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DO HGSA Revista de Actualidade Hospitalar ARQUIVOS Hospital Geral de Santo António,E.P.E.

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Page 1: Arquivos do HGSA

DO HGSA

Revista de Actualidade Hospitalar

ARQUIVOSHospi ta l Gera l de Santo António ,E .P.E .

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Director

Editor

Conselho Redactorial

_Direcção e Redacção

_Secretariado e Artes Gráficas

_Execução Gráfica

_Editores Adjuntos

Prof. Doutor Martins da Silva

Dr. Moreira da Costa

Dr. Alfredo Martins

Dr. José Carlos Oliveira

Dra. Maria Dores Pombinho

Largo Professor Abel Salazar, 4099-001 Porto

Gabinete de Relações Públicas do HGSA

Mota & Ferreira, Lda

Prof. Doutora Margarida Lima

Dr. António Canha

Revista de Actualidade HospitalarHospital Geral de Santo António

ARQUIVOSDO HGSA

_Assinatura Anual _Número avulso:10 euros 5 euros

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Os trabalhos a enviar aos Arquivos do Hospital Geral SantoAntónio devem obedecer às seguintes normas:

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1)

2)

3)

4)

5)

a)

6)

Inserirem-se no contexto do projecto editorial definido,procurando que os respectivos artigos traduzam aexperiência prática de áreas, sectores e serviços do Hospital

Serem originais, não publicados nem a aguardarpublicação em qualquer outra revista, embora possam tersido objecto de comunicações orais em reuniões científicas,situação que deverá ser obrigatoriamente mencionada.

Serem acompanhados de declaração idêntica à que seanexa no final, assinada por todos os autores, dirigida aoDirector dos Arquivos do Hospital Geral de Santo António.

Todos os elementos do trabalho incluindo a iconografiadevem ser enviados em triplicado, correspondendo a cadaum dos items seguintes uma nova página pela ordemseguinte:

Titulo do artigo

Nome (s) do (s) autor (es) com os correspondentesgraus académicos ou profissionais e locais detrabalho.

Endereço do autor responsáve l pe lacorrespondência.

Resumo em Português e Inglês bem como asrespectivas palavras-chave.

Texto dactilografado a dois espaços, com tipode letra comum, sem utilização de itálicos, commargens de 3cm em folhas A4, devidamentenumeradas. No caso de a sua elaboração serfeita em computador o envio da respectivadisquete com a indicação do programa utilizadofacilitará a composição da revista. A suaestruturação, se considerada apropriada para oartigo em questão deverá orientar-se da seguintemaneira:

IntroduçãoMaterial e MétodosResultadosConclusões

Referências bibliográficas dactilografadas adois espaços e numeradas segundo a ordem deaparecimento no texto, atribuindo às referênciasrepetidas, o numero inicial . Os nomes dosautores, revistas, jornais ou livros deverão serapresentados de forma abreviada tal comoaparecem no “Índex Medicus”.

b)

c)

d)

7)

8)

Processo de avaliação e revisão do artigo:

Os artigos poderão ser:

Separatas:

Ilustrações (desenhos, fotografias, gráficos) e respectivas legendasdevem ser de boa qualidade:- No caso dos desenhos, preferencialmentea tinta-da-china

- As fotografias com bom contraste- Os gráficos de qualidade profissional, impressos em laser,fotografados ou em disquete (neste último caso com a indicação dorespectivo programa utilizado)- As legendas respectivas, devem ser:- Numeradas em algarismos árabes pela ordem em que aparecemno texto, dactilografadas a dois espaços, em folhas separadasnumeradas em sequência, após a ultima página das referênciasbibliográficas.- O mais concisas possível, com as respectivas abreviaturasutilizadas explicitadas por ordem alfabética e referenciadasobrigatoriamente no texto.

Quadros: cada um constará numa folha separada, devem serdactilografados a duplo espaço,numerados em algarismos romanoscom a respectiva legenda no topo, com criação obrigatória no texto ereferência ao local preferencial da sua colocação. A parte inferior seráreservada para a explicitação das abreviaturas utilizadas.

- Após a entrada na redacção todos os artigos serão analisados pelodirector e conselho redactorial que decidirão a quem enviar o texto pararevisão.- Aos revisores (pelo menos 2) a quem será pedida confidencialidade,caberá a tarefa de apreciar o seu conteúdo e a importância da suapublicação.

Aceites sem modificação- Aceites após correcções ou modificações sugeridas pelos Revisores e /ou- Conselho Redactorial e aceites pelo ou pelos autores.- Recusados- Terão a indicação das respectivas datas de data de pedido e aceitaçãode publicação.As opiniões expressas nos artigos serão da inteira responsabilidade dosautores.

serão fornecidos gratuitamente ao autor ou colectivo deautores, quinze exemplares e enviados para o respectivo endereço decorrespondência.

O (s) abaixo assinado (s), autor (es) do manuscrito que se anexa, com otítulo, solicita (m) a sua publicaçãonos Arquivos do HGSA e desde já declaram que a autorizam.Declara (m) ainda que o presente manuscrito é original, não foi objectode publicação e cede (m) a inteira propriedade aos Arquivos do HospitalGeral de Santo António, ficando a sua reprodução no todo ou em parte,dependente da prévia autorização dos editores.

Declaração

____________________________

PUBLICAÇÃONORMAS DE

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Conselho CientíficoAbílio Ferreira

A. Martins da Silva

Filinto Marcelo

Cecília Almeida e Sousa

Alice Lopes

Amaral Bernardo

António Cabrita

António Carneiro

António Fonseca Oliveira

António Freitas

António Guimarães

António Manuel Pereira Ribeiro

António Marques

António Viana Pinheiro

Bastos Lima

Fátima Borges

Cândida Torres

Carlos Nogueira

Conceição Cerqueira

Obstetrícia

Neurologia

Urologia

Otorrinolaringologia

Psiquiatria

Medicina Interna

Nefrologia

Medicina Interna

Ortopedia

Cirurgia

Neuropatologia

Radiologia

Anestesiologia

Neurofisiologia

Neurologia

Endocrinologia

Hematologia Laboratorial/Patologia Clínica

Cirurgia

Estomatologia

Jorge Coutinho

Isabel Aragão Fesch

Eduardo Alves

Ernesto Carvalho

Eugénia Miranda Santos

Fernando Rua

Franklin Marques

António Barroso

Humberto Machado

Mª Rosa Gradim

João Abel L. M. Xavier

Jorge Areias

Jorge Brochado

Jorge Seca

José Amorim

José António Mergulhão Mendonça

José Carlos Oliveira

Hematologia

Anestesiologia

Enfermagem Médico-Cirúrgica

Neurocirurgia

Imunopatologia/Patologia Clínica

Pneumologia

Medicina Interna

Clínica Geral

Anestesiologia

Medicina Nuclear

Neurorradiologia

Gastrenterologia

Ciências Farmacêuticas

Cirurgia Ambulatória

Microbiologia/Patologia Clínica

Cirurgia Vascular

Patologia Clínica/Química Clínica

João Castro e Melo

João J. Lopes Gomes

Luís Alvim Serra

Luís de Castro

Manuel Barca

Manuel Teixeira

Manuela Selores

Margarida Amil

Margarida Medina

Maria de Lurdes Palhau

Nelson Rocha

Octávio Cunha

Pinto Ribeiro

Romeu Cruz

Serafim Guimarães

Isabel Calhim

Vítor Ribeiro

Imunopatologia/Patologia Clínica

Cardiologia

Ortopedia

Ginecologia

Oftalmologia

Cirurgia Geral

Dermatologia

Imunohemoterapia

Pediatria

Fisiatria

Medicina Interna

Pediatria

Hematologia Clínica

Neurofisiologia

Ginecologia

Anatomia Patológica

Cirurgia

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Í N D I C E

Í N D I C E

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Coluna do Director

Editorial

Artigos Científicos

Notícias e Artigos de Opinião

“Hérnia Spigel” (Paulo Soares; António Canha; Moreira da Costa; António Freitas)

As Especialidades no HGSA (Luís de Carvalho)

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O Hospital, de Santo António, presta, por estes tempos,homenagem a Corino de Andrade, pelo seu centenário.

Quase estando entre nós, Corino é retratado pelosassuntos desenvolvidos neste número dos Arquivos.Corino de Andrade foi, e não parecendo para quem oconhecia, um académico que criticava a academia. “Aeducação livresca, meramente informativa, gerapedantes da cultura, incapazes de enfrentarem o casoconcreto, o caso vivido” . Foi também o médicoperspicaz que encontrou nos diversos diagnósticos atéentão evocados uma doença neurológica diferente hojemundialmente conhecida por neuropatia amiloidóticafamiliar, variante de Andrade, ou Doença de Andrade.Foi a investigação clínica pela qual sempre pugnou. “Éna investigação, na vivência dos problemas que seformam os homens capazes de resolverem os problemasque surgem...”. “A investigação tem ainda uma funçãopedagógica. Fazer observar, reflectir sobre os dados daobservação, formular hipóteses de trabalho baseadassobre esses dados, subir às generalizações maisabstractas..., todo esse caminho árduo e fecundo oinvestigador tem de percorrer...” . Foi ainda o médicoque promoveu a formação em exercício, de médicos e deoutros profissionais da saúde, os internatos médicos, osestágios, o “vá aprender com fulano que o pode ajudar aolhar tudo isto de outro modo...” bem como oconhecimento das novidades que ocorriam vindo dasquatro partidas do mundo. Corino foi ainda o esteio emque se apoiou o Provedor da Misericórdia quando o“Sto. António” vacilou depois da saída da Faculdade deMedicina. Foi o interesse maior da sobrevivência dainstituição que juntou dois homens para quem oHospital merecia, como mereceu, que se empenhassemesforçadamente. Mesmo se entre ambos haviamconceitos diferentes para o desenvolvimento dasociedade. Mas a instituição respondeu. Primeiroorganizando os internatos. Quem se poderá esquecerque foi também no Sto. António onde se discutiu commais afinco as carreiras médicas? Quem não sabe quedesde o início o movimento pelas carreiras, pelointernato, e que culminou com o famoso relatório teveno Hospital um dos seus berços. Esse Relatóriopugnava para que nos hospitais o trabalho passasse a sero normal e regular modo de atender e tratar os doentes

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nos hospitais. Quem não se lembra que dois dos setesignatários deste documento eram do Hospital de Sto.António? Mais tarde, no final dos anos 70, voltou aoHospital o Ensino Médico, pela parceria com o ICBAS.O Hospital passava, de novo, a marcar a sua presençacom Hospital de Ensino Universitário. Uma vez mais a“marca” do trabalho de Corino de Andrade voltava aaparecer. Estruturou e desenvolveu a “Escola Médica doICBAS/HGSA, em conjunto com outros profissionaisdeste Hospital e em conjunto com a Universidade doPorto.

Nos tempos que correm volta a ser necessário oHospital marcar presença na formação. Ligada à práticae ligada à Universidade. Os novos internatos, compossibilidade de realização de curriculum académicopara obtenção de grau de doutor, aproximam-se. Comeles, espera-se, a oportunidade, que se deseja, doHospital conseguir provar que é mesmo Universitário,“olhando” para a formação como “opção estratégica”.

Por tudo isso esperamos que o desenvolvimento doensino médico e das ciências da saúde em geral sejaencarado como uma nova oportunidade para o Hospitalmudar, modernizando-se. Assim, equacionadas asnecessidades é tempo de se avançar para a mudança. Sóassim poderemos responder aos novos desafios que são,hoje como ontem, uma “peleja contra as causas dadoença, o combate ao sofrimento, a recuperação tãocompleta quanto possível do valor social do homemdoente” . “Ontem” dizia-se assim. Hoje procura-sedizer o mesmo usando os conceitos de convalescença ede cuidados continuados. Corino, uma vez mais, não sóse antecipou, como deu sequência a esses conceitos,então como agora, determinantes de melhor recuperaçãoe máximo bem-estar.

A Martins da SilvaJunho 2006

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In: A Investigação Científica ao serviço da Saúde. Corino de Andrade.Palestra lida em 10 de Junho de 1944 aos microfones da RádioLusitânia.idemIn: Relatório sobre as Carreiras Médicas, Ordem dos Médicos, 1961

4idem,como 1,2,3

P r o f . D o u t o r M a r t i n s d a S i l v a

COLUNA DO DIRECTOR

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O comportamentode todos os profissionais do

HGSA terá forçosamente dereflectir a mudança de estatuto. Esta

casa sempre esteve ligada ao ensino, pré epós graduado. Sempre foi um local deformação e informação. De todos se

espera um empenhamento sério ehonesto no sentido de manter

esta tradição.

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EDITORIALD r . M o r e i r a d a C o s t a

EDITORIAL

Um dos objectivos assumidos pela Administração doHospital Geral de Santo António para o Ano de 2006 é aaquisição do estatuto de Hospital Universitário.Não será um mero pró-forma ou mais uma via deaquisição de vantagens materiais e mais valiasorganizacionais.

Trata-se de um verdadeiro esforço no sentido de dotar aCidade do Porto e o Norte do País em geral de mais uminstrumento de qualificação profissional e académica.Este empenhamento terá que ter a correspondenteadesão de quem aqui trabalha: os níveis de exigência eexcelência a atingir serão progressivamente maiores; aresponsabilidade perante a sociedade civil será acrescida.Uma instituição plurissecular, referência obrigatóriadesta região, adquirirá um peso progressivamente maiorna nossa organização e tecido sociais.

O comportamento de todos os profissionais do HGSAterá forçosamente de reflectir a mudança de estatuto.Esta casa sempre esteve ligada ao ensino, pré e pósgraduado. Sempre foi um local de formação einformação. De todos se espera um empenhamento sérioe honesto no sentido de manter esta tradição.

A s r e spon s ab i l i d ad e s p a s s a r ão po r umaprogressivamente maior componente de licenciados comgraus académicos, com uma qualificação profissional eacadémica progressivamente mais exigente. Desta formaestaremos, a todos os níveis, a responder ao apelo quenos é lançado pelos crescentemente complexos desafiosque nos são colocados pelo século XXI.

O HGSA como Hospital Universitário será certamenteuma realidade complexa e eivada de dificuldades. Serátambém uma realidade exigente e intransigente quantosaos seus objectivos. A nós cabe dar a resposta adequada.

(Moreira da Costa)

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Hérnia Spigel

Paulo SoaresAntónio CanhaMoreira da CostaAntónio Freitas

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Autores:

Paulo Soares*, António Canha* , Moreira da Costa**, António Freitas**** Assistente Hospitalar de Cirurgia; ** Assistente Hospitalar Graduado; *** Director de Serviço

Resumo

Os autores apresentam uma revisão da literaturaactual referente ao tema - Hérnia de Spigel -. Apropósito do caso clínico de um indivíduo dosexo feminino, obesa, que recorreu ao Serviço deUrgência do Hospital Geral de Santo António(HGSA) por agudização de dor abdominalintermitente. Foi diagnosticada, clínica eimagiológicamente, uma hérnia da linhasemilunar de Spigel com conteúdo intestinal nosaco herniário, tendo-se procedido à correcçãodo defeito parietal com técnica tecidular.A propósito desta entidade nosológicaextremamente rara (0,1 a 0,2 % de prevalência) éfeita uma revisão da literatura da especialidade,visando aspectos do diagnóstico e das opçõesterapêuticas mais actualizadas.

Hérnia Spigel, Linha semilunar

Palavras chave

Abstract:

Key words:

The authors present a speciality literaturereview, based on the occurrence of a caseof Spigelian hernia. The case concerns anelderly, obese, female patient whopresented at A & E Department of HGSAwith acute abdominal pain in a previoussetting of recurrent abdominal crampsassociated with a lump in the anteriorabdominal wall. A spigelian hernia wasdiagnosed, clinically and by the use ofimaging methods.A review of the most recent medicalliterature about this extremely rare entity(0,1% 0,2 % prevalence) is presented,dealing with diagnostic methods and thebest therapeutic options available.

Spigel hernia, Semilunar line

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Introdução:

A hérnia de Spigel é uma raridade. Encontra-selocalizada ao longo da linha semilunar - linhade Spigel - herniando através da aponevrose domúsculo transverso abdominal (fáscia deSpigel) junto à linha arqueada. A maioria destashérnias encontram-se numa área entre os 0 a os6 centímetros acima duma linha imaginária queune as espinhas ilíacas antero-superioresdesignada por “cinta de Spigel”.A anamnese, mas fundamentalmente o examefísico, são elementos importantes aodiagnóstico clínico, podendo inclusivé odoente apresentar-se com um quadroabdominal agudo oclusivo ou uma complicaçãointestinal. Os exames imagiológicos, emespecial a Ecografia (Eco) e a Tomografia AxialComputorizada (TAC), prestam umcontributo valioso ao diagnóstico e àlocalização topográfica da hérnia e do seu coloherniário. Feito o seu diagnóstico existesempre indicação para correcção cirúrgicadevendo, sempre que possível, optar-se portécnicas protésicas ou tecidulares “sem tensão”que apresentam menor taxa de recidivas.

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Caso Clínico

Mulher de 72 anos, obesa, que recorre ao serviço de urgência por agudização de dor abdominal natransição dos quadrantes direitos, associada a cólica intermitente mas de localização constante. Àinspecção não era observável qualquer alteração, mas a palpação abdominal revelou uma tumefaçãosem impulso à tosse e irredutível na transição dos quadrantes direitos, de aproximadamente 6 cmde diâmetro, com dor expontânea e agravando com a contracção dos músculos abdominais.A radiografia abdominal revelou uma ansa de delgado distendida adjacente à transição dosquadrantes direitos mas sem níveis hídroaereos associados. A ecografia abdominal demonstrou apresença de conteúdo intestinal a nível da parede abdominal embora sem evidenciar um defeitoparietal (figura 1), o qual era patente na TAC, que confirmou o diagnóstico de hérnia de Spigel(figura 2).

Pelo agravamento das queixas álgicas, a leucocitose e o envolvimento de ansas foi propostaintervenção cirúrgica de urgência.Por incisão longitudinal paramediana sobre a tumefação, identificou-se o saco herniário e, isoladoo seu colo, procedeu-se á sua abertura constatando-se a presença de epiplon e um segmento de ansade delgado viável. O defeito parietal com cerca de 3 centímetros foi corrigido por técnica tecidular.

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Figura 1: Ecografia abdominal Figura 2: TAC abdominal defeito parietal e conteúdo herniário

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Discussão

Adriaan van den Spigel (1578-1625) foio primeiro anatomista a descrever a linhasemilunar de ou de Spiegel (1),correspondendo a uma linha convexainterna e lateralmente que se estende dosarcos costais ao púbis e marca a transiçãodo músculo transverso abdominal e suaaponevrose.Só em 1742 foi descrita uma rupturadesta linha por Henry-Francois Le Drane em 1764 Josef K. Klinkosch descreveu aprimeira hérnia (1).

A fascia de Spigel corresponde a porçãoaponevrótica que se estende desde estalinha descrita até à sua inserção no bordolateral do recto abdominal onde se fundecom o folheto posterior deste músculo(2).

A hérnia de Spigel é definida como umaprotusão de gordura pré-peritoneal ousaco herniário peritoneal através de umdefeito congénito ou fraqueza na fasciade Spigel . (3,4) Encontram-sesobretudo abaixo do nível dos vasosepigástricos inferiores, numa áreadesignada por “cinta de Spigel”,localizada entre os 0 e os 6 centímetrosacima de uma linha recta entre asespínhas íliacas antero-superiores (ondea fascia é mais larga), e maisf r equen t emen t e onde a l i nh asemicircular de Douglas intersecta alinha semiluar (ou de Spigel),ligeiramente abaixo do nível umbilical(2,4,5). No nível superior ao umbigo, asfibras dos músculos transversoabdominal e interno oblíquo cruzam-se,

tornando a herniação difícil.

É uma hérnia ventral rara (2,6) com umaprevalência de 0,1 a 0,2 % (7),ligeiramente mais frequente na mulher(1,4:1), á direita (1,6:1), na 5ª-6ª décadae em indivíduos bem constituídos.(8).

Habitualmente o doente refere umaligeira dor localizada ao local da hérnia,agravada por qualquer movimento queaumente a pressão intrabdominal. (1)Mais tardiamente a dor fica constante e,especialmente se existir um colo estreito,pode determinar um quadro oclusivoc o m e n c a r c e r a m e n t o e / o uestrangulamento de ansas (9,10),associado a hérnia de Richter ou mesmo acasos de fistulas enterocutâneas.

O exame clínico é fundamental aodiagnóstico (6). Em função do biótipodo doente, a palpação deste tipo dehérnias pode ser difícil consoante o seutamanho, o plano tecidular em que sed e s e n v o l v e ( i n t e r p a r i e t a l o usubcutâneo) e a direcção em que ocorre adissecção tecidular.

Na maioria é perceptível uma tumefacçãomole e redutível, lateralmente aomusculo recto abdominal e ligeiramentea b a i x o d o n í v e l u m b i l i c a l ,correspondendo a uma hérnia parietal nalinha de Spigel, associada a dor àpalpação. (4,8) Quando reduzida amassa pode ser perceptível o defeitoparietal. (1).

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Os seus diagnósticos diferenciaisincluem lipoma, abcesso parietal, tumordesmoide e de tecidos moles e tambémquadros abdominais agudos comoapendicite, diverticulite ou doença deCrohn (11,12).mbora também seja considerado a

herniação por orifício de drenagemabdominal cujo trajecto tenha ocorridopela fascia Spigel (13,14), deverá serdiferenciado de hérnia incisionalconsequente a intervenção cirúrgicaocorrida na área anatómica.

O exame físico constitui ainda a melhorforma diagnóstica da hérnia e das suaspotenciais complicações associadas(4,7), mas os meios de imagemcontribuem de modo importanteauxiliando nos diagnósticos diferenciais.

a) a radiografia abdominal é importantesobretudo nos casos de dor aguda paraexcluir obstrução intestinal, emborah a j a e s t u d o s c o n t r a s t a d o sdemonstrando este tipo de hérnias(15,16)

b) a ecografia abdominal, como meio nãoinvasivo e de fácil execução, é o exame deprimeira linha na suspeita clínica.Permite, desde fases precoces, aobservação do defeito aponevrótico, daprotusão herniária, e a topografiaparietal: interparietal ou subcutânea(2,6,17)

c) a TAC abdominal é utilizada para aconfirmação diagnóstica sobretudo emhérnias pequenas ou de localização

E

atípica. (4,6,17)

A Eco e a TAC revelam um defeitoparietal (habitualmente inferior a 2 – 3centímetros) e permitem observar apresença de conteúdo no interior de umsaco peritoneal que habitualmente seencontra num plano interparietal, pelomenos cobertas pela aponevrose domúsculo oblíquo externo. Menos de 5%destas hérnias atingem o planosubcutâneo (18)

A Ressonância Magnética pode tambémcontribuir para delinear o defeito a nívelda parede abdominal e identificar ocontéudo do saco herniário (epiplone/ou ansa intestinal), embora seja apenasexame de recurso.

Todas as hérnias de Spigel devem sertratadas electivamente face ao elevadorisco de estrangulamento do seuconteúdo, através do encerramento doplano aponevrótico.

A técnica mais simples consiste noencerramento directo por rafia domusculo transverso e oblíquo interno aorecto abdominal, em defeitos muitolimitados e sem tensão tecidular.Contudo está sujeita a elevado númerode recidivas, que ocorrem normalmenteentre os 2 e 3 anos. (19)

O desenvolvimento de redes e doconceito de “plastia sem tensão” levaramao uso de técnicas protésicas para acorrecção dos defeitos superiores a 4

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centímetros (4,19). Face aos bonsresultados, as revisões mais recentesadvogam o recurso a técnicas protésicasna generalidade deste tipo de hérnias,independentemente do tamanho dodefeito.

Nos países menos desenvolvidos ou semcapacidades para recorrer ao uso depróteses, existem outras opções paratécnicas tecidulares sem tensão, com ouso de retalhos de fáscia lata (colhidos nacoxa homolateral), igualmente com bonsresultados após três anos (19).

A Cirurgia videoassistida intraperitonealsurge como opção diagnóstica eterapêutica permitindo o diagnóstico dodefeito parietal e a colocação de umaprótese no momento, enquanto seabordam também outras patologiasintrabdominais (19).

Encontra-se em curso um estudoprospectivo randomizado para a cirurgiaelectiva entre dois grupos de doentesoperados: por via convencional (n=11)e por via videoassistida extraperitoneal(n=11), revelando ligeira vantagem davia laparoscópica em termos demorbilidades e estadia hospitalar (20).

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Bibliografia

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asESPECIALIDADES

noHGSADr. Luís de CarvalhoChefe de Serviço de Neurocirurgia aposentadoEx-Director do HGSA

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1

2

33.13.23.43.5

4

55.15.2

66.16.26.36.46.56.6

77.17.27.3

8

Anexos

Introdução

Antecedentes

As primeiras “consultas especiais”Crianças (pediatria)OftalmologiaDermatologia e sifiligrafiaORL

Especialistas no privado

As mais antigas especialidadesHomeopatiaPartos

As novas especialidades na 1ª metade do Século XXOrtopediaUrologiaEstomatologiaNeurologiaAnestesiaOutras tentativas não concretizadas

As Especialidades ModernasQue existem no HGSAQue deixaram de existirQue nunca existiram

Resumo e Conclusão

asESPECIALIDADES

HGSADr. Luís de CarvalhoChefe de Serviço de Neurocirurgia aposentadoEx-Director do HGSA

noÍ

ND

IC

E

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Introdução

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1. INTRODUÇÃO

O enorme desenvolvimento do saber médico,assim como a explosão tecnológica verificada noséculo XX, sobretudo na sua segunda metadeconduziu à fragmentação da prática médica,com o aparec imento de sucess i vas“Espec i a l idades” ou mesmo apenas“competências” em áreas mais limitadas ainda,que modificaram o panorama da organizaçãodos Serviços de Saúde, em particular nosHospitais.

O HGSA, como importante Hospital dereferência para uma larga área geográfica doPaís, com responsabilidades na formação deprofissionais de saúde, nomeadamente médicos,desde 1825, viveu ao longo dos seus mais de2 0 0 a n o s d e e x i s t ê n c i a , e n o r m e stransformações da prática médica, em especial apartir da época do grande desenvolvimento da“Medicina Científica”, isto é, a partir do últimoquartel do século XIX.

Assim, verificamos que na orgânica do Hospital,em 2003 se pode referir uma estruturação dasunidades de cuidados em áreas especializadas(Serviços, Unidades, etc.) em regracorrespondendo a especialidades médicas querde diagnóstico quer de terapêutica. Noconjunto de Serviços ou unidades funcionais doHGSA em 2003, individualizaram-se, na áreamédica, 15 especialidades, 10 na área cirúrgica, eainda mais 5 na área do diagnóstico (Imagem,Laboratório, etc.).

Em contraste com esta grande diferenciação, em1895, ano em que Roentgen inventou os RaiosX, os médicos do HGSA eram quase todosmédico cirurgiões formados na sua maioria, naEscola Médico-Cirúrgica, desde 1837 sediadano Hospital, ao mesmo tempo que as unidadesde internamento eram na maioria Enfermariasmédico-cirúrgicas, embora algumas fossemdesignadas de Cirurgia e outras de Medicina, oque não impedia os médicos de trabalharemquer numa área quer noutra. As enfermarias“especializadas” eram-no mais por razõessociais ou organizacionais internas, do que porrazões de diferenciação técnica dosprofissionais.

Ao estudar os registos do período quecorresponde genericamente à 1ª metade doséculo XX, nomeadamente relatórios anuais daAdministração, estatísticas de produção, (1),actas de reuniões de responsáveis, como daDirecção clínica, Conselho Médico, Mesa daSCMP (2) poderemos assistir ao nascimentosucessivo de diferentes especialidades médicas,muitas vezes protagonizado por médicosregressados do estrangeiro, onde adquiriram aformação técnica e científica indispensáveis.

O objectivo deste trabalho será portanto, darconta do resultado da pesquisa nos arquivos quepermitiu identificar as raízes de algumas das“especialidades que depois foram florescendoao longo do século passado. Só serão objectodeste trabalho especialidades de clínica,deixando as laboratoriais para tratamentofuturo, havendo contudo já uma publicação doautor sobre a origem da radiologia. (3).

Também não se consideram as especialidadesactuais de Medicina Interna e Cirurgia Geral,correspondentes à Medicina e Cirurgia deprincípio do século XX, por se considerarem asbases a partir das quais se desenvolveram asdiferentes especialidades, assim como aObstetrícia, que pela sua natureza justificaestudo especial.

É de referir, desde já, que a grande maioria sedesenvolveu e muitas vezes se fragmentou emnovas Especialidades, traduzindo a maiorcomplexidade do saber e a prática nessa área.Um exemplo flagrante foi o verificado nasNeurociências, em que da velha Neurologia ouNeuropsiquiatria, se diferenciaram pelo menos4 ou 5.

Por outro lado certas especialidades, por razõesestratégicas ou conjunturais, deixaram de sepraticar no HGSA, embora continuem adesenvolver-se noutros Hospitais, comosucedeu com a Cirurgia Cardiografia, porexemplo, ou ainda por terem perdidoqualificação ou importância (Homeopatia,Curieterapia, etc.).

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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Antecedentes

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

Em 1890, como de resto nos 30 ou 40 anosseguintes, pelo menos, o Hospital era quase sóinternamento. O ambulatório, então designadocomo “Banco, Aceitação e Consulta” era der eduz ida d imensão em re l a ç ão aointernamento, e os médicos que lá trabalhavam,eram muitas vezes contratados exclusivamentepara esse trabalho.

O Internamento, núcleo mais importante doHospital processava-se (v. Anexo 1) em maisde 70% dos casos, nas enfermarias designadascomo Gerais ou Médico-Cirúrgicas, quetinham como quadro Médico, um Director eum Adjunto.

Os cirurgiões operavam todas as patologias,desde a fimose à catarata, da amputação àamigdalectomia.

No Relatório da Mesa referente a 1890publicava-se uma estatística de 311 operaçõesrealizadas no ano em causa, que poderiamcorresponder às especialidades actuais:

Ginecologia 49Oftalmologia 29, das quais 16 eram cataratasORL 5, das quais 4 amigdalectomiasUrologia 12Amputações 34

As enfermarias existentes na época, para alémdas “Gerais”, destinavam-se a gruposparticulares de doentes, como a de “Partos” quealbergava a grande maioria das parturientes,mas os médicos não eram especializados, pelomenos no sentido actual;

As enfermarias de “tuberculosos” (uma paraHomens, outra para mulheres) e a de“Variolosos” destinavam-se a isolar doentesfortemente contagiosos. Havia a tradição noHGSA de prestar assistência às “Meretrizes”,pelo que se individualizou a enfermaria de“Toleradas”, que foi, muitas vezes, fonte deconflitos e problemas no Hospital, assim comoa “da Cadeia”, onde eram tratados doentes acumprir pena na vizinha Cadeia da Relação.

2. OS ANTECEDENTES (1890 1900)

É de notar, no referido quadro 1, o númeroelevado de doentes variolosos, que subiu muito,até perto do meio milhar nos anos de epidemia(1898.1899) enxertados na verdadeiraendemia, que o mapa traduz Deve fazer-sereferência, pelo significado, que teve na época, àepidemia de Peste Bubónica, a última registadana Europa, em 1899, e que motivou, para alémde centenas de mortes, a quarentena da cidade, aproscrição do grande higienista Ricardo Jorge,e a morte, em resultado de contaminaçãocontraída na autópsia dum pestífero, doeminente bacteriologista Câmara Pestana.

No entanto, estas enfermarias nãocorrespondiam à noção moderna deespecialidade, mas antes à necessidade de isolardoentes “indesejáveis” como tuberculosos,pestíferos, variolosos, prostitutas, oupresidiários.

Nesta época apenas os Partos correspondiamaproximadamente ao conceito de especialidade,o que já não oferecia dúvidas em relação àHomeopatia, a 1ª verdadeira especialidadeautónoma e mesmo alternativa à restanteactividade médica que iniciou actividades em25/12/1867, em cumprimento de um legado.

A falta de definição clara da especialidade,conduziu a que, em certos períodos a prática daobstetrícia atingisse níveis de qualidade maisdo que medíocres, como constatou o Prof,Alberto Saavedra, num Opúsculo publicado em1926 intitulado “ Subsídios para a história daObstetrícia no Porto”. (4). Cita o autor umartigo anónimo publicado cem anos antes naGazeta Médica no qual se referia “que algumasvezes as tracções feitas sobre o corpo do fetoeram tão fortes, que esta se separava do corpo,ficando dentro do útero”.

O ensino da “arte obstétrica” estava entregue aprofessores de cirurgia, só sendo autonomizadana reforma Passos Manuel, em 1836, mas foinomeado regente “um personagem de novela deCamilo”, na expressão de A . Saavedra, o Prof.Camara Sinval que “poderia ser competente a

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

fazer versos ou discursos políticos, mas departos nada sabia,” produzindo discursos nasaulas em “arrevesada linguagem seiscentista”;sucederam-lhe várias lentes, apagadamente, atéque em 1895, surge o pai da Obstetríciamoderna, no HGSA, Prof. Cândido de Pinho,que reorganiza a enfermaria 12 Partos. Estaenfermaria foi, a partir de 1920 dirigida peloqualificado cirurgião Dr. Artur SalustianoMaia Mendes, um dos maiores expoentes“Civis” da arte obstétrica, contemporâneo doProf. Cândido de Pinho, lente da cadeira naFMP.

Por esta altura, já no final do século surgiramas primeiras tentativas de iniciar a prática de“Consultas Especiais” que começaram nasáreas da Pediatria, da Oftalmologia,Dermatologia e Ginecologia.

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AS PRIMEIRAS CONSULTAS ESPECIAIS

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

1 Consulta especial de Crianças

Aberta em 1/5/1895. Excluindo aHomeopatia, foi a 1ª consulta correspondenteao conceito moderno de especialidade, queabriu no HGSA, sendo de referir que o seufundador foi um distinto professor deCirurgia (catedrático da 7ª cadeira), desde1903 da Escola Médico-cirúrgica do Porto eDirector de Enfermaria do Hospital, o Dr.José Dias de Almeida. A Pediatria nasceucomo especialização na área cirúrgica e sóanos mais tarde evoluiu para PediatriaMédica.

O Dr. José Dias de Almeida Júnior, cirurgiãoe fundador da consulta, regressou de Parisem 1894, depois de vários anos de estágio emdiferentes hospitais, começando logo apraticar cirurgia pediátrica, criando para oefeito una secção de crianças na enfermaria12, de que era Director, pedindo poucodepois autorização para abrir a consulta decrianças. Esta foi autorizada pela Mesa(Relatório 1895-1896, pág. 194), emacumulação com as actividades anteriores dorequerente e sem direito a remuneraçãosuplementar. O movimento do 1º ano defuncionamento da consulta traduziu-se pelosseguintes números (1/5/95 a 30/4/96):

Crianças inscritas 700Consultas realizadas 4021 (10% do total deconsultas do HGSA)Operações e curativos 1565

A diferenciação técnica atingida é reveladapelos registos do relatório de 1895-1896,que refere várias “Ressecções ósseas (costelas,ossos do tarso, tíbia, metacarpo, etc.), 3hidrocelos, 1 operação de lábio leporino,imperfuração do ânus, amigdalectomias,circuncisão, blefaroplastia, hérnias, tumorescutâneos, etc.”Logo de início o Prof. Dias de Almeida tevecomo colaborador o Prof. Luís Freitas Viegas,médico Adjunto da Enfª 12 e Professor deanatomia (catedrático da 1ª cadeira desde1903) na E.M.C., e criador da especialidade deDermatologia, como veremos.

No Relatório da Mesa de 1898-1899 diz-se quea consulta de crianças “que data já de algumtempo, dirigida pelo ilustre especialista Dr Diasde Almeida, tem tomado tal incremento que éaqui onde hoje acorrem as crianças gravementeenfermas”No relatório de 1901, assinado pelos Drs. Diasde Almeida e Luiz Viegas referem-se 5.807consultas e 50 operações entre as quais se registauma “espinha bífida”Entretanto o Dr. Dias de Almeida é nomeado em1908 Director da Enfª 9 (mulheres e crianças),onde pratica mais largamente CirurgiaPediátrica, de que se tornara um perito.Manteve-se como Director, além da enfª 9, donovo serviço de Pediatria, até à sua morte emJaneiro de 1919.

Deve referir-se que a nomeação como Directorde serviço de Pediatria, se verificou em12/5/1914, após concurso. O Prof. Luiz Viegasque o acompanhava desde o século anterior, foinomeado Médico Adjunto.

Em 1912, sendo já director da Consulta deDermatologia fundada por si, anos antes; Em1914 é empossado como 1º, assistente da Enfª 9,e como médicos auxiliares o Dr. Alberto Ribeiroe o Dr. A. Teixeira Ribas, que exercia as mesmasfunções no então acabado de fundar serviço deRadiologia.

Em Janeiro de 1919 morre o Dr. Dias deAlmeida, sucedendo-lhe na Direcção daPediatria o Prof. Antonio de Almeida Garrett,pediatra de formação médica, com estágio emParis (segundo notícia de O Tripeiro), entre9/3/1935 e 4/4/1938, sobretudo no Hôpitaldes Enfants Malades) e carreira universitária.(nomeado pela Mesa em 16/6/1920, apósconcurso).

Na Enfermaria 9 sucedeu-lhe o Dr. AlbertoRibeiro, que pouco depois foi dirigir aEnfermaria13.

Em 1920, o novo director da Pediatria tinhacomo assistentes a Dr.ª Maria do Patrocínio

A Pediatrianasceu comoespecializaçãona áreacirúrgica e sóanos maistarde evoluiupara PediatriaMédica.

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Tomás e o Dr. Francisco Fonseca e Castro.

Entretanto, a FMP recém-criada a partir daanterior EMC, em 1911, também abre consultasespeciais, como complemento das enfermarias,Escola de que dispunha no HGSA. Assim, norelatório da Mesa de 1912-1913, a pág. 111,transcreve-se um ofício do Director interino daEscola, Prof. Cândido de Pinho, dirigido aoProvedor, dando conta da abertura em 1911 deconsultas de Medicina, Pediatria (esta daresponsabilidade do Prof. Dias de Almeida),Cirurgia e Ortopedia, ambas dirigidas peloProfessor de Clínica Cirúrgica Carlos Alberto deLima, e ainda de Dermatologia e Sifiligrafia deque era director o Prof. Luís Viegas.

Com a saída da FMP para o Hospital de S. João,o serviço de Pediatria passou a ter como Directoro Dr. Carlos Amaral, a quem sucedeu nos anos70 o Dr. Baltazar Valente e a este o Dr. TojalMonteiro.

A 2ª especialidade a surgir, ainda no século XIX,também sob a designação de “Consulta especial”foi a Oftalmologia. A autorização para a suacriação foi dada em Maio de 1898, mas aabertura oficial teria sido em 3/4/1899. Oresponsável pela consulta e autor do pedido deabertura da mesma foi o Dr. António FariaRamos de Magalhães, que nos primeiros temposfoi ajudado pelos Drs. Sousa Oliveira e JoaquimAugusto de Matos. Foi a 2ª consulta daespecialidade no País, só antecedida cerca de 3anos antes, pelo serviço criado em Lisboa peloseu contemporâneo Gama Pinto, e que esteve naorigem do actual Instituto com o mesmo nome.

A acta da Mesa de 6/12/1900 oficializa àposteriori a autorização de Maio de 1898, e norelatório anual de 1898-1899 (p. 384), refere--se a data da abertura (3/4/1899)., sendoProvedor o Dr. Paulo Marcelino, Presidente daDirecção Administrativa o Dr. José Nunes daPonte, ambos médicos, e Director Clínico o Dr.Guilherme Gonçalves Nogueira.

Os médicos indicados eram cirurgiões do

2 - Consulta especial de Oftalmologia

HGSA: O Dr. Sousa Oliveira era Director daEnfª 13, sendo o Dr. Ramos de Magalhães o seu

- -

Adjunto, e o Dr. J. Augusto de Matos, Directorda Enfª 6 e o seu Adjunto o Dr. Manuel ForbesCosta. Nesse tempo vários serviços praticavamoftalmologia, sobretudo cataratas.A estatística de 1901 indica para as 2enfermarias referidas:

Enfermaria Nº de operações 59;Oftalmologia 29 (50%); cataratas 13Enfermaria - Nº de operações - 128 ;Oftalmologia 43 (33%); cataratas 17

A partir da criação da consulta especial, começoua diferenciar-se a especialidade, o que fez quelogo a partir de 1901 a consulta passou a diária.

Desde o início que a consulta se situou na mesmazona do edifício que ainda hoje ocupa, isto é, noTorreão Nordeste; Com a grande ampliação eremodelação efectuada de 1975 a 1979, queenglobou no Piso 1, a área então ocupada pelacozinha e dispensa (que passaram paraprefabricado construído junto do muro da alanorte), e no piso 0 as extensas áreas de armazénse subterrâneos que foram transformadas nogrande ambulatório do Serviço, que atingiuentão um nível de instalações e equipamento,que lhe permitiu afirmar-se na 1ª linha dosServiços portugueses, e não só.

A oftalmologia já vinha a ser praticada porcirurgiões que obtiveram formação noestrangeiro, a custas próprias. Assim, já desde1878, que dois médicos, o Dr. Henrique Pereirada Costa e o Dr. Francisco Sousa Oliveira,obtiveram especialização em Paris, e ingressaramno HGSA como Cirurgiões, sendo colocados emenfermarias, respectivamente de Homens eMulheres. O Dr. Pereira da Costa, morreu muitojovem, aos 42 anos, quando era Director Clínico,cargo em que sucedera ao Prof. Costa Simõesautor da grande reforma do HGSA, para o quehavia sido contratado aos HUC, onde sedistinguira ao promover a reforma da FMC e doseu Hospital. O Dr. Pereira da Costa teve comoajudante o Dr. Joaquim Augusto de Matos, quelhe veio a suceder como Director da Enfermaria6. (9).

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

A 2ª especialidadea surgir, ainda noséculo XIX,também sob adesignação de“Consultaespecial” foi aOftalmologia.

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

O Dr. Ramos de Magalhães, adjunto daEnfermaria 13, era licenciado em Medicina eFilosofia pela FM de Coimbra, e que adquiriraformação oftalmológica em França e naAlemanha foi o grande dinamizador da novaconsulta de Oftalmologia e autor de váriosprojectos de regulamento da mesma, sendo aversão definitiva aprovada pela Mesa em21/2/1901, depois de o Director ter enfim sidodispensado das funções anteriores comocirurgião, para se dedicar exclusivamente àespecialidade.

Entretanto o Dr. J. A. de Matos, um dospioneiros das doenças dos olhos, aposentou-seem 1916, de Director da Enfermaria 6,sucedendo-lhe o Dr. Manuel Jorge ForbesCosta, que orientou o serviço definitivamentepara a cirurgia geral. Também a Enf. 13, com ofalecimento do seu Director Dr. Sousa Oliveiraem 3/8/1913, passou a ser dirigida pelo Dr.Maia Mendes, tendo deixado de se praticar aOftalmologia.

Na 1ª reorganização, em 1900, o Director danova consulta tinha a colaboração de doisentão alunos, João Casimiro Barbosa, futurocirurgião do HGSA e Eduardo C. C.Guimarães, futuro internista e Director deserviço (enfª 11). Em 1908, exercendo asfunções de Médico Adjunto o Dr. CasimiroBarbosa, foi admitido no serviço um jovemmédico que pretendia seguir a carreira deoftalmologista, o Dr. Augusto César Carvalhode Almeida, que foi nomeado Médico Auxiliarpor resolução da Mesa de 4/10/1911, comefeitos a partir de 1908. Em 1913 o Dr. Ramosde Magalhães, oficializou a sua situaçãofazendo concurso para Director de serviço deOftalmologia, homologado por despacho daMesa de 13/5/1914. Usando, presume-se, assuas qualificações anteriores como médicoadjunto ainda foi nomeado em acumulação,Director da Enfª 3H (Medicina) em 1925, e deCirurgia 5 H em 1929 (por aposentação do Dr.Domingos S. Pinto Pereira) ficando com osAssistentes Armando S. P. Pereira (1º) e AiresOliva Teles (2º).

Em 1932, sendo 1º Assistente o Dr. Carvalho

de Almeida e 2º o Dr. Alberto Kendall Ramos deMagalhães, foi o Director aposentado porlimite de idade, sucedendo-lhe o Dr. A. C.Carvalho de Almeida.

Em 1914 o Dr. Carvalho de Almeida fizeraconcurso para 1º Assistente, sendo nomeadopela Mesa em 20/8/1915, ficando como 2ºassistente, um jovem médico, no serviço desde1911, o Dr. Manuel José de Lemos. Este, porsua vez ascendeu a 1º assistente, em 1932,quando o Dr. Carvalho de Almeida substituiu oDirector.

O Dr. Ramos de Magalhães foi também dosprimeiros (ou o 1º?) oftalmologista a exercerno privado, tendo montado na Rua José Falcão(então D. Carlos) a “Clínica Oftalmológica doPorto” (6).

Em 1921, a FMP que não tinha no seu esquemade cadeiras a Oftalmologia, convidou oDirector do Serviço do HGSA, Ramos deMagalhães, para regente contratado dadisciplina. Nessa altura, a FMP tinha umProfessor de Fisiologia, Plácido da Costa, quepraticou a especialidade e adquiriu prestígiointernacional através de técnicas que criou oudesenvolveu, como a utilização duminstrumento por si inventado, o “Disco dePlácido”. Apesar disso o ensino da especialidadeno curso de Medicina foi sempre entregue aodirector do serviço do HGSA (depois deRamos de Magalhães, Carvalho de Almeida eManuel de Lemos) até à transferência em 1959para o HSJ. A partir de então passou o encargopara professores da FM, o 1º dos quais ohistologista M. Silva Pinto, que adquiriraformação total como oftalmologista no HGSA,e depois o anatomista Castro Correia, tambémlá formado.O s e r v i ç o f o i - s e d e s e n v o l v e n d o ,transformando-se numa referência, criandouma Escola, criando ou introduzindo inúmerastécnicas, mas tudo se alicerçou no trabalhodestes pioneiros.

Desde 1932 a 1949 o Director foi o Dr.Carvalho de Almeida, tendo como 1º assistenteo Dr. Manuel de Lemos, e, como 2º assistentes

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

o Dr. Alcino Oliveira Pinto (desde 1937) e oDr. António Domingues Gomes (desde 1947).

Em 1949 o Director passou a ser o Dr. Manuelde Lemos, o Dr. Alcino Pinto sobe a 1ºassistente, mantendo-se o Dr. António Gomescomo 2º e alguns anos depois o Dr. AntónioQueiroz Marinho. Este sucedeu ao Dr. Manuelde Lemos já noa anos 70, por concurso público,e a ele se deve a grande renovação emodernização do Serviço nos anos 70 (1973),obra continuada até ao fim do século XX peloseu sucessor e companheiro de muitos anos, Dr.Joaquim Torres. (13)

Resumo da sucessão de Directores:1899 1932 (33 anos)1932 1949 (17 anos)1949 - 1972 (23 anos)1972 - 1994 (22 anos)1994 - 2002 (8 anos)

No relatório da Mesa de 1899-1900 (p. 214)refere-se o início durante o ano de uma consultaespecial de “Pequena Ginecologia eDermatologia” exercida “pelos distintosfacultativos Drs. Franchini e Viegas”.

De facto há registos (relatório da Mesa de1912-1913, pg. 298) de que tal consulta teriasido inaugurada em 23/1/1900, sendo dela co--responsáveis o Dr. Júlio Estêvão Franchini,brilhante cirurgião e Director da Enfª 13Mulheres e o Prof. Luís de Freitas Viegas,professor de Anatomia da EMC, cirurgião eMédico Adjunto da enfª de Cirurgia 9 Mulheresdo HGSA (Director Prof. Dias de Almeida,fundador da Pediatria).Embora não se saiba bem a que era chamada“pequena Ginecologia” presume-se que setrataria de Ginecologia Médica, mas o facto éque nas enfermarias havia duas que se haviam“especializado”.

De facto, em 1901 a ginecologia cirúrgica erapraticada quase exclusivamente na Enfermaria9, então dirigida pelo Dr. Dias de Almeida, cujo

3 - Consulta especial de Dermatologia eSifiligrafia

adjunto era Luís Viegas, em 1909 nasenfermarias 13 e 14, cujos directores eram, àépoca os Drs. Sousa Oliveira (tambéminteressado nas doenças dos olhos) e JúlioEstevão Franchini; Em 1916, continuavam asEnfermarias 13 e 14 a terem a maior fatia dacirurgia ginecológica; ora os directores eram,respectivamente os Drs. Júlio Franchini e A.Maia Mendes, os dois mais consagradoscirurgiões ginecológicos da época.

Foi a existência de preocupações e interessescomuns que juntou as duas áreas que tinhamum campo de acção de dimensão significativa,por exemplo nas enfermarias “de meretrizes” ou“toleradas”.

No relatório de 1909-1910 (pg. 379) referem--se importantes obras de remodelação dasconsultas, nomeadamente da designada “Pele.Ginecologia e vias urinárias”. O Prof. LuísViegas organizara e dirigira um “Curso práticode Dermatologia (relat. 1910-1911, p. 379)”.e publica, no mesmo relatório o relato dasactividades da consulta, que mostrava já umdesenvolvimento apreciável.

Importa fazer referência à carreira profissionaldos dois fundadores da consulta, tanto mais quepouco depois da fundação se verificou atendência da Dermatologia para se desenvolvere autonomizar como Serviço, aGinecologia (mesmo a pequena) se integroudurante muitos anos na Cirurgia.

Comecemos pelo Prof. Luís de Freitas Viegas:Foi professor da EMC e da FMP, lenteproprietário da cadeira de Anatomia Descritiva(1ª cadeira) e cirurgião do HGSA. Foi Adjuntodo Director da Enfermaria 9, Dias de Almeida,nos primeiros anos do século, ajudando a criar aPediatria cirúrgica, e Director da Enfermaria 11M., desde a década de 1910, até à sua morteprematura em Fevereiro de 1928, tendo-lhesucedido no cargo o Dr. Alberto Alves deFreitas. Foi o criador no Porto da especialidadede Dermatologia que associou à venereologia esifiligrafia., sendo responsável pela consulta decolaboração com a Ginecologia do Dr.Franchini, aberta em 1900, como dito acima.

enquanto

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

Em 1918, foi-lhe confiada pela FMP a regênciada cadeira de Dermatologia, tendo publicadodois livros: “Guia de terapêutica das doenças depele” e “ Medicações dermatológicas”.

Como professor e Director de Dermatologia,sucedeu-lhe o seu familiar e colaborador, Prof.Luís Bastos de Freitas Viegas.

Passemos agora ao Dr. Júlio Franchini,ginecologista e cirurgião muito apreciado nosanos da viragem do século. Nascido emGibraltar, filho de um músico de ascendênciaitaliana e de uma senhora austríaca, veio com afamília para o Porto, com 3 anos de idade,licenciando-se em 1880 com 26 anos. Aindaquintanista concorreu ao lugar de interno doHGSA, tendo sido indicado pelos colegas comoo melhor aluno da cadeira de Obstetrícia. Maistarde era considerado um dos melhorestocógrafos e obstetras da cidade. Discípulo demédicos ilustres da época, como o Dr.Fortunato Pimentel e o Prof. Eduardo Pimenta,sendo dos primeiros cirurgiões do Porto aassimilar as então novas técnicas descobertaspor Pasteur e Lister. Em 1906 viajou a Paris,visitando os serviços de Touffier, Puzzi,Hartman, Doyen; e tendo adquirido e trazidopara o Porto o 1º aparelho de anestesia peloclorofórmio (Touffier) tendo ainda praticado a1ª raquianestesia no Porto. Exerceu o cargo deDirector de Enfº - 13 em 1900 e 14 a partir de1901- até à aposentação em 1920, tendo-lhesucedido o Dr. João Casimiro Barbosa. Foiainda Director Clínico por duas vezes. Médico ecirurgião muito respeitado na cidade, foi o alvode homenagem pública em 12/7/1927, noHGSA, na qual usaram da palavra o ProvedorCálem, o Dr. Ramos de Magalhães em nome dosmédicos, o Dr. Ângelo das Neves seu antigoassistente na 14, e pela FMP o Director Prof.Alberto de Aguiar, o Prof. Carlos Lima, regentede Clínica Cirúrgica, o Prof. Hernani Monteiro,o seu condiscípulo Tito Fontes. o Presidente daAssociação médica Lusitana, Mendes Correia, eo seu antigo assistente Álvaro Rosas..(7)Faleceu em 1932, com 78 anos.

Aparentemente as duas “Especialidades”continuaram associadas na Consulta durante

A 1ª referência àespecialidade de O.R.L. foi no relatórioda Mesa de 1910-1911, (p. 195) noqual se diz (...) Noqual solicitavaautorização para abrir,no HGSA, “umaconsulta especial paramoléstias de ouvidos,nariz e garganta” duasou três vezes porsemana.

poucos anos, pois a partir do fim da década, pelomenos, os registos referem-se à consulta comosendo de “Dermatologia e Sifiligrafia”. AGinecologia continuou integrada na Cirurgia,especialmente no Serviço do Dr. Franchini, daqual se viria a individualizar, como secção edepois como Serviço, mas já nos anos 40-50.

A consulta de Dermatologia evoluiu paraServiço, tendo o seu Director oficializado ocargo que já exercia, prestando provas deconcurso em 15/11/1913; em 15/5/1920também prestou provas de concurso para 1ºassistente o Prof. Luís Bastos Viegas; em 1922foi admitido como 2º assistente o Dr. AníbalVilas Boas Neto, que em 1929 passou a 1ºassistente, por vaga deixada pelo Dr. BastosViegas, quando sucedera ao fundador Prof.,Luís Freitas Viegas. Mais tarde viria a ocupar olugar de director um membro da 3ª geração dedermatologistas da família Viegas, o Dr. LuisFrederico Brito e Cunha Bastos Viegas,actualmente aposentado. A este, sucedeu o Dr.António Massa, que conduziu o Serviço até aofim do século XX.

Resumo da sucessão de Directores:1900 1929 - Luís Freitas Viegas1929 - Luís Bastos ViegasLuís Frederico ViegasAntónio Massa

A 1ª referência que encontrei à especialidade deO. R.L. foi no relatório da Mesa de 1910-1911,(p. 195) no qual se diz que na sessão de20/2/1909 foi presente um ofício do Dr. JoséAugusto Lemos Peixoto, que até essa dataexercera funções de Director de Enfermaria 3(medicina), no qual solicitava autorização paraabrir, no HGSA, “uma consulta especial paramoléstias de ouvidos, nariz e garganta” duas outrês vezes por semana. A decisão ficou para maistarde, dado haver dificuldades de instalações esendo necessár io antes proceder amelhoramentos no Banco.

No relatório de 1912-1913 (p. 299), é referidoque na reunião da Direcção Administrativa do

4 - Consulta especial de ORL

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

HGSA, de 23/10/1909 (portanto posterior aodo Dr. Peixoto, com data de 20/2/909)presidida pelo Dr. Artur Ferreira de Macedo(em 1913, data do relatório, o presidente era jáo Dr. José Correia Pacheco) propôs a criação deuma consulta de ORL e convidou para a dirigiro Dr. António Teixeira Lopes Jr. A proposta foiaprovada, presumindo-se que a consulta seiniciou nessa data.

O Dr. Teixeira Lopes, licenciado na EMC doPorto, em 1900, foi para Paris, onde durante 2anos (1902-1903) se especializou em ORLcom o Prof. Lermoyer do Hôpital St. Antoine enas clínicas dos Drs. Luc e Lubert-Barbor, e,regressado ao Porto, teria trabalhado noprivado antes de, em 1909, ser convidado atrabalhar no HGSA. (6)Nos anos seguintes não se encontram outrasreferências, a não ser o relato da sessão da Mesade 26/12/1913, no qual se refere um ofício doDr. Aleixo Guerra, médico Auxiliar do HGSA,datado de 7/2/1913 no qual o clínico afirmava“que aproveitou todo o tempo da licença que aMesa lhe concedeu para se aperfeiçoar noestrangeiro no exercício da clínica de ORL” e aovoltar ao serviço “julga ser mais útil naquelaespecialidade do que antes, na Clínica Geral”;juntava-se informação do Director Clínico Diasde Almeida, que era favorável à pretensão,dizendo que poderia ajudar o outro clínico atrabalhar na consulta de ORL (Teixeira LopesJr.). Ouvido este, teria dito que “faria todo oserviço e que por isso não seria preciso outrocolega”. A Direcção Administrativa conclui,todavia, que há conveniência para os doentes,pelo que autoriza o Dr. Guerra a exercer amesma especialidade, desde que a consulta seja ahoras diferentes, uma vez que “o pretendentenão é um incompetente... encontrando-sehabilitado com a preparação feita noestrangeiro” (2).

A polémica continuou quando, em Setembro de1913, a Mesa decidiu abrir concurso paraDirector de Serviço das especialidades dePediatria, Oftalmologia, Dermatologia e ORL,que eram as que, como se viu, haviam sidocriadas, a partir de 1895. As 3 primeiras nãolevantaram quaisquer problemas, tendo sido

aprovados os concorrentes únicos ,respectivamente, Dias de Almeida, Ramos deMagalhães, Luís Viegas. O mesmo não sucedeu,no entanto, com o concurso de ORL, ao qual seapresentaram 3 concorrentes: Dr. A. TeixeiraLopes Jr., responsável pela consulta desde a suaabertura em 1909, Dr. Aleixo Guerra, a quemhavia sido autorizada uma consulta paralela emFevereiro, e Dr. José A. Lemos Peixoto, quesubscrevera o 1º pedido de abertura de consultaem Fevereiro de 1909.

Nos arquivos da SCMP encontra-se referência aeste estranho episódio no volume sobreconcursos de pessoal técnico, que inclui os anosde 1912 a 1914. Neste volume encontra-sedocumentação que mostra o factoaparentemente insólito de ter havido, para omesmo (10) concurso 2 júris diferentes e comconclusões diferentes.

Assim, o 1º Juri, que reuniu em 29/10/1913 erapresidido pelo Provedor António Luis Gomes, eintegrava ainda o presidente da DirecçãoAdministrativa do HGSA Dr. Nunes da Ponteos dois vogais da mesma e o Director ClínicoDr. Dias de Almeida.

O 2º júri, que reuniu em 1/11/1913, erapresidido pelo Director Clínico Dr. Dias deAlmeida, e os vogais eram todos médicos doHGSA: Guilherme Nogueira, Evaristo Saraiva,Artur Maia Mendes e Joaquim Augusto deMatos. A notar que do 1º juri, que reuniuapenas 3 dias antes, só o Director Clínico eramédico do HGSA (o Dr. Nunes da Ponte.Médico, tinha funções administrativas).Os critérios de classificação foram tambémdiferentes:

Critérios:

Classificação: 1º Aleixo Guerra; 2ºLemos Peixoto; 3º Teixeira Lopes.

Classificação: 1º Teixeira Lopes,por ter trabalhos publicados, documentosassinados por especialistas estrangeiros aatestarem a sua preparação, e ainda por ser o que

1º Júri:

1º - Competência para o exercício da ClínicaGeral

2º - Valor científico para o exercício daespecialidade

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

tem mais longo tirocínio na especialidade, umavez que exerce a ORL no HGSA, de que foisempre o responsável, desde a sua criação; 2ºAleixo Guerra por exercer há mais tempo do queLemos Peixoto, que fica em 3º ClassificaçãoFinal: 1º Teixeira Lopes; 2º Aleixo Guerra; 3ºLemos Peixoto

:Critérios:

Teixeira Lopes 2 votos;Aleixo Guerra 2 votos; Lemos Peixoto 1 voto

Aleixo Guerra 5 votos

A decisão final da Mesa foi a nomeação do Dr.António Teixeira Lopes JR. como 1º Directordo Serviço de ORL.Em 1916 (22/6) foi homologado pela Mesa oresultado do concurso para assistentes de ORL,realizado em 1915 com um júri constituído por4 vogais efectivos (Teixeira Lopes e mais 3Directores de Serviço de Medicina ou Cirurgiado HGSA - Arnaldo de Andrade, JoaquimUrbano Cardoso e Silva, Ângelo das Neves) eum suplente (António Andrade), tendo sidonomeado 1º assistente o Dr. J. A. LemosPeixoto e 2º assistente o Dr. Raul ClaroOuteiro.

Em 1920 (relatório 1920-1921) a FMcontratou para a regência das cadeiras de ORL eOftalmologia os respectivos Directores dosServiços do HGSA, Teixeira Lopes e Ramos deMagalháes. Tal prática manteve-se até 1959,quando abriu o H. S. João, mas após aaposentação do Dr. Teixeira Lopes, em 1936foi contratado em 1937 um estagiário doHGSA, Jaime de Magalhães, que exerceu afunção até 1945.

Jaime de Magalhães, formado no Porto em1921 , e x e r c eu a e sp e c i a l i d ade deEstomatologia, antes de se dedicar à ORL,depois de aconselhado pelo Prof. ÁlvaroTeixeira Bastos, Ter estagiado durante um anoem Bordéus no serviço de ORL do Hospital St.André, dirigido pelo Prof. Moure, ondeestabeleceu relações de amizade com o sucessordaquele, o Prof. Georges Portman, ondeestagiaram mais tarde médicos do HGSA. (11,

2º Júri

1º - Valor Técnico

2º - Valor Científico

13). As instalações da consulta, depois Serviçode ORL, começaram por se situar na ala central,1º pavimento, lado sul, comportando gabinetesde consulta e salas de apoio, dispondo dealgumas camas de internamento na ala norte,integradas numa das enfermarias de Cirurgia.

Em 1926 foi nomeado 2ºassistente o Dr.António Veloso de Pinho, para ocupar a vagadeixada pelo Dr. Raul Outeiro. E em 1929passou a 1º assistente. Já em 1927 o Dr. Velosode Pinho contribuiu para que se reiniciassem osexames histológicos em tumores da área daORL.

Após a vaga deixada em 1936 (aposentação?)pelo Dr. Teixeira Lopes, foi aberto concursoque terminou com a homologação comoDirector do Dr. Veloso de Pinho em20/12/1938. Na mesma data foi nomeado 1ºassistente o Dr. José Alvarenga de Andrade,futuro Director, e 2º assistente o Dr. Eurico deOliveira.Em Janeiro de 1963, após longo tempo deconflito com a Mesa, o Dr. Veloso de Pinhoaposentou-se, sucedendo-lhe o Dr. JoséAlvarenga de Andrade, e passando o Dr. Euricode Oliveira (também discípulo de Portman) a1º assistente, ficando sempre por preencherduas vagas de 2º assistente. Em 1970 o Dr.Alvarenga foi aposentado e a Direcção doServiço foi entregue a Eurico de Oliveira, quepouco tempo a exerceu pois também seaposentou em Fevereiro de 1971.

Entretanto, entraram alguns estagiários ouinternos para o serviço, um dos quais, Gameiroos Santos , admit ido como médicoextraordinário em 1961, foi enviado comobolseiro do IAC para Oxford, em Fevereiro de1963, onde trabalhou com Ronald Macbeth atéMaio de 1965. Regressado a Portugal, fezconcurso de integração na carreira hospitalar(Estatuto Hospitalar), em Abril de 1971 fezconcurso para graduado. Embora já exercesse defacto o cargo de Director interino desde aaposentação de Eurico de Oliveira, só emNovembro de 1971 foi nomeado Director deserviço, lugar que manteve durante 31 anos, atése aposentar em 2002. (13)

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As instalações sofreram profunda remodelaçãonos anos 70 e 80, ocupando 3 pisos no TorreãoNoroeste, com internamento, C.E., Bloco,Meios de Diagnóstico, etc. Já no século XXIverificou-se nova mudança para a ala sul, 1ºpavimento.

Resumo da sucessão de Directores:1909- 1936 (27 anos) Teixeira Lopes1936- 1963 (27 anos) Veloso de Pinho1963- 1970 (7 anos) Alvarenga de Andrade1970- 1971 (1 ano) Eurico de Oliveira1971- 2002 (31 anos) Gameiro dos Santos

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ESPECIALISTAS NO PRIVADO

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4. ESPECIALISTAS NO PRIVADO

Outros médicos exerceram como pioneiros clínicaespecializada privada, e outros tentaram mas nãoforam autorizados a exercê-la no HGSA, referindo--se algumas notícias da imprensa da época (6)como p. Exemplo:

1- Em 30/5/1903, regressou de Paris,especializado em ORL, o Dr. Arnaldo de Andrade,que abriu consultório na R. Sá da Bandeira;

2 Também em 12/5/1903, regressou de Alemanhae França, especializado em Doenças do Estômago, oDr. Carlos Menezes Antunes de Lemos;

3 - Em 4/9/1905 regressou de estágio de 2 anos noHôpital des Enfants Malades, o Dr. Ângelo Vaz,que veio a ser pai do Prof. Júlio Machado Vaz e avôdo Psiquiatra com o mesmo grau e nome.

Daqui se conclui que, por vezes, antes de existiremno HGSA, certas especialidades já actuavam nacidade.

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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AS MAIS ANTIGAS ESPECIALIDADES

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5. AS MAIS ANTIGAS ESPECIALIDADES

Como de disse mais atrás a 1ª área profissionalmédica com características equiparáveis aomoderno conceito de especialidade, foi, noHGSA, a Homeopatia.A “Especialidade “de Homeopatia criada porlegado e disposição testamentária dobenemérito Conde de Ferreira, iniciou a suaactividade em 1967, dispondo desde início deenfermaria próprias e médicos especializados.Foi sempre muito controversa e por vezescontestada, nomeadamente no Relatório doReformador Prof. Costa Simões, publicado em1882, (5).

Nesse relatório, a p. 292, manifesta oreformador o seu espanto pela dimensão, emnúmero de camas sempre crescente, que vinha atomar a homeopatia., o que atribuía ao facto de,nos anos 60 e 70 ter sido Provedor um Médicopropagandista da homeopatia, Dr. Moutinho,ao qual sucedeu como Provedor o seu cunhadoDr. Cyrne, que exerceu o cargo de 1875 a 1882.Propõe o Prof. Costa Simões “reduzir a clínicahomeopática”. A homeopatia que, segundo orelator, tratava doentes com “a simplesaplicação interna de água destilada e de miolode pão em pílulas” teria sido importadadirectamente do Brasil, diz o relator, porimportantes negociantes “muito ricos defortuna mas pobríssimos de Ciência Médica”.O Prof. Simões acaba por propor um máximode 31 camas, só para cumprir o Legado.

O primeiro Director do novo serviço, quepouco depois já dispunha de 80 camas foi o Dr.Augusto Carlos Chaves de Oliveira, que logonomeou por concurso o referido atrás Dr.Moutinho. Algum tempo depois Dr. Chavestinha outro colaborador, o Dr. José LucianoAlves Quinrela, que subscreveu com ele umpedido à Mesa para manter a dimensão doServiço, recusando a proposta de reduçãodrástica do Prof. Simões. Tal não sucedeu, aHomeopatia foi perdendo credibilidade, mas averdade é que no fim do século ainda serea l izaram concursos para médicoshomeopatas: J. A. Moreira dos Santos(9/6/1892 suplente); Rodrigo António

T e i x e i r a G u i m a r ã e s ( 1 5 / 1 1 / 1 8 9 3extraordinário); António Augusto Veiga eSousa, (3/5/1908 suplente); Alberto CostaRamalho Fontes (14/3/1910).

De 1910 a 1936 constituíam o quadro médicodo serviço os Drs. Rodrigo Guimarães,Ramalho Fontes e António Maria de Carvalho.Em 1936, sai o Dr. Guimarães, passa a Directoro Dr. Fontes, a 1º assistente o Dr. António Mªde Carvalho e a 2º assistente o Dr. José ÁlvaroSousa Soares.

Em 23/4/1941 a Mesa decidiu reduzir alotação para 14 camas, o que já fazia prever aextinção do mesmo, que nos últimos anos já sótinha um médico, o Dr. Sousa Soares, o que severificou no fim dos anos 50.

Outra especialidade já existente desde afundação do HGSA foi a Obstetrícia, quetodavia esteve quase sempre na dependência daEscola (EMC), tendo-se afirmado, como jádito mais atrás, a partir da regência do Prof.Cândido de Pinho, nos últimos anos do séculoXIX,

Por volta de 1926, surge uma polémica noHGSA, protagonizada sobretudo peloDirector Clínico Dr. Paulo Marcelino e pelaDirecção Administrativa, que acabou com ademissão do director clínico, a propósito dareivindicação dos médicos do HGSA, dedisporem de um serviço de um serviço dePartos, independente da enfermaria escola.

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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AS NOVAS ESPECIALIDADESNA PRIMEIRA METADE DO SEC XX

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

6. AS NOVAS ESPECIALIDADES DA 1ªMETADE DO SÉCULO XX

6.1 A Ortopedia

Considerando que na 1ª metade do século XX,foram lançadas, com algum atraso em relação aomundo mais desenvolvido, os últimoselementos organizacionais da Medicina deantes da 2ª guerra Mundial, iremos tratar dasespecialidades “mais clássicas”, que surgiramno HGSA antes do fim da Guerra, isto é, até1945-1950. Depois disso surgiram todas asespecialidades modernas, cuja importância parao HGSA foi tratada em ensaio por mimpublicado em 2oo2, em edição da SCMP/Ligados Amigos, sobre “O HGSA na 2ª metade doséculo XX.” (12).

Estas especialidades “mais Clássicas” foram aUrologia, de início associada à Venereologia, aOrtopedia, a Neurologia, a Estomatologia e aAnestesia.Trataremos neste trabalho sobretudo dasespecialidades de Clínica, deixando de lado,para já, as áreas laboratoriais. Entretanto eupróprio publiquei, nos “Arquivos do HGSA”,em 2005, um pequeno artigo sobre as origensda Radiologia no HGSA, cujo 1º laboratórioabriu em 1908. (3).

A 1ª referência que encontrei nos documentosda época, foi na Acta nº 41 da Mesa, datada de11/3/1914, (refª do Arquivo da SCMP B8 nº59), em que se dava conta de um requerimentodo Dr. Joaquim José Feiteira Jr., médicoAuxiliar de Cirurgia do HGSA, solicitandoautorização para abrir uma “Consulta especialde Ortopedia”. A Mesa pediu parecer doConselho Médico.

Entretanto a Acta nº 46 de 15/4/1914, davaconta de ofício da Direcção da FMP no qualcomunicava que o Prof. Carlos Alberto deLima, Director da Enfermaria de Ortopedia daFM, acabava de abrir uma consulta especial deOrtopedia, que funcionava 3 vezes por semana,na dependência da Escola.

A consulta do HGSA iniciou pouco depois o

seu funcionamento dirigida pelo Dr. José deSousa Feiteira, à época médico auxiliarcolocado na enfª 1 de que era Director o Dr.Joaquim Urbano.

O Dr. Feiteira havia sido bolseiro do Governoem Paris, Londres e Berlim para estudar acirurgia ortopédica, mas manteve-se colocadoem enfª de cirurgia, como 1º assistente em1916 na enfª 1, dirigida por Joaquim Urbano,passando em 1917, a trabalhar sempre como 1ºassistente na Enfermaria 6H, de que eraDirector o Dr. Joaquim de Matos, substituídoem 1936 pelo Dr. Forbes Costa.Até então a cirurgia ortopédica era praticadanas enfermarias de Cirurgia, praticamente emtodas, do HGSA ou da Escola (FM), como dáconta o anexo II. No entanto havia já uma certaespecialização, pois em 1901, destacaram-se asEnfermaria 1, 2, 9, dirigidas por Adelino Leãoda Costa com Perry Sampaio (2), MoraesCaldas com Domingos Pereira (1), Dias deAlmeida, com Luis Viegas (9); em 1908,continuavam a destacar-se a 2 (agora comAdelino Costa, Martins da Silva e CoutoSoares) e a 9, além da 6, de que era Director J.A. Matos, e assistentes Forbes Costa e AntonioAndrade; Em 1916, continuava a praticar-seortopedia na 2 e 9 (agora Dias de Almeida eracoadjuvado por Alberto Ribeiro e Cunha Reis)e ainda nas enfermarias Escola 2 e de Clínicacirúrgica, ambas dirigidas pelo grandeimpulsionador do ensino da Ortopedia Prof.Carlos Alberto de Lima.

Em 1919, o Dr. Feiteira foi nomeado Directordo Serviço de Electro-Radiologia, sucedendoao seu Fundador e 1º Director, Dr. AntónioAndrade Jr, que falecera em 1918.

No mesmo ano de 1919, foi nomeado Directorda Consulta de Ortopedia, funções que, defacto, já exercia desde a sua fundação, em 1916.

Manteve-se como Director dos 2 serviços(Radiologia e Ortopedia), quase sozinhodurante muitos anos.

Em 1932, após uma breve passagem comoassistente de Radiologia do Dr. José Carlos

A 1ª referência queencontrei (...) Davac o n t a d e u mrequerimento do Dr.Joaquim José FeiteiraJr., médico Auxiliard e C i r u r g i a d oHGSA, solicitandoautorização paraabrir uma “Consultae s p e c i a l d eOrtopedia”.

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

Vieira Guedes, entrou para o quadro como 1ºassistente, o Dr. Alberto Sampaio Sarmento eCastro, que viria a suceder-lhe em 1947.

Na ortopedia foi mais difícil, pois só em 1939foi admitido o primeiro 1º assistente, Dr. LuisCorreia de Almeida Carvalhais, também ele seusucessor, 18 anos depois., tendo o concursopara Director do Serviço, de que foinaturalmente vencedor o Dr. Feiteira, sidorealizado apenas em 18/5/1938.

Em 30/12/1947 o Dr. José de Sousa Feiteira,aposentou-se, depois de mais de mais de 30anos ao serviço do Hospital.Ao Dr. Luís Carvalhais sucedeu o Dr. EuricoSena Lopes e a este o Dr. Agostinho Pinto deAndrade. Em 1988, com a abertura do Hospitalda Prelada, o Serviço sofreu uma profundatransformação, tornando-se uma referêncianacional sob a direcção do Dr. José BárbaraBranco, com uma equipa médica integrandotodo os que preferiram continuar no HGSA,recusando a transferência para o Hospital daPrelada.

Já no fim do século, ao Dr. Bárbara Branco, quepediu a aposentação, sucedeu o Doutor LuísSerra.

De acordo com o quadro do Anexo II, a cirurgiaurológica praticava-se, no início do século XX,mas enfermarias gerais de Cirurgia, emboracom certa especialização, como já foi notadopara a ortopedia e oftalmologia.

Assim, em 1901, conforme se verifica no Anexo3, foram essencialmente nas enfermarias 2 e 5que se realizaram a maioria das intervençõesdeste foro: 33 em 42, ou quase 80%, Em 1909as enfermarias 2, 5 e 6 realizaram 60 de 76 ouquase 80%; finalmente, em 1916, asenfermarias 2 e 6 realizaram 49 das 84. oumais de 58 %..Se soubermos que, durante este período, aenfermaria 2 teve como Director o Dr. AdelinoAdélio Leão da Costa, cirurgião geral,considerado o primeiro especialista em doenças

6.2 A Urologia

génito-urinárias no Porto, sabemos do motivodo peso da Urologia. A enfermaria 5 eradirigida pelo Dr. Moraes Caldas, um dosgrandes cirurgiões da época, cujo assistenteprincipal era o Dr. Domingos Pereira, e da 6 eraDirector o Dr. Joaquim Augusto de Matos, umdos pioneiros da Oftalmologia, e 1º assistenteo Dr. Manuel Jorge Forbes Costa.

O Dr. Adelino Costa foi um dos maisqualificados cirurgiões do seu tempo, comoreferiu várias vezes o Tripeiro. Pertenceu a umbrilhante curso médico, no qual teve comocondiscípulos nomes como Roberto Frias,Júlio Franchini, Joaquim Augusto de Matos, eTito Fontes. Como dito atrás foi o 1ºurologista do Porto, tendo operado muitosdoentes desse foro no HGSA, S. Francisco,Trindade e Carmo. (6,9)Entretanto., em Outubro de 1911, regressoude Paris, onde se especializara no HospitalNecker, o jovem Dr. Òscar Moreno, que foi defacto o primeiro especialista dedicadoexclusivamente à Urologia.

Em 11/4/1912, apresenta no Porto umacomunicação à Associação Médica do Norte dePortugal sobre “retenção azotada nas nefritescrónicas” ( 6 )O Dr. Adelino Costa, era Director do Serviçode Cirurgia 2 H, desde 1895, ano em quesucedera ao Dr. Joaquim José Dias Jr., poraposentação.

Após a chegada do Dr. Óscar Moreno, foireduzindo a cirurgia urológica até à reforma em1919, tendo-lhe sucedido como director daEnfermaria 2, o Dr. Alberto Alves de Freitas.

Parece que o Dr. Moreno não deixou decolaborar com o Mestre Adelino Costa, comose conclui da notícia referida nas “Efemérides”de O Tripeiro, sobre uma delicada operaçãorealizada em 9/1/1918, no Hospital do Carmopelo Dr. Alberto Ribeiro, cujos ajudantesforam Adelino Costa, Óscar Moreno e CunhaReis. (6)

Talvez por isso é que só em 1920 surgereferência ao nome de Óscar Moreno e do seu

De acordo com o quadrodo Anexo II, a cirurgiaurológica praticava-se,no início do século XX,nas enfermarias gerais deCirurgia, embora comcerta especialização,como já foi notado paraa o r t o p e d i a eoftalmologia.

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Assistente José Magalhães Sequeira, Norelatório da Mesa de 1922-1923 (pg. 136),diz-se que no HGSA há um serviçoespecializado em “Doenças de Pele e sifilíticas,modelarmente instalado e superiormentedirigido pelo ilustre especialista e Professor,Dr. Luís de Freitas Viegas, como há tambémum serviço especializado de Urologia eVenereologia, sob a direcção interna do ilustreespecialista Dr. Óscar Moreno”No relatório da Direcção Técnica, incluído noda Mesa, de 1923-1924 diz-se... “Que acaba deser nomeado o Dr. Óscar Moreno para dirigir oServiço de Urologia e Venereologia”.

O serviço de Urologia cujo Director foioficializado em 1924, como era costume noHGSA, já vinha a exercer as funções há anos,talvez desde 1920.O Director foi sempre o Dr. Óscar Moreno,pelo menos até ao início dos anos 50 (mais de30 anos).

Depois do assistente Magalhães Sequeira deque só encontrei traço em 1920, o primeirocolaborador, 1º assistente em 1928, foi o Dr.Carlos Borges, que lhe viria a suceder muitomais tarde como Director. Em 1936 entracomo assistente o Dr. José Augusto CasteloBranco Castro, e em 1937 (30/6) realizaram--se concursos oficiais para 1º assistente(ocupado por Carlos Borges), e para 2ºsassistentes: Dr. Castelo Branco Castro, e Dês.Manuel Avides Moreira, Jacinto Carvalho deAndrade e António de Oliveira Alves.

Ao Dr. Carlos Borges sucedeu o Dr. Jacinto deAndrade e a esta o Dr. Alberto Milheiro queantes do fim do século se aposentou,sucedendo-lhe o Dr. Adriano Pimenta.

No relatório da Mesa de 1913-1914 (pg.304), refere-se a sessão da Mesa de 5/5/1913,na qual foi aprovada a nomeação de 4Directores de Serviço de especialidade, entreos quais o Dr. Jerónimo Carlos da SilvaMoreira, para o Serviço de Estomatologia.Em 1915 foram abertos concursos, talvez para

6.3 A Estomatologia

legalizar nomeações anteriores, paraAssistentes, de várias especialidades, uma dasquais Estomatologia (júri nomeado em sessãode 24/6/1915). Este era integrado por 4vogais: Dr. Jerónimo Moreira (Dir. de Serviçode Estomatologia), Alberto Perry Sampaio eAlberto Ribeiro, cirurgiões e A. Teixeira Lopes,Director de Serviço de ORL. É de notar que oDr. Perry Sampaio tinha feito estágio em Paris,em 1902, na áreas da patologia da Boca eDentes, (6) mas continuou sempre a praticarCirurgia Geral.

Este concurso provocou polémica, comprotestos e reclamações, acabando pornomeações da responsabilidade da Mesa. Emsessão do Conselho Médico de 10/6/1915, oProvedor anunciou a abertura de 5 vagas de 1ºassistente e 5 de 2º assistente, para Clínicasespeciais, entre as quais Estomatologia,pedindo orientação técnica. Depois de váriassessões, em 16/6/1015, o Director clínicoinformou que no que respeita a Estomatologia,não seria prudente abrir concurso enquantonão estivessem prontas as obras do externato damesma especialidade. Como o Director Dr.Jerónimo Moreira informasse que lhe teria sidogarantido que no prazo do concurso, estariamas obras prontas, foi decidido abrir o concurso.No relatório de 1916-1917 (pg.175) surgeuma estatística do Serviço de Estomatologiacom 1580 doentes inscritos na C.E. ODirector era o Dr. Jerónimo Moreira, havia ummédico adjunto, o Dr. António Mendes, e umaluno ministrante, Alfredo Barata da Rocha.

Em 1918 a estatística referia 1084 consultasexternas. Com os mesmos 2 médicos doquadro. Manteve-se a mesma equipa, e em 1919as consultas foram já só 882. Ainda menosforam as 789 de 1920.

Até 1924, continuaram os dois médicos, mas apartir dessa data, o assistente passou a ser o Dr.Amândio Costa Guimarães, que, após ajubilação em 1934 do Dr. Jerónimo, passou aDirector; sendo o lugar de assistente ocupadopor José Maria Braga, até que em 1937 abriramconcursos para vários lugares, ficando comoDirector o Dr. José Frazão Nazaré (concurso

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

em 2/3/1938), como 1º assistente o Dr.António Silva Paul, e como 2º assistentes o Dr,Fernando Costa Leite. Esta equipa manteve-seaté 1947, data em que entraram mais dois 2ºsassistentes: Diamantino Pombo e AntónioLino Ferreira, que continuavam em 1952,tendo ao Dr. Nazaré sucedido como Director oDr. António Paul, a este o Dr. Lino Ferreira, edepois o Dr. Teodoro Bettencourt de Sousa.

A Neurologia no Porto era exercida emconjunto com a Psiquiatria, no âmbito daespecialidade designada Neuropsiquiatria. ASCMP possuia um estabelecimento de grandedimensão, construído no século XIX, comfinanciamento resultante de um avultadolegado dum rico emigrante no Brasil, o Condede Ferreira. O referido estabelecimento era, e é,um Hospi ta l pav i lhonar dest inadoessencialmente a albergar (e tratar!) doentesmentais, em grande parte crónicos, e que édesignado pelo nome do beneméritofinanciador.

Sendo assim, os doentes de neuropsiquiatrianão eram tratados no HGSA mas no HospitalConde Ferreira.

Quando o Dr. Corino de Andrade se instalouno Porto, regressado em 1938 de longos anosem Estrasburgo e Berlim, era de facto o 1ºNeurologista a exercer na “Capital do Norte”.Em Lisboa, nessa época, já trabalhavam figuraseminentes da Neurologia Portuguesa, comoEgas Moniz, António Flores, e pouco depois osjovens Almeida Lima, Miller Guerra, LoboAntunes, Etc.

O Dr. Corino ofereceu os seus serviços àSCMP, e em reunião da Mesa de 11/1/1939,sendo Provedor A. Luís Gomes, foi criado o“Serviço especial de Neurologia” e em novasessão de 24/7/1940 foram nomeados o 1ºDirector Corino de Andrade e o 1º AssistenteJoão Resende. Mas a História do Serviço deNeurologia foi já motivo de vários artigos eensaios publicados, (14) pelo que não serepetirá aqui.

6.4 A Neurologia

No entanto deverá dizer-se que da pequenaconsulta de Neurologia dos anos 40, nasceramaté ao fim do século, os Serviços eespecialidades de Neurocirurgia (FundadorCorino de Andrade, 1º Director António RachaMelo), Neuroradiologia (fundador e 1ºDirector Paulo Mendo), Neurofisiologia(fundador João Resende, 1º Director ManuelCan i jo) , Neuropato log i a (Antón ioGuimarães), além da Neurologia, cujo sucessordo fundador Corino de Andrade, após a suajubilação em 1976, foi José Castro Lopes. Paraalém disso deve fazer-se referência àimportância mundial da investigação na PAF,em que se destacaram os colaboradores doMestre, Doutor Pedro Pinho e Costa, neuroEnfermaria químico e Doutora PaulaCoutinho, Neurologista. Finalmente é dereferir que do tronco comum da Neurologia edo Dr. Corino nasceu o Intensivismo noHGSA, com o Serviço pioneiro de ReanimaçãoRespiratória (de que foi ele o 1º Director), quepassou a designar-se de Cuidados intensivos efoi dirigido, após a aposentação do fundadorpelo Dr. Armando Pinheiro, a que se seguiramSérgio Alexandrino, Paes Cardoso, ManuelBrandão, até ao fim do século.

Uma das últimas, se não a última, dasespecialidades criadas antes de 1950 foi aAnestesia, que surge em 1948 com a designaçãode “Serviço de Anestesia pelo Ciclopropano”,Até então a anestesia, por vezes com éter ouclorofórmio, era praticada por membros maisnovos da equipa cirúrgica.

Assim, no relatório da Mesa referente a 1948,sendo Provedor o Coronel Alberto Frazão, e aDir. Admin. do HGSA integrada por PadreAdriano M. Martins (presidente) e AlírioAugusto Sampaio, Antº Lima Ribeiro Maia eTem - Cor. José Guilherme Pacheco, refere-se apág. 128 a criação nesse ano do “Serviço deAnestesia pelo Ciclopropano”. Escreve opresidente da D. Adm.: “Para actualizar osmétodos de anestesia que... no estrangeiro e emLisboa deram provas eficientes, organiza-se o[Serviço de Anestesia, pelo Ciclopropano]. Foi

6.5 A Anestesia

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Arquivos do HGSA | 40

AS no HGSAESPECIALIDADES

autorizada a aquisição de dois aparelhos, umdos quais já está em serviço”. No mesmorelatório a pág. 135, escreve o Director ClínicoDr. Ângelo das Neves (o sub era o Dr. AdrianoSerrano Jr.) “ Foi criado o Serviço de Anestesiapelo Ciclopropano e outros anestésicosmodernos que têm sido empregados em muitasoperações de Cirurgia, com eficientesresultados, estando confiado aos Drs. RuelaTorres e Ribeiro dos Santos, que têm revelado amaior competência e dedicação no seuexercício.”

Em 1947, licenciou-se na FMP (entãodispondo de enfermarias Escola no HGSA) oDr. Pedro Ruela Torres, no mesmo Curso doDr. Albino Aroso e do Prof. Fernandes daFonseca; colocado como estagiário no Serviçode Cirurgia 6, de que era Director o Dr. AraújoTeixeira, foi lhe sugerido por este, que sededicasse à especialidade nascente, sobretudona Grã-Bretanha, a Anestesia. Pedro RuelaTorres seguiu a sugestão e partiu para o reinoUnido, onde estagiou em Londres (MiddlesexHospital) e sobretudo em Oxford (ChurchilHospital) onde teve como Mestre o Prof.MacKintosh, que era o 1º professor deAnestesia no mundo, (14) regressando comformação completa ao HGSA; em 1948, tendosido contratado como anestesista, na mesmaépoca dos Drs. Alfredo Ribeiro dos Santos eLeonor Ribeiro Pereira Guedes, que com eleconstruíram o serviço. Deve ser a isso que serefere o relatório do ano 1948 acima citado.

De facto, os cirurgiões, com quem elescolaboravam também no privado, aperceberam--se da importância da nova especialidade.Assim, em 1950, foi criado oficialmente oServiço de Anestesia do HGSA, o 1º serviçoportuguês da especialidade, embora já houvessepraticantes noutras instituições, a começar pelaFMP, que à data dispunha de enfermarias eblocos no HGSA, tendo sido contratados poressa data, anestesistas como Domingos deAraújo, Luís Llamas, Júlio Costa, AuroraSequeira Amarante.Criado o Serviço no HGSA, o quadro inicial eracomposto pelo DS Pedro Ruela Torres, o 1º

assistente Ribeiro dos Santos e a 2º AssistenteLeonor Ribeiro.

No mesmo ano de 1950 terminaram o Cursona FMP (HGSA) 3 jovens que viriam adestacar-se como anestesistas: Manuel SilvaAraújo, Raul Nascimento da Fonseca e AdelinoMatos Lobão. Os dois últimos algum tempodepois entraram para o jovem serviço, enquantoSilva Araújo foi para o serviço militar emLisboa, ao mesmo tempo que estagiava nosHCL. Aí conhece os pioneiros da Anestesia emLisboa, Eusébio Lopes Soares e AvelinoEspinheira, e decide fazer-se anestesista. Noregresso ao HGSA conhece o Dr. Corino deAndrade e entusiasma-se com a sua figurac ient í f ica e com os problemas daneuroanestesia, então a balbuciar os primeirospassos. O Dr. Corino convence-o a fazerpreparação em Inglaterra, consegue uma Bolsado British Council, e em 1956 parte paraInglaterra, onde durante 2 anos estagiasucesivamente em Manchester (com oneuroanestesista Andrew Hunter), Cardif(com Mishin), Edimburgo com Johnson noserviço de Neurocirurgia de Normann Dott,Oxford (Churchil Hospital) e Londres noMiddlesex e nos Queen Square e MaidavaleHospital for Nervous Diseases.

Regressado ao HGSA faz provas de concursopara 2º assistente em 1957 e para 1º assistenteem 1960.

Em 1959 abre o H. S. João, que alberga a FMP,saída do HGSA, e abre o Serviço de Anestesiapara o qual é convidado como Director o Dr.Pedro Ruela, sendo os restantes lugarespreenchidos pelos médicos que já faziamanestesia nas enfermarias escola do HGSA.

Assim, até 1968 o Dr. Pedro Ruela acumulouos dois lugares de DS nos 2 Hospitais, tendooptado finalmente pelo HSJ. No serviço doHGSA ficou como Director interino o Dr.Ribeiro dos Santos, o mais antigo dos 2primeiros assistentes, até que, em concursopúblico em 1973-74, foi aprovado o Dr.Manuel Silva Araújo, que foi portanto o

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41 | Arquivos do HGSA

AS ESPECIALIDADES no HGSA

segundo Director do Serviço.

A partir de então. Nos anos 60 e 70 o serviçoteve um enorme desenvolvimento, formandogerações de anestesistas que se afirmaram emvariados locais e países, como Victor Blanc, hámuitos anos no Canadá, Ricardo Magno, naSuécia, Gonçalves Ferreira, em Braga, MariaAntónia Braga, já falecida. E muitos outros.O serviço afirmou-se também como pioneiro,na ária do Intensivismo, colaborando semprenas iniciativas pioneiras, promovidas nos anos60 e 70, sobretudo, pela grande visão de Corinode Andrade.

O Dr. Manuel Silva Araújo, deixou a direcçãodo serviço por limite de idade, em 1997,sucedendo-lhe o Dr. Fernando Mendo e aindano séc. XX, a Drª Fernanda Nunes.

Ao longo dos anos surgiram pedidos deautorização de novas consultas especiais que senão concretizaram.

Em 6/12/1900, o Dr. Joaquim José Martins daSilva, médico duma enfermaria de Cirurgia,pede autorização para abrir uma consultaespecial de “Doenças sifilíticas”, que apesar deter tido o acordo do presidente da DirecçãoAdministrativa, Dr. Clemente Pinto (Acta de6/12/1900 Bl.8, nº 48), não teve andamento,talvez porque no início do ano já havia sidoautorizada, como se viu atrás, a consulta deGinecologia, Dermatologia e Sifiligrafia.

Já antes, na Acta de 30/10/1890, se dava contada vontade do Conselho Médico de que seconstruíssem hospitais especializados para“Tísicos” e “Meretrizes”, pois não seconsiderava legítimo que esses doentesestivessem misturados com os outros. Na actaseguinte (6/11/ 1890) dizia-se que umaAssembleia de médicos propusera, além dosrestantes, também um Hospital para Crianças.

Em18/3/1914 (Acta nº 42) o médico, quemais tarde se haveria de distinguir como

6.6 Outras tentativas não concretizadas

Radiologista, Dr. Adolfo Pinto Leite, solicitoua abertura de consulta especial de Doenças doaparelho Digestivo, que, apesar de pretenderser sem custos para o HGSA, não teveseguimento.

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As Especialidades Modernas

Arquivos do HGSA |42

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43 | Arquivos do HGSA

7.1 As Especialidades Modernas que existiamno fim do século XX no HGSA

7.2 As Especialidades Modernas que deixaramde existir

Para além das diferentes especialidadesreferidas até aqui, nascidas em regra antes de1950, surgiram no pós-guerra múltiplasespecialidades, reconhecidas pela Ordem dosMédicos.

No final do século XX, existiam no HGSA, asseguintes especialidades, susceptíveis deinclusão nesse grupo. São elas:

Cirurgia Vascular, mais tarde designada“Angiologia e Cirurgia Vascular”CardiologiaCirurgia Maxilo-facialEndocrinologiaGastrenterologiaGinecologiaHematologia ClínicaImunohemoterapiaMedicina Física e Reabilitação (Fisiatria)Medicina Geral e FamiliarMedicina NuclearMedicina do TrabalhoNefrologiaNeurocirurgiaNeuroradiologiaOncologia MédicaPatologia ClínicaPsiquiatria

Em resumo foram criadas na 2ª metade doséculo, 18 novas especialidades, quase semprecoincidindo com Serviços, que se vieram juntaràs 12 nascidas antes.

HomeopatiaCirurgia CardiotorácicaCirurgia PlásticaRadioterapia

7.3 Especialidades que nunca existiram, pelomenos autonomizadas

Cardiologia PediátricaCirurgia PediátricaDoenças InfecciosasFarmacologia ClínicaGenética MédicaImuno-alergologiaMedicina DesportivaMedicina LegalMedicina TropicalPneumologiaPsiquiatria InfantilReumatologiaSaúde Pública

Há portanto, mais 13 especialidadesreconhecidas pela O M, que não existem nemexistiram no HGSA

No total, a OM tem registado 46especialidades (15). Se retirarem asespecialidades de base, Medicina Interna eCirurgia Geral, sobram 44, não seconsiderando a Homeopatia, por não seractualmente reconhecida.As especialidades “modernas” somaram: 7.1 =18; 7.2 = 3; 7.3 = 13 ou seja 34.No presente trabalho apenas se analisaram como possível pormenor as 12 especialidadespioneiras, isto é, as primeiras a serindividualizadas no HGSA e por vezes tambémno Pais.

As restantes 18 existentes poderão ser objectode outro trabalho futuro no qual também seprocure mostrar os motivos que conduziram aencerrar ou não abrir o conjunto indicado de 16especialidades agrupadas nos pontos 8.2 e 8.3.

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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RESUMO E CONCLUSÃO

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AS no HGSAESPECIALIDADES

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Finalmente procurou se, sempre que possível,deixar registo dos Homens que serviram oHospital e a cidade, construindo asespecialidades, muitos das quais foram grandesfiguras da Medicina no Porto, na região emesmo no País e fora dele.

8.RESUMO E CONCLUSÃO

Desde os últimos anos do século XIX que aSCMP e o HGSA têm vindo a criar edesenvolver múltiplas especialidades, a partirda base de áreas de Medicina e Cirurgia quefuncionaram durante todo o século XIX.

As primeiras a diferenciar-se, quase sempre apartir do Ambulatório (Consultas Especiais)foram a Pediatria (Consulta Especial deCrianças), que foi nos primeiros anosessencialmente cirúrgica, a Oftalmologia, e aDermatologia, foram todas criadas pormédicos cirurgiões do quadro do HGSA, queobtiveram formação especializada posterior. Sóa ORL começou logo com um especialista deraiz, regressado de longo estágio em Paris.

No sector privado existiam na mesma épocaespecialistas, a maior parte dos quaisacumulando com o HGSA.

A Homeopatia (e também a área de “Partos”)foi aparentemente a mais antiga, desde meadosdo século XIX, e era exercida por médicos quese não integravam na corrente geral do SaberMédico de então, acabando por se extinguir.

Durante os primeiros anos do século XX,sobretudo nas três primeiras décadas, foramcriadas as grandes especialidades de massa(Anexo 4).

O HGSA foi pioneiro em algumas como aRadiologia (dos primeiros hospitais do Pais amontar instalação, e o 1º no Norte), aOftalmologia (cujo centenário passou em2000), o mais antigo serviço hospitalar doPaís, só antecedido pela clínica de Gama Pinto,que conduziu ao actual Instituto, Anestesia,cujo Serviço foi o 1º a ser criado no País, emuitos mais na 2ª metade do século XX.

O HGSA e os seus especialistas continuaram acriar novas especialidades ou “Competências”,ao longo dos anos, construindo Serviços quepodem ser agrupados por períodoscronológicos, como se mostra o Anexo 4.

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

13.

Relatórios anuais do Provedor da SCMP 1890 a 1973

Actas das reuniões da Mesa

As origens da Radiologia no HGSA” Luis de Carvalho Arquivos do HGSA 2005, Vol. I 1ª Série

Opúsculo “Subsídios para a história da Obstetrícia no Porto. Prof. Alberto Saavedra, 1926

“O Cirurgião Franchini”

“O Médico Tito Fontes”

“Notas sobre uma visita Régia” por Armando Jales, in “O Tripeiro”, série V, ano XI

Volume com documentação sobre Concursos Médicos 1886-1912.Biblioteca da SCMP, cota E A 18

“História da ORL em Portugal” coordenação de J. Eduardo Clode.Sociedade Portuguesa de ORL2003.

“ O HGSA na 2ª metade do Século XX” por Luis de Carvalho, in A SCMP e o voluntariado em Saúde,ed. SCMP, 2002

Informação verbal de Médicos que viveram os factos

Artigos e publicações sobre Corino de Andrade e os seus Serviços:- Introdução historiada à descoberta da PAF João Resende, Boletim do Hospital, vol.1 nº1, 1976;- Dr. Corino de Andrade Luís de Carvalho, Arquivos do HGSA, vol.2 nº2, 1998;- Dr. João Resende, uma referência da Neurologia do Norte - Luís e Carvalho Sinapse, vol.3 nº1,2003

- Corino Andrade Excelência de uma vida e obra Maria Augusta Silva, Ed. Fundação Glaxo SmitheKlein das Ciências da Saúde, 2002

Ordem dos Médicos / C.N.E. Especialidades - Site na Net, 2995

BIBLIOGRAFIA

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ANEXO|1

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AS ESPECIALIDADES no HGSA

ANEXO 1

8834 6714 5419 7004 6232 5016 4751

433 335 265 308 368 327 405

636 575 461 556 585 567 793

171 176 245 257 381 295 283

148 44 40 38

744 300 226 329 298 204 202

644 613 678 665 552 594

36 150 493

Enfermarias

Enfermarias GeraisEnf. Homeopatia

Enf. Parturiente

Tuberculosos

Variolosos

Enf. Cadeia

Enf. Toleradas

1891 1892 1893 1895 1896 1897 1899

8834

433

636

171

148

744

644

HGSA – INTERNAMENTOSInternamentos anos 1890

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ANEXO|2

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Cirurgia GeralOrtopediaGinecologiaUrologiaO R. L.OftalmologiaTOTAL

1 2 5 6 9 12 13 14

31 38 23 12 10 44 39 54 251

19 20 9 8 - 14 9 14 93

- - - - 18 x - 52 26 96

8 11 22 4 - - 6 - 51

2 - - 1 - 1 - - 4

- - - 29 - 4 - - 33

60 69 54 54 28 63 106 146 580

TOTAL

CIRURGIA EM 1900

ANEXO 2

Director e Assistentes por Enfermaria:

Enfª 1 - Guilherme Nogueira, Ortigão Miranda

Enfª 2 - Adelino Costa, Perry Sampaio

Enfª 5 - Moraes Caldas, Pinto Pereira

Enfª 6 - Joaquim Augusto de Matos, Forbes Costa

Enfª 9 - Maia Mendes, Martins da Silva

Enfª 12 - Dias de Almeida, Luis Viegas

Enfª 13 - Júlio Franchini, António Andrade

Enfª 14 - Sousa Oliveira, Ramos de Magalhães

AS ESPECIALIDADES no HGSA

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ANEXO|3

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AS no HGSAESPECIALIDADES

Anexo 3

CIRURGIA UROLÓGICA NO INÍCIO DO SÉCULO XX - HGSA

Nº ENFª

1

2

5

6

9

12

13

14

Total Urologia% enfª 2 e 5% enfª 2 , 5 e 6

Taxa de Urologia

TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%TotalUrologia%

1900

607

12399

235422416446

3900

11400

10444

14600

4631 - 57%

-

1901

525

104111275522415447

3900

5300

----

00

4233 79%

-

1909

447

168919218427327114205512

-00

12886

12100

7646 61%60- 79%

1916

541019

1212924461533432047999

10-

00

15010

6300

8444 - 52%64 76%

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ANEXO|4

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O PANORAMA, DÉCADA A DÉCADA, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

AS no HGSAESPECIALIDADES

Anexo 4

Ao compulsar os registos da época, osrelatórios anuais da SCMP e estatísticasvárias, pode-se resumir o conjunto deEspecialidades referenciadas em cada década:

Medicina, Cirurgia, Partos,Tuberculosos, variolosos Toleradas, Cadeia,Homeopatia.

Medicina, Cirurgia, Partos,Homeopatia.Os doentes tuberculosos e variolosos eramtratados pelos médicos de Medicina.

Na enfermaria 12, e mais tarde na 9, o Dr. JoséDias de Almeida Jr. Director de enfermaria eProfessor de Cirurgia da EMC, vinha desde1895 a manter uma unidade de cirurgiapediátrica, ao mesmo tempo que dirigia umaConsulta Especial de Crianças.

Clínica Geral, Pediatria desde 1895e no último ano (1899-1900) iniciaramact iv idade , Consultas Espec ia i s deOftalmologia, Dermatologia e “pequena”Ginecologia.

- Idem. Iniciaram na década anterior asactividades da Consulta Especial de ORL,criou-se o Gabinete de Electro-radiologia em

1900

1910

Internamento:- Enfermarias de:

- Especialidades:

- Consulta:

1908, pela incorporação da nova tecnologia dosRaios X, desenvolveu-se o Laboratório deAnálises Clínicas.

Existiam 7 enfermarias deCirurgia (3 de H e 4 de M numa das quaisexistiam camas para crianças), 5 de Medicina, eEnfermarias Escola da FMP, para Medicina eCirurgia; A Enfermaria de Partos estava naépoca sob a Direcção do Professor deObstetrícia da FMP. E já havia uma enfermariaescola de Ginecologia, embora dirigida por umProfessor de Clínica Cirúrgica.

Continuava a Homeopatia, esurgem novas consultas especializadas a juntaràs iniciadas nas décadas anterioresEstomatologia , Ortopedia.

Além das habituaisenfermarias de Medicina e Cirurgia, havia jáinternamento específico para Pediatria;Mantêm-se as enfermarias de Homeopatia esurge o internamento de Oftalmologia, deGinecologia, e a nova especialidade de Urologia(e Venereologia).Surgem individualizadas as enfermarias deCurieterapia.

1920

1930

- Enfermarias de:

- Consulta:

- Enfermarias de:

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AS no HGSAESPECIALIDADES

1940

As mesmas especialidades, juntando-se a Consulta de Neurologia, iniciada em 1939 por Corino deAndrade, individualizando-se do Laboratório a Anatomia Patológica.

- Em 1950, e considerando as novas especialidades de Anestesia (nascida com a designação de Anestesiapelo Ciclopropano) e de Cirurgia Cardio-toráxica, o conjunto de especialidades existentes eram:

Medicina, Cirurgia, Pediatria, Obstetrícia;Dermatologia, Estomatologia, ORL, Oftalmologia;Neurologia, Ortopedia, Ginecologia, Urologia, Cirurgia Cardio-Toráxica;Anestesia, Anatomia Patológica, Laboratório (Análises Clínicas), Electroradiologia.Persistiam, embora em redução de actividade, as enfermarias de Homeopatia e de Curieterapia.

Consultas especiais da Escola: Ortopedia Carlos Lima; Pediatria e Dermatologia

1950

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