010055-4_completo

Upload: sergio-ernesto-rios

Post on 14-Apr-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    1/23

    m euded e r

    n or temo110

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    2/23

    A C O S T O 1 5 1 3 2 2

    k 1 ax onENSARIO DE ARTE MODERNAREDAICO E ADMINISTRAO:& PAULO Rua Direi ta, 33 - Sala 5ASSIGNATURAS -* Anno 12$000 Numero avulso 1$000REPRESENTAO:RIO DE JANEIRO Srgio Buarque de Hol lndaRua S. Salvador, 72-A.FRA N A L.. Ch arles Batfdouin (Par is)SNISSA Albert Ciana (Genebra Rampe de Ia Treill, 3).BLGICA Roger Avermaete (Anturpia Avenue d'Amri

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    3/23

    Antinous(fragmento)Episdio quasi dramtico

    Cortejo . Desfile de autom veis . Gritos. Charivari. Bumbum do s tam bo res. Escravos de todas as cores curvadoscomo canivetes . Espadas embranco que desfilam intermit-tentes e interminveis . . .

    A voz do orador. . . o Sbio. . . o Construrtor. O

    Imperador con structo r por ex-cellencia. Aquele que soube sub-metter toda a natureza s suasordens e s suas le is . O Hauss-man, o Bumham, o Passos roman o! O S bio , o Constructor.. ..A multido

    Muito bem. Bravos. Apoiado.Apoiadissi. . . .A voz do orador

    O constructor, o reconstruc-tor, o guerreiro, o vencedor, o. . .A voz do outro orador (ao mesmo tempo)

    Sim sen ho res , o Imperadorarchitecto. O Imperador artista.Vede est cidade monstro comseus edifcios, seus arranha-cu s, com su as ruas asphalta-das , com se u s anm incios , comseu s c inemas, s eu s cartazes . . .Vede este palcio. . . (Aponta para um palcio que tem o aspectode um formidvel queijo de Minas). Vede a civilisao borbori-nhante que enche as n o ss as ruas,as nossas praas , os nossosboulevards , os nossos . . . Vedetudo o que nos cerca. Tudo, tudoobra de um s homem. De um screbro.

    Continua o cortejo. Duas fileiras de escravos , dobrados comocanivetes es ten dem -se desd e aporta principal do palcio at oInfinito. Por entre ellas passamautomveis de todos os fe i t ios .Do is hom ens de preto conversamafastados da multido.k 1 a x o n

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    4/23

    2O 1. homem de preto

    Espero o Imperador desde 10horas. Serei recebido s 16 emaudincia especial...0 2;* homem de p ret o(olhando para o sol)

    Devem faltar poucos minutospara as doze horas. O sol marcao meio dia. O Imperador pon-tualissimo. Deve chegar nestemomento.

    O 1. homem de pretoO sol parece hoje uma grandesenhora ingleza com culos dearo de tartaruga, muito loura,

    muito vermelha...O 2. homem de pretoParece antes uma dona depenso olhando atravez de seulorgnon...O grande relgio do palciocoimea a bater' 12 h oras. A* sexta pancada precisamente, a Cun-nigham imperial. Abre-se a por-tinhola. O Imperador Adrianodesce, de monoculo, mastigandoum enorme havana apagado.Veste-se elegantemente ultimofigurino de Londres. Simultanea

    mente abrem-se as portinholasdos outros automveis e saltamfiguras im po nen tes: ministros,homens de estad o, congressistas , embaixadores extrangeiros,officiaes da misso militar fran-ceza, etc...Cortejo principal composto denumerosas pessoas entre asquaes Tiresias o feiticeiro, San-son e Carrasco, Gudenstein eRosenkratz e o desembargadorAtaulpho de Paiva.O relgio acaba de dar dozehoras. A multido aclama frene-ticamente o Imperador Adriano.Vivas ao Senado e ao povo. Delrio. O Imperador Adriano entrano Palcio acompanhado de umsquito. Dois homens descem agrande grade de ferro que fechaa porta do palcio. Os escravosfazem uma manobra militar e retiram-se em ordem. A multido,porm, ainda aclama o Imperador. Os oradores continuam afalar...

    Srgio Buarque Hollnda.AVISO IMPORTANTE - O enredo para commodidade da acofoi transportado para a actuali-dade.k 1 a x o n

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    5/23

    3L a d a n z a d e l l e g i o r n a t eGrigie cariocasm attinatalanguida e pigra come una femininadopo una notte di orgia e di amore.Tinnula e tifola pel cielo grvidodi negro nuvolaglie senza fineIa voc noiosa ed ocadelia giornata che sorgecome un addio senzail suo essenziale e doloroso significato.

    La citt muore di straziosapendo che allora cominciaa vivere le sue prime ore di lavoro...Incominciaprima fiocamente e poi con fracassoIa musica stravagantedei "jazz band" dei trams in fugaai suono dei gracidaredelia voc delle automobili in corsaschernen do, sghignazzando Ia genteche cammina a piedi...Danza violetta e gialla delia rabbiasul volto di chi lascile caldi coltri in quel momento.k 1 ax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    6/23

    4II pomeriggo un languido vagarper TAvenida conservairicesuperba e riottesa comePombra di noi st es siin una splendida notte di luna.Esposizione completa e bizzarradi corpi di donna rutilantidi colori policromi comeil programma di un music hall nordamericanoo come i l serico mantello clssicodelParcaico Arlecchino che solo ridee non spannocchia filosofie idiote.Danza delia vanitscialba e roseadelia gente che vive nel bazar delia vitaper amore alio snob ed alia posa:una beffa alie tradizioni dei passato.Melanconia cupa e oscuradelia notte carioca che discendecome una foglia morta, in autumnoche vuol vivere sempre in riaper non morire di accidiacadendo in terra transcinatadal vento e stazzonata dal tempoe confusa nel mondo delle inutili cose.Tristezza delia citt abbandonatamentre i "bas fond" ridecol suo riso truce e lividorossastro e orribilecome Ia ferita di una donnache nelPamore trovo Ia plaga.k 1 a x o n

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    7/23

    5La notte fosca ruggeil suo urlo di tenebra e di spaventomentre il cielo senza luna e senza nuvolefugge, fugge, fugge,come i sogni delia nostra giovinezzacol frettoloso cavalcar degf anni.Danza macabra e squallidadei multiformi fantasmiche temono Ia luce dei giornoe s'illudono di essere Ia luce delia notte.Danza ingannevolecome Ia voc delia nostra presunzione.

    Giornata tristemente grigia cariocafatta difantasmi, ombre, figure, tratti,mementi, attimi, foghe, slanci ed atti;spasimante comeun desiderio di donna insoddisfatto;incerta comeIa fiama delia nostra speranzache or muore ed or non muore;ed attraente comeil mar nelle sue grandi ore di tranquillit.

    VIN. RGOGNETTI.k 1 ax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    8/23

    oA m e s m a t e m p e s t a d eO Is relmpagos chicoteiam com friaos caval los c inzentos das nuvens ,para chegar mais depressa terra.As trovoadas longnquas parecemcaminhes cheios de gua em disparadapor velhas ruas mal caladas.

    E o vento rasteiro,vestido de poeira,passa faminto como um co,farejando a terra. IIA chuva j pa sso u.A noite lmpida um menino,saind o d et r az da s m ontanh as.E elle vem correndo, vem correndo,alegremente;todo molhado.Os homens assombrados ,julgando-o perdido,estavam j desanimados .Mas elle vem correndo, vem correndo,alegremente ,todo molhado.Vem correndo.. . E, quando encontraos homens cheios de o lhares ,el le pra e estende os braos humidos,e vae espalhando pelo co,cheio de orgulho,os mil pedaos ainda moveisda verde cobra phosphorescenteque matou na floresta, atraz das montanhas. . .

    CARLOS ALBERTO DE ARAJO.k 1 ax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    9/23

    7S A O P E D R OVspera de So Pedro...Inda se usa fogueira na fazenda!.....rojes, traques danas ao longe...

    A Hupmobile na garagem...Dentro dum ms, grande inaugurao da mquina de beneficiar caf, movida a electricidade.Comp. Fora e Luzde JahMattoBrevemente telefnioComfortComfortablyIluminao a giorno...S falta um galicismo!...

    A caieira cantarola...E aos pinchoslabaredasa cainalha das labaredasrpidasmltiplaslevadas pelo vento vertical...Explode a fogueirafagulhas no espaovelozesmilharesespuma de fogobaralhando-se com as estrelas...

    Curioso!No ha Dona Marocasnem vestid os de cas sanem outros assumtos poticos nacionais...k 1 ax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    10/23

    8E' a noite papal de So PedroFaz um frio silenciosoUmas crianastraquessaltosgargalhadasderramando reflexos vermelhospelos braos, olhos, lbios, pernas, cabelos selvagensEncravadas na escuridoas estrelas internacionaisO verso-livre milagroso da Via-LcteaUm mugido assu stad o na vrzeaMais nada.O FOGO RUDIMENTAR.MARIO DE ANDRADE.

    Sol i tudc Dctoi les(INDITO)

    A Emile Verhaeren, 1916.S ous un drap nor, les toiles son t m ortes, et t ou tesles Iumires des hameaux,Etoiles tri ste s de Ia terre, pleurent leurs so eursd'en-haut.Comme elles so nt perdues et solitaires, et commeelles sont veuves, ce soir,Et mortellement en preuve, ce soir, nos terrestrestoiles - sous le deuil du ciei noir!klax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    11/23

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    12/23

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    13/23

    9Ces lumires perdues palpitent, d'une aile si flasque

    et pnible!Ainsi des papillons dtremps par Forage,S'ab attent sur les fleurs lou rdes, en battant de Paile,de leur aile lourde et mouille.Oh le po ids liquide de s Iarmes - es t p lus Iourd que lepoids de l 'ge!Le ciei est noir comme d'orage, et Ia dbacle se de

    clare en glas de pluie lourde qui claque,Et qui clabaude et qui s e plaque, - par go ut tes larg es.Loin de vos soeurs d'en haut, comme vous tes seu-l e s , toiles de Ia terre, o pauvres ames!Comme vous palpitez pniblement, lumires, phal-n es de feu aux aile s mou illes - par ce tt e pluie aux gou ttes largesQui pleut sur vous, qui pleut en vous, comme desIarmes!Que chacune de vous est loin de Ia plus proche!La mante de Ia nuit borde de sombre orfroi survous retombe, par longs plis , de tout son poids.Votre battemen t d'ailes es t lourd, es t sourd, co m mele battement d'une cloche, sous Ia brume au fond d*un

    beffroi.La nue est noire, Ia nuit est sourde, et Ia pluie froide- houle a grand bruit.Une heure va gu e tin te au beffroi de Ia nuit, et l eslumires sont perdues - dans Ia croissance en deuil desbrumes . CHARLES BAUDOUIN.k 1 ax on

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    14/23

    10Symphonia cmbranco e prctc

    a minha vida era um quadro negro.Negro e triste. Sem mais nada.Um dia ella cheg ou, pegou o giz e escreveu o se u nome nquadro negro.Eu achei lindo o nome delia, assim to branco sobre

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    15/23

    1 1c Bautica Hotnalraaonvulses telluricasEsthesiaFendasMario de Andrade escreve a PaulicaNem o sismographo de Pachwitz mede o s trem ores do teucoraoEbullioSarcasmodio vulcnicoTua piedadeEscreveste com um raio de solNo BrasilAurora de arte sculo XXComo na pintura Annita Malfatti que pintou o teu retratoCathodographiaUm momento de tua vida estampado no teu livroRoentgenRaios X

    Mas ha todos os brilhosAr rarefeito de poesiaKilometros quadrados 9 milhesTubo de CrookesOs raios cathodicos de teu lyrismo colorem as materiali-dades incoloresAquecimentoNo tuboHavia tambm uma cruzTua religioFluorescenciaPhosphorescenciaNo es futuristaHa nos teus poemas raios ultravioletasTorrentes de coresTeu retratoTeu livroPorque o arco-iris seu pincelE tua penna tambm

    LUS ARANHA.k l a x o n

  • 7/29/2019 010055-4_COMPLETO

    16/23

    19B a l a n o d e f i m d e s c u l oeSINAM nas escolas qu e , em cadasculo, ha cem annos . E ' um absurdo!A id do sculo centennar io s pdeser verdadeira para meninos que estudam ar i thmetica , para fac i l i ta r osclculos. E talvez por ter esquecido, gragas a Deus , toda a mathema-t ica aprendida , que no posso acce i ta r que osculo XVIII t ivesse comeado em 1 de Jane irode 1700 para acabar em 31 de dezembro de 1799

    meia noi te . Pa ra mim o sculo XV III com eouem 1 de septembro de 1715, com a morte deLiouis XIV, e acabou em 14 de Julho de 1789com a tomada da Bast i lha e o t r iumpho da democrac ia . O sculo XIX vae da Revoluo f ran-ceza ao assass ina to de Saravejo em Julho de1914.Ora, se j faz quasi dez annos que o falle-cido sculo XIX est na escurido do passado,podemos mais ou menos dar um balano noslivros que nos deixou.Um allemo, cujo nome esqueci, diz que foia pocha do metal pezado. A nossa ser a dosmetaes leves ; e a seguinte , se co nt inu ar amesm a progresso, cada vez mais leve , se r ,c re io eu, a ra dos gazes , ta lvez asphyxiantes .O sculo XIX foi o sculo da Intelligencia.Taine , o phi losopho l i t te ra to, do a l to do seuprestigio lana um livro, ho je en velhecido efalso, que toda a gerao dos nossos pes devorou e diger iu mal . Nunca se escreveram tantos dicc ionar ios , tantos Larousses , tantas his tor ias universaes .So poucos os l i t te ra to s que no rabisca mseus es tudos c r t icos , suas his tor ias da l i t te ra-tura . Tudo por causa da Inte l l igencia . A maniade tudo expl icar , methodizar , organisar , def inir ,levou o sculo passado aos maiores erros. A l i t te ra tura dos f ins do sculo passado creoutypos , conselheiros Acacios caricaturaes, collec-c ionou fac tos reaes " t ranches de vie" , organi-sou-os , methodizou-os , cor tou aqui , augmentouacol , e quiz dar-nos uma idea rea l da hu m anidade . Infe l izmente o homem no to s imples. O resul tado foi desas troso: um monte deimmundic ies . Os pes de famil ia rec lamaram eo rea l ismo expulso de Frana , fugio para Portugal . Os bons lus i tanos receberam de braosaber tos o f rancez foragido. Um cavalhe iro demonoculo, inspirado pe lo Deus expulso, comeoua es tampar junc to com sua photographia , for

    midveis volumes de se iscentas paginas . 1bigodes de Ea de Queiroz morreram e otuguezes expulsaram o rea l ismo para es tt e r r a onde can ta o sab i .Aqu i a inda viveu longos e prsperos ;mas seus l t imos adeptos passaram comenes te mundo. Hoje no se sabe que f imDizem que a inda vive entre ns , de expedimas ment i ra . O Real ismo morreu e jamadaver exhalou to mo cheiro.O Pa rn as ian i sm o foi ou t ra v ic t ima daligencia do sculo XIX. Foi essa Intelli jque construiu a pr iso onde quiz encare ipoeta. Preso, o poeta era obrigado a esiseus sen t imentos subl imes , a de formaridas , cor ta r , diminuir , fazer o que no cporque por ta vigiay am carcere iros teicom pencas de chaves de ouro c intura .Coi tado de quem diz ia o que quer ia , equer ia ! Era prec iso medir as idas como sdem fazendas nas lojas de turco.Naquelles tempos quem no tinha doz