evora cidade educadora 8

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Évora, 25 de Outubro de 2012 Newsletter Ano1 Nº8 Foto: Carlos Neves Empresas e cidade: construções mútuas “O papel das empresas na construção de Évora, cidade educadora” é o tema em debate neste oitavo encontro do ciclo “Habitar a cidade. Construir espaço público” em curso durante este ano de 2012. São convidados para reflectir conjuntamente e em público empresários, académicos e outros cidadãos interessados. A moderação e condução da sessão está a cargo de Maria Manuel Serrano, Doutora em Sociolo- gia Económica e das Organizações pelo Institu- to Superior de Economia e Gestão/ Universidade Técnica de Lisboa (ISEG/UTL) docente e Diretora da licenciatura em Sociolo- gia na Universidade de Évora. É ainda investi- gadora e autora de diversas publicações cientí- ficas no âmbito da sociologia económica, das organizações e desenvolvimento dos recursos humanos. À mesa deste debate senta-se outro académico, Paulo Neto. É Doutor em Economia pela Uni- versidade de Évora, e docente nesse Departa- mento de Economia, para além de investigador e autor de vários artigos e livros científicos no domínio do planeamento do território, da con- cepção e avaliação de politicas públicas e dos processos de integração europeia. Na mesma mesa estará a Drª. Helena Costa, Diretora de RH e Serviços Partilhados da Em- braer. Esta empresa conta com unidades opera- cionais em diversos locais do mundo, tendo-se intalado recentemente em Évora. A Drª Helena Costa tem desenvolvido o papel de RH em Multinacionais onde desempenhou tarefas de Diretora Corporativa de RH e Diretora Euro- peia. É Natural do Porto e está a residir no Alentejo desde Junho deste ano. Junta-se-lhes o Eng. José Manuel Noites, pro- prietário das empresas Somefe (fundada em Évora em 1947), Noites Reciclagem, Sometam- bi e Noites Imobiliária; Eborense de nascimen- to e de percurso, estudou na Escola Salesiana desta cidade, depois em Lisboa, mais tarde pós graduou-se em Ecologia Humana na Universidade de Évora. São ainda convidados a participar outros empresários oriundos de diversos sectores de actividade, bem como cidadãos interessados na reflexão pública da cidade que habitam. Do encontro de experiências tão diversificadas como as que aqui se representam, desejamos recolher possí- veis configurações de Évora, uma cidade do século XXI que deseja pensar-se como cidade educadora. A todos estes participantes, a organização destes debates dirige o seu melhor agradecimento pelo vali- oso contributo que aportam ao processo de investiga- ção em curso, centrado nas configurações de Évora, enquanto cidade educadora. A referida investigação está sedeada no Departamento de Filosofia da Uni- versidade de Évora e no CIDEHUS (Centro Interdis- ciplinar de História, Culturas e Sociedades) e é orien- tada pela Prof. Doutora Maria Teresa Santos em co- orientação com o Professor Doutor Agustín Escolano Benito da Universidade de Valladolid. Como construir desenvolvimento? “ Os fins e os meios do desenvolvimento reque- rem exame e análise em vista a uma com- preensão mais comple- ta do processo de de- senvolvimento; não é, pura e simplesmente, conforme à realidade tomar como objectivo básico apenas a maxi- mização da receita ou da riqueza, que é, como Aristóteles salientava, “meramente utilitária, em vista de outra coi- sa”. Pela mesma razão, o crescimento económi- co não pode, palpavel- mente, ser tratado co- mo um fim em si mes- mo. O desenvolvimento tem de ser mais referi- do à promoção da vida que construímos e às liberdades de que usu- fruímos”. Sen Amartya (2003). O desenvolvimento como liberdade. Lisboa: Gradiva, p.30.

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Page 1: evora cidade educadora 8

É v o r a , 2 5 d e O u t u b r o d e 2 0 1 2 N e w s l e t t e r A n o 1 N º 8

Foto: Carlos Neves

Empresas e cidade:

construções mútuas

“O papel das empresas na construção de Évora,

cidade educadora” é o tema em debate neste

oitavo encontro do ciclo “Habitar a cidade.

Construir espaço público” em curso durante

este ano de 2012.

São convidados para reflectir conjuntamente e

em público empresários, académicos e outros

cidadãos interessados.

A moderação e condução da sessão está a cargo

de Maria Manuel Serrano, Doutora em Sociolo-

gia Económica e das Organizações pelo Institu-

to Superior de Economia e Gestão/

Universidade Técnica de Lisboa (ISEG/UTL)

docente e Diretora da licenciatura em Sociolo-

gia na Universidade de Évora. É ainda investi-

gadora e autora de diversas publicações cientí-

ficas no âmbito da sociologia económica, das

organizações e desenvolvimento dos recursos

humanos.

À mesa deste debate senta-se outro académico,

Paulo Neto. É Doutor em Economia pela Uni-

versidade de Évora, e docente nesse Departa-

mento de Economia, para além de investigador

e autor de vários artigos e livros científicos no

domínio do planeamento do território, da con-

cepção e avaliação de politicas públicas e dos

processos de integração europeia.

Na mesma mesa estará a Drª. Helena Costa,

Diretora de RH e Serviços Partilhados da Em-

braer. Esta empresa conta com unidades opera-

cionais em diversos locais do mundo, tendo-se

intalado recentemente em Évora. A Drª Helena

Costa tem desenvolvido o papel de RH em

Multinacionais onde desempenhou tarefas de

Diretora Corporativa de RH e Diretora Euro-

peia. É Natural do Porto e está a residir no

Alentejo desde Junho deste ano.

Junta-se-lhes o Eng. José Manuel Noites, pro-

prietário das empresas Somefe (fundada em

Évora em 1947), Noites Reciclagem, Sometam-

bi e Noites Imobiliária; Eborense de nascimen-

to e de percurso, estudou na Escola Salesiana

desta cidade, depois em Lisboa, mais tarde pós

graduou-se em Ecologia Humana na Universidade de

Évora.

São ainda convidados a participar outros empresários

oriundos de diversos sectores de actividade, bem

como cidadãos interessados na reflexão pública da

cidade que habitam.

Do encontro de experiências tão diversificadas como

as que aqui se representam, desejamos recolher possí-

veis configurações de Évora, uma cidade do século

XXI que deseja pensar-se como cidade educadora.

A todos estes participantes, a organização destes

debates dirige o seu melhor agradecimento pelo vali-

oso contributo que aportam ao processo de investiga-

ção em curso, centrado nas configurações de Évora,

enquanto cidade educadora. A referida investigação

está sedeada no Departamento de Filosofia da Uni-

versidade de Évora e no CIDEHUS (Centro Interdis-

ciplinar de História, Culturas e Sociedades) e é orien-

tada pela Prof. Doutora Maria Teresa Santos em co-

orientação com o Professor Doutor Agustín Escolano

Benito da Universidade de Valladolid.

Como construir

desenvolvimento?

“ Os fins e os meios do

desenvolvimento reque-

rem exame e análise

em vista a uma com-

preensão mais comple-

ta do processo de de-

senvolvimento; não é,

pura e simplesmente,

conforme à realidade

tomar como objectivo

básico apenas a maxi-

mização da receita ou

da riqueza, que é, como

Aristóteles salientava,

“meramente utilitária,

em vista de outra coi-

sa”. Pela mesma razão,

o crescimento económi-

co não pode, palpavel-

mente, ser tratado co-

mo um fim em si mes-

mo. O desenvolvimento

tem de ser mais referi-

do à promoção da vida

que construímos e às

liberdades de que usu-

fruímos”.

Sen Amartya (2003).

O desenvolvimento como

liberdade. Lisboa: Gradiva,

p.30.

Page 2: evora cidade educadora 8

A Economia e a Cidade Educadora

Estabelecer a ligação entre educação

e economia é um desafio e um exercí-

cio que oscila entre o evidente e o

complexo.

Do ponto de vista sociológico, educa-

ção e economia representam duas das

principais instâncias sociais. A educa-

ção define-se como um processo de

socialização que acontece, por via

informal, na família e, de modo for-

mal, no complexo sistema educativo

instituído. A economia é uma

“configuração de modelos esquemati-

zados graças aos quais a sociedade é

provista de bens materiais e serviços

(produção, distribuição e consu-

mo)”(1).

No que concerne à funcionalidade(2),

educação e economia, como instân-

cias sociais configuradas, simplificam

o comportamento social do indivíduo,

proporcionam-lhe formas já feitas de

P á g i n a 2

relações e papéis e actuam como factor

de coordenação e estabilidade para o

conjunto da cultura. Mas também se

reconhecem algumas das suas disfunci-

onalidades, nomeadamente, constituí-

rem um obstáculo à mudança e ao pro-

gresso, frustrar a personalidade indivi-

dual ou diminuir o sentido de responsa-

bilidade, levando à rotina e ao confor-

mismo.

Estas e as outras instâncias funcionam

em rede e relacionam-se de modo inter-

dependente. Mas o relacionamento e a

interdependência nem sempre são sinó-

nimos de cooperação. As dinâmicas da

economia têm, com certeza, efeitos de

mudança na educação(3), e vice-versa,

que tanto podem ser positivos (levando

ao progresso social), como negativas

(originando problemas sociais).

A economia da educação estuda a rela-

ção entre o sistema educativo e o siste-

Foto: Carlos Neves

Maria Manuel Serrano & Paulo Neto

ma económico e os seus efeitos no

desenvolvimento económico e

sustenta-se na teoria do capital

humano. Admite-se que os investi-

mentos nos processos de formação

e valorização dos recursos huma-

nos, por via dos sistemas de educa-

ção, aprendizagem e formação

profissional, têm efeitos positivos

na economia.

Por sua vez, a economia social,

através do conceito de capital soci-

al, firma-se na convicção de que

por via das redes relacionais

(formais e informais) é possível

promover valores como a confian-

ça, a cooperação ou a inovação na

economia. Tais redes são desen-

volvidas pelos indivíduos, dentro e

fora das organizações, facilitando

o acesso à informação e ao

(continua na pág. seguinte)

Page 3: evora cidade educadora 8

P á g i n a 3

* Como é que as empresas podem contribuir para

a construção de cidades educadoras?

* Como se operacionalizam os processos de

aprendizagem colectiva, em geral e o conceito de

cidade educadora, em particular?

* Como potenciar o capital humano e social em

prol da cidade educadora?

* Como assegurar que as cidades educadoras não

se uniformizam?

* Como agregar os agentes educativos e económi-

cos em torno de valores e objectivos comuns?

Maria Manuel Serrano & Paulo Neto

Évora, 22/10/2012

[Questões decorrentes para a configuração de Cidade Educadora]

(continuação)

conhecimento, criando assim um ativo valio-

so e que pode ser posto ao serviço das orga-

nizações, das cidades ou da sociedade em

geral: as redes humanas de trabalho.

No caso especifico das cidades, encontram-se

várias teorias explicativas sobre o modo de

despoletar processos de produção e de gestão

do conhecimento e da inovação. A título

exemplificativo refira-se o caso dos millieux

innovateurs (Aydalot, 1986) e (Ratti, Bra-

mante e Gordon, 1997), das learning regions

(Pratt, 1996) e (Maillat e Kebir, 1999), das

entrepreneurial cities (Hall e Hubbard,

1998), das creative cities (Landry, 2000) e

(Florida, 2002), das innovative cities

(Simmie, 2001), das intelligent cities

(Komninos, (2002) e das knowledge cities

(Carrilo, 2004) e (Van Winden e Van der

Berg, 2004). Estes conceitos enfatizam a

importância e o papel das relações entre as

empresas, os cidadãos e as demais institui-

ções, no desenvolvimento de contextos espe-

cíficos de produção de inovação, de consoli-

dação do capital social e relacional dos terri-

tórios e de valorização e rentabilização de

processos territoriais de aprendizagem colec-

tiva. No entanto, as dificuldades de concreti-

zação destes ideais de cidade estão muitas

vezes associadas à efectiva capacidade para

implementar localmente soluções que mobili-

zem os colectivos humanos e que possam

consolidar e tirar partido da identidade e es-

pecificidades dos lugares.

(1) Augusto da Silva (2012). Sociologia Geral I.

Évora: Universidade de Évora, p. 137 (e-book).

(2) Idem, p. 136.

(3) A própria educação pode ser objecto de activi-

dade económica.

Foto: Carlos Neves

Foto: Carlos Neves

"A distinção grega entre cidadãos e escravos pôde

ser superada graças à enorme potencialidade

produtiva da liberdade, bem como ao reconheci-

mento da dignidade de cada pessoa".

(Lara, J. "La eficiência de la ciudad educativa. Una perspectiva desde la economia".

http://w10.bcn.es/APPS/edubidce/pubDocumentsAc.do?accio=veure&iddoc=421)

Page 4: evora cidade educadora 8

ContactosContactosContactos Mail: [email protected] Blogue: http://evoracidadeeducadora.blogspot.com/

Facebook:: ww.facebook.com/events/323727374325849/

P á g i n a 4

A diversidade de públicos que contri-

buem significativamente para a confi-

guração da cidade que somos é o tema

proposto para o último debate deste

ciclo que se calendarizou-se para

2012, com uma cadência mensal (e

um intervalo no Verão), e que tem

solicitado a disponibilidade dos cida-

dãos de Évora para uma reflexão con-

junta sobre diferentes modos de pers-

pectivar a cidade educadora que Évora

se propõe ser.

Em cada mês debatemos um tema

identificado como estruturante de

Évora, cidade da segunda década do

século XXI. Vários outros temas teri-

am sido oportunos neste ciclo alarga-

do de discussão. No entanto, motivos

de natureza pragmática impuseram

limites que não permitem o prolonga-

mento temporal que outras aborda-

gens possíveis implicariam.

A Vereadora responsável pelo dossier

da Cidade Educadora na Câmara de

Évora durante o mandato 2010/2013,

Cláudia Sousa Pereira, é a moderado-

ra do debate com que se encerra este

ciclo denominado "Habitar a cidade.

Construir Espaço Público". Outros

convidados, a que se juntarão todos os

cidadãos interessados, são desafiados

a reconhecer a diversidade inerente à

cidade que habitamos, descobrindo-a

e evidenciando-a como componente

fundamental da construção da cidade

educadora.

O próximo debate : “A diversidade de públicos em Évora, Cidade Educadora”

Foto: Carlos Neves

“A escrita com luz surgiu naturalmente

pois as exigências profissionais exigiam

que se escrevessem notícias e, simultanea-

mente, se fizessem fotografias. Se no iní-

cio o rolo não permitia grandes devaneios

artísticos – era o tempo de correr para a

Rodoviária e despachar as fotos no primei-

ro Expresso –, o digital fez redescobrir o

gosto pela fotografia”, explica este fotó-

grafo.

“Tendo como base o fotojornalismo puro e

duro, lentamente surgem projetos pessoais

que procuram mostrar uma ‘assinatura’

muito particular e uma forma de ver a

cidade e o seu quotidiano, distintivamen-

te”, acrescenta o eborense.

O fotógrafo do mês

Carlos Neves

Perfil: Nascido e criado em Évora,

42 anos, técnico de Comunicação

Social na CME e jornalista colabo-

rador em diversas publicações lo-

cais e nacionais.