n.38 ediÇÃo gratuita 03.2019 . trimestral · prof. doutor arlindo cunha, ex-ministro da...

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N.38 EDIÇÃO GRATUITA 03.2019 . TRIMESTRAL

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N.38 E D I Ç Ã O G R AT U I TA03.2019 . TRIMESTRAL

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REVISTA AGROS Nº38 . 3

Editorial

As origens da AGROS remontam ao ano de 1949. Foi a 11 de abril que 3 Coo-

perativas Agrícolas (Cooperativa de Vila do Conde, Cooperativa da Póvoa de Varzim e a Cooperativa de Ribeira do Neiva, atual-mente, Cooperativa de Barcelos) deram início a uma longa caminhada pela defesa do setor leiteiro. Na altura, o leite que era produzido nem sempre era adquirido pela indústria, era pago ao menor preço possí-vel e ainda retardavam, ou não pagavam, ao Produtor. Pretendia-se com a criação desta União de Cooperativas que houves-se uma maior estabilidade e maior rendi-mento para os Produtores de Leite. Penso que nem no sonho mais otimista e visio-nário, imaginariam o quão bem estavam a fazer e, o quanto a génese da AGROS, iria transformar e revolucionar toda a fileira leiteira.Vários foram os desafios, rumos e suces-sos, nesta viagem que já conta com 7 dé-cadas de existência e de longevidade. Mui-tos foram os ventos, ora favoráveis, ora contrários, mas a prossecução pela quali-dade e pela excelência da nossa matéria--prima, o LEITE. Sempre foi o nosso foco, e por isso, tornou-se no nosso maior trunfo e no maior orgulho de todos.Todos sabemos os momentos difíceis que passamos, nos últimos anos, na Organiza-ção e no setor – e ao nível da conjuntura externa, foram várias as alterações signifi-cativas que aconteceram dentro e fora da UE (União Europeia) e que tiveram conse-quências diretas no nosso setor leiteiro. Tenho que particularizar o fim das quotas leiteiras em 2015 (regime este regrado durante 30 anos pela União Europeia), e a consequente abertura total e drástica a um mercado global, acompanhada sim-plesmente por um recém-criado Obser-vatório do Leite sem qualquer poder de atuação. Se já esperávamos que o impac-to desta medida cá fosse enorme? Penso que ninguém tinha dúvidas. Para tentarem minimizar este impacto, acrescentaram a obrigatoriedade da contratualização de compra e venda de leite, mas que incrí-vel e indescritivelmente não acompanhou toda a cadeia de valor. Ou seja, ficamos à mercê do poder instalado da Distribuição; e a este nível, pouco ou nada foi feito pelas Entidades Oficiais, para que este setor que tanto acrescenta à economia nacional, fos-se minimamente salvaguardado. O impac-to já se esperava excessivo, mas foi de tal

70º Aniversário da AGROS

JOSÉ CAPELAPRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AGROS

ordem desmesurado, que continuamos a implementar medidas que acalmem e de-volvam a este setor o valor que merece. O valor que é alimentar Portugal, de forma autossuficiente, com um alimento portu-guês de extrema qualidade.Mas nós somos persistentes, somos Ho-mens da Terra, e todos nós somos parte ativa na trajetória deste futuro que muda a cada dia, cada vez mais volátil, incerto, ambíguo e complexo. Por mais adversida-des que possam surgir, a nossa história é a nossa inspiração, e a identidade AGROS e por conseguinte, do Grupo AGROS, leva-nos a trabalhar incessantemente, de forma resiliente e de mangas arregaçadas, para construirmos juntos um futuro melhor em defesa da Produção de Leite: esta é a razão da existência da AGROS, e pela qual, todos temos dado o litro!A todos, sem exceção, que se cruzaram neste trajeto, que operacionalizaram es-tratégias e que fizeram e fazem desta Or-ganização com 70 anos aquilo que é hoje, uma instituição credível, respeitada, de vanguarda e com voz ativa na defesa e afir-mação do, e pelo setor; em nome da Ad-ministração que dirijo, reconheço e agra-deço, o seu contributo. A todos os atuais Produtores de Leite AGROS, Órgãos Sociais da AGROS e das empresas do Grupo, Ór-gãos Sociais das Cooperativas Associadas, respetivos Colaboradores, Estruturas Or-ganizativas e Associativas do setor que es-tiveram e estão ao lado da Família AGROS, a todos que já se reformaram, a todos os que infelizmente já não se encontram en-tre nós – a todos, o nosso Agradecimento. Todos foram, e são, extremamente impor-tantes nesta nossa caminhada conjunta para a continuidade da missão da AGROS.Assim, o futuro promissor, de coragem e de ousadia da AGROS e das gerações vin-douras está nas nossas mãos, nas mãos de todos, englobando esforços, valores, coragens e atitudes. Para isso, a coopera-ção, o sentimento de pertença e a união entre todos deve ser, agora e mais do que nunca, o apanágio da nossa determinante atuação, pois o valor que esta Organização ocupa no setor e na vida de milhares de famílias é incontestável, o que muito nos responsabiliza e tanto nos orgulha. Contamos com todos na Família AGROS para continuarmos a fazer acontecer!Sermos União é a nossa maior força!Um bem haja!

Muitos foram os ventos, ora favoráveis, ora contrários, mas a prossecução pela qualidade e pela excelência da nossa matéria-prima, o LEITE. Sempre foi o nosso foco, e por isso, tornou-se no nosso maior trunfo e no maior orgulho de todos.

Ficha TécnicaPROPRIEDADE E EDITORAAGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L.

SEDERua Cidade da Póvoa de Varzim, 554490-295 Argivai - Póvoa de VarzimTel. 252 241 000Fax. 252 241 009E-mail: [email protected] | Url: www.agros.pt

DIRETORJosé Fernando Martins Capela

PRODUÇÃO E COORDENAÇÃOServiço de Marketing

SEDE DE REDAÇÃORua Cidade da Póvoa de Varzim, 554490-295 Argivai - Póvoa de Varzim

N.º DE CONTRIBUINTE500291950

DEPÓSITO LEGAL295758/09

ISSN1647-3264

REGISTO NA ERC125612

ESTATUTO EDITORIALwww.agros.pt/revista-agros-estatuto-editorial

DESIGN E COMPOSIÇÃO GRÁFICAServiço de Eventos e Gestão de Espaços

IMPRESSÃO GRÁFICASersilito - Empresa Gráfica, Lda.Travessa Sá e Melo, 209Apartado 1208, Gueifães 4471 Maia

TIRAGEM2200 exemplares

PERIODICIDADEN.38 -Trimestral

FOTOSAGROS, U.C.R.L.; iStockPhoto;Shutterstock; Freepik

Consulte a Revista em PDF

Os textos publicados nesta edição são da responsabilidade dos respetivos autores.

Índice03 Editorial

70º Aniversário da AGROS

05 DestaquePorquê o nosso leite?

06 AGROS - Especial Aniversário70 Anos AGROS - Mensagens de Aniversário

08 AGROS - Especial AniversárioAs Cooperativas Fundadoras

11 AGROS - Especial AniversárioEntrevista ao colaborador mais antigo da AGROS U.C.R.L.

12 AGROS - Especial Aniversário70 anos AGROS

20 AGROS - Especial AniversárioCerimónia Comemorativa do 70.º Aniversário da AGROS, U.C.R.L.

24 Artigo TécnicoQue destino dar aos resíduos dos medicamentos veterinários e produtos de uso veterinário produzidos nas explorações pecuárias?

26 Agros Comercial - Grupo AGROSHenrique Reis Martins da Silva

28 Artigo TécnicoEstatuto do Jovem Empresário Rural está regulamentado

30 Artigo TécnicoA importância do sono em vacas leiteiras

32 Artigo TécnicoCondutores de tratores obrigados a formação a partir de 2021

34 Artigo TécnicoA utilização de inoculantes na ensilagem das forragens

38 Artigo LeiteProdutos sem glúten e sem lactose cada vez mais procurados, mas Nutricionistas alertam para riscos

40 Acontecimentos

44 Espaço LúdicoSabores da Nossa TerraSudoku

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REVISTA AGROS Nº38 . 5

PORQUÊ O NOSSO LEITE?TEXTO: AGROS

O que significa sermos uma União de Cooperativas de Produtores de Leite?Somos o rosto de 44 Cooperativas e de 1.049 Produtores de Leite. Em sua representação gerimos e operamos um processo de recolha ao longo das 24h do dia, 365 dias por ano e que se traduz em 526 milhões de litros de Leite recolhidos anualmente.

Para onde vão os benefícios da nossa atividade?A passagem de valor da AGROS à Produção de Leite (Cooperativas Associadas, Produtores de Leite e suas Fa-mílias) foi, em 2018, de 171.1 milhões de euros, quer di-retamente por via do pagamento do Leite, quer através da comparticipação em serviços de apoio à Produção, como o Programa de Qualidade do Leite, Bovicontrol e o Serviço de Contraste Leiteiro, que representam um incontestável apoio à melhoria da qualidade da maté-ria-prima, o que consequentemente, proporcionará um retorno pela valorização do Leite entregue.

De que forma contribuímos para a defesa da Economia Local e Familiar?A defesa da Economia Local e Familiar decorre de sermos uma empresa regional, que recolhe cerca de 80 % da Produção Leiteira da Região de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes e que, mensalmente, transfere cerca de 14.2 milhões de euros na economia local.

Quais são os benefícios de consumir Leite de uma União de Cooperativas de Produtores de Leite?Uma vez que só recolhemos Leite nos Produtores as-sociados das nossas Cooperativas membro, situadas na Região de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes, co-nhecemos de perto a família que está por trás de cada exploração agrícola, o seu trabalho, os cuidados que tem com a criação dos animais, o seu bem-estar e a forma como o Leite é ordenhado e conservado em perfeitas condições de higiene e refrigeração.Podemos assim, disponibilizar aos consumidores uma Matéria-prima de excelência.Somos líderes nacionais na Qualidade, Rastreabilidade e na Recolha de Leite.

Como asseguramos que o nosso Leite é da mais alta qualidade?Antes de mais porque analisamos, diariamente, em Laboratório Acreditado e Independente, 100% do leite recolhido em cada exploração, detetan-do assim qualquer problema que possa existir, desencadeando de imediato a atuação dos nossos serviços de Apoio Técnico à Produção, com vista à sua resolução. Porque rejeita-

mos qualquer Leite que chegue à unidade fabril e não cumpra os requisitos de admissibilidade e legais. To-dos os nossos Produtores de Leite têm acesso diário aos resultados dessas análises e recebem alertas se algum parâmetro sair do nosso standard, que é mais restrito que os limites da própria lei.Através do Programa de Qualidade do Leite e Bovicontrol da SEGALAB, procuramos aumentar a produtividade das explorações dos Produtores ade-rentes, assim como, obter níveis progressivamente melhores de saúde para os bovinos leiteiros.O Serviço de Contraste Leiteiro, da responsabilidade da ABLN, promove a avaliação da quanti-dade e qualidade do Leite pro-duzido por cada uma das fêmeas de uma exploração no decurso das suas lactações, disponibilizando, assim, os elementos necessários à avaliação do património genético dos animais e à sua melhoria continua ao longo das gerações. Em suma, quando afirmamos que somos líderes, estamos alicer-çados em análises e dados reais.

Como garantimos os interesses dos Produtores de Leite das Cooperativas Associadas?Por sermos uma União de Cooperativas de Produtores de Leite, os nossos Órgãos Sociais - Conselho de Administra-ção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal são compostos apenas por Produtores, 11 na totalidade e que são elei-tos por um processo democrático. Nesse processo, estão presentes 129 delegados das Cooperativas Associadas, cada um com direito a um voto.

“Quando afirmamos que somos líderes, estamos alicerçados em análises e dados reais.”

Destaque

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70 ANOS AGROS Mensagens de Aniversário

A AGROS é, desde há 70 anos, coesão social, dinamismo territorial, vitalidade económica. Por isso, mais que do passado, a AGROS é do futuro!Eng.º Aires Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.

A AGROS constitui um exemplo perfeito de resiliência da agricultura portuguesa: a capacidade de saber adaptar-se com sucesso de uma agricultura tradicional, minifundiária e de mercado fechado, para uma economia empresarial e tecnológica, capaz de competir no mercado global. E tudo isto em menos de duas gerações.Prof. Doutor Arlindo Cunha, Ex-Ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação.

A fundação da AGROS teve origem no movimento encetado pelos Produtores de Leite, nas regiões de Entre Douro e Minho e da Beira Litoral, entre os anos de 1924 e 1944, em defesa dos seus interesses e em conflito com as empresas a quem se destinava a matéria-prima.Ontem, como hoje, nunca se acomodando à situação, fizeram incalculáveis sacrifícios, não regateando esforços para atingir a realidade do patamar económico-social onde atualmente se encontram – organização, Produtores e famílias. Neste momento, é justo não esquecer esses homens e essas mulheres anónimas, que na altura se arrojaram e tanto lutaram para sobreviver. Façamos do seu, o nosso exemplo.Comendador Casimiro de Almeida, Presidente do Conselho de Administração da LACTOGAL.

Em 1949, quando nasceu a AGROS, talvez muitos não fossem capazes de prever que a mesma se tornaria numa União de Cooperativas com a extraordinária dimensão económica e social que tem nos dias de hoje. Fundada e profundamente ligada a Vila do Conde, a AGROS é reconhecida pelos Vilacondenses de todo o concelho, pelo que, em nome deles, aqui deixo as minhas sinceras felicitações a todos quantos, ao longo de 70 anos, a ajudaram a crescer e a atingir um patamar de excelência no universo nacional e internacional.Dr.ª Elisa Ferraz, Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde.

A história e o percurso da AGROS nos seus 70 anos são expressões maiores da capacidade dos seus Membros e dos Valores do Cooperativismo.Eng.º Fernando Cardoso, Secretário-Geral da FENALAC - Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, F.C.R.L.

No decorrer dos 70 anos de existência da AGROS, foram diversas as entidades que acompanharam e participaram neste percurso. Aqui ficam algumas das mensagens de aniversário que marcam esta celebração:

AGROS - Especial Aniversário

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A Cooperativa AGROS foi pioneira em Portugal no desenvolvimento do setor leiteiro. A partir dos anos 50 do séc. XX contribuiu de forma eficaz no acelerado desenvolvimento do setor na região de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes desafiando outras regiões do País a seguirem--lhes o exemplo. Ao serviço de mais de mil Produtores e recolhendo mais de 500 milhões de litros anuais, a AGROS veio ajudar à mudança de uma agricultura individualista, e por isso pobre, para uma agricultura cooperativa e organizada, e por isso mesmo, mais forte e mais rica.Prof. Doutor Francisco Carvalho Guerra, Presidente do Instituto de Desenvolvi-mento Agrário da Região Norte (IDARN).

A AGROS comemora neste ano de 2019, os setenta anos de existência, que estão indelevelmente ligados à viabilização da produção de leite no nosso País.Agora sob a liderança do Sr. José Capela, é hoje referência única a nível nacional, sob que prisma se queira analisar a Agricultura portuguesa. Por isso, considero a AGROS como um baluarte histórico e único, que coloca o Setor Cooperativo Agrícola num patamar superior. Parabéns pelo 70º aniversário.

Eng.º Francisco Silva, Secretário-Geral da CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, C.C.R.L.

A AGROS representa uma organização exemplar, que tem vindo a desempenhar um papel profícuo em prol e na defesa do setor. É com orgulho que me associo e homenageio estes 70 anos de longevidade, como modelo de Cooperação e União.Eng.º Joaquim Barreto, Presidente da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República.

A comemoração dos 70 anos de vida da AGROS assinala um marco indelével de uma Organização que honra e prestigia a fileira leiteira nacional. São sete décadas de trabalho intenso, de excelência e dedicação assentes num compromisso permanente de defesa e luta de um setor tão importante para a agricultura nacional e milhares de famílias que dele dependem. Muito nos honra poder afirmar que o espírito de cooperação entre a AGROS e a organização que represento, a Lacticoop, sempre prevaleceu e que, juntamente com a Proleite, fomos capazes de unir forças e fortalecer o setor cooperativo quando criámos a Lactogal. Parabéns AGROS! É tempo para celebrar que juntos somos mais fortes! Sr. Joaquim Cardoso, Presidente da Direção da LACTICOOP - União de Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Mondego U.C.R.L.

A Proleite felicita a sua congénere AGROS pelos seus 70 anos de trabalho e sucesso, desejando as maiores felicidades na prossecução do ideal Cooperativo.Comendador Manuel dos Santos Gomes, Presidente do Conselho de Administração da PROLEITE – Cooperativa Agrícola de Produtores de Leite, C.R.L.

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AGROS - Especial Aniversário

As Cooperativas Fundadoras

“Fomos passado, somos presente, e seremos sempre parte da solução de um futuro de enormes desafios para o setor cooperativo, centrado num alimento tão precioso: o LEITE.”

Neste momento de aniversário importa recordar a criação da Cooperativa Agrícola e Lacticínios de Ribeira do Neiva – uma das mais antigas do país-, com sede em Aldreu, em 1931 (mais tarde denominada Cooperativa Agrícola de Barcelos), que abrangia os concelhos de Barcelos, Esposende e Viana do Castelo, a fundação da Cooperativa Agrícola Leiteira da Póvoa de Varzim, SCAAL em 1948 e da Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho de Vila do Conde, SCAARL, constituída em 25 de setembro de 1948, como sinais precursores da organização da produção e desenvolvimento do setor do leite no Norte de Portugal. Era necessário para fazer face à desorganização e descoordenação reinante no setor. A produção de leite era limitada e os seu escoamento fortuito. Assim, em 1949 estas três Cooperativas, número mínimo para a criação de uma União de Cooperativas, avançaram para a compra de uma fábrica de laticínios – a Lacticínia do Ave. A sua história está intimamente ligada à génese da AGROS – União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, U.C.R.L. Nesta data, a atual Direção das Cooperativas Fundadores quiseram deixar a sua mensagem comemorativa.

BARCELOS

É com muito gosto que nos vimos associar à comemoração dos 70 anos da AGROS, União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes. E como recordar é viver, trazemos aqui um pouco da história da Cooperativa Agrícola de Barcelos. Esta, teve a sua génese no ano de 1931, com o nascimento da então denominada Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Ribeira do Neiva, com sede na freguesia de Aldreu, do concelho de Barcelos.Nesse ano, um punhado de agricultores, resolveu

DA ESQUERDA PARA A DIREITA Eng.º José Júlio Faria da Costa – Presidente da Direção da Cooperativa Agrícola de Barcelos; Sr. José Moreira Campos – Presidente da Direção da Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho da Póvoa de Varzim; Sr. António Rodrigues Balazeiro – Presidente da Direção da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde.Junto das Oliveiras representativas das três Cooperativas fundadoras da AGROS.

constituir a Cooperativa, tendo como área social as freguesias de Aldreu, Fragoso, Palme e Tregosa do concelho de Barcelos, as freguesias de Forjães, Vila Chã e Curvos do concelho de Esposende e do concelho de Viana do Castelo as freguesias de Alvarães, Vila de

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Punhe e Barroselas, antiga “Capareiros”, com uma produção média de 1.000 litros de leite por vaca/ano. A produção efetiva começou em fevereiro de 1932, com um total de leite produzido de 85.016 litros nesse ano, de todos os produtores. Um facto relevante e que não deve ser esquecido, é que esta Cooperativa, chegou a produzir e comercializar manteiga, para além da venda de leite em natureza. Se nos lembrarmos que no início o leite era produzido com a ordenha feita manualmente, transportado em bilhas e cântaros, a pé ou em veículos puxados por animais, é fácil imaginarmos as condições de produção e o caminho entretanto percorrido.Desde essa data muitos factos se passaram, sendo de relevar a contribuição desta Cooperativa no nascimento da União de Cooperativas do Litoral Norte - AGROS, com sede em Vila do Conde, a 3 de abril de 1949, em conjunto com a Cooperativa Agrícola da Póvoa de Varzim e a Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, tendo em vista a comercialização e

valorização do leite produzido pelos agricultores.Apenas em 1975, com a alteração dos estatutos da Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Ribeira do Neiva, que eram os mais antigos do país, a denominação desta, deu lugar à atual Cooperativa Agrícola de Barcelos (antigo Grémio da Lavoura de Barcelos), com a área social correspondente à totalidade da área deste concelho.Atualmente, a Cooperativa Agrícola de Barcelos tem cerca de 300 Produtores de Leite, (4.500 produtores em 1983) e comercializa cerca de 150.000.000 litros de leite por ano. Somos o concelho com maior produção de leite e a maior Cooperativa Agrícola polivalente do país, com um volume de negócios na ordem dos 76 milhões de euros, no ano de 2018.Não podemos deixar de relevar aqui a dedicação de todos aqueles que, ao longo dos tempos, contribuíram através do seu saber e dedicação, para o desenvolvimento deste projeto, extremamente importante no tecido económico e social do concelho de Barcelos. Construíram os Dirigentes, Associados e Colaboradores desta Cooperativa ao longo dos anos, um património de que muito nos orgulhamos.Porque sentimos todos os dias a vida a pulsar, no caminho da excelência da produção de leite e, não só, planeamos o futuro com afinco e dedicação.Fomos passado, somos presente, e seremos sempre parte da solução de um FUTURO de enormes desafios para o setor cooperativo, centrado num alimento tão precioso: o LEITE. Tudo isto, sem esquecer outras oportunidades e caminhos que surjam e possam ser aproveitados.Parabéns a uma Instituição, que deve sempre perseguir o objetivo primeiro para que foi criada: “SERVIR OS PRODUTORES DE LEITE”.

PÓVOA DE VARZIMParabéns AGROS por este septuagésimo aniversário. É com enorme satisfação que como Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa da Póvoa de Varzim, uma das fundadoras da AGROS, presencio e participo nas felicitações por esta nobre data comemorativa.Comemorar 70 anos leva-nos a relembrar datas, pessoas e obras.A 1 de outubro de 1948 nasce a Cooperativa Agrícola Leiteira da Póvoa de Varzim e, meses depois, a 11 de fevereiro de 1949, em conjunto com a Cooperativa de Vila do Conde e a Cooperativa de Ribeira do Neiva, hoje Cooperativa de Barcelos, dá-se origem à AGROS- União de Cooperativas. Três Cooperativas com pessoas de visão, de futuro, ou não tivessem já passado 70 anos desde a sua fundação.Pessoas como o José Francisco Arteiro, Serafim Alves Maia e Sá e José Bernardino Gonçalves de Sá, efetivos pelas Cooperativas da Póvoa de Varzim, Vila do Conde e Aldreu respetivamente, fizeram com que a história da produção de leite a partir daí não fosse a mesma na região, pois o leite que até então se produzira na zona

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mais próxima à linha férrea Porto-Póvoa e Famalicão-Póvoa, se alargasse até outras zonas nomeadamente de Barcelos, e à posteriori a todo o Douro Litoral, Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro.Num processo de alargamento e crescimento da produção leiteira, gostaria de relembrar o poveiro João dos Anjos Lopes, mais conhecido por Sr. Lopes, Gerente da AGROS durante muitos anos. Este Senhor de Amorim foi o grande impulsionador das salas coletivas por toda a região, fazendo com que a produção de leite crescesse, criando postos de trabalho, riqueza e dando vida às aldeias do Douro a Valença, e de Melgaço ao Mogadouro, deixando saudade a todos aqueles que com ele conviveram e por ele foram ajudados.Nestes longos anos, lembro todos os membros Poveiros que passaram pelas Direções e Corpos Sociais e que contribuíram para que a empresa alcançasse um estatuto difícil de equiparar no setor agrícola. Sempre nos orgulhamos de fazer parte desta empresa, líder tanto nos produtos com seu rótulo, como na qualidade dos seus produtores.Quero também lembrar a importante figura que foi o Comendador Fernando Mendonça como Presidente da AGROS, com uma personalidade muito forte, e que fez com que o nome desta União de Cooperativas, no seu tempo obtivesse um estatuto enorme no setor agrícola do país e no setor dos laticínios, com o peso dos 33.000 produtores que fizeram com que tivesse uma força política inegável, com obtenção de visibilidade e reconhecimento. Lembremo-nos do quanto fez pela AGROS, pelas Cooperativas e pelo setor agropecuário.Todos os condicionalismos da produção de leite neste mundo de consumismo e de lóbi contra o leite, aumentam a responsabilidade da AGROS neste momento, e lhe é reconhecido o valor de regulador de mercado conquistado ao longo dos anos. Estou convencido que este legado conquistado nos dá força e levará a festejar muitos e longos aniversários.Um bem-haja de felicitações por este septuagésimo aniversário aos Produtores de Leite, Colaboradores e Dirigentes da AGROS.AGROS é “família”!

VILA DO CONDECorria o ano de 1948. Os tempos eram difíceis para os Agricultores e Produtores de Leite vilacondenses, mais ainda porque viam sob grande ameaça esta importante fonte dos seus rendimentos. Na verdade, a “Lacticínia do Ave, Lda.”, para onde muitos vendiam o seu leite, abrira falência e corria o rumor de que uma sua congénere de Vale de Cambra, a “Martins & Rebelo”, que já efetuava recolhas neste concelho, se aprestava

para adquirir a empresa falida. O que, a verificar-se, significaria que os Produtores de Leite ficariam sujeitos aos preços de uma única empresa recoletora, mais baixos, obviamente.O movimento cooperativo ganha aqui adeptos e surge a ideia de formar uma Cooperativa em Vila do Conde e outra na vizinha Póvoa de Varzim, a fim de, juntamente com uma outra já existente no concelho de Barcelos (a Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Ribeira do Neiva) formarem uma União de Cooperativas. O objetivo era a compra da “Lacticínia do Ave, Lda.” que funcionaria em regime cooperativo na recolha, comercialização e transformação do leite produzido na área das referidas cooperativas. Postas as mãos à obra, constituiu-se, finalmente, a Cooperativa a 25 de setembro de 1948, que adota a denominação “Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho de Vila do Conde”.Constituída a Cooperativa, era necessário efetivar o seu objetivo principal: comprar a “Lacticínia do Ave, Lda.”, que, como se disse, estava em situação de falência.A autorização para a compra foi deliberada em reunião da Assembleia Geral da Cooperativa de 21 de março de 1949, tendo sido feita a escritura pública de compra e venda menos de um mês após, a 7 de abril.Quatro dias depois, a 11 de abril, as Cooperativas Agrícolas de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Ribeira de Neiva constituem, por escritura pública, a União das Cooperativas dos Produtores de Leite do Norte Litoral, a qual, alargando-se a outras Cooperativas, viria a dar origem, anos depois, à AGROS – União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre o Douro e Minho, U.C.R.L., mais tarde alargada a cooperativas de Trás-os-Montes.Ou seja, a AGROS nasceu da necessidade de encontrar soluções para os Produtores de Leite de vaca compe-tindo-lhe assegurar o funcionamento em regime coo-perativo da recolha, comercialização e transformação do leite produzido. Com a fusão da AGROS, PROLEITE E LACTICOOP, a comercialização e transformação do leite passaram para a esfera da LACTOGAL.É necessário que a AGROS não perca de vista o fundamento que esteve na base da sua constituição e que envide todos os esforços no apoio aos Produtores e à respetiva valorização do leite, não desviando a sua conduta para outras áreas de atuação.Também, é importante uma maior proximidade junto dos Produtores para que, todos juntos, consigamos ultrapassar as adversidades futuras, capitalizando-se as sinergias da União.Neste septuagésimo aniversário da AGROS queria deixar o meu agradecimento público aos Órgãos Sociais em funções, bem como a todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento do setor e das respetivas Organizações Cooperativas, em particular da AGROS.

“É importante uma maior proximidade junto dos Produtores para que, todos, juntos consigamos ultrapassar as adversidades futuras, capitalizando-se as sinergias da União.”

“Todos os condicionalismos da produção de leite neste mundo de consumismo e de lóbi contra o leite, aumentam a responsabilidade da AGROS neste momento, e lhe é reconhecido o valor de regulador de mercado conquistado ao longo dos anos.”

AGROS - Especial Aniversário

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É nosso colaborador desde 1972. Qual o contexto que marca o início da sua atividade na AGROS?Trabalhava nas obras, nuns prédios na Póvoa de Varzim, mas não queria continuar. Antes de ir para casa, passei pela AGROS e falei com o Sr. Moreira, que me perguntou se queria trabalhar. Disse-lhe que queria e ele deu-me a “volta” da Póvoa. Queria que come-çasse logo naquela tarde, mas respondi que não (risos). Disse-lhe “Vou agora para casa e começo amanhã”. Comecei logo no dia seguinte à uma da tarde, a distribuir leite de saco pela Póvoa. Mas não andei muito tempo, perceberam que era reguila e passados 2 meses mandaram-me para o Porto. Fui fazer o mesmo serviço e andei lá 7 anos seguidos. Durante esse período, ainda parti uma perna em Agosto de 1975 e em Outubro fui logo trabalhar! Continuei mais uns anos até fazer os 7.Depois abriu uma volta em Vila Real e mudei para essa, onde an-dei 13 anos. Bastante tempo, ninguém conhecia aquilo como eu. Eu era ajudante nessa altura, mas essa função ia acabar. Por isso, tirei a carta em 1992 e a de pesados em 1996 para poder ser motorista. E é desde aí até aos dias de hoje, que continuo com essa função. São 23 anos enquanto motorista na recolha do leite, que é o nosso principal serviço. E fui alternando tam-bém com o apoio às avarias e o apoio a outros colegas; estou sempre ponto a ajudá-los! Eles próprios me dizem “Sr. Novo, se não fosse você às vezes...” e eu estou sempre pronto a ajudar, não me custa.

Como descreve o seu percurso dentro desta organização?Fui fazendo sempre coisas diferentes e estive sempre satisfeito. Trabalho aqui há 47 anos e nunca tive nada a apontar. Tenho apanhado alguns sustos (risos), mas tudo coisas mínimas. Como em tudo na vida tive altos e baixos, mas sempre estive satisfeito por trabalhar aqui.

Quais os episódios, ou momentos, que gostaria de destacar ao longo de todos estes anos?Ah, isso há tantos! Às vezes pregam-me sustos nas salas (risos). Ainda não vai há muitos anos, entrei com o camião numa sala e saí para ver a litragem e programar o arranque. Acabo de

programar, viro-me e ao mesmo tempo vejo uma cara mesmo à minha frente. Que susto! Quando vi o homem nem tive resposta. Ele até me disse para ter calma, mas disse-lhe que pelo menos poderia ter falado. Lá me deixou cumprir com o serviço e no final ao entregar-lhe o talão e a guia disse-me “agora já estou a ver quem é o Sr. Novo. Eu queria conhecê-lo porque nunca tive aqui nenhum motorista como o senhor”. Ele ouvia falar no motorista José Novo, mas não sabia quem era e queria saber porque às vezes nem notava que o camião lá tinha passado, de tão limpo que o local ficava. Eu costumo deixar tudo limpo e sempre fiz isso em todas as salas, então o senhor agradeceu-me e pediu-me desculpa por me ter assustado.Para além dessas histórias, tenho sempre alguns episódios com os meus colegas. Às vezes estou a chegar, ainda não pousei o meu saco e já me estão a pedir ajuda! Como conheço todas as salas aqui no Norte, sempre que há alguma alteração nas voltas estão todos à minha espera para os ajudar.

Tendo em consideração todas as vivências, feitos e ensinamen-tos no decurso do seu trajeto profissional nesta organização, que significado atribui a ser colaborador da AGROS?Para mim este percurso foi sempre positivo. Estou aqui há 47 anos, conheci diferentes Direções e nunca tive nenhum problema. Todos eles têm sido fundamentais na história da organização. Ser colaborador da AGROS é extraordinário.

Que mensagem gostaria de deixar no âmbito deste 70.º aniversário da AGROS?70 anos... Ainda parece que foi no outro dia, quando se carregavam bilhas. Às vezes até comento com os meus colegas “vocês não sabem o que é trabalho”. Na altura o esforço físico era muito maior. Por isso hoje só tenho a dizer à Organização que quanto mais progredir, melhor! Gostava que os meus colegas continuassem a trabalhar e a fazer o mesmo que eu fiz. Espero que continuem o bom trabalho, com o mesmo empenho que eu tenho.Ao fim de 70 anos desejo o melhor a esta casa, sempre a progredir, com força e coragem. Tendo isso, conseguimos tudo.

Entrevista ao colaborador mais antigo da AGROS U.C.R.L.José Moreira Novo, colaborador desde 29 de julho de 1972

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AGROS - Especial Aniversário

REVISTA AGROS Nº38 . 13

GROS1949-2019

TEXTOAGROS

1.Edifício da Fábrica “A Lacticínia do Ave” na

década de 1940.

No culminar da primeira metade do século XX, entre as atividades pertencentes ao setor agrícola, a produção de leite na região de Entre Douro

e Minho não era das atividades mais importantes, devido a um conjunto de condicionantes. Em vários concelhos a Norte e a Sul do rio Douro, uma parte do leite era encaminhada para o abastecimento público, especialmente na cidade do Porto. Outra parte era destinada à venda aos industriais de laticínios, os quais, porém, estavam longe de satisfazer as necessidades dos produtores. Estes, nem sempre adquiriam o leite produzido nos períodos de maior abundância, pagando o leite a preços baixos, ao mesmo tempo que retardavam o pagamento. Como tal, decidiu-se pôr cobro a esta situação, considerando-se imprescindível: fundar algumas Cooperativas, sobretudo em zonas onde a produção de leite já tivesse razoável volume, e/ou fossem boas as perspetivas de aumento; criar uma União de Cooperativas Leiteiras, para coordenar e representar o setor e para desenvolver a industrialização; adquirir uma unidade fabril, com o intuito de proporcionar aos produtores maior estabilidade e maiores rendimentos. Entretanto, os Grémios da Lavoura de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim, decidiram criar as despectivas Cooperativas Leiteiras. A Cooperativa Agrícola Leiteira de Vila do Conde S.C.A.A.R.L., foi constituída a 25 de Setembro de 1948, e a Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho da Póvoa de Varzim S.C.A.A.R.L., foi fundada no dia 1 de Outubro de 1948. Ambas as Cooperativas tinham como circunscrição a área do seu concelho. Por essa altura, tinha sido dissolvida e declarada em liquidação a sociedade por quotas denominada A Lacticínia do Ave, Limitada, que era uma empresa de laticínios sediada no lugar de Portas Fronhas, Vila do Conde. As Cooperativas de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim conseguiram adquirir os bens daquela sociedade, por escritura no cartório do notário do Porto, no dia 7 de Abril de 1949.

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1949No dia 11 de Abril de 1949, a Cooperativa Agrícola de Lacticínios da Ribeira do Neiva, que mais tarde deu origem à Cooperativa Agrícola de Barcelos, a Cooperativa Agrícola dos Produtores de Leite do Concelho de Vila do Conde, que mais tarde deu origem à Cooperativa Agrícola de Vila do Conde e a Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho da Póvoa de Varzim, uniram- -se e constituíram a UNIÃO DAS COOPERATIVAS DE PRODUTORES DE LEITE DO NORTE LITORAL, que se dedicava à receção e transformação de leite. A sede da União das Cooperativas foi instalada no edifício administrativo da fábrica A Lacticínia do Ave, Limitada. Nesse mesmo ano, a 30 de Setembro, iniciou-se a produção de queijo flamengo.

195720 de Julho de 1957, a União das Cooperativas foi auto-rizada a alargar a área social a todo o Entre Douro e Mi-nho e, consequentemente, a alterar a sua denominação para UNIÃO DAS COOPERATIVAS DE PRODUTORES DE LEITE DE ENTRE DOURO E MINHO. Por essa altura, todas as Cooperativas localizadas na região de Entre Douro e Minho, bem como algumas das Cooperativas a sul do Douro, passaram a fazer parte da área social da União. Entre 1949 e 1974, aderiram também a esta União as seguintes Cooperativas: Cooperativa Agrícola de Espo-sende, Cooperativa Agrícola dos Produtores de Leite de Paços de Ferreira, Cooperativa A Lavoura do Concelho de Paços de Ferreira, que substituiu a anterior, Coope-rativa Agrícola e Leiteira de Braga – LEITECOOPE, C.R.L., Cooperativa Agrícola de S. Romão de Neiva, mais tarde 2

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denominada Cooperativa Agrícola de Viana do Castelo, Cooperativa Agrícola da Feira e S. João da Madeira, Cooperativa Leiteira de Vilela, SOGADO – Cooperativa de Criadores de Gado de Paços de Ferreira e a Coopera-tiva Agrícola de Arouca (que a partir de 1964 passou a fazer parte da União das Cooperativas de Entre Douro e Vouga). O fim do regime corporativo em 1974 permitiu à União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho adquirir um novo estatuto dentro das Organizações da Lavoura, passando a deter algumas das estruturas anteriormente pertencentes à recém ex-tinta Federação dos Grémios da Lavoura de Entre Douro e Minho. Assim, o património leiteiro da supracitada federação foi transferido para a União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho.

1978A 28 de Outubro de 1978, foi proferido um Despacho Conjunto dos Ministros da Agricultura e Pescas, do Comércio e Turismo e do Trabalho, e, a partir da sua publicação, a União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho, entre outras competên-cias, foi autorizada a transformar, embalar e vender o leite pasteurizado. Nessa altura, foi dado um “passo de gigante” no aumento da produção dos produtos lácteos transformados. Não menos importante, foi a decisão da construção de uma nova fábrica com capacidade de rececionar e processar até 800.000 litros/dia, perspeti-vando, deste modo, uma visão de futuro inédita para a época. Desta forma, antecipou-se, no tempo, as poten-cialidades de produção de leite na região, e as necessi-dades futuras de mercado.

2.1ª Logótipo AGROS.

3.Edifício da União das Cooperativas

após obras de beneficiação.

4.Apresentação

ao Ministro da Agricultura,

Cardoso e Cunha, da maqueta das

futuras instalações da AGROS.

5.2.º Logótipo AGROS

3

1985Por escritura de 30 de Agosto de 1985, celebrada na Secretaria Notarial de Vila do Conde, entre outras al-terações estatutárias, foi acrescentada a sigla AGROS à designação anterior, passando, a partir de então, a denominar-se AGROS – UNIÃO DAS COOPERATI-VAS DE PRODUTORES DE LEITE DE ENTRE DOURO E MINHO, U.C.R.L. Desde sempre, distinguimo-nos das demais empresas de produtos lácteos, pela origem e qualidade do produ-to, assumindo um compromisso com o mercado, paten-te no nosso posicionamento: A Qualidade da Origem.

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1996Em 1996, a AGROS, U.C.R.L., a LACTICOOP, U.C.R.L., e a PROLEITE, C.R.L., reconhecendo que a abertura e liberalização do mercado lácteo poderia constituir uma ameaça ao setor, uniram-se com o intuito de criar uma organização que se veio a denominar LACTOGAL, PRO-DUTOS ALIMENTARES, S.A. Na sequência desta fusão, a atividades comercial e industrial, passaram a ser um ativo da Lactogal. Na sequência desse passo, a atividade da AGROS centra-se, desde então, na recolha e trans-porte de leite cru na região de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, em alguns serviços centrais inerentes à sua atividade e na prestação de serviços. A totalidade do leite recolhido pela AGROS é vendida à Lactogal.

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1989Em 18 de Julho de 1989, registam-se, novamente, alterações nos estatutos da AGROS, por via da incorporação da Lactimon-tes – União das Cooperativas de Lacticínios do Alto de Portugal, U.C.R.L. A partir de então, a nossa Organização passou a des-ignar-se AGROS – UNIÃO DAS COOPERATIVAS DE PRODUTORES DE LEITE DE ENTRE DOURO E MINHO E TRÁS-OS--MONTES, U.C.R.L. Já em finais da década de 80, iniciou- -se a construção de um matadouro na cidade de Penafiel denominado Carnagri. Tendo sido a obra interrompida por falta de verbas, a AGROS, a UCANORTE, a PEC Nordeste e algumas Câmaras Municipais do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, investiram naquela sociedade. Concluída a construção do citado matadouro, o acordo de cessão de exploração entre a Carnagri e a PEC Nordeste, veio proporcio-nar novos horizontes empresariais.

1998Decorria o ano de 1998 e a recém-criada AGROS – SGPS (Sociedade Gestora de Participações Sociais) tornou-se acionista do Mercado Abastecedor do Porto, detendo, atualmente, 4,7% do seu capital.

2002Em 2002, a AGROS, U.C.R.L. sentiu necessidade de intervir no saneamento financeiro da Ucanorte, uma vez que esta União de Cooperativas representa uma parte importante da atividade agrícola em geral e do nosso movimento cooperativo em particular. Nesse sentido, foi criada uma União de Uniões a que se deu o nome de Ucanorte XXI. Ainda no ano de 2002, a AGROS – SGPS, Unipessoal, Lda., criou a Agros Comercial – Assistência Técnica à Produção de Leite, Unipessoal, Lda., que se dedica à compra e venda de equipamentos de refrige-ração, à assistência técnica a máquinas de ordenha e tanques de refrigeração e à compra e venda de quotas leiteiras. Nessa mesma altura, foi criada a Segalab, Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, S.A., que tem como atividades a prestação de serviços laboratoriais e de apoio técnico especializado, na área de sanidade animal e controlo da qualidade alimentar.

2010No ano de 2003, a AGROS U.C.R.L. adquiriu um terreno com mais de 20 hectares, na freguesia de

AGROS - Especial Aniversário

REVISTA AGROS Nº38 . 17

6.Inauguração de

novas instalações Administrativas e de

Produção.

7.Fundação da

Lactogal.

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Argivai, concelho da Póvoa de Varzim, com o objetivo de construir as instalações do novo Complexo Empresarial. A cerimónia de colocação da 1ª Pedra ocorreu, no dia 5 de Julho de 2006, e foi presidida pelo Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas. A “aldeia global” veio alterar significativamente a ordem das relações pessoais e empresariais vigentes.

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A AGROS, ciente da necessidade de acompanhar aquelas transformações, procurou através do novo Complexo Empresarial, concentrar valências capazes de dar respostas às novas exigências. Assim, em 2010 realizou-se a transferência para as novas instalações – Espaço AGROS – e o redesign da marca. A inauguração oficial decorreu a 16 de março de 2012.

8.3.º Logótipo AGROS

9.Inauguração do Espaço AGROS.

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2015A 1 de abril de 2015, a produção de leite na UE deixou de estar enquadrada no regime de quotas leiteiras que vigorou no espaço europeu durante mais de trinta anos. Tratou-se de um marco histórico na política do setor. O fim das quotas leiteiras coincide com uma situação anormal de mercado, provocada por um acontecimento político, que despoletou o embargo de produtos agroalimentares da UE pela Rússia desde agosto de 2014. No caso dos produtos lácteos, o impacto foi muito significativo, somado ao forte crescimento homólogo da produção de leite na EU, à quebra das cotações de mercado dos produtos industriais e ao abrandamento das importações por parte da China. No setor leiteiro, ainda em adaptação e recuperação do fim das quotas leiteiras, a Comissão Europeia lançou, no final de 2016,

2013A AgroSemana – Feira Agrícola do Norte, surge em 2013 com o objetivo ambicioso do Grupo AGROS realizar um grande evento de carácter técnico-comercial, exclusivamente dirigido às Cooperativas Associadas e aos Produtores de Leite AGROS. Depois de abrir as portas do Espaço AGROS ao público geral, em 2014, a AgroSemana posiciona-se como uma das feiras de referência no setor agrícola nacional, contando na última edição com mais de 80.000 visitantes. Com este evento, a AGROS pretende promover e valorizar a pro-dução de leite como atividade agrícola de referência do Norte de Portugal, criando valor às Cooperativas e aos Produtores de Leite, assim como aproximar o público urbano do mundo agrícola, dando-lhe a conhecer as melhores práticas do setor, cimentar parcerias comerciais e institucionais exteriores ao Grupo AGROS, divulgar os produtos e serviços das empresas do Grupo e parceiros, e posicio-nar o Espaço AGROS como local de realização de eventos.

AGROS - Especial Aniversário

REVISTA AGROS Nº38 . 19

um plano para redução voluntária da produção de Leite com o intuito de ajudar a reequilibrar o setor. A contratualização da compra de leite cru assume assim um papel determinante no equilíbrio da Produção do Leite. Aliados a estes fatores, verificou-se uma queda abrupta no consumo. A AGROS, salvaguardando a solidez e credibilidade conquistada, e como líder na qualidade, rastreabilidade e recolha de Leite, assumiu um papel ativo e dinâmico na sensibilização e promoção dos benefícios do consumo de Leite e seus derivados, através do desenvolvimento de diversas iniciativas, com o intuito de informar e esclarecer de forma fundamentada e credível o maior número possível de pessoas, como é exemplo disso a AgroSemana, a Festa da Criança e o do Leite, a reestruturação do website da AGROS, entre outros meios.

2017Cumprindo enquadramentos legais e institucionais, a AGROS fornece à indústria um produto alimentar, o Leite, que é seguro, conforme, rastreável e com elevado padrão de qualidade. Sendo esta a prerrogativa da AGROS, evidente no seu percurso de liderança, e tendo como opção estratégica, almejar continuar com a Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, sob a Norma ISO 9001, como elemento base, estrutural e dinamizador da melhoria contínua de todos os processos da Gestão, Operacionais e de Suporte, em 2017, a AGROS submeteu-se à auditoria externa, por entidade certificada, para renovar e transitar para a nova versão da ISO 9001:2015. Esta renovação e transição foram conseguidas, inclusive com o alargamento do âmbito de aplicação, integrando desta forma, todas as áreas na estrutura do SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade. Sob esta dinâmica e como elemento obrigatório, são realizadas anualmente, auditorias internas, efetuadas por amostragem, a todos os processos definidos e ainda a tipologias específicas, como sendo as de Segurança Alimentar no âmbito do HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point), as de Rastreabilidade e as de Metrologia, entre outras.No final desse ano, a AGROS é oficialmente reconhecida como uma Organização de Produtores de Leite e Produtos Lácteos de Vaca (OP) com a finalidade de criar dimensão aos seus Membros, envidando esforços para fazer a melhor valorização do Leite Cru de Vaca produzido pelas vacas leiteiras dos Membros Associados, cujo regulamento entrou em vigor a 1 de janeiro de 2018.

10.AgroSemana - Feira

Agrícola do Norte.

11.Espaço AGROS

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AGROS - Especial Aniversário

A AGROS celebrou, no passado dia 11 de abril, 70 anos da sua fundação.Para assinalar esta data, que deu início a uma

longa caminhada de criação de valor pelo Leite, uma matéria-prima de qualidade ímpar, resultante do ár-duo trabalho da pecuária leiteira, decorreu no dia 26 de junho de 2019, no Espaço AGROS, uma cerimónia comemorativa do 70.º Aniversário da AGROS U.C.R.L.Durante sete décadas perduraram o esforço, a dedi-cação e o espírito de união, para fazer desta Organi-zação aquilo que é hoje: uma instituição respeitada, com um elevado estatuto de credibilidade e de um prestígio inegável.As Boas Vindas e Abertura da Sessão estiveram a cargo do Presidente da AGROS e do Grupo AGROS, Sr. José Capela, e do Presidente da Assembleia Geral da AGROS, Dr. Idalino Leão.Também a Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Dr.ª Elisa Ferraz, e a Vereadora Dr.ª Lucin-

Cerimónia Comemorativa 70.º Aniversário AGROS

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REVISTA AGROS Nº38 . 21

1. Oferta de lembrança

pela Presidente da Câmara de Vila do

Conde 2.

Aspeto geral da Sala3.

Intervenção do Presidente do

Conselho de Administração da

AGROS, UCRL -Sr. José Capela

da Amorim, em representação da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, proferiram algumas palavras em que congratularam a União de Cooperativas por este marco histórico.Vários foram os sucessos ao longo destas sete déca-das de existência e de longevidade, que foram retra-tados num Documentário com o intuito de evocar e reviver os momentos mais marcantes da história da AGROS – União de Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes. Foi desta forma possível refletir e sentir o trajeto que determinou, marcou e moldou o rumo do setor, até aos dias de hoje, e que alavancará ainda mais esta herança de várias gerações.Como forma de reconhecimento a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para alcançar o valor incontestável que a União de Cooperativas ocupa hoje no setor leiteiro e na vida de inúmeras famílias, decorreu uma sessão de homenagens, presidida pelo

Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Dr. Luís Capoulas Santos, e pelo Presidente da AGROS e do Grupo AGROS, nomeadamente: Às três Cooperativas Fundadoras – a Cooperativa Agrícola de Laticínios de Ribeira do Neiva – uma das mais antigas do país (mais tarde denominada Coope-rativa Agrícola de Barcelos), a Cooperativa Agrícola Leiteira do Concelho da Póvoa de Varzim, e a Coope-rativa Agrícola dos Produtores de Leite do Concelho de Vila do Conde;Também o Senhor Comendador Francisco Mar-ques foi homenageado enquanto ex-Presidente da Direção, e em nome de todos os que presidiram e pertenceram aos Órgãos Sociais desta tão nobre Organização; E por fim, cada uma das Cooperativas Associadas identificou a Exploração AGROS com maior antiguida-de, símbolos da longevidade deste setor, de forma a homenagear todos os Produtores de Leite.

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22 . REVISTA AGROS Nº38

Por sua vez, Dr. Luís Capoulas Santos condecorou a AGROS com a Medalha de Honra da Agricultura, atribuída pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que muito honra e prestigia a União de Cooperativas. Esta Medalha, criada em 1999, “visa reconhecer publicamente e distinguir as pessoas ou organizações que, de forma particularmente dedi-cada e empenhada, através da sua ação continuada, contribuem ou contribuíram para o desenvolvimen-to e valorização da agricultura nacional”, segundo o Despacho n.º 6246/2019 publicado no Diário da

República a 26 de junho de 2019. O documento refere ainda que “ao abrigo do n.º 1 do artigo 4.º da Portaria n.º 294-A/2016, de 25 de novembro, que estabelece o regime de atribuição da Medalha de Honra, concedo a Medalha de Honra da Agricultura, Florestas e Desen-volvimento Rural à União de Cooperativas AGROS, em reconhecimento público pelo seu valioso e excecional contributo em prol da defesa dos interesses gerais do setor do leite e dos consumidores, nomeadamente na defesa da saúde pública através da salvaguarda da qualidade e da segurança alimentar.”

4.Condecoração

da AGROS, UCRL com a Medalha

de Honra da Agricultura atribuída

pelo Ministério da Agricultura,

Florestas e Desenvolvimento

Rural5.

Brinde aos 70 Anos da AGROS, UCRL

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Concedo a Medalha de Honra da Agricultura, Florestas e Desenvol-vimento Rural à União de Coo-perativas AGROS, em reconheci-mento público pelo seu valioso e excecional contributo em prol da defesa dos interesses gerais do setor do leite e dos consumido-res, nomeadamente na defesa da saúde pública através da salva-guarda da qualidade e da segu-rança alimentar.”

No término da Sessão Comemora-tiva do septuagenário aniversário, que contou com a presença de aproximadamente 650 Produtores de Leite AGROS, Entidades Oficiais e Entidades ligadas ao setor, todos os presentes sopraram as velas à AGROS, sob o mote “Nós somos a Família AGROS: Sermos União é a nossa maior força!”.

AGROS - Especial Aniversário

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EXPLORAÇÕES HOMENAGEADAS(INDICADAS POR CADA UMA DAS COOPERATIVAS COMO A EXPLORAÇÃO AGROS COM MAIOR ANTIGUIDADE AINDA NO ATIVO)

COOPERATIVA AGRÍCOLA DOS PRODUTORES DE ARCOS DE VALDEVEZ E PONTE DA BARCA Luís Filipe Viana de Brito e Silva

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE BARCELOS Abílio Barbosa Miranda

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE ESPOSENDE Joaquim Carvalho Rosmaninho

COFAFE - COOPERATIVA AGRÍCOLA DE FAFE Aníbal Oliveira Marinho Cruz

TERRAS DE FELGUEIRAS - CAVES DE FELGUEIRASJosé da Silva Ribeiro

AGONCOOP - COOPERATIVA DOS AGRICULTORES DE GONDOMAR Isabel Cristina de Sá Aguiar Serra

COOPERATIVA AGRÍCOLA DA CONCELHIA DE GUIMARÃESJoaquim Fernandes

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE LOUSADAAbílio Joaquim Camelo Teixeira

COOPERATIVA AGRÍCOLA DA MAIAAdelino Moreira Barbosa

ÁGRIMA - COOPERATIVA AGRÍCOLA DE MATOSINHOS Canastras - Exploração Agrícola e Produção Animal, Lda.

A LAVOURA, COOPERATIVA AGRÍCOLA DO CONCELHO DE PAÇOS DE FERREIRA Moisés Carneiro Neto

COOPERATIVA DOS AGRICULTORES DO CONCELHO DE PAREDES DE COURA Montecurrupedrinho - Agro Pecuária, Lda.

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE PENAFIELLuís Maria Barbosa Pereira

COOPALIMA - COOPERATIVA AGRÍCOLA DOS PRODUTORES DO VALE DO LIMADaniel Silva Pinto

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE POVOA DE LANHOSO Agro Redufe, Lda.

COOPERATIVA AGRÍCOLA LEITEIRA DO CONCELHO DA PÓVOA DE VARZIM Manuel Lopes de Sousa Peixoto

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE SABODOUROAntónio de Jesus Moura

CFSJGE - COOPERATIVA AGRÍCOLA DA FEIRA, S.J. MADEIRA, GAIA E ESPINHO Delfina Rosa Nunes

COOPERATIVA AGRÍCOLA DOS CONCELHOS DE SANTO TIRSO E TROFAManuel Carvalho Araújo

COOPERATIVA DOS PRODUTORES AGRÍCOLAS DO CONCELHO DE VALONGOManuel José Castro A. Carvalho

CAVCC - COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VIANA DO CASTELO E CAMINHAEugénia Maria Gonçalves Vieira

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA DO CONDEAntónio Ramos Dias

FAGRICOOP- COOPERATIVA AGRÍCOLA DOS PRODUTORES DE LEITE DE V. N. DE FAMALICÃOAntónio Luís da Costa CarneirO

COOPAGUIARENSE - COOPERATIVA AGRÍCOLA DE VILA POUCA DE AGUIARDomingos José Rodrigues

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A ValormedA VALORMED - Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, Lda. é, desde 1999, uma entidade sem fins lucrativos à qual, através do Despa-cho 9295/2015 de 10 de Agosto de 2015 emitido pelos Ministérios da Economia e do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, mais uma vez foi renovada e atribuída para o período de 2015-2020 uma licença para a gestão de um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (SIGREM). Esta sociedade tem como atuais sócios a Apifarma (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica), Anf (Associação Nacional das Farmácias) e Groquifar (Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos), sendo constituída pelas entidades que representam as empresas da fileira e cadeia dos medi-camentos de uso humano, e medicamentos e produtos de uso veterinário. Refira-se, entretanto, que está em curso a adesão de outras associações as quais, pela sua importância, por certo tornarão mais forte e represen-tativa do setor esta entidade gestora.

Recolha e tratamento de resíduosSe até 2008 a VALORMED apenas fazia a recolha e tra-tamento dos resíduos de medicamentos depositados pelos cidadãos nas farmácias comunitárias, a partir de então alargou o seu processo de recolha e valorização de resíduos às embalagens de medicamentos vete-rinários e produtos de uso veterinário utilizados nas explorações pecuárias, tornando-se num caso único a nível europeu e mundial.

Que destino dar aos resíduos dos medicamentos veterinários e produtos de uso veterinário produzidos nas explorações pecuárias?

Foi, assim, criada uma rede de recolha que tem vindo a crescer e se pretende que cada vez mais abranja um maior número de intervenientes, para ser possível retirar do ambiente resíduos potencialmente perigosos. Mesmo assim, existindo já muitas entidades aderentes espalhadas pelo País, outras há que não o são, mas que estando autorizadas a fornecer Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário às explorações pecuárias e às Organizações de Produtores Pecuários, Cooperativas Agrícolas ou Associações de Defesa Sanitária podem vir a constituir-se como Centros de Retoma (ou posto de recessão de resíduos). Se o fizerem, vão passar a prestar um importante serviço de apoio aos seus clientes e/ou associados e a contribuir para melhorar o ambiente ao dele serem retirados e enviados para tratamento ade-quado todos os resíduos decorrentes da administração ou aplicação daqueles produtos aos animais.A VALORMED assegura o fornecimento e distribuição gratuita do material de informação e de sensibilização e contentores de recolha pelos produtores, facultando também todo o necessário apoio logístico para que os resíduos sejam recolhidos e transportados para o local de tratamento.

Mas, afinal, como é que tudo se passa? Uma vez entregues nos locais aderentes, todos os resíduos são recolhidos e transportados para o Centro de Tratamento da VALORMED onde são separados e classificados: assim, o papel, cartão, plástico, vidro e outros materiais passíveis de o serem são encami-nhados para reciclagem, enquanto todos os restantes são enviados para incineração segura a partir da qual é produzida energia. Faz-se notar que tudo o que fez parte da embalagem original deve ser agrupado para ser entregue.

Informações adicionaisOs interessados que necessitem de esclarecimentos, seja para poderem aderir ou conhecer melhor o sis-tema podem contactar telefonicamente a VALORMED ou visitarem o site (www.valormed.pt), onde terão oportunidade de ver esclarecidas as suas dúvidas ou clarificados aspetos relacionados com os procedimen-tos seguidos por esta entidade gestora.

TEXTO VALORMED

Artigo Técnico

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13254 Valormed Imprensa A4_AF.pdf 1 25/03/2019 18:06

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FOTO Henrique Reis Martins da Silva e família.

Tendo em consideração o investimento realizado com a aquisi-ção de um Alimentador Automático de Vitelos, quais as princi-pais razões que o levaram a optar pelas soluções disponibilizadas pela Agros Comercial?Sou cliente da Agros Comercial há alguns anos. Foi essencialmente por já conhecer e confiar na empresa, e por me identificar com o método de trabalho da equipa comercial que optei pelas soluções disponibilizadas pela Agros Comercial.

Está satisfeito com os resultados obtidos pelo equipamento na sua Exploração? Aconselharia este equipamento a outros Produtores? Estou satisfeito e aconselho a aquisição deste equipamento. Adqui-ri o Alimentador Automático de Vitelos porque tenho um Incentivo de um Projeto de Investimento. No entanto, depois de este já estar em funcionamento, recomendo vivamente a sua aquisição mesmo que não possuam este Incentivo. Apesar de não ter uma Explora-ção grande, habitualmente com cerca de 8 – 10 vitelos, com este Alimentador os vitelos têm leite 4 – 6 vezes ao dia, algo que não se-ria possível com a amamentação manual. Está a trabalhar 24 horas por dia. Além de que a concentração é extremamente precisa. Há uma fase crucial que é o desmame, e era um problema porque co-meçavam a perder peso! Os primeiros 60 dias de um vitelo definem o resto da vida do animal. E, assim sendo, devemos proporcionar todas as condições para que se desenvolvam saudáveis.

Quais são as principais diferenças em relação a outras even-tuais soluções disponibilizadas pelo mercado? Pela relação qualidade vs. preço? Pela versatilidade, facilidade de operar, ou por outros fatores?Neste momento existem poucas marcas no mercado de Alimenta-dores. Mas a principal razão por ter optado pela Agros Comercial

foi pela confiança que tenho na empresa, pois possui uma equipa que conhece o produto e sabe explicar ao cliente as especificidades do mesmo. Um equipamento pode ser muito bom, mas se quem o vende não souber esclarecer sobre o seu funcionamento, este nunca estará no seu potencial máximo e não terá rentabilidade.

Considera positivo o apoio, disponibilidade e rapidez na resposta dado pela empresa Agros Comercial? Quais os aspetos que consi-dera mais positivos na forma de trabalhar da empresa?Sim, sem dúvida. Os aspetos mais positivos já referi anteriormente: conhecimento técnico e a disponibilidade e rapidez na resolução de problemas. Como é um equipamento que trabalha 24 horas, tem uma maior probabilidade de sofrer avarias. A disponibilidade da equipa, neste caso, faz toda a diferença e é uma mais-valia.

Tem trabalhado com a Agros Comercial em mais alguma gama de produtos? (Material Tubular, Produtos de Higiene, Máquinas Agrícolas, Equipamentos de Refrigeração, Manutenção e Assis-tência Técnica, etc.) Quais os motivos?Material Tubular, Produtos de Higiene e Manutenção e Assistência Técnica, pelos motivos já mencionados, mas também pela qualida-de dos produtos.

Para si quais as áreas de negócio que entende que poderiam ser alargadas e que a Agros Comercial poderia desenvolver?Talvez fazer um serviço de monitorização e diagnóstico dos equi-pamentos nas Explorações, pois por vezes quem está de fora e tem formação na área, repara em pormenores que nos podem escapar.

Pretende manter a Agros Comercial como parceira da sua Exploração?Sim, claro que sim. Até ao momento estou satisfeito.

ExploraçãoHenrique Reis Martins da SilvaGueral, Barcelos

Nº de Animais125 dos quais 73 vacas lactantes

Quantidade Contratualizada778.103 Lts

Ano da Fundação2002

Cliente Agros ComercialDesde 2007

Cliente Empresas Grupo AGROSSegalab, Ucanorte XXI

Agros Comercial - Grupo AGROS

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E RENTABILIDADESUSTENTABILIDADE

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Diametro Total (m) 3 4 5 6 7

Número de Pás 5/6 5/6 5/6 5/6 5/6

Área de Cobertura (m) 12 16 20 24 28

VENTILADORES VERTICAIS

Diametro Total (m) 2,4 2,5 2,6

Número de Pás 6 6 6

28 . REVISTA AGROS Nº38

Artigo Técnico

TEXTO Ana Cordeiro de Sá

FONTEAgricultura e

Mar Actual

majorações na atribuição de apoios e a criação de linhas de crédito e de benefícios fiscais específicos.

APOIO AO EMPREENDEDORISMONo âmbito das medidas de carácter facilitador, o JER terá ainda acesso prioritário a iniciativas de redes de estímulo e apoio ao empreendedorismo, a centros de incubação e aceleração de empresas e a formação profissional específica.A publicação da portaria surge na sequência do De-creto-lei nº 9/2019 de 18 de janeiro que consagra o estatuto de Jovem Empresário Rural.O Governo pretende, desta forma, “promover a instalação e a fixação de jovens empreendedores em zonas rurais, a criação de emprego e a diversificação da base económica regional, contrariando o progres-sivo despovoamento do mundo rural, o abandono de terras e a ausência de preservação dos recursos naturais e do património cultural e natural”, acrescen-ta o Ministério da Agricultura.As zonas rurais onde poderão ser exercidas as ativi-dades económicas constam do anexo da portaria e correspondem às que estão definidas no Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020).

COMO PEDIR O ESTATUTODe acordo com a portaria, o pedido de reconheci-mento de JER deve ser dirigido à Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR). O títu-lo é válido por três anos, podendo ser renovado se se mantiverem as respetivas condições de atribuição.O título de JER permite o acesso a um conjunto de medidas de discriminação positiva e de carácter facili-tador. Entre as medidas de discriminação positiva, es-tão a abertura de concursos e de apoios específicos,

Estatuto de Jovem Empresário Rural está RegulamentadoA Portaria que regulamenta a atribuição do título de Jovem Empresário Rural (JER) e que define as zonas rurais para efeitos dessa mesma atribuição foi publicada a 14 de maio.O título pode ser concedido a pessoas singulares, entre os 18 e os 40 anos e a pessoas coletivas, constituídas como micro ou pequenas empresas, que exerçam ou pretendam iniciar uma atividade económica em zona rural, explica o Ministério da Agricultura, liderado por Capoulas Santos.

REVISTA AGROS Nº38 . 29

Lugar de Cassapos4490 - 258 Argivai, PVZ

Email [email protected] 252241500 www.segalab.pt

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05.2

018

Envio de Amostras para:

A SEGALAB é o 1º Laboratório Nacional a disponibilizar o teste para genotipagem das vacas da sua exploração, para depois as selecionar para inseminação com sémen de touros tipo A2A2, de forma que a geração seguinte produza leite A2. Um animal produtor de leite A2 tem de ser sempre homozigótico com genótipo do tipo A2A2.

O Leite A2 é um produto de valor acrescentado, e pode ser uma vantagem competitiva para a sua exploração. Já é produzido e comercializado em alguns países com valores atuais de venda praticamente do dobro do leite normal e é uma questão de tempo até que os consumidores nacionais exijam este produto nas prateleiras.

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Implica conhecer o genótipo dos seus animais para o gene da Beta Caseína: animais A1A1; A1A2; A2A2.

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SÉMENA2A2 É

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BENEFÍCIOS

30 . REVISTA AGROS Nº38

A importância do conforto da vaca leiteira e a sua relação com o comportamento de descanso é am-

plamente aceite pela comunidade científica. Traba-lhos recentes demonstram que uma grande parte do período de descanso da vaca é simultaneamente pas-sado a dormir. Dois fatores que influenciam bastante o sono são a fase de lactação da vaca, assim como a hora do dia. Tem-se de alguma forma especulado que as vacas têm um padrão de sono diurno, o que significa que são predominantemente ativas durante o dia, mas não está claro se isso é devido a um efeito biológico ou às práticas de maneio realizadas na exploração. A falta de movimentos da mandibula em combinação com uma posição reclinada tem sido su-gerida como indicador de sono em ruminantes. Uma análise superficial das caraterísticas padrão do sono revela que provavelmente existe uma relação entre os períodos de sono, a saúde da vaca, o bem-estar e a produtividade dos animais.

Diferentes fases e tipos de sonoAs vacas bem adaptadas ao ambiente raramente dormem em pé e normalmente apresentam três tipos de posturas relativamente ao comportamento de sono:

• Estado de alerta que ocupa a área cinzenta entre totalmente consciente e adormecida;• Cerca de um terço do dia equivale ao estado de sonolência;• A ruminação geralmente coincide com a sonolência.

Vulgarmente são descritos dois tipos de sono, o NREM e o REM, sendo que nas vacas a sonolência aparece na mesma proporção que o sono NREM e na mesma postura comportamental.

O primeiro é caraterizado como o sono de movimento ocular lento - “Non-rapide eye movement (NREM)

TEXTO Prof. Doutor Joaquim

Lima CerqueiraEscola Superior

Agrária do Instituto Politécnico de Viana

do Castelo (ESA-IPVC)Centro de Ciência

Animal e Veterinária (CECAV), UTAD -

Vila Real

Artigo Técnico

A importância do sono em vacas leiteiras

REVISTA AGROS Nº38 . 31

sleep”, que pode ainda ser identificado como ondas sonolentas lentas:

• O sono NREM ajuda na conservação de energia, uma vez que o cérebro se encontra menos ativo durante esse período sonolento; • A ruminação coincide frequentemente com o sono NREM.

O segundo define-se como o sono de movimento ocular rápido - “Rapid eye movement (REM) sleep”:

• Embora não totalmente esclarecido, foi sugerido que as células que promovem a memória imune aumentam durante o período de repouso das vacas. A memória imune verifica-se quando a vaca é sujeita a um agente patogénico pela primeira vez, o organismo irá desencadear uma resposta imunológica mais rápida e mais forte quando ocorrer uma exposição adicional. Uma especulação para essa teoria resulta da poupança de energia pelo animal durante o período de repouso, que permite a sua disponibilidade e redireccionamento para a produção e ativação de células com capacidades imunológicas;• Embora não seja visto diretamente em vacas, em vários outros modelos, o sono REM ajuda a manter e estabelecer conexões cerebrais durante os estágios críticos do desenvolvimento. Especificamente, o sono REM permite que o cérebro transforme experiências em memórias, embora os mecanismos entre o desenvolvimento cerebral e este tipo de sono não sejam totalmente claros.

Estado Estimativa de comportamento

Sono NREM Deitada com a cabeça levantada.

Sono REM Deitada com a cabeça a repousar sobre o flanco ou sobre o piso.

Sono total Deitada com a cabeça erguida e imóvel ou cabeça em repouso.

Acordada Deitada com a cabeça levantada e em movimento.

Tabela 1 Comportamentos associados ao tipo de sono a partir da observação das vacas no estábulo (Hanninen et al., 2008)

Comportamento de sono e postura das vacasA sonolência é evidente nas vacas quando adotam uma postura de repouso tranquila, com as pálpebras relaxadas, mas muitas vezes pode ser confundida com o sono NREM. Durante este tipo de sono as vacas deitam-se mas permanecem com as cabeças levantadas, dificultando a diferenciação com as vacas em outros estados de sono.Por outro lado, o sono REM é identificado pelo tónus muscular reduzido, especificamente na região do pescoço em vacas leiteiras. As vacas também podem demonstrar movimentos rápidos dos globos oculares e espasmos musculares. As vacas podem revelar o sono NREM em pé, mas o sono REM só pode ser alcançado quando se encontram em decúbito. A postura deitada e o seu comportamento são muito esclarecedores acerca do tipo de sono em vitelos, no entanto em vacas a postura deitada é um mau indicador dos estados do sono, visto que a sonolência e o sono NREM não podem ser distinguidos apenas

por indicadores comportamentais.As vacas alojadas individualmente em cubículos dormem aproximadamente quatro horas por dia e ficam num estado de sonolência durante cerca de oito horas. As vacas dormem mais à noite, quando o ambiente do estábulo se torna mais tranquilo, mas o sono pode ocorrer durante todo o dia. Nestes casos os períodos de sonolência podem ser interrompidos por atividades de maneio rotineiras na exploração leiteira, como sejam a distribuição de alimento na manjedoura, a ordenha, entre outras operações de maneio passíveis de perturbar o descanso dos animais.

Fatores que influenciam o sonoAs vacas na fase inicial e no pico da lactação dormiram menos comparativamente às vacas secas quando mo-nitorizadas num período de 24 horas. As vacas no pico da lactação demonstraram sono REM mais prolongado, o que pode expressar a grande importância deste tipo de sono no nível produtivo dos animais.As vacas durante o período seco revelaram frequências mais elevadas de sono NREM, uma vez que a sua dieta é mais volumosa, passando períodos mais longos de tempo a ruminar e proporcionando menores períodos de sono REM. A privação do sono aumenta o risco de problemas cardiovasculares e de capacidade do controlo homeotérmico. Poderá ainda interferir na aptidão autoimune das vacas, comprometendo o seu estado de saúde e a produção de leite.

Considerações finaisA sonolência em vacas é descrita como um estado intermédio entre o despertar e o sono, mas esta função ainda não é claramente conhecida. Segundo alguns estudos mais recentes a sonolência em vacas leiteiras pode ser considerada como sono leve, durante o qual a vaca está dormitando enquanto rumina e realiza outras atividades menos exigentes fisicamente. Não é possível determinar e quantificar o sono REM em vacas leiteiras exclusivamente através de indicadores comportamentais. Embora o sono em vacas leiteiras seja uma temática invulgarmente abordada, é sabido que a sua privação poderá ter efeitos muito prejudiciais no bem-estar dos animais e consequentemente na rentabilidade das explorações. Assim é importante ter em conta o adequado maneio do efetivo em geral, as condições das instalações, nomeadamente a densidade animal, o número suficiente e o tipo de cubículos, assim como a qualidade das camas. Estas devem ser projetadas por forma a proporcionar espaços de descanso limpos e confortáveis que promovam períodos longos de sono às vacas.

Figura 1 Visualização dos elétrodos e equipa-mentos instalados na vaca para monitorização não invasiva do sono.

Referências Bibliográficas

Hanninen, L., Makela, J., Rushen, J., de Passille, A., Saloniemi, H., 2008. Assessing sleep state in calves through electrophysiological and behavioural recordings: a preliminary study. Applied Animal Behaviour Science, 111: 235–250.

Ternman, E., Pastell, M., Agenas, S., Strasser, C., Winckler, C., Nielsen, P.P., Hanninen, L., 2014. Agreement between different sleep states and behaviour indicators in dairy cows. Applied Animal Behaviour Science, 160: 12-18.

32 . REVISTA AGROS Nº38

Artigo Técnico

Condutores de tratores obrigados a formação a partir de 2021Os condutores de veículos agrícolas são, a partir de fevereiro de 2021, obrigados a ter formação específica, conforme decreto-lei publicado no final de 2017, com o objetivo de prevenir acidentes e promover a segurança rodoviária.

A carta de condução ou licença passam a não ser suficientes, aplicando-se esta obrigatoriedade aos “titulares da carta de condução válida da categoria B que pretendam conduzir veículos agrícolas da categoria II e os titulares da carta de condução válida das categorias C e/ou D que pretendam conduzir veículos agrícolas das categorias II e III”, conforme despacho divulgado durante o mês de fevereiro de 2019.

Este documento determina que condutores com carta de condução das categorias B, C e/ou D que pretendem conduzir veículos agrícolas da categoria II e III devem realizar uma das seguintes ações de formação:

Condução e operação com o trator em segurança (50 horas)Unidade de Formação de Curta Duração (UFCD) 9596 do Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ).

Conduzir e operar com o trator em segurança (35 horas)

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS.

Módulos Horas

Introdução ao curso 1

I. Acidentes com tratores em Portugal 1

II. Condução e prevenção rodoviária com veículos agrícolas - código da estrada, e normas aplicáveis 2

III. Veículo seguro - equipamento de segurança e proteção coletiva do trator - código do trabalho e normas aplicáveis 5

IV. Equipamento de proteção individual 2

V. Conduzir e operar com o trator em segurança 8

VI. Conduzir o trator em condições perigosas e operar com órgãos ativos 9

Avaliação 7

Total 35

TEXTO Adaptado por

AGROS

FONTE Despacho

n.º 1819/2019

REVISTA AGROS Nº38 . 33

Trata-se de uma película fina impermeável de 40 Mícrons que se adapta e adere completamente à superfície da forragem. Coloca-se como primeira camada diretamente sobre a forragem; atua como a barreira perfeita anti-oxigénio, devido ao efeito de sucção acelerado no início do processo de fermentação. A sua utilização permite uma elevada eficiência contra a entrada de oxigênio e a perda de matéria seca.

Siloprotect é um filme de silagem de duas cores, fácil de implantar e posicionar.

Foi desenhada com o exterior verde para refletir os raios UV que possam causar sobreaquecimento no processo de fermentação.

Silonet é uma malha protetora com bordos rematados de forma a facilitar a sua utilização:

• Evita danos causados pelo clima e por animais.

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34 . REVISTA AGROS Nº38

Ucanorte XXI - Grupo AGROS

A Utilização de Inoculantes na Ensilagem das Forragens

A produção forrageira varia ao longo do ano, atingindo o valor mais elevado nos meses de Primavera e Verão e o valor mais baixo nos meses de Inverno (Salgueiro, 1982). Esta variação torna difícil adequar o número de animais ao potencial produtivo da superfície forrageira da exploração. Por isso, os agricultores começaram a armazenar o excesso de produção forrageira de um período do ano, para terem alimento suficiente no outro período em que esta escasseava. Inicialmente o processo de conservação era feito através da desidratação das plantas, produzindo-se o feno ou as palhas.Contudo, porque na época em que se faz a fenação é comum a ocorrência de chuvas, os agricultores optaram pela ensilagem para conservarem as suas forragens. Além disso, o processo de ensilagem é mais eficiente na preservação da matéria seca do que o processo de fenação. A planta mais utilizada para a ensilagem é a do milho, pois é de fácil conservação, tem muita energia disponível e apresenta produções elevadas nos solos férteis do Entre Douro e Minho. Contudo, outras espécies de gramíneas também são ensiladas, como sejam o azevém, o centeio e a aveia, como forragem única ou complementadas com algumas leguminosas, como os trevos e a ervilhaca.

TEXTO Eng.º Manuel Diogo Salgueiro

Ucanorte XXI

REVISTA AGROS Nº38 . 35

A ensilagem e as bactérias que a promovem.Existem vários tipos de microrganismos que, pelo menos durante uma parte do seu ciclo de vida, vivem no interior das plantas sem as prejudicar. A esta população de microrganismos chama-se população endofítica (Hardoim, et al., 2015). Entre estes micror-ganismos, encontram-se bactérias cujo objetivo é reciclar os elementos químicos caso a planta morra. Quando se pretende conservar a forragem o objetivo é diminuir a atividade destas bactérias destruidoras em benefício de outras que protejam a matéria seca da destruição. No Gráfico 1 podemos observar a quantidade de bactérias existente em três espécies de plantas utilizadas como fonte de forragem.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Eficiência Alimentar

Produção de Leite

Ganho de Peso

Ingestão

Amónia

Ác. Lá�co/Acé�co

pH

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10.000

100.000

Milho Azevém Luzema

Bact

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Ver

de)

Homoferm. Heteroferm. Enterobact.

Gráfico 1 Contagem de bactérias endofíticas em diversas forragens verdes. Adaptado de (Marley, 2014).

As mais desejáveis são as bactéricas lácticas homo-fermentativas, que transformam todos os açúcares em ácido láctico, ou as bactérias heterofermentativas facultativas, que transformam os açúcares em ácido láctico e algum ácido acético.Se a compactação e fechamento do silo foram ade-quados, a disponibilidade de oxigénio será muito limitada. Neste ambiente com pouco oxigénio o desenvolvimento das bactérias lácticas, promotoras da fermentação, é mais favorecido. Quando o número de bactérias láticas é elevado assumem rapidamen-te o controlo da fermentação, acidificam o meio e reduzem a destruição da energia e a degradação da proteína presentes na matéria seca da forragem (Han, et al., 2014). Ao adicionarmos, pelo menos, o dobro das bactérias láticas (Pahlow, 1991), através da utili-zação de inoculantes, promovemos o controlo rápido do processo fermentativo no silo.Contudo, quando a 1ª geração de inoculantes chegou ao mercado, apesar de possuir estirpes de bactérias lácticas bastante eficientes e que conseguiam baixar rapidamente o pH do meio, produzia silagens instá-veis e que refermentavam mais rapidamente na man-jedoura (Weinberg & Muck, 1996). Descobrimos mais tarde que esta maior instabilidade era devido à rápida diminuição do pH do meio, que impedia que outras bactérias produzissem ácidos com efeito antifúngico (Danner, et al., 2003). Esta baixa concentração de antifúngicos permitia que as leveduras e os bolores se desenvolvessem rapidamente após a abertura do silo, destruindo o ácido lático e abrindo caminho a

que outros microrganismos destruíssem a matéria seca da silagem e promovessem o seu aquecimento (Weinberg & Muck, 1996). Deste modo chegou ao mercado uma 2ª geração de inoculantes que, além de incorporarem bactérias que produziam ácido láctico, possuíam também bactérias que produziam agentes antifúngicos como o ácido acético ou o ácido propió-nico. Deste modo, estes inoculantes conseguiam fazer a primeira fase da ensilagem, a fase fermentativa, mas também a última fase, a desensilagem da forra-gem, quando esta é sujeita à presença do oxigénio e terminam as condições anaeróbias do meio.

A influência dos inoculantes no desempe-nho dos animais.Após décadas de utilização de inoculantes no contro-lo do processo fermentativo da ensilagem, o objetivo de proteger a matéria seca da forragem está pratica-mente conseguido (Han, et al., 2014). Contudo, verifi-cou-se muito cedo que os efeitos dos inoculantes não se limitavam ao controlo do processo fermentativo. Foram observados efeitos positivos no desempenho dos animais que se alimentavam com a forragem tratada, como se pode observar no Gráfico 2.

Gráfico 2 Percentagem de estudos em que os inoculantes das silagens melhoraram a fermentação ou o desempenho dos animais (Weinberg & Muck, 1996).

Parte desses efeitos devem-se à atuação de algumas estirpes de bactérias, ou enzimas, presentes nos inoculantes que atuam nos nutrientes da forragem aumentando a sua digestibilidade. Atualmente está no mercado a 3ª geração de inoculantes que, além dos benefícios na fermentação e estabilidade aeró-bica da forragem, promove a melhoria nutricional da silagem tornando os nutrientes mais disponíveis para serem utilizados pelos animais (Addah, et al., 2014).A outra parte dos efeitos poderá ser exercida no próprio animal que se alimenta da silagem. Prova-velmente algumas estirpes de bactérias utilizadas nos inoculantes atuem como probióticos (Han, et al., 2014), influenciando, logo no rúmen, a modulação da fermentação ruminal e a digestibilidade da fibra e, mais à frente nos intestinos, a estimulação do sistema imunitário (McAllister, et al., 2011). Atualmente, a investigação está centrada nesta 4ª geração de inocu-lantes que, além de fazer tudo o que os inoculantes anteriores fazem no silo, atuará ao nível do sistema digestivo do animal, melhorando o seu desempenho e a sua saúde.

36 . REVISTA AGROS Nº38

A utilização de inoculantes nos processos de ensilagem é uma tecnologia em expansão e que tem vindo a alargar o seu raio de ação. Estando praticamente asse-gurado o seu primeiro objetivo de proteger a forragem ensilada da destruição ou degradação, tem-se vindo a trabalhar noutras áreas igualmente importantes, como sejam a melhoria da qualidade nutricional da forragem

durante o seu armazenamento. Contudo, as pesquisas mais recen-tes tentam perceber de que forma poderemos utilizar os inoculantes para, mantendo todas as carac-terísticas conseguidas até agora, adicionalmente ajudar o animal a aproveitar melhor a forragem e, ao mesmo tempo, fornecer-lhe mais saúde. O objetivo é fornecer ao

animal um alimento melhor, no aspeto nutricional, e que promova a manutenção da boa saúde diminuindo a utilização de antibióticos.

Tendência para as vacas aumentarem a ingestão de matéria seca e o leite produzido possuir os teores de gordura e de proteína mais elevados.

Benefício económico da utilização dos inoculantes.Por muito boa que seja a ação dos inoculantes na conservação da silagem e do seu valor alimentar, para o agricultor só faz sentido a sua utilização se os benefí-cios económicos que apresentam forem superiores aos custos acrescidos que ele tem. Alguns investigadores (Bolsen, et al., 1992) compararam silagens inoculadas com silagens não inoculadas. Concluíram que a recu-peração de matéria seca (a diferença entre a quantidade de matéria seca que foi colocada, e aquela que foi retirada do silo) foi superior em 1,2% nas silagens inoculadas em relação às silagens não inoculadas (91,1% vs 89,9%). Além disso, quando fornece-ram essas silagens a vitelões em engorda os valores da eficiência de conversão do alimento em carne e do ga-nho médio diário foram mais elevados nos animais que comeram as silagens inoculadas. Os autores concluí-ram que cada tonelada de silagem inoculada permitia produzir mais 2,77kg de carne, relativamente à silagem não inoculada. Outro trabalho concluiu que a inocu-lação da silagem estava associada a um aumento médio da produção de leite de 0,37lt por vaca e por dia (Oliveira, et al., 2017). Além disso, detetaram uma tendência para as vacas aumentarem a ingestão de matéria seca e o leite produzido possuir os teores de gordura e de proteína mais elevados.

Ucanorte XXI - Grupo AGROS

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38 . REVISTA AGROS Nº38

A moda dos alimentos sem glúten e sem lactose fez disparar o seu consumo nos últimos anos, mas os nutricionistas alertam que estas substâncias só devem ser retiradas da alimentação quando existe uma razão clínica para o fazer.Nos últimos três anos, a venda destes produtos au-mentou, havendo cadeias de supermercados que deci-diram criar uma gama de produtos de marca própria.Nos supermercados Pingo Doce, as vendas de produ-tos biológicos cresceram 180%, as dos sem glúten 20% e as dos sem lactose 54%, segundo dados da empresa disponibilizados à Agência Lusa.“O aumento da procura deste tipo de produtos” e o trabalho desenvolvido para “os disponibilizar a preços muito competitivos contribuem para este crescimen-to”, afirma a cadeia de supermercados. Também o Continente registou um crescimento supe-rior a 90% nas categorias de produtos sem glúten e lactose e produtos biológicos.“Há, atualmente, um foco nestas duas categorias por-que o mercado assim o exige: entre os consumidores que necessitam de produtos alternativos (por motivos de saúde, como doença celíaca) e os consumidores que, sem o mesmo grau de necessidade, consideram que estes produtos contribuem para um estilo de vida mais saudável, o aumento da procura tem sido muito expressivos nos últimos anos”, refere a empresa à Lusa. Se este crescimento pode ser visto como um sinal de que a população está cada mais preocupada em ter uma alimentação saudável, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Dra. Alexandra Bento, alerta para o facto de haver “muita confusão e muito falso conceito” à volta desta procura.

Artigo Leite

Produtos sem glúten e sem lactose cada vez mais procurados, mas

Nutricionistas alertam para riscos

REVISTA AGROS Nº38 . 39

Para a bastonária, a procura de “mais saúde para viver melhor” não implica retirar da alimentação qualquer tipo de alimento ou de nutriente.“Pelo contrário, eliminar um determinado nutriente ou alimento sem uma patologia que o justifique, por uma crença ou por alguma passagem de informação que porventura não é credível”, ou por modas, “até pode aumentar o risco de vir a ter uma deficiência de algum nutriente”, adverte em declarações à Lusa.A decisão de eliminar o glúten ou a lactose deve ser tomada de “forma consciente e orientada por um nutricionista”, ou seja, deve haver “uma razão clínica” para o fazer.“As pessoas com intolerância ao glúten representam cerca de 5% da população. Todos os outros não devem estar a excluí-lo até porque não há evidência científica que suporte os benefícios para a saúde de uma dieta isenta de glúten”, defende a bastonária.Uma posição corroborada pelo Diretor da Faculdade de Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Prof. Doutor Pedro Graça, que defende que as pessoas que receiam ter doença celíaca ou serem intolerantes à lactose devem con-tactar o médico de família.A doença celíaca, uma patologia autoimune causada por reação ao glúten, muito presente no trigo, pode surgir em qualquer idade e tem efeitos penalizado-res a nível gastrointestinais, sendo fundamental um diagnóstico atempado porque “o único tratamento

disponível é uma dieta sem glúten para toda a vida”, disse o nutricionista.Segundo Prof. Doutor Pedro Graça, as pessoas que não são intolerantes ao glúten e à lactose, mas que, por moda, começam a consumir produtos sem esses nutrientes arriscam-se a ficar com intolerância.“A digestão da lactose necessita de uma enzima que está no intestino (lactase). Se as pessoas abandonam totalmente o consumo de produtos lácteos por receio de serem intolerantes à lactose, mas não forem, o que pode acontecer” é que essa enzima deixa de ser

estimulada e pode ter tendência a desaparecer.Por esta razão, só se deve elimi-nar a lactose e o glúten depois de o médico confirmar, através de testes específicos, que há intole-rância, defende Pedro Graça.O especialista sublinha que esta confirmação é “muito importan-te” porque os produtos sem lac-tose e sem glúten são mais caros e os consumidores “podem estar a pagar mais e a modificar a sua alimentação sem razão aparente”.

Além disso, muitos destes alimentos têm mais calorias: “Algumas pessoas que entendem que para fazer dieta devem retirar alimentos com glúten é um contrassenso porque até podem ter um valor energético excessivo”, acrescentou a bastonária dos nutricionistas.Os dois nutricionistas salientam, no entanto, a importância de a indústria inovar e oferecer uma maior variedade para quem tem estes problemas.

“A digestão da lactose necessita de uma enzima que está no intestino (lactase). Se as pessoas abandonam totalmente o consumo de produtos lácteos por receio de serem intolerantes à lactose, mas não forem, o que pode acontecer é que essa enzima deixa de ser estimulada e pode ter tendência a desaparecer.”

FONTEAgência Lusa

40 . REVISTA AGROS Nº38

IV Feira 100% Agrolimiano

Acontecimentos

Este certame, que se realizou entre 9 e 10 de fevereiro de 2019, tem como missão primordial

promover todo o setor agroalimentar do concelho de Ponte de Lima, que além de ser a vila mais antiga de Portugal, é um território onde a produção de qualidade é uma marca distintiva e um fator de promoção e atração.No Pavilhão de Feiras e Exposições de Ponte de Lima o programa apresentou-se diversificado, com o Grupo de Bombos e Gaitas de Foles de S. Tiago Maior de Poiares a ter a honra da abertura desta IV edição da Feira 100% Agrolimiano. Neste âmbito, salientam-se as demonstrações equestres, workshops, animação musical para todos os gostos, showcookings, concursos de doçaria limiana e provas de vinhos. Ainda, os II Agrojogos limianos, a apresentação e entrega de prémios do Curso de Manejador Preparador e a exposição de animais, preencheram os dois dias do evento.No dia da inauguração, de entre as entidades presentes, destaca-se o Eng.º Victor Mendes, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima que, no decorrer da visita inaugural ao recinto, no Stand da AGROS, como vem sendo hábito, brindou ao consumo

TEXTO AGROS

FOTOMilk Drink.

de leite genuinamente português, promovendo e divulgando o nosso leite como matéria-prima de excelência e qualidade.Também a PEC Nordeste marcou presença institucional na Feira, onde todos os visitantes tiveram oportunidade de degustar e comprar algumas das melhores raças autóctones portuguesas.Esta iniciativa, apesar de recente, tem vindo a expandir-se ano após ano, demonstrando-se uma excelente oportunidade para a divulgação dos produtos endógenos desta região do Vale do Minho.

Feira Anual da Trofa 2019

Durante os três dias em que se realizou o certame, 1 a 3 de março, foram diversos os concursos

pecuários, nomeadamente das Raças Minhota, Arouquesa e Holstein Frísia. Neste último, releva-se a excelência e qualidade dos espécimes apresentados em pista, de onde se destacam os seguintes prémios: Vaca Grande Campeã (C) – um animal pertencente à exploração Encanto Natural - Agro-Pecuária, Lda, criador que arrecadou ainda o prémio de Melhor Conjunto – Ponte de Lima; e a Vaca Campeã Jovem (J) – um animal pertencente à Sociedade Agro-Pecuária Vilas Boas & Pereira, Lda.No Pavilhão central da Feira, esteve representada institucionalmente a AGROS U.C.R.L., com uma

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vertente vincada de promoção ao consumo e benefícios do Leite, assim como a Ucanorte XXI, empresa participada do Grupo AGROS que expôs e divulgou os seus produtos e serviços, com destaque para as áreas de negócio de Nutrição Vegetal e Gestão de Mercados. Quanto ao âmbito da Alimentação Animal, a Ucanorte XXI e a cevarGado fizeram-se representar de forma conjunta num stand institucional. Também a Agros Comercial marcou presença nesta edição da Feira Anual da Trofa, e assegurou os materiais e equipamentos de ordenha dos animais a concurso.No dia da inauguração, estiveram presentes, entre outras individualidades, o Presidente da Junta de Freguesia de Bougado – Sr. Luís Paulo Sousa, o Presidente da Câmara Municipal da Trofa – Dr. Sérgio Humberto, e o ex-Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Alimentar – Doutor Nuno Vieira e Brito. Como é já tradição, aquando da passagem destas entidades pelo Stand da AGROS, brindou-se ao leite genuinamente nacional, produto de qualidade ímpar.

VENCEDORES DO CONCURSO DA RAÇA HOLSTEIN FRÍSIACOM 41 VACAS A CONCURSO

CRIADOR BOVICONTROL

Encanto Natural - Agro-Pecuária, LdaPonte de Lima

Sociedade Agro-Pecuária Vilas Boas & Pereira, LdaPonte de Lima

REVISTA AGROS Nº38 . 41

PEC - NORDESTEIndústria de Produtos Pecuários do Norte, S.A.Zona Indústrial N.º 2 - Apartado 202 4564-909 Penafiel PORTUGAL

GPS41.222317, -8.284766 GR

UPOA

GRO

S

TEL+351 255 718 [email protected]

ABATE DE BOVINOS, SUÍNOS, OVINOS E CAPRINOS

DESMANCHA, FATIAGEM E ACONDICIONAMENTODE CARNE

DISTRIBUIÇÃO DOS PRODUTOSCOMERCIALIZADOS

COMPRA DIRETA DE ANIMAIS (Vacas Refugo)

ABATE DE ANIMAIS PARA CONSUMO PRÓPRIO(Mais informações na sua Cooperativa)

FABRICO DE PREPARADOS DE CARNE

COMERCIALIZAÇÃO DE CARNES

42 . REVISTA AGROS Nº38

Acontecimentos

No passado dia 22 de março de 2019, a Ucanorte XXI, empresa do Grupo AGROS que desempenha um

papel importantíssimo e diferenciador no apoio ao setor agrícola, organizou mais uma vez uma Formação em Alimentação Animal, destinada a todos os Técnicos das Cooperativas e Organizações Associadas que trabalham em Alimentação de Vacas Leiteiras ou em Clínica e Sanidade Animal.Esta sessão teve como principais objetivos identificar os comportamentos normais das vacas no periparto e de que forma os desvios a esse comportamento poderão ser utilizados como pistas para eventuais incidências de problemas metabólicos no pós-parto; conhecer os últimos desenvolvimentos acerca do estudo do siste-ma imunitário das vacas no periparto e a forma de o fortalecer através da alimentação; e, por fim, perceber a variação do teor de ureia no leite, a forma como se relaciona com a alimentação e as possibilidades da sua manipulação através da dieta.A Formação realizou-se no Espaço AGROS, teve a du-ração de um dia e contou com um painel de oradores especialistas, a nível internacional, nas temáticas em debate, e revelou-se como uma mais-valia para quem fornece aconselhamento técnico.

AGRO Braga - 52.ª Feira Internacional de Agricultura, Pecuária e Alimentação

Ucanorte XXI -Formação em Alimentação Animal

Marina von Keyserlingk Professora Universidade de British Columbia - CanadáEspecialista em Comportamento e Bem-Estar Animal, com mais incidência em Bovinos Leiteiros. Estuda o Comportamento, as Instalações e o Maneio e a forma como estes contribuem para a saúde e o bem-estar dos bovinos leiteiros, com especial incidência nos vitelos e nas vacas leiteiras.

Erminio TrevisiProfessor Universidade Católica do Sagrado Coração – ItáliaEspecialista em Nutrição e Reprodução das Vacas Leiteiras. Estuda a fisiologia das vacas leiteiras no peri-parto e de que forma as alterações fisiológicas no momento do parto afetam a imunidade e a resposta imunitária das vacas leiteiras e a incidência de diversas patologias no pós-parto.

Javier LopezGestor de Vendas, Kemin Ibéria – EspanhaGestor de Vendas, na Península Ibérica, de uma empresa de aditivos. Trabalhou na área do controlo de qualidade de uma unidade de misturas e faz consultoria em Alimentação e Nutrição de Bovinos com mais incidência em Vacas Leiteiras.

Realizou-se, entre os dias 28 e 31 de março, no Altice Fórum Braga, a 52.ª AGRO – Feira Internacional de

Agricultura, Pecuária e Alimentação, que ultrapassou os 40 mil visitantes.Segundo dados da organização, a edição de 2019 contou com 250 expositores e 450 máquinas agrícolas em mais 25.000 m² de exposição.No dia da inauguração esteve presente, entre outras entidades, o Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação – Dr. Luís Medeiros Vieira. No momento da visita ao certame, estas entidades brindaram ao consumo do leite no Stand do Grupo AGROS. Neste

espaço esteve em destaque o conceito de “Natureza” e, além da AGROS U.C.R.L., também a Agros Comercial, PEC Nordeste e Ucanorte XXI expuseram os seus serviços e produtos. No concerne ao programa do certame, destaca-se o 7.º Concurso Regional da Raça Holstein Frísia, do qual se evidenciam os seguintes prémios: Grande Campeã Jovem (J) – pertencente à Sociedade Agro-Pecuária Vilas Boas & Pereira, Lda (Ponte de Lima); e a Vaca Grande Campeã (C) – pertencente à Exploração Encanto Natural – Agro-Pecuária, Lda (Ponte de Lima).De realçar, ainda, o Seminário “Rumo à Neutralidade Carbónica. Agricultura: problema ou solução?” organizado pela CONFAGRI, em parceria com a AGROS e a CAVAGRI - Cooperativa Agrícola do Alto Cávado, uma temática em voga e que tem gerado enorme controvérsia junto da comunidade agrícola.

TEXTO AGROS

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VENCEDORES DO CONCURSO DA RAÇA HOLSTEIN FRÍSIA COM 22 VACAS A CONCURSO

CRIADOR BOVICONTROL

Encanto Natural - Agro-Pecuária, LdaPonte de Lima

Sociedade Agro-Pecuária Vilas Boas & Pereira, LdaPonte de Lima

REVISTA AGROS Nº38 . 43

C omo meio de celebração pelos 70 anos da fundação da AGROS, tiveram lugar uma série de

momentos comemorativos que incluíram tanto Produ-tores, Cooperativas, como Colaboradores. Até ao final do presente ano, neste âmbito e a seu tempo, serão reveladas outras iniciativas. No entanto, foi vontade dos Órgãos Sociais assinalar a data de 11 de abril através de uma sessão intimista, junto daqueles que diariamente dão o litro pela AGROS – os seus colaboradores. Ser AGROS é pertencer a uma família na qual a “união” é palavra de ordem, que implica crescimento a nível pessoal e profissional para que, em conjunto, se torne possível atingir cada vez mais conquistas. Todo o sucesso é fruto de um grande trabalho de equipa.Assim, decorreu no Espaço AGROS, uma sessão comemorativa do aniversário desta organização. A abertura da sessão foi proferida pelo Presidente da AGROS e do Grupo AGROS, Sr. José Capela, que ao fazer uma breve passagem histórica por alguns dos marcos que moldaram o percurso da União de Cooperativa, referiu que “foi a 11 de abril que três Cooperativas Agrícolas (Coop. de Vila do Conde, Coop. da Póvoa de Varzim e a Coop. Ribeira do Neiva, atualmente, Coop. de Barcelos) deram início

a uma longa caminhada pela defesa do setor leiteiro. Na altura, o leite que era produzido nem sempre era adquirido pela indústria, o leite era pago ao menor preço possível e ainda retardavam ou não pagavam ao Produtor. Pretendia-se, assim, que com a criação desta União de Cooperativas, houvesse uma maior estabilidade e maiores rendimentos para os Produ-tores de Leite de então. Penso que nem no sonho mais otimista e visionário, imaginariam o quão bem estavam a fazer e, o quanto a génese da AGROS, iria transformar, e revolucionar toda a fileira leiteira”. Por fim, em nome da Administração reconheceu e agradeceu o contributo de todos, sem exceção, que se cruzaram neste trajeto, que operacionalizaram estratégias e que fizeram e fazem desta Organização, aquilo que é hoje, uma instituição credível, respeita-da, de vanguarda e, voz ativa na defesa e afirmação do, e pelo setor. Relembrou ainda os colegas que não tiveram possibilidade de marcar presença no evento para que fossem assegurados os serviços mínimos operacionais, assim como os colegas que já se refor-maram, e os que infelizmente já não se encontram entre nós.De seguida, um dos maiores oradores motivacionais do momento, o Prof. Jorge Sequeira, interveio numa palestra para apelar ao empenho, dedicação e, sobre-tudo, cooperação que nos leva a defender a missão desta Organização.No final da sessão, todos os colaboradores foram convidados para um momento de convívio, com partilha de experiências e memórias, para se cantar os parabéns a esta União de Cooperativas com votos de um futuro que se quer promissor. Já no dia 8 de junho, celebrou-se o Dia do Colaborador – Grupo AGROS, enquadrado nas festividades dos 70 anos da AGROS U.C.R.L., onde os Passadiços do Paiva foram o cenário escolhido - um passeio “intocado”, rodeado de paisagens de beleza ímpar.

1Intervenção do Presidente do Conselho de Administração da AGROS, U.C.R.L. -Sr. José Capela

FOTOBrinde aos 70 Anos da AGROS, U.C.R.L. pelos Órgãos Sociais

Celebrações do 70.º Aniversário AGROS

2

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44 . REVISTA AGROS Nº38

Espaço Lúdico

Sabores da Nossa Terra

Massa com gambas e natasIngredientes:

• 300 gr de camarão;• 300 gr de massa tagliatelle;• 2 dentes de alho;• 2 pacotes de NATAS UHT AGROS; • Sal, pimenta, noz moscada e salsa q.b;• MANTEIGA AGROS COM SAL q.b..

Preparação da Receita:

Coza a massa em água temperada com sal e após esta estar cozinhada, reserve.

À parte, salteie os camarões numa frigideira anti-aderente com um pouco de MANTEIGA AGROS COM SAL e os dentes de alho picados. Tempere com sal e pimenta. Quando o miolo de camarão estiver cozinhado, adicione as NATAS UHT AGROS e deixe apurar. Retifique os temperos.

Escorra a massa que reservou e junte-lhe o preparado anterior.Decore a gosto e sirva de imediato.

Strogonoff com cogumelosIngredientes:

• 600 gr de tiras de carne de vaca;• 150 gr de cogumelos frescos;• 60 gr de MANTEIGA AGROS COM SAL;• 1 dente de alho esmagado;• Sal q.b.; • Pimenta q.b.;• 1 embalagem de NATAS UHT AGROS;• Salsa picada q.b.;• 1 folha de louro.

Preparação da Receita:

Tempere as tiras de carne a gosto com alho, louro, sal e pimenta. Numa frigideira, salteie a carne e os cogumelos com MANTEIGA AGROS COM SAL.

Quando os ingredientes estiverem cozinhados, adicione a embalagem de NATAS UHT AGROS e deixe ferver durante cerca de 3 minutos.

Polvilhe com a salsa picada e acompanhe com arroz branco e salada.

Batidos de frutos vermelhosIngredientes:

• 125 g framboesa;• 500 ml LEITE UHT MEIO GORDO AGROS frio; • 1 IOGURTE GREGO natural.

Preparação da Receita:

Coloque no copo do liquidificador o LEITE UHT MEIO GORDO AGROS, o IOGURTE e as framboesas. Agite conforme o programa do liquidificador. Depois de terminado, coloque num copo e decore com uma folha de hortelã. Sirva de imediato.

Nota: Experimente também com cerejas bem maduras ou mirtilos.

REVISTA AGROS Nº38 . 45

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Espaço Lúdico

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