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CEEP CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NEWTON SUCUPIRA PROFESSORA: EZENETE SANTOS LÍNGUA PORTUGUESA (PROEJA-MODULO II) ROMANTISMO 1ª unidade

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Page 1: LITERATURA PROEJA-MÓDULO 2 - 1ª UNIDADE · PROEJA/Módulo 2 (1ª UNIDADE) - Professora Ezenete Santos Página 5 V. EM QUE CONSISTE O ROMANTISMO CONFRONTO ENTRE ESTILOS ARCADISMO

CEEP – CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NEWTON SUCUPIRA PROFESSORA: EZENETE SANTOS

LÍNGUA PORTUGUESA

(PROEJA-MODULO II) ROMANTISMO

1ª unidade

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PROEJA/Módulo 2 (1ª UNIDADE) - Professora Ezenete Santos Página 2

CEEP NEWTON SUCUPIRA LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORA: EZENETE

ESCOLAS LITERÁRIAS

A literatura é uma arte criada pelo homem. Assim, ao longo da história, ela foi concebida de diferentes maneiras.

Se a literatura reflete as relações do homem com o mundo. Mudando essas relações, mudará a forma de fazer literatura: problemas, questões da realidade, de organizar a convivência social, etc.

Chamamos escolas literárias os grandes conjuntos em que costumamos dividir a história da literatura. Porém, elas são simplesmente uma conversão para facilitar a compreensão. Os períodos não são precisos, são apenas, como foi colocado anteriormente, conversões.

Portanto, não podemos achar que, por exemplo, no ano de 1825 se iniciou o Romantismo porque algum poeta declarou: “A partir de hoje, inicia-se o Romantismo”. E pronto!

Nada disso. Todo movimento literário é fruto de uma evolução lenta e gradual, e é influenciado pelo movimento anterior e por tendências novas; portanto, as escolas literárias não aparecem isoladas umas das outras, mas interligam-se, às vezes, de modo tão intenso que não podemos distingui-los. Por isso, devemos ter sempre em mente três conceitos bem definidos, para compreendermos tais escolas:

1. As idades literárias ganham denominações variadas: escolas literárias, períodos literários, estilos literários e movimentos literários. Todos calcados no contexto histórico em que cada uma delas foram designadas;

2. Um movimento literário é sempre ele mesmo, mais o movimento anterior, mais o movimento posterior;

3. Cada período literário é influenciado e regido pelas características (políticas, econômicas, sociais, filosóficas, religiosas, geográficas, etc) contemporânea a ela.

A história da literatura portuguesa divide-se em três grandes períodos: 1. Era Medieval: Trovadorismo e Humanismo (século XII ao século XV); 2. Era Clássica: Renascimento até Neoclassicismo (século XVI ao século XVIII); 3. Era Romântica: Romantismo até o Modernismo (século XIX até hoje). Já a história da literatura brasileira divide-se em dois grandes períodos: 1. Era colonial: Quinhentismo até o Neoclassicismo (século XVI até século XVIII); 2. Era Nacional: Romantismo até o Modernismo (século XIX até hoje) Assim, traçadas todas essas considerações, veremos a seguir, o desenvolvimento das literaturas

portuguesa e brasileira, que foram distribuídos da seguinte forma:

PORTUGAL Era Medieval Medievalismo ou Trovadorismo Humanismo Era Clássica Renascimento Seiscentismo ou Barroco Setecentismo, neoclassicismo ou Arcadismo Era Romântica Romantismo Realismo/Naturalismo Simbolismo Modernismo

BRASIL Era colonial Quinhentismo a) Literatura informativa dos viajantes b) Literatura de catequese dos padres Seiscentismo ou Barroco Setecentismo, neoclassicismo ou Arcadismo Era nacional Romantismo Realismo/Naturalismo Parnasianismo Simbolismo Modernismo

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PROEJA/Módulo 2 (1ª UNIDADE) - Professora Ezenete Santos Página 3

CEEP NEWTON SUCUPIRA LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORA: EZENETE I UNIDADE

ROMANTISMO (PARTE I) I INTRODUÇÃO

Sempre houve temperamento e sensibilidade românticos. O estado de alma romântico pode ser encontrado em qualquer época, caracterizando-se pelo amor à natureza, a personalidade sonhadora, a fé, a liberdade, o saudosismo e a emoção.

No século XIX, esse temperamento e essa sensibilidade se manifestaram com tanto vigor que chegaram a caracterizar um estilo de época: o Romantismo.

A palavra-chave em fins do século XVIII e início do século XIX era liberdade. O Romantismo rompe com a tradição clássica e abre caminho para a modernidade. Assim, ser romântico é ser rebelde, é não aceitar senão a própria fantasia e libertar-se das normas sociais. O indivíduo é considerado centro do Universo (egocentrismo), mas a sociedade o impede de ser feliz. As raízes dessas idéias estão em Jean Jacques Rousseau, filósofo suíço que pregava a necessidade de reencontrar a Natureza. O homem em seu estado mais natural acaba corrompido, quando em contato com a sociedade, disso escapa a figura ideal do bom selvagem. Fugir às cidades já tinha sido racionalmente postulado pelos neoclássicos, mas à volta às origens, dos românticos, é essencialmente sentimental.

A temática da pureza original encontra-se em vários tipos de assuntos e em qualquer das direções, cria-se o herói como puro e leal sofredor, marginalizado em sua solidão, mas que perante as injustiças sociais, encontra forças para lutar contra os prepotentes.

II CONTEXTO HISTÓRICO

A segunda metade do século XVIII, com a industrialização modificando as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma nova composição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos modernos.

Esse quadro político e social está alicerçado pelos burgueses que pregavam o liberalismo econômico e a democracia no terreno preparado pelos filósofos iluministas. Assim, décadas depois, a revolução toma conta da Europa. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade contagiaram os setores populares – o campesinato e os trabalhadores urbanos –, arregimentando-os para a derrubada dos regimes absolutistas.

O Arcadismo não deixara de ser em essência a continuação do Classicismo, com seus modelos e regras, enquanto os românticos, num clima de liberdade e transformação puderam, de fato, propor uma ruptura com os modelos preestabelecidos e a absoluta liberdade de criação.

O novo público consumidor, de origem burguesa, não mais aceitando os padrões clássicos que indicaram uma concepção estática do mundo, dita novos valores: o apego às tradições nacionais, o gosto pelas lendas e narrativas de origem medieval e pelo heroísmo; o sacrifício e o sangue derramado, que evocaram o recente passado revolucionário, e a afirmação das nacionalidades.

No Brasil, também aconteceu grande transformação política que marcariam a história brasileira na primeira metade do século XIX. Num período de menos de cinqüenta anos vimos à transferência da família real para o Rio de Janeiro (1808), a elevação do Brasil à categoria de reino (1816), a independência (1822), um primeiro reinado (D. Pedro I, 1822-1831), um período de regência (durante

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a menoridade de D. Pedro II, 1831-1840) e o início de um longo segundo reinado, que se estenderia até 1889. Para o estudo do Romantismo brasileiro é essencial que se compreenda o espírito que dominava esse primeiro período da nova nação: a insatisfação com o alcance das reformas introduzidas por D. João VI; o orgulho nacional despertado pela independência; os projetos de construção do novo país; a luta pela manutenção da unidade nacional; os conflitos entre liberais e conservadores na busca do modelo político; o conjunto, enfim, de embates e sentimentos de luta nacional pela consolidação da autonomia.

Na segunda metade do século, já consolidada a independência e a unidade nacional, o país conheceu um surto de desenvolvimento com a ampliação do comércio exterior e da imigração européia; o aumento da exportação de café e o início da industrialização. Tudo isso não sem sérias crises de toda ordem: as econômicas, as de política interna, bem como crises internacionais (Guerra contra Rosas, 1850-52; questão com o Uruguai, 1863-64; Guerra do Paraguai, 1865-70). Duas grandes campanhas envolveram os autores da última fase do Romantismo: a campanha republicana e a campanha abolicionista.

III A ORIGEM, INFLUÊNCIA E EXPANSÃO

O Romantismo definiu-se como modismo nas letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. Na Alemanha, em 1774, Goethe publica Werther, lançando as bases definitivas do sentimentalismo e do escapismo pelo suicídio. Em 1781, Schiller lança Os Salteadores, inaugurando a volta ao passado histórico e, mais tarde, o drama Guilherme Tell, transformando o seu personagem em herói nacional na luta pela independência. Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos do século XIX, com destaque para Lord Byron e sua poesia ultra-romântica, e Walter Scott com seus romances históricos. Mas se coube à Alemanha e a Inglaterra o papel pioneiro da nova tendência, coube à França o papel de divulgar o Romantismo, com autores da importância de Victor Hugo, Lamartine e Musset. De Portugal recebemos influência de Alexandre Herculano, o criador do romance histórico, em língua portuguesa. IV CARACTERÍSTICAS

Desencadeado como uma reação contra o Classicismo racionalista que constituíra o dogma literário reinante desde o Renascimento, caracterizou-se o movimento romântico por um conjunto de novas idéias, temas literários e tipo de sensibilidade, resultantes de correntes que convergiam paralelamente da Alemanha e da Inglaterra, no curso do século XVII, durante o período do hoje definido como Pré-romantismo.

Vejamos algumas destas novas posturas: 1. Individualismo e Subjetivismo; 2. Escapismo; 3. Senso de mistério; 4. Reformismo; 5. Sonho; 6. Religiosidade; 7. Melancolia e consciência de solidão; 8. Idealização da mulher e do índio; 9. Retorno ao passado; 10. Nacionalismo; 11. Culto à natureza.

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V. EM QUE CONSISTE O ROMANTISMO

CONFRONTO ENTRE ESTILOS

ARCADISMO ROMANTISMO Predomínio da razão Predomínio da emoção Universalismo Egocentrismo Objetivismo Subjetivismo Materialismo, cientificismo Espiritualismo Universalismo, nativismo Nacionalismo Respeito às formas fixas Maior liberdade formal Sobriedade na adjetivação e na figuração Comparações, metáforas e adjetivações

constantes para dar vazão à fantasia Vocabulário e sintaxe com influência lusitana

Vocabulário e sintaxe mais brasileiros

Imitação da cultura clássica greco-latina Apego à cultura popular Natureza como pano de fundo para os idílios amorosos

Natureza que interage com o eu lírico

Belo artístico equivalente à imitação perfeita dos modelos clássicos

Grotesco e sublime se complementam

Paganismo Cristianismo Mulher idealizada, distante, abstrata Mulher idealizada e inacessível, virgem

angelical ou sensual Amor convencional, racionalizado Amor intenso, paixão Gosto pela claridade Gosto pela noite, pelo mistério Conhecimento, erudição Intuição, imaginação VI MARCO INICIAL DO ROMANTISMO NO BRASIL

Em 1836 sob a liderança de Gonçalves de Magalhães é lançado em Paris a Niterói, revista brasiliense. Os dois números dessa publicação pregavam a renovação da literatura brasileira pela adoção dos ideais românticos – sobretudo o nacionalismo e a religiosidade e abandono dos padrões neoclássicos. No mesmo ano, Gonçalves de Magalhães publicou seu livro de poesias Suspiros poéticos e Saudade, considerado a primeira obra intencionalmente romântica de nossa literatura.

O Romantismo tece uma duração de aproximadamente meio século, evoluindo por três gerações de poetas. O ano de 1881, com a publicação das Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, e de O mulato, de Aluísio de Azevedo, é considerado o marco inicial do Realismo e Naturalismo.

Capa do livro de poesias de Gonçalves de Magalhães publicado em 1836 e considerado o marco inicial do Romantismo no Brasil.

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VII PRODUÇÕES LITERÁRIAS

É rica e variada a produção literária do movimento romântico. Os principais gêneros cultivados foram à poesia, a prosa e o teatro.

• Poesia: A trajetória temática da poesia romântica apontou para a ênfase social e para o lirismo subjetivismo. Para verificarmos seu desenvolvimento, utilizamos a divisão tradicional das gerações de poetas: Primeira geração (temática indianista e amorosa); Segunda geração (temática byroniana) e terceira geração (social – condoreirismo e poesia lírica e erótica) • Prosa: A narrativa de ficção desenvolveu-se com o Romantismo, graças ao gosto pela

leitura de folhetins, que começaram a circular no Brasil a partir de 1827, traduzidos do francês e publicados pelo Jornal do Commércio. Entre os romancistas, podemos citar: Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Manuel Antonio de Almeida, Bernardo Guimarães e Alfredo Taunay.

• Teatro: O Romantismo brasileiro incluiu a criação de um teatro nacional. Em 1833 foi

criada a primeira companhia teatral brasileira, a Companhia Dramática Nacional, por João Caetano. Quase todos os escritores do Romantismo escreveram para o teatro. Em 1843, com a criação do Conservatório Dramático no Rio de Janeiro, assiste-se ao florescimento da comédia nacional com o talento do dramaturgo Martins Pena à frente, autor de 28 peças teatrais – 22 comédias e 6 dramas – entre 1833 e 1847, fixou costumes e características espantosamente atuais, pois persistem através do tempo e são modernas ainda hoje.

ROMANTISMO (PARTE II) I PRODUÇÃO LITERÁRIA DO ROMANTISMO BRASILEIRO: POESIA

A poesia romântica divide-se em três gerações. Embora cada uma delas possua características próprias, é bastante acentuada a interpretação e a transferência de características de uma geração a outra.

PRIMEIRA GERAÇÃO Nacionalista

CARACTERÍSTICAS TEMAS AUTORES Nacionalismo, aversão à influência portuguesa, religiosidade e misticismo, indianismo.

O índio, a saudade, o amor impossível.

Gonçalves de Magalhães Gonçalves Dias

SEGUNDA GERAÇÃO Ultra-romântica

CARACTERÍSTICAS TEMAS AUTORES Individualismo, pessimismo, escapismo, mal-do-século, morbidez, notunismo.

A dúvida, o tédio, a orgia, a infância, o medo de amar, o sofrimento.

Álvares de Azevedo Casimiro de Abreu Junqueira Freire Fagundes Varela

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TERCEIRA GERAÇÃO Social, liberal ou condoreira.

CARACTERÍSTICAS TEMAS AUTORES Aprofundamento do espírito nacionalista, do liberalismo, da poesia social e da política.

A escravidão, a república, o amor erótico.

Castro Alves

Na altura da segunda geração surge um poeta cujos temas e linguagem ultrapassavam os seus contemporâneos, adiantando-se em muitos aspectos ao que seria produzido no século XX, não se enquadrando, portanto, nas características próprias daquela geração. Trata-se de Joaquim de Sousa Andrade (ou Sousândrade), autor de Harpas selvagens (1857), Guesa errante (1866) e Novo Éden (1893)

II POESIA ROMÂNTICA: ESTUDO CRÍTICO DOS AUTORES

• Gonçalves de Magalhães (Rio de Janeiro, 1811 – Roma, 1882)

O principal responsável pelas publicações de Niterói – Revista brasiliense, Minerva Brasiliense e Guanabara, órgãos de imprensa que promoveram sistematicamente os ideais românticos brasileiros, Domingos José Gonçalves de Magalhães teve como meta a implantação da nova corrente literária no país, com o apoio do imperador D. Pedro II.

OBRA: Suspiros poéticos e saudades: Essa coletânea poética publicada em 1836 abre oficialmente o Romantismo Brasileiro, apresentado em seu prefácio as posturas do poeta contra o artificialismo clássico e a favor da livre expressão. Dois elementos temáticos desta obra são bastante notáveis: a substituição da mitologia pagã pela cristã e a subjetividade lírica identificada com a pátria.

O dia 7 de setembro em Paris Longe do belo céu da Pátria minha, Que a mente me acendia, Em tempo mais feliz, em qu’eu cantava Das palmeiras a sombra os pátrios feitos; Sem mais ouvir o vago som dos bosques, Nem o bramido fúnebre das ondas, Que n’alma me excitavam Altos, sublimes turbilhões de idéias; Com que cântico novo O dia saudarei da Liberdade?

• Gonçalves Dias (Caxias, 1823 – Litoral do Maranhão, 1864)

Ligado ao grupo de Gonçalves de Magalhães, imprimiu à sua poesia um tom particular – uma aliança da razão ao sentimento –, legado ao Romantismo brasileiro uma obra equilibrada, “a mais equilibrada poesia romântica”, no julgamento de Manuel Bandeira.

Já nos Primeiros cantos, de 1846, salta à vista a proposta de “casar o coração com o entendimento, a idéia com a paixão”, característica tão peculiar de Antônio Gonçalves Dias. Já na abertura encontra-se a célebre Canção do Exílio, talvez seu mais conhecido poema.

PRIMEIRA GERAÇÃO DE POETAS

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Estão presentes em suas obras os índios em que aparece como tema renovador, situado nas florestas longínquas ainda intocadas ou não devastada pelo homem branco. Também aparece na obra deste Poeta superior, o lirismo amoroso, seja na forma de baladas, canções, seja como poemas longos, tudo numa linguagem personalizada e bastante comedida, distante da lamúria chorosa que caracterizaria outras gerações românticas.

OBRAS: Poesia: Primeiros Cantos; Segundos Cantos; Sextilha de frei Antão; Últimos cantos; Os timbiras.

Poemas indianistas: O canto do Piaga”; “I Juca Pirama”, “Marabá”; “Leito de folhas verdes” e “canção do tamoio”. Também produziu produções literárias para a prosa e teatro.

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossas vidas mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar- sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu´inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

• Álvares de Azevedo (São Paulo, 1831 - Rio de Janeiro, 1852) Manuel Antônio Álvares de Azevedo já foi caracterizado de várias formas por críticos e

historiadores literários: “poeta da adolescência”, “poeta da solidão”, “poeta da melancolia”, “poeta da morte”, etc. Não faltam adjetivos para que se possa qualificá-lo de diferentes maneiras: “byroniano”, “satânico”, irônico, mas idealista”, etc.

Sua criação poética foi reunida nos livros Lira dos Vinte anos; Poema do frade; Conde Lopo; Livro da Fra Gonticário. Os contos Noite na taverna. Escreveu também uma peça de teatro, Macário.

Lembranças de morrer

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlace à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente. E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento.

SEGUNDA GERAÇÃO DE POETAS

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Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poente caminheiro - Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro; (...) Só levo uma saudade – é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe! Pobre coitada Que por minha tristeza te definhas! (...) Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela: - Foi poeta – sonhou – e amou a vida.

• Casimiro de Abreu (Barra de São João, Rj, 1839 – Barra de São João, Rj, 1860)

Dois temas marcam a sua obra: o saudosismo (da pátria, da família, do lar, da infância) e o lirismo amoroso. Em sua poesia lírico-amorosa encontramos a imagem da mulher meiga e idealizada. Sua oscilação entre a sentimentalidade e os impulsos eróticos o conduz a uma malícia mascarada, fruto do temor de transgredir os limites da moralidade do seu tempo e da necessidade de descrever sentimentos e situações adolescentes, mais imaginativas que reais. Ambos os temas são marcados pelo pessimismo decorrente do mal-do-século.

OBRAS: Poesia: Primaveras e Teatro: Camões e Jaú.

• Junqueira Freire (Salvador, 1832 - Salvador, 1855)

Autor de Inspirações do Clautro. Sua obra tem pouca importância estética e é marcada pelo sentido religioso, o erotismo frustrado e a obsessão pela morte.

• Fagundes Varela (Rio Claro, Rj, 1841 – Niterói, Rj, 1875)

Cultivou temas de todas as gerações: o pessimismo, a morbidez, a poesia amorosa, Além de mostrar-se contrário à monarquia e à escravidão. Escreveu também poemas religiosos, de inspiração bíblica, apesar de criticar a igreja da época.

OBRAS: Noturnas; o estandarte auriverde; Vozes da América; Cantos meridionais; Cantos religiosos.

• Castro Alves (Curralinho, 1847- Salvador, 1871) Antônio Frederico de Castro Alves destaca-se como a voz mais importante da terceira

geração romântica, não só por ter sido consagrado o “poeta dos escravos”, mas, principalmente, pelo tom vigoroso de sua poesia, de versos ressonantes, indignados, expressivos.

Três temas básicos compõem o conjunto de suas obras: a natureza, o amor e a problemática social. Inscreve-se na categoria de poeta condoreiro, cuja poesia é feita para ser declamada, gritada em praça pública – uma poesia de denúncia dos horrores da escravidão ou de defesa de interesses políticos.

TERCEIRA GERAÇÃO DE POETAS

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A poesia abolicionista de Castro Alves demonstra que ele apreendeu muito bem o que

ensina o “mestre” francês Victor Hugo: a possibilidade de registrar artisticamente não apenas o belo, mas também o grotesco. Nesse sentido, o condor francês lega ao condor brasileiro a audácia das imagens na luta engajadora. É o que se pode sentir no belo e feroz poema O navio negreiro ou Tragédia no mar, inserida na obra Os escravos.

OBRAS: Espumas flutuantes (a única publicada em vida); Gonzaga ou a Revolução de

Minas; A cachoeira de Paulo Afonso e Os escravos.

Fragmento de O navio Negreiro

‘Stamos em pleno mar... Doudo no espaço

Brinca o luar – dourada borboleta

E as vagas após ele correm... cansam

Como turba de infantes inquieta.

(...) Era um sonho dantesco... O

tombadilho Que das luzernas avermelha o

brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do

açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar... (...) E ri-se a orquestra irônica,

estridente... E da ronda fantástica a

serpente Faz doudas espirais... Qual n’um sonho dantesco as

sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces

ressoam! E ri-se Satanás! (...)

CEEP NEWTON SUCUPIRA LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORA: EZENETE ROMANTISMO (PARTE III) I PRODUÇÃO LITERÁRIA DO ROMANTISMO BRASILEIRO: PROSA

Contrariamente à poesia, a prosa de ficção praticamente inexistiu durante o período colonial. Não temos autores em prosa com a qualidade que se pôde verificar na produção poética anterior à era romântica com Gregório de Matos, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga ou Basílio da Gama. Na ausência de uma tradição, os autores românticos tiveram que partir do nada, restringindo-se, necessariamente, ao modelo dos romances europeus, já bastantes difundidos entre nós na década de 1830.

Assim, não é de estranhar que o desenvolvimento da poesia romântica tenha precedido o da prosa de ficção. Quando esta fazia suas primeiras tentativas mais consistentes, na década de 1840, aquela já tinha o seu primeiro grande autor – Gonçalves Dias.

As obras precursoras do romance romântico hoje constituem apenas referências de pouco interesse para a história literária. Pelos títulos de algumas delas, podemos avaliar a qualidade: Religião, amor e pátria (1838), de Pereira da Silva; Os assassinos misteriosos, ou a paixão dos

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diamantes (1839 – 29 páginas), de Justiniano José da Rocha; Januário Garcia, ou as setes orelhas (1832) e As duas órfãs (1841), de Joaquim Norberto.

Todas estas obras e datas são deixadas de lado na escolha do marco inicial do romance brasileiro, fixado pelos historiadores entre os anos de 1843 e 1844. Dois romances disputam a primazia: O filho do pescador (1843), de Teixeira e Sousa, e A moreninha (1844), de Joaquim Manuel Macedo. A crítica tende a considerar o de Macedo como o primeiro romance brasileiro, por sua qualidade estética superior e por seu grande sucesso entre os contemporâneos.

Se considerarmos as deficiências do meio cultural, a inexistência de precursores e o início tão tardio – meados dos séculos -, não podemos negar que a literatura romântica avançou a passos largos na criação de uma tradição ficcional brasileira. Já nas décadas de 1850 e 1860, verifica-se o florescimento da prosa de ficção, que se torna uma verdadeira mania, visto o afã com que eram acompanhados os romances de folhetim. Autores como Teixeira e Sousa, Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antonio de Almeida, Bernardo Guimarães e, principalmente, José de Alencar povoaram a imaginação e os sonhos dos brasileiros, sobretudo dos jovens da corte, exercendo uma função semelhante à das atuais novelas de televisão.

Quanto aos temas, além das indefectíveis histórias de amor, os prosadores românticos, engajados desde o princípio no projeto de criar uma literatura nacional, procuraram cobrir diversos aspectos da vida brasileira, idealizando-os quase sempre: a vida da corte, os ambientes típicos regionais, o índio, o escravos, a natureza tropical.

II PROSA ROMÂNTICA: ESTUDO CRÍTICO DOS AUTORES

1. JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (Itaboraí, 1820 – Rio de Janeiro, 1882) Cabe ao Médico Joaquim Manuel de Macedo o mérito de ser o iniciador oficial do romance

romântico brasileiro. A moreninha, publicado em 1844, consagro-o e o distingue como um escritor moldado para agradar o público, de fácil entendimento, fiel a seus leitores, responsável pelo registro social de seu tempo. O autor concentrou as tramas de seus romances em namoros impossíveis, no corre-corre de algum jovem casal e no cenário brasileiro, fazendo com que o leitor se sentisse “em casa”.

Macedo transpôs para o romance o mundo familiar de seus leitores: os freqüentadores das casas

e festas burguesas, o estudante namorador, a mocinha faceira, o velho metido a galã. Como panorama, as praias desertas ou as florestas da Tijuca, por exemplo.

As moças sonhadoras tinham tempo de sobra para ler os romances e folhetins. Por isso, as narrativas guardavam apenas um pouco de suspense, muita emoção barata, muito imprevisto, muito humor para desanuviar o ambiente e um final feliz.

Obras: Restringindo ao romance: A moreninha; Dois amores; O moço loiro; Rosa; Romances da semana; Vicentina; As vítimas algozes; O forasteiro; O culto do dever; O rio do quarto; Nina; A namoradeira; As mulheres de mantilha; Um noivo e duas noivas; A misteriosa; Os quatro pontos cardeais; A baronesa do amor; A luneta mágica.

2. JOSÉ DE ALENCAR (Mecejana, 1829 – Rio de Janeiro, 1877)

Se, na década de 1840, coube a Teixeira e Sousa e a Joaquim Manuel de Macedo o papel de pioneiros, nas décadas seguintes foi José de Alencar quem fixou e ampliou os modelos do romance romântico brasileiro, diversificando seus temas e dando-lhe uma qualidade literária superior.

Assim, José Martiniano de Alencar foi considerado o maior ficcionista romântico nacional. Sua meta era formar uma literatura autenticamente brasileira, sem laços com Portugal, que retratasse a nossa realidade. Esse objetivo foi alcançado, de certa forma. Sua obra, em conjunto, constitui o

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panorama do Brasil, focalizando desde o mundo selvagem e a miscigenação branco-índio até a sociedade burguesa no campo e na cidade.

Composto de 21 romances e 8 peças de teatro, alguns ensaios críticos-literários e escritos políticos, o conjunto da obra atesta um escritor se esforçando por retratar o país, ou ainda compreendê-lo em sua diversidade, mesmo que sua visão do índio seja idealizada, heróica.

Obras: Tradicionalmente, a crítica estabelece a seguinte classificação dos romances de José de Alencar:

Romances históricos: Aproveita temas históricos. As minas de prata, A guerra dos Mascates; Alfarrábios, que compreende: O garatuja; O ermitão

da Glória e A alma de Lázaro. Romances indianistas: Dão continuidade à idealização do índio, iniciada na poesia de

Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. O guarani; Iracema; Ubirajara. Romances regionalistas: Procuram apresentar as características mais típicas das diversas

regiões culturais do país. O gaúcho; O tronco do Ipê; Til; O sertanejo. Romances urbanos: Ambientam-se na época do autor e retratam os costumes da sociedade

carioca do Segundo Reinado. Às complicadas histórias de amor e os perfis femininos idealizados critica a superficialidade e à duplicidade dos valores morais burgueses.

Cinco minutos; A viuvinha; Lucíola; Diva; A pata de Gazela; Sonhos d’ouro; Senhora; Encarnação.

Os romances de José de Alencar, como observaremos a seguir, cobrem o Brasil de norte a sul, pois era ambição expressa do autor compor um grande painel do país, tanto no tempo como no espaço.

UM PAINEL DO BRASIL E OS ROMANCES DE JOSÉ DE ALENCAR

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3. MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, 1831 – 1861) Considerado uma “voz de exceção” em nosso Romantismo,

pela originalidade da obra que criou, Manuel Antônio de Almeida publicou Memórias de um sargento de milícias entre 1852 e 1853, em forma de folhetim, no suplemento “A Pacotilha”, Jornal do Comércio, sob o pseudônimo de “Um Brasileiro”.

Esta obra contrasta com os romances românticos de sua época, por várias razões. Primeiro, por ter como protagonista um herói malandro, ou um “anti-herói”, na opinião de alguns críticos. Suas virtudes compensam seus pecados. Situa-se, portanto, fora das categorias maniqueístas com as quais são criadas as personagens do Romantismo.

Além de se distanciarem do maniqueísmo romântico, as personagens de Manuel Antonio de Almeida distanciam-se também do modelo europeizado característico desse estilo literário em nosso país, mesmo quando inseridas num projeto nacionalista, como o de José de Alencar.

Segundo, pelo tipo especial de nacionalismo que a caracteriza, ao documentar traços específicos da sociedade brasileira do tempo do rei D. João VI, com os costumes, os comportamentos e os tipos sociais de um estrato médio da sociedade, até então ignorado pela literatura. Terceiro, pelo tom de crônica que dá leveza e aproxima da fala a sua linguagem direta, coloquial, irônica e próxima do estilo jornalístico.

O despojamento, a precisão, a coloquialidade, as marcas de oralidade e o constante tom de crônica de jornal constituem algumas características que afastam a linguagem de Memórias de um sargento de milícias do idealismo às vezes açucarada do estilo romântico. Em vez dele, a obra combina constantemente ironia e espírito crítico, bom humor e registro jocoso de costumes populares, incluindo o linguajar da época. Nesse sentido, podemos inseri-lo no quadro da construção de uma literatura brasileira moderna, já que o Modernismo pregava a aproximação entre a literatura e a vida de várias formas, inclusive incorporando-se ao texto a linguagem popular, coloquial, do dia-a-dia.

4. BERNARDO GUIMARÃES (Ouro Preto, 1825 – 1884)

Considerado o criador do romance sertanejo e regional, ambientado em Minas Gerais e Goiás. Estudou Direito em São Paulo e estreou na literatura com o livro Cantos da solidão (1852). Suas obras mais conhecidas são O seminarista e A escrava Isaura.

Obras (Romances): O ermitão do Muquém, o Seminarista, O garimpeiro e A escrava Isaura.

5. FRANKLIN TÁVORA (Baturité, Ce, 1842 – Rio de Janeiro, 1888)

Apesar de ter sido um dos fundadores do regionalismo brasileiro, propondo uma literatura baseada na realidade, na história, na geografia e nos costumes locais, produziu romances enfadonhos. Não conseguiu realizar suas intenções realistas e naturalistas, deixando em que sua obra s impusesse o convencionalismo romântico.

Obras (Romances): Os índios do Jaguaribe, A casa de palha, O Cabeleira; O matuto; Lourenço.

Ilustração de Portinari

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6. VISCONDE DE TAUNAY (Rio de Janeiro, 1843 – 1899)

Romântico pelo idealismo sentimental e realista pelas descrições da natureza, às vezes com

observações minuciosas e notas científicas sobre a fauna e flora, Taunay é um escritor de transição que se tornou famoso graças a duas obras: Inocência e A Retirada da Laguna, esta última sobre um episódio ocorrido ma Guerra do Paraguai.

Obras (Romances): A mocidade de Trajano, Inocência, O encilhamento, A retirada da laguna (escrito em francês)

EXERCÍCIOS (PARTE I) 1. Com relação ao Romantismo, responda: a) Sua origem ___________________________________________________________________ b) Sua expansão ___________________________________________________________________ c) Dois fatos que marcaram o momento histórico na Europa e no Brasil __________________________________________________________________________________ 2. Sabemos que os principais gêneros cultivados pelo movimento romântico foram à poesia, a prosa e

o teatro. Assim sendo, firmaram os autores a que se dedicaram com mais especificidades um desses gêneros. Portanto, coloque (a) se o autor a seguir cultivou poesia, (b) se cultivou prosa e (c) se cultivou teatro.

a) Joaquim Manuel Macedo f) Gonçalves de Magalhães b) Castro Alves g) Casimiro de Abreu c) Bernardo Guimarães h) Alfredo Taunay d) José de Alencar i) Martins Pena e) Gonçalves Dias j) Junqueira Freire 3. Cite as características gerais do movimento romântico: 4. Assinale o item que NÃO está totalmente correto, em se tratando de características do Romantismo Brasileiro. a) Sentimentalismo, liberdade, idealismo b) Nacionalismo, objetivismo, idealização do herói c) Conflituoso, sonho, preocupação social d) Retorno ao passado, escapismo, senso de mistério 5. Assinale a alternativa que NÃO contém características ou tema do Romantismo brasileiro a) ó guerreiros da Taba

Sagrada ó guerreiro da Tribo Tupi, Falam Deuses nos cantos do

Piaga, Ó guerreiros, meus canto

ouvi

b) Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria

Se eu morresse amanhã.

c) Casa entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar Um cachorro vai devagar

6. Leia atentamente os versos seguintes: Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto o poento caminheiro

- Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um mineiro

Esses versos de Álvares de Azevedo significam: a) Revolta diante da morte

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b) Aceitação da vida como um longo pesadelo c) Aceitação da morte como solução d) Tristeza pelas condições de vida 7. Que idéia fundamental do Romantismo encontra na seguinte estrofe do Hino Nacional? Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! ( J. O. Duque Estrada)

EXERCÍCIO (PARTE II)

1. Escreva a que geração romântica que pertencem os poetas: Castro Alves – Gonçalves Dias – Álvares de Azevedo – Gonçalves de Magalhães – Casimiro de Abreu – Junqueira Freire – Fagundes Varela. PRIMEIRA GERAÇÃO: __________________________________________________________ SEGUNDA GERAÇÃO: __________________________________________________________ TERCEIRA GERAÇÃO: __________________________________________________________ 2. Identifique o tema e a geração que pertence cada trecho de poema, a seguir.

a) Por isso, ó morte, eu amo-te e não temo: Por isso, ó morte, eu quero-te, e quero-te comigo. Leva-me à região da paz horrenda, Leva-me ao nada, leva-me contigo ______________________________ b) Meu canto de morte Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo Tupi ___________________________________

c) Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar Tinir de ferros... estalar do açoite Legiões de homens negros como a noite, horrendos a dançar _____________________

3. Leia o poema abaixo e responda:

SONETO (Álvares de Azevedo) Pálida, à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar! Na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada! Que em sonhos se banhava e se esquecia!

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Era mais bela! O seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no peito resvalando Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti – as noites eu velei chorando, Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo! a) Extraia do poema palavras que possam enquadrá-lo como tipicamente romântico. __________________________________________________________________________________ b) Aponte uma forte característica de Álvares de Azevedo presente no poema, com relação ao enfoque

da mulher. __________________________________________________________________________________

EXERCÍCIOS (PARTE III)

1. Em relação ao romance, pergunta-se: a) Os grupos de temas de romance romântico:

______________________________________________________________________________ b) Os autores que fazem parte do romance romântico ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Identifique o autor a que cada obra pertence, como também o grupo de temas a que a respectiva obra esteja inserida:

AUTOR GRUPO DE TEMAS

a) Memórias de um Sargento de Milícias ____________________ ____________________ b) O Guarani ___________________ ____________________ c) O Seminarista _____________________ ____________________ d) Senhora ____________________ ____________________ e) A Moreninha ____________________ ____________________

3. Identifique o grupo de temas a que cada característica abaixo está relacionada: a) Difusão do mito sertanejo _________________________________________ b) Reprodução do mito do bom selvagem ________________________________ c) Os quadros sociais ________________________________________________ d) Afirmação da nacionalidade _________________________________________

4. Dentre as obras abaixo, qual NÃO se filia ao regionalismo romântico? a) Inocência b) O Cabeleira c) O sertanejo d)A Pata de Gazela e) O gaúcho

5. Como José de Alencar fazem também parte da prosa romântica: a) Joaquim Manuel de Macedo e Gonçalves Dias b) Bernardo Guimarães e Álvares de Azevedo c) Manuel Antonio de Almeida e Castro Alves d) José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo

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6. O Guarani e Iracema destacam-se dos romances românticos brasileiros porque José de Alencar, na tentativa de retornar o passado, procura: a) Criar um ambiente medieval, cheio de mistérios b) Mostrar o sofrimento do homem escravizado, nas terras baianas dos senhores do cacau c) Novas situações que o conduzem às terras distantes, as paisagens exóticas orientais d) Identificar-se com as origens da nacionalidade brasileira exaltando o índio. 7. Faça a distinção entre prosa e poesia. 8. (Uneb-Ba) Considerando o contexto da obra Senhora, de José de Alencar, é verdadeira a afirmativa: a) O personagem Seixas revela-se guiado por sentimentos nobres. b) Aurélia Camargo, na narrativa, desempenha, quanto à relação amorosa, o papel da mulher fraca, sem força de vontade. c) A obra, enquanto romântica, vê com naturalidade o casamento de conveniência. d) Os personagens são desprovidos de idealizações. e) A obra apresenta um final feliz, típico desfecho da narrativa romântica. 9. (MACK – SP) José de Alencar tenta mostrar um painel das relações do índio brasileiro com o homem europeu. Mostra, inclusive, o índio antes da chegada dos portugueses, o princípio de sua miscigenação, e, posteriormente, o mesmo já totalmente cristianizado, num estado de quase servidão em relação ao homem branco. Assinale a alternativa em que aparecem, respectivamente, nomes de romances que exemplifiquem tais temáticas. a) Iracema, Ubirajara, O Sertanejo. b) As minas de prata, Til, O Sertanejo. c) O Guarani, Iracema e Senhora. d) Lucíola, A pata de gazela, Ubirajara. e) Iracema, Ubirajara, O guarani. Os textos que compõem esse módulo foram retirados na íntegra ou feitos algumas adaptações para os discentes do CEEP Newton Sucupira: AMARAL. Emília et al. Português: novas palavras: literatura, gramática e redação. São Paulo: FTD. CAMPEDELLI. Samira Yousseff. SOUZA. Jesus Barbosa. Literatura, produção de textos e gramática. Volume único. São Paulo: Editora Saraiva. FARACO. Carlos Emílio. MOURA. Francisco Marto. Português: série Novo Ensino médio. Volume único. São Paulo: Editora Ática MAIA. João Domingues. Português: volume único. São Paulo: Ática. TERRA. Ernani. NICOLA. José de. Gramática, literatura e redação para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione. _______________. Português de olho no mundo do trabalho: volume único. São Paulo: Scipione.