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EXPEDIENTE VOX CONCORDIANA - SUPLEMENTO TEOLÓGICO Editado pela Congregação de Professores da Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdia de são Paulo. Conselho Editorial: Deomar Roos, Editor Leonardo Neitzel Rudi Zimmer Congregação de Professores: Ari Lange Ari Gueths Breno C. Thomé Deomar Roos Erní W. Seibert Leonardo Neitzel Paulo F. Flor Paulo W. Buss Raul Blum Rudi Zimmer Os artigos assinados são da responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a posição da Congregação de Professores como um todo. Devem ser considerados mais como ensaios para reflexão do que posicionamentos definitivos sobre os temas abordados. Endereço para correspondência: Instituto Concórdia de são Paulo Caixa Postal 60754 são Paulo, SP 05799-970 Telefone: (011) 511-5077 ACEITA-SE PERMUTA COM REVISTAS CONGENERES. ANO 7 NO 1 e 2 1991

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EXPEDIENTEVOX CONCORDIANA- SUPLEMENTO TEOLÓGICO

Editado pela Congregação de Professores da Escola Superior deTeologia do Instituto Concórdia de são Paulo.

Conselho Editorial:

Deomar Roos, EditorLeonardo NeitzelRudi Zimmer

Congregação de Professores:

Ari LangeAri GuethsBreno C. ThoméDeomar RoosErní W. SeibertLeonardo NeitzelPaulo F. FlorPaulo W. BussRaul BlumRudi Zimmer

Os artigos assinados são da responsabilidade de seus autores,não refletindo necessariamente a posição da Congregação deProfessores como um todo. Devem ser considerados mais comoensaios para reflexão do que posicionamentos definitivos sobreos temas abordados.

Endereço para correspondência:

Instituto Concórdia de são PauloCaixa Postal 60754são Paulo, SP05799-970 Telefone: (011) 511-5077

ACEITA-SE PERMUTA COM REVISTAS CONGENERES.

ANO 7 NO 1 e 2 1991

Palavra ao Leitor

A presente edição da Vox Concordiana - Suplemento Teo­lógico é um número duplo para o ano de 1991. Por isso estámais volumoso e tem um número maior de artigos. Diferentesáreas da teologia estão representadas nos textos que seguem.Igualmente diferentes articulistas (tanto os "da casa" como osexternos) deixam aqui registrada a sua contribuição.

Dois teologandos da Escola Superior de Teologia (AndréL. Bender e Denis S. Timm) repartem os resultados de suaspesquisas para diferentes disciplinas do curso de Teologia. a"Estudo no Termo 'Escolhido'" é uma investigação filológica notermo mencionado. Já "Correntes da Filosofia Grega" apresentauma visão panorâmica das diferentes vias daquele modo depensar que tanto influencia o nosso refletir ocidental. De modosemelhante, o Rev. Valdir Klasener, formado na Escola Superiorde Teologia. contribui com um estudo sobre o livro do profeta"abadias", trabalho este elaborado quando ainda era aluno docurso de Teologia. a Rev. Dari T. Knevitz escreveu um interes­sante trabalho voltado para jovens. a trabalho foi testado como departamento de jovens de sua congregação -- e foi aprova­do. a "Estudo em Gênesis 24 e a Escolha do Cônjuge" visaorientar o jovem na difícil porém fundamental escolha daque­le(a) que poderá vir a ser o seu cônjuge. O ProL Erní W. Sei­bert .compartilha com os leitores as "Ênfases Curriculares doICSP". Este trabalho -- que apresenta as balizas orientadorasda atividade acadêmica da Escola Superior de Teologia -- foipreparado para ser apresentado na Consulta de Educação Teo­lógica na América Latina. Esta Consulta reuniu em são Paulo,em 1990. representantes dos seminários e igrejas associadascom a The Lutheran Church-Missouri Synod. O importante einspirador artigo "A Vida Devocional do Pastor Luterano". dojá falecido Rev. George Kraus (ex-professor do Concordia The­ological Seminary. de Fort Wayne. EUA). foi traduzido peloProL Raul Blum e recebeu do tradutor um acréscimo. Estetrabalho foi apresentado aos telogandcs reunidos no campus doICSP no encontro DAC-DAMALde 1987. O Rev. Daltro Kautz­mann, Secretário Executivo da Área de Missão e Ação Social daIgreja Evangélica Luterana do Brasil, apresentou palestra noCongresso de Universitários Luteranos em 1987 a respeito dotema "Serviço". O texto desta palestra é o que vai publicadoneste número. O artigo "Passado e Presente" é um registro

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histórico. Trata-se de transcrição de um texto redigido pelosaudoso ProL Osvaldo Schüler que se encontra no Anuário doICSP publicado no ano de 1965. O ProL Osvaldo Schüler teste­munhou o nascimento do ICSP e acompanhou sua trajetóriadurante anos, desde o Espírito Santo até seu estabelecimentono atual campus de são Paulo.

A matéria deste número é variada. Que o leitor faça bomproveito da mesma. Agradecemos ao Prof. Paulo W. Buss e aoRev. Breno C. Thomé que editaram o número anterior desteperiódico.

Deomar RoosEditor

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Estudo no Termo 1')n J(UEscolhidoU)

André Luis Bender

-1. DELIMIT AÇAO

1. Escolha: O termo a ser estudado é I' nJ. Trata-se de um subs­tantivo ou adjetivo, masculino, singular, e significa "escolhido,eleito". É forma hipotética derivada do Particípio QAL do verbolnJ.

2. Delimítação: Estudaremos o termo I' nJ em todas as suas ocor­rências no AT, juntamente com o seu correspondente grego ek­lektos no NT. Chamamos atenção ao fato da LXXusar apenas estetermo para traduzir l' n J.

,II. ESTATISTICA

1. Número de ocorrências: Há unanimidade entre as concordân­cias. Even-Shoshan e Lisowski informam que o termo l' nJ ocor­re 13vezes em todo o AT. E o termo eklektos, segundo as concor­dâncias de Wigram e Schmoller, aparece 23 vezes no NT.

2. Texto Original: O termo l' nJ ocorre nas seguintes passagensdo Antigo Testamento com o sentido de "escolhido, eleito": 2Sm21.6; 1s 42.1; 43.20; 45.4; 65.15; SI 89.4; 105.6; 106.5; 106.23; 1Cr16.13. Como sujeito: 1s 65.9; 1s 65.22. Como objeto: SI 105.43. Otermo eklektos ("eleito, escolhido") ocorre nas seguintes passa­gens do NT: Mt 20.16; 22.14; 24.22,24,31; Mc 13.20,22,27; Lc 18.7;23.35; Rm 8.33; 16.13; Cl 3.12; 1Tm5.21; 2Tm 2.10; Tt 1.1; 1Pe 1.1;2.4,6,9; 2Jo 1,13; Ap 17.14.

3. Quadro estatístico:

Antigo Testamento: 2Sm 21.6; 10r 16.13; SI 89.4; 105.6;105.43; 106.5; 106.23; 1s 42.1; 43.20; 45.4; 65.9; 65.15; 65.22. Portan­to, no AT, o termo ocorre 2 vezes nos livros históricos, 5 vezesno livro de Salmos (livro poético) e 6 vezes no livro do profeta1saÍas.

Novo Testamento: Mt 20.16; 22.14; 24.22,24,31; Mc 13.20,22,27;Lc 18.7; 23.35; Rm8.33; 16.13; Cl3.12; 1Tm 5.21; 2Tm 2.10; Tt 1.1;

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lPe 1.1; 2.4,6,9; 2Jo 1,13; Ap 17.14. Portanto, no NT, o termo ocor­re 10 vezes nos evangelhos sinóticos, 6 vezes nas epístolas dePaulo, 4 vezes nas epístolas de Pedra e 3 vezes nos livros deJoão.

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IH. SEMANTICA

1. Etimologia: l;nJ significa "eleito, escolhido". A idéia destetermo vem do verbo lnJ ("escolher, eleger cuidadosamente").EkJektos significa "eleito, escolhido; seleto e superior, preemi­nente" .

2. Semântica: O termo acádico bêrum constitui-se no principalparalelo semítico para o termo l'!nJ. Seu significado é "eleger"e também, em freqüência menor, "examinar". O termo egípcio stpfoi usado para indicar finalidade: "para ser rei", "para fazeralgo"; e também como classificação honorífica: "eleito para rei".No campo das idéias, é interessante a preocupação da eleição dorei por obra da divindade. Na Mesopotâmia, o uso do termo denotaparticular interesse na eleição do rei. O verbo (w)atu significa"buscar, descobrir, eleger"; "o eleito pela fidelidade do coraçãode deus" (no sumeriano: sà-ge pàda, "eleito pelo coração"). A idéiacorrente é que os olhos de deus buscam o rei a fim de destiná-lopara seu cargo. Do aramaico se formou o babilónico tardio behéru,"selecionar (exemplo: 'gado'), recrutar tropas", junto com o par­ticípio béhiru, "funcionário encarregado de recrutar tropas", oubérum, "soldado escolhido".

Araiz lnJ aponta "eleição cuidadosa, de acordo com as ne­cessidades de cada caso", "é decidir, de maneira muito conscientee em consonância com certos critérios". O significado "examinar"não é facilmente observável no hebraico, como o é no acádio.

Nãonos preocuparemos com llnJ, "jovem", nem de n lllnJ(O '!lln J), "juventude", pois se trata de termos petrificados, quese derivaram muito rapidamente da raiz lnJ. OParticípio PassivoQALllnJ e o derivado I '!nJ, ambos significam "eleito", porémeste se diferenciou intencionalmente de 11nJ e representa, comol '!Dn ("fiel, piedoso"), um conceito puramente religioso. Este fatonão fica aparente na LXX, pois ekJektos é empregado para ambasas formas. A forma participialllnJ, como no grego, é empregadapara tropas de elite, especialmente escolhidas (Jz 20.15-16; 1Sm24.2; 2er 24.2; 25.5), ou de matéria especialmente apropriada (Êx14.7, "carros").

O termo correlato no NT, ekJektos, adjetivo verbal, é rarono grego clássico, mas aparece nos escritos de Platão e Tucídides.

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Indica a pessoa ou coisa sobre quem caiu a escolha. O ato daescolha inclui um julgamento feito por quem escolhe, a respeitodo objeto que considera mais apropriado para o cumprimento doseu propósito. O substantivo ekloge é sinônimo, tendo original­mente o significado exclusivo de Hato de escolher", e pode serempregado com os verbos lambano ("tomar"), poieomai ("fazer"),ou ginomai (aqui no sentido de "chegar a"). As palavras destegrupo são empregadas em vários contextos, mas existem coisasque elas têm em comum: lQ) a existência de vários objetos entreos quais se pode escolher; 2Q) quem faz a escolha não é preso acircunstâncias, mas é livre na sua decisão; 3Q)quem faz a escolhatem à sua disposição a pessoa ou coisa a ser escolhida. O subs­tantivo ekloge não existe na LXX,porque não há palavra hebraicapara ser por ele traduzida, pois os conceitos abstratos são es­tranhos à língua hebraica.

3. Significado Atual: l" nJ, como II nJ, significa" eleito, escolhi­do", porém se diferenciou como um conceito puramente religioso.Indica que o propósito da escolha é uma comissão ou serviço, eque a sua validade está no cumprir da missão (2Sm 21.6; SI105.43; Is 42.1; 65.22). A expressão "escolhido ou eleito de Iah­weh" (illil" ")l ")nJ Is65.9,15; Sl105.43) mostra os atos soberanosde Deus, Sua graça, e a seriedade das Suas exigências. A eleiçãofeita por Deus não está ligada às qualificações humanas, e não sebaseia nelas.

Eklektos significa "escolher, selecionar". Aparece em doissentidos, a saber: 1Q)escolhido por Deus; A) para obter salvaçãoatravés de Cristo (cf. eklego); por esta razão os cristãos são cha­mados de hoi eklektoi tou Theou, os escolhidos ou eleitos de Deus.Estes que se tornam verdadeiros participantes da salvação cristã.B) O Messias é chamado de 170 eklektos tou Theou, como apontadopor Deus para o mais exaltado ofício imaginável: Lc 23.35. C) Osanjos são chamados de eklektoi, que Deus escolheu entre as cria­turas para serem associados com ele, e seu mais alto ministério nogoverno do universo. 2Q)Os termos "escolhido" e "seleto" signi­ficam o melhor da sua espécie ou classe, excelente, preeminenteesão aplicados para certos cristãos individuais (2Jo 1,13), com enkyrio(Rm 16.13); de coisas lithos (1Pe 2.4). O termo ainda aparececerto número de vezes para raízes hebraicas que indicam a belezae a preciosidade (lI' 3.19; Ag 2.7); ou a condição excelente (as va­cas em Gn 41.2,4). Neste caso, o adjetivo não expressa o fato deser escolhido, mas, num sentido mais amplo, fatores já presentesque fariam provável a escolha.

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-IV. SISTEMATIZAÇAO

1. História básica: O termo 1;nJ evoluiu significati vamen te da suaraiz, passando a designar exclusivamente os eleitos de Iahweh.Ou seja; seu uso passou a ser estritamente religioso, apontandounicamente para Deus como autor da escolha. Com he eklektosacontece o contrário. Salvo o acréscimo hoi eklektoi tou Theou. ()termo chama atenção para o objeto da ação, no caso, o escolhido.que deve ser "o melhor da sua espécie, excelente. preeminente".usado para indicar beleza, preciosidade, ou uma condição exce­lente. Pressupôe, no caso de pessoas, a fé.

2. Significado básico: O significado básico é 111il' '-;' nJ ("esco­lhidos ou eleitos de Iahweh") ou hoi eklektoi tou Theou ("os esco­lhidos ou eleitos de Deus"). O termo hebraico l' nJ é de uso ex­clusivamente religioso. Isso não fica claro na LXX, pois eklektosé empregado tanto para o particípio 11nJ como para l'nJ. Já heeklektos chama atenção para o fato do eleito ser o melhor da suaespécie ou classe, excelente, preeminente, aplicado para certoscristãos individuais (2Jo 1,13), ou mesmo para coisas (JFe 2.4),para indicar beleza (Jr 3.19), preciosidade (Ag 2.7), ou a condiÇiioexcelente ("as vacas", em Gn 41.2,4). Expressa os fatores quefariam provável a escolha.

3. Sentido bíblico-textual: 11111' ;1;nJ = "escolhidos ou eleitos deIahweh", é dito para israelítas piedosos (Is 65.9,15,23: SI 105.43),com o propósito de mostrar, através de Israel no meio da histódado mundo. os atos soberanos de Deus, Sua graça, e a seriedadedas Suas exigências. A eleição feita por Deuto não d{;pcnch: dasqualificaçoes humanas, nem se baseia nelas, porém é fruto. unica­mente, da graça de Iahweh, do Seu amor.

A observação lingüística que, no emprego dos termos he­braico e grego, a ênfase recai totalmente na atuação de Deus, &

reforçada ainda mais pelo fato de que o particípio i1nJ, que serefere mais 8 qualidade do objeto, não se emprega para Israelcomo povo escolhido. Teologicamen te isto sig n ifica que o A T -­consciente e consistentemente -- evita a tenta<:~iu de chamaratenção à importância do povo. A atenç,ão deve se r di riglda àg raça ele Deus, Cj ue realmen te anda de modo independente a todosos conceitos merÍtÓricls humanos. For esta razão, emprega-se aoutra forma de particípio l""'nJ.

4. Alcance da Pesquisa: O estudo é feito em toda a Bíblia.

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5. Significância Pastoral e Missionária:

5.1. Pastoral: Chama a nossa atenção o fato de que a nossaeleição nada tem a ver com os nossos méritos, muito pelo contrá­rio, aponta unicamente para lahweh o autor da eleição. Ainda,aponta para a graça do nosso Deus, para o que ele fez por nós.Mateus 22.14 constitui-se em uma advertência para todos nós:"pois muitos são chamados (kletoi) mas poucos eleitos (eklektoi)".Ser chamado não significa necessariamente ser salvo: muitos sãochamados, mas também muitos rejeitam este convite ou mesmoapostatam da fé. Convém que vigiemos, e Paulo nos adverte: "A­quele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (lCo10.12).

5.2. Missionária: A escolha Deus já fez por nós homens láno início (Gn 3.15), onde ele disse que mandaria um Salvador paraos homens. E é este Salvador que estou mostrando para o não­cristão neste momento. Eu diria as seguintes palavras a algumprospecto visitado: "Cristo está batendo à sua porta. Ele está techamando agora". Convém que se abra a porta para cristo.

V. BIBLIOGRAFIA

1. Dicionários:_

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Gesenius, Wilhelm. Hebrew and Chaldee Lexicon to the OldTestament Scriptures. Trans. Samuel P. Tregelles. GrandRapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1980.

Gingrich, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento: Grego/Portu­guês. Rev. por Frederick W. Danker. Trad. de Júlio P. T.Zabatiero. são Paulo: Vida Nova, 1984.

Holladay, william L. A Concise Hebrew and Aramaic Lexícon of theOld Testament. Grand Rapids, Michigan: William B.Eerdmans Publishing Company, 1974.

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Kirst, Nelson; Kilp, Nelson; Schwantes, Milton; Raymann, Acir; eZimmer, RudL Dicionário Hebraico-Português & Aramaico­Português. S. Leopoldo e Petrópolis: Sinodal e Vozes, 1988.

Koehler, Ludwig and Baumgartner, Walter. Lexicon Ín VeterisTestamenti Libras. Leiden: E. J. Brill, 1985.

Thayer, Joseph Renry. A Greek-English Lexicon of the NewTestament. New York: American Book Company, 1889.

2. Concordâncias:

Even-Shoshan, Abraham. A New Concordance of the OldTestament. Jerusalem: "KÍTyat Sefer" Publishing HouseLTD., 1985.

Hatch, Edwin and Redpath, Henry A. A Concordance to theSeptuagint. 3 Vols. Grand Rapids, Mich.: Baker BOükHouse, 1983.

Lisowski, Gerhard. Konkordanz zum Hebraischen Alten Testament.2. Auflage. Stuttgart: Württembergische Bibelanstalt, 1958.

'Schmoller, Alfred. Handkonkordanz zum Griechischen NeuenTestament. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1989.

Wigram, George V. The Englishman's Greek Concordance ai' theNew Testament. 9th Edition. Grand Rapids: ZondervanPu blis hing House, 1970.

3. Dicionários Teológicos:

Botterweck, G. Johannes and Ringgren, Helmer, editors. Theologi­cal DictionaTY of the Old Testamen t. Trans. John Willis. VoI.2. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company,

1975.

Harris, R. Laird, editor. Theologica1 Wordbook of the OldTestament. Gleason L. Areher and Bruce K. Waltke, Assoeia­te Editors. 2 Vols. Chicago: Moody Press, 1980.

o Novo DicionáTio Internacional de Teologia do Novo Testamento.Lothar Coenen, Editor Geral da Edição em Alemão. ColinBrown, Editor Geral. VoI. 2. são Paulo: Vida Nova, 1989.

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Dari T40 Knevitz

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2.CONTEXTO

-11' IrJTRODUÇAO

Há llfna deficiência milito grande de material de orientaçâobíblica para, os jovens, com respeito ao namoro~ E:"iistem, no mer­cado, muitos livros que falam sobre os jovens e (; namoro. Masquando fui procurar nestes livros alguns subsídios para o pre­sente trabalho, nada encontrei sobre o posicionamento bíblicosobre esse assunto. Somente conselhos humanos. Orientaçõesfundamentadas em dogmas.

O nosso objetivo com o presente estudo é examinar o pro­cedimento bíblico para a escolha de um(a) esposo(a). E, acima detudo, usar o texto de Gênesis 24 para fazer um estudo dinâmicocom os jovens. O nosso objetivo é, pois, colocar este texto de umaforma prática entre os jovens, para que eles entendam qual é aorientação bíblica para o namoro.

Primeiramente faremos um estudo do texto, para evitarfalsas interpretações. Este estudo não é inteiramente exegético,mas visa a aplicação homilética com estudos em grupos pequenos.

o contexto está dito de forma resumida na introdução docapítulo 24 de Gênesis, versículo 1. Abraão já era velho e avan­çado em dias. O contexto é a vida de Abraão, conforme expostanos capítulos anteriores.

Este texto está intimamente ligado, casado, com a promessade Deus feita a Abraão, que seria uma nação mui numerosa (Gn15.5 ).

Deus usa os homens como seus instrumentos para efetivara promessa feita. Usa os seus servos. Quando, pois, diz que Abra­ão tt creu n (Gn 15,,6)j isto significa que também se empenhou paraa realizaçào da prornessa~ Por isso 8-.- sua atitude tão paternalistaem prov-er uma esp{)sa para SêlJ filho Isaque (CJIl 24). A sua fétorn8~--se ativa na Hjllstiça.~f (fli7-r~{) di\rina" É ativ-o na promessa~fazendo~a passar aos seus descendentes. O pai; fiel à promessade Deus~ se preocupa era passá-Ia a seus filhos~ E~ neste caso,Abraão sempre foi provado na sua fé com respeito a seu filho

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Isaque. A provação mais surpreendente era a de sacrificar ofilho, isto é, sacrificar a própria promessa (Gn 22, conforme Gn15.5). Isto, sem dúvida, muito preocupava a Abraão, pois era seufilho. Comoficaria sem o seu filho? Como poderia então se cumprira promessa? O zelo de AbrMo com respeito ao casamento de seufilho é, acima de tudo, um zelo pela promessa.

3. ESBOÇO DO TEXTO

Para uma melhor compreensão do assunto e estudo do tex­to, dividiremos o texto em quatro partes principais, conforme odiálogo entre os personagens do texto:

I - Gn 24.2-9: Abraão e seu servoII - Gn 24.10-28: O servo busca esposa para IsaqueIIl - Gn 24.29-60: O servo, Rebeca e LabãoIV - Gn 24.61-67: A viagem e o encontro com Isaque

4. ABRAAO E SEU SERVO (Gn 24.2-9)

Assim como nos "toledoth", também aqui a narrativa princi­pal é sempre introduzida e enlaçada com o elo anterior. Os versí­culos que formam o elo de ligação são, pois, 1, 10, 28, 60 e 67.Sendo este último o epílogo.

Abraão já era 1P T, vivido, de muitos dias, idoso, velho.Isso aponta para a grande preocupação de Abraão com respeitoà promessa. Sentia-se no fim da vida e não via a promessa cum­prida. O velho Simeão (Lc 2.25-35) é um caso idêntico. De certaforma todos os pais preocupam-se em verem os seus filhos bemcolocados, bem casados e sempre fiéis a Deus. Os pais cristãospreocupam-se muito com os seus filhos.

Deus tivera um cuidado especial com Abraão. A palavrallJ, quer dizer e expressar os cuidados divinos. Deus nunca odesamparou. Certamente também não iria esquecê-Ia agora. Deuso abençoara em tudo ()JJ). Quando saíra de Dr da Caldéia nãopossuía nada. Saíra firmado na providêncía divinao Agora tambémconfia na providêncía divina para arrumar esposa para seu filhoIsaque. A providêncía divina haverá de dar continuidade à pro­messa. Deus o abençoara nas coisas materiais, quanto mais o a­bençoará nas espirituais.

Certo, convicto da providêncía divina, Abraão disse ao"servo mais antigo dasua casa" (lniJ 1PT llJY). Isto é, aqueleque seria o herdeiro, caso Isaque morresse. Havia aqui uma belaoportunidade para este servo 'passar um truque'. Como é impor­tante a fidelidade deste servo! Comoé importante a fidelidade dos

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servos de Deus! Imaginemos que este servo poderia odiar a Isa­que porque tomara o seu lugar na herança. Entretanto isso nãoacontece porque o servo é fiel. Ele faz um juramento (v. 3) daforma mais solene como era conhecido, tornando-o deste modofamiliar com a "mão sob a coxa".

Abraão não quer que o seu filho tome para si esposa dasfilhas dos cananeus. A esposa torna-se parte integrante da famÍ­lia. Abraão sabia que poderia tornar-se desagradável a intromis­são de alguém de outra fé. A atitude de Abraão de fato se justi­fica quando vemos o que aconteceu com Esaú em Gn 26.34-35;27.46, e com o povo de Israel antes do exílio.

A orientação de Abraão é segura e certa. "Irás e tomarás",isto mostra que Abraão estava muito certo na providência divina.Mas ir para onde? Para" nl'J 10 (minha parentela). Mais tardehaverá uma luta contra os deuses de Canaã, e os cananeus, povoidólatra, serão destruídos. Seria desagradável lutar contra al­guém da própria família. (Certamente Moisés ao escrever estetexto tenha também pensado nisso, tentando dizer que os cana­neus eram um povo totalmente diferente e com um deus tambémdiferente). Afinal, haviam também orientações para que o povo deDeus não se misturasse com os demais para se contaminar comeles. Conforme Dt 7.3-4; 1Rs 11.4 e Ed 9. Este assunto de tomaruma mulher que fosse da mesma fé era tão importante que Abraãopediu que o servo jurasse. Por outro lado, Abraão já era velho equeria um juramento para poder ficar tranqüilo.

Em Gn 24.5, o servo levanta uma dúvida, uma suposição.Seria o mesmo que dizer: e se Deus não quiser? E se não for dogosto de Isaq ue? Ou melhor: podem me faltar palavras para des­crever a finalidade e o contexto do assunto. E aí vem uma suges­tão. Isaque já é grande, ele poderia decidir sozinho. É dono dopróprio nariz e sabe onde vai se meter. Bem, isto é o que pensao servo, mas Abraão não se precipita. Antes, ele tem uma reco­mendação: lQ'V il. Almeida traduz como "cautela", o que, sem dúvi­da tambêm expressa um pouco do sentido do original. Saber ou viré ter cautela. O servo não estava sabendo ouvir. O servo estavaquerendo fazer do jeito dele. O servo estava desprezando a pro­vidência divina. Neste caso Isaque saber.ia decidir melhor do quea providência divina. Este é o caso não só do servo de Abraão,mas o caso de muitas pessoas que deixam Deus de lado na escolhado(a) companheiro(a) para a vida matrimonial. O pai Abraão reco­menda então muito cuidado e "cautela". Isso mostra que Abraãoera homem de fé. Ele confiava inteiramente nas promessas deDeus. O servo lhe fizera uma proposta simpática: deixa que Isaqueescolha! Mas Abraão não caiu nessa.

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Nos vv. 7, 8 e 9 Abraão relembra a providência divina a seuservo e lhe assegura que "ele enviará o seu anjo, que te há depreceder". O anjo estará adiante de sua própria face. É boa apalavra de Abraão. Havia a promessa da doação da terra à suadescendência. Caso Isaque voltasse para Ur da Caldéia, poderiaenfrentar dificuldades para voltar. Isso lhe seria uma tentação.É bom livrá-Io desse laço. A idéia do servo de levar a Isaquejunto, era muito simpática, mas é mais seguro confiar na promessade Deus. Devemos deixar permanecer a ênfase da direção divinana história do seu povo. É Deus quem dirige a história do seupovo. O importante deste texto não é a procura de uma esposapara Isaque, mas o mais importante é a confiança e direção deDeus na busca desta esposa para Isaque.

Oservo não jurou em vão ou em falso. Ele está pronto paraa ação (v. 10). Ele tomou "dez camelos", o que mostra que a via­gem era longa e era necessário ir com uma comitiva, no rumo daMesopotâmia, para a cidade de Naor, irmão de Abraão. Isso identi­fica que ali realmente estava a sua parentela. Debaixo da provi­dência de Deus, inicia-se a caminhada da história do povo deDeus.

5. O SERVOBUSCAESPOSA PARA ISAQUE (Gn 24.10-28)

Este texto (Gn 24.11-28) trata de mais um capítulo ou por­ção dentro da mesma história. Trata do encontro do servo comRebeca, apontando diligentemente para a tática por ele empregadapara reconhecer aquela que lhe seria idônea e que estivesse deacordo com a vontade de Deus.

No v. 11 diz que servo fez ajoelhar os camelos. Os camelosantes de se deitarem precisam se ajoelhar e, da mesma forma,para se levantarem, põem-se de joelhos. Seria bom se os homensaprendessem um pouco com os camelos e, ao deitar e ao levantar,se colocassem de joelhos. O v. 12 mostra que o servo de Abraãofez isso.

As moças (lY Jil) iriam tirar água na fonte. Ali na fonte erao lugar estratégico. Jesus também encontrou-se com a mulher sa­maritana junto à fonte.

Nos vv. 12 e 13 fica demonstrada a lição dos camelos navida prática do servo de Abraão, pondo-se deste modo em oração.É claro, o texto não evidencia que foi deste modo, mas inúmerasvezes é usado o termo "prostrar-se" para falar de oração, e aquiempregamos o conhecimento científico dos animais, apropTÍando-opara a reverência dos homens diante de Deus na oração. É i!flpor­tantíssimo frisar este passo na escolha da esposa: a ORAÇAO.

14

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Aoração do servo é dirigida ao "Deus de meu sen hor". Issonão significa que não seja também o seu Senhor, mas lembra maisuma vez que a promessa fora feita a Abraão. De certa forma oservo está apelando e entregando a sua tarefa nas mãos de Deus.Que Deus use de -',Dll, bondade, misericórdia, mostra já aí umaconfissão de pecados e que a graça é imerecida, e que esta nosé apropriada pela bondade de Deus. Esta é uma boa maneira deagir quando temos algo importante a fazer: confiar na bondade deDeus.

No v. 14 o servo de Abraão, aparentemente, não faz gran­des exigências arbitrárias de grandes qualificações ou requisitosque nós consideramos os mais importantes. A beleza estética e asposses (riquezas) nem de longe são mencionadas. A grande provaera o trabalho, a hospitalidade, a cordialidade. Juntamente comeste duro teste de dar-lhe de beber água e dar também aos came­los, Deus certamente trará à luz as qualidades que preza .

Nos versículos 15-20 temos uma descrição pormenorizadade que Deus atendeu ao pé da letra a sua oração e mostrou queé o Deus (Ia Aliança. Deus atende as orações dos seus servos,quando estas estão dentro dos seus propósitos. A descrição des­tes versículos é muito importante porque não só coincide com oque o servo pediu, mas ainda dá características mais pormenori­vidas que descrevem que a jovem era da família, da parentela deAbraão, conforme o solicitado.

'l}UnrJ ilJ ilKn'DiJ, estas palvras são a ênfase principal do v.21. Almeida traduz com "a observava atentamente, em silêncio".Sem dúvida esta expressão se aproxima do original e dá o precio­so ensinamento para quem deseja o casamento: observar em silên­cio, atentamente. ilK\U pode significar, também, observar com arconfuso, para tirar dúvidas, conferir. O servo examinou minu­ciosamente antes de revelar seus propósitos, seus segredos; domesmo modo os jovens antes de iniciar um namoro devem já terpreenchido o pré-requisito de um exame minucioso de observação .

Amaneira de agradecer, expressa no v. 22, é muito simpáti­ca. Agradecer através de presentes. Nós também agradecemos aDeus com as nossas ofertas. É um modo de associar homenagemcom gratidão, em reconhecimento da sua bondade. Certamente oservo de Abraão estava também sendo muito grato a Deus e estespresentes não deixam de expressar também o seu agradecimentoa Deus, por lhe haver atendido sua oração.

OS VV. 23 e 24 são muito importantes porque confirmam opedido de Abraão e que tudo estava sendo satisfeito. Ela de fatoera de sua família, de sua parentela. A bondade, amor e miseri-

15

t:!L

córdia do Deus da promessa se afloraram no cumprimento passoa passo.

Amoça tinha ótimas qualidades. Os vv. 25-27 apontam paraa gentileza da jovem. Atrás de tudo isso só podia estar o Deus dapromessa. O servo não teria outra atitude mais condizente a esteDeus do que inclinar-se e adorá-Ia (v. 26). E com respeito a essaatitude do servo~ Kidner diz uma palavra importante: "O sucessoque ensoberdece o homem natural, reforça a humildade do homemd D "(n - 17" K~ : ~~~ G .;C" - 1 "''í'; .•.,..: ..:.,::;,"'r-; ,-,.,-.•....e eus. DeI eK i .l.Gnerj .d1o ene0.L>C>j)!'.l.....'! j. '-'i J""- '_0ffie"a aficar claro que o Deus de A.braão era também o seu Deus" Ele pró­prio já reconhece a ação de Deus na sua 'viàa quando diz: ;1estan­do no caminho, o Senhor me guiou" (v. 27). A providência divinaestá clara. Deus dirige a vida dos seus filhos.

Após o servo ter-lhe revelado os seus segredos, vemosentão a atitude da moçaI (v. 28). A moça corre a participar aosseus familiares o que estava acontecendo. O namoro, os encontrosnão elevem ser escondidos dos familiares. Eles devem tomar co­nhecimento de tudo o que se passa em nossa vida. Este versícuIoé o elo de ligação ao capítulo seguinte da história.

6. O SERVO,REBECAE LABÃO(Gn 24.29-60)

Os vv. 29-31 deixam uma questão em aberto. Não sabemospor que o pai de Rebeca não se envolveu com o assunto. Talvezjá era velho e incapacitado de tratar do caso. Alguns dizem queele já havia falecido. Entretanto o v. 50 aponta que ele aindaestava vivo. Em todo caso, vemos que o governo da casa estavacom Labão. E este logo interessou-se pelo assunto. A providênciadivina continua agindo. Os caminhos de Deus vão sendo abertospela sua providência. Labão o reconhece como o "Homem do Se­nhor". Isto aponta para o fato que Labão tinha conhecimento deillili.

Oato de descarregar os camelos, no v. 32, significa que elerealmente alcançou o destino de sua viagem. O fato de ser dadopasto e feno aos animais aponta para a boa recepção ao servo deAbraão; igualmente o fato de dar água para lavar os pés significauma boa acolhida.

A recepção amorosa e de apreço continua com o "dar comi­da", no v. 33. Entretanto há um rompimento da parte do servo deAbraão. Ele não veio para comer, mas tinha um propósito específi­co e urgente.

Os vv. 34-49 descrevem claramente o propósito da suavinda. Do v. 34 a 41 repete-se o diálogo entre ele e Abraão e pelafiel transcrição do relato vemos que o servo era homem de uma só

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----------------,palavra e' fiel ao juramento que fizera. Nisto também mostra queDeus o estava conduzindo. O servo não bajula e também não faznenhuma pressão. O dominante neste texto é o chamado de Deus,e é isto o que o servo quer deixar bem claro, identificando assimqual é o Deus de seu Senhor.

Nov. 36 fica dito que em Isaque estavam depositadas todasas bênçãos de Deus. Ficava, pois, claro que era vantagem para amoça este casamento, já que o Deus de Abraão era o Deus Forte.Ficava também claro que Isaque era o único filho, o Filho da Pro­messa. A ele Deus deu muitos bens. Estes bens deveriam perma­necer na família. E é importante também ressaltar isto do ladohomilético que, quando há casamento, há também um comprometi­mento com mais um herdeiro.

Rebeca foi dada antes mesmo de ser consultada, vv. 50,51.Isto é, da parte de Labão já estava resolvido. De acordo com ocostume oriental era assim. Verdade é que à Rebeca foi dado deci­dir quanto ao tempo em que deveria ir (v. 58) .

Após concluída a tarefa do servo, ele prostra-se diante doSenhor. A oração aparece de forma abundante neste capítulo. Aoconcluir o trabalho, ao ver atendida a promessa e a providênciadivina, ele ora. Mais uma vez ele também agradece com as suasofertas que também não deixam de ser um culto a Deus (vv. 52­53).

Estava tudo pronto, por que ainda demorar-se mais? (vv.54-60). Foram resolvidos todos os impasses, e estavam com a deci­são da própria Rebeca. Seu desejo de voltar rapidamente revelaa sua satisfação.

7. A VIAGEME O ENCONTROCOMISAQUE (Gn 24.61-67)

Nos vv. 61-66 vemos o caminho para o desfecho final. Aviagem de retorno inicia. Pensamos que Isaque ficou muito passi­vo em toda esta história, mas ele também teve parte importantenesta história. Ov. 63 tem também uma palavra importante: n 1\1..1.

E aqui Almeida traduz corretamente com "meditar" e pode signi­ficar também "conversar". Certamente é o conversar com Deus,conversar com o coração, isto é, meditar. Orar.

Imaginemos a expectativa deste' encontro. Entretanto ofundamental não está na aparência da Rebeca, nem no descreverpormenorizadamente este encontro. Mas_o fundamental está nofato de que O SENHORATENDEAS ORAÇOES.

O v. 67 é o epílogo. É o final feliz. Se abrirmos os jornaisvemos que a maioria dos casamentos não tem um final feliz: "Casa­ram e viveram felizes para sempre". Isaque não só levou Rebeca

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no estado rnatriIlloniaLConforme Gn 2S.20~ lsaque t.inha quarenta anos quando

tomou a Rebeca por esposa.

8. PONTOS DE DESTAQUE NA HISTÓRIA

1) A providência de Abraão e o seu zelo para o cumprimen­to da promessa.

2) A oração como parte integrante do matrimônio.3) A doutrina da graça de Deus; imerecida. mas exclusiva­

mente de sua bondade e misericórdia.4) A providência divina: o Senhor guia os seus servos.5) A fundamentação para o casamento dentro da mesma

família religiosa.- -

9. SUGESTOES PARA SERMAO

A - Sugerimos usar o texto na íntegra, já que é uma histó­ria completa. fazendo-se uma homilia. Pode-se esclarecer partepor parte do texto no nível que os ouvintes possam compreendeLA melhor mensagem que se pode aprender é saber tirar do textoaquilo que melhor serve para a vida no dia-a-dia dos ouvintes.

B - No decorrer ela exposição, sugerimos um enfoque volta­do especialmente aos jovens, no que diz respeito ao namoro. no]­'lado e casamento.

C - Corno tema central podemos sugerir alguns. como: 1) Aprovidência divina no casamento; 2) A oração faz parte ele umaboa escolha; 3) Pais cristãos se preocupam com o casamento dosfilhos; 4) Abraão rejeita o casamento misto; ete. Ou se alguémpreferir um tema mais sistemático, então pode voltar-se à provi­dência divina para cumprir a promessa feita à Abraão. ou sobrea bondade e misericórdia de Deus.

*.*.*.*.* * *

Este assunto é importante não só para o CClnhecimentohistórico, mas também para que os jovens o conheçam na sua vidaprática. Baseados nestas informações queremos transpor estetexto para a vida prática dos jovens com o seguinte estudo e

18

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reflexão que é caminho para uma meditação com o grupo de jo­vens. Aproveitamos idéias do Rev. Arno Bessel (veja JELB INFOR­MA, de Junho-Julho/86).

Dependendo do número de jovens presentes, pode-se divi­dir o grupo em 2, 3 ou quatro grupos menores.

10. ESTUDO BÍBLICO

O Jovem e o Namoro

Qualo(a) companheíro(a) a escolher?

A mente do jovem ocupa-se desde cedo com o casamento.Antes de haverem encontrado oCa) companheiro(a), os jovens per­guntam-se quem e como será esta pessoa. Surgem então os planoscoloridos com muitos ideais. Esta é uma das épocas mais signifi­cantes da vida.

Sempre é válida a recomendação de se ter o cuidado neces­sário na boa e conveniente escolha. Uma escolha errada podefrustar toda a vida, agora não só de um, mas no mínimo de dois.O melhor conselho e orientação nós o encontramos na Escritura,em primeiro lugar, e também no exemplo e conselho dos demaiscristãos. A oração é fator muito importante .

Faça uma oração por escrito, pedindo a Deus que orienteos jovens na escolha certa doCa) companheiro(a): _

-------_._---~-----------~---~"----- - ----------------------------- - ------~------------------_._--_._---------------------

-- -----------------~ ..~------~------- --- --------.--------------• ._. ou u • _

Cada um pretende um(a) companheiro(a) ideal. Muita aten­ção deve ser dada às qualidades dessa pessoa. Entre as qualida-des principais queremos enumerar as dez primeiras: 1) ____ 2) 3) _4) 5) 6) _____ 7) 8) _9) ~ . 10) _

O que díz a Bfblia a respeíto da escolha do companheíro(a)?

O melhor exemplo bíblico, que trata desse assunto e quepode servir de modelo aos jovens, encontramos na história de

19

r~

Isaque e Rebeca, descrita em Gênesis 24. Vamos encenar o capítu­lo. Todos devem ler o texto. Sortear o grupo que irá encenar. Nãoé necessário encenar o versículo 67!!!

. (Cai o queixo)

Pergunta-se, será que essa história serve de modelo paraos dias de hoje? Atribui-se muita passividade a Isaque. Ele játinha 40 anos de idade, e aparentemente não tomara iniciativa enem mostrava interesse. Isaq ue recebeu bastante cuidado e afei­ção por parte dos pais, porque ele era o único descendente.

Na antiguidade o pai era responsável pelos seus filhos,mesmo depois de eles já serem adultos, particularmente com refe­rência ao casamento. O casamento de Isaque tinha significadoespecial, você sabe por que? Leia Gn 15.3-5 e responda por queeste casamento tinha significado especial? _

Ao lermos Gn 24, concluímos que houve um diálogo entreAbraão e Isaque. Isaque concordou com o procedimento do pai. Ointeresse de Isaq ue está expresso no v. 63, quando fala do "medi­tar" de Isaque. Em outras palavras, Isaque orou bastante paraque fosse encontrada a companheira ideal. Nisto se ressalta aimportância da oração na escolha da sua companheira. Muitos nemconsideram este lado espiritual, a não ser para oficiar a ceTÍmó­nia. Mas o lado espiritual é de suma importância. Procure quantasvezes se fala em oração no capítulo 24 de Gênesis e anote os ver-sÍCulos em que aparece: n_

As únicas jovens conhecidas por Isaque eram as filhas doscananeus. Por que Abraão não quis que seu filho casasse com umacananéia (24.3)? Confira Gn 26.34-35: 27.46; 28.8-9: ~ ~_

A solução única para Abraão era esta: encontrar umaesposa para seu filho entre os amigos e parentes. Por que Abraãoestava certo de que Deus ajudaria a encontrar uma esposa paraIsaque que tivesse a mesma fé? Confira Gn 24.7: _

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Para meditar: "Embora Deus haja imposto a este estadomultiforme cruz por causa do pecado, o Pai de toda graça nãoabandona seus filhos num estado tão sagrado e agradável a ele,antes está sempre presente com a riqueza de suas bênçãos" (Ex­traido da Ordem de Solenização de casamento, Liturgia Luterana,VaI I).

Oprimeiro ponto a ser considerado por Abraão foi a mesmafé, a mesma religião. Qual foi então o primeiro passo do servopara achar uma esposa da mesma fé? Confira Gn 24.12: _

O que podem os jovens de hoje aprender disto? _

Que lei estabelecera Deus para o seu povo no Antigo Testa-mento, de acordo com Dt 7.1-6? _

Que aconteceu quando israelitas casaram com infiéis, deacordo com 1Rs 11.1-11? _---.-----------------------------------------------

Por que Boaz não cometeu engano ao casar com Rute, con-forme Rt 1.16 e 2. 12? _

Oservo de Abraão teve a oportunidade de observar a con­duta de Rebeca. Enumere aqui algumas qualidades encontradas,de acordo com Gn 24.16-28: _

Isaque era muito devoto a seus pais, por isso também nãoteve dificuldades em amá-Ia (Gn 24.67).

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Mas muitas pessoas já casaram e não deu certo. Qual foi oerro cometido pelos filhos dos patriarcas antes do dilúvio, con-forme Gn 6.1-2? _

Salomão caracteriza de que maneira a desgraça de umaescolha mal feita? (pv 21.19) _

Que diz Paulo em 2 Co 6.14-15 e em 1 Tm 5.6,13? _

Qualidades para uma vida familiar cristã feliz.

A Bíblia, a história e a experiência dizem que o casamentoé feliz para uns e desventuroso para outros, Casamentos onde areligião não é importante envolvem grandes perigos. Debater afrase e anotar as conclusões: "Não me caso com ele(a) por causada religião, mas porque o(a) amo", _

No caso de haver um casamento misto, isto é, onde cada umsegue uma igreja diferente, como você acha que seráo fervor dosfilhos? _

o verdadeiro e consistente amor não é uma mera afeição ouatração, mas é também uma união de compreensão. Há algumasquestões importantes a considerar: A pessoa é amável e voluntá­ria em ajustar o seu ponto de vista com o meu ou insiste no seumodo de pensar e ser? Como ela age quando é pressionada? Écapaz de aceitar desapontamentos, superar fracassos e mesmooposições? Os meus interesses são semelhantes aos do(a) compa­nheiro(a}? Pensa nos outros ou unicamente em si? É bom mordomoou gosta de esbanjar? Tem hábitos e vícios? É pessoa íntegra,honesta e diligente? Quem são os seus amigos(as}? Qual a sua

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--------------------~atitude para com o seu lar e vida familiar? É necessário que taisperguntas sejam respondidas antes do casamento.

Bomcaráter e personalidade são importantes para um casa­mento feliz. Por isso o tempo é essencial. Quanto tempo você achaque deveria durar o namoro? _

Você acha necessário um bom relacionamento com os paisdo(a) pretendente? . _

Para concluir, é bom ler de novo em casa, na calada danoite, o texto de Gn 24 e reler também este estudo.

"Nosso Pai celestial santificou o estado matrimonial. Nele háde abençoar sempre a quantos o amam, confiam em seu nome evivem no seu temor, por amor de Jesus." (Liturgia Luterana, VollI, p. 213).

11. CONCLUSAO

Já nos damos por satisfeitos pelos resultados do estudoalcançado na Comunidade Evangélica Luterana de Bom Jesus, RS,entre o grupo do jovens desta Comunidade. Nosso objetivo foi ode levar o jovem a refletir sobre o namoro e casamento. A apre­ensão, atenção e apreço demonstrados foram os melhores possí­veis. Este é um tema simpático aos jovens e deve ser aproveitadopara se debater entre os jovens. Sugerimos que este estudo sejausado em encontros de jovens na congregação local de um ou doisdias e que o pastor e diretoria dos jovens organizem um cultojovem, onde o assunto da pregação seja também este.

Que através deste estudo muitos jovens sejam orientados,e que depois, quando os fios de prata começarem a enfeitar assuas cabeças, se possa ainda dizer deles: "Casaram e viveramfelizes".

Na primeira parte deste trabalho oferecemos subsídios parao pastor ou dirigente e na segunda parte' oferecemos um trabalhoprático. Críticas e comentários resultantes da experiência prática,serão sempre bem-vindas.

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12. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

12.1. Para estudo complementar exegético-homilético

ARCHER, Jr., Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento.Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, são Paulo, 1979.

KEIL, C. F. and DELITZSCH, F. The Pentateuch. William B.Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, 1978.

KIDNER, Derek. Gênesis. Introdução e Comentário. SociedadeReligiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa EditoraMundo cristão, são Paulo, 1979.

MESQUIT A, Antônio Neves. Estudo no Livro de Gênesis. Casapublicadora Batista, 4ª Edição, Rio de Janeiro, 1979.

12.2. Para estudo complementar sobre a vida prática

BOVET, Theodor. Educação para o Matrimônio. Editora Sinodai,são Leopoldo, 1968.

CHAVES, Odilon. Em busca da Felicidade Conjugal. ImprensaMetodista, são Paulo, 1983.

GEISEMAN, O. A. STD. Torna Feliz Teu MatrimÔnio. CasaPublicadora Concórdia, S.A., Porto Alegre, 1963.

LOEPS, Pe. Francisco Leme, S.J. Nossa {lida em Comum. EdiçõesLoyoia, são Paulo, 1976.

QUARTANA, Mariele e Pino. Namoro ... Problemas e Experiências.Edições paulinas, 6ª Edição, são Paulo, 1979.

SEIBERT, Erní Walter. Do Namoro ao Casamento. Concórdia EditoraLtda, Porto Alegre, 1983.

TOURNIER, Paul. Para melhor compreender-se no Matrimônio.Tradução Bertholdo WebeI'. Editora Sinodal, 3ª Edição,são Leopoldo, 1979.

___ o Um Matrimônio Feliz. Evangelizando o Brasil, Caderno 3.Editora Sinodal, são Leopoldo, s.d.

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o LIVRO DE aBADIASValdir Klasener

-1- INTRODUÇAO

AEscritura Sagrada foi se formando dentro da história. asseus livros foram escritos em um dado momento histórico. E, paraque possamos compreender melhor os escritos bíblicos, faz-senecessário que tomemos conhecimento de todos os dados histó­ricos que os envolvem. Essa é a tarefa da Isagoge. a estudo isa­gógico procura determinar quem escreveu, a quem o autor escre­veu, por que ele escreveu, quando escreveu, qual a mensagemque quer transmitir.

Meproponho, neste trabalho, empreender o estudo isagógi­co do livro de abadias, escrito profético do Antigo Testamento.Para tanto, orientei a minha pesquisa no sentido de manter umcerto eq uilíbrio, consultando tanto autores conservadores comotambém liberais. E, depois de apresentar e analisar as diversasargumentações apresentadas. ao final procuro me posicionar arespeito de cada questão.

Crítico algum é capaz de eliminar todo e qualquer pressu­posto diante de um tal estudo; todos eles trazem para dentro dolivro influências próprias. Embora não sendo um crítico -- ao me­nos não no sentido lato da palavra -- também eu parto para esseestudo com um pressuposto: o de que" toda a Escritura é inspi­rada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para acorreção, para a educação na justiça" (2Tm 3.16). Ao EspíritoDivino, pois peço a orientação e sabedoria. a fruto de minha pes­quisa é o que vos apresento aqui.

,II - TITULO

a nome Hebraico do livro é 11"lJY (TM); na Septuaginta:Abdiou; e na Vulgata: Abdias.

O significado do nome abadias é "Servo de Iahweh", "Ser­vidor de Iahweh".

Sobre a pessoa do profeta não ternos nenhuma informação.Do livro poder-se-ia, sem muita certeza, deduzir que nasceu emJudá. a nome Obadias era muito comum entre os israelitas noAntigo Testamento. Pelo menos doze vezes é citado na Bíblia (es­pecialmenteconferir 1Rs 18.3-16; 2Cr 17.7ss;Ne 10.5 e 12.25), mas

25 j

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nenhuma destas passagens se identifica satisfatoriamente com oautor da profecia. Para Francisco, Obadias

{lor certo era homem de 'P"S:<:yfu.ndascon vic­ções, firme, piedoso e patriota, convencido deque, em última análise, Deus era o supremocondutor dos negócios humanos. 1

,lU - FUNDO HISTORICO

Os desentendimentos entre Judá e Edom começaram já comJacó e Esaú no ventre de Rebeca, sua mãe (Gn 25.22). Esaú rece­beu o nome de Edom por ter levianamente vendido seu direito deprimogenitura a Jacó (Gn 25.30). Segue-se uma longa história deluta e de ódio entre os povos que dos gêmeos se originaram.

Quando Moisés, ao voltar do Egito com os israelitas, pediupassagem pelo país dos edomitas, estes recusaram. Saul e Davifizeram-lhes guerra e as lutas entreos dois povos eram constan­tes.

Atesta P. Silva queEsaú passou a habitar as montanhas de Seir(Js 24.4). Seir é uma cordilheira que se esten­de desde o sul do Mar Morto até ao Oriente doMar Vermelho em Eziom-Geber. Tem 100 milhasde comprimento por 20 de largura.2

Os edomitas eram considerados uma tipificação dos inimigosmalignos de Israel e, assim, também de Deus. "Edom é consideradoo tipo do mundo corrupto e cheio de ódio, pronto para o julga­mento apocalíptico (Cf. Is 34).,,3

Em Dt. 23.7, Deus ordena a seu povo que trate bem a Edom,seu irmão, "mas agora a sua conduta atroz encheu o seu cálice dainiquidade e lhe foi dada a sentença de condenação e aniquila­ção."4

lClyde T. Francisco. Introdu~âO ao Velho Testamento (2ª edição: Rio deJaneiro: JUERP, 1979), p. 115.

2H01:ne P. Silva. Estudo Sobre os Profetas Menores C2ª edição: São Paulo:Instituto Adventista de Ensino, 1983), 11, p. 75.

3Gleason L. Archer. Jr. Merece Confiany8 o Antigo Testamento? (3ª edi­ção; São Paulo: Vida Nova, 1984), p. 231.

4Myer Pearlmann, Através da Biblia - Livro por Livro (6ª edição: SãoPaulo: Vida, 1983), p. 153.

26

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E, segundo Archer,quanto ao cumprimento desta profecia contraEdom, pode-se inferir de Ml1.3-5, de maneirabastante razoável, que até a época de Mala­quias (430 a.C.) os edomitas já tinham sido ex­pulsos do monte Seir pelas forças superioresdos árabes nabateus ... e colonizaram a novaregião que veio a ser chamada Iduméia.s

Os idumeus foram derrotados por Ciro, rei da Pérsia. Maistarde pelo rei judaico João Hircano (109 a.C.). Deste povo descen­de Herodes, o Grande e, de certa forma, nele e em Jesus as hosti­lidades entre Edom e Israel continuaram. Quanto a isso, inclusive,atesta-nos Hummel que lIone view point even attributes Obadiah'spresence in the Canon to its usefulness as anti-Herodian (anti­Idumean) polemic at the time of Christ. ,,6

De acordo com Silva, "tudo quanto resta da grandeza deEdom são as notáveis ruínas de Petra, a sua capital, que fica nametade do caminho entre o Mar Morto e o Golfo de Akabah. ,,7

IV - DATA

Como em praticamente todos os demais profetas do AntigoTestamento, também em Obadias esta é a questão que apresentamaiores problemas e é alvo de muita controvérsia entre os críti­cos. A determinação da data relaciona-se intimamente com aquestão da autoria e integridade da obra.

Archer8 reconhece que este é o livro mais difícil de serdatado, especialmente por não citar o nome de nenhum rei.

Basicamente, são três as sugestões para a data de Obadias:1. SÉCULOIX (cerca de 850 a.C.): Esta é a posição dos con­

servadores antigos, para quem Obadias seria o mais antigo dosescritos proféticos, precedendo a Joel em cerca de 20 anos (seaceitarmos a data antiga para Joel). Os autores que se posicionamdesta forma apresentam os seguintes argumentos:

a) Falta de referência à destruição do templo: Se Obadias11-14 estivesse falando dos incidentes ocorridos por ocasião da

SArcher, op. cit., p. 231.

6Horace D. Hummel, The Word Beco.ins Flesh (St. Louis: ConcordiaPublishing House, 1979). p. 319.

7SilV8, op. cit., p. 76.

8Archer. op. cit .• p. 228.

27

destruição de Jerusalém, dificilmente o autor omitiria em seu orá­culo um fato tão importante para o povo hebreu.

b) Ausência de expressões aramaicas: A total ausência deexpressões aramaicas sugere uma época anterior ao aparecimentodesse idioma na vida do povo de Israel.

c) Citação da profecia de Obadias por Jeremias: Obadias 1é 1'l'la- Q 1',0,.. .,' jAQ! ?"";;o •....•~~'m-'nt- 1á, 16) 'R -r""" ,•• -r 'h - o +S~Illl ~ ~..; "'-.I. emlaS 4y \ es i..J_'L.o.la.lh_'Ç.d .•..e 1.. '< - l. • L, paJ..a. 1"\.l. C.llCi ~ _5 \.aé uma "forte evidência que Jeremias tenha lido e adaptado paraseus propósitos o trecho de Obadias.,,9 O estilo de Obadias ébreve, pesado e abrupto; para esses estudiosos, Jeremias parecetê-Ia suavizado.

d) Nações descritas não são os vizinhos no tempo do cati­veiro, e sim os antigos inimigos de Israel. De qualquer forma,poucas são as nações nominalmente citadas por Obadias.

e) Os ,rersículos 11-14 não precisam, necessariamente, refe-rir-se à queda de Jerusalém. Para Young, eles

también podrian referir-se, como Raven yatros han sugerido, aIos acontecimientos quesucedieron durante el reinado de Joran (Jeo­rão) cuando los filisteos y los arábes invadie­ron Judá (2 de Cr 21.16,17 compárese con Am1.6).10

O autor de 2Rs 8.20 fala de uma revolta de Edom. que esta­va subordinado a Judá, ocorrida na mesma época. E "somandoestas informações aparece a probabilidade que os edomitas te­nham cooperado com a invasão dos árabes e filisteus, como subor­dinados aliados, repartindo na destruição dos bens saq uea­dos." II Também o versículo 11 parece referir-se a uma invasãoparcial, que não envolveu necessariamente uma destruição totalde Jerusalém. Dificilmente Edom poderia ter tomado parte quandoda destruição pelos caldeus, em 586 a.C.

Atualmente, não são muitos os autores que aceitam estadata, embora não haja um bom motivo para descartá-Ia. Aliás, "os

9Idem, ibidem., p. 229.

10Edward J. Young, Una Introduci6n a1 Antfguo Testamento (Grand Rapids,Michigan: T.E.L.L., 1977), p. 296. Baseando-se nesse mesmo argumento, o autordiz que é impossível dizer-se quanto tempo depois dos acontecimentos relata­dos em 2Rs e 2Cr Obadias profetizou. Para ~lguns, teria sido no reinado de

Acaz, quando Bdom era hostil a Judá; o melhor, porém, é manter-se que Obadiasprofetizou em Judá algum tempo antes de Jeremias (Jr 49.7-22 dependeria, paraYoung, de Obadias, ao qual é similar). Obadias seria, pois, anterior ao menosa 627 a.C., ano do chamado de Jeremias.

1lArcher , op. cit., p. 228.

28

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chamados 'oráculos gentflicos' (e Obadias é, sem dúvida, um de­les) normalmente são considerados como um dos tipos proféticosmais an tigos. " 12

2. DATA TARDIA: A maioria dos críticos modernos favoreceuma data relativamente tardia, por volta de 450 a.C., quando vá­rias tribos árabes (os nabateus) forçaram os edomitas a deixaremo seu território e a moverem-se para o acidentej formando ali aIduméia do Novo Testamento.13 Alguns críticos (entre os quaisestá Wellhausen) entendem os versículos 2-9 não como uma maldi­ção ou profecia, e sim como a descrição das calamidades de Edomnessa época. Bentzen apenas não concorda com a interpretação deWeílhausen, mas admite uma data "entre 587 (queda de Jerusalém)e 312, quando a capital do país de Edom, Petra, estava nas mãosdos árabes.,,14 a interessante ainda é que para tais críticos,não importa realmente se Jeremias 49 é uma citação de abadias,já que, de qualquer forma, não foi Jeremias quem escreveu essecapítulo.

Esta é, a meu ver, a mais fraca de todas as posições a res­peito da data de abadias. Os críticos que a adotam partem dopressuposto de que o fenômeno profético praticamente não existee não crêem na inspiração divina da Escritura.

3. SÉCULO VI (cerca de 580 a.C., após a destruição de Je­rusalém): Esta é a posição da maioria dos estudiosos -- inclusivede Lutero, que adota a data exata de 585 a.C. Os argumentosprincipais em favor desta data são as que apresento a seguir:

a) As desgraças e calamidades de abadias 11-14 se aplicamà destruição total de Jersusalém por Nabucodonozor, já que tam­bém as ameaças de abadias 1-10 contra Edom identificam-se maisfacilmente com os acontecimentos ocorridos nessa ocasião. Emcomplemento a isso, Sellin afirma que "as informações precisas deAbdias, que superam de muito as outras descrições, nos mostramtambém que ele logo em seguida anunciou em seus oráculos"lS,devendo, pois, ter sido testemunha ocular.

b) A animosidade amarga entre israelitas e edomitas datada destruição de Jerusalém ou do exílio, visto as passagens para-

12Hummel,op. cit .. p. 319.

13Vide acima: Capitulo III - FundoHistórico.

14AageBentzen. Introduçâo lU) Antigo Testamento (São Paulo: ASTE.1968),rI. p. 160.

lSE. Sellin (e G. Fohrer). Introduçâo lU) Antigo Testamento (São Paulo:Paulinas. 1978). II. p. 663.

29

;~I

III

I

leIas contemporâneas. A cumplicidade de Edom nestes acontecI­mentos se evidencia de Ez 25,12-14: 35.1-15: Lm 4.21.22: SI tY· ...,.

c) Ao que parece, a invasão de 845 não atingiu Jerusalém.e não passou de uma refrega fronteiriça. Além disso. se os acon­tecimentos relatados em 2Rs 8 e 2er 21 tivessem assumido umaimportância tamanha ao ponto de merecer destaque especiai emum livro profético, seria natural que se esperasse citações oualusões a esse mesmo acontecimento também em outros escritosbíblicos.

d) Tanto Obadias como Jeremias podem ser citação de umantigo profeta. Além disso, pode hem ser que Obadias é que estácitando Jeremias.

e) A falta de alusão ao templo explica-se pelo fato de Ob3­dias dirigir especialmente ameaças contra um povo estrangeiroque, de certa forma, não tinha qualquer relação com o templo deJerusalém.

Contudo. deve-se concordar com Hummel16 que. por faltade detalhes mais claros, esta posição concede que Obadias não fazreferência explícita a qualquer destruição de Jerusalém ou cati­veiro da Babilônia (os "exilados" cio versículo 20 podem ter apa­recido em muitos períodos).

Os argumentos em favor do século IX são bastante fortese. qualquer que seja a posição adotada, não poderá ser ela detodo comprovada. Eu, porém. sou favorável a uma data posteriora 586 a.C., logo após a queda de Jerusalém. Isto porque. emboraos argumentos sejam de igual peso, ela conta. de certa mrtneira ..com o apoio das passagens paralelas a respeito de Edom. Espe­cialmente o SI 137 -- que é um salmo exilico -- traz no versiculo7 uma referência clara à participação dos edomitas quando dadestruição de Jerusalém pejos babilônios. Fala do" dia de Jerusa­lém" que~ provavelmente, seja uma referência ao "dia de sua cala­midade" (conferir Ob 12 e 13).

v - AUTORIA

Aautoria de Obadias não é muito discutida. e a grande ma­ioria dos estudiosos aceita o profeta como sendo autor do oráculo.Alguns críticos. contudo, colocam em xeque se não a autoria elooráculo todo, ao menos de parte dele.

Para Oesterley e Robinson, o livro é uma coleção de profe-·das c1irigidas contra Edom. desconhecendo-se o seu autor. Ru-

16Humme 1 , op. cit., p. 319.

30

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dolph, embora dividindo o livro em duas profecias 17 , admite, to­davia, que ambas podem se derivar de Obadias. Eissfeldt -- quetambém divide a obra em duas partes18 -- admite a possibilidadeda autoria de Obadias, mas acha mais provável que o livro tenhasido escrito por um profeta posterior. Para Sellin 19, existe apossibilidade de o nome de Obadias ter sido acrescentado poste­riormente, inspirando-se na figura de 1Rs 18.3ss.

Para mim, porém, não há porque discordar de Young, paraquem "es mejor considerar toda Ia profecía como habiendo sidoescrita por Abdías. ,,20

VI - INTEGRIDADE

o livro de Obadias, a despeito do fato de ser o menor livrodo Antigo Testamento, é cortado e recortado pelos críticos, quenão admitem a sua unidade. A quase totalidade dos estudiososdividem-no em duas partes, mas há aqueles que chegam a dividí­10 em até oito partes.

A razão principal de os críticos dividirem Obadias em duaspartes é a mudança de tom a certa altura do oráculo. Entre osversículos 14 e 15, o agente passa da condenação de Edom para"o Dia do Senhor" sobre todas as nações. Por isso, argumenta-seque a parte final (15-21) não faz parte da profecia particular deObadias, mas é uma adição apocalíptica de um período posterior.

As diferentes divisões sugeridas são as que apresentamosa seguir:

1. Lanchester: a) 1-7.10-14: 586 a.C.: b) 8,9,15-21: duranteo exílio ou mais tarde.

2. Pfeiffer, Menge, Robert e outros: a) 1-14 e 1Sb: b) 15a e16- 21.

J. Outros estudiosos admitem dois oráculos em 1-14,1Sb e15a.16-18, além de uma conclusão (19-21).

4. Outros ainda vêem um oráculo em 1-14,ISb e dois apên­dices em 15a.16-18 e 19-21.

J7Vide abaixo: Capítulo VI - Integridade.

18Idem.

19Sellin. op. eU .. p. 663.

20Young. op. cit .. p. 296.

J 1

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5. Sellin21 divide-o em cinco oráculos: a) 1b-4; b I 5-7: c)8-11; d) 12-14,15b; e) 15a,16-18. Para ele, ainda, os versículos 19­21 devem ser considerados como apêndice. pois este oráculo

anuncia a ocupação da região palestinensesituada a Ocidente do Jordão, fora de Judá,pelos israelitas e judaítas da diáspora. e umaguerra dos repatriados contra Edom. Esteoráculo só pode datar da época posterior aoexílio.22

Como relatei no início deste capítulo, os críticos vêem umaevolução entre os versículos 14 e 15 e, por isso, não aceitam aunidade do livro. Mas. como argumenta Hummel,

If such evolutionary theories are not invok­ed, the progression from particular to gener­al is readily explainable as Oba~iah's O\vnindication of the typicaJ and eschatologicalsignificance of i1is oracles against Edom.23

E Hummel COejclui:"Obadiah shows many signs of theologi­c.:tl and literary unity. ,,24 Não há razão forte. pois, para se du­vidar da integridade deste pequeno oráculo.

VII - PROPOSITO

Embora tão pequeno, Obadias nào deixa de ter grandespropósitos. Estes são dois, basicamente:

a) Repreender Edom por sua maldade: Comindignação. aba­dias transmite a Edom o castigo divino pela sua traição a seusprimos, quando da pilhagem de Jerusalém. O interessante é queabadias não denuncia pecado a Israel, antes de anunciar-lhe oevangelho. Deve-se, pois, ver na denúncia a Edom uma repreen­são também -- de forma indireta -- a Israel. Por comparação, aoanunciar o castigo contra Edom, o profeta anuncia castigo contrao orgulho de qualquer outra nação -- também de Israel.

b) Anunciar restauração a Israel: Da mesma forma comoEdom será castigado por seu orgulho e outras ações contra o

21sellín, op. cit .. p. 663.

22Idem, ibidem.

23Hummel, op. cit., p. 320.

24Idem, ibide11l.

32

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povo de Deus, Israel será. glorificado no "dia do SENHOR", quandohaverá libertação no Monte Sião e o Reino pertencerá a Iahweh.

VIII - ESBOÇO

Para esta seção, baseamo-nos na sugestão de Schultz25que divide o livro em 4 seções:

I. A Segura Posição de Edom: 1-9.11. Os Infortúnios de Jerusalém: 10-14.III. A Sorte de Edom: 15-16 .IV. O Triunfo de Israel sobre Edom: 17-21.

,IX - CONTE UDO

O conteúdo de Obadias "são profecias contra Edom, motiva­das pela 'violência de Edom contra seu irmão Jacó' (1088),,,26

Edom era orgulhoso e, habitando entre as rochas, julgava­se acima de qualquer perigo. Mas os edomitas seriam enganadospor seus próprios aliados (1-9).

A causa da destruição de Edom era a violência e o mal quedemonstrou contra Jerusalém, no dia da sua calamidade (10-14),

Edom seria julgado por seus atos no dia do Senhor."O Dia do Senhor será um período de presta­ção de contas para todas as nações. Obadias,contudo, preocupava-se especialmente comEdom e seu relacionamento com o estado finalde Judá (15-16)."27

Em contraste com a destruição e conseqüente desapareci­mento de Edom, Israel seria restaurado. O l"lonte Sião seria fir­memente estabelecido, enquanto que o Monte Esaú seria por elegovernado (17-21).

abadias não é o único profeta a lançar oráculos condenató-rios contra Edom. Lembra-nos, aliás; Bentzen que

os oráculos nos fazem recordar imediatamenteas maldições estereotipadas contra Edom, queencontramos em quase toda a literatura de-

25Samuel J. Schultz. A História de Israel no Antigo festamento (SãoPaulo: Vida Nove., 1970), p. 385.

26Bentzen. op. cito. p. 160.

27Schultz. op. cit .. p. 386.

33

pois de 587 (ver Lm 4.21-22; SI 137.7; Is34.5ss; Ez 35.1ss; 25.12ss; Ml 1.2S8).28

x - MENSAGEM

Para Silva, lia primeira impressão que se tem do livro deObadias é que se trata de um hino de ódio, vingança, isento deuma lição religiosa. li29 Drasticamente e de forma exagerada. omesmo autor acrescenta, ainda, que

os olhos de Obadias estavam demasiado cheiosde lágrimas para ver, o seu coração estavademasiadamente amargurado para sentir quetambém os pagãos podem ser incluídos nospropósitos misericordiosos de Deus.3o

Edom havia zombado e se alegrado às custas de Israel. Ezombar da herança de Iahweh era zombar e desafiar o próprioIahweh. Além disso,

Ele era o soberano de todas as nações dequalquer modo (Dt 32.8,9), e, sendo assim,qualquer gracejo quanto à Sua obra de bên­ção ou julgamento sobre Israel era comple­tamente fora de lugar. Assim, Edom não esca­paria daquele juízo divino iminente que tam­bém recairia sobre as nações.3l

Em contraste com a destruição destas nações, haveria umremanescente israelita, que dominaria sobre a antiga Canaã eseus arredores, sobre terras que já haviam sido combinadas par­cialmente por Davi e Salomão. E, de acordo com Kaiser.

quanto ao cumprimento desta profecia. Oba­dias combinou num só quadro aquilo que ahistória separou em tempos e eventos dife­rentes. Na realidade, Judas Macabeu, JoãoHircano, Alexandre Janeu e a oposição doszelotes ao domínio romano levaram a efeito ocolapso dos edomitas ou idumeus. Aquilo, po­rém, era apenas uma amostra do triunfo final

28Bentzen, op. cit., p. 160.

29silva, op. cit., p. 77.

30Idem, ibidem, p.78.

31Wa1ter C. Kaiser, Jr., Teologia do Antigo Testamento (2ª edição, SãoPaulo: Vida Nova, 1984), p. 193.

34

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" las par-

de Deus contra as nações hostis apresenta­das. Dessa forma, o Dia do Senhor percorriatoda a história do reino de Deus de tal modoque ocorria em cada julgamento específico

como evidência do seu cumprimento completoque estava perto e que se aproximava.3

Para Francisco,Obadias deixou-nos três lições inesquecíveis.A sua. admirável figura poética, "se te eleva­res como águia, e puseres o teu ninho entreas estrelas, dali te derru berei, diz o Senhor"(4), é um aviso solene aos que se estribam namaldade, onde quer que seja. Também: "... co­mo tu fizeres, assim se fará contigo" (15), éuma ad vertência aos pecadores de hoje, comoaos de amanhã, do mesmo modo que foi aoshabitantes de Edom. O grito de esperança e fé"o Reino será de Jeová" (21) classifica o pro­feta como o melhor eXDositor do maior sonhoprofético de Israel.33 ~

O livro inteiro de Obadias é promissor a Israel. Aliás, omaior tema profético ausente é precisamente o julgamento sobreIsrael. E, conforme afirma Hummel,

with the proper typological hermeneuticsObadiah will be seen as not only a lovely rni­niature and epitome af many major propheticthemes but as a meaningful promise a150 forthe Christian Church.34

XI - PECULIARIDADES

Obadias pertence aos profetas I! nacionalistas". Junto comNaum e Habacuque, Obadias forma o grupo dos três profetas cujacaracterística principal é o fato de focalizarem sua atenção sobreuma nação estrangeira, sem praticamente aludir a outras nações.Obadias dirige sua profecia contra Edom; Naum contra a Assíria;Habacuque contra a Caldéia. Eles "oferecem encorajamento e re-

32Idem. ibidem.

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,~ edição, São 33Francisco. op. cit., p. 117.

34Hummel, op. cit., p. 318.

35

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preensao para seu próprio povo através de contrastes e compa­rações. ,,35

Alguns estudiosos mais recentes tem tentado ver em aba­dias um oráculo que teria sido usado em algum grande festival emJerusalém. O "Dia" de abadias era inicialmente o dia do festival.quando as profecias de julgamento sobre os inimigos de Israel(no caso Edom) eram pronunciadas. O Reino Universal de Iahwehera celebrado prolepticamente, como se a presença destas reali­dades já estivessem presentes. Após o exílio, o oráculo de Obadiaster-se-ia ampliado para um possível uso em um festival semelhan­te ao de seu período. Sobre isso, ficamos com Hummel:

"While nearly a11 details of this reconstruc­tion are speculative, potentially at least it istheologically much doser to the target thanthe more politically oriented theories of oth­er critics. ,,36

-XII - CONCL U SAO

i,II""~!i[IIIIIII:~II

Olivro do profeta abadias tem algumas características pró­prias. É o menor livro do Antigo Testamento e, portanto, um dosmenores de toda a Escritura; não apresenta, diretamente, acusa­ção alguma contra Israel -- ao contrário dos demais escritos pro­féticos que, a despeito de repreenderem as nações estrangeiras,geralmente repreendem também aos hebreus.

A questão mais discutida -- como coloquei durante estetrabalho -- é a questão da data de Obadias. E, mesmo que che­guemos a tomar posição definida, nada de conclusivo se podedizer a respeito.

A mensagem confortadora de abadias é a promessa de res­tauração a Israel. Uma restauração que se dará no "dia do Se­nhor" que nós, cristãos, já temos de certa forma antecipado emCristo. Por isso, podemos ainda com mais confiança afirmar como profeta: "o Reino será do Senhor" (ab 21) e pedir no Pai Nosso:"Venha o Teu Reino"; e a certeza que ele realmente virá~ temos napromessa de Iahweh: "porque o SENHORo falou" (Ob 18).

35SChultZ. op. cit .• p. 385.

36Hummel, op. cit .• p. 320,

36

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37

,Jsvaldo Scnüier

o Instituto Concórdia de SÊÍ.o Paulo possui uma iongilhistória. Ele não foi criado aqui, chegou até aqui. Veio devagdi.titubeante~ ao sabor das ondas de mil imprel,/istos e percalç'o~,Quando finalmente plantou-se em São Paulo, já trazia em sua ba­gagem dois professores regularmente eleitos e um peq ueno g [u 150

de estudantes, além de uma razoável biblioteca que já contavaentão com cerca de mil volumes. Pouca coisa mais de aproveítalceJpoderia ser citada. Sonhos e livros. eis o que sobrava da lUT1Eil.

peregrinação de 14 anos. E história também.A expansão de nossa Igreja para o norte do Brasil trouxe

consigo a idéia da criação de um educandário de nível médio forado Rio Grande do Sul. E foi essa idéia-força que manteve viv<-Io.escola apesar de todos os desacertos e dificuldades por que pa:,;­sou. Houve períodos em que as matrÍCulas se reduziram de talforma que muitos pensavam em encerrar as suas atividô,des. Masfechar a escola seria o rnesmo que matar a idéia de um esta1Jeleci~mento de ensino fora das fronteiras gaúchas. Hou ve época em Lj ti t:

a escola se tornou meio platônica (matrícula de 8 aluno,')), mas aidéia não.

Tudo começ'ou quando os pastores e leigos do Dis t rito I·s pí'rito Santo-Minas se convenceram da necessidade da crin<,ão d,.'um educandário para a formação de professores que pudes::.eniatender as escolas da zona rural daquela região ele atividade-:;evangélicas. Era difícil conseguir professores formados em nC1S';('

Seminário -- tanto assim que não existia nehuma escola sinodal emtodo o Estado do Espírito Santo -- e era igualmente difícil enviarestudantes para Porto Alegre. As escolas primárias faziam faltapara preparar os futuros dirigentes leigos da Igreja num conhe­cimento mais adequado das verdades do cristianismo.

O plano foi posto em marcha. Foi criada uma Liga de LeigosLuteranos à qual caberia a tarefa de manutenção da escola prepa­ratória para formação de professores rurais. Destacou-se imedia­tamente um dos luteranos leigos da região, o Sr. Guilherme Belz ..através da oferta que fez à Igreja de duas colônias de terra.inclusive casa e plantação, a fim de que o projeto pudesse entrarem andamento. Situavam-se essas terras em são João Grande.distrito de Itapina, município de Colatina, cerca de 7 km ao nortedo rio Doce. As instalações foram primitivas: alguns catH~s cons-

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truídos no próprio local e nada mais. Mesmo assim, 16 candidatosse matricularam para o início das aulas (22 de agosto de 1948),

Muitas dificuldades começaram a assoberbar a pequenaescola logo no seu início. são João Grande deixou de ser sede deparóquia. Muitos paroquianos transferiram residência para onorte do Estado em procura de novas terras. O isolamento dolocal, confinado num rincão e longe de recursos urbanos, as a­perturas financeiras e outras dificuldades fizeram muitos pensarn uma transferência da escola para um centro de mais fácil acesso.

A segunda fase da história de nossa escola desenvolve-sena pequena cidade de Baixo Guandu situada na confluência dosrios Doce e Guandu. servida pela Estrada de Ferro Vitória-Minas,a poucos quilômetros da fronteira com Minas Gerais. Com a vendada propriedade em São João Grande e o recebimento de um auxílioda Igreja-Mãe foi possível comprar as benfeitorias existentesnuma quadra que a prefeitura local doou à escola. As aulas esti­veram interrompidas praticamente um ano inteiro esperando pelaconclusão do prédio escolar. Só em 7 de setembro do ano de 1952foi possível iniciar as atividades em Baixo Guandu. A primeiramatrícula foi formada com os alunos transferidos de São JoãoGrande. Todos os móveis e demais pertences foram levados tam­hém para o novo local (inclusive a biblioteca. bem acondicionadana grande panela de feijão!).

O novo problema da escola já não era mais tranferir-se: eraagora transformar-se. Nascida como escola normal ruraL rapida­mente cumpriria essa finalidade. Formada a primeira classe deprofessores. notou-se que o mercado de absorção era pequenopara manter uma escola exclusivamente para esse fim. Resultoudaí a transformação da primitiva escola rural em ginásio. Umacordo com nosso seminário de Porto Alegre estabelecia que osestudantes vindos do já agora Instituto Concórdia seriam recebi­dos no curso colegial. Desde então nossa escola é um pré-seminá­rio ele nível ginasial. finalidade com que funciona até hoje.

O Instituto ainda estava em fase de consolidação em BaixoGuanciu quando começou na Igreja uma programação global parao plano educacional. Haveria uma nova redistribuição dos educan­dcÍ.rios atingindo também o novo ginásio distrital. As opiniões sedividiram entre Vitória e Rio de Janeiro. As opiniões do DistritoEspírito Santo-Minas pendiam naturalmente para a localização doginásio em Vitória, mas prevaleceu o representante da Igreja-l\lãee o ginásio foi levado para o Rio.

No Rio de Janeiro, então ainda capital federal, foi compradoum terreno no bairro de Santa Alexandrina. Enquanto as constru­ções nào começassem. a escola iria funcionar em prédio alugado

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no Alto da Boa Vista. E efetivamente lá permaneceu d urar1 te 5anos. t que a excelência do terreno adquirido começou a seiposta em dúvida para a construção de uma educandário. \m'a­mente se formaram duas correntes até que o prot,lema chegUeiperante a Convenção Sinodal de 1959. A comissão constituída paUiestudar o assunto sugeriu a mudança para são Paulo onele hii\laum terreno em condições aceitáveis. A votação da Convenção [01favorável à mudança.

A propriedade comprada em Santa Alexandrina. lá ficou.São 50 mil metros quadrados e que na época custaram três rnl'lhões e duzentos mil cruzeiros. valorizados pelo levantamentl1topográfico. exata delimitação. pela inflação e pela construção detúnel que dá acesso à cidade.

A permanência durante 5 anos no Rio de Janeiro fOI dvgrande proveito cultural para professores e alunos. 11uitos falamdo Rio com saudade.

No dia 30 de dezembro de 1961 três grandes caminhoesrumavam para são Paulo com a mudança do Instituto Concórdia.

O primeiro ano de funcionamento foi muito prejudicadopelas construções ainda em andamento. mas atualmente tudo estáem ordem. prosseguindo apenas as obras complementares. Está emfase de conclusão a q uana residência para professor.

O terreno de 61.192 m2 está situado na periferia da cic!ad(c'de São Paulo. a cerca de 30 km do centro. em Campo Limpo. naárea do distrito de Santo Amara.

O complexo todo é constituído de 10 prédios: duas alas LU!!Idormitórios. com capacidade para 104 estudantes: duas alas <-'(,li!

salas de aula: um edifício para a administração: um salão centralpara cultos e reuniões e quatro residências. () quinto professor(Walter o. Steyer) ocupará provisoriamente as instalaçÔes quvserão mais tarde a enfermaria. localizadas no prédio da adminis­tração. Além dessas instalações, temos ainda a grande torrE: dacaixa-de-água. duas cabinas de luz (primária e distribuição) e acasa do motor da água.

O edifício escolar está dividido em 8 salas de aula. sala do~,professores. secretaria e depósito para material de laboratório.

Os apartamentos estão divididos em 26 quartos autônomos.cada um com sala de estudo, banheiro c,ompleto e sala de dormir.Cada apartamento é previsto para 4 alunos.

O edifício da administração tem como partes principais osapartamentos para o pessoal administrativo. cozinha. refeito rio,lavanderia, frigorífico e enfermaria (em fase de instalação).

Dois problemas tiveram solução especial: luz e água. Foipreciso por conta própria a rede de luz até o Instituto. para em

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O equipamento didático do Instituto se encontra bem avan­çado. Já dispomos de uma biblioteca que no presente ano atingiráseus 3 mil exemplares, temos um gravador de fita, um projetor de"slides", um projetor de 16 mm e um epidiascópio. Duas vezes aomês há uma exibição de filmes falados fornecidos pelos consuladoslocais. Um setor ainda bastante desaparelhado é o laboratório.Mesmo assim. já podemos contar com um bom microscópio e umarazoável coleção de amostras diversas. principalmente de minera­logia. Mas existem já dotações orçamentárias que permitem pensarna instalação do mesmo .

As matrículas do Instituto Concórdia crescem de ano paraano. No presente ano já atingimos novo recorde: 94 alunos.

O atual corpo docente é composto de 5 professores e 3auxiliares. Já se encontram ocupadas mediante procedimento elei­toral. as cadeiras de História e Geografia. Neolatinas e Religião.Professores contratados para as cadeiras de Matemática e Ciên­cias, e professoras auxiliares para Inglês. Música. Desenho eCaligrafia.

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l

CORRENTES DA FILOSOFIA GREGADenis S. Timm

-I - INTRODUÇAO

o objetivo deste trabalho é dar uma breve visão de um dospontos mais marcantes da cultura grega, a filosofia. Resumida­mente serão tratados assuntos como o histórico e os ensinamentosda filosofia grega, dentro de suas mais variadas correntes. De­ve-se lembrar que os acontecimentos do Novo Testamento se pas­saram em determinado período de nossa história, período esseque era politicamente dominado pelos romanos, embora cultural­mente pelos gregos. Assim. é muito importante a compreensão dopano-rama histórico envolvendo a filosofia grega, cujo pensa­mento dominava a vida intelectual e religiosa do período do inícioda era cristã.

II - HISTÓRICO DA FILOSOFIA GREGA

A filosofia grega surgiu em cerca de 600 a.C. na cidade deMileto, cidade de origem do filósofo Tales. No seu início ela erabastante rudimentar, mas três séculos depois chegou ao auge,exatamente na época de Platão e Aristóteles. No entanto. na eracristã. mesmo quando o período dos grandes filósofos já haviapassado, correntes corno o Gnosticismo estavam ainda fortementepresentes. A filosofia era "uma tentativa de correlação de todo oconhecimento que existe a respeito do universo, numa forma sis­temática e para integrar com ele a experiência humana." I

A filosofia grega era caracterizada por três aspectos. trêsfases de desenvolvimento: física, ética e teológica. "A rigor, istonão pode ser chamado de fases de desenvolvimento, pois nãopodemos assinalar divisões cronológicas definidas, visto como astrês fases referidas se confundem quanto ao tempo,,,2 ou seja,estes três aspectos existiam paralelamente na filosofia.

1 TENNEY, M. o Novo Testamento - Sua Origem e Análise. São Paulo. VidaNova, 1989, p. 101.

2 DANA, H. O Mundo do Novo Testamento. Rio de Janeiro, JUERP.1990, p. 153.

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--Aspecto Físico: é oriundo da curiosidade humana, que fazinterrogações sobre tudo o que acontece; a filosofia neste peTÍo­do é marcada pela consciência do mundo exterior por meio dossentidos e pela conseqüente busca da razão em estabelecer juízosracionais, sendo, assim, naturalista. Esse esforço de interpretarracionalmente o meio exterior é que se chama de Filosofia. Nessalinha, para os filósofos havia uma substância essencial para omundo; para Tales era a água; para outros era o fogo ou o ar.Anaxágoras idealizou que a mente era que controlava a ordemnatural das coisas. Era um passo anterior à concepção de um sersupremo governador do universo.

- Aspecto Ético: surge com Pitágoras, que via o mundonuma unidade, dentro de um sistema matemático. Seu ensino con­sistia em escravizar a vida por meio de rigorosas leis de aspectomoral e religioso. Depois aparece Sócrates, que dizia que "oshomens deviam viver de acordo com o seu sentimento íntimo dodireito e das impressões da vontade de Deus.,,3 Apesar de sercontemporâneo dos sofistas, não admitia que a conveniência oua política decidissem sobre a conduta do indivíduo, pois faziadistinção entre uma teoria sobre a conduta e uma concepção darealidade. Baseados neste aspecto ético surgiram os cínicos, cire­naicos, estóicos e epicureus.

- Aspecto Teológico: No momento em que a mente grega pe­netrou a natureza da realidade, percebeu que os fenômenos a­pontavam para a existência de forças espirituais. Com influênciado politeísmo grego, este aspecto surgiu com Xenófanes, queprotestava contra o politeísmo e o antropomorfismo da religiãogrega, sugerindo a existência de um Deus único e não comparávelaos mortais. Sócrates e Platão deram a Deus personalidade morale espiritual. Para Platão, a essência do universo era o Bem, iden­tificado com Deus. De uma fusão de elementos gregos e orientaissurgiu o Gnosticismo .

Como se pode ver, a filosofia grega tinha por objetivo en­contrar respostas racionais a problemas apresentados pelo mun­do. Apesar de um certo aspecto teológico, "nunca a filosofia de­pende de uma revelação de Deus. Ela tem sempre assumido opoder suficiente do homem para compreender o seu próprio mun­do," ou seja, "o homem deve ser capaz de atingir uma compre­ensão completa dos mistérios que ele é uma parte."4

3 DANA, H. Op. cit .• p. 155.

4 TENNEY. M. Op. cito pp. 101, 102.

43

l

A filosofia grega não era uma unidade, mas havia váriossistemas -- com premissas e objetivos diferentes --, os quaisserão vistos a seguir. Estes persistem ou influenciam idéias ecorrentes da atualidade, embora com outros nomes.

,lI! - PRINCIPAIS SISTEMAS FILOSOFICOS

Antes de tratarmos dos diferentes ramos da filosofia grega.deve ser salientado algo que influenciou muito essas filosofias.Trata-se das Religiões de Mistério, ou simplesmente Mistérios.Têm esse nome porque têm origem em mitos ou fábulas misteriosasantigas, principalmente provindas do Egito. Seus seguidoresguardavam com muito sigilo suas doutrinas, as quais eram revela­das apenas a um pequeno grupo de pessoas, as iniciadas. Taisreligiões se ofereciam como soluções aos problemas humanos, aexemplo do que faziam a magia e a astrologia, Para eles a salvaçãoconsistia em liberdade e felicidade, em viver intensamente a vida,ou seja, a salvação era para este mundo. Apesar de acreditaremna imortalidade, o destaque mesmo era para esta vida.

Estas religiões de mistério tinham rituais de iniciação, ondese acreditava que o iniciante descia até os mortos (morria) eentão era trazido novamente pelos deuses (renascia), tornando-seum novo homem, salvo e de aparência divina.

A. PLATONISMO

o nome vem de Platão, filósofo ateniense do século IV a.C.e discípulo de Sócrates. Ensinava a existência de dois mundos(dualismo): o mundo real, das idéias, e o mundo irreal, material,que era apenas uma sombra, O que se buscava era o SupremoBem, isto é, a fuga do irreal para o real, cuja libertação era ofe­recida por meio da reflexão e meditação, Deste modo, o que sal­vava era o conhecimento, enquanto a ignorância condenava.

Essa filosofia não conseguiu grande número de adeptos,visto ser muito abstrata para atingir o pensamento do homemcomum.

B. CINISMO

Assim como o Platonismo, o Cinismo era uma escola ongl­nada dos ensinos de Sócrates, ensinos esses que foram totalmentedeturpados. Os cínicos procuravam abolir seus desejos, buscandocomo ponto mais alto da virtude a carência de necessidades e uma

44

6 TENNEY. M. DI'. CJt. P IOc,

c, GNOSTWlSMU

GUNDRY. R. Panorama do Novo Testamento. São Paulo. Vida Nova.]98<;. p, 42,

p, 1S6.DANA. H, 01" Cll

D01'GI.AS. i. () VO"o D,c"má.rio dE< Bibl ia .. l, São Paulo. Vida Nova,

19x\· p. 6- .•

,."ALEXANDER P EnclclopéÔia Ilustrada dp< Bib/la. Sã" Paulo. Paulinas .

lq~- p. 134

o linosticismo ::,urgiu no século Il a,l ., O termo que o de­s]gna vem do grego gnosis. que significa "conhecimento". Seuponto de partida é o contraste dualistil de l'latãl'. isto ê. havia omundo invisível elas Idéias (!)e!l1) e o mundo visível ela matéria(mal). Fstas idéias. ne entanto, nao eram male; as originais. masl1d.viam :'>ido corrumpidas pejas religiÓes orientais. uma vez queno Unosticismo se fundiram "idéias do cristianismo e de outrasreligiÔes e filcsofiiis."s () termo é muitc) amplo e se aplica à vá­rias correntes filosóficas e religiosas mesmo anteriores à eracristã. O que nos interessa é a aplicação mais comum do termo.considcrada PU] lJouglas COlllO ·\.érUs ht.'n';,'-,ias surgidas no seioda cristandade." nas q uais "q uase toda~~ as doutrinas cristãscardeais foram réV isadas nos moldes desse pensamento."'l

'~(mduL1 Dura e racional. l\ssim. buscavam urna vida simole;;; e ::;emf • d -,,' "h' ~ ,; 5 - .cnIl,urtu. sen o que (..Junary ate os compara aos I lpples '.

Ele::,:eram individualistas e "muitas vezes eram proposita­'lamente grosseiro:s e indecentes na linguagem e conduta, só com

.. :J. ..J d'f ,,6 . h 'd do j 1m c e u.emonstrar que eram rI erentes.' O maiS con eCl o e:seuS filósofos era Diógenes, que seguiu a esses ensinos fielmente:"tt've como casa um tonel e chegou a desfazer-se de seu copocurno carga desnecessária.'"

Os Cirenaicos constituíam uma corrente "irmã" em relação'le) i'inismo, visto que ambas tiveram mesma origem e ensinavambasicamente o mesmo, com um diferença de premissa: para oscínicos ... virtude ê felicidade". enquanto para os cirenaicos "feli­cidade é virtude". Para Sócrates isso expl·eSSo.va a mesma coisamas. como já foi díto, seus ensinamentos foram deturpados e con­fusos. originando essas duas corrente'., filosÓficas .

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Como o nome diz, era o conhecimento que prometia a salva­ção ao homem, o qual devia renunciar ao mundo material e viverem busca do mundo invisível. Desse argumento surgiram duasconclusões diferentes: uma, o ascetismo, afirmava que o corpo eramau e seus desejos deveriam ser dominados; outra. a libertina­gem, afirmava que o espírito era real e o corpo irreal; logo. sendoo corpo temporário, seus atos não eram importantes. isto é. mesmocedendo aos desejos o espírito ainda seria salvo. De qualquerforma, "o fim do conhecimento era a salvação. a qual incluiria naconcepção dos gnósticos, purificação e imortalidade. e se baseavanum arcabouço de filosofia contemporânea. mitologia ou astrolo­gia.,,10

Os seguidores do Gnosticismo gloriavam-se de ter um co­nhecimento maior que a fé dos cristãos, ou seja. colocavam arazão acima da fé. Toda obra de Cristo era diminuída e. para eleshavia outros seres que agiam como intermediários entre Deus eos homens, sendo assim negada a posição especial de Cristo -- oúnico Mediador (1Tm 2.5). Eles negavam a humanação de Cristo dedois modos: o Docetismo (de dokéo) dizia que (' risto somente pa­recia ter um corpo, enquanto o Cerintianismo (de Cerinto) diziaque o Cristo divino encarnou no Jesus homem no momento dubatismo e deixou-o logo após sua morte. A partir disso. afirmaTenney que !lê possível que este ensino (dos gnósticos) tenhadado origem à heresia que Paulo alude em Colossenses (el 2.8) ...Esta heresia aparece-nos como negRndoa plenitude da Divindacleem Cristo e considera-o urna das emanações ou manifestações. f' d D " 11 I I ' ~ f" " "Hl enores e eus. Por outro ac o, 1110mpson a lnlla que aênfase na humanidade e deidade de Jesus Cristo em 110 é tomadacomo evidência de que o Gnosticísmo estava dobrando seus mús-

I f· I d .. "I ,,12 'I • h . I 'cu os ao Ina o pnmelfo secu o AD. A . ereslO. co ossensecombinava especulações filosÓficas. poderes astrais, reverencia"a intermediários angélicos. tabus alimentares e práticas ascéticas

". d d' I' 11com emprestlmos o Ju alsmo.· -A medida que o cristianismo se expandia entre povoe., p,t­

gãos. muitas vezes não conseguia excluir totalmente todos osfalsos ensinamentos. Assim o Gnosticismo tornou-se ii princi pal

10 DOUG LAS, J. Op. C 1 t . p. b" 4 .

11 TENNEY, M. Op. cito. pp. 103. 104.

12 THOMPSON. J. Handbook of Life 111 Bible Tl1nes. !nglaferraInter-Varsity Press, 1986. p. 3S~.

13 DOUGLAS. 1. Op. cIt .. p. 6'S.

46

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Paulo enfren tou rrluito as influência ~ g nosticdS. Us c ristiiosde ('L:rinto busCA.\Tanl urna liberclacle iliInitada (lC~'o 6.12) e o saber(l('o g, j L além de ter falsas idéia,ç;, sobre a ressurreiçào (1 Co15,35ss). Na carta aos c:ol()ssenses ele alerta contra as falsasfilusofias {('I 2.8). prlTva\Teln1ente se referindo ao CJnostici,~_;rno.

I\as cartas pastul'e4is Paulo alerta contra os que pregd\.""anlfalsas doutrinas {lTIH 1.3: 6.3~4_L COIllCi ritos judeus (Tt 1.1:+LC'iJisa:", cJt'sne,-:es:c,árias (1 Tm 1.4; 4, -; Tt 3.9i e puiticas ascéticas(lTm 4.3), As palavras de Paulo em 2'1'm 2.14-18 indicam tratar-Sedu (inos ticismo a heresia liderada por Himeneu e Fileto. que nega­Vdm a ressurreiçào do corpo, entendendo isto somente espirituai­,!lente. Todos estes ensinos desviavam os crentes (1 Tm 6.20-21).

João também tem COIIlO objetivo de :-,eus escritos combaterc",sas heresias. Afirma que "o Velho se fez carne" (lu 1.14); quei ristu n:io em funna IlUlllaiJ(i (lJo '-1-.2.3: 2Jo --11) e que foi ver~darleiro L)\2US c yerdadeiro tJonlenL sendo brltizado e padecendiJmorte (LJo S.b),

HOje ern did~ SL'ili.i.,~ l'OrI1U fi Fl~ISd ('ru./. [-i Seicho--:\t)--Ye"

>-;ll\ (1.f' ra~ alé1l1 do Tco~ofi~JH()~ :~!~'E!Ut'Ine'--;lc esqueIl1d gn6sticcL pnj,)eIliJ,regam péda\'I'ii" da lc.'()!ugi:l crl';td. p'llém ccníl conteuc!u di\ el'

I) nUlne \-:e1l1de Eplcuro. que funduu sua escoia filu'1ofic~1 CiH

\tCfld" .. un 3Uc>d.i .. Seguindo ensinamentn:c (1e DemÓcrÍto. consi­cler':iva que (J cria do rnund() deu-se fh)j Iil;~itl de unI 1110\-ilÜ(:ntClt' combinaçao de partículas atÔmicas, "A clisrnulogia do Epicurisll1ué semelhante à da moderna evoluç:ao materialista." 14 Conse­qüentemente, e sendo este um mundo de acasos, nao havia propÓ­sitos nem CO!lseq üências para a vida das pessoas. Com essa idéia,não era necessário que existisse um poder criador e mantenedor.sendo um sistema anti-rel1giuso. isto é, "o Epicurismo. na melhor1 - 1" ,., ,,15pl as expressoes, era c elsta e, na pratIca. era ateu. ara Bar-reL eles não negavam totalmente a existência de um deus ou deu-

____ ~ __ •___ ·____~~~ __ 'H ___ .___ ~_

14 TENNEY, M.Op.

c i t ..p,105

15 TENNEY. M.

Op.c i t. ,p,i06,

ses', mas afirmavam que estes estavam fechados entre eles e a­lheios aos homens.16

O bem mais elevado era o prazer. isto é. a ausência de so­frimentos, dores e temores; não a sensualidade. mas prazerescuja satisfação fosse mais profunda e duradoura. Além disso.para os epicureus não havia uma idéia de pecado e a idéia deimortalidade de modo algum era aceita. visto que "a morte pro­voca a dispersão final de nossos átomos constituintes." j'7 Ten­ney atribui a esses princípios o fato de os atenienses rirem dePaulo, quando este pregou no Areópago sobre Jesus e a ressurei­ção (At 17).18 Ainda assim Paulo, em suas cartas, usa termos dovocabulário epicureu, como átomo (traduzido por "momento"), em1Co 15:52 e prazer, em Tt 3.3

Sendo uma filosofia sem propósitos nem consequências e.sendo ela muito popular, os seguidores provavelmente eram da­queles que "outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir asúltimas novidades" (At 17.21). Mesmo assim, At 17.18-20 mostraque, ao invés de persegui-Io -- como às vezes acontecia --, esteshomens deram uma chance para que Paulo anunciasse a sua men­sagem.

"Abusca de prazeres extravagantes, que dáao termo 'Epi­curismo' o seu sentido modermo, foi uma perversão posterior dabusca pela felicidade." 19 Em última análise, o Epicurismo era es­sencialmente materialista e era, na prática, usado como sançãofilosófica para as formas mais grosseiras de sensualidade. sendo"considerado sinônimo perfeito de corrupção moral. ,,20 Essegrupo ficou conhecido como os "Saduceus" do paganismo.

E. ESTOICISMO

o Estoicismo surgiu com Zenão (ou Zena). proveniente deChipre, por volta do século III a.C., e era um desenvolvimento doCinismo. O 'segundo fundador' do Estoicismo foi CTÍsipo. respon­sável pela sistematização e desenvolvimento da filosofia. O nome

16 BARRET, C. The New Testament Background: Selected Documenls.Londres. S.P.C.K .. 1958. p. 72.

17 DOUGLAS. J. Op. cit .. p. 506.

18 TENNEY. M. Op. cit .. p. 106.

19 DOUGLAS. J. Op. cit .. p. 506.

20 DANA, H. Op. cit .. p. 158.

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Por ser uma filosofia racionalista. não acreditavam na e­xistência de um Deus pessoal. mas afirmavam ser o universo go­vernado por uma Razão Absoluta. Para eles, o bem mais alto erauma vida em conformidade com a razão (lógos). almejando o obje­tivo de ter um perfeito domínio próprio, não se deixando levarpelos sentimentos.

Afirmavam que Deus não se importava com os homens eassim tin ham uma visão fatalista do universo, ou seja. o destinonão poderia ser mudado. Os homens deveriam aceitar racional­mente seu destino, ainda mais que a vida ideal se conformava coma natureza. O homem devia servir ao semelhante, não motivadopelo amor, mas pelo reconhecimento de que a vida em serviço aopróximo é a vida natural do homem.21

A salvação do homem vinha com o alcance do objetivo, avirtude absoluta de dominar os desejos e emoções. "O homemdevia e podia ser o seu próprio salvador. .•22 Com esse pensa­mento, era de se esperar que o plano da salvação exposto nosevangelhos fosse ridículo ou "loucura" para eles; apesar das éti­cas cristã e estóica terem pontos em comum, seus pressupostose práticas eram bem diferentes. Estes foram chamados também de"Fariseus" do paganismo grego. Muito da linguagem de Paulo emsua pregação no Areópago (At 17) provin ha do vocabulário estói­co.

F. CETICISMO

Como as muitas correntes filosóficas geravam incertezas econfusão, muitos passaram a afirmar que não havia um conheci­mento final e confiáve1. Destes, o primeiro foi Pino de Élida, queveio a fundar o Ceticismo.

O argumento de Pirro era que, uma vez que o conhecimentose apoiava na experiência e que cada homem tinha uma experiên­cia diferente, não poderia haver uma norma final; o que se prega­va então era o relativismo. Assim como o Cinismo abandonava aética, o Ceticismo agora abandonava a vida intelectual. Era liafilosofia da probabilidade, cujo slogan éra: 'Que é a verdade?,,·23

21 DOUGLAS, J. Op. c i t., p. 5 5 5 ,

22 DANA, H. Op. cit .. p.

156.

23 DANA. H. Op. cit .. p.

162.

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Esse f'ilsino do relativismo eral para eles mesmos, um pro­blema, visto que não poderiam fazer nenhuma afirmação comosendo verdadeira por não haver premissas aceitáveis. "O Ceticis­mo devia terminar n uma completa paralisia intelectual." 24

G. NEOPLATONISMO

Os ensinamentos de Platão foram resgatados por Plotino deLicópolis, no século IIr A~D.;;criando-se assim o 1\Je.oplatonismo. ONeoplatonismo consiste numa filosofia religiosa baseada no dua­lismo platônico das idéias universais e dGs particulares, sendoainàa influenciada pelo dualismo persa de luz e trev-as.

Platino ensina"-va que o espírito era bom e o corpo mau~ osdesejos corporais deveriam ser eliminados e então buscada a vidado espírito. Diferentemente do Platonismo, a vida espiritual vinhapor uma absorção do Infinito, não por esforço intelectual.

Para os neoplatônicos, a encarnação de Cristo devia serinconcebível, enquanto a ressureição seria "um equívoco reRug­nante, visto que perpetuaria o mal da existência material.,,~5

-IV - CONCL U SAO

Com essa análise das principais correntes da filosofiagrega torna-se mais fácil compreender o ambiente intelectual ereligioso no qual realizaram-se a obra de Cristo e a propagaçãodo evangelho.

Percebe-se muita influência da religião grega e de outrasreligiões nas filosofias. Alguns ainda conseguiam ter uma idéia deDeus, apesar de abstrata e diferente da nossa concepção de Deus.Noentantol para a grande rnaioria o cristianismo era uma afronta,pois pregava coisas que eram para eles inconcebíveis e inaceitá­veis, realmente "loucura". Isto era porque muitos dos ensinos docristianismo iam contra os ensinos filosóficos, não podendo seraceitos pela razão, mas somente pela fé.

Para nós hoje fica a precaução de que muito dessas filoso­fias ainda estão presentes, apesar de estarem "mascaradas" eterem outros nomes. No entanto sabemos que muitos tentam acharpaz para a vida e salvação através de meditação ou de obras de

24 TENNEY, M. Op. cit., p. 108.

25 TENNEY, Id. Op. cit., p. 105.

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caridade. O que predomina ainda hoje é a razão: não se podeaceitar nada que não seja explicado pela razão. E o mais grave éque isso não acontece somente entre os não-cristãos, mas mesmoentre os estudiosos da Bíblia. A exemplo do que fizeram os discí­pulos de Cristo e o apóstolo Paulo, cabe também a nós tirarmosdas pessoas essas "filosofias" erradas; anunciando o gracioso everdadeiro evangelho, ° qual revela a justiça (amor) de Deus, dápaz e mostra a verdadeira salvação em Cristo (Rm 1.16.17).

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-- ~-.S, 1987.

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o SERVIçoDaltro Kautzmann

-1- INTRODUÇAO

Nomomento em que a maior tarefa foi executada. iniciou-se,em plena liberdade de ação, o serviço da vida cristã em função dahumanidade toda.

Quando o Filho de Deus, o Jesus feito homem em Nazaré, aomorrer na cruz deu o seu brado de vitória: "Está consumado"(está terminado), foi pago o preço definitivo, estipulado por Deus("o preço estipulado pelo pecado é a morte" - Rm 6.23) para alibertação da escravidão do pecado. Todo aquele que aceita estepagamento, confiando na palavra e na promessa da salvação.torna-se livre da escravidão de Satanás. e passa a ser proprieda­de do Senhor JESUS, que o comprou para ser agora o seu servo,("escravo" - d6ulos), na total acepção do termo.

E, neste estado de "escravidão" de Jesus Cristo, nossonovo Senhor nos incumbe da administração de todos os bens quenos confiou. Esta administração deve ser feita de acordo com asua vontade e decisão. A prestação de contas desta administraçãoou mordomia acontecerá no grande dia da segunda vinda do Se­nhor que com rigor e perfeição a exigirá.

Quais são estes bens que nos foram confiados? Lutero osdescreve na explicação dos três artigos do Credo Apostólico:

Primeiro Artigo - "Creio que Deus ... me dá corpo e alma.olhos, ou vidas e todos os membros. razão e todos os sentidos eainda os sustenta; para isso me dá vestes e calçados. comida ebebida. casa e lar, mulher e filhos, campos, gados e todos osbens; supre-me abundante e diariamente de tudo quanto necessi­to para o corpo e para a vida, me defende de todo o perigo. meguarda e me protege de todo o ma1... "

Então, com singelas palavras, o Reformador faz um resumode toda a nossa administração: "Por tudo isto devo dar-lhe gra­ças e louvor, SERVÍ-LO(estar sempre à disposição do Senhor comtudo o que somos e temos) e obedecer-lhe (ouvir e cumprir o queEle determina). Fiel é esta palavra!

Maiores ainda do que estes bens são os enumerados noSegundo Artigo do Credo: "Creio que Jesus Cristo, verdadeiroDeus, gerado do Pai desde a eternidade, e também verdadeirohomem, nascido da virgem Maria - é meu SENHOR;que me remiu

53

a mim homem perdido e condenado, me resgatou (pagou o preçoestipulado pela escravidão) e me salvou de todos os pecados, da

. morte e do poder do diabo, (e, isto foi realizado) não com ouro ouprata, mas com o seu santo e precioso sangue e com o seu inocen­te padecimento e morte: (com a sublime finalidade de ... ) para queeu lhe pertença e viva submisso a Ele em seu reino e o SIRVA emeterna justiça e bem-aventurança, assim como Ele ressurgiu dosmortos, vive e reina para sempre. Fiel é esta palavra!

NoTerceiro Artigo o Reformador deixa claro que não pode­ríamos reconhecer o valor destes bens relacionados e nem sequeradministrá-Ios, se o Espírito Santo não tivesse agido em nossoscorações, quando os frutos deste agir também se relacionam nalista de bens da nossa administração: "Creio que por minha pró­pria razão ou força, não posso crer em Jesus Cristo, meu SENHOR,nem vir a Ele, mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, meiluminou com os seus dons, me santificou e conservou na fé ver­dadeira, perdoando, na mesma igreja, abundante e diariamentetodos os pecados, a mim e a todos os crentes, e no dia derradeirome ressuscitará a mim e a todos os mortos e me dará, com todosos crentes em Cristo, a vida eterna. Fiel é esta palavra!

A atuação do Espírito Santo em nós não nos permite ficarinativos ou isolados, sem compromissos para com 05' nossos seme­lhantes, especialmente para com os da família da fé, a igreja.

Nesta concisa exposição o Reformador apresenta o queverdadeiramente fundamenta o Novo Testamento em função deuma vida cristã em serviço ao Senhor. A vida do cristão é inte­gralmente, com todo o seu ser e seus bens, um SERVODE JES USCRISTO.

II - CONCEITUAÇAO- SERVIÇO(DIACONIA)- OS TALENTOS

RacheI Handerlite escreve: "Aquele que é perdoado ficaliberto da condenação e da culpa, está livre para viver em aliançacom Deus e com o próximo ... É libertado da culpa para que possaencarar sem recuar assustado, livre da vergonha, para poderdirigir-se a todas as pessoas de cabeça erguida, livre da cobiça,de modo que pode dar ao outro sem que com isso sua segurançafique ameaçada, livre da necessidade 'de resistir, atacar e seimpor. Aceitar o perdão liberta o homem para, tanto quanto oliberta de. Torna-o livre para absorver a hostilidade em vez deresistir a ela, livre para perdoar o mal em vez de retribuí-Io,livre para confiar no próximo em vez de suspeitar dele, livre paraservir em vez de ser servido. Este é o sinal distintivo do homemque vive sob a ética da justificação pela fé .... Sua liberdade não

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significa que está livre para fazer o que bem entende. Significaliberdade para fazer o que agrada a Deus. Liberdade em Cristonão é liberdade desenfreada. É aliança com Deus em Cristo, ésujeição a Deus."

Serviço ou diaconia é o pleno exercício da liberdade cristãna prática do amor ao próximo. O Novo Testamento mostra que ohomem liberto do domínio do pecado e da Lei, mediante a fé emJesus Cristo, usa a sua liberdade no serviço a Deus e ao próximo.As variedades de tal serviço são expressas por três grupos depalavras gregas: 1 - leitourgéo, expressa o serviço sacerdotal,ritual; 2 - latréuo, ressalta os pormenores do ritual e também aatitude interior da adoração; 3 - diakonéo, (e seus derivados)emprega-se para a ajuda pessoal aos outros. Daríamos os seguin­tes sentidos: a) diakonéo - servir, apoiar, servir como diácono;h) diakonia - serviço, cargo, ajuda, ministério; c) diákonos - ser­vo diácono, aquele que serve (à mesa), ministro.

Diaconia é sempre uma ação amorosa em prol de outraspessoas que, por sua vez, deriva-se do amor de Deus que deu-sea si mesmo por nós servindo na pessoa de Jesus Cristo. Diaconiaé o serviço do cristão no mundo. No que diz respeito ao "servirà mesa" o Novo Testamento refere-se em Mt 8.15; 20.26,28; 22.13;23.11; Lc 22.27; Jo 2.5,9. e Jo 12.2. Quanto ao "servir no sentidogeral" encontramos referências em Mt 4.11; 25.44; Lc 8.3; 10.40; At11.29 (sentido material) e em Rm 12.7 mais Fp 1.1. Referindo-se ao"servir da palavra (ministério, apostolado)" o Novo Testamento seexpressa em At 1.17,25; 6.1,4 (material e da palavra): Rm 11.13;1 Co .1.5; 2 Co 3.3-9; 4.1; 5.18: Ef 3.7: 6.1; C1 1.7,23,25 e 1 Ts 3.2.

Platão ensinava: "Como pode um homem ser feliz se precisaservir a alguém?". Para os gregos o ideal é o desenvolvimentocompleto da personalidade humana, por isso, servir o outro é algoindigno. Não pressupõe renúncia própria por amor a outrem. Aentrega voluntária de si mesmo ao serviço do seu próximo, demodo geral, é estranha ao pensamento grego. Já no Judaísmo nãose considerou o serviço como algo indigno. A relação do servocom o seu senhor era valorizada, especialmente quando se tratavade servir a um grande senhor, com posição social de destaque. Aação de Deus em Cristo, porém, transforma o serviço em uma açãohonrosa, sublin"H':l.edificante e indispensável no contexto de umavida santificada .

É pois o cristianismo quem revela ao homem o verdadeirosentido de uma existência. Nas diversas áreas de ação que a dia­conia sugere, os cristãos são chamados a amar a Deus, servindoo próximo na multiplicidade de seus dons recebidos do Senhor.

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Jesus fala em oportunidades para servir: "A um deu cincotalentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a suaprópria capacidade" (Mt 25.15). Em outra ocasião Jesus disse: "Écomo se um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa,dá autoridade aos seus servos, a cada um a sua obrigação, e aoporteiro ordena que vigie (Mc 13.34). Deus também sugere: "Pen­se com moderação segundo a medida de fé que Deus repartiu acada um... tendo, porém, diferentes dons segundo a graça quenos foi dada ... seja segundo a proporção da fé" (Rm 12.3,6). Enovamente: "E a graça foi concedida a cada um de nós segundoa proporção do dom de Cristo" (Ef 4.7).

Muitos talentos são dados individualmente, ou em conjuntoa cristãos, para que os usem naigreja e em seus próprios gruposparticulares. Alguns cristãos ainda não testaram seriamente assuas capacidades, prosseguem no acaso tentando preencher ne­cessidades. Outros tentam fazer demais. Procuram realizar tarefasque estão muito acima de suas capacidades. Os que não testaramainda as suas capacidades não puderam sentir a verdadeira dinâ­mica de vida que Deus lhes presenteou, e, os outros perdem oprazer no que fazem porque os resultados são escassos.

Temos que observar freqüentemente o "mercado de traba­lho" da igreja e as capacidades de cada um. São muitos os servi­ços da igreja, mas também o Espírito Santo de Deus supriu aigreja de tal forma com dons que todos podem ser atendidos ple­namente.

Os dons de servir são muito variados. Abrangem o uso denossos recursos materiais e nossas aptidões mentais. Todos ostalentos deveriam ser canalizados paraonde são mais necessários.adequados ao tempo, energia e habilidades disponíveis.

Quando se pensa em talento não se deve considerar apenasdons extraordinários como liderança e administração; habilidadeem tocar instrumentos ou a de ser artista e outros especializadosdesta natureza. Na busca de habilidades, tanto grandes quantopequenas, para uso na igreja e no mundo, o cristão deve se per­guntar: Quais são as minhas habiiidades? Comoas estou usando?Tenho habilidades que não desenvolvi? Tenho habilidades queainda não usei?

O serviço cristão não se compara a'uma atividade comum.É por excelência um serviço de Deus no mundo. Por isso somenteo redimido, o "comprado" por preço de sangue do Cordeiro ino­cente é que sabe e pode realizá-lo. A verdadeira motivação (amorde Cristo) e a última finalidade (o amor a Deus através do próxi­mo) são sentidos e desenvolvidos no servo de Jesus Cristo.

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III - LUTERO E O SERVIÇO (Conceito de Diaconi.a e ~tica)

Para Lutero o homem tem de receber a sua liberdade deDeus para que possa iniciar uma vida de amor a serviço do próxi­mo. Por isso vê o perdão dos pecados como a chave mestra paraa prestação de serviços no reino. Enquanto o homem viver sob aservidão do pecado não poderá praticar a doação de sua vida aoutros. Neste estado o homem serve a si mesmo e às suas paixões,desenvolvendo um egocentrismo autodestruidor, desvirtuado edesviado das finalidades de sua existência.

Por isso toda a sua ética parte do conceito da liberdaderecebida de Deus. Lança então o seu tratado "Da Liberdade Cris­tã" com duas afirmações, aparentemente antagônicas, mas quebem caracterizam o seu pensar sobre o serviço cristão e sua éticade vida cristã: "um cristão é senhor livre sobre todas as coisase não está sujeito a ninguén:. Um cristão é servidor de todas ascoisas e sujeito a todos. H

Este conceito de Lutero abalou as estruturas do pensamen­to ético em sua época. Desenvolvia-se um empenho egocêntricopor méritos. Os serviços prestados ensejavam uma promoçãopessoal, íntima e eterna. Vivia-se sob a fusão da filosofia gregacom os elementos bíblicos cristãos, onde o resultado aviltava atéa dignidade humana. Pois o amor ao próximo era entendido comoum meio (méritos) para um fim (felicidade eterna). Em Lutero oamor ao próximo nunca é um meio, ele é um fim ético em si. LuteIoconseguiu atingir esta pureza de pensamento em relação à vidado cristão quando não permitiu que a filosofia lhe servisse comoprincípio, mas unicamente a Palavra de Deus. Lutero fundamenta­se na Revelação e jamais na razão.

Daí porque Lutero conseguiu concluir que a ética socialnão é a causa mas o resultado da confrontação do homem comDeus. Em conseqüência disto o relacionamento com Deus é quemolda uma ética para o homem poder viver em função de Deus nomundo, amando verdadeiramente e servindo apropriadamente aopróximo. Eis porque, longe de tornar o cristianismo irrelevantepara a ordem social, Lutero tornou possível que a verdade cristãabsoluta estivesse sempre à disposição da sociedades e isto nãoatravés de uma organização hierárquica'ou de uma interpretaçãolegal do Evangelho. mas através do cristão redimido, isto é, dopecador salvo pela graça, ativo no mundo .como um instrumentovivo e edificante no Reino do seu Senhor.

Nãofoi, por isso também, difícil Lutero afirmar que a práti­ca do amor a Deus só se dá através da prática do amor ao próxi­mo. Escreve G, W. Forell nas conclusões em Fé A tive no Amor: "A

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for.ça motivador8 é o amor de Deus. O homem recebe o amor deDeus na fé e o passa adiante ao próximo. A fé é ativa no amor emrelação ao próximo. A fé nos leva a Cristo e O torna nosso comtudo aquilo que Ele possui; o amor nos dá ao nosso próximo comtudo aquilo que temos. li

Por isso Lutero contribui sobejamente para a conduta cris­tã em relação às suas responsabilidades no mundo, porque o cris­tão que não vê o próximo como um meio à sua disposição para aauto-promoção, e sim um fim social em si, doa-se verdadeiramenteem favor de uma situação alheia à sua pessoa. E é o agápe, o amor"doação" que deve governar o comportamento do servo de JesusCristo. George W. Forell não conclui em vão a sua obra Fé Ativano Amor com a afirmativa: "Teria sido bom para o cristianismo seaqueles que seguiram Lutero tivessem sido igualmente zelosos emmostrar a sua fé ativa no amor (na prestação de serviços ao pró­ximo). "

Para se poder constantemente testar nossos serviços, Lu­tero sugere uma pergunta-chave: !IA quem beneficia?" Se nossosserviços não beneficiam o próximo e a sociedade, não terão valornenhum. "Se fizeres uma obra que beneficia a Deus ou aos seussantos ou a ti mesmo, e não ao teu próximo, então esta obra nãoé boa". Na visão de Lutero um serviço cristão tem sempre umafinalidade social, é realizado na comunidade e para a comunidade."Um homem deve viver, falar, agir, sofrer e morrer pelo bem desua esposa e filhos, a esposa pelo marido, os filhos pelos pais. osservos pelos seus amos, os amos pelos seus servos, o governopelos seus súditos, os súditos pelo governo, cada um pelo seupróximo, mesmo pelos seus inimigos, de modo que um seja a mão,a boca, o olho, o pé, mesmo o coração e a mente do outro. Umaobra verdadeiramente cristã e boa é aquela que pode e deve serfeita a qualquer tempo, em todos os lugares e a todas as pesso­as." Em resumo, o serviço do cristão, no conceito de Lutero, nãoera avaliado pelo que fazia subjetivamente ao agente, mas eraavaliado pelo que poderia fazer objetivamente ao próximo.

IV - A CONGREGAÇÃO CRISTÃ, A MELHOR AGÊNCIA DE SERVIÇO

Quando os discípulos de Jesus foram colocados diante deuma tarefa difícil, pediram a Jesus: "Aumenta-nos a fé" (Lc 17.5).Uma congregação, antes de ser uma comunidade a quem eu possoprestar serviços, é a sede de manifestação do Espírito Santo como seu poder renovador e animador que me alimenta, me fortalece.me orienta e me consola na realização de qualquer serviço.

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É na congregação que encontramos o que nas salas de aula,nos laboratórios, nos centros de pesquisa não se encontra, asaber os meios pelos quais Deus coloca e mantém o homem noestado da graça e misericórdia. Nela Deus opera através da suapalavra e de seus sacramentos efetivamente na transformação docoração das pessoas e na orientação aos serviços de amor.

Também é nela que encontramos a mais variada sorte denecessidades humanas com seus desafios e solicitações, compostaque é, na maioria das vezes, de crianças, jovens, adultos, idosos,ricos e pobres, distribuídos em diversas culturas, sadios e doen­tes fisicamente, e porque lutam pela santificaçào de suas vidas,desgastados pelas tentações e sofrimentos que o pecado e o mun­do lhes impõem. Que espalhados em meio à sociedade atuam comoraios de influência diária nas atividades que exercem .

Já os primeiros cristãos experimentaram esta verdadequando nos deixam o registro em At 2.42-47 redigido por Lucas.Ao descrever a primeira congregação, Lucas menciona o que po­deríamos chamar os quatro pilares da vida daquela igreja: "Eperseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partirdo pão e nas orações". A doutrina dos apóstolos e o partir do pãose constituíram em seu fundamento divino que estabelecia o queLucas denomina de comunhão.

A palavra comunhão, no seu sentido original, nunca podesignificar ser ou viver passivamente. É muito mais que um convi­ver ou uma comunhão passiva com bens recebidos. Comunhão éabsolutamente ativa, é co-participação na vida congregacional ena vida da igreja. Necessariamente a congregação, estabelecidanela a comunhão, é uma agência de prestàção de serviços. quandoao mesmo tempo uma multiplicação de forças ativas em meio aomundo em que ela se insere.

Quando Dietrich Bonhoeffer trata da vida em comunhãoocupa-se em refletir sobre o serviço. Entende ele que são insepa­ráveis a salvação pela graça e o servir. Na exposição deste capí­tulo Bonhoeffer estabelece uma ordem de serviços importantes esugere como primeiro serviço mais importante para o cristão oouvir. Não se refere ao ouvir da palavra de Deus em sí, que é oóbvio, mas o escutar o próximo, dizendo que o ouvir pode ser umserviço maior do que o falar. Osegundo'serviço é, no pensamentodo mesmo autor, a solicitude prática. Este serviço ele descrevecomo se lê: "Não há serviço que fosse demasiadamente modestopara alguém. Quem alega não ter tempo a perder com a ajudaexterna tão insignificante, apenas revela que, na maioria dasvezes, dá importância excessiva a suas próprias tarefas ... Deusinterferirá em nossos caminhos e planos, colocando a nossa frente

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pessoas com suas exigências e solicitações Podemos passar porelas de largo ... a semelhança do sacerdote Quando procedemosdesta forma, passamos ao largo pelo sinal da cruz erigido demaneira visível em nosso caminho e que nos quer mostrar que éo caminho de Deus que interessa, e não o nosso." O terceirogrande serviço visto pela ótica cristã deste teólogo é o suportaras cargas uns dos outros. Neste contexto Bonhoeffer afirma: "Ooutro só será irmão quando se nos torna um fardo, ... Antes demais nada é a liberdade do outro ... que se torna um fardo aocristão. Pois a liberdade dele atenta contra a minha autonomia ...A liberdade alheia inclui tudo que entendemos sob natureza,individualidade, inclinações, inclusive as fraquezas e esquisiticesque tanto exigem nossa paciência ... Levar o fardo do outro signi­fica, no caso, suportar a realidade creacional do outro, aceitá-Iae, sofrendo-a, chegar ao ponto de alegrar-se com ela."

Cornouma congregação sempre também reúne fracos e for­tes na fé, Bonhoeffer conclui a sua reflexão sobre o serviço queestá a serviço da comunhão, recomendando: "O fraco não julgueo forte; o forte não despreze o fraco. O fraco que se guarde daarrogância; o forte que se cuide da indiferença. Nenhum delesbusque o seu próprio direito": citando as palavras de Jesus:"Quem quizer tornar-se grande entre vós. será esse o que vossirva." (Mc 10.43).

É a congragação cristã que pode, no espírito de comunhão.oferecer um embasamento de humildade e fidelidade tão indispen­sáveis para o cristão que serve. "Tende em vós o mesmo senti­mento que houve também em Cristo Jesus ... " (Fl2.5-11) é praticá­vel onde o maior serviço é prestado, a saber, o perdão dos peca­dos. Reconhecer-se o maior dentre os pecadores é um exercícioque se efetua na congregação dos cristãos, onde também se anun­cia e se recebe o perdão constantemente pela palavra e sacramen­tos.

Por isso o cristão busca a congregação e a ela se une emtorno de seu Mestre, consciente que é ali efetivamente que oSenhor quer investi-ia em seu reino.

-V - CONCLUSAO

Até aq ui verificamos a razão e o sentido do serviço cristão,sua origem, sua finalidade e com que espírito ele é praticado parasignificar uma ação de Deus no mundo. Avaliamos a congregação,sua natureza e o seu papel no desempenho do serviço do povo deDeus.

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É importante salientar que o serviço de um cristão não selimita a atividades congregacionais. Lá onde ele se encontra. ins­talado no ofício que escolheu. ele serve ou não serve ao seu Se­nhor. O valor de sua ação sempre dependerá do papel que eladesempenha em auxiliar ou dificultar a relação do indivíduo comDeus em Cristo. O serviço cristão. onde quer que seja realizado.será bom se serve para revelar Deus ao mundo e será mau seesconder Deus do homem.

Por isso. quando alguém busca uma determinada atividadena sociedade. seja a qualquer nível de responsabilidade. saiba eleque como "servo de Jesus Cristo" lhe resta só um caminho - amara Deus através do próximo. Conseqüentemente todo o cristão.independente de pertencer a um grupo organizado. ou de abraçarencargos específicos em uma congregação. pratica serviços aoSenhor se proceder como servo. Compete a ele saber se assim jáestá fazendo tudo o que dele o Senhor espera. Também se aliadoa outros cristãos não estará fazendo mais ou melhor o seu servi­ço.

O universitário cristão sabe que esta realidade o atingenecessariamente no período de formação e no assentamento desuas funções profissionais depois de habilitado. Privilegiado napreparação para urna responsabilidade social maior no mundo.buscará uma participação ativa na congregação que se avizinhade sua universidade ou de seu campo de ação.

Por sua vez. a congregação deverá oferecer também: oca­sião adeq uada para reflexões e estudos na teologia e na éticacristã em acompanhamento à formaçâo universitária: oportunida-­des de participação nas diversas comissões de serviço (evange­lismo. mordomia. açâo social); envolvimento na ação dos demaisjovens organizados em seu meio: oportunidades de serviço naárea da educação paroquial. O universitário envolvido nas ativi­dades congregacionais, e ainda acompanhado em sua formação comorientação específica espiritual, certamente reunirá condiçõespara suprir a suas necessidades e para a prática de uma diaco­nato atuante e produtivo na igreja.

Sabe-se que as dificuldades são muitas. A congregação nemsempre está preparada para assumir em toda a sua extensão oamparo e a orientação ao universitário.'Este vive um período desérios conflitos de idéias e concepções. princípios éticos e vida.Distante talvez. da família, dos amigos, é forçado a constituirnovas companhias. não raras vezes pouco recomendadas. O grupojuvenil à sua disposição na congregação é heterogêneo em idade.cultura e etnia. Aumenta assim a responsabilidade de uma con­gregação em hospedá-Io. Ao universitário urgencia-se a busca da

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comunhão com os irmãos, o nutrimento de sua fé na palavra esacramento, o aconchego aos braços de seu Pai, que o quer comoservo muito importante em seu reino.

A recomendação apostólica em 1Pe 4.7-11 é a palavra queendereçamos a este congresso na conclusão desta reflexão: "Ora,o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosose sóbrios a bem das vossas orações. Acima de tudo, porém, tendeamor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multi­dão de pecados. Sede mutuamente hospitaleiros sem murmuração.Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, comobons despenseiros da multíforme graça de Deus. Se alguém fala,fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-ona força que Deus supre, para que em todas as coisas seja Deusglorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória eo domínio pelos séculos dos séculos. Amém."

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ENFASES C{_JRRICUL.AR.ES DO,INSTITUrO CONCORDIA DE S. PAULOErní Walter Seibert

-1- INTRODUÇAO

O currículo de um Curso de Teologia tem um certo númerode exigências e disciplinas que é, ou deveria ser, comum em qual­quer lugar do mundo. Espera-se de um Curso de Teologia que eletenha boa base de estudo da Bíblia, que, a partir da EscrituraSagrada, ele formule os conteúdos doutrinários de forma siste­mática, que estude o desenvolvimento histórico tanto da doutrina,como da vida da igreja, e que. afinal, todo este conhecimento sejaaplicado de forma prática ao ser humano, para o benefício da suasalvação, e para honra e glória de Deus. Em outras palavras.podemos dizer que um Curso de Teologia deve se desenvolver nasquatro áreas clássicas que o compõem, a saber. teologia bíblica.teologia sistemática, teologia histórica e teologia prática.

Dizer, portanto, que num curso de teologia sào estudadasdisciplinas como herrnenêu tica, exegese. dogmática, história dodogma, história da igreja. homilética. teologia pastoral e JitÚrgica.não consiste, em si. em nenhuma novidade, nem em alguma grandecontribuiçào para quem conhece a estrutura básica de qualquercurso desta natureza.

Queremos, neste trabalho. falar a respeito de ênfases cur­riculares da Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdiade São Paulo, das características especias que esta escola tem edas prioridades que ela procura espelhar através de seus currí­culos.

II - UM POUCO DE HISTÓRIA

O Instituto Concórdia de são Paulo, embora fundado em1948, não servia à Igreja, desde o início, como Escola de Teologia.Durante alguns anos esteve fechado 'e foi reativado pela IgrejaEvangélica Luterana do Brasil na sua 48ª Convenção Nacional, em1982, para ser o segundo Seminário destajgreja. Na Convenção,em dos temas que mais sensibilizavam o plenário era exatamenteo que tratava do futuro da(s) Escola(s) Central(is) da IELB. Haviaseis moções sobre o assunto. Finalmente chegou-se à decisão deabrir, em são Paulo, um segundo Seminário.

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Esta escola deveria ter algumas características espeCIaIS.Foi elaborado um documento a este respeito, "O Segundo Seminá­rio da IELB", aprovado pelo então Departamento de Ensino e peloConselho Diretor da IELB, que estabelecia as diretrizes para ofuncionamento da Escola Superior de Teologia que deveria fun­cionar junto ao Instituto Concórdia de são Paulo.

Este Seminário deveria formar pastores e, ao mesmo tempo,ministros auxiliares. Tendo em vista que os ministros auxiliaresseriam, em grande parte. os próprios líderes de missões e con­gregações espalhadas pelo Brasil, estes cursos deveriam funcio­nar também na modalidade de educação teológica por extensão.

Afilosofia educacional desta escola deveria englobar os se­guintes elementos:1. Aperfeiçoamento constante da comunidade acadêmica e do pro­

cesso educacional pela aprendizagem da revelação do Senhore pela integração de conquistas da inteligência humana nosdomínios da ciência e técnica e especial nos campos da Educa­ção e da Didática;

2. Observação constante da realidade brasileira em termos deideologias, movimentos religiosos. correntes politicas. no in­tuito de elaborar entratégias de ação correspondentes;

3. Contato regular com os campos missionários por meio de está­gios e visitas. a fim de avaliar a atuação dos ministros face àrealidade que enfrentam;

4. Reciclagem constan te do processo ed ucacional a partir da rea­ção ("feed back") do "mercado de trabalho" (missões. escolase congregações que observem os formandos da escola) e dareflexão desencadeada pelos órgãos competentes da IELB.

lU - O PROJETO TOMANDO FORMA

A implantação deste projeto foi algo bastante difícil emseus primeiros passos. Apesar de boa parte das instalações físi­cas já existirem em 1982, havia dificuldades de outra ordem. Osprofessores e diretor eleitos não conheciam a nova realidadesÓcio-cultural em que vieram trabalhar. Não havia muito tempopara preparação dos cursos por parte dos professores de teolo­gia. Era necessário conviver, num mesmo ambiente. com realida-..des diversas, desde a pré-escola, até a faculdade de teologia. Abiblioteca tinha poucos recursos bibliográficos. Mas as dificulda­des foram encaradas como desafios a serem vencidos e os primei­ros resultados começaram a aparecer.

Na área de cursos foram implantados os seguintes:

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Curso de Teologia -- Este curso prepara pastores e mISSiO­nários. Confere o grau acadêmico de Bacharel em Teologia. Umacaracterística peculiar deste curso e resultante do baixo fl1velacadêmico com que se recebem boa parte dos candidatos no iniciodo mesmo. Para contornar esta dificuldade. durante dois anos silodadas disciplinas da área das ciências humanas. línguas e doutri­na crisJã, para dar um instrumental de lrabalho mais adequadopara o estudante. Atualmente estamos avalwndo o resultado desteperíodo de estudos, que chamamos de Básico de Teologia. paraver:::-e é conveniente seguir com ele. ou se não seria adequadomodificar sua eslru tu ra .

I<. lerminalidade primeira do Curso de Teologia ê formarpastores para a igreja. Para a faculdade de teologia de são Paulo,a igreja solicitou que uma elas ênfases que deveria ser dada aolongo do curso. é que o pastor fosse especialmente preparadopara a missão .

Resullante da busca de pessoa,:> com fonna,,-ao superior emteologia, mas que não precisavam ser necessariamente pastores,para trabalhar em escolas e outra::, entidades. foi elaborado UI!!currículo d e Teologia com terminalidade em ed ucaçao cristã. Adiferen,,~a principal deste currículo se encontra na:::,disciplinasda Úrea pnÜica. Este eu rrieulo já í'oi iniciado por três vocaçõesfemininas. mas alé a pre::;enle data nau rUI levado a termo pornenhuma.

Diaconias -Visto haver necessidade de lÚnnaGao de Lideresnas diver-;as áreas de trabalho das cOfli!regaí.:õeb e igIeja, foramcriados curso:::- que lecebeJiHl1 a denOllll!iCi'-,:ao{2enedCd de Urde 0­nias . .'-iaocur,so" que visafll fOrTJlar servus. auxiliares do ministe­rio da pregação. Furam implemenlados os seguintes cursos dediaconia:

1. Diaconia em Educação Cristã - Este curso está ligadodiretamente ao falo da escola de Segundo Grau formar professo­res de ensino primário. No curso de Diaconia em l::,ducação Cristaos estudantes são habilitados para ministrarem escola bíblica,darem aulas de ensino religioso em escolas. auxiliarem na instru­ção de confirmancios. darem estudos bíblicos. O currículo temênfase bíblica e didática.

2. Diaconia em Música - É um curso que teve sua ongem nanecessidade dos estudantes ao ministério terem conhecimentosbásicos da área musical. Com o tempo, desen volveu currículopróprio. Todos os estudantes residenciais, de teologia e diaconia,passam por este curso de Diaconia em Música. Ele dá ao estudantenoções básicas de teoria musical, noções de canto coral. e o ensi­na a executar um ou maIS instrumentos musicais (Órgão, violão,

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flauta doce). O diácono em música tem capacidade de liderar estesetor na sua congregação, acompanhando o culto (liturgia e hi­nos), ensaiando o coral e grupos musicais.

3. Diaconia em Evangelismo- É um curso que visa prepararpessoas para o exercício do testemunho pessoal, espontâneo eorganizado, e no testemunho organizado através da congregaçãoe, ou, entidade cristã na qual o diácono em evangelização atua.

IV - MODALIDADESDE ENSINO

Estava previsto desde a criação da Escola Superior deTeologia que os cursos não deveriam ser ministrados apenas naforma tradicional, onde o aluno se desloca para a escola e realizaresidencialmente aí sua formação. Era preciso, na igreja, apelarpara formas novas de ensino, além da forma residencial. Era pre­ciso levar a educação teológica para um grupo maior de pessoase, desta forma, aparelhar a igreja para a sua missão. Duas modali­dades foram instituídas no Instituto Concórdia de são Paulo, alémda modalidade tradicional de ensino residencial: os intensivos ea educação teológica por extensão.

Nos cursos intensivos, ministrados em fevereiro e julho.durante duas semanas, são ministradas disciplinas, onde o estu­dante vai acumulando créditos para concluir o seu currículo. Jáforam formados alguns diáconos em educação cristã desta forma.Estão participando destes cursos também estudantes de diaconiaem música, diaconia em evangelismo e estudantes de Teologia porExtensão.

AEducação Teológica por Extensão é a modalidade 'Jue maiscresce em número de alunos e que mais trabalho tI"ouxe e estátrazendo para a Escola. Cremos que taII,bém é uma modalidade queestá trazendo e trará muil~s bênçãos para a igreja e alegriaspara a escola.

A primein: dificuldade que tivemos nesta modalidade deensino foi que precisamos aprender a trabalhar com ela. Forammuitos os estudos preparatórios, as reuniões de trabalho, até quese pode lançar os cursos nesta modalidade. Alémdestas dificulda­des iniciais, esta modalidade de ensino necessita de polígrafospara todas as suas disciplinas e necessita de monitores residen­tes perto dos alunos. O Brasil é um país de dimensões continen­tais. Os monitores são os pastores da IELB, na maioria bacharéisem teologia. Não tivemos tempo nem verbas para um treinamentoadequado destes monitores, mas, com boa vontade e dedicação, ospastores estão colaborando. Os polígrafos precisavam ser escri­tos. Aos poucos está surgindo urna produção teológica básica para

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Slnlultaneamen te é de~;en \'01 vido o trabalho dos cursoslt~sHknciais. f-'araos professores. esta atividade múltipla, emboramuito grande em volume de trabalho, é uma experiência de com­plementaridade. Nos intensivos tem-se o "feed back" do campo.No residencial pode-se aprofundar a pesquIsa e trabalhar nasestruturas dos polígrafos da extensão. Na extensão tem-se umretorno que ajuda a aprimorar os cursos residenciais.

v - PROGRAMAS ESPECIAIS DE TRABALHO

1. Avaliação e acompanhamento trimestrais - Ao final dacada trimestre é realizado o Conselho de Classe em que todos o::,alunos são avaliados nos seus conhecimentos. habilidades e atitu­des. O resultado desta avaliacào é tran"mítido ao aluno em entre­vista indi vid uaI.

2. Pré-estágio - Os alunos de Teologia residencia!. Jogo de­pois de concluírem o Básico em Teologia, são encaminhados a umprograma de pré-estágio junto às congregações da Grande sãoPaulo. Neste programa. conforme o aprendizado. o aluno tem queparticipar de atividades da congregação e realizar tarefas. como.dar aula de escola bíblica. dirigir estudo bíblico. oficiar liturgiae pregar. O pastor local. a congrega<.,~ão e o professor supervisorde pré-estágio acompanham o aluno e o avaliam nesta atividade.

J. Estágio de Teologia - O estágio de Teologia é de um anodedunwão. É re;jlizadu juntoa uma congregação. missão ou insti­t uiçào da igreja. Ele. além do programa de atividades práticas.tem uma carga de leituras e trabalhos relacionados à atividade deestágio.

4. Estágio das Diaconias - É realizado nas congregações daGrande são Paulo em conformidade com a terminalidade de cadacurso.

5. Centros de Pesquisa e Treinamento Missionário - Ava­liando as atividades práticas dos estudantes residenciais. C()fl­cluiu-se que os programa:,; que eles desenvolvem nas congrega­ções ainda não os estavam preparando o suficiente para enfren­tar os desafios das atividades evangelE-;ticas. Por isto foram cria­dos estes Centros. onde todos os alunos e professores de Teologiaparticipam. Os centros têm tres ênfiises: a) Documentação e Pes­quisa Religiosa; b) I:;vangelismo f-'essoal e Congregacional: c) E­vangelismo Instituciona1. Os centros, em coordenação com umi:\congregação ou instituição. desenvolvem projetos práticos. onde

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os álunos participam de todas as fases de desenvolvimento, desdeo planejamento até a execução e avaliação final.

6. Programas especiais com estudantes em congregações edistritos - Em épocas de férias ou recessos escolares os alunossão estimulados a participar de projetos especiais na área demissão ou desenvolvimento da congregação, para que tenhammaior contato com a realidade em que futuramente irão desenvol­ver seu ministério.

7. Recrutamento - O recrutamento de alunos e futuros o­breiros é atividade contínua da escola. Os cursos foram criadospara preparar obreiros. e o trabalhos da igreja se faz através depessoas preparadas. A resposta na área de recrutamento estásendo animadora.

8. Disciplinas voltadas para a realidade social com exigên­cias acadêmicas neste nível - Em todas as disciplinas os professo­res são estimulados a desen volver exigências acadêmicas quelevem o aluno a trabalhar no contato direto com o mundo. A exi­gência acadêmica vai além da sala de aula. biblioteca e quarto deestudo. O aluno precisa contatar com a realidade em que irá tra­balhar.

9. Capelania - Este ê um programa que abrange não apenaséi Escola Superior de Teologia mas todo o Instituto Concórdia desão Paulo. Visa estender a palavra de Deus e a mensagem da sal­vação além da sala de aula nos programas de ensino religioso.Pretende-se atingir evangelisticamente a família dos alunos. Quemcoordena este programa de trabalho é o capelão da escola e parti­cipam dos programas, professores, alunos e a congregação" Ebe­nézer", que se localiza ao lado do Instituto.

,VI - AMOSTRAS DOS CURRICULOS

A seguir apresentamos as disciplinas dos currículos dosdiversos cursos oferecidos pelo Instituto Concórdia no ano de1989. Procuramos dar, em todos. a maior ênfase na teologia bíbli­ca. sem descuidar das demais áreas. Os créditos das disciplinascomuns são transferíveis de um curso para o outro. Cada créditoequivale a 12 horas-aula acrescido das tarefas extra-classe decada disciplina.

1. DIACONIAEM EVANGELlSMO

Bíblia e Doutrina: Introdução ao AT (3); Introdução ao NT (3);Doutrina L Il e III (2.2 e 3 créditos); Religiões Pagãs (2); Reli­giões Cristàs (2).

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História da Igreja: História da Igreja I, II e III (4 créditos nototal); História das Missões (2).Teoria e Prática do Evangelismo: Evangelismo Pessoal (2); Evan­gelismo em Grupo (2); Evangelismo Institucional (2); Evangelismona Congregação Cristã (2); Visita Evangelística (2); Material E­vangelístico (preparo e utilização) (2i; Campanha Evangelística(2); Dinâmica do Evangelisrno (2).Atividades práticas: 6 créditos.Leitura Programada: 4 créditos.Total: 48 créditos .

- -2. DIACONIAEM EDCCAÇ'AOCRISTA

Bíblia e Doutrina: Introdução à Bíblia 1, II e III (2 créditos cada);Princípios de Interpretação Bíblica (2): Interpretação do AT (3):Interpretação do NT (3); CateCismos de Lutero (2): Doutrina (2i:Denominações Cristãs (2).História da Igreja: História da Igreja 1, 11e III (2 créditos cada).Vida e Prática Educacional: Liderança Cristã (2); TestemunhoCristão (2); Culto Cristão (2); Didática do Ensino Religioso 1, Il eIII (2 créditos cada).Atividades Práticas: 6 créditos.Leitura Programada: 6 créditos.Total: 48 créditos.

,3. DIACONlAEM MUSICA

Parte Teórica: Cântico e Apreciação Musical (3); Teoria e Percep­ção Musical (6); Canto Congregacional (2); Culto Cristão (2); Lei­tura Programada: (2).Parte Prática: Órgão (9); C':oral(9); Instrumento Complementar (6);Regência (3); Atividades Práticas (6).Total: 48 créditos.

,4. CURSO BASlCO DE TEOLOGIA

Departamento de Religião: Introdução à Bíblia I, II e III (2 crédi­tos cada); Princípios de Interpretação Bíblica (2); Interpretaçãodo AT (3); Interpretação do NT (3); Catecismos de Lutero (2);Doutrina l, II e III (2 créditos cada); História das Religiões (3);Propedêutica Teológica (2).Departamento de Letras: Português-Gramática (3); Português­Composição (3); Fundamentos de Retórica (3); Alemão I, II e III ­optativa (2 créditos cada); Alemão Teológico I e II (2 créditos

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cada); Espanhol Teológico (2 créditos); Inglês I, II e III (7 cré­ditos no total); Inglês Teológico I e II (2 créditos cada): Grego LII e III (4 créditos cada); Leitura do NT Grego I e II (S crédItosno total); Hebraico I, II e III (4 créditos cada); Leitura do ArHebraico I e II (4 créditos); Metodologia de Estudo (2); LeituraProgramada na Literatura Brasileira (3): Leitura Programada naLiteratura Universal (3).Departamento de Cit~ncias Humanas: Históna da Cultura Antiga(3); História da Cultura Medieval (2); História da Cultura Moderna(3); cultura Brasileira (2 I; Cultura Latino-Americana (2 li Históriada Filosofia (3); Introdução à Lógica (3); Psicologia e Aconselha­mento (2); Sociologia (2).

5. BACHARELADOEr-.f TEOLOGIA

Departamento de Teologia Exegética: Hermeneut1ca ti1blica (3):Crítica Textual (1): Mundo do AI' (3); lsagoge do AI' 1 e 11 (3 cré­ditos cada); Exegese do AT I e II (J crediLos cada); Mundo do l'-.J'I(J): Isagoge do NT 1 e Il (J créditos cada): Exegese do NT 1 e II(J crédito;:; cada): uma di;:;ciplina optativa de exegese bíblica tJ).Departamento de Teologia Sistemática: IJogmática 1, II e lU (lUcréditos); Confissões Luteranas 1 e 11 (4 e J creditos); SimbolicaComparativa (3): Ética Teol6gica (3): Estudos na leologia de Lute­1'0 (3).Departamento de Teologia HIstórica: Historia da Igleja An tiga (..:.I:HistÓria da Igreja Medieval (j): HistÓria da Reforma (3): HistÓriada Igreja Moderna e Con temponinea (J); HistÓria das MissÔes (J);História da LC-MS e da IELB (2); História da Igreja na AméricaLatina (3); Teologia Pat1'ística (J).Departamento de Teologia Prática: Administração Paroquial (J):Homilética r, II e lLI (4. 3 e 2 créditos); LÜÚIgica (4); Canto l'0[1­gregacional (2); Educação Cristã 1 e LI (3 e .2 créditos): Acunse­lhamento Pastoral (3); Teologia Pastoral (4); l\1issiologia 1 e Jl (Je 2 créditos).Disciplinas Optativas: 2S créditos.Atividades Práticas: 6 créditos.Estágio: 18 créditos.Leitura Programada para exame final de 17eologia: 3 créc1iLos.Total: 286 créditos.

6. CURSO DE TEOLOGIA POR EXTENSAO

Departamento de Teologia Exegética: lnt1'oduç:ao ao AI' (3): InLro­dução ao NT (3); Princípios de Interpretação Bíblica (2): Inter-

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pretaçào de um Evangelho e Gênesis (4); Interpretação de Efésiose Salmos (4); Interpretação de Gálatas e Isaias (4); Isagoge (sele­cionada A1' e N1') (4); Hermenêutica (3); Exegese (3).Departamento de Teologia Sistemática: Doutrina I, II e III (2 cré­ditos cada); Catecismos de Lutero (2); Confissào de Augsburgo eApologia (4); Artigos de Esmalcalde e Fórmula de Concórdia (3):DogmáticaI, II eIlI (3, 4e 4).Departamento de Teologia Histórica: História da Igreja Antiga eMedieval (4); História da Reforma (4); História da Igreja Modernae Contemporânea (3); Religiões Pagãs (3); Simbólica (3); Históriada Igreja na América Latina e IELB (J).Departamento de Teologia prática: Educaçào Cristà I e II (3 e 2);Evangelismo (2); Missiologia (3); Homilética I e 11 (4 e 2); CultoCristào (2); Litúrgica (2); Teologia Pastoral 1 e Il (2 e 4); Admi­nistraçào Paroquial (2); Serviço Sodal (2) .Leitura Programada: 8 créditos .Estágio: 6 créditos.Total: 120 créditos.

VII - CONCL U SAO

A preparaçào adequada de obreiros para os desafios destefinal de século é uma tarefa que exige muito da igreja. Sólidaformação firmada na palavra de Deus, adequado conhecimento darealidade, amor ao Salvador Jesus e ao próximo, treinamento deforma a desenvolver as habilidades necessárias para a pregaç,ãoao homem atual são parâmetros que devem ser observados naed ucaçào teológica.

Seria a formaçào tradicional, apenas realizada dentro dosseminários, suficiente para nosso tempo? Cornotemperar firmezade doutrina com abertura para novas experiências? Estas ques­tões sào discutidas não apenas em nossas igrejas. são questõesque o nosso tempo está nos trazendo. Devemos respondê-Ias. QueDeus Espírito Santo nos ilumine para darmos as respostas maisadequadas, de forma que a palavra de salvaçào chega a todos oscoraçoes.

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A VIDA DEVOCIONALDO PASTOR LUI'ERANO

George R. KrausTradução e Complementação

do Prof. Rau! Blum

I - O MINISTÉRIO LUTERANO E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

o tema da dissertação que me foi designado é tl A Vida De­vocional Pessoal do Pastor". Isto é assunto, tópico, e necessidadeministerial muito caros ao meu coração e cruciais para a vida danossa igreja. Em trinta anos de ministério, a experiência me temensinado a terrível necessidade de uma dieta espiritual regular,diária, balanceada, caso eu procure ser uma ovelha madura, sau­dável, que está em processo de crescimento no Seu rebanho. Esteassunto não é opcional para um pastor luterano, da mesma manei­ra como não é possível eliminar uma nutrição adequada para onosso corpo. Uma vida devocional privada, em profundidade é ofundamento para um ministério público bem-sucedido (Uso o ter­mobem-sucedido do ponto-de-vista de Deus, não do mundo). Poisum última análise, nosso ministério público refletirá a vida de fépessoal que possuímos. O que há em nosso relacionamento espiri­tual com Cristo, refletirá em nosso ministério; lembre, o discípulonão está acima de seu mestre. Nosso Senhor estava completamenteenvolvido com a palavra e oração! Podemos fazer menos?

Nós - como seus pastores - sempre corremos o perigo delidar as coisas sagradas com mãos e corações insensíveis. Vistoque o ministério é nosso ofício, nossa profissão, nos deparamoscom o perigo de fazer nosso ministério lugar-comum. Corno filhosda Reforma condenamos o uso do ex opere operato nos meios dagraça. Deus deseja que seus filhos respondam com fé, amor, com­promisso ao seu gracioso convite. Jesus disse" Se vós permane­cerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos"(Jo 8.31). Ele não somente exigiu que fôssemos fiéis aos ensinosque nos revelou, mas também ordenou que hos envolvêssemos comsua palavra numa base regular.

A ocupação diária do ministério pode facilmente interferircom nossa vida devocional. Podemos achar e acabamos achandotantas coisas que exigem nosso tempo. Nós levantamos, barbeamo­nos, comemos e apressamo-nos ao trabalho de conduzir o ofício doministério. Como é fácil tornar-se igual ao presidente da indús-

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tria local. Vamos ao nosso trabalho e achamo-nos imersos numapletora de cartas a escrever, chamados telefônicos a responder,decisões afazer, reuniões a programar e assim por diante! Pode­mos ficar tão atarefados, que falhamos em reparar que não inicia­mos Seu dia com palavra e oração.

As noites não são melhores. Com encontros a atender, cha­madas a fazer, o tempo deixa pouco espaço para o estudo de Suapalavra ou ocasião para lutar com nosso Senhor em oração. Quan­do nosso pastor cansado chega de seu trabalho às 09h30min oulOh da noite, ele não está em condições para um estudo intensivo.Televisão, a página de esporte, conversação com a família parecemais apropriada e relaxante.

Eu creio que muitos dos nossos irmãos no ministério sofremdum "mal-estar-pastoral", uma aflição marcada por uma perguntadistinta de fogo para suas tarefas prescritas. De certa forma o"primeiro amor" parece que foi perdido. Nós o experimentamos emnós mesmos e encontramos homens que arrastam pelo seu ministé­rio com um senso determinado de obrigação em vez de um expec­tante e esperançoso senso de antecipação. Esta atitude podeproduzir um ministério ineficiente, infeliz, incompleto. Nenhum denós deseja passar este tipo de vida. Muitos procuram achar satis­fação transferindo-se de uma paróquia a outra, achando trabalhofora da congregação. Quantos dos irmãos sustentam o pastoradoem paróquias que estão morrendo e desejam estar em outro lu­gar? Nossos corações devem ir a eles. Necessitamos recapturar oexcitamento, a alegria, as expectativas do santo ministério deDeus. Não é o lugar onde estamos; é o que e quem somos!

Nosso ministério deveria ser novo, criativo, prazeirosocomo nenhuma outra vocação no mundo. O ministério em Cristonão é um aborrecimento, um obstáculo, um fardo temível, umaprofissão frustada. É o chamado maior e mais satisfatório queDeus colocou no seu mundo. Temos o privilégio de chamar homensao Cristo crucificado e ressurreto. Nossas atitudes e desempenhodiários devem refletir aquela gloriosa criação do nosso Salvador,o santo ministério.

Estou com cinqüenta e nove anos de idade e pela graça deDeus tenho servido trinta e quatro anos no seu ministério. SobSeu pastoreio tenho sido privilegiado de servir em missões delíngua espanhola, missões de surdos, uma congregação na verda­deira periferia do gueto, um escritório de missão suburbana eagora uma congregação igreja-escola. Conheci meus momentos dedepressão, desencorajamento, de alegria e esperança em todoseles. Pelos momentos sombrios de meu ministério não tenho nin­guém para culpar senão a mim mesmo, e para estes preciso arre-

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pender~me diante de meu Senhor e clamar pelo Seu perdão. Pelostempos de alegria e esperança dou graças a Ele somente, pois Eleé o único I'esponsável por qualquer satisfação que tenha conhe­cido.

Mas agora, estou certo, muitos de vocês estão perguntando:"Por que ele gasta tanto tempo em ministério e atitudes? Ele nãovai falar sobre a vida devocional do pastor?" É uma perguntalegítima. Mas minha resposta é clara. A vida devocional está apon­tada para nossas atitudes, nossa fé, nosso ministério, nosso de­sempenho diário como profetas e povo de Deus, Dar uma boa erigorosa olhada para as nossas necessidades faz nossa vida de­vocional significativa e frutificante! O propósito da vida devocio­nal do pastor é fazê-Io mais habilitado para servidão e fidelidade.Atender a leituras bíblicas e orações não é um exercício acadêmi­co; não temos como objetivo o simples crescimento no con hecimen­to teológico. Temos como objetivo crescer no ~spírito e no 1';spíri­to! Este processo de crescer na graça dura toda a nossa vida. eEle está no fim disso.

Gostaria de listar algumas "observações" - que são tãoantigas quanto a igreja em si - que tenho feito em minha própriavida, observações estas que gostaria de compartilhA.r com vocês.meus irmãos em Cristo, para nossa edificação mútua nas coisas deDeus. Temos um ministério glorioso: ouçam são Paulo: "Quão for­mosos são os pés dos que anunciam cousas boas!" (Rm 10.15) Deussabe, precisamos refletir desesperadamente esta "formosura" emnossas vidas!

-II - PRIMEIRA OBSERV AÇAO: DISCIPLINA

Muitos de nós somos pais de acordo com a carne. A palavra"disciplina" é parte de nosso vocabulário, queiramos ou não. Nãopodemos criar filhos convenientemente sem disciplina. O profes­sor na classe, o treinador no campo de fu te boi. o pai na família.o pastor na congregação precisa empregar disciplina ou aflui ocaos, a ignorância.

A vida indisciplinada é verdadeiramente um perigo real aoministério. O pastor não tem relógio de ponto. nem supervisor.nem horário de produção. Ele é seu própriç chefe, muitas vezespara o pior. Ele pode dormir tarde, parar de trabalhar mais cedoe geralmente "matar o ten1pC)'l corn alguns amigos~ I'-Jã<..'iSOiHOS tc;dosculpaàos disto nalguma oc~tsiãc? lvleSDlO o fato que ternos u.rn es-­critório na casa paroq uial pode ser urrE prejuízo ao ministéric! edisciplina. l-\ distância de li uinze passos que separa a mesa dacozinha até a escri"\raninha pode ser UTIl grande obstáculo~ nào

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uma ajuda. Satanás sempre está pronto para nos oferecer descul­pas para uma vida indisciplinada. Acima de tudo, temos homenslivres no Evangelho; disciplina cheira a legalismo, rigidez, autori­tarismo!

Salomão nos lembra: "Vai ter com a formiga, 6 preguiçoso,considera os seus caminhos, e sê sábio. Não tendo ela chefe, nemoficial, nem comandante, no estio prepara o seu pão, na segaajunta o seu mantimento" (Pv 6.6-8). Deus nos admoesta à vidadisciplinada. Disciplina significa tomar-nos a nós mesmos pelocangote do nosso pescoço e pelos fundilhos das nossas calças ecolocar-nos a nós mesmos às tarefas, às obrigações que Cristocolocou diante de nós. Isto se aplica a nossa vida devocionalpessoal e às tarefas gerais do ministério público. Racionalizaçãoé nosso inimigo mortal; precisamos amputá-Ia como um crescimen­to cancerígeno em nossa alma, pois ela pode destruir nosso minis­tério, ela pode danificar nossa fé verdadeira. Tempo é um dosmais preciosos dons de Deus. Como o gastamos? Ninguém podechamar de volta um dia, uma hora, um mês desperdiçado. Uma vezque passou, passou para sempre! Tempo não é uma utilidade ilimi­tada; somos abençoados como uma quantia justa e então nossoSenhor nos chama mais perto de sua presença. Podemos prestarcontas pelo nosso uso de Seu dom do tempo?

Viver pelo relógio não é símbolo de uma pessoa compulsiva,legalista, não criativa, destituída de imaginação. É o marco doexecutante, do praticante, do ansioso, do animado servo do reino.É o sinal do mordamo fiel de cristo procurando ganhar o máximode cada hora, cada dia. Estabelecer alvos e períodos de tempopara você mesmo não é nenhuma perda de esforço. O Pregadornos exorta: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o confor­me as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra,nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma". (Ec9.10). Paulo prossegue com a advertência divina: "Portanto, vedeprudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sá­bios, remindo o tempo, porque os dias são maus" (Ef 5.16,17).Toma conta da tua vida, do teu ministério, dos teus dias; é a von­tade de Deus. É a porta de uma vida satisfatória de serviço.

-lU - SEGUNDA OBSERV AÇAO: ESTUDO

Sustentamos sermos a igreja da Palavra de Deus em suaplenitude e da doutrina pura de Lutero -- qUe assim seja! Toda­via, estamos cientes que uma profissão de fé formal e acadêmicapode ser uma bela vestimenta externa cobrindo uma alma emacia­da. A excelência de nosso treinamento teológico não é garantia

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paTa a excelência de nossa fé pessoal. A Palavra de Deus não ésemelhante a uma vacinação contra a descrenca. o maL Ela não émágica. É a comunicação dinâmica e viva do desejo e poder deDeus para nossa vida diária. Ela - qual vitaminas - é intencionadapara uso diário. A memorização do sexto mandamento em nossaclasse de confirmandos não é uma barreira garantida contra ocometimento de adultério dez anos depois.

Não há segredo. Todos ficamos preguiçosos e confusos emmuitas das doutrinas da nossa fé. Não creio que sejamos estúpi­dos, desatentos ou que tentemos diabolicamente subverter a "sãdoutrina"; mas creio que simplesmente nos esquecemos. Não temossido os estudantes que deveríamos ser. Tentamos repousar sobreos "louros" de nosso seminário: oscilamos e vamos adiante semesforço, e simplesmente não queremos produzir. Irmãos, nós nosmutilamos a nós mesmos - nossas pessoas e nosso ministério - semum firme regime alimentar da maravilhosa palavra de Deus! Re­cordem esta tocante coleta pela Palavra de nossa própria liturgia:

Bendito Salvador, que mandaste escrever toda aEscritura Sagrada para o nosso ensino, concede queouçamos a aprendamos a tua santa palavra de talmaneira, que pela paciência e consolação da mesmaabracemos e sempre guardemos a bendita esperançada vida eterna, que tu nos deste por meio de nossoSalvador Jesus Cristo, que vive e reina contigo ecom o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos semfim. (TLH p.14 - tradução cL Liturgia Luterana,v. I, p. 8)

Não deveria ser esta nossa oração diária? Prestem atenção a sãoPaulo: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,a fim de que o homem seja perfeito e perfeitamente habilitadopara toda boa obra" (2Tm 3.16,17).

Umadas razões para meu próprio pequeno volume publica­do pela Concordia Publishing House -- By Word And Prayer -- foimeu próprio sentimento de necessidade por um plano profundo deestudo da Escritura. Muito do material devocional para pastoresestá baseado em fragmentos ou porções da Escritura. Nenhumpastor luterano pode ser fiel ao seu chamado se ele negligenciao estudo diário, regular. profundo da palavra de Deus.

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- ,IV - TERCEIRA OBSERV AÇAO: O LIVRO DE CONCORDIA

As Confíssões Luteranas não são usualmente consideradascomo parte da vida devocional do pastor. Mas talvez necessitemosredefinir a palavra" devocional". Em nossa vida devocional nãoprocuramos a escolha entre o crescimento espiritual ou o cresci­mento intelectual. Esperamos que nossos pastores façam ambos.Somos urna igreja dos meios da graça, nossa fé e compreensãodela cresce pelo uso dos meios, não por comunicação direta como Espírito Santo. nem mesmo por luta com Deus em oração. Emnossa era ecumênica está na moda "atenuar" aqueles ensinosbíblicos singulares de nossa tradição: pois muitos sentem quenosso futuro está com "cada um que ama Jesus".

O que nos faz luteranos não é ir relevante para nossas de­voções diárias. Nossa resposta de fé é sempre baseada em even­tos bíblicos e ensinos. Cada tradição da cristandade reivindica aBíblia como sua base. Os batistas, também, confessam o batismocomo parte essencial da mensagem cristã. Mas o entendimentodeles sobre o batismo e o nosso são claramente diferentes. Anorma normata (As Confissões - a regra que foi decretada) juntocom a nonnan normans (As Escrituras - a regra preponderante)apresentam aos nossos COTaçõese mentes as águas claras, puras.refrescantes da Fonte de Israel! O pastor consagrado irá absor­ver-se a si mesmo em amhos os livros de uma maneira consistentee contínua.

Em nosso uso diário do Livro de Concórdia estou certo deque 'Tocê achará - como eu fiz - um profundo conhecimento dasEscrituras e um estímulo nas magnificientes tradições da nossaigreja. Nas classes do seminário li as Confissões porque tinha quefazer; hoje, você não pode me induzir a parar. Nossa confissãonão é um museu teológico, mas uma expressão viva, dinâmica dapalavra de Deus e testamento para os nossos dias. Em conclusãoa esta observação gostaria de concluir com o frontispício do Livrode Concórdia:

,CONCORDIAConfissão cristã. reiterada e unânime da doutrina efé dos abaixo mencionados eleitores, príncipes e or­dens da Confissão de Augsburgo e de seus teólogos.Com declaração apensa, solidamente fundamentadana palavra de Deus como a única norma, de algunsartigos em que surgiu discussão e conflito depois dabem-aventurada morte do Dr. Martinho Lutero. Im­pressas por unânime acordo e ordem dos eleitores,

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príncipes e ordens antes referidas, para ensino eadmoestação de seus territórios, igrejas, escolas edescendentes. 1580.

Que eu possa eu ser suficientemente corajoso para concordar comesta posição subscrevendo-a com um jubilante "Amém!"

- -V - QUARTA OBSERVAÇAO: ORAÇAO

o que significa esta expressão muito usada que afirma que"a oração é a respiração diária do cristão?" É fácil conseguir umarápida concordância a esta aíirmação. Mas aqui é onde outro ve­lho clichê se aplica: Pratique o que você mesmo prega! Oração éaquele privilégio maravilhoso, extraordinário que Deus dá aos seuredimidos - falar com Ele! Ninguém de nós é ingênuo; Deus nãodeixará de existir caso nós falharmos em orar. Nossa deficiênciaem viver uma vida de oração ferirá a nós, não a Deus.

Deus e nossa igreja desejam um ministério imerso na ora­ção. Não se pode achar exemplo mais admirável de um homem redi­mido em oração do que aquele de Jacó em Jaboque: Jacó ficou só;"e lutava com ele um homem, até ao romper do dia ... Disse este:Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixareiir, se não me abençoares" (Gn 32.24,26). Irmãos, mais Jacós eJaboques são necessários. Lutar com Deus em oração não é umatarefa pequena, mera pró-forma. Todo estudante de seminárioouviu sobre as duas horas diárias de oração de Martinho Lutero.Podem muitos de nós procurar conseguir mais do que dez minu­tos? Eu gostaria de poder informar-Ihes que vocês estivessemouvindo um mestre de oração; mas estou amedrontado, precisoestender minha mão trêmula a sua mão trêmula e perguntar quietae temerosamente, "O que fazer? Ele espera ouvir nossas orações."

Este comentário não tem intenção de ser uma discussãodoutrinária sobre oração. Pretende lembrar os irmãos da suaessência natural ao ministério. A admoestação de Jesus é sufici­entemente clara: "Nada tendes, porque não pedis" (oração). "Nãorecebeis, porque pedis mal" (diretriz escriturística) (Tg 4.2). Épossível que não oremos o suficiente, e, talvez até oremos porcoisas erradas?

Creio que cada pastor precisa começar seu dia com oração.Pense sobre todas as responsabilidades que repousam sobre vocêneste santo ofício. Você é homem de Deus, seu porta-voz. seuembaixador. Você sepulta os mortos. conforta os sobreviventes.

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ora com os doentes. pastoreia os perturbados. consola os deses­perados, ama os que não são amados, convida o pecador. Comopodemos ter a ousadia de fazer estas coisas sem uma mão na Sua?Não existe atividade na paróquia mais premente que aquela horade oração no início do dia. Simplesmente temos que começar atarefa diária do ministério pela palavra e oração.

Emmeu livro sobre a vida devocional do pastor tenho lugartanto para oração formal, impressa como para a oração ex corde.Usamos ambas. A oração formal preparada previne o homem deDeus de entrar por trilhos batidos ou mesmo de ser tomado poralguma necessidade séria que tenha enfraquecido seu ministério.A oração preparada abre perspectivas e necessidades que elejamais possa ter considerado. A oração ex corde permite e enco­raja o homem de Deus trazer aquelas petições e agradecimentosespeciais ao trono da graça. No meu livro By Word and Prayercolei um envelope de biblioteca na capa trazeira. Nele guardo umcartão de índice listando pessoas e eventos para os quais oro. Alista muda, como você pode imaginar. Terminemos este comentáriocom a ordem de Paulo: "Orai sem cessar" (lTs 5.17). Mas é precisocomeçar!

- -VI - QUINTAOBSERVAÇAO:MEDITAÇAO

Davi nos encoraja: "As palavras dos meus lábios e o medi­tar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor,rocha minha e redentor meu!" (SI 19.14). A meditação não foi des­coberta pelos proponentes da Meditação Transcendental. O povode Deus tem meditado na sua Palavra, suas promessas, suas re­velações desde tempos imemoriais. Meditação é a arte de "rumi­nar", ponderar, refletir, olhar para, de cada ângulo. Quando umexperimentador de vinho prova um vinho fino ele não o engolenum só gole. Ele saboreia cada bocadinho, revolve-o na língua,cheira seu buquê. Nossa cultura não está aparelhada para a medi­tação; talvez seja por causa disso que a prática religiosa orientalda Meditação Transcendental tenha-se tornado tão popular emnossa terra. Podemos e devemos recapturar a arte da meditaçãocristã. Deus sabe do que necessitamos em nossa cultura apressa­da e assolada.

Nosso hinário é um bom lugar para começar. Em By Wordand Prayer é fornecida uma listagem diária de hinos para nossameditação e oração. Na verdade. alguns hinos são exatamente ora­ções, enquanto outros são mais apropriados para meditação. Comoexemplo, veja a quinta estrofe de "Ali My Heart This NightRejoices" (TLH):

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If our blessed Lord and MakerHated men, Would He thenBe of flesh partaker?If He in our woe delighted,Would He bear All the careof our race benighted?

Aqui o cantor reflete sobre uma questão teológica: Deusodeia o pecador? Encontrei nos hinos excelentes professores eguias para a arte da meditação.

Considerem bem, irmãos, nosso desenvolvimento espiritualnesta quase ignorada área de nossa vida devocional. Encorajo-lhee urje-lhe retomar a prática de Davi. Não somente você, mas tam­bém o seu povo, o rebanho sobre o qual o Espírito Santo o colo­cou como um pastor, terão proveito disso. Podemos concordar como amável salmista de Israel: "O que o meu coração teme é a tuapalavra. Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandesdespojos" (SI 119.161,162).

-VII - SEXTAOBSERVAÇAO:GRANDESEXPECTATIVAS

Lembro e gosto do título de william Carey para o seu gran­de sermão missionário: "Desafie Grandes Coisas para Deus; EspereGrandes Coisas de Deus!" Somos pequenos desafiadores e peque­nos expectadores? As promessas de Deus não são vazias. Vocêdeve desafiar grandes coisas para Deus e esperar grandes coisasdele. Ele não nos desaponta. Agora ouve isto, eu digo: "Alegrai­vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos" (Fp 4.4).Comece com a satisfação da vida devocional da palavra e oração.Creia-me, você fará novas descobertas cada dia. Aquela horasilenciosa com Deus não é apática, paralizante, monótona. É amelhor parte de todo dia!

Espere beneficiar-se, crescer, amadurecer, descobrir. Aspromessas de Deus não são palavras vazias: "Habite ricamente emvós a palavra de cristo (Cl 3.16). Quando nos imergimos a nósmesmos e nosso ministério em Sua Palavra e oração, começamos aadquirir a plena estatura de Cristo, nosso grande pioneiro. So­mente quando nos alimentamos da sua palavra tornamo-nos opequeno Cristo que ele quer que sejamos para nossos companhei­ros. Deus deseja produzir sucesso em nosso ministério e comnosso ministério. Ele não nos chamou para Seu ministério parasermos fracassados. Gosto muito das palavras de Paulo em Roma­nos 8. Elas se aplicam a nossa vida pessoal, nosso ministério, naalegria ou na tristeza: "Em todas estas cousas, porém, somos mais

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que vencedores, por meio daquele que nos amou". Fica entãosomente, irmãos, o pedido com vocês de iniciarem ou continuaremem sua vida devocional; como dissemos antes, é toda sua vida eEle está no fim dela.

, -VIII - SUBSIDIOS PARA A DEVOÇAO

Foi pedido que eu fizesse uma lista para esta conferênciade subsídios que podem ser usados em nossas devoções particu­lares. Os primeiros três são óbvios: As Escrituras, o Livro deConcórdia, o Hinário. Estes formam a base para uma vida devocio­nal diária. É claro, você gostaria de ter um livro de oração oudiversos deles para acrescentar nesta parte da sua devoção.Sugeriria aquele que preparei, By Word and Prayer. Outros tam­bém são úteis: Minister's Prayer Book de John W. Doberstein(Fortress Press) é minha segunda escolha pessoal. The DailyOfficede Herbert Lindemann (Concordia Publishing House) é paraaqueles de inclinação mais litúrgica. Noentanto, eu o achei exces­sivamente fraco na Escritura e não contém qualquer estudo con­fessional. É preciso suplementar com leituras programadas. Cer­tamente existem outros livros de oração, porém muitos deles, sãopouco adequados para o ministério luterano. Um teólogo anglica­no, John Bailie, tem um livro de oração refinado tA Disry of Pri­vate Prayer - Charles Scribner), mas é um livro só de orações.Entendo que o pedido que me foi feito certamente era para queeu fizesse uma longa lista de livros da qual as pessoas pudessemescolher algum (ou alguns) para sua vida devocional. Simples­mente não achei uma tal lista extensiva e encontrei pouco mate­rial. Além disso, as observações que fiz neste trabalho são o lu­gar propício para começar. Atrevo-me a repetir a mim mesmo: umavida devocional diária regular não é uma opção pra o pastor lute­rano. É a necessidade mais terrível para ele. Não vejo como elepode ministrar sem ela. Os materiais ele deve usar são aquelesque, em última análise, melhor se ajustam a ele.

IX - UM PACTO DE CRESCIMENTO

Compartilho agora com você o desejo de meu próprio cora­ção. Você e eu compartilhamos juntos este grande ministério dareconciliação. Suas responsabilidades, suas alegrias, seus desa­fios, seus fracassos pertencem a nós todos. Você e eu não estamossozinhos; pertencemos a "comunhão dos justos". Nossos alvos,nossas esperanças, nossos sentimentos são compartilhados por ume por todos. Que lugar melhor do que aqui! Que tempo melhor do

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que agora! Que homens melhores do que vocês! Você quer assumircompromisso comigo, com todos nós, para uma vida devocionaldiária em palavra e oração? Que sentimento glorioso saber ~uecada dia meus irmãos que se encontram nos mais diferentes destepaís vão fundo na Palavra e levantam seus corações -- comigo -­em oração ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Que ministériopodemos esperar deste tipo de vida!

Anexo adicionei uma folha com um pacto simples. Gostariade pedir aos irmãos que assumissem compromisso comigo e assi­nassem seus nomes nesta promessa. Gostaria que esta folha re­tornasse a mim. É um alvo meu compartilhar com todos nossosirmãos no ministério este pacto de crescimento - em palavra eoraçao.

O tempo chegou ao fim. Foi um privilégio e alegria abrirmeu coração a vocês e compartilhar com vocês a única coisa ne­cessária. As palavras finais apropriadas encontramos em 2 Pe3.18: "Antes, crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhore Salvador Jesus cristo. A ele seja a glória, tanto agora como nodia eterno." Amém.

Pacto de Crescimento: Eu, pelo presente, assumo um compromissocom meus irmãos no santo ministério para crescer na graça e noconhecimento de meu Senhor Jesus cristo através de uma vidadevocional diária e regular centralizada na Sua Palavra e naoraçao.

x - O PASTORE A SUA VIDADEVOCIONALPARTICULARl

Caso não seja possível ter um programa regular diário comesquema próprio, o pastor no mínimo deveria fazer do preparo dosermão e dos estudos bíblicos da semana (que serão apresentadosà congregação) a sua meditação e devoção particulares.

Sugestão: nos dias em que o pastor estiver preparandosermão ou estudo bíblico, que faça deste preparo sua devoçãoparticular. Nos outros dias ele pode usar algum outro programade estudos devocionais. No entanto, a leitura seqüencial da Bíblianão deveria ser deixada de lado. Acho que um bom programa deleitura seq üencial da Bíblia (começando -no Gênesis e terminandono Apocalipse) é fazer da Bíblia o livro de cabeceira a fim derealmente se cumprir este programa. Com a leitura e meditação deum pequeno trecho bíblico cada noite (no máximo um capítulo) euma oração pode-se ter um belo encerramento de cada dia que o

1 Nota do editor: A parte que segue é complementação do Prof. Raul Blum.

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Senhor nos deu e ainda a garantia de que vamos ler a Bíblia todade tempos em tempos.

,XI - O PASTOR E A SUA VIDA DEVOCIONAL COM A FAMILIA

A família pastoral sempre será alvo de observações e daatenção da parte de membros e estranhos à congregação. No en­tanto, sem pretender insinuar uma "perfeição" para a sua família,o pastor, não poderá fugir da sua responsabilidade de bispo dafamília "que governe bem a sua própria casa, criando os filhossob disciplina, com todo respeito (pois se alguém não sabe gover­nar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus '7) " (1 Tm 3.4­5 ).

É importante que a devoção familiar realmente aconteça nafamília pastoral. Esta devoção também precisa ser um momento dealegria e comunhão. Para que isto aconteça tenho algumas suges­tões:

1. Horário adequado. Anoite talvez não seja o melhor horá­rio para o pastor. Várias vezes a devoção falhou na minha casaquando insistia no horário noturno. Muitas atividades pastorais,especialmente visitas e estudos bíblicos, acontecem à noite e emhorários diversificados. O horário do meio dia, após o almoço ê opreferido em minha casa há anos, inclusive agora na minha ativi­dade de professor. Mas, é claro, cada um precisa encontrar o seumelhor horário. No entanto. um horário fixo é o que melhor vaiajudar para que a devoção familiar aconteça diariamente. (Nota:Nem sempre todos os familiares poderão estar no horário estabe­lecido. Isto não é motivo para suspensão da devoção. Com satisfa­ção vejo meus filhos de dez e oito anos fazerem devoção sozinhosquando minha esposa e eu não estamos em casa. E isto começou aacontecer sem que nós os tivéssemos lembrado que deveriamfazer a devoção sozinhos. Chegado o horário, o natural para ascrianças foi tomarem providência de fazerem a devoção.)

2. Conteúdo adequado. Onde há filhos sempre há um que éo menor, e este também precisa participar da devoção. Antes daidade escolar, a criança pode assimilar histórias bíblicas simples.A partir da idade escolar, um livro ótimo é Horínhas com Deus eoutro é Desde a Infância. Parece-me que o Castelo Forte pode serusado com crianças após os dez anos de idade .

3. Canto. O canto é uma das melhores expressões de louvor.O ritmo traz vida, a melodia traz beleza, o texto encerra ensina­mentos e doutrinas. Ao mesmo tempo, o canto une a família em

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comunhão com Deus e consigo mesma. O canto de hinos é um ótimoingrediente para o momento devocional familiar.

4. Oração. A oração é o dom que Deus nos concedeu parafalarmos com ele. É necessário deixar também as crianças orarem,na medida das suas capacidades; seja orações escritas ou livres.

5. Liturgia para a devoção familiar. Uma ordem litúrgicapara a devoção é muito útil. Na verdade a ordem traz variação epode contextualizar a devoção dentro do ano eclesiástico. Fiqueiimpressionado com a declaração espontânea de meu filho de oitoanos quando disse: "Pai, muito melhor fazer devoção assim!" refe­rindo-se a uma ordem litúrgica que eu havia criado para momen­tos devocionais.

-XII - O PASTORE A SUA VIDADEVOCIONALCOMA CONGREGAÇAO

1. Os cultos. Nào cabe neste trabalho extendermo-nosquanto ao culto em si. Evidentemente o culto é o ponto alto dopastor em sua vida devocional com a congregação. Por isso, todoo culto precisa ser bem preparado e não só o sermão. Os hinosprecisam ser cuidadosamente escolhidos a flm de refletirem otema do dia e o conteúdo da época eclesiástica. As orações preci­sam ser bem escritas para não haver indecisões e tensões desa­gradáveis. As leituras precisam ser treinadas para não havertropeços quando forem apresentadas. Na nossa era da televisão.onde os noticiários são transmitidos com uma leitura fluente, nósnão podemos nos dar ao direito de gaguejar numa leitura bíblica.O povo não está acostumado a isto.

2. Os estudos bíblicos. Um estudo bíblico pode ser beminformal, especialmente se for em grupo. No entanto, um momentoformal (como, por exemplo, "A Oração da Noite", usada em algunsmeios cristàos) pode trazer enriq uecimento para o estudo bíblico.

3. As reuniões. Reuniões de diretoria ou de grupos detrabalho muitas vezes têm um momento devocional bem pobre oudesprezado. As formas litúrgicas denominadas" As Horas de Ora­ção" podem ser um auxílio para que se façam das reuniões umaoportunidade do pastor e dos membros líderes terem um brevemomento de comunhão e edificação espiritual, o que fará com queos trabalhos que se têm em mente para realizar sejam colocadoscom mais ênfase dentro da perspectiva de Deus.

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-XIII - CONCL U SAO

Sou grato tanto aos estudantes do DÍTetório AcadêmicoConcÓrdia (DAC), do Instituto Concórdia de São Paulo, como aosestudantes do Diretório Acadêmico Martínho Lutero (DAMAL),doSeminário Concórdia de são Leopoldo. Vocês me deram a oportuni­dade de refletir sobre a minha própria vida devocional quandopastor de paróquia e agora como professor do ICSP.

Que esta reflexão sobre a vida devocional do pastor possaservÍl'-lhes para um melhor desempenho das suas funções comoservos de Cristo e exemplos de uma vida devocional perante osmembros de suas congregações.

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