cidados commais de 35 anos

    que melhoraram,

    ou venham a

    melhorar, as suas

    qualifcaes.

    Todos os

    desempregados a

    receber subsdiode desemprego.

    Bolsa de estgio mensal. Estgios de 9 meses em

    entidades privadas, com ou

    sem fns lucrativos, ou na

    administrao local.

    Comparticipao do Estado em

    bolsa entre 20% e 60% (55% para

    micro e pequenas empresas).

    Trabalho socialmente

    necessrio em entidades

    pblicas ou privadas sem fnslucrativos.

    Bolsa complementar de

    20% da prestao mensal de

    desemprego.

    Comparticipao do Estado em

    50% da bolsa complementar para

    entidades privadas sem

    fns lucrativos.

    Estgos Qualfao--Eprego (3)

    contratos Eprego-

    -insero

    Destnatros meddas

    precariedade no emprego dos jovens; apoio reduo da preca-

    riedade no emprego) e medidas de Emprego-Insero (contrato

    Emprego-Insero; contrato Emprego-Insero+), assim como

    medidas de estgios (programa estgios profssionais, estgios

    Qualifcao-Emprego)(4).

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    3. medda teporra de apoo ao eprego e repectva pro-duo egatva

    Assim, e desde Dezembro de 2008, oram aprovados diversos di-plomas atravs dos quais se procurou, em linhas gerais, mantero emprego, apoiar os jovens no acesso ao emprego, apoiar o re-

    gresso ao emprego e alargar a proteco social. E oram diversosos diplomas apresentados (Quadro 4).O Programa Qualifcao-Emprego criado pela Portaria n.126/2009, de 30 de Janeiro de carcter temporrio (e, inicial-mente, vlido at fnal 31 de Dezembro de 2009), tendo em vistaa insero dos trabalhadores em aces de ormao qualifcan-tes em caso de reduo temporria do perodo normal de traba-lho ou suspenso de contratos de trabalho. Este Programa como objectivo de inserir trabalhadores de empresas mais atingidaspela reduo conjuntural da procura dos seus produtos ou servi-os em aces de ormao qualifcantes, no quadro das dispo-

    sies aplicveis do Cdigo do Trabalho aplica-se a empresasque demonstrem rcios de solvabilidade e autonomia fnancei-ra adequados(5). Durante o perodo de vigncia do Programa, otrabalhador mantm todos direitos que lhe so garantidos nostermos previstos no Cdigo do Trabalho para o caso de reduotemporria do perodo normal de trabalho ou suspenso dos con-tratos de trabalho em situaes de crise empresarial e requentaas aces de qualifcao que lhe so acultadas no mbito doPrograma.Alm do mais, o apoio ao emprego passou quer pela iseno decontribuies para a Segurana Social, quer pela reduo da Taxa

    Social nica (TSU) relativa celebrao de contratos de trabalho.Entre estas merecem destaque as medidas de apoio aos jovensno acesso ao emprego e que requentam estgios profssionais eoram contratados (com apoios de 2000 euros e iseno de TSUdurante 2 anos) e o apoio ao regresso ao emprego e contrata-o de desempregados de longa durao (com apoios de 2000euros e iseno de TSU durante 2 anos).Tambm pela Portaria n. 765/2009, de 16 de Julho, o Governo considerando que os eeitos da actual crise econmica con-

    juntural podero prolongar-se por 2010, ameaando postos detrabalho e provocando a quebra de rendimentos das amlias

    procede reviso de alguns preceitos da Portaria n.126/2009,de 30 de Janeiro (com a redaco introduzida pela Portarian. 331-D/2009, de 30 de Maro), designadamente alterandoo Programa Qualifcao-Emprego nos termos do disposto naalnea c) do artigo 7. (no distribuir lucros durante a vignciado Programa e relativos ao ano em que o Programa vigore naempresa, sob qualquer orma, nomeadamente a ttulo de levan-tamento por conta) e da alnea e) (no aumentar as remunera-es dos membros dos corpos sociais durante o ano em queo Programa vigore na empresa) e, ainda, nos termos do n. 2do artigo 15., estendendo o programa at 31 de Dezembro de

    2010 (Quadro 3).

    formao

    Quadro 3

    incatva Eprego 2009

    Cursos de Educao e Formao de Adultos

    Outras Qualifcaes de Nvel Bsico e Secundrio

    Cursos de Especializao Tecnolgica

    Estgios Qualifcao-Emprego

    Contrato Emprego-Insero

    Apoio Contratao de Desempregados de Longa Durao

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego

    Apoio Contratao sem Termo de Desempregados com 55

    anos ou mais

    Apoio Contratao a Termo dos Trabalhadores com 55

    anos ou mais

    Programa Estgios Profssionais

    Medida INOV-JOVEM

    Apoio Contratao de Jovens

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego dos Jovens Cursos de Aprendizagem

    Cursos de Educao e Formao

    Contrato Emprego-Insero+

    Apoio Contratao sem Termo de Pblicos Especfcos

    Apoio Contratao a Termo de Pblicos Especfcos

    Apoio Criao de Empresas

    Apoio Criao do Prprio Emprego por Benefcirios de

    Prestaes de Desemprego

    Apoio ao Emprego em Micro e Pequenas Empresas Apoio Contratao de Jovens, de Desempregados de

    Longa Durao e de Pblicos Especfcos

    Apoio Contratao a Termo de Trabalhadores com 55

    anos ou mais e de Pblicos Especfcos

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego dos Jovens

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego

    Programa Qualifcao-Emprego

    Benecios Fiscais

    Programa Estgios Profssionais

    Estgios Qualifcao-Emprego

    Apoio ao Emprego Apoio Contratao de Jovens, de Desempregados de

    Longa Durao e de Pblicos Especfcos

    Apoio Contratao a Termo de Trabalhadores com 55

    anos ou mais e de Pblicos Especfcos

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego dos Jovens

    Apoio Reduo da Precariedade no Emprego

    Contrato Emprego-Insero

    Contrato Emprego-Insero+

    Programa Estgios Profssionais

    Estgios Qualifcao-Emprego

    Medidas Gerais

    Medidas para

    Jovens

    Medidas para

    Pblicos

    Especfcos

    Medidas de Apoio ao

    Empreendedorismo

    e Criao do

    Prprio Emprego

    Para Eprea

    Medidas de Apoio

    ao Emprego e

    Contratao

    Medidas de

    Estgios

    Para sectore

    e loca

    Medidas de Apoioao Emprego e

    Contratao

    Medidas de

    Emprego-Insero

    Medidas de

    Estgios

    Para Peoa

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    Tambm na sequncia do compromisso assumido no Acordo

    Tripartido para Um Novo Sistema de Regulao das Relaes La-borais, das Polticas de Emprego e da Proteco Social em Portu-

    gal o Governo, no sentido de melhorar a eccia dos servios

    de apoio ao emprego, bem como de criar condies legais para

    executar uma das medidas especcas de apoio ao emprego da

    IIE, criou (atravs da Portaria n. 127/2009, de 30 de Janeiro) os

    gabinetes de insero prossional (GIP), estruturas de apoio ao

    emprego dotadas de maior fexibilidade e capacidade de actua-

    o em proximidade aos territrios e s populaes.

    formao

    Quadro 4

    Dplomas que consaram meddas temporras de apoo manuteno do empreo

    e ao aumento das qualfcaes

    Cria o Programa Qualicao-Emprego.

    Cria e regula o uncionamento dos gabinetes de

    insero prossional.

    Regula as medidas contrato Emprego-Insero

    e contrato Emprego-Insero+.

    Regulamenta o Programa Estgios Prossionais.

    Prev medidas excepcionais de apoio ao emprego

    e contratao para o ano de 2009.

    Regulamenta o Programa de Estgios Qualicao-

    -Emprego.

    Primeira alterao Portaria n 126/2009,

    de 30 de Janeiro, que cria o Programa Qualicao-

    -Emprego.

    Segunda alterao Portaria n 126/2009,

    de 30 de Janeiro, que cria o Programa Qualicao-

    -Emprego.

    Portaria n. 126/2009,

    de 30 de Janeiro

    Portaria n. 127/2009,

    de 30 de Janeiro

    Portaria n. 128/2009,

    de 30 de Janeiro

    Portaria n. 129/2009,

    de 30 de Janeiro

    Portaria n. 130/2009,

    de 30 de Janeiro (6)

    Portaria n. 131/2009,

    de 30 de Janeiro

    Portaria n. 331-D/2009,

    de 30 de Maro

    Portaria n. 765/2009,

    de 16 de Julho

    Diplomas Medidas

    Noo Destinatrios Medidas

    Quadro 5

    gabnetes de insero Profssonal (giP)

    Desempregados Desenvolvem, em autarquias,

    associaes sindicais ou

    empresariais e em entidades

    sem ns lucrativos, actividades

    de apoio procura activa,

    de acompanhamento

    personalizado, de captao e

    divulgao oertas de emprego

    e de encaminhamento para a

    qualicao.

    Estruturas de apoio

    ao emprego dotadas

    de maior fexibilidade

    e capacidade

    de actuao em

    proximidade

    Em articulao com a rede de centros do IEFP, os GIP visam alar-

    gar as reas de interveno, nomeadamente no que concerne ao

    apoio procura activa de emprego, ao acompanhamento perso-

    nalizado dos desempregados em ase de insero ou reinsero

    prossional, captao de oertas junto de entidades emprega-

    doras, divulgao de oertas de emprego e actividades de co-locao, ao encaminhamento para oertas de qualicao e di-

    vulgao e encaminhamento para medidas de apoio ao emprego,

    qualicao e empreendedorismo.

    Com esta iniciativa altera-se ainda o modelo de uncionamen-

    to, atravs da contratualizao de objectivos quantitativos

    e qualitativos, bem como o princpio da avaliao regular da

    sua actividade, tendo em vista uma signicativa melhoria da

    capacidade de apoio aos desempregados. Por m, com este

    novo modelo d-se uma aproximao da oerta geogrca

    do IEFP, j de si muito disseminada pelo territrio nacional,

    s necessidades locais como orma de assegurar uma acomais incisiva, localizada e personalizada em prol do emprego.

    Os GIP sujeitos a concesso de autorizao de uncionamen-

    to pelo IEFP prestam apoio a jovens e adultos desempregados

    para a denio ou desenvolvimento do seu percurso de inser-

    o ou reinsero no mercado de trabalho, em estreita coopera-

    o com os centros de emprego(7).

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    22Out. Nov. Dez. 2009

    REERnciAs bibliOgRicAs:

    European Commission, Eurostat, (2009).

    REBELO, G., Eprego e Contrto Lborl e Portugl U anlise Socioeconic e Jurdi-

    c, Lisboa, Editora RH, 2003.

    REBELO, G., Educao, Formao e Emprego: por Uma Cultura de Inovao, in Sociedde e Tr-

    blho, n. 29, pp. 55-65, 2006a.

    REBELO, G.,Crise Financeira e Europa Social, in Cdernos de Econoi, n. 85, pp. 12-18, 2008.

    REBELO, G., Conjunturs & Tendncis U Viso sobre Portugl, Europ e o mundo, Lisboa,

    Edies Slabo, 2009.

    formao

    3. coderae faNa actual conjuntura internacional de crise econmica e de agra-vamento do desemprego a preocupao , sobretudo, com adeteriorao do mercado laboral. Ora, neste contexto cada vezmais sentida a necessidade de se implementarem polticas pbli-cas adequadas aos problemas do mercado de trabalho portugus de que so um exemplo as polticas de emprego dirigidas aos

    jovens, aos trabalhadores e desempregados seniores e aos de-sempregados de longa durao capazes no s de responder aesta crise de natureza conjuntural, como de se relacionarem comuma poltica econmica sustentvel.Da que, em ambiente de pronunciada crise internacional, em quea salvaguarda de emprego emerge como o grande desafo, sejapremente responder necessidade crescente de articulaoentre a educao e a ormao, garantindo novas oportunidadesde ormao aos jovens e aos adultos que j esto inseridos nomercado de trabalho, reconhecendo-lhes competncias adqui-ridas (na escola e ao longo da vida profssional) e identifcando

    necessidades adicionais de ormao(8)

    .De acto, para enrentar os desafos de uma economia mundialbaseada no conhecimento e caracterizada pela globalizao, pa-rece incontornvel que se responda crise atravs de um reorona aposta na ormao profssional, condio undamental paraelevar a capacidade de adaptao das empresas e para omentaremprego e crescimento econmico.

    nOtAs

    (1) Texto redigido em Setembro de 2009.

    (2) Em Portugal, nesta data (Maio de 2009) a taxa de desemprego era de 9,3%. O nosso pas

    apresenta para este indicador um valor de 0,4% acima da mdia da UE-27. A ustria, mas so-

    bretudo a Holanda, so os pases da UE-27 onde a taxa de desemprego se mantm em nveis

    mais baixos. Por seu turno, a Letnia, Estnia, Litunia, Espanha e Irlanda so os pases que

    registam, ao nvel deste indicador, as subidas mais expressivas. Ainda de acordo com o Euros-

    tat, a taxa de desemprego estimada nos pases da UE-27 igual entre a populao masculina e

    a eminina, mas no caso da primeira verifcou-se um aumentou mais amplo desta medida ace

    ao perodo homlogo de 2008: de 6,4 para 8,9%, enquanto entre as mulheres essa subida oide 7,4 para 8,9%. No universo da populao com idade inerior a 25 anos, a taxa de desemprego

    fxou-se nos 19,5% (sendo de 36,9% em Espanha).

    (3) As entidades promotoras de estgios Qualifcao-Emprego benefciam de comparticipa-

    o na bolsa de estgio acultada ao estagirio, varivel em uno da natureza jurdica e da

    dimenso da entidade, nos seguintes termos: 75% para pessoas colectivas de direito privado

    sem fns lucrativos e autarquias locais; 55% para pessoas singulares ou colectivas de direito

    privado com fns lucrativos, com menos de 50 trabalhadores; 50% para pessoas singulares ou

    colectivas de direito privado com fns lucrativos, com 50 ou mais trabalhadores e menos de 100

    trabalhadores; 35% para pessoas singulares ou colectivas de direito privado com fns lucrativos,

    com 100 ou mais trabalhadores e menos de 250 trabalhadores; 20% para pessoas colectivas ou

    singulares de direito privado com fns lucrativos, com mais de 250 trabalhadores.(4) De reerir que a Iniciativa Emprego 2009 abrangia, at Junho ltimo, 68 000 micro e peque-

    nas empresas e 178 000 trabalhadores, que benefciavam da reduo em 3 pp. na TSU com a

    condio de manterem o nvel de emprego.

    (5) E que apresentem uma situao competitiva orte nos mercados onde actuam, e que, por

    motivos de evoluo conjuntural da procura, necessitem de recorrer temporariamente redu-

    o dos perodos normais de trabalho ou suspenso de contratos de trabalho para assegurar

    a viabilidade da empresa e a manuteno dos postos de trabalho.

    (6) Com a Rectifcao n. 13/2009, de 10 de Fevereiro, que rectifca a Portaria n 130/2009,

    de 30 de Janeiro, que prev medidas excepcionais de apoio ao emprego e contratao para

    o ano de 2009.

    (7) De reerir que podem promover a criao de GIP, nomeadamente, as autarquias locais, as ins-tituies particulares de solidariedade social, outras associaes relevantes na dinamizao e

    desenvolvimento local, as associaes de imigrantes e para imigrantes, as associaes sindi-

    cais e de empregadores, escolas com oerta de vias profssionalizantes de nvel secundrio.

    (8) Como, por exemplo, oi solucionado em Portugal, designadamente atravs do Programa No-

    vas Oportunidades. De reerir que na origem dos actuais Centros Novas Oportunidades esteve a

    rede nacional de Centros de Reconhecimento, Validao e Certifcao de Competncias (Cen-

    tros RVCC), criada em 2001 pela Portaria n. 1082-A/2001, de 5 de Setembro, e ulteriormente

    alterada pela Portaria n 286-A/2002, de 15 de Maro. S mais tarde, em 2008, este diploma

    oi globalmente alterado pela Portaria n 370/2008, de 21 de Maio (que cria os Centros Novas

    Oportunidades).

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    revistadirigir 23

    lusos riscos(Breve crnica sobre os Portugueses e a cultura do risco)Por:Joo Godinho Soares EngenheiroIlustraes: Joo Amaral

    Guardo com a chave dos sonhosSegredos que o corpo merece

    Se algum no quis arriscar

    Ento que os no tivesse

    (Srgio Godinho)

    Omotard(1)

    Quarento assumido, decidiu tirar a carta de mota. Farto

    de ser ultrapassado pelos geis veculos de duas

    rodas enquanto se mantinha sentado a v-los pas-

    sar, imobilizado ora em interminveis flas de

    automveis, teve tempo de maturar a ideia e con-

    cluir que, alm da bvia utilidade, ia ser giro!

    Sem dizer nada amlia, um belo dia sentou-se

    rente da secretria de uma uncionria de uma

    escola de conduo da capital. A senhora esta-

    va nesse momento ao teleone mas, instantes

    depois, pousou o auscultador, olhou para ele e,antes que pudesse dizer um ai, disparou: Ento vem

    tirar a carta de mota, no verdade? Imagine-se o es-

    panto! Pois venho! Como que sabe?!, oi o que lhe saiu.

    Ela sorriu, com condescendncia, e respondeu: Ah, na sua idade

    vm todos...

    Foi assim que tomou conscincia da alta de originalidade da sua

    pequena aventura.

    Iniciou a instruo praticamente a partir do zero, que o mesmo

    que dizer que nunca tinha conduzido uma motorizada ou moto-

    ciclo em toda a sua vida. O mais prximo que sabia era andar de

    bicicleta.

    histria e cultura

    (1)motard: sonora palavra rancesa que se pode traduzir por motociclista mas

    que, h que reconhec-lo, muitos preerem ao termo portugus, mais prprio

    para quem anda de bicicleta a motor, como as saudosas Solex...

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    24 Out. Nov. Dez. 2009

    Comeou desde logo a tentar que o instrutor lhe desse dicas e

    conselhos sobre cuidados a ter sobre segurana, mas ele era depoucas alas. Punha-lhe a mota nas mos e dizia: Venha atrs

    de mim. E l iam, pelas ruas de Lisboa ora, o instrutor rente,

    instalado sobre quatro rodas, e ele a equilibrar-se o melhor que

    podia em duas.

    Rapidamente se apercebeu da vulnerabilidade do otard. S a

    roupa separa o motociclista de tudo o que o rodeia, incluindo o

    cho. Aquela sensao (enganosa) de proteco que se tem den-

    tro do habitculo de um automvel no existe numa mota.

    Como o instrutor continuava muito avaro em conselhos e orien-

    taes de segurana, comeou a procurar nas livrarias um livro

    que o pudesse ajudar nesse aspecto, que alertasse e inormassesobre as precaues a ter na conduo de veculos motorizados

    de duas rodas, mas nada encontrou naquele momento.

    O tempo oi passando e elizmente tudo correu bem. Chegou o

    dia do exame e a obteno da almejada carta. Adquiriu uma mota

    em segunda mo e conrontou a amlia com o acto consumado.

    Depois de um valente (e merecido) puxo de orelhas, que j

    esperava, e de mil recomendaes para que tivesse muito cuida-

    do, iniciou a sua vida de otard incipiente. At hoje.

    Passadas poucas semanas aps ter obtido a carta, encontrou,

    por acaso, o tal livro que procurava, com muitas indicaes sobre

    segurana e um sem-nmero de recomendaes e boas prticasna conduo de motas e scooters. Leu-o avidamente e, quando

    acabou, pensou, impressionado: Se tivesse lido este livro antes

    de tirar a carta, j no a ia tirar! Tal era a quantidade e qualidade

    de riscos que se correm naqueles veculos reeridos no livro! Al-

    guns nem passam pela cabea do mais prudente(2)!

    correr risos

    O nosso heri continua a andar de mota sempre que pode, ape-

    sar dos riscos evidentes. Porqu? Pelos motivos que j se sabem

    e esto amplamente estudados, como a inconscincia, o julgar

    que estamos preparados, o acreditar que o azar no acontece, ocorao que se sobrepe razo, a vaidade, etc., etc.

    H muitas razes para se correrem riscos. Na realidade, da

    natureza do Homem correr riscos. Reerimo-nos aos riscos cons-

    cientes, j que os inconscientes no existem para quem os en-

    renta. O medo tem nesta matria um papel importantssimo e

    explica a dierena entre a temeridade e a coragem. Os corajosos

    so os que sabem o perigo que correm e, mesmo assim, insis-

    tem em avanar, vencendo o medo que naturalmente sentem.

    Os temerrios avanam porque no sentem medo, no dispem

    do mais saudvel de todos os sentimentos, aquele que melhor

    nos protege(3)

    .

    histria e cultura

    (2) Citando, com a devida vnia, o livro guia do motard, de Vtor Sousa, da Texto

    Editora (o tal livro de que ele andava procura), as aradilhas [que amea-

    am o motociclista] so tantas e sob tantas foras que se tornaria exaustivo

    referenci-las. Noeareos as ais couns (...): piso olhado, buracos,

    tapas de esoto, areia, ravilha, leo e cobustveis, lenis de ua, laa,

    passadeiras de pees... E a lista continua: os automveis, porque tm com-

    portamentos em travagem e em curva, bem como ritmos de andamento, com-

    pletamente dierentes das motos, sem esquecer o perigo das portas que se

    abrem de repente, as intempries porque a chuva retira visibilidade e o vento

    desequilibra. Finalmente, so exigidas aos motociclistas condies sicas e

    psquicas acima da mdia exigida aos automobilistas. Com tudo isto, das duasuma: ou se desiste e se fca a admirar de longe esses cavaleiros do asalto

    ou corre-se o risco.

    (3) Um estudo realizado em Portugal, no mbito da luta contra a SIDA, atravs

    de entrevistas a mil homens e mulheres entre os 18 e os 69 anos, de todas

    as regies do pas, revelou que 80% no usam qualquer proteco quando

    praticam sexo. Entre os homens, 40% recorrem a prostitutas e, destes, 60%

    no usam preservativo apesar de toda a inormao disponvel e do risco com-

    provado de contrarem doenas sexualmente transmissveis. Este comporta-

    mento de alto risco s tem explicao luz da total inconscincia do perigo.

    No