resenha - tocqueville

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  • 8/15/2019 Resenha - Tocqueville

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     Antigo Regime e Revolução, obra clássica do pensador político e historiador 

    francês Alexis de Tocqueville foi escrito com o propósito de desvendar as causas que

    levaram à eclosão da Revoluão !rancesa em "#$%& 'ara isto, o autor fa( uma análise

    do panorama )eral dos anos anteriores a este )rande evento e tra( clare(a aos seus

    leitores sobre o que tornou possível um evento de tal ma)nitude e sin)ularidade&

    *o livro +++ de sua obra, Tocqueville analisa as questes que sur)iram

    imediatamente antes da Revoluão e, para tanto, inicia com uma análise acerca dos

    literatos na !rana em meados do s-culo ./+++& 0stes, eram fi)uras que, apesar de

    não ocuparem car)os p1blicos, não estavam alheios à política, ao contrário,

    ocupavam2se de discusses e análises acerca da desta, ou se3a, tinham um

    pensamento extremamente politi(ado& 4uas ideias e teorias, entretanto, eram das

    mais variadas, mas, a despeito disso, possuíam um ponto de conver)ência5 elesdefendiam a ra(ão e as leis naturais em detrimento dos costumes que davam as

    cartas na sociedade de sua -poca&

    0ssas ideias sur)iram da análise de sua própria realidade& A !rana do Anti)o

    Re)ime era extremamente desi)ual e sofria com os abusos de poder e privil-)ios

    absurdos de al)uns, corroborados por suas instituies tradicionais 3á tão caducas

    para este tempo& Tal situaão fe( sur)ir uma crescente aversão ao anti)o e tradicional,

    bem como um anseio por al)o completamente novo 2 a ideali(aão de uma nova

    sociedade racional e i)ualitária& 6s literatos, então, se tornaram fi)uras de )rande

    relev7ncia na !rana do s-culo ./+++, pois eram formadores de opinião, apesar de não

    terem em suas mãos o poder político& 4uas ideias, entretanto, eram de certa forma,

    peri)osas devido à sua inexperiência na ciência do )overno e, portanto, falta de

    habilidade em prever o violento evento que se estava preparando&

    6utro ponto interessante abordado nesta obra - a questão da irreli)iosidade,

    que não - exatamente um combate à reli)ião, mas o abandono desta& 0ste fen8meno

    foi amplamente )enerali(ado na !rana e aderido pela multidão& +sto se deu pelo fato

    de que a +)re3a era vista como um empecilho às mudanas políticas ardorosamente

    dese3adas e defendidas pelos literatos em suas obras, bem como uma )rande

    representante da tradião pela qual eles demonstravam tanto despre(o& Al-m disso,

    por respaldar o poder dos príncipes e )raas a sua in)erência em assuntos cotidianos,

    a +)re3a era extremamente inc8moda e tornara2se detestada e, por ser a instituião

    mais desprote)ida, foi a mais fácil de ser atacada, caindo em )rande descr-dito& 6s

    homens que viveram este momento substituíram a reli)ião por seu dese3o de

    transformaão da sociedade&

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     Apesar de toda essa re3eião que caracteri(ava o Anti)o Re)ime, inicialmente,

    não havia o anseio por liberdade política& 0sta era tão desconhecida que sequer era

    co)itada& 6 que se dese3ava mesmo era uma )rande reforma, na qual as instituies

    anti)as seriam abolidas e o poder real se submeteria aos desí)nios da reforma& A

    ideia, portanto, não era eliminar o poder absoluto, mas usá2lo para seus propósitos&

    0ste poder, entretanto, se tornaria impessoal, li)ado não mais à pessoa do rei, mas ao

    0stado, este, por sua ve(, deveria )arantir a vontade de todos em detrimento do direito

    individual& 0ntretanto, al)uns anos mais tarde, a liberdade p1blica comeou a tornar2se

    atraente e o dese3o de tomar as r-deas da situaão e resolver por si mesmos seus

    assuntos comeou a tomar conta dos franceses&

    9m fato curioso e aparentemente contraditório apresentado por Tocqueville - o

    período de prosperidade vivido durante o reinado de :uís ./+& *este período, osintendentes, inflamados pelo espírito de mudanas da -poca, deixam de ter um papel

    passivo e passam a preocupar2se com pro3etos que trouxessem benefícios, que

    )erassem rique(as p1blicas& ;á tamb-m uma crescente preocupaão com os pobres

    e por isso, várias aes de caridade são tomadas pelo próprio rei, que se preocupava

    cada ve( mais com a opinião p1blica& 0ntretanto, essas mudanas positivas não

    arrefeceram os 7nimos, mas acentuaram a insatisfaão e o desconforto& Ao provar de

    uma pequena mudana, o povo tornou2se mais sensível aos males que lhe afli)iam e,

    portanto, tiveram mais dificuldade em suportá2los aumentando assim, o clamor por uma revoluão& Assim, :uís ./+, atrav-s de suas reformas, acabou incitando ainda

    mais as insatisfaes do povo, contribuindo para sua própria queda&

     Aliado a isso, as próprias classes superiores acabaram aumentando o

    sentimento de revolta do povo ao se sensibili(ar a a3uda2los& 4eus discursos

    enfati(avam de forma imprudente as in3ustias e abusos sofridos pelos menos

    privile)iados, que eram vistos com desd-m e como incapa(es de compreender tais

    discursos& Todavia, o povo compreendeu bem e acabou sendo levado a odiar aquelesque desfrutavam dos privil-)ios que lhes eram ne)ados e dese3ar uma revoluão

    ainda mais intensamente&

    6 próprio rei :uís ./+, atrav-s de suas reformas, acabou mostrando ao povo

    que a mudana era possível e acabou por educar a massa de insatisfeitos& 6utras

    ideias fornecidas pelo )overno tamb-m foram apropriadas pelos revolucionários como

    o menospre(o à propriedade privada e ao direito individual em prol do interesse

    p1blico e a forma arbitrária de fa(er 3ustia& 'ortanto, muito do que se viu ser feito

    pelos )overnos revolucionários foi aprendido com a monarquia e suas práticas&

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