a pertinência de abordagens cts na educação tecnológica

11
10/02/2015 A pertinência de abordagens CTS na educação tecnológica http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 1/11 La Revista Iberoamericana de Educación es una publicación monográfica cuatrimestral editada por la Organización de Estados Iberoamericanos (OEI) Está en: OEI Ediciones Revista Iberoamericana de Educación Número 28 Número 28 Enseñanza de la tecnología / Ensino da tecnologia EneroAbril 2002 / JaneiroAbril 2002 A pertinência de abordagens CTS na educação tecnológica Walter Antonio Bazzo (*) SÍNTESE: A educação tecnológica, ministrada no âmbito universitário e em particular nas carreiras de engenharia, encontrase muito ligada a enfoques eminentemente técnicos, que ignoram as influências recíprocas entre as trocas sociais e os desenvolvimentos científicos e tecnológicos. Ainda que esta questão esteja presente em muitos dos debates na atualidade e que, em alguns países como Estados Unidos, Canadá ou os da União Européia, ensaiamse soluções baseadas nos estudos sobre as relações entre ciência, tecnologia e sociedade, no Brasil –e no resto da América Latina– a situação parece encontrarse num ponto de indefinição. Seguindo a tendência internacional, uma primeira saída para esta situação poderia ser a inclusão, nos planos de estudos das engenharias, de uma perspectiva CTS, que permitisse a aproximação às intrincadas relações existentes hoje entre os componentes desse acrônimo. Para isto, é necessário produzir uma mudança na cultura epistemológica sobre a forma em que é considerado o conhecimento na área tecnológica. No entanto, em vista das dificuldades para alcançar o êxito num processo dessas características, o autor propõe adotar uma estratégia alternativa baseada em dois elementos. O primeiro, de caráter transitório, é a incorporação de disciplinas específicas para o ensino da tecnologia, a partir de uma perspectiva CTS. O segundo aponta para uma mudança estrutural nas condições de ensino da disciplina e consiste em modificar ou, em alguns casos, colocar em marcha processos de formação de professores de engenharia baseados naquela perspectiva, como fator efetivo de transformação da educação tecnológica. Síntesis: La educación tecnológica que se imparte en el ámbito universitario, y en particular en las carreras de ingeniería, se encuentra muy ligada a enfoques eminentemente técnicos, que ignoran las influencias recíprocas entre los cambios sociales y los desarrollos científicos y tecnológicos. Aunque esta cuestión está presente en muchos de los debates que tienen lugar en la actualidad, y que en algunos países, como Estados Unidos, Canadá o los de la Unión Europea, se ensayan soluciones basadas en los estudios sobre las relaciones entre ciencia, tecnología y sociedad, en Brasil –y en el resto de Latinoamérica– la situación parece encontrarse en un punto de indefinición. Siguiendo la tendencia internacional, una primera salida a esta situación podría ser la inclusión, en los planes de estudio de las ingenierías, de una perspectiva CTS que permitiera la aproximación a las intrincadas relaciones existentes hoy entre los componentes de ese acrónimo. Para ello, es necesario producir un cambio en la cultura epistemológica sobre la forma en que es

Upload: danisleiprofbio

Post on 03-Oct-2015

13 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

A educação tecnológica, ministrada no âmbito universitário e em particular nas carreiras deengenharia, encontra-semuito ligada a enfoques eminentemente técnicos, que ignoram as influênciasrecíprocas entre as trocas sociais e os desenvolvimentos científicos e tecnológicos.

TRANSCRIPT

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 1/11

    LaRevistaIberoamericanadeEducacinesunapublicacinmonogrficacuatrimestraleditadaporlaOrganizacindeEstadosIberoamericanos(OEI)

    Esten:OEIEdicionesRevistaIberoamericanadeEducacinNmero28

    Nmero28Enseanzadelatecnologa/Ensinodatecnologia

    EneroAbril2002/JaneiroAbril2002

    ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    WalterAntonioBazzo(*)

    SNTESE:Aeducaotecnolgica,ministradanombitouniversitrioeemparticularnascarreirasdeengenharia,encontrasemuitoligadaaenfoqueseminentementetcnicos,queignoramasinflunciasrecprocasentreastrocassociaiseosdesenvolvimentoscientficosetecnolgicos.

    Aindaqueestaquestoestejapresenteemmuitosdosdebatesnaatualidadeeque,emalgunspasescomoEstadosUnidos,CanadouosdaUnioEuropia,ensaiamsesoluesbaseadasnosestudossobreasrelaesentrecincia, tecnologiaesociedade,noBrasilenorestodaAmricaLatinaasituaopareceencontrarsenumpontodeindefinio.

    Seguindoatendnciainternacional,umaprimeirasadaparaestasituaopoderiaseraincluso,nosplanos de estudos das engenharias, de uma perspectiva CTS, que permitisse a aproximao sintrincadasrelaesexistenteshojeentreoscomponentesdesseacrnimo.

    Para isto, necessrio produzir umamudana na cultura epistemolgica sobre a forma em que consideradooconhecimentonareatecnolgica.Noentanto,emvistadasdificuldadesparaalcanaroxitonumprocessodessascaractersticas,oautorpropeadotarumaestratgiaalternativabaseadaemdoiselementos.Oprimeiro,decartertransitrio,aincorporaodedisciplinasespecficasparao ensino da tecnologia, a partir de uma perspectiva CTS. O segundo aponta para uma mudanaestruturalnascondiesdeensinodadisciplinaeconsisteemmodificarou,emalgunscasos,colocarem marcha processos de formao de professores de engenharia baseados naquela perspectiva,comofatorefetivodetransformaodaeducaotecnolgica.

    Sntesis:Laeducacin tecnolgicaquese imparteenel mbitouniversitario, yenparticularen lascarrerasdeingeniera,seencuentramuyligadaaenfoqueseminentementetcnicos,queignoranlasinfluenciasrecprocasentreloscambiossocialesylosdesarrolloscientficosytecnolgicos.

    Aunqueestacuestinestpresenteenmuchosdelosdebatesquetienenlugarenlaactualidad,yqueenalgunospases,comoEstadosUnidos,CanadolosdelaUninEuropea,seensayansolucionesbasadasen losestudiossobre lasrelacionesentreciencia, tecnologaysociedad,enBrasilyenelrestodeLatinoamricalasituacinpareceencontrarseenunpuntodeindefinicin.

    Siguiendolatendenciainternacional,unaprimerasalidaaestasituacinpodraserlainclusin,enlosplanesdeestudio de las ingenieras, deunaperspectivaCTSquepermitiera la aproximacina lasintrincadasrelacionesexistenteshoyentreloscomponentesdeeseacrnimo.

    Para ello, es necesario producir un cambio en la cultura epistemolgica sobre la forma en que es

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 2/11

    consideradoelconocimientoenelreatecnolgica.Sinembargo,vistaslasdificultadesparaalcanzarel xito en un proceso de esas caractersticas, el autor propone adoptar una estrategia alternativabasada en dos elementos. El primero, de carcter transitorio, es la incorporacin de asignaturasespecficasparalaenseanzadelatecnologadesdeunaperspectivaCTS.Elsegundoapuntaauncambio estructural en las condiciones de enseanza de la disciplina, y consiste enmodificar o, enalgunos casos, poner en marcha procesos de formacin de profesores de ingeniera basados enaquellaperspectiva,comofactorefectivodetransformacindelaeducacintecnolgica.

    (*)CoordenadordoCursodeEngnheriaMecnica,UFSC,CTC,EMC,Brasil.

    1.AIdia

    Escrevo este artigo, aproveitando o ensejo de inmeras discusses que vm sendotravadasemdiversosambientespreocupadoscomosrumosqueatecnologiavemtomandonomundocontemporneo,buscandoestabelecerargumentosqueressaltemaimportnciae a necessidade de reformulaes conceituais, em termos de forma e contedos, naeducaotecnolgicabrasileira(eaquifalonaeducaotecnolgicabrasileira,mascomaconvicoquetaisargumentospodemserestendidosatodosospasesdomundo).

    Entendo que esse processo educativo, no de hoje, est fortemente calcado emcompetentesabordagensdecunhoeminentemente tcnico,perdendodevista,entretanto,as profundas e radicaismudanas que se processamnas ltimas dcadas nas questessociais decorrentes dos inmeros avanos cientficos/tecnolgicos que se avolumamquotidianamente. Este aspecto que vem, de alguma forma, sendo amenizado em outrospases atravs das abordagens em estudos da relao cincia, tecnologia e sociedade(CTS), estaria caracterizando a necessidade de redefinies deste processo educacionalnas escolas de engenharia, para que ele se ajuste esta crescente complexidade darealidade social contempornea. Isto pode significar fortes transformaes na prtica deensinoatual,oque, indubitavelmente,podeassustareafastardaanlisedesteproblemaaquelesquehmuitotempoestoarraigadosnoenfoquedacinciaedatecnologiacomoagentesneutrosnesteprocessointricadodedesenvolvimentohumano.Porisso,aquibuscoargumentar em favor de uma proposta de introduo, nos cursos de graduao emengenharia, de abordagens CTS associadas aos contedos tcnicos neutros edescontextualizadosjconsolidadosnoscurrculosescolares.

    Tenhoconsciente,nasminhasanlisesereflexes,queproporumestudocomtalenfoquepodeseconstituiremtarefainglrianumpasqueinchaseuscurrculos,nagrandemaioriadas vezes, com disciplinas adestradoras, na tentativa ingnua de acompanhar odesenvolvimento cientfico/tecnolgicoavassalador.Outrospases,aocontrriodonosso,sempreapostaram,eagoraredobramseusesforos,naformaobsicadeseuscidados,inclusivebuscandoaalfabetizaosobreasrepercussesensejadaspelodesenvolvimentocientfico/tecnolgico.

    Este atropelo desenfreado por solues extemporneas nas nossas escolas, sem anecessriaanliseporpartedosresponsveispelosplanejamentoseducacionaisnasreastecnolgicas,tmnoscustadoumpreoexcessivo.Apesardealgumasilhasdeexcelncia,em certos campos da tecnologia moderna, ainda penamos por aplicarmos polticascompletamente descontextualizadas das nossas prioridades sociais. Por tal motivo,conhecer com profundidade o imbricado relacionamento existente hoje, entre cinciatecnologiaesociedade,procedimentoquevemsendoadotadohdcadasempasescomoosEstadosUnidos,Canadeagrandemaioria dospaseseuropeus, passaa ser tarefaindispensvel para qualquer sociedade que deseja sua independncia como naosoberana.

    Esta pretenso comeou a ser vislumbrada ao longo de um trabalho que venhodesenvolvendo h muito tempo, juntamente com um grupo de pesquisa que coordeno

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 3/11

    (NEPET Ncleo de Estudos e Pesquisas em Educao Tecnolgica).Dentreumaporodeatividadesqueestencleodesenvolve,umadasprincipaispropor, juntamentecomaformaogeraldosprofessoresdeengenharia,disciplinas em cursos de psgraduao e graduao que possamcomear a suprir estanecessidadeprementenaeducaotecnolgica.

    Meu posicionamento em relao a introduo de disciplinas estanques nos currculosbrasileirosbemconhecidaportodosquetmacompanhadominhaspublicaes.Seiqueareversodestequadropositivista,quemuitasvezesfreiaacapacidadecrticaereflexivadosestudantes,naeducao tecnolgicanoBrasilmaisprofundaquesimplesadendosconteudistas estabelecidos atravs da criao de diferentes disciplinas. No entanto, emfuno da premncia da alfabetizao sobre os reflexos do desenvolvimentocientfico/tecnolgicodosprpriosprofissionaisquetrabalhamnestecampo,melevouaserflexvel neste posicionamento. Tenho conscincia de que apenas a introduo de taisdisciplinas com vistas s reestruturaes curriculares no so suficientes para umaprimoramento do ensino nesta rea. preciso muito mais! Uma mudana culturalepistemolgicadaformacomooconhecimentotratadonestareaseriaoprimeirograndepasso.Eporisso,apresentepropostaindicaquetambmumadisciplinacomesteescopopode alterar a forma linear como assuntos no campo da engenharia so tratados,contribuindo para que uma nova filosofia para o ensino desta matria seja alcanada.Adicionalmente, para que possamos atingir tal objetivo, aposto tambm num necessrioprocessode formaodeprofessoresdeengenharia como fatorparauma transformaoefetivadaeducaotecnolgica.

    2.TecnologiaeDesenvolvimientoHumano

    Sohabituaisecontundentesosdiscursosemqueseafirmaseremosprogressossociaisaltamentedependentesdaao incisivada tecnologia.Muitosmotivos,nagrandemaioriaexaltados por ns, professores de engenharia, justificam tal entendimento. Dentre elessobressaemosargumentosqueenaltecemasupremaciadatecnologia,tendoemvistasuaposiocomocriadoradecondiesmateriaisparaasubsistnciahumana.Nestalgicaeneste direcionamento, calcado na intricada relao entre ambas, a cincia entraria comosuporte bsico prpria tecnologia. Em linhas gerais, por um processo cultural que sedesenvolve desde as antigas escolas europias que trabalhavam com tecnologia, estepareceserumdospressupostosqueapoiamaengenhariaeoseuensino.

    Ao observarmos produtos tcnicos, se nos detivermos nas suas finalidades maispragmticas, despindonos por completo de anlises reflexivas de suas pertinncias epotencialidades sociais e ambientais, poderamos at concluir que esta premissa convincente e verossmil. Porm, ao analisarmos todos estes reflexos da tecnologia,incluindo tambm aqui os econmicos que parecem ser atualmente os diretores destemundoglobalizado, tal comoa entendemose praticamoshoje independentemente dosmais diversos contextos, certamente, mesmo com a defesa veemente praticada pelodiscursoneoliberal,algumasincongrunciasemergirodestasupostapositividade.

    Despertadas por recentes denncias, que comearam a surgir nos anos 60, acerca depossveisaspectosnocivosdatecnologia,asmaisdiferentescomunidadessociaispassamaospoucosaencarlacommaiscautela.AexplosodasbombasatmicasemNagasakieHiroshima,adescobertadoefeitoestufa,provavelmenteprovocadoporaodoshomens,oproblemaaparentemente incontornveldapoluioeminmerascidadesmundoafora,osextensosderramamentosdeleoqueprovocamfortesdegradaesambientais,acidentescatastrficos com instalaes industriais e construes civis todos relacionadosdiretamente comaplicaesdaengenharia, dentre tantos outros, soexemplos deumasrieinfindveldeacontecimentosqueinquietamepreocupamaquelesquerefletemsobreo futuro,equesoconseqnciadiretadeatosdopassado.Fatoscomoestespememxeque a credibilidade da autoridade dos conhecimentos tcnicos e cientficos. Aditase atudoissoosresultadosassustadoresdecorrentesdaondadedesempregoquevarretodoo

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 4/11

    mundo e que tm relao direta com a falta de relacionamento, aos mais diferentescontextos, dos avanos inexorveis da cincia e da tecnologia que pouco refletem sobresuasrepercussessociais.Istotudopodeseremparteocasionadospelainadequaodosentendimentostradicionaisdospapisdacinciaedatecnologiadiscutidosnaescola,emespecialentreengenheirosetecnlogos.

    Mas, apesar deste quadro pessimista que traonas linhas acima,muito j temsido feitoneste campo buscandomostrar os equvocos da falta de anlisesmais profundas sobresemelhantes assuntos. Como exemplo posso citar estudos sobre questes desse tiporealizadosnosescritosdeJacquesEllul,LewisMumford,CarlMitcham,LangdonWinner,ArnoldPacey,MartinHeidegger,JosOrtegayGasset,dentreoutros(Bazzo,1998).

    Almdisso, uma nova ordemmundial se desenha em temposmais recentes, reforandocomveemnciaanecessidadedestas reflexes,ainda to incipientesnoBrasil.Sua facemaisaparentedenotadaporacontecimentoscomoaquedadomurodeBerlim,ocorridaem1989,acrisenasia,iniciadacomproblemascambiaisnaTailndia,querespingaramcomintensidadenasituaobrasileira,provocandofortesoscilaesnasbolsasdevaloresemvriaspartesdomundo.Estanovafacedenunciatambmproblemasquenosafligemdiretamente, como asmanifestaes de rua na estabilizadaGenebra, bradando contra aglobalizao, as tentativas de fechamento da China e do Ir s ingerncias do mundocapitalista nos seus domnios proporcionadas pela Internet, os levantes sociais para adestituiodegovernantesemvriospases, comoosquedestituramFerdinandMarcosnasFilipinasem1986,eogeneralSuhartonaIndonsia,em1998,osrecentesemboradeorigemsecularconflitostnicosemKosovo,etantosoutros.

    patente a evidncia de que, apesar das atraentes promessas dos desenvolvimentoscientficose tecnolgicosoque talvezporsisconstituaumdosmaioresparadoxosdanossaera,questessociaiscomoafome,asguerras,asaviltantesdistribuiesderendaeasfortesdegradaesambientais,continuamseagravandodiaadia.

    Apesar de tudo isso, meios de comunicao e sistemas polticos no raro continuaminsistindo que estaria em essncia na produo de aparatos tcnicos o bemestar dasgeraes futuras. E por ser o sistema educativo componente fundamental de qualquersociedade, ele no passa ao largo desse sonambulismo tecnolgico: sua vtima e seualiado.Mas,mesmosabendodestadubieidadedaescolaeda responsabilidade impardaeducao na reflexo destes problemas relacionados aos estudos CTS, os educadoresresponsveis pelos programas desenvolvidos, seguindo o guia secular das escolas quelidamcomaeducao tecnolgica, continuamaapostarnas remodelaesclssicasdasgrades curriculares sem sequer levantar preocupaes com mudanas das posturasfilosficasdeenfoqueseducacionaisque,estessim,poderocomearadarcontade tointricadoproblema.

    3.UmaContradioDesconcertante

    Hoje,comapossibilidadevivadecontarmoscominformaesdetodososcantosdomundoe de consultarmosmuseus, bibliotecas, universidades e institutos de pesquisa em nossaprpriacasa,dispomos,emprincpio,demaiselementosparanostornarmoscidadosmaisesclarecidos. Isto instiga talvez obrigue, relaes sociais diferentes das que erampraticadaspoucasdcadasatrs.

    Poroutrolado,estaconexosimultneacomomundomesmoquedisponvelapenasparaumapequenafraodasociedadecriaoportunidadesmaisdensasemboradeaparnciaapenasvirtualdeconfrontosdosindivduoscomguerras,fome,catstrofesetodotipodetragdiasantessconhecidasquandoeramconhecidas!aps filtragensmais longaseelaboradas.Estaavalanchedeinformaes,seporumladomuitasvezesnosamedronta,tambmfazcomquenossintamosmaisprximosunsdosoutros.Istodevecontribuirparaum maior encurtamento geogrfico do planeta, tanto quanto para um maior

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 5/11

    congraamento humano, estimulando as artes e o mercado, confrontando culturas eproporcionando uma gama enorme de relaes que, em essncia, antes eram de difcilefetivaooumesmoimpossveis.

    Tudo isso cria oportunidades de crescimento, dando vida nova s relaes sociais.Maisuma vez, claro o compromisso destes fatos com os desenvolvimentos cientficos etecnolgicos. Contudo, inconcebvel que tanto a comunidade cientfica quanto a deprofessoresqueatuamnasescolasque trabalhame/ouproduzemcinciae tecnologia,equeconstremosconhecimentoscomasgeraesfuturas,noespeculemenodiscutamasrepercussessociaisdesuasaes.comose,nesteslocais,apenasasbenessesdoprogresso interessassem, e que quanto s desvantagens no lhes coubesse qualquerresponsabilidade.talparadoxoqueprecisamosnosproporasuperar.

    4.AEducaoTecnolgicaSobNovosEnfoques

    Se o entorno sociocultural muda, se as correlaes de fora entre as naes sofremreajustes,seconceitoscomoosdenaoedeempresahojecomeamadestoardassuasconcepestradicionais,porquenorepensaroprocessodeeducaotecnolgicadentrodeoutrosenfoques?Tudoissodeveriaservirdealertaparaentendermosqueotradicionalmodelodeensinodeengenharia,talvezmuitoapropriadoparaumoutromomentohistrico,pode hoje estar prescindindo de profundas reflexes sobre a sua prtica, para que sereencaixenasnovasperspectivassociais.

    Osdesafiospostoshojeemtermosdasimplicaesdacinciaedatecnologiaextrapolamocampo das abordagens puramente tcnicas, mesmo porque no existe neutralidade natcnica (a esse respeito ver von Linsingen, et al., 1998). Entretanto, em linhas gerais,grandepartedastentativasdesetraarnovoscaminhosparaoensinoaindahojesebaseianumaadaptaolinearaosistemaprodutivoindustrial,numaespciedeimitaoacrticadeseumodeloedesuaeficincia.Estacompreensoparecedominarasdiscussesentreosresponsveisportaistarefas.Porm,peloquepodemosconcluir,asprovidnciasadotadasparecemnoterprofundidadesuficienteparaumataqueefetivoaoproblema.

    Portanto, buscando nos inserir num novo contexto, com este artigo procuro trazer paradiscussespropostasdeinteraescomnovosentendimentosdeorganizaosocial.Incluisenestainterpretaoumquestionamentododeterminismoedaobjetividadequenorteiamemespecialasaeseducacionaisnomeiotcnico.

    Paracomear,parecemequeas recenteseprofundasmodificaesnaorganizaodassociedades,dasaspiraeshumanas,donveldeconscinciadoscidadosedaprpriaestrutura de relaes entre as naes, vm impondo mudanas de tal monta na ordemmundial que se torna imprescindvel repensar a prpria forma de encarar a ao tcnicacontempornea. E mesmo que no concordemos com isso, e que acreditemos que atecnologiacaminhade fatonorumocerto,porquenoassumirumaposturacrticasobreela?

    Se avaliarmos o mundo tcnico tomando como base a orientao das suas realizaesmateriais, e a multiplicidade e utilidade dos produtos hoje disponveis no mercado deconsumo, distinguindoo apenas sob o ngulo das pretensas benesses que ele nosproporcionaria, difcil no enxerglo como vitorioso. Isso talvez porque o caminho daconcordncia, mesmo que soe como um navegar livre ao sabor de um progressodeterminante, parece ser mais conveniente que a confrontao, e nos promete frutosimediatos mais fartos. Entretanto, pareceme que, apesar deste forte desejo de vermosprogressoemtudonossavolta,estamossempretentandoadivinharoqueofuturonosreserva e muito pouco fazendo para que construamos um futuro para usufruir. Umareorientaonaestruturaenalgicadaeducaotecnolgica,abordandoadeformamaisamplaeintegrada,poderiaserumbomincioparaumarenovaonesteprocesso.

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 6/11

    Odespreparo de egressos das escolas de engenharia para a atuaona sociedade temsidodenunciadoemmuitasoportunidades.Emboranormalmenteautoresqueabordamestaquestoimputemtaisdissonnciasineficciatcnicadoscursosdeengenharia,oumqualidadeoufaltademotivaoporpartedosalunos,acreditamosquehalgomaisalmdestasinterpretaes.Justificativasesoluesparaistopoderiamserprocuradasnasreasepistemolgica e pedaggica, ou mesmo nas filosofias que embalam s vezesinconscientementeoscursos.

    Entretanto,umaidiapromissorapodeserdepreendidadeescritosdeautoreseeutentosempre relacionlos para evidenciar que muitos trabalhos vm tratando de semelhantetemtica que se ocupam deste vasto campo de estudo. Podemos extrair de muitaspublicaesquehquempareavislumbrarque,hoje,umnovoparadigmaparaaatuaoprofissionalcontemporneaestemconstruo.oqueestconsignado,decertaforma,empublicaescomoSoriano,etal.(1991)Ruiz(1994)Gaspareto,etal.(1990)Beltro&Schiefler(1995)Naegeli,etal.(1997)Leo(1993)Dantas(1993).

    Umapossvelrazoparaestas interpretaespodeserreputadadinmicaempreendidapelos novos momentos da civilizao, que provoca fortes desnorteamentos quandoanalisamosoquadrovigentesobantigosreferenciais,ondeseassentavaoequilbriosocial.AlvinTofler,emA terceiraondaeChoquedo futuro, j registraraumacompreensosimilar a esta, quando se referiu aos desconcertantes desequilbrios momentneos nosquais nos vemos envolvidos quando de grandesmudanas sociais. Tal constatao temconstitudo fator de preocupao para aqueles que so responsveis pelo planejamento,pelaexecuoepelaavaliaodosprocessosdeensinonasinstituieseducacionais.Noobstante, ainda com a melhor das boas intenes, continuamos, em grande parte dassituaes, apenas implementando aes que acabam por contribuir para o agravamentodestassriasquestessociais,aoelegermosaeficciadaproduocientficaetecnolgicacomoofocodoproblema.

    Aliadoa isso, podemos computar o problemadaevasoescolar.bempossvel queosaltos ndicesdereprovaoedeevasotenhamcomoorigemumafrustranteprocuraporformao que no d conta de respaldar as expectativas dos participantes do processo.Essa desistncia por certo agravada emdecorrncia de um sentimento de inopernciaquevemtomandocontaemespecialdoscandidatosprofisso.

    Em congressos e outros eventos sobre o ensino, em reunies departamentais, o temamerece ateno destacada e tem suscitado diferentes formas de reao. No entanto,apesardessasevidnciasepreocupaes,parecequesoluespontuaiseextemporneasaindacontinuamsendoaregrae,pesesboasintenesenvolvidasnotratamentodetaisquestes, as solues, quase sempre as mesmas com pequenas alteraes, parecemcontinuar mostrandose ineficazes. As inmeras e sempre presentes remodelaes dasgradescurriculares,astentativasdeinformatizaodoscursoscomoformasdemotivarosalunos e o reaparelhamento fsico das escolas, isoladamente, tm se mostradoinsuficientes.Quandodapercepoda ineficinciade tais solues, reforamseassuasaplicaes,pormosproblemaspermanecem,emessncia,intactos.

    Osautoresacimareferidos,comoeu,hodeentenderqueaeducaotecnolgica,apenasembasada nos ditames da clssica abordagem tcnica, deixando de lado as suasimplicaeserespostassociais,estcomosdiascontados.Porissoaquipropemseumaeducao ampla, com forte embasamento tcnico, mas que respeite e destaqueconsideraes de suas relaes sociais. Talvez pudssemos denominla detransdisciplinar, no sentido de que a entendemos indissociada das questes ticas,polticas,ambientais,econmicas,histricas,etantasoutras.

    5.UmaPropostadeAbordagemdaQuesto

    Imaginamosqueoensino tecnolgico temsidopraticadonumbomnvel tcnicogeral.As

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 7/11

    nfases clssicas nas teorias, nos conceitos, nas formulaes, nos procedimentos declculo,assimparece,tmdadocontadeabordarcomsucessograndepartedasanlisestcnicasdemandadaspelaprticaprofissional. Issopodeserconcludo tendoemvistaasevoluestcnicaecientficahojeexperimentadas.

    Seatritoshnasimbricaesentrecincia,tecnologiaesociedadeeentreosindivduosou grupos deles e as conseqncias destes desenvolvimentos, isto no pode sersimplisticamente imputadoa falhasdoprocessoeducativo, tomandocomorefernciaumasupostaineficincianatransmissodeconhecimentos.

    Assimsendo,noacreditoque tentativasdemelhoriadoprocessoeducativopodem ficarconfinadasaespecificaesdemaneirasmaisrgidasparaaseleodosalunos,agradescurricularesotimizadas,nemasimplesmodernizaesdosprocessosdetransmissodeconhecimento,imaginandoquecomissoaaprendizagemrealicesedeformamaiseficaz. bem possvel que solues para estes problemas devessem ser procuradas alm dasabordagenspuramentetcnicas,comoalerteiacima.

    Neste ensaio uma proposta lanada, consubstanciada em duas vertentes, que pareceoferecer sadas promissoras para que enfrentemos os atuais problemas vislumbrados naeducaotecnolgica.Porumlado,entendoquetantoacinciaquantoatecnologiadevemser tratadas,mesmonumambienteescolar,de formamaisampla,cobrindosenososclssicostratamentostcnicos,mastambmassuasrelaesdecausaeefeitonassuasinteraessociais.Daanecessriatransdisciplinaridade.Poroutrolado,paraqueissosejapossvel,precisamosapostarnumaindispensvelformaodeprofessoresdeengenharia.

    Emseguidasoesquematizadasalgumasidiasgeraissobreestaproposta(colocadaemcarter mais aprofundado em Bazzo, 1998), enfatizando as duas vertentes acimamencionadas.

    6.CTSeoEnsinodeEngenharia

    Os estudos CTS se configuraram basicamente nos ltimos cinqenta anos, sendocaracterizados por inmeras temticas com uma preocupao comum: uma forteinterdisciplinaridade,outransdisciplinaridade,desuasbasesepistemolgicas.

    Emlinhasgerais,CTSpodeserentendidocomoumareadeestudosondeapreocupaomaior tratar a cincia e a tecnologia tendo em vista suas relaes, conseqncias erespostassociais.CaberessaltarqueosestudosCTS,emboraaindaestranhosentrens,jsoamplamenteabordadosemvriospasesdaEuropaenosEstadosUnidos,invadindonosdiscussesacadmicasoucomunidadesespecficas,assimcomoosdiversosnveisescolares.

    Duas tradiesdistintas, com relaoaosestudosCTS, so reconhecidas.Umadelas, atradio norteamericana, enfatiza mais as conseqncias sociais, tem um carter maisprtico e valorativo, prioriza uma nfase maior na tecnologia, e marcada mais pelasquestesticaseeducacionais.Aoutra linha,aeuropia,enfatizamaisosfatoressociaisantecedentes, tem um carter mais terico e descritivo, prioriza uma nfase maior nacincia,emarcadamaispelasquestessociolgicas,psicolgicaseantropolgicas.

    Emconsonnciacomacaractersticatransdisciplinar, fazpartedosestudosCTStratardeformaintegradaosdiversossaberesdasreasdeconhecimentosacadmicostradicionais,quehojesoabordadosdeformafragmentadaedescontextualizada.objetivotambm,aose incorporar no ensino as preocupaes CTS, refletir sobre os fenmenos sociais e ascondiesdaexistnciahumanasobaperspectivadacinciaedatcnica.Umterceiroeixode preocupaes deste campo de estudos analisar as dimenses sociais dodesenvolvimentotecnolgico(Garca,etal.,1996).

    Estaspreocupaestmcomobaseentendimentosdeque,emgeral,dentrodoturbilhode

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 8/11

    tarefas a que somos submetidos na sociedade contempornea atravs de trabalhosrotineiros, no encontramos tempo para anlises mais aprofundadas e para os devidosquestionamentos acerca das repercusses, das contribuies e das conseqncias dacinciaeda tecnologia.Portanto, importanteumadeliberaoconscientenosentidodequestionar o que efetivamente tem tomado conta de nossas preocupaes dirias, comindependncia das caractersticas diferenciadas dos professores. Precisamos, mesmotendo conscincia que o enfoque do problema tem tratamentos regionalizados econtextualizadosparaasdiferentesrealidadesdasinstituies,armarnosdeinstrumentosparaoenfrentamentodo imensocampoqueseabrecomosnovos temposdaeducaotecnolgica.

    Estas preocupaes tm tambm como base uma evidente imbricao entre cincia,tecnologiaesociedade,equeminadapelasposturasideolgicasepolticasdosmembrosenvolvidos nestes processos. Isto gera posicionamentos antagnicos e, portanto, otratamento que se deve dar ao seu desenvolvimento, s suas utilizaes prticas e aoaproveitamento de seus frutos inseparvel de uma poltica de educao cientfica etecnolgicapara todososcidados. Issodeveserconstantementeenfatizado, trazendoconsiderao diferentes abordagens efetuadas por cientistas, tecnlogos, engenheiros,epistemlogoseoutrosquetmemsuasatividadesestaresponsabilidade.

    Astentativasjlevadasaefeitonomundo,atravsdosmaisdiferentestiposdeenfoques,comasabordagensCTS,podemedevemservirdefundamentaoparaumacompreensodestaproblemtica.Paraauxiliarnodelineamentodeumaestruturacapazdepossibilitaraelaborao de contedos para este novo campo de conhecimento dentro do ensino deengenhariapelomenosnoBrasil,ainserodeobrasdevriosautorescontemporneos,com suas anlises sociolgicas e epistemolgicas, e de pesquisadores que estoprofundamente envolvidos com os problemas sociais da tecnologia, de fundamentalimportncia.

    Alm deste entendimento indispensvel para qualquer cidado, a anlise crtica dasrelaesexistentesentrecincia, tecnologiaesociedadeeamaneiracomoestudanteseprofessores dos cursos de engenharia encaram a relao entre progresso social edesenvolvimento tecnolgico podero auxiliar na modificao das relaes pedaggicasdesenvolvidasnasatividadesdidticasemsaladeaulaenareformulaodosnossostofragmentadoscurrculosescolares.

    Estadeterminaoemperseguirodelineamentodesemelhantecontedoprogramticonaformao dos profissionais de engenharia decorre de uma forte convico de que atecnologiaumprodutosocial,configuradaemformasdevidaeemmetassociaisquesetransformamacadatempo.Estepanoramaapontaparaanecessidadedemostrarquenassociedades democrticas avanadas de hoje, no somente necessrio considerar osmecanismos e repercusses da tecnologia, mas tambm propiciar a construo deestruturas para orientar as tecnologias na direo em que possam ser socialmentemaisaceitveis.

    Isto pode implicar a incluso de disciplinas nos currculos dos cursos, mas, como jargumenteinoinciodesteensaio,noestaatnicaquedefendonestatese.Noentanto,resgatando aquelas justificativas iniciais, se a incluso de disciplinas for entendida comonecessriaouinevitvel,queistosejafeitodentrodoestritamenteessencialparaquesirvadepontodeapoiopararespaldaraidiamaiorqueaderedirecionarofocodasatenesdentrodoensino tecnolgico.Aapostamaioraqui referidadiz respeitomesclagemdasclssicas abordagens tcnicas com consideraesCTS. Para alcanar tal intento, a simsoutomadodeplenaconvico,reputosernecessrioumesforonosentidodeimplantarumprocessocontnuodeformaodocente.

    7.FormaodeProfessores

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 9/11

    Em muitas escolas no se consegue dar ao ensino, talvez pela prpria lgica doentendimento tradicional do que seja ensino tcnico, a importncia e o tratamentoadequadosdepreparaodecidadosedeprofissionaissocialmentecomprometidos.Emmuitoscasos,uminadequadoentendimentodaindissociabilidadeentreensino,pesquisaeextenso resulta por fragmentar ainda mais a educao tecnolgica e por aumentar adissociaoentreacincia,atecnologiaeasociedade.

    Peloentendimentotradicional,ondeensinarsignificatransmitireficientementeconhecimentotcniconeutroqueassimiladoporacumulao,nodeseestranharquesepensequeosimples ato de pesquisar seja suficiente para o aprimoramento do ensino, e que adisponibilidade de informao atualizada, pelos mais diversos e eficientes meiosinstrumentais,consigamsubstituiroatodacriaodoconhecimentopeloprprioindivduo.

    Estranho constatar asexignciasde comprovadacompetnciae titulaoparaqueumindivduo possa atuar numa determinada rea de pesquisa, mas praticamente nenhumaprescriofeitaquandooqueestempautaadocncia.assimqueindivduosrecmsados de um curso de engenharia, ou de uma psgraduao na mesma rea,transformamseemprofessores,comose,porestaremhabilitadosaotratodacoisatcnica,tambmestivessemdevidamentehabilitadosparaadocncia.Opressupostoquereferendaestaprticaomesmoquepermiteimaginaroensinocomoumprocessodetransmissodeconhecimentosdeummestreparaumaprendiz.

    Talvezcomainclusodepreocupaesligadasaosaspectossociaisdaanlisedacinciaedatecnologiasurjaumdiferencialnasoluodosproblemasvislumbrados,oqueparececonstituirumadaschavesmestrasdodesencadeamentodeumnovoquadronoensinodeengenharia. Porm, para que isso possa acontecer preciso uma quebra na rigidezexcessiva como ns professores, trabalhamos, o conhecimento no nosso cotidiano.Precisamosnosconscientizardequeumeducadordeversernecessariamenteumtcnico,umfilsofo,umpoltico,umcidadocomconscinciasocial,ounoserumeducador.Oensinar no pode constituir uma questo individualista associada a um virtuosismoformalstico.precisodarumsentidoaoaprendizadonoquedizrespeitoaoexistirsocialdacomunidadenumtempohistricobemdefinido.

    A introduo do assunto CTS na tradicional rea tcnica da engenharia, alm de servircomo agente motivador no aprendizado, servir como catalisador da capacidade crticareflexiva dos assuntos que permeiama vida do ser humano como um ser social.Dentrodeste enfoque e desta anlise, quanto atuao do professor, podemos destacar duasquestesquedemonstramumnecessrioataqueefetivoaoproblema,equevoaseguirexplicitadas:

    Comoemqualqueroutrareadeestudos,oensinotecnolgicodependedeumantimarelaoentreoprocessodeeducaoeaconscinciaqueoserhumano tem de si mesmo. Por isso ns, professores temos, que nosconscientizar de que para a construo de respostas s questes queresultam destas relaes, contribuem de forma incisiva, por exemplo, oestudodasrazeshistricasdaeducao,umacompreensodecomosedoprocessodealcanaroconhecimento,umamnimanoodosvaloresqueembasamasnossasaeseanossaideologia,e,hojemaisprecisamente,aprofundaeindissocivelrelaoqueassumemasnovastecnologiascomocomportamentosocialdoserhumano.As questes CTS ainda esto por serem enfocadas algumas talveznecessitemapenasserresgatadasnoensinotecnolgico,emparticularnaengenharia.Quiporesta faltadeturpamosonossoentendimentodoserhumano enquanto indivduo e enquanto membro de uma coletividade,impondonos uma acelerao de procedimentos, mesmo os rotineiros, euma ansiedade de apropriao de novas tecnologias, colocandonoscontinuamente s voltas com uma desconcertante e prematura

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 10/11

    obsoletizao de tudo que nos cerca, inclusive de nossos sentimentos eprojetosdevida.

    Delinear uma estratgia de elaborao de contedos programticos que possamproporcionara formaodesejadaaosprofessoresqueatuamnasescolasdeengenhariano a proposta deste trabalho. No entanto, ao apontar o problema e alertar para aimportncia de sua soluo sugerimos algumas experincias desenvolvidas emuniversidades e institutos de pesquisas que h mais tempo tm em suas preocupaessemelhantetarefaequeajudamaelaborar,paraanossarealidadeecontexto,sugestes,propostas e tambm algumas perspectivas de ementas e programas que poderoproporcionarumpontodepartidanestaempreitada (Bazzo,1998PereiraeBazzo,1997Bazzo,etal.,2000).

    8.AlgumasConsideraesFinais

    Atravs de argumentaes consistentes acerca das profundas transformaes que asabordagensCTSpodemtrazerparaascompreensesampliadasdoscontedos tcnicos,procurei, alm de tentar identificar o porqu destes enfoques serem to incipientes nosnossoscursosdegraduao,estabelecer justificativasparaa introduode taisquestesnosprogramascurriculares,que,porcerto,poderoproporcionarformaesmaisrealsticasaos professores que atuam nestas escolas. Persegui, portanto, o compromisso deproporcionaranlisesreflexivassobrearelaoquecomprometeoensinodesenvolvidonasescolasdeengenhariaeaatuaoconscientedofuturoengenheironasuaprofisso.

    Na busca de alternativas para o comprometimento dos contedos e procedimentosdidticopedaggicos, defendo e argumento (como venho fazendo enfaticamente emminhaspublicaes) quea inserode conhecimentos relacionando cincia, tecnologiaesociedadenaeducao tecnolgicaconstituipossibilidade importanteparaaalteraodeum quadro desatento a estes aspectos. O domnio desses conhecimentos implicar umnovo proceder didticopedaggico, mais em sintonia com a desejvel formao doengenheirocidado.Issotrarcomopressupostoeducacionalparaconsecuodestametaumaeducaoescolarquepropicieoatodepensarcommaisrelevnciadoqueoatodereproduzir.Persigocomissoalcanarnoapenasaatuaodenossosengenheiroscomobons tcnicos dotados de suficiente treinamento, mas sim, em conjunto com suascaractersticasdeprofissionalizao,cidadosemsintoniacomosproblemasdasociedadenaperspectivadesuatransformao.

    Este texto decorrncia das inmeras discusses que viemos travando no NEPET, naspessoasdeLuizTeixeiradoValePereirae IrlanvonLinsingenaquemquerodeixaraquiregistradomeusprofundosagradecimentospelasreflexesquetmmeproporcionado.

    Bibliografa

    Bazzo,WalterAntonio(1998):Cincia,TecnologiaeSociedadeeocontextodaeducaotecnolgica.Florianpolis,Edufsc.

    Bazzo, Walter Antonio Teixeira do Vale Pereira , Luiz, e Linsingen, Irlan von (2000): Educaotecnolgica,enfoquesparaoensinodeengenharia.Florianpolis,Edufsc.

    Beltro, Paulo Andr, e Schiefler, F., Marcos Flvio (1995): Atualizao curricular no curso deengenharia industrial mecnica do CefetPR, in:Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia,1995,ABENGE,vol.2,pp.813829,Recife.

    DantasSolange,HelenaGadelha(1993):Ensinooueducaoemengenharia?Aformaodidticopedaggicadosengenheirosprofessores, in:RevistadeEnsinoeEngenharia, vol.10,nm.3,pp.2429,nov,Braslia.

    Gonzlez Garca, Marta I. Lpez Cerezo, Jos A, y Lujn Lpez, Jos L. (eds.) (1997):Ciencia,tecnologaysociedad.Barcelona,Ariel.

  • 10/02/2015 ApertinnciadeabordagensCTSnaeducaotecnolgica

    http://www.rieoei.org/rie28a03.htm 11/11

    GonzlezGarca,MartaI.LpezCerezo,JosA,yLujnLpez,JosL.(1996):Ciencia,tecnologaysociedad.Unaintroduccinalestudiosocialdelacienciaylatecnologa.Madrid,Tecnos.

    Gaspareto,CarlosAlbertoDanna,FranciscoLuizIida,ItiroNascimento,OsvaldoVieirado,eVieira,RuyCarlosdeCamargo (1990): Perfil doengenheirodosculoXXI, in:CongressoBrasileirodeEnsinodeEngenharia,ABENGE,vol.1,pp.135146,PoosdeCaldas.

    Leo, Fredmark (1995): Pronunciamento: que perfil devero ter os engenheiros do futuro?, in:RevistadeEnsinodeEngenharia,nm.14,set.1995,pp.710,Braslia.

    Linsingen , Irlan von Teixeira do Vale Pereira , Luiz , e Bazzo,Walter Antonio (1998): Tcnica,tecnologiaeensinodeengenharia:umaabordagemCTS,in:AnaisdoCOBENGE98,CDRom,vol.2,SoPaulo.

    Naegeli, Cristina H. Antonini, Ricardo C., e Ellwanger, Gilberto B. (1997): Desenvolvimento dematerial didtico para ensino de engenharia: multimdia sobre resistncia dos materais ecomportamentodasestruturas,in:CongressoBrasileirodeEnsinodeEngenharia,ABENGE.vol.3,pp.12671282,Salvador.

    TeixeiradoValePereira,Luiz,eBazzo,WalterAntonio(1997):EnsinodeEngenharia,nabuscadoseuaprimoramento.Florianpolis,Edufsc.

    Ruiz,CarlosCezardeLaPlata (1994):Amecnicaclssicaeasdisciplinasessenciaisacursodeengenhariamecnica, in:CongressoBrasileiro deEnsino deEngenharia, ABENGE, pp. 158164,PortoAlegre.

    Soriano,H.L.Diaz,B.Ernani,eLima,SlviodeS.(1992):Enfoquemodernonoensinodeanlisede estruturas, in:Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, ABENGE, pp. 561568, Rio deJaneiro.

    ndiceRevista28Enseanzadelatecnologa

    EnsinodatecnologiaRevistaIberoamericanadeEducacin

    Buscador|Mapadelsitio|Contactar|PginainicialOEI|

    OrganizacindeEstadosIberoamericanos

    ParalaEducacin,laCienciaylaCultura