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  • 8/14/2019 roteiro8 Roteiros Museolgicos USP

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    MuseologiaRoteiros Prticos

    Acessibilidade

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    ACESSIBILIDADE

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    EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    Diretor-presidente Plinio Martins Filho

    COMISSOEDITORIAL

    Presidente Jos Mindlin

    Vice-presidente Laura de Mello e Souza

    Braslio Joo Sallum Jnior

    Carlos Alberto Barbosa Dantas

    Carlos Augusto MonteiroFranco Maria Lajolo

    Guilherme Leite da Silva Dias

    Plinio Martins Filho

    Diretora Editorial Silvana Biral

    Diretora Comercial Ivete Silva

    Diretora Administrativa Silvio Porfirio Corado

    Editora-assistente Marilena Vizentin

    Carla Fernanda Fontana

    Marcos Bernardini

    Reitor Adolpho Jos Melfi

    Vice-reitor Hlio Nogueira da Cruz

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

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    ACESSIBILIDADE

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    Ficha catalogrfica elaborada pelo DepartamentoTcnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP

    Resource: The Council for Museums, Archives and LibrariesAcessibilidade/Resource: The Council for Museums,Archives and Libraries; [traduo Maurcio O. Santos e PatrciaSouza]. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo:[Fundao] Vitae, 2005.

    120 pp. ; 19,5 x 27 cm. (Srie Museologia; 8)

    Ttulo original: Disability PortfolioISBN 85-314-0866-0

    1. Museologia. 2. Gesto Museolgica. I. Santos, MaurcioO. II. Souza, Patrcia. III. Ttulo. IV. Srie.

    CDD-069

    Direitos em lngua portuguesa reservados

    Edusp Editora da Universidade de So PauloAv. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 3746 andar Ed. da Antiga Reitoria Cidade Universitria05508-900 So Paulo SP BrasilDiviso Comercial: tel. (0XX11) 3091-4008/3091-4150SAC (0xx11) 3091-2911 Fax (0XX11) 3091-4151www.usp.br/edusp e-mail: [email protected]

    Printed in Brazil 2005

    Foi feito o depsito legal.

    Ttulo do original em ingls:Disability Port folio

    Copyright 2004 by Resource

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    SUMRIO

    APRESENTAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    RESOURCE: THE COUNCILOR MUSEUMS, ARCHIVESAND LIBRARIES . . . . . . . . . . . 15

    1 DEICINCIAEMSEU CONTEXTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.1 Quem so os Portadores de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    1.2 Direitos dos Portadores de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    1.3 Como os Portadores de Deficincia Vem a si Mesmos . . . . . . . . . . . . . 26

    1.4 Experincias do Dia-a-dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    2 AO ENCONTRODOS PORTADORESDE DEICINCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    2.1 ace a ace com Portadores de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    2.2 Linguagem e Comunicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    2.3 Interaes com Portadores de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

    3 INORMAO INCLUSIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    3.1 Gerenciamento do Acesso Informao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

    3.2 Acesso Sensorial Informao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    3.3 Acesso para Todos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    3.4 Publicidade e Marketing de seus Servios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    4 AMBIENTES ACESSVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    4.1 Remover Obstculos: Legislao e Orientao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    4.2 Obstculos ao Acesso Encontrados no Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

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    4.3 Boas Prticas para o Acesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    4.4 Poltica e Prtica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

    Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    5 EMPREGOEM TODOSOS NVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    5.1 Empregar Portadores de Deficincia: O que Isso Significa . . . . . . . . . . 101

    5.2 Como atrair Candidatos Portadores de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . 106

    5.3 O uncionrio Portador de Deficincia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

    5.4 Manter o uncionrio no Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

    5.5 Para Alm do Emprego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

    Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

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    APRESENTAO

    Apresentao / 9

    O lanamento desta obra em lngua portuguesa objetiva chamar

    a ateno do pblico brasileiro para um tema da mais alta

    relevncia: como garantir o acesso de todos os nossos cidados

    aos bens culturais, particularmente os disponveis em museus,

    arquivos e bibliotecas de nosso pas. O tema da acessibilidade

    tem sido tratado, em seus mais diferentes aspectos, por diversas

    instituies brasileiras. Esta publicao, traduzida a partir de

    textos selecionados da srieDisability Portfoliopublicada por

    Resource: Council for M useums, Archives and Libraries do

    Reino Unido, certamente trar novos elementos para reflexo e

    estimular novas iniciativas, complementando os esforos

    realizados por indivduos e entidades brasileiras para difundir

    conhecimentos variados sobre a matria.

    admirvel e por que no dizer, invejvel a preocupao

    existente por parte das instituies governamentais e no-

    governamentais em alguns pases, mormente o Reino Unido,

    para lidar com a questo da deficincia e garantir a integrao

    dos portadores de deficincia na sociedade, em todos os seus

    aspectos. Oxal o exemplo seja seguido no Brasil.

    Em 2002, o Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos da

    Pessoa Portadora de Deficincias, IBDD, e o Senac Rio

    lanaram o livro Sem Limite,que oferece ao leitor, alm deinteressantes depoimentos, textos da legislao bsica sobre a

    pessoa portadora de deficincia e sua insero no mercado de

    trabalho, assim como normas que facilitam o seu acesso ao

    meio fsico. A leitura de Sem Limite, retratando polticas

    adotadas no Brasil para reduzir o isolamento em que se

    encontram vrios de nossos compatriotas, poder suscitar

    interessantes comparaes com as medidas que o Reino Unido

    escolheu adotar para enfrentar problemas semelhantes aos

    nossos. Cremos que, ao lanar mais um mdulo da srie de

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    10 / Acessibilidade

    trabalhos publicados por Resource, estamos dando um a

    contribuio para estimu lar o estudo comparado de aes

    destinadas a satisfazer as mesmas necessidades sociais,

    independentemente de contextos socioculturais e de limites

    geogrficos.

    Como temos feito nas publicaes anteriores, registramos

    nossos agradecimentos ao Resource, Conselho de Museus,

    Arqu ivos e Bibliotecas do Reino U nido, pela autorizao que

    nos concedeu para publicar o presente trabalho. Agradecemos

    tambm Editora da U niversidade de So Paulo, nossa parceira

    nessa iniciativa, com a qual j publicamos sete ttulos desta

    srie.

    Regina WeinbergD IRETORAEXECUTIVA/VITAE APOIO CU LTU RA, EDUCAO E PROMOO SOCIAL

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    Introduo / 11

    Esta nova edio da srie Museologia - Roteiros Prticos, traduzida

    para a lngua portuguesa a partir dos originais publicados por

    Resource: Con selho de M useus, Arquivos e Bibliotecas do

    Reino Unido, mais uma publicao promovida pela Vitae e

    tem por objetivo disponibilizar ao pblico brasileiro um a

    literatura especializada sobre o tema da acessibilidade aos bens

    culturais.

    Esta publicao destinada principalmente aos profissionais

    prestadores de servios que operam em reas culturais como

    museus, arquivos e bibliotecas. Apresentando-se como um guia

    prtico e objetivo, contm importantes inform aes sobre

    conceitos, caractersticas e necessidades relativas s pessoas com

    deficincia, pretendendo, assim, contribuir para um a maior

    conscientizao profissional acerca desses pblicos, bem como

    para a ampliao e melhoria do atendimento, acesso fsico,

    sensorial e intelectual aos bens culturais abrigados naqueles

    espaos cultu rais.

    Ao final o leitor tambm receber orientaes sobre a incluso

    de pessoas com deficincias nos quadros de funcionrios,

    conselheiros e voluntrios dessas instituies, e os benefcios

    gerados para todos os profissionais engajados no compromisso

    social de oferecer oportunidades iguais de emprego para todos.

    Cabe aqui frisar que essas iniciativas acabam por beneficiar

    tambm a todos os usurios, possibilitando, sem dvida, tornar

    esses locais mais inclusivos e freqentados por mais pessoas.

    N ote-se que, a exemplo da relao entre portadores de

    deficincia e o conjunto populacional do Reino Unido, no

    Brasil, segundo dados estatsticos oferecidos pelo censo

    demogrfico do ano de 2000, realizado pelo IBGE (Instituto

    INTRODUO

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    Brasileiro de Geografia e Estatstica), atesta-se a existncia de

    24,5 milhes de pessoas com deficincia para uma populao

    total de 169799170 habitantes. Claro, portanto, que se trata deuma populao especial expressiva, usurios potenciais dos

    espaos culturais, que, por sua vez, precisam se adaptar a esse

    contigente populacional.

    Desta forma, fica evidente que os mu seus, arquivos e

    bibliotecas, a par de possurem um importante papel na

    preservao do seu patrimnio, devem disponibilizar o mais

    amplo acesso aos seus edifcios e acervos, atuando como

    espaos de fruio, conhecimento, autoconhecimento e

    afirmao da identidade sociocultural de todos os seus

    freqentadores.

    Ao destacar essas iniciativas para todos os tipos de pblicos,

    reafirma-se a importante funo social destes espaos culturais,

    isto , proporcionar no apenas ampla acessibilidade fsica e

    sensorial, mas tambm permitir a convivncia e a compreenso

    das diversidades existentes nos indivduos, seus limites e

    potencialidades que podem e devem ser tambm explorados

    nestas instituies, resultando em melhor ia da qualidade de

    vida e valorizao do ser humano.

    Mas preciso no perder de vista que tais iniciativas,

    isoladamente, pouco podero produzir em termos de resultados

    concretos. fundamental reconhecer que a implantao de

    servios e acessibilidade universal demandam uma articulao

    maior de meios e objetivos, que somente polticas pblicas de

    ao cultural de carter inclusivo podero realizar.

    N esse sentido, iniciativas bem-sucedidas em museus do Brasil,

    como o programa Igual Diferentedo Museu de Arte Moderna de

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    Introduo / 13

    So Paulo e o Programa Educativo Pblicos Especiais da Pinacoteca

    do Estado de So Paulo, que tm como objetivo acessibilizar de

    forma perm anente os seus servios de atendimento e espaos

    fsicos levando em considerao a diversidade de seus usurios,

    podero servir de paradigma para outras instituies e seus

    profissionais especializados.

    Amanda Tojal

    AMANDA P INTO DA FONSECA TO JAL mu seloga e educadora em m useus,

    doutoranda n a Escola de Comunicaes e Artes da U SP e coordenadora doPrograma Educativo Pblicos Especiais da rea de Ao Edu cativa da Pinacoteca do

    Estado de So Paulo, desde 2003.

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    Resource: Con selho de M useus, Arquivos e Bibliotecas do

    Reino Unido uma entidade constituda em 2000, quando

    incorporou a antiga Comisso de Museus e Galerias (Museums

    & Galleries Commission) e as entidades representativas de

    bibliotecas e arquivos. Sua misso consiste em universalizar o

    acesso aos acervos e servios pertencentes aos museus, arquivos

    e bibliotecas que congrega. O Conselho procura cumprir tal

    misso ao desempenhar uma liderana de carter estratgico, ao

    defender os interesses das entidades sob sua jurisdio,

    fortalecendo-as institucionalmente, e ao prom over inovaes e

    mudanas. A atuao de Resource estende-se tambm rea

    internacional, por m eio do estabelecimento de parcerias, como

    evidencia esta publicao.

    Para o perodo compreendido entre 2003 e 2005, Resource

    formu lou os seguintes objetivos:

    Desenvolver uma infra-estrutura organizacional e financeira

    que permita o crescimento de seu setor, atendendo s

    necessidades das regies em que se divide a Inglaterra e

    sintonizando-se com as prioridades da Irlanda do N orte,

    Esccia e Pas de Gales.

    Estimular o desenvolvimento de acervos e servios

    abrangentes e acessveis ao pblico, visando aprendizagem,

    inspirao e satisfao de todos.

    Demonstrar o impacto de seu setor na vida social e

    econmica.

    Definir as necessidades estratgicas e as prioridades de seu

    setor.

    Efetuar melhorias nas atividades realizadas por Resource.

    N o plano externo, a equipe de Resource pretende encorajar e

    manter entendimentos com instituies de outros pases,

    RESOURCE: THECOUNCIL.ORMUSEUMS, ARCHIVESANDLIBRARIES

    Resource: The Council for Museums, Archives and Libraries / 15

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    atuando em parceria com os organismos do Reino Unido que

    j operam na arena internacional, a fim de conjugar esforos e

    evitar a duplicao de trabalhos.

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    Deficincia em seu Contexto / 17

    INTRODUO

    1 DE.ICINCIAEMSEUCONTEXTO

    A identidade dos portadores de deficincia sofreu uma

    mudana radical nas ltimas dcadas. Assim como a viso que

    eles tm de si prprios afeta a maneira como se comportam,

    tambm o modo como so vistos influencia a maneira como se

    lhes prestam servios.

    At recentemente, a deficincia era vista como um estado

    merecedor de benevolncia e piedade. Nesse contexto, no era

    comum oferecer acesso igualitrio a servios ou verdadeiras

    opes de escolha para usurios portadores de deficincia.

    Esperava-se que o beneficiado mostrasse gratido, satisfao e

    um certo sentimento de culpa, e no lhe era oferecida escolha, a

    menos que suas deficincias fsicas, intelectuais ou sensoriais

    fossem mnimas.

    As mudanas comearam em 1981, Ano Internacional dos

    Portadores de Deficincia, quando se chamou ateno para esse

    tema e se possibilitou a muitos portadores de deficincia tomar

    conhecimento das estatsticas relacionadas com seu grupo. A

    doutrina de oportunidades iguais para todos enfatizava a

    obrigao de no se discriminar, argumentando que tal

    discriminao no era justa. Esse enfoque acabou apresentando

    mais dificuldades aos interessados, uma vez que o atendimento

    a suas necessidades era considerado caro e difcil em

    comparao com um tratamento no discriminatrio em

    relao a outros grupos. O fornecimento de oportunidades

    iguais era visto como um sorvedouro de recursos, resultando

    que uns acabavam sendo m enos iguais do que os outros.

    N os anos que antecederam 1995, desenvolveu-se a noo de

    direitos dos portadores de deficincia. Segundo essa nova viso,

    que ganhou fora com o que na poca acontecia nos EUA e em

    outros lugares, passava-se a defini-los como pessoas com algo a

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    contribuir, com direito a dar algo sociedade e receber algo

    dela. Essa idia forneceu as bases para um importante

    movimento e influenciou intensamente as mudanas que desde

    ento ocorreram, levando implementao da Lei sobre

    Discriminao contra Portadores de D eficincia [Disability

    Discrimination Act (DDA)] de 1995 e, posteriormente,

    criao da Comisso de Direitos dos Portadores de Deficincia,

    encarregada de dar cumprimento a essa lei.

    Hoje, a sociedade est sujeita a muitas influncias culturais.

    Todas as trs posturas descritas acima ainda esto presentes,

    tanto entre os prestadores de servio quanto entre os prprios

    portadores de deficincia. As mudanas ocorrem lentamente,

    porm no tem havido retrocesso. A nova viso sobre

    portadores de deficincia como cidados de valor com direitos

    iguais, responsveis pelas decises e escolhas em suas prprias

    vidas, continua a ganhar terreno, mostrando que eles so parte

    da sociedade, e influenciam o seu progresso.

    Os portadores de deficincia podem contribuir em todos os

    nveis dizendo o que esperam dos servios, trabalhando para

    organizaes, sugerindo mudanas, fazendo recomendaes,

    ampliando o nm ero de visitantes a museus, bibliotecas e

    arquivos. Na cultura da incluso social, sua existncia

    reconhecida, suas necessidades supridas e cria-se um espao no

    qual eles podem contribuir.

    1.1 QUEMSOOS

    PORTADORESDE

    DE.ICINCIA

    Logo de incio, muitos perguntam: Quantos so? Estatsticas

    so perigosas, porque podem ser elaboradas de maneira a

    provar quase qualquer coisa. Entretanto, certo dizer que as

    deficincias esto presentes em mais formas, e em diferentes

    propores, do que se imagina.

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    Deficincia em seu Contexto / 19

    Muitas so as circunstncias e condies que podem levar a um

    estado permanente ou temporrio de deficincia, o que faz com

    que as deficincias sejam mais comuns do que mu itos

    acreditam. Ao mesmo tempo, difcil fazer a pergunta da

    maneira que permita chegar a uma boa definio, j que as

    pessoas so influenciadas por fatores como constrangimento,

    orgulho e opinies polticas quando so identificadas como

    portadoras de deficincia.

    Com base nas questes colocadas no censo, estima-se que haja

    atualmente 8,6 milhes de portadores de deficincias no Reino

    Unido (15% da populao). Incluem-se a mais de 6,8 milhes

    em idade de trabalho (Pesquisa sobre a Fora de Trabalho,

    primavera de 2002).

    De todos, cerca de 5% usam cadeira de rodas (em outras

    palavras, 95% no a usam). Desses 5%, muitos no usam

    cadeira de rodas o tempo todo, mas apenas em algumas

    situaes e para longas distncias. A percepo errnea de que o

    usurio de cadeira de rodas o nico verdadeiro portador de

    deficincia foi reforada pela adoo do desenho estilizado de

    uma cadeira de rodas como cone que o representa.

    A populao adulta total do Reino Unido com alguma

    deficincia auditiva de 8,6 milhes (15%), de acordo com o

    Real Instituto N acional para os Surdos [Royal N ational

    Institute for Deaf People (RN ID)]. Isso inclui

    aproximadamente de 50 a 70 mil usurios da Lngua Britnica

    de Sinais.

    De acordo com o Real Instituto N acional para os Cegos [Royal

    N ational Institute for the Blind (RN IB)] e o Centro de

    Pesquisas e Censos Populacionais [Office for Population

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    Censuses and Surveys (OPCS)], h 1,7 milho de pessoas com

    deficincia visual. Mais de 90% so dotados de algum tipo de

    viso. De acordo com a Surdos-cegos do Reino Unido

    [D eafblind U K], 23 mil pessoas so surdos-cegos.

    Paralelamente, muitas outras pessoas, especialmente com mais

    de 65 anos, tm algum nvel de perda auditiva ou de viso.

    O nmero de adultos e crianas no Reino Unido com

    dificuldade de aprendizagem estimado em 1,2 milho (2%) de

    acordo com o Mencap (www.mencap.org.uk).

    A proporo de pessoas que apresentam problemas de sade

    mental pelo menos por uma vez de um em cada sete (14%),

    de acordo com a organizao M ind (www.mind.org.uk). Isso se

    baseia em dados do OPCS e da Comisso de Auditoria [Audit

    Commission].

    A organizao Ajuda aos Idosos [Help the Aged] apresenta a

    cifra de 9 milhes de pessoas com mais de 65 anos, ou 15,7%

    da populao. Isso influencia a leitura das estatsticas sobre

    deficincia, em virtude da forte relao que h entre a idade e as

    deficincias de fato. 34% das pessoas com 50 anos ou mais tm

    alguma deficincia, comparado com 10% das pessoas entre 16 e

    24 anos de idade.

    N enhum dos fatores acima necessariamente exclui os outros e

    muitas pessoas apresentam mais de uma deficincia.

    CARACTERIZAO DASDEFICINCIAS

    importante observar o que caracteriza a experincia de ser

    portador de deficincia, pois isso pode criar as condies que

    permitam classificar as pessoas social e economicamente.

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    Deficincia em seu Contexto / 21

    Deficincias podem surgir por todo tipo de razo e, de

    diferentes maneiras, levar a privaes.

    A probabilidade de que os portadores de deficincias no tenham

    qualificaes duas vezes maior que a de outros, pois a oferta de

    educao apropriada para eles bem m enor e, na maioria das

    vezes, de nveis acadmicos mais baixos, enquanto que um a

    educao de mais alto nvel, treinamento vocacional e experincia

    de trabalho podem ser de difcil acesso (Pesquisa sobre a Fora de

    Trabalho, primavera de 2002). N a busca de emprego,

    particularmente, manifestam-se enormes desvantagens. A

    probabilidade de um portador de deficincia estar desempregado

    cinco vezes maior que a dos dem ais. A chance de uma pessoa

    que se torne portadora de deficincia enquanto est empregada

    perder o trabalho uma em seis, enquanto que um tero dos que

    encontram trabalho demitido dentro de um ano (Pesquisa sobre

    a Fora de Trabalho, primavera de 2002).

    A perda de oportunidades de trabalho e o fato de se estar em

    desvantagem na busca de emprego podem levar baixa renda e

    dependncia de benefcios pblicos. Todavia, muitos

    encontram m aneiras de contornar as dificuldades em suas vidas

    profissionais e, quando apoiados adequadamente, geram suas

    prprias rendas e benefcio econmico para a sociedade.

    Existem portadores de deficincia exercendo todo tipo de papel

    na sociedade. Do ponto de vista dos negcios, um forte

    argumento para se oferecer melhores servios so suas famlias

    ou suas posies sociais. O fato de terem u m pai ou me,

    filho(a), amigo(a) ou companheiro(a) portador(a) de deficincia

    pode influenciar as escolhas de quem contrata. O poder

    aquisitivo dos portadores de deficincia no Reino U nido

    estimado em 45-50 bilhes.

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    22 / Acessibilidade

    1.2 DIREITOSDOS

    PORTADORESDE

    DE.ICINCIA

    Por muito tempo os portadores de deficincia lutaram por

    direitos civis amplos e efetivos, argumentando que a legislao

    anterior havia falhado n a aplicao prevista. A Lei sobre

    (Emprego de) Portadores de D eficincias [D isabled Persons

    (Employment) Act] de 1944 tinha por objetivo assegurar que as

    empresas empregassem uma certa proporo de portadores de

    deficincia. C riou-se um registro para identific-los como aptos

    s vagas especficas.

    N o entanto, embora mu itos tenham se registrado, poucas

    empresas foram processadas por no cumprir suas obrigaes.

    O sistema tornou-se inoperante; tudo o que restou da idia foi

    o conceito de portador de deficincia registrado. Em 1995,

    ano em que a Lei sobre Discriminao contra Portadores de

    Deficincias [Disability Discrimination Act (D DA)] passou a

    vigorar, o registro foi abolido, deixando de ser usado como uma

    prova de aptido para o usufruto de direitos especiais.

    Outro legado dessa legislao a convico entre os militantes

    de que um a lei que no seja aplicada no tem qualquer

    serventia. Isso foi impor tante no processo que levou ao

    estabelecimento da Comisso para os D ireitos dos Portadores

    de Deficincias [Disability Rights Commission (DRC)].

    A DDA foi sancionada em 1995, com um programa de

    implementao que se estende at 2004. Pela primeira vez na

    legislao do Reino Unido, introduz medidas com o objetivo

    de pr fim discriminao. Estabelece o direito de acesso aos

    bens, servios e instalaes e coloca sobre os prestadores de

    servio um a responsabilidade de conhecer previamente as

    necessidades dos portadores de deficincia e saber como

    atend-las.

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    Deficincia em seu Contexto / 23

    A DDA no concede direitos civis completos, mas teve um

    reforo significativo com a criao da DRC que tem poderes

    de execuo similares aos de outras comisses. A DRC tambm

    desempenha um papel de consultoria e tem o poder de abrir

    inquritos quanto aplicao da DDA.

    Alguns indivduos portadores de deficincias abraaram a idia

    de que tm direitos, mas no esto bem informados sobre toda

    a sua extenso, ou em que situaes se aplicam. U ma boa razo

    para se informar sobre a DDA estar capacitado a julgar

    quando lhe pedem que faa algo que a lei no exige.

    ASOBRIGAESLEGAISDASORGANIZAES

    A Lei sobre Discriminao contra Portadores de Deficincia

    (DDA) cobre as reas de emprego, acesso a bens, instalaes e

    servios e o gerenciamento de terras e imveis.

    Desde dezembro de 1996, contra a lei uma empresa tratar

    portadores de deficincia de maneira menos favorvel que

    outras pessoas por razes relacionadas a suas deficincias. As

    empresas tiveram que fazer adaptaes satisfatrias para que

    eles no ficassem em desvantagem.

    Desde outubro de 1999, passou a ser ilegal prestadores de

    servio recusarem- se a atender algum por m otivos referentes

    deficincia, oferecer servios em condies diferentes ou

    prestar servios de pior qualidade. As organizaes tm de fazer

    adaptaes satisfatrias para que qualquer um tenha acesso a

    seus servios. Tambm devem rever suas polticas, prticas e

    procedimentos e, nos casos em que houver algum

    impedimento fsico, oferecer uma alternativa razovel para

    tornar o servio acessvel.

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    24 / Acessibilidade

    A partir de 2004, os prestadores de servio tero que modificar

    as caractersticas dos seus espaos fsicos para que os portadores

    de deficincia possam usufruir de seus servios.

    M UDANASN ALEGISLAO 1

    O movimento dos portadores de deficincia v alguns exemplos

    de ou tros pases como indicadores das mudanas que devem

    acontecer na Gr-Bretanha. A luta deste movimento por direitos

    civis ganhou fora no Reino U nido, em parte com inspirao na

    legislao sobre deficincia dos EUA [Lei dos N orte-

    Americanos com Deficincias (Americans with Disabilities

    Act)] . O s EUA desenvolveram essa legislao logo aps a guerra

    do Vietn, para apoiar a incluso social dos veteranos. A Austrlia

    tambm tem agora a Lei dos Australianos com Deficincias

    [Australians with Disabilities Act]. N um caso inovador, os

    tribunais australianos consideraram os Jogos Olmpicos de

    Sidney culpados por negar o acesso dos cegos ao seu website.

    A poltica europia para os direitos dos portadores de

    deficincia ter impacto no desenvolvimento desses direitos no

    Reino U nido. A Diretiva Europia para Emprego 2000/78/EC

    (2000) declara que as exigncias da DDA sero estendidas a

    todas as organizaes a partir de 2004. O Frum Europeu para

    Deficincia e a Comisso de D ireitos dos Portadores de

    Deficincia esto pedindo uma Diretiva da Unio Europia

    para os direitos de acesso a bens a ser aprovada em 20032. O

    Conselho da Europa, tal como o governo da Grande Londres,

    est considerando o reconhecimento da lngua de sinais como

    um a lngua de minoria.

    1. Sobre legislao brasileira, v. a publicao Sem Limite, Senac Rio, 2002 (N .

    do T.).

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    Deficincia em seu Contexto / 25

    Das aes contra discriminao que no forem reconhecidas

    nos tribunais do Reino Unido caber recurso aos tribunais

    europeus, dentro da Lei dos Direitos Humanos. O Art. 13 do

    Tratado da U nio Europia, que reconhece a necessidade de

    combater a discriminao contra os portadores de deficincia,

    mais um incentivo para sua campanha por direitos civis

    completos.

    A NOODE COMUNIDADE

    U ma das dificuldades encontradas quando se tenta fazer

    contato com portadores de deficincia provm da idia de que

    eles constituam uma nica comunidade.

    Diferente de muitas outras minorias (inclusive a comunidade

    de surdos), no h de fato uma comunidade de portadores de

    deficincia. Existem pequenas comunidades, mais por conta de

    ativistas e pessoas pertencentes a grupos de deficincia que

    podem eventualmente preferir uma vida social em comum;

    mas seu mundo essencialmente variado e heterogneo.

    Todos tm vivncias em comum, mas muitos preferem no

    consider-las como uma dimenso cultu ral a ser compartilhada.

    Eles tambm podem circular em certos meios por questo de

    necessidade (servios sociais e de sade, terapia ocupacional,

    servios de emprego ou benefcios), mas errado acreditar que

    isso constitua um a identidade por natureza ou por escolha.

    Em vez disso, deveria presumir-se que eles esto presentes em

    todas as situaes sociais, exercendo todo tipo de papel. Podem

    2. O texto em ingls coloca essa data como um m omento futuro (N . do T.).

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    26 / Acessibilidade

    ter identidades culturais baseadas em etnicidade, formao

    social, religio, interesses ou ident idades regionais. U m

    portador de deficincia est to propenso a ser um membro de

    um a sociedade histrica, um pesquisador numa biblioteca de

    referncia ou um estudante num curso de belas-artes quanto a

    participar de eventos como um circuito ttil, uma palestra com

    traduo em lngua de sinais ou uma consulta comunidade.

    A expresso comunidade dos portadores de deficincia

    poderia eventualmente ser usada no texto de um projeto, mas o

    seu significado no identifica de fato esse pblico-alvo.

    1.3 COMOOS

    PORTADORESDE

    DE.ICINCIA

    VEMASI

    MESMOS

    Pelos relacionamentos que constituem, os portadores de

    deficincia assumem certos posicionamentos no mundo da

    deficincia. Ele poder pertencer a uma ou mais das categorias

    descritas abaixo, podendo mesmo, dependendo da situao,

    sentir mais afinidade com uma delas.

    POLTICAEDIREITOS

    Fenmeno relativamente recente o engajamento poltico dos

    portadores de deficincia. Seu movimento tem vrias faces: a

    face de protesto e manifestaes ativistas que bloqueiam o

    trfego e fazem manifestaes nos centros das cidades, ou a

    rede de Artistas Portadores de Deficincia, que usa meios

    criativos para expressar sua identidade.

    Pode haver conflito entre diferentes vises com relao ao

    papel das instituies beneficentes e da arrecadao de fundos.

    Muitos manifestam com veemncia sua antipatia para com as

    idias de caridade e benevolncia.

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    Deficincia em seu Contexto / 27

    O movimento de luta por direitos tambm levantou a idia de

    que as organizaes voltadas aos portadores de deficincia

    deveriam ser por eles mesmos dirigidas com seus conselhos,

    gerncias e equipes constitudos predominantemente por estes.

    Como elo de ligao entre essas organizaes existe o Conselho

    Britnico de Portadores de D eficincia [British C ouncil of

    Disabled People (BCODP)], que representa as organizaes

    cujo controle esteja em mais de 50% nas mos de portadores de

    deficincia.

    H ainda outras organizaes nacionais, como a Real Associao

    para Deficincia e Reabilitao [Royal Association for Disability

    and Rehabilitation (RADAR)] e a Aliana Sindical dos

    Por tadores de Deficincia [Trade U nion Disability Alliance

    (TUDA)], cujo objetivo prioritrio o fortalecimento de

    direitos. O fornecimento de informaes e servios um a das

    principais funes dessas organizaes nacionais.

    Toda cidade, distrito ou regio tem suas ligas, grupos de acesso

    ou outras organizaes de portadores de deficincia. Suas

    filosofias e misses variam, sendo que algumas defendem os

    direitos em contextos variados. Todos os portadores de

    deficincia vivenciaram uma transformao na maneira de

    encarar seus direitos, como resultado das mudanas de cultura

    em curso na Gr-Bretanha. Esto agora mais propensos a se

    posicionar como consumidores com a possibilidade de escolher

    o que querem. Isso pode ser observado na crescente preferncia

    por realizar suas visitas em famlia ou acompanhados, ou no

    fato de eles serem mais incisivos quando encontram problemas

    nas instalaes.

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    COMPANHIAEAPOIO

    Como todo mundo, tambm os portadores de deficincia tm

    opinies variadas. Muitas organizaes os renem para que

    tenham companhia e apoio mtuo. Grupos de deficincias

    especficas (como clubes de pessoas que sofreram derrame ou

    sociedades de deficientes visuais) podem promover apenas

    encontros sociais, enquanto que outros grupos tm como

    finalidade levantar fundos e oferecer cuidados.

    Algumas dessas organizaes podem ter um papel como

    defensores da causa dos portadores de deficincia. Outras talvez

    estejam se preparando para ser geridas por eles. Contudo,

    muitas delas tm pouco a ver com protestos, concentrando-se,

    em vez disso, na vivncia cotidiana de uma doena ou condio

    especfica.

    CULTURADE SURDOS3

    A comunidade de Surdos um a minoria lingstica e cultural,

    que inclui surdos de nascena ou que se tornaram surdos antes

    de comear a falar, que podem ter pais surdos e cuja primeira

    lngua a Lngua Britnica de Sinais (BSL). As pessoas que se

    identificam dessa maneira no se consideram portadores de

    deficincia, mas membros de uma comunidade especfica, e se

    autodefinem como Surdos com S maisculo.

    A histria (de excluso do mundo auditivo) e a lngua

    compartilhadas, junto com a educao que muitos recebem nas

    3. Acreditamos que a razo pela qual os surdos ingleses identificam sua

    comun idade com a palavra Deaf, com maiscula, tem a ver com o fato de

    que em ingls os nomes de n acionalidades, de comun idades, so escritos

    com maiscula. Em portugus, o contexto bastante diferente (N . do T.).

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    Deficincia em seu Contexto / 29

    mesmas escolas, criam fortes laos entre os membros dessa

    comunidade. Viajam longas distncias para encontrar outros

    surdos e muitas vezes constituem relacionamentos dentro da

    comunidade que duram a vida toda.

    O uso de servios oferecidos em museus, bibliotecas e arquivos

    no faz parte tradicionalmente da cultura de surdos, que

    tenderam, at recentemente, a usar seus prprios clubes e

    organizaes como principais fontes de informao e recursos

    culturais. Isso comeou a mu dar com o esforo em educar

    outras pessoas sobre sua cultura, o crescimento da conscincia

    entre pessoas capazes de ouvir, o aumento do acesso educao

    e do apoio de intrpretes, e um amplo uso de tecnologia.

    Atualmente, poucos so os jovens que freqentam clubes de

    surdos, normalmente preferindo encontrar-se em bares e

    centros esportivos. Eles tm uma expectativa crescente de que

    muitos outros servios tambm lhes sejam acessveis.

    Para mais informaes sobre a cultura de surdos, entre em

    contato com a Associao Britnica de Surdos [British Deaf

    Association (BDA)(www.britishdeafassociation.org.uk)] . U m

    relatrio sobre pblicos de surdos em museus foi publicado

    recentemente pelo escritrio de consultoria Deafworks, com

    sede em Londres.

    LNGUA BRITNICADE SINAIS

    A Lngua Britnica de Sinais (BSL) a primeira lngua ou a

    lngua preferida por 50 a 70 mil pessoas no Reino U nido,

    sendo mais usada do que o gals ou o galico. A luta para que o

    governo reconhea oficialmente a BSL continua. Ela j

    reconhecida pela administrao da Grande Londres como um a

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    deficincias dos indivduos. Esses obstculos podem ser fsicos,

    organizacionais e de postura. A responsabilidade por remover

    os obstculos passa ento a ser compartilhada por todos os

    envolvidos em cada situao ou interao social. O Resource e

    outros rgos nacionais, inclusive o C onselho de Artes [Arts

    Council], adotam o modelo social.

    Um exemplo simples, sempre citado, o de que, pelo modelo

    mdico, uma pessoa pode ser considerada incapaz de subir

    escadas porque tem uma deficincia que a obriga a usar cadeira

    de rodas, enquanto que, pelo modelo social, o lance de

    escadas que seria considerado um obstculo que impede a

    entrada do usurio de cadeira de rodas no edifcio.

    O CONCEITODEDEFICINCIA

    A tarefa de se definir o conceito de deficincia tem exigido um

    grande esforo por parte daqueles que elaboram as leis, com

    um efeito em cadeia na maneira como os portadores de

    deficincia so vistos na sociedade.

    H situaes em que se faz necessrio definir esse conceito o

    censo de 1991, por exemplo, continha uma questo sobre

    doenas crnicas ou deficincias, includa com o intuito de

    quantificar a proporo de portadores de deficincia na

    sociedade. Leis anteriores introduziram um sistema de

    registro como meio de certificar que as pessoas eram

    portadoras de deficincia, de modo a torn-las aptas a concorrer

    a vagas de emprego especficas.

    H situaes em que preciso definir se uma pessoa ou no

    portadora de deficincia, mas raramente necessrio saber qual

    o tipo de sua deficincia. Uma simples resposta sim ou no

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    deve ser suficiente, sem precisar entrar em mais detalhes ou

    dizer o nome da deficincia. Antes de perguntar ao seu pblico

    sobre deficincia, preciso ter clareza do porqu dessa

    informao.

    Formu lrios de monitoramento de oportunidades igualitrias

    podem incluir perguntas sobre deficincia, preferentemente do

    tipo Voc portador de deficincia? Sim/N o. A justificativa

    para isso assegurar que a oportunidade (de emprego, por

    exemplo) seja oferecida de maneira justa. Em outras situaes,

    pode-se pedir comprovaes de deficincia para assegurar que

    seus portadores possam usufruir de direitos especiais (a

    comprovao pelo registro no existe mais).

    Em termos de prestao de servios, todavia, a nica verdadeira

    razo para se fazer essa pergunta para conhecer as

    necessidades das pessoas. U ma pergunta do tipo Voc tem

    alguma necessidade especial de acesso? pode ser suficiente.

    Essa abordagem usa o modelo social, atentando para os

    possveis obstculos, em vez do modelo mdico, pelo qual se

    preocupa em mencionar os nomes das sndromes e deficincias.

    A AUTODEFINIOCOMO OPO

    N a realidade, h um nmero muito maior de pessoas de fato

    portadoras de deficincia do que as que se autodenominam

    dessa forma. Muitas razes podem levar as pessoas a preferir

    no se colocarem como portadoras de deficincias podem,

    por exemplo, ter adquirido a deficincia num momento

    avanado de suas vidas, quando j haviam considerado a

    deficincia como algo negativo, o que torna lento o processo de

    aceitao de sua condio. Pessoas que adquirem deficincias

    ligadas ao avano da idade esto propensas a entrar nessa

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    Deficincia em seu Contexto / 33

    categoria. A cultura dos portadores de deficincia no

    significa nada para esse grupo que provavelmente no respoder

    a mensagens dirigidas quele pblico-alvo.

    O utras pessoas que no se identificam como por tadoras de

    deficincia so aquelas que se esforaram para ser

    completamente integradas, influenciadas por um histrico

    social que tornava difcil se integrar sem ser como os outros.

    Essas pessoas no viam qualquer vantagem em assumir a

    identidade de portadoras de deficincia, ao contrrio, viam

    muitas desvantagens (quase sempre havia discriminao contra

    os que assim se identificavam).

    Independente de como as pessoas definam a si mesmas, elas

    tm o direito de efetuar suas prprias escolhas. Pode-se

    perceber que uma pessoa tem uma deficincia ou uma

    necessidade, mas no se deve insistir para que ela chame essa

    deficincia ou necessidade pelo nome que se tenha escolhido.

    O modelo social particularmente til nesse caso, porque

    permite remover os obstculos, sem que seja necessrio expor

    as pessoas que precisam de um melhor acesso.

    1.4 EXPERINCIASDO

    DIA-A-DIA

    Independente de como os portadores de deficincia definam a

    si mesmos, eles vivenciam experincias que no

    necessariamente fazem parte da vida de todos. Os fatores sociais

    e econmicos delineados acima contribuem para essas

    experincias, que, em contrapartida, ajudam a constituir suas

    expectativas.

    C ULTURAINSTITUCIONAL

    Centros que recebem as pessoas para passar o dia, asilos e

    oficinas abrigadas fazem parte da experincia de vida de muitos

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    34 / Acessibilidade

    portadores de deficincia. Embora isso seja um benefcio e

    mesmo uma necessidade para dar apoio a eles e reduzir o seu

    isolamento, a cultura desenvolvida nessas instituies tambm

    cria certos tipos de comportamento. Pode-se incluir a ser

    passivo e complacente (por exemplo, dizendo que est tudo

    bem quando no est) e intimidar-se na hora de efetuar

    escolhas.

    ACESSO FSICO

    impossvel discutir acessibilidade sem tocar nesse assunto. Os

    prestadores de servio devem tambm levar em considerao

    que a existncia de obstculos fsicos pode ter influenciado a

    formao das expectativas dos portadores de deficincia,

    fazendo com que tenham uma predisposio negativa, por

    exemplo, com relao experincia que possam ter em

    edifcios antigos.

    REPRESENTAO

    Esse tema tem ganho uma importncia cada vez maior. Ser

    que as exposies e publicaes da sua instituio transmitem a

    expectativa de que os portadores de deficincia tambm fazem

    parte de seu pblico? Muitas vezes, eles so implicitamente

    levados a se sentir como sendo os outros. Um claro exemplo

    quando, num a biblioteca, todo material sobre deficincia

    aparece na categoria sade e nunca em sees como arte ou

    poltica.

    EDUCAO

    Essa outra rea em que se tem experincias diferentes. A

    formao adquirida em escolas especiais pode ser considerada

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    Deficincia em seu Contexto / 35

    de qualidade inferior, fora o fato que o exerccio de convivncia

    social e as habilidades de sobrevivncia ficam limitados apenas a

    um pequeno grupo pouco diversificado, ao invs de ser

    praticado numa sociedade mais ampla. Isso pode acarretar que,

    num processo seletivo de emprego, eles sejam considerados

    pouco qualificados e tenham, muito tempo depois de terminar

    a escola, que prestar novamente os exames para obter atestados

    melhor aceitos. Por outro lado, nas escolas convencionais, os

    alunos podem ter dificuldade em conseguir todo o apoio de

    que necessitam, o que pode prejudicar o acompanhamento das

    lies e resultar num desempenho inferior.

    A Lngua Britnica de Sinais foi banida do uso em instituies

    educacionais em 1888. Pela maior parte do sculo que se

    seguiu, essa excluso continuou , o que levou mu itos jovens

    surdos a deixar a escola em idade de alfabetizao (com menos

    de oito anos de idade) e sem qualquer qualificao

    conseqncia do fato de no poderem usar sua lngua natural e

    do peso dado ao ensino da linguagem. At muito recentemente,

    surdos eram tambm impedidos de exercer a profisso de

    professor, mesmo para ensinar crianas surdas.

    O BTENODEINFORMAES

    A obteno de informaes pode ser mais difcil para os

    portadores de deficincia por muitas razes. Os

    intermediadores, sejam eles assistentes, agncias especializadas

    ou professores, podem ter suas prprias limitaes de

    perspectiva ou de funo. Quando essas limitaes existem, os

    portadores de deficincia no recebem as informaes que lhes

    so dirigidas. Prever esses obstculos pode ajudar a entender

    como as informaes podem ser bloqueadas.

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    36 / Acessibilidade

    CONCLUSO H muitas maneiras de suprir as necessidades de portadores de

    deficincia. Um dos objetivos desta publicao deixar de

    enfatizar questes como adaptaes caras e rgidas em edifcios,

    passando a enfatizar mudanas de comportamento, rotina,

    poltica e postura em todos os funcionrios e voluntrios da

    organizao. Dessa maneira, assim como atentando para

    alteraes viveis no ambiente fsico, pode-se proporcionar

    melhores experincias para os funcionrios e visitantes

    portadores de deficincia.

    Este captulo mostra como mudanas de postura e um maior

    conhecimento podem permitir que organizaes reconheam,

    analisem e eliminem os obstculos que eles enfrentam no dia-

    a-dia. Esperamos que esta publicao seja o seu guia nessa nova

    maneira de pensar. Os prximos captulos contero muitos

    conselhos e explicaes, fornecendo as informaes necessrias

    para desenvolver prticas e servios inclusivos. So baseados nas

    melhores informaes disponveis provenientes de fontes

    variadas , que so apresentadas de maneira pertinente ao seu

    campo de atividade. A escolha dos temas baseou-se nas

    informaes necessrias para melhorar os servios para os

    portadores de deficincia levantadas pela pesquisa do Resource

    sobre acessibilidade realizada em 2001.

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 37

    INTRODUO possvel que se fique nervoso ao falar pela primeira vez com

    um portador de deficincia. tambm possvel perguntar-se

    ento se preciso adotar algum comportamento especial para

    com ele. Mas os portadores de deficincia so como qualquer

    outra pessoa preferem ser t ratados com respeito e de maneira

    amigvel.

    Alguns tipos de comportamento ou linguagem podem, mesmo

    sem inteno, ofend-los. Podem reforar um sentido de

    discriminao e expressar pressupostos incorretos. Pensar sobre

    suas aes e suas palavras ajuda a evitar esse tipo de

    comportamento. N o se deve ficar inibido em perguntar a essas

    pessoas quais so as suas necessidades elas so as maiores

    especialistas no assunto.

    As deficincias so to diversificadas quanto as pessoas, sendo

    que portadores de deficincia podem estar entre os visitantes,

    usurios e funcionrios de museus, arquivos e bibliotecas em

    qualquer circunstncia.

    Eles podem ser de todas as idades e com todo tipo de

    procedncia e formao, e tm direitos garantidos pela Lei

    sobre D iscriminao contra Portadores de Deficincia

    [Disability Discrimination Act (DDA)], que os protege contra

    servios inadequados por serem discriminatrios.

    N em sempre possvel dizer se algum portador de

    deficincia. De fato, isso se aplica para a maioria dos que so

    usurios de museus, arquivos ou bibliotecas, muitos dos quais

    portadores de um a deficincia que no est mostra ou que

    difcil de reconhecer. Poucos so os que usam uma bengala

    branca ou cadeiras de rodas ou se comunicam em lngua de

    sinais.

    2AOENCONTRODOSPORTADORESDEDE.ICINCIA

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    38 / Acessibilidade

    Eliminar os obstculos aos portadores de deficincia significa

    muito mais do que fazer alteraes em edifcios. acima de

    tudo uma questo de postura. A acessibilidade precisa se

    estender aos servios disponveis nos edifcios, s informaes e

    comunicao relacionadas aos mesmos e equipe que presta

    esses servios. Um bom atendimento ao pblico comea no

    balco de recepo e sempre uma parte essencial para que a

    experincia da visita seja positiva.

    2.1.ACEA.ACECOM

    PORTADORESDE

    DE.ICINCIA

    Os conselhos e informaes a seguir vo ajud-lo a assegurar

    que a interao com colegas portadores de deficincia e o

    servio que voc presta a eles em museus, arquivos e

    bibliotecas sejam ao mesmo tempo respeitosos e teis.

    AO ENCONTRO DEUSURIOSPORTADORESDEDEFICINCIA

    O ferea ajuda se voc achar apropriado ou for requisitado,

    mas tenha certeza de que a pessoa aceitou ser auxiliada

    antes de comear. Por exemplo, no pegue uma pessoa pelobrao para conduzi-la a menos que ela lhe pea.

    Portadores de deficincia so os maiores especialistas em

    suas prprias necessidades: se voc lhes perguntar e ouvir o

    que tm a dizer, eles lhe diro o que deve fazer para ajud-

    los.

    Trate a pessoa com o mesmo respeito que voc

    demonstraria a qualquer outra. Chame-a pelo primeiro

    nome apenas se voc estiver tratando todos os outros dessamaneira. Trate portadores de deficincia adultos como

    adultos.

    N o faa brincadeiras nem pergunte coisas sobre a

    deficincia, a cadeira de rodas ou o co acompanhante; voc

    no faria comentrios pessoais sobre outros usurios,

    portanto, no o faa tambm com relao a eles.

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 39

    Em suma: sempre pergunte; evite pressuposies; e deixe

    que o portador de deficincia seja o seu guia.

    PORTADORESDEDEFICINCIAACOMPANHADOS

    Portadores de deficincia visitam m useus, arquivos e

    bibliotecas sozinhos, com acompanhantes e s vezes com

    um assistente. Apesar da conscincia crescente da sociedade,

    ainda pode acontecer que o funcionrio ignore o portador

    de deficincia e fale apenas com o acompanhante, que

    imagina ser a pessoa que cuida do primeiro ainda que sejaprovvel que a iniciativa da visita tenha partido dele

    prprio.

    Se um portador de deficincia e um acompanhante fazem

    uma visita, claro que voc deve receb-los e fornecer

    informaes gerais a ambos. Assegure-se, em todo caso, de

    dirigir as informaes e questes relacionadas a

    acessibilidade diretamente ao visitante portador de

    deficincia. Se ele estiver acompanhado de um assistente, uma boa prtica:

    - sempre falar diretamente ao portador de deficincia,

    no ao seu intrprete ou assistente pessoal. Se algum

    fizer uma pergunta, responda a essa pessoa, no ao seu

    acompanhante;

    - deixe-se guiar pelo portador de deficincia. Ele pode

    lhe apresentar o seu assistente pessoal, mas nem todos

    o fazem;

    - d o troco ou folhetos para o portador de deficincia, se

    voc estiver efetuando uma venda a ele;

    - ignore os ces assistentes (ces-guias, ces-ouvintes, ces

    acompanhantes para independncia de movimento etc.)

    enquanto eles estiverem trabalhando e sempre pergunte

    ao dono antes de lhes dar qualquer ateno; e

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    40 / Acessibilidade

    - tente no fazer comentrios a respeito da habilidade de

    um intrprete, a inteligncia de um co ou a pacincia,

    ou altrusmo, de um assistente. Esse tipo de comentrio

    pode insinuar que o portador de deficincia no tenha

    controle sobre si mesmo ou que seja um estorvo.

    2.2 LINGUAGEME

    COMUNICAO

    Falamos para ser ouvidos e usamos a linguagem para nos

    comunicar. Porm, muitas vezes no temos total conscincia do

    quanto as palavras e expresses que usamos em nossa

    comunicao diria revelam nosso conhecimento e nossas

    posturas. O uso de uma linguagem que ignora, diminui ou

    qualifica negativamente os portadores de deficincia pode

    arruinar um servio positivo e acessvel. Portanto, importante

    prestar ateno na linguagem e dar um bom exemplo.

    LINGUAGEM ADEQUADA

    A expresso portadores de deficincia usada nesta

    publicao para enfatizar que no a deficincia que isola as

    pessoas, mas as barreiras que lhes impe a sociedade. Essa

    expresso geralmente aceita como correta pela maioria das

    organizaes especializadas. Faz sentido que outras

    organizaes a usem, pois ela permite com preender a questo a

    partir dos obstculos e no de condies individuais.

    Expresses como pessoa com deficincia visual, pessoa com

    deficincia auditiva, pessoa com dificuldade deaprendizagem e pessoa com problemas de sade mental so

    comumente usadas e geralmente consideradas no ofensivas.

    Expresses como cego e pessoa com viso parcial e surdo

    ou pessoa com dificuldade auditiva so tambm usadas, por

    exemplo, quando importante especificar as diferentes

    necessidades das pessoas.

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 41

    A expresso pessoas com problemas de sade m ental

    ainda bastante usada, embora pessoas com questes de

    sade mental seja cada vez mais ouvida e a organizao

    Mind (www.mind.org.uk) recomende pessoas com

    necessidades de sade mental.

    Algumas pessoas preferem a expresso pessoas com

    deficincia para indicar que elas primeiro so pessoas e em

    segundo lugar tm deficincia. Assim, voc precisa verificar

    qual expresso a pessoa prefere. Em contatos individuais

    face a face, use a expresso com a qual ela se sinta

    confortvel. O rganizaes de por tadores de deficinciatendem a evitar o uso de pessoas com deficincia, porque

    isso pode tirar a ateno de suas necessidades e direitos

    especficos.

    N o h necessidade de se preocupar com o uso de

    expresses como a gente se v depois ou vamos

    andando? desde que voc no faa piadas com elas.

    Portadores de deficincia tambm usam essas expresses.

    Pessoas com deficincia so to variadas quanto as demais eusar rtulos refora esteretipos.

    LINGUAGEM Q U ECRIAOBSTCULOS

    A linguagem importante! U ma linguagem inadequada, seja

    falada, escrita ou usada em sinalizao, refora esteretipos,

    mu itas vezes magoando e ofendendo. A histria nos legou uma

    grande lista de palavras a evitar:

    No portador de deficincia prefervel a pessoa

    normal. Compare pessoas deficientes e pessoas normais,

    que segrega os portadores de deficincia, com portadores e

    no portadores de deficincia.

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    42 / Acessibilidade

    N o portadores de deficincia no so normais, pois isso

    implicaria que os portadores de deficincia so anormais,

    uma expresso que normalmente insulta.

    Portadores de deficincia no tm necessidades

    diferenciadas ou especiais, pois isso implica uma

    diferena no sentido de que eles sejam um fardo. Eles

    podem, todavia, ter requisitos, necessidades de acesso ou

    necessidades.

    Portadores de deficincia no so corajosos, sofredores,

    vtimas ou coitados, e eles no sofrem de nada mas

    enfrentam posturas negativas. Evite o termo handicapped, pois d a imagem de algum

    com o chapu na mo pedindo esmola. Evite o uso de

    palavras que dem a impresso de que eles so sempre

    frgeis e dependentes de outras pessoas ou que so dignos

    de piedade.

    Evite categoriz-los, como os cegos, os surdos isso os

    segrega; evite tambm qualificaes ofensivas como

    manco, retardado, maneta, estando portadores dedeficincia presentes ou no.

    Termos mdicos (espstico, quadriplgico, por exemplo)

    no dizem respeito s habilidades das pessoas e por isso no

    tm qualquer relevncia na prestao de servios. Se voc

    precisar se referir condio de uma pessoa para oferecer

    servios adequados, ento ela pode ser uma pessoa com

    dislexia, uma pessoa com paralisia cerebral etc.

    Pessoas com problemas de sade mental no so doidosou esquizos.

    Pessoas com d ificuldades de aprendizagem no so

    retardadas, atrasadas ou dbeis mentais. Tambm no

    so mongolides ou uma pessoa com sndrome de

    down. Todas essas expresses refletem uma preocupao

    com os sintomas e no uma vontade de suprir necessidades.

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 43

    A expresso pessoa com necessidades especiais no serve

    para uma sociedade inclusiva. Foi primeiramente usada em

    necessidades especiais de educao e muitos adultos

    ressentem isso.

    Portadores de deficincia empregam, usam ou procuram

    assistentes pessoais para prestar-lhes um servio, sendo que

    assistentes pessoais (ou APs) no so pessoas que

    cuidam deles.

    Portadores de deficincia so to diversificados quanto os

    no portadores e o uso de rtulos refora esteretipos.

    2.3 INTERAESCOM

    PORTADORESDE

    DE.ICINCIA

    Embora as informaes deste captulo possam ajud-lo a

    aumentar seu conhecimento prtico sobre deficincia e os

    diferentes grupos de portadores de deficincia, importante

    tratar as pessoas como indivduos, lembrar que existe toda um a

    gama de deficincias e que uma pessoa pode ser portadora de

    mais de uma delas. Deficincia relaciona-se com necessidades

    fsicas, sensoriais e intelectuais, sendo que as necessidades de

    uma pessoa podem variar de um dia para o outro de acordo

    com o ambiente e as circunstncias. Tambm a maneira como

    as pessoas vem a si mesmas (ver captulo 1) pode afetar a

    quantidade de informaes que venham a fornecer a respeito de

    suas necessidades. Quando se dirigir a um grupo, evite ter

    como pressuposto que todas aquelas pessoas sejam no

    portadoras de deficincia at que algum lhe diga o contrrio, e

    fale sobre acessibilidade a todo o grupo.

    AOENCONTRO DEPESSOASSURDAS

    Cerca de 8,6 milhes de pessoas no Reino Unido tm algum

    grau de perda auditiva. Pessoas com perda auditiva podem ser

    capazes de ouvir num lugar silencioso se apenas uma pessoa

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    44 / Acessibilidade

    estiver falando, mas no em um ambiente ruidoso. Podem usar

    aparelhos auditivos, sistemas de reduo de rudo ambiental

    (induction loops), leitura de lbios, lngua de sinais ou qualquer

    combinao desses recursos. As orientaes a seguir podem

    ajudar a tornar a comunicao mais clara:

    Assegure-se de que a pessoa esteja olhando para voc antes

    de comear a falar; voc pode obter sua ateno com um

    leve aceno ou um suave toque no brao ou no ombro.

    Verifique como querem que voc se comun ique com eles;

    podem preferir que voc fale claramente, mude de posio,fornea um intrprete ou escreva.

    Se a pessoa estiver usando um assistente de comun icao

    (por exemplo, intrprete, especialista em comunicao com

    leitores de lbios), dirija-se ao surdo, no ao seu assistente,

    e d tempo para a traduo. N o fique olhando fixamente

    para o intrprete enquanto espera. Isso pode distra-lo e

    ofender a pessoa surda; ela a pessoa com quem voc est

    se comunicando, no o intrprete. Mantenha-se no assunto e assegure-se de que o contexto

    esteja claro; indique claramente se for mudar de assunto.

    Se a pessoa estiver lendo lbios, fale claramente e com

    entonao normal, um pouco mais lentamente.

    Mantenha o rudo de fundo o mais baixo possvel e

    assegure-se de que voc esteja claramente visvel, sem

    qualquer pessoa, mvel, planta, objeto etc. entre voc e a

    pessoa surda. N o fique em frente a uma luz forte ou janela, pois isso

    pode tornar difcil v-lo claramente.

    Mantenha barba e bigode aparados, e evite cobrir seu rosto

    enquanto fala.

    N o grite nem use gestos exagerados.

    Mantenha a calma, confira se a pessoa acompanhou o seu

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 45

    discurso e repita de maneira diferente se necessrio. Diga

    Voc est me acompanhando? ou Estamos de acordo

    quanto a isso? ( melhor usar a palavra acompanhar do

    que entender, pois esta pode implicar que voc pressupe

    alguma dificuldade intelectual da pessoa com relao ao que

    disse).

    Surdos podem considerar a Lngua Britnica de Sinais

    (BSL), que tem sua prpria estrutura gramatical, como sua

    primeira lngua, no o ingls. Se este for o caso, textos

    escritos podem criar obstculos. Assim, se lhe pedirem que

    escreva alguma coisa, no use sentenas longas e complexas.Por exemplo, melhor do que escrever Gostaria de saber se

    voc aceita uma xcara de ch escrever Ch?.

    AOENCONTRO DEPESSOASCO MDEFICINCIAVISUAL

    Deficincia visual raramen te significa perda total da viso. N a

    realidade, existe uma grande variedade de condies que afetam

    os olhos com diferentes efeitos sobre a viso. Portadores de

    deficincia visual que usam ces-guias, bengalas brancas, culos

    escuros ou lem braille so uma minoria. Lembre-se do

    seguinte quando for se comun icar com eles:

    Assegure-se de que a pessoa saiba onde voc est enquanto

    fala e diga se voc for sair, para que ela no fique falando

    com o vazio; por exemplo Estou indo agora para a outra

    sala. Q uando oferecer um aperto de mo, diga Podemos apertar

    as mos?.

    Se outras pessoas estiverem falando tambm ou se elas se

    juntarem ao grupo e comearem a ouvir tambm, diga

    pessoa quem so e onde esto; por exemplo Meu

    supervisor acabou de se juntar a ns.

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    46 / Acessibilidade

    Se a pessoa parecer precisar de ajuda, pergunte primeiro e

    perceba se ela d a deixa; se for necessrio gui-la, oferea o

    seu brao ao invs de pegar o brao dela. Pergunte: Voc

    gostaria de segurar no meu brao? ou Posso ajud-lo(a)?.

    Pergunte-lhe se prefere que voc avise quanto a degraus,

    portas e outros obstculos.

    Se oferecer um a cadeira, explique isso e guie a mo da

    pessoa at o encosto, o brao ou o assento da cadeira,

    dizendo: Este o encosto da sua cadeira.

    Evite deixar obstculos em reas pelas quais as pessoas

    transitam. Conhea os equipamentos disponveis e saiba onde esto

    guardados, para que voc possa atender pedidos de lentes

    de aumento, lanternas, guias sonoros etc. Quando estiver

    trabalhando com um colega com viso parcial ou cego,

    assegure-se de que o equipamento de trabalho no seja

    movido da posio que ele prefere.

    Lembre-se de que pessoas com deficincia visual podem

    perder informaes contidas nos gestos e expresses faciaise parecer reagir de modo inadequado pode parecer, por

    exemplo, que elas no tenham entendido uma piada,

    quando na verdade a piada que no foi contada

    apropriadamente para elas.

    AO ENCONTRO DEPESSOASSURDAS-CEGAS

    U ma pessoa pode ser considerada surda-cega se tiver uma

    combinao de perdas auditiva e visual, resultando em problemas

    de comunicao, informao e m obilidade. 65% das pessoas

    surdas-cegas so idosas. Tenha em m ente os seguintes conselhos:

    Muitos surdos-cegos tm alguma capacidade auditiva e/ou

    visual, logo as orientaes dos dois itens anteriores tambm

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 47

    valem aqui; porm, os mtodos que fazem uso do tato para

    comunicao e acesso a informaes so mais adequados.

    Aborde a pessoa pela frente e comunique-lhe que voc est

    ali com um leve toque na mo ou no brao.

    Se estiver se oferecendo para gui-lo, mova delicadamente a

    mo dele at o seu cotovelo; alguns surdos-cegos tambm

    tm problemas de equilbrio, ento, deixe que eles lhe

    mostrem a melhor maneira de gui-los.

    Voc talvez possa se comunicar com eles escrevendo

    claramente em letras maisculas sobre a palma da mo,

    usando a palma inteira. O utros mtodos incluem o alfabeto manual de surdos-

    cegos, lngua de sinais num campo de viso reduzido (visual

    frame signing) ou leitura de lbios e sinalizao de contato,

    que sero normalmente usados por um guia-comunicador

    ou intrprete treinado. Se a pessoa pedir informaes por

    escrito, use uma caneta preta de ponta grossa e escreva em

    letras grandes antes de continuar, confira, com uma

    palavra, se o tamanho est bom para a pessoa.

    AOENCONTRO DEPESSOASCO MDEFICINCIAN AFALA

    Deficincia na fala no tem qualquer relao com inteligncia.

    Com pacincia e concentrao, normalmente possvel

    acompanhar o que est sendo dito:

    Preste muita ateno na pessoa, mantenha a calma, no acorrija e no fique constrangido. Resista tentao de

    terminar as frases dela.

    N o finja ter acompanhado o que a pessoa disse se isso no

    for verdade. melhor pedir a algum que repita do que

    adivinhar errado.

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    48 / Acessibilidade

    Para obter a informao que voc precisa, pergunte um a

    coisa de cada vez e diga o que voc entendeu at ento.

    Trabalhe em conjunto com a pessoa para comunicar-se e

    no trate a questo como se fosse um problema dela nem,

    ao contrrio, como se fosse um problema seu, alegando que

    voc que bobo.

    AO ENCONTRO DEPESSOASCO MDIFICULDADEDE

    APRENDIZAGEM

    Muitas pessoas que nasceram com dificuldade de

    aprendizagem, esto num estgio inicial de uma condio que

    afeta o crebro, ou tiveram algum tipo de leso cerebral,

    vivem suas vidas com total independncia em suas

    comunidades, fazendo suas prprias escolhas e recorrendo a

    variados nveis de apoio. Quando voc encontra a pessoa pela

    primeira vez:

    Pressuponha que ela est acompanhando e entendendo oque voc diz.

    Esteja pronto a explicar de diferentes maneiras mais de uma

    vez e no se impaciente.

    Desmembre as informaes complexas em tpicos simples.

    Elimine o m ximo possvel os elementos dispersivos do

    ambiente.

    O ferea-se para escrever ou gravar a conversa, incluindo

    seu nome e telefone, para que a pessoa tenha um registroque possa consultar depois.

    AO ENCONTRO DEPESSOASCO MDESFIGURAMENTOFACIAL

    O desfiguramento facial no necessariamente um indicativo

    de outra condio ou deficincia. A maioria dessas pessoas

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    Ao Encontro dos Portadores de Deficincia / 49

    vivencia problemas e discriminao por causa das posturas de

    outras pessoas.

    Se voc supreender-se com a aparncia de algum ou se

    sentir desconfortvel, no deixe que isso fique evidente.

    O lhe a pessoa como voc faria com qualquer outra, e evite

    olhar fixamente.

    Preste muita ateno no que est sendo dito e no deixe a

    aparncia da pessoa distra-lo.

    Controle sua curiosidade e no pergunte sobre o

    desfiguramento.

    AOENCONTRO DEPESSOASCO MPROBLEMASDESADE

    MENTAL

    A maioria das pessoas com um histrico de problemas de sade

    mental se recupera completamente. Muitas vezes essas pessoas

    vivenciam discriminao.

    H muitos mitos envolvendo problemas de sade mental e,

    como no caso de outros portadores de deficincia, a melhor

    opo aqui evitar pressuposies, perguntar qual tipo de

    apoio necessrio, se de fato o for, e prestar ateno na

    resposta.

    As pessoas que esto vivenciando esgotamento emocional e

    perturbao podem achar as atividades cotidianas muito

    difceis. Seja paciente, no faa julgamentos e d pessoa o tempo

    de fazer suas escolhas e decises.

    Resista a pressuposies ou julgamentos sobre pessoas cujo

    comportamento ou aparncia lhe paream estranhos e trate-

    as gentilmente.

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    50 / Acessibilidade

    AO ENCONTRO DEPESSOASUSURIASDECADEIRADERODAS

    Se necessrio, tente ficar em seu nvel de altura, ou saia de

    trs do balco para facilitar o contato visual.

    Tenha cuidado com o contato fsico apoiar-se na cadeira

    de rodas de algum uma invaso de espao pessoal e dar

    um tapinha nas costas de uma pessoa que voc no

    conhece bem uma maneira de rebaix-la. Se precisar usar

    o toque para atrair a ateno, toque delicadamente na mo,

    brao ou ombro.

    CONCLUSO Portadores de deficincia precisam receber respeito e

    cooperao para suprir suas necessidades sem paternalismo,

    piedade e sentimentalismo. Este captulo forneceu algum as

    informaes prticas para ajud-lo nesse sentido. Eliminar os

    obstculos e aprender como ir ao encontro de suas necessidades

    individuais de maneira positiva e libertria beneficiar a todos.

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    Informao Inclusiva / 51

    INTRODUO

    3IN.ORMAOINCLUSIVA

    A informao d liberdade e autonomia a quem a possui.

    Muitos de ns estamos sempre to certos de obter informaes

    que s nos damos conta de sua importncia quando o acesso

    interrompido: nosso PCpra de funcionar; o jornal no aparece

    nossa porta de manh; ou nos encontramos num aeroporto,

    cercados de sinalizao em uma lngua desconhecida.

    Para muitos portadores de deficincia, no entanto, as

    informaes no esto prontamente disponveis. APesquisa dos

    Recursos Oferecidos a Portadores de D eficincia U surios de

    Museus, Arquivos e Bibliotecas [Survey of Provision for

    Disabled U sers of Museums, Archives and Libraries

    (encomendada pelo Resource em 2001)] mostra que 20% dos

    museus, arquivos e bibliotecas fornecem informaes impressas

    em letras grandes e 21% fornecem informaes de acesso

    especificamente voltadas a portadores de deficincia. 6%

    elaboraram guias de acesso voltados a pessoas com dificuldades

    de aprendizagem. A MGC Domus Survey (1998) revelou que

    apenas 4% dos museus realizam eventos em Lngua Britnica

    de Sinais agora reconhecida pelo governo como uma lngua

    de minoria.

    A falta de informao acessvel geralmente citada por

    portadores de deficincia como o pr incipal fator que os impede

    de planejar uma visita ou aproveitar uma experincia como

    gostariam. Freqentemente, apenas uma pequena parte das

    informaes produzidas por uma organizao disponibilizada

    de m aneira acessvel a eles.

    crescente a conscientizao sobre o quanto pode ser feito para

    tornar informaes essenciais acessveis a portadores de

    deficincias, e tambm sobre como montar exposies e

    desenvolver acervos de maneira a inclu-los.

  • 8/14/2019 roteiro8 Roteiros Museolgicos USP

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    52 / Acessibilidade

    Este captulo sugere maneiras prticas de superar obstculos de

    informao enfrentados por portadores de deficincia. Tambm

    apresenta uma perspectiva holstica, em que so supridas as

    necessidades de informao de todos.

    3.1 GERENCIAMENTO

    DOACESSO

    IN.ORMAO

    Para tornar as informaes acessveis a portadores de deficincia

    preciso um compromisso contnuo, pois h ainda muitas

    lacunas a serem preenchidas. Algumas melhorias so muito

    fceis de se providenciar e podem ser prontamente

    introduzidas; outras exigem mais recursos, coleta de

    informaes e planejamento. Em ambientes de trabalho

    movimentados como os dos setores de publicaes e

    marketing, as necessidades de informao dos portadores de

    deficincia so facilmente esquecidas. U m descuido de uma

    nica pessoa envolvida o redator, o preparador de texto, o

    programador visual, o responsvel pela impresso, o assessor de

    marketing pode ser suficiente para criar obstculos

    desnecessrios no acesso informao. U ma poltica e um

    plano adequados so os meios mais prticos que qualquer

    organizao pode usar para assegurar-se de que esse acesso

    esteja sempre em pauta e que verdadeiras melhorias aconteam.

    POLTICADEACESSO INFORMAO

    U ma poltica de acesso informao para portadores de

    deficincia deve fazer parte de uma poltica de acessibilidade, de

    oportunidades igualitrias ou de acesso informao mais

    ampla, que inclua lnguas de comunidades especficas.

    Essa poltica poder ter como objetivo, por exemplo, assegurar

    que os usurios possam facilmente:

    obter informaes;

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    Informao Inclusiva / 53

    compreend-las;

    chegar at elas; e

    obter informaes no meio ou formato de sua preferncia.

    E poder incluir:

    o objetivo de remover obstculos informao para

    portadores de deficincia sempre que possvel;

    o compromisso de cumprir as obrigaes legais;

    exemplos de como a informao pode tornar-se acessvel;

    referncia a qualquer poltica que tenha a ver cominformao, por exemplo: atendimento ao consumidor,

    identidade visual, exposies, estoques, emprstimos,

    websites e direcionamento de verbas;

    alguns procedimentos-padro bsicos, como fornecer

    material impresso em letras grandes quando requisitado e

    treinar todo novo funcionrio em como se comunicar com

    pessoas surdas ou que tenham dificuldade auditiva; e

    o compromisso de informar todos os funcionrios e opblico sobre essa poltica.

    PLAN O DE ACESSO INFORMAO

    O plano de acesso informao deve listar as aes necessrias

    para que uma organizao coloque sua poltica em prtica. Pode

    ser elaborado com o intuito de implementar as recomendaes

    de uma auditoria de acessibilidade ou um plano de

    reformu lao de identidade visual. Pode incluir:

    prazos para a implementao das recomendaes;

    prazos para a obteno de informaes cruciais para o

    planejamento, como: quem pode fazer a transcrio das

    informaes para formatos acessveis; quem na regio pode

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    54 / Acessibilidade

    fornecer suporte em comunicao ou consultoria em

    tecnologia de acesso; com quanta antecedncia preciso

    reservar um intrprete de lngua de sinais; o tempo

    necessrio para se produzir material informativo em udio;

    os custos, a estimativa das quantidades necessrias e os

    benefcios aos usurios;

    os nomes do responsvel direto e do gerente que vo

    implementar o plano; e

    uma data para revis-lo.

    Igualmente importante que a coleta de novas inform aes seja

    acompanhada do arquivamen to e da atualizao das obtidas

    anteriormente. Q uando o fornecimento de informaes

    acessveis torna-se um a rotina, certamente um sinal de que a

    organizao est incorporando uma abordagem inclusiva no setor.

    ACESSO INFORMAO ELEGISLAO

    As numerosas maneiras pelas quais as informaes podem-se

    tornar acessveis a portadores de deficincia so exemplos do

    que a Lei sobre D iscriminao contra Portadores de D eficincia

    [Disability Discrimination Act (DDA)] chama de auxlio e

    servios de apoio. A DDA atribui aos prestadores de servio a

    obrigao de fazer as adaptaes satisfatrias e oferecer auxlio

    de modo a tornar seus servios mais acessveis. Muitos dos

    exemplos de auxlio includos no Cdigo de Prticas da DDA

    referem-se a acesso informao e destacam a importncia vital

    que ele tem no dia-a-dia dos portadores de deficincia.

    As polticas governamentais para internet enfatizam que os

    websites de servios pblicos devem, at 2005, ser acessveis aos

    portadores de deficincia e cumprir os padres de acessibilidade

    internet (AA) nvel 2 [web-accessibility standards level 2].

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    Informao Inclusiva / 55

    3.2 ACESSO

    SENSORIAL

    IN.ORMAO

    SURDOSEPESSOASC O MDIFICULDADEAUDITIVA

    H cerca de 8 milhes de pessoas no Reino Unido com algum

    grau de perda auditiva, ou uma em cada sete da populao.

    Muitas usam aparelhos auditivos. Cerca de 50 a 70 mil usam a

    Lngua Britnica de Sinais (BSL) como primeira lngua; muitas

    so bilnges em BSL e ingls. Elas podem ter nascido surdas,

    ter perdido parte ou toda a audio antes de comear a falar ou

    ter ensurdecido nu ma idade mais avanada.

    De acordo com o Real Instituto N acional para os Surdos

    [Royal Nacional Institute for Deaf People (RN ID)], 68% dos

    surdos sentem-se isolados por causa de sua surdez e 75%

    vivenciam problemas em lojas, bancos, espaos pblicos e

    transporte.

    Surdos e muitas das pessoas com dificuldade auditiva acham

    difcil quando no impossvel entender o discurso falado,

    seja face a face ou ao telefone. U surios de aparelhos auditivos,

    muitas vezes utilizando tambm leitura de lbios para

    acompanhar as falas, podem ainda assim enfrentar obstculos

    comunicao como:

    rudo de fundo;

    interferncia visual;

    volume insuficiente; e

    pouca clareza no discurso.

    Surdos e pessoas com dificuldade auditiva fazem um grande

    esforo para compreender o que est sendo dito, o que torna a

    comunicao mais cansativa.

    A menos que haja apoio comunicao ou interpretao em

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    BSL, a maioria dos surdos provavelmente enfrentar obstculos

    no acesso informao:

    na recepo ou balco de informaes;

    numa conferncia;

    numa visita guiada;

    numa reunio; e

    num videotape.

    Usurios de BSL (que podem considerar-se como uma minoria

    lingstica e usar um S maisculo na palavra Surdo ver

    captulo 1) podem tambm achar difcil lidar com textos

    complexos escritos em ingls.

    Algumas maneiras de superar obstculos:

    Comunicao clara face a face

    sempre bom procurar saber primeiro como a pessoa surda

    prefere se comunicar, o que evita confuso. De incio, voc

    precisa ganhar sua ateno e ter certeza de que ela est vendo

    claramente o seu rosto. Mu itos surdos so capazes de

    acompanh-lo da maneira como voc fala normalmente, talvez

    mais devagar e claramente, se necessrio, mas no de maneira

    exagerada. Talvez voc precise usar papel e caneta.

    Ambiente

    Ser muito mais fcil para os surdos e pessoas com dificuldade

    auditiva acompanhar discursos ou ouvir inform aes sonoras e

    anncios se o ambiente for planejado de modo a ter:

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    Informao Inclusiva / 57

    - boa iluminao;

    - boa acstica;

    - rudo de fundo reduzido; e

    - sistemas de reduo de rudo ambiental para usurios

    de aparelho auditivo (induction loops).

    Induction loops

    Esse tipo de sistema pode tornar mais fcil para pessoas com

    dificuldade auditiva o uso de aparelhos auditivos em espaos

    fechados.

    Informaes escritas

    Deve estar sempre disponvel material impresso contendo

    informaes claras sobre servios, acervo e eventos.

    Outros formatos

    Organizaes como a Associao Britnica de Surdos [British

    Deaf Association] podem transcrever suas informaes para

    formato vdeo ou CD-ROM em lngua de sinais. Algumas

    organizaes produziram suas prprias verses de videotapes

    com legendas e/ou em lngua de sinais sobre seus servios (por

    exemplo, Warwickshire Libraries) e acervos (por exemplo,

    Colchester M useums).

    Auxlios comunicao

    Voc pode facilitar seu contato com a pessoa surda ou com

    dificuldade auditiva utilizando:

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    58 / Acessibilidade

    - telefones amplificados com redutor de rudo de fundo

    para usurios de aparelho auditivo (inductive couplers);

    - fax e e-mail (incluindo os nmeros e endereos em seu

    material pu blicitrio);

    - uma in scrio no Typetalk, sistema que pe em contato

    usurios de telefone por voz e por texto. Para mais

    informaes, contate a RN ID ou British Telecom; e

    - um textphone.

    Apoio comunicao

    Vrios tipos de apoio comunicao em eventos ou reun ies

    podem ser providenciados.

    Para surdos cuja primeira lngua o ingls:

    - especialistas em comunicao com leitores de lbios;

    - tomadores de notas; e

    - Palantype ou Speedtext, produzidos por um digitadorespecializado que transcreve as falas numa tela.

    Para usurios de ingls com uso de sinais [BSL ou Sign

    Supported English (SSE)]:

    - equipe de apoio comunicao; e

    - intrpretes.

    Para mais informaes, entre em contato com a Associao de

    Intrpretes em Lngua de Sinais [Association of Sign Language

    Interpreters (ASLI)], a RN ID ou o Conselho para o

    Desenvolvimento da Comunicao com Surdos [Council for

    Advancement of Communication with Deaf People

    (CADCP)].

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    Informao Inclusiva / 59

    Pode-se contratar um servio de apoio comunicao

    autnom o ou em agncias locais ou nacionais, como a U nidade

    de Servio de C omunicao da RN ID. A maioria dos servios

    custa entre 30 e 100, normalmente devendo ser contratados

    por um mnimo de duas horas. Se o servio for de mais de duas

    horas ou as informaes forem complexas, sero necessrias

    duas pessoas. N o h grande disponibilidade de prestadores de

    servio de apoio comunicao, portanto bom agend-los o

    mais cedo possvel pelo menos com algumas semanas de

    antecedncia.

    Eventos

    Empregar surdos em eventos para, por exemplo, conceder

    sesses de narrao em lngua de sinais, palestras ou oficinas

    uma maneira eficaz, direta e positiva de aumentar o acesso a

    eventos. Alguns museus, por exemplo a Tate Modern,

    introdu ziram visitas guiadas conduzidas por surdos usurios de

    BSL.

    CEGOSEPESSOASC O MVISO PARCIAL

    Cerca de 2 milhes de pessoas no Reino Unido tm deficincia

    visual. A grande maioria tem alguma capacidade visual, que usa

    em sua vida cotidiana. A maioria dos cegos e pessoas com viso

    parcial enfrenta vrios tipos de obstculos no acesso

    informao.

    Material impresso em letras pequenas geralmente de difcil

    leitura para qualquer pessoa. Algumas fontes tipogrficas criam

    grande dificuldade para pessoas com deficincia visual, por

    exemplo, as que so:

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    serifadas (como a Times);

    em itlico (como a Chancery);

    ornamentadas (como a Curlz); e

    estreitas ou condensadas (como a H elvetica N arrow).

    Outros tipos de obstculo podem ser:

    pouco contraste entre o fundo e o texto;

    papel cuch, que reflete a luz;

    papel muito fino, que deixa transparecer o texto da outra

    face;

    texto sobreposto a figuras;

    iluminao insuficiente leitura; e

    reflexos nos vidros das vitrines.

    Sem informaes orais ou em braille ou Moon um alfabeto

    simplificado e em relevo , cegos no tm como saber sobre

    servios e acervos.

    Algumas maneiras de superar os obstculos:

    O ambiente

    Ambientes bem iluminados, organizados, desobstrudos e

    logicamente projetados, com contraste de cor ou tonalidade,

    facilitam bastante a movimentao independente de pessoas

    com deficincia visual at uma estante especfica ou objeto

    exposto. importante providenciar uma sinalizao clara,

    inclusive ttil e sonora.

    Fornecer informaes face a face

    Funcionrios podem ajudar pessoas com deficincia visual a ler

    os ttulos de audiolivros ou listas de ttulos, fornecer

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    informaes ao visitante e visitas guiadas por exemplo,

    descrevendo o edifcio e exposies e oferecendo ajuda no uso

    de equipamentos.

    Material impresso

    Duas em cada trs pessoas com deficincia visual so capazes de

    ler textos em letras grandes (com fonte no mnimo em

    tamanho 14). A produo de m aterial informativo em letras

    grandes fcil e barata. Folhetos com informaes breves e

    chamativas podem normalmente ser feitos em fontes de

    tamanho 14 ou 16. Os ttulos podem ser ainda maiores e em

    negrito.

    Q uando no for possvel usar letras grandes em todo o m aterial

    impresso, a RN IB aconselha que o tamanho mnimo das fontes

    seja 12 e que se apliquem as orientaes de Clareza na

    impresso, pois estas tornam o texto mais fcil de ler. [Este

    captulo segue as orientaes da RN IB.] Em todo caso,

    tambm deve ser oferecido m aterial informativo em letras

    grandes. Atualmente, todos os computadores oferecem um

    amp