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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea brasiliensis E REAÇÃO TECIDUAL APÓS IMPLANTE NO SUBCUTÂNEO DE EQUINOS E BOVINOS Marina Zimmermann Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo GOIÂNIA 2012

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea

brasiliensis E REAÇÃO TECIDUAL APÓS IMPLANTE NO

SUBCUTÂNEO DE EQUINOS E BOVINOS

Marina Zimmermann

Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo

GOIÂNIA 2012

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MARINA ZIMMERMANN

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CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea

brasiliensis E REAÇÃO TECIDUAL APÓS IMPLANTE NO

SUBCUTÂNEO DE EQUINOS E BOVINOS

Tese apresentada para obtenção do

grau de Doutor em Ciência Animal

junto à Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de

Goiás

Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal.

Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo EVZ/UFG Comitê de Orientação:

Profª. Drª. Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura - EVZ/UFG Prof. Dr. Juan Carlos Duque Moreno - EVZ/UFG

GOIÂNIA 2012

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Dedico este trabalho a todos os que me incentivaram e não me deixaram desistir. Aos que me ampararam nos momentos difíceis e me ensinaram que com coragem e amor conseguimos driblar qualquer obstáculo. Aos que enxugaram minhas lágrimas e me mostraram o caminho certo... Aos animais que tanto amo e são minha inspiração para aprender e ensinar...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pai e criador, que me deu força e proteção para

enfrentar e superar esse desafio sempre em busca do meu crescimento espiritual.

A minha família amada, meu tudo... Por me amar e me fazer entender que

nunca estarei sozinha ou desamparada, por acreditar em mim e me incentivar.

Ao meu amado, Luiz Gustavo Oliveira Galvão, por ser meu porto seguro,

meu amigo e meu amor, me apoiando em todas as decisões e me ajudando a

enfrentá-las, por cuidar de mim, me acolher e afastar todo o mal.

Agradeço aos meus anjos da guarda, invisíveis e visíveis, que me

sustentaram e me acolheram sempre. Fernanda Figueiredo Mendes, Danilo

Ferreira Rodrigues e Mariana Faleiro, obrigada!

Aos meus amigos que sempre entenderam meu afastamento e sempre

me apoiaram.

À Universidade Federal de Goiás e a Escola de Veterinária e Zootecnia,

pela infraestrutura cedida e aos professores que fizeram parte da minha

caminhada.

À CAPES, pela bolsa concedida.

Ao professor Eugênio Gonçalves de Araújo, pela orientação e

conhecimentos a mim ensinados.

Aos meus coorientadores Drª Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura

e Dr. Juan Carlos Duque Moreno, pelos ensinamentos.

Ao professor Adilson Donizeti Damasceno, pelos conhecimentos a mim

ensinados, conselhos, risadas e aquele ombro amigo sempre.

Aos meus amigos guerreiros que me auxiliaram nos experimentos

carregando brete, tocando gado nelore em meio à lama, sempre presentes

mesmo de baixo de muita chuva ou muito sol, Fernanda Figueiredo Mendes,

Danilo Ferreira Rodrigues, Gabriella Silva Campos, Thiago Domingues Fernades,

Lorena Lima Barbosa e Gustavo Oliveira Galvão.

A amiga Mariana Faleiro pela imunoistoquímica, mas principalmente pela

paciência e amizade que com certeza vem de outras vidas.

À Universidade de Brasília (UnB), Setor de Patologia Animal, pelos

excelentes cortes e colorações realizadas.

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Ao Patologista Lucas Cardoso, pelo auxílio nas análises.

Ao Professor Floriano Pastore Junior, pela parceria na confecção das

membranas de látex.

À Professora Drª Sônia Báon, pela disciplina e pelas análises laboratoriais

no MEV e seus alunos Ingrig Gracielle Martins da Silva, Lauro Campos Dourado e

Felipe Guimarães Coutinho.

À EMBRAPA cerrados pelo látex.

Ao professor Luciano Paulino da Silva e ao doutorando Eduardo Barbosa

da EMBRAPA Cenargem pelas análises de AFM.

À ACECIL-VET, por esterilizar as membranas de látex com óxido de

etileno gratuitamente.

Obrigada!

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“Quando um humano aprender a respeitar até o

menor ser da criação, seja animal ou vegetal,

ninguém precisará ensiná-lo a amar seu

semelhante.”

Albert Weintezer

“Em cada ato nosso, escolhemos a qualidade do

mundo que queremos viver.”

Hélio Mattar

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ..................................................... 1 1 – Introdução ..................................................................................................... 1 2 – Revisão de Literatura .................................................................................... 2 2.1 – Histórico do uso do látex como implantes para fins medicinais ................. 2 2.2 – Fisiopatologia da reparação tecidual .......................................................... 2 2.2.1 – Fase de inflamação ................................................................................. 3 2.2.2 – Fase de desbridamento ........................................................................... 3 2.2.3 – Fase de proliferação e reparo ................................................................. 4 2.2.4 – Fase de maturação ................................................................................. 6 2.3 Metodologias de análise implementadas na pesquisa ................................ 12 2.3.1 Microscópio eletrônico de Varredura (MEV) ............................................. 12 2.3.2 Microscopia de força atômica (AFM) ........................................................ 14 2.4 Objetivos gerais e específicos da pesquisa ................................................ 16 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 17 CAPÍTULO 2 – Produção e caracterização de um novo implante de látex para uso na Medicina Veterinária: análise por microscopia de força atômica, microscopia eletrônica de varredura e EDS........................................ 23 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 24 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 25 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 29 CONCLUSÕES ................................................................................................. 34

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 34

CAPÍTULO 3 – Membrana de látex natural de Hevea brasiliensis é biocompatível e acelera reparação tecidual em feridas cutâneas de equinos .. 36 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 37 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 39 RESULTADOS .................................................................................................. 46 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 55 CONCLUSÕES ................................................................................................. 60

AGRADECIMENTOS ........................................................................................ 61 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 61

CAPÍTULO 4 – Membrana de látex natural de Hevea brasiliensis é biocompatível e acelera reparação tecidual em feridas cutâneas de bovinos... 63 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 64 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 65 RESULTADOS .................................................................................................. 71 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 79 CONCLUSÕES ................................................................................................. 82 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 82 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 86

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2 FIGURA 1 – (A) Técnica de coleta da seiva da seringueira (Hevea brasiliensis). (B) Aspecto final do implante de látex natural. ............................. 28 FIGURA 2 – Eletromicrografia eletrônica de varredura da superfície da membrana de látex evidenciando a heterogeneidade. ...................................... 29 FIGURA 3 – Difratograma da análise do implante de látex por EDS. Elementos químicos encontrados; C – carbono; N – nitrogênio; O – oxigênio; Ni – Níquel; Mg – magnésio; Au – ouro; K – potássio; Ca – cálcio.2929 FIGURA 4 – Imagem da membrana de látex obtida por microscopia de força atômica evidenciando as deformidades (setas). ...................................... 30 FIGURA 5 – Representação gráfica da rugosidade da membrana de látex natural no microscópio de força atômica, que Ra – rugosidade média; RZ – rugosidade em relação à altura; Rzjis – controle de qualidade japonês; Rq – raiz quadrática média; Rp – rugosidade em relação aos picos e Rv – rugosidade em relação aos vales. ..................................................................... 31 FIGURA 6 – Representação gráfica da análise dos parâmetros na espectroscopia de força da membrana de látex. Em que Max Ld é repulsão; Max Pull é atração e Snap In é encaixe. ........................................................... 31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex no dorso de equino, dia zero. Evidenciando-se as incisões (A), a confecção dos túneis e colocação dos fragmentos de membrana de látex (B) com ponto de fixação(C) e sutura (D).. .................................................................................... 41 FIGURA 2 - Grupo controle no dia zero - Incisão no dorso do lado esquerdo (A) confecção de túnel (B) e sutura de pele (C) ................................................ 41 FIGURA 3 – Esquema de colheita e armazenamento das amostras para análise por HE, imunoistoquímica e MEV. ........................................................ 42 FIGURA 4 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de subcutâneo de equino. Substância amorfa cobrindo membrana de látex retirada aos 45 dias de implantação (A). Destacando a superfície da membrana de látex aos 45 dias de implantação (B). ................................... 47 FIGURA 5 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de subcutâneo de equino. Apresentando tecido conjuntivo fibroso aos 45 de implantação (A). Evidenciando fibras colágenas e células no tecido conjuntivo aos 45 dias de implantação (B). ............................................ 48 FIGURA 6 – Fotomicrografias de tecido conjuntivo fibroso da derme de equino. Nota-se deposição incipiente de colágeno (setas) no grupo controle (A) e formação de tecido de granulação maduro e angiogênese (seta) no grupo látex (b). HE, 40 X. .................................................................................. 48

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CAPÍTULO 4 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex no dorso de bovino, dia zero. Evidenciando-se as incisões (A), a confecção dos túneis e colocação dos fragmentos de membrana de látex (B) aspecto após a inserção dos fragmentos(C) e sutura (D). ......................................................... 66 FIGURA 2 – Grupo controle no dia zero - Incisão no dorso do lado esquerdo (A) confecção de túnel (B) e sutura de pele (C) ................................ 67 FIGURA 3 – Esquema de colheita e armazenamento das amostras para análise por HE, imunoistoquímica e MEV. ........................................................ 68 FIGURA 4 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de subcutâneo de bovino. Mostrando superfície da membrana de látex aos 15 dias de implantação, com presença de hemácias (asteriscos) e fibrina (setas) (A). Mostrando rede de fibrina (setas) e hemácias sobre a membrana de látex aos 30 dias de implantação. Evidenciando espessa rede de fibrina (setas) e hemácias sobre a membrana de látex aos 45 dias de implantação (C).......................................................................................... 73

FIGURA 5 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de subcutâneo de bovino com tecido conjuntivo fibroso (asteriscos) adjacente à membrana de látex aos 15 dias de implantação (A). Presença de fibras colágenas maduras (setas) e hemácia (asterisco) aos 30 dias de implantação (B)............................................................................................... 73 FIGURA 6 – Fotomicrografias de fragmentos de subcutâneo de bovino aos 45 dias de avaliação. Nota-se a presença de tecido conjuntivo maduro no grupo implantado com membrana de látex (A) em comparação ao controle (B). HE, 40X. ..................................................................................................... 74

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LISTA DE QUADROS

CAPÍTULO 3

QUADRO 1 – Escores de intensidade de coloração atribuídos à análise da marcação do anticorpo CYR 61 em tecido subcutâneo de equinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex. ...................... 45 QUADRO 2 – Escores de intensidade de coloração atribuídos à análise da marcação do anticorpo VEGF em tecido subcutâneo de equinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex. ...................... 46 CAPÍTULO 4 QUADRO 1 – Escores de intensidade de coloração aplicados à análise da marcação do anticorpo CYR 61 em tecido subcutâneo de bovinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex. ...................... 71 QUADRO 2 – Escores de intensidade de coloração aplicados à análise da marcação do anticorpo VEGF em tecido subcutâneo de bovinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex. ...................... 71

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 3 TABELA 1 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Qui quadrado do infiltrado inflamatório em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. ............................ 49 TABELA 2 – Análise comparativa do infiltrado inflamatório em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman. ............. 49 TABELA 3 – Comparação entre os tempos de experimentação com nível de significância inferior a 0,05. Teste de Wilcoxon. .......................................... 50 TABELA 4 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Qui quadrado dos eosinófilos infiltrado inflamatório em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivos controles. ............ 50 TABELA 5 – Comparação entre o número de eosinófilos dos infiltrados inflamatórios nos tempos 15, 30 e 45 de observação do látex em equinos. Teste de Friedman. ........................................................................................... 51 TABELA 6 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney da angiogênese em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. ................................................. 51 TABELA 7 – Análise comparativa da angiogênese em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman. ....................... 52 TABELA 8 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. ........................................................................................... 52 TABELA 9 – Análise comparativa do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman. ..................................................................... 53 TABELA 10 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da marcação do anticorpo anti-VEGF em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e seu controle. ....................................... 53 TABELA 11 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-VEGF em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman. .......................................................................................................... 54 TABELA 12 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da marcação do anticorpo anti- CYR 61 em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e seu controle. ....................................... 54 TABELA 13 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-CYR 61 em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman. ..................................................................................................... 55

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CAPÍTULO 4 TABELA 1 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado do infiltrado inflamatório em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação de membrana de látex e respectivo controle.......................................................... 75 TABELA 2 – Análise comparativa do infiltrado inflamatório em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman. ............. 75 TABELA 3 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney da angiogênese em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. ................................................. 76 TABELA 4 – Análise comparativa da angiogênese em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman. ....................... 76 TABELA 5 – Comparação da angiogênese entre os tempos de experimentação com nível de significância inferior a 0,05. Teste de Wilcoxon............................................................................................................ 76 TABELA 6 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e respectivo controle. ........................................................................................... 77 TABELA 7 – Análise comparativa do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman. ...................................................................... 77 TABELA 8 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da ação do anticorpo anti VEGF em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e controle. .................................................................. 78 TABELA 9 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-VEGF em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman. .......................................................................................................... 78 TABELA 10 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da marcação do anticorpo anti CYR 61 em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e controle. .............................................. 79 TABELA 11 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti CYR 61 em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman. .......................................................................................................... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS

AFM Microscopia de força atômica

Au Ouro

C Carbono

Ca Cálcio

Co2 Dióxido de carbono

CTGF Connective tissue growth factor

CYR 61 Cysteine-rich 61

DNA Ácido desoxirribonucleico

EDS/EDX Espectrometria dispersiva de raios-x

EVZ Escola de Veterinária e Zootecnia

FGF Fator de crescimento do fibroblasto

FrHB1 Proteína angiogênica da seringueira

FW Frey-Wyssling

g/cm3 Grama por centímetro cúbicos

HE Hematoxilina e eosina

K Potássio

kg Quilograma

kv Kilovolts

LTDA Limitada

MAC Marcador de macrófago

MAF Fator de ativação do macrófago

Max Ld Repulsão

Max pull Atração

MBP Proteína básica principal

MEV Microscopia eletrônica de varredura

mg miligrama

Mg Magnésio

MIF Fator de inibição de migração

N Nitrogênio

Ni Níquel

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nm Namometros

O Oxigênio

PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetas

ra Rugosidade média

rp Rugosidade em relação ao picos

rq Rugosidade quadrática média

rv Rugosidade em relação aos vales

rz Rugosidade em relação

rzjis Rugosidade no padrão industrial japonês

Snap in Encaixe

TGF-β Fator de transformação do crescimento

UFG Universidade Federal de Goiás

UI Unidade internacional

UnB Universidade de Brasília

VEGF Fator de crescimento endotélio vascular

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RESUMO

O látex natural da seringueira Hevea brasiliensis, na forma de membranas ou implantes, vem sendo estudado por possuir proteínas capazes de promover a angiogênese no tecido do hospedeiro. O material mostrou ser biocompatível com muitas espécies, incluindo os cães, camundongos, ratos e humanos. Entretanto, não há relatos sobre suas propriedades em bovinos e equinos, espécies estas que poderiam ser beneficiadas com a reparação mais rápida e eficiente de lesões, principalmente em membros. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar uma nova membrana de látex, ainda em estudos, e verificar a biocompatibilidade e a reação tecidual desse material no subcutâneo de equinos e bovinos. A membrana foi desenvolvida e caracterizada em laboratório, utilizando microscopia eletrônica de varredura, microscopia de força atômica e espectroscopia de energia dispersiva de raios-x. Para os estudos in vivo foram utilizados seis equinos e seis bovinos, com modelo de ferida fechada no subcutâneo, onde foram implantadas as membranas em um período de 15, 30 e 45 dias de observação. Foram realizadas análises macroscópica, histológica, imunoistoquímica com os anticorpos anti - VEGF, anti - MAC e anti - CYR 61, e morfológica em microscópio eletrônico de varredura. Foi constatada a biocompatibilidade da nova membrana de látex nas duas espécies avaliadas. Houve aumento da inflamação e estímulo à angiogênese na espécie bovina. Vale salientar que não houve aumento da expressão de VEGF, CYR 61 e MAC em nenhuma das duas espécies, evidenciando a necessidade de mais estudos para a comprovação de mecanismos de ação dessa membrana de látex natural. Palavras-chave: biocompatibilidade, bovinos, equinos, membrana, reação tecidual.

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CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1 Introdução

A natureza do cavalo, caracterizada por comportamento ativo e

respostas rápidas, associada à realização de atividades atléticas, o predispõem

às injúrias traumáticas, especialmente em membros locomotores. Os cavalos

entram em pânico em muitas situações e fazem tentativas violentas de fuga em

situações de restrição ao movimento. Arames farpados constituem a causa

mais comum de feridas, embora muitos outros objetos possam ser

incriminados. Desta forma, a abordagem de feridas é um procedimento de

rotina para os profissionais que trabalham com equinos (NETO, 2003).

Na espécie bovina, os ferimentos de pele são frequentes e decorrentes

de práticas de manejo com utilização de intervenções cruentas, instalações

defeituosas e disputas de hierarquia no rebanho. Apesar de usuais, as feridas

são, no entanto, negligenciadas e responsáveis pela instalação de miíases,

com um potencial prejuízo econômico estimado no Brasil em até U$ 150

milhões ou em até U$ 8 milhões considerando-se somente os valores gastos

anualmente na compra de repelentes e cicatrizantes (MOYA BORJA, 2003).

Apesar do impacto econômico que as consequências das feridas em bovinos

trazem à cadeia produtiva, pouco se pesquisa em relação à cicatrização da

pele bovina, ao contrário do que ocorre em equinos e em animais de

companhia (MARTINS et al., 2003; SOUZA et al., 2006).

Para mudar esse panorama, pesquisas com o uso do látex natural da

seringueira Hevea brasiliensis, na cicatrização de feridas nessas espécies, vêm

diminuir a carência de informações e colaborar com as iniciativas de encontrar

alternativas ecologicamente corretas, ambientalmente sustentáveis e com

baixo potencial nocivo à saúde humana. Tais pesquisas acrescentam

conhecimento ao uso da biodiversidade vegetal brasileira aplicada à Medicina

Veterinária e ao estudo da cicatrização em bovinos (LIPINSKI, 2008).

O látex em forma de membrana potencializa seu uso na rotina clínica

cirúrgica da Medicina Veterinária, sendo utilizado como implante na reparação

de pele, músculo, órgãos abdominais ocos e outros. Apresenta propriedades

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angiogênicas comprovadas, o que acelera o processo de reparação tecidual

(MRUÉ, 2000; OLIVEIRA, 2007; ZIMMERMANN, 2007). Como é realidade para

o médico veterinário trabalhar com diversas espécies, faz-se necessário

conhecer a biocompatibilidade desse material frente a todas elas, para, desse

modo, poder usufruir de eventuais benefícios.

No capítulo 2 deste trabalho, a membrana de látex em estudo foi

caracterizada quanto a sua morfologia, rugosidade, elasticidade e superfície,

sendo os resultados favoráveis à utilização dessa membrana como implante.

No capítulo 3, demonstrou-se a biocompatibilidade da membrana de látex

natural na espécie equina, com caracterização imunoistoquímica da resposta

angiogênica desse biomaterial. Adiante, no capítulo 4, foram descritas as

mesmas avaliações dessa membrana na espécie bovina, com resultados

positivos na reparação tecidual e biocompatibilidade.

2 Revisão de Literatura

2.1 Fisiopatologia da reparação tecidual

A reparação tecidual é um processo complexo, que envolve a

organização de células, os sinais químicos e a matriz extracelular. Com o

rompimento da integridade tecidual, logo se inicia o processo de reparo, que

compreende uma sequência de eventos moleculares e celulares que

objetivam restaurar o tecido lesado. Só durante a fase fetal o reparo de lesões

se dá sem a formação de cicatriz, ocorrendo perfeita restauração do tecido

pelo processo de neoformação tecidual. Após o nascimento, o organismo se

torna limitado, e em algumas situações, desencadeia a formação da cicatriz

após o reparo (MENDONÇA & COUTINHO-NETTO, 2009).

Alguns autores consideram que esse processo é dividido em três fases:

inflamação, proliferação e remodelagem (CLARK, 1996). Outros classificam

as fases em quatro, separando alguns acontecimentos da fase inflamatória

em outra fase específica que é o desbridamento. Desse modo, podem ser

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descritas as fases de inflamação, desbridamento, proliferação e reparo, e

maturação (RAISER, 2000).

2.1.1 Fase de inflamação

Após a ocorrência do ferimento, inicia-se a fase inflamatória, com o

extravasamento sanguíneo que preenche a área lesada com plasma e

elementos celulares, principalmente plaquetas (WERNER & GROSE, 2003). As

lesões capazes de atingir profundamente o tecido cutâneo desencadeiam um

reflexo axônico que leva a vasoconstrição transitória com oclusão dos vasos

injuriados. Passados alguns minutos, ocorrem vasodilatação e exsudação de

componentes plasmáticos não celulares através dos espaços entre as células

endoteliais. O principal componente desse fluído é a fibrina, que tem a função

de preencher os espaços teciduais, formando um tampão na tentativa de

controlar a hemorragia (PEACOCK, 1984) e formar uma barreira contra a

invasão de micro-organismos. O coágulo estabiliza as bordas da ferida e

organiza uma matriz provisória necessária para a migração celular (RAISER,

2000; WERNER & GROSE, 2003).

2.1.2 Fase de desbridamento

Após a saída das plaquetas de dentro do leito vascular, neutrófilos e

monócitos, migram em direção ao leito da ferida. Os monócitos do sangue

periférico, tanto inicialmente quanto durante o transcorrer do processo

cicatricial, continuam a infiltrar-se no local da ferida em resposta a agentes

quimiotáticos para monócitos, como o PDGF (Fator de Crescimento Derivado

de Plaquetas), por exemplo. A liberação dos fatores provenientes das

plaquetas, assim como a fagocitose dos componentes celulares, como a

fibronectina ou o colágeno, contribuem também para a ativação dos monócitos,

transformando-os em macrófagos que são as principais células envolvidas no

controle do processo de reparo (CLARK, 1996).

O macrófago ativado é a principal célula efetora do processo de reparo

tecidual, degradando e removendo componentes do tecido conjuntivo

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danificado, como colágeno, elastina e proteoglicanas. Além desse papel na

fagocitose de fragmentos celulares, os macrófagos também secretam fatores

quimiotáxicos que atraem outras células inflamatórias ao local da ferida e

produzem prostaglandinas, que funcionam como potentes vasodilatadores,

afetando a permeabilidade dos microvasos no local. Os macrófagos produzem

vários fatores de crescimento, como o PDGF, o TGF-β (Fator de

Transformação do crescimento), o FGF (fator de crescimento de fibroblastos) e

o VEGF (Fator de Crescimento Endotélio Vascular), que se destacam como as

principais citocinas necessárias para estimular a formação do tecido de

granulação (EMINING, 2007).

Na fase de desbridamento, o macrófago é essencial para a cicatrização

de feridas contaminadas ou infectadas. Por volta do terceiro ao quinto dia após

a injúria, os macrófagos tornam-se as células predominantes, sintetizam e

liberam proteases, fazendo a remoção de colágeno desvitalizado e coágulos de

fibrina da ferida (MENCIA-HUERTA, 1993).

O papel dos linfócitos na cicatrização não está bem definido e

permanece controverso. Aproximadamente seis a sete dias após a injúria, o

número de linfócitos na ferida é desproporcionalmente menor que na

circulação. Os linfócitos secretam linfocinas importantes, incluindo o fator de

inibição da migração (MIF), interleucina-2, fator de ativação de macrófago

(MAF) e fatores quimiotáticos, além de aumentar o estágio inicial da

cicatrização por meio da estimulação de macrófagos, células endoteliais e

fibroblastos. Entretanto, sugere-se que os linfócitos T podem regular a

atividade fibroblástica exuberante que poderia, caso esta regulação não

existisse, ocorrer tardiamente na reparação cicatricial. A participação de

eosinófilos no processo cicatricial está, aparentemente, associada à produção

da Proteína Básica Principal (MBP), que age na degradação do tecido

(MENCIA-HUERTA, 1993).

2.1.3 Fase de proliferação e reparo

A fase de proliferação e reparo é caracterizada pelo aumento de

fibroblastos que migram para o interior do ferimento para sintetizar e depositar

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colágeno, elastina e proteoglicanos. À medida que o teor de colágeno dos

tecidos aumenta, a fibrina desaparece e o número de fibroblastos e a

velocidade de síntese diminuem, marcando o final da fase de reparação

(RAISER, 2000; FOSSUM, 2002). A necessidade de oxigênio para

movimentação, migração celular e síntese proteica é responsável pelo

brotamento e crescimento neovascular da periferia para o centro da ferida que

geralmente é hipóxica (RAISER, 2000).

Em um organismo adulto, sob condições normais, a angiogênese só

ocorre no ciclo reprodutivo das fêmeas (no útero, com a formação do

endométrio, e nos ovários, na formação do corpo lúteo). Dessa forma, a rede

vascular se mantém quiescente, porém com a capacidade de iniciar a

angiogênese, principalmente durante a cicatrização (LI et al., 1999).

A angiogênese está presente em todo o processo de reparação,

independente do tecido acometido pela injúria. É reconhecido como um

fenômeno de grande importância para a reparação dos tecidos. Os principais

fatores estimuladores envolvidos são fatores de crescimento de células

endoteliais e alguns fatores quimiotáxicos (MRUÉ, 2000). A indução da

angiogênese foi inicialmente atribuída ao FGF (Fator de Crescimento

Fibroblástico). Subsequentemente, muitas outras moléculas foram identificadas

como angiogênicas, incluindo o VEGF, o TGF-β, a angiogenina, a angiotropina

e a angiopoetina-1. Baixa tensão de oxigênio e elevados níveis de ácido lático,

além de aminas bioativas, também podem estimular a angiogênese. Muitas

dessas moléculas são proteínas e parecem induzir a angiogênese de forma

indireta, estimulando a produção de FGF e VEGF por macrófagos e células

endoteliais, indutores diretos da angiogênese (MENDONÇA & COUTINHO-

NETTO, 2009).

A nova rede vascular expande-se para o centro da lesão, dando à

cavidade lesional uma aparência rosada, chamada de tecido de granulação. À

medida que o fluxo sanguíneo e a oxigenação são restabelecidos, o principal

fator desencadeador da angiogênese é reduzido e os vasos neoformados

começam a diminuir (NETO, 2003). O tecido de granulação consiste

primariamente em vasos sanguíneos invasores, fibroblastos e produtos de

fibroblastos, incluindo o colágeno fibrilar, elastina, fibronectina,

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glicosaminoglicanas sulfatadas e não sulfatadas, e proteases. O tecido de

granulação é produzido três a quatro dias após a lesão, como um passo

intermediário entre o desenvolvimento da malha formada por fibrina e

fibronectina e a síntese posterior e reestruturação de colágeno.

2.1.4 Fase de maturação

A última fase do processo cicatricial é a maturação. Nela está envolvida

uma série de fatores, como a contração da ferida e a remodelação da matriz de

colágeno. Uma vez que a superfície provisória de células epiteliais é formada, a

migração epitelial é interrompida devido à inibição por contato (RAISER, 2000;

FOSSUM, 2002).

O fechamento ocorre por contração das paredes marginais da lesão.

Essa ação é realizada pelos fibroblastos ativados, os quais se diferenciam para

miofibroblastos, que aproximam as margens da ferida, forçando as fibras de

colágeno a se sobrepor e se entrelaçar e, desta maneira, conferem o suporte

para o menor tamanho da lesão, que é influenciado pelo tamanho inicial da

ferida, formato, espessura dos tecidos circunvizinhos e forças externas, como

movimento (BOJRAB, 1982). Se o volume ou integridade tecidual são

reduzidos, a contração pode ser insuficiente para fechar o defeito, resultando

em granulação exuberante ou em superfície epitelial prematura. Nesses casos,

deve-se lançar mão do uso de enxertos ou implantes, para orientar os bordos

da ferida e facilitar a cicatrização (NETO, 2003).

2.2 Utilização do látex como implantes para fins medicinais

Na rotina cirúrgica veterinária, existem diversas enfermidades que

necessitam de correção com uso de implantes ou enxertos. As mais frequentes

são as hérnias, fístulas e feridas laceradas com perda excessiva de pele e de

difícil cicatrização, que podem acometer qualquer espécie. Segundo

SCAVONE (2009), o uso de membranas biológicas como implantes na

substituição parcial e reconstrução de tecidos teve início na década de 1960,

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com PIGOSSI (1967), que usou experimentalmente dura-máter homóloga de

cães conservada em glicerina, na substituição de segmento dural de cães.

A partir de então, muitos pesquisadores estiveram engajados em

desenvolver implantes capazes de resolver diversas situações clínicas

causadas por lesões e perdas de tecidos em órgão vitais, como coração,

traqueia, vasos sanguíneos, tecidos moles em geral, além de ossos. As

características mais importantes de um implante devem ser inocuidade,

maleabilidade e biocompatibilidade, sendo este um dos maiores desafios ao

desenvolvimento de um material ideal. Muitos materiais foram desenvolvidos

com esse propósito, como silicone, polipropileno e outros, mas ainda não se

tem um implante que reuna todas as características desejáveis reunidas, o que

incentiva a continuidade das pesquisas (MRUÉ et al., 2004).

Uma membrana orgânica à base de látex natural vem sendo estudada

há quinze anos, quando MRUÉ et al. (1996) propuseram a substituição de um

segmento de 4 a 6 cm do esôfago cervical em cães por prótese à base de látex

natural, com diferentes tempos de permanência. Os resultados evidenciaram

neoformação tecidual com evidente neovascularização, o que motivou novas

pesquisas com a substituição de esôfago cervical em sua circunferência total e

ressecções extensas da parede abdominal de cães. Com resultados

semelhantes de neoformação de todos os elementos das camadas esofágicas

e a granulação completa das feridas do abdome, em uma extensão de 10x10

cm, num período de dez dias (MRUÉ et al., 2000).

Em virtude do grande sucesso apresentado pela pesquisa e das

características demonstradas com o uso desse implante, como

neovascularização tecidual, não aderência, ausência de rejeição e reparação

tecidual acelerada, os olhares se voltaram ao uso dessa membrana em

humanos, para correção de inúmeras afecções. Um estudo realizado em

pericárdio de cães, mas com vistas à substituição parcial do pericárdio em

humanos, foi desenvolvida por SADER (2000) com membrana de látex como

substituto parcial. Esta demonstrou ser eficiente em observação até 345 dias,

período em que não ocorreu infecção local, nem alterações sensíveis no

leucograma e eletrocardiograma. A membrana não se aderiu ao pulmão nem

ao epicárdio, salvo nas linhas de sutura, onde se incorporou ao epicárdio

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nativo. Houve, em 50% dos animais, regeneração completa do pericárdio

subjacente à membrana de látex. Cabe salientar que essa propriedade indutora

de regeneração tecidual não foi observada, durante o processo desta pesquisa,

em nenhum outro material inabsorvível.

Outro importante estudo testou a membrana de látex natural para o

desenvolvimento de um dispositivo para transplante celular encapsulado. Foi

construído um protótipo de dispositivo para macroencapsulamento de ilhotas

pancreáticas, que foi implantado no tecido subcutâneo de ratos para avaliação

da taxa de captação de glicose e aminoácidos por meio de microdiálise in vivo.

Não houve rejeição e o dispositivo foi envolto por tecido fibroso com intensa

formação vascular, que permaneceu constante ao longo do tempo. A

membrana permitiu a difusão de glicose, aminoácidos e albumina, nutrientes

importantes para a sobrevida de células encapsuladas, mas impediu a

penetração de células do sistema imune, sugerindo que o dispositivo apresenta

potencial para ser utilizado como suporte para o implante de células isoladas

(MENTE, 2003).

Uma equipe de pesquisadores, empenhada em solucionar o grave

problema de úlceras crônicas de membros inferiores causadas por insuficiência

venosa isolada ou por hipertensão arterial, realizou um estudo in vivo com 21

pacientes, 16 deles tratados com a membrana de látex e cinco tratados com

neomicina pomada. No primeiro grupo, evidenciou-se tecido de granulação aos

sete dias e reepitelização após 42 dias em média, resultado superior ao grupo

controle (FRADE et al., 2006). Outro estudo semelhante, conduzido por

ERENO (2003), tratou pacientes com úlceras e, 12 dias após os curativos

serem aplicados, observou-se tecido de granulação e reepitelização contra os

seis meses necessários pelos métodos tradicionais.

Em pacientes com úlceras isquêmicas causadas pela diabetes tipo II e

não responsivas aos tratamentos convencionais, a membrana de látex foi

eficiente e possibilitou a recuperação de 70% da lesão no 15o dia e sua total

remissão após quatro meses de tratamento em dias alternados. Esse material,

quando aplicado na lesão, conduz à organização do tecido cicatricial

consequente à maior produção de fatores de crescimento celular, tornando-se

uma boa opção terapêutica para esse tipo de úlcera devido à facilidade de

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aplicação, baixo custo e alta potencialidade na indução da cicatrização (FRADE

et al., 2004).

As propriedades do látex natural também foram aproveitadas em estudo

conduzido por OLIVEIRA et al. (2003). Submeteram-se 238 pacientes com

perfuração crônica da membrana timpânica e história clínica de otite média

crônica, à técnica de miringoplastia com utilização de enxerto livre de fáscia do

músculo temporal, mais a membrana de látex natural, externamente apoiada

nas bordas remanescentes da membrana timpânica e em contato com a fáscia

temporal. Após 30 dias foi removida a membrana de látex. Os resultados

mostraram biocompatibilidade entre a membrana de látex e o tecido da

membrana timpânica humana, ausência de toxicidade e de reações alérgicas.

Esses autores atribuem como causa do fechamento da perfuração timpânica a

intensa revascularização da membrana remanescente, estimulada pelo fator

angiogênico presente na membrana de látex utilizada.

As propriedades do látex foram igualmente estudadas e comprovadas na

área de oftalmologia, em que a regeneração da conjuntiva ocular em coelho foi

favorecida no grupo que utilizou a membrana de látex. A cicatrização

conjuntival foi mais eficiente do que a do grupo controle, comprovada por

experimento conduzido por PINHO et al. (2004).

Na odontologia, BALABANIAN (2005) utilizou o látex para reparo ósseo

de alvéolo dental em ratos, na forma de grânulo e em forma de gel. Desse

modo, comprovou que o látex em forma de gel provocou reparo ósseo

significativo e superior ao látex em grânulo, mas ambos estimularam a

angiogênese.

Importante estudo na angiologia foi conduzido por BRANDÃO et al.

(2007). Vasos sanguíneos foram substituídos por próteses vasculares

microperfuradas de tecido, recobertas com látex natural e implantadas em 15

cães. Após 12 semanas de análises, as próteses mostraram qualidades

estruturais de adaptabilidade, elasticidade, impermeabilidade e possibilidade de

sutura satisfatória, como substituto vascular. Ainda, estimularam o crescimento

do tecido endotelial além das regiões de contato com a anastomose arterial e

foram biocompatíveis no sistema arterial do cão, apresentando adequada

integração tecidual.

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As características do látex também chamaram atenção de

pesquisadores na área da Medicina Veterinária, que desenvolveram diversas

pesquisas para a aplicabilidade desse material nas espécies animais. Uma das

principais afecções que poderiam ser solucionadas com a membrana de látex

seriam as hérnias. Em estudo realizado por RABELO et al. (2005), 12 bovinos

leiteiros portadores de hérnias umbilicais recidivantes, cujo anel herniário

media de 10x7 cm no mínimo, foram tratados utilizando a membrana de látex

como implante, o que garantiu um bom nível de segurança e auxiliou de forma

permanente na correção dessa afecção.

Em hérnia perineal em um cão, a membrana de látex utilizada

demonstrou um comportamento diferenciado, sendo eliminada aos cinco

meses de pós-operatório, mas permitindo a oclusão da hérnia com formação

de tecido de granulação (PAULO et al., 2005b). Já na correção de defeitos na

parede de ratos, a membrana de látex foi expulsa aos 14 dias em média,

permitindo a formação de um tecido de granulação, sem grandes vantagens

quando comparada à tela de marlex (PAULO et al., 2005a).

SOUSA (2005) realizou pesquisas para correção de hérnia inguinal com

quatro diferentes tipos de membranas de látex estruturalmente diferentes,

colocadas pré-peritonealmente por inguinoplastia videolaparoscópica em cães.

Observando-os por 28 dias de pós-operatório, verificou-se que ocorreu

tortuosidade das membranas, pois a estrutura física não permitiu mantê-las

esticadas, resultando no encistamento total, exceto em um tipo de membrana

que se incorporou parcialmente. O estudo concluiu pela não recomendação da

utilização de nenhum modelo testado, para reforço da região inguinal.

Concomitante a esses estudos, um grupo de pesquisadores

desenvolveu um novo implante de látex natural, com diferente formulação, mais

resistente e apropriado para as necessidades da clínica médica e cirúrgica

veterinária (ZIMMERMANN et al., 2007). Foram realizadas análises de

resistência física e testes de biocompatibilidade. Em cães, os resultados foram

positivos, pois o novo implante de látex não causou rejeição na espécie canina.

Já em coelhos, a membrana mostrou-se incompatível, apresentando

características de rejeição como a grande quantidade de eosinófilos infiltrados

no local da implantação, além das características macroscópicas observadas

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(ZIMMERMANN, 2007). Após os resultados da pesquisa, ficou claro que se

fazia necessário testar o novo implante em outras espécies antes de ser

utilizado, pois evidenciou-se diferentes reações teciduais em cada espécie

analisada.

Iniciou-se, então, uma nova fase nas pesquisas do novo implante de

látex, com ênfase na espécie canina. Foi desenvolvido, um estudo que testou o

implante na correção de hérnia diafragmática em cães, comparando-o ao

Biocure®. Os resultados foram favoráveis à nova membrana de látex, com

reparação do defeito pelo implante em 30 dias, enquanto a membrana

patenteada não resistiu à força mecânica do músculo diafragma, provocando

eventração dos órgãos para a cavidade torácica (ZIMMERMANN et al., 2008).

As pesquisas na Medicina Veterinária foram também desenvolvidas nos

mais diferentes órgãos. OLIVEIRA (2007) provocou defeitos na bexiga de

coelhos e reparou com membrana de látex e peritônio bovino conservado em

glicerina 98%. Ambos os tratamentos promoveram reparação tecidual;

entretanto, no grupo tratado com a biomembrana de látex, o desenvolvimento

dos tecidos que compõem o órgão foi acelerado. Em 30 dias, já era possível

verificar reparação de todas as camadas vesiculares, com intensa

neoangiogênese, enquanto o grupo com peritônio necessitou o dobro de

tempo. Associado a isso, os implantes foram biocompatíveis, uma vez que não

induziram à reação imunológica de rejeição. Houve integração da

biomembrana na parede, que posteriormente ficou permanente na parede

vesical.

Outro estudo, realizado por SCAVONE (2009), testou a substituição

parcial de fragmento de estômago de coelhos por membrana de látex. Aos 60

dias de pós-operatório, verificou que a parede do estômago, no local do

implante, estava contínua, com todas as camadas reconstituídas, composta a

partir do lúmen. A biomembrana de látex natural forneceu suporte para

orientação e desenvolvimento do estômago por meio de processos de

reparação e ainda evitou o escape de conteúdo gástrico para a cavidade. Os

implantes foram biocompatíveis, uma vez que não induziram à reação

imunológica de rejeição.

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Experimentos na área de cirurgia da cavidade oral de cães foram

conduzidos com resultados positivos. É o caso da correção de fenda palatina

induzida em cães, modelo em que se observou fechamento mais rápido em

animais nos quais foi implantada a membrana de látex quando comparado à

cicatrização por segunda intenção dos animais do grupo controle (SILVA,

2006).

MENDONÇA (2008) isolou, a partir da fração proteica do látex, a

proteína responsável pela neoangiogênese. Desde então, pesquisas

começaram a ser desenvolvidas com um gel rico em proteínas, chamado de

fator proteico angiogênico do látex, capaz de promover o reparo mais rápido

das estruturas, sendo ainda de fácil manipulação. NOGUEIRA (2009) utilizou-

o para o reparo de fistulas oronasais induzidas, associado à técnica cirúrgica

de flape simples, com resultados positivos, sendo este considerado um

método eficiente, de simples execução e de baixo custo.

As características evidenciadas por diferentes autores atribuídas ao

látex natural tanto na forma de membrana ou em forma de gel são: reparação

tecidual acelerada e angiogênese. Entretanto, a biocompatibilidade desse

material é diferente para cada espécie testada, bem como a melhor

apresentação do material para cada afecção. Na medicina veterinária faz-se

necessário testá-la antes de indicar seu uso em todas as espécies domésticas

e silvestres.

2.3 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)

O microscópio eletrônico de varredura é um aparelho que pode fornecer

rapidamente informações sobre a morfologia e a identificação de elementos

químicos de uma amostra. Sua utilização é comum em biologia, odontologia,

farmácia, engenharia, química, metalurgia, física, medicina e geologia

(DEDAVID et al., 2007).

O MEV é um dos mais versáteis instrumentos disponíveis para a

observação e análise de características microestruturais de objetos sólidos.

Trata-se de um equipamento capaz de produzir imagens de alta ampliação e

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resolução com até 300.000 vezes. As imagens fornecidas pelo MEV possuem

um caráter virtual, pois o que é visualizado no monitor do aparelho é a

transcodificação da energia emitida pelos elétrons, ao contrário da radiação de

luz (COPPE, 2011). Outra característica importante do MEV é a aparência

tridimensional da imagem das amostras, resultado direto da grande

profundidade de campo. Permite, também, o exame em pequenos aumentos e

com grande profundidade de foco, o que é extremamente útil, pois a imagem

eletrônica complementa a informação dada pela imagem óptica (DEDAVID et

al., 2007).

O princípio de funcionamento do MEV consiste na emissão de feixes de

elétrons por um filamento capilar de tungstênio (eletrodo negativo), mediante a

aplicação de uma diferença de potencial que pode variar de 0,5 a 30 KV. Essa

variação de voltagem permite a variação da aceleração dos elétrons, e também

provoca o aquecimento do filamento. A parte positiva em relação ao filamento

do microscópio (eletrodo positivo) atrai fortemente os elétrons gerados,

resultando numa aceleração em direção ao eletrodo positivo. A correção do

percurso dos feixes é realizada pelas lentes condensadoras que alinham os

feixes em direção à abertura da objetiva. A objetiva ajusta o foco dos feixes de

elétrons antes dos elétrons atingirem a amostra analisada (MICROLAB,

2011). A imagem formada a partir do sinal captado na varredura eletrônica de

uma superfície pode apresentar diferentes características, uma vez que a

imagem resulta da amplificação de um sinal obtido de uma interação entre o

feixe eletrônico e o material da amostra. Diferentes sinais podem ser emitidos

pela amostra. Entre os sinais emitidos, os mais utilizados para obtenção da

imagem são originários dos elétrons secundários ou dos elétrons

retroespalhados (DEDAVID et al., 2007).

O EDS ou EDX (energy dispersive x-ray detector) é um acessório

essencial no estudo de caracterização microscópica de materiais. Quando o

feixe de elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos

átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de níveis energéticos.

Ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia adquirida, a qual é

emitida em comprimento de onda no espectro de raios-x. Um detector instalado

na câmara de vácuo do MEV mede a energia associada a esse elétron. Como

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os elétrons de um determinado átomo possuem energias distintas, é possível,

no ponto de incidência do feixe, determinar quais elementos químicos estão

presentes naquele local, e assim identificar em instantes que mineral está

sendo observado. Além da identificação mineral, o equipamento ainda permite

o mapeamento da distribuição de elementos químicos por minerais, gerando

mapas composicionais de elementos desejados (MICROLAB, 2011). O uso em

conjunto do EDS com o MEV é de grande importância na caracterização de

materiais. Enquanto o MEV proporciona nítidas imagens, ainda que virtuais, o

EDS permite a imediata identificação e quantificação dos minerais constituintes

da amostra analisada.

2.4 Microscopia de força atômica (AFM)

A AFM permite a aquisição de imagens topográficas em superfícies sob

condições variadas em uma escala de angstrons. Esse método possibilita

avaliar várias características físicas dos materiais, como elasticidade, rigidez,

atrito e adesão, de acordo com a interação sonda-amostra e seus diferentes

modos de operação (LOGRADO, 2009; MACEDO et al., 2011).

A preparação do material para essa análise é simples, basta colocá-lo

sobre um substrato sólido e prender adequadamente. Em seguida, a sonda

realiza a varredura com uma ponta ultrafina que irá gerar a imagem. Portanto,

não é necessário processar material biológico, o que minimiza alterações

estruturais (LEITE et al., 2003).

O funcionamento se dá pela varredura da superfície da amostra pela

ponta da sonda, que fica presa ao braço do suporte, chamado apropriadamente

de cantilever. A sonda varia de acordo com o material, podendo ser rígida ou

maleável e fica em contato com a amostra e interage de acordo com o modo de

operação do equipamento. A interação entre a ponta e a superfície da amostra

gera a deflexão do cantilever proporcional à força de interação. Na parte

superior do cantilever, um feixe de laser é incidido e refletido, passando por um

espelho e alcançando o fotodetector de quatro quadrantes. À medida que a

ponta varre a amostra, as variações topográficas e composicionais na

superfície da amostra fazem com que as interações se modifiquem,

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provocando diferentes deflexões no cantilever. Essas diferenças são captadas

no detector por meio de desvios do laser, que incide de forma diferente em

cada um dos quadrantes. As informações são armazenadas em um

computador, processadas e transformadas em imagens topográficas. A

varredura é realizada por um escâner de cerâmica piezelétrica, capaz de

realizar movimentos nas três direções, com precisão nano métrica (LOGRADO,

2009).

São três os modos de operação: o modo contato, modo contato

intermitente e modo não contato. No modo contato, a ponta estabelece contato

físico com a amostra, predominando a força repulsiva. Deve-se ter o cuidado

de utiliza-lo para amostras rígidas e bem fixadas ao substrato, pois isso evita

danificar a ponta da sonda ou a amostra. Deve-se atentar para hidrofilicidade

das amostras, visto que nesse modo a água pode impedir a varredura. São

utilizadas sondas moles e a força exercida pela sonda sobre a amostra é

constante. É possível assim determinar o atrito, ou seja, a heterogeneidade da

superfície da amostra, através de imagens da força lateral, já que cada material

possui um coeficiente de atrito único, sendo possível determinar áreas

compostas por diferentes materiais. Esse mesmo modo permite aferir a força

modulada, que identifica variações espaciais na elasticidade superficial local,

que por sua vez, identifica transições entre diferentes componentes da amostra

em superfícies heterogêneas, presença de material orgânico e contaminantes.

Essas informações são adquiridas ao mesmo tempo em que a imagem

topográfica é obtida nesse modo de operação (LOGRADO et al., 2009).

Dados sobre a resistência da amostra também são determinados nesse

modo, já que, de acordo com a força empregada pela ponta e a resistência da

superfície, gera-se a deflexão no cantilever. Para uma determinada força

proferida à amostra, a parte mole irá se deformar mais do que uma parte dura

da mesma amostra, refletindo as características de rigidez (LEITE et al., 2003;

MACEDO et al., 2011).

Por sua vez, no modo contato intermitente, a ponta do cantilever vibra

em alta frequência sobre a amostra, tocando-a e interagindo tanto de forma

atrativa quanto de forma repulsiva, dependendo da distância entre a ponta e a

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16

amostra. Permite a obtenção de imagens em alta resolução mesmo no caso de

amostras delicadas ou pouco aderidas ao substrato (MACEDO et al., 2011).

Durante a varredura no modo contato intermitente, o equipamento pode

fornecer, além das características topográficas, informações referentes à

elasticidade, viscosidade e adesividade das amostras. Para aquisição dessas

informações o equipamento deve detectar, além das alterações na amplitude

de oscilação, atrasos nas fases de oscilação, ou seja, retardamentos em um

ciclo de ressonância do cantilever em decorrência das interações. O

retardamento é ocasionado por superfícies mais moles e adesivas, já o

progresso rápido da fase ocorre em superfícies duras e menos adesivas

(LOGRADO et al., 2009).

O terceiro e último modo é o não contato, em que a ponta não

estabelece contato físico com a amostra, o que predomina é a força atrativa

entre a ponta e a superfície. O cantilever é atraído por forças de capilaridade

quando há camada de solvatação ou pelas forças de Van der Waals e

eletrostáticas quando a amostra está seca. A ponta da sonda fica a uma

distância de 1 a 10 nm da superfície, o que impede a contaminação, entretanto,

advém o risco de obterem-se imagens distorcidas, com interferências causadas

pela camada de solvatação. Esse modo é útil para amostras macias e que não

se aderem ao substrato ( MACEDO et al., 2011).

2.5 Objetivos gerais e justificativas

Pretendeu-se a partir deste estudo, caracterizar uma nova membrana de

látex com relação à sua superfície: rugosidade, elasticidade, componentes

químicos, bem como sua biocompatibilidade e capacidade de promover

angiogênese e reparação tecidual acelerada. Para tanto, tal processo se

baseou na associação das técnicas de AFM, MEV, imunoistoquímica, histologia

e exames macroscópicos, após implantação in vivo da membrana de látex em

equinos e bovinos.

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17

São diversas as afecções que poderão ser sanadas com o uso desta

membrana, como feridas laceradas, que são de difícil cicatrização e expõe o

animal às infecções, as hérnias abdominais, sejam umbilicais (que acometem

principalmente bezerros), inguinais ou traumáticas, além de diversas outras

afecções. Após estudos realizados por ZIMMERMANN (2007), foi possível

verificar a ação mecânica e a biocompatibilidade do implante de látex, proposto

nesse experimento, em coelhos e cães. Entretanto, faz-se necessário

caracterizá-lo para o uso na rotina hospitalar da Medicina Veterinária em outras

diferentes espécies domésticas.

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23

CAPÍTULO 2 – Produção e caracterização de um novo implante de látex

para uso na medicina veterinária: análise por microscopia de força

atômica, microscopia eletrônica de varredura e espectrometria de energia

dispersiva de raios-x

Production and characterization of a new latex implant for use in veterinary

medicine: analysis by atomic force microscopy, scanning electron

microscopy and EDS

RESUMO Neste estudo foi desenvolvida uma nova membrana de látex natural para uso na medicina veterinária e caracterizada quanto à sua superfície, com uma análise de microscopia eletrônica de varredura e estudos de microscopia de força atômica, que avaliou a rugosidade e elasticidade dessa membrana. Os resultados evidenciaram heterogeneidade, elasticidade e viscosidade do material. Concluiu-se que devido à forma de produção, o implante de látex estudado permaneceu com a fração proteica indutora de angiogênese e ainda possui deformidades e heterogeneidade capazes de induzir neovascularização, sendo ainda necessários estudos in vivo para comprovar sua ação em diferentes espécies. Palavras-chave: angiogênese; caracterização química; membrana; látex. ABSTRACT This study developed a new natural latex membrane for use in veterinary medicine and characterized as to its surface, with an analysis and scanning electron microscopy studies of atomic force microscopy, which evaluated the surface roughness and elasticity of this membrane. The results showed heterogeneity, elasticity and viscosity of the material. It was concluded that due to production form, the implant remained latex studied with the protein fraction that induces angiogenesis and still have deformities and heterogeneity can induce neovascularization, and in vivo studies are still needed to prove his action in different species. Keywords: angiogenesis; characterization; latex, membrane.

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24

INTRODUÇÃO

Das 12.000 espécies pertencentes a 900 gêneros de plantas laticíferas,

existentes no planeta, aproximadamente 1.000 contêm borracha (HONORATO,

2005). Entretanto, a única espécie que gera borracha de alta qualidade e em

condições econômicas é a Hevea brasiliensis. A reação de vulcanização foi

descoberta por Charles Goodyear, em 1839, que percebeu uma sensível

mudança no estado físico da borracha natural, de muito plástica para elástica

quando a esta era adicionado enxofre. Após a descoberta da vulcanização,

rapidamente a demanda de artigos feitos de borracha cresceu muito

(AGOSTINI, 2009). Além da importância econômica desse material, a

descoberta da atividade angiogênica do látex natural da seringueira (MRUÉ,

2000) possibilitou várias outras aplicações médicas, resultando em um novo

campo de pesquisa.

O látex de Hevea brasiliensis é um sistema polidisperso, no qual

partículas negativamente carregadas de vários tipos estão suspensas em um

soro. Três tipos de partículas predominam: partículas de borracha que

constituem 30 a 45% (em massa) do látex, os lutóides que constituem 10 a

20% e os chamados complexos de Frey-Wyssling (FW). O soro no qual as

partículas estão dispersas é chamado de soro C (AGOSTINI, 2009).

As partículas de borracha tem forte atividade de superfície, devido às

longas cadeias de hidrocarbonetos. As moléculas de fosfolipídios se ligam

fortemente às proteínas que permanecem adsorvidas na superfície da

borracha. É possível explicar essa forte adsorção de proteínas na superfície

das partículas considerando os fosfolipídios de carga positiva, e as proteínas

de carga negativa, levando à associação iônica entre dois tipos de moléculas

(RIPPEL, 2005).

Os lutóides e complexos de Frey-Wyssling formam o segundo

componente principal do látex de Hevea brasiliensis. São constituídos de

proteínas solúveis e insolúveis, fosfolipídios e sais minerais (BLACKLEY,

1997), ligados ou circundados por membranas e são, na média, muito maiores

em tamanho do que as partículas de borracha. Possuem de 2.000 a 5.000 nm

de diâmetro, ligados por uma membrana de cerca de 8 nm de espessura,

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25

também com carga negativa. O conteúdo dos lutóides é chamado soro B,

contém vários cátions, principalmente cálcio, magnésio, potássio, cobre e

proteínas catiônicas, que têm ação floculante muito rápida sobre partículas de

borracha no látex, resultando na formação de microflocos. Os complexos de

Frey-Wyssling são constituídos de carotenóides e lipídios, conferindo à

borracha sua coloração amarelada (BLACKLEY, 1997).

O soro do látex natural tem densidade de 1,020 g/cm3 e contém

diferentes espécies químicas, como proteínas e aminoácidos, sais minerais

encontrados no soro B e mais outros de rubídio, manganês, sódio, potássio,

cobre, magnésio, ferro e zinco que são absorvidos do solo, transportados na

seiva e participam de reações que envolvem a biossíntese do látex (ARIYOSHI,

1997). O principal carboidrato encontrado é o quebrachitol (ou 1-metil inositol),

que até o momento, não se sabe qual a sua função biológica no látex

(BLACKLEY, 1997).

O látex recém coletado mantém pH entre de 6,0 e 7,0, densidade de

0,975 e 0,980 g/cm3 e viscosidade variável. Quando se quer preservar o látex

por mais tempo deve-se utilizar a amônia, sem a adição de preservativos

auxiliares (RIPPEL, 2005).

As propriedades angiogênicas conferidas ao látex natural da seringueira

devem-se às proteínas presentes principalmente na fase 2, o soro, mas

também estão presentes em quantidade significativa na fase 1, disponível em

biomateriais fabricados para uso cirúrgico (AGOSTINI, 2009), como as

membranas de látex utilizadas em sua maioria como implantes, para favorecer

a reparação tecidual.

São inúmeras as utilizações já testadas deste biomaterial na Medicina e

Medicina Veterinária, sendo o objetivo principal deste estudo, o

desenvolvimento de uma nova membrana de látex natural, ainda não

comercializada e a caracterização desse material quanto a sua composição,

estrutura, porosidade, rugosidade e elasticidade. Dessa forma, apresentar uma

nova membrana para experimentação e possível utilização como implante em

animais domésticos.

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26

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta do látex

A coleta do látex foi realizada na EMBRAPA Cerrados, em Planaltina,

Distrito Federal. Neste processo, foi removida uma camada de tecido vegetal

de aproximadamente 1 mm, com faca específica para este fim. O corte foi

realizado da esquerda para direita, em ângulo de 30°, em meia circunferência

ao redor do tronco da seringueira. Naquele momento foi instalada uma cânula

de metal no ponto mais baixo do corte, por onde escorreu o látex durante

algumas horas, tendo sido coletado em um pequeno recipiente de plástico

preto na base. As incisões foram feitas logo abaixo da última e em dias

alternados para possibilitar a recuperação da planta.

Preservação do látex

Após a coleta, mediu-se o pH do látex para verificar a necessidade de

adição de preservativos. Como não houve alteração entre a coleta e o início da

preparação, mantendo-se o pH entre 6 e 7, não foi necessário uso de

preservativos. Quando necessário, para evitar a coagulação precoce do látex,

deve-se adicionar amônia a esta solução para corrigir o pH, caso este esteja

ácido (SETHURAJ, 1992). A temperatura ambiente é ideal para se manter a

solução preservada até seu processamento, desde que mantido o pH ideal.

Produção do implante de látex

O preparo consistiu em filtrar o látex não centrifugado com coador de

metal estéril, adicionando-se água destilada e a solução vulcanizante ainda no

balde, limpo e esterilizado, e verificando-se o pH da mistura. Após essa etapa,

já nas bandejas de plástico, misturou-se ácido fórmico e aferiu-se o pH até

chegar ao valor 4. Aguardou-se a vulcanização por 24 horas, em temperatura

ambiente (20 a 25°C). No dia seguinte, retirou-se o excesso de água e o deixou

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27

secar em ambiente controlado, seco e limpo. Cortou-se em tamanhos

apropriados e embalou o material em envelopes cirúrgicos.

A esterilização foi realizada pela ACECIL-VET esterilização de produtos

veterinários LTDA., por óxido de etileno, em programa de apoio às pesquisas

científicas da empresa.

A produção da nova membrana de látex difere das demais em vários

aspectos, como no uso do látex não centrifugado, na mistura vulcanizante

empregada e no processo de secagem. As etapas não puderam ser reveladas

pois este processo será patenteado.

Caracterização da membrana de látex

Microscopia eletrônica de varredura

Foi utilizado microscópio eletrônico de varredura modelo JSM – 700 1F

do Instituto de Biologia, Departamento de Biologia Celular, no Laboratório de

Microscopia Eletrônica da Universidade de Brasília (UnB).

O preparo da amostra foi realizado sem fixação, pois se tratava de

material estéril, ainda não utilizado no experimento. Foi realizado um corte na

amostra com lâmina de bisturi e fixado em fita carbonada dupla face sobre o

stub. Em seguida, a amostra foi pulverizada com átomos de ouro em

metalizador modelo SCD 050 Sputter coater, no mesmo laboratório, ficando

pronta para ser avaliada no MEV.

Espectrometria de Energia Dispersiva de Raios-X (EDS)

As amostras utilizadas foram as mesmas já preparadas para MEV. A

análise ocorreu simultaneamente em um detector instalado na câmara de

vácuo do microscópio. Ocorreu a identificação mineral da amostra, bem como o

mapeamento da distribuição desses elementos químicos na amostra.

Page 46: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

28

Microscopia de Força Atômica (AFM)

Foram utilizadas amostras esterilizadas em óxido de etileno antes de

serem implantadas nos animais. Para tal, retirou-se um fragmento do material

com lâmina de bisturi, com o cuidado necessário para não danificar a superfície

a ser estudada. Em seguida, foi alocado em fita adesiva sobre substrato

conhecido e analisada no microscópio de força atômica, sob modo contato.

Foram realizadas 8 repetições para cada parâmetro de rugosidade a ser

analisado. Foram eles Ra – rugosidade média; Rz – rugosidade em relação ao

eixo Z (altura); Rzjis – rugosidade no padrão industrial japonês (controle de

qualidade); Rq – raiz quadrática média; Rp – rugosidade relacionada aos picos

e Rv – rugosidade relacionada aos vales. Na espectroscopia de força foram

analisados 3 parâmetros: Max Ld; Max Pull; e Snap In.

Todas as amostras analisadas nesse experimento foram retiradas da

mesma membrana, durante todo o estudo.

A análise estatística foi realizada com o programa Origin Pro 8 – one

way ANOVA. As comparações de média avaliadas pelo teste de Tukey e

comprovadas pelo teste de Fisher. Nível de significância 0,05.

RESULTADOS

Foi produzida com eficiência uma membrana de látex natural para uso

na rotina hospitalar de animais domésticos. Anteriormente testada em cães e

coelhos quanto à sua resistência (ZIMMERMANN, 2007).

FIGURA 1 – (A) Técnica de coleta da seiva da seringueira (Hevea

brasiliensis). (B) Aspecto final da membrana de látex

natural.

Page 47: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

29

A microscopia eletrônica de varredura possibilitou visualizar a superfície

da membrana de látex, constatando que existe uma heterogeneidade na

mistura dos componentes que formam a membrana (Figura 2).

FIGURA 2 – Eletromicrografia eletrônica de varredura da superfície da membrana de látex evidenciando a heterogeneidade.

Espectrometria dispersiva de raio-x (EDS)

Na análise de difração de raios-X, a membrana de látex apresentou uma

grande quantidade de carbono, seguido de oxigênio e nitrogênio, inerentes a

substâncias orgânicas. O difratograma (Figura 3) apresentou alguns picos

associados aos cátions metálicos, seguidos de pequenos picos de Ca, K, Mg.

FIGURA 3 – Difratograma da análise do implante de látex por EDS.

Elementos químicos encontrados; C – carbono; N –

nitrogênio; O – oxigênio; Ni – Níquel; Mg – magnésio; Au

– ouro; K – potássio; Ca – cálcio

Page 48: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

30

Microscopia de Força Atômica (AFM)

A morfologia da membrana de látex esterilizada com óxido de etileno foi

analisada por microscopia de força atômica. Nota-se grande quantidade de

deformidades (poros) na superfície da membrana, conforme pode ser

visualizado na Figura 4.

FIGURA 4 – Imagem da membrana de látex obtida por microscopia de

força atômica evidenciando as deformidades (setas).

O estudo por meio da AFM da rugosidade da membrana de látex natural

produzida nesse experimento possibilitou identificar que os maiores desníveis

são relacionados à rugosidade em relação ao eixo (Rz), ou seja, a altura dos

poros é diferente em cada segmento da superfície da membrana. Como pode

ser comparada na Figura 5.

Page 49: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

31

FIGURA 5 – Representação gráfica da rugosidade da membrana de látex

natural no microscópio de força atômica, sendo: Ethylene

oxide – óxido de etileno; Ra – rugosidade média; RZ –

rugosidade em relação à altura; Rzjis – controle de

qualidade japonês; Rq – raiz quadrática média; Rp –

rugosidade em relação aos picos; e Rv – rugosidade em

relação aos vales.

Na análise de espectroscopia de força para o material em estudo, tem-

se um resultado significante no parâmetro Max pull (Figura 6). Exercendo maior

força de atração na ponteira, os parâmetros de repulsão e retorno ou encaixe

do cantilever não foram representativos.

FIGURA 6 – Representação gráfica da análise dos parâmetros na

espectroscopia de força da membrana de látex.

Ethylene oxide – óxido de etileno; Max Ld - repulsão;

Max Pull - atração e Snap In - encaixe.

Page 50: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

32

DISCUSSÃO

No processo de produção dessa membrana, não houve a centrifugação

do látex, portanto, a parte funcional, em que estão presentes os constituintes

não-borracha permaneceu presente em grande quantidade. Segundo

AGOSTINI (2009) e RIPPEL (2005) a fração compostas de lutóides (soro B) e a

fração chamada soro C, são as que apresentam maior quantidade de

compostos não isopreno, referentes a proteínas, aminoácidos e grupos

funcionais que podem induzir a angiogênese. A fração chamada soro B é a

mais recomendada para o uso como fármaco, pois a fração chamada soro C,

apesar de conter compostos semelhantes pode apresentar contaminantes

provenientes da coleta do látex.

A secagem e esterilização utilizadas nesse estudo possibilitaram a

evaporação da água contida na borracha de maneira lenta, sem uso de

temperaturas elevadas. Em estudo conduzido por AGOSTINI (2009), o pico

endotérmico em torno de 120°C para as amostras de soro B e soro C, foi

responsável pela degradação dos constituintes não isopreno, como proteínas,

aminoácidos e ânions inorgânicos (fosfatos e carbonatos), que são justamente

a parte responsável pela angiogênese. Dessa forma, evidencia-se a

impossibilidade de autoclavar as membranas de látex, sob-risco de perder suas

propriedades.

A escolha do método de esterilização por óxido de etileno foi

fundamental para manter as características funcionais do látex e ao mesmo

tempo eliminar contaminantes, já que o uso cirúrgico da membrana de látex

como implante, exige um método de esterilização eficiente e quanto menor a

temperatura a que ela for submetida, melhores as condições de promover

angiogênese. Segundo AGOSTINI (2009), a temperatura de 65°C apresentou-

se como a mais eficiente no processo de indução de angiogênese, porém não

foi suficiente para eliminar a maioria dos micro-organismos patogênicos.

Devido ao não tratamento térmico, a água foi liberada lentamente,

formando ilhas de borracha microscópicas, vistas ao microscópio eletrônico de

varredura e, associado a elas, subprodutos como proteínas e carboidratos

Page 51: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

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livres ficaram aderidos. Corroborando com AGOSTINI (2009), que evidenciou

com a mesma análise no microscópio, heterogeneidade em membranas

tratadas a 60°C, enquanto as tratadas a 120°C apresentaram uma grande

homogeneidade. O processo de evaporação rápido, a qual foram submetidas

as membranas tratadas a 120°C, leva juntamente subprodutos do látex,

diminuindo a quantidade de substâncias importantes no processo de indução

de angiogênese, impossibilitando o uso dessa membrana como biomaterial.

Entretanto, seu uso como implante pode ser assegurado, pois permite uma

atuação como barreira física e possível ponte para migração de fibroblastos e

demais células de reparação tecidual (ZIMMERMANN, 2007).

A grande quantidade de carbono, oxigênio e nitrogênio, encontrados nas

amostras analisadas por EDS, são inerentes a substâncias orgânicas. O

difratograma apresentou alguns picos metálicos que compõem a amostra

devido à metalização na fase de preparo, em que átomos de ouro são

depositados sobre a amostra em metalizador específico. As demais

substâncias encontradas são sugadas da terra pela árvore e compões sua

seiva natural. Resultados semelhantes foram encontrados por RIPPEL (2005)

ao analisar membranas de látex centrifugadas, estando associado à fração

soro C, mais cristalina do látex.

As deformidades (poros) visualizadas na AFM são formadas no

momento da evaporação da água, em que partículas de borracha coagulam de

maneira irregular. Quanto mais alta a temperatura a que é submetida a

membrana de látex natural, menos poros se formam, pois a água é liberada

rapidamente no processo, o que torna a superfície mais homogênea. Estudos

realizados por AGOSTINI (2009) mostram que a maior quantidade de poros ou

a indução de poros melhora a vascularização, melhorando assim o processo de

indução da angiogênese.

O estudo por meio da AFM caracterizou a rugosidade da membrana de

látex natural produzida nesse experimento e possibilitou identificar que os

maiores desníveis são relacionados à rugosidade em relação ao eixo (Rz), ou

seja, a altura dos poros é diferente em cada segmento da superfície da

membrana. As rugosidades relacionadas aos picos e aos vales proporcionam

Page 52: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

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heterogeneidade da superfície, com grandes depressões e altas elevações,

melhorando o potencial de angiogênese desse biomaterial.

Na análise de espectroscopia de força para o material em estudo, não

foram encontradas muitas referências para incrementar a discussão, nota-se

que essa membrana é inédita. Para o parâmetro Max pull, houve uma diferença

significativa, desse modo, pode-se inferir que a membrana de látex oprime

maior força sobre o cantilever no momento de retorno deste a posição original,

ou seja, a força é realizada para puxar o braço da ponteira demonstrando

elasticidade e viscosidade do material.

CONCLUSÕES

A nova membrana proposta nesse estudo apresenta características de

heterogeneidade, elasticidade e viscosidade;

Essa nova membrana de látex natural está pronta para ser testada em

animais domésticos para posterior uso na rotina clínica e cirúrgica da

medicina veterinária.

REFERÊNCIAS

1. ADIWILAGA, K.; KUSH, A. Cloning and characterization of cdna encoding

farnesly diphosphate synthase from rubber tree Hevea brasiliensis. Plant

Molecular Biology, Zurich, v. 30, p. 935. 1996.

2. AGOSTINI, D. L. S. Caracterização dos constituintes do látex e da

borracha natural que estimulam a angiogênese. 2009. 87 f. Dissertação

(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Materiais) – Faculdade de Ciências e

Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente.

3. ARIYOSHI, H. et al. Expanded polytetrafluorethylene (ePTFE) vascular graft

loses its thrombogenicity six months after implantation. Thrombosis

Research, Rochester, v. 88, p. 427-433, 1997.

4. BLACKLEY, D. C. Polymers Latices. Chapman & Hall: Glasgow, 1997. v. 2,

p. 138.

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35

5. HONORATO S. B. Efeito Antioxidante de Componentes do Látex da

Seringueira e Mangabeira Sobre a Degradação termo-oxidativa do Poli

(1,4-cis-isopreno) Sintético. 2005. 87 f. Dissertação (Mestrado em

Ciências) – Faculdade de Química, Universidade Federal do Ceará.

Fortaleza.

6. MENDONÇA, R. J. Purificação e caracterização de uma proteína

angiogênica, indutora de fibroplasia e cicatrizante presente no Látex

Natural da Seringueira Hevea brasiliensis. 2008. 137 f. Tese (Doutorado

em Ciências) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de

São Paulo, Ribeirão Preto.

7. MRUÉ, F. Neoformação tecidual induzida por biomembrana de látex

natural com polilisina. Aplicabilidade em neoformação esofágica e da

parede abdominal. Estudo experimental em cães. 2000. 112 f. Tese

(Doutorado em Medicina) – Faculdade de Medicina, Universidade de São

Paulo, de Ribeirão Preto.

8. RIPPEL, M. M. Caracterização microestrutural de filmes e partículas de

látex de borracha natural. 2005. 99 f. Tese (Doutorado em Ciências na

área de Físico-Química) – Instituto de Química, Universidade Estadual de

Campinas, Campinas.

9. SANTOS, G. R.; MOTHÉ, C. G. Prospecção e perspectivas da borracha

natural, Hevea brasiliensis. Revista Analytica, São Paulo, v. 26, p. 32-40.

2007.

10. SETHURAJ, M. R.; MATHEW, N. M. Natural Rubber Biology Cultivation

and Thechnology. Netherlands: Elsevier Science,1992. 137p.

11. ZIMMERMANN, M. A membrana de látex como implante para correção

de defeitos musculares em cães e coelhos. 2007. 78 f. Dissertação

(Mestrado em Cirurgia Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária.

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

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CAPÍTULO 3 – Membrana de látex natural de Hevea brasiliensis é

biocompatível em equinos

Natural latex membrane from Hevea brasiliensis is biocompatible and enhances

tissue repair in skin wounds of horses.

RESUMO Nesse estudo foi implantado um fragmento de membrana de látex natural em subcutâneo de equinos para avaliar a reação tecidual, a biocompatibilidade desse material nessa espécie e os mecanismos de angiogênese influenciados pela membrana. Para tal foram utilizados seis equinos mestiços, machos e fêmeas, e comparada a ação da membrana de látex natural em feridas subcutâneas experimentais com seu respectivo controle sem a membrana. Foram colhidas amostras de tecido aos 15, 30 e 45 dias após o início do experimento. A membrana de látex mostrou-se biocompatível e bioativa na espécie equina. Entretanto, não aumentou de maneira significativa a angiogênese nesta espécie, bem como não interferiu na expressão das proteínas angiogênicas VEGF e CYR 61. Palavras-chave: reparação de feridas, angiogênese, MAC, CYR 61, VEGF. ABSTRACT This study has established a fragment of a natural latex membrane of horses in the subcutaneous tissue reaction to evaluate the biocompatibility of the material in this species and the mechanisms of angiogenesis influenced by the membrane. To this end, we used six crossbred horses, males and females, and compared the action of natural latex membrane in experimental subcutaneous wounds with their respective control without the membrane. Tissue samples were collected at 15, 30 and 45 days after the beginning of the experiment. The latex membrane was shown to be biocompatible and bioactive in the equine species. However, it significantly increased angiogenesis in this species and did not affect the expression of VEGF and angiogenic proteins CYR 61. Keywords: tissue repair, angiogênesis, MAC, CYR 61, VEGF.

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INTRODUÇÃO

Uma das principais afecções que acometem equinos são as feridas de

pele, que trazem graves problemas para esses animais, já que o tratamento é

demorado, e o custo pode limitar o sucesso da cicatrização completa da ferida

(De ROSSI, 2009).

A cicatrização da ferida é um fenômeno fisiológico que se inicia a partir

da perda da integridade da pele, e é classicamente dividida em quatro fases: a

inflamação, o desbridamento, a reparação e a maturação. Nessa última fase,

se o volume ou a integridade tecidual forem reduzidos, a contração pode ser

insuficiente para fechar o defeito, resultando em granulação exuberante ou

superfície epitelial prematura. Nesses casos, devem-se utilizar enxertos ou

implantes para modular os bordos da ferida e facilitar a cicatrização (NETO,

2003).

O uso do látex natural como implante já tem sido estudado por diversos

autores por ser capaz de promover a angiogênese e reparar o tecido lesionado

em menor tempo. Houve neoformação tecidual em camundongos que tiveram

implantes de látex posicionados no tecido subcutâneo da região dorsal, de

maneira superior à cicatrização normal e aos outros materiais testados

(ANDRADE, 2007). Segundo ARMANI e COUTINHO-NETTO (2001), esse

material induziu uma resposta eficiente ao tratamento de queimaduras no dorso

de suínos, constatando aceleração do processo cicatricial. Em lesões

ulceradas em orelhas de coelhos, a primeira fração de látex na concentração

de 0,01% mostrou-se eficiente para o fechamento das lesões em menor tempo

(MAURÍCIO, 2006). Mesmo diante de tantos estudos, esse material ainda não

havia sido testado em equinos.

Sabe-se que a biocompatibilidade de um material é a aceitação desse

pelo hospedeiro, obtendo uma resposta inflamatória que deve se assemelhar

ao processo de cicatrização fisiológica (MRUÉ et al., 2004). Nesse sentido, a

proteína do látex responsável pela angiogênese na fase de reparo foi purificada

e caracterizada por MENDONÇA (2008), sendo denominada a proteína

FrHB1.2 como responsável pela atividade angiogênica do material e,

possivelmente, também pela atividade fibroplásica.

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Uma forma de comprovação da acentuada angiogênese, promovida pelo

látex contendo a proteína citada, é a verificação de proteínas como o VEGF e a

CYR 61, que são fatores de crescimento endotelial e tecidual, presentes no

processo de angiogênese e reparação tecidual fisiológico e que podem,

possivelmente, ser aumentadas com uso de implantes à base de látex natural.

O VEGF é uma molécula mitogênica altamente específica para células

do endotélio vascular, mas várias outras células são capazes de produzi-lo

como os macrófagos (KIRIAKIDIS, 2003), monócitos (ROHDE, 2005),

mastócitos, linfócitos e células do estroma adiposo (MAHCRAY, 2006). Alguns

fatores podem potencializar a expressão do VEGF, como em resposta à

hipóxia, por ativação de oncogenes e por uma variedade de citocinas. O VEGF

induz proliferação de células endoteliais, promove a migração de células e inibe

a apoptose. In vivo, induz angiogênese por permeabilidade dos vasos

sanguíneos e possui papel central na regulação da vasculogênese (NEUFELD

et al., 1999).

CYR 61 é um membro da distinta família dos reguladores da

angiogênese e vasculogênese, designados como proteínas CCN (Connective

tissue growth factor – CTGF, cysteine-rich 61 – CYR 61, e nephroblastoma

overexpressed – NOV). Como indutor de angiogênese, a proteína CYR 61 se

liga a integrina αvβ3 da superfície celular do receptor, onde estimula a adesão

e migração celular e promove a síntese de DNA de células do endotélio

vascular (SANTA CRUZ BIOTECHNOLOGY, 2012).

A CYR 61 é uma proteína com importante função regulatória da

angiogênese, pois induz a expressão da VEGF nos fibroblastos, sendo capaz

de incrementar a produção de fatores angiogênicos no sítio de cicatrização.

Individualmente, essa proteína é capaz de estimular a mitose e a quimiotaxia

de células endoteliais e fibroblastos, desempenhando um papel complexo na

regulação da angiogênese, remodelação da matriz e recrutamento de

fibroblastos no tecido de granulação (BRIGSTOCK, 2002).

O objetivo desse estudo foi conhecer a resposta da espécie equina,

frente ao implante à base de látex natural inserido no subcutâneo, comprovar

sua biocompatibilidade e alguns mecanismos de estímulo à angiogênese.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de acordo com os princípios éticos de

pesquisa em animais, após avaliação e aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, Protocolo n. 215/2009.

Produção da membrana de látex

Foi utilizado látex natural da seringueira Hevea Brasiliensis, coletado

duas horas antes da confecção do implante. Em laboratório, foi produzida a

membrana de látex para uso como implante nesse experimento, conforme

modelo desenvolvido por ZIMMERMANN et. al (2007).

O preparo consistiu em filtrar o látex não centrifugado com coador de

metal estéril, adicionando-se água destilada e solução vulcanizante ainda no

balde de coleta, limpo e esterilizado, e verificação do pH da mistura. Após essa

etapa, já nas bandejas de plástico, misturou-se ácido fórmico e aferiu-se o pH

até chegar ao valor 4. Após aguardar a vulcanização por 24 horas, em

temperatura ambiente, retirou-se o excesso de água e deixou-se secar em

ambiente controlado, seco e limpo. A membrana foi recortada em retângulos

10x20cm, que foram embalados em envelopes cirúrgicos.

A esterilização foi realizada pela ACECIL-VET esterilização de produtos

veterinários LTDA., por óxido de etileno.

Animais

Foram utilizados seis equinos, sem raça definida, dois machos e quatro

fêmeas, provenientes do plantel de animais da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG). Inicialmente os animais foram

submetidos a exames de sangue, em que foram realizados hemograma, pesquisa

de hematozoários, proteína plasmática, total e frações, e fibrinogênio.

Os animais permaneceram 30 dias sob cuidados e observação antes do

inicio do experimento. Foi aplicado medicamento tópico contra ectoparasitas a base

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de fipronil 1% e realizada desverminação com pasta oral a base de ivermectina,

repetida após 15 dias.

A alimentação constou de ração comercial e feno, duas vezes ao dia,

além de sal mineral e água à vontade, como complementação à pastagem. Os

equinos permaneceram soltos em piquetes destinados aos experimentos da

pós-graduação, por um período de três meses, após o término do experimento

retornaram ao plantel da EVZ/UFG, sem a necessidade de eutanásia.

Procedimento cirúrgico

Pré-operatório

No dia anterior ao procedimento cirúrgico, os animais foram banhados e

realizou-se a tricotomia. Foi feito jejum de 12 horas sem concentrado, mas os

animais permaneceram com acesso ao pasto. Em todos os equinos foi aplicado

soro antitetânico como profilaxia.

Anestesia

Inicialmente, realizou-se sedação com detomidina 20µg/kg intravenoso. Em

seguida foi realizada a anestesia local com lidocaína sem vasoconstritor, em

bloqueio regional, na forma de retângulo em que estivesse contido o local a ser

operado.

Transoperatório

O procedimento cirúrgico foi realizado no dorso, do lado direito e

esquerdo, onde foram realizadas três incisões de 2 cm transversais à coluna

vertebral, paravertebral às vértebras L1 e L3, com uma distância de 5 cm entre

elas. Realizou-se do lado direito incisão de pele e subcutâneo, confecção de

um túnel e inserção da membrana de látex, fixação do segmento da membrana

medindo 3 cm de comprimento, por 1cm de largura e 1,4 mm de espessura,

com nailon 3-0, em padrão de sutura simples interrompida (Figura 1). Do lado

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esquerdo foi realizado procedimento idêntico, mas sem a colocação da

membrana de látex, apenas as incisões e os túneis, para servir como controle.

A dermorrafia foi realizada com nailon 2-0 em padrão simples interrompido.

FIGURA 1 – Dia zero. Implantação das membranas do grupo látex no dorso de

equino. Evidenciando-se as incisões (A), a confecção dos túneis e

colocação dos fragmentos de membrana de látex (B) com ponto de

fixação(C) e sutura (D).

Pós-operatório

No pós-operatório foi realizada limpeza e curativo local. Ao redor da

ferida cirúrgica foi aplicada solução cicatrizante e repelente em spray. Realizou-

se profilaxia antimicrobiana com Penicilina G Benzatina (40.000 UI/kg) e

administrou-se dipirona 25 mg/kg como analgésico. Após dez dias foi realizada

a retirada dos pontos.

Amostras

A colheita das amostras para análises deu-se aos 15 dias, 30 dias e 45

dias, tanto do grupo com o látex como do grupo controle, a partir da colocação

do implante no dia 0. Para tal foram removidos cirurgicamente fragmentos de

subcutâneo com aproximadamente 2 cm2 que foram imediatamente

identificadas, armazenadas em frascos individuais, um pedaço do fragmento foi

fixado com formaldeído tamponado a 10% por 24 horas e em seguida

removidas para álcool 70%, onde permaneceram até seu processamento. A

A D C B

A B C

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outra parte do fragmento foi colocada em fixador Karnovisky por 24 horas,

trocada para solução tampão cacodilato 0,1 mol e acondicionada em geladeira

a 10°C para ser analisada em microscopia eletrônica de varredura. Da mesma

forma foram processadas as membrana de látex, para análise no MEV (Figura

2).

FIGURA 2 – Esquema de colheita e armazenamento das amostras para

análise por hematoxilina e eosina (HE), imunoistoquímica e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Análises

Macroscópica

Semanalmente, foram observas as características macroscópicas das

feridas e classificadas de acordo com a reação local de cada membrana e

tecido. Visando facilitar a avaliação, foram estabelecidos escores para observar

o grau de saliência de cada membrana implantada: grau zero – membrana não

palpável; grau 1 – suave saliência; grau 2 – moderada saliência; grau 3 – forte

saliência.

Histológica

Os fragmentos de subcutâneo foram processados de acordo com o

método convencional de histologia e laminados para posterior coloração com

hematoxilina e eosina.

O estudo compreendeu uma análise descritiva das células presentes no

infiltrado, sendo a inflamação classificada de acordo com a presença

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predominante das células mononucleares ou polinucleares e ainda analisada

conforme sua intensidade como discreta, moderada ou acentuada. O tecido de

granulação neoformado também foi oportunamente avaliado, comparando-se o

grupo látex e controle.

Para avaliação da angiogênese utilizaram-se os critérios de ANDRADE

(2007). Para tal, as lâminas coradas com HE foram visualizadas no

microscópio óptico equipado com câmera e software para captura das imagens

e fotografadas na objetiva de 40X, obtendo-se cinco imagens de cada lâmina,

buscando sempre a área mais próxima à membrana no grupo látex ou lesão no

grupo controle. Para a contagem, foi utilizado o plugin “Cell Conter” do software

Image J®, versão 1.36, que possibilita a contagem individualizada de cada vaso

sanguíneo encontrado na totalidade da imagem examinada, somando-se ao

final a contagem das cinco fotomicrografias.

Microscopia Eletrônica de Varredura

O preparo da amostra na MEV é peculiar ao tipo de material que se

deseja visualizar. Para as amostras biológicas desse estudo, que não tem boa

condução, procedeu-se da seguinte forma: fixar por 24 horas, lavar com

tampão durante 10 minutos e deixar no tetróxido de ósmio por 1 hora. Após

esse período, lava-se com água destilada três vezes, procede-se uma lenta

fixação com acetona 30%, 50%, 70%, 90% e 100%, deixando 10 minutos em

cada solução. A próxima etapa foi a secagem ao ponto crítico, em que a

máquina transforma todo líquido em gás sem tensão superficial utilizando CO2.

Após essa etapa as amostras foram levadas ao metalizador que aquece uma

placa e libera átomos de ouro na superfície da amostra, utilizando o vácuo para

ter uma distribuição uniforme. A partir dessa etapa, a amostra pôde ser

visualizada em microscópio eletrônico de varredura (DEDAVID et al., 2007).

No caso das membranas de látex, optou-se por liofilizar as amostras já

que o processamento incluindo a passagem pelo ponto crítico desconfigurou as

membranas em uma primeira tentativa de análise. Para tal, as amostras foram

imersas em nitrogênio líquido e imediatamente congeladas. A seguir, a água do

material foi removida através de uma bomba em uma câmara de vácuo. Esse

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44

método consiste no congelamento do produto sob vácuo, quando ocorre

sublimação, que é a passagem da água em estado sólido para o gasoso sem

haver o estado líquido. Dessa forma, não foi necessário processá-las como

descrito acima e as amostras já estavam prontas para ser coladas em stabs,

fixadas em fita carbonada dupla face, metalizadas e vistas no MEV.

Imunoistoquímica

Cortes de tecido com 3µm de espessura foram distendidos sobre

lâminas previamente silanizadas para protocolo de imunoistoquímica, realizado

no Laboratório de imunopatologia do Setor de Patologia Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da UFG. Para tal, procedeu-se a desparafinização das

lâminas em estufa por 12 horas e posterior passagem na bateria xilol-álcool por

5 minutos em cada cuba. Lavou-se com água destilada e foi adicionada uma

solução de SDS com PBS durante 5 minutos. A recuperação antigênica foi

realizada no banho-maria com citrato de sódio por 30 minutos para os

anticorpos VEGF e MAC. Para o CYR 61 utilizou-se a panela pascal com

citrato de sódio. Após esfriar, foi feito bloqueio da peroxidase endógena com

água oxigenada (PA)15 ml mais metanol 85 ml, por 20 minutos. O bloqueio de

fundo foi feito com leite Molico® a 10%, por 1h, a 27°C.

Em uma câmara úmida, realizou-se a incubação do anticorpo primário

VEGF (purified mouse monoclonal, Santa Cruz Biotechnology, Inc. California,

EUA), na diluição de 1:1000; MAC (MAC 387 – purified mouse monoclonal,

Santa Cruz Biotechnology, Inc. California, EUA), na diluição de 1:100, e CYR

61 (purified goat policlonal, Santa Cruz Biotechnology, Inc. California, EUA) na

diluição de 1:1000, diluídos em BSA a 1,5%, overnight a 4°C. O controle

negativo foi realizado para identificar coloração inespecífica, instilando apenas

BSA a 1,5% no momento correspondente ao anticorpo primário. Após esse

período, procedeu-se a lavagem com PBS e a incubação do anticorpo

secundário – Kit LSAB conforme instruções do fabricante. A reação foi revelada

com solução de diaminobenzidina-peroxidase (Liquid DAB Substrate

Chromogen System®, Dako, Carpinteria, California, EUA), por 4 minutos.

Procedeu-se a lavagem com PBS e posterior coloração com hematoxilina por 2

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45

minutos e 30 segundos. Todas as lâminas foram lavadas em água corrente por

10 minutos e passaram pela bateria álcool-xilol por 1 minuto. Ao término do

protocolo, as lâminas foram montadas, prontas para serem avaliadas ao

microscópio.

As células marcadas com os anticorpos CYR 61 (Quadro 1) e VEGF

(Quadro 2) foram avaliadas de forma semiquantitativa, quanto à intensidade de

coloração, atribuindo os seguintes escores de tonalidade de coloração: 0 =

ausente; 1 = discreta; 2 = moderada; e 3 = acentuada, adaptado de FUJIKAWA

et al. (2000).

QUADRO 1 – Escores de intensidade de coloração atribuídos à análise da marcação do anticorpo CYR 61 em tecido subcutâneo de equinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex.

QUADRO 2 – Escores de intensidade de coloração atribuídos à análise

da marcação do anticorpo VEGF em tecido subcutâneo de equinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex.

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46

A análise das células marcadas com os anticorpos para MAC foi

realizada de forma quantitativa. Definiu-se o tamanho da imagem na objetiva

de 40X e obtiveram-se cinco imagens de cada lâmina. Para a contagem foi

utilizado o plugin “Cell Conter” do software Image J®, versão 1.36 (ANDRADE,

2007).

Para a tabulação dos dados foi utilizado o programa Microsoft ® Excel

2007 e a análise estatística foi realizada pelo programa SPSS® for Windows®,

versão 15.0. Para avaliar a influência dos grupos controle e látex em relação às

variáveis foi utilizado o teste Qui Quadrado e Teste u Mann Whitney para

dados não normais. Para avaliar a influência do látex ao longo do tempo foi

utilizado o teste Friedman e para confirmação da significância foi analisada a

diferença entre tempos de forma pareada utilizando o teste Wilcoxon para

dados não normais. Foi utilizado como nível de significância o valor 5%

(p<0,05).

RESULTADOS

Por meio de avaliação macroscópica aos 15 dias de experimentação,

constatou-se que todos os animais apresentavam escore 1, suave saliência, do

lado direito onde estavam implantadas as membranas e escore zero (ausência

de saliência) do lado esquerdo (controle). Não houve nenhuma reação externa,

como sensibilidade, edema, ou exudato.

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47

Aos 30 dias, os escores permaneceram iguais, entretanto, um animal

apresentou dor no local da membrana. Igualmente aos 45 dias não houve

alteração na classificação ou dor nas feridas avaliadas.

À análise morfológica da superfície da membrana de látex aos 45 dias

do pós-operatório, por microscopia eletrônica de varredura, constataram-se

substância amorfa e células sobre a membrana, principalmente hemácias em

sua superfície. Também foi possível perceber a irregularidade da superfície da

membrana e a ausência de tecido aderido (Figura 3).

FIGURA 3 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado

de subcutâneo de equino. Substância amorfa cobrindo membrana de látex retirada aos 45 dias de implantação (A). Destaca-se a superfície da membrana de látex aos 45 dias de implantação (B).

O tecido imediatamente sobreposto à membrana de látex também foi

avaliado, sendo observados tecido conjuntivo fibroso (Figura 4), muitas fibras

de colágeno maduro e fibroblastos em sua superfície.

A B

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48

FIGURA 4 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de

subcutâneo de equino. Evidencia-se tecido conjuntivo fibroso aos 45 de implantação (A). Presença de fibras colágenas e células no tecido conjuntivo aos 45 dias de implantação (B).

Avaliação histológica

Nas feridas controle foi observado infiltrado inflamatório

predominantemente mononuclear, proliferação de tecido conjuntivo fibroso e

presença de neovascularização. Já no grupo látex, a presença do infiltrado

inflamatório também era predominantemente mononuclear, mas o tecido

conjuntivo fibroso era visivelmente acentuado com neovascularização (Figura 7).

FIGURA 6 – Fotomicrografias de tecido conjuntivo fibroso de

subcutâneo de equino aos 30 dias de observação. Nota-se deposição

incipiente de colágeno (setas) no grupo controle (A) e formação de tecido

de granulação e angiogênese (seta) no grupo látex (B). HE, 40 X.

A B

A B

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49

A análise estatística do infiltrado inflamatório teve resultado significativo

entre os grupos látex e controle em todos os períodos analisados, com a

inflamação acentuada no grupo látex, como pode ser visualizado na Tabela 1.

Quando realizada a comparação entre os tempos, foi significativa a diferença (p

= 0,42) (Tabelas 2 e 3) sendo que a inflamação foi acentuada até os 15 dias de

observação, passando à moderada nos 30 dias e apresentando aumento de

intensidade aos 45 dias, quando voltou a ser predominantemente acentuada

nos animais em estudo.

TABELA 1 – Contagem e análise estatística por meio do Teste

Qui quadrado do infiltrado inflamatório em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle.

TABELA 2 – Análise comparativa do infiltrado inflamatório em equinos do

grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento. Teste de Friedman.

Intensidade 15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Discreto 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Moderado 0 0,0 5 83,3 2 33,3

Acentuado 6 100,0 1 16,7 4 66,7

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,042

Grupos e Intensidade Controle % Látex % p

15 dias

Discreto 2 33,3 0 0,0

Moderado 2 33,3 0 0,0

Acentuado 2 33,3 6 100,0

Total 6 100,0 6 100,0 0,045

30 dias

Discreto 5 83,3 0 0,0

Moderado 1 16,7 5 83,3

Acentuado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,013

45 dias

Discreto 2 33,3 0 0,0

Moderado 4 66,7 2 33,3

Acentuado 0 0,0 4 66,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,036

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TABELA 3 – Comparação entre os tempos de

experimentação com nível de significância inferior a 0,05. Teste de Wilcoxon.

Tempos comparados p

15 dias 30 dias 0,025

45 dias 0,157

30 dias 45 dias 0,180

Com relação ao eosinófilos, não houve diferença significativa entre os

grupos controle e látex aos 15 dias, 30 dias, e 45 dias. Nenhum animal

apresentou classificação acentuada em nenhum grupo analisado (Tabela 4).

TABELA 4 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Qui

quadrado dos eosinófilos infiltrado inflamatório em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivos controles.

Grupo e Intensidade Controle % Látex % p

15 dias

Ausente 4 66,7 2 33,3

Discreto 2 33,3 3 50,0

Moderado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,393

30 dias

Ausente 2 33,3 2 33,3

Discreto 4 66,7 2 33,3

Moderado 0 0,0 2 33,3

Total 6 100,0 6 100,0 0,264

45 dias

Ausente 3 50,0 1 16,7

Discreto 3 50,0 4 66,7

Moderado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,343

Ao comparar os tempos de observação, verificou-se que não existe

diferença significativa entre os tempos (Tabela 5). Assim, os eosinófilos não

representaram reação de rejeição ao implante até os 45 dias de análise.

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51

TABELA 5 – Comparação entre o número de eosinófilos dos infiltrados

inflamatórios nos tempos 15, 30 e 45 de observação do látex em equinos. Teste de Friedman.

Intensidade 15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Ausente 2 33,3 2 33,3 1 16,7

Discreto 3 50,0 2 33,3 4 66,7

Moderado 1 16,7 2 33,3 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,779

A angiogênese foi analisada pelo teste estatístico de u Mann Whitney, e

os resultados foram p > 0,05 em todos os tempos de observação (Tabela 6).

Dessa forma, infere-se que não existe diferença significativa entre o uso da

membrana de látex e o grupo controle até os 45 dias do experimento com

relação ao incremento da angiogênese. A membrana de látex não estimulou de

maneira significativa a formação de novos vasos sanguíneos em equinos.

TABELA 6 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney

da angiogênese em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle.

Grupos e Tempos de

Colheita n Média D P Min Max p

15 dias

Controle 6 15,00 4,38 10,00 22,00

Látex 6 19,33 3,98 14,00 24,00

Total 12 17,17 4,59 10,00 24,00 0,180

30 dias

Controle 6 18,17 8,08 7,00 29,00

Látex 6 24,67 10,46 15,00 43,00

Total 12 21,42 9,54 7,00 43,00 0,310

45 dias

Controle 6 18,83 9,11 9,00 33,00

Látex 6 29,67 6,65 22,00 38,00

Total 12 24,25 9,48 9,00 38,00 0,065

A Tabela 7 mostrou que não houve diferença significativa entre os

tempos de experimentação, assim, a angiogênese encontrada aos 15, 30 e 45

dias não foi influenciada pela membrana de látex.

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TABELA 7 – Análise comparativa da angiogênese em equinos do

grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. Teste deFriedman.

Tempo de colheita n Média DP Min Max p

15 dias 6 19,33 3,98 14,00 24,00

30 dias 6 24,67 10,46 15,00 43,00

45 dias 6 29,67 6,65 22,00 38,00 0,154

Imunoistoquímica

O resultado para o anticorpo MAC foi significativo (p = 0,026) quando

comparados os grupos látex e controle aos 15 dias. Entretanto, havia animais

com número de macrófago muito alto e outros com o número de macrófagos

muito baixo na amostra, influenciando na média. Para os tempos 30 e 45 dias,

não houve diferença significativa entre os grupos látex e controle (Tabela 8). Ao

analisar o grupo látex ao longo do tempo, não houve diferença significativa, o

que significa que não há aumento de macrófagos independente do tempo de

exposição ao látex (Tabela 9).

TABELA 8 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle.

Grupo e Tempo de Colheita n Média DP Min Max p

15 dias

Controle 6 1,33 1,51 0,00 4,00

Látex 6 7,50 6,98 1,00 19,00

Total 12 4,42 5,79 0,00 19,00 0,026

30 dias

Controle 6 6,17 6,88 0,00 18,00

Látex 6 11,17 21,55 0,00 55,00

Total 12 8,67 15,48 0,00 55,00 0,818

45 dias

Controle 6 7,00 5,51 0,00 14,00

Látex 6 8,33 7,84 1,00 22,00

Total 12 7,67 6,50 0,00 22,00 1,000

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TABELA 9 – Análise comparativa do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. Teste de Friedman.

MAC Equinos n Média DP Min Max p

15 dias 6 7,50 6,98 1,00 19,00

30 dias 6 11,17 21,55 0,00 55,00

45 dias 6 8,33 7,84 1,00 22,00 0,580

Para o anticorpo VEGF, o valor de p foi maior que 0,05 em todos os

tempos analisados (Tabela 10), o que significa que o látex não incrementou a

reparação tecidual pela via do VEGF. Da mesma forma, como não houve

diferença significativa ao longo dos tempos analisados (p = 0,64), o látex não

estimulou o aumento do VEGF, independente do tempo que ficou implantado.

TABELA 10 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da marcação do anticorpo anti-VEGF em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e seu controle.

Grupo e Intensidade de Marcação Controle % Látex % p

15 dias

Discreto 1 16,7 3 50,0

Moderado 3 50,0 2 33,3

Acentuado 2 33,3 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,465

30 dias

Discreto 2 33,3 1 16,7

Moderado 3 50,0 4 66,7

Acentuado 1 16,7 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,788

45 dias

Discreto 2 33,3 2 33,3

Moderado 2 33,3 3 50,0

Acentuado 2 33,3 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,766

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TABELA 11 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-VEGF em

equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. Teste de Friedman.

VEGF equinos 15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Discreto 3 50,0 1 16,7 2 33,3

Moderado 2 33,3 4 66,7 3 50,0

Acentuado 1 16,7 1 16,7 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,646

CYR 61

Os resultados do anticorpo CYR 61 não foram significativos (p > 0,05),

ou seja, o látex teve o mesmo resultado do grupo controle, não influenciando o

incremento do CYR 61 nos tecidos em contato. Da mesma forma, os resultados

ao longo do tempo de observação não apresentaram diferença significativa no

grupo látex, conforme consta nas Tabelas 12 e 13, respectivamente.

TABELA 12 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da

marcação do anticorpo anti - CYR 61 em equinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e seu controle.

Grupo e Intensidade de Marcação Controle % Látex % p

15 dias

Discreto 2 33,3 2 33,3

Moderado 4 66,7 4 66,7

Acentuado 0 0 0 0

Total 6 100,0 6 100,0 1,000

30 dias

Discreto 2 33,3 3 50,0

Moderado 4 66,7 2 33,3

Acentuado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,393

45 dias

Discreto 2 33,3 5 83,3

Moderado 3 50,0 1 16,7

Acentuado 1 16,7 0 0,0

Total 6 100,0 6 100,0 0,193

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55

TABELA 13 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-

CYR 61 em equinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle. Teste de Friedman.

Intensidade de Marcação 15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Discreto 2 33,3 3 50,0 5 83,3

Moderado 4 66,7 2 33,3 1 16,7

Acentuado 0 0,0 1 16,7 0 0,0

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,305

DISCUSSÃO

O modelo experimental conduzido neste estudo possibilitou a análise de

resposta tecidual e verificação da biocompatibilidade da membrana de látex no

subcutâneo de equinos, sendo que essa membrana nunca fora antes testada

nessa espécie. Os resultados foram positivos, visto que, não houve rejeição da

membrana. Modelo semelhante foi anteriormente desenvolvido por ANDRADE

(2007) para testar a atividade angiogênica da biomembrana de látex da

seringueira Hevea brasiliensis na neoformação tecidual em camundongos.

Membranas de látex natural da mesma espécie de seringueira também foram

implantadas no subcutâneo de cães para testar sua biocompatibilidade, onde

foi possível verificar sua eficácia no modelo em estudo (ZIMMERMANN et al.,

2007). Segundo KIRIAKIDIS et al. (2003), a análise do material no subcutâneo

deve ser realizada quando os fatores externos não interessam aos resultados

da pesquisa.

A avaliação físico-macroscópica revelou pequena alteração de escore do

lado direito dos animais com a colocação da membrana de látex natural,

recebendo a avaliação 1 em todos os tempos de experimentação, enquanto o

grupo controle recebeu escore 0. Cabe ressaltar que a espessura da

membrana de látex é de 1,4 mm, o que pode por si só resultar em uma

pequena elevação do subcutâneo. Além disso, havia líquido no local de

inserção da membrana de látex no subcutâneo, provavelmente um exsudado

inflamatório, como o observado por ANDRADE (2007) após três horas de

implantação da biomembrana de látex no subcutâneo de camundongos.

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56

Houve diferença significativa no resultado da inflamação encontrado no

grupo látex quando comparada ao grupo controle. Nos fragmentos colhidos aos

15 dias de análise, o infiltrado inflamatório era maior no grupo com a presença

do látex, pois este causa um aumento da permeabilidade vascular no local

(MAURÍCIO, 2006), trazendo células inflamatórias responsáveis pela primeira e

segunda fase de reparação tecidual, a inflamação e o desbridamento (RAISER,

2000; MRUÉ, 2000). Sendo assim, a membrana de látex parece ter importância

na reparação tecidual influenciando a fase inflamatória, com recrutamento

celular, incluindo os macrófagos até os 15 dias de análise. A inflamação

diminuiu posteriormente, bem como os macrófagos, dando lugar a uma fase

mais crônica com presença de infiltrado mononuclear linfocítico. Aos 45 dias de

análise, a inflamação teve resultado significativo quando comparado ao

observado nos 15 e 30 dias.

O conceito de biocompatibilidade evoluiu. Não mais se supõe que

materiais biocompatíveis devam ser inertes ou inócuos, mas que a resposta

induzida no organismo do hospedeiro seja controlável. Atualmente, entende-se

por biocompatibilidade a característica do material que, usado em situações

específicas, desenvolve reações adequadas no hospedeiro (ANDRADE, 2007).

Dessa forma, os resultados mostram que a membrana de látex testada na

espécie equina é biocompatível, pois a resposta inflamatória foi presente até os

15 dias e autocontrolável, sem piora entre os tempos 30 e 45 dias. Uma

evidência desse fato é que os macrófagos acompanharam essa tendência,

aumentando significativamente até os 15 dias (Tabela 8) e normalizando com o

grupo controle nos tempos posteriores de observação experimental.

A presença de eosinófilos foi semelhante nos dois grupos, e justifica-se

por ser uma reação esperada da espécie equina frente a uma agressão.

Eosinófilos são células predominantemente teciduais que defendem o

hospedeiro contra organismos não fagocitáveis e são atraídos para os tecidos

em parte, como resposta imunológica mediada por células T, frente a certos

antígenos, principalmente alérgenos (SEARCY, 1998). A semelhança nas

contagens de eosinófilos aponta que não houve rejeição do implante de látex

nos equinos.

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57

Um conceito já aceito por muitos estudiosos é o de um material bioativo,

ou seja, aquele que estimula uma resposta no hospedeiro que possa facilitar a

cicatrização e ser autocontrolável por ele, acelerando o reparo do tecido

(CHESTER, 1987). Desse modo, pode-se dizer que a membrana de látex

exerceu essa função, intensificando a fase inflamatória e promovendo

crescimento de tecido conjuntivo denso de forma mais acentuada que o grupo

controle, como foi verificado por MEV e análises histológicas.

No presente experimento, embora muitos vasos sanguíneos tenham

sido visualizados no tecido de granulação, e em todos os períodos avaliados, o

número de vasos sanguíneos tenha sido maior no grupo látex, bem como tenha

aumentado com o passar dos tempos de observação, não houve diferença

significativa. É possível que, na espécie equina, a proteína isolada do látex

FrHB1.2 (MENDONÇA, 2008), responsável pelo incremento da angiogênese,

não exerça o mesmo efeito nessa espécie, diferente do observado em cães por

SADER (2000), MRUÉ (1996; 2000), BRANDÃO et al. (2007). Não só em cães,

mas em outras espécies, essa característica foi um dos principais achados,

como é o caso de queimaduras em suínos (ARMANI; COUTINHO-NETTO,

2001), reparo da bexiga (OLIVEIRA, 2007) e estômago em coelhos

(SCAVONE, 2009). Além disso, muitas pesquisas realizadas em humanos

demonstraram o aumento da angiogênese relacionada ao látex, como exemplo

o tratamento de úlceras de perna de difícil cicatrização em pacientes diabéticos

(FRADE, 2004), bem como a reparação de tímpano perfurado em diversos

pacientes com comprovada angiogênese (OLIVEIRA et al., 2003).

O anticorpo anti VEGF foi utilizado no presente estudo com intuito de

verificar a angiogênese. Segundo TURNER (2003), o VEGF exerce papel

central na formação de novos vasos sanguíneos, assim a identificação do

mesmo em diversos tecidos pode ser usada como marcador de angiogênese.

Os resultados foram importantes, visto que houve intensa marcação no

citoplasma das células até os 45 dias de avaliação, embora os dados

demonstrem que não houve diferença significativa entre o grupo controle e o

grupo com a membrana de látex. Dessa forma, verifica-se que provavelmente

não é através desse mecanismo que o látex atua, afirmação corroborada por

ANDRADE (2007) ao testar os mecanismos de angiogênese em camundongos.

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58

Neste estudo foi comprovada a ação da CYR 61 no sítio da lesão, pois

houve marcação moderada em todos os períodos de análise. Entretanto, não

foi comprovado o aumento de sua expressão no grupo com a membrana de

látex natural. Esta observação se contrapõe aos resultados relatados por

FATACCIOLE (2004), em que a CYR 61 foi eficiente em estimular a perfusão

vascular em modelo de ferida isquêmica em membro, bem como em lesões de

isquemia e reperfusão de coelhos contaminados com adenovirus, após

ressecção da artéria femoral, quando comparado ao grupo controle.

A expressão inalterada em relação aos controles dos marcadores de

angiogênese VEGF e CYR 61 é uma importante explicação da surpreendente

ausência de incremento da angiogênese no grupo tratado com a membrana de

látex. Ainda que inesperada, a falta de incremento da angiogênese relacionada

à membrana foi um resultado coerente em relação à mesma tendência dos

marcadores de proliferação vascular estudados.

CONCLUSÕES

A membrana de látex natural da seringueira é biocompatível e bioativa

na espécie equina.

A membrana de látex promove incremento da resposta inflamatória,

principalmente na fase inicial do processo.

Em equinos, a membrana de látex não estimula a angiogênese de

maneira significativa, e não contribui para o aumento da expressão de VEGF e

CYR 61.

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Luciano Paulino da Silva, da EMBRAPA Cenargen,

Brasília, Distrito Federal, por ter gentilmente disponibilizado o liofilizador.

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63

CAPÍTULO 4 – Membrana de látex natural de Hevea brasiliensis é

biocompatível em bovinos

Natural latex membrane from Hevea brasiliensis is biocompatible in cattle

RESUMO Para avaliar a biocompatibilidade e a reação tecidual de uma nova membrana de látex natural na espécie bovina, foram utilizados seis animais da raça Nelore, e implantados em seu dorso três membranas de látex do lado direito e realizadas três incisões controle no lado esquerdo. Biopsias foram realizadas aos 15, 30 e 45 dias e analisadas quanto ao infiltrado inflamatório, neovascularização, tecido de granulação e por imunoistoquimica para os anticorpos anti VEGF, CYR 61 e MAC. A superfície da membrana, bem como a do tecido, foi verificada por microscopia eletrônica de varredura. O implante de látex mostrou-se biocompatível em bovinos e proporcionou aumento da angiogênese e reparação tecidual, não mediada pela expressão do VEGF e CYR 61. Palavras-chave: angiogênese, biocompatibilidade, bovinos, MAC, CYR 61, VEGF ABSTRACT

To evaluate the biocompatibility and tissue reaction of a new natural latex membrane in bovine, six Nelores were used, and implanted in his back three latex membranes of the right side and made three control incisions on the left side. Biopsies were performed at 15, 30 and 45 days and analyzed for inflammatory infiltrates, neovascularization, and granulation tissue by immunohistochemistry for anti VEGF, CYR 61 and MAC. The surface of the membrane and the tissue was verified by scanning electron microscopy. The implant of latex proved to be biocompatible in cattle and provided increased angiogenesis and tissue repair, not mediated by VEGF expression and CYR 61. Keywords: angiogenesis, biocompatibility, cattle, MAC, CYR 61, VEGF

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INTRODUÇÃO

As lesões envolvendo pele e anexos nos bovinos são um problema

recorrente, que trazem prejuízos para o animal à medida que afeta seu bem-

estar, promovendo dor, infecções, dificuldade de locomoção, entre outros, além

de trazer prejuízos econômicos para o produtor, tanto de gado leite como de

gado de corte (LIPINSKY, 2008).

Outra importante afecção que determina sérios prejuízos aos bovinos

são as hérnias. Principalmente a hérnia umbilical em bezerros que interfere no

desenvolvimento dos animais, diminuindo seu valor comercial e, em alguns

casos, ocasionando óbitos (SILVA et al., 2005). No tratamento dessa doença

muitas vezes faz-se necessário o uso de implante ou enxertos. RABELO et al.

(2005) utilizaram um compósito de látex poliamida e polilisina a 1% para

reparar hérnia umbilical de 12 bovinos leiteiros de maneira eficaz.

O látex natural da Hevea brasiliensis vem sendo estudado como um

material bioativo, capaz de induzir reparação tecidual acelerada com o

incremento da angiogênese no local de sua implantação. Em muitas espécies

como em cães, implantes de látex foram utilizados para reparar em 10 dias o

esôfago (MRUÉ, 1996); a parede abdominal (MRUÉ, 2000) e o pericárdio

(SADER, 2000), além de hérnias diafragmáticas (ZIMMERMANN et al., 2008);

hérnias perianais (PAULO, 2005) e outras. Em humanos, sucessos dessa

terapia foram descritos na correção de perfuração de tímpano (OLIVEIRA,

2003); a redução úlceras cutâneas de pacientes diabéticos de difícil

cicatrização (FRADE, 2003) e até prótese de vasos sanguíneos (BRANDÃO,

2007). Embora estudos em bovinos ainda sejam incipientes, há evidente

potencial para que as membranas de látex tornem-se uma alternativa eficiente

para o tratamento de lesões de pele, caso comprovadas suas ações biológicas

nessa espécie.

Dessa forma, o objetivo desse trabalho é comprovar a

biocompatibilidade e verificar a reação tecidual induzida pela membrana de

látex em bovinos, o que pode vir a ser uma nova alternativa economicamente

viável, de fácil aplicabilidade e mais rápida na reparação de lesões de pele

nesta espécie.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido de acordo com os princípios éticos de

pesquisa em animais, após avaliação e aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, Protocolo n. 215/2009.

Produção da membrana de látex

Foi utilizado látex natural da seringueira Hevea Brasiliensis, coletado

horas antes da confecção do implante. Em laboratório, foi produzida a

membrana de látex para uso como implante nesse experimento, conforme

modelo desenvolvido por ZIMMERMANN et al. (2007).

Animais

Foram utilizados seis bovinos, da raça Nelore, machos, provenientes do

plantel de animais do setor de produção da Escola de Veterinária e Zootecnia

da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG). Os animais estavam

devidamente nutridos e saudáveis, participavam rotineiramente do controle de

doenças, endo e ectoparasitoses, e estavam em regime de semiconfinamento.

A alimentação constou de silagem, sal mineral e água à vontade, como

complementação à pastagem. Os bovinos permaneceram soltos em piquetes e

após o término do experimento retornaram a rotina normal da EVZ/UFG, sem a

necessidade de eutanásia.

Procedimento cirúrgico

Pré-operatório

No dia do procedimento cirúrgico, foi realizada a tricotomia do local e a

antissepsia prévia com iodo polvidine degermante. Não foi necessário jejum,

permanecendo os animais com acesso ao pasto. A contenção foi realizada em

tronco de contenção tipo trapézio, específico para bovinos.

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Anestesia

Realizou-se a anestesia local com lidocaína sem vaso constritor, em

bloqueio regional, na forma de retângulo em que estivesse contido o local a ser

operado.

Transoperatório

O procedimento cirúrgico foi realizado no dorso, do lado direito e

esquerdo. Para tal, 3 incisões de 2 cm transversais à coluna vertebral e

paravertebral às vértebras L1 e L3, foram feitas com uma distância de 5 cm

entre elas. Realizou-se do lado direito incisão de pele e subcutâneo, confecção

de um túnel e inserção do implante de látex, fixação do segmento do implante

medindo 3 cm2 com nailon 3-0, em padrão de sutura simples interrompida

(Figura 1). Do lado esquerdo, foi realizado procedimento idêntico, mas sem a

colocação do implante de látex, apenas as incisões e os túneis, para servir

como controle. A dermorrafia foi realizada com nailon 2-0 em padrão simples

interrompido.

FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex no dorso de bovino,

dia zero. Evidenciando-se as incisões (A), a confecção dos túneis

e colocação dos fragmentos de membrana de látex (B) aspecto

após a inserção dos fragmentos(C) e sutura (D).

C D B A A

A B C

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Pós-operatório

No pós-operatório realizou-se limpeza e curativo no local. Ao redor da

ferida cirúrgica foi aplicado solução cicatrizante e repelente aerosol. Realizou-

se profilaxia antimicrobiana com Penicilina G Benzatina (40.000 UI/kg) por via

intramuscular e administrou-se dipirona, 25 mg/kg, intravenoso como

analgésico, por 24 horas. Após 15 dias, foi realizada a retirada dos pontos.

Amostras

A colheita das amostras deu-se aos 15, 30 e 45 dias, tanto do grupo com

a membrana de látex como do grupo controle, a partir da colocação do

implante no dia 0. Para tal foram removidas cirurgicamente biopsias com

aproximadamente 2 cm2 que foram imediatamente identificadas, fixadas e

armazenadas em frascos individuais, contendo formaldeído tamponado a 10%

por 24 horas e, em seguida, removidas para álcool 70%, onde permaneceram

até seu processamento. Outra parte das amostras, bem como a membrana de

látex, foi colocada em fixador Karnovisky por 24 horas e trocadas para solução

tampão cacodilato 0,1 mol, posteriormente foram acondicionadas em geladeira

a 10°C para serem analisadas em microscopia eletrônica de varredura (Figura

2).

FIGURA 2 – Esquema de colheita e armazenamento das amostras para

análise por Hematoxilina e eosina, imunoistoquímica e Microscopia eletrônica

de varredura.

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68

Análises

Macroscópicas

Semanalmente foram observadas as características macroscópicas das

feridas e classificadas de acordo com a reação local às membranas e tecido.

Visando facilitar a avaliação foram estabelecidos escores para observar o grau

de saliência de cada membrana implantada: grau zero – membrana não

palpável; grau 1 – suave saliência; grau 2 – moderada saliência; grau 3 – forte

saliência.

Histológicas

Os fragmentos obtidos por biópsia foram processados de acordo com o

método convencional de histologia e laminados para posterior coloração com

hematoxilina e eosina.

O estudo compreendeu uma análise descritiva e quantitativa do infiltrado

inflamatório, realizada por patologista experiente, que classificaram a

inflamação com a presença predominante das células mononucleares ou

polinucleares e quanto à intensidade delas como: discreta, moderada ou

acentuada. A descrição abrangeu uma análise do tecido de granulação

neoformado e as células presentes no infiltrado.

Para avaliação da angiogênese optou-se por quantificá-la de acordo com

ANDRADE (2007). Para tal, as lâminas coradas com HE foram visualizadas no

microscópio óptico equipado com câmera e software para captura das

imagens. Definiu-se o tamanho da imagem na objetiva de 40X e obtiveram-se

cinco imagens de cada lâmina. Para a contagem foi utilizado o plugin “Cell

Conter” do software Image J® 1.36.

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Microscopia Eletrônica de Varredura

O material biológico foi processado de acordo com as normas do

Laboratório de Biologia Molecular do setor de Biologia da Universidade de

Brasília (UnB). Inicialmente o material foi pré-fixado, fixado e seco ao ponto

crítico. Ao final do processamento o material é metalizado com átomos de ouro

em sua superfície. A partir dessa etapa, a amostra pôde ser visualizada em

microscópio eletrônico de varredura (DEDAVID et al., 2007).

As amostras de membranas de látex, por tratar-se de material com alta

capacidade de deformação, foram liofilizadas para que não ocorresse

destruição da superfície quando da passagem pelo ponto crítico.

Posteriormente, foram coladas em stabs, fixadas em fita carbonada dupla face,

metalizadas e vistas no MEV.

Imunoistoquímica

Cortes de tecido com 3µm de espessura foram depositados em lâminas

previamente silanizadas para protocolo de imunoistoquimica realizado no

laboratório de imunoistoquímica do setor de Patologia na EVZ/UFG. Para tal,

houve a desparafinização das lâminas em estufa por 12 horas e posterior

passagem na bateria xilol-álcool por 5 minutos em cada cuba. Lavou-se com

água destilada e foi adicionada uma solução de SDS com PBS durante 5

minutos. A recuperação antigênica foi realizada em banho-maria, com citrato

de sódio por 30 minutos para os anticorpos anti VEGF e MAC, já para o CYR

61, utilizou-se a panela Pascal com citrato de sódio. Após o resfriamento, foi

feito bloqueio de peroxidase endógena com 15 ml de água oxigenada (PA) em

85 ml de metanol por 20 minutos. O bloqueio de fundo foi realizado com leite

em pó desnatado 10%, por 1 hora a temperatura de 27°C.

Em uma câmara úmida realizou-se a incubação do anticorpo primário

anti VEGF (purified mouse monoclonal, Santa Cruz Biotechnology, Inc.

California, USA) na diluição de 1:1000; MAC (MAC 387 – purified mouse

monoclonal, Santa Cruz Biotechnology, Inc. California, USA) na diluição de

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1:100, e anti CYR 61 (purified goat policlonal, Santa Cruz Biotechnology, Inc.

California, USA) na diluição de 1:1000, diluídos em BSA 1,5%, overnight a 4°C.

Após esse período, procedeu-se a lavagem com PBS e a incubação do

anticorpo secundário – Kit LSAB conforme instruções do fabricante. A reação

foi revelada com solução de diaminobenzidina-peroxidase (Liquid DAB

Substrate Chromogen System®, Dako, Carpinteria, California, USA), pelo

tempo de quatro minutos, utilizando todos os cuidados necessários. Procedeu-

se à lavagem com PBS e posterior coloração com hematoxilina e eosina por

dois minutos e 30 segundos. Todas as lâminas foram lavadas em água

corrente por 10 minutos e passaram pela bateria álcool-xilol por 1 minuto. Ao

término do protocolo, as lâminas foram finalmente montadas, prontas para

serem avaliadas ao microscópio de luz.

O controle negativo foi realizado para identificar coloração inespecífica,

instilando apenas BSA a 1,5% no momento correspondente ao anticorpo

primário.

As células marcadas com os anticorpos CYR 61 (Quadro 1) e VEGF

(Quadro 2) foram avaliadas de forma semiquantitativa, quanto à intensidade de

coloração, atribuindo os seguintes escores de tonalidade de coloração: 0 =

ausente; 1 = discreta; 2 = moderada; e 3 = acentuada, adaptado de FUJIKAWA

et al. (2000).

QUADRO 1 – Escores de intensidade de coloração aplicados à análise da

marcação do anticorpo CYR 61 em tecido subcutâneo de bovinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex.

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QUADRO 2 – Escores de intensidade de coloração aplicados à análise da

marcação do anticorpo VEGF em tecido subcutâneo de bovinos submetidos à lesão experimental com e sem implante de látex.

A análise das células marcadas com os anticorpos para MAC foi

realizada de forma quantitativa. Definiu-se o tamanho da imagem na objetiva

de 40X e obteve-se 5 imagens de cada lâmina. Para a contagem foi utilizado o

plugin “Cell Conter” do software Image J®, versão 1.36 (ANDRADE, 2007).

Para a tabulação dos dados foi utilizado o programa Microsoft® Excel

2007 e a análise estatística foi realizada pelo programa SPSS® for Windows®,

versão 15.0. Para avaliar a influência dos grupos controle e látex em relação às

variáveis foi utilizado o teste Qui Quadrado e Teste u Mann Whitney para

dados não normais. Para avaliar a influência do látex ao logo do tempo foi

utilizado o teste Friedman e para confirmação da significância foi analisado a

diferença entre tempos de forma pareada utilizando o teste Wilcoxon para

dados não normais. Foi utilizado como nível de significância o valor 5%

(p<0,05).

RESULTADOS

Os resultados das avaliações macroscópicas realizadas nos animais aos

15 dias de observação foram ausência de saliência, ou seja, classificação 0 em

todos os animais do lado esquerdo, controle. Já do lado direito com o látex, 3

animais receberam escore 2, moderada saliência; 2 animais receberam escore

1, suave saliência, e 1 animal recebeu escore 3, forte saliência. Aos 30 dias de

observação macroscópica, o lado esquerdo permaneceu ausente, 2 animais

receberam avaliação de escore 1; 3 animais receberam escore 0 e 1 animal

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72

recebeu escore 3, como forte saliência. Aos 45 dias, 2 animais com saliências

ausentes; 3 animais com escore 1 e apenas um bovino com o escore 2,

moderada saliência. Apenas um bovino apresentou formação de abscesso no

local da inserção da membrana de látex até os 30 dias de análise. Sendo

removida a membrana e drenado o abscesso.

Avaliação por microscopia eletrônica de varredura

A análise morfológica da superfície coletada da membrana de látex com

microscopia eletrônica de varredura evidenciou presença de substância amorfa

e células sobre a membrana de látex (Figura 4). Não houve aderência da

membrana no tecido adjacente. Passados 30 dias, essa rede torna-se mais

densa e, aos 45 dias, esse tecido já é denso e espesso, como mostra a Figura

3.

FIGURA 3 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de subcutâneo de bovino. Evidencia-se superfície da membrana de látex aos 15 dias de implantação, com presença de hemácias (asteriscos) e fibrina (setas) (A). Aos 30 dias de implantação tem-se rede de fibrina (setas) e hemácias sobre a membrana de látex. Evidencia-se espessa rede de fibrina (setas) e hemácias sobre a membrana de látex aos 45 dias de implantação (C).

No tecido adjacente à membrana de látex é possível visualizar células e

tecido conjuntivo fibroso aos 15 dias (Figura 4), e aos 30 dias foi visualizado

colágeno maduro e vasos sanguíneos.

*

* *

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73

FIGURA 4 – Eletromicrografia eletrônica de varredura de fragmento retirado de

subcutâneo de bovino com tecido conjuntivo fibroso (asteriscos) adjacente à membrana de látex aos 15 dias de implantação (A). Presença de fibras colágenas maduras (setas) e hemácia (asterisco) aos 30 dias de implantação (B).

Avaliação histológica

Foi observada a presença de infiltrado inflamatório predominantemente

mononuclear linfoplasmocitário na maioria dos animais em todo o estudo.

Entretanto, foram observados quatro animais com infiltrado polimorfonuclear

neutrofílico aos 15 dias, reduzindo para três animais aos 30 dias e apenas um

aos 45 dias. A presença de tecido conjuntivo fibroso foi acentuada nos animais

do grupo látex quando comparados ao grupo controle. Foi observada também

acentuada neovascularização no grupo látex (Figura 5).

FIGURA 5 – Fotomicrografias de fragmentos de subcutâneo de bovino aos 45

dias de avaliação. Nota-se tecido conjuntivo maduro no grupo

implantado com membrana de látex (A) comparado ao controle

(B). HE, 40X.

*

*

* A B

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74

A análise estatística do infiltrado inflamatório teve resultado significativo

(p<0,05) para os grupos látex e controle em todos os tempos avaliados como

pode ser verificado na Tabela 1, ou seja, a presença do látex está relacionada

com maior resposta inflamatória em relação ao grupo controle.

Com relação à intensidade do processo inflamatório no decorrer do

experimento, não houve diferença significativa entre os momentos de

observação aos 15, 30 e 45 dias (Tabela 2).

TABELA 1 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado do

infiltrado inflamatório em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação de membrana de látex e respectivo controle.

Tempo de Colheita e Intensidade de Marcação Controle % Látex % p

15 dias

Ausente 1 16,7 0 0,0

Discreto 4 66,7 0 0,0

Moderado 1 16,7 5 83,3

Acentuado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,034

30 dias

Ausente 1 16,7 0 0,0

Discreto 5 83,3 1 16,7

Moderado 0 0,0 4 66,7

Acentuado 0 0,0 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,034

45 dias

Ausente 2 33,3 0 0,0

Discreto 3 50,0 0 0,0

Tempo de Colheita e Intensidade de Marcação Controle % Látex % P

Moderado 0 0,0 4 66,7

Acentuado 1 16,7 2 33,3

Total 6 100,0 6 100,0 0,025

Para a análise dos vasos sanguíneos tem-se que o grupo látex é

significativamente maior que o grupo controle para todos os tempos testados

(Tabela 3) e, ainda que no decorrer do tempo, o látex influencia positivamente

a proliferação de vasos sanguíneos (Tabela 4). Porém, quando comparados os

resultados obtidos aos 30 e 45 dias, nota-se que não houve diferença

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75

significativa (Tabela 5), mostrando que não houve influência da membrana de

látex sobre a angiogênese após 30 dias.

TABELA 2 – Análise comparativa do infiltrado inflamatório em bovinos do

grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman.

Intensidade de Marcação 15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Ausente 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Discreto 0 0,0 1 16,7 0 0,0

Moderado 5 83,3 4 66,7 4 66,7

Acentuado 1 16,7 1 16,7 2 33,3

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,670

TABELA 3 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann

Whitney da angiogênese em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de experimento com membrana de látex e respectivo controle.

Grupo e Tempo de Colheita n Média DP Min Max P

15 dias

Controle 6 34,17 11,84 24,00 57,00

Látex 6 23,17 5,85 12,00 28,00

Total 12 28,67 10,59 12,00 57,00 0,026

30 dias

Controle 6 23,17 4,22 17,00 29,00

Látex 6 41,33 10,56 30,00 57,00

Total 12 32,25 12,20 17,00 57,00 0,002

45 dias

Controle 6 18,50 4,23 14,00 24,00

Látex 6 30,33 8,96 24,00 48,00

Total 12 24,42 9,10 14,00 48,00 0,002

TABELA 4 – Análise comparativa da angiogênese em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman.

Tempo de Colheita n Média DP Min Max P

15 dias 6 23,17 5,85 12 28,00

30 dias 6 41,33 10,56 30 57,00

45 dias 6 30,33 8,96 24 48,00 0,016

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76

TABELA 5 – Comparação da angiogênese entre os tempos de

experimentação com nível de significância inferior a 0,05. Teste de Wilcoxon.

Tempo de Experimentação Tempo

Comparado P

15 dias 30 dias 0,027

45 dias 0,046

30 dias 45 dias 0,116

Imunoistoquímica

MAC

Os resultados referentes ao anticorpo MAC não foram significativos na

análise estatística entre os grupos látex e controle em todos os tempos

observados. Dessa forma, pode-se afirmar que não houve diferença entre os

tratamentos e, consequentemente, a membrana de látex não influenciou a

infiltração de macrófagos nos animais testados (Tabela 6). Da mesma forma,

não foi constatado aumento de macrófagos ao longo do tempo de análise,

como pode ser verificado na Tabela 7.

TABELA 6 – Contagem e análise estatística por meio do Teste Mann Whitney

do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e respectivo controle.

Grupos e Tempos de Colheita n Média DP Min Max p

15 dias

Controle 6 1,83 2,99 0,00 7,00

Latex 6 0,67 1,63 0,00 4,00

Total 12 1,25 2,38 0,00 7,00 0,589

30 dias

Controle 6 0,50 0,84 0,00 2,00

Latex 6 1,67 2,25 0,00 5,00

Total 12 1,08 1,73 0,00 5,00 0,485

45 dias

Controle 6 10,17 20,00 0,00 50,00

Latex 6 2,67 6,53 0,00 16,00

Total 12 6,42 14,72 0,00 50,00 0,699

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77

TABELA 7 – Análise comparativa do número de macrófagos marcados com o anticorpo MAC em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman.

Tempo de Colheita n Média DP Min Max P

15 dias 6 0,67 1,63 0,00 4,00

30 dias 6 1,67 2,25 0,00 5,00

45 dias 6 2,67 6,53 0,00 16,00 0,202

VEGF

Para o anticorpo anti VEGF, os resultados não foram significativos no

grupo látex quando comparado com o controle nos tempos 15, 30 e 45 dias. Da

mesma forma, não houve incremento da expressão do VEGF ao longo do

tempo no grupo látex (Tabelas 8 e 9).

TABELA 8 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da ação do

anticorpo anti VEGF em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e controle.

Tempo de Colheita e Intensidade de Marcação Controle % Látex % p

15 dias

Discreto 2 33,3 4 66,7

Moderado 2 33,3 1 16,7

Acentuado 2 33,3 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,513

30 dias

Discreto 1 16,7 4 66,7

Moderado 4 66,7 1 16,7

Acentuado 1 16,7 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,165

45 dias

Discreto 1 16,7 2 33,3

Moderado 3 50,0 3 50,0

Acentuado 2 33,3 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 0,717

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78

TABELA 9 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti-VEGF em

bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman.

Intensidade de Marcação

15 dias % 30 dias % 45 dias % p

Discreto 4 66,7 4 66,7 2 33,3

Moderado 1 16,7 1 16,7 3 50,0

Acentuado 1 16,7 1 16,7 1 16,7

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0 0,838

CYR 61

Os resultados de expressão dessa proteína foram semelhantes ao do

VEGF, com resultado não significativo entre o grupo látex e controle em todos

os tempos de análise. De modo similar, não houve incremento da expressão

desse marcador ao longo do tempo no grupo látex (Tabelas 10 e 11).

TABELA 10 – Contagem e análise por meio do Teste Qui quadrado da

marcação do anticorpo anti CYR 61 em bovinos aos 15, 30 e 45 dias de implantação com membrana de látex e controle.

Tempo de Colheita e Intensidade de Marcação Controle % Látex % p

15 dias

Discreto 2 33,3 4 66,7

Moderado 3 50,0 2 33,3

Acentuado 1 16,7 0 0,0

Total 6 100,0 6 100,0 0,393

30 dias

Discreto 3 50,0 3 50,0

Moderado 3 50,0 3 50,0

Total 6 100,0 6 100,0 1,000

45 dias

Discreto 5 83,3 1 16,7

Moderado 0 0,0 3 50,0

Acentuado 1 16,7 2 33,3

Total 6 100,0 6 100,0 0,055

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79

TABELA 11 – Análise comparativa da marcação com anticorpo anti CYR 61

em bovinos do grupo látex aos 15, 30 e 45 dias de implantação. Teste de Friedman.

Intensidade de Marcação 15 dias %

30 dias %

45 dias % p

Discreto 4 66,7 3 50,0 1 16,7

Moderado 2 33,3 3 50,0 3 50,0

Acentuado 0 0,0 0 0,0 2 33,3

Total 6 100,0 6 100,0 6 100,0

0,076

DISCUSSÃO

O modelo empregado neste estudo de aplicação de membrana no

subcutâneo de bovinos foi apropriado para analisar a capacidade da mesma

em induzir reação tecidual e angiogênese, bem como avaliar seus aspectos

imuno-histológicos. KIRIAKIDES et al. (2001) relataram que esse modelo deve

ser preferido quando não se quer avaliar influências externas e sim

características fisiológicas do animal. ANDRADE (2007) obteve sucesso ao

utilizar esse modelo para avaliar a influencia da membrana de látex no

subcutâneo de camundongos, da mesma forma que ZIMMERMANN (2007)

utilizou esse modelo em coelhos e cães, com o mesmo objetivo.

As alterações macroscópicas observadas nos animais com moderada e

forte saliência foram possivelmente relacionadas a contaminação por

microorganismos no local de inserção das membranas de látex, ocasionando

uma infecção com inflamação aguda com presença de infiltrado inflamatório

polimorfonuclear neutrofílico. O fato de haver inflamação exacerbada apenas

no grupo látex e não no controle pode estar relacionada ao estímulo do látex ao

aumento da permeabilidade vascular (MAURÍCIO, 2006), que pode ter

promovido um meio adequado para proliferação dos micro-organismos

inoculados no local. Neste estudo, não foi realizada antibioticoterapia, apenas

profilaxia antimicrobiana. Portanto, os animais desenvolveram as infecções

após 24 horas de cirurgia, sem cobertura medicamentosa, o que não deve

acontecer na rotina clínica e evitaria assim o resultado apresentado.

Assim como observado neste experimento, RABELO et al. (2005)

também descreveram presença de infiltrado inflamatório mononuclear aos 30

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80

dias de implante de látex para correção de hérnia umbilical em bovinos. A

inflamação foi classificada com escore acentuado em cinco animais avaliados

naquele estudo. De forma semelhante, a presença de infiltrado inflamatório

também foi constatada por MRUÉ et al. (2004), sendo moderado na primeira

semana de avaliação e regredindo até a quarta semana do estudo conduzido

em cães.

O fato da membrana de látex induzir resposta inflamatória maior que o

controle não deve ser considerado um fator negativo, visto que ela estimula a

fase de desbridamento, e ao longo do tempo sua resposta é controlada.

Segundo CHESTER (1987), o material biocompatível ideal é aquele que é

bioativo, ou seja, estimula a resposta do hospedeiro em todas as fases da

cicatrização.

O grupo tratado com membrana de látex neste estudo obteve melhores

resultados na angiogênese do que o grupo controle, comprovando a ação

angiogênica do implante de látex, na espécie bovina, além da acentuada

proliferação de tecido conjuntivo fibroso nesse mesmo grupo, auxiliando na

reparação tecidual. O processo de angiogênese induzido pelo látex da

seringueira Hevea brasiliensis deve-se às proteínas presentes principalmente

na fase 2, o soro, mas que também estão presentes em quantidade

significativa na fase 1 (AGOSTINI, 2009). Essa proteína foi isolada e

caracterizada por MENDONÇA (2008) com o nome de FrHB1.2. Ainda que

tenha sido exaustivamente comprovada a propriedade angiogênica do látex em

diversas espécies (MRUÉ, 2000; ERENO, 2003; FRADE, 2003; MENDONÇA,

2004; MAURÍCIO, 2006; ANDRADE, 2007), o mecanismo de ação ainda não

está devidamente comprovado.

É importante ressaltar que, apesar do significativo incremento inicial, não

houve influência da membrana de látex sobre a angiogênese comparando-se

os tempos de colheita 30 e 45 dias. Isso significa que, como estratégia de uso

terapêutico, é suficiente utilizar a membrana de látex na ferida até os 30 dias.

O aumento do número de vasos sanguíneos no grupo látex quando

comparado ao controle em todos os tempos avaliados e a não modificação da

expressão do VEGF indicam que não é por meio desse mecanismo que se dá

a angiogênese. Resultado semelhante foi encontrado por ANDRADE (2007);

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81

entretanto, o autor sugere que a intensa atividade dos macrófagos possa ser a

responsável pela neovascularização, opinião não corroborada pelos resultados

do presente experimento, em que a marcação pelo MAC não evidenciou

aumento do número de macrófagos em relação à cicatrização fisiológica do

grupo controle.

Outro mecanismo fisiológico de estímulo à angiogênese é o aumento da

expressão da proteína CYR 61, que é um membro da família das proteínas

cuja expressão é elevada durante o crescimento de vasos, cicatrização de

feridas e diferenciação de condrócitos (BRIGSTOCK, 2002). Contudo, o

envolvimento da via não foi observado no presente estudo. Os resultados

evidenciaram semelhança na expressão do CYR 61 nos dois grupos, tanto o

controle como o látex. Desse modo, é provável que a proteína do látex não

estimule a angiogênese ou a reparação tecidual por meio do aumento da

expressão de CYR 61.

Uma característica do implante de látex é a não aderência ao tecido em

que foi justaposta, como foi visualizado por MEV neste estudo. Sendo assim, é

possível sua retirada sem alterar o tecido cicatricial criado por ela no momento

da reparação. Dessa forma, foi possível remover o implante da hérnia perianal

de um cão após sua completa remissão (PAULO et at., 2005). Uma explicação

possível para a não adesão da membrana no leito receptor é a sua superfície e

o estímulo ao aumento da permeabilidade vascular, fato este experimentado

por MAURÍCIO (2006), que provou que a fração 1 do látex natural da Hevea

brasiliensis é responsável por essa característica de maior permeabilidade. No

mesmo sentido, FRADE (2003) constatou a não adesão da membrana de látex

no leito da úlcera, com intensa exsudação.

Os resultados evidenciaram que a nova membrana de látex é

biocompatível e bioativa, participa da angiogênese e promove a reparação

tecidual em bovinos, por mecanismos celulares que, por serem diferentes das

vias de transdução de sinal do VEGF e CYR 61 aqui testados, ainda

necessitam ser mais bem estudados.

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82

CONCLUSÕES

A nova membrana de látex natural da seringueira é biocompatível e

bioativa na espécie bovina.

A nova membrana de látex promove incremento da resposta

inflamatória, principalmente na fase inicial do processo.

Em bovinos, a nova membrana de látex estimula a angiogênese de

maneira significativa na fase inicial, porém esse estímulo não ocorre por meio

da expressão de VEGF e CYR 61.

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20. MRUÉ,F.;COUTINHONETTO,J.;CENEVIVAA,R.;LACHATC,J.J.;THOMAZI

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Emprego do compósito látex, poliamida e polilisina a 0,1% na correção

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Page 104: CARACTERIZAÇÃO DA MEMBRANA DE LÁTEX DA Hevea …€¦ · Max Pull é atração e Snap In é encaixe. .....31 CAPÍTULO 3 FIGURA 1 – Implantação das membranas no grupo látex

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CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A nova membrana de látex confeccionada neste estudo possui

propriedades indutoras de angiogênese e suas características heterogêneas

associadas à rugosidade da superfície auxiliam a reparação tecidual em

equinos e bovinos. Em equinos, essa membrana foi biocompatível, mas não

afetou significativamente a angiogênese. A expressão do VEGF e CRY 61 não

foi aumentada, indicando que esses não são os mecanismos de ação da

membrana nas duas espécies testadas. Já em bovinos, além da

biocompatibilidade, a membrana acelerou o processo de reparação tecidual,

com incremento da angiogênese. Portanto, a nova membrana de látex pode ser

utilizada como um novo tratamento em bovinos e equinos para reparação

tecidual por 30 dias, sendo que sua maior eficiência deu-se em bovinos.

Como alternativa inovadora, barata, de fácil armazenamento e utilização

e ainda utilizando o potencial fitoterápico da biodiversidade Brasileira, a

membrana de látex testada neste experimento possibilitou sua utilização como

implante em equinos e bovinos. Com o mérito de possuir baixo custo, facilitará

o tratamento de bovinos, que se torna, na maioria das vezes, o entrave para o

sucesso da cicatrização de feridas nessa espécie. Em equinos, o fato de não

haver rejeição e a possibilidade de um novo tratamento para feridas em menor

tempo, melhora o prognóstico clínico dos animais, evitando problemas

secundários como laminite e infecções.

A membrana de látex desse estudo, quando comparada a outras

técnicas de enxertos ou implantes, possui inúmeras vantagens. Por exemplo,

materiais orgânicos, como cartilagem auricular, peritônio e pericárdio, são

menos resistentes, necessitam serem conservados e possuem o risco de

transmitir infecções, além de agredir a região doadora. Telas de polipropileno

induzem aderências, são mais frágeis e com alto custo. O implante de látex é

barato, pode ser acondicionado em envelopes estéreis dentro de gavetas para

uso imediato. Constitui-se uma alternativa promissora para o tratamento de

diversas afecções em bovinos e equinos e, para uma utilização completa, deve

ainda ser avaliada em diferentes tecidos e órgão nessas espécies.