artigo_gustavo_versaofinal

22
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Gustavo Molina Figueiredo Orientador: Prof. Dr. Luis Tadeu M. Raunheitte. ESTUDO E AUTOMATIZAÇÃO DE MACROPROCESSOS DE UM SISTEMA UNIVERSITÁRIO Resumo Processos de desenvolvimento de software tendem a envolver um grande número de pessoas com tarefas especializadas, equipes multidisciplinares e cronogramas de curto prazo. Gerenciar esses recursos de forma eficiente torna-se uma tarefa quase impossível de ser realizada se o processo não estiver automatizado ou parcialmente automatizado. O objetivo deste trabalho é estudar e posteriormente automatizar alguns macroprocessos do sistema universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie, visando facilitar a execução desses processos, permitindo o acompanhamento e o controle dessa execução. Para isso será utilizada a notação para modelagem de processos de negócio BPMN 2.0 e a ferramenta enactPro. A partir dessa base teórica foram modelados e posteriormente automatizados macroprocessos por meio do software Bizagi Process Modeler 1.3 da Bizagi e a ferramenta enactPro da Microsoft. Palavras-chave: Automatização, Macroprocesso, BPMN. Abstract Software development processes tend to involve large numbers of people with specialized tasks, multidisciplinary teams and short-term schedules. Manage these resources efficiently becomes an almost impossible task to be performed if the process is not automated or partially automated. The objective of this work is to study and in the future automate some macro processes from Presbyterian Mackenzie University, aiming to make the execution of processes easier, enabling monitoring and control of implementation. For process modeling BPMN 2.0 and enactPro tool will be used. From this theoretical basis some macro process were developed and then automated through Bizagi Process Modeler 1.3 software and enactPro Microsoft tool. Key Words: Automation, Macro process, BPMN.

Upload: gustavo-molina

Post on 24-Jan-2017

64 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Artigo_Gustavo_versaofinal

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Gustavo Molina Figueiredo

Orientador: Prof. Dr. Luis Tadeu M. Raunheitte.

ESTUDO E AUTOMATIZAÇÃO DE MACROPROCESSOS DE UM SISTEMA

UNIVERSITÁRIO

Resumo

Processos de desenvolvimento de software tendem a envolver um grande número de

pessoas com tarefas especializadas, equipes multidisciplinares e cronogramas de curto

prazo. Gerenciar esses recursos de forma eficiente torna-se uma tarefa quase impossível de

ser realizada se o processo não estiver automatizado ou parcialmente automatizado. O

objetivo deste trabalho é estudar e posteriormente automatizar alguns macroprocessos do

sistema universitário da Universidade Presbiteriana Mackenzie, visando facilitar a execução

desses processos, permitindo o acompanhamento e o controle dessa execução. Para isso

será utilizada a notação para modelagem de processos de negócio BPMN 2.0 e a

ferramenta enactPro. A partir dessa base teórica foram modelados e posteriormente

automatizados macroprocessos por meio do software Bizagi Process Modeler 1.3 da Bizagi

e a ferramenta enactPro da Microsoft.

Palavras-chave: Automatização, Macroprocesso, BPMN.

Abstract

Software development processes tend to involve large numbers of people with specialized

tasks, multidisciplinary teams and short-term schedules. Manage these resources efficiently

becomes an almost impossible task to be performed if the process is not automated or

partially automated. The objective of this work is to study and in the future automate some

macro processes from Presbyterian Mackenzie University, aiming to make the execution of

processes easier, enabling monitoring and control of implementation. For process modeling

BPMN 2.0 and enactPro tool will be used. From this theoretical basis some macro process

were developed and then automated through Bizagi Process Modeler 1.3 software and

enactPro Microsoft tool.

Key Words: Automation, Macro process, BPMN.

Page 2: Artigo_Gustavo_versaofinal

1. Introdução

Esta pesquisa pretende mostrar que a cada dia que passa as Universidades tem que

focar em sua eficiência e na redução de custos, objetivando atender aos requisitos de

sustentabilidade conforme concepções apresentadas por Kobialka (1998). Para isso,

articula-se o conceito de engenharia de software associada à notação BPMN com o conceito

de automatização de processos (Araújo, 1998). Segundo Berger (2003), a ferramenta de

automatização de processos enactPro da Microsoft fornece um bom dimensionamento de

métodos administrativos visando um melhor controle de processos universitários.

A automatização de processos permite que sejam feitas simulações nos sistemas de

gerenciamento de dados como uma forma de avaliar possíveis problemas, gargalos e

oportunidades para melhoria, uma vez que serve como um meio de ter controle das

atividades executadas durante o projeto (Christie, 1997). A automatização de processos de

software pode garantir que o processo esteja realmente sendo seguido ao fornecer o

acompanhamento, o controle e a execução do processo, permitindo sua gerência de forma

mais eficaz. Os principais benefícios da utilização dessa tecnologia são: monitoração,

orientação na execução, obrigatoriedade de execução e integração de pessoas ao processo

de software, logo, há um esforço menor entre os participantes uma vez que as tarefas são

compartilhadas.

O BPMN (Business Process Modeling Notation) é um padrão para modelagem de

processos. Trata-se de uma técnica especialmente voltada para a definição e documentação

de processos de negócios com padrões de notação bem definidas. A notação BPMN serve

para representar de forma padronizada aspectos lógicos do processo ((OMG), 2011).

Em um processo de software é comum ocorrerem diversas iterações que implicam

na reativação de atividades e seus artefatos associados. Essas iterações devem ser

propagadas nas atividades e artefatos dependentes (Araújo, 1998). Segundo Spínola

(2004), a máquina de processos surge como um mecanismo especializado nessa função, ao

proporcionar o controle de ativação de atividades, verificação de insumos e disponibilidade

de recursos. A figura 1 exibe uma visão geral dos componentes adotados neste trabalho.

Page 3: Artigo_Gustavo_versaofinal

Figura 1 - Arquitetura de componentes enactPro Fonte: Elaborada pelo autor

O gerente de projeto interage com o processo sendo executado ao utilizar o

componente de acompanhamento. Ao mesmo tempo em que pode visualizar o processo sob

diferentes perspectivas, ele também pode alterar os estados das atividades e artefatos. A

cada operação executada pelo gerente de projeto no componente de acompanhamento é

invocado o componente de execução (máquina de processos) que é responsável pelo

controle da execução do processo de software, que se encontra mapeado nos objetos

instanciados (Berger, 2003). Por sua vez, o componente de execução também recebe

estímulos dos objetos instanciados, como o aviso de término de atividades. Segundo Villela

(2004), o componente gerenciador de XML (eXtensible Markup Language) funciona como a

interface de mapeamento entre as tags XML do arquivo contendo a descrição do processo e

os objetos que representam o processo em memória. A definição do processo de software

não está no escopo da ferramenta.

1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral dessa pesquisa é validar a premissa de que a automatização dos

processos já existentes dentro da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), é

importante no contexto de um sistema universitário, uma vez que a automatização permite a

simulação desses processos e com isso é possível tornar – los ainda mais eficientes.

1.1.1 Objetivos Específicos

Para a obtenção do objetivo geral proposto, pode ser desmembrado nos seguintes

objetivos específicos:

Buscar na literatura especializada, informações sobre a gestão por

macroprocessos;

Page 4: Artigo_Gustavo_versaofinal

Definir um pacote de ferramentas adequadas ao objetivo geral do trabalho,

bem como uma correta ordenação de uso;

Mapear alguns processos da Faculdade de Computação e Informática (FCI)

da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Implementar a automatização dos processos simulados com o uso da

ferramenta enactPro da Microsoft.

1.2 METODOLOGIA DA PESQUISA

Embora alguns trabalhos relacionados com o objetivo desta pesquisa tenham sido

encontrados na revisão teórica desenvolvida, não se tem conhecimento de que o problema

apresentado tenha sido tratado da mesma maneira em outros estudos. Desta forma, esta

pesquisa se caracteriza como exploratória.

A metodologia utilizada foi construída através da associação das ferramentas

encontradas na revisão bibliográfica para implantação da gestão por macroprocessos. Tal

ordenação buscou conduzir o raciocínio lógico sobre o funcionamento do sistema

universitário da FCI, partindo da análise dos recursos disponíveis e métodos de trabalho,

suas possibilidades dentro do ambiente acadêmico, bem como seus objetivos, estratégias e

formas de monitoramento de resultados.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho é composto por capítulos conforme segue:

Capítulo 1: Processos - São introduzidos os principais conceitos sobre processos,

começando pela discussão da importância dos processos em sistemas universitários,

seguindo-se pela definição de metamodelo de processos. Ao final do capítulo, são

apresentados os conceitos de gestão por macroprocessos e automatização de processos.

Capítulo 2: Ferramenta enactPro - Descreve o processo de automatização de processos

com a ferramenta enactPro da Microsoft.

Capítulo 3: BPMN - Aborda a notação para modelagem de processos de negócio BPMN e

sua importância para a modelagem.

Em seguida, a modelagem de processos com BPMN é aplicada em alguns

processos da FCI, analisando os modelos obtidos para que os processos possam ser

automatizados.

Page 5: Artigo_Gustavo_versaofinal

2. Referencial Teórico

2.1 PROCESSOS

Processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma uma entrada,

adicionando a esta um valor, e fornece uma saída gerando um produto valorado. Então, em

um processo são conhecidos os passos a serem seguidos, as sequências em que eles

acontecerão, as pessoas (ou perfil) envolvidas em todas as atividades e o produto final a ser

produzido. Segundo Harrington (1991), os processos utilizam os recursos da organização

para oferecer resultados objetivos aos seus clientes.

Um processo é um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica com o

objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de

clientes (Hammer e Champy, 1994).

No contexto da computação, um processo é uma tarefa em execução inserida em um

dispositivo computacional (Christie, 1997).

Segundo Jacobson (2001), um processo de software é o conjunto completo de

atividades necessárias para transformar requisitos de usuários em produtos de software.

Como as organizações geralmente consideram o desenvolvimento de um produto de

software como um projeto, então, um processo pode ser considerado como uma sequência

de passos que um projeto pode seguir para desempenhar alguma tarefa.

Para Berger (2003), um processo de software é um conjunto de atividades e

resultados associados que levam ao desenvolvimento de um produto de software. Ainda,

segundo Berger (2003), o processo de software pode ser definido como um conjunto

coerente de políticas, estruturas organizacionais, tecnologias, procedimentos e produtos de

trabalho que são necessários para compreender, desenvolver e manter um produto de

software.

Segundo Müller (2003), os processos de uma organização são os responsáveis pela

execução dos projetos e estratégias das mesmas, definidos no planejamento estratégico.

Independente da estratégia escolhida para a definição do processo, além da

especificação de suas informações, torna-se necessário também a sua modelagem. Modelar

um processo consiste em representar as informações deste, utilizando alguma linguagem de

modelagem de processos. Uma linguagem de modelagem de processos tem como objetivo

apoiar a representação de diversos conceitos que caracterizam um processo de software

(Berger, 2003).

Page 6: Artigo_Gustavo_versaofinal

Para enxergar e identificar processos das empresas é preciso uma análise que

verifique quais são os processos essenciais (relacionado ao foco da empresa), e quais são

os processos auxiliares, verificando como a empresa realiza sua função desde o primeiro

contato com o cliente até a entrega e avaliação do produto/serviço.

2.1.1 Metamodelo de Processos

Segundo Warmer (2003), processos de software definidos a partir de um

metamodelo geralmente oferecem um alto grau de formalismo e melhor suporte para

consistência, customização e automatização, uma vez que os conceitos que formam a sua

base são explicitamente definidos. Além disso, como metamodelos são normalmente

representados com diagramas de classe da Unified Modeling Language – UML ((OMG),

2003), eles já são capazes de representar restrições através das multiplicidades entre suas

metaclasses, e, ainda, permitem associar restrições mais complexas através da linguagem

natural ou linguagens formais, tais como, Object Constraint language – OCL (Warmer, 2003),

Z (Moura, 2001), Lógica de Primeira Ordem (em inglês First – order logic – FoL) (Smullyan,

1995), entre outras.

De acordo com Smullyan (1995), um metamodelo é um modelo que serve para

modelar outro modelo conceitual, ou seja, é uma forma de descrever como um modelo deve

ser modelado. Dessa forma, um metamodelo também pode ser utilizado para modelar

metadados, assim como, por exemplo, configuração de um software ou metadados dos

requisitos.

No contexto da definição e adaptação dos processos de software os metamodelos

possuem um papel essencial. Segundo Araújo (1998), essa é a maneira de formalizar ideias

e conceitos subjacentes de um processo de software que são importantes para sua

checagem de consistência e, também, para possíveis extensões e/ou modificações do

processo.

De acordo com Müller (2003), um metamodelo torna-se necessário para a definição e

adaptação dos processos de software pelo fato destes processos serem basicamente

formados por conceitos, regras e relacionamentos. Ainda, um metamodelo de processo é

necessário para a definição de regras que garantam a integridade dos processos.

O uso de metamodelos também possibilita o suporte automatizado para os

processos de software, o que é considerado de alta importância devido à quantidade e

complexidade de informações envolvidas em um processo de software.

Existem diversos metamodelos de processo, tais como: Software & Systems Process

Engineering Meta – Model Specification – SPEM 1.1((OMG), 2002), OPEN Process

Page 7: Artigo_Gustavo_versaofinal

Framework – OPF (Firesmith, 2002), entre outros. Segundo a OMG (2002), os principais

elementos de um processo de software são atividades, tarefas, papéis e produtos de

trabalho.

Foi necessária a definição de um meta-modelo de processos que capturasse os

principais conceitos relacionados em um processo de software de sistemas universitários. O

meta-modelo de processos resultante é exibido na Figura 2.

Figura 2 – Modelo de Classes Fonte: Elaborada pelo autor

Nessa meta-modelo, a Máquina de Processo é responsável pelo controle dos

processos de software. Cada processo é composto por atividades. Atividades podem ser

decompostas em subatividades e depender da finalização de pré-atividades. As atividades

de um processo são realizadas por pessoas, que podem desempenhar diferentes papéis.

Cada atividade pode consumir artefatos, gerar um conjunto de artefatos (produtos) e utilizar

ferramentas durante a sua execução.

Page 8: Artigo_Gustavo_versaofinal

2.1.2 Macroprocessos

Macroprocessos são grandes conjuntos de atividades pelos quais a organização

cumpre a sua missão, gerando valor. Correspondem às funções da organização que devem

estar alinhadas aos objetivos de suas unidades organizacionais (Christie, 1997).

Segundo Porter (1985), “toda empresa é uma reunião de atividades que são

executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar o produto”. Todas

estas atividades podem ser representadas, fazendo – se o uso de uma cadeia de valores ''.

A cadeia de valor define, basicamente, a arquitetura dos macroprocessos conforme

os objetivos estratégicos da empresa. Assim ela pode ser dividida nos seguintes

macroprocessos, ilustrados na figura 3.

Figura 3 – Divisão da cadeia de Valor em macroprocessos

Fonte: Elaborado pelo autor

Os macroprocessos de gestão são os macroprocessos que envolvem a estratégia da

empresa, como, por exemplo, o Planejamento Estratégico. Os macroprocessos de negócio

referem – se à atuação da empresa, resultando no produto ou serviço que é recebido por

um cliente externo. Os macroprocessos de apoio são aqueles que dão suporte aos

processos de negócio e de gestão.

Page 9: Artigo_Gustavo_versaofinal

2.1.3 Gestão por Processos

A gestão por processos permite que as organizações funcionem e criem valor através

do estabelecimento de todo o funcionamento da empresa em função de todos os seus

processos. Dessa forma, todo o funcionamento de uma organização passa a ser gerenciado

pelos seus próprios processos.

Kobialka (1998), afirma que “a utilização do termo ''Gestão'' é um fenômeno recente,

o que é surpreendente, e tornando – se comum ao nosso vocabulário profissional somente

em meados de 1990”.

A gestão por processos, segundo Berger (2003) “é mais do que uma ferramenta de

gestão que auxilia na tomada de decisões estratégicas e operacionais da empresa. Na

verdade trata – se de um novo conceito de gestão baseado na melhoria contínua dos

processos críticos e com o foco constante nas necessidades dos clientes”.

Os participantes do processo, que geralmente envolvem diversas áreas, devem

conhecer o processo como um todo, compreendendo como as atividades por eles

executadas contribuem para o alcance do objetivo final.

No contexto de sistemas universitários, a gestão por processos é fundamental uma

vez que para a garantia de uma visão geral da organização, é necessário haver, entre todos

os envolvidos, transparência dos processos e entendimento da sua interação.

A implantação da gestão por processos geralmente segue a lógica da figura 4.

A partir da análise da figura 4, é possível a observação de todas as etapas existentes

na implementação da gestão por processos. O seguimento da ordem visualizada é muito

importante quando se quer conseguir implantar com êxito a gestão por processos, logo que

cada fase precisa receber informações da anterior para ser executada corretamente (Berger,

2003).

Page 10: Artigo_Gustavo_versaofinal

2.1.4 Mapeamento de Processos

Mapear um processo é fazer um desenho inicial, observando como uma sucessão de

atividades é executada. Segundo Smullyan (1995), a coleta das informações pode ser feita

através de entrevistas com os responsáveis pelo processo na organização, visando

identificar todas as atividades executadas pela gerência, seus responsáveis e suas

interações. A organização desses dados coletados é feita em macroprocesso, conforme

ilustra a figura 5.

Figura 5 – Níveis dos processos

Fonte: Elaborado pelo autor

Com a visualização da figura 5, é possível perceber que o macroprocesso é a

representação de todas as etapas que fazem parte do processo, desde suas atividades até

o processo final. Desta forma, o processo passa a ser visto de maneira mais ampla,

abrangendo todas as suas etapas.

Page 11: Artigo_Gustavo_versaofinal

2.1.5 Automatização de Processos

Através da tecnologia de automação dos processos, é possível tornar sua execução

mais ágil e produtiva, otimizando os investimentos em tecnologia da organização e trazendo

para os usuários maior disponibilidade de tempo para gerenciar suas atividades sem se

preocupar com atividades repetitivas de rotina e controle.

Segundo Christie (1997), a automatização de processos de software pode garantir

que o processo esteja realmente sendo seguido ao fornecer o acompanhamento, o controle

e a execução do processo, permitindo sua gerência de forma mais eficaz. Os principais

benefícios da utilização dessa tecnologia são: monitoração, orientação na execução,

obrigatoriedade de execução e integração de pessoas ao processo de software, logo, há um

esforço menor entre os participantes uma vez que as tarefas são compartilhadas.

Como uma forma de avaliar possíveis problemas e oportunidades para melhoria, a

automatização permite simulações no processo de software, uma vez que serve como um

meio de ter controle das atividades executadas durante o projeto.

2.2 A FERRAMENTA ENACTPRO

Quando falamos em automatização de processos, há diversas ferramentas presentes

no mercado, sendo SE Workflow da Soft Expert e Supravizio BPM da Venki as mais

utilizadas. Adotou-se a ferramenta enactPro por ser uma ferramenta da Microsoft, na forma

de uma dll (dynamic-link library). Para a sua implementação é necessária à plataforma

Microsoft Visual C++ 6.0 ou superior. A ferramenta pode ser executada em plataforma

Windows XP ou superior. Para a utilização da enactPro, é necessária apenas a descrição

dos processos armazenada em um arquivo no formato XML. Entretanto, a definição de

processos de software não é requisito da ferramenta.

O objetivo da ferramenta enactPro (Mafra et al., 2004) é prover um conjunto de

facilidades visando automatizar a execução de processos, permitindo o acompanhamento e

o controle dessa execução através da visualização dos elementos do processo sob a

perspectiva de atividades a serem realizadas, de artefatos a serem produzidos e de pessoas

participantes do processo.

Durante a sessão de importação de dados, a descrição dos processos é mapeada

em objetos em memória. Através desse mapeamento, é possível a visualização gráfica dos

elementos contidos nos processos, permitindo assim o controle da execução dos mesmos.

Agindo de forma contrária, o módulo de exportação de dados é o responsável pela geração

Page 12: Artigo_Gustavo_versaofinal

da representação em XML do processo, contendo as informações atualizadas sobre a sua

execução, informadas durante a execução da ferramenta (Mafra et al., 2004). A figura 6

mostra a visualização do processo sob a perspectiva de atividades.

Figura 6 – Visualização do Processo sob Perspectiva de Atividades

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta enactPro

Cada atividade é representada por um pentágono com a porcentagem de conclusão

da atividade expressa em seu interior. Cada pentágono possui uma cor indicando o estado

da atividade. Setas representam o encadeamento das atividades, explicitando as relações

de dependência entre elas. O usuário pode escolher ações como explorar uma atividade

composta, visualizando suas subatividades, ou subir, de uma atividade selecionada para um

elemento do processo imediatamente acima na hierarquia, que pode ser uma superatividade

ou um processo que contenha as atividades exibidas (Mafra, 2004). Esse elemento pai é

representado por um ícone na parte superior da tela. Para cada atividade selecionada são

apresentadas informações relativas a estado, datas estimadas de início e fim, datas efetivas

de início e fim, número de dias executados, descrição da atividade, pessoas alocadas à

atividade, responsabilidades e papéis desempenhados pelas pessoas, artefatos

consumidos, artefatos produzidos e ferramentas utilizadas. Segundo Murta (2006), a

interação entre o usuário e a máquina de processos se dá através da manipulação dos

estados das atividades, que é possível pelas opções do menu Atividade. O usuário pode

Page 13: Artigo_Gustavo_versaofinal

ainda notificar enactPro sobre mudanças no tempo de projeto, através do item Incrementar

Data do menu Máquina de Processos.

Cada vez que essa opção é acionada, as atividades em execução têm seus números

de dias executados incrementados, provocando alterações em suas porcentagens de

execução. Cada operação executada pelo usuário irá corresponder a estímulos provocados

na máquina de processos, que irá responder com ações sobre os objetos que representam

os processos. Essas ações serão descriminadas na guia Log de execução. Cada ação

desempenhada pelo usuário que acarrete mudanças nos estados das atividades e dos

artefatos ou nas datas de conclusão das atividades gera um registro de alteração. Assim, a

máquina de processos mantém um histórico de alterações realizadas sobre os objetos,

permitindo a recuperação desses valores através dos mecanismos de refazer e desfazer,

disponibilizados no menu Máquina de Processo (Kobialka, 2004). O uso em conjunto dessas

facilidades permite que simulações sejam executadas nos processos, facilitando a

identificação de eventuais mudanças que sejam necessárias durante a sua execução. A

Figura 7 ilustra a visualização dos processos de software sob a perspectiva de artefatos

produzidos durante o processo. Cada artefato é exibido como um ícone, que é associado a

um rótulo contendo o nome e o estado do artefato. Cada artefato é representado por uma

cor que indica o seu estado. Além disso, são apresentadas ainda informações relativas à

sua descrição, sua atividade produtora, suas atividades consumidoras e às pessoas

responsáveis pela sua produção. O processo pode ser representado ainda sob a

perspectiva de pessoas participantes. Cada pessoa é representada por um ícone associado

a um rótulo contendo seu nome. Para cada pessoa são apresentadas informações indicando

seu nome, e-mail, número de dias trabalhados e período de alocação no processo. Além

disso, são apresentadas informações relativas às atividades para as quais a pessoa está

alocada, indicando sua responsabilidade e papel desempenhado e os artefatos sob sua

responsabilidade.

Page 14: Artigo_Gustavo_versaofinal

Figura 7 – Visualização do Processo sob Perspectiva de Artefatos Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta enactPro

2.3 BPMN

O Business Process Modeling Notation (BPMN) é uma notação proposta pela

Business Process Management Initiative, desenvolvida inicialmente em 2004, com o

objetivo de criar padrões e uma arquitetura universal para a gestão dos processos de

negócio, desde os analistas que criam o modelo inicial, aos técnicos que o desenvolvem,

aos responsáveis pela implementação e finalmente, para que seja compreendido pelas

pessoas do negócio, que terão de gerir e monitorizar esses processos, combatendo desse

modo, a lacuna existente entre a modelação de processos e sua implementação (White,

2004).

Pode caracterizar-se a notação BPMN, como sendo uma notação baseada em

diagramas de fluxos para a definição de processos de negócio, que resulta do acordo entre

vários fornecedores de ferramentas de modelação, que inicialmente tinham as suas próprias

notações, e que as converteram numa única, para benefício do utilizador final. A BPMN

permite gerar processos de negócios, através de modelações efetuadas, tendo por base

mecanismos concebidos para essa finalidade ((OMG), 2011).

Page 15: Artigo_Gustavo_versaofinal

O BPMN não é a única notação utilizada para modelação de processos, mas tem

como principal vantagem a fácil compreensão de seus modelos por todos os atores

envolvidos no processo de desenvolvimento de um sistema.

2.3.1 Modelagem de processos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

A FCI (faculdade de computação e informática) é uma das oito unidades

universitárias presentes na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) que possui em sua

coordenadoria de curso diversos macroprocessos

Para atingir o objetivo proposto por essa pesquisa, gostaria de agradecer ao

coordenador do curso de Sistemas de Informação, o professor Doutor Fábio Silva Lopes,

por sua colaboração, descrevendo como funcionam os principais processos dentro da FCI e

fornecendo alguns arquivos bpm (Bizagi Diagram Model), possibilitando a modelagem por

meio da notação BPMN no software Bizagi Modeler de alguns macroprocessos aqui

apresentados.

Cada macroprocesso pode ser decomposto em processos menores, onde é possível

visualizar o funcionamento de cada um. A figura 8 ilustra todos os macroprocessos

presentes na coordenadoria de curso da FCI.

Page 16: Artigo_Gustavo_versaofinal

Figura 8 - Macroprocessos da Coordenadoria do curso FCI da UPM Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler.

2.3.2 Projeto Enade

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) avalia o rendimento dos

alunos dos cursos de graduação, ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos

programáticos dos cursos em que estão matriculados. O exame é obrigatório para os alunos

selecionados e condição indispensável para a emissão do histórico escolar. A primeira

aplicação ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área

do conhecimento.

Page 17: Artigo_Gustavo_versaofinal

Dada à suma importância desse exame, a FCI elaborou um macroprocesso

denominado Projeto Enade, representado pela figura 9, que é composto por três processos

(etapa 1, etapa 2 e etapa 3). Na etapa 1, ilustrada pela figura 10, é feito um relatório sobre a

análise da última prova do Enade, apontando resultados e planos de ação. Na etapa

2,ilustrada pela figura 11, é feito um relatório analisando o resultado da prova e apontando

as áreas de sucesso e as áreas que necessitam de ações especificas e planos de ação. Na

etapa 3, ilustrada pela figura 12, é preparado um relatório gerencial do processo de

sensibilização para a execução da prova.

Figura 9 - Macroprocesso do Projeto Enade

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler.

Figura 10 - Processo da Etapa I Enade

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler.

Durante a etapa I, todas as provas anteriores do Enade são analisadas. Logo após a

análise, é elaborado um relatório contendo uma análise sobre a útima prova aplicada e com

os resultados em mãos, é elaborado um plano de ação.

Page 18: Artigo_Gustavo_versaofinal

Figura 11 - Processo Etapa II Enade

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler.

Durante a etapa II, o relatório detalhado, que foi gerado na etapa I, é analisado. Há um

foco nas áreas que necessitam de ações específicas e um novo plano de ação é elaborado.

Figura 12 - Processo Etapa III Enade

Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler.

A etapa III, última etapa deste macroprocesso, é responsável pela preparação do

relatório de processos de sensibilização para a execução da prova.

A automatização do macroprocesso Projeto Enade com a ferramenta enactPro,

garantirá que sua execução se torne mais ágil, produtiva, eficiente e eficaz. Com isso torna-

Page 19: Artigo_Gustavo_versaofinal

se possível a simulação do processo, permitindo a avaliação de possíveis problemas e

gargalos, criando oportunidades para sua melhoria e facilitando a monitoração.

2.3.3 Processo Calendário de Prova

O processo do calendário de prova da FCI funciona da seguinte forma: os

calendários acadêmicos e de eventos da unidade acadêmica são recebidos e analisados.

Posteriormente é montada uma versão de calendário que é encaminhada para os

professores analisarem. Caso existam erros os mesmos são corrigidos e é lançada uma

nova versão. Caso contrário é publicado uma versão final do calendário para os alunos no

moodle.

Após a publicação no moodle é feita uma nova verificação para checar a existência

de possíveis erratas e corrigir as erratas encontradas. As erratas são publicadas no moodle.

As datas são encaminhadas para o DTI para publicação no TIA. Todos os processos

descritos acima estão ilustrados na figura 13.

Figura 13 – Processos calendário de prova Fonte: Elaborado pelo autor utilizando a ferramenta Bizagi Modeler

Através da modelagem do macroprocesso Calendário de Prova, constatou-se que o

mesmo apresenta muitos processos inter-relacionados e interdependentes. Com a sua

Page 20: Artigo_Gustavo_versaofinal

automatização será possível identificar possíveis gargalos, melhorar o seu desempenho, e

torna-lo ainda mais eficiente.

3 Conclusão

Dada às exigências que as organizações enfrentam atualmente, é importante que

recorram a métodos ou metodologias, que tornem a sua adaptação possível.

Umas das metodologias que veio facilitar essa adaptação foi o BPM (Bussiness

Process Management), através da modelação e otimização dos processos das

organizações. Apesar, de a modelação de processos ser um processo abstrato da realidade,

devido a variabilidade dos seus processos, não deixa de ser um ótimo ponto de partida.

A instituição de ensino deve estar ciente que não vai obter modelos perfeitos através

da modelação, mas deve estar recíproca à mudança, reconhecendo que atingindo a

eficiência e a eficácia é possível obter melhores resultados.

O presente trabalho foi proposto, por se considerar que a Divisão Acadêmica da

Faculdade de Computação e Informática (FCI) da Universidade Presbiteriana Mackenzie

(UPM) não executa de forma rápida e eficiente os pedidos diários dos alunos.

Dado o elevado número de estudantes matriculados, e de modo a satisfazer as

necessidades dos alunos, o mais rápido possível, torna – se essencial para a FCI que as

funções desempenhadas sejam realizadas de forma eficiente.

O objetivo concreto deste trabalho consistia na modelação de alguns

macroprocessos presentes na FCI, e através da análise dos mesmos, propor melhorias para

futuramente redesenhar esses processos e posteriormente automatizá-los, de acordo com

as melhorias sugeridas.

Com a realização deste trabalho, comprova-se que a modelação de processos é uma

ferramenta extremamente útil para a esquematização dos processos, uma vez que permite

compreender de forma clara, os processos, diariamente, realizados pela FCI.

Como principais contribuições deste trabalho, são ressaltados:

A simplicidade de uso da ferramenta enactPro, que requer apenas a

descrição de um processo de software como configuração inicial;

O mecanismo de reversibilidade, possibilitando a simulação dos processos

de uma maneira simples e eficiente;

Page 21: Artigo_Gustavo_versaofinal

Diferentes formas de visualização dos processos, permitindo a visualização

dos mesmos sob a perspectiva de atividades a serem realizadas, de artefatos produzidos e

de pessoas participantes;

Interação com a execução do processo modelado, permitindo a manipulação

do estado das atividades e dos artefatos envolvidos, propagando essas alterações nos

elementos dependentes.

A facilidade de modelar processos existentes com a notação BPMN,

gerando modelos de fácil compreensão para os usuários.

Importante ressaltar que o resultado do emprego da metodologia está diretamente

relacionado à qualidade das análises realizadas. Outro aspecto a ser ressaltado é a

necessidade de constante revisão / atualização / automatização do sistema de gestão por

macroprocessos.

A adoção de planos de ação com definição de responsabilidades e prazos para

automatização dos processos pode ser uma ferramenta complementar ao método.

Referências

ARAÚJO, M., 1998, “Automatização do Processo de Desenvolvimento de Software nos

Ambientes Instanciados pela Estação TABA”. Dissertação de M. Sc., PESC, COPPE/UFRJ,

Rio de Janeiro, Brasil.

BERGER, P., 2003, “Instanciação de Processos de Software em Ambientes Configurados na

Estação Taba”, Dissertação de M. Sc., PESC, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

ESE, Grupo de Engenharia de Software Experimental, PESC, COPPE/UFRJ In:

http://www.cos.ufrj.br/~ese, acessado em 20/05/2014.

FIRESMITH, D., 2002, “The OPEN Process Framework – An Introduction”. Addison –

Wesley: Harlow, 272p.

HAMMER, M.; CHAMPY, J. Reengenharia: revolucionando a empresa em função dos

clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Rio de Janeiro: Campus,

1994.

HARRINGTON, H. J., 1991, “Business Process Improvement”. McGraw – Hill.

Page 22: Artigo_Gustavo_versaofinal

KOBIALKA, H., 1998, “Implementing Support for Software Processes in a Process-centered

Software Engineering Environment”. Doctoral Thesis, Fraunhofer Institut Autonome

Intelligente Systeme, Germany.

MAFRA, S. N., 2004, “Infraestrutura para Automatização de Processos de Software”.

Monografia de Projeto Final de Curso, DCC/IM, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

MAFRA, S. N; BARROS, M.O; TRAVASSOS, G.H., 2004, “enactPro: Automatizando

Processos de Software”, In: 18 SBES – Sessão de ferramentas, Brasília. Anais dos 18 SBES

– Sessão de ferramentas. Porto Alegre: SBC.

MOURA, A. V., “Especificações em Z: Uma Introdução”. Editora da UNICAMP, 2001, 306p.

MURTA, L. G. P., 2002, “Charon: Uma Máquina de Processos Extensível Baseada em

Agentes Inteligentes”. Dissertação de M. Sc., PESC, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,

Brasil.

OMG (2002, Novembro) “Software & Systems Process Engineering Metamodel Specification

1.1”. Capturado em: http://www.omg.org/cgi-bin/doc?formal/02-11-2014

OMG (2003, Setembro) “Unified Modeling language specification v1.5”. Capturado em:

http://www.omg.org/cgi-bin/docs/formal/03-03-01.pdf

OMG. (2011, Janeiro). Business Process Model and Notation (BPMN) (version 2.0).

Retrieved from OMG – Object Management Group: http://www.omg.org/spec/BPMN/2.0

SMULLYAN, R. M; “First – Order Logic”. Dover Publications, Inc. New York, 1995, 157 p.

SPÍNOLA, R., 2004, “Uma Infraestrutura para Integração de Ferramentas CASE Baseada

em XML, Esquemas e Ontologias”. Dissertação de M. Sc., PESC, COPPE/UFRJ, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil.

VILLELA, K., 2004, “Ambientes de Desenvolvimento de Software Orientados à

Organização”. Tese de D.Sc., PESC, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

WHITE, S., 2004, “Introduction to BPMN”. IBM Corporation.