interação fármaco-nutriente em doentes oncológicospalavras-chave: interação; nutriente;...
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Interação fármaco-nutriente em doentes oncológicos
Drug-nutrient interaction in oncology patients
Maria Novais Barbosa Forrester Zamith
Orientado por: Prof. Doutor Nuno Borges
Coorientado por: Dr.ª Maria Antónia Ruão
Tipo de documento: Trabalho de Revisão
Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição
Instituição académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da
Universidade do Porto
Porto, 2019
i
Resumo
Existe uma forte ligação entre a alimentação e a administração farmacológica, que
merece um cuidado e atenção especial, principalmente em indivíduos portadores
de patologias importantes como o cancro.
Na sua composição, os alimentos possuem nutrientes que são capazes de interagir
com alguns fármacos, surgindo alterações da farmacocinética ou farmacodinâmica
do fármaco ou elemento nutricional ou até o comprometimento do estado nutricional
dos indivíduos.
Apesar de muitas vezes ser menosprezado, este é um assunto sério e que faz parte
do dia-a-dia das comunidades hospitalares, sendo, portanto, fundamental a
cooperação de equipas multidisciplinares informadas, para um melhor e maior
apoio aos doentes oncológicos, bem como aos seus familiares e cuidadores.
Assim, foi produzida uma revisão bibliográfica com o objetivo de analisar as
interações possíveis entre alguns fármacos antineoplásicos e alimentos.
Palavras-Chave: Interação; Nutriente; Antineoplásicos
ii
Abstract
There is a strong connection between food and pharmaceutical administration,
which deserves special care and attention, especially in patients with diseases such
as cancer.
In its composition, food have nutrients that are capable of interacting with some
drugs, resulting in changes in the pharmacokinetics or pharmacodynamics of the
drug or nutritional element or even the complication of the nutritional status of
individuals.
Although often overlooked, this is a serious topic and part of the daily life of the
hospital communities and therefore the cooperation of informed multidisciplinary
teams is essential for a better support to cancer patients, their families and
caregivers.
Thus, a literature review was produced to analyse the possible interactions between
some antineoplastic drugs and food.
Keywords: Interaction; Nutrient; Antineoplastics
iii
Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos
OMS- Organização Mundial de Saúde
CYP- enzimas do citocromo P450
TK- cínase da tirosina
iv
Índice
Resumo e Palavras-Chave…………………………………….…………….………… i
Abstract and Keywords…………..…………….……………….……………………… ii
Lista de siglas, abreviaturas e acrónimos……...…………….……………………… iii
1. Introdução……….…………………………………………………………………… 1
2. Metodologia…….……………………………………………………………………. 2
3. Interações entre fármacos e nutrientes………..………………………………….. 2
4. Quimioterapia no cancro………………………….………………………………... 6
5. Interações significativas relevantes………………..……………………………… 7
6. Conclusões……………………………………………..…………………………... 14
Referências……………………………………………………………………………... 16
1
1. Introdução
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o cancro é a segunda principal
causa de morte no mundo, tendo sido responsável por cerca de 9,6 milhões de
mortes em 2018. Globalmente, cerca de 1 em cada 6 mortes deve-se a esta
doença.(1)
A quimioterapia é um dos principais e mais utilizados tratamentos do cancro, no
qual são utilizadas substâncias químicas com atividade antitumoral, atuando
diretamente sobre as células tumorais impedindo o seu desenvolvimento e
multiplicação, ou até mesmo, provocando a sua destruição.(2)
A administração de fármacos antineoplásicos é um dos principais focos entre os
oncologistas, refletido pelo aumento no número de agentes antineoplásicos que se
tornaram disponíveis nos últimos anos.(3; 4; 5)
Além dos benefícios, este tratamento apresenta desafios para os profissionais de
saúde, para os pacientes e para os seus cuidadores. Para maximizar a eficácia da
quimioterapia, os profissionais de saúde necessitam de rever todas as possíveis
interações alimentares e avaliar as propriedades farmacológicas desses agentes
citotóxicos com outras medicações concomitantes.(4)
A ingestão simultânea de fármacos e alimentos pode levar à ocorrência de
interações entre ambos. As interações medicamentosas e alimentares são muito
comuns entre a ampla classe de quimioterápicos, o que pode contribuir para o
aumento das toxicidades relacionadas com o tratamento, revelando-se um
problema de saúde a investigar.(4)
2
Enquanto as informações sobre interações entre fármacos são vastas e
prontamente disponíveis, informações sobre interações entre fármacos e nutrientes
são muitas vezes esquecidas.(6)
No contexto atual da medicina, com muitas linhas de orientação com objetivos
terapêuticos definidos e uma população revelando um cada vez maior interesse
pelo seu bem-estar além de cada vez mais idosa e mais medicada, será cada vez
mais importante o conhecimento destas possíveis interações.(7)
Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar, com base na evidência científica
disponível, as interações que podem existir entre fármacos antineoplásicos e
alimentos em geral e específicos, como a toranja, a cafeína, os alimentos ricos em
tiramida e alimentos gordurosos.
2. Metodologia
Para a elaboração deste trabalho foram utilizados como motores de busca o
PubMed, o Science Direct e o Scopus.
As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: nutrient-drug interactions, diet-
drug interactions, food-drug interactions, food-antineoplastic drugs interactions.
3. Interações entre fármacos e nutrientes
As interações entre fármacos e nutrientes são inúmeras, mas nem todas acarretam
complicações clínicas significativas. Considera-se uma interação fármaco-nutriente
clinicamente significativa quando a resposta do doente ao medicamento for afetada
3
ou se o seu estado nutricional for alterado. Assim, podem desencadear-se efeitos
negativos como a diminuição da eficácia terapêutica e o aumento do risco de
toxicidade, mas também poderão desencadear-se efeitos positivos, como a
otimização do efeito terapêutico. Consequentemente, poderão ocorrer alterações
do apetite, má absorção, depleção vitamínica e mineral, culminando em alterações
do estado nutricional do indivíduo.(5; 8; 9; 10; 11)
As interações fármaco-nutriente podem ser divididas em interações
farmacocinéticas e farmacodinâmicas.(5; 8; 10; 12)
Farmacocinética é o termo usado para descrever o percurso de um fármaco no
organismo desde que é administrado: (i) absorção, (ii) distribuição, (iii) metabolismo
e (iv) excreção do fármaco.(8) A absorção dos fármacos pode ocorrer através de
vários mecanismos desenvolvidos para explorar ou romper as barreiras fisiológicas.
Uma vez absorvido, o fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo,
como os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo
numa concentração apropriada. A capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo
também é limitada por diversos processos que ocorrem no paciente. Esses
processos são amplamente divididos em duas categorias: o metabolismo, em que
o organismo inativa o fármaco através de degradação enzimática, e a excreção, em
que o fármaco é eliminado do corpo.(9; 13)
(i) Absorção- A taxa e extensão da absorção está sujeita às propriedades
físico-químicas da substância (por exemplo, solubilidade em água ou
lipídios), à sua formulação (comprimido, cápsula, líquido, reservatório de
libertação lenta, matriz), excipientes, ambiente fisiológico e metabolismo
na parede intestinal. A alteração de qualquer uma dessas características,
4
por exemplo, como resultado da mudança na dieta, pode afetar a
absorção. Nutrientes e alimentos podem afetar a absorção de um
fármaco ligando-se a ele ou alterando o ambiente fisiológico (por
exemplo, o pH do estômago). O simples ato de ingerir alimentos, ou
mesmo a sua antecipação, pode libertar enzimas digestivas que inativam
certos fármacos(8; 9; 11);
(ii) Distribuição- Múltiplos fatores afetam a distribuição de substâncias no
corpo. Alguns estão relacionados com a própria substância, como as
suas características físicas (por exemplo, tamanho, solubilidade) e as
suas características químicas (por exemplo, capacidade de formar
ligações com proteínas do plasma ou outras substâncias bioquímicas).
Outros fatores estão relacionados com o estado do sistema fisiológico,
como concentração de proteínas plasmáticas, conteúdo lipídico de
tecidos de barreira ou alvo, débito cardíaco, permeabilidade capilar no
alvo ou outros tecidos, e muitos outros fatores.(8; 9; 11)
(iii) Metabolismo: Fármacos e nutrientes são transformados (metabolizados)
em outras substâncias (metabólitos) por uma variedade de reações
bioquímicas em vários locais do corpo(14). Quase todos os tecidos podem
metabolizar fármacos, sendo que o fígado, o trato gastrointestinal e os
pulmões são as principais vias do metabolismo na maioria dos fármacos.
As reações químicas mais comuns que metabolizam fármacos e
nutrientes podem ser categorizadas em dois grandes tipos: reações que
alteram a estrutura química básica da molécula parental - reações de
Fase 1 - e reações que resultam na ligação de alguma substância
endógena à molécula mãe – reações de Fase 2 ou reações de
5
conjugação. O citocromo P450 é uma superfamília de enzimas
(codificadas pelo gene CYP), localizadas no retículo endoplasmático das
células do fígado e da mucosa intestinal, que estão envolvidas no
metabolismo de Fase 1 de xenobióticos e compostos endógenos(3). A
família de enzimas CYP é particularmente importante no estudo do
metabolismo, pois muitos dos fármacos e nutrientes são metabolizados
por essa enzima: estima-se que mais de 90% dos fármacos atualmente
utilizados são metabolizados por uma ou mais enzimas CYP. Dos
fármacos mais comumente usados, cerca de 50% são metabolizados
pela subfamília do CYP3A. Uma vez que as enzimas são saturáveis e
podem ser induzidas ou inibidas, existe um potencial significativo para
interações. Alguns nutrientes podem agir como indutores enzimáticos
desse complexo, acelerando o seu metabolismo e diminuindo a sua
biodisponibilidade (efeito terapêutico não é alcançado). Outros nutrientes
podem agir como inibidores enzimáticos, retardando a metabolização
dos fármacos e aumentando a biodisponibilidade (efeitos tóxicos)(8; 9; 10;
11; 15)
(iv) Excreção: Nos seres humanos, o rim é a principal via de eliminação de
muitos fármacos.(8; 9)
Farmacodinâmica é o termo usado para descrever o efeito de um fármaco e como
esse efeito é produzido (o seu mecanismo de ação), compreendendo o
reconhecimento do fármaco pelo recetor-alvo. Assim, quando um nutriente interage
com um determinado fármaco, pode favorecer ou antagonizar o seu efeito. Uma
substância produz um efeito biológico por modificação ou interação com processos
6
fisiológicos em andamento. Em alguns casos, o alvo é estranho (por exemplo,
bactérias ou vírus) ou anormal (cancros)(8; 11; 13).
4. Quimioterapia no cancro
A quimioterapia para o cancro envolve o uso de substâncias citotóxicas.
Em geral, os fármacos antineoplásicos convencionais podem ser divididos em
classes principais: agentes alquilantes, antimetabólitos e alcaloides(8).
Os agentes alquilantes ligam-se covalentemente ao DNA, impedindo assim a
replicação e a transcrição, levando à morte celular. Fármacos antimetabólitos
competem com precursores críticos da síntese de RNA e DNA, inibindo assim a
proliferação celular. Os alcaloides inibem a formação microtubular e a função da
topoisomerase, bloqueando a divisão celular e a replicação do DNA(8; 16). Estas
moléculas convencionais agem sem distinção entre células normais e tumorais,
resultando em efeitos adversos desses tratamentos(16).
O aparecimento de moléculas cuja ação é direcionada especificamente para as
células tumorais trouxe uma nova esperança à quimioterapia no tratamento de
certos tipos de cancro: possuem índices terapêuticos mais amplos e toxicidade
reduzida. Como é o caso dos inibidores da cínase da tirosina (TK), cujo alvo é a
inibição de enzimas TK. Estas catalisam a transferência de fosfato para proteínas
da adenosina trifosfato (ATP) e desempenham um papel importante na regulação
celular. Os inibidores da TK reagem com membranas intracelulares ou enzimas que
induzem a difusão de moléculas através da membrana celular. Em oncologia, os
7
inibidores de TK são usados quando as TK alvo são ativadas por mutações e são
responsáveis pela progressão do tumor(16).
São também utilizados agentes hormonais, com o objetivo de deter o crescimento
de muitos tumores que dependem de hormonas. Muitos pacientes recebem
combinações de todos estes fármacos(8).
5. Interações significativas relevantes
A seguir, estão expostos alguns fármacos utilizados no tratamento de doentes
com diversos tipos de cancro e possíveis interações com alguns tipos de
alimentos.
Tabela 1- Interações
Fármaco Classificação
Interação
alimento -
fármaco
Interação fármaco
- alimento/ estado
nutricional
Tipo de
cancro
Abiraterona(4; 17;
18)
Antagonista
hormonal
Alimentos em
geral: aumento de
até 17 vezes da
exposição
sistémica
Hipocaliemia,
Hipertrigliceridemia,
Diarreia, Dispepsia
Cancro da
próstata
8
Bexaroteno(19; 20)
Agonista dos
recetores
retinoides X
(RXRs)
Alimentos ricos
em gordura:
aumento da
biodisponibilidade
Toranja: aumento
das
concentrações
plasmáticas
Diarreia, náuseas,
vómitos, Anorexia,
Agravamento da
disfunção renal em
doentes com
compromisso pré-
existente da função
renal
Linfoma
cutâneo das
células T
Capecitabina(21;
22)
Antimetabólito Alimentos em
geral: diminuição
da velocidade de
absorção
Anorexia,
Desidratação,
Diminuição do peso
Diarreia, vómitos,
náuseas, Estomatite
Obstipação,
Dispepsia, Flatu-
lência, Xerostomia
Cancro do
cólon
Cancro
gástrico
Cancro da
mama
Cancro
colorretal
Clorambucila (23;
24)
Agente
alquilante
Alimentos em
geral: redução da
biodisponibilidade.
Náuseas, Vómitos
Diarreia, Ulceração
bucal
Leucemia
linfoide crónica
Dasatinibe(4; 25;
26)
Inibidor
cínase da
tirosina
Toranja: aumento
da exposição
Diarreia, Vómitos
Náuseas, Perda/
ganho de peso
Leucemias
Erlotinibe(4; 27; 28)
Inibidor
cínase da
tirosina
Alimentos em
geral: aumento da
biodisponibilidade
Toranja: aumento
da sua concen-
tração plasmática
Diarreia, Anorexia
Diminuição do peso
Cancro do
pulmão de
células não
pequenas
Cancro
pancreático
9
Estramustina(4; 29;
30)
Agente
alquilante
Alimentos e
bebidas ricos em
cálcio: diminuição
da absorção
Diarreia
Náuseas
Vómitos
Cancro da
próstata
Etoposídeo(4; 31;
32; 33)
Alcaloide Toranja:
diminuição dos
níveis séricos
Náuseas, Vómitos~,
Anorexia,
Estomatite,
Esofagite, Mucosite
Cancro
testicular, do
pulmão, no
ovário,
Linfoma de
hodgkin e não-
hodgkin,
Leucemia
mieloide aguda
Exemestano(34)
Antagonista
hormonal
Alimentos ricos
em gordura:
aumento dos
níveis plasmáticos
em cerca de 40%
Vómitos, Diarreia
Perda de apetite
Cancro da
mama
Gefitinibe(35; 36) Inibidor
cínase da
tirosina
Toranja: aumento
dos níveis séricos
Diarreia, Vómitos,
Estomatite
Cancro do
pulmão de
células não
pequenas
10
Lapatinibe(4; 37; 38) Inibidor
cínase da
tirosina
Alimentos em
geral: aumento da
biodisponibilidade
até cerca de 4
vezes
Toranja: aumento
da
biodisponibilidade
Diarreia, Vómitos
Anorexia,
Dispepsia,
Estomatite,
Obstipação
Cancro da
mama
Melfalano (4; 39; 40)
Agente
alquilante
Alimentos em
geral: diminuição
da biodisponi-
bilidade em cerca
de 30%
Diarreia, Vómitos Mieloma
múltiplo
Carcinoma do
ovário
Metotrexato(41; 42)
Antimetabólito Bebidas com
cafeína (café,
refrigerantes com
cafeína, chá
preto): diminuição
da eficácia
Inflamação e
ulceração da boca e
garganta,
Indigestão, Perda
de apetite,
Náuseas, Vómitos
Cancro da
mama, cabeça,
pescoço, pele
e ovário
Linfoma de
Hodgkin e não-
Hodgkin,
Carcinoma
colorretal
Leucemias
Carcinoma de
esófago,
estômago e
pulmão
11
Nilotinibe(43; 44)
Inibidor
cínase da
tirosina
Alimentos em
geral: aumento
das
concentrações
séricas
Náuseas, Diarreia
Vómitos,
Obstipação,
Dispepsia,
Diminuição do ape-
tite, Hipofosfatemia
e outros
desequilíbrios
eletrolíticos,
Diabetes mellitus,
hiperglicemia,
Hipercolesterolemia,
hiperlipidemia,
hipertrigliceridemia
Leucemia
mieloide
crónica
Nilutamida(4; 45;
46)
Antagonista
hormonal
Etanol: aumento
do risco de into-
lerância ao etanol
Vómitos, Náuseas,
Intolerância ao
álcool
Cancro da
próstata
Pazopanibe(4; 47;
48)
Inibidor
cinase tirosina
Toranja: aumento
da exposição
Alimentos em
geral: aumento da
exposição
sistémica
Diminuição do
apetite,
Hipofosfatemia,
Desidratação,
Diarreia, Náuseas
Vómitos,
Estomatite,
Dispepsia,
Flatulência,
Ulceração da boca
Carcinoma de
células renais
Sarcoma dos
tecidos moles
12
Procarbazina(4;
49; 50)
Antagonista
hormonal
Alimentos ricos
em tiramida
(carnes e queijos
envelhecidos,
produtos de soja,
banana):
possibilidade de
ocorrência de uma
crise hipertensiva.
Vómitos, Náuseas,
Perda de apetite,
Obstipação
Linfoma de
hodgkin
Ruxolitinibe(50; 51)
Inibidor
cínase
tirosina
Toranja: aumento
das
concentrações
plasmáticas
Aumento do peso,
Hipercolesterolemia,
Hipertrigliceridemia,
Flatulência,
Obstipação
Mieloma
múltiplo
Sorafenibe(52; 53)
Inibidor
cínase da
tirosina
Alimentos ricos
em gordura:
diminuição da
absorção em 30%
Anorexia,
Hipofosfatemia,
Hipocaliemia,
Hiponatremia,
Hipoglicemia,
Hipocalcemia,
Diarreia, Náuseas,
Vómitos,
Obstipação,
Estomatite,
Dispepsia, Disfagia,
Refluxo
gastroesofágico
Carcinoma
hepatocelular
Carcinoma de
células renais
Carcinoma
diferenciado da
tiroide
13
Sunitinibe(50; 54)
Inibidor
cínase da
tirosina
Toranja: aumento
das
concentrações
Perda de apetite,
Desidratação,
Hipoglicemia,
Estomatite,
Vómitos, Diarreia,
Dispepsia,
Náuseas,
Obstipação, Doença
de refluxo
gastroesofágico,
Disfagia, Esofagite,
Ulceração da boca,
Queilite,
Glossodinia,
Xerostomia,
Flatulência
Tumor
estromal
gastrointestinal
Carcinoma de
células renais
Tumor
neuroendócrino
pancreático
Temozolamida(50;
55; 56)
Agente
alquilante
Alimentos em
geral: diminuição
da absorção em
cerca de 33%
Perda de apetite,
Vómitos, Diarreia,
Náuseas,
Obstipação,
Hiperglicemia,
Xerostomia,
Alteração do
paladar, Perda de
peso
Glioblastoma
multiforme
14
Vemurafenibe(50;
57; 58)
Inibidor
cinase da
tirosina
Cafeína: aumento
médio de 2,5
vezes (máximo
até 10 vezes) da
exposição
plasmática da
cafeína
Diminuição do
apetite, Diarreia,
Vómitos,
Obstipação,
Náuseas
Melanoma
6. Conclusões
A par do aumento da idade da população, tem-se assistido a um aumento
significativo da incidência do cancro, e, com isso, um uso crescente de fármacos
antineoplásicos.
Para além disso, na sociedade atual, o cancro é uma das doenças com maior
visibilidade, sendo que os doentes referem o diagnóstico de cancro como um dos
eventos mais traumáticos e life changing(59).
De facto, as consequências do cancro e dos seus tratamentos passam por
alterações bioquímicas e fisiológicas severas, as quais estão associadas com a
detioração da qualidade de vida a nível físico, psicológico e social.
Quando a cabeça e o pescoço e órgãos como esófago, estômago, intestino,
pâncreas ou fígado são afetados, a absorção de nutrientes suficientes para a
preservação das funções do organismo fica comprometida: é muito comum a
ocorrência de xerostomia, mucosite, disfagia, vómitos e diarreia, levando àquele
que é um dos maiores problemas nestes doentes, a desnutrição. Aqui, a terapêutica
15
nutricional é essencial para a otimização do estado nutricional, tornando-se
fundamental a atuação de uma equipa multidisciplinar, onde participe um
Nutricionista, de modo a possibilitar uma intervenção precoce.
Diversos estudos comprovam que um bom acompanhamento nutricional permite a
modulação sintomática, diminuição das infeções e complicações pós-operatórias,
menor tempo de hospitalização, melhor resposta à(s) terapêutica(s) e modulação
da resposta imunitária do doente, pelo que a intervenção nutricional se reveste de
uma importância major em oncologia, sendo um fator chave para o sucesso do
tratamento e recuperação destes doentes(59; 60).
Dada a relevância que o estado nutricional tem no prognóstico desta doença, é
imprescindível que cada doente oncológico e seus familiares e cuidadores sejam,
desde cedo, perfeitamente acompanhados e muito bem informados relativamente
a todos os aspetos intrínsecos ao(s) tratamento(s) da doença.
16
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