geografia das lutas no campo

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Livro de geografia que fala sobre as questões fundiárias no campo.

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  • ' I . . ' 4

    4 /k t f

    R E P E N S A N D O A G E O G R A F I A

    DAS LUTAS NO CAMPO

    ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA

  • Copyright O 1988 Ariovaido Umbelino de Oliveira Coleo: REPENSANPO A WOGRAFIA Coordenador: Ariovaido Umbelino de Oliveira Projeto Grfico e de Capa: Sylvio de Ulhoa Cmtra Filho i$ecup de capa: C&ar Landucci Revlio: Rosa Maria Cwy Cardoso e ~ a n d i d a ~ ~ . V. Pireira Co~nposiCo: Veredas Editorial 1111l)rc~vno 1. Acohrrnrc~r~o Grhflcu Crculo

    FICHA CATALOGR&ICA ELABORADA PELA BIBLTOTECA CENTRAL - UNICAW

    Oliveira, Ariovaldo Umbelino de OL4g A geografia das lutas no campo / Ariovaido Umbelino de Oliveira -

    6! ed.- So Paulo: Contexto, 1994. (Coleo Repensando a Geografia)

    ISBN 85-85 134-13-5 1. Conflitos sociais. I. Titulo.

    fndices para catllogo sistemltico: 1. C~nflitos sociais 305.56

    : 'dU.Abf*

    l ? edio: abril de 1988 6! edio: setembro de 1994

    1994 Proibida a reproduo total ou parcial. Os infratores sero processados na forma Todos os direitos reservados EDITORA CONTEXTO (Editora Pinsky Rua Acopiara, 199 - OSO8+llO - So Paulo - Fone: (01 1) 832-5838 - ~ax:"@f1')%32-356

    Meu senhor, minha senhora ... Me pediram pra deixar de lado toda tristeza Pra s6 trazer alegrias e no falar de pobreza

    E mais, Prometeram se eu cantasse feliz

    Agradava com certeza. Eu que no posso enganar,

    Misturo tudo que vi Canto sem competidor Partindo da Natureza Do lugar onde nasci

    Fao versos com clareza Arrima, pelo e tristeza

    No separo dor de amor Deixo claro que a firmeza do meu canto

    Vem da certeza que tenho De que o poder que cresce sobre a pobreza 1

    E faz dos fracos riqueza Foi que me fez cantador. 3& 8riti.Wvjrr

    M A R CXIRAW(!q $c (Geraldo Vandr - Terra Plana)

  • A memria do companheiro JOS EDUARDO RADUAM (ltimo presidente do INCRA) que morreu trabalhandollutando ... pela REFORMA AGRRIA e para MALU, sua companheira, que datilografava os originais deste livro quando Raduam "desapareceu" na Serra dos Carajds, no sangrento sudeste do Par.

    O Autor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ll 1. A Geografia de uma Histria de Lutas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2. Conflitos Sociais no Campo: Um Histrico . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3. Geografia da Violncia ps-64 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 4. Situao Atual dos Movimentos no Campo . . . . . . . . . . . . . . .55 5. Questo Agrria: Militarizao e "Nova Repblica" . . . . . . . . . . 83

    . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sugestes Bibliogrficas .97 O Leitor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99

  • i.' i O A U T O R N O C O N T E X T O

    # . I , , i l+lt+t7Ps- - 1 a $-v 8 *, , "r ?*

  • Curriculares para o Ensino de Geografia de primeiro e segundo graus.

    Publicou vrios artigos em revistas cientficas (Boletim Paulista de Geografia, Terra Livre, Revista do Departamento de Geografia da Universidade de So Paulq.- USP, Orientao, Caderno Prudentino de Geografia, Boletim Goiano de Geografia, etc.) e autor dos livros Mo- do Capitalista de Produo e Agricultura, Amaznia: monoplio, expro- priao e conflitos e A Amaznia.

    coordenador da coleo Repensando a Geografia. Alm de tudo isto, Ariovaldo encontra tempo para "curtir" seus

    filhos rsula e Emiliano e sua companheira Bernadete. Ariovaldo responde agora as quatro perguntas formuladas:

    1. Por que voc est estudando as lutas no campo? R. A realidade de nossos dias tem gerado uma sociedade que se ur- baniza velozmente. Esta urbanizao, comandada pelo processo de industrializao que o campo est conhecendo, criou rapidamente um forte contingente de trabalhadores rurais-urbanos. O fenmeno do "bia-fria" A hoje nacional. Isto ocorre porque se est implantando no campo o modo industrial de produzir. Este fato, incontestvel, tem feito com que vrios colegas autores tratem o campo como se trata a cida- detindstria, esquecendo que as especificidades de cada um no fo- ram ainda eliminadas. Esquecem tambm que este processo geral de expanso das relaes de trabalho assalariado pelo pas, , antes de tudo, contraditrio. Simultaneamente, h a dominao, quase absoluta, do trabalho assalariado nas mdias e grandes propriedades e no pre- domnio igualmente quase que absoluto, do trabalho familiar nas pe- quenas propriedades. Outra questo est no fato de que a luta pelo acesso terra, tem aumentado em nosso pas, de certo modo contra- riando a teoria geral da expropriao/proletarizao inevitvel dos pe- quenos camponeses. Tudo isto, mais a paixo pelas questes do campo, nascida das discusses e longas conversas com meu pai Francisco, influenciaram na deciso do estudo. Soma-se a tudo isto, o fato de que, muitas foram as vezes, em que eu fui com o "caminho da turma" (bias-frias) para a fazenda, onde meus tios trabalhavam, para passar as frias escolares. A conscincia e a opo foram sendo moldadas pela vida e pela frase de meu pai, definindo o quadro das relaes de trabalho do final da dcada de 40, quando ele deixava o campo: "Eu tive que comprar a minha liberdade". Portanto, quem nas- ceu e cresceu na revolta, s poderia um dia estudar as lutas no campo. Foi por estes caminhos que o trabalho foi sendo construido.

    2. O campo est em guerra? R. Um dia, em Cuiab, num encontro de estudantes, um aluno levan- tou, maliciosamente, esta questo. Respondi: H duas respostas a esta pergunta. A primeira procura revelar o quadro de violncia existente no campo,onde trabalhadores vo sendo assassinados sem que os jagun- os e mandantes sejam sequer indiciados em inquritos. As lutas dos jrabalhadores, como todos sabemos, tm ganho em organizao, em decorrncia deste estado de "ausncia" de justia. A geografia das lu- tas mostra que o campo tem vrias frentes de confronto que no po- dem ser ignoradas pelos tericos da revoluo operria exclusiva. A, vem a segunda resposta. Os colegas que tm optado por uma viso do mundo, via revoluo operria industrial urbana, exclusivamente, acham que estudar as lutas no campo significa negar por antecipao a fora histrica do operariado e imediatamente colocar no centro da revoluo, os camponeses. Esto no mnimo, equivocados. O que pro- curamos fazer entender a totalidade da nossa sociedade, sem des- truir as especificidades entre o campo e a cidade. Dai entendemos que h uma guerra instaurada no campo, uma luta aberta entre o capital multifacetado e os trabalhadores, camponeses ou no.

    3. Por que sua paixo aumenta quando voc escreve sobre os ndios? R. Uma das coisas mais fantsticas que descobri em minha vida foi o fato de que era descendente de ndio. Esta alegria se acentuou quan- do cedi meu sangue para ser estudado por uma cientista (da Medicina Pinheiros) que descobrira um gene especifico dos povos indigenas bra- sileiros e o exame foi positivo. Assim, falar dos irmos ndios falar da gente mesmo: da luta pela autodeterminao ao direito vida. E uma coisa que vem do corao. A paixo A a prhndio para comear a escrever sobre os Indio. Mas a paixo , tambm, condio importan- te para se conscientizar do quadro vivido pelas naes indgenas e pa- ra se lutar contra sua destruio. Nossa sociedade tem que, rapida- mente, entender a necessidade histrica da autodeterminao dos po- vos indigenas, ou ento, tambm seremos partfcipes deste massacre histrico a que eles tm sido submetidos.

    4. Como voc consegue conciliar seu trabalho da universidade com a atuao junto aos movimentos no campo? R. Acho que isto decorre de uma opo de vida. N6s em casa conse- guimos adequar/transformar nossa vida particular e profissional na busca e na participao nos movimentos de nossa poca. Viver para n6s, e para nossos filhos, tem sido viver estes movimentos. Frequen- temente encontramos, em casa, o Emiliano (nosso filho de 6 anos)

  • cantando a msica da reforma agrria ou a Espinheira do Duduca e Dalvan. A Ursula (1 1 anos) transpe para seus trabalhos escolares aquilo que viu dos ndios em Mato Grosso. E da para frente, tudo tem passado pela opo de vida. Soma-se a isto minha opo intelqctual como pesquisador. Ela tem sido construida pelos caminhos da neces- sria articulao entre a teoria e a prtica. Por isto veja como funda- mental a participao, sempre que necessria e posslvel, nos movi- mentos. E mais, fazer pesquisa para mim ir em busca dos estudos concretos, indo l no campo ver a luta de perto. Meu trabalho na uni- versidade vai sendo produto/ao desta prtica de vida que os mais "filsofos" chamam de prxis.ia -7, ,r eaul?# B W.

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    'w Conflitos sociais no campo, no Brasil, no so uma exclusividade c& nossos tempos. So, isto sim, uma das marcas do desenvolvimento e do processo de ocupao do campo no pais.

    0s povos indigenas foram os primeiros a conhecerem a sanha de terra dos colonizadores que aqui chegaram. Este genocidio histrico a que vem sendo submetidos, h quase quinhentos anos, os povos indl- genas brasileiros no pode ficar fora das muitas histrias de massa- cres nu tampo.

    O territrio capitalista brasileiro foi produto da conquista e des- truio do territrio indgena. Espao e tempo do universo cultural ndio foram sendo moldados ab espao e tempo do capital. O ritmo com- passado do tiotac do relgio no seu deslocar temporal, nunca foi a marcao do tempo para as naes indgenas. L, o fluir da histria est contado pelo passar das "luas" e pela fala mansa dos mais velhos registrando os fatos reais e imaginrios.

    Talvez, estivesse a o incio da primeira luta entre desiguais. A lu- ta do capital em processo de expanso, desenvolvimento, em busca de acumulao, ainda que primitiva, e a luta dos "filhos do sol" em busca da manuteno do seu espao de vida no territrio invadido.

    A marca contraditria do pas que se desenhava podia ser bus- cada na luta pelos espaos e tempos distintos e pelos territrios des- trudos/construidos. - ' Esta luta das naes indgenas e a sociedade capitalista euro- '"ia primeiro, e nacional/intemacionaI hoje, no cessou nunca na his- tijria do Brasil. Os indigenas, acuados, lutaram, fugiram e morreram.

  • Na fuga deixaram uma rota de migrao, confrontos entre povos e no- vas adaptaes.

    A Amaznia segurapente seu jtimo reduto. Mas a sociedade brasileira capitalista intemaclon'alizada ihsife na sua capitulao. O Banco Mundial acena com Rursqs para a demamqo de suas "pri- ses". As "reservas" indi enas, fryes d~ territrio capifalista para aprisionar o' tenit6rio%b&!ri~ii~&ha, so deri-tariiadd&$ara !i30 serem respeitadas.

    Novamente espaos e tempos distintos so produtos da luta de- sigual do e no territrio. O espao liberto e o tempo lunar do ndio so novamente sacudidos pelo tempo do relgio e pelo espao-priso do capital.

    Tal qual no passado, esta luta continua, com um nico derrotado: o ndio, e com ele uma frao da humanidade.

    Simultaneamente A luta dos indgenas contra o tempo e o traba- lho dos brancos capitalistas, nasceu a luta dos escravos negros contra espaos e trabalhos para os senhores fazendeiros rentistas.

    Quilombos surgiram, Palmares cresceu. Zambi nasceu, Ganga Zumba lutou, Zumbi morreu. Na terra da liberdade e do trabalho de to- dos nasceu, no seio do territrio capitalista ~olonial, o teni'tdrio livre, li- berto, dos africanos/brasileiros escravo% mercadorias antes de traba- lhadores, para a primitiva acumulao do capital j" mundializado.

    Palmares cresceu, negros acolheu e brancos juntou.,Procurava-se construir, agora por dentro, o territrio da liberdade negra da frica no Brasil. A produo coletiva nativa era crime contra a lgjcra da produ- o privaddexpropriada do escravo pelo senhor.

    A guerra/destruio de Palmares viu a presena dos bandeirantes - Domingos Jorge Velho e outros - destruidores da ,terra da liberdade negra, ndia, brasileira, jagunos histricos dos senhores rentistw do acar. , 7 . . .

    Hoje &so outros os jagunos da kist4fiatelas classes dominaritw que desde os tempos da ditadura militar dos snas sessenta e setenta; vm tomando a bandeira da gwerraldestmio das terras de trabalho dos posseiros dos povoados empoeiradas, enlameados do serto, @/ou da terra livre e do territrio sem cercas dos povos indlgemas da .Ama- znia. ,

    Os posseiros lutam numa ponta contra a expr~priao,quecos ge- ra, e na outra; contra o jagungo, gendanne de planto do latifundirio especulador e grileiro das terras indgenas. No Ihes dado sequer a possibilidade de serem senhores. de seu viv'a qer. Matam-os posseiros, seus defensores e seus seguidores. Matam a posqibilidade da criao e recriao do espao liberto da prod_ugo familiar! Matamldestroem 0- ter-

    rio liberto das posses livres e dEis terras de trabalho da AmazGnia rante, da.Amaztlnia dos retirantes. - Mas da bta e da morte qma atravessam esta, conquista do territb

    telivo IivM do fmdio, na=m,%we repmduzm #as roas mmw nit- QO bDletWa ia teWittiqlik~a dos posseiros contra a $a:exp@dfat$io 8 da proleWzag0. .r -

    2 TmmW e Fomqodazem parte dahist- e pela liberdade no campo do pais. So me&

    resist6ncia e de mstnuo .dgsses eypmpriados m ser. ,propntat&ios coktivos de

    I b i p capitalista. So tambem capital e dos capitalistas pe-

    rde uma destnaib inevitvel. , . t$veis e histrioabiias iirgas camponesas sacudiram o camp

    no nos anos dnquenta e sessenta. A violdncia do golpe militar Poc;oil o anseio de ltjerdatk do morador sujeito dbs, Iatfi.ndios d" ~brdeste brasileib. Q@mm e h~tkirarn as lideranas

    n e w em luta: Mutos "fugiram",' fm@indo, sumiram, foram s: Mas n i l h o assim \ CbNTAd -'Cnfbdeao dos

    res da Agricultura - nasceu e no morreu. o da Terra era , q a espcie de bandeira militar levada uta p~~ra, atravcS d guerra, impor a "paz na, terran. Mais

    de 20tzs$rtrtm; c& milt"8 no permitiram s m e r que o Esta- , ( tuto !3e

    ~ ~ ~ ~ N Q mp o m p h 2 @elw ;.batalhas da terra, foi crssoanibi &brand2 $d &d#ahwelo~quglitzitivhente. N$io m e unipemente o possehc.que\oou@ as-pms, morrem tambm as lide- r a w s sindicais, aquela que os' apoiarn e defendem: os padres, os pastoras, os agentes pagtorais, os advogados, etc.

    esta luta tambem chegou ;o Congresso Constituinte. Os setores reahon&ios, proprietrios/latifundirios/rentistas no abrem mo da ne~ssida* & se irqpwtqr nq pmpo o principio legal injusto 9 i l ~ - t i m ~ da '!jvkia e pfh& ifhenizao em dinheiro da tcgrti $, das benfeitorias".

  • No entanto, se da violncia nasce a morte, nasce Jamb4m a vida. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Tem pi;odutt dessa contradio. A negao h expropriao no mais excluivida$e do re- tirante posseiro distante: Agwa eia pensada, artiwb&, 'e execuiada a partir da cidadq com a ,presena dcas rcttirnfes~ qqem~ii iiic$ade/so- ciedade insiste em rregar o direito cidadania. Dirpitoagw&cowtwdo e conquistado na luta pda rcaptura d6 esp~@/.tempo, ~~per;d'd~s na trajetria histria da expropriao. 9 - ,,.' < I ,

    Acampamentos e assentamentos so novas [email protected] #luta de quem j& lutou 'au decquem resolveu lutar pelo direito :tetw livras ao trabalho libett6. 'A tetYa que pemite aos trabalhad~reg+.ie Wnos do tempo que o capital roubou e construtores do territ&io,coleti\i~okqwe o espao do capital no conseguiu reter h bala ou por press50A -s repo- rem~se/reproduzirem-se, no seio do territrio da sprdu@i3@ geral capitalista. I , . S .

    Nos acampamentos, camponeses, pees e Wias-frjajj sp~ntgam na necessidade e na-luta a soldagem poltica de Cima aLin.ga ~s4 ;6 r i . Mais que isso, a evoluo da ao organizada das lide&an@s,bia& frias, abre novas perspectivas para os trabalhagores. $rev;e%nirj@s na cidade para buscar conquistas sociais no campo sqo corpponentes ainda localizados no campo brasileiro, sinal de que, estes trabalhado-

    1 , ) res, apesar de tudo, ainda vivem e lutam. No entanto, se o horizonte do campo 68 ,Brasil 'c$ c~ntradltditbrip na

    essncia, nessa contradido ou conjunto d6 'mntt&dibs q$$ se de- - < ve desenvolver a compreenso dessa realidade. " Esta cdmpreenso-Sauramqnte passa

    designkil dessas contradies e movimentos. paip pa'ra''2 prticipdao .doi gedgt~bs e da envalvimento e~on&nico:'hiaVQ'~lticu 3 inserem. . - I i . 1 1 ; - p ., '7;rr,

    Este momento do desenvdvirrintb do c @ ~ l s f i 6 ~ ~ * ~ n d d ~ e r i t z k l para o campo, pois as bases para sua industrialiWQ& est9nEJi.l~ii"ad&s, e o capital, feito rolo cotbIpF~,~tUdb magtPna m a d a~umulao e da sua reproduo ampllad%i: nesta.rdta.q~e'procuraiYrm enten- der os conflitos scscks & a' luta pela tema no ~Btsil; .

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    E ' '_ . -4. . -i, . - i , * . ' L . L , .i 31

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    2 ONFLITOS SOCIAIS NO CAMPO:

    M H I S T ~ R I C O

  • varn rio6 quilombos Wlas. Os quiloti~bos eram um sistema cornunit&rii ta para onde iam os negros que

    . conseguiam yg' zes eram cinco, seis casqs. ape- nas. Outras Je&hhegavam a @ar verdaBeiGs cidades. k t e s huk lombos eram Qmpre perse uidbs ,pgk p6rcips dos faze@eiros. , Quando podi a t a destnilam e & % t;Sivar&os ne&os e os recapturadk eram

    -levados deWolta para os enmMS>Jme Mam'duYmlente casgadas e " marcados? (Comisso, 1987.)

    n ; t l :. . Entn os quif&nhhis; tdt6rio negro livre no seio do latifndio

    branco europeu, Palmam foi r, grande exemplo de luta, resismcia e destruio. L ~rdnamm Zambi, Ganga Zumba e Zumbi, mas o jagun- o/pistoleiro, q i tmo-mato , Domingos Jorge Valho (bandeirante de ento) e seus capangas a mando do latifdndio destniram o espadre- duto da liberdade negra: .

    "O maior.dos quilombos foi o de Palmares, em Alagoas.- Este foi o qua m@s teppo. re$etiu aos ataques dos, farendeirq. essa r$s!st4ncia Que durou' c e m ' d s ,&"e muW a - Ilder Zumbi e B &ua capacidade de big&i"za&o. O n6mero de neste qL'lbrn'Bo che@' a viriti3 inil. E d dina vedadeira cidade orlqe'os W r o s viviam numa comunidade &++ato: Al se fazia a 6xperiincia de Sraternidade verdadeira. Era @ lupar Onde ob negros se hentlmi iguais de hiulade. O: t@lamb'dos PalmaW tinha sua base na orgeuiizapo social-@ ~ ~ M w vdW@ para :a@. d*nder

    , -

    gros continuaram a fugir das senzalas e a se agrupar nas &?restas, lu- Jtarldo p i sdbrevivgncia'ewr ~ r o d ~ ~ s s i 3 0 , 19876;- '" ' " '?%-

    L AS LUTAS DE7 CANUDOS E tWWl3HAW - ' 3:) I1 I~IC.J !t):%

    O 'fim da escravido no sculo passado no foi suficiente pEm remover.as injustias sociais; s. e nordesb latifundirio viu nascer no sertoqa luta sangremta de Canwbs. Camponeses e ExWtg lutaram violentamerite pw m i s de um ano: - . %c)

    "... em 1896-1897, a Guerra de Canudos, nos sertes da Bahia, que du- rou cerca de um ano, tamb6m envolvera metade do Exrcito e milhares de camponeses e tivera uns cinco mil mortos entre estes, impondo seve- ras derrotas s foras militares." (Martins, 1981.)

    Alm de Canudos, no final do sculo, o inicio dos anos dez mar- cou, com a Guerra do Contestado talvez, o maior confronto armado entre camponeses e o Exrcito no Brasil. De novo a violncia esteve

    I I

    I

    "A maior guerra popular da his'tbria contempornea do Brasil foi a Guerra do Contestado, uma guerra camponesa no sul do pals, nas regies do Paran e Santa Caiar@& de 191 2 a 191 6. Pkgarigf-u 20 "mil [gbelclgq, en- volveu metade dos efetivos do Exrcito brasileiro em 1914, mais uma tro- pa de mil "vaqueanos", combatentes irregulares.. Deixou um saldo de pelo menos trs mil mortos."(Martins, 1981.)

    AS LUTAS DOS COLONOS NA FAZENDA DE CAF 1 ,

    No eram apenas os camponeses nordestinos ou sulistasl os en- volvidos crom a luta pela liberdade, pois as greves dos colonos nas fa- zendas de oaf forach quase sempre reprimidas pelos capangas arma-

    ~ ~ ~ @ s . E l p s tamb6m wnstifulramwe no instrumento de lutarresistncia dDs colonos migrantes explorados: , a ,. .

    ' I

  • tais como o preN 'baixo .tentativa de rq&@o do

    ~espaldo da jplc@, conh3flguicq ro.mBt a,greve ,amga~p& 06 , W@klha- , .

    - . b , " , . .. . I , . , , . . , ..i 4 t . ' , .i 0 i , . ,' ; I :.g;;# As ~Wi;TAs ; ~ M P Q L 6 i s A s ~ , ~ M ? M E A ~ , $jmm m' . * , & ' . , - ' < 8 . .. .- ,,c ,I '

    Palmarw, Canudos, Contestado, greves nos cafezais paulidas, . , .UY

    "Em Gois, nessa poca, ocorreram conflitos e expulses que encontra- ram na Revolta de Trombas e Fonnoso a sua expresso maior. Em 1948, com a estrada Trarsbras"liaha, as terras do ento municlpio de Uruau se valorizam. Essa estrada viria a fazer parte da futura Rodovia Belm-Bra- sfliii, iniciada a constygo, da capital em 1956. No ano seguinte ao da

    . , . chegada da estrada a Uruau, camponeses originrios do Maranho e do Piaul, mas que viviam em PNro Afonso, no norte de Gois, tambem cqe- garam cegio, em grupo; liderados por Jos PorfIrii, e ali formaram pos- ses numa rea de terras devolutas. As mesmas terras, entretanto, foram griladas por um ghJpo de fazendeiros, alm do juiz e do dono do cartbrio local, consumando-se o processo de grilagem em 1952. Inicialmente, so *' %tas p~6j30sts de compra das posses aos posseiros, o que quer dizer kbmpra mediante pagamento unicamente das benfeitorias. Diante da re-

    ' cusa solanados jagunos sobre os cdponeses. Diante da resistncia ( r ho feitas tenfatiyas de transformar os posseiros em parceiros, como 'O' ocorrih em Minas na mesma ocasiCio. Nessa altura j havia tr6s mil pes-

    : sdas na regio. Por essa &oca, em 1953, violncias foram cometidas '.' "contra Jos Parfiiro (cuja mulher e filho rec6m-nascido foram arrancados

    ,r-i" d6 casa s a basa"queimada, do que resultarNa morte. da mulher alguns dias SlepoiST. .

    .a 8'.0s conflitos j eram muitos quando chegaram regio, em 1954, quatro -u?' militantes enviados pelo Partido Comunista do Brasil, que passaram a vi- ' .'Ver e trabalhar na rea. A partir de ento, os camponeses se organizaram

    ,em Conselhos de Crregos, desenvolveram o trabalho coletivo do muti- i G T Mo 'ns momentos de tenso mais aguda, para permitif que grupos de

    ~'dk&ponese~ 'artnadds montEissem guarda contra ataques de jagunos e '' ''''da pollcia, :e hnda~arw~ a Associab dos Lavradoreg de Fonnoso e

    ' j - Trombas, ehcarregada' de rpresent-10s e orbahiz-los, para obteno -xn dapf6ptiedade dgterra. Qtfando em '1957 o govbrne 'estadu4l mandou pa- '"- 'h& T6gib fbW contlmgerhe para cornbat-ls, o Partido Comunista pro- Ot' #8s%im $&rd&.hp&ari&a5 pretens'jes do gover~iador Pedro Lupovico de

    ' '#$@nai A%& ma#dtS"$''akia% g $@hdidGtuhil de'seV'filho, Maum Bor- ' o&, .h gudssao govk@$&nta~ ~ t f vpca, o g6yezo retiraria .tis tropas , dp re@d,'; qye foi feito. C ~ r n i&o, a t , $ 9 ~ 4 , ~ regb de Trombas e For-

    m o ~ ~ se constituiu num territrio liberado, de certo modo suieito g gover- , , i?p pr$rii uma espcie de governo popular; o que foi facilitado pela cria-

    $,q9d~ mgicpio de, Formoso, por solicitao dos camponeses, alm da .?pio cJe JQ@, P~rfirio como deputado estqdual. Embop o ~xdrcito s

    - tenha entrado np, ~egio alguns q n ~ s depois do. golpe, conforme nota ofi- cial publicada nos domais, j ep 1964 os lideres d~~movimento haviam fu-

    ,gido. Foram presos ,em 1970 e barbaramente brturados. Jos Porfirio foi preso em 1972, no Manan,ho~ durante as batidas relacionadas com o combate guerrilha db 4raguaia.l Solto em 1975, \em Brasiia, desapare- ceu completamente, havendo daa,suspita de seqfiestro e dssassinato" (MariFi.5, 1981,).

    29

  • AS LUTAS PELA TERRA NO PARAN

    As lutas pela terra no Paran, segundo Martins passam pelas relaes entre os latifundirios e o Estado e as muitas falcatruas reali- zadas pelos govemantes no exercicio do poder contra os camponeses posseiros. Estes conflitos vo conter, como se 3iu em Trombas e For- moso, a participao do Partido Comunista do Brasil:

    "Na mesma poca em que comeava o problema de Troml?as e F o m - so, comeava tambm o problema de terras que culminaria com a guerri- lha de Porecatu, no Parand, em 1950. Desde 1946, mil e quinhentas fam- lias de posseiros, habitando terras devolutas em Jaguapit, passaram a sofrer o problema do despejo porque o govemo do Estado cedera aque- las terras j ocupadas por eles para grandes pr6pnetriis. 0 s despejos violentos levaram formao de grupos armados que resistiam ou ataca- vam fazendas. Vrios confrontos entre posseiros e pollcia ocorreram, com derramamento de sangue. A situao se. agravou ainda mais porque o governador, envolvido ele pr6prii em famosas negociatas de terras, procurou os camponeses de Jaguapiffi e Ihes propds transferncia segu- ra para outras terras no vale do rio Paranaval, com casa e transporte. A promessa no foi cumprida. A essa situao violenta, que se repetia em outras regies do Paran na mesma ocasio, veio somar-se a revolta dos lavradores de Porecatu, lo- calidade tambm no norte do Paran, no muito distante de Jaguapit. A situao era ali idntica quela outra. Tendo notlcia de que o govemo pretendia desenvolver na rea um projeto de colonizao, muitos campo- neses comearam a se deslocar para l, abrindo suas posses. Na ver- dade, sem nenhum respeito pelos posseiros, o governo havia traficado com as terras, vendendo-as a outras pessoas. Nos ltimos meses de 1950, devido ao do Partido Comunista do Brasil, atraves dos seus comits regionais de Londrina, no Paran, e de Presidente Prudente e Assis, em So Paulo, eclodiu a guerriiha de Porecatu, tendo como um dos chefe's Jos Billar. As lutas prosseguiram, com mortos e feridos, at janeiro de 1951, quando assumiu um novo governador disposto a resolver o problema. Apesar de o governo ter, em 15 de maro, declarado as ter- ras de utilidade pblica para desapropriao por interesse social (fato que

    1 ocorria pela primeira vez no pais), ainda em junho havia de trezentos a quatrocentos camponeses armados, emboscados nas matas, de onde safam apenas para atacar. Foram desarmados por uma fora policial de duzentos e cinquenta homens. Consta, porem, que o prprio Partido Co- munista determinara a cessao da guerrilha". "Mas no sudoeste do Paran, quando Lupion, j envolvido em negocia- tas anteriores de terras, volta ao governo do Estado, que t&m lugar os

    conflitos que culminam com a revolta de l9FJ, oas regioes de Pato Bran- co, Francisco Beltro e Capanema. Ali a situao ere extremamente

    este do Paranl, uma,instituio dom r r l

  • rendatrios, pequenos proprietrios e trabalhadores da Zona da Mata, contra o latifndio.

    A origem da expresso "Ligas Camponesas" est relacionada ao movimento de organizao de horticultores da regio de Recife pelo Partido Comunista do Brasil, durante seu curto perlodo de legalidade na dcada de 40. Este movimento decorreu do fato de, na poca, os sindicatos rurais serem inconstitucionais. A maioria desses ncleos desapareceu com a colocao do partido na ilegalidade. A "Liga" de Ipatinga, fundada em 3 de janeiro de 1946 em Pemambuco, foi uma das poucas que resistiu ao desaparecimento geral.

    Na dcada de 50, mais precisamente no ano de 1954, foi no En- genho da Galilia, localizado no municpio de Vitria de Santo Anto, a pouco mais de 60 km de Recife, que praticamente nasceu o movi- mento conhecido como "Ligas Camponesas". A luta dos galileus foi estmturada contra a elevao absurda do foro, ou seja, d n t r a a alta dos preos dos arrendamentqs. b

    "O Engenho da Galilia locaiiqa-se em Pemambuco, no municlpio de Vit- ria de Santo Anto, distante 60 km de Recife, em regio de transio en- tre a Mata e o Agreste. Desde os fins da dcada de 40, os proprietrios deixam de explorar a cana em suas terrase passam a arrend-las. Os 500 ha so arrendados por cento e quarenta familis,.reuninda cerca de

    , mil pessoas. Arrendatrios da terra e proprietrios dos outros: meios de , produo utilizam a fara de trabalho ,familiar e combinam a produgo de

    subsistCSncia com a mercantil, pmElueimdo legumes, frutas, mandioca e algodflo. A rea mdia das propriedades 6 de 3,5 ha e foi imposslvel ~econstituir, atravs 'de sistema contbil, a situqGo econn8mi~a dessas famflias que, alm da reposio dos" meios de produao, devem retirar do tendimento global o pagamento da renda da terra, que feito em dinheiro: Q o foro. Nesse engenho, no aho de 1954, o aluguel anual estabelecidcYp6r hectare ' era de Cr$6.000,00. Na regio, no mesmo ano, o preo'de venda da terra variava entre Cr$. 10.000,OO e Cr$15.000,00 por hectare. Isso equivalia a que o pagamento de dois anos de renda correspondesse ao valor da terra arrendada. Nesse ano, o foleiro Jos Hortncio, no podendo pagar os

    I > Cr$,7,200,00 de rend-a ,atrasada que devia, foi ameaado dq expulso pelo dono da terra. Procurou Jos dos Prazeres, antigo membro do Parti- do Comunista ento dedicado a ontactar camponeses em litigio com os proprietrios. Este, percebendo que no se tratava de caso isolado, mas quq a situao era vivenciada por inmeros foreiros do engenho, pro- p6s-lhe a formao de uma sociedade, com o fim de adquirir um engenho, para que todos se livrassem do pagamento da renda e da ameaa de ex- pulso. Era maio de 1954.

    Ao fim do mesmo ano, Hortgncio reuniu um pequeno grupo de foreiros,

    Kisenis =Y Arnmi-Aquin~ (Amar0 .&&apirn~~~,~aiv~lsl~~Gampe]~~a Joo Vkgflio. A associao -Sociedade Agricola de Plantadores e Pecuafistas de &%mamm'-SAPP -v$bf$\peZ~B~ i@g j$ t i~ a@~~m$: Do ponto

    , ::As ligas se espalharam rapidamente peltNor@t, coi.rfands, de'inble, com o apoio do partido Comunista d~'8rasil,@-@Wse~o@si$o da

    Cat6Iica. Elas surgiqam e se dWndiram principglmente entre forei- t .~mhds anllgas t ~ n g e n h ~ ~ qwe comeavam $6 s~retornado$ po6 seus pro-

    8%r4e osaanos uKZ os hre ic~s iu imham~eo smulsosrda terra ~ "~ ' imosgr&k . ' i bb1 Wdrdor&&8!~csndiQb~1pamo para

    fi~@a!hs4b?@$&flm.pai'o~~ejntw. v , glig"^Surgira&~-c"nhxt0 malbamplo n60 s6 .da expul-

    e f~reiros e da red~$p~U extino dos rdados dos moradores de ~di73Arias i~fib'& 'ff1%6ktb L U R B crise pdtica regional. Essa crise se particularizou numa tomada de conscincia do subdesenvolvimento do Nordeste e particularmente numa ao definida da burguesia regioqal no

    o5f& dorgo"6rno4ederaI no mais uma ~l~icitp~et?6lkta de '- s@%h$ emedenciais nos perodos d e $e@ grave, mas oim uDkt.efe1cri

    i~~@~lRLoa. de desenvolvimento ecan6micO. i Imo @iqiaidizergiuni@ p~ltica dfa 7~lndusWialim$o do Nordeste. : Q f p r o b ~ a & m i ~ 4 d ~ ~ & 9 & ~ ~ n e s e s . e r;$% seu 4xa& .para' o sul era&x,[email protected]~o-re~04q~d.Bn.dip tilizado, que impede a ocupao da terra- ~qg$$p&hflhe~s$+,pq+~- ,, ; g ~ , ,gai0%,4e desenxo&i~@a & q ~ $ ~ a a ] n d c i C i 6 f $ ~ i ~ ~ G d e v e ~ a sustar e inverter o circulo vicioso da pobreza' de uma agricultura mono- cultora e latifundiria. assim que surge a Superintendgncia do Desen-

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  • volvimento do Nordeste e 6 assim que surgem alianas polticas envol- vendo extremos t%o opostos como o Partido Comunista e a Unio Demw crtica Nacional, o partido por excelncia da burguesia. Em Pernambuco, essa aliana de "centro-esquerda" permite a conquista eleitoral da Pre- feitura de Recife e, posteriotmente, a cohquista do governo do Estado por Cid Sampaio, um usineiro." (Martins, 1981).

    A ULTAB E AS LUTAS DAS LIGAS CAMPONESAS

    A compreenso do processo de expanso nacional do movimento das Ligas Camponesas tem que ser entendido, tambem, no seio da discusso capitalista no Brasil, entre as diferentes tendncias pollticas da esquerda. Fundamentalmente, com a orientao do Partido Comu- nista do Brasil, criada em 1954 em So Paulo a ULTAB - Unio dos Lavradores e Trabalbdqres Agrcolas do Brasil -, com a finalidade de csardenar as associage camponesas ento existentes. Esta organi- zaao vai funcionar c o k instrumento de articulao e organizao do Partido, na conduao e unificao do processo de luta camponesa no seio do processo de luta dos trabalhadores em geral no pals. Este pro- cesso deveria caminhar no sentido da revol~@o democrtico-burgue sa, como etapa necessria para a revoluo socialista.

    Elide Rugai Bastos, assim se refere ULTAB: "O fim da dcada de 50 marca a existencia de vrias associaes de tra- balhaderes por todo o Brasil. Embora o registro legal dos sindicatos de trabalhadores rurais sb se possa fazer a partir de processo pedindo a' aplicao do Decreto no 7.038 de 1944, O que dificulta sua exist&ncia, j em 1956 o jornal Tem Livre, 6 rgo da ULTAB, assinala a existncia de 49 sindicatos registrados oficialmente. Em 1959, num balano realizado pela mesma ULTAB, relaciona-se a existncia de 122 organizaes inde- pendentes, reunindo 35 mil trabalhadores rurais; e 50 sindicatos, reunindo 30 mil ..." Entretanto, as cises e dissidncias instauradas no seio do PC,

    sobretudo aps o 19 Congresso de Lavradores e Trabalhadores AgrF colas no Brasil, realizado em 1961 em Belo Horizonte, vo marcar o inlcio das divergncias entre os movimentos da ULTAB - mais na di- reo da sindicalizao - e as ligas, com suas propostas de luta por uma reforma agrria radical.

    Martins (1981), explica o contexto social em que a dissidncia se dli: ' : >. I . , I , i 8 1 c-,., , I ir1 ' .. h . ; r * 7;'

    >.'''Apesar da opos;iiio dos senhores de engenho, agora ~eduzidos con- 9 dQ60, de meros fornecares de wng das,podefosas usinas de acar, w ligas le#irnpon(ssw @,,-logo. depois& pm forte-qov'knento, de sirqljcaliza-

    roados para as pontas de ruas, os povoados prximos s usinas. E m ,bom f@Tinalmbhte r c o t i h e e ~ ~ ~ a F~nsolldago dsrs Leie do Trabalho,

    ,4ee 19% oatifaballnrildwm~rqis I&@ g ~ z t b m ~ no.ms intaira, p direit~ de V ' ~ g i @ d i c d k a ~ $ : Q - ~ r o ~ s o MEL e ,& muito,w~>m~lic@c@, porque, a,funida@o r , - e ~ ~ e g @ ~ i z w ~ ~ de de sjndi@qt$ Qe~ie@&,dp rpf@nbqivqnto do pr6prjq Mi- ' C , ai* q$ l T r s P ~ l h ~ a g iy %fQ$ ?-@pdiO@- Fviwj . e p q ~ d o 9 p$&jiij;VyCta. qqi~-.i$:a7Rpa.ecA_~,9;i~a , % r urarsm a?aj?&r (ia 9 esa'dos-keusjiirQit A%. ~ s ~ i y d . ' UB ri& g 'h@ 0 ~ 4 ~ r ud#db?f %id e f&8t i@:&ihdp &'$%!$&a i#& 22 hnal dadekItie$ai!j e a&nid#d$fb, bhtan rdgitrarb~@6$t

    .r $%o no c a r t 6 r i o " ~ ~ ~ ~ ~ 6 ~ m o . Isso tornava-desnecessrio o reebnhk mento do ~ i n i s t 6 f i ~ ~ ~ r a b a l h 0 , que no era provvel, e garantia a &a-

    :lidade da ao dos d ~ r n p o ~ e 4 e ~ . ~ d u l i ~ justiffca, tambm, a supbrioriaade d& fbreiro em relaao ao tFaMI9;iadCit Ue myina8 Comb categoria de mobli-

    i'Mce\o mais 6flcaz. r,L$gle. 6$ .caiiMpn&sr produzem us .seus pr6prios com os ' famtrdei~~q t & n i i i j libiitrdade d~~looomo@o. O m a m b n% iaconte- :w ,wm a.tr.~ttr&ihador~~ushra, &jeito ao salrio, sem mabilidade, Uujeb . W W & ' r n ~ d i @ " J .iE ' .\. , i l

    4 , - 1':

    &da vlpl6o~aoia;,entretanto, sempre'esteve presente rn pro- u h das LI- qamponesas. Junto com o crescimehto das isti-se o-massinato das lideranas dos trabalhadores:

    \.dentre 1954 e 1962 ocorre em Pernambuco apc8iaa uma greve entre os trabalhadores rurais (cortadores de cana em um angenho em (Soiana, em outubm 'de 1955). O tino die f33 assinala a ocorr4ncia de 48 greves, sendo duas delas gerais (a nluet estadual). Mas

    neses na Usina Estreliana; entre agosto %o assassinados Jeremiq (Paulo Fpb$rp P i n t o ~ ~ ~ q q , t F 0 $ 8 f c i ~ ~ , ~ $aqw, Antonio Clcs

    , rol em Bom ~ardim, o delegado sindical da Usina de ~axang. Na Para6 @,+,gW do assq$si,nato,d$ $ 0 4 ~ 8,egro Teixeira, em Sap, ocorpm cho- que? com vrias mortes, ainda emfSap e Mar? (hugal Bastos, 1981.)

  • Dentre a onda de violncia, o assassinato de Joo Pedro Teixei- ra, lder e campons da Liga do Sap - Associao dos Lavradores e Trabalhadores Agrcolas de Sap - foi um dos que ganhou projeo nacional, pois essa liga era uma das maiores do Nordeste, com mais de sete mil scios.

    A imprensa escrita deu em manchete: "Lider campons morto numa emboscada com 3 tiros de fuzil", "cinco mil camponeses foram ao entem de Joo Pedro mostrar que a luta continua'; etc. Usineiros e latifundirios mandantes do crime ficaram impunes. Eduardo Coutinho muito bem retratou este episdio em seu filme "Cabra marcado pd morrefr"

    O movimento militar de 64, que assumiu o controle do pais, ins- taurou a perseguio, priso e "desaparecimento" das liderangas do movimento das Ligas Camponesas, e sua d~sarticulao foi inevitvel. Deu-se a, o incio de um grande nmero de assassinatos no campo brasileiro, conforme os dados levantados nos dossi6s: Assassinatos no campo: crime e impunidade - 1964/1986 - publicado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Conflitos de Terra - 1986, ela- borado pelo MIRA0 - Ministerio da Reforma e do DesenvoJvimento Agrrio.

  • adou (par4 %%fWa)'.'gEste; scWna'd-ao, Emtutb tis Tfats%lhdorJRural; j aprovado anteriormente, poderiarn se constituir em instrumentos le gais .ara a promq,o da r e f o ~ afjrria. Ou, como ,prefer.i?m a f i ~ a r

    !;os mj l i tw de entaw, '(prgmov~r @ ~ b f o r ? p Q a c b ) [ r ~ ~ i $ 1 t ~ 1 ~ ~ ~ @ t i ~ j t i- .ih*"idi sem. \-'m'

    No f ejamnto Roberto Campos, incumbiu-se de informar aosjpar&rneahtam que o Estatuto jamais seria aplicado. Sua. regulamefl2ao (elaboraao do Plano Nacional de Reforma Agrria) s6 foi objeto de ao 'govema- mental mais de vinte anos depois, jh com a "Nova Repblica".

    Entretanto, se os militares esperavam frear a luta dos trabalhado- res pelo acesso terra, foram eles prprias que, atrav6s de uma drie de grandes pmjetos governamentais, acabaram estimulando os movi- mentos migratrios em direo Ammdnia, na busca da liberdade e da terra.

    Al reside um dos fatores fundamentais para se entender o pro- cesso generalizado de expanso de conflitos sobretudo na Pim&&: o g w m ' wtimiulava, mmf a BdPAM, oo. i m ~ m t w . r a ~ & ~ Q S grandes; .pmje&s ag~~pac l i&4~s,s , ;no~e~ r& iz~,sSib~dad~!dQ~mem b-&m @ma as grandes levas de migrantes. E a(w$saant&w a, isW a grilagemld& terras~geh%Peilizada que passbu~ $ ocover enjitoda$ as B!S- Udb da~P;-tkWriiiai:L&gjal rea 'de 'Mi!la$o da SWDAM (9dpbdntrn d6riia d h ~ n v 6 1 ~ i n . M da Atnaz6hla~) ' i; . I .. . 5 : , ? ! t

    das naes indfgenas. hdgraja da CaminhziC;., da- L i ~ i a b d u .@a% por-

    taapara a Olefesa d a s efrais s,dabqhm$r;lia 9 rkad.@-i

  • da de %I nasceram o blMI - .Conselho ~ndigenistc~ionrio~e~a CPT - Comisso Pastoral da Terq. ;,; ' : A partir dai, alem dos indlgenas, dos posseiros, a violhcia p&-

    sou a atingir t a m b os agentes pas?orais, os padres e as liiw&as , *:

    I

    i .,+e! r?jhh;t7t b7u%-%;.5 a& A V I O L ~ ~ ~ . E ~ R E 1 9 E lrn !A &vi'?

    ' 1 : , ' I ' I ' ' Trn&o-'.f. .&C I O mapa 1. apresenta-&&&ea~e ap&d&dda- dos-FnunielpSbs-

    ' onde ocorreram mbrtes na ' & % i , tio $rbdci e 19a'a 19%: & Zona da 'Mata nordestina senta a maior concentra "o de mortes no campo neste perodo 6 stad d Peii"b$"fS L $e viun&r,

    a na dcada de 50, as. cigas C C h ~ n & , rrgFstruu, tibste &odo

  • (64/73), o assassinato de muitas de suas lideranas. Entre estas lide ranas estava Albertino Jos de Oliveira, ex-presidente das Ligas Camponesas em Vitbria de Santo Anto. Segundo o dossi Assassina- tos no Campo do qual as prximas citaes, at o final deste cap!tulo, foram retiradas, este llder camhns pernambum foi: " .

    "Encontrado morto nas matas do Engenho So Jose, estando o corpo em estado de puVefao e estragado pelos urubus. Segundo o major RBmulo Pereira informou em comunicado h Secretaria de Segurana Piiblica de Pernambuco, Albertino teria se envenenado aps o golpe militar de 64."

    Outra liderana assassinada no Nordeste neste perodo f6iPdfo Fazendeiro, lavrador e Ilder das Ligas Camponesas em Sap e vem- bro da Federao das Ligas na Paraba:

    "Lavrador, Ilder das Ligas Camponesas de Sapb. Vice-presidente da Liga Camponesa de Sap e membro da FederaSlo das Ligas CgmponeSas. Encontrava-se preso no 152 R.I. da Paraba, quando foi solto a 7 de' sd' tembro de 1964 e nunca mais foi visto. Juntamente com Joo Alfredq ele respondia a inquerito no Nordeste sob a responsabilidade do atud general Ibiapina Lima. Estavam ele e o companheirp Joo Alfredo ante.liomnte noGrupamentodeEngenharia, de onde foram transferidos para o 159 R.1".

    O perodo de 64 a 73, que representa cerca de 9% do total dos assassinatos no campo na poca que estamos enfacando, temj-Pain- bm no Par outras reas de concentrao da violmia onde a: Bra- gantina e o Araguaia aparecem com mrtos destaque. Nestas Mas, tambm as lideranas dos trabalhadores foram caadas, e o msq de Benedito Sem e~m~pltlr: ' . . *

    -

    A viol6ncia no se limitava apen* s lideran~, atingindo indis- criminadamente os posseiros, pela a b dos griteiros aliados com a pollcia. Pedn, Gomes da Silva foi um deles: . ' L

    , L-,, 4 "Lavrador, casado, da localidade de Juniratewa, municgio de Mqp, resiqia em Junirateua havia mais de 18 anos, sendo quase dono das ter& em que morava, quando surgiu Miguel, tentando lhe t o k r o que cupvava

  • havia anos. .Vendo qu3 perderia suas terras, o lavrador requereu uma rea de terra para continuar trabalhg~do. Miguel passou a lhe mover per- seguies e, com a ajuda dos policiais de Moju, o colono foi intimado. Por fim, teve o que queria: as terras de Pedro Gomes. Na manh de 24 de julho, Pedro, de posse de documentos que provariam a posse das terras requeridas, difiglu~se ao local onde o agrimensor Hoyos Bentes, a pollcia e o prprio Miguel demarcavam a rea. Falou com o agrimensor e exibiu os documentos da terra, quando, ento, o agrimensor fez um sinal com as mos para os que estavam sua retaguarda. Ouviu-se um disparo e o lavrador foi atingido h altura das costas no lado esquerdo. Ffarido, procu- rou amparo junto ao delegado de Moju, quando foi atirado ao solo e morto por um fuzil empunhado pelo soldado AntBnio Francisco de Oliveira".

    Outra regio, com certa concentrao de violncia no pals foi o Sudoeste do Paran. Enfrentando conflitos de terra h vrias dcadas, essa regio continou a ver a luta en-iada entre grileiros e posseiros.

    A VIOLNCIA ENTRE 1974 E 1983

    O periodo de 1974 a 1983 (mapa 2) apresenta o alastramento da violgncia por quase todo o temtrio brasileiro. Ao contrrio do perodo anterior, a Amazonia com mais de W! das terras, passa a concentrar a maior parte dos assassinatos no campo. Neste perodo, o Par, Ma- ranho e o extremo Norte de Gois vo representar a regio mais san- grenta do pas. Assim, se somarms a estas reas o estado de Mato Grosso, vamos verificar que h uma coincidncia ,entre esta rea ex-

    ' plosiva, e a rea de maior concentrao de projem agropecurios in- centivadbs pela SUDAM (mapa 3).

    Como pode-se observar, a regio do Araguaia, "Bico do Papa- gaio", leste paraense e Vales do .PjndarB e do Meatin no Maran,h~, so as reas de forte concentrao de pskeiros. Neste periado, estas regies assistiram aos assassinatos,de posseiros, p e s , e, sobr@t,udo, de padres, advogados e novas lideranas sindicais.

    Entre os trabalhadores assassinados no mmpo nesta regio, est Raimundo Fereira L@@, Q 'IGringo":

    "Lavrador, meqbro da oposio sindical, candid8to:b presldnfejd8''S~~ de Conceio do Araguaia pela chapa de oposio, morador da localida- de de Itaipavas, municlpio de Conceio do Araguaia, seu corpo estava abandonado na beira de uma pequena esbrada, com duas balas calibre 92 nas costas, brao quebrado e marcas de pancadas na cabe~a, a 29 de maio.

  • - . Mapa 03 PROJETQS AGROPECUARIOS 1

    Fonte: Garrido Filho, 1980:53 Des.: Orital87. 1

    Gringo retornava de So Paulo, onde havia participado de um encontro de lideres sindicais e voltava para Conceio levando no bolso Cz$ 17 mil como doao para a oposio sindical. Como a viagem longa, pernoitou em Araguaina. Saiu bem cedo do hotel e $6 foi visto novamente depois de morto. Documentos e dinheiro estavam intactos no bolso. A famlia de Gringo ouviu no rAdio a noticia de sua morte. JA ento se sabia o que a pollcia no sabe ou no quis saber at hoje: que o principal suspeito era o pistoleiro Jos Antonio, capataz da Fazenda Vale Formoso. Vrias pes- soas ouviram, quando, dias antes, ele prometera acabar com Gringo, em vingana da morte do fazendeiro Fernando Leito Diniz, assassinado por posseiros no dia 08 de maio. Conforme a CPT, AraguaiaTTocantins, o pistoleiro Jos AntGnio, principal suspeito do assassinato, teria dito a uma pessoa de Xambio que recebe- ra Cz$ 90 mil para liquidar Gringo. Com efeito, naqueles dias do final de maio, o pistoleiro estava 'hospedado em Araguana e tambm saiu aido do hotel no mesmo dia do assassinato, voltou rapidamente e sumiu. 1' Gringo era membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base d' Prela- zia, desenvolvendo intenso trabalho de conscientizao dos posseiros envolvidos na luta pela terra. No tempo da guerrilha do Araguaia, Gringo

    > . ) ,

    exemplo sigruifiealiVo da viol&c:ia :&ta regio; foram os

    ,,, MimignBrio j u ~ t ~ @os Indios Mraro, 37 ano$tpfoi morto a 16;de julho; o In- L dibamra Simo~vi~ia na aldeia Meruri, mu~iclpio de Barra,d~,GaralGe- 'unaral ameiib. ' '

    h duas.verses pam o ataque aldeia dos tiororos: segundo O Estado de S. Paulo, paaciparam, juntamente com Joo Mineiro, posseiros que

    , foram iludidos com a promessa de que seria um acerto amighvel, para a indenizapo que queriam receber, pois a Funai estava demarcando as

    41

  • "Religioso, 61 anos, do municipio de Barra do Gara, foi morto a 12 de novembro em Ribeiro Bonito. Dias antes da passagem do bispo de So Flix do Araguaia, dom Pedro Mana Casaldliga, e do padre Joo Bosco por Ribeiro Bonito, povoado do municlpio de Barra do Gara, a policia estava procura de um certo Jovino Barbosa da Silva,.quematara ,um soldado (o cabo Felipe, da PM- MT, conhecido por sua viol&n(ria), Para,chegar at Jovino, a PM prendeu tras mulheres - uma delas, Margarida B a b s a da Silva, de 56 anos, irm de Jovino - e submeteu-as a torturas com agulhas que eram espetadas nos seios, garganta, braos, joelhos $ sob as unhas das mos e obrigou- as a ajoelhar em tampas de garrafa durante todo o dia de braos abertos. A outra senhora, dona Santana Rodrigues, em resguardo de parto, foi presa nos dias 5 e 1 I de outubro e violentada por vrios soldados, que tambm queimaram a roa do marido e a casa com todo o arroz na "tuia". O interrogatrio era feito sob a mira de fuzis e revlveres. Dom Pedro e o padre Joo Bosco chegaram cidade para acompanhar uma procisso em homenagem A padroeira local, Nossa Senhora Apare- cida, logo souberam do que se passava na cadeia, e ouviram os gritos das mulheres. Por volta das 19h foram cadeia, interceder pelas mulhe- res, e foram chamados de "comunistas" e "subversivos". Padre Burnier disse, ento, que denunciaria s autoridades de Cuiab as barbaridades ali cometidas. Foi quando o soldado Ezy Feitosa Ramalho, de 25 anos, deu-lhe uma coronhada e em seguida descarregou sua arma na cabea do sacerdote caldo. Gravemente ferido, o padre Joo Bosco foi transpor- tado para uma fazenda, onde estava baseado um txi areo, que o levou juntamente com dom Pedro, o mdico Dr. Luis e a irm-enfermeira Beatriz para Goinia. Internado no Instituto Neurolgico, no resistiu gravidade do ferimento, vindo a falecer no dia 12 de novembro." O Nordeste aparece tambm com elevado nmero de trablhado-

    res assassinados no campo. A Zona da Mata, o Sul e o alm So Francisco da Bahia passaram a marcar a presena nas eslatlsticas sanguinrias deste perloslo, Entre os trabalhadores mortos na Zona da Mata estava Margarida Maria Alves:

    "Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande desde 1973, sendo sempre reeleita, 50 anos, casada, dois fllhos, foi as- sassinada a tiros na porta de sua casa em 12 de agosto. Os pistoleiros dispararam, queimh-roupa, tifos de escopeta, calibre 12, estourando-lhe o rosto e o crebro, devi'do sua atuao firme em defesa dos direitos dos trabalhadores, tendo conseguido na Justia a readmis- so de trabalhadores demitidos. O crime foi cometido na frente do marido e dos filhos. 0 s criminosos fugi- ram em um Opala vermelho placas EX-0690 - Nova CruzIBio Grande do Norte. '"Ed 1982 Rra agredida por Jos Mil, 'filho do dono &'ij'ngenhu Miranda.

    ' Poh anf& de ser assassiriada fora amea'dda'por Agnaldo Veloso Borges, propriettlrlo da usina Tanques". $ 1

    Na Bahia, o advogado Eugnio Alberto Lyra Silva foi tambm vi- I da violncia:

    "Advogado do STR de Santa Maria da Viria e Bom Jesus da Lapa, 30 anos, casado com Lcia Lyra, na poca grvida de sete meses, foi morto no centro de Santa Maria da Vitria no dia 22 de setepbro. Causas: por diversas vezes, Eug&nio Lira entrou com processos contra os F Souza, Valdely Lima Rios, Jenner Pereira Rocha, Alberto Nunes e contra a empresa do Grupo Cohabia, Coribe Agropecuria SIA. Ameaas sofridas por Eug&nio Lira: 1" 19 de maro de 1977: o grileiro Agostinho Alexandrino de Souza dis- se publcamente que tinha 12 balas para o "barbudo", referindese a Eu- genio. No dia seguinte, foi B casa do advogado para procur-lo, mas a porta no lhe foi aberta. Foi apresentada queixa-crime, sem qualquer conseqiincia; * 2i) em abril de 19i7, Alexandrino de Souza, w n v i d ~ por "Dino", inva- diu a casa de Eug&nia Lyra e o ameaou de arma em plinho, s no ten- do consumado o crime porque um amigo o desarmou; 39 agosto de 1977: quando o advogado do STR ganhou uma ao con- tra Valdely, este lhe mostrou um revlver quando da vistoria das terras em litgio. Dias depois, num coquetel, o fazendeiro, embriagado, pronuncia violento discurso contra Eug&nio Lyra, finalizando em voz alta: "o homem deve morrer"; 4220 de setembro de 1977; o jornal A Tdbuna da Bahia,, que pertence ao grupo Coribe Agropecuria SIA, publica nota afirmando que Eugnio e o padm Augusto de Santa Maria eram responsveis pela agitao existente na rea. L6cia Lyra deps na CPI da Assemblia Legislativa em 197%. Em seu de- paimntode 47 laudas, apresentou oito casos de gritagWna rea (regio qee fica af6m 8o'FranciSco) que era d8endidd.por seu marido. Disse acreditar que "a sentena de rnortq para Eugnio foi decretada depois de ele ter ganho a causa do posseiro Isaas Pereira dos Santos, em agosto de 1977, que estava sendo esbulhado pelo grileiro Valdely Lima Rios. Eugnio Lyra foi morto com um tiro de revlver calibre 38, na testa, seis dias antes de seu depoimento na CPI da grilagem. Quatro meses antes do assassinato, Eugnio solicitara garantias de vi* ao Spcretrio de Se- gurana Pblica da Bahia, em razo da& v@as ameaas que vinha sofrendo". ' 7

    mtte,~~ gscritos deixado por Eugnio Albem &t o poema "Ter- u& bela M a da mscinoia do mpel ,*i$\ . . que b temi deve

  • Me oculto no teu ventre TERRA

    Me encontro, homem no teu grito TERRA

    E TERRA C O E trago o meu grito o fato

    TERRA

    Aqueles que no tQm TERRA

    TERRA

    Aqueles que pretendem ter

    ter ra

    Ngo morrero sem TERRA

    Martelo. O ferro funde o ferro:

    Forja,

    assim como...

    Trabalho, e amo,

    aro a terra, Custo a acreditar.

    Na posse da tua terra Semeando plantando no podes trabalhar

    malditarinjustaes (ta) trutura.

    Mas sei mas sei

    e saberei

    Do rei so amigos trQs o que tem e no faz

    o que faz porque tem o que tem e quer mais.

    :.?- ,. ~.j, ,;u 7 a,: ' . . :,I:. fi '.h.- 4-

    O primeiro grileiro

    tem dominios feudais

    , O segundo

    I ' tem incentivos fiscais

    O terceiro grileiro

    tem favores oficiais

    Ave Maria, rogai por 116s. ' Ave Maria, rogai por ns.

    Trabalhador perseguido pela doena abatido tem trQs favores reais:

    .' trabalho escravo ao gribiro, mseria pro seu terreiro e terra para nunca mais.

    (Eugnio Alberro Lyra Silva)

    Tambm as regies de Cachoeira do Macacu, Rio de Janeiro, Vale do Ribeira, So Paulo, Sul de Mato Grosso do Sul e Sudoeste do Paran, figuram entre as regies de concentrao dos conflitos no campo.

    A luta pela manuteno da posse, fez entre os posseiros da re- gio inmeras vtimas. A contratao de jagunos e pistoleiros passou a ser comum nestas regies. Muitos posseiros tombaram. Assim, grandes fazendeiros grileiros foram construindo atravs da violncia os muitos latifndios dessas regies.

    A VIOLNCIA ENTRE 1984 E 1986

    O periodo de 1984 a 1986, registrado no mapa 4, representa, j durante a chamada "Nova Repblica", a ampliao do nmero de as- sassinatos no campo. Em dois anos, 85 e 86, foram mortos, nada mais nada menos, do que 524 trabalhadores. Este acirramento dos confron- tos armados no campo est em conexo direta com o processo desen-

  • 1 pessoa

    Ru\isriS.yqTyijpI 146 I Des.: Orita/W. - . ' , I 1. i , . :: 1 13b.?t+ L -:.'p, , bLe t pj fi!u~lq C-

    . - + , * . ( r :: L. . h; ,i)l:ryj!i : ):.V! f:t-s'i:it:ny 5 O t q F - - i Y LI' - r ~ 1 ,JC 3 LC -!~ gp Wok * .c %JD Ut3 ,:'GIWIP ~ O C ' I f4 .-L) -2& X*iY U bGlrsrl! ;thlYt$;) , j , - 't-*Bf,.le

    Neado pela elaboraco e inlcio da im~lementaco do Plano Nacional

    bnc%5ri6 Ronaldo Caiado, que passou a fazer a defesa intransigente Bs l'afiflindiribs deste pals. Denncias de participao da UDR nos

    ~ e f o k a Agrria pelo Govemo ~ederal. ~utfairazo importante foi wraimento da UDR - Unio Democrtica Rurdlista. liderada. mio la-

    ssos de expuls@ e morte de trabalpdores rio &po passaram .,wi1St@ites. Sua ao ampliou-se por todo o pals. ' EqVe &I e 85 vrias regies conentram canflitck, especiqimente

    ,regio cio Bico do Papagaio, que junto com as regies Sudeste do

    , . C~nselho da CPTIAraguaia-To~ntins, morador do municfpio de -' FB0$pess6?~dv T~rantns,, f$i .apssqginW a l o de maio de 1986 na ' sede a CPT ein Impdtaltiz, Maranho. Josimo foi morto com um tiro de pistola, Taunis 7.6$ $s 12hl$ min, quan-

    """ a%&& & ~ c a d @ ~ d&p &ii) *'Bbc@se%ond6 hc& a se& da Comisso C _ .4t&aTda Terra em Iwi 3 ' ~ i P :..) ' .:,'l V . , A~.>t .' J 1 . r .r~urmte. ei lQAAsse.~lla finual da CPTGoinia. Dler;iuqcia fazendeiros

    que, :aqpjeytpdop p e l ~ poder pblico, fecham o grc9 qntra ele e as co- - - ~ ~ i r i $ @ ~ , t a

    15 de abril de-l9& - padre Josimo sofre agfon9do,g bala quando se diri- - ,A C&J Ei~,Se$@jp@rTocqnhis a lmper$tfiz, no Maranho. Um Pas-

    sat b!anco, se eG$arelpu com seu carro e disliarbu cinco tiros, que fica- ' r& ria lataria dk porta do Toyota. O Passat era dirigido por Vilson Nunes

    47

    Bragantina ,e ~ inda~&~ear im -m ~aranh-40, f k a m a pripcipal iirea com registro de assaesinatos no campo.

    r Dois ,exemplos de marte, nessa rea: Claudiomar e padre Josi- riio. No se v&, pois s os1 posseiros serem mortos, mas sobretudo, taas lideranas e aqueles que os aprarn. Os assassinatos passam a @r selelivos: at( i CLAUDIOMAR RODRIGUES DE SOUZA

    "Pequeno comerciante, 34 anos, morador do municlpio de Imperatriz, foi morto a 5 de fevereiro no centro de Imperatriz. Foram celebradas missas em ImpeWz e So Luis, em 14 de fevereiro de 1986. Claudiomar era candidato a Deputado Estadual pelo PT. Uma semana ante de ser morto, participara de um debate sobre a reforma agrria no povoado de Ribeirozinho, onde o conhecido pistoleiro e candidato do PDS, Jose Bonfim, grileiro de extensa rea. Nesse debate, Claudionor aeusw Bbnfim de ser um dos organizadores do sindicato do crime. - 1 Padre JOSIMO MORAES TAVARES

    , , "R@ligi~sa, coordenador da CPT da Regio do Bico do Papagaio e mem-

    5: ~ ~ d h & o r a ordenado padre em janeifo de 'iQT9, ri&ci&EIb~de Xarnbio, e 0"' 4l&dae 1983 trabalhava na regio do Bicotio Papagaib. Em vigrio da Pa- i r6quia de So Sebastio do Tocantins (...)

    ?4@de agosto-de 19& - padre Josimo depe sobre. a ~ i~ l&nc ia na regio

  • Cardoso, cunhado de Osmar Teodoro da Silva, acompanhado de Geraldo Rodrigues da Costa, pistoleiro contratado para mat-10.0s policiais iden- tificaram a ama do atentado como sendo uma pistola 7.65 e os tiros s6 no o atingiram por terem sido disparados muito prximos ao velcuio que o conduzia. Josimo diz numa declarao sobre o atentado: "Entendo que este,atentado se pe dentro do contexto social da regio, em seu aspiecjo de luta pela posse da terra. 0 s lavradores do Bico do Papagaio, .vindos de vrios estados do Brasil, h muitos anos esto resistindo em'$%c- nhos de terra, esto enfrentando, sob risco de vida, a violdnc~ das grila- gens, o roubo de terras. GrileirOs e-fazendeiros da regio, consider4tmdo a possibilidade real de uma distribuio de terra em favor dos posseiros, li- derada pelo Governo Federal, se armam com fortes calibres e tentam destruir as pessoas que eles julgam serem'os cabeas de todo o movi- mento dos trabalhadores rurais. O que sofri A, pois, a demonstrao obje- tiva, inquebrantvel, da vontade e da deciso plltica dos grileiros e de parte de fazendeiros da regio de impedir uma mnima realizao do Pla- no Nacional de Reforma Agrria, do governo Sarney. Pois qualquer tenta- tiva de aplicao do PNRA, significaria tambem, para eles, uma perda do enorme poder poltico e administrativo que controlam neste extremo norte goiano". 30 de abril de 1986 - Cinco bispos de Gois vo ao presidente Jos Sar- ney e ao ministro da Justia para denunciar "a atuao dos pistoleiros e da Pollcia MilitaS. Dom Alolsio Hilrio de Pinho solicita pessoalmente ao presidente proteo para a vida do padre Josrno( ...) 10 de maio de 1986 - Josimo A assassinado e, coinciddncia ou no, nes- se mesmo dia era fundada em Imperatriz a UDR (Unio Democrtica Ru- ralista), organizao de fazendeiros que se opem Refoma Agrria".

    Trs outras regies do pais tambm esto entre aquelas que mais concentraram vtimas da violnaia na luta pela terra: Zona da Ma- ta pemambucana, sul da Bahia, norte de Minas Gerais e Vale do Gua- por6 em Mato Grosso.

    O ano de 1986 (mapa 5) revela a concentrao dps assassinatos no campo, sobretudo na regio da Amazea. Nas regies do Bico do Papagaio, Bragantina-Paragominas, sudeste do Par, Vale do Guapo- r, Alta Floresta e Arapuan no Mato Grosso e RondSnia ocorrem 6% das mortes pela posse da terra de todo pais.

    No geral, a luta, que no fundo 6 fratricida, entre os jagunoslpis- toleiros e os posseiros nasce na tentativa destes ltimos de garantirem um pedao de terra para trabalhar, o que grandes proprietrios, em ge- ral grileiros, no tm permitido. O uso da violncia generalizou-se, so- bretudo nas reas de fronteiras.

    Um duplo assassinato de trabalhadores rurais ganhou a manche te de jornais e espao na TV no ano de 1986. Foi o assassinato, por

  • soldados da Policia Militar do Estado de So Paulo em Leme, So Paulo, de Sibely e Orlando. Estes trabalhadores participavam do mo- vimento grevista de bias-frias.

    Os membros dos governos estaduais e federais procuraram rapi- damente ir aos jomais e televiso para incriminar, irrespoHsavelm~nte, deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), que davam apoio ao movimento. Mas logo o pais pde tomar conhecimento da "farsa da acusao" e conheceu a verdade sobre o acontecimento: "A PM havia matado os trabalhadores".

    SIBELY APARECIDA MANOEL e ORLANDO CORREIA "Sibely, 17 anos, empregada domstica, e Orlando, casado, dois filhos, cortador de cana, eram moradores do municlpio de Leme e foram mortos a 11 de julho no bairro Santa Rita, em Leme. Cerca de duas semanas antes do crime, dia 27 de junho, cortadores de cana de Leme e Araras haviam reivindicado melhores salrios e ganho por metro linear e no por peso. Depois de alguns dias de greve, a pollcia comeou a reprimir com violncia os piquetes. No dia 11 de julho, 19Q dia de greve, houve um confronto entre grevistas e policiais militares, quando foram mortos Sibely Aparecida Manoel e Or- lando Correia, atingidos por balas calibre 38 disparadas pela PM. Cerca de 23 pessoas ficaram feridas, sendo que nove bala. O confronto ocor- reu na praa do Conjunto Bom Sucesso, baicro de Santa Rita, ponto dos dnibus que transportavam trabalhadores para a Usina Cresciumal: Na hora do incidente, 6hs da manh, os grevistas tinham suspendido o piquete em virtude do grande aparato policial. Parlamentares do PT (fede- rais, Jose Genolno Neto e Djalma Bom e estadual, Anlsio Batista, de So Paulo) e sindicalistas orientavam os grevistas. Pollcias Militar e Federal chegaram a afirmar que o tiro fatal teria saldo do carro dos parlamentares, Todos foram espancados e detidos( ...) Em assembleia realizada no dia 13 de julho, os grevistas decidiram pela continuao da greve e, para evitar confrontos, os cortadores de cana fi- cariam ou em casa ou de braos cruzados nos canaviais, O motivo pnn- cipal da continuao da greve se deveu ao fato de que foi recusada pelos usineiros a proposta que estabelece que o pagamento da cana cortada deve ser de acordo com o metro linear e no por tonelada. No dia 17 de julho, 20 mil bias-frias da regio de Ribeiro Preto entraram em greve, seguidos pelos trabalhadores de Santa Rosa de Viterbo e Cajuru, que aderiram ao movimento grevista no dia 10 de julho. No que se refere ao inqurito policial, o diretor geral da PF, Romeu Tuma, afirmou que os tiros que mataram Sibely e Orlando salram do carro onde estavam os deputados do PT. Mas o depoimento de Maria Aparecida Cauceli e de outras seis testemunhas, desmentem esta verso: eles afirmam que os tiros foram disparados pela PM. Nesse contexto, 6 afas- tado o delegado de Rio Claro, Jos Tejero, que apurava os incidentes de Leme( ...)

    3s . Em selembro, os 120 PMs que reprimiram o piquete em Leme comeam - a depor; a principal testemunha, o motorista, Jose Henrique Cafasso, de-

    ibiros havia a ocorrncia de conflitos pela tfyra. ,Entre

    n k a a' 'de 36/O-'d6'total da rea

  • s .de 1987 v3m a pblico os primeiros dados sobre a 6IenisZio ds conflitos em plena vig&cia do Plano Nacional de R* forma Agrria. Em 1985 e 1986 mais de' 1.1 86 municpios bradileros registraram conflitos peja tyra. I& q@njf$~ gue Ey. de 30% dos munidpios brasileiros .mnhmrarn wfiitos neste ,'' .. '@$ tu&j ,,# $pi*i,
  • Mapa 07

    ~ u n i c i ~ i o com conffiio (s ) .

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    I T U A O A T U A L D O S E N T O S N O C A M P O

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  • a r$ivi~ntad meis ~PERYI~~~S- de porYdrW, doa diferentes movimentos ncr

    QI -r a 'tWritTri+ e deve ser pm.oan;zinho pata rrpnta- urnqadp ge-

    AS NAES ~ND~GENAS E A LUTA PELA DEMARCAO DE SEUS TERRITORIOS

    A histria da luta dos povos indigenas pela sua possibilidade de sobrevivhcia tem, no mfqimo, a mesma idade da chamada histria (o- ficial) do Brasil.

    A form- do Brasil foi feita a t w s da destniio de muitas naes indlgenas. Os territrios libertos das "filhos do sol" foram trem-

    E pr isto que h4 a histMq ~ ~ y 0 8 inc&ena+ . . . 1 S. , J. .~ 0 i?&p 'H&tia iriste! .' . e ',;.,i'. '- I ' , uilPg tlk.k9ri& de ~ff ihe&.-~' ' ' t . - . J uma Histria de dominao. , (L L

    i: bi(ts%6ria ,- , ... , i , r L ? t b 4 : C

  • Sumf, Temb e os XipaiaKutua@. NO Maranho encontram os Guajajara, Ukibu-Kaapor, tGuaj& h b & .Gauli& Kvikati; Vmbira; Ca- nela Apaniekra e Canela Rankdkdf~k~sNo'n6rde8te brasileiro restam os Trememb, Tapeba, Tok4 PHi&a,'T?hl~kd, Atikum e Kariri-Xok entre outras. No Acre esta os-Ma&ineri,.claminau, Kaxinau, Kulina, Katuquina, lauanau8,1~ampai&h%&, f&@uihi, Yminauq Apurin e Arara. Em Rondnia e no oeste d&rMa'to Grosso habitam os Cinta-Lar- ga, Suru, Zor, Gavio, Arara, Kaqtiana, Karipuna, Kaxarari, Urueu- wau-wau, Pakaa-Nova, Mequem, Urubu, e outras tribos arredias (em Ronddnia), Salum, Myky, Apiak, Rikbaktsa, lranxe, Kayabi, Pareci, Umutina e Narnbiquara oeste de Mato Grosso). No Parque Indlge- na do Xingu vivem os Airireti, Kalapalo, Kuikum, Mehinaku, Matupi, Mahukwa, Yawalapiti, Kamayur, Waur, Trumai, Txiko, Suy, Tapa- yuna, Kayabi, Juruna, Krenakare e Txukarrame. Em Gois e leste de Mato Grosso e n d n t r a ~ os Bakairi, Bo Xavante, Java, Karaj, % Guarani, Tapiraph h 4 C h i r o , Xerente,, h6 e Apinay. Na rea do leste brasileiro temos os Guarani, Krenack, Patax, Maxakali, Pata- x6-Hi-H-H6e, Tupiniquim e Xakriab. Na rea do Mato Grosso do Sul est8o os Guarani, Kadiweu, Terena, Quat e Camba. E por fim no Sul do Brasil resistem os Xokleng, Terena, Kaingang e Buarani.

    Hoje a luta desses povos indlgenas pode em luta pela demarcao das terras; luta cont das terras demarcadas; luta contra a ~ u n @ que res terras das reservas; e luta contra garimpeip rao e madeireiras procura dos recursos flo terrq indlgenas.

    Metanto, a primeira grande luta dos povos indfgdnas 9 sido terras. Esta tem sido} uma luia WsY6r-

    serem os primeiros habitantes reswdos, , . sendo invadidos e

    de.. ls&?&tdas terras esto ~mokg~da8 , pio@ 8, assinadas pela presi-

  • Total Geral

    Fonte: CIMI

    Para que esta luta pela demarcao das terras indgenas fosse ocorrendo, tiveram papel importante instituies de apoio causa In- dia, dentre as quais destacam-se o CIMI - Conselho Indigenista Mis- sionArio -, o CEDI - Ceptro Ecumnico de Documentao e Informa- o -, a Comisso Pr-lndio, ABA - Associao Brasileira de Antro- pologia -, a OPAN - Operaa Anchieta - e a ANA1 - Associao Nacional de Apoio ao1 ndio. Estas organizaes no tm medido es- foros no sentido de aglutinar 'fiaes da sociedade civil no sentido de pressionar o governo brasileiro para que, no mnimo, cumpra a lei com relago questu induena,

    Na entanto, o fato &ais hportante dos ltimos tbmpos foi a or- ganizao da UNI -'Unio das Naos Indigenas. Alcanada com difi- culdade, pois os prprios Indios esto divididos, a UNI tem procurado coordqar e representar os povos indfgenas interna e extemamente.

    E importante frisar que as povos indlgenas no mundo todo t6m se reunido para tentar unificar seu movimento. Para Isto foi ?undamn- tal a reunio do Conselho Mundial dos Povos Indigenas realizada em

    a'OsnVOlar 61 p a r pma-

    ou povo Indlgena a piticipar na vida do ESTADO, 91$it4.&b . b ldrc' b , grau em ; qilci o povo ind@c@ ,#%d

    r > . 1 . .

    que se p s l a M&ruk uma sacMade clmcrS-tia&W '119 HirB!

  • Total Geral

    , . ,Des.: Orital87.

    tal a reunio do Coklho' Mundialaos F~vos IndlgeW f&Ii&%a em

    L .L.,. . 'B.. .o+...' .-. , , .- - ! - . ,- DECL~AOAO D' PRIN(;~PIOS

    1. 4s naes e pvqs indfg.r,i$q qpapem com toda a humanidade o di- reito Hdp, do g ~ ~ . ~ ; m o mdo qu(d'@,~i[e~a a estar livres de toda opresso, dis- criminqqib e qgss'o. < -'

    2. Nenhum 'ESTADO eX&k &r i id ' fao 'hm sobre uma nao ou , sobre,o territrio destes, a n a ser que se faa de-total acordo coin os desejos Ivreinftnte exprimdos 9 referido povo ou nhio.,

    3 As na6hsle povos indlgenas t&in direfo a controlar e gozar perna- ?entemente p s . t@q"ips anceqrais-histdricos. Tudo isto incluindo o direito ao

    f $010 e ao sb&lb, s:Aguas ntdfidres e litorheas, aos recursos renovveis e 1 no-renoydv@i~e Bfi qcdromias baseadas nestes rhbrsos. ' 4: IYehhm ESTADO hegard ti uma nao, comunidade ou povo inidlgena L bue resida dentro 'de suas fronteiras o direito a participar na vida do ESTADO; I i iualqiiei c$e sqa o modo ou o grau em'que b poe6";z . - i' Fscolher. I 5. As naes e f gociar com os ESTAC 'Os nas Ind'!!2 8 r - instituibes educativas. . I $ 5 - 6. Tratados e outros amrd62 l i : povos indlgenas serao 1 adm as mesinas leis e

    I rec win

    :onhecidos cl~ios dos 1 ,;", , ; " . .--,-' . '

    L

    r. . r , , I r . ' , 0rganizako as ~ a @ ~ i ! ~ n f & a & Genebra, jul& d 1g85

  • Primeiros ocupantss desta terra, os Indios os prlmel dos seus direitos fundamentais. O resgate da d@MB social no aqui. I Lu i, RECONHECIMENTO DOS DIREITOS TERR~~RIAIS dos ws ~ f n o primeiros habitantes #I prqeil.

    Os Indios devem ter garanla a terra, que B q&bitat", isto B,# onde vivem segundo sua cubra e onde vivero suas futuras raes. e I- reito deve ter primazia sobre oupos+ por ter origem na o q u p 4 ind@#& que 6 anterior chegada dos europeus. Y 2. DEMARCAAO E GARANTI^ ~KSTERRAS IND~GPNAS. i '

    Conforme a Lei no 6.001 ff3, terminou em 21 de dehrnbro B'T&8o pra- zo para a demarcao de $das as terras ir@I@nas. ~oj&'k !l/2!$hs ter- ras esta demarcado, ., . , 1 a ,.. L I

    Contudo, s6 a demar&+lo n k demarcadas, sejam $etivameigte,

    puderem decidir livremente

    pregar estas riquezas. O p dos ,lrtSfiq;e da,, invwi? deL su? terras. Agora, deve-se respeitar os povos que resistipm, assegyrqnq-lhes csondi@ie~, para uma vida digna e para a livre construo do seu futuro. 4. REASSENTAMENTO, EM CONDIES DIGNAS E JUSTAS, DOS POS- SEIROS pobres que se encontram em terras indfgenas. Kt

    Os Indios na0 desejam resohcer seus problemas CLs cu,s'Fs dos @g&~- dores rurais pobres,, que foram pmpyrrados para as terras indgenas. Por isso, reivindicam .que os posberos pobres tenham garantido o reassentarnento em condies que no os desamparem ou os obriguem a invadir novarn?nte territ- rios indlgenas.

    RECONHECIMENTO E RESPEITQ C&,GANP~@~S,,SO [AIS E CyLTURAJS (06vgs iindCnas yrn-seus p@8fPs de mh, $i$Gan&ja- rantias da plena cidadania. .ti..?i

    O Brasil 6 um pas p l u r i ~&~~ , isto 6, um p&'&e'tem a erRe deld&@ elt(e butros, 170 povos indlgenas diferentes. Esta hqueza cultuhl predq garantida em beneficio das geraes futuras de fndios e no-fndios. P%&Wso devemos reconhecer as o~ganiqbes-sociais e mbrais lindfgenas, assegu- rando-lhes a pgitimiiid tindo-lhes a plena pa+i

    L > I ' a ~ i : & j , - n .+ . r ~ m p podem verifi*r,'a ~ & . d ~ ~ ~ ~ ~ ~ f ~ eqp, .O* 'fi Q'M

    pode&r 9pe~~as s luta desses.povosI m&;8i i@@ a poii(&a*.-bJ#i- leira em geral. 3% *. .,- $b . , . . , . i

    >, 1 '

    Esta frente dei[~a pela terra movida pelos posseiros 6 mais uma fomia de luta oon1m1@ expropriao a que os lavradores do campo es- to'submetidos. A luta pela liberdade e pelo acesso terra tem feito trbhlhadores sem.wa migrarem. Procuram buscar no espao distan- te um lugar para o tebalho livre, liberto. Trabalho liberto, para eles, s tem sido posslvel em' te* liberta:

    A migrao histrim$m bbsca da'terra livre tem feito dos traba- Ihadoreslposseiros verdadeiiw retirantes. Retirantes 8m busca da liberdade.

    O nmerode posseiros tem aumentado muito, As vezes a con- tragosto de determinados esquemas de anlises de tericos que prefe riam v-los proletarizados. Estes retirantes muitas vezes negam o ru- mo proletariza~o a buscam na aventura em direo fronteira, for- a para recuperar a condio de trabalhador-campons.

    Os posseiros no gehl chegaram em 1940 a pouco mais de 200 mil. Passaram em 1960 para 356 mil, chegando em 1980 q%98 mil. 5;) Censo Agropecurio de 1985 registrou um novo aumento: 1 ,O5 i;liilhs de posseiros no territrio brasileiro. Sua d sido homognea, mas tcjdas . a

  • 1 l~onre: I.B.G.E. . I : I 7 - I. Org.: AFioyaldo UJ de Oliveira - . J

    prancheta". G . * ' t 9 , p m W 3 a m ~ % i W & j~Hd&:~-ljpl-baMfpm ggig

    tra~8fwrnados em "invasores" da prop&We.pnUra$a tirladp: .,@W

    Sabedo.res de que h nas terras, ndio elou poswirg, os propriet- rios dos ttulos passam a contratar j a g u n ~ s / p ~ ~ k i ~ pwa,,fazerem a "limpezan das terras. A viol6ncia um instrumento do processo de gri-

    I lagem e dele no pode ser dissoc iado ,& l~~rnstk l~~mdadoi i !. os jagunos contratados para o "servio" e do wtro os posseiros. OS dados que mloc$mos no capltulctsbbH a3lbbti&:(WIa 2) revelam que a grande maioria dos conflitos no campo, 636 - 768 em 1985 ou seja, mais de 80% envolve~am :poweims. DesfeS1mt?flit~s -sultaram iP5 mortos, 1 17 fer i is e 482-presos: , t J - , .

    Aqui reside uma parte ,da 4ghrIde farsa desbmpenhada pelos 6r- ! go de represso do Estado. Quem preso?'Claro! Os posseiros.

    S eles que, segundo a "Iein,'esto ocupando terras que no Ihes per- fencem, esto resistitido "s ordens" de d4socupa0, etc.

    , Os @seir&, obviamente, no tinham e muitas vezes no tm como recorrer justia, e provar que l esta h mais tempo. Quando tenlam so assassinados.

    No &io dessa realidade injusta, cruel e sanguinria que foi gestada a CPT - Comiss%o Pas$oral da Terra -, ligada CNBB - Confer6ncla Nacional dos Bispos do Brasil. A ideia nasceu na Assem- blia Geral da CNBB em novembro de 1974 e se tomou realidade com i o Encontro Pastoral da Amaz6nia Legal em junho de 1975. Entre os autores da idia encontrava-se Dom Pedro Casaldliga, bispo da Pre- lazia de So Felix do Araguaia, que vinha forjando no seu trabalho pastoral a "Igreja da Caminhadan do Araguaia Para isto, estava em lu- ta ao lado dos posseiros contra o latifndio e os governos militares que protegiam esses latifundidrios.

    A CIPT passou a desempenhar o papel de uma entidade que co- locava todo o seu .corpo de colaboradores na defesa dos direitos leg- timos do3posseiros erh luta. Mim,~depsis do CIMI nasceu a CPT.

    Com a CPT, o Wnfronto entre a Igreja, sobretudo aquela da "Caminhada", e bs Qrandes IalVundirlcs 6 grileiro6 passou a crescer. O assassinato frio e mlwlado de padres e agentes paslorais passou a ser uma 'constante. 0s padrest Joa Bumier, Rodolf6, Ramin e Josimo passaram a fazer parte das estatsticas dos assassinatos no campo. A impunidade dos autoras e mandantes tem ido uma constante nestes casos.

    O trabalho pastoral dessa Igreja passou a abrir horizontes, unir desunidos e a construir objetip comuns. Da resistncia dos posseiros em. luta foi surgindo a rwesidade da defesa .coletiva da tem. Nesse proceso,coletivo de defesa da terra foram sendo csnstnctfdas as "roas comunitrias", como as'de Santa Terezinha em Mato Groso - uma

  • espcie de resposta superior, do ponto de vis& m a aparentemente individu~l (famjtiar) dos posseiros. .I.''nQ

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    1 .t - I ' $ 1.' !- ' , : ,&* A' LUTAdMX PEdES.GW'& kPeoN&iEM . I ,;r-' /.,,;r- ,: ! , v .-ltv 4 ui

    a Na &tara da pR projetos agropecurios k@j@-es&ua fi&@Asidade,& rno-de-obr%;.@ ~ 1 7 p ( ~ 4 g s i d c ~ ~ s e s g p@qj@m passaram: % l&ar - M o d~ peohagem ou dQ,.YtrikEyie e m v a . - - r - - . . 9 ,mapa ,I 1 m a ,qt icwq~izagiigt geogwiyi. dos ,irndveis, registro de pemi&pnjt-qu l'tra6alho wqavo:rlaantada pelo MlR@& gnqa dos pr~&to~.agropm&ri~s do Par& aparece m c&tague; o ~pms: ~ccvv#d~t~wm R ~ W n j a .e Mato .,Grosso. NQ ent99@, p V t nCio se limita & Ammdnia, pois ele pw%flQ.r@@ ~ M T

    d w wh oa sAmaz@iia, PL4~:~ao: s.tmt,e .no Genpjyl do Brasil. :, u> L I ' n -e 5 , .

    bres (wm falta de gfem e

    tada,\ seguW-swMintis (~%OISO doSkil. ' J .

    Fonte: Relalrio "Trabalho Escravo", MIRAD. I 1 ,-I Des.: Oritai87. 1 I ORIGEM DOS TRABALHADORES

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    I Mapa 12 ALICIADOS

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    i.! 1 ; ) ' &Ti J*, . 8 r, .A ,L c&-: ,:. . &&a@? Reidtbrio "Trabalho EseraYt, &IRAD.

    ' tias,: Orita187. ,

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  • Qs "gatos" e os fazendeiros para manterem os trabalhadores pees sob controle, sobretiudo para no deix-los fugir, mantm verda- deiras quadrilhas de jqgurius/pistoleiros nas fazendas. Estes, atravs da represso, prcrouram intimidar os trabalhadores. Os, mais w w s , que tentam discutir ou fugir, no raramente so assassinados. i

    O trabalho do MIRAD traz, entre outros, os nomes das emprTas que contratam o fomecimento de mo-de-obra com empreiteiro ou "@a- to" e que por sua vez exploram a peonagem ou "trabalho escravo" d b tamente nas propriedades. Entre eles esta a Volkswagen, o grupo.$to- torantim, o Bradesco, a Attdntica-Boa Vista, a Construtora Cynabgo Correa, o Grupo Supergasbrs, o Banco Mercantil, e empresrios b- nhecidos como Geremias Lunardelli, Maria Pia Matarazzo e ~ l ~ ~ $ o n Paulinelli.

    A luta dos pees contra a "escravido" tambm se ins~r&no canjunto das lutas dos trabalhadores no campo.

    A LUTA DOS CAMPONESES CONTRA AS R E S 9 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ o ~ s NAS GRANDES QBRAS . - DO . ESTADO

    7 ,,,-d, A , ,,'I-1. '

    cultura capitalista altamente rentAvel. As vezes, chega a revelar m e mo, a luta de milhares de camponeses para impedir que as obras acontemm. ,

    Entre este conjunto de lutas est8 aquela destincadeada pelo mo- vimento contra o projeto da Elstrosul, de wnstruHo de 25 ba~ageps, visando o aproveitamento hidr\ijltrco do rio Uruguai, O projjeto, executado, levaria 6) desgppriao dg te- rnah dde 4-0 mil famllras de colonos no Rio Grande dp Sul e Santa~$2&xina.

    De forma organizada, com comissclb regional e ncleos munici- pais e locais articulados atravs de encontros, e com um jomal editado "A Enchente do Rio Uruguai", este movimento j fez um enorme a$a'i- xo assinado contra o projeto, e .tem impedido sua 'iTlantao. I

    Outrp frente de lu& a-ntra obrh do '?a& kbrreu em Itaipu. Atravs do "Movimento Justicja p hrra" a I dos foi centrada na justa indeniza' c@ r canar algumas conquistas, os tra alhadajres lde~yllf izerqrq$ acampamentos. &mo produto da luta' nawurlwmij-~dBd~nizq~~ justa pelas terras. I - -.. Y

    Lutas esto sendo travadas tambm no Nordeste, no vale do So Francisco, sobretudo na Bahia. Neste vale, as barragens como Sobra- dinho e Itaparica, e os planos de irrigao incentivados pela CODE- VASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do So Francisco - pretendem expropriar camponeses e no vo assentd-10s nas terras ir- rigadas. O que est em jogo o acesso a terra que receber os bene- ffcios da irrigao.

    As lutas proliferam e os movimentos, em diferentes lugares, vo surgindo, unificando lutas aparentemente especficas: luta por terra; luta por preos mais justos; e luta contra a poltica agrcola discriminatbria.

    O MOVIMENTO DOS CAMPONESES CONTRA A SUBORDINAO DA INDSTRIA

    O processo de desenvolvimento recente no campo brasileiro tem criado condies para que uma frao do campesinato amplie a produ-

    L tividade do trabalho familiar. Este processo tem sido possvel em fun- o, de um lado, do acesso ao avano tecnolgico colocado disposi- o da agricultura capitalista, e de outro, do estabelecimento de novas relaes com a indstria.

    Este processo tem sido objeto de muitos estudos. As indstrias consumidoras de produtos de origem agrcola ou pecuria chamam es- tas relaes de produo integrada. Isto significa que, por exemplo, no caso da avicultura, a indstria de rao que tambm industrializa e comercializa o frango, entrega ao granjeiro os pintinhos e a rao que comero at o abate. Depois de atingirem um peso mdio de 1,5 kg, os frangos so entregues para o abate. A indstria destina uma per- centagem do preo final, que pode variar em torno de 15O/o, ao granjeiro.

    A chamada integrao aparece tambm na suinocultura no sul do Brasil, onde as indijstrias da carne e dos embutidos (lingas, sala- mes, etc.) estabelecem contratos com granjeiros para a criao e en- gorda de sunos e para a produo de milho (ingrediente bsico na preparao da rao).

    Outros setores tambm conhecem este tpo de relao: com pe- quenas diferenas, o caso dos produtores de fumo do sul e os oligo- plios das indstrjas fumageiras. - O que estamos assistindo de fato , pois, o processo de indus- trializao .da agricultura que sem necessariamente wpropriar a ferra do camponis, sujeita a renda da terra $aos interesses do capital. A ren-

  • da da terra produzida pelo trabalho familiar, campons, no fica com quem produziu, mas se realiza parte na indstria e parte no sistema fi- nanceiro.

    Os mecanismos da elevao da produtividade do trabalho fami- liar atravs da elevao do nvel tecnolgico deste setor, tm colocado para esta frao do campesinato, dependendo do produto produzido, os limites da expanso da produo na pequena propriedade. Isto tem levado uma parte destes produtores a vender suas terras, no exclusi- vamente porque, endividados, no tm como saldar os bancos, mas para procurarem na migrao para o Centro-Oeste e Ronddnia, a am- pliao da rea da pequena unidade de produo familiar.

    Dessa forma, no esto diante da expropriao inevitvel pelo avano das relaes capitalistas de produo no campo, mas sim no seio de um processo contraditrio. Assim, ao mesmo tempo que o su- bordina mais, promove o seu deslocamento territorial, abrindo espao no Sul para a continuidade e possibilidade da koncentrao de terras @ara uma frao de camponeses que tm acumulado riqueza neste

    cesso, e, conseqentemente vm abrindo no espao distante, a sibilidade da acumulao.

    0s camponeses do sul do Brasil, produtores de soja, sobretudo, vivido esta realidade. Uma evidncia deste processo est na dimi- o do nmero de estabelecimentos agropeclirios na regio sul do

    si1 (1264 mil em 1970 contra 1145 mil em 1980). Assim, no pode- os analisar a t'eilidade de- agricultdres apenas com os dois hori-

    zontes extremos dessa realidade - acumulao ou expropriao. Para estes camponeses, o processo de sujeio no est,nas

    condies de produo em si, mas na circulao dos produtos. E no mercado que eles tm tido a possibilidade de se enxergarem como sujeitos coletivos e no apenas como produtores individuais a competi- rem entre si. Desse processo tm brotado espaos de luta contra a sujeio a que esto submetidos.

    assim que os agricultores produtores de spja tm lutado contra o "confisco cambial" e contra os preos da soja. Para isto tm blo- queado as estradas com mquinas e tratores, no sul do Brasil, e no Centro-Oeste.

    assim que os agricultores produtores de arroz do sul do Brasil tm bloqueado estradas impedindo a sada de caminhes carregados de arroz daqueles estados. f

    assim que os agricultores tm invadido cidades w m suas m- quinas para bloquearem bancos (do Brasil por exempla) para reivindi- carem melhores condies financeiras para seus emprstimos.

    Estas, en,W out no campo .mQa o P esta parcela bd@amponesew&,ti . , , I .

    * V -9. 9 i-(' a i - . I 4 - - + ~ s r u

    TO DOS "BRASIGUAIOS" I

    Harte do Paran; pelas obras de Itaipu e pela pr .fronteira. * . . , .

    No bojo destas altera6es e &mo produto contradit6rio deste processo, trabalhado~gs Weis t o & m - s e suas vitimas. Trabalhadores . assalariados fioaramdesempragados. Meeii'os e rendeiros perderam a

    poneses acabaram ex- 1

    campo, empresrios I timentos em territrio wragya I busca das florestas paraguaias tava praticamente se esgotand as imobilirias, aliadas ou no a agentes da ditadura paraguam pir& 1 pagandmr g ,wi@t&ncia de "terras roxas" a preos baixos no Paraguai, logo e s a-ttront$ilM mr&a Bmil. Esse processo muitas vezes tinha a presema do i@& -, h&&bfde Bierrestar Ruml -, uma espcie de INCRA peirriguiin. Pw fimq o-pr6ptiio ihteresse.dos fazendeiros brasilei- ras, que expmdiarn suas,Wndede 'mf4 para o Paraguai, em busca de -tenaas baratas (vinte, vez*. .mcmo.% que no Paran) e exportaes de

    q f i soo cambial (na-dcada de '70 epte confisco estava na "q,? caSa e 23c.&Ja~8s por saoa). Somava-se tambm, a estes interesses o g&,~j~';~ @ 9 ~ 8 iwpla@ar, u s i ~ g ~ de a,wr e 6 1 m 1 @nl seu ,!e& ,de um [email protected] iinelhor~ada, atravs demovas raas e inlremadas,mIqe~tes de. agirn nQvaa . s i m ~ N ~ rota &. intecetsses e~aorl6micos brasilejros em terras para- qg~m wr ~xemplq. g,~+&@n,~ ~4@60a$a. de 702 +,$ %.- .m m-,~Wqjo, de.&mpf8t~,Bai biras. +&R . - a ~ ~ j n ~ l u a g@- k@Q~@l, -Spai$. . e-Be!gigm@+&'~e~pr~a,,~@s adquirir -1 P mil

  • hectares de terras do Paraguai, implantou umaJ Usina de a&vincen- tivada por um decreto especifico do presidente StroeSsner: =4'* '

    - Banco Real de1 Paraguay e Banco do Brasil - q xik-itre os principais bancos do pas. -,: r ' '

    - -W~emias LutWdelli - quebdestie 1952 estava W%ragua?,W&i = regio fronteiria de Pedro Juan Caballero e Ponta Por, onde-r au- torizao expressa de Stroessnet: ad4uirlu ,450 mil hectares de teerras que foram sendo loteados e revendidos a brasileiros.

    Desse modo, as transformaes ocorridas na agricultura do .'Sul do pais, mais os interesses capitalistas em terras paraguaias, pai&%- ram, de certa maneira, a cornarvdu'o processo migratrio brasileird Da- ra aquele pas. Hoje so mais de 400 mil brasileiros na regio da fron- teira entre Brasil e Paraguai. O mapa 13 procura mostrar essa rea

    BRASIGUAIOS Mapa 13

    LEGENDA Fonte: C.E.M.

    A A c a m m a n M ~ de Bras&ioi . Ofg.: Aliovalda @ AWJ Owa6a L Bradgualas U. de Oliveira.

    Des.: Oritd87.

    'Em terras patag@aias estes "Brasiguaios"fi6am a merc6 da estrd- Wra de poder mdriht 'ElEluele pas.' Os1 tman:dos e d&n?andos dos chefes militares criam uma situao de* cohtrlb e repressso. ~ O l m i i grante brasilelro'na chegada of%qad@ $@Bi%r.-& .lL'p'ekrn~W, que tem que renovar a cada tr6d~fies%&(Wnpre'pagariido as taxds'dc$l c%wUp- o que as acompanhgm). AInW%t%3,119 tambm ' obrigadG ahpaaar a "livreta" imposto que d 'o direito de transitar; owseja:.tern~qiiie$~

    para poder se deslocar no @S. mbi: da.qlivrefa" diferenciado por tipo: a p6, de bicicleta, deMrro ou ae carro.?? .

    Como estes "Brasjgtiai& no tm wndiges financeiras para pagarem sucessivamente esms taxas, esto @xr+im.arnea~do pela estrutura polioial wmip 4 mmum te- rem que entregar soas ;t X~UU C u:

    Tambm tem si&~coinurt naquele pas o apareclmerrtcrde~~ha- I proprietrios das:&~@paraguaios ~ ~ . b r i i & ~ i r ~ ~ ) o ~ , @ a m ' colan'os brasileiros, ~gue:&w.t&maiailsls: a, sen e

    abandonar tudo e voMr ao Brasil. Esse processo de migrago (para8o [Paraguai, ernbobmtenha ori-

    gem mais antiga, foi Mais acelerado na dcada de.70, comh~rnaiar;inci; dncia entre 75 e 79. J na decada, de 80, apesar de oantinuanhaven- do entrada de brasileiros naquele pais, o perodo de 81. a 84 sobretudo, vai ser marcado pelo processa de expulso de colonos j instalados.

    Cabe ressdtar, que sb a uma parte dos colonos brasileiros que i passaram a retomar foi negado o direito ao aoesso tema, i@to tam- ;. b6m tem sido negado aos prprios trabalhadores par$guaios. Estes, I * , .como se sabe, no Mrn tido tambem o direito terra paraguaia. r A este processo de expulso, somou-se a propaganda do gover-

    no brasileiro sobre a reforma agrria. Dessa forma, o processo de retorno dos "6rasiguaiosn passou a

    colocar para eles e para o Brasil questes geopolWiicas, impoi;lante%. No incio dos anos 80 o governsb gente destes colonos para Ga Grosso. Mas para a grande maiorta do~~fiBrsigu&$~~ ruastou a alternativa de buscar nos acampamentos uriala'foWWm pela WWt4 no .Brasil. I.; :4 S C S ~ J ~

    6B:~pfiMielbs acampamentos surgiram em julho de 1985;j Wmia 940 &MiL& acampadas1 em Mundo Novo, 147 em Sete Quedas e 78 em N a V t m 1 ( ~ ~ a )?t3*):- Dqmis de mais de seis meses acampados, co- Wegararn a ser a~wmkadm. Aqueles que estavam em Mundo Novo fo- ram assentados no municipio de Ivinhema. Em Sete Quedas, foram ei$sentad0s em 1986,150 farnflias.

    Esse ,processo de luta atravbs dos acampamentos, abfiu a pers- pectiva de retomo para outros colonos no Paraguai. Como consequn-

    * ' m, novos ammp'mb%itbs~rrrm3organ5zad6;s~ em *Mumdec Novo: Am- pliam-se os contatos pollticos, pois jA estavam acampados na frontei- ra, no incio de 1986, mais d,4:6.;600 farinilias.

    Com a promessa de asbentamento para os "brasiguaios", feita pelo MIRAD, acelera%@ s&aGdebrasileiros daParaguai e simulta- neamem t8m incio a p r ~ ~ &n&ar;~19te~~tr(ab'aIha&re~, : ( . ?

  • De um lado, o prefeito municipal de Mundo Novo passa a proibir os acampamentos no municpio. Para isto a Policia Militar de Mato Grosso do Sul passa a reprimir e desmontar tentativas de acampa- mentos em Mundo Novo. A alternativa para os "Brasiguaios" a trans- fergncia dos ammpamentos para o municpio vizinho de Eldorado.

    Do outro lado, estava a polcia paraguah a pressionar e