pastoral da marcha do vinagre

8
PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

Upload: igreja-presbiteriana-nacional

Post on 30-Mar-2016

219 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Tendo em vista as recentes manifestações populares em passeatas por todo o país neste mês de junho, com consequentes avanços sociais, os pastores da IPN vem a público trazer esta pastoral de orientação aos membros da Igreja.

TRANSCRIPT

Page 1: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

Page 2: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

Tendo em vista as recentes manifestações populares em passeatas por todo o país neste mês de junho, com consequentes avanços sociais (como redução de tarifas, queda da PEC 37, corrupção classificada como crime hediondo, Pacto proposto pela Presidente da República, governantes e políticos mais alertas à voz das ruas, etc.), os pastores da IPN vem a público trazer esta pastoral de orientação aos membros da Igreja.

PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS POR DISCÍPULOS CRISTÃOS, DIANTE DA “MARCHA DO VINAGRE” EM CURSO NO BRASIL:

O que a fé cristã tem a nos dizer de relevante e necessário para nós, seguidores do Senhor Jesus nestes dias agitados, pode ser depreendido dos princípios bíblicos a seguir:

I. O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE DA BÍBLIA SAGRADAII. O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE CONSTITUÍDAIII. O PRINCÍPIO DA INTERCESSÃO PELAS AUTORIDADESIV. O PRINCÍPIO DA DESOBEDIÊNCIA CIVIL NECESSÁRIAV. O PRINCÍPIO DA QUEDA E AS MASSASVI. O PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PESSOALVII. O PRINCÍPIO DO REINO ESCATOLÓGICO

Vamos a estes princípios.

I. O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE DA BÍBLIA SAGRADA

Para a Igreja Protestante, a Bíblia Sagrada é a única e suprema regra de fé e de prática norteadora para o discípulo de Cristo. Sendo assim, suas crenças e decisões devem se manifestar sob a autoridade do ensino das Escrituras.

... os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos. ... Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa. SALMOS 119.9,11

E ainda, na Confissao de Fé de Westminster adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil:

Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. CAPÍTULO I:6 (DA ESCRITURA SAGRADA)

1

Page 3: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

E ainda ensina a Bíblia:

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 2 TIMÓTEO 3:16

II. O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE CONSTITUÍDA

Segundo a Palavra de Deus:

13.1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.13.2 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.13.3 Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,13.4 visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. ROMANOS 13.1-4

E ainda, na Confissao de Fé de Westminster:

Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores.CAPÍTULO XXIII:1 (DO MAGISTRADO CIVIL)

Em destaque temos, portanto, que:

1. Deus detém todo o poder e toda autoridade como Criador e Senhor do Universo;2. Autoridades humanas são todas estabelecidas por Deus em Sua Providência para com as suas criaturas;3. Estas Autoridades recebem poder delegado de Deus para o bem daqueles sob sua jurisdição e prestarão contas a Deus pelo uso que fizerem deste poder;4. Os que estão debaixo de autoridades constituídas devem honrá-las, por causa da natureza sagrada de sua posição;

2

Page 4: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

III. O PRINCÍPIO DA INTERCESSÃO PELAS AUTORIDADES

A mesma Confissao de Fé ensina:

É dever do povo orar pelos magistrados, honrar as suas pessoas, pagar-lhes tributos e outros impostos, obedecer às suas ordens legais e sujeitar-se à sua autoridade, e tudo isto por amor da consciência. CAPÍTULO XXIII:4 (DO MAGISTRADO CIVIL)

Cremos portanto que:

1. Os que estão investidos de autoridade devem ser objetos frequentes de nossas orações, como Igreja de Deus que somos;2. Ao fazermos isso, agradaremos a Deus atendendo a sua vontade neste particular, e como resposta divina receberemos dias de tranquilidade nacional e mundial, conforme forem os propósitos soberanos de Deus.3. Como crentes deveríamos intensificar essas orações em dias que manifestações públicas e violentas se multiplicam, num despertar misto de esperança e intranquilidade em nosso país.

Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador ... 1 TIMÓTEO 2.1-3

E ainda:

Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz. JEREMIAS 29:7

IV. O PRINCÍPIO DA DESOBEDIÊNCIA CIVIL NECESSÁRIA

Segundo os Apóstolos exemplificaram no livro de Atos, há situações em que se torna imperativo obedecer a Deus e desobedecer as autoridades por Ele mesmo constituídas:

Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens. ATOS 5.29

3

Page 5: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

A Palavra de Deus expressa as alternativas na conduta das autoridades civis, nos seguintes termos:

Quando se multiplicam os justos, o povo se alegra, quando, porém, domina o perverso, o povo suspira. O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna. PROVÉRBIOS 29:2-3

1. Esse ensino bíblico não pode servir de desculpa para a rebelião gratuita contra o poder constituído, ao mesmo tempo em que alerta para o fato de que não deve a autoridade abusar do poder que lhe foi conferido por Deus;2. Sendo assim, o questionamento, protestos e mesmo a desobediência pela população contra a conduta injusta das autoridades é um dever cristão, segundo a Teologia dos Reformadores (especialmente João Calvino), que ensina ainda que o povo ao se manifestar deve observar as leis estabelecidas, sendo elas justas;3. Como regra geral, não se deve depreender disso que a autoridade deva ser rejeitada como um todo e nem desrespeitada, mas somente o particular em que ela for injusta;4. A participação dos membros da Igreja nestas manifestações embora seja legal, ética e biblicamente lícita, deve acontecer de maneira consciente, com escolha criteriosa das causas que devem ser apoiadas, conforme a Palavra de Deus ensina. No cenário nacional há diversas bandeiras sendo levantadas hoje no Brasil que ferem os princípios bíblicos das leis de Deus.5. Como cristãos, devemos nos posicionar contrários às ideias e táticas anarquistas e criminosas observadas nas atuais manifestações, rejeitando a promoção e a cobertura ao zeitgeist (espírito da época) em nossa sociedade cada vez mais anti-verdade, anti-autoridade e instituições;

... especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores ... 2 PEDRO 2.10

V. O PRINCÍPIO DA QUEDA E AS MASSAS

Por sermos uma humanidade caída no pecado, temos que prever que toda manifestação humana pode estar sujeita aos efeitos deletérios do pecado. Por isso, um movimento que comece bem e com boas motivações pode se perder facilmente no meio do caminho por falta de foco ou contradições internas.

4

Page 6: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

Os homens escarnecedores alvoroçam a cidade, mas os sábios desviam a ira.PROVÉRBIOS 29.8

Que não sejamos ingênuos portanto, em exaltar sem reflexão e análise a qualquer manifestação que aconteça e se apresente como democrática. Deveremos saber a hora de nos retirarmos das ruas, conforme o andamento das coisas, nos guiando por nossos princípios e nao pela conveniência das circunstâncias.

19.32 Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembleia caíra em confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos.19.38 Portanto, se Demétrio e os artífices que o acompanham têm alguma queixa contra alguém, há audiências e procônsules; que se acusem uns aos outros.19.39 Mas, se alguma outra coisa pleiteais, será decidida em assembleia regular.19.40 Porque também corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento.19.41 E, havendo dito isto, dissolveu a assembleia.ATOS 19.32,38-41

VI. O PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PESSOAL

Se há tanta insatisfação na sociedade brasileira contra injustiças, abusos e corrupção, especialmente por parte das autoridades, é preciso que se lembre que nossos governantes foram escolhidos entre os membros da nossa população, pessoas com valores e cultura semelhantes aos nossos, e que o poder, ao invés de corrompê-los, pode apenas estar revelando sua verdadeira natureza.

A Escritura ensina que é devido o anseio pela manifestação prática da justiça na sociedade, a partir de nosso próprio caráter:

Bem- aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.MATEUS 5:6

Portanto, se nos achamos no direito e no dever de protestar contra a corrupção, devemos ser os primeiros a mostrar que somos diferentes deles, desde já, nas pequenas coisas exibindo um caráter íntegro e incorruptível.

5

Page 7: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

Aqui fica evidente a necessidade que todos temos de um novo nascimento, que nos liberte da natureza corrupta do ser humano natural e nos permita viver um padrão ético verdadeiramente superior, como o é a ética proposta por Cristo, possível apenas aos que Ele regenera. E que não nos detenhamos nesta experiência inicial da fé, mas que avancemos para um caráter transformado gradativamente à semelhança do caráter de Cristo.

E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 2 CORÍNTIOS 5.17

VII. O PRINCÍPIO DO REINO ESCATOLÓGICO

Seja no Brasil, Países Árabes ou Europeus, os acontecimentos nacionais e mundiais acusam uma grave crise e um vácuo de lideranças fortes e sábias para promover o bem comum.

Percebe-se uma nítida virada nas páginas da história mundial, em tempos de grande evolução tecnológica e num descompasso com o nível de satisfação das necessidades sociais, tudo certamente sob o olhar e regência soberanos de Deus.

Portanto, mesmo vivendo em uma sociedade irremediavelmente decadente e afetada pelo pecado, temos como Igreja um chamado para promover uma cura significativa do cosmos, da sociedade e do indivíduo por meio da pregação e aplicação do Evangelho da Cruz de Cristo.

Essa reflexão reforça a necessidade de o cristão se preparar, orar e atuar para que o Reino Visível de Jesus Cristo sobre o nosso mundo seja finalmente estabelecido, como a Casa da Justiça para todos os Seus seguidores:

Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. 2 PEDRO 3.13

6

Page 8: Pastoral da Marcha do Vinagre

PASTORAL DA MARCHA DO VINAGRE

CONCLUSÃO

Que sob esses princípios exerçamos nossa cidadania como brasileiros, regidos por nossa cidadania maior no Reino dos Céus, e marchemos então com sabedoria nos acontecimentos que ainda estão por vir e que por ora são bastante imprevisíveis, fazendo nossa parte para que Deus seja honrado por meio da nossa conduta como cristãos.

Nesta hora crítica nos empenhemos ainda mais em nossa consagração pessoal a Jesus, o Senhor da História e da Igreja, para que tenhamos sensibilidade para ouvir a Sua direção e bem cumprirmos a nossa missão como sal da terra e luz do mundo.

Brasília, DF – 30 de junho de 2013

Rev. Obedes Ferreira da Cunha Jr.(Pastor Titular)

EQUIPE PASTORAL:

Rev. Helder Nozima

Rev. João Figueiredo de Araújo

Rev. Joao Marcus de Melo Silva

Rev. Marco Antonio Baumgratz Ribeiro

Rev. Marcos Alexandre dos Reis G. Faria

Rev. Samuel Ulisses de Castro Marinho

Rev. Walter Pereira de Mello

7

W 5 9 0 6 s u l - w w w . i p n . o r g . b r - f a c e b o o k . i p n . o r g . b r