blasco, j.l. y grimaltos, t. - teoría del conocimiento (capítulo 6. el problema del escepticismo)...

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d os, o p o rq u é, n o rm a l m e nt e, se n eces it aa l go m ás qu e l a c r ee n c i a ve rd a d e r a p a r a d ec ir q u e h ay co no c imi e n t o . N o l o qu e r e m os t e n e r c r ee n c i as qu e sea n ve rd a- d e r a s, s i no qu e q u e r e mo s qu e n o l o sea n p o r cas u a l id a d , q u e r e m os pod e r d a r c u e n t a de s u ve r dad , qu e rem os sa b e r q u e so n v e rd a de r as: qu e r emo s t e e r b u e n a s r azo n es o ev id e nci as . P l at ó n y a l o a d ve rtí ae n e l M e n ó n : l as c r ee n c i as ve rd a d e ra s qu e n o se fund a m e nt a n e n r azó n so n co m o la s es t a t u as d e D é d a lo .. . se esca p a n y no s a b a nd o n a n . E s pr ec i so a tar l as a s u fundam e nt o p a r a q u e p e r m a n ezca n y d evenga n co n o c imi e n to . Pa r e ce q u e esa a t a d u r a e s l a ju s ti f i cació n . En re s u m en , c u a n d o d ec im os d e a l g u i e n qu e sa b e a veces q u e r e mo s d ec ir s imp l e m e nt e q u e n o i gno r a o tr as veces q u e r e m os d ec ir qu e ti n e d e termin a d a inform ac i ó n qu e p u e d e se r n os úti l . P e r o t a mbi é n h a y o tr o so (o el u so r e s p ec t o d e l c u a l l os ot r os n o s o n m ás qu e co n ce s i o n e s hec h a s e n c o nt e xto s m ás r e l aj a - do s ) , e l q ue n os r e o c u pa c u a n d o qu e r em os a f i r ma r nu es tra s c r e e n c i a s, c u a n d o no s pr eg unt a mo s s i r ea lm e nte s ab e m os, q u e se r e fi e r e a a l g o m ás qu e a l h ec h o d e no i g n o rar o al ec h o d e t e ner inf o rm ac i ó n , qu e se r e fi e r ea l as ga r a nt ías d e nu estra s c r ee n cias , a l a j u s t ific ac i ó n . Ob v i a m e n te , es t e u so e s c l a ve par a u n a di sc iplin a qu e se d e n o m i n a t eoría d e l c onoc imi e n t o . J ose p Llu is Bla sco y T o bi es G rim a l t os 6 ¿ E s po s ibl e e l conoc i miento? El probl e m a d e l esce pti c i s mo 8  El p r ob l e m a d e l e sc eptic i s m o mu es tr a con toda c larid a d qu e la j u s tifi ca - c i ó n e s un c odiciado b ien e p i s t é mico . ¿ Sab e m o s a l g o ? ¿ Te n e m os s u fic i e nte s g a r a n t í as p a r a m a nt e n er nu e t r as c r ee n cia s? Co n p reo c up acio n e s s imil are s a e s - ta s, D e s ca rt e sc o n s eg u ía , en l a p r i me ra d e s u s M e dita c i o n es m e taf ís i c a s e m p l a - z a r l a e pi s t em o l o ía e n u n l u g ar fi l osó fi c o de s t a cado ; p e r o l o h ac í a d e l a m a n o de l e s c é pti c o : un o de l o s e n emig os q u e l a filo s ofí d e b e c omb a ti r , y t a mbi é n un a li a d o qu e n o s o bli ga a ser crí ti c os, a n o d o rmim o s e n d og m a t is m o a l g un o . ¿ Q u é e s e l e sc e pti c i smo ? Se d i ce qu e esce pti c i s m o es un t é r mi n o r e l ac i o n a l , es de c i r , u n t é rmino q u e s e d e fi n e enre l aci ó n aaqu e ll o qu e se opo n e o c u e s t iona . Se e s es c é p t i co r es p ec to d e determ i n a d a a firma c i ó n , t eo ría o c r e n c i a aj e n a, r es - pec t o d e l co n ocimi e nt o ét i c o , re l i g i os o , i ndu ctiv o, etc é t e r a . P e r o l o qu e m ás h a p reoc u pa d o a l a fil o s ofía , es qu e ta mb i é n exi s te un e s cept i c i s mo g l obal  que c u es t i o n a l a p os i bi l id a d d e co no c imient o e n ge n e r a l , qu e dud a qu e co n o z ca m os, o in c lu so qu e p o d a m os l l ega r a co n oce r , n a d a e n a b so lut o. P a r ece qu e a l a t eo r ía d e l co n oc i mi e n t o co mo ta l , d e b e pr eoc up a rl e aqu é l esce pti c i s m o qu e s u p o n ga un m ayo r r e t o a nu e s t ra s in q ui e t u d es e p i s t é mic as, q u e m ás a m e n ace a nu es tr a pr e- t e n s i ó n d e m a nt e n e r c r ee n c i as qu e co n s tit u ya n u n a co n ce p c i ó n a d ec u a d a d e l mund o. Al g un os fil ósofos h a n m a nt e nid o qu e e l o b je ti vo d e un esce pti cis m o así, e l esc epti c i s m o m ás r a di c a l  n o d e b e se r e l co n oc imi e nt o co m o t a l , s in o l a ju s tifi - cac i ó n d e n u es tr as c r ee n c i as. E l a r g um e nt o es m ás o m e n os e l s i g ui e nt e: s i d e fi - nim os e l co n oc imi e nt o d e un a m a n e r a ta n est ri c t a qu e n o se p ue d a a l ca n za r , p e r o seg uim os p e n sa n do qu e nu es tr a s c re en ci as e st á n j u stifica d as yq u e es a b so lut a- m e n t e r azo n a b l e m a nt e n e r l as, e nt o n ces n o ti e n e p o r qu é pr eoc up a m os d e m as i a- d o q u e e l escé p t i co di ga q u e n o t e n m os co n oc imi e nt o. En ca mbi o, s i e l esce pti - c i s m o ses itú a a un ni ve l m ás b ás i co, a n ive l d e l a ju s tifi cac i ó n , y n os h ace ve r qu e n o es t a m os j u s ti fica d os pa r a ma nt e n e r l as cree n c i as qu e t e n e m os, e nt o n ces 85

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7/18/2019 Blasco, J.L. y Grimaltos, T. - Teoría del conocimiento (Capítulo 6. El problema del escepticismo) (1)

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dos, o por qué, normalmente, se necesita algo más que la creencia verdadera para

decir que hay conocimiento. No sólo queremos tener creencias que sean verda-

deras, sino que queremos que no lo sean por casualidad, queremos poder dar

cuenta de su verdad, queremos saber que son verdaderas: queremos tener buenas

razones o evidencias. Platón ya lo advertía en el Menón: las creencias verdaderas

que no se fundamentan en razón son como las estatuas de Dédalo ... se escapan

y nos abandonan. Es preciso atarlas a su fundamento para que permanezcan y

devengan conocimiento. Parece que esa atadura es la justificación.En resumen, cuando decimos de alguien que sabe, a veces queremos decir

simplemente que no ignora, otras veces queremos decir que tiene determinada

información que puede sernos útil. Pero también hay otro uso (o el uso respecto

del cual los otros no son más que concesiones hechas en contextos más relaja-

dos), el que nos preocupa cuando queremos afirmar nuestras creencias, cuando

nos preguntamos si realmente sabemos, que se refiere a algo más que al hecho de

no ignorar o al hecho de tener información, que se refiere a las garantías de

nuestras creencias, a la justificación. Obviamente, este uso es clave para una

disciplina que se denomina teor ía del conocimiento.

Josep Lluis Blasco y Tobies Grimaltos

6. ¿Es posible el conocimiento?

El problema del escepticismo

84

El problema del escepticismo muestra con toda claridad que la justifica-

ción es un codiciado bien epistémico. ¿Sabemos algo? ¿Tenemos suficientes

garantías para mantener nuestras creencias? Con preocupaciones similares a es-tas, Descartes conseguía, en la primera de sus Meditaciones metafísicas, empla-

zar la epistemología en un lugar filosófico destacado; pero lo hacía de la mano

del escéptico: uno de los enemigos que la filosofía debe combatir, y también un

aliado que nos obliga a ser críticos, a no dormimos en dogmatismo alguno.

¿Qué es el escepticismo? Se dice que escepticismo es un término relacional,

es decir, un término que se define en relación a aquello que se opone o cuestiona.

Se es escéptico respecto de determinada afirmación, teoría o creencia ajena, res-

pecto del conocimiento ético, religioso, inductivo, etcétera. Pero lo que más ha

preocupado a la filosofía, es que también existe un escepticismo global, que

cuestiona la posibilidad de conocimiento en general, que duda que conozcamos,

o incluso que podamos llegar a conocer, nada en absoluto. Parece que a la teoría

del conocimiento como tal, debe preocuparle aquél escepticismo que suponga un

mayor reto a nuestras inquietudes epistémicas, que más amenace a nuestra pre-tensión de mantener creencias que constituyan una concepción adecuada del

mundo.

Algunos filósofos han mantenido que el objetivo de un escepticismo así, elescepticismo más radical, no debe ser el conocimiento como tal, sino la justifi-

cación de nuestras creencias. El argumento es más o menos el siguiente: si defi-

nimos el conocimiento de una manera tan estricta que no se pueda alcanzar, peroseguimos pensando que nuestras c reencias est án justificadas y que es absoluta-

mente razonable mantenerlas, entonces no tiene por qué preocupamos demasia-

do que el escéptico diga que no tenemos conocimiento. En cambio, si el escepti-

cismo se sitúa a un nivel más básico, a nivel de la justificación, y nos hace verque no estamos justificados para mantener las creencias que tenemos, entonces

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7/18/2019 Blasco, J.L. y Grimaltos, T. - Teoría del conocimiento (Capítulo 6. El problema del escepticismo) (1)

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Josep Lluís Blasco y Tobies Grimaltos

nos deja en una situación verdaderamente precaria, nos hace ver que no sabe-mos, o al menos, que no sabemos si sabemos.

Todo eso es cierto, pero en el fondo depende de cómo entendamos el cono-cimiento y la justificación, y de cuán estrictos seamos a la hora de entender el

uno y la otra. Es importante, por tanto, que captemos claramente lo que está en

juego en el problema del escepticismo. Al fin y al cabo, conocimiento y escepti-

cismo son dos caras de una misma moneda: según cómo se caracterice uno, ten-

drá fuerza el otro. Dependiendo de lo que busquemos y de lo estricto que sea loque busquemos, el escéptico será invencible, o no.

6.1 Descartes y el problema de la epistemología moderna

Podemos verlo si acudimos a la fuente moderna del problema. Descartes

buscaba la certeza, pretendía confiar única y exclusivamente en aquello que fue-

se cierto: el resto de las cosas las equipararía a las falsas o simplemente suspen-

dería e l jui cio respecto de ellas, es decir, no las consideraría. Hay que decir que

esta certeza no es la mera certeza subjetiva, la de aquello que uno no pone perso-

nalmente en cuestión, no. Se trata de una certeza objetiva o lógica, según la cual

sólo es cierto aquello que no puede ponerse en duda, que nada puede falsar, que

no admite posibi lidad lógica de error.'

Obviamente, si eso es lo que se busca, si eso es lo único que se consideraconocimiento o justificación, ei escepticismo lo tiene muy fácil respecto de la

mayoría de nuestras creencias: es irrefutable. Porque, ¿qué cosas nos parecenmás ciertas? Descartes nos ofrece el siguiente ejemplo de algo que es aparente-

mente cierto:

Pero, aun dado que los sentidos nos engañan a veces, tocante a cosas malperceptibles o muy remotas, acaso hallemos otras muchas de las que nopodamos razonablemente dudar, aunque lasconozcamos por su medio;como, por ejemplo, que estoy aquí, sentado junto al fuego, con una batapuesta y este papel en mis manos, o cosas por el estilo.'

Recordemos, sin embargo, que el problema no consiste en.encontrar cosas

que no dudamos, sino cosas que nunca, ni por la más remota posibilidad lógica,

puedan ser falsas. Y en este caso sí podemos concebir esa posibilidad: podríatratarse de un sueño, todo podría ser un sueño. Nada de eso nos vale, por tanto.

Tendrán que ser cosas de un orden diferente, creencias como que un cuadrado

tiene cuatro lados o que dos más tres son cinco, por ejemplo. Descartes afirma

que ni tan siquiera ese tipo de creencias se libra de la posibilidad de error. Podría

haber un genio maligno, que hace que nos equivoquemos siempre que contemos.

No obstante, Descartes afirma que hay una cosa que no puede ser falsa, que

no se puede ponerse en duda, y es que yo, que pienso o que sueño, que cuento

l. Una cosaes lógicamente posible si podemos concebirla sin incurrir en contradicción.2. Descartes, 164I,p. 18.

86

¿Es posible el conocimiento? El problema del escepticismo

correctamente o que me equivoco al contar, yo existo. De acuerdo, ya hemosencontrado una cosa cierta, en el sentido más fuerte posible decerteza. Pero ¿quépodemos hacer a partir de ahí? Sólo podríamos preservar esa certeza par a el restode nuestras creencias, si pudiésemos derivarlas de ella por un medio infalible.

Yeso sólo puede conseguido la deducción lógica, porque en la deducción, si las

premisas son verdaderas, la conclusión no puede ser falsa. Sin embargo ¿cómo

podemos deducir la existencia del mundo a partir del hecho de que yo, en tanto

que pienso, existo, y tengo experiencias sensoriales que creo se corresponden

con él, que están causadas por él?

6.2 Del cartesianismo a la epistemología contemporánea

Descartes contaba para eso con la ayuda de Dios, que no podía engañarle si

se limitaba a aseverar sólo aquello que le era claro y distinto; una solución que

algunos consideraron un círculo vicioso. Los nuevos planteamientos del proble-

ma, menos metafísicos, más cientifistas, y mucho más empiristas, como los del

positivismo lógico y sus sucesores, si tuaron ese origen de todo conocimiento

posible en las experiencias sensoriales subjetivas. El fundamento cierto, lo indu-

bitable, eran nuestras experiencias sensoriales consideradas en sí mismas, al

margen de que se correspondan o no con la presenc ia de a lgo externo al sujeto.

Una c ita de Henry Price (1954) nos ayudará a comprender cómo entendían esas

experiencias sensoriales no comprometidas con el mundo, que en consecuencia

resultaban absolutamente ciertas:

Cuando veo un tomate, puedo dudar muchas cosas. Puedo dudar si loqueestoy viendo es untomate, y no una figura de cera minuciosamente pinta-da. Puedo dudar incluso de si se trata de un objeto material. Quizá lo queconsidero un tomate es realmente un reflejo, quizá estoy sufriendo unaalucinación. Sin embargo, hay algo de lo que no puedo dudar: que hayuna mancha roja, de forma redonda y voluminosa, que destaca sobre untrasfondo ene l que hay otras manchascoloreadas y dotadas de cierta pro-fundidad visual, y que todo ese campo e s directamente presente a mi con-ciencia. Pude ponerse en duda qué es esa mancha roja, si es una substan-cia o un estado de una substancia o un suceso, si es f í sicao psíquica oninguna de las doscosas. Pero de lo que no puedo dudar, es que aquí yahora hay algo rojo y redondeado. Puede ponerse en duda si ese algopersiste un momento antes o después de que sea presente a mi conscien-cia, o si otras mentes pueden ser conscientes de ello como yo lo soy. Sinembargo, no puede ponerse en duda que ahora existe y que yo soy cons-ciente de ello -al menos yo, que soy consciente de ello, no puedo ponerloen duda.'

Se trat.!lJlll[..1all1o..de.habLard~l objeto directo de..n:li..f2~s_cien.cil!,ou inde,.pendeaeia delJ:ffil .. !ldP. Cuando creo que veo un tomate, puedo equivocarme so-

3. Price, 1954, p. 3.

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Josep Lluís Blasco y Tobies Grimaltos

bre si hay un tomate ahí fuera, pero no (al menos eso defendían estos autores)sobre el hecho de que tengo una experiencia de una mancha roja y redonda -sea

el resultado de lo que sea: la visión de un tomate, una alucinación, etcétera. Los

autores que situaban la certeza en los enunciados que hablaban de meros datos

sensibles, pensaban que podrían acceder al mundo si construían los objetos físi-

cos a partir de esos datos. Es decir, pensaban que si mantenían que los objetos

fís icos sólo eran conjuntos de datos sensibles, podrían deducir su presencia a

partir de las experiencias sensoriales. Sostenían, por ejemplo, que decir que hay

una mesa en la habitación, era equivalente a decir que si alguien entraba en aque-

lla habitación y miraba en di recc ión a la mesa, obtendría unos datos sensoriales

determinados. El problema es que, si la mesa debe ser el conjunto total de datos

sensibles que pueden obtenerse de ella, su magnitud es enorme e inabarcable:

siempre podemos tener abundantes datos sensibles, y que la mesa no exista y

sólo sea una serie de alucinaciones. Y no vale decir que, dadas ciertas experien-

cias, no podemos dudar de la existencia de la mesa, porque lo que estos autores

quieren, es un conocimiento cierto, deductivo, y éste sólo puede obtenerse cuan-

do se tienen todos los datos sensoriales que pueden obtenerse de la mesa. Claro

que eso es imposible: sería necesario tener todas las visiones de la mesa, y quizá

también todos sus tactos, etcétera, desde todos los ángulos y durante toda su

existencia. Mientras no se tenga eso y dadas las condiciones que ellos mismos

estipulan al aceptar las condiciones del escéptico, siempre es posible el error.

El problema es que ene l conocimiento empírico, que versa sobre el mundoy no sobre meros conceptos y definiciones, siempre es posible el error: el cono-

cimiento empírico no es y no puede ser un conocimiento deductivo. Si e es la

mejor evidencia o conjunto de evidencias a favor de la creencia empírica p, siempre

es posible que e sea verdadera y p sea falsa. Es decir, «e y no p» no es contra-

dictoria.

Otros autores, basándose en el hecho de que decir que algo es ro jo o decir

que algo es un tomate, es equivalente a decir que aparecerá rojo o aparecerá

como un tomate en condiciones normales de observación, han dicho que dudar

acerca de si eso que hay frente a mí es un tomate, en esas condiciones, ya no es

dudar de la existencia de las cosas, sino del significado mismo de mis palabras.Porque si

ser un X = aparecer como un X en condiciones normales de observación,

dudar en condiciones normales, es violar este pr incipio, y la única duda posible

versaría entonces sobre mi propia capacidad para aplicar estas palabras, ya que

sería verdad por definición que en esas condiciones es un X.4 y si dudo del

significado de mis propias palabras, ¿cómo puedo saber si, al querer expresar la

duda escéptica, la expreso realmente? Una duda radical imposibilitaría incluso laformulación de la duda misma.

4. Véase Wittgenstein, 1969, § 446-456.

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¿Es posible el conocimiento? ELprobLema deLescepticismo

6.3 La hipótesis de los cerebros en la cubeta

No obstante, al escéptico siempre le queda el recurso de preguntar cómo

podemos tener la certeza de que las condiciones de observación son normales.

Consideremos ahora la versión moderna de la hipótesis del sueño de Descartes,

conocida como la hipótesis del cerebro en una cubeta.' Imaginad que todas lasexperiencias que tenéis, incluso la de estar leyendo este libro, están en realidad

causadas por unos electrodos situados en vuestro cerebro, a los que una compu-

tadora superpotente envía estímulos eléctricos, que proporcionan una represen-

tación completa de aquello que creéis el mundo real. Os hace sentir el tacto del

libro, las sensaciones e informaciones recibidas al pasar cada página; incluso si

os cansáis de leer y decidís salir a pasear, os proporcionará todas las sensaciones

correspondientes. Cuando creéis que vais paseando por un parque, es la compu-

tadora la que os suministra todas las sensaciones correspondientes a ir caminan-

do. Si decidís girar a la izquierda, hacia el lago, la computadora os suministrará

todas las sensaciones pertinentes. Si decidís ir a ver a un amigo, os proporcionará

coherentemente todas las impresiones correspondientes a su casa. Os parecerá

que habláis con él, os oiréis hablar, vuestro amigo os parecerá tan ingenioso o tanpesado como siempre, etcétera. Pero en realidad nada de eso existiría, podríais

no tener cuerpo incluso, y no ser más que un cerebro en una cubeta llena de nu-

trientes que lo mantienen con vida. No hay árboles, ni casas, ni amigos. Sólo tu-

cerebro, la sala donde estás, la computadora y el científico que la maneja.Para que esta hipótesis sea una buena hipótesis escéptica, debe ser imposi-

ble descubrir el hecho de que seas un cerebro en una cubeta. Ex-hypothesii, nada

debe ser distinto desde el punto de vista de tus experiencias; en caso contrario,

habrí a a lgún procedimiento para decidir. Tanto si eres uncerebro en una cubeta,como si no, nunca podrás saberlo. Ésa es la fuerza (y la debilidad) del escepticis-

mo, la misma que induce al error a quien quiera sostener que puede tenerse unconocimiento del mundo que satisfaga las exigencias del escéptico. La fuerza del

escéptico radica en que siempre existe la posibilidad lógica de que seamos cere-

bros en una cubeta; por desgracia, la filosofía moderna ha pretendido aceptar

esta posibilidad, y al mismo tiempo, defender que podemos tener un conoci-

miento cierto de la existencia de un mundo externo a nuestra mente. En ese mo-

mento, la filosofía moderna desorientó a la epistemología.

Una excepción a esta tendencia a aceptar que la hipótesis escéptica es unaposibilidad lógica, es Hilary Putnam, uno de los autores que mejor a expuesto

esta hipótesis, a pesar de no ser originalmente suya. Putnam (1981) la explica,

para atacarla a continuación.En su opinión, la oración «Soy un cerebro en una cubeta» se autorrefuta, es

decir, es necesariamente falsa, y por tanto no es una posibilidad lógica. Para

entender las razones de esta afirmación de Putnam, hay que conocer primero los

fundamentos de su teoría del significado. Una tesis importante de este autor, es

que el entorno determina el significado de las palabras y, a través de estos signi-

5. Puede encontrarse una buena formulación de esta hipótesis en Putnam, 1981, cap. l.

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Josep Lluís BLascoy Tobies Grimaltos

ficados, el contenido de nuestros pensamientos. Para calibrar el alcance de estatesis, y siguiendo un ejemplo del propio Putnam (1975), imaginemos que existeun planeta, al que denominaremos Tierra Gemela, idéntico al planeta Tierra en

todo, excepto en el hecho de que allí el líquido que forma los mares, que corre

por los ríos, que cae del cielo cuando llueve y sale de los grifos, a pesar depresentar una apariencia idéntica a la del agua y de que los nativos la denominen

«agua», no es H20, sino algo con una estructura molecular muy diferente, que

por abreviar representaremos como XYZ. En ese caso, independientemente de

que ambos conozcan o no la estructura molecular del líquido en cuestión cuandoun habitante de laTierra y un habitante de la Tierra Gemela dicen «el agua calma

la sed», están diciendo cosas diferentes: uno dice que el agua (que de hecho es

HP) calma la sed, el otro que ese líquido (que de hecho es XYZ) calma la sed.

Putnam mantiene que, como el agua es HP, ese líquido no es agua, y que, en un

mundo donde no hay agua ni la conocen, «agua» no puede significar agua.

Si en un mundo donde no hay agua, «agua» no puede significar agua, en un

mundo donde no hay árboles, ni casas ni pájaros, «árbol», «casa» y «pájaro» no

pueden signi ficar árbol, casa y pájaro. El cer ebro en una cubeta nunca ha interac-

tuado con esas cosas, nunca ha entrado en «contacto causal» con ellas. Si «ár-

bol» significase algo , sería cierto impulso electromagnético de la computadora,

o cierto dato sensible, o cierta imagen. De la misma forma, si «cerebro» y «cube-

ta» significasen algo, significarían imagen-de-cerebro e imagen-de-cubeta.

Ahora podemos entender por qué Putnam dice que «Soy un cerebro en unacubeta» se autorrefuta, es siempre falsa . La razón es la siguiente: si no soy un ce-

rebro en una cubeta, «Soy un cerebro en una cubeta» es obviamente falsa; si lo

soy, lo que digo o pienso al emitir o pensar esas palabras, vendr ía a ser : soy

una imagen-de-cerebro en una imagen-de-cubeta; yeso es falso, ya que no

soy una imagen-de-cerebro dentro de una imagen-de-cubeta, sino un cerebroreal dentro de una cubeta real.

Ahora bien, ¿supone eso una refutación del escepticismo? Pensamos que

no. El hecho de que esa oración sea necesariamente falsa, no significa que yo no

pueda ser un cerebro en una cubeta. Recordad: puede ser falsa porque lo soy o

porque no lo soy. Elproblema no es que no pueda darse el caso de que yo sea un

cerebro en una cubeta, sino, simplemente, que, si lo soy, la oración expresaría

una proposición diferente (<<Soyuna imagen-de-cerebro en una imagen-de-cu-

beta»), Lo que sería falso, entonces, es que soy una imagen-de-cerebro en una

imagen-de-cubeta, no que soy un cerebro en una cubeta. El hecho de que la

oración «Soy un cerebro en una cubeta» sea necesariamente falsa, no conlleva

que «S es un cerebro en una cubeta» (referida a mi, por alguien externo a la

cubeta) no pueda ser verdadera. Claro que esta afirmación tendría que hacerse

desde fuera del marco de referencia en que se encuentra el cerebro en la cubeta,

pero podría hacerla el científico que maneja la computadora, por ejemplo. Pare-

ce que lo que Putnam tiene en mente es más O menos lo siguiente: si yo fuese uncerebro en una cubeta, entonces no podría captar (no digo creer, sino considerar)el pensamiento de que soy un cerebro en una cubeta (porque, como hemos dicho,

las palabras significarían algo diferente), pero como puedo pensarlo, no lo soy.

90

i. Es posible el conocimiento? El problema del escepticismo

El problema de este argumento, es que el cerebro en una cubeta podría argumen-tar (o pensar que argumenta) de la misma forma; el ce rebro en una cubeta podríadarse las mismas razones (o pensar que se las da) para concluir que no lo es.

Si explotamos este argumento de Putnam, podemos llegar a consecuenciassorprendentes. Putnam sostenía que las palabras en cuestión, «árbol» o «pájaro»,

pensadas por el cerebro, o bien 1) no significaban nada, o bien 2) significaban

imagen-de-árbolo imagen-de-pájaro. Supongamos en primer lugar que no signi-

fican nada; si no significan nada, entonces cuando el cerebro piensa «El pájaro

está sobre el árbol», ese pensamiento no significa nada. ¿Se trataría de un pensa-miento vacío, de un pseudo-pensamiento? ¿Puede ser que el cerebro esté pensan-

do que piensa y no esté pensando en realidad? ¿Tiene eso algún sentido? Supon-

gamos ahora que las palabras significan imagen-de-árbol e imagen-de-pájaro;

cuando el cerebro en la cubeta tuviese una creencia que expresaría mediante «Elpájaro está sobre el árbol», el contenido de su creencia sería «La imagen-de-

pájaro está sobre la imagen-de-árbol», que sería verdadera en la medida en que

se correspondiese con la experiencia que le suministra la computadora. Como

consecuencia, la mayoría de sus creencias sobre «el mundo» serían verdaderas:

cuando la computadora le suministrase la experiencia de un árbol, él pensaría«Eso es un árbol», que significaría «Eso es una imagen-de-árbol» y sería verda-

dero, y así sucesivamente. Sus creencias sobre sus experiencias seríanmayoritariamente verdaderas, pero se equivocaría sistemáticamente sobre qué es

lo cree, sobre cuál es el contenido de sus creencias.

No sabemos qué es peor: que la mayoría de nuestras creencias sobre el

mundo sean falsas, o que estemos sistemáticamente equivocados respecto a qué

es lo que creemos. Si por ganar el mundo, tenemos que perder la cabeza, el

esfuerzo no merece la pena.

6.4 Las consecuencias de la hipótesis escéptica

La fuerza del escepticismo (o de una hipótesis escéptica, como la del cere-

bro en una cubeta) radica en el hecho de que nos priva de la certeza, lo que no es

poco: la certeza parece ser una aspiración humana a la que es difícil renunciar.

Pero esa fuerza es también su debilidad. ¿Qué se desprende de la posibilidad de

que yo sea un cerebro en una cubeta? Desde el pun to de vista empírico, todo

sería igual. Tendr ía de seguir comiendo (o haciendo como que como) si no quie-ro morir de hambre. Tendría que seguir apartándome (o haciendo como que me

aparto) cuando viene hacia mí un coche (o lo que parece un coche). La hipótesis

escéptica extrae toda su fuerza de la posibilidad de la ilusión constante, pero a la

vez despoja a e sa ilusión de todos los elementos que podrían preocupamos. ¿Por

qué es tan importante la posibilidad de la continua ilusión, como argumento es-

céptico? ¿Qué es lo que entraña esencialmente el concepto de ilusión, que hace

que nos preocupe estar bajo su influjo? Cuando dirigimos nuestra percepción al

mundo, esperamos obtener información veraz, que nos permita adoptar ciertaconducta. Cuando veo o creo ver determinada cosa, y es relevante para mis pla-

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Josep Lluís BLascoy Tobies Grimaltos

nes, expectativas, deseos, etcétera, mi conducta se verá afectada por su percep-

ción. Y par a adap tar m is expectativas, deseos, etcétera, a lo que veo, necesito

c reer en la coherencia y perdurabilidad de las cosas que me aparecen. Es ahí

donde la ilusión desempeña el papel de un fac tor de distorsión fundamental. La

ilusión impli ca inconsistencia, alteración, fracaso en la expectativa. Es un e le-

mento que nos impide hacer planes con éxito, amoldamos al transcurso de los

acontecimientos. Cuando veo una silla, sé o creo saber que puedo sentarme en

ella sin caerme al suelo. La ilusión frustra cualquier expectativa basada en esa

creencia, y cuando la ilusión es permanente, frustra todas mis expectativas y

me impide actuar. Sin embargo, ¿es esa forma de ilusión constante la que se

derivar ía de la hipótesis escéptica? El escéptico se vale de la ilusión en su ataque,

precisamente por ese factor de distorsión, capaz de frustrar nuestras expectati-

vas; pero para que el argumento tenga fuerza, necesita quitarle ese factor, nece-

sita que la i lusión sea imposible de descubrir, que la experiencia sea tan coheren-

te como la de los que nos consideramos seres humanos normales. Y al eliminar

ese factor, su argumentación resulta una disputa pragmáticamente irrelevante: la

silla ilusoria del cerebro en la cubeta no desaparece cuando éste tiene la ilu-

sión de sentarse.

Parece que el escéptico se sitúa a un nivel diferente del de nuestras creen-

cias ordinarias: fuera de su ámbito, queriendo negarlas todas a la vez, cuestio-

nando la validez general de nuestro sistema de creencias. Para vivir, sin embar-

go, deberíamos aceptar nuestras creencias en la misma forma que las aceptamos.

Podríamos decir que, incluso dentro de la falsedad total, cabría distinguir entre

creencias internamente adecuadas y c reencias internamente inadecuadas. El

propio escéptico debería admit ir la diferencia entre unas c reencias y otras, con

relación al sistema, pero afirma que todo el sistema puede ser un error. El proble-

ma (o la suerte) es que no podemos salir del sistema para comprobar su adecua-

ción, no existe esa posibilidad, precisamente de eso se aprovecha el escéptico.

Incluso si fuésemos cerebros en una cubeta, sería correcto decir que hay un árbol

frente a nosotros en determinadas ocasiones y en otras no, o al menos sería cierto

que deberíamos decir que hay un árbol frente a nosotros en unas ocasiones y en

otras no -respectivamente, las ocasiones en que tenemos todas las experiencias

que hay que tener de un árbol, y aquéllas en que no las tenemos cuando miramos

en determinada dirección donde nada se interpone. Claro que el que sea correcto

decirlo, no lo convierte en verdadero por sí mismo. Cuando digo que hay un

árbol frente a mí, lo que quiero decir es que hay un árbol (real) frente- a-mí, y noque hay una-imagen-de-árbol frente a mí. Sólo consideraré que es verdad lo

que digo, s i realmente hay uno. El escéptico siempre puede utilizar esta cuestión

para producimos la desazón filosófica que caracteriza su ataque. Si lo tomamos

en serio y también buscamos la certeza lógica, siempre nos quedará ese pequeño

resquicio: un resquicio que, sin embargo, no tendrá consecuencia alguna sobrenuestros actos.

Ni tan siquiera en los actos de habla. Es decir, la hipótesis de los cerebros

en una cubeta no puede tener consecuencia pragmática alguna en la manera en

que debemos hablar y en el gr ado de certeza que conferimos a nuestras afirma-

92

¿Es posible el conocimieruo ? El problema del escepticismo

ciones. Wiugenstein pensaba que la única diferencia que introduciría el escepti-cismo, sería que hablaríamos un poco más:

¿En qué se diferenciaría la vida de estas personas de la nuestra? Después

de todo, hay quien dice que es sólo sumamente probable que el agua de

una cazuela puesta al fuego hierva y no se hiele y que, por tanto, lo que

consideramos imposible sólo es, estrictamente hablando, improbable. Pe-

ro, ¿qué diferencia introduce eso en sus vidas? ¿No se trata tan sólo de

que hablan de ciertas cosas un poco más que los demás?"

Pero en realidad, cuando el escepticismo es tan amplio, ni tan siquiera ocu-

rriría eso. Nuestras afirmaciones ordinarias llevan implícita la afirmación de que

sabemos lo que decimos. Buena prueba de ello, es que siempre podemos pregun-

tar a quien nos dice algo: «¿cómo lo sabes?». Y también, que si lo que nos dice es

falso, podemos exigirle exactamente las mismas responsabilidades que si explí-

citamente hubiese dicho que lo sabía. Como en nuestros intercambios Iingüísticos

funciona el supuesto de que si alguien dice algo, debe creer que lo sabe, no deci-

mos a cada momento «Yo sé que ... », ya que, dada esa convención pragmática,

no haríamos más que generar confusión. Sólo afirmamos explícitamente que sa-

bemos cuando queremos recalcarlo; por ejemplo, cuando alguien pone en duda

nuestras palabras o pensamos que puede ponerlas, o cuando queremos insistir en

que no lo ignoramos o en que estamos seguros. Por esa misma razón, cuando no

estamos seguros de algo, utilizamos lo que podíamos denominar expresiones de

salvaguarda, ya que son como una salvaguarda frente a la responsabilidad que

se derivaría del hecho de que lo que digamos sea falso. Son expresiones del tipo:

«creo», «me parece», etcétera. Con ellas indicamos que no estamos seguros de la

verdad de la información que trasmitimos, y que si nuestro interlocutor quiere

saberlo con más certeza, deberá indagar más.

Pues bien, la hipótesis de los cerebros en la cubeta, ni tan siquiera puede

tener la consecuencia pragmática de que, al considerarla, tuviésemos que empe-

zar a hablar con expresiones de salvaguarda en todas las ocasiones. Y la razón es

que, si somos cerebros en una cubeta, entonces, o bien nuestros interlocutores no

existen, o bien también son cerebros en una cubeta. Si no existen, no tiene más

sentido hablar de forma dubitativa, que de forma categórica. Y si existen, están

en el mismo marco de referencia que nosotros y nuestras palabras apuntan a lo

mismo para ellos que para nosotros, con lo que la duda y la certeza también

tendrían que ser internas a ese marco compartido. En consecuencia, si habláse-mos de manera dubitativa estando internamente ciertos, seríamos unos pésimos

colaboradores, ya que haríamos que nuestros interlocutores indagasen innece-

sariamente nuestras afirmaciones. Y si no, cuando se diesen cuenta de que la

manera dubitativa de hablar correspondía a dudas que ninguna indagación puede

solucionar (dudas acerca de si somos cerebros en una cubeta), ya no tendrían en

cuenta nuestras expresiones de salvaguarda, que devendrían una forma de hablar

incómoda e inútil, que acabaríamos abandonando. En caso contrario, estaríamos

6. Wittgenstein, 1969 , § 338.

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imposibilitando la distinción entre certeza interna y duda interna, en favor de una

duda digamos externa, absolutamente insoluble, pero irrelevante.'

En nuestra opinión, tampoco se desprendería consecuencia alguna respec-

to de la justificación de nuestras creencias. Pensamos que las creencias seguirían

estando justificadas, ya que la justificación debe valorarse fundamentalmente en

términos del rigor y la adecuación con que éstas son adquiridas y mantenidas, y

por tanto, cuando no hay nada más que podamos hacer para reafirmarlas, no

sería justo decir que no estamos justificados. Compartimos la opinión de Stewart

Cohen (1984 ), cuando afirma:

[...] parte de lo que implica la hipótesis [del genio maligno] es que nuestraexperiencia es igual que la que tendríamos si nuestros procesos cognitivosfuesen fiables. Así, en la hipótesis del genio maligno, tendríamos las mis-mas razones para mantener nuestras creencias que las que tenemos en elmundo real. Además, dado que efectivamente tenemos razones para creerque nuestros procesos cognitivos son fiables, se sigue que en el mundodel genio maligno tendríamos toda la razón para creer que nuestros proce-sos cognitivos er an de hecho fiables [...] Si tenemos toda la razón paracreer, por ejemplo, que la percepción es unproceso fiable, el merohechode que, sin saberlo nosotros, no fuese fiable, no afectaría a sujustificación[...] La justificación es una noción normativa. Intuitivamente, si la creen-cia de S e s apropiada a laevidencia disponible, S no puede ser considera-

do responsable por circunstancias que están más allá de su alcance.'

6.5 Escepticismo y justificación

¿Es la hipótesis escéptica una hipótesis desdeñable, entonces? Algunos han

dicho que, en la medida en que su verdad no tenga consecuencias en nuestra

vida, en nuestras experiencias y prácticas vitales, no es una verdadera hipótesis.

Como decía William James (1842-1910), citando al químico Oswald. «¿En qué

aspectos variaría el mundo si fuese cierta esta alternativa o la otra?».? También

es cierto que se trata de una posibilidad tan inverosímil, que nadie puede creerla

realmente, que no puede ser una duda psicológica real. Pero nadie ha pretendi-

do que la hipótesis escéptica tenga tales consecuencias. Se trata de un reto teóri-

co que hay que valorar en su justa medida: ni podemos ignorarlo completamente,

7. De hecho, el mismo Wittgenstein dice (1969, § 524): «Podríamos preguntar si en todas lasocasiones en que, por ejemplo, podemos proporcionar una información con seguridad (como, porejemplo, cuando miramos a través de un tubo e informamos sobre los colores que vemos) un hombrediría "Estoy seguro". Si lo hiciera, nuestra primera inclinación sería la de comprobar lo que dice.Pero si se demostrara que e s completamente digno de confianza, diremos que su manera de actuar essólo un poco extravagante, lo que no tiene importancia. Por ejemplo, podríamos suponer que habíaleído a los filósofos escépticos, que estaba convencido de que no puede saberse nada y que, por todoello, hubiera adoptado esa manera de hablar. Una vez que estuviéramos acostumbrados, la prácticano quedaría afectada».

8. Cohen, 1984, pp. 281-282.9. Véase James, 1946.

94

¿Es posible eLconocimiento? El problema del escepticismo

ni debemos dedicarle más energías de las que merece. Hume (1748) decía quelos argumentos escépticos ni provocan convicción, ni admiten refutación; el pro-blema es que nos dejan con la mosca tras la oreja.

En nuestra opinión, no podemos demostrar la falsedad de esa hipótesis, no

podemos conseguir esa certeza lógica, ya que se sitúa más allá de nuestro alcan-

ce -como dice Putnam, se sitúa en el punto de vista del ojo divino. No obstante,

tenemos la poderosa certeza psicológica de que ése no es el caso, y nos resulta

(vitalmente) imposible abandonarla. Como argumentó Hume,'" no podemos pro-

bar racionalmente que nuestras impresiones tengan un correlato externo, pero la

adopción de esa creencia es un compromiso ineludible para nuestra acción y

nuestra supervivencia, es un imperativo de la naturaleza. Para Hume, como para

~~~~cia en la existencia del mundo exterñ~¡g9:'i!!iii~ñtivo,~.ÍQ!.tal, algo que ~ d~me.nte;-7'~j:

(para_Wittgenstein al menos) es el presupuesto lógico de t0995. nuestros razona-

mU;to_s. De esta manera, 'ambos pensaban que intentar argumentar a f avor o en

eontrade tal creencia es ocioso, está fuera de lugar, es no haber comprendido el.asunto.

¿Por qué obsesionarse, entonces, porque no tenemos aquello que no pode-

mos alcanzar? El p roblema radica en que, a diferencia de (cuando menos) la

creencia, la verdad es algo externo a la perspectiva del sujeto. Podríamos decir

que es algo o..ntoiógicO)y.no episternológicó: depende del mundo y no de lo que

creemos acerca"d¿C¡;undo o de la fuerza con que creemos en el mundofl-

llu.e.§.lJl!.pinión, porjanto, otro errorclásico de la epistemología ha sido .querer

hacer-de la-verdad algo interno.al ..sujeto.. «epistemQLQgizada~l~l1-ªºi~ndo de la

<;m~P!.~.l..~.ri~ertQ~t~Ja_yemad.Una vez renunciamos a esta certeza lógica comoparte integrante del conocimiento, éste es de nuevo posible, ya que puede asistir-

le toda la certeza a la que podemos aspirar. Estamos todo lo seguros que pode-

mos estar de la existencia de un mundo físico externo e independiente de noso-

tros; en nuestra vida ordinaria, la hipótesis escéptica no e s sino una especulación

increíble -en un sentido importante, las creencias que tenemos no dependen de

nuestra voluntad, afortunadamente no las elegimos, y parece que la hipótesis

escéptica es a lgo que no podemos creer por mucho que queramos. Y aunque,

como posibilidad lógica que es, merece la atención del filósofo, no merece que le

conceda tanta atención y con tanta intensidad que le impida avanzar.

Un problema grave que plantea el escepticismo, es que pueda hacer pensarque, ya que no sabemos nada con certeza, todas las creencias tienen el mismo

valor epistémico: «Todo vale». Y obviamente eso no es así: aunque su hipótesis

fuese verdadera, es obvio que no todas nuestras creencias disfrutarían del mismo

estatus epistémico. No es lo mismo mantener una creencia de acuerdo con las

evidencias disponibles y después de haber investigado a conciencia, que mante-

nerla de forma aventurada o por mera superstición. El escepticismo puede con-

llevar un reto más interesante, por tanto, cuando se sitúa en el interior de nuestro

10. En la sección XII de la Investigación sobre el entendimiento humano (Hume, 1748).

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sistema conceptual y cuestiona la justificación de nuestros procesos de adquisi-

ción de creencias o la justificación de ciertos tipos de creencia -es decir, cuando

es un escepticismo más local e interno. En nuestra opinión, se trata de un escep-

ticismo menos ambicioso, pero más efectivo, y sobre todo más estimulante para

el quehacer de la teoría del conocimiento. Todos tenemos o podemos tener creen-

cias falsas o débilmente fundamentadas. A veces nos basamos en inferencias o

generalizaciones que no son del todo fiables. Hay quienes mantienen creencias

por razones poco ortodoxas o basadas en métodos desacreditados. Los unos so -

mos escépticos respecto de las creencias y métodos de los otros. Y este escep-ticismo nos impulsa a argumentar y reafirmar nuestras posiciones, o abando-

narlas.

Sabemos que no todas las formas de proceder ofrecen idénticas garantías,

unas ofrecen mayor credibilidad que otras. Una vez el escepticismo deviene in-

terno a nuestro esquema conceptual, el problema de la justificación se muestra

como un problema central, y la tarea normativa de la epistemología adquiere

toda su relevancia. Hay que identificar nuestras prácticas epistémicas, para elu-

cidar su adecuación o falta de adecuación, y legislar para dotarlas de la mayor

fiabilidad posible. Con cierta dosis de escepticismo, debemos afrontar la evalua-

ción de nuestros procesos cognitivos, de los contextos de creencia, etcétera, cali-

brar qué garantías nos ofrecen, qué garantías debemos exigir en función de los

diferentes contextos y pretensiones, y cómo podrían mejorar. El problema de la

justificación se revela entonces, una vez más, como un problema central del que-hacer epistemológico.

TERCERA PARTE

EL PROBLEM A DE lA JUSTIFICACIÓN

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