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Sistemas de Radar Automóvel Integrados Rafael de Jesus Gamito Afonso da Palma Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. Doutor António Luís Campos da Silva Topa Júri Presidente: Prof. Doutor José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino Orientador: Prof. Doutor António Luís Campos da Silva Topa Vogal: Prof. Doutor António José Castelo Branco Rodrigues Novembro 2018

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Sistemas de Radar Automóvel Integrados

Rafael de Jesus Gamito Afonso da Palma

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. Doutor António Luís Campos da Silva Topa

Júri

Presidente: Prof. Doutor José Eduardo Charters Ribeiro da Cunha Sanguino

Orientador: Prof. Doutor António Luís Campos da Silva Topa

Vogal: Prof. Doutor António José Castelo Branco Rodrigues

Novembro 2018

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III

Declaração

Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que

cumpre todos os requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de

Lisboa.

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IV

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V

Agradecimentos

Esta dissertação representa a última etapa nesta longa caminhada que foi o

Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Foi conseguida

através de muito esforço, dedicação e empenho, e não teria sido a mesma caso não

houvesse a ajuda e atenção de algumas pessoas, a quem desde já agradeço

profundamente.

Em primeiro lugar, agradeço ao Professor António Topa, por ter aceitado entrar

nesta jornada comigo e orientar-me no caminho certo. Foi sempre muito prestável,

presente, amigo e esteve sempre disponível qualquer que fosse a minha dúvida. Para

além da dissertação, gostei muito das suas aulas nas cadeiras de Propagação e Radiação

de Ondas Eletromagnéticas, Microondas e Radiopropagação.

Agradeço também ao corpo docente das cadeiras de Radiopropagação, Antenas,

Microondas e Sistemas de Telecomunicações Via Rádio pelo interesse que me criaram e

me levaram a querer fazer uma dissertação nesta área.

Gostaria de agradecer aos meus pais por todo o apoio incondicional que sempre

me deram, apoiando-me mesmo quando as coisas nem sempre corriam tão bem.

Por fim, quero agradecer aos meus colegas e amigos que, de alguma maneira,

me deram apoio e palavras de incentivo durante estes anos de universidade.

Esta Dissertação teve como instituição de acolhimento, o Instituto de Telecomunicações

(IT), Pólo de Lisboa.

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VII

Resumo

A maior parte dos acidentes rodoviários ocorrem devido a erros humanos. Os

Advanced Driver Assistance Systems (ADAS) são sistemas desenvolvidos para

minimizar a ocorrência desses erros, garantindo uma condução segura, reduzindo o

número de acidentes rodoviários. Um dos principais tipos de ADAS é o radar

automóvel, que tem diversas aplicações como, por exemplo, o Cruise Control

adaptativo ou prevenção de colisões. Atualmente, existem duas bandas de frequências

usadas no radar automóvel, a de 24 GHz e a de 77 GHz. É uma área com um enorme

crescimento nos últimos anos, o que levou a uma necessidade de investigar e

desenvolver estas tecnologias.

Esta dissertação consiste na análise dos diversos aspetos relacionados com o

radar automóvel. Numa fase inicial da dissertação será feita uma breve introdução dos

ADAS, seguida de uma abordagem aos sistemas de radar, introduzindo diversos

conceitos fundamentais no estudo do radar automóvel.

Será apresentado um exercício prático considerando um sistema anti colisão de

longa distância, utilizando uma antena instalada no pára-choques do carro. São

analisadas três diferentes situações de deteção de um automóvel: ignorando o efeito de

reflexões, considerando o efeito de reflexões e considerando a dispersão pela estrada.

Para estudar/avaliar o desempenho do radar automóvel foi efetuada uma

simulação no CST®, permitindo uma melhor compreensão acerca do funcionamento e

características deste tipo de radares. Através da simulação foi possível obter diagramas

de radiação, coeficiente de reflexão e outros dados relevantes ao estudo da antena.

Palavras-chave: radar, automóvel, anti colisão, ADAS, deteção de alvo

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IX

Abstract

Most road accidents occur due to human error. Advanced Driver Assistance

Systems (ADAS) are designed to minimize the occurrence of these errors, ensuring safe

driving, while reducing the number of road accidents. One of the main types of ADAS

is the automotive radar, which has several applications such as adaptive Cruise Control

or collision avoidance. There are currently two frequency bands used by the automotive

radar: 24 GHz and 77 GHz. It is an area with tremendous growth in recent years, which

has led to a need to research and develop these technologies.

This project consists of the analysis of the various aspects related to the

automotive radar. In an initial phase of the project there will be a brief introduction of

the ADAS, followed by an approach to radar systems, introducing several fundamental

concepts in the study of automotive radar.

A practical exercise will be presented considering a long-range anti-collision

system using an antenna installed on the bumper of the car. Three different situations of

detection of the car are analyzed: ignoring the effect of reflections, considering the

effect of reflections and considering the scattering from the road surface.

To study/evaluate the performance of the car radar, a simulation was performed

in CST Studio Suite®, allowing a better understanding about the operation and

characteristics of this type of radars. Through the simulation it was possible to obtain

the radiation pattern, reflection coefficient and other data relevant to the study of the

antenna.

Keywords: radar, automotive, collision avoidance, ADAS, target detection

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XI

Índice

Agradecimentos ................................................................................................................ V

Resumo .......................................................................................................................... VII

Abstract ........................................................................................................................... IX

Lista de Figuras ............................................................................................................. XV

Lista de Acrónimos ...................................................................................................... XIX

Lista de Símbolos ........................................................................................................ XXI

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 Motivação e objetivos ............................................................................................. 1

1.2 Estrutura da dissertação .......................................................................................... 1

1.3 Contribuições principais ......................................................................................... 3

2. ESTADO DA ARTE .................................................................................................... 5

2.1 Tipos de ADAS ....................................................................................................... 5

2.2 Radar automóvel ..................................................................................................... 7

2.2.1 História do radar ............................................................................................... 7

2.2.2 Frequências usadas no radar automóvel ........................................................... 8

2.2.3 Aplicações ........................................................................................................ 9

2.3 C-Roads ................................................................................................................ 10

2.4 eCall ...................................................................................................................... 12

3. SISTEMAS DE RADAR ........................................................................................... 13

3.1 Introdução ............................................................................................................. 13

3.1.1 Conceito de radar ........................................................................................... 13

3.1.2 Aplicações do radar ........................................................................................ 13

3.1.2.1 Militar ...................................................................................................... 13

3.1.2.2 Sensores Remotos .................................................................................... 14

3.1.2.3 Controlo de tráfego aéreo ........................................................................ 15

3.1.2.4 Polícia ...................................................................................................... 16

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XII

3.1.2.5 Segurança marítima ................................................................................. 17

3.1.2.6 Espaço ...................................................................................................... 18

3.1.2.7 Outras aplicações ..................................................................................... 18

3.1.3 Tipos de radar ................................................................................................. 19

3.1.4 Bandas de frequência utilizadas ..................................................................... 20

3.1.4.1 Banda A e B (NATO) - HF e VHF (IEEE) ............................................. 21

3.1.4.2 Banda C (NATO) - UHF (IEEE) ............................................................. 21

3.1.4.3 Banda D (NATO) - Banda L (IEEE) ....................................................... 22

3.1.4.4 Banda E e F (NATO) - Banda S (IEEE) .................................................. 22

3.1.4.5 Banda G (NATO) - Banda C (IEEE) ....................................................... 23

3.1.4.6 Banda I e J (NATO) - Banda X e Ku (IEEE) .......................................... 24

3.1.4.7 Banda K (NATO) - Banda K e Ka (IEEE) .............................................. 24

3.1.4.8 Banda V (IEEE) ....................................................................................... 25

3.1.4.9 Banda W (IEEE) ...................................................................................... 25

3.2 Antenas ................................................................................................................. 26

3.2.1 Diagrama de radiação ..................................................................................... 26

3.2.2 Ganho e diretividade ...................................................................................... 28

3.2.3 Área efetiva .................................................................................................... 29

3.3 Equação do radar .................................................................................................. 30

3.3.1 Propagação em espaço livre ........................................................................... 30

3.3.2 Radar monoestático ........................................................................................ 31

3.3.3 Radar biestático .............................................................................................. 32

3.4 Radar de impulsos ................................................................................................. 33

3.4.1 Introdução....................................................................................................... 33

3.4.2 Forma de onda ................................................................................................ 34

3.4.3 Distância do alvo ............................................................................................ 35

3.5 Radar de onda contínua ......................................................................................... 36

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XIII

3.5.1 Introdução....................................................................................................... 36

3.5.2 Efeito de Doppler ........................................................................................... 36

3.5.3 Isolamento entre transmissor e recetor ........................................................... 38

3.5.4 Radar FMCW ................................................................................................. 39

4. RADAR ANTI COLISÃO ......................................................................................... 43

4.1 Deteção de um automóvel ignorando o efeito de reflexões .................................. 43

4.2 Deteção de um automóvel considerando o efeito de reflexões ............................. 44

4.3 Deteção de um automóvel considerando a dispersão pela estrada ....................... 45

5. SIMULAÇÃO ............................................................................................................ 49

5.1 Descrição do software utilizado ............................................................................ 49

5.2 Antena ................................................................................................................... 49

5.3 Resultados ............................................................................................................. 50

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 55

6.1 Principais conclusões ............................................................................................ 55

6.2 Perspetivas de trabalhos futuros ........................................................................... 56

Referências ..................................................................................................................... 59

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XIV

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XV

Lista de Figuras

Figura 2.1 – Tipos de ADAS

Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR

Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

Figura 2.4 – Bandas disponíveis para o Radar Automóvel

Figura 2.5 – Exemplo de Cruise Control adaptativo usado pela Audi

Figura 2.6 – Exemplo de V2V

Figura 2.7 – Exemplo de V2I

Figura 2.8 – Sistema eCall

Figura 3.1 – Exemplo de um radar

Figura 3.2 – Funcionamento de um míssil teleguiado

Figura 3.3 – Mapa da superfície de Vénus

Figura 3.4 – Dados recolhidos por um TDWR

Figura 3.5 – Funcionamento de um radar montado num carro da polícia

Figura 3.6 – Antena rotativa montada num navio

Figura 3.7 – Informação obtida através do radar montado no navio

Figura 3.8 – Sistema de radar de aves MERLIN

Figura 3.9 – Tipos de radar

Figura 3.10 – Banda de frequências utilizada para sistemas de radar

Figura 3.11 – Funcionamento de um radar OTH

Figura 3.12 – Radar de deteção de mísseis balísticos da Base Aérea de Thule, na

Gronelândia

Figura 3.13 – Radar ARSR-4 da North Truro Air Force Station

Figura 3.14 – Radar ASR-9

Figura 3.15 – Radar meteorológico OU-PRIME

Figura 3.16 – Radar de abertura sintética (SAR) montado num avião

Figura 3.17 – Radar instalado em Lisboa

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XVI

Figura 3.18 – Diagrama de radiação de uma antena isotrópica

Figura 3.19 – Diagrama de radiação de uma antena omnidirecional

Figura 3.20 – Diagrama de radiação de uma antena direcional

Figura 3.21 – Diagramas de radiação: (a) coordenadas polares e escala linear (b)

coordenadas cartesianas e escala logarítmica

Figura 3.22 – Diretividade e ganho

Figura 3.23 – Área efetiva

Figura 3.24 – Diagrama de um radar monoestático

Figura 3.25 – Representação do radar monoestático

Figura 3.26 – Diagrama de um radar biestático

Figura 3.27 – Representação do radar biestático

Figura 3.28 – Diagrama de blocos de um radar de impulsos monoestático

Figura 3.29 – Sequência periódica de impulsos de radiofrequência

Figura 3.30 – Tempo de retorno

Figura 3.31 – Efeito de Doppler

Figura 3.32 – Radar de onda contínua usando a mesma antena para transmissão e

receção

Figura 3.33 – Radar de onda contínua usando antenas separadas

Figura 3.34 – Diagrama de blocos de um radar FMCW

Figura 3.35 – Forma de onda: a) up-chirp b) down-chirp c) triangular

Figura 3.36 – Sinal transmitido e eco recebido

Figura 3.37 – Modulação triangular e alvo estacionário

Figura 3.38 – Modulação triangular e alvo em movimento

Figura 4.1 – Antena instalada no pára-choques do automóvel

Figura 4.2 – Reflexão no solo em polarização vertical

Figura 4.3 – Dispersão pelo terreno

Figura 4.4 – Distância na qual o solo é iluminado

Figura 4.5 – Diagrama de radiação

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XVII

Figura 4.6 – Factor de reflexão

Figura 5.1 – Antena utilizada na simulação

Figura 5.2 – Coeficiente de reflexão

Figura 5.3 – Potência de alimentação (laranja), potência refletida (azul), potência

entregue à antena (verde) e potência absorvida (vermelho)

Figura 5.4 – Diagrama de radiação em coordenadas cartesianas

Figura 5.5 – Diagrama de radiação no plano θ (φ = 0)

Figura 5.6 – Diagrama de radiação no plano φ (φ = 0)

Figura 5.7 – Diagrama de radiação em 3D

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XVIII

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XIX

Lista de Acrónimos

3D Tridimensional

ADAS Advanced Driver Assistance Systems

ARS Avian Radar System

ARSR Air Route Surveillance Radar

ASDE Airport Surface Detection Equipment

ASR Air Surveillance Radar

C-ITS Cooperative Intelligent Transport Systems

CW Continuous Wave

FMCW Frequency Modulated Continuous Wave

FNBW First Null Beam Width

HDTV High-definition Television

HPBW Half Power Beam Width

HF High Frequency

IF Intermediate Frequency

LIDAR Light Detection And Ranging

LRR Long Range Radar

MRR Medium Range Radar

MSD Minimum Set of Data

MTI Moving Target Indication

NB Narrow band

OTH Over-the-horizon

PRF Pulse Repetition Frequency

PRT Pulse Repetition Time

PSAP Public Safety Answering Point

PW Pulse Width

SAR Synthetic Aperture Radar

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XX

SRR Short Range Radar

TDWR Terminal Doppler Weather Radar

TEM Transverse Electromagnetic

UHF Ultra High Frequency

UWB Ultra-wide band

V2I Vehicle-to-infrastructure

V2V Vehicle-to-vehicle

VHF Very High Frequency

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XXI

Lista de Símbolos

Ae Área efetiva

c Velocidade da luz no vácuo

d Distância

dA Distância ao alvo

d1 Distância do emissor ao alvo

d2 Distância do recetor ao alvo

dc Ciclo de serviço

𝑑𝑛 Distância do primeiro mínimo

E Amplitude do campo elétrico

e Versor que representa a direção da onda emitida

f Frequência

f0 Frequência central

fb Frequência de batimento

𝑓𝑏↑ Frequência de batimento ascendente

𝑓𝑏↓ Frequência de batimento descendente

fd Desvio da frequência de Doppler

fm Frequência de modulação

fp Frequência de repetição de impulsos

fr Frequência do eco recebido do alvo

fT Frequência do sinal transmitido

𝑓′ Frequência observada

G Ganho de uma antena

GA Ganho na direção do alvo

GC Ganho do clutter

Ge Ganho da antena de emissão

Gr Ganho da antena de receção

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XXII

H Amplitude do campo magnético

H Altura da antena

h1 Altura da primeira antena

h2 Altura da segunda antena

i Versor que representa a direção da onda incidente no alvo

l Versor que representa a direção da onda incidente na antena recetora

N Número de passagens a zero num semi-período

n Índice de reflexão do solo em relação ao ar

Pa Potência absorvida

Pav Potência média de emissão

PC Potência de clutter

Pca Potência entregue a uma carga adaptada

Pd Potência do raio direto

Pe Potência emitida

Pr Potência recebida

Prad Potência radiada

Pmin Potência mínima de deteção

r Versor que representa a direção da onda refletida pelo alvo

R Alcance

Rmax Alcance máximo

Rn,amb Máxima distância não-ambígua

s Rugosidade

S11 Coeficiente de reflexão

Sp Intensidade do vetor de Poynting

T Tempo do percurso de ida e volta do sinal

t Tempo

Tm Período de modulação

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XXIII

Tp Tempo entre a repetição de impulsos

TR Tempo de retorno

U Intensidade de radiação

v Velocidade

vfonte Velocidade da fonte

vobs Velocidade do observador

vr Velocidade radial do alvo

Z0 Impedância característica

αH Largura de feixe no plano horizontal

αV Largura de feixe no plano vertical

Γ Fator de reflexão

Γ𝑉 Coeficiente de Fresnel no plano vertical

Δ𝑓 Largura de banda

εr Permissividade relativa

𝜂 Rendimento

λ Comprimento de onda

𝜇𝑟 Permeabilidade magnética relativa

𝜌1 Distância na qual o solo é iluminado

σ Área equivalente

𝜎𝐴 Área equivalente do alvo

𝜏𝑝 Duração da emissão do impulso

𝜓 Ângulo de fogo

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XXIV

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Motivação e objetivos

A indústria automóvel é uma das indústrias que mais evoluiu com a revolução

tecnológica que vivemos atualmente. A crescente preocupação com a quantidade de

acidentes rodoviários e com a segurança dos automobilistas levou a um crescente

número de tecnologias que começam a ser desenvolvidas e aplicadas aos automóveis.

Enquanto que usualmente apenas teríamos engenheiros mecânicos a trabalhar nesta

indústria, atualmente o paradigma é outro, havendo diversas oportunidades, por

exemplo, para engenheiros eletrotécnicos, sobretudo na área das telecomunicações.

Com a chegada, a curto prazo, dos carros autónomos, das C-Roads, do eCall, entre

outras tecnologias, torna-se interessante e necessário um estudo sobre toda esta área

tecnológica que são os ADAS (Advanced Driver Assistance Systems). É um tema atual,

com diversos estudos e artigos a serem lançados diariamente sobre o assunto.

Outra motivação importante deste trabalho é o facto de, apesar de todo o

envolvimento que as telecomunicações começam a ter na indústria, este assunto não ter

sido tratado durante o mestrado, apesar de se adquirir diversos conceitos nas áreas de

propagação e antenas. Todos os motivos acima referidos levaram a um grande interesse

da minha parte em prosseguir com o estudo deste assunto, levando à escolha do tema

desta dissertação.

O primeiro objetivo deste trabalho é introduzir o conceito de ADAS e apresentar

os seus tipos. Pretende-se apresentar também dois projetos atuais a serem desenvolvidos

e implementados na Europa, o eCall e as C-Roads. Irá ser feita uma introdução teórica

aos sistemas de radar, começando por se introduzir o conceito de radar e as suas

aplicações até chegar à introdução do radar de impulsos e do radar de onda contínua.

Sendo este um tema vasto e complexo, optou-se por se escolher um caso

específico dos ADAS, o radar automóvel. Em termos de projeto pretende-se comprovar

através de um exercício prático o funcionamento de um radar anti colisão, fundamental

na prevenção de acidentes rodoviários, bem como simular o comportamento de uma

antena e analisar o seu funcionamento através do software de simulação CST®.

1.2 Estrutura da dissertação

Esta dissertação encontra-se organizada em seis capítulos, sendo cada capítulo

composto por diferentes secções.

No capítulo 1 é feita a introdução do trabalho, apresentando a motivação que

levou à sua elaboração e delineando objetivos e a sua estrutura.

No capítulo 2 temos o Estado da Arte onde nos é introduzido o conceito de

ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), sistemas desenvolvidos para minimizar a

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2

ocorrência de erros humanos na condução, garantindo uma condução segura. São

apresentados os quatro grandes tipos de ADAS (câmaras, radar, ultrassom e LIDAR)

bem como as suas aplicações. Em seguida é feito um breve enquadramento histórico do

radar. São apresentadas as duas bandas de frequências utilizadas no radar automóvel, a

de 24GHz e a de 77 GHz, bem como as suas principais vantagens. É-nos apresentado as

várias aplicações do radar automóvel, separando-as consoante sejam de curto ou longo

alcance. De seguida é abordada a plataforma C-Roads, criada com o objetivo de

interligar todos os projetos e atividades no âmbito dos Cooperative Intelligent Transport

Systems (C-ITS). Por fim é-nos apresentado o eCall, sistema de chamada automática

que, em caso de acidente, liga diretamente para o número de emergência.

No capítulo 3 é feita uma abordagem teórica aos sistemas de radar. Começa-se

por introduzir o conceito de radar e as suas aplicações para os mais diversos fins

(militares, controlo de tráfego aéreo, etc). É-nos apresentado os vários tipos de radar

diferenciando-os por tipo de aplicação, separação entre transmissão e receção,

instalação e localização, entre outros. São abordadas as várias bandas de frequências

utilizadas pelos sistemas de radar, apresentando duas designações distintas (IEEE e

NATO), bem como as suas aplicações. É feita uma breve introdução de conceitos de

antenas, como o diagrama de radiação, ganho, diretividade e área efetiva. São

apresentadas as equações do radar monoestático e biestático considerando uma situação

de propagação em espaço livre. Introduz-se o radar de impulsos, apresentando um

diagrama de blocos, a forma de onda e a distância ao alvo. Segue-se a introdução do

radar de onda contínua, começando pelo efeito de Doppler (conceito muito importante

neste tipo de radares) e explicando a importância do isolamento entre transmissor e

recetor. Por fim, é introduzido o radar Frequency Modulated Continuous Wave

(FMCW), tipo de radar de onda contínua em que é usada a modulação em frequência.

No capítulo 4 é-nos apresentado um exercício prático considerando um sistema

de radar automóvel anti colisão de longa distância, utilizando uma antena instalada no

pára-choques do carro. São analisadas três diferentes situações de deteção de um

automóvel: ignorando o efeito de reflexões, considerando o efeito de reflexões e

considerando a dispersão pela estrada.

No capítulo 5 é usado o software de simulação CST®, onde se simulou o

comportamento de uma antena de radar automóvel, obtendo-se diversos resultados

como, por exemplo, o seu diagrama de radiação ou coeficiente de reflexão.

No capítulo 6 apresentam-se as principais conclusões e considerações finais do

trabalho, bem como perspetivas para trabalho futuro.

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1.3 Contribuições principais

Na realização deste trabalho foram fundamentais os conhecimentos adquiridos

durante o mestrado nas cadeiras de Radiopropagação, Antenas e Sistemas de

Telecomunicações Via Rádio.

A nível académico este trabalho permite uma melhor compreensão sobre a

temática do radar automóvel, utilizando diversos conceitos teóricos adquiridos durante o

mestrado em Telecomunicações. Foi também possível introduzir com maior detalhe os

sistemas de radar, temática muito interessante e relevante.

A nível de projeto foi possível comprovar através de um exercício prático o

funcionamento de um radar anti colisão, fundamental nos dias de hoje na prevenção de

acidentes rodoviários. A utilização de software de simulação, como é o caso do CST®,

permite uma abordagem mais profissional e técnica do assunto, permitindo testar e obter

resultados muitos próximos do real de uma antena de radar automóvel.

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5

2. ESTADO DA ARTE

A maior parte dos acidentes rodoviários ocorrem devido a erros humanos. Os

Advanced Driver Assistance Systems (ADAS) são sistemas desenvolvidos para

minimizar a ocorrência desses erros, garantindo uma condução segura, reduzindo o

número de acidentes rodoviários. Tal como os cintos de segurança e os airbags

estabeleceram um novo paradigma de segurança automóvel para os consumidores,

também os ADAS pretendem ter um trajeto idêntico, estimando-se que podem, por

exemplo, prevenir 28% dos acidentes nos Estados Unidos da América,

aproximadamente 9900 mortes e poupar cerca de 251 mil milhões de dólares à

sociedade americana [1].

2.1 Tipos de ADAS

Existem quatro grandes tipos de tecnologia associados aos ADAS: câmaras,

radar, ultrassom e LIDAR.

Figura 2.1 – Tipos de ADAS [2]

As câmaras dianteiras são responsáveis pelo reconhecimento de sinais de

trânsito e pelo aviso de afastamento da faixa de rodagem. Por sua vez as câmaras

laterais e traseiras são responsáveis pela assistência ao estacionar e pela visão lateral e

traseira.

Page 30: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

6

O radar é um dispositivo destinado à localização de objetos distantes por meio

de ondas refletidas nesses objetos. O radar automóvel será explicado com maior detalhe

na secção 2.2.

Light Detection And Ranging (LIDAR) é uma tecnologia ótica de deteção

remota que mede propriedades da luz refletida de modo a obter a distância de um objeto

distante. Esta tecnologia permite aos veículos uma visão surround, ou seja, ter

visibilidade a 360 graus continuamente e com uma precisão em termos de distância em

relação aos objetos muito elevada (até ±2cm). Na figura 2.2 apresenta-se um exemplo

da utilização do LIDAR através de uma caixa montada no tejadilho de um carro

autónomo da Uber.

Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR [3]

O Ultrassom é uma onda sonora com uma frequência muito elevada, acima de

20 kHz, ou seja, inaudível para o ouvido humano. Nos ADAS é maioritariamente usado

em sensores de estacionamento, atuando como um sistema de sonar (que difere do radar

pelo facto de usar ondas sonoras em vez de ondas rádio), detetando obstáculos enquanto

se estaciona. Inicialmente apenas se usavam sensores de Ultrassom como simples

sensores de estacionamento, mas começam agora a evoluir também no sentido dos

sistemas de estacionamento automático de veículos, algo com bastante utilidade nos

carros autónomos.

Page 31: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

7

Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom (adaptado de: [4])

2.2 Radar automóvel

2.2.1 História do radar

No final do século XIX, Heinrich Hertz, físico alemão, através das suas

experiências, inspiradas pelo trabalho teórico desenvolvido por James Clerk Maxwell

no eletromagnetismo, chegou à conclusão de que as ondas de rádio podem ser refletidas

por objetos metálicos, tal como a luz visível.

O potencial das experiências de Hertz não passou despercebido e em 1904 surge

o primeiro radar pelas mãos de Christian Hülsmeyer, engenheiro alemão, que o

apresentou à Marinha Alemã, a qual não demostrou interesse, visto não ver utilidade

prática para o mesmo.

Após a Primeira Guerra Mundial, as principais nações mundiais aperceberam-se

do potencial do radar num possível cenário de uma nova guerra, o que levou a diversas

investigações que levariam ao desenvolvimento do radar moderno, tendo um enorme

impacto durante toda a Segunda Guerra Mundial, na qual houve um dos mais rápidos

desenvolvimentos tecnológicos da história.

Apesar de o seu desenvolvimento ter sido maioritariamente para fins militares, o

radar é, atualmente, utilizado nas mais diversas áreas, desde a meteorologia ao controlo

de tráfego aéreo comercial, passando pela vigilância costeira, pela indústria aeroespacial

ou pela indústria automóvel.

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8

2.2.2 Frequências usadas no radar automóvel

Atualmente, existem duas bandas de frequências usadas no radar automóvel, a

de 24 GHz e a de 77 GHz.

Figura 2.4 – Bandas disponíveis para o Radar Automóvel (adaptado de [5])

Nos dias de hoje, a maior parte dos sistemas de radar automóvel usam

frequências na banda dos 24 GHz, usando tanto a banda estreita (NB) como a banda

ultralarga (UWB), dependendo da aplicação.

Devido a uma nova regulamentação e normas desenvolvidas pelo European

Telecommunications Standards Institute (ETSI) e pela Federal Communications

Commission (FCC), o uso da UWB será terminado a partir de 2022, tanto na Europa

como nos EUA, ficando apenas disponível a NB que tem apenas 200 MHz de largura de

banda. O uso da banda dos 24 GHz tornar-se-á então pouco atrativo, levando a uma

mudança para a banda dos 77 GHz.

A banda dos 77 GHz pode ser usada tanto para aplicações de Radar de Longo

Alcance (76-77 GHz), como para aplicações de Radar de Curto Alcance (77-81 GHz).

O facto de ter uma grande largura de banda disponível permite uma maior resolução e

precisão do alcance. Uma maior resolução de alcance do sensor do radar significa uma

maior habilidade de separar dois objetos bastante próximos um do outro, enquanto uma

maior precisão de alcance permite uma maior precisão na medição da distância a um

determinado objeto.

Outro grande benefício de passar da banda dos 24 GHz para a dos 77 GHz é a

redução do tamanho dos sensores, que é inversamente proporcional à frequência. A

redução do tamanho é particularmente útil no caso de aplicações automóveis, visto que

são muitas vezes montados em espaços apertados como, por exemplo, a parte de trás do

pára-choques.

Page 33: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

9

2.2.3 Aplicações

Tanto o radar de curto alcance (SRR) como o radar de longo alcance (LRR) têm

diversas aplicações associadas aos ADAS. Existem também aplicações associadas a

radares de alcance médio e ultracurto, mas iremos englobá-las no LRR e SRR,

respetivamente.

No contexto dos ADAS o LRR é usado para medir a distância em relação ao

veículo da frente na estrada, possibilitando funcionalidades como o Cruise Control

adaptativo (que controla a velocidade do veículo consoante a distância ao veículo da

frente, mantendo a distância constante entre ambos), travagem de emergência (em caso

de aparecimento de obstáculo ou travagem brusca do carro da frente) e condução

automática nas autoestradas.

Figura 2.5 – Exemplo de Cruise Control adaptativo usado pela Audi [6]

O SRR possibilita diversas funcionalidades como, por exemplo, monitorização

de ângulo morto, prevenção/aviso de colisão quando se efetua marcha-atrás, assistência

ao efetuar mudança de faixa, deteção de pedestres e ciclistas, alerta de tráfego, visão de

360 graus e assistência no estacionamento.

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10

2.3 C-Roads

Os veículos modernos já se conseguem conectar com os mais diversos

dispositivos. Mas, num futuro próximo, serão capazes de interagir e comunicar entre

eles (V2V) e com a infraestrutura das estradas (V2I), com recurso a comunicação digital

entre sistemas. Estas comunicações, V2V e V2I, são cruciais para que exista uma maior

segurança, menos trânsito e maior conforto de condução, permitindo ao condutor tomar

decisões acertadas e adaptar-se às diversas situações de condução.

Figura 2.6 – Exemplo de V2V (adaptado de: [7])

A 30 de Novembro de 2016 a Comissão Europeia adotou uma nova estratégia no

âmbito dos Cooperative Intelligent Transport Systems (C-ITS) de forma a haver uma

maior cooperação, conectividade e autonomia na mobilidade. O seu principal objetivo é

conseguir a convergência entre investimentos e regulamentações por toda a Europa, de

forma a conseguir implementar estes sistemas a partir de 2019 [8].

A Comissão Europeia e 12 dos seus Estados Membros criaram em finais de 2016

a plataforma C-Roads, de forma a interligar todos os projetos e atividades no âmbito dos

C-ITS. Esta plataforma permite uma cooperação entre os Estados Membros e os road

operators na implementação dos C-ITS, havendo uma maior harmonização e

interoperabilidade [9]. A sua implementação será feita faseadamente, estando já

planeados serviços Day-1 de notificações (de veículos lentos/estacionários e tráfego

intenso, trabalhos de estrada, condições atmosféricas adversas, travagem de emergência,

proximidade de veículos de emergência e outros perigos) e sinalização (de bordo,

limites de velocidade, sinal de infração/segurança nos cruzamentos, sinal de pedido de

prioridade, velocidade ótima da passagem a luz verde e sonda para os dados relativos

aos veículos) [10].

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11

Figura 2.7 – Exemplo de V2I [10]

A plataforma C-ROADS tem 4 projetos-piloto C-ITS em Portugal no âmbito do

Corredor Atlântico [10]:

Expansão da rede de C-ITS através do Projeto SCOOP, projeto-piloto

internacional, cofinanciado por Fundos Europeus, que pretende a implementação

de um sistema para testar a tecnologia C-ITS G5 a ser realizado no norte do país

(N13, A3, A27 e A28), até 2019. Os testes permitirão testar a interoperabilidade

com outros projetos, incluindo projetos de parceiros do sector automóvel. Tem

como principais objetivos melhorar a segurança rodoviária, otimizar a gestão de

tráfego e contribuir para a redução de emissões;

Monitorização de tráfego e predição de 2 horas na zona do Porto;

Desenvolvimento de aplicações para a conexão entre veículos e os servidores C-

ITS na zona de Lisboa;

Implementação do data sharing backbone system – SPA.

Page 36: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

12

2.4 eCall

O eCall é um sistema de chamada automática que, em caso de acidente, liga

diretamente para o 112 (número europeu de emergência). Este sistema é obrigatório em

todos os novos carros vendidos na União Europeia desde Abril de 2018 [11].

Figura 2.8 – Sistema eCall [12]

O sistema pode ser acionado de forma automática, através de informações

recebidas dos sistemas do veículo que indiquem que ocorreu um acidente, ou de forma

manual, através de um botão que se encontra no carro em caso de emergência.

Após o sistema ser acionado inicia-se a chamada eCall para um Public Safety

Answering Point (PSAP) em que é enviado um Minimum Set of Data (MSD) contendo

dados como data, hora, localização, tipo de veículo, etc. É então estabelecida uma

chamada de voz para um atendimento de 1ª linha, sendo os dados posteriormente

analisados pelo operador de forma a serem validados e enviados às Forças e Serviços de

resposta à emergência que devem atuar. Perante a informação recebida, as Forças e

Serviços de resposta à emergência mobilizam os meios mais adequados à situação,

chegando depois o socorro ao local.

Devido ao crescimento que se prevê para a utilização deste sistema existem

ainda alguns desafios como falsas chamadas (ghost calls), qual a velocidade de impacto

que se deve considerar para ativação automática, casos de impossibilidade de

estabelecimento de canal de voz, saturação de chamadas nos PSAP, entre outros.

Page 37: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

13

3. SISTEMAS DE RADAR

3.1 Introdução

3.1.1 Conceito de radar

O radar, acrónimo da expressão inglesa RAdio Detection And Ranging (detecção

e localização via rádio), é um dispositivo destinado à localização de objetos distantes

por meio de ondas refletidas nesses objetos. A forma mais simples de o representar é

através de um emissor que envia um impulso, que por sua vez é refletido pelo alvo,

sendo o eco de novo captado pela antena, que agora se comporta como recetor, tal como

se pode ver na figura 3.1. O radar utiliza esse eco para determinar a direção e a distância

do alvo.

Figura 3.1 – Exemplo de um radar

3.1.2 Aplicações do radar

O radar é usado para detetar alvos terrestres, no mar, no ar, no espaço e

subterrâneos. Existem diversas áreas em que se utiliza o radar, as quais irão ser

apresentadas de seguida. É importante também salientar a aplicação do radar no radar

automóvel, já abordada na secção 2.2.3.

3.1.2.1 Militar

O radar é utilizado em sistemas de defesa antiaérea para vigilância e controlo. A

vigilância inclui deteção, reconhecimento e monitorização de alvos.

Outras aplicações incluem o controlo de mísseis e a identificação de localizações

inimigas num mapa.

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14

A utilização do radar para fins militares, é uma das principais razões que levou à

evolução da tecnologia de radar até ao que temos disponível atualmente.

Na figura 3.2 podemos observar um exemplo do funcionamento de um míssil

teleguiado utilizando o radar. O avião de origem envia um sinal, que por sua vez é

refletido no avião alvo e recebido pelo míssil, permitindo guiar o míssil até ao avião

alvo.

Figura 3.2 – Funcionamento de um míssil teleguiado (adaptado de [13])

3.1.2.2 Sensores Remotos

Todos os radares são sensores remotos, mas este termo é geralmente utilizado

para aplicações ligadas ao ambiente. Em seguida apresento diversos exemplos de

aplicações de sensores remotos:

(1) Radares meteorológicos utilizados, por exemplo, para localizar

precipitação, calcular o seu deslocamento, o seu tipo e intensidade.

(2) Mapeamento de Vénus através de radares colocados em satélites

(3) Monitorização de abate florestal, mapeamento de estragos provocados por

fogos, identificação de zonas de vegetação densa.

(4) Mapeamento e monitorização de gelo marinho, deteção e monitorização de

icebergs, monitorização das rotas de navios.

Na figura 3.3 podemos observar um mapa da superfície de Vénus criado através

de dados recolhidos por radares da NASA. As cores na imagem representam as diversas

altitudes do terreno.

Page 39: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

15

Figura 3.3 – Mapa da superfície de Vénus [14]

3.1.2.3 Controlo de tráfego aéreo

Os radares são importantes para garantir a segurança do tráfego aéreo a nível

mundial, prevenindo acidentes. São utilizados para monitorizar o tráfego na vizinhança

dos aeroportos (Air Surveillance Radar, ASR), no trajeto entre aeroportos (Air Route

Surveillance Radar, ARSR) e no trajeto do avião no solo (Airport Surface Detection

Equipment, ASDE) guiando-o através do aeroporto. O ASR é também utilizado para

mapeamento de regiões com chuva, de forma a que o avião seja direcionado da melhor

forma.

O Terminal Doppler Weather Radar (TDWR), é um radar meteorológico, que

deteta e reporta a existência de más condições meteorológicas na zona circundante do

terminal do aeroporto. Permite identificar situações de cisalhamento do vento e elevada

precipitação, potencialmente perigosas para a circulação de aviões, enviando alertas

para os controladores de tráfego aéreo do aeroporto. Este tipo de radar é destinado a

operar no ambiente de elevado clutter que se verifica na vizinhança dos aeroportos,

eliminando a influência de outros alvos (como, por exemplo, pássaros e automóveis), de

forma a conseguir uma maior precisão nas suas medidas. Na figura 3.4 podemos

observar um exemplo de dados recolhidos por um TDWR.

Page 40: Sistemas de Radar Automóvel Integrados...XV Lista de Figuras Figura 2.1 – Tipos de ADAS Figura 2.2 – Carro autónomo da Uber equipado com LIDAR Figura 2.3 – Sistemas de Ultrassom

16

Figura 3.4 – Dados recolhidos por um TDWR [15]

3.1.2.4 Polícia

Uma das aplicações mais conhecidas do radar é a utilização do mesmo pela

polícia para detetar condutores em excesso de velocidade. Os formatos mais

frequentemente utilizados são os radares fixos, móveis ou em formato de pistola.

Os radares fixos estão montados em pórticos ou estruturas próprias. Em

Portugal, existem diversos radares fixos, todos previamente sinalizados, o que permite

ao condutor saber onde se encontra e adaptar a velocidade a que circula. Este tipo de

radares permite calcular a velocidade do veículo através do efeito de Doppler, que será

analisado no capítulo 3.5. Quando um automóvel circula em excesso de velocidade em

relação ao programado no radar, é tirada uma fotografia do veículo em que a matrícula

esteja visível, de forma a que sirva como prova da infração.

Os radares móveis funcionam através da emissão de micro-ondas. Quando um

carro passa pela área que está a ser varrida pelo feixe, o sinal é interrompido. Esse

tempo de interrupção é usado pelo aparelho para calcular a velocidade do automóvel.

Ambos os tipos de radares podem ser utilizados no sentido de aproximação de

veículos, no sentido de afastamento de veículos ou em ambos, dependendo do seu tipo e

localização.

Na figura 3.5 podemos observar o funcionamento de um radar montado num

carro da polícia.

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17

Figura 3.5 – Funcionamento de um radar montado num carro da polícia (adaptado de

[16])

3.1.2.5 Segurança marítima

O radar é utilizado por navios e barcos de forma a detetar outros barcos e

obstáculos terrestres, prevenindo colisões e mantendo uma navegação segura. É uma

componente vital na segurança marítima junto à costa, em que os capitães precisam de

navegar os navios muitas das vezes em condições adversas, como a falta de visibilidade

noturna ou mau tempo, necessitando de algo que os oriente e os permita navegar sem

perigo.

Outros sistemas de radar são também utilizados para a vigilância de portos e

tráfego nos rios.

Figura 3.6 – Antena rotativa montada num navio

Na figura 3.6 temos o exemplo de uma antena rotativa de radar montada num

navio. Com cada rotação é enviado um feixe que varre a área circundante do navio,

sendo que qualquer barco ou obstrução presente é detetada e pode ser facilmente

observada no ecrã do sistema de radar, tal como se pode observar na figura 3.7.

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18

Figura 3.7 – Informação obtida através do radar montado no navio [17]

3.1.2.6 Espaço

O radar tem diversas aplicações ligadas à Astronomia, tais como:

(1) Estudo e monitorização de meteoros e asteroides, permitindo obter

informação sobre o seu tamanho, forma e rotação.

(2) Medição mais precisa da Unidade astronómica, unidade de distância,

aproximadamente igual à distância média entre a Terra e o Sol.

(3) Aterragem de veículos espaciais na Lua com uma maior segurança.

Utiliza-se também o radar no rendezvous e no docking dos veículos

espaciais

(4) Observação da lua e de outros planetas do Sistema Solar. Esta aplicação

foi bastante importante antes da criação dos veículos espaciais, que

permitem a exploração espacial a distâncias menores.

(5) Deteção e monitorização de satélites

3.1.2.7 Outras aplicações

Para além das aplicações já mencionadas existem muitas outras aplicações do

radar, desde a exploração petróleo e gás natural à sua utilização na Imagiologia.

Uma aplicação interessante do radar é a utilizada pela Entomologia (estudo dos

insetos) e pela Ornitologia no estudo do movimento de aves e insetos. Na figura 3.8

temos o radar MERLIN, um Avian Radar System (ARS), utilizado para diversas

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19

aplicações ligadas ao movimento de aves como, por exemplo, a deteção e controlo de

aves perto de aeroportos ou proteção e monitorização de aves em risco na Jordânia.

Figura 3.8 – Sistema de radar de aves MERLIN [18]

3.1.3 Tipos de radar

Podemos dividir o estudo do radar em dois tipos: radar primário e radar

secundário. No radar primário a deteção é feita pelo reconhecimento de um eco. O alvo

desempenha assim um papel totalmente passivo. Tal como se pode observar na figura

3.9, o radar primário ainda pode ser diferenciado quanto à forma de onda transmitida,

podendo ser de onda contínua (CW, FMCW) ou de impulsos (MTI, Doppler de

impulsos). O radar de impulsos e o radar de onda contínua serão abordados

posteriormente nas secções 3.4 e 3.5 deste capítulo.

Figura 3.9 – Tipos de radar

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20

O radar secundário baseia-se na cooperação do alvo, que desempenha um papel

ativo. O objeto a detetar possui um transcetor que interpreta os impulsos transmitidos

como uma sequência de interrogação e transmite uma sequência codificada de impulsos

com informação gerada a bordo. O recetor do radar secundário está preparado para

interpretar a sequência de resposta. Um radar secundário funciona normalmente

associado a um radar primário.

Para além destes dois tipos principais, os radares podem ser diferenciados por:

(1) Aplicação – Militar, Controlo de tráfego aéreo, Polícia, etc.

(2) Separação entre transmissão e receção – Monoestático, biestático e

multiestático

(3) Instalação e localização – Terrestre, naval, aérea ou espacial

(4) Número de coordenadas medidas – 1D, 2D, 3D

(5) Tipo de transmissor e resposta do alvo – Passivo ou ativo

(6) Forma de onda transmitida – Onda contínua (CW, FMCW) ou impulsos

(MTI, Doppler de impulsos)

(7) Processamento – Coerente ou não-coerente

(8) Frequência de operação – HF, VHF, L, S, C, X, Ku, K, Ka, V, W

3.1.4 Bandas de frequência utilizadas

Os sistemas de radar funcionam numa grande variedade de frequências

transmitidas. Quanto maior a frequência do sistema de radar, maior será a influência que

as condições meteorológicas, como a chuva ou nuvens, terão sobre a utilização do

sistema. Na figura 3.10 temos a designação IEEE, na barra de cima, e a designação

NATO, na barra de baixo, das diversas bandas de radar existentes.

Figura 3.10 – Banda de frequências utilizada para sistemas de radar [19]

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21

3.1.4.1 Banda A e B (NATO) - HF e VHF (IEEE)

As bandas abaixo dos 300 MHz foram bastante importantes e utilizadas pelos

sistemas de radar da Segunda Guerra Mundial. Atualmente estas frequências são usadas

por radares de alcance muito longo, como por exemplo o radar OTH (Over-the-horizon

radar), que permite detetar alvos à distância de até milhares de quilómetros, mesmo

depois da distância de horizonte, que regra geral é a distância limite nos radares

normais.

Usando baixas frequências é mais fácil de obter uma maior potência de

transmissão. A atenuação das ondas eletromagnéticas é mais baixa do que se usássemos

altas frequências. Por outro lado, a precisão é mais limitada, visto que as frequências

mais baixas precisam de antenas muito grandes que determinam o ângulo de precisão e

a resolução angular.

Na figura 3.11 observamos o funcionamento de um radar OTH, em que é

transmitido um sinal de potência elevada e que chega até ao alvo através da reflexão na

ionosfera, sendo que o eco do alvo é retornado para a antena recetora pelo mesmo

caminho.

Figura 3.11 – Funcionamento de um radar OTH [20]

3.1.4.2 Banda C (NATO) - UHF (IEEE)

A banda entre os 300 MHz e os 1000 MHz é utilizada com o objetivo de detetar

e seguir satélites e mísseis balísticos a distâncias muito grandes.

Fora da utilização do radar, a banda Ultra High Frequency (UHF) é também

frequentemente utilizada para a propagação de sinais de televisão e canais de High-

definition Television (HDTV).

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22

Figura 3.12 – Radar de deteção de mísseis balísticos da Base Aérea de Thule, na

Gronelândia [21]

3.1.4.3 Banda D (NATO) - Banda L (IEEE)

A banda D (NATO) e L (IEEE) designa a banda de frequências entre os 1 e 2

GHz. Esta banda é utilizada na operação de radares de controlo e vigilância aérea de

longa distância. Devido à curvatura da Terra, estes radares têm dificuldade a detetar

alvos a voar a baixa altitude, visto que os alvos desaparecem muito rapidamente a partir

da distância de horizonte.

Um exemplo de um radar a operar nesta banda é o ARSR (Air Route

Surveillance Radar), utilizado para efetuar a vigilância de rotas aéreas.

Figura 3.13 – Radar ARSR-4 da North Truro Air Force Station [22]

3.1.4.4 Banda E e F (NATO) - Banda S (IEEE)

A banda S (IEEE) designa a banda de frequências entre os 2 e 4 GHz. Nesta

banda verifica-se uma maior atenuação atmosférica que na banda L (IEEE).

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23

Esta banda de frequências é utilizada para radares de controlo de tráfego aéreo

perto do terminal, designados por ASR (Airport Surveillance Radar), com um alcance

de cerca de 100 km, detetando a posição do avião.

Outras utilizações desta banda de frequências são os radares meteorológicos de

longa distância e radares marítimos.

Na figura 3.14 observamos o radar ASR-9, um dos vários modelos de radares

ASR utilizados para controlo de tráfego aéreo. A antena inferior é o radar primário, que

consiste numa antena parabólica rotativa que opera na banda S, detetando a posição e

distância do avião. A antena superior e plana é o radar secundário, que opera na banda L

(IEEE), e que obtém informação do transponder do avião, como por exemplo, a sua

identificação, altitude e códigos de emergência.

Figura 3.14 – Radar ASR-9 [23]

3.1.4.5 Banda G (NATO) - Banda C (IEEE)

A banda de frequências entre os 4 e 8 GHz é caracterizada por antenas de menor

tamanho que as anteriores, o que permite uma melhor precisão e resolução, através de

um feixe mais estreito. Como o sinal sofre mais atenuação que o de bandas de menor

frequência, esta banda é bastante utilizada em radares meteorológicos de curto alcance,

para detetar precipitação maioritariamente em zonas de clima temperado, como por

exemplo a Europa.

Outras utilizações desta banda incluem estações televisivas, transponders de

satélite e equipamentos móveis de vigilância militar, para controlar mísseis e fazer

vigilância terrestre.

Na figura 3.15 observamos o OU-PRIME, um radar meteorológico, localizado

na Universidade de Oklahoma, que utiliza esta mesma banda.

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24

Figura 3.15 – Radar meteorológico OU-PRIME [24]

3.1.4.6 Banda I e J (NATO) - Banda X e Ku (IEEE)

As bandas I e J (NATO), entre os 8 e os 18 GHz, são bandas utilizadas em

radares marítimos, mísseis guiados, mapeamento de média e alta resolução, radares de

aeroportos, altimetria por satélite, entre outros.

O radar de abertura sintética (SAR), é um dos radares que utiliza esta banda para

criar imagens bidimensionais ou tridimensionais de objetos. É, regra geral, montado

numa plataforma em movimento como um avião. São enviados múltiplos sinais e os

seus ecos recebidos à medida que a antena se desloca em relação ao alvo, permitindo a

combinação dos vários resultados de forma a obter uma imagem de maior resolução. Na

figura 3.16 podemos observar o funcionamento de um SAR montado num avião.

Figura 3.16 – Radar de abertura sintética (SAR) montado num avião [25]

3.1.4.7 Banda K (NATO) - Banda K e Ka (IEEE)

A banda K, entre os 18 e os 40 GHz, é de uso limitado devido à absorção pelo

vapor de água, sendo utilizada maioritariamente para vigilância e monitorização.

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25

É uma banda bastante utilizada pela polícia para detetar condutores em excesso

de velocidade através de radares fixos, móveis ou em formato de pistola. É utilizada

também para ativar câmaras para tirar fotografias a matrículas de carros quando existem

carros a passar o sinal vermelho.

Figura 3.17 – Radar instalado em Lisboa [26]

Outra aplicação desta banda é o radar automóvel que, tal como se verificou no

capítulo 2.2.3, utiliza a banda dos 24 GHz.

3.1.4.8 Banda V (IEEE)

A banda V, entre os 40 e 75 GHz, não é muito utilizada, sendo exceção a sua

utilização para pesquisa de radar de ondas milimétricas e outras pesquisas científicas.

Esta banda de frequências sofre uma maior atenuação atmosférica que as anteriores.

3.1.4.9 Banda W (IEEE)

A banda de frequências entre os 75 e 110 GHz, conhecida como banda W, é

ideal para identificar objetos pequenos até cerca de três quilómetros, conseguindo

penetrar numa grande diversidade de materiais não transparentes, dielétricos e não

metálicos, tal como roupa, plástico, papel, madeira, neve e nevoeiro.

Tal como se verificou no capítulo 2.2.3, esta banda é utilizada no radar

automóvel, nomeadamente a banda dos 77 GHz, nas suas variadas aplicações como, por

exemplo, o Cruise Control adaptativo.

A banda W é também utilizada como arma não letal pela Força Aérea e Marinha

dos Estados Unidos da América, que através de um feixe de 95 GHz aumenta a

temperatura da pele do alvo para temperaturas intoleráveis, de forma a afastar a pessoa

alvo.

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26

Devido à sua elevada taxa de transferência de dados e à congestão de outras

bandas, existe um enorme interesse das empresas de satélites comerciais para começar a

usar a banda W nas suas comunicações.

3.2 Antenas

3.2.1 Diagrama de radiação

Um diagrama de radiação é uma representação gráfica que descreve as

propriedades espaciais de radiação de uma antena. Como a sua utilização na forma

tridimensional não é prática, recorre-se a diagramas bidimensionais em superfícies

adequadas. Para uma antena com polarização linear descreve-se o seu desempenho nos

planos principais E e H, que contêm a direção de radiação máxima e o plano do campo

elétrico ou magnético. Normalmente os eixos do sistema de coordenadas são escolhidos

por forma a que pelo menos um destes planos (E ou H) coincida com um dos planos

principais do sistema de coordenadas.

Existem três tipos de diagramas de radiação, que dependem do tipo de antena

utilizada: isotrópicos, omnidirecionais e direcionais. Uma antena isotrópica é uma

antena sem perdas que radia igualmente em todas as direções. É um caso ideal que não é

fisicamente realizável. No entanto, é tomado como referência para a expressão das

propriedades de diretividade das antenas. Na figura 3.18 está representado o diagrama

de radiação bidimensional de uma antena isotrópica, onde podemos verificar que a

antena radia uniformemente em ambos os planos.

Figura 3.18 – Diagrama de radiação de uma antena isotrópica [27]

Uma antena omnidirecional é uma antena que tem um diagrama de radiação não

direcional num plano e um diagrama de radiação direcional em qualquer plano

perpendicular. Habitualmente, o plano não direcional é o plano horizontal (azimute), tal

como representado na figura 3.19, onde podemos observar um exemplo de um diagrama

de radiação deste tipo de antenas.

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27

Figura 3.19 – Diagrama de radiação de uma antena omnidirecional [27]

Uma antena direcional não tem simetria no diagrama de radiação, levando à

concentração de potência radiada numa determinada direção do espaço. Na figura 3.20

temos um exemplo de um diagrama de radiação bidimensional de uma antena

direcional.

Figura 3.20 – Diagrama de radiação de uma antena direcional [27]

Em geral, o diagrama de radiação é formado por lobos de radiação. Aquele que

contém a direção de intensidade máxima de radiação designa-se por lobo principal em

contraste com os restantes, ditos secundários. A sua caracterização pode envolver a

especificação de larguras de feixe, posicionamento e intensidade relativa dos lobos. A

largura de feixe de um lobo é definida pela separação angular entre duas direções para

lados opostos relativamente à direção de radiação principal. A largura de feixe a meia

potência (HPBW) pode ser definida como o ângulo formado pelas duas direções onde a

intensidade de radiação é metade do valor máximo do feixe (-3 dB, caso a intensidade

de radiação seja dada em dB). A largura de feixe entre primeiros nulos (FNBW) é o

ângulo formado pelas direções onde a intensidade de radiação é igual a zero. Na figura

3.21 observamos um diagrama de radiação em coordenadas polares e escala linear (a) e

um diagrama de radiação em coordenadas cartesianas e escala logarítmica (b), onde

estão representados o lobo principal, lobos secundários, largura de feixe a meia potência

e largura de feixe entre primeiros nulos. Para além do lobo principal e secundário, existe

também a definição de lobo traseiro, que é o lobo situado a aproximadamente 180º em

relação ao lobo principal.

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28

Figura 3.21 – Diagramas de radiação: (a) coordenadas polares e escala linear

(b) coordenadas cartesianas e escala logarítmica

3.2.2 Ganho e diretividade

O ganho de uma antena, G, numa dada direção é definido como a razão entre a

intensidade de radiação, segundo uma direção, e a intensidade de radiação que seria

obtida se a potência absorvida (Pa) fosse radiada isotropicamente. O ganho pode ser

obtido através da seguinte expressão:

𝐺(𝜃, 𝜑) = 4𝜋𝑈(𝜃, 𝜑)

𝑃𝑎 (3.1)

Devido a perdas uma antena não radia toda a potência absorvida do transmissor.

A eficiência (ou rendimento) de radiação, η, compara a potência radiada com a potência

absorvida:

𝑃𝑟𝑎𝑑 = 𝜂𝑃𝑎 (3.2)

A diretividade de uma antena, D, é a comparação entre a intensidade de radiação

com a de uma antena isotrópica, que radie a mesma potência. A diretividade relaciona-

se com o ganho através da expressão:

𝐺(𝜃, 𝜑) = 𝜂 𝐷(𝜃, 𝜑) (3.3)

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29

Figura 3.22 – Diretividade e ganho (adaptado de [28])

3.2.3 Área efetiva

Figura 3.23 – Área efetiva (adaptado de [29])

A área efetiva (ou abertura) de uma antena é a relação entre a potência entregue

a uma carga adaptada e a intensidade do vetor de Poynting incidente, admitindo

adaptação de polarização, expressa por:

𝐴𝑒 =𝑃𝑐𝑎

𝑆𝑃 (3.4)

A área efetiva pode ser relacionada com o ganho da antena através da seguinte

expressão:

𝐴𝑒 =𝜆2𝐺

4𝜋 (3.5)

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30

3.3 Equação do radar

3.3.1 Propagação em espaço livre

Comecemos por considerar uma situação de propagação em espaço livre, isto é,

fora da presença de quaisquer obstáculos e num meio uniforme, homogéneo e

isotrópico. Admitamos que se tem uma onda esférica TEM centrada na antena emissora,

estando-se assim na zona distante da antena.

Seja Pe a potência emitida pelo emissor. À distância d [m], sendo a potência

emitida isotropicamente, a densidade do fluxo de potência (ou intensidade do vetor de

Poynting SP) na direção radial (segundo (θ,φ)) é dada por:

𝑆𝑃 =𝑃𝑒

4𝜋𝑑2 (3.6)

As antenas usadas em sistemas de radar são antenas diretivas, apresentando um

feixe numa determinada direção. A densidade de fluxo de potência no centro do feixe de

radiação é maior, dado que a potência transmitida está concentrada numa menor área.

Tendo em conta um ganho Ge na direção do recetor, a densidade de fluxo de potência a

uma distância d da emissão é dada por:

𝑆𝑃 =𝑃𝑒𝐺𝑒

4𝜋𝑑2 (3.7)

Sabendo que a densidade de fluxo de potência também pode ser expressa através

das amplitudes do campo elétrico (E) e do campo magnético (H) da onda esférica TEM,

por:

𝑆𝑃 =1

2 𝐸 𝐻 (3.8)

e conhecendo a relação entre E e H:

𝐸 = 𝑍0𝐻 (3.9)

em que Z0 é a impedância de onda (Z0 = 120π [Ω]), para um meio com índice de

refração absoluto (n = 1), vem que:

𝐸 =1

𝑑√

𝑍0𝑃𝑒𝐺𝑒

2𝜋 (3.10)

Analogamente, obtém-se a seguinte expressão para o campo magnético:

𝐻 =1

𝑑√

𝑃𝑒𝐺𝑒

240𝜋 (3.11)

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31

3.3.2 Radar monoestático

Figura 3.24 – Diagrama de um radar monoestático [30]

Num radar monoestático, tal como representado na figura 3.24, o emissor e o

recetor situam-se no mesmo local, geralmente utilizando a mesma antena. É utilizado

um duplexer para a comutação entre emissão e receção.

Figura 3.25 – Representação do radar monoestático

Considerando o caso da figura 3.25, em que temos um alvo a uma distância d do

radar, teremos uma radiação incidente que irá ser refletida pelo alvo em várias direções.

À radiação refletida que se propaga na direção do radar corresponde uma densidade de

potência, que depende da área equivalente do alvo (σ [m2]).

A densidade de potência no retorno à antena de receção é expressa por:

𝑆𝑃 =𝑃𝑒𝐺𝑒σ

(4𝜋)2𝑑4 (3.12)

A potência entregue ao recetor (adaptado) é dada pela relação entre a área

efetiva da antena de receção (Ae) e a densidade de potência no retorno à antena de

receção:

𝑃𝑟 = 𝐴𝑒 × 𝑆𝑃 (3.13)

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32

𝑃𝑟 =𝑃𝑒𝐺𝑒Aeσ

(4𝜋)2𝑑4 (3.14)

Sabendo que a área efetiva da antena de receção é dada por:

𝐴𝑒 =𝜆2𝐺𝑟

4𝜋 (3.15)

podemos então estabelecer uma relação entre a potência recebida no eco (Pr) e a

potência emitida (Pe), a que chamamos equação do radar monoestático:

𝑃𝑟

𝑃𝑒=

𝐺2𝜎𝜆2

(4𝜋)3𝑑4 (3.16)

É importante notar a diminuição da potência recebida com d4.

O alcance máximo, Rmax, é a distância além da qual o alvo não consegue ser

detetado. Ocorre quando a potência do sinal recebido (Pr) iguala a potência mínima de

deteção (Pmin) e é expresso por:

𝑅𝑚𝑎𝑥 = [𝑃𝑒𝜆2𝐺2𝜎

(4𝜋)3𝑃𝑚𝑖𝑛]

14

(3.17)

3.3.3 Radar biestático

Figura 3.26 – Diagrama de um radar biestático [30]

Num radar biestático, tal como representado na figura 3.26, o emissor e o recetor

encontram-se separados a uma distância considerável, não partilhando a mesma antena.

Tem a grande vantagem de isolar completamente a emissão da receção, sendo por isso

utilizado em situações em que se pretende uma grande sensibilidade.

Na figura 3.27 temos a representação do radar biestático. O versor e representa a

direção da onda emitida, o versor i a direção da onda incidente no alvo, o versor r a

direção da onda refletida pelo alvo e o versor l a direção da onda incidente na antena

recetora.

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33

Figura 3.27 – Representação do radar biestático

Analogamente, tendo em conta que no radar biestático as distâncias ao alvo e os

ganhos de cada antena são diferentes, estabelecemos a seguinte relação entre a potência

recebida e a potência emitida:

𝑃𝑟

𝑃𝑒=

𝐺𝑒2𝐺𝑟

2𝜎𝜆2

(4𝜋)3𝑑12𝑑2

2 (3.18)

3.4 Radar de impulsos

3.4.1 Introdução

Figura 3.28 – Diagrama de blocos de um radar de impulsos monoestático

Num radar de impulsos a emissão de ondas eletromagnéticas é feita através da

geração de impulsos de curta duração com elevada energia. Na figura 3.28 está

representado um diagrama de blocos simplificado de um radar de impulsos

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34

monoestático, sendo que o transmissor e recetor se situam no mesmo local. O

transmissor é constituído por um oscilador de radiofrequência e por um modulador de

impulsos, gerando um sinal modulado que é emitido pela antena. O duplexer permite a

utilização da mesma antena para emissão e receção. O sincronizador gera o sinal de

sincronização necessário para o funcionamento do sistema. O recetor usado é, regra

geral, do tipo superheterodino, realizando a deteção após um processo de conversão de

frequências. Após a deteção o vídeo é processado e apresentado no monitor.

Através deste processo é possível obter a distância ao alvo, através do tempo

decorrido entre a transmissão e a receção de cada impulso (eco). Podemos também obter

informação do azimute e elevação através do posicionamento espacial do feixe

(diagrama de radiação).

3.4.2 Forma de onda

Figura 3.29 – Sequência periódica de impulsos de radiofrequência

O radar de impulsos, tal como se observa na figura 3.29, pode ser configurado

com apenas dois parâmetros: o tempo entre a repetição de impulsos, Tp ou PRT (Pulse

Repetition Time), e a duração da emissão do impulso, τp ou PW (Pulse Width). O radar

de impulsos pode ser também caracterizado através da frequência de repetição de

impulsos, fp ou PRF (Pulse Repetion Frequency), sendo o inverso do tempo entre

repetição de impulsos, expressa por:

𝑓𝑝 =1

𝑇𝑝 (3.19)

O ciclo de serviço (duty cycle) é dado por:

𝑑𝑐 =𝜏𝑝

𝑇𝑝 (3.20)

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35

A potência média de emissão, Pav, é expressa em função da potência de emissão

e do ciclo de serviço, por:

𝑃𝑎𝑣 = 𝑃𝑒 × 𝑑𝑐 = 𝑃𝑒 ×𝜏𝑝

𝑇𝑝 (3.21)

3.4.3 Distância do alvo

Figura 3.30 – Tempo de retorno

No radar de impulsos, a distância entre o radar e o alvo, R, é determinada através

da medição do tempo de retorno, TR, que é o intervalo de tempo que um impulso leva a

percorrer o trajeto de ida e volta (2R, duas vezes a distância entre o radar e o alvo).

Sendo assim, a distância entre o radar e o alvo é dada por:

𝑅 =𝑐 × 𝑇𝑅

2 (3.22)

onde c é a velocidade da luz.

Sabendo que a luz percorre 300 metros por cada microssegundo, podemos

também calcular a distância, em quilómetros, entre o radar e o alvo através de:

𝑅𝑘𝑚 = 150 × 𝑇𝑅,𝜇𝑠 (3.23)

Quando o tempo de retorno, TR, é superior ao tempo que decorre entre a

transmissão de dois impulsos sucessivos, Tp, ocorre uma ambiguidade na determinação

da distância ao alvo. A máxima distância não-ambígua, Rn,amb é então dada por:

𝑅𝑛,𝑎𝑚𝑏 =𝑐 × 𝑇𝑝

2=

𝑐

2 × 𝑓𝑝 (3.24)

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36

3.5 Radar de onda contínua

3.5.1 Introdução

O radar de onda contínua, ou radar CW (Continuous Wave), tal como o próprio

nome indica, é caracterizado por emitir um sinal contínuo, com elevada energia. O

recetor opera também de forma contínua. A potência do sinal emitido é bastante mais

elevada do que a potência do eco (na ordem de 1018), sendo necessário separar os sinais

emitido e recebido. Para aumentar o isolamento entre sinal emitido e recebido podem-se

usar antenas fisicamente separadas para emissão e receção, apesar desse isolamento ser

normalmente insuficiente. Uma técnica viável para distinguir o sinal emitido do

recebido é garantir que existe um movimento relativo entre o radar e o alvo, sendo feito

o respetivo reconhecimento da variação de frequência causada pelo efeito de Doppler.

A grande vantagem da utilização deste tipo de radares é a simplicidade e

precisão com que se pode medir o desvio de frequência, que é diretamente proporcional

à velocidade do alvo detetado.

As suas principais aplicações são a determinação de velocidade de veículos (pela

polícia, por exemplo), determinação de velocidade de projéteis (como por exemplo, uma

bola numa partida de futebol), radar anti colisão (que irá ser analisado no capítulo 4

desta dissertação), altímetro, alarmes anti-intrusão, entre outros. Apesar das suas

diversas aplicações o radar de onda contínua tem vindo a perder o seu interesse em

detrimento da utilização de radares de impulsos para fins semelhantes.

3.5.2 Efeito de Doppler

O efeito de Doppler foi previsto teoricamente pelo físico austríaco Christian

Doppler em 1842. Em 1845 foi feita uma experiência, por Buys Ballot (cientista

holandês), que juntou um grupo de músicos, numa carruagem aberta de uma

locomotiva, a tocarem apenas uma nota no seu instrumento musical, posicionando-se ao

lado dos carris e notando que ouvia notas diferentes das tocadas pelos músicos,

provando a existência do efeito para as ondas sonoras. Atualmente sabe-se que o efeito

de Doppler não se aplica apenas às ondas sonoras, aplicando-se a todo o tipo de ondas,

incluindo a água e a luz.

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37

Figura 3.31 – Efeito de Doppler [31]

O efeito de Doppler refere-se à diferença de frequências das ondas

eletromagnéticas entre o eco de um alvo e o sinal emitido pelo radar, caso um deles

esteja em movimento. A diferença entre frequências, ou desvio de Doppler, é

diretamente proporcional à velocidade radial de aproximação ou afastamento do alvo.

Em caso de aproximação do alvo, a frequência observada pelo radar será maior do que a

do sinal emitido (havendo uma compressão das superfícies equifase), enquanto que, no

afastamento do alvo a frequência será menor do que a do sinal emitido (havendo

descompressão das superfícies equifase).

Considerando um observador e uma fonte, a frequência central do sinal

transmitido, f0, a velocidade do observador, vobs, e a velocidade da fonte, vfonte, temos a

seguinte expressão geral para a frequência observada:

𝑓′ = 𝑓0 (𝑐 ± 𝑣𝑜𝑏𝑠

𝑐 ± 𝑣𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒) (3.25)

No caso em que a fonte não está em movimento temos:

𝑓′ ≈ 𝑓0 (1 ±𝑣

𝑐) (3.26)

O desvio da frequência de Doppler, fd, vem dado por:

𝑓𝑑 = 𝑓′ − 𝑓0 = ±𝑓0

𝑣

𝑐= ±

𝑣

𝜆

(3.27)

No caso específico do radar o efeito é duplo, visto que ocorre tanto no percurso

de ida como no de volta. Considerando o movimento do alvo, a uma velocidade radial,

vr, o desvio da frequência de Doppler é dado por:

𝑓𝑑 =2𝑣𝑟

𝜆 (3.28)

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38

3.5.3 Isolamento entre transmissor e recetor

Figura 3.32 – Radar de onda contínua usando a mesma antena para transmissão e

receção

Na figura 3.32 temos um radar de onda contínua com deteção homodínica

usando a mesma antena para transmissão e receção. O transmissor gera um sinal

contínuo de frequência f0 que é radiado pela antena. Caso o alvo esteja em movimento o

eco recebido terá a frequência f0 ± fd. O detetor isola o desvio de frequência de Doppler

fd. O amplificador de Doppler e o frequencímetro eliminam o eco de alvos estacionários

e amplificam o sinal do eco do alvo em movimento.

Para obter um melhor isolamento e sensibilidade recorre-se a uma deteção

heterodínica e antenas fisicamente separadas. Na figura 3.33 temos um radar de onda

contínua com deteção heterodínica usando antenas separadas para emissão e receção.

Figura 3.33 – Radar de onda contínua usando antenas separadas

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39

São utilizadas antenas separadas para emissão e receção de forma a reduzir o

sinal de fuga injetado diretamente do transmissor no recetor. O oscilador local gera um

sinal de frequência igual à da frequência intermediária (IF) do recetor. Caso o alvo

esteja em movimento o eco recebido terá a frequência f0 ± fd. O detetor isola o desvio de

frequência de Doppler fd.

As principais limitações deste tipo de radares são a deteção de alvos falsos e a

impossibilidade de detetar a distância ao alvo, fatores bastante importantes no radar

automóvel, por exemplo. Uma solução possível para detetar a distância ao alvo é a

utilização de modulação de frequência, que será analisada na secção seguinte.

3.5.4 Radar FMCW

O radar Frequency Modulated Continuous-Wave (FMCW), é um tipo de radar

de onda contínua em que é usada a modulação em frequência. Neste caso a introdução

da modulação de frequência periódica permite a obtenção da distância ao alvo pela

comparação da variação da frequência do sinal transmitido com a variação da

frequência do eco. Na figura 3.34 temos um diagrama de blocos de um radar FMCW.

Figura 3.34 – Diagrama de blocos de um radar FMCW

Um radar FMCW transmite um sinal de forma de onda chirp, ou seja, uma

sinusoide em que a frequência aumenta ou diminui linearmente com o tempo. Na figura

3.35 temos representados três tipos de forma de onda (up-chirp, down-chirp e

triangular), através de gráficos da frequência em função do tempo e da amplitude em

função do tempo.

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40

Figura 3.35 – Forma de onda: a) up-chirp b) down-chirp c) triangular

Consideremos agora o sinal chirp transmitido pelo radar, de frequência fT, e o

eco recebido do alvo, de frequência fr, tal como representado na figura 3.36. Caso

houvesse múltiplos alvos teríamos múltiplos sinais chirp recebidos.

Figura 3.36 – Sinal transmitido e eco recebido [29]

Sabemos que o tempo do percurso de ida e volta do sinal é dado por:

𝑇 =2𝑅

𝑐 (3.29)

A frequência de batimento pode ser expressa por:

𝑓𝑏 = |𝑓𝑡 − 𝑓𝑟| =2𝑅

𝑐×

𝜕𝑓𝑡

𝜕𝑡= 𝑇

𝜕𝑓𝑡

𝜕𝑡

(3.30)

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A frequência de batimento é proporcional à distância do alvo.

Consideremos um radar FMCW com modulação triangular, com um alvo

estacionário, representado na figura 3.37.

Figura 3.37 – Modulação triangular e alvo estacionário

A frequência de batimento é expressa por:

𝑓𝑏 =𝑇Δ𝑓

𝑇𝑚/2= 2𝑇𝑓𝑚Δ𝑓 =

4𝑅𝑓𝑚Δ𝑓

𝑐 (3.31)

Sabendo que a contagem do número de passagens a zero num semi-período é

dada por:

𝑁 =𝑓𝑏

𝑓𝑚 (3.32)

podemos então calcular a distância ao alvo, por:

𝑅 =𝑐𝑁

4Δ𝑓 (3.33)

Consideremos agora a situação em que temos um alvo em movimento e

modulação triangular, tal como representado na figura 3.38.

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Figura 3.38 – Modulação triangular e alvo em movimento

Tal como foi visto na secção 3.5.2, um alvo em movimento tem um desvio de

frequência de Doppler associado dado por:

𝑓𝑑 =2𝑣𝑟

𝜆 (3.34)

A frequência de batimento não está apenas relacionada com a distância ao alvo,

mas também com a sua velocidade radial. Os semi-períodos do ciclo de modulação são

afetados pelo desvio de Doppler de onde resultam frequências de batimento diferentes,

dadas por:

𝑓𝑏↑ = 𝑓𝑟 − 𝑓𝑑 (3.35)

𝑓𝑏↓ = 𝑓𝑟 + 𝑓𝑑 (3.36)

onde fr é o desvio de frequência por efeito da modulação (alvo fixo).

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43

4. RADAR ANTI COLISÃO

Uma das aplicações do radar nos ADAS é o radar anti colisão, usado para

funcionalidades como, por exemplo, o Cruise Control adaptativo, travagem de

emergência e condução automática nas autoestradas.

Consideremos um sistema de radar anti colisão de longa distância para veículos

funcionando na frequência de 77 GHz, em polarização vertical. A antena está instalada

no pára-choques, a uma altura de 0.5 m em relação ao solo. O diagrama de radiação tem

largura de feixe a 3 dB nos planos principais αV = 0.3 rad e αH = 0.55 rad. A

sensibilidade do recetor é -90 dBm. Ignoremos o efeito da atmosfera.

Figura 4.1 – Antena instalada no pára-choques do automóvel

4.1 Deteção de um automóvel ignorando o efeito de reflexões

Iremos determinar a potência a instalar no radar para poder detetar um

automóvel com secção eficaz de dispersão de 2 m2 a uma distância d = 200 m.

Ignoremos, por enquanto, qualquer efeito de reflexões.

O ganho de uma antena em unidades lineares exprime-se em termos das larguras

de feixe a 3 dB como

𝐺 = 4𝜋

𝛼𝑉𝛼𝐻= 18.82 𝑑𝐵𝑖 (4.1)

Usando a frequência de 77 GHz obtemos o comprimento de onda

𝜆 =𝑐

𝑓= 3.90 × 10−3 𝑚 (4.2)

É também conhecida a equação do radar monoestático que estabelece a relação

entre a potência recebida e a potência recebida:

𝑃𝑟

𝑃𝑒=

𝐺2𝜎𝜆2

(4𝜋)3𝑑4 (4.3)

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Podemos então determinar a potência a instalar no radar:

𝑃𝑒 =𝑃𝑟(4𝜋)3𝑑4

𝐺2𝜎𝜆2= 12.55 𝑑𝐵𝑊 (4.4)

4.2 Deteção de um automóvel considerando o efeito de reflexões

Consideremos agora o efeito da reflexão no piso da estrada, tomado como

perfeitamente liso, com εr = 4. Iremos então verificar se é possível um automóvel não

ser detetado dentro do alcance definido anteriormente (d = 200 m). Consideremos que a

altura do automóvel-alvo é 0.5 m, a mesma da antena instalada no pára-choques o

primeiro carro.

Podemos então calcular a distância do primeiro mínimo (usando n = 3):

𝑑𝑛 = 4ℎ1ℎ2

(𝑛 − 1)𝜆= 128.2 𝑚 (4.5)

Figura 4.2 – Reflexão no solo em polarização vertical

Usamos essa mesma distância para calcular o ângulo de fogo

𝜓 = arctanℎ1 + ℎ2

𝑑= arctan

2ℎ1

𝑑= 0.008 𝑟𝑎𝑑 (4.6)

Sabemos que o índice de reflexão do solo em relação ao ar é

𝑛 = √𝜀𝑟𝜇𝑟 = 2 (4.7)

Considerando que estamos em polarização vertical, calculamos o coeficiente de

Fresnel através da expressão seguinte:

|Γ𝑉| = |𝑛2𝑠𝑒𝑛𝜓 − √𝑛2 − cos2 𝜓

𝑛2𝑠𝑒𝑛𝜓 + √𝑛2 − cos2 𝜓| = 0.964 (4.8)

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45

A potência do raio direto é dada por

𝑃𝑑 =𝑃𝑒𝐺2𝜎𝜆2

(4𝜋)3𝑑4= −58.19 𝑑𝐵𝑚 (4.9)

Podemos então calcular o valor da potência recebida pela antena

𝑃𝑟 = 𝑃𝑑(1 − |Γ𝑉|)4 = −115.9 𝑑𝐵𝑚 < −90 𝑑𝐵𝑚 (4.10)

O valor da potência recebida é menor que o da sensibilidade, logo o automóvel

não é detetado.

4.3 Deteção de um automóvel considerando a dispersão pela estrada

Uma fonte de ruído importante em radares é a que resulta da dispersão pelo

terreno (na direção da própria antena do radar) de uma fração da energia emitida pelo

radar. A energia que incide no terreno é devolvida por este na própria direção de

incidência.

Consideremos agora a dispersão pela estrada em que os ambos os veículos

circulam. Suponhamos que a rugosidade do piso da estrada pode ser caracterizada por s

= 1.5. Iremos então verificar se o sinal de radar dispersado pela superfície rugosa na

direção da própria antena (radar clutter) pode impedir a deteção de um automóvel à

distância d = 100 m, excedendo o eco recebido do automóvel-alvo.

Figura 4.3 – Dispersão pelo terreno

Podemos comparar a potência de clutter (PC) com o sinal proveniente do

automóvel-alvo (Pd) através da seguinte expressão:

𝑃𝐶

𝑃𝑑= |Γ|2

𝐺𝐶2

𝐺𝐴2

𝛼𝐻

2

1

ℎ2

𝑑𝐴4

𝜎𝐴exp [− (

𝜌1

𝑠 ℎ)

2

] (4.11)

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Figura 4.4 – Distância na qual o solo é iluminado

Calculemos então a distância na qual o solo é iluminado:

𝜌1 =ℎ

tan𝛼𝑉

2

= 3.31 𝑚 (4.12)

Figura 4.5 – Diagrama de radiação [32]

Do diagrama de radiação anterior concluímos que a relação entre o ganho do

clutter e o ganho na direção do alvo é:

𝐺𝐶

𝐺𝐴= 0.5 (4.13)

Na figura 4.6 estão representados os coeficientes de Fresnel sob forma polar,

aparecendo, para a polarização vertical, curvas de |Γ| e curvas de π + arg [Γ].

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Figura 4.6 – Fator de reflexão [33]

Considerando tan 𝜓 → ∞, obtemos da figura 4.6 que Γ = 0.33.

Obtemos então tudo o que precisamos para comparar a potência de clutter (PC)

com o sinal proveniente do automóvel-alvo (Pd):

𝑃𝐶

𝑃𝑑= −22.73 𝑑𝐵 (4.14)

Chegamos então à conclusão de que o sinal de radar dispersado pela superfície

rugosa na direção da própria antena (radar clutter) não impede a deteção de um

automóvel à distância d = 100 m.

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5. SIMULAÇÃO

5.1 Descrição do software utilizado

Para a realização desta simulação foram utilizados dois programas: o Antenna

Magus® e o CST®.

O Antenna Magus® consiste numa base de dados com mais de 300 antenas.

Permite pesquisar antenas através do tipo de aplicação e especificação. Da pesquisa

resulta uma lista de templates de possíveis antenas. É possível configurar a antena

através da especificação dos seus diversos parâmetros como, por exemplo, as suas

dimensões ou a frequência utilizada. Por fim é possível exportar o modelo da antena

para se utilizar noutro software, como por exemplo o CST®. A principal vantagem do

uso deste software é o facto de se conseguir obter facilmente um modelo de uma antena

para ser usado numa simulação, enquanto que apenas usando o CST® teríamos de

desenhar e projetar todos os componentes da antena, bem como os seus parâmetros e

dimensões.

O CST® é um conjunto de ferramentas utilizado para desenhar, simular e

otimizar sistemas eletromagnéticos. Permite analisar de uma forma detalhada o

comportamento de uma antena através de uma simulação, obtendo-se diversos dados

como, por exemplo, o diagrama de radiação. É possível importar diversos modelos de

antenas e estruturas (um carro, por exemplo) que podem ser modificados,

parametrizados e usados para o estudo do problema a ser resolvido.

5.2 Antena

Para escolher a antena a utilizar nesta simulação foi utilizado o Antenna

Magus®. O programa permite pesquisar antenas quanto à sua aplicação pelo que se

pesquisou por uma antena para automóveis. Em seguida da lista de opções disponível

selecionou-se a do radar de longo alcance a 77 GHz. Das várias antenas disponíveis

optou-se por um agregado de 32 elementos alimentados em paralelo. Sendo uma antena

para montar num pára-choques de um carro pretende-se que seja leve e de pequenas

dimensões. A antena escolhida tem 74.39 milímetros de comprimento, 5.182 milímetros

de largura e 52.84 micrómetros de espessura. Escolheu-se uma frequência central de

76.5 GHz, um ganho de 20 dBi, uma impedância de entrada de 50 Ω e uma

permissividade relativa de 2.2.

Depois de escolhida a antena no Antenna Magus® exportou-se então o modelo

para ser utilizado no CST®. Na figura 5.1 temos representada a antena escolhida para

ser utilizada nesta simulação.

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Figura 5.1 – Antena utilizada na simulação

5.3 Resultados

Depois de se importar a antena para o CST® utilizou-se o Time Domain Solver

para simular o comportamento da antena, tendo-se obtido os resultados que se seguem

nesta secção.

Um dos resultados obtidos na simulação é o gráfico do coeficiente de reflexão,

S11, que representa a razão entre a amplitude da onda refletida e a da onda incidente na

porta 1 (entrada). Na figura 5.2 temos o gráfico do coeficiente de reflexão (em dB) em

função da frequência (em GHz).

Figura 5.2 – Coeficiente de reflexão

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O coeficiente de reflexão encontra-se abaixo dos -10 dB entre os 74.85 GHz e os

76.05 GHz, atingindo um mínimo de -26.35 dB para 75.65 GHz. Podemos então

concluir que a frequência em que a antena funciona melhor é a de 75.65 GHz. Nas

frequências em que o coeficiente de reflexão é de 0 dB a antena não irá radiar

praticamente nada, sendo quase toda a potência refletida.

Na figura 5.3 podemos observar a laranja a potência de alimentação da antena, a

azul a potência refletida, a verde potência entregue à antena e a vermelho a potência

absorvida.

Figura 5.3 – Potência de alimentação (laranja), potência refletida (azul), potência

entregue à antena (verde) e potência absorvida (vermelho)

A potência de alimentação da antena é de 0.5 W. Sendo a potência absorvida

praticamente nula, verifica-se que a potência entregue à antena é a diferença entre a

potência de alimentação e a potência refletida. Verifica-se um máximo na potência

entregue à antena (0.5 W) e um mínimo na potência refletida (0 W) para a frequência de

75.65 GHz, tal como seria de esperar e em concordância o que já se tinha observado no

coeficiente de reflexão.

Apesar de a simulação no CST® ter obtido resultados para campo distante em

diversas frequências entre o 68.85 GHz e os 84.15 GHz, optou-se por se escolher os

resultados obtidos para o ganho na frequência de coeficiente de reflexão mais baixo,

76.65 GHz.

Na figura 5.4 temos representado o diagrama de radiação, para campo distante, a

76.65 GHz, em coordenadas cartesianas, obtido na simulação, no qual se pode observar

o lobo principal e os vários lobos secundários, bem como o lobo traseiro. O valor de

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22.2 dB obtido para magnitude do lobo principal está de acordo com o esperado. A

largura de feixe a 3 dB obtida foi 2.5º e o nível de lobos secundários obtido foi -11.3

dB.

Figura 5.4 – Diagrama de radiação em coordenadas cartesianas

Nas figuras 5.5 e 5.6 estão representados os diagramas de radiação em

coordenadas polares nos planos θ (φ=0) e φ (φ=0), respetivamente.

Figura 5.5 – Diagrama de radiação no plano θ (φ = 0)

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Figura 5.6 – Diagrama de radiação no plano φ (φ = 0)

Por fim, obteve-se o diagrama de radiação da antena em 3D, representado na

figura 5.7, o que nos permite visualizar a distribuição espacial de toda a potência

envolvida.

Figura 5.7 – Diagrama de radiação em 3D

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6. CONCLUSÃO

6.1 Principais conclusões

Com a realização deste trabalho pretende-se estudar um caso específico dos

ADAS, o radar automóvel, abordando diversos conceitos aprendidos ao longo do

Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, permitindo também, ao

mesmo tempo, a aprendizagem e estudo de outros conceitos não presentes no plano

curricular, como os sistemas de radar. O trabalho desenvolvido é bastante útil em

contexto académico, permitindo estabelecer a ligação entre conceitos aprendidos e casos

práticos como o exercício do radar anti colisão e a simulação no CST®.

No capítulo 2 foi possível compreender melhor o conceito de ADAS bem como

os seus diversos tipos (câmaras, radar automóvel, LIDAR e ultrassom). Foi feita uma

breve introdução da história do radar, começando a com as experiências de Heinrich

Hertz. Foi introduzido o radar automóvel que trabalha em duas bandas de frequências

24 GHz e 77 GHz, sendo que existe uma mudança apenas para a frequência dos 77 GHz

devido ao uso dos 24 GHz ser pouco atrativo. Existem diversas aplicações do radar

automóvel divididas em SRR e LRR, possibilitando funcionalidades como a prevenção

de colisões e o Cruise Control adaptativo. Apresentou-se o projecto C-Roads que

permite uma cooperação entre os Estados Membros e os road operators na

implementação dos C-ITS. Foi também apresentado o projeto eCall, sistema obrigatório

em todos os novos carros vendidos na União Europeia desde Abril de 2018, que efetua

uma chamada automática para o 112, em caso de acidente ou emergência.

No capítulo 3 foi feita uma introdução teórica aos sistemas de radar. O radar é

um dispositivo destinado à localização de objetos distantes por meio de ondas refletidas

nesses objetos. Foram apresentadas diversas aplicações do radar como, por exemplo, a

militar, em que através da figura 3.2 se ficou a perceber o funcionamento de um míssil

teleguiado. Dividiu-se o estudo do radar em dois tipos, o radar primário e o radar

secundário, sendo que ainda se diferenciou os tipos de radar por tipo de aplicação,

separação entre transmissão e receção, entre outros. Os sistemas de radar funcionam

numa grande variedade de frequências, tendo sido apresentadas as diversas bandas de

frequências utilizadas por estes sistemas, bem como as aplicações de cada uma. É de

salientar a banda W que é utilizada pelo radar automóvel. Realizou-se uma breve

introdução a conceitos importantes de antenas como o diagrama de radiação,

diretividade, ganho e área efetiva. Foi introduzida a equação do radar, considerando

uma situação de espaço livre, sendo apresentada a relação entre a potência recebida no

eco e a potência emitida, tanto para o radar monoestático como para o biestático.

Introduziu-se o radar de impulsos, onde a emissão de ondas eletromagnéticas é feita

através da geração de impulsos de curta duração com elevada energia. Por fim,

introduziu-se o radar de onda contínua, onde foi introduzido um conceito muito

importante nos sistemas de radar, o efeito de Doppler, que se refere à diferença de

frequências das ondas eletromagnéticas entre o eco de um alvo e o sinal emitido pelo

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radar, caso um deles esteja em movimento. Foi apresentado o radar FMCW, que é um

tipo de radar de onda contínua em que é usada a modulação de frequência.

No capítulo 4 realizou-se um exercício prático de um radar anti colisão de longa

distância, com a antena instalada no pára-choques de um automóvel. Começou-se por

considerar a deteção de um automóvel ignorando o efeito de reflexões, onde se

determinou o ganho da antena, o comprimento de onda e por fim a potência a instalar no

radar, através da utilização da equação do radar monoestático. Seguiu-se a deteção de

um automóvel considerando o efeito de reflexões, onde se calculou a distância de

primeiro mínimo, o ângulo de fogo, o coeficiente de Fresnel, a potência do raio direto e

a potência recebida pela antena. O valor obtido para a potência recebida foi menor que o

da sensibilidade, logo o automóvel não foi detetado à distância de 200 metros. Por fim,

considerou-se a deteção de um automóvel considerando a dispersão pela estrada, que é

uma fonte de ruído importante, sendo que a energia que incide no terreno é devolvida

por este na própria direção de incidência. Através da comparação da potência de clutter

com o sinal proveniente do automóvel-alvo, verificou-se que o sinal de radar dispersado

pela superfície rugosa na direção da própria antena não impede a deteção de um

automóvel a 100 metros de distância.

No capítulo 5 adquiriu-se conhecimentos práticos de software de simulação de

sistemas eletromagnéticos através da utilização do Antenna Magus® e do CST®. Foi

escolhido um modelo de um agregado de 32 elementos alimentados em paralelo através

do Antenna Magus® e exportado para o CST®, representado na figura 5.1. Utilizando a

o Time Domain Solver do CST®, foi possível simular o comportamento da antena,

tendo-se obtido os diversos diagramas de radiação, coeficiente de reflexão e as

potências de alimentação, refletida, entregue à antena e absorvida. Na figura 5.2

observamos que o coeficiente de reflexão encontra-se abaixo dos -10 dB entre os 74.85

GHz e os 76.05 GHz, atingindo um mínimo de -26.35 dB para 75.65 GHz, de onde se

conclui que a frequência em que a antena melhor funciona é a de 75.65 GHz. O mesmo

é confirmado depois de observada a figura 5.3, onde se verifica um máximo na potência

entregue à antena e um mínimo na potência refletida nessa mesma frequência.

6.2 Perspetivas de trabalhos futuros

Este trabalho serve como base para outros trabalhos que queiram continuar ou

aprofundar os temas aqui retratados, seja através da introdução de novos temas ou

através da continuação de temas aqui apresentados. Estamos na presença de um tema

muito geral e com muitas opções de tecnologia que pode ser interessante estudar.

O Estado da Arte desta dissertação expôs alguns temas interessantes para

trabalhos futuros. Apesar deste trabalho ser focado apenas no radar automóvel, qualquer

um dos outros tipos de ADAS pode ser aprofundado e estudado, bem como o estudo dos

carros autónomos. Seria interessante aprofundar o estudo das C-Roads e o do eCall e o

seu impacto, visto serem tecnologias recentes que estão atualmente a implementadas

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nos diversos países. Poderia ser interessante também acompanhar a mudança de

frequência dos 24 GHz para os 77 GHz para o radar automóvel e a possível utilização

futura de outras frequências.

Do capítulo dos sistemas de radar seria interessante analisar outro tipo de

aplicações do radar como, por exemplo, na área da medicina. Poderá ser atualizado com

outras aplicações recentes que vão surgindo das diversas bandas disponíveis. A secção

teórica de antenas poderá ser aprofundada com diversos tipos de antenas e conceitos

como o comprimento efetivo e polarização. Visto que se estudou o radar monoestático e

o biestático seria interessante também estudar o caso do radar multiestático. Apenas se

fez uma breve introdução ao radar de impulsos, pelo que se poderia aprofundar através

da introdução do MTI e o Doppler de impulsos.

Do exercício prático do radar anti colisão seria interessante explorar outras

situações como a curta distância ou com múltiplos alvos. A dispersão pela estrada e a

sua influência às diversas distâncias do alvo poderia ser estudada num próximo

trabalho. Seria interessante também testar a diferença de resultados utilizando outras

frequências.

Quanto à simulação apenas se utilizou um tipo de antena. Poderiam ser testados

outros tipos de antenas, com outros parâmetros. Poderá também ser introduzido um

modelo de um carro no CST e testar o comportamento da antena colocada em diversos

locais do mesmo, bem como a utilização de uma redoma. Tal como no exercício prático

seria interessante testar a antena para outras frequências.

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https://www.cityautoglass.com/services/advanced-driver-assist-system-re-

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Acedido em Julho de 2018 em:

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Acedido em Julho de 2018 em: http://www.ti.com/lit/wp/spry312/spry312.pdf

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http://www.audi.pt/pt/web/pt/modelos/layer/tecnologia/adaptive-cruise-

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[7] Hashimoto, S. Kato, and S. Tsugawa, “A cooperative assistance system between

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[8] European Commission, Cooperative, connected and automated mobility

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[9] C-Roads, Objectives. Acedido em Julho de 2018 em:

https://www.c-roads.eu/platform/objectives.html

[10] Mário Alves, Comunicações I2V de suporte à implementação dos serviços C-

ITS, 11º Congresso do Comité Português da URSI – “Novas tecnologias para a

mobilidade”, 2017

[11] European Commission, eCall in all new cars from April 2018. Acedido em Julho

de 2018 em: https://ec.europa.eu/digital-single-market/en/news/ecall-all-new-

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[12] Continental, Automatic Emergency Call. Acedido em Julho de 2018 em:

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[13] ElectronicsForu.com, Precision-Guided Munitions: Radar-Guided Weapons.

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[15] National Weather Service, Terminal Doppler Weather Radar (TDWR) Charlotte,

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[16] HyperPhysics, Georgia State University, Police Radar. Acedido em Setembro de

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[17] Raymarine, Marine Radar Scanners. Acedido em Setembro de 2018 em:

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[18] PRWeb, Saudi Arabian Aviation Agency Orders DeTect MERLIN Aircraft

Birdstrike Avoidance Radar System. Acedido em Setembro de 2018 em:

https://www.prweb.com/releases/2014/05/prweb11850832.htm

[19] RadarTutorial.eu, Waves and Frequency Ranges. Acedido em Setembro de 2018

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[22] Pbase.com. Acedido em Setembro de 2018 em:

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[23] Wikipedia, ASR-9. Acedido em Setembro de 2018 em:

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[25] Schlutz, Matthew. “Synthetic Aperture Radar Imaging Simulated in MATLAB.”,

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[26] Público, Perto de 50 infracções nas primeiras horas de funcionamento dos novos

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primeiras-horas-de-funcionamento-dos-novos-radares-1737499

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[27] RFID Insider, RFID Antennas: Beamwidth & Directivity. Acedido em Setembro

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[28] Hotenda, Understanding Antenna Specifications and Operation. Acedido em

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Antenna-Specifications-And-Operation.html

[29] Moreira, António. “Slides de Sistemas de Radar”, IST, 2017

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[32] J. Lee, Y. Li, M. Hung and S. Huang, "A Fully-Integrated 77-GHz FMCW Radar

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[33] P. L. Rice, A. G. Longley, K. A. Norton, A. P. Barsis, “NBS Technical Note, nº2,

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