ligas de aluminio fundidas

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Ligas de alumnio fundidas

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LIGAS DE ALUMNIO FUNDIDASNOMENCLATURA DAS LIGAS FUNDIDAS SEGUNDO A ANSI (Aluminum Association) 1xx.x - Alumnio no ligado (comercialmente puro) 2xx.x - Ligas contendo Cu como elemento de liga principal 3xx.x - Ligas contendo Si como elemento de liga principal e adies de Mg ou Cu. As ligas da srie 3xx so empregadas em 90% dos componentes fundidos. 4xx.x - Ligas contendo Si como elemento de liga principal 5xx.x - Ligas contendo Mg como elemento de liga principal 6xx.x no utilizada 7xx.x - Ligas contendo Zn como elemento de liga principal, tambm sendo especificados outros elementos como Cu, Mg, Cr, Mn ou uma combinao destes) 8xx.x Ligas contendo Sn como elemento de liga principal 9xx.x no utilizada Srie 1xx.x: o segundo e o terceiro dgitos indicam o teor de Alumnio acima de 99%. O ltimo dgito ( direita do ponto decimal) indica a forma do produto: 0 - indica peas fundidas (por exemplo, rotores para motores eltricos) 1 - indica lingotes (barras para refuso) Srie 2xx.x 8xx.x : o segundo e terceiro dgitos no possuem significado numrico, apenas identificam as vrias ligas no grupo. O ltimo dgito indica a forma do produto: 0 - indica peas fundidas 1 - indica lingotes convencionais 2 - indica lingotes com faixas de composies mais restritas que aquelas dos lingotes convencionais Ligas que apresentam modificaes na composio nominal so identificadas por letra maiscula antes da identificao numrica. As ligas de alumnio para a fundio so as mais versteis de todas as ligas empregadas em fundio. Suas principais caractersticas de fundio so: baixa viscosidade, o que facilita o preenchimento de sees finas; baixa temperatura de fuso, possibilitando o emprego de moldes metlicos; elevado coeficiente de transferncia de calor, possibilitando a realizao de ciclos de fundio curtos; somente o hidrognio apresenta solubilidade significativa em ligas de alumnio e seu teor pode ser controlado pelos processos de desgaseificao; a maior parte das ligas de alumnio no apresenta tendncias ao fenmeno de trinca a quente e so ligas que no apresentam interaes ou reaes do tipo metal-molde e consequentemente, apresentam bom acabamento superficial aps a fundio.

Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

Ligas de alumnio fundidas

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COMPOSIO NOMINAL DE ALGUMAS LIGAS DE ALUMNIO FUNDIDAS Composio qumica [%] Designao Processo de AA fundio1 Cu Mg Mn Si Outros 201.0 4,6 0,35 0,35 0,7 Ag; 0,25 Ti S 206.0 4,6 0,25 0,35 0,10 0,22 Ti; 0,15 Fe S; P A206.0 4,6 0,25 0,35 0,05 0,22 Ti; 0,10 Fe S; P 208.0 4,0 3,0 S 242.0 4,0 1,5 2,0 Ni S; P 295.0 4,5 0,8 S 296.0 4,5 2,5 P 308.0 4,5 5,5 S; P 319.0 3,5 6,0 S; P 336.0 1,0 1,0 12,0 2,5 Ni P 354.0 1,8 0,50 9,0 P 355.0 1,2 0,50 0,50 5,0 0,6 Fe; 0,35 Zn S; P C355.0 1,2 0,50 0,10 5,0 0,20 Fe; 0,10 Zn S; P 356.0 0,252 0,32 0,35 7,0 0,6 Fe; 0,35 Zn S; P A356.0 0,20 0,35 0,10 7,0 0,20 Fe; 0,10 Zn S; P 357.0 0,50 7,0 S; P A357.0 0,60 7,0 0,15 Ti ; 0,005 Be S; P 359.0 0,60 9,0 D 360.0 0,50 9,5 2,0 Fe D A360.0 0,50 9,5 1,3 Fe D 380.0 3,5 8,5 2,0 Fe D A380.0 3,5 8,5 1,3 Fe D 383.0 2,5 10,5 D 384.0 3,8 11,2 3,0 Zn D A384.0 3,8 11,2 1,0 Zn D 390.0 4,5 0,6 17,0 1,3 Zn D A390.0 4,5 0,6 17,0 0,5 Zn S; P 413.0 12,0 2,0 Zn D A413.0 12,0 1,3 Zn D 443.0 0,6 5,2 S A443.0 0,30 5,2 S B443.0 0,15 5,2 S; P C443.0 0,6 5,2 2,0 Fe D 514.0 4,0 S 518.0 8,0 D 520.0 10,0 S 535.0 6,8 0,18 0,18 Ti S A535.0 7,0 0,18 S B535.0 7,0 0,18 Ti S 712.0 0,6 5,8 Zn; 0,5 Cr; 0,20 Ti S; P 713.0 0,7 0,35 7,5 Zn ; 0,7 Cu S; P 771.0 0,90 7,0 Zn; 0,13 Cr; 0,15 Ti S 850.0 1,0 6,2 Sn; 1,0 Ni S; P 1- S = fundio em areia; P = fundio em molde permanente (coquilha por gravidade oubaixa presso); D = fundio por alta presso

2- teor mximo permitido pela Aluminum Association - AA

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De uma forma genrica podemos destacar as principais caractersticas de cada uma das famlias das ligas de alumnio fundidas, a saber: Ligas Al-Cu (srie 200) As ligas Al-Cu caracterizam-se pela elevada resistncia mecnica e boa usinabilidade, apresentando, de uma maneira geral, baixa resistncia corroso atmosfrica e grande tendncia formao de microporosidades. Suas aplicaes tpica so: peas estruturais, carcaas e pistes para motores diesel. Ligas Al-Si (srie 300) So as ligas de alumnio que apresentam as melhores caractersticas de fundio, motivo pelo qual cerca de 90% das peas fundidas em alumnio pertencerem srie 300. As ligas binrias apresentam elevada resistncia corroso, boa soldabilidade, mas so de usinagem difcil. Adies de Cu s ligas Al-Si melhoram a usinabilidade e aumentam a resistncia mecnica (com reduo da ductilidade). Adies de Mg tornam as ligas endurecveis por meio de tratamentos trmicos, elevando sua resistncia mecnica. As ligas com menores teores de Si (5 a 7% Si) so normalmente empregadas para a fundio em moldes de areia, enquanto que ligas de maior teor (9 a 13% Si) so normalmente utilizadas em moldes permanentes ou sob-presso. As ligas hipereutticas destacam-se por sua elevada resistncia ao desgaste, baixo coeficiente de dilatao trmica e elevada condutividade trmica. As principais aplicaes envolvem peas de uso geral, coletores de admisso, cabeotes e blocos de motor, pistes e rodas automotivas, peas estruturais para a industria aeroespacial, bombas, carcaas e componentes de suspenso. Ligas Al-Mg (srie 500) Caracterizam-se pela elevada resistncia corroso e excelente usinabilidade, apresentando, por outro lado, moderada tendncia a defeitos de fundio e tendncia oxidao. Aps tratamento trmico desenvolvem resistncia mecnica elevada. Suas aplicaes tpicas envolvem: peas estruturais para a industria qumica, de alimentos e naval. Ligas Al-Zn (srie 700) So muito similares s ligas Al-Mg, principalmente quando apresentam Mg em sua composio qumica. Suas caractersticas de fundio so consideradas moderadas, devido a sua tendncia oxidao.

Ligas Al-Sn (srie 800) Apresentam boa usinabilidade e boas propriedades aplicaes tpicas envolvem mancais, buchas e bronzinas.

anti-frico.

Suas

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TRATAMENTOS DE METAL LQUIDO APLICVEIS S LIGAS DE ALUMNIO DESGASEIFICAO DAS LIGAS DE ALUMNIO De uma maneira geral, os metais no estado lquido tendem a absorver gases da atmosfera. As ligas de alumnio apresentam grande solubilidade de hidrognio no estado lquido (acima de 660C). Entretanto, na solidificao, a solubilidade de H diminui drasticamente, conforme mostrado na figura abaixo.

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H dissolvido [ml/100g]

1

0,1

0,01 400

500

600

700

800

900

1000

Temperatura [C]

Em decorrncia deste fato, durante a solidificao, cerca de 95% do hidrognio segregado para as ltimas pores de lquido, atingindo teores elevados e promovendo a formao de porosidades em regies interdendrticas. Tais porosidades tm um efeito deletrio sobre as propriedades mecnicas, notadamente sobre a ductilidade e a resistncia fadiga. A absoro de hidrognio pelo metal lquido ocorre atravs da reduo do vapor de gua, conforme a reao: H2O (vapor) + 2/3 Al (lquido) 1/3 Al2O3 (slido) + 2 H (dissolvido) A eliminao de porosidades decorrentes da absoro de H pode ser obtida de trs maneiras: reduzir a absoro de hidrognio durante as etapas de fuso, manuteno e vazamento; dificultar a nucleao das porosidades e promover a desgaseificao da liga antes do vazamento. O processo de desgaseificao o mais utilizado e tradicionalmente realizado por trs processos: 1- desgaseificao vcuo; 2- borbulhamento de gs ativo, normalmente cloro, adicionado por meio de pastilhas de hexacloretano ou por um tubo perfurado (cloro gasoso) e 3- borbulhamento de gs neutro (Ar ou N2) atravs de tubo perfurado com ou sem plug poroso ou ainda com tubo perfurado e rotor de grafita. Os dois primeiros processos apresentam alta eficincia na remoo do H dissolvido. Entretanto, apresentam como desvantagem, respectivamente, o custo do equipamento e a toxidez associada corrosividade do gs cloro.Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

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O borbulhamento de gs neutro atravs de lanas de ponta porosa apresenta como vantagem o baixo custo do aparato, mais exige um tempo de tratamento superior, conforme ilustra a figura abaixo.

Mais recentemente, como o entendimento das condies termodinmicas e cinticas que governam o processo de desgaseificao, foi possvel o desenvolvimento da injeo de gs inerte por meio de rotor de grafita. Neste processo, o gs fragmentado pelo movimento rotativo do rotor gerando um nmero elevado nmero de bolhas. Como a reao de desgaseificao depende, fundamentalmente, da rea total das bolhas do gs, quanto maior a quantidade e menor o tamanho das bolhas, maior a cintica de desgaseificao.

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Outra vantagem indireta dos processos de desgaseificao a flotao de xidos (alumina) para a superfcie do banho, que posteriormente so removidos mecanicamente (por meio de escumadeiras). Os controles realizados sobre o teor de hidrognio dissolvido nas ligas de alumnio so: 1- controle direto do teor de hidrognio no banho lquido atravs de sondas, como no caso do equipamento TELEGS; 2- avaliao indireta por meio da medio de densidade ou exame visual de amostras solidificadas sob vcuo e 3- avaliao indireta do hidrognio dissolvido no banho pela observao do momento em que surge a primeira bolha em um corpo-de-prova solidificado sob vcuo. A figura abaixo apresenta amostras solidificadas sob vcuo contendo diferentes teores de H dissolvidos.

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REFINO DE GRO EM LIGAS DE ALUMNIO FUNDIDAS O tamanho de gro das ligas de alumnio fundidas depende da quantidade de ncleos de gros no lquido e da velocidade de solidificao da liga. Assim, a diminuio do tamanho de gro (refino de gro) nestas ligas s possvel com o aumento do nmero de ncleos no lquido ou com o aumento da velocidade de resfriamento. No caso de peas resfriadas lentamente (molde de areia) ou peas de grandes dimenses, o refino de gro realizado com a adio de ps base de Al-Ti ou Al-TiB na liga lquida. A adio destes refinadores provoca a formao de partculas slidas dispersas de Al3Ti que atuam como ncleos para os primeiros gros decorrentes da solidificao. O refino de gro tem como objetivo principal o de reduzir os tamanhos das dendritas (gro da fase pr-euttica), melhorando as condies de alimentao (e assim, a sanidade e estanquidade das peas fundidas), as propriedades mecnicas (limites de escoamento e de resistncia), bem como a tendncia a formao de trincas quente.

O efeito mximo dos refinadores obtido aps 5 a 10 minutos da adio no banho. Seu efeito no permanente, ou seja, aps 45 minutos o efeito diminui, sendo necessrias novas adies ou agitaes para reativar as condies metalrgicas do banho.

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MODIFICAO DE LIGAS Al-Si FUNDIDAS A grande maioria dos componentes fundidos em ligas de alumnio emprega ligas do sistema Al-Si. Ocorre que a microestrutura bruta de fundio destas ligas apresenta partculas de Si com morfologia acicular, que diminui a ductilidade destas.

A modificao consiste em um tratamento do banho de alumnio silcio pela adio de agentes modificadores da morfologia das partculas de Si. Os agentes modificadores mais empregados so: o Na (Sdio), o Sr (estrncio) e o Sb (antimnio). Adies destes elementos (entre 0,005 e 0,02% em peso) promovem fortes alteraes no crescimento da fase (silcio) do euttico: a fase passa a exibir uma morfologia mais refinada, aumentando a ductilidade das ligas Al-Si fundidas. Independente do tratamento de modificao, elevadas velocidades de resfriamento, como as obtidas em moldes metlicos, contribuem para refinar o tamanho dos gros e a estrutura do prprio euttico, como ocorre quimicamente. A modificao com estrncio realizada por meio da adio de estrncio (Sr) metlico ou na forma de anteliga Al-Sr. Normalmente, as adies so da ordem de 0,01% de Sr e exige-se um tempo de incubao de cerca de 15 minutos para banhos com pouca agitao. A modificao com sdio feita por meio de adies de sdio (Na) metlico ou de fluxos contendo este elemento. O sdio um modificador mais eficiente que o estrncio, promovendo melhores graus de modificao. Entretanto, devido sua maior tendncia vaporizao, o seu efeito modificador perde-se com mais rapidez que o Sr. Em banhos modificados com Na, o efeito modificador permanece por cerca de 30 minutos. No caso de Sr o efeito permanece por mais de 2 horas. Outro ponto negativo do Na o ataque aos cadinhos de fuso.Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

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O efeito da modificao nas propriedades mecnicas em ligas Al-Si no estado bruto de fundio apresentada na tabela abaixo:Liga: Al- 7% Si 0,3% Mg (356) Limite de Alongamento resistncia [MPa] [%] 180 7 200 16 Liga: Al 11%Si Limite de Alongamento resistncia [MPa] [%] 150 6 170 18

Estrutura do euttico Acicular (sem modificao) Fibrosa (modificada)

O efeito do tratamento de modificao seguido de tratamento trmico (solubilizao e envelhecimento) na liga 356 fundida em coquilha e fundida em molde de areia apresentado na tabela abaixo:Liga: Al-7% Si0,3% Mg (356) Fundida em molde permanente Limite de Alongamento resistncia [MPa] [%] 290 12 290 17 Liga: Al-7% Si0,3% Mg (356) Fundida em molde de areia Limite de Alongamento resistncia [MPa] [%] 275 2,5 280 6

Estrutura do euttico Acicular (sem modificao) Fibrosa (modificada)

Verifica-se que o tratamento de modificao afeta diretamente a ductilidade da liga, possuindo pouco efeito sobre a resistncia a trao.Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

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INCLUSES DE XIDOS As ligas de alumnio apresentam como caracterstica a formao de uma fina e frgil camada de xido que recobre os banhos lquidos. A composio destes xidos a base de alumina (Al2O3) e, consequentemente, eles apresentam elevada temperatura de fuso e so levemente mais densos que o alumnio lquido. Assim, o escoamento turbulento do alumnio lquido promove a formao e/ou a incorporao destes xidos no banho gerando defeitos no produto fundido .

(a) incluses de xidos associada bolhas de ar em roda automotiva fabricada (processo de baixa presso) com a liga A356.Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

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(b) incluses de xidos associadas bolhas de ar em amostra de coletor de admisso fundido em areia com a liga 357. Mais crtico que a operao de vazamento, so as operaes de transferncia forno/panela ou panela/molde que so tipicamente turbulentas. Para estas operaes so indicados os fornos vazadores ou para vazamento em conchas, o emprego de conchas com rasgo lateral que diminui a quebra da camada de xidos. Outra tcnica, muito difundida o uso de filtros para a reteno mecnica dos xidos e fragmentos exgenos (fragmentos provenientes dos fornos, panelas, ou moldes).

O uso de filtros cermicos aplicado tanto em panelas de transferncia, quanto em sistemas de enchimento de moldes dos componentes.

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(a)

(b)

A figura acima apresenta o uso de filtros cermicos do tipo espuma em cadinhos de fuso (a) e panelas de transferncia (b).

A figura acima apresenta o emprego de filtros cermicos em projetos de enchimento de componentes fundidos com ligas alumnio. O correto dimensionamento do sistema de enchimento (projeto dos canais de descida e de ataque) evitando a turbulncia do lquido durante o preenchimento da cavidade do molde diminui significativamente a ocorrncia de defeitos como filmes de xidos e bolhas de ar provocadas pelo encontro de frentes de solidificao (gota fria).

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PROCESSOS DE FUNDIOAs ligas de alumnio fundidas diferem das ligas conformadas pela ausncia de qualquer tipo de conformao mecnica em seu processamento, ou seja, so obtidas diretamente do lquido por meio de processos de fundio. Do ponto de vista de fundio, as ligas de alumnio caracterizam-se pela baixa temperatura de fuso. Por um outro lado, esta caracterstica permite uma grande flexibilidade quanto aos tipos de moldes utilizados j que as solicitaes trmicas so reduzidas. So comuns os moldes de areia (a verde ou aglomerados com resinas ou silicatos), moldes metlicos (fabricados em aos ou ferros fundidos), moldes de gesso, moldes de materiais cermicos (fundio de preciso e processo shaw) etc. Os moldes ditos permanentes, fabricados em materiais metlicos, so os preferidos para grandes produes por minimizarem os custos de moldagem e permitirem a obteno de excelente acabamento superficial. Entretanto, o custo do ferramental elevado e torna proibitiva sua aplicao em sries inferiores a 10000 peas. Para sries menores, os processos de areia, gesso e de moldes cermicos so mais indicados. Entretanto, nestes processos, a menos velocidade de resfriamento das ligas favorece o desenvolvimento de microestruturas grosseiras e o aumento do volume de microporosidades, prejudicando a qualidade metalrgica dos componentes. Alm do material de moldagem, importante diferenciar os processos de fundio pela forma de vazamento do metal, podendo ser: por gravidade; sob presso ou contra a gravidade com baixa presso. Em relao a este aspecto, o vazamento por gravidade e, principalmente, o feito sob presso impe turbulncia ao fluxo de metal, gerando e incorporando incluses de xidos. Nos processos por gravidade, h formas de minimizar tais geraes com o uso de canais de descida projetados especialmente para reduzir a turbulncia e reduzir a velocidade do fluxo, uso de filtros cermicos ou de moldes basculantes. As mquinas de baixa presso e processos especiais como o Cosworth apresentam vantagens neste aspecto, por permitirem um controle no fluxo de enchimento das peas. Outro ponto importante envolvendo os processos de fundio a aplicao de presso durante a solidificao que garante melhores condies de alimentao, reduzindo a formao de microporosidades. Isto ocorre em mquinas de fundio sob presso, baixa presso e processos especiais como o Coswosth e o Castyral. Fundio em moldes metlicos Os moldes metlicos apresentam algumas vantagens sobre a fundio em moldes de areia. As principais so: melhor acabamento superficial, melhores tolerncias dimensionais; permitem reduzir o sobre-metal de usinagem; melhor qualidade microestrutural (e mecnica) devido a maior velocidade de resfriamento ; menor necessidade de operaes de limpeza e rebarbao dos fundidos.Marcelo F. Moreira / Ricardo Fuoco

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PROCESSO DE FUNDIO SOB PRESSO (fundio por injeo) O processo de fundio sob presso o mais usado na produo de peas fundidas em alumnio. Como a velocidade de preenchimento elevada, o processo permite a produo de peas de paredes finas, com geometria complexa e com dimenses prximas s finais. As mquinas de injeo mais comuns so do tipo cmara fria operando ao lado de um forno de espera, aquecido por meio de resistncias eltricas. O sistema de vazamento (por meio de conchas) pode ser manual ou automatizado. A presso de injeo da ordem de 100 a 200 atmosferas (103 a 206 kgf/cm2) Visando minimizar o desgaste das matrizes pelo alumnio, utilizam-se baixas temperaturas de fuso e elevados teores de Fe na liga. Em conseqncia disto, pode ocorrer a formao de fase ricas em ferro no estado slido (sludge) nos fornos de espera que tendem a decantar. A presena de Cr e ou Mn tendem a agravar o problema. Caso estas partculas de Fe (Al5FeSi) penetrem na injetora as peas apresentaram fase duras na microestrutura, dificultando a usinagem. Outra fonte de problemas na fundio sob presso o sistema de canais. Como so utilizadas altssimas velocidades de vazamento, inevitvel a turbulncia do fluxo metlico e conseqente gerao de incluses de xidos. Mais grave ainda o projeto de canais em que as peas so preenchidas por canais mais finos que impedem a ao da presso na alimentao das sees mais espessas, ou ainda canais que permitam o encontro de duas frentes de metal que reteriam bolsas de ar. Devido as incluses de xidos e eventuais vazios de rechupes ou bolsas de ar, as peas produzidas por este processo no podem ser tratadas termicamente. Alm disso, sua utilizao em componentes de alta resistncia mecnica no recomendada. As ligas mais utilizadas so a 380 e a 413, normalmente sem nenhum tratamento de banho. O teor de Fe encontra-se entre 0,8 e 1,5% como forma de reduzir os problemas de aderncia de metal e eroso das matrizes.

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PROCESSO DE FUNDIO EM COQUILHA POR GRAVIDADE Este o segundo processo na produo de componentes seriados. As mquinas coquilhadeiras apresentam um custo bastante inferior s mquinas de injeo, alm de serem mais versteis. O processo em coquilha permite o uso de machos metlicos (acionados por pistes ou cremalheiras) ou machos em areia (como no caso de cabeotes de motor). O processo de vazamento por gravidade introduz dois problemas: a turbulncia no canal de descida e falta de presso para garantir a alimentao, particularmente em ligas de solidificao pastosa. A turbulncia pode ser minimizada com o uso de coquilhadeiras basculantes (sistema Durville), projetos especiais de canais e com o uso de filtros. A tendncia formao de porosidades pode ser diminuda com as seguintes medidas: no processo de modificao, no empregar sdio (Na) ou estrncio (Sr) em ligas hipoeutticas, o antimnio (Sb) o mais recomendado; promover um refino de gro eficiente; empregar ligas com pequeno intervalo de solidificao e reduzir ao mximo o teor de hidrognio dissolvido na liga. As ligas mais usadas em coquilha so: 319, 355, 356, 359 360 380 e 413. Quando possvel o teor de Fe mantido elevado, entre 0,5 %e 1,0 %, exigindo o controle das fases base de Fe com adies de Cr e Mn. Em aplicaes de maior resistncia mecnica o teor de Fe mantido entre 0,2% ou 0,25%.

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PROCESSO DE FUNDIO EM BAIXA PRESSO (coquilha em baixa presso) Este processo emprega coquilhas metlicas com vazamento por baixo, contra a gravidade, por meio de um tubo de alimentao (pescador). As presses de 0,5 kgf/cm2 a 1,5 kgf/cm2 so aplicadas por meio de ar comprimido, preferencialmente, contendo baixa umidade. O processo da baixa presso foi desenvolvido especialmente para a fabricao de rodas automotivas, principalmente devido sua geometria. Hoje seu emprego expandiu-se para outros componentes automotivos (braos e bandejas de suspenso) ou aeroespaciais. Na produo de rodas automotivas so utilizadas as ligas 356 e variantes das ligas 359 e 413. As duas primeiras, de composio hipoeuttica so empregadas em mquinas de baixa presso, enquanto que ligas com menor intervalo de solidificao (mais prximas do ponto euttico 12%Si) so as mais comuns em coquilhas vazadas por gravidade.

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PROCESSO DE FUNDIO EM AREIA Os moldes so compostos por uma mistura de areia (slica) e ligantes naturais (bentonita) ou resinas sintticas.

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PROCESSO DE FUNDIO DE PRECISO (PROCESSO DE CERA PERDIDA OU MICROFUSO) O molde composto por camadas sucessivas de lama cermica, normalmente base de zirconita e slica coloidal, e material refratrio particulado (estuque).

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Lista de exerccios ligas de alumnio fundidas 1- Quais os fatores que justificam o emprego de processos de fundio para a fabricao de componentes? 2- Sobre a modificao de ligas Al-Si: a)- Qual o objetivo do tratamento de modificao em ligas de Al-Si fundidas? b)- Como este tratamento realizado? c)- possvel refinar a fase (Si) sem o emprego de agentes modificadores? 3- Quais as tcnicas empregadas para minimizar a ocorrncia de defeitos decorrentes de filmes de xidos em ligas de alumnio? 4- Sobre o tratamento de desgaseificao: a)- Porque as ligas de alumnio so desgaseificadas? b)- Como pode ser realizado este processo? c)- Que tipo de defeito decorre da presena de hidrognio dissolvido no metal. 5- Descrever a gnese dos defeitos os defeitos de rechupe, bolha de gs e filme de xido? 6- Qual o objetivo do refino de gro de ligas Al-Si fundidas e em que tipo de componente este tratamento mais recomendado? 7- Deseja-se fabricar um lote de rodas automotivas. O forno de espera contm 100 kg da liga A356, sem nenhum tipo de tratamento, na temperatura de 740C. O componente deve apresentar de elevada resistncia mecnica associada mxima ductilidade e resistncia fadiga. Quais os tratamentos de banho que devem ser realizados e a sua seqncia?

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