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Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO)
Guia de Estudos
Alyne Cristina
Ananda Martins
Caroline Terra
Francisco Almeida
Gabriela Rosa
Isis Higino
“Se as guerras nascem na mente dos homens, é na mente dos homens que
devem ser construídas as defesas da paz”.
Constituição da UNESCO
1. Introdução
Este guia foi confeccionado com a finalidade de disponibilizar aos
delegados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
Cultura, da Simulação das Nações Unidas para Secundaristas (SiNUS) 2014,
informações sobre o próprio comitê e sobre o posicionamento dos países a
respeito da temática da desigualdade de gênero em situações de conflito e
desastres. As informações aqui disponibilizadas complementam os dados e
análises apresentados no artigo Reconstrução Social Pós-Conflito e Desastres:
o papel de mulheres e meninas na promoção de justiça e os desafios da
inclusão de uma perspectiva de gênero.
Aos delegados, é recomendado que leiam o mandato do comitê e o
posicionamento do país que representará, bem como o posicionamento de
outros países com quem mantêm laços econômicos e políticos. Ademais, é
fundamental que todos os delegados leiam a tabela de medidas acordadas por
certos países com a finalidade de enriquecer e embasar as discussões que
serão realizadas durante os dias da simulação.
2. Mandato do comitê
Criada no dia 16 de novembro de 1945, a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) trabalha com o
objetivo de criar condições para um genuíno diálogo fundamentado no
respeito pelos valores compartilhados entre as civilizações, culturas e pessoas.
Nesse sentido, exercendo a função de agência especializada, a UNESCO
fomenta o papel primordial de auxiliar no processo de construção e
consolidação da paz, erradicação da pobreza, desenvolvimento sustentável e
diálogo intercultural mediado por seus pilares - educação, ciência, cultura,
comunicação e informação (UNESCO, 2007).
Destarte, em face das diversas mazelas presentes atualmente, as quais
constituem a negação dos princípios e valores da Carta das Nações Unidas e
uma afronta à humanidade, o mundo requer urgentemente visões globais de
desenvolvimento sustentável com base na observância dos direitos humanos,
no respeito mútuo e na erradicação da pobreza. Tais temas, dessa forma, estão
no cerne da missão da UNESCO e em suas atividades, as quais visam, através
da proposta de um documento de resolução, tratar de questões prioritárias
como a igualdade de gênero e, de mesma forma, a assistência aos países
africanos e demais Estados em processo de desenvolvimento (UNESCO
MEDIUM TERM STRATEGY, 2008).
A UNESCO atribui em seu trabalho grande importância à Declaração
do Milênio, adotada unanimemente por governos em Setembro de 2000.
Dentre os objetivos dessa Declaração, a UNESCO foca alguns em específico:
erradicar a pobreza extrema e a fome, promover igualdade de gênero e
empoderar as mulheres, combater o vírus HIV/SIDA, a malária e outras
doenças, assegurar a sustentabilidade ambiental e desenvolver parcerias
globais (UNESCO, 2007)).
Os documentos finais criados pela UNESCO geralmente fazem
recomendações a seus Estados-membros e a seus órgãos subsidiários e apoiam
estratégias que fomentem o desenvolvimento socioeconômico da região.
Além disso, devido ao intercâmbio de informação e conhecimento entre seus
membros, tais documentos apresentam dados quanto às posturas que, se
adotadas pelos países da região, mais eficientemente impactarão na promoção
de um desenvolvimento sustentável (UNESCO MEDIUM TERM STRATEGY,
2008).
A UNESCO é adequada para lidar com o problema da desigualdade de
gênero em situações de pós-conflito e desastres porque, em seu mandato,
cabe-lhe cuidar de assuntos que são transfronteiriços em natureza ou que
seriam beneficiados por abordagens colaborativas internacionais (UNESCO
2007). Ademais incumbência socioeconômica da comissão permite que o
assunto seja analisado de outras formas além da jurídica, de modo que tanto
as causas do fenômeno quanto seus desdobramentos na sociedade possam ser
levados em conta.
Destarte, mediante o fomento de valores como justiça, solidariedade,
tolerância, diversidade cultural, pluralismo, e respeito aos direitos humanos –
com igual ênfase ao direito das mulheres e de demais agentes sociais – a
agência qualifica-se de forma ímpar para lidar com o tema da presente
discussão (UNESCO MEDIUM TERM STRATEGY, 2008).
3. Posicionamento dos países
3.1. Afeganistão O Afeganistão é um ótimo exemplo de país no qual conflitos mudaram
paulatinamente a posição das mulheres na sociedade e da dificuldade da
implementação de ações orientadas para a equidade de gênero mesmo depois
do fim dos conflitos. Formado por um emaranhado de etnias e com o
islamismo como religião oficial, o Afeganistão viveu (e ainda vive) períodos
conturbados em sua história.
O país conquistou sua independência em 1919, durante o reinado de
Amānullāh Khān, que empreendeu uma série de mudanças orientadas para a
libertação da mulher da cultura islâmica e tribal tradicional que até então era
predominante. O Rei Amanullah defendia, entre outras coisas, a não
utilização do véu islâmico, a monogamia e a educação formal das meninas1
(AHMED-GHOSH, 2003). Servindo como exemplo de modernização
protendido, várias das familiares de Amanullah não usavam o véu em público
e acabaram assumindo cargos de liderança em diversas organizações e no
governo. A Rainha Soraya, por exemplo, casada com o Rei Amanullah
advogava pela participação ativa das mulheres na reconstrução do país após a
independência (MUSLIM WOMEN'S LEAGUE, 2013).
As políticas adotadas pelo Rei Amanullah, embora consoantes com a
onda de modernização de países como a Turquia e o Egito, desagradaram os
chefes religiosos e tribais do país, que o acusaram de estar sendo influenciado
pelo Ocidente e de se afastar dos princípios do islã (AHMED-GHOSH, 2003), de
forma que a situação se tornou insustentável em 1924, quando o Rei tentou
possibilitar que as mulheres escolhessem seus próprios maridos e a abolição
do "preço" pelas noivas (pago à família pelos "gastos" que ela teve com a sua
criação), o que foi visto pelos pais das jovens como "perda de status social,
controle familiar e segurança financeira" (AHMED-GHOSH, 2003, p. 05). 1 As tentativas de modernização incluíram também leis que tentavam acabar com o casamento forçado, imposição de uma idade mínima para as meninas se casarem e abolição do "preço" pago pelas noivas para as famílias (que em regiões pobres se torna o motivo de as famílias "venderem" suas filhas para o casamento) (SKAINE, 2008).
Nesse interim, uma série de protestos e coalizões anti-governo se alastraram
pelo país e ganhavam adeptos a cada medida igualitária. Apesar da onda de
modernidade, a majoritária população feminina do país vivia em áreas rurais,
onde não era beneficiada pelas medidas igualitárias devido à forte influência
dos líderes religiosos e tribais no interior do país.
Em 1929, Amanullah foi forçado a abdicar do trono. A partir disso, uma
série de reinados se seguiu, com leis destoantes acerca do papel da mulher na
sociedade. O próximo avanço no tema veio apenas na década de 40, quando a
percepção da contribuição feminina para o desenvolvimento econômico do
país levou as mulheres à escolas e universidades, formando professoras,
médicas, enfermeiras e outras profissionais (AHMED-GHOSH, 2003).
A Constituição de 1964 garantiu às mulheres o direito de votarem e
serem eleitas, e, em 1965, o primeiro grupo em defesa dos direitos das
mulheres foi formado nos pais, a Organização Democrática de Mulheres
Afegãs, que objetivava acabar com o analfabetismo entre as mulheres, com os
casamentos forçados e com o "preço" pelas noivas (AHMED-GHOSH, 2003).
A década de 70 deu lugar a um período conturbado na história do
Afeganistão: o Partido Popular Democrático do Afeganistão, de viés soviético,
ganhou força e passou a implementar uma agenda extremamente benéfica
para as mulheres (um decreto publicado em outubro de 1978 chega a citar
textualmente a intenção de garantir direitos iguais às mulheres). Mais uma
vez, as mudanças contrariaram as tradições e crenças defendidas pelos mulás
e líderes tribais, principalmente a educação obrigatória para as mulheres,
medida vista como "anti-religiosa, anti-tradicional e desafiadora à autoridade
masculina" (AHMED-GHOSH, 2003, p. 06). A resposta às medidas
modernizadoras foram casos de mulheres que usavam roupas "ocidentais"
atingidas por tiros e de assassinatos de membros do Partido Popular
Democráticos em áreas rurais. No entanto, as propostas de modernização
promovidas então foram bem implementadas e as mulheres passaram a
compor uma parte significativa da população empregada (ainda que nas áreas
rurais a situação não tenha mudado) (AHMED-GHOSH, 2003).
Em 1979 o Afeganistão foi ocupado pela União Soviética. Influenciados
e financiados por diversos interesses externos, diversos grupos que se
opunham à invasão se espalharam pelo interior do país: os Mujahideen
lutavam em nome do islã, contra os ideais ocidentais introduzidos pelo
Partido Popular Democrático. Em 1989, quando a ocupação terminou, o país
afundou numa grande guerra civil. Em 1992 os Mujahideen tomaram a
capital, Cabul, e declararam o Afeganistão um país islâmico2. Começou então
uma perseguição pública às mulheres que contrariavam as leis islâmicas,
sendo comuns os relatos de assassinatos, estupros, amputações e outras
formas de violência; cada vez menos mulheres trabalhavam ou apareciam na
televisão e o uso da burca (véu completo, da cabeça aos pés, com abertura
apenas para os olhos) tornou-se obrigatório (AHMED-GHOSH, 2003).
A partir de 1994 o grupo oposicionista denominado Talibã passou a
controlar cada vez mais cidades, até dominar a capital em 1996. No entanto, a
situação não melhorou para as mulheres quando uma nova onda de restrições
foi imposta pelo novo regime. Com a justificativa de proteger as mulheres de
possíveis ataques e de salvaguardar a dignidade da mulher (DUPREE, 2001),
proibiu-se que as mulheres não podiam mais sair de casa sem a companhia de
um familiar do sexo masculino, não trabalhassem ou recebessem educação
formal, assim como não podiam ser examinadas por médicos do sexo
masculino 3 (SKAINE, 2008). As medidas segregacionistas impostas pelo
Taliban incluíam ainda a proibição de mulheres aparecerem na televisão e no
rádio, o impedimento de que mulheres falassem alto ou conversassem com
estranhos, a obrigatoriedade da pintura ou cobertura das janelas no térreo das
casas, para que as mulheres não fossem vistas da rua, assim como a proibição
das mulheres aparecerem nas varandas de suas casas, a proibição da filmagem
ou fotografia de mulheres, bem como a proibição de fotos de mulheres serem
expostas em revistas, jornais, anúncios publicitários ou nas paredes das casas,
dentre outras proibições (RAWA, [2013]).
2 Zoya (2002 apud AHMED-GHOSH) afirma que os Mujahideen, ao entraram em Cabul, queimaram a Universidade, bibliotecas e escolas. 3 Devido à impossibilidade de atendimento de mulheres por médicos homens, o regime permitiu que algumas médicas continuassem a trabalhar no hospital de Cabul. No entanto isso reduziu drasticamente o acesso ao sistema de saúde pelas mulheres (SKAINE, 2008).
Em 2001, após os atentados contra as Torres Gêmeas, o governo norte-
americano lançou uma campanha de caça aos membros e apoiadores da Al-
Qaeda; o Talibã, acusado de abrigar membros da Al-Qaeda no Afeganistão, foi
derrubado pela invasão americana. Hamid Karzai assumiu o governo após a
queda do Talibã, apoiado pela comunidade internacional. Nas eleições de
2004, o gabinete de ministros tinha três mulheres, dentre os 27 cargos,
inclusive a Dra. Massouda Jalal, que assumiu como Ministra de Assuntos da
Mulher depois de perder a disputa presidencial para Karzai (SKAINE, 2008).
Vários ministérios passaram a implementar programas e criar departamentos
específicos para discutir o papel da mulher na sociedade, possibilitando uma
melhora na situação das mulheres em comparação com o regime anterior
(SKAINE, 2008).
Durante a última década, vários episódios de insurgência foram
levados a cabo pelo Talibã, principalmente na parte sul do país, onde ainda
gozam de grande apoio, causando um estado de guerra permanente no país,
ainda ocupado por forças americanas. Apesar da presença de tropas
estrangeiras, a presença permanente do Talibã foi estimada em até 54% do
país em 2008 (SKAINE).
Surpreendentemente, em 2012, Karzai sancionou uma lei aprovada por
um conselho religioso (o Conselho Ulama) que reinstitui diversas limitações às
mulheres. O presidente argumentou que não se tratam de restrições, mas de
um código de conduta consoante com as leis islâmicas (THE GUARDIAN,
2012); a lei em questão proíbe que mulheres se misturem com homens
desconhecidos em locais públicos, como escolas, comércios e escritórios, proíbe
que mulheres viagem desacompanhadas e permite que os maridos
espanquem as mulheres, caso haja uma justificativa para tal de acordo com a
sharia (THE GUARDIAN, 2012). Diversos grupos e associações defensoras dos
direitos das mulheres dentro e fora do país criticaram a nova legislação
considerando-a um retrocesso depois do princípio de libertação conquistado
após a queda do Talibã; as ativistas temem que, na tentativa de estabelecer
um diálogo de pacificação com os insurgentes, os direitos das mulheres sejam
sacrificados em concessões ao Talibã (THE GUARDIAN, 2012).
Ainda que a queda do Talibã tenha significado o arrefecimento das
medidas segregacionistas nas grandes cidades, nas vilas e áreas rurais, pouca
coisa mudou desde o último século. Como afirma Ahmed-Ghosh (2003, pág 11),
o "Afeganistão sempre teve mulheres na elite e classe média que afirmaram
seus direitos e marcharam em direção à modernização. Mas apesar destes
exemplos, o destino da grande maioria de mulheres afegãs nas áreas rurais
tem sido a opressão através dos costumes e ditames tribais".
3.2. Alemanha
A Alemanha possui, na questão de gênero e conflito, desde dezembro
de 2012 um plano nacional para a implementação da Resolução 1325 do
Conselho de Segurança da ONU. O plano traz quatro metas principais, que
devem ser atingidas até 2016: aumentar o envolvimento de mulheres em
instituições regionais, nacionais e internacionais que possuem como objetivo
a prevenção de conflitos; elevar o nível de consciência em relação às questões
específicas de gênero entre os funcionários que participam da prevenção de
conflitos, gestão de conflitos e construção da paz pós-conflito; dar maior
atenção às perspectivas de gênero e à participação das mulheres na
negociação e implementação de acordos de paz; dar maior atenção às
necessidades das mulheres no planejamento e realização de atividades de
Desarmamento, Desmobilização e Reintegração – DDR (PEACE WOMAN,
2012).
O planejamento alemão da implementação dessas metas alinha-se às
quatro áreas de prioridade da Resolução 1325 (prevenção, participação,
proteção e reconstrução) adicionando a elas outras duas áreas prioritárias: a
preparação da missão, e o processo criminal. A inclusão dessas duas áreas no
plano de ação do governo alemão seguiu a sugestão da Bündnis 1325, uma
aliança da sociedade civil formada especificamente para implementação da
Resolução (BÜNDNIS1325, s.d.). A Bündnis 1325 chegou a propor um plano de
ação em abril de 2011, quando o governo alemão recusou uma proposta
parlamentar de criar o plano alemão. Esse documento serviu de base para o
Plano de dezembro de 2012. (MEDICAMONDIALE, 2011).
O processo criminal diz respeito ao fortalecimento de uma jurisdição
penal internacional eficaz durante e após os conflitos. Essa etapa tem como
objetivo principal a repressão de crimes contra as mulheres em conflitos, mas
também visa a proteção de testemunha, o apoio psicológico às vítimas, e a
educação de meninas e mulheres sobre seus direitos e sobre o acesso à justiça.
Já preparação da missão visa uma análise específica da questão de gênero no
conflito, bem como a um treinamento para civis e militares alemães que
recebem competências interculturais e sociais para tratamento das questões
de gênero em um conflito. Consta, ainda, nessa etapa, a criação de um cargo de
“conselheiro de gênero”, para ser enviado junto de missões de paz. (PEACE
WOMAN, 2012)
Apesar de não participar diretamente de nenhum conflito bélico atual,
a Alemanha possui um papel importante nas missões de paz e ajuda
humanitária, atuando em mais de 130 missões diferentes desde a década de
60. Atualmente, mais de cinco mil soldados alemães encontram-se fora de seu
país nesses casos, como por exemplo nas missões de paz MINUSMA, no Mali;
UNAMID, na região de Darfur do Sudão; MINURSO na região não-autônoma
do Saara Ocidental. A Alemanha também atua junto da OTAN no
Afeganistão pela ISAF, onde concentra seu maior contingente de missão no
exterior (DGVN, s.d.).
3.3. Angola O país foi assolado por uma guerra civil de 1975 a 2002, conflito
iniciado logo após a Guerra de Independência (1961 – 1974). Sob os reflexos de
quatro décadas de conflito, as mulheres angolanas sofrem constantemente
com a violência doméstica relacionada ao retorno de ex-combatentes às suas
famílias e seu problemático processo de reintegração. A violência sexual
também é um fator marcante na sociedade pós-conflito angolana, em que os
abusos de mulheres por arte de oficiais do exército e da polícia são relatados
em diversas províncias (MOURA et al, 2009). Angola participou do Gender
Gap Report de 2013 após um hiato por falta de informação em alguns dos
indexes avaliados, ocupando a 92ª posição do ranking de 136 países, possuindo
em seus indexes as piores avaliações em quesitos como o direito das mulheres
à propriedade e existência e rigor de leis contra violência doméstica (THE
GLOBAL GENDER GAP REPORT, 2013).
O órgão do governo responsável pela promoção de políticas públicas
relacionadas à questão de gênero é o Ministério da Família e Promoção da
Mulher. Entre suas atribuições encontram-se, segundo o Decreto nº 07, de 20
de fevereiro de 1998 (Estatuto Orgânico do Ministério da Família e Promoção
da Mulher):
(...) b) Promover a equidade de género nos órgãos de tomada de decisão, desencadeando as ações necessárias para a sua plena integração da mulher na vida económica, científica, profissional, cultural e social do País; c) Promover, de uma forma multidisciplinar, programas e ações visando a informação, sensibilização, educação e formação nos meios urbanos e rural em prol da igualdade do género.
Cabe também ao Ministério formular as ações do governo que sejam
compatíveis com os objetivos dos tratados internacionais sobre os direitos das
mulheres dos quais a Angola seja signatária, como a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres
(CEDAW), a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e a
Declaração e Plataforma de Ação de Beijing de 1995 (MINISTÉRIO DA
FAMÍLIA E PROMOÇÃO DA MULHER, 1998), mas não possui um plano
nacional de ação acerca da Resolução 1325 do Conselho de Segurança da
Organização das Nações Unidas (PEACE WOMEN, 2012).
Além disso, uma das principais e mais marcantes representações
femininas na história da luta pelos direitos das mulheres angolanas é a
Organização da Mulher Angolana (OMA), criada em 1962 no seio do
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, atual partido
presidencial). As mulheres integrantes da OMA participaram ativamente não
só da luta armada da MPLA pela independência e pelo progresso do país, como
dos esforços de sua reestruturação segundo prestação de serviços e
conscientização da população acerca da mulher angolana. A organização é,
atualmente, a maior organização social do país e representa a luta pela
educação, o combate às más condições sociais e de saúde, à violência e a busca
pelo direito de apoio jurídico às famílias e mulheres que foram vítimas da
guerra (MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA).
3.4. Anistia Internacional A Anistia Internacional é um movimento de consonância global que
tem como principal objetivo advogar contra o abuso e o desrespeito aos
direitos humanos. De acordo com a ONG, as mulheres totalizam cerca de 80%
de todos os refugiados e demais pessoas deslocadas. O estupro e a violência
sexual que tangenciam mulheres e meninas são comumente usados não só
para aterrorizá-las, mas, igualmente, como armas estratégicas de guerra e
instrumentos de genocídio (ANISTIA INTERNACIONAL [2014]).
Mulheres e meninas, entretanto, não são apenas vítimas da guerra; elas
são importantes agentes de promoção e construção da paz. Apesar de tal
assertiva, seus esforços, no que tange à prevenção de conflitos e garantia da
paz, não recebem o devido reconhecimento – o que não os permite serem
reconhecidos como processos de paz formais (ANISTIA INTERNACIONAL,
[2014]).
Nesse sentido, a organização almeja – através de campanhas e
protestos – sensibilizar o cenário internacional para as disparidades
encontradas em países como Síria, Arábia Saudita, Iêmen, Irã e outros
(ANISTIA INTERNACIONAL [2014]).
3.5. Arábia Saudita Embora o status do Reino Saudita seja considerado de atraso em
relação a garantia dos direitos humanos à mulher se comparado ao Ocidente,
a perspectiva torna-se mais otimista se analisada de acordo com a realidade do
Oriente Médio (FREEDOM HOUSE, 2010).
A Arábia Saudita em sua conjuntura atual não garante equidade de
gêneros em suas leis mais básicas, uma vez que sua legislação possui como
diretriz a interpretação dos textos islâmicos, religião oficial do país. A
constituição nacional saudita tem como fundamento jurídico os livros Corão e
Sunna, nos quais a inadequação da mulher às estruturas sociais é vista com
normalidade, o que se reflete na opinião da população, em sua maioria
(BROOKINGS-BERN, 2012).
No entanto, na última década, a situação feminina alterou-se na
medida em que decretos reais, em 2004, conferiram certos direitos civis às
mulheres, como a possibilidade de defesa jurídica conferida pelo Estado, caso
uma mulher cometa um delito que não descumpra diretamente o Corão.
Naquele ano ainda, a nacionalidade feminina foi deliberada, e, para esta,
passaram a vigorar as mesmas leis que recaiam sobre os homens. Essa
situação mostrou-se útil no contexto da Primavera Árabe, uma vez que, assim
como o homem refugiado, a mulher cuja origem não é saudita, possui o direito
a exercer a cidadania saudita após o período de dez anos residindo no país
com uma renda fixa declarada ou legalmente casada com um cidadão saudita
(BROOKINGS-BERN, 2012).
A participação do país no Comitê da Eliminação da Discriminação
Contra a Mulher demonstra uma postura de comprometimento recente com o
empoderamento feminino, embora ainda recluso. Nessa conferência, o país
comprometeu-se com a criação de leis básicas que protejam a mulher e que
lhe assegurem autonomia. Apesar do ocorrido datar sete anos, o
posicionamento do país no comitê não ter acarretou em fins práticos, porém
sua presença na conferência serviu para assegurar que as leis islâmicas que
regem o país historicamente não possuam caráter discriminatório (CEDAW,
2007).
3.6. Austrália
Apesar de a Austrália não possuir nenhuma história recente de
conflito armado e não passar por nenhuma tensão que possa levar à guerras, é
uma grande contribuidora nas operações da Organização das Nações Unidas
(ONU), missões militares e contribuições humanitárias em outros países. De
tal forma, a Austrália reconhece as diferenças de gênero relacionadas à paz e a
segurança, implementando a UNSCR1325 (Resolução do Conselho de
Segurança das Nações Unidas 1325) às suas missões de paz em Estados frágeis
ou afetados por conflitos (PEACE WOMEN, 2012).
O Plano Nacional de Ação define a ação Australiana em seu território
ou fora dele, de integrar uma perspectiva de gênero nos seus esforços por paz
e segurança, protegendo mulheres e meninas dentro de seus direitos
humanos na prevenção de conflitos e nas suas resoluções. Dentro de suas
obrigações se incluem um relatório a cada dois anos, feito pelo Parlamento
Federal Australiano a respeito do progresso desse trabalho. Além disso, o
envolvimento de homens e meninos dentro desse processo é também
essencial, como dentro dos membros da polícia na defesa e na promoção da
igualdade de gênero e na prevenção da violência contra a mulher em conflitos
e em cenários de pós conflito (PEACE WOMEN, 2012).
Desde Outubro de 2000, a Resolução do Conselho de Segurança das
Nações Unidas 1325 (UNSCR1325) para mulheres, paz e segurança, foi adotada
pelo conselho de segurança da ONU. A UNSCR1325 faz com que os membros
estados da ONU e a mesma se integrem aos problemas decorrentes de
diferença de gênero, integrando esse ponto de vista às operações de paz e
reintegração dentro de programas de pós conflito. Condena o uso de estupro e
outras formas de violência sexual como crimes de guerra, além de crimes
contra a humanidade, ou ato genocida (PEACEWOMEN, 2012).
Como exemplo do suporte à UNSCR1325, foi possível observar que as
mulheres nas forças defensivas australianas se estendeu a partir de 2011,
quando o governo formalmente concordou em remover as restrições de
gênero acopladas às regras de combate anteriormente estabelecidas. .
Entendeu-se que o critério utilizado para a seleção deveria ser a capacidade de
atender a todas as exigências da profissão , incluindo as normas físicas
(PEACE WOMEN, 2012).
3.7. Bélgica O índice avaliado pelo World Economic Forum, conhecido como
Gender Gap Index, estabelecido para a Bélgica é de 0.7684 (sendo 1 a
igualdade) (WEF, 2013). De acordo com suas publicações oficiais, a Bélgica se
esforça para garantir que os debates acerca da promoção da igualdade de
gênero integrem a agenda internacional, tanto no âmbito das Nações Unidas
(sendo que o país tem atuação ativa na Comission on the Status of Women,
havendo presidido o referido órgão entre 2007 e 2009) quanto no âmbito da
União Europeia, inclusive levantando constrangimentos acerca de leis
discriminatórias em suas relações com terceiros, além de participar ainda de
organizações regionais que se dedicam ao combate à desigualdade de gênero,
como o Council of Europe and the Organisation for Security and Cooperation
in Europe (KINGDOM OF BELGIUM FOREIGN AFFAIRS, [2014]a).
Em 2012, um relatório do Human Rights Watch explicitou o vácuo de
proteção das mulheres migrantes, que não denunciavam ocorrências de
violência doméstica (por exemplo nos casos em que a relação com o
perpetrador da violência era necessária para a manutenção do visto)
(GAYDASHIEVAH, 2012).
Com relação à situação das mulheres durante e após os conflitos, fontes
oficiais do governo belga indicam que o combate à violência sexual durante e
após o conflito e à impunidade dos perpetradores de tais atos hediondos é um
dos pontos principais da política externa do país com relação ao assunto
(KINGDOM OF BELGIUM FOREIGN AFFAIRS, [2014]b). O país ainda afirma
que se empenha para combater a prática e a impunidade do estupro como
arma de guerra, além de se esforçar para que anistia aos crimes de guerra e
violência sexual não sejam parte dos acordos de pacificação. Reconhecendo a
importância da Resolução do Conselho de Segurança 1325 (2000), a Bélgica
desenvolveu em 2009 um plano de ação nacional para a efetiva
implementação dos termos dispostos na resolução (KINGDOM OF BELGIUM
FOREIGN AFFAIRS, [2014]b).
Em junho de 2006, a Bélgica hospedou o International Symposium on
Sexual Violence in Conflict and Beyond, que produziu o documento
conhecido como Brussels Call to Action to Address Sexual Violence in
Conflict and Beyond, amplamente reconhecido pelos países-membros da
ONU (KINGDOM OF BELGIUM FOREIGN AFFAIRS, [2014]b). Durante sua
participação no CSNU entre 2007 e 2008, a Bélgica trabalhou ativamente pela
aprovação da Resolução 1820 (2008), que categoriza o estupro como arma de
guerra e crime contra a humanidade, assim como se empenhou na criação de
mecanismos de proteção a mulheres que trabalham nas operações de
manutenção de paz da ONU (KINGDOM OF BELGIUM FOREIGN AFFAIRS,
[2014]b).
3.8. Brasil
Na temática de gênero e conflito, analisando o caso do governo
brasileiro, não se pode afirmar que há uma implementação específica desse
tema ou mesmo da Resolução 1325 em planos de ação e políticas públicas. Isso
pode ser compreendido pelo fato de o Brasil se encontrar tradicionalmente
distante dos conflitos bélicos. Ainda assim, os esforços do governo brasileiro
se concentram atualmente na Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM),
que compreende que a luta proposta pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas em sua Resolução não se restringe à situações de conflito. A SPM lança
planos nacionais de políticas para as mulheres, como resultado de um diálogo
entre governo e sociedade civil (SPM, s.d.).
O Plano Nacional de Política para as Mulheres de 2013-2015 segue o
paradigma da responsabilidade compartilhada, articulando horizontalmente
os ministérios, e verticalmente os níveis federais, distrital, estaduais e
municipais. O Plano possui dez segmentos temáticos, cada um com seus
objetivos gerais e específicos e linhas de ação. Como exemplo de segmentos há
as ações para a construção de educação para igualdade e cidadania; o
enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres; o
fortalecimento da participação igualitária, multirracional e plural das
mulheres nos espaços de poder e decisão. (SPM, 2013).
Ainda que não participe diretamente de conflitos armados na
atualidade, o exército brasileiro atua no exterior em seis missões de paz: a
MINUSTAH, no Haiti, missão coordenada pelo Brasil; a UNFICYP, no Chipre; a
UNMIL, na Libéria; e a UNOCI, na Costa do Marfim; a MARMINAS, no
Equador e Peru, o Grupo de Monitores Interamericanos, na Colômbia; sendo
as duas últimas sob a égide da OEA- Organização dos Estados Americanos.
Além dessas, o Brasil já esteve em outras trinta missões desde 1956 (EB, s.d.).
Se a Resolução 1325 para Mulheres, Conflito e Segurança não foi
implementada de forma específica pelo governo brasileiro, mesmo assim ela
segue inspirando planos de políticas como o já citado e também diversos
projetos sociais. A Associação Mulheres Para Paz é um bom exemplo da
influência da Resolução 1325 na luta no Brasil. Para essa organização, a paz
não significa apenas ausência de conflito armado, mas também de luta por
moradia, educação cultura, saúde, horizontes e igualdade social e de gênero.
Nesse sentido, as mulheres brasileiras, por meio de ações transformadoras,
podem lutar por essa paz no dia a dia. Suas ações variam entre movimentos
contra o racismo, a luta contra o tráfico de mulheres e a favor da causa
indígena. A Associação também concentra parte de suas ações na educação de
meninas e moças, buscando a construção de uma nova cidadania a partir de
um movimento pacifista contra qualquer tipo de violência física, emocional
ou psicológica (AMUPAZ, s.d.).
3.9. Canadá O Canadá não possui em sua história recente episódios de conflito
armado interno ou enfrentamento armado externo, porém é um grande
contribuinte para missões da ONU e presta significante apoio internacional
humanitário. Assim, o plano nacional de ação canadense para a Resolução
1325 tem projeção internacional, buscando integrar o gênero e implementar a
resolução através de operações de paz e engajamento em Estados frágeis e em
situações de conflitos (PEACE WOMEN, 2012).
Os objetivos declarados do plano canadense segundo o Peace Women
Monitoring são:
1. Aumentar a participação ativa e significativa das mulheres, incluindo as mulheres indígenas e locais, em operações de paz e processos de paz, na gestão de situações de conflito, e na tomada de decisões em todas essas áreas. 2. Aumentar a eficácia das operações de paz, incluindo a proteção e promoção dos direitos e segurança das mulheres e meninas. 3. Melhorar a capacidade do pessoal canadense para ajudar a prevenir a violência e contribuir para a proteção dos direitos humanos de mulheres e meninas no contexto das operações de paz, dos Estados frágeis, dos conflitos e nas crises humanitárias ou operações de socorro e recuperação. 4. Promover e apoiar os esforços de socorro e recuperação nos Estados frágeis e países afetados por conflitos de uma forma que leve em conta as experiências diferenciadas de homens e mulheres, meninos e meninas. 5. Faça a liderança das operações de paz mais responsáveis para a realização de suas responsabilidades impostas pela realização, na medida do possível, a intenção da Resolução do sobre Mulheres, Paz e Segurança” (PEACE WOMEN, 2012. Tradução nossa).
O país também é signatário da CEDAW, da Convenção sobre os
Direitos das Crianças (CRC) e participou da Declaração e Plataforma de Ação
de Beijing de 1995, relacionando-os ao seu plano de ação para a aplicação da
Resolução 1325, visando proteção dos direitos das mulheres e meninas e a
promoção da igualdade de gênero (PEACE WOMEN, 2012). Ocupante da 20ª
posição no Gender Gap Report de 2013, suas ações no cenário internacional
são a projeção de seus esforços internos de realização de políticas que
promovam a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres (THE
GLOBAL GENDER REPORT, 2013).
3.10. Cazaquistão O Estado cazaque apresenta bastante destaque no tocante ao
empoderamento de mulheres e meninas em seu território.
Consequentemente, o país atrai a assistência externa de instituições e
organizações que possuem o tema como seu principal modus operandi
(ANISTIA INTERNACIONAL, 2013).
A ONU Mulheres – entidade das Nações Unidas voltada para a
igualdade de gênero e empoderamento das mulheres – tem cooperado com a
República do Cazaquistão desde 1999, mediante assistência ao governo, o qual
aspira elevar seu comprometimento para com as metas de igualdade e
desenvolvimento do protagonismo de mulheres tanto no âmbito público
quanto privado (ONU MULHERES, 2009).
A participação do Cazaquistão nos programas regionais da ONU
mulheres e sua iniciativa refletida em seus planos nacionais – que abarcam o
campo da migração, empregatício, garantia dos direitos de mulheres no setor
público e privado e outros) fornece uma via à familiarização com as melhores
práticas internacionais e fortalecimento da capacidade nacional relacionada
ao tema (ONU MULHERES, 2009).
3.11. China
A preocupação com a participação ou não de mulheres em conflitos
armados data praticamente duas décadas, desde a realização da conferência
que formou o plano The Beijing Platform of Action, em 1995. Esse plano exige
dos governos signatários, inclusive o proponente chinês, a criar estratégias
para erradicar a violência contra mulher e para concretizar os direitos
humanos da mulher em situações de conflito armado ou não (ANISITIA
INTERNACIONAL, 2014).
O governo chinês tem se comprometido, desde então, a promover
equidade de gênero como forma de desenvolvimento do país. Para tanto,
desde 1998, a estratégia do governo tem sido a criação de leis e programas de
educação básica compulsória igualitária para a população, na qual o principal
objetivo é garantir que meninas chinesas possuam as mesmas noções de
economia, política e diversas áreas que os meninos (CEDAW 2004).
Além da capacitação, a China foi uma das primeiras nações a integrar
a Convenção de Eliminição de Todas as Formas de Discriminação da Mulher –
Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against
Women – criada para que diversas nações possam realizar um intercâmbio de
medidas legais para o fim da violência e da opressão contra mulheres e
crianças. Nessa convenção, o país comprometeu-se a possibilitar uma maior
participação da mulher em situações de crise. No entanto, o papel feminino
ainda encontra-se limitado ao auxílio médico-hospitalar e a realização de
tarefas de cunho privado, devido ao apoio enfraquecido que as ONGs locais
recebem no que tange a participação de mulheres em conflitos armados, como
o caso da Síria (CEDAW, 2004).
3.12. Coreia do Sul
Dentre as tensões na península Coreana, alguns membros de
prevenção à conflitos armados estão contribuindo para a implementação da
resolução 1325 da ONU, para a paz e segurança das mulheres. Membros da
Parceria Global para Prevenção de Conflitos armados na República da Coreia
(Coreia do Sul), se envolveram no desenvolvimento que pode levar à adoção
do Plano de Ação Nacional dentro da Resolução do Conselho de Segurança
1325 da ONU, relacionado à segurança e paz das mulheres (PEACE WOMEN,
2013).
A Assembleia Nacional da Coreia do Sul adotou a resolução em
fevereiro de 2012, incitando o governo a adotar o Plano de Ação Nacional
1325 da ONU. Em seguida a isso, o governo começou a delinear a 1325, bem
como revisões por parte de líderes da sociedade civil organizados dentre
Janeiro e Março de 2013. Inclui-se vários grupos de mulheres relacionados à
paz, à mulheres da sociedade civil, e de solidariedade política na
implementação da 1325 (PEACE WOMEN, 2013).
Houve uma grande troca de experiências relacionadas à
implementação da 1325, dentro do âmbito das questões de gênero e à
introdução do Plano de Ação Nacional em outras regiões ao redor do mundo,
alimentando o processo que se segue na Coreia do Sul. O trabalho conjunto da
sociedade civil da Coreia do Sul na 1325 foi coorganizadora do primeiro fórum
de membros do Parlamento, oficiais do Governo Nacional e sociedade para
discutir a potencial colaboração do Plano de Ação exposição de preocupações
relativas à essa implantação. Ainda haverá colaborações mais profundas no
que tange à essa elaboração (PEACE WOMEN, 2013).
3.13. Dinamarca
A Dinamarca, apesar de ter assinado e ratificado a Convenção para a
Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra a Mulher (CEDAW),
ainda não internalizou todas as disposições desta em sua legislação nacional
(WOMEN’S COUNCIL IN DENMARK, 2010). Apesar disso, o país tem o oitavo
índice Gender Gap mais alto do mundo – 0,7779 (WEF, 2013). No país, as
mulheres alcançaram postos elevados na carreira militar (UN, 2000) apesar de
corresponderem a apenas 5% das forças de defesa do país e das tropas
enviadas a missões humanitárias (PEACE WOMEN, 2012).
A Dinamarca é um importante contribuinte nas operações de
manutenção da paz da ONU, missões da OTAN e provedora de ajuda
internacional humanitária a regiões de conflito (PEACE WOMEN, 2012). O
país foi o primeiro a adotar um Plano Nacional de Ação com relação à
Resolução 1325 e usou seu espaço como membro não-permanente do
Conselho de Segurança em 2005-2006 para advogar pelo tema de mulher, paz
e segurança (PEACE WOMEN, 2012).
3.14. Egito
Quando da queda de Mubarak em 2011, muitas ativistas mulheres que
protestaram na ocasião acreditavam que seriam um dos grupos mais
beneficiados pela Primavera Árabe. Em novembro de 2012 o Egito foi
apontado pela Thomson Reuters Foundation como o pior país do mundo
árabe para uma mulher viver (BOROS, 2012) e, passados três anos da queda do
ditador, percebe-se que a revolução não logrou libertar as mulheres egípcias
(DYER, 2014).
No governo de transição pós-Mubarak, ativistas mulheres, presas
durante protestos, foram submetidas à testes de virgindade. Os testes foram
defendidas pelos militares como uma forma de proteger as mulheres de
assédio e proteger os oficiais de acusações. As mulheres egípcias vítimas
comprovadas de vários tipos de violências foram sistematicamente
responsabilizadas pelos crimes, com a justificativa de que não cobriam
totalmente seus corpos, andavam na rua entre homens e dormiam em tendas
com manifestantes homens. A situação não mudou com o governo Morsi –
eleito democraticamente – e tampouco com o governo interino que o seguiu.
Não apenas os diversos governos, mas também a sociedade civil perpetuou a
discriminação, cobrando das mulheres egípcias um comportamento cada vez
mais conservador. (DYER, 2014).
Uma nova esperança para as ativistas mulheres veio em janeiro de
2014, com a aprovação da nova Constituição por referendo popular do
governo interino de Adli Mansour. O texto sugere uma mudança nos direitos
das mulheres que pode significar um novo passo em direção à cidadania
plena. Um dos avanços se deu em relação às mulheres egípcias casadas com
não egípcios, que agora têm garantido o direito de conferir aos filhos a
nacionalidade egípcia. A nova constituição garante igualdade entre homens e
mulheres nos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Confere
ao Estado o dever de garantir que as mulheres estejam representadas nas
assembleias e que ocupem cargos públicos e altas funções administrativas do
país. O Estado também se responsabiliza por protege-las especialmente na
infância e na maternidade, bem como protege-las de qualquer tipo de
violência (ECWR, 2013).
O nova Constituição ainda estabelece a obrigatoriedade da educação
até o ensino médio a todos cidadãos e cidadãs, o que pode significar uma
grande passo para diminuição do casamento precoce de meninas. Já em
relação a participação das mulheres, a Constituição estabelece que os
Conselhos locais – eleitos por voto popular secreto e direto – terão um quarto
de seus assentos destinados a mulheres. A presença de um total de 13 mil
mulheres nesses parlamentos locais contribuirá para as decisões de mulheres
na gestão pública (ECWR, 2013).
3.15. Espanha
O Reino de Espanha não vive conflitos internos desde a Guerra Civil
Espanhola (1936-1939), mas encontra-se engajada na promoção internacional
dos direitos e proteção das mulheres e meninas. Possui tropas empregadas em
missões de paz da ONU, através das quais pode executar parte do plano de
ação para a implementação da Resolução 1325, que está em vigor desde 2007
(PEACE WOMEN, 2012).
O Plano de Ação do Governo de Espanha para a Aplicação da Resolução
1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (2000) Sobre Mulheres, Paz
e Segurança (2007) inclui em seus objetivos os seguintes pontos:
1. Aumentar a participação das mulheres nas missões de manutenção da paz e dos seus órgãos de tomada de decisão. 2. Promover a inclusão da perspectiva de gênero em todas as atividades de construção da paz. 3. Assegurar uma formação específica do pessoal envolvido nas operações de paz, em termos de igualdade e sobre vários aspectos da Resolução 1325, bem como incentivar o conhecimento e a sua divulgação. 4. Proteger os direitos humanos de mulheres e meninas em áreas de conflito e pós-conflito (incluindo as pessoas em campos de refugiados e deslocados) e promover a capacitação e participação das mulheres nos processos de negociação e implementação de acordos de paz. 5. Incorporar o princípio da igualdade de tratamento e de oportunidades mulheres e homens no planejamento e implementação de atividades para o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) bem como a formação especializada sobre todo o pessoal envolvido nestes processos. 6. Incentivar a participação da sociedade civil espanhola em relação à Resolução 1325” (PLAN DE ACCIÓN DEL ..., 2007, p. 2. Tradução nossa).
O plano ainda reforça a importância da participação das mulheres no
processo de construção a paz para que seus direitos e interesses não sejam
negligenciados, e sublinha que no âmbito interno a aplicação da Resolução
1325 inclui o incentivo à participação feminina nas Forças Armadas e nas
missões de paz, bem como aponta a igualdade de gênero a ser mantida como
valor em todas as operações realizadas com o objetivo de construção de paz
sempre tendo em mente as necessidades específicas das comunidades (PLAN
DE ACCIÓN DEL GOBIERNO DE ESPAÑA PARA LA APLICACIÓN DE LA
RESOLUCIÓN 1325 DEL CONSEJO DE SEGURIDAD DE LAS NACIONES
UNIDAS (2000), SOBRE MUJERES, PAZ Y SEGURIDAD, 2007).
Em julho de 2013, o governo espanhol aprovou a Estratégia Nacional
para a Erradicação da Violência Contra a Mulher para o período de 2013 a
2016. A estratégia inclui 250 diferentes medidas contra a violência de gênero
e dispõe de 100 milhões de euros para sua aplicação efetiva (U.S.
DEPARTMENT OF STATE, 2013).
3.16. Estados Unidos O Departamento de Estado estadunidense possui uma agenda ampla
no que tange ao tópico sobre mulheres, paz e segurança. Através da
instituição de planos nacionais e de Ordens Executivas – regras com força de
lei emitidas pelo presidente – relacionadas ao tema, os Estados Unidos se
configuram em posição de liderança mundial quanto à promoção da mulher
como um agente importante no processo de construção da paz (peacebuilding)
(U.S. DEPARTAMENT OF STATE, 2011).
Diversas agências do governo norte-americano, a exemplo da USAID
(United States Agency for International Development) desenvolvem planos e
estratégias para o combate à desigualdade de gênero no plano interno e
externo. O Escritório da Secretaria de Assuntos Globais sobre Mulheres (em
inglês, S/GWI), fomenta que a promoção da igualdade de gênero e o avanço no
que concerne aos direitos de mulheres e meninas estão integrados na
formulação e na própria conduta da política exterior dos Estados Unidos.
Nesse sentido, o escritório mantêm seu foco em algumas áreas-chave: 1)
promoção do completo engajamento de mulheres tanto na esfera econômica
quanto política; 2) mitigação do impacto da violência contra mulheres; 3)
assegurar que mulheres estão integrantes, como iguais participantes, nos
processos de reconciliação, reconstrução pós-conflito e desenvolvimento em
áreas afetadas por desastres; 4) garantir que as necessidades das mulheres
estão presentes nos esforços de desenvolvimento global (U.S.
DEPARTAMENT OF STATE, 2011).
3.17. Federação Russa Historicamente, percebe-se na Federação Russa uma região de
conflito no que tange a preocupação com direitos humanos, uma vez que
possui o maior largo territorial do globo, em que neste se localiza uma das
regiões de maior conflito étnico separatista, a região do Cáucaso. Ao longo de
toda a formação territorial russa, travaram-se embates de proporções civis ou
internacionais devido ao posicionamento do governo federal em optar por
considerar manifestações contrárias às deliberações de Moscou como
terrorismo (MAGNOLI, 2003).
Internacionalmente, o país tem sofrido sérias críticas a cerca sua
política em relação aos movimentos separatistas ocorridos na Chechénia. O
atual presidente Vladimir Putin, ao selar o apoio à política norte-americana
contra o terrorismo em 2001, iniciou um longo processo de intervenções
militares na região de conflito com os chechenos, levando o governo a
posicionar-se oficialmente em posição de controle da área e da situação de
forma pacífica (MAGNOLI, 2003). No entanto, o governo russo é
constantemente questionado por organizações de defesa de direitos humanos,
como a “Human Rights Watch”, pelo modo como suas tropas realizam suas
operações. No caso, as acusações versam situações de tortura de presos
políticos, bem como de violência a mulheres e crianças das regiões em questão
(FREEDOM HOUSE, 2010).
O governo russo, após questionado pela Anistia Internacional sobre
diversos incidentes de utilização de violência deliberada contra civis de
gravidade, como estupros a menores e bombardeio de áreas de recolhimento
de feridos pela Cruz Vermelha, alegou que suas investidas militares são
voltadas para o combate do terrorismo no Cáucaso do Norte. No entanto,
operações militares podem afetar civis devido a proximidade dos locais de
conflito (NRC/IDMC 2007).
A estratégia de Moscou tem sido relocar os cidadãos que vivem nos
arredores da região de embate. No entanto, a Federação Russa mantém o
posicionamento de realizar operações militares que oferecem riscos a
população, apesar de atualmente encontrar-se como país membro eleito no
Conselho de Direitos Humanos na ONU e signatária de acordos como a
Convenção de Genebra que estabelecem a proteção às partes não-envolvidas
diretamente no conflito e proíbem sanções de tortura a presos políticos (SPIEF,
2012).
Além da problemática interna do país, a Rússia encontra-se em uma
posição delicada em relação ao ativismo de sua população feminina no
conflito sírio, em relatórios oficiais, o governo nega a presença de mulheres
militantes em número considerável no conflito árabe. No entanto, redes de
ativismo, como Local Coordination Committees, afirmam que o governo russo
age de maneira conivente com a prisão de suas ativistas, negando fornecê-las
auxílio político ou, até mesmo, resguardo de seus direitos básicos com o
objetivo de evitar constrangimento para o país (FREEDOM HOUSE, 2010).
3.18. Filipinas As Filipinas são considerada uma nação em desenvolvimento no que
tange o empoderamento feminino nas situações de crise. Encontra-se na lista
de mais de vinte países a adotarem o Plano Nacional de Ações para a
Implementação da Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, que
atua como um guia para a criação de políticas acerca da temática das
mulheres, paz e segurança (PEACE WOMEN, 2010).
O plano filipino tem como preocupação a discussão do papel da
mulher na promoção da paz. Uma das formas de implementação desse plano
foi obtida com a assinatura da Magna Carta da Mulher – Magna Carta of
Women, MCW – em agosto de 2009, a qual assegura a participação da mulher
na construção da paz e promove a proteção contra violência baseada em
questões de gênero em conflitos armados. A UNSCR 1325 também propiciou a
criação da National Commission on the Role of Filipino Women, renomeada
como Comissão Filipina da Mulher - Philippine Commission on Women – que
estabelece a mulher o protagonismo político para a criação de políticas
públicas e estratégias para a resolução de conflitos (PEACE WOMEN, 2010).
Embora exista um número considerável de leis que protegem
mulheres e meninas contra violência e as encorajam a reintegrar à esfera
pública, a implementação total do Plano Nacional Filipino possui mazelas a
serem solucionadas doravante, na medida em que diversas formas de
violência contra a mulher, tanto sexual como as demais existentes, ainda
encontram-se prevalentes no país e no período de retorno à normalidade, o
pós-conflito, continua reservando um limitado papel para as mulheres
(PEACE WOMEN, 2010).
3.19. França
A França possui considerável influência no que tange à paz e
segurança dentro de uma concepção política e militar, como membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU. Mulheres não podem servir
na polícia nacional, mas são sujeitos de restrições de combate na defesa
nacional e não podem servir em submarinos na Marinha. A França não possui
cota constitucional de gênero, e sim mecanismos nas leis eleitorais para
proteger a representação feminina a nível de partido. Mesmo assim, mulheres
representam menos de 30% de representantes eleitos. (PEACE WOMEN,
2012)
Durante a presidência francesa da União Europeia, na segunda metade
de 2008, porém, a França fez do combate à violência contra a mulher e a
promoção da resolução de conflitos e sua respectiva reconstrução pós Guerra
uma prioridade dos direitos humanos. Como país de não conflituoso, a França
se prontificou a implementar a UNSCR 1325 de forma internacional, com um
foco doméstico em melhorar a participação feminina em esferas de paz e
segurança. (PEACE WOMEN, 2012)
O Plano de Ação Nacional Francês é organizado por quatro áreas
temáticas: proteção da mulher contra a violência e respeito pelos direitos
fundamentais das mesmas; participação feminina na resolução de conflitos e
em situações de pós-conflito; aumento da consciência do respeito aos direitos
das mulheres em programas de treino; desenvolvimento da ação política e
diplomática. Seu plano nacional é tido como um “documento vivo”, que se
submete à revisão aberta. A sociedade civil foi consultada durante as
elaborações e houve inclusão de organizações para mulheres como corpo
independente e plural da sociedade civil. (PEACE WOMEN, 2012)
A França trabalhou junto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas
para garantir que as operações de manutenção da paz incluam abordagem
específica de gênero. A política francesa na promoção dos direitos da mulher
e na igualdade de gênero é parte integral dos comprometimentos franceses
para eliminar a discriminação contra a mulher, pautando-se na abordagem
recomendada pela Plataforma de Beijing para Ação. (PEACE WOMEN, 2012)
Dentro do Plano de Ação Nacional, especificamente para situações de
pós conflito, incluem-se o suporte para a participação feminina na tomada de
decisões e processos políticos relacionados à reconstrução de lugares afetados
por conflito armado ou em situação de crises posteriores, incluindo processos
relacionados à justiça contra a impunidade. Dentro de tais medidas, há fundos
que promovem suporte para a participação de mulheres na construção da paz
e na reconstrução pós conflito, bem como suporte de ONGS relacionadas à
igualdade de gênero e empoderamento da mulher. (PEACE WOMEN, 2012)
Também incluso no Plano, está a garantia de suporte para a sociedade
civil organizadora de trabalhos, promovendo a igualdade de gênero e
participação nos processos decisórios, que conta com fundos para realização
de suas atividades, bem como programas internacionais de suporte por
organizações e agências voltadas para o tema. Há também o encorajamento da
participação feminina direta em missões de paz e reconstrução de operações
através do encorajamento ao acesso de responsabilidades civis e militares que
compõem posições de comando (PEACE WOMEN, 2012).
3.20. Gana
Gana é considerado um “oásis” de estabilidade no continente africano,
pela ausência de conflitos em sua história recente. No país, as mulheres são
vistas tradicionalmente como geradoras de filhos, de forma que as taxas de
fertilidade das mulheres se mantiveram bastante altas nas últimas décadas,
esboçando quedas apenas recentemente, principalmente entre mulheres de
maior escolaridade e que vivem na área urbana (OWUSU-ANSAH, 1994). As
taxas de educação indicam uma maior proporção de alfabetização dos
meninos em comparação com as meninas, além de uma predominância de
meninos após o ciclo básico (OWUSU-ANSAH, 1994), principalmente em
decorrência da necessidade da realização de trabalhos no campo e domésticos
(OWUSU-ANSAH, 1994), que consomem mais tempo das meninas do que dos
meninos, privando-as da educação (KIRK, 2003). O índice de equidade de
gênero definido pelo World Economic Forum para Gana é 0.6811 (uma
situação de equidade absoluta teria índice 1) (WEF, 2013).
3.21. Haiti
O terremoto que assolou o Haiti em janeiro de 2010 agravou a situação
socioeconômica da população, já castigada por governos ditatoriais, por golpes
de estado e pela guerra civil que culminou na deposição do presidente Jean-
Bertrand Aristide em 2004. Em 2005, o governo haitiano lançou um Plano
Nacional de Combate da Violência contra a Mulher, como resultado da
articulação com sociedade civil e ONGs. O plano estabelece uma sistema de
coleta de dados sobre violência sexual, bem como apoio a vítimas e a
prevenção dos crimes através de uma campanha nacional (BLASCHKE, 2011).
Após o terremoto, a situação combinada de pós-conflito e pós-desastres
agravou a condição das mulheres e meninas haitianas, exigindo das
autoridades do Haiti – bem como da ONU e outras organizações – novas
medidas. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
por exemplo, junto do governo do Haiti, criou o programa “16 bairros 6
acampamentos”, que promove treinamento vocacional e profissional a
mulheres, e já criou mais de 450 empregos e 350 novas empresas – muitas
delas antigos empreendimentos atingidos pelo terremoto (ONU, 2013).
Ainda assim, há muito que ser feito. O relatório “Ninguém se lembra de
nós: Falhas na Proteção do Direito das Mulheres e Meninas à Saúde e à
Segurança no Haiti Pós-Terremoto” mostra que os esforços de recuperação no
Haiti continuam a negligenciar os direitos de mulheres e meninas, que sofrem
principalmente com violência sexual, prostituição por segurança econômica, a
ausência de qualquer proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e
gravidez indesejadas e a ausência de assistência médica durante a gestação
(HRW, 2011).
3.22. Holanda
A Holanda não sofre recentemente nenhuma forma de conflito interno
e não participa de nenhum confronto armado externo desde a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). É um país com o 4º maior Índice de
Desenvolvimento Humano (HUMAN DEVELOPMENT INDEX, 2013) e
ocupante da 13ª posição do Gender Gap Report 2013 (THE GLOBAL GENDER
GAP REPORT, 2013), que possui políticas liberais no âmbito dos direitos
individuais.
Em seu Plano de Ação Nacional para implementação da Resolução 1325
(2011), encontram-se listados os objetivos abaixo:
1. Igualdade de participação das mulheres e dos homens nos processos de paz e de reconstrução em todos os níveis de tomada de decisão. 2. Integração consistente de gênero e da Resolução 1325 em todas as políticas e ações de todos os signatários holandeses em estados frágeis e países em transição (PED) e/ou consolidação da paz e reconstrução nestes estados. 3. Maior conscientização na Holanda, na União Europeia, nas Nações Unidas, e em outros organismos regionais e internacionais e seus Estados membros sobre a importância de gênero e conflito e um maior apoio público para a Resolução 1325. 4. A cooperação eficaz e eficiente entre os signatários do NAP e outras partes relevantes e interessadas para garantir a implementação mundial da Resolução 1325 (DUTCH NATIONAL ACTION PLAN, 2011, p. 8. Tradução própria).
Ainda no Plano de Ação, são citados esforços feitos para a
concretização da Resolução em países expostos às situações de conflito e pós-
conflito, e, dentro de tal espectro, a intensificação das ações já então sendo
realizadas nos territórios específicos de Afeganistão, Burundi, Colômbia,
República Democrática do Congo (RDC), Sudão do Sul, Sudão, Oriente Médio e
Norte da África. O plano foi reformulado em 2011 e deve estar em vigor de
2012 a 2015 (DUTCH NATIONAL ACTION PLAN, 2011).
3.23. Irã A situação de mulheres e meninas no Irã encontra-se em um estado
deveras delicado. Discriminadas por leis estatais que perpetuam um cenário
amplamente misógino na sociedade iraniana, aquelas – muitas vezes – não
encontram aparatos legislativos em que possam se amparar (FONTAINE;
KAZEROUNIAN; ZADEH, 2010).
Tal legislação em voga no país constantemente prega a imposição de
limites à educação e aos direitos civis e políticos de mulheres como modo de
mantê-las distantes da militância por seus direitos. Consideradas cidadãs de
segunda classe, o protagonismo de mulheres e meninas no Irã é deveras
silenciado pela violência propagada no país, a qual é institucionalizada pelo
próprio regime. Nesse sentido, o patriarcado é um componente intrínseco do
aparato estatal, no qual a desigualdade de gênero é um paradigma que
reproduz sua própria dominação (FONTAINE; KAZEROUNIAN; ZADEH,
2010).
3.24. Iraque Historicamente, trata-se de um país de complexa relação com a
participação feminina na esfera política devido a sua tradição árabe. O
contexto oriental de direitos humanos permanece de submissão feminina,
tanto em valores culturais, como na proteção legal. No entanto, certas
alterações no quadro de disparidade de gênero podem ser observadas na
medida em que cargos de alta visibilidade passaram a ser integrados por
mulheres iraquianas, como o parlamento (UNAMI, 2010).
O país, que se encontra em um período de pós-conflito, caminha para
a reestruturação governamental aliada a criação do espaço feminino na esfera
pública. Para tanto, o Iraque realizou mudanças em sua legislação para
garantir direitos civis básicos às mulheres, como a criação de uma cota de 25%
dos eleitores, no mínimo, que devem ser do gênero feminino. A medida surgiu
para motivar as mulheres a participarem das eleições (PEACE WOMEN, 2013).
O papel do gênero feminino na resolução de conflitos tornou-se mais
fortemente discutido com a presença do comitê United Nations Iraqi Gender
Task Force, no programa das Nações Unidas de reconstrução iraquiana, o
United Nations Assistance Mission for Iraq (UNAMI). A partir dessa
preocupação, o Iraque tem realizado alterações em sua legislação para a
proibição de quaisquer formas de violência contra a mulher e para cumprir as
exigências da UNSC 1325. Outra iniciativa utilizada pelo país foi a realização
do workshop para o desenvolvimento do Plano Nacional de Ações do Iraque
para o fortalecimento do papel da mulher em situações de conflito,
promovendo setoriais de mulheres que formarão agências responsáveis pela
criação de políticas de apaziguamento e reestruturação do país (UNAMI,
2010).
3.25. Israel
A partir da declaração de Viena e seu plano de ação, a atenção se voltou
para as violações aos direitos das mulheres nos períodos de guerra, e em
seguida a isso, em 1993, a ONU adotou a declaração de eliminação da violência
contra a mulher, que trouxe a atenção mundial para a violência de gênero e
violação aos direitos humanos. Em Israel e na Palestina, as organizações das
mulheres buscam envolvimento maior em tomadas de decisões, além de
organizar workshops colaborativas de resolução de conflitos. (PEACE
WOMEN, 2010)
Apesar dessas tentativas, há uma desconexão entre a implementação
de atividades perante as mulheres da elite que buscam acesso ao poder
político e entre aquelas com menos acesso aos cenários de decisão e poder ou
mesmo os recursos econômicos para tanto. Muitas das mulheres ainda não
sabem muito sobre a resolução; ademais, o implemento de uma participação
grande ainda é um desafio (PEACE WOMEN, 2012).
A resolução 1325 para a paz e segurança de mulheres adotada pelo
Conselho de Segurança da ONU é considerada por muitos como um grande
marco histórico, contribuindo para a resolução de conflitos e prevenção dos
mesmos. Ainda assim, muitas avaliações da UNSCR1325 apontam que ela teve
pouco impacto nas reais experiências das mulheres durante os conflitos.
Também na Palestina, onde mulheres precisam cooperar com e resistir à
violência política exercida pelo regime Israelense por mais de 60 anos. A
UNSCR1325, portanto, acabou por ter pouco impacto no cotidiano de
mulheres em situações de ocupação (PEACE WOMEN, 2012).
Se os pontos de vistas femininos e experiências podem ser contrastadas
com as masculinas, é preciso abordar as diferenças entre as próprias
mulheres, pois há grandes diferenças entre os pontos de vista da mulher
Israelense e da mulher Palestina, sendo a própria vivência sobre o contexto de
ocupação, contrastantes. Portanto, é também observável as divergências
quanto a ideais e posicionamento político em ambas as partes. Para as
mulheres palestinas, o pensamento político está mais voltado para as
preocupações nacionais que as de gênero. Não apenas isoladamente, mas
junto com outros aspectos, tais como classe, etnia e afiliação política. Além
disso tudo, há a dicotomia difícil de ser superada pelo gênero, que é a de
ocupada e ocupadoras (PEACE WOMEN, 2012).
Ainda, para as palestinas, o empoderamento é um problema político
que não se resolve apenas pela inclusão nas resoluções de conflito. De tal
forma, os problemas relacionados a gênero não deveriam ser abordados de
forma independente, ou mesmo priorizados em relação à mudança política
(PEACE WOMEN, 2012).
Enquanto as leituras feministas da 1325 acabam por não ser muita
promessa para as mulheres palestinas e seus direitos, a resolução em si não
deve ser diminuída inteiramente, pois se interpretada a partir de uma
perspectiva de direitos de base, além de reconhecendo e destinando as raízes
históricas e políticas das causas de conflito entre o social de gênero e o
nacional político dos direitos, a Resolução possui um potencial para levantar o
reconhecimento e o fortalecimento ao invés da disciplina das lutas palestinas
para o futuro (PEACE WOMEN, 2012).
3.26. Itália
A Itália não passa por nenhum conflito recente, mas nem por isso a
situação das mulheres no país é muito boa. O índice Gender Gap do país
(definido e contabilizado pelo World Economic Forum) é 0,6885 (WEF, 2013), o
que o coloca como um dos últimos colocados no quesito igualdade de gênero
dentro do continente europeu e evidencia a estrutura extremadamente
patriarcal da sociedade italiana. Em 2011, por exemplo, as mulheres do país
saíram ás ruas para protestar contra o sexismo do então Primeiro-Ministro
Silvio Berlusconi (ARIE, 2011).
A violência contra a mulher no país é alarmante, exemplificado pelos
muitos casos de femicídio nos últimos anos (MCROBIE, 2013). Apenas em
agosto de 2013 foi aprovada uma lei que tornou ilegal perseguir ou assediar
atuais ou ex-esposas/namoradas, etc. Nos anos anteriores a essa legislação,
mais da metade das mulheres mortas por seus atuais ou ex-companheiros
denunciou-os por assédio ou perseguição pelo menos uma vez, no entanto,
como a prática tinha que ser provada no tribunal, muitos casos não foram
investigados ou não se sustentaram (MCROBIE, 2013). Outra inovação da lei
de 2013 é o apoio legal e financeiro para as vítimas de violência doméstica que
têm medo de procurar a justiça por permanecerem dependentes dos
criminosos (MCROBIE, 2013); no entanto, os abrigos destinados às vítimas de
violência continuam a ser mantidos principalmente por voluntarias e com
pouquíssimo apoio do governo, principalmente devido aos cortes de gastos
decorrentes da crise econômica (MCROBIE, 2013). Essa lei se une a outras
tentativas do governo italiano de lidar com a questão da violência contra a
mulher no país, como a ratificação, pela Câmara Baixa dos Deputados, da
convenção do Conselho Europeu para a prevenção e combate da violência
contra a mulher, em maio de 2013 (MCROBIE, 2013). Essas e outras medidas
tentam combater o aumento da violência contra a mulher no país, que
estima-se haver matado 2.200 mulheres entre 2000 e 2012 (MCROBIE, 2013).
3.27. Japão
Com o apoio da ONU Mulheres o Japão vem elaborando, desde abril de
2013 um Plano Nacional para implementação da Resolução 1325 sobre
Mulher, Segurança e Conflito. O relativo atraso do Japão em implementar o
plano de proteção de mulheres em situações humanitárias é justificada pelo
governo como uma oportunidade de se aprender com os planos de outros
países, bem como de ampliar o diálogo com a sociedade civil (BALLEZA, 2013).
O governo japonês vem, também, promovendo a participação ativa de
mulheres e jovens na revitalização da economia japonesa. Através do
Conselho para Igualdade de Gênero o governo afirma que o grande potencial
japonês em impulsionar a economia está nas mulheres. As medidas para as
mulheres variam entre estímulo ao primeiro emprego, ao reemprego e
também à licença paternidade. Todas elas foram concentradas no chamado
Plano de Ação para Recuperação Econômica através da Participação Ativa de
Mulheres (MINISTER OF JAPAN, 2012).
3.28. Líbia
O Estado da Líbia presenciou no ano de 2011 uma breve guerra civil
pela deposição do governo de Muammar al-Gaddafi e, desde então, o governo
central passa por formulações e eleições, sendo 2013 o ano de elaboração do
texto constitucional. Vários abusos foram cometidos contra os Direitos
Humanos pelo governo líbio em 2013, entre eles violências e discriminação
contra as mulheres e outros baseados em orientação sexual (U.S
DEPARTMENT OF STATE, 2013).
A maioria religiosa que compõe o país é pertencente à fé islâmica,
sendo a religião o motivo de recorrentes conflitos internos e de debate
também sobre a legislação que deva regular os direitos das mulheres e seu
papel na sociedade líbica. Apesar de o novo texto constitucional declarar a
igualdade de gênero, a Sharia ainda é forte entre os cidadãos, fazendo com que
as mulheres sofram descriminação com base em princípios religiosos.
Organizações da sociedade civil afirmam também que na Líbia, as milícias
promovem a violência contra mulheres que sejam consideradas ameaças à fé
religiosa islâmica. (U.S DEPARTMENT OF STATE, 2013).
Não há lei específica que trate do assédio sexual e, dentro das previsões
legais do país, um homem condenado pelo crime de estupro deve casar-se com
a vítima – o que é visto também pelas famílias como forma de evitar a
desgraça pública. Se a vítima se recusar, o condenado deve ser preso, o que
sujeita mulheres à coação do agressor. Mas, muito comumente do que a
condenação de um homem por estupro, as vítimas de violência sexual são
vistas como culpadas pelo ataque e processadas por ter relações extramaritais.
A violência sexual por parte do cônjuge também não é prevista por lei e os
casos de violência doméstica são reportados raramente, sendo a maioria das
queixas retirada pelas vítimas (PEACE WOMEN, 2009).
O governo não possui nenhum plano de ação para a implementação da
Resolução 1325 (PEACE WOMEN, 2012). O país ratifica a CEDAW, porém,
com a reserva de que a Convenção não deverá estar em conflito com as leis
derivadas do Islã (CEDAW, 1979). O país tampouco é citado pelo Gender Gap
Report 2013.
3.29. Mali
No Mali, questões de gênero eram, até recentemente, deveras
arraigadas em uma tradição de subordinação feminina. A estratificação por
idade e gênero ainda é forte; ademais, normas tradicionais de segregação e
diferenças de poder dominam as relações de gênero. Uma mulher malinesa é
primeiramente valorizada por seu papel como esposa e mãe. Dentre a maioria
dos grupos étnicos, marido e mulher possuem economias separadas – o que
não garante, no entanto, a independência econômica de mulheres, uma vez
que essas são consideradas “propriedades” de seus maridos (KI-ZERBO;
BASTIDE; 1994).
Tais características levam a crer que as mulheres do Mali são
severamente desprovidas de poder – tanto no âmbito doméstico quanto na
esfera pública. No entanto, elas demonstram ter angariado certo poder de
facto. Com um crescente nível de educação, cada vez mais mulheres assumem
altos cargos administrativos e posições políticas se comparado a duas décadas
atrás (KI-ZERBO; BASTIDE, 2014).
Não obstante ainda vivam em um contexto social pouco “amigável”, as
mulheres do Mali, cada vez mais, se envolvem com atividades fora do lar. Elas
têm e fazem uso de diferentes tipos de poder em circunstâncias variadas e em
diferentes estágios de suas vidas. Outrora, a idade avançada assegurava-lhes
poder legítimo em determinadas esferas. Hoje, a urbanização e o acesso à
educação são fatores adicionais ao empoderamento dessas mulheres (KI-
ZERBO; BASTIDE, 1994).
3.30.México O país integra um dos quadros mais positivos em relação a iniciativas
governamentais de promoção da igualdade de gênero com o Programa
Nacional de Igualdade de Oportunidades e de Não Discriminação contra
Mulheres (Proequidad), esse programa é fiscalizado pela organização
InMujeres e é responsável pela criação de leis e projetos que possibilitem o
maior número de mulheres nas esferas de poder público, bem como assegura
os direitos civis da mulher na medida em que realiza constantes campanhas
pedagógicas instruindo mulheres a fazerem denúncias de violência sexual ou
física de qualquer outra sorte (CEDAW, 2006).
Além de sua preocupação com o empoderamento e proteção contra
discriminação nas esferas de poder, como a administração pública, o México é,
ainda, uma das nações a participar da Convenção sobre a Eliminação de todas
as formas de Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas, em 2006, na
qual o país se comprometera com a realização de um Plano Nacional, que foi
implantado, embora não em sua totalidade, em 2010. No plano, o país se
comprometeu com a criação de leis que promovam a paridade de gêneros em
ONGs apaziguadoras de situações de conflito e a criação de políticas que
diminuam a violência contra mulher (CEDAW, 2006).
3.31. Myanmar
Grupos de mulheres dizem que a força militar de Myanmar ainda usa o
estupro como ferramenta de Guerra, com mais de cem mulheres e meninas
estupradas pelo exército desde uma eleição em 2010, que trouxe um governo
civil que busca se aproximar do ocidente. Uma liga de mulheres Tailandesas
com base em Myanmar disse que 47 dos casos reportados eram estupros feitos
por gangues, enquanto que 28 das mulheres eram ou mortas ou morriam de
complicações devido a lesões, tendo muitas das vítimas cerca de oito anos
(PEACE WOMEN, 2014).
O grupo afirma que a situação demonstra a necessidade de uma
reforma legal no país, que garanta o controle militar pela sociedade civil.
Entretanto, o relatório do grupo veio apenas um mês antes de um grupo de
senadores dizer que nenhum fundo seria disponibilizado até a reforma e
todos os abusos terem sido reportados. Tal documento, que traz uma exceção
para os direitos humanos e desastres, responde ao treinamento de militares
(PEACE WOMEN, 2014, 2010).
Porém, muitos casos de violência não foram reportados, sendo esses
que aconteceram em pelo menos 35 cidades diferentes apenas um pequeno
pedaço do panorama geral da situação. Um dos relatórios argumentava que o
uso de violência sexual em conflitos é uma estratégia e um ato de guerra que
tem dimensões políticas e econômicas que vão além de casos individuais. A
violência sexual é usada como ferramenta pelos militares de Myanmar para
desmoralizar e destruir comunidades étnicas. O grupo diz que os abusos eram
potenciais armas de guerra e crimes contra a humanidade, demandando
investigação (PEACE WOMEN, 2014, 2010).
Dez anos se passaram desde a Conferência de Beijing. Algumas
mulheres ao redor do globo reconheceram que houve algum progresso
relacionado ao compromisso por parte do governo, mas para as mulheres de
Myanmar, nada mudou. O regime militar vigente, agora chamado de
Conselho do Estado pra Paz e Desenvolvimento, junto ao processo de Beijing,
teve participação de fóruns de mulheres na ONU desde a quarta conferência
das mulheres em Beijing, no ano de 1995. Foi mandada uma delegação
liderada por oficiais militares homens para a Conferência por parte de
Myanmar (PEACE WOMEN, 2014).
Ainda, em 1996, foi estabelecido o Comitê Nacional de Assuntos das
Mulheres, cujos patronos eram todos homens. Nesse comitê, foram
adicionadas mais duas áreas de atuação: meio ambiente e mídia.
Argumentou-se que tais áreas haviam sido identificadas pela maior
relevância ao cenário e contexto do país, ignorando completamente a extrema
pobreza resultante da expansão militar, os gastos excessivos com o exército e
o mau gerenciamento da economia local, que levou a graves impactos para
crianças e mulheres (PEACE WOMEN, 2014).
Além de tudo, não houve menção ao meio século da longa Guerra Civil
entre o regime militar e os grupos étnicos. Ao invés disso, foi dito que a área
de mulheres em conflitos armados não é relevante para Myanmar
atualmente, já que o país está em paz há décadas. Em relação à área crítica de
preocupação, violência contra a mulher, eles responderam que pouquíssimos
casos existem no que tange à violência contra a mulher, o que não
configuraria isso como um grande problema (PEACE WOMEN, 2014, 2010).
3.32. Nepal
A guerra civil no Nepal, que terminou em 2006 com um acordo de paz
entre as partes beligerantes, deixou muitas marcas no país, dentre as quais a
impunidade aos perpetradores de crimes de guerra é a mais danosa às
mulheres que participaram (ativa ou passivamente dos conflitos). A
conturbada situação política do país, que adiou as eleições para uma nova
assembleia constituinte, fez com que as acusações de violações de direitos
humanos durante a guerra fossem deixadas de lado e, recentemente,
potencialmente anistiadas com a chamada lei da “Verdade, Reconciliação e
Desaparecimento” assinada em março de 2013 (HUMAN RIGHTS WATCH,
2014).
Baseados em diversos incidentes que vieram à tona recentemente
(incluindo o estupro de uma trabalhadora que voltava da Arábia Saudita por
policiais no aeroporto), grupos de direitos das mulheres também alertaram
para a ausência de legislações que previna ou puna a violência baseada em
gênero (HUMAN RIGHTS WATCH, 2014).
De acordo com estatísticas do Partido Comunista do Nepal,
aproximadamente um terço dos combatentes que lutaram contra o regime
eram mulheres, incluindo crianças soldados (IRIN, 2010). Devido à estrutura
patriarcal da sociedade, os papeis de gênero determinados para as mulheres
são extremamente rígidos, o que tem causado muitos problemas na
reintegração das ex-combatentes à sociedade. Muitas não são aceitas pela
família ou são expulsas das vilas onde moravam (IRIN, 2010). Muitas
combatentes alegam, inclusive, que as promessas de igualdade (de gênero,
assim como de casta e etnia) foram uma das coisas que as atraíram a lutar pelo
partido maoista; no entanto, as ex-combatentes se veem agora obrigadas a
aceitarem papeis subservientes na sociedade, principalmente no que diz
respeito ao confinamento aos serviços domésticos (IRIN, 2010). Dificuldades
adicionais são enfrentadas por aquelas mulheres que, durante os conflitos,
casaram-se com homens de outras castas e/ou sem o consentimento da
família (IRIN, 2010); as filhas e filhos frutos destas relações são igualmente
discriminados. A crença de que a pureza feminina deve ser mantida também
determina a exclusão de diversas mulheres e meninas que lutaram no país,
uma vez que suas famílias veem o fato de que elas potencialmente estavam
mantendo relações sexuais com homens fora do casamento como desgraça e
vergonha para a família (IRIN, 2010).
3.33. Palestina
A situação da mulher palestina se desenvolveu muito ao longo do
tempo. Os constantes conflitos e a ocupação militar as tornaram politizadas e
nacionalistas, lutando contra a violência, e pelos direitos da mulher, como
igualdade de gênero, acesso à educação, empoderamento feminino,
culminando na criação de um ministério específico (CHABAN;
DARAGHMEH; STETTLER, 2010).
Apesar dos avanços, a segurança de mulheres e meninas continua
plenamente afetada pelo contexto político nos territórios palestinos, que
apresenta em seu conflito um quadro constante de violência política, prisões
arbitrárias, assassinatos e confrontos armados. A ocupação militar promove
humilhações constantes às mulheres, obrigadas a tirar seus niqab (cobertura
do rosto) ou jilbab (longa vestimenta por cima da roupa) nos check-points,
comportamento que impediu muitas mulheres e meninas de continuarem a
trabalhar ou estudar. A opressão, contudo, não é apensa fruto da ocupação.
Mulheres e meninas frequentemente são oprimidas por suas próprias
famílias, que controlam suas vestimentas, seus movimentos, e suas decisões
sobre educação e carreira, muitas vezes as pressionando a um casamento
forçado. Por vezes, a opressão evolui em violência física – até mesmo sexual –
por parte do pai, irmão ou marido. (CHABAN; DARAGHMEH; STETTLER,
2010).
Para se discutir a constituição palestina, suas leis, e seus impactos na
vida de mulheres e meninas é preciso, portanto, considerar os impactos da
ocupação israelense. As restrições impostas por Israel, combinadas com as
tensões entre os grupos palestinos Hamas e Fatah, têm afetado
negativamente a vida das mulheres, a respeito da saúde, de oportunidades de
emprego, do acesso à educação e liberdades política e civil, problemas contra
os quais as ativistas palestinas continuam a lutar (AZZOUNI, 2005).
3.34. Reino Unido
Apesar da fraca presença feminina nas instâncias governamentais do
Reino Unido, este possui um departamento dedicado a políticas de promoção
da igualdade de gênero, criminaliza a discriminação de base genérica e oferece
auxílio às vítimas de abuso e assédio sexual. A pena máxima para o crime de
estupro é a prisão perpétua, tendo esta já sido aplicada em alguns casos (U.S
DEPARTMENT OF STATE, 2013). O Reino Unido ratifica a CEDAW e possui
um Plano de Ação para a Implementação da Resolução 1325 que foi revisado
em 2012.
Seu Plano inclui as ações a níveis nacional, bilateral, regional e
multilateral, especificando os objetivos da implementação da Resolução, a
saber:
Os objetivos do Plano são maximizar o impacto dos esforços do Reino Unido, focando onde temos a maior influência, assegurar o funcionamento inter-departamental, garantir que a ação do Reino Unido abranja os quatro pilares da Resolução 1325 da ONU (prevenção, proteção, participação, e de alívio e recuperação), fortalecer nosso relatório anual e processo de monitoramento e trabalhar mais estreitamente com a sociedade civil para melhorar o plano em uma base contínua (UK GOVERNMETN NATIONAL ACTION PLAN ON UNSCR 1325 WOMEN, PEACE & SECURITY, 2012, p. 3. Tradução nossa).
O Governo comprometeu-se a fazer uma nova revisão do plano no
início de 2012. A revisão contém compromissos existentes no plano anterior,
mantendo os dados e as ações que ainda são relevantes ou que tenham sido
atualizados, e trazendo novos compromissos em resposta à Primavera Árabe e
após consulta ao Parlamento e da sociedade civil (UK GOVERNMETN
NATIONAL ACTION PLAN ON UNSCR 1325 WOMEN, PEACE & SECURITY,
2012).
3.35. República Democrática do Congo (RDC) Mesmo passados onze anos desde a assinatura do acordo de paz, em
2003, do que ficou conhecido como a Segunda Guerra do Congo (1998-2003),
ainda há uma miríade de resquícios de tal conflito no país. Nesse sentido,
violações à segurança, saúde, educação e ao próprio direito à vida têm sido
acometidas às minorias do Estado – especificamente à mulheres e crianças
(INTERNATIONAL ALERT, 2012).
Elevados índices de estupro e demais tipos de violência sexual ainda
são perpetuados no país, principalmente em regiões mais à leste. Destarte,
sabe-se que grupos armados e soldados do governo são os principais agentes
disseminadores deste crime (ANISTIA INTERNACIONAL, 2011).
Durante e, da mesma forma, após o conflito, uma alta porcentagem de
mulheres e meninas sofreram estupros por parte de gangues; ademais, muitas
dessas sofreram crimes sexuais mais de uma vez e foram mantidas como
escravas sexuais de seus agressores (ONU MULHERES, 2009). Este cenário de
estupro e violência contra a mulher que se instalou na República Democrática
do Congo foi reconhecido como um dos piores do mundo (ANISITA
INTERNACIONAL, 2011).
Um dos resultados oriundos do processo de construção e consolidação
da paz e, igualmente, da transição política foi a constituição adotada pelo país,
em 2006, mediante referendum. Desse modo, a Magna Carta adotada no
período pós-conflito veio a salientar, essencialmente, o princípio da igual
representação. Uma cota de representação de no mínimo trinta por cento
para mulheres no que concerne ao processo decisório de instituições do
Estado; contudo, os mecanismos para a implementação dessa paridade não
têm se mostrado eficientes, o que é devido, em grande parte, pelo despreparo
com relação ao tema de desigualdade de gênero no país (INTERNATIONAL
ALERT, 2012).
3.36. Serra Leoa
Serra Leoa desenvolveu um Plano de Ação Nacional entre o período de
2010 a 2014. Esse plano foi elaborado dentro de um contexto de recuperação
pós guerra, seguida entre 1991 e 2002, e que acabou com um acordo de paz. O
abuso sistemático de mulheres e meninas durante o conflito foi identificado
como uma das principais preocupações dentro do contexto de pós-conflito e
da reconciliação no país. De tal forma, o Plano de Ação diz respeito ao
implemento nacional da UNSCR1325 e 1820, que dizem respeito a diretrizes
básicas de reparação das diferenças de gênero e o reconhecimento e mudança
no contexto de violência contra a mulher como parte dos direitos humanos
(PEACE WOMEN, 2012).
O Plano foi desenvolvido a partir de um processo colaborativo
conduzido por parte da Sociedade Civil e do Governo, liderada pelo Ministério
de Assistência Social, Gênero e Assuntos Infantis incluídos nos ministérios
governamentais, agências da ONU e grupos da sociedade civil, inclusive
ONGS para mulheres, corpos de pesquisa e de mídia. Serra Leoa está em uma
fase de recuperação pós-conflito seguida da guerra civil de 1991, que durou até
1999. O conflito impactou primariamente a sociedade civil, matando milhares
de pessoas e desabrigando mais que metade da população, principalmente
mulheres e crianças (PEACE WOMEN, 2012).
Tal grupo foi afetado sem proporções pelo conflito, em que mulheres e
meninas forem especificamente submetidas e subjugadas a formas
sistemáticas de violência de gênero, inclusive exploração sexual, estupros,
casamentos e gravidez forçados, trabalho escravo e cooptação por parte de
milícias como “esposas” de soldados. As estruturas da desigualdade de gênero
em Serra Leoa, bem como o legado cultural de violência contra a mulher e a
impunidade dos que perpetuam tais situações acima relatadas, demostram
que a violência de gênero e violência sexual ainda continuam como
problemas contundentes (PEACEWOMEN, 2012).
Apesar do papel ativo de mulheres dentro do contexto de construção
de um ambiente pacífico, havia apenas duas mulheres envolvidas no acordo
de paz. Apesar de seus papeis secundários, suas presenças asseguraram a
reflexão de problemas de gênero dentro do acordo final. A falta de mulheres
em processos formais de tomada de decisão, bem como a persistência de
problemas relativos à violência sexual e de gênero são razões para que Serra
Leoa tenha sido elegida para implementar nacionalmente a UNSCR1325 e
1820 como formas de planos de ação (PEACE WOMEN, 2012).
O Plano de Ação Nacional em Serra Leoa inclui cinco pilares
correlacionados à UNSCR1325 e 1820: prevenção de conflitos, incluindo a
violência contra mulheres e crianças; proteção, empoderamento de vítimas e
pessoas vulneráveis, especialmente mulheres e meninas; perseguição e
punição dos perpetuadores de violência para salvaguardar os Direitos
Humanos de proteção das mulheres e meninas durante e depois da resolução
de conflitos; participação e representação de mulheres; promover a
coordenação do processo de implementação, incluindo mobilização para
captação de recursos, monitoramento e avaliação do Plano de Ação Nacional
(PEACE WOMEN, 2012).
3.37. Síria
A história recente da Síria é permeada de conflitos. O mais recente
deles, que começou em 2011 e perdura até hoje deixou e ainda deixa marcas
permanentes na sociedade, e especialmente profundas nas mulheres. Três
quartos dos refugiados sírios nos campos da Jordânia são mulheres e crianças
(OSMAN, 2014).
Durante os conflitos, as mulheres, especificamente, eram alvos de
violência, tanto por parte das tropas do governo quanto por grupos
insurgentes. Elas eram usadas como escudo humano e eram alvo
preferenciais de snipers, além das prisões arbitrarias, desaparecimentos
forçados e torturas (especialmente sexualizadas) (BBC, 2013). Um relatório
publicado em 2013 pela Euro-Mediterranean Human Rights Network indica
que as mulheres eram sequestradas, tanto pelas tropas do governo e aliados,
quanto por grupos opositores, para serem trocadas por outros prisioneiros ou
para dissuadir seus familiares de continuarem lutando (THE DAILY STAR,
2013). Foi relatado ainda o uso do estupro como arma de guerra contra
mulheres e meninas (THE DAILY STAR, 2013), principalmente pelas tropas do
governo sírio e aliados, e especialmente em centros de detenção, checkpoints,
instituições governamentais (JACKSON, 2013), fato especialmente recorrente
quando o conflito envolve grupos insurgentes que dependem do apoio da
população para sua mobilização e sustento (JACKSON, 2013)
No “pós-conflito” (considerando que o conflito ainda não terminou por
completo, nem as negociações de paz demonstram avanço), as mulheres
enfrentam exclusão política. Como observa Hibaaq Osman (2014), a única
coisa que todas as delegações na Conferência de Genebra têm em comum, seja
governamental, oposicionista ou da própria ONU, é a total ausência de
mulheres. Apesar de buscarem representação e se reunirem em esferas
nacionais de discussão de uma transição pacifica (como o Syrian Women's
Forum For Peace), a nível internacional a representação feminina no que é
considerado o melhor (e único) caminho para uma transição pacifica é nula
(OSMAN, 2014).
3.38. Sudão
Sudão é um dos países africados com tradicionais problemas na questão
de gênero, desde sua independência em 1956, sendo a desigualdade da
educação a mais flagrante e persistente entre homens e mulheres. (SHAMI,
1990). O Sudão é, ainda, conhecido por ser uma das poucas nações não
signatárias da Convenção para Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher de 1979 da ONU. Além disso, o país é vítima
de crítica de várias organizações internacionais pelo ritual de mutilação da
genital feminina. (ALMROTH-BERGGREN, 2001).
Desde 2003 o Sudão enfrenta o confronto de Darfur, entre as etnias
dessa região do oeste do país. O confronto agrava a violência baseada em
gênero, situação já bem delicada no Sudão. Em 2010, a organização pelos
direitos humanos Physicians for Human Rights promoveu uma agenda para o
suporte de meninas e mulheres na região da Darfur. Além de conferir ao
governo sudanês o dever se proteger as mulheres e meninas, de dar
assistência médica e psicológica às vítimas de violência, de garantir o acesso à
educação, a proposta da organização também confere ao governo dos Estados
Unidos um papel importante de doador de fundos, de ajuda humanitária e de
planejamento de programas eficientes sobre a igualdade de gênero (PHR,
2010).
3.39. Tunísia
A República da Tunísia viveu recentemente um período de revoltas
populares, também chamado Revolução de Jasmim, no qual o presidente Zine
El Abidine Ben Ali foi deposto. O país encontra-se em crise socioeconômica
desde então. Durante a revolução, as mulheres participaram ativamente na
organização e na realização de protestos, chamando atenção para o papel da
mulher na sociedade democrática tunisiana que os revolucionários desejavam
formar (CHARRAD; ZARRUGH, 2013).
A Constituição aprovada em 2014 foi elaborada por três meses e
encontrava-se em impasse devido à insistência do partido islâmico Ennahada
em eliminar as referências à lei Islâmica do texto proposto. A nova
Constituição estabelece o Islamismo como religião oficial do estado, mas
possui elementos seculares como a promoção da igualdade de gênero. Certo
avanço foi feito nessa área, pois o rascunho da Constituição inicialmente
proposto definia os papeis de gênero como complementares em vez de iguais
(RASCUNHO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DA TUNÍSIA, 2012).
O país é formado por maioria islâmica e, enquanto signatário da
CEDAW, possui reservas quanto aos artigos que possam ser contrários à lei
religiosa islâmica. Não possuem um plano de ação para implementação da
Resolução 1325. A legislação, o governo e a democracia do país são recentes e
ainda devem passar por uma série de adaptações, porém, em 2011, o governo
aprovou uma lei que exige que os partidos políticos possuam paridade
numérica de gênero em sua lista de candidatos eleitorais. Além disso, o país
inaugurou em 2012 um abrigo para vítimas de violência doméstica em Túnis e
um canal de denúncias de violência sexual. O progresso na questão de gênero
do país é evidente, embora ainda existam barreiras culturais e religiosas que
prejudiquem a igualdade entre homens e mulheres em processos civis e
judiciários e no mercado de trabalho (U.S DEPARTMENT OF STATE, 2013).
3.40. Uruguai O governo uruguaio ainda não adotou um plano de ação e, da mesma
forma, não possui uma estratégia para equiparação de oportunidades no que
diz respeito à potencialização da presença da mulher no país (U.S.
DEPARTAMENT OF STATE, 2010).
A violência contra a mulher é corrente no Uruguai. Em 2007, o
governo reportou que, aproximadamente, de nove em nove dias, uma mulher
morre vítima de violência doméstica (CEDAW, 2007, p. 9). Em 2009, o
Ministério do Interior reportou 13.712 casos de violência doméstica durante
aquele ano – um aumento de 10% de comparado ao ano anterior (U.S.
DEPARTAMENT OF STATE, 2010). De acordo com o mesmo ministério,
estatísticas apontam para um número de 302 casos de estupro durante 2009.
Somado ao que fora supramencionado, o Departamento de Estado dos
EUA argumenta que as mulheres uruguaias continuam subrrepresentadas no
que concerne ao processo de tomada de decisões – o que impede o
protagonismo de mulheres em questões de alta relevância (U.S.
DEPARTAMENT OF STATE).
4. Tabela de Tratados e Planos de Ação Nacional – UNESCO (SiNUS 2014)
Países Principais Tratados
Convention on The Elimination of All Forms
of Discrimination Against Women (CEDAW)
National Action Plan for the Implementation of UN Security
Council Resolution 1325 on Women, Peace, and Security
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Fonte: Women Watch. Disponível em: <http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/protocol/sigop.htm>
5. Principais questões que a resolução deve responder:
1. De que forma mulheres e meninas são direta e/ou indiretamente
afetadas em situações de conflito, pós-conflito e desastres?
2. Como a UNESCO, e o sistema ONU de modo geral, podem auxiliar na
resolução de conflitos que se tecem acerca da problemática de gênero?
3. De que maneira o reconhecimento da mulher como um ator central no
processo de peacebuilding e peacekeeping pode contribuir para a
mitigação de situações hostis?
4. Quais são os riscos e consequências infligidos às mulheres e meninas
em meio a situações conflitantes?
5. Os tratados e planos de ação nacionais, firmados até então, referentes
ao empoderamento e proteção dos direitos da mulher (Convention on
The Elimination of All Forms of Descrimination Against Women –
CEDAW – e outros) têm surtido efeito a curto e a longo prazo? O que
deve ser realizado para que tais mecanismos de promoção de equidade
entre se tornem mais eficazes?
6. Qual a relevância de se ter uma base legal interna consolidada que
regule a questão da vitimização de mulheres em situações de conflito?
De que maneira isso ajudaria a pensar soluções para o
desencadeamento de desastres, até mesmo quando este for abordado
em âmbito internacional?
7. Qual a importância das ONGs, organismos regionais e internacionais
quando se fala em prevenção, punição e proteção das vítimas?
RDC Reino Unido Rússia Serra Leoa Síria Sudão Tunísia Uruguai
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8. Como obter maiores resultados e o compromisso dos países membros da ONU
para com questões ligadas à preocupação em relação a atos de violência e
discriminação cometidos contra meninas e mulheres?
9. Até que ponto a questão da desigualdade de gênero está relacionada à
maior vulnerabilidade de mulheres e meninas em conflitos armados?
6. Referências
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