espiral do tempo 28

116

Upload: espiral-do-tempo

Post on 30-Mar-2016

268 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

A revista de quase todos os relogios

TRANSCRIPT

Page 1: Espiral do Tempo 28
Page 2: Espiral do Tempo 28
Page 3: Espiral do Tempo 28

03Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Editorial ]Director• Hubert de Haro • [email protected]

Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]

Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]

Jornalista • Marta S. Ferreira • [email protected]

Fotografia • Nuno Correia

Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]

Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Rui Cardoso Martins

Traduções • Maria Vieira • [email protected]• Letrário

Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]

Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]

Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com

ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo

• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro

• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar

• Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo

Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de

Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo

• Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha

• Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien

Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas

• Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo

Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte

• Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts

• Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe

• TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference

& Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House

Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.

• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01

Fundador: Pedro Torres

O ponto alto da vida relojoeira mundial continua a ser as duas grandes feiras do sector – a Feira de

Basileia (a “Messe” de 3 a 10 de Abril) e o Salon Intenational de Haute Horlogerie (em Genebra de 8 a

15 de Abril). Enquanto a primeira consegue acolher 21.000 marcas (!) para uma superfície de mais de

110.000 metros quadrados e 100.000 visitantes em 2007, a segunda concentra 16 marcas em 24.000

metros quadrados. Tanto pela quantidade como pela qualidade, a apresentação das novidades costu-

ma espantar o mais blasé dos profissionais, tornando-se uma passagem obrigatória e particularmente

revitalizante.

Desde o início desta década, temos a alegria de poder assistir a uma mudança profunda, através da

utilização sistemática de novas ligas metálicas no fabrico de caixas, mostradores e movimentos.

O aço (Ferro e Carbono) e o latão (Cobre e Zinco) sempre constituíram os dois pilares da relojoaria me-

cânica de bolso e de pulso. As propriedades físicas desses dois materiais permitem um atrito mínimo

nos pontos de contactos entre as rodas e os carretos de qualquer mecanismo relojoeiro. Logo, uma

força motriz com menos “desperdício”, e uma média de 40 até 42 horas de reserva de corda. Ainda

hoje, esta fidelidade do sector permite consertar qualquer relógio de bolso e, se for necessário, voltar

a produzir dentes partidos ou carretos danificados.

Hoje, as grandes marcas relojoeiras parecem decididas a deixar o seu cunho no grande livro da história

da relojoaria. Os investimentos multiplicam-se na procura irrequieta de novas ligas, aplicadas tanto

pelas suas qualidades estéticas como pelas suas propriedades físicas. Vimos reaparecer o maillechort

(liga de Cobre, Zinco e Níquel inventada em 1819 pelos franceses Maillet e Chorier) cujo aspecto cinzen-

to prateado seduziu os designers e apareceu nas pontes e platinas de alguns movimentos Audemars

Piguet e Richard Mille. Este último deu um passo grande na utilização de outras ligas – com a preciosa

ajuda de Giulio Papi da Renaut & Papi – como o alusic (Alumínio e Silício). A Patek Philippe e a Ulysse

Nardin foram dos primeiros a ousar trocar o balanço espiral em latão pelo Silício enquanto a Jaeger-

-LeCoultre marcou definitivamente a história relojoeira em 2007, com a apresentação de um protótipo

dotado de 17 materiais diferentes e que não necessitava de lubrificação – o Extreme Lab. Assistimos

ainda à invenção de novas ligas como o zenithium (Titânio, Nióbio e Alumínio) ou o hublonium

(Alumínio e Magnésio).

Enquanto alguns dedicam investimentos para a eliminação dos vários pontos de lubrificação exis-

tentes num relógio, outros aproveitam a estética de algumas ligas para apresentar designs inovadores.

Em ambos os casos, os amantes da bela relojoaria ficam a ganhar com esta vitalidade do sector, nunca

antes vista.

Não é por acaso que a relojoaria suíça representou, em 2007, 75% do valor dos relógios fabricados

no mundo, com uma produção de .... 2%!

Boa leitura e óptima compra!

Hubert de HaroDirector

A relojoaria de qualidade está a viver tempos heróicos.

E com ela, todos os curiosos, apaixonados e viciados nos mais recentes

maquinismos suíços.

Zenithium, hublonium ou markethium?

Page 4: Espiral do Tempo 28
Page 5: Espiral do Tempo 28
Page 6: Espiral do Tempo 28

Onde fomos Edição 28 | Primavera 2008

No início deste ano foram muitas as viagens para cumprirmos a nossa promessa de lhe trazer sempre mais e melhor informação sobre o mundo da

relojoaria! Rumámos aos Estados Unidos, nomeadamente a Miami, para assistir ao lançamento da nova colecção Reverso Squadra Lady,

da Jaeger-LeCoultre. Destino incontornável: a Suíça. Lá assistimos à abertura do Museu 360 TAG Heuer, entrevistámos Giulio Papi, um dos

principais master-minds da relojoaria de hoje, e descobrimos os segredos do fabrico do excepcional Worldtimer, da Porsche Design.

Demos ainda um salto à Alemanha para lhe podermos apresentar o percurso da histórica manufactura A. Lange & Söhne. Cá por terras lusitanas,

encaminhámo-nos para o Sul do país para descobrirmos quais as melhores formas para saborear o tempo em terras algarvias…

Tavira

Saborear o TempoPousada Convento da Graça

96

Vila Nova de Cacela

Saborear o TempoMonte Rei Golf & Country Club

98Vilamoura

Saborear o TempoRestaurante L’Olive

100Paderne

Saborear o TempoRestaurante Veneza

102

Miami

ReportagemJaeger-LeCoultre/Reverso

66

Faro

PerfilPaulo Miranda

90

Page 7: Espiral do Tempo 28

Sumário

La-Chaux-de-Fonds

Grande entrevistaGiulio Papi

40La-Chaux-de-Fonds

ReportagemMuseu TAG Heuer 360

54

Grenchen

ReportagemPorsche Design - Worldtimer

48

Dresden

ReportagemA. Lange & Söhne

60

Grande Plano 8

Perfil - Tiger Woods 12

Crónica Miguel Esteves Cardoso 18

Crónica Science & Vie 20

Crónica Rui Cardoso Martins 22

Crónica Fernando Correia de Oliveira 24

Correio do leitor 26

Breves 28

Reportagens

Grande Entrevista - Giulio Papi 40

Reportagem - Porsche Design 48

Reportagem - TAG Heuer 54

Reportagem - A. Lange & Söhne 60

Reportagem - Jaeger-LeCoultre 66

Técnica

Em Foco

Audemars PiguetMillenary com Segundos Mortos 76

Franck MullerSplit Second Chronograph 78

GrahamChronofighter Oversize GMT Big Date 80

TAG Heuer Link Calibre S 82

Laboratório TAG Heuer - Monaco Sixty Nine 84

Prazeres

PerfilPaulo Miranda 90

Saborear o Tempo

Pousada Convento da Graça 96

Monte Rei Golf & Country Club 98

Restaurante L’Olive 100

Restaurante Veneza 102

Acontecimentos 104

Internet 112

Assinaturas 113

Crónica Fernando Campos Ferreira 114

7Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 8: Espiral do Tempo 28
Page 9: Espiral do Tempo 28

9Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Maria SharapovaNova imagem para TAG HeuerA estrela do ténis Maria Sharapova participou

numa sessão fotográfica para a TAG Heuer, na

mira da lente do aclamado fotógrafo Marco Grob e

vestida pela estilista das celebridades Rachel Zoe.

Parte da dream team de embaixadores da marca

relojoeira desde 2005, a vencedora de três Grand

Slam, que acabou de vencer também o Australian

Open e os quartos de finais da Fed Cup, conseguiu

encontrar uma brecha na sua apertada agenda de

treinos para a sessão fotográfica, que decorreu em

Los Angeles. Com um novo look, de franja, e com a

boa disposição a que já habituou os fãs, Sharapova

encantou a câmara envergando modelos da Dol-

ce Gabbana, Lanvin, Christian Louboutin, e Nike,

e provou que não é por acaso que muitos a con-

sideram a mulher mais glamourosa do mundo do

desporto. As fotografias vão ser usadas nos futuros

lançamentos da TAG Heuer de luxuosos relógios e

cronógrafos Maria Sharapova, ao longo de 2008.

Page 10: Espiral do Tempo 28
Page 11: Espiral do Tempo 28

11Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Franck Muller ‘Pride of Portugal’A caixa do tesouroA Franck Muller vai lançar em breve uma edição

limitada dedicada a Portugal – ‘Pride of Portugal’.

Para acolher peças tão especiais, era preciso uma

caixa tão preciosa como o seu recheio. Assim, a

Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS) foi

desde logo encarada como a escolha ideal para le-

var a cabo tal tarefa. Sendo a maior especialista em

Portugal no que toca a artes decorativas, adoptan-

do sempre o fabrico artesanal, a FRESS criou uma

caixa sóbria, elegante e requintada, o receptáculo

indicado para os três modelos da edição especial.

O caminho que a caixa percorre até poder receber

os relógios é longo, passando por grande parte das

18 oficinas da Fundação. Cada caixa demora cerca

de 15 dias até estar finalizada. Mas, no método

artesanal, a pressa é inimiga da perfeição. A ma-

deira escolhida foi o ébano – espécie de origem

africana, rara, escura, densa. E, pela primeira vez

na história da Fundação, foi utilizada folha de ouro

rosa para os embutidos.

Page 12: Espiral do Tempo 28
Page 13: Espiral do Tempo 28

13Perfil Tiger Woods

Se algum golfista estava destinado à grandeza desde cedo, esse é Tiger Woods. Cres- ceu nos subúrbios de Los Angeles e aprendeu a dar uma tacada imitando o pai, Earl Woods. Fez a sua primeira incursão no driving range com apenas 18 meses de vida. Aos dois anos – ainda nem falava correctamente – venceu um torneio para crianças com idades até 10 anos e apareceu no Mike Douglas Show. Aos 14, já vencia tor- neios juvenis nacionais para jogadores com idades até 17 anos.

As maiores realizações amadoras de Woods aconteceram nos torneios do USGA. Antes dele, nenhum jogador tinha ganho o Torneio Ama-dor Júnior dos EUA mais de uma vez. Woods venceu aos 15 e aos 18 anos. Quando conquistou o Amador dos EUA novamente, aos 19 e aos 20, tornou-se o primeiro jogador a ganhar este tor-neio três vezes seguidas.

Profissional vitoriosoNessa época, Woods tinha completado dois anos na Universidade de Stanford e conquistado uma vitória no Campeonato NCAA, e a especulação no mundo do golfe voltou-se para quando se tor-naria profissional. Woods deu esse passo após a sua terceira vitória no Amador dos EUA, enco-rajado por muitos profissionais vitoriosos que di-ziam que já estava pronto para o Torneio.

Revelou-se um fenómeno no verdadeiro sen-tido da palavra. Mesmo os seus colegas profis-sionais reverenciaram a sua saída do tee, realizada com a eficiência do seu swing em vez da força bruta. E Woods levou multidões de espectadores aos campos, particularmente os jovens que, de outra forma, não se interessariam pelo golfe.

A ‘Tigermania’ continuou até 1999. No final dessa temporada, Woods tinha acumulado oito vitórias, incluindo vitórias nas finais de qua-

tro torneios. Woods entrou em 2000 com a sua quinta vitória consecutiva. Aquela tornou-se a sua melhor temporada até então, com três vitórias consecutivas nos torneios mais importantes, nove eventos totais do Torneio PGA, estabelecendo ou igualando 27 recordes no Torneio.

A sua vitória no Masters no início de 2001 fez dele o detentor dos títulos de todos os qua-tro mais importantes torneios ao mesmo tempo os majors: o U.S. Open, o Campeonato da PGA, o British Open e o Masters. Quando em 2002 renovou o seu primeiro lugar no Masters conse- guiu igualar Nick Faldo e Jack Nicklaus, os úni-cos homens até então a conseguir vencer o Mas-ters consecutivamente.

Ao nível de um comum mortalEm 2003 e 2004, Woods caiu para um nível mais próprio de comum mortal quando modi-

[ Perfil ]

A primeira vez que chamou a atenção, com a sua tacada, na televisão, tinha dois anos. Muitos pensaram «este miúdo

tem futuro». Mas nem os mais audaciosos poderiam imaginar o que se seguiria… Tiger Woods tornou-se a ‘cara’ do

golfe no mundo inteiro. O que é impressionante, se tivermos em conta que tem trinta e poucos anos. E torna-se mais

impressionante ainda se considerarmos o seu sangue afro-americano, num desporto cujo circuito profissional incluía

poucos jogadores negros. Mas desde cedo mostrou que entrou no golfe para ficar, e tem vindo a tornar-se numa

lenda viva. Com o seu estilo inconfundível e a incrível – e assumida – competitividade que o move, Tiger Woods é o

número um do golfe e conseguiu levar multidões a assistir às competições.

texto Marta S. Ferreira | fotos TAG Heuer

Page 14: Espiral do Tempo 28

14 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

“Quero ser o quesempre desejei ser: Dominador!”

Tiger Woods

Tiger Woods tem uma longa parceria com a TAG Heuer,

tendo sido figura de destaque de uma das mais conheci-

das e aclamadas campanhas publicitárias da marca suíça:

What Are You Made Of?

Tiger Woods surgia então fazendo competir a força do

seu swing com um carro de Fórmula 1 em pleno circuito

urbano do Mónaco.

Page 15: Espiral do Tempo 28

15Perfil Tiger Woods

ficou o seu swing. Apesar de não ter ganho um grande evento durante esses dois anos, venceu seis torneios enquanto lidou com severas críticas da comunicação social: correram fortes boatos quanto à alegada tensão entre Tiger e o seu trei-nador de swing, Butch Harmon.

Mas já se aproximava outra temporada domi-nante: Woods iniciou o ano de 2005 com uma vitória naquele que foi o seu primeiro grande torneio desde 2002, obtendo o primeiro lugar no Masters. Esta vitória colocou-o, novamente, no topo do ranking oficial do golfe mundial. Se guidamente, conquistou o seu décimo título importante, vencendo o British Open. No final de 2005, tinha ganho seis eventos oficiais com prémios em dinheiro e liderou a lista financeira pela sexta vez na sua carreira.

Um duro golpe e regresso às vitóriasAo mesmo tempo que iniciou a temporada de 2006 no topo do jogo, a sua vida pessoal passou por um revés devastador. O pai, Earl Woods, morreu a 3 de Maio, após uma longa batalha contra um cancro na próstata. Woods despediu- -se dos torneios e ausentou-se por um período de nove meses. Quando regressou, venceu o British Open de 2006 – a emoção falou mais alto quando dedicou a vitória ao seu pai.

Em 2007, somente dez anos após sua pri-meira grande vitória, Tiger Woods permaneceu no topo não apenas do seu jogo, mas do golfe mundial. O início do ano trouxe novidades so-bre o abrangente domínio de Tiger no mundo do golfe: anunciou que organizaria o seu pró- prio torneio no mês de Julho. O torneio basea-

do em Maryland que, na verdade, é organizado pela fundação homónima de Tiger, foi apelidado de AT&T National e substituiu o extinto Inter-nacional anteriormente mantido fora de Denver. Apesar de o AT&T National não ter o nome de Tiger oficialmente ligado a ele, o torneio ganhou fama como o ‘Torneio de Tiger’.

Mudanças pessoais e planos ambiciososO Verão de 2007 foi de grandes acontecimen-tos para Tiger: obteve o segundo lugar no U. S. Open; nasceu a sua filha com a modelo sueca Elin Nordegren, Sam Alexis, e anunciou planos para projectar o seu primeiro campo de golfe nos Es-tados Unidos: o Cliffs, um campo particular lo-calizado nas montanhas. No início da temporada de 2008, comprovou que continua em grande.

Em 1996, quando iniciou a sua carreira profissional, Tiger criou a Fundação Tiger Woods, cujo objectivo é

«inspirar sonhos na juventude americana». Para alcançar esta meta, a fundação disponibiliza programas

de enriquecimento pessoal, bolsas de estudos, subvenções directas, equipas de golfe juniores e o

Centro de Aprendizagem Tiger Woods, criado em Anaheim, Califórnia, em Fevereiro de 2006. O prédio

de 3.150 metros quadrados abriga tecnologia de última geração num ambiente de aprendizagem

destinado a ajudar os jovens a identificar os seus sonhos e a procurar formas de concretizá-los, a

analisar como escolher uma profissão e a relacionar as aulas frequentadas com as futuras carreiras.

O centro oferece cursos de matemática, ciências, tecnologia e comunicação e expressão linguística.

Na inauguração do centro, Woods disse a um público de 600 pessoas: «Isto supera o golfe. Supera

qualquer coisa que fiz nos campos de golfe. Porque poderemos moldar vidas». Tiger e a mãe, Kultida,

inauguraram uma estátua para celebrar o legado de Earl Woods e para honrar o seu grande esforço em

ajudar as crianças. A estátua, uma réplica de Tiger e do pai, está na fundação que, segundo o golfista,

é o sítio ideal para estar uma vez que um pouco do coração de Earl ficou lá.

Fundação Tiger Woods

“O meu pai sempre me ensinoua preocupar-me e a partilhar. A única coisa que posso

fazer é retribuir um pouco.”

Tiger Woods

O swing perfeito daquele que é considerado um dos me-

lhores jogadores de golfe de todos os tempo. Em parceria

com a TAG Heuer, Tiger Woods concebeu o relógio perfeito

para os jogadores de golfe: o Professional Golf Watch. Este

ano lançado na versão cinza antracite.

Page 16: Espiral do Tempo 28

16 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

“Adoro vencer. É tão simplescomo isto: adoro vencer, adoro ser o melhor; e acho

que a TAG Heuer partilha comigo esta ambição

de ser melhor naquilo que faz.”

Tiger Woods

Page 17: Espiral do Tempo 28

17Perfil Tiger Woods

Em 17 torneios disputados (11 pelo European Tour e seis pelo PGA Tour), foi o único golfis-ta a ganhar duas vezes – e só jogou duas vezes na temporada! Se continuar a jogar da mesma forma, deve aproximar-se ainda mais, em 2008, do recorde de Jack Nicklaus, que venceu 18 dos maiores torneios da modalidade. Com 13 títulos, essa é a maior obsessão de Tiger Woods no mo-mento. «Não posso negar que igualar ou quebrar o recorde de Nicklaus é um dos meus maiores desejos. Mas não posso colocar muita pressão em cima de mim.»

E esse sonho parece cada vez mais perto: Tiger Woods voltou a vencer o campeonato do mundo de Match Play, depois dos êxitos de 2003 e 2004, o Dubai Desert Classic, do European Tour, e o Arnold Palmer Invitational – então conta agora com 64 triunfos no circuito americano.

Uma máquina de fazer dinheiroTiger Woods é o atleta profissional mais bem pago do mundo. Em 2006, arrecadou cerca de 100 milhões de dólares entre prémios e patro-cínios. Em 2007, totalizou 123 milhões. Ao lon go da sua carreira profissional, já amealhou, no total, 750 milhões, dentro e fora do campo de golfe. A Golf Digest prevê que, em 2010, Woods vai tornar-se o primeiro atleta bilionário do mundo. Logo no ano em que se tornou profis-sional – 1996 – assinou contratos de patrocínio no valor total de 60 milhões de dólares e em ap-enas oito torneiros ganhou 800 mil dólares. Em 1997, foi o jogador que mais dinheiro venceu no PGA Tour, batendo um recorde com os seus prémios de 2.066.833 dólares. O ano de 1998 já foi pior, tendo vencido apenas um torneiro do PGA, acabando em quarto na lista dos vence-dores com 1.841.117 dólares. O ano de 2004 foi o de regresso às grandes vitórias… e aos grandes prémios: logo no início do ano, Tiger tornou-se o primeiro jogador a passar a marca dos 40 mi- lhões de dólares em vitórias profissionais.

A sede de vencerUma coisa que sempre o acompanhou desde a pri meira tacada até aos grandes palcos do golfe mundial foi a sua feroz competitividade, que, segundo ele, está-lhe no sangue. Tiger confessa que adora « jogar contra os melhores do mundo» e admite: «Adoro vencer e odeio perder. Mas

É um jogador de golfe excepcionalmente talentoso e os seus feitos são conhecidos por todos. Porque

escolheu unir-se à TAG Heuer?

Esta é uma grande aventura e uma oportunidade fantástica. Espero dar um grande contributo à TAG Heuer,

uma marca que considero única e excepcional. Os meus gostos mudaram ao longo da minha carreira, da

minha «curta» carreira, e é muito bom conseguir associar-me a uma empresa tão ousada e prestigiante como

a TAG Heuer.

Como é que consegue conciliar a sua carreira de jogador profissional de golfe com o seu papel de

embaixador da TAG Heuer?

A TAG Heuer é sinónimo de excelência na precisão, e a precisão representa um papel importante na minha

carreira profissional. Em primeiro lugar, tenho de ser pontual para poder jogar e, em segundo lugar, a precisão

faz parte do jogo de golfe. Este é um jogo de milímetros. Portanto, para se ter sucesso neste desporto, temos de

ser precisos. Como nós os dois – eu e a TAG Heuer – competimos para sermos os melhores naquilo que fazemos,

desafiamo-nos a nós próprios a todo o momento, desafiamos os nossos próprios limites. Assim, ao partilhar os

mesmos valores e objectivos, torna-se um processo natural conciliar a minha carreira profissional com o meu

papel de embaixador da TAG Heuer.

A história da associação da TAG Heuer com o mundo do desporto data dos anos 20 do século passado. O

que significa para si ser o representante da gama TAG Heuer Link?

Para ser honesto, cresci sem nunca sequer imaginar que alguma vez poderia ter um relógio de luxo. Lembro-

me do primeiro relógio que comprei – era um relógio do Rato Mickey. Como se vê, percorri um longo caminho.

E estou muito entusiasmado por actualmente representar uma grande empresa como a TAG Heuer e colecções

como o Link, que representa a elegância no desporto de hoje em dia, e o Professional Golf Watch, um projecto

excitante em que estive completamente envolvido, desde os primeiros passos até ao produto final.

Encontra semelhanças entre a arte de criar relógios e jogar golfe?

Adoro vencer. É tão simples como isto: adoro vencer, adoro ser o melhor; e acho que a TAG Heuer partilha

comigo esta ambição de ser a melhor naquilo que faz. Também acredito que, para se ter sucesso constante e

durante um longo período de tempo, é necessário trabalhar muito. É necessário desafiarmo-nos a toda a hora

e ter muita força de vontade. Penso que são estas as regras-base, tanto para jogar golfe profissional como para

fazer relógios lindos e prestigiantes, durante um longo período de tempo.

Quais das características da TAG Heuer assume como suas também?

Existem tantos valores que partilhamos, mas menciono apenas a precisão, o desempenho, a força e a paixão.

Tiger Woods e a TAG Heuer

o meu pai também era assim. E a minha mãe é capaz de ser ainda mais competitiva que nós os dois. Foi assim que cresci, num ambiente de competitividade. Sempre fomos competitivos. Nunca desistimos a favor de ninguém. E essa é a parte divertida do desporto de competição.»

Mas, mesmo sendo considerado o número um do golfe a nível mundial, Tiger Woods acre- dita que «podemos sempre melhorar. O golfe é fluido, está sempre a evoluir e a mudar». E como jogador competitivo que é, Tiger continua a desafiar diariamente o seu mais feroz opositor: ele mesmo.

“Se estou a jogarao meu melhor nível sou um

adversário difícil de bater.

Gosto disso!”

Tiger Woods

Fonte: site oficial de Tiger Woods (www.tigerwoods.com).

Page 18: Espiral do Tempo 28

É pena. As pessoas dizem que o tempo cura tudo, mas não sabem dizer como. Ou não podem.

Porque a ideia delas, mais automática do que

mal pensada, é que o tempo cura através do

esquecimento.

Quando morre alguém que se ama muito, pro-

curam consolar-nos com a cura do tempo. Mas

depois não podem confessar que é no es que ci-

men to que confiam para levantar a dor.

Porque o esquecimento é contrário ao amor:

é um atentado contra ele. É uma ofensa recorrer

a ele como promessa. Seria mais honesto o des-

dém e a brutalidade de grunhir: «Deixa lá, isso

passa-te».

Não podia ser mais incompleta esta noção

do tempo como mera distância. É a tal ‘questão

de tempo’. Parece sábia, mas é estúpida. Tão

es tú pida como dar importância ao espaço físico

e aconselhar, para um luto ou um desgosto de

amor, pôr-se a milhas do lugar onde aconteceu.

Não há grande diferença entre a distância tem-

poral do «Isso passa-te» e a distância geográfica

a que se recorre quando se aconselha um coração

partido a «sair daqui; ir para qualquer lado; mudar

de ares; que vais ver que ajuda».

No entanto, as mesmas pessoas que jamais

sugeririam uma viagem à Índia como maneira de

fugir a um luto profundo sentem-se à vontade para

recomendar os poderes curativos da distância no

tempo.

Fazem-no por bem e por aflição diante a dor.

Umas escolhem a forma «Eu sei o que estás a

sofrer; eu já passei por isso». Parece diferente,

mas é o mesmo.

O que está implícito é que a pessoa que «pas-

sou pelo mesmo» agora está bem; que o pior já

passou; que o tempo se encarregou de distanciá-

-la daquela agonia original.

A verdade é que não há nada que se possa

dizer. Mas não se pode dizer que o tempo fará

es quecer. Ou que o esquecimento fará com que

dei xe de doer tanto.

Isso apenas cria, em quem se procurava con-

solar, uma sensação de revolta e de deter minação

perante o ser amado que se perdeu: «Ai é? Pois eu

não quero que deixe de me doer, nunca!». O que

é o mesmo que dizer «Jamais hei-de esquecer-me

de quem tanto amei e tanto me amou!».

Responde assim, com violência, à ofensa do

«isso passa-te»: sugerindo que isso só acontece

quando o amor é pouco. E assim desconsidera o

luto – que igualmente desconhece – da boa alma

que a quis consolar e identificar-se com ela.

Como povo que vive a saudade como parte do

dia-a-dia e não se coíbe até de se orgulhar disso,

nós os portugueses frequentemente revelamos ter

da saudade a concepção vápida do mais apressa-

do turista, despejado por um autocarro por uma

casa de fados adentro.

Vemos o tempo apenas como distância e a

saudade apenas como um desejo impossível de

regresso ao famoso tempo «que não volta mais».

E, por conseguinte, ouvimos o fado como um

mero lamento que assim seja.

Sabemos muito bem – e se algum povo tem a

obrigação de sabê-lo é o nosso – que a saudade

é muito mais rica e menos linear do que isso.

Não se vá mais longe: no ‘Lisboa Antiga’, em que

se cantam as coisas que «já não voltam mais», a

enumeração delas é, ao mesmo tempo, uma dor

e uma alegria.

À dor de saber que já não voltam mais, é

sempre preciso contrapor a felicidade de não as

ter esquecido e de poder relembrá-las as vezes

que se quiser.

Miguel Esteves Cardoso

para Joaquim António Nabais Pinheiro

18 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Crónica ]

É pena. As pessoas dizem que o tempo cura tudo, mas não sabem dizer como. Ou não

podem. Porque a ideia delas, mais automática do que mal pensada, é que o tempo

cura através do esquecimento.

Page 19: Espiral do Tempo 28

Aqui já se começa a reconhecer o tempo tal

como ele é; muito mais que mera distância. Mas

pode-se ir mais longe. Embora os ‘pregões’ e as

‘esperas’ do fado já não voltem mais, a Lisboa

antiga continua a ser Lisboa. Não só foi aqui que

elas se passaram como é aqui que, de uma ou de

outra forma, continuam ou poderão continuar.

Há ainda outros prazeres da ‘Lisboa Antiga’

a acrescentar, entre os quais o maior é continuar

a ser cantada e ouvida, em Lisboa, todas as

noi tes. O lamento nostálgico só faz sentido se

o povoarmos de tudo o que o acompanha, a

co meçar pelo quentinho da comemoração. De

lembrar em conjunto. De estar ali com outras pes-

soas a lamentar uma Lisboa que, afinal, nem nós

nem nenhuma delas conheceu.

A força da saudade faz-se sentir só quando

se abandona a noção linear do tempo como um

tos co equivalente cronológico das distâncias qui-

lo métricas entre cidades. Tanto mais que, quando

se ouve as palavras costumeiras da consolação

– «o tempo cura tudo» –, apetece pedir para ver

a tabela.

Qual tabela? A tabela em que de um lado

estão as quantidades de amor e, do outro, as

equi valências em dias. Aquela que parte sempre

da mesma equação básica: quanto maior o amor,

mais tempo demora a dor a passar.

As pessoas que dizem que o tempo cura

tudo sabem que não é assim tão fácil. Sabem

que o tempo não é apenas distância. Sabem que

o tempo, quando se junta a um grande amor,

faz outra coisa: aproxima. E é essa aproximação

que transforma a dor da ausência na companhia

eterna da saudade.

É o tempo que nos volta a trazer a pessoa

ama da que partiu. E trá-la de uma forma que não

sofre nem morre, portátil e interior, renovando-se

dentro da nossa alma com um feliz sossego que

nada nem ninguém – nenhuma doença; nenhuma

distância; nenhuma traição – pode atingir ou in-

quie tar.

O tempo cura porque aproxima o amor do

amor. O tempo purifica a saudade mas, ao mes-

mo tempo, dá-lhe vida. A pessoa que se perdeu

encontra-se e reencontra-se, sempre diferente da

última vez que se esteve com ela; nunca estática;

nunca decadente; tão fluida e vívida e essencial

como o sangue que nos corre nas veias. Foi assim

que voltou o meu pai depois de ter morrido – e

nunca mais se foi embora; nunca mais saiu de

mim. O tempo fez-se pagar; é verdade. Custou

muito. Mas trouxe-o. E, a partir desse momento,

nunca mais cobrou nada senão as taxas e os emo-

lumentos normais de qualquer grande saudade.

Assim há-de voltar o pai amado à filha dele.

Leva muito tempo, mas leva muito menos do que

a vida. E, quando volta, fica para sempre, como

não pode nenhum ser vivo.

É que no dia 23 de Fevereiro deste ano morreu

o pai da Maria João, a minha mulher. Mais amado

por ela – e ela por ele – não podia ser.

Ele chama-se Joaquim e nasceu em Fevereiro

de 1920. O meu pai também se chama Joaquim e

também nasceu em Fevereiro de 1920. Imagino

a paródia que não vai lá por cima desde que

finalmente se conheceram.

Mas ela, coitadinha, ainda não. Falta muito

tem po; falta muito sofrimento; falta tudo. Mas o

tempo já começou a aproximar o que a vida se pa-

rou. Momentaneamente.

M.E.C.

19Espiral do Tempo 28 Crónica

“Porque o esquecimento é contrário ao amor:é um atentado contra ele. É uma ofensa recorrer a ele como promessa.

Seria mais honesto o desdém e a brutalidade de grunhir:

Deixa lá, isso passa-te.”

Page 20: Espiral do Tempo 28

Eis uma questão engraçada... à qual a Física não consegue responder. Se tivessem perguntado

«qual é a duração do tempo presente segundo

as teorias actuais?», teria, com certeza, sido mais

simples. Isto é, de acordo com estas, o presente

dura exactamente 5,4 x 1044 segundos.

Efectivamente, para um físico, a duração do tempo

presente representa o mais pequeno intervalo de

tempo indivisível e concebível em teoria para le-

var a cabo uma experiência ou para observar um

acontecimento.

Ora, relativamente às nossas teorias, o mais pe-

que no intervalo temporal concebível, identifica-

se com o «tempo de Planck», sendo tPlanck

(5,4 x 1044 s), que representa o «átomo teórico

de tem po»: pois, actualmente, não se consegue

con ceber qualquer experiência ou acontecimento

com uma duração inferior a 5,4 x 1044 s. O que

leva a imaginar uma «linha de tempo» formada

pela justaposição de miríades de tPlanck, à seme-

lhança das peças de um dominó longilíneo. Nesta

metáfora, um segundo compõe-se de cerca de

2 x 1043 s dominós tPlanck seguidos.

É impossível encurtar? Porém, nada impede ima-

ginar, por exemplo, um fotão (partícula de luz)

deslocando-se durante metade do tPlanck. Nume-

ricamente falando, tal conceito, não apresenta

qual quer problema: já que metade do tPlanck

equivale a 2,7 x 1044 s e que a velocidade

de um fotão é de 3 x 108 m/s, uma “uma

regra de três simples” resulta numa deslocação

de 0,8 x 1035 m.

Incompatibilidade entre teorias

O problema é que as equações das teorias físicas

actuais não conseguem ser resolvidas para uma

distância inferior a 1,6 x 1035 metros. Como tal,

as nossas lacunas actuais são coerentes. De

quem é a culpa? Da famosa incompatibilidade

entre a teoria da relatividade geral que analisa a

gravitação e a mecânica quântica que des creve as

leis físicas à escala das partículas.

Com efeito, as fórmulas matemáticas destas duas

teorias revelam-se inconciliáveis, o que impede

de ter acesso simultaneamente ao infinitamente

pequeno e ao imensamente ‘pesado’ (maciço).

Ou seja, o limite de ‘resolução’ espaço-temporal

daquilo a que podemos chamar de ‘relatividade

quântica’ – espécie de híbrido artificial e pouco

estável das duas teorias juntas – é de 1,6 x 1035 e

m por 5,4 x 1044 s.

Para nos aventurarmos mais além, precisaremos

de esperar pela conclusão da teoria das cordas,

que é uma das vias mais avançadas para resolver

a incompatibilidade dos dois grandes pilares da

física moderna, ou pelo aparecimento de uma

teo ria de grande unificação. Só então é que po-

de remos falar do tempo presente...

Revista Science et Vie

Qual é a duração do tempo presente?

... para um físico, a duração do tempo presente representao mais pequeno intervalo de tempo indivisível e concebível em teoria para levar a cabo uma experiência

ou observar um acontecimento.

20 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Crónica ]

Page 21: Espiral do Tempo 28
Page 22: Espiral do Tempo 28

Tendo chegado atrasado, como de costume, à cavalariça onde se davam aulas inesperadas, na Uni-

ver sidade Nova de Lisboa, e ouvi exclamar uma frase

que, misteriosamente, não esqueci, em 20 anos: «É pre-

ciso ler Paul Virilio!»

O Professor Emídio Rosa de Oliveira desenhou um seg-

mento de recta – uma linha no quadro – e, entusiasmado,

apagador na mão, começou a comer o segmento do

lado direito e o do esquerdo, encurtando a linha dos

dois lados, até restar apenas um pontinho no quadro. A

passagem da linha ao ponto, seria esse o nosso futuro.

Era o que a velocidade e a tecnologia estavam a fazer

ao mundo: em breve, um avião supersónico transportar-

-nos-ia de Paris a Nova Iorque, em pouco mais de uma

hora. Um aparelho comercial encurtaria para metade o

lendário voo do Concorde. Isto é, a velocidade anulava o

espaço, como previu o filósofo e urbanista francês Paul

Virilio, cujas obras era preciso ler.

Com os anos, a cavalariça das aulas da Nova transformou-

-se numa torre feia e o Concorde desapareceu, e não foi

substituído (o custo financeiro interfere no espaço-tempo,

creio eu; questão a estudar…). Contudo, a Internet e a

omnipresença do directo televisivo (guerras, furacões

etc.) reforçaram as previsões e os medos de Virilio.

Parece que já não é preciso irmos fisicamente a lado

nenhum para nos deslocarmos, ou pensar que o fazemos.

Numa entrevista ao Le Magazine Littéraire (ainda há ci ta-

ções destas, se me permitem usar o papel de uma revis-

ta de 1995, nos ‘googles’ de 2008 só cheguei a partes

mastigadas por outros), Virilio explicava onde foi buscar

a sua obsessão, a ideia da implosão do espaço-tempo e

a criação, por assim dizer, da «Dromologia», a ciência da

velocidade. Foi buscá-la onde, normalmente, todos nós

vamos buscar as obsessões: à infância. «A guerra», diz

ele, «foi a minha universidade».

Foi em 1940, em Nantes, onde a família se tinha refugiado,

enquanto estava a jantar com os pais, que, de repente, a

rádio anuncia que os alemães estavam em Orléans. Pouco

depois, ouve «um ruído bizarro» na rua. Precipita-se para

ver o que se passa, como todos os miúdos, e descobre

que os alemães estão a atravessar a ponte de Nantes.

«Foi para mim a experiência fundamental da velocidade.

A velocidade é, então, isto: a surpresa absoluta, uma

infor mação que não coincide com a realidade, porque a

realidade vai mais depressa do que a informação.» Num

outro dia, saiu para as compras, de manhã, com a mãe,

e, à tarde, essa rua tinha já desaparecido num bom-

bardeamento aéreo, caído «como um cenário».

Onde eu quero chegar é que em Portugal também é

possí vel uma criança ter experiências destas, sem ofensa

para a II Guerra Mundial. Pode-se, também, ver o tempo

veloz a fazer implodir o espaço, se não mesmo a fazer

explodir paredes: basta viver na vasta área de treinos de

uma base aérea militar.

Quando estudava num liceu no Alentejo, tive esta ex pe-

riência: num dia de provas, um palerma telefonou a dizer

que havia uma bomba no Liceu de Portalegre. O Liceu

começou a ser evacuado; a polícia trouxe, inclusivamente,

cães… Estávamos todos a rir do disparate – eram tempos

ingénuos –, quando… BAAAAUMM!!! Um estrondo horrível

que fez os vidros entortarem. Era a bomba.

Numa das salas, houve feridos ligeiros, devido aos tro-

peções e ao pânico e disse-se que uma professora saiu

aos gritos e que uma aluna soluçou: «Eu quero morrer

sem sofrer!»

Foi a primeira reportagem da minha vida num jornal lo-

cal. Ganhei uns poucos admiradores e alguns inimigos,

por escrever ‘falsidades’. Eu próprio apanhei um grande

susto, acreditei na bomba. Mas não: eram os caças da

base de Beja, a passarem a baixa altitude, tão rápidos

como o som, sem aviso.

Em Janeiro deste ano, aconteceu o mesmo em Penamacor.

Também não avisaram ninguém. Uma simulação de bom-

bardeamento rasante com 16 caças, à velocidade de uns

340 metros por segundo, sobre as povoações da Serra

da Malcata, partiu vidros, fez rachas, assustou de morte

os velhotes, pôs a chorar os bebés e matou coelhos.

Em Portugal, onde não há dinheiro para nada, só para os

ricos enriquecerem, chegámos, finalmente, ao cúmulo:

matar dois coelhos, não de uma cajadada só, mas com

a onda sonora de 16 aviões F16. Nem Virilio previu tal

grau de utilização da tecnologia, tamanha distorção da

realidade.

Rui Cardoso Martins

Rui Cardoso Martins

Mais veloz do que o tempo

A velocidade é, então, isto: a surpresa absoluta, uma informação quenão coincide com a realidade, porque a realidade vai mais depressa que a informação.

22 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Crónica ]

Page 23: Espiral do Tempo 28
Page 24: Espiral do Tempo 28

Fernando Correia de Oliveira*

Utopia mecânica

Rousseau, d’Alembert, Chamfort, Voltaire e a Relojoaria (final)

24 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Crónica ]

É possível que Voltaire tenha descoberto o seu interesse pela relojoaria durante a sua estadia na corte

de Frederico da Prússia (1750 – 1753), um grande amante

de relógios que tinha uma importante colecção de pên-

dulos franceses. Mas sabe-se também que Voltaire gos -

tava especialmente dos relógios de Julien Leroy, o cé-

le bre relojoeiro parisiense (1686–1751). «Ele terá dito

ao filho, Pierre Leroy, que o seu pai e o marechal de

Saxe tinham vencido a Inglaterra», afirma a historiadora

Isabelle Frank Luxemburg. A Inglaterra era, no séc. XVIII,

um grande centro relojoeiro e o mais feroz concorrente

da França no que dizia respeito ao desenvolvimento de

novas proezas técnicas.

«Voltaire, antes de fundar a sua própria manufactura

de relógios, tinha já comprado nos anos 60 vários reló-

gios, segundo consta do seu livro de contabilidade», faz

notar a historiadora, que estudou a relação entre Voltaire

e o Tempo. «O inventário do seu castelo em Ferney dá-

-nos conta de que ele tinha lá seis relógios de pêndulo,

dois deles no seu quarto».

Ao fundar, em 1770, uma manufactura de relógios,

Voltaire, ‘o rei de Ferney’, como gostava de se descrever,

seguia a moda do seu tempo e encontrava-se em bem

ilustre companhia. Na época, os monarcas europeus Luís

XV, Luís XVI, Frederico II, Catarina II e José II esforçavam-

se por criar manufacturas relojoeiras nos respectivos rei-

nos. Em Portugal, por iniciativa do Marquês de Pombal,

fun dava-se, em 1765, no Bairro das Amoreiras, em Lis -

boa, uma Real Fábrica de Relojoaria, a primeira do seu

género no País, e que teve à sua frente mestres--relo-

joeiros franceses. A criação de uma manufactura relo-

joeira inscrevia-se pa ra lelamente no quadro do pro jec-

to voltairiano de transformar Ferney, na sequência da

revogação do Édito de Nantes (liberdade religiosa), num

burgo florescente e obediente ao lema que o filósofo

decretara para o seu pequeno mundo – ‘Fazer o Bem’.

Depois de se ter dedicado à agricultura, Voltaire fundou,

sucessivamente, na localidade, uma olaria, uma fábrica

de faiança, uma outra de telhas, uma tanoaria e um tear

de seda, antes de fundar a manufactura de relojoaria.

Os relojoeiros que Voltaire empregava eram franceses

huguenotes ou seus descendentes que tinham fugido

para Genebra e que agora regressavam sob o ‘guarda-

-chuva’ do filósofo.

E dá-se, aí, mais uma experiência utópica. Nas cartas

que dirigia às personalidades mais destacadas do seu

tempo, Voltaire insistia na necessidade de protecção

da sua pequena república. A uns, enviava amostras do

trabalho realizado pelos seus ‘súbditos’; a outros, pedia

ajuda na importação de ouro para o fabrico das caixas

dos relógios. A outros, ainda, pedia que intercedam

junto do rei de França, para que encomendasse os seus

relógios, cujos preços eram muito mais baixos do que os

dos relojoeiros de Paris, Londres ou Genebra.

A manufactura de Ferney funcionou até 1778, não

re sis tin do à morte de Voltaire. Durante os nove anos

de la bo ração fez só relógios de bolso, com caixas deco-

ra das a esmalte, à moda da época, alguns sonneries,

espe cialmente para os mercados francês, russo, espanhol

e turco.

Calcula-se que a produção em Ferney tenha sido de

cerca de mil relógios por ano, contrastando com 33 mil

que se produziam em Genebra. Tendo em conta que, em

Ferney, trabalhavam, em média, cem relojoeiros e que,

em Genebra, havia, nessa altura, cinco mil, os números

são razoáveis.

Os mestres-relojoeiros da manufactura de Voltaire

em Ferney assinaram as suas obras ’Dufour & Céret’,

‘Valentin & Dalleizette’, ‘Servant & Boursault’ ou ’Panrier

& Mauzié’. Cerca de uma dezena e meia de relógios

Voltaire (ele nunca assinou nenhum deles, limitando-se

a financiar a operação e a publicitá-la junto dos ricos e

poderosos que conhecia) chegaram até aos nossos dias.

Estão em museus, como o da manufactura Vacheron

Cons tantin, o de Relojoaria, o da casa-museu do filósofo,

em Genebra, ou ainda no Louvre, em Paris.

Terminamos estas andanças pelo tempo dos en ci-

clo pe dis tas citando Claude-Daniel Proellochs, um his tó-

rico da relojoaria suíça, oriundo de uma família com

grande tradição no sector. Aquele que foi Presidente da

Vacheron Constantin de 1988 a 2005 e que hoje está na

deWitt, tem uma explicação para a relação entre os fi-

lósofos e os relojoeiros: «ambos reflectem sobre a mar-

cha do Tempo».

Fernando Correia de Oliveira

* Investigador do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades

Page 25: Espiral do Tempo 28
Page 26: Espiral do Tempo 28

26 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Correio do Leitor ]

Precisão e oscilação

Gostaria de mais uma vez levantar uma questão, que como não podia

deixar de ser, sobre relógios. É sabido que um dos grandes inconven-

ientes dos relógios a corda e automáticos prendesse com o facto da

precisão dos mesmos estar interligada como a “quantidade” de corda

armazenada, ou seja muita corda boa precisão, pouca corda menor

precisão. Sei também que algumas manufacturas conseguem solucio-

nar este problema a minha questão é como fazem isso?

JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA

A precisão dum instrumento de medir o tempo, depende principalmente

da frequência do oscilador. A título de comparação, nos relógios mecâni-

cos a frequência mais utilizada hoje em dia é de 4 Hz (num segundo o

balanço executa 4 oscilações completas) e nos relógios electrónicos, o

quartzo, no mesmo segundo efectua 32768 oscilações. No que toca a

este critério, podemos concluir, que os relógios electrónicos são muito

mais precisos que os relógios mecânicos. Na relojoaria mecânica, um

outro critério muito importante é o da transmissão da força da corda.

Infelizmente esta força nunca é constante (problemas com as engrena-

gens) e tem tendência a diminuir à medida que a corda se vai desen-

rolando dentro do tambor. Se ligarmos este factor ao facto do conjunto

balanço-espiral não ser isócrono, vamos então verificar que cada vez

que o valor da amplitude do balanço variar a marcha do relógio varia

igualmente. Estes problemas são quase tão antigos como a história da

relojoaria. Apesar dos constantes melhoramentos nos elementos que

compõem o relógio mecânico, continuamos a ter uma força que é criada

por uma mola metálica. Por isso as duas maneiras por si citadas, não re-

solvem só por si o problema, mas ajudam a atenuá-lo. Durante o tempo

em que o relógio automático está a ser utilizado a força da corda está

sempre no máximo e a curva de descida da força só se inicia a partir

do momento em que o utilizador retira o relógio do pulso, portanto a

amplitude do balanço é elevada, durante mais tempo. Nos relógios de

corda manual, logo após que esta seja remontada a fundo, inicia-se a

curva de descida da força. Para que essa descida não seja tão pronun-

ciada e leve a que o balanço perda amplitude, e por consequência a

marcha varie, optou-se por aumentar a duração de marcha, para que

a parte da curva de descida da força, correspondente a 24 horas, não

seja tão pronunciada.

Certificação COSCComo apreciador de relógios mecânicos – possuo quatro – noto, no dia-a-dia,

que este tipo de relógio tem um comportamento específico. Comportamento

também evidente no relatório que acompanha um dos meus relógios com certi-

ficação COSC, onde se constata que o relógio tem índices de precisão distintos

em posições diferentes. A questão é: porquê este tipo de comportamento e

como se pode explicar tecnicamente tais diferenças de precisão? A variação

de precisão também é afectada pela variação de temperatura; usando metais

menos susceptíveis de alteração da sua estrutura em face da temperatura não

se resolvia o problema?

JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA

Um cronómetro (não confundir com cronógrafo) é qualquer medidor de tempo

de alta precisão. Para a lei suíça, um fabricante só pode afixar a designação

‘cronómetro’ a um modelo próprio depois de cada exemplar ter superado uma

série de testes e obtido o certificado do COSC – sigla de Contrôle Officiel Suisse

des Chronomètres, a mais famosa das entidades suíças de controlo de marcha

e precisão. O COSC testa apenas mecanismos, não o relógio completo (como o

faz a Jaeger-LeCoultre, por exemplo). Os movimentos mecânicos são muito sen-

síveis a variações de temperatura e posição, daí o COSC testar cada mecanismo

durante 15 dias consecutivos, submetendo-o a cinco diferentes posições e três

temperaturas (20º, 4º e 36º centígrados). Todas as alterações na precisão são

anotadas e comparadas com uma norma-padrão. Actualmente, quando testados,

os mecanismos devem apresentar os seguintes comportamentos para serem

classificados como cronómetros e receberem o boletim de marcha oficial:

1) a variação diária média em cada posição não pode representar um atraso su-

perior a quatro segundos ou um adiantamento maior do que seis; 2) a média de

todas as variações observadas durante dez dias de testes não deve ser superior

a dois segundos; 3) a maior variação entre as diversas posições testadas não

pode ser superior a cinco segundos; 4) a diferença entre as médias das posições

horizontais e verticais não pode significar um atraso de seis ou um adiantamento

de oito segundos; 5) a diferença entre a maior variação num dia e a variação

diária média não pode ser superior a dez segundos; 6) não pode ocorrer um

atraso ou adiantamento superior a 0,6 segundos por cada grau centígrado de

variação na temperatura dos testes; 7) em cada ciclo de cinco dias de testes, não

pode ocorrer uma variação média superior a cinco segundos de atraso ou adian-

tamento. Os testes do COSC simulam as condições aproximadas a que o relógio

será submetido em uso normal. Alguém que tenha tendência para manter o pulso

em apenas uma posição (quem trabalha ao computador, por exemplo) fará com

que o seu relógio acumule regularmente todos os erros relativos àquela posição.

A precisão do relógio só é alcançada através do fenómeno da ‘compensação

de erros’. Um relógio que, colocado numa única posição durante o dia, adianta

dois segundos, e, no dia seguinte, noutra posição, atrasa dois segundos, não

possuirá variação alguma ao terceiro dia. O mesmo raciocínio pode ser aplicado

às alterações de temperatura, sendo que actualmente se utilizam os materiais

e óleos mais imunes às variações. O certificado de cronómetro atribuído pelo

COSC indica o extremo cuidado da manufactura no ajuste e na construção do

movimento, sendo garantia de excelente precisão – mas nem sempre de absoluta

precisão. De qualquer das formas, um relógio mecânico que tenha uma variação

de dez segundos por dia atinge uma notável precisão de 99,97 por cento!

Page 27: Espiral do Tempo 28

27Espiral do Tempo 28 Correio do Leitor

Precioso ou funcional?Como apreciador de relógios, não poderia deixar de ser, também,

lei tor da vossa revista, que aproveito para elogiar. A razão de ser

des te meu contacto prende-se com uma questão que me acompanha

há al gum tempo, mas que, por diversas razões, ainda não esclareci.

A minha questão é: por que razão se utilizam rubis nos relógios, se

se depreende que um bom relógio tem de ter obrigatoriamente essas

pedras, que, em número variável, revelarão a qualidade do mecanis-

mo? Serão esses rubis genuínos ou sintéticos?

JOSÉ ANTóNIO SANCHEZ COELHO SILVA

O rubi utilizado em relojoaria é uma pedra sintética dura usada num

mecanismo pelo seu efeito anti-atrito como rolamento de fricção. O

atrito é o inimigo número um do movimento mecânico – é a resistência

que se opõe ao movimento relativo de dois corpos em contacto e os

seus efeitos mais perniciosos são as perdas de energia e o desgaste.

E é entre pivots (extremidades adelgaçadas dos eixos) e chumaceiras

(apoios circulares) que os nefastos efeitos do atrito mais se fazem

sentir. Para reduzir o atrito, utilizaram-se, de início, lubrificantes primi-

tivos de préstimos muito limitados, os quais, em contacto com o latão,

criavam azebre que, ao secar, aumentava a resistência cinética em vez

de a diminuir, originavam verdete e, misturados com as poeiras do ar,

constituíam massas abrasivas que desgastavam tanto furos como pi-

vots. A utilização do rubi como chumaceira para os pivots das peças mais

sensíveis do mecanismo veio dar resposta ao problema. O rubi natural é

uma pedra preciosa que pertence à família dos corindos, minerais que

se distinguem pelo seu elevado grau de dureza. Conhecedor das cara-

cterísticas do rubi e dos problemas do atrito no relógio, o matemático

suíço Nicolas Fatio teve a brilhante ideia de utilizar estas gemas como

chumaceiras, em 1704. A grande revolução da produção de componen-

tes em rubi para o relógio inicia-se em finais do século XIX e, nos anos

20 do século seguinte, fica consumada com a industrialização do rubi

sintético. Possuindo rigorosamente as mesmas características químicas,

físicas e cristalográficas, o rubi sintético substituiu completamente o

rubi natural. A título de curiosidade: um relógio mecânico simples, de

corda manual, tem, normalmente, 17 rubis – cujo preço é quase irrisório

se comparado com o dos componentes metálicos, não constituindo

uma mais-valia a não ser funcional. Mesmo os rubis naturais utilizados

em relógios antigos, depois de furados e manufacturados, são pedras

que, pelas suas dimensões, formas e características, não têm qualquer

outra serventia.

Vidro de safira ou mineralNas descrições dos relógios da vossa revista, tenho notado que a maior

parte deles são dotados de um vidro de safira, mas que também há

relógios com vidro mineral. Qual é a diferença?

JOÃO MADEIRA RUIVO

A diferença é sobretudo qualitativa, quando não tem a ver com tradição.

No último caso está o TAG Heuer Monaco, que reedita o famoso cronógrafo

automático quadrado de 1969 e que respeita o original recorrendo a um

vidro em plexiglas. Mas, normalmente, todos os relógios de qualidade

são equipados de um vidro de safira (sintética, por vezes com trata-

mento anti-reflexo) sobre o mostrador e até no fundo (quando é trans-

parente) – uma vez que se trata de um material anti-risco e com uma

dureza de nove na escala de Mohs. Entre os materiais conhecidos, só o

diamante é mais duro (dez na escala de Mohs), ao passo que a dureza

do vidro mineral é de cinco na escala de Mohs. Os vidros em plexiglas

são aplicados quando a sua forma é de tal modo específica que o vidro

de safira não é possível. Na imagem pode ver-se o Monaco Chronograph

da TAG Heuer, cujo vidro, devido às suas características específicas não

poderia ser feito em safira.

Reserva de marchaO que significa precisamente a expressão ‘reserva de marcha’ tão utilizada

nos vários artigos da vossa revista?

LUÍSA VASQUES

Reserva de marcha ou reserva de corda é a autonomia que um relógio mecâni-

co (de corda automática ou de corda manual) apresenta desde o momento

em que está com a corda toda até ficar sem ela... e parar. Por exemplo: um

relógio automático completamente ‘carregado’ e com uma autonomia de 44

horas é imobilizado em cima de uma mesa sem receber qualquer tipo de

corda; demorará precisamente 44 horas até parar. Já os relógios de quartzo

funcionam até à pilha acabar.

Page 28: Espiral do Tempo 28

[ Breves ]

28 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Audemars Piguet Royal OakÍcone eterno em ouro rosa

Nem sempre são as grandes complicações ou as

múl tiplas funções que conferem excelência a uma

peça de alta-relojoaria, como o prova o Royal Oak

Automatic. Apenas com as funções de horas, minu-

tos, segundos e data, é um mito da relojoaria graças

à sua arquitectura singular há mais de 35 anos.

Com a célebre luneta octogonal fixada por parafusos

hexagonais e o habitual padrão quadriculado Grande

Tapisserie no mostrador, o Royal Oak surge também

numa versão em ouro rosa acompanhada de correia

em pele de jacaré com fecho de báscula também em

ouro rosa. Preço: € 19.280

Relojoaria suíça: Recorde de exportaçãoNunca antes a indústria relojoeira suíça ex-

por tou tanto como em 2007. As exportações

aumentaram 16,2% para 16 biliões de fran-

cos – o maior crescimento dos últimos 18

anos. Cerca de 26 milhões de relógios de

pulso saíram das fábricas do país. Os

maiores mercados para esse produto são os

EUA, seguidos por Hong Kong e Japão. Os

países em que mais aumentaram as vendas

de relógios suíços foram a Rússia (+ 57,4%)

a China (43%) e os Emirados Árabes Unidos

(36,6%). Também no ano passado a venda

de relógios de luxo em França disparou, regi-

stando um crescimento de 11%.

Chopard: Investimento de 15 milhões em FleurierA Chopard vai incrementar as suas activi-

dades na região de Val-de-Travers: o grupo

genebrino de relojoaria e joalharia pretende

investir 15 milhões de francos no crescimen-

to das capacidades de produção em Fleurier.

O investimento consiste na compra de um

terreno e de um novo edifício; nos últimos

onze anos, a Chopard passou de três para

130 efectivos na Manufactura L.U.C situada

na principal localidade do Val-de-Travers.

Print’Or 2008Mais de 600 expositores e marcasPara a sua 16ª edição, o Print’Or regressou

à Eurexpo de 3 ao 5 de Fevereiro. Três dias

de negócios, tendências, criações, encontros

e trocas: o cocktail de brilho, eficácia e con-

vivência que faz o sucesso da feira desde a

sua criação! Com mais de 600 expositores e

marcas, o Print’ Or confirma o seu estatuto

de acontecimento profissional mais impor-

tante de França dedicado ao universo relo-

joeiro e joalheiro.

“Incluir a aparênciaexterna e o design na definição de

alta-relojoaria é problemático uma vez

que estes aspectos são uma questão

de gosto pessoal.”

Fraçois-Paul Journe

Acessórios Porsche DesignLinhas puras

Para o homem actual que se preocupa com a sua imagem e o assume, sem constrangimentos, a Porsche De-

sign disponibiliza diversas linhas de acessórios masculinos de luxo. Com linhas puras e design moderno, os

acessórios exclusivos da Porsche Design – que vão desde botões de punho e braceletes a porta-chaves, anéis

e óculos, não são apenas decorativos – são acima de tudo funcionais. Preço: A partir de € 140

Page 29: Espiral do Tempo 28

Chopard Mille Miglia Grand Turismo XL ChronoA força de um mito

Criada em 1988, fruto da parceria celebrada entre a Chopard e o rali nostálgico que reedita a mítica corrida

transalpina de mil milhas (Brescia–Roma–Brescia), a colecção Mille Miglia não tem parado de crescer. A última

adição: o Mille Miglia Grand Turismo XL Chrono Classic – considerado XL não apenas pelo tamanho da sua

caixa em aço (44 mm) mas também graças ao seu conteúdo mecânico e à dimensão do mito Mille Miglia,

assente na qualidade mecânica e no prestígio. Pormenor a realçar: a gravação do percurso das mil milhas no

verso da caixa. Preço: € 4.240 euros

Cintrée Curvex AutomaticO lado doce da vida

A inigualável caixa que é imediatamente associada ao ‘Mestre das Complica-

ções’ – a Cintrée Curvex – ganha outra vida com o novo mostrador em tons de

chocolate. Seguindo sempre o lema de «fazer relógios excepcionais para pes-

soas excepcionais», o Cintrée Curvex Automatic foi o primeiro relógio de Franck

Muller a adoptar a cor chocolate no mostrador, que mais tarde foi aplicada

também à colecção Conquistador Cortez, para quem aprecia o lado doce da

vida. Este modelo mecânico de corda automática com rotor em platina 950 tem

as funções de horas, minutos, segundos e data. Com caixa em ouro rosa e com

fundo em safira, é estanque a 30 metros. A bracelete em pele de crocodilo.

Preço: € 17.100

Jaeger-LeCoultre Master TourbillonPrecisão incomparável

A história da Jaeger-LeCoultre ficou marcada em 2006

com o lançamento do primeiro clássico Master Control

dotado com um turbilhão. Este relógio extraordinário,

com as linhas clássicas e design simples e elegante surge

dotado de um turbilhão que assegura que o movimento

da peça opera com extrema precisão. O turbilhão em ti-

tâ nio é acompanhado de um movimento de corda auto-

má tica que opera a 28.800 alternâncias/hora e com um

novo balanço de grandes dimensões. Com as funções de

horas, minutos, segundos, data e segundo fuso horário,

surge aqui em ouro rosa, a combinar com uma bracelete

em pele de jacaré. Preço: € 42.500

“Quando lançamos asnossas colecções, o nosso objectivo

é que definam o tom para os doze

meses do ano.”

Jérôme LambertCEO Jaeger-LeCoultre

Page 30: Espiral do Tempo 28

[ Breves ]

30 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Lange 31 da A. Lange & SöhneEnergia para um mês inteiro

À primeira vista, o Lange 31 impressiona pela caixa de grandes dimensões (um diâmetro imponente de 46

mm e uma altura total de 15,9 mm) mas, apesar do invólucro de aparência falsamente simples, trata-se de

um relógio com excepcionais atributos técnicos que permitem uma sensacional reserva de corda de 31 dias.

O indicador ocupa uma grande área à direita do mostrador de prata maciça; o último segmento, a vermelho,

lembra o proprietário que, decorrido um mês completo, é finalmente hora de dar corda ao relógio através de

uma chave que se insere na ranhura existente no fundo. Preço sob consulta

Levado ao extremoMaster Compressor Extreme World Chronograph

O Extreme World Chronograph é a evolução natural

da colecção Master Compressor. Cronógrafo mecâni-

co de corda automática JLC 752, tem como funções:

horas, minutos, data, cronógrafo, horas universais e

reserva de corda. A sua caixa de 46,3 mm em aço e

titânio é estanque a 100 metros. Robusto, beneficia

ainda do sistema ‘Chaves de compressão’ que, além

de o tornar uma caixa-forte, permite o accionamento

do cronógrafo sem os habituais “saltos” iniciais. É

fornecido ainda com duas correias: cauchú e pele de

jacaré. Preço: € 10.000

François-Paul JourneChronomètre à Ressonance

Apresentado em 2000, este relógio representa um

dos maiores desafios na área do relógio mecânico:

François-Paul Journe conseguiu a prova relojoeira

que dois movimentos conseguem funcionar em unís-

sono através da ressonância. Este relógio excep cio-

nal apresenta-se em duas versões: com caixa em

pla tina com mostrador em ouro branco ou em ouro

rosa. Ampliou-se a caixa para 40 mm para realçar a

face do relógio que indica as horas, minutos e se-

gun dos através de mostradores pequenos em prata

guilhoché, presos por círculos em aço polido no

verso do relógio em ouro 18 quilates. Desvenda-se o

mecanismo subtil, agora manufacturado em ouro 18

quilates, através do fundo safira, permitindo desco-

brir os dois corações mecânicos batendo em perfeita

sincronia. Preço: € 62.640

“Em última análise temosde estar presentes em cada uma

das capitais mundiais do luxo.”

Georges KernCEO da IWC

Page 31: Espiral do Tempo 28
Page 32: Espiral do Tempo 28

[ Breves ]

32 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

TAG Heuer Aquaracer Automatic Day-Date Mergulho no universo aquático

Inspirado na lendária Série 2000 o Aquaracer acumula todos os atributos para conquistar os amantes dos des-

portos aquáticos. Com a caixa de 41 mm de diâmetro em aço, e vidro em safira, é estanque até 300 metros. Os

ponteiros luminescentes permitem uma excelente visibilidade, mesmo nas águas mais profundas. A luneta em aço

tem um anel interior unidireccional em borracha com escala de minutos. Na posição das três horas, a indicação

do dia da semana e da data. Um modelo a ser usado com charme em qualquer ocasião – a bordo de um iate ou

no tapete vermelho de uma noite de óscares. Preço: € 1.500

B-42 Official CosmonautsDesign e funcionalidade acessíveis

Galardoada pela criação de relógios automáticos com

desempenhos extraordinários no espaço, a Fortis lançou

a colecção Cosmonauts – na qual se inclui o B-42 Official

Cosmonauts Day/Date Titanium. Com caixa de 42 mm em

titânio, é estanque a 200 metros e possui indicador de

dia do mês e dia da semana. Com numeração e índices

luminescentes, tem uma visibilidade perfeita. Com um

design desportivo e excelente funcionalidade, este Fortis

representa a inigualável oportunidade para ter uma ex-

traordinária peça de relojoaria a um preço bem razoável.

Preço: € 1.480

Raymond Weil Nabucco ChronoForça imperial

Sendo o maior modelo jamais criado pela Raymond

Weil, o novo cronógrafo da marca assume uma person-

alidade forte e poderosa. É o primeiro modelo da marca

genebrina a surgir com uma imponente caixa de 46mm,

estanque a 200 metros, e com uma estrutura sólida em

aço inoxidável conjugada com os pormenores em fibra

de carbono – um material high-tech. O cronógrafo au-

tomático apresenta um totalizador de 30 minutos às 3

horas, um totalizador com contagem de horas às 6 ho-

ras e segundos contínuos às 9 horas. A data, na posição

das 4h30m, é alterada por um botão independente na

caixa, às 10 horas. Preço: A partir de € 2.870

“Usar o meu TAG Heuer já fazparte do meu visual, estou habituado

a vê-lo no meu pulso. Sem ele sinto

que falta qualquer coisa.”

Lewis HamiltonPiloto de F1 e embaixador TAG Heuer

Page 33: Espiral do Tempo 28
Page 34: Espiral do Tempo 28

A Rolex defende que cada agente da

marca tenha o seu serviço após ven-

das (SAV) independente, com relojoei-

ros competentes para o efeito. Muitos

agentes optam por ter o serviço direc-

ta mente na loja. Considera que esta po-

lítica deveria ser seguida por todas as

marcas de alta-relojoaria?

Paulo Torres

Administrador C.S. Torres SA

Penso que cada retalhista deveria ter no

seu serviço de atendimento ao cliente

um relojoeiro permanente para a satis-

fação imediata do mesmo. Acredito que

seja uma política dispendiosa, mas tam-

bém acredito que a longo prazo colha-se

o fruto do investimento. Penso ser uma

estratégia inteligente por parte das mar-

cas para a defesa do serviço do cliente fi-

nal do seu produto, embora nem sempre

rentável no imediato.

A. Lange & Söhne:18 prémios em 2007, um recorde2007 foi um bom ano para a manufac-

tura alemã A. Lange & Söhne, dado que

os seus relógios mecânicos foram pre-

miados 18 vezes e, muito recente men -

te, dois modelos foram eleitos ‘Watch

of the Year 2007’ em Viena de Áustria.

Desde o lançamento da primeira co-

lecção pós II Guerra Mundial, há já 13

anos, a marca do grupo Richemont já

recebeu mais de uma centena de con-

sagrações, entre elas 64 primeiros pré-

mios, fazendo assim prova das palavras

de Walter Lange quando afirmou que

queria voltar a fazer os melhores reló-

gios do mundo.

34 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Breves ]

Swordfish Grillo GMT-AlarmData dramática

A Graham impressionou, desde sempre, pelos seus

modelos de dimensões imponentes e design inova-

dor. E desde que surgiu, em 2005, a linha Sword-

fish tornou-se imediatamente num ícone da marca.

Um dos mais distintos modelos da colecção, o

Swordfish Grillo GMT-Alarm, une duas das funções

mais procuradas: segundo fuso horário e alarme.

Com a possante caixa de 46,5 mm e estanque a 100

metros, distingue-se por um ‘olho’ protuberante que

aumenta o visionamento da data de forma dramáti-

ca. Os ponteiros e a numeração estão revestidos

em superluminova branca, permitindo uma visibilida-

de excelente. Preço: € 6.650

Porsche Design Flat Six‘Prego a fundo’

Denominada Flat Six, a última colecção de relógios

da Porsche Design foi inspirada nos motores de seis

cilindros que contribuíram para a reputação da es-

cuderia alemã em todo o mundo. Para comemorar

os 35 anos da marca, a Porsche Design lançou um

relógio que lembra os primeiros cronógrafos negros

desenhados pelo fundador Ferdinand Alexander Por-

sche: o Edition 1 Flat Six P'6341. Cor emblemática da

marca, o negro que impera é 'salpicado' pelo branco

contrastante. No Flat Six P'6341 Porsche, o titânio

está revestido de negro através do recurso ao PVD.

Preço: € 4.500

“O Grillo era uma das minhasideias para a Graham se afirmar e poder

apresentar aos seus admiradores mais

uma extraordinária união entre o design

arrojado e o melhor da relojoaria suíça.”

Eric LothCEO The British Master

Page 35: Espiral do Tempo 28

Patek Philippe NautilusRenovação após 30 anos

Quando a Patek Philippe lançou o Nautilus há 30 anos, o original conceito do reló-

gio e a marcante afirmação de elegância casual foram objectos de culto. Agora, a

prestigiada manufactura genebrina apresenta uma nova e subtilmente redesenhada

colecção Nautilus, com frescor renovado para comemorar o aniversário da linha.

Entre os modelos renovados encontra-se o Nautilus 5712, que, além das horas e

minutos, contém pequenos segundos às 4 horas, indicador de reserva de corda en-

tre as 10 e 11 horas e data às 7 com indicador das fases da Lua integrado. Para um

relógio mais desportivo, este é um número excepcional de complicações adicionais

– assentes no famoso calibre automático Patek Philippe 240 PS IRM C LU. Disponível

em ouro rosa e ouro branco de 18 quilates, com correia em pele de jacaré cosida à

mão em castanho (ouro rosa) ou preto-safari (ouro branco). Preço: € 24.610

Audemars Piguet MillenaryTempo oval

A linha Millenary da Audemars Piguet é inconfundível –

graças à conjugação de um formato de caixa original,

ergonómico e inspirado no Coliseu de Roma, com caris-

máticos mostradores, onde o toque de excentricidade é

dado pela combinação de algarismos árabes e romanos

em linhas circulares e ovais. O motor que faz funcionar

esta peça de alta-relojoaria é o calibre AP 3120 de corda

automática e todas as peças são decoradas à mão para

serem apreciadas através do fundo transparente. A caixa,

neste modelo em ouro branco, tem superfícies alternada-

mente polidas e acetinadas. Preço: € 19.870

Rolex GMT Master IIA beleza do essencial

Criado em 1955, o GMT Master foi o primeiro relógio de pulso a indicar a hora em dois fusos horários dife-

rentes. O modelo Oyster Perpetual GMT Master II é equipado com luneta giratória e um ponteiro de 24 horas

com ajuste independente do ponteiro de horas tradicional. A nova luneta foi desenvolvida numa cerâmica

extremamente rígida e bela, para uma superior resistência à corrosão. Um detalhe a realçar: à meia-noite, o

preciso calendário Rolex salta instantaneamente para a data do dia seguinte. A operação é accionada por meio

de energia armazenada. A legibilidade da data é ampliada com a lupa Cyclops. Preço: € 5.440

Page 36: Espiral do Tempo 28

[ Breves ]

36 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Relojoaria impulsiona publicidade:Anúncios a relógios registaram o maior crescimentoO mercado da publicidade na Suíça entrou

com pujança no ano 2008. As despesas no

ramo aumentaram 10% em Janeiro em relação

ao mesmo mês do ano passado, fixando-se

nos 279,4 milhões de francos. A publicidade

de relógios/jóias registou o maior cresci-

mento (+75%), segundo dados do instituto

de mercado Media Focus, revelados no seu

relatório mensal. Os produtos alimentares

apresentaram igualmente um forte aumento

(+53,7%), tal como o ramo da electrónica de

divertimento (+57,6%).

“Temos que nos lembrar que lidamos com sonhos: a pior coisa

que pode acontecer a uma marca é ver

que um cliente ficou desiludido.”Master Compressor Diving LadyA visão feminina do mergulho

Desportivo, elegante e aperfeiçoando as exigências básicas dos

re ló gios de mergulho, o Master Compressor Diving da Jaeger-Le-

Coultre simboliza a união entre o mundo aquático e o universo

fe minino. Com luneta giratória unidireccional decorada com 16

diamantes, bem como os instrumentos de compressão da marca

que garantem a estanquicidade que se procura num relógio deste

género, oferece ainda uma inovadora complicação na colecção

feminina Master Compressor: a função de cronógrafo. A caixa, em

aço, é estanque até 300 metros. Preço: a partir € 6.900

Franck Muller Color DreamsOusadia no feminino

Com a audácia que lhe é característica, Franck Muller de-

senhou uma colecção a pensar nas mulheres (e também

nos homens!) que apreciam peças de alta-relojoaria que

primam pela elegância, mas que não têm medo de ousar:

a linha Color Dreams. Com o formato exclusivo do ‘Mestre

das Complicações’ – o Cintrée Curvex –, a colecção mos-

tra o seu carácter arrojado na utilização de algarismos

árabes de design multicolorido que se destacam tanto no

mostrador preto como no azul ou branco. A caixa é em

ouro branco maciço, conjugada com correia em pele de

crocodilo. Preço: € 12.920

Bernard FornasCEO da Cartier

Considera os relógios de maior dimen-

são uma moda efémera?

António Machado

Machado Joalheiros

Não, de todo. Penso que os relógios

grandes vieram para ficar. Hoje, o relógio,

para além do factor muito importante

que é o seu lado técnico e de inovação,

pos sui também um lado estético, de

aces sório, de imagem e personalidade.

Assim, precisa de uma maior dimensão,

para poder transmitir esses valores.

Page 37: Espiral do Tempo 28

“Os relógios fazem parte do dia-a-dia das pessoas, seja como acessório de moda, seja como um símbolo

de luxo que representa um certo modo de vida, por isso

nunca se irão cansar deles.”

Chopard Happy Sport Edition 2Feminilidade desportiva

Desde que foi lançado, em 1993, o modelo Happy Sport tem sido um vencedor nato – aliando de

maneira especialmente criativa (e divertida) o seu carácter joalheiro a uma vocação particularmente

desportiva. Hoje em dia, o Happy Sport Editon 2 surge numa altura em que as mulheres apreciam cada

vez mais os modelos robustos. A caixa de ouro, de 36 mm de diâmetro, alberga sete diamantes que se

vão movendo alegremente ao longo do mostrador. Alimentado por um mecanismo de quartzo com data,

é a escolha certa para quem deseja um modelo robusto mas feminino no pulso.

Preço: € 6.990

Fusion CollectionManuel dos Santos Jóias

A griffe Manuel dos Santos assina mais uma colecção de jóias

– a Fusion. A nova colecção expressa a elegância, feminilidade

e sobriedade numa composição entre diamantes, ouro amare-

lo, rosa e branco. Num apelo à memória da joalharia clássica,

renova-se o design na manufactura das sublimes escravas em

ouro, anéis e brincos. Um conjunto de jóias para a mulher

sofisticada e clássica que gosta de exibir jóias em qualquer

momento. Preço: a partir de € 840

A ousadia em forma de acessóriosde Grisogono

A mundialmente famosa marca de joalharia de Groisogono lançou agora uma fabulosa

linha de malas. A marca não é estreante em acessórios: no passado, já criou telemóveis,

óculos de sol e mesmo um par de algemas, todos eles decorados com diamantes e

caracterizados por um design arrojado. A nova colecção de malas não foge à regra. Esta

linha em couro e com cores vibrantes, com assinatura de Grisogono gravada à mão,

foi feita a pensar numa mulher confiante, feminina e audaciosa, o tipo de mulher que

Fawaz Gruosi, fundador e criador da marca, tem sempre em mente nos seus projectos.

Preço: Sob consulta

Fawaz GrousiCEO da de Grisogono

37Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 38: Espiral do Tempo 28

[ Breves ]

Recorde em leilão: 1,6 milhões de dólares por um pênduloA Cartier acaba de bater um recorde na casa

lei loeira Sotheby’ s, em Nova Iorque. Um co-

lecc ionador americano desembolsou 1,6 mi-

lhões de dólares por um pêndulo de es cri-

tório. Trata-se de um exemplar único, criado

em 1943 e oferecido por Pierre Cartier como

presente pessoal ao presidente americano

Franklin Delano Roosevelt, que cumpriu qua-

tro mandatos de quatro anos à frente dos Es-

tados Unidos no conturbado período de 1933

e 1945. O novo recorde bate a marca prece-

dente de 1,5 milhões de dólares estabelecida

há cerca de 15 anos.

200 mil relógios contrafeitos confiscados em ItáliaA polícia financeira italiana anunciou uma

apreensão recorde em Roma de 200 mil reló-

gios de marca contrafeitos e 30 mil canetas

de luxo pirateadas, importados da China. Se-

gundo as autoridades italianas, esta foi uma

das mais importantes operações recentes da

luta contra a contrafacção. O valor global da

apreensão ascendeu aos quatro milhões de

euros. Um exame técnico revelou a “excelen-

te qualidade” dos produtos que pa recem

“pra ticamente idênticos aos originais”.

Equilíbrio entre cultura e economiaDar novos impulsos à relação entre a cultu-

ra e a economia é o principal objectivo do

fórum Tiberius, fundado em Dresden há quat-

ro anos, como um fórum internacional de cul-

tura e economia. Os fundadores pretendem

acolher o primeiro World Culture Forum em

Dresden, no início de 2009, que será um con-

gresso com representantes de toda a Europa.

O prelúdio para esta visão ambiciosa – um

simpósio – foi realizado na capital saxónica,

de 23 a 25 de Novembro e teve a manufac-

tura alemã Glashütte Original como parceira.

“Um relógio é o objecto mais altamente manufacturado no mundo

que mede a mais íntima das coisas,

que é pessoal, em oposição

ao tempo universal.”

Alain Silverstein

“Tenho muito apreço pelo meu relógio. Foi o meu avô que mo

vendeu no seu leito de morte.”

Woody Allen

38 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Sector Chrono RetrogradeSempre a desafiar os limites

A nova colecção de relógios desportivos da Sector não

foge à regra e continua a fazer eco do mote da marca:

«desafie os seus limites». Com um look arrojado e uma

precisão garantida, os novos cronógrafos retrógrados

incluem uma robusta caixa em alumínio, com 44 mm

de diâmetro, vidro em cristal mineral e fundo aparafu-

sado. É estanque até 100 metros e tanto a coroa como

os botões são de rosca. Com funções de cronógrado

1/20 segundos e data. A bracelete é de cauchu. O com-

panheiro ideal para ‘viciados’ em adrenalina.

Preço: € 159

Limited EditionSector aposta nos acessórios

Tendo consciência de que mesmo os homens mais

aventureiros de hoje em dia já não descuram a sua

aparência, a Sector decidiu inovar e criou uma edi-

ção limitada de acessórios masculinos. Da colecção

Limited Editon fazem parte modernas braceletes em

aço e pele, um anel em aço com um diamante negro

e elegantes pendentes, também em aço e pele.

Preço: a partir de € 95

Page 39: Espiral do Tempo 28

“Este é o nosso mundo e o nosso tempo. É isso que tento

mostrar, acreditando no

meu estilo.”

Roberto Cavalli

39Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Versace EclissiSofisticação contemporânea

A colecção de relógios da Versace foi enriquecida

com um novo modelo: o Eclissi, um exemplo supre-

mo de sofisticação contemporânea. A caixa e brace-

lete de design elegante em plaquè marcado com

pa drão Greca e com oito diamantes de 0,12 Cts, com-

binam com o mostrador prateado guillochè com dois

diamantes e index em plaquè. O Eclissi é a prova

incontestável de que o sucesso e a distinção de um

relógio não dependem do ouro.

Preço: € 1.100,00

A supremacia do douradoRoberto Cavalli e Just Cavalli

Pode ter passado por tempos difíceis no que toca

à decoração, mas na moda, e mais especificamente

nas jóias e nos relógios, o dourado manteve sempre

o seu lugar de rei e senhor. Sempre in, seja em peças

mais clássicas ou nas mais arrojadas, o dourado é

uma aposta ganha. E os grandes criadores sabem

disso: em plaquè, na nova colecção de relógios Cle-

a vage de Roberto Cavalli, e em PDV dourado, na co-

lecção Just Joy da Just Cavalli, que inclui anel, pulsei-

ra, brincos e colar. Preço: a partir de € 45

Page 40: Espiral do Tempo 28
Page 41: Espiral do Tempo 28

41Grande Entrevista Giulio Papi

A associação entre a Audemars Piguet e o gabinete Renaud & Papi promoveu uma plataforma tecnológica que estabeleceu um novo conceito na relojoaria; os quilómetros de distân-cia entre a secular manufactura de Le Brassus, no Vallée de Joux, e a sua sucursal, localizada em Le Locle, não afectam o laço umbilical entre as duas entidades – mas se a Renaud & Papi é respon-sável por alguns mecanismos ultracomplicados da Audemars Piguet, também é suficientemente independente para fornecer prodígios da micro- -mecânica a outros clientes de prestígio.

Fundada em 1986 por Dominique Renaud e Giulio Papi, dois jovens mestres relojoeiros for-mados na Audemars Piguet, a empresa é actual-mente dirigida por Giulio Papi e 60 por cento da produção destina-se precisamente a satisfazer as mais complexas necessidades da Audemars Piguet; a colecção Tradition d’Excellence (20 exemplares cada, com preço unitário superior a 250 mil euros) é feita lá, tal como o Royal Oak Concept Watch e os modelos de Richard Mille que abalaram decisivamente os cânones estéticos da alta-relojoaria, graças a um visual técnico, ma-

[ Grande Entrevista ]

Responsável pelo reputado ‘atelier’ Renaud & Papi, Giulio Papi está directamente

associado à concepção de algumas das mais audaciosas complicações relojoeiras da actualidade e à

corrente da nova relojoaria. A entrevista que se impõe, numa altura em que o mestre de origem toscana

não enjeita o lançamento da sua própria marca, num futuro não muito distante.

“Não sou um relojoeiroconservador de museu: sou um relojoeiro

normal mas sempre com o espírito de

vanguarda e o fascínio pela tecnologia

que o relojoeiro deve ter.”

Giulio Papi

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | La-Chaux-de-Fonds, Suíça

Page 42: Espiral do Tempo 28

teriais de ponta e mostradores estruturados. Para além de mecanismos de excepção, a Renaud & Papi concebe também máquinas para a fabricação de peças especiais e tem um departamento de acabamento / decoração de elevada qualidade.Mas tem sido sobretudo graças às últimas cri-ações de elevado pendor high-tech que o mestre relojoeiro de 41 anos e origem toscana granjeou a fama de progenitor da nova relojoaria…

Espiral do Tempo: A Renaud & Papi está na vanguar-

da da indústria relojoeira, não só graças à concepção

de complicações tradicionais para a relojoaria clássica,

mas sobretudo pela capacidade de apresentar meca-

nismos e soluções técnicas de vanguarda que abalaram

os cânones estéticos da alta-relojoaria…

Giulio Papi: A relojoaria não é estática, ultrapassada nem baseada exclusivamente em premissas ances-trais – é uma actividade que tem estado sempre na vanguarda, e os grandes relojoeiros do passado nunca cessaram de melhorar tecnicamente ou in-ventar novas ligas de metais e diferentes tecnolo-gias para aperfeiçoar a cronometria. Não sou um relojoeiro conservador de museu: sou um relo-joeiro normal, mas sempre com o espírito da van-guarda e o fascínio pela tecnologia que um relo-joeiro deve sempre ter. Há muito que desejávamos impor um design diferente – e a ideia não surgiu porque estávamos fartos de ver elegantes mostra-dores tradicionais ou em esmalte. A intenção era

tornarmo-nos mais contemporâneos. E há uma evolução natural na utilização de materiais nos objectos que nos rodeiam – por exemplo, agora uso uma bicicleta com um quadro em carbono ultraleve e carreto de velocidades completamente diferente… mas continua a ser uma bicicleta! O design evoluiu igualmente, desde os utensílios mais banais até às casas desenhadas para con-sumir menos energia. A evolução é natural e na relojoaria também; para além do mecanismo em si, quisemos dar uma tridimensionalidade estética aos mostradores e oferecer uma terceira dimensão introduzindo a noção de profundidade.

ET: A alta-relojoaria sempre teve a fama de ser um meio

excessivamente tradicional. As mentalidades custam a

mudar e o advento do Audemars Piguet Royal Oak Con-

cept e dos modelos Richard Mille parece ter acontecido

no momento certo…

GP: Na verdade, tivemos a ideia do novo visual ainda nos anos 90, há cerca de dez anos. Fizemos a proposta e na altura não fomos bem-sucedidos porque a relojoaria de gama alta é um meio muito conservador. A ideia de mudança através de um produto radical chocou a Audemars Piguet. Até que um dia Richard Mille, responsável pela re-lojoaria da Mauboussin e com quem já havíamos trabalhado, decidiu criar a sua marca e veio ter connosco para nos encomendar um conceito con-temporâneo que nos agradou de imediato. Ele foi visionário, teve a coragem de se lançar totalmente

na sua missão sem que houvesse qualquer sinal de que seria bem aceite ou de que teria sucesso. Nós também fomos visionários… mas nada nos indicava que pudéssemos ter sucesso comercial. Apenas queríamos fazê-lo, era um feeling – en-fim, observamos o que se passa no mundo à nossa volta, o cérebro absorve as mudanças e elabora da-dos utilizando a imaginação… algo nos dizia que devíamos fazê-lo. E o Richard Mille tinha razão; foi ele o primeiro a lançar-se na gama alta com um produto genuinamente contemporâneo.

ET: Mas terá sido a Audemars Piguet – uma respeitada

marca secular – a validar a entrada na nova era da alta-

-relojoaria com o seu Royal Oak Concept…

GP: A situação surgiu praticamente ao mesmo tempo e é verdade que o facto de a Audemars Piguet ter lançado um tal relógio deu legitimi-dade ao novo conceito. Jogou um trunfo impor-tante e foi necessária uma grande coragem devido à sua reputação conservadora – imagine-se a Rolls Royce fazer um carro completamente futurista que não tivesse nada a ver com as suas viaturas! Era difícil de imaginar, mas o exercício foi con-seguido. Foi preciso coragem e a verdade é que, actualmente, a Audemars Piguet é vista como uma marca audaz.

ET: A utilização de novos materiais, uma característica

da Renaud & Papi, também está associada à nova vaga

da tecnorelojoaria…

42 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

“A evolução é natural e na relojoariatambém; para além do mecanismo em si, quisemos dar uma

tridimensionalidade estética aos mostradores e oferecer

uma terceira dimensão com noção de profundidade.”

Giulio Papi

O magnífico Audemars Piguet Mille-

nary com Segundos Mortos. Portento

exercício de técnica relojoeira ao al-

cance de muito poucos. Este modelo

está equipado com o novo escape da

Audemars Piguet.

Giulio Papi não esconde a sua admi-

ração por Richard Mille, a quem re-

conhece um espírito e uma aborda-

gem inovadoras em relação à técnica

e estética da alta-relojoaria actual.

Page 43: Espiral do Tempo 28

43Grande Entrevista Giulio Papi

O mestre relojoeiro orgulha-se de exi-

bir no seu pulso umas das mais em-

blemáticas complicações relojoeiras:

o calendário perpétuo. Giulio Papi e o

seu Royal Oak Perpetual Calendar da

Audemars Piguet

A paixão de Giulio Papi pela arte da

re lojoaria tornaram-no numa figura

re conhecidamente capaz de ombrear

com qualquer mestre relojoeiro.

Page 44: Espiral do Tempo 28

44 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 45: Espiral do Tempo 28

GP: Há duas diferentes abordagens relacionadas com a utilização de novos materiais – uma em que se descobre um novo material, que pode ser uma nova liga metálica nunca utilizada na relo-joaria, e se decide depois o que fazer com ele; a outra abordagem, contrária, é a que utilizamos: começamos por um design técnico e ergonómico, e se esse design requer um material de cor preta, azul ou amarela, vamos à procura de um mate-rial nessas cores com as melhores propriedades mecânicas. Começamos com a estética e a técnica e depois decidimos qual o material que melhor corresponde às premissas. No caso de Richard

45Grande Entrevista Giulio Papi

“Começamos por um design técnicoe ergonómico e se esse design requer um material de cor

preta, azul ou amarela, vamos à procura de um

material nessas cores com as melhores

propriedades mecânicas.”

Giulio Papi

O mecanismo do Royal Oak Concept

deslumbra pela sua complexidade

técnica e pela sua beleza estética.

Ao alcance de muito poucos, o Royal

Oak Concept da Audemars Piguet é

outra das criações de Giulio Papi e

uma referência do seu atelier. Cada

relógio demora quatro meses a ser

mon tado.

Mille, a ideia inicial era ter um look cinzento, an tracite e negro; foi necessário procurar mate-riais condizentes. Começámos por lançar um modelo de materiais convencionais mas com um revestimento muito técnico em PVD negro. Ao mesmo tempo, fomos estudando um carbono só-lido, passível de ser trabalhado e limpo, que não produzisse pó; quando encontrámos a matéria em carbono, substituímos todos os materiais conven-cionais pelo novo carbono.

ET: Tecnicamente, qual é a próxima via a seguir? No

início da década, o objectivo da Renaud & Papi era o de

produzir mecanismos sem óleo e com uma reserva de

corda aumentada. Há outros caminhos revolucionários

a considerar?

GP: Trabalhámos muito no sentido de aumentar a reserva de marcha e depois no de suprimir a lubri-ficação. É no sistema de escape que existem pro- blemas de lubrificação – mais de 90 por cento dos problemas têm a ver com o escape do mecanismo; o escape precisa de equilíbrio e, à medida que tra-balha, o óleo dispersa-se… há outros pontos onde se pode cortar com a lubrificação, mas o escape é o mais sensível e foi logo incidindo sobre o escape que começámos a trabalhar. O que se passa é que o lubrificante funciona bem quando está novo, mas passados cinco anos as coisas já não correm tão bem e é preciso fazer a substituição e limpar o relógio. A ideia era conceber um escape sem lubrificante, mas que consumisse menos energia, o que poderia aumentar a reserva de marcha. E

um escape sem lubrificante é muito mais estável no tempo. Havia duas soluções possíveis: traba- lhar com materiais novos, que não precisassem de óleo, ou então trabalhar com materiais tradi-cionais que fossem utilizados numa técnica de funcionamento diferente. Escolhemos a segunda via, a dos materiais convencionais, porque dentro de um ou dois séculos, quando um relojoeiro for reparar um mecanismo com materiais tradicio- nais, poderá sempre restaurá-lo ou refazê-lo, como sempre se fez na relojoaria. Mas se utilizarmos os novos materiais, como o silício, que até é muito válido, daqui a um século ou dois o relojoeiro vai ter poucas hipóteses de refazer a peça – são peças que se fazem em laboratórios de física e que não têm a ver com a mecânica.

ET: O novo escape da Audemars Piguet tem estado pre-

cisamente em grande destaque nos últimos tempos.

Em que consiste?

GP: A prioridade era utilizar materiais tradicionais e não sintéticos para que, no futuro, pudesse sem-pre ser recuperado; depois, olhámos para o pas-sado e para os relojoeiros ancestrais, de modo a equacionar diversas soluções para o escape – havia um muito interessante, chamado ‘escape Robin’, do relojoeiro Robin. Os registos indicavam que não funcionava bem e achámos bizarro porque a razão da falha não estava descrita; então anali-sámos o assunto e Patrick Augereau percebeu porque funcionava mal: o problema situava-se ao nível do amortecimento: a segurança era tão

O silêncio no atelier de Giulio Papi é

total. Aqui são montados e desenvol-

vidos alguns dos mais complexos re-

ló gios da actualidade.

O modelo do escape da Audemars

Piguet e a sua aplicação no movi-

mento do Millenary com Segundos

Mortos.

Page 46: Espiral do Tempo 28

A pequenez do escape e do balanço

pode ser apreciada à escala real. De

notar que esta é já uma peça compos-

ta por dezenas de outras peças ainda

mais pequenas.

As ideias surgem no caderno de apon-

tamentos de Giulio Papi, depois são

transpostas para desenhos téc nicos e

simulações computorizadas.

46 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 47: Espiral do Tempo 28

“Adoptámos uma lógica artesanal– o que queremos atingir é o domínio absoluto da arte

para realizar um objecto e actualmente não há

máquinas que possam chegar a um tal nível.”

Giulio Papi

pequena que bastava um pequeno choque e tudo ficava bloqueado. O nosso técnico encontrou uma solução para o problema, envolvendo o anti-choque, que patenteámos e graças à qual o escape funciona com excelentes resultados. Chamámos--lhe escape AP, porque não se parece muito com o escape Robin… talvez devêssemos baptizá-lo escape Augereau! O novo escape dá-nos grande satisfação e consome claramente menos energia – um escape tradicional suíço de âncora absorve 65 por cento de energia, porque recebe 100 e restitui 35; o novo escape consome apenas 45 por cento de energia, recebendo 100 e restituindo 55. Com o excedente de energia podemos fazer três coisas: ou aumentamos a reserva de marcha, ou aumen-tamos a frequência do balanço (que consome mais energia) ou alargamos o tamanho do balanço – ou fazemos um pouco as três coisas ao mesmo tempo, aumentando a duração da reserva de corda e elevando um pouco a frequência. Os balanços maiores são mais estáveis, menos sensíveis às perturbações e à utilização, logo, à cronometria. Conseguimos também manter a tensão da corda.

ET: A sua companhia pertence à Audemars Piguet em

quase 80 por cento – numa situação maioritária, como

é possível gerir todo um cenário de concorrência com o

fornecimento à Richard Mille e a vários outros clientes

da alta-relojoaria?

GP: A Audemars Piguet tem na realidade 78,4 por cento, o director-geral Fabrice Deschanel tem 1,6 por cento e eu tenho 20 por cento. O objectivo da Renaud & Papi é fazer relógios que façam so- nhar, relógios contemporâneos. Se trabalharmos exclusivamente para a Audemars Piguet, não sa- beremos se somos os melhores – o facto de traba- lharmos para outras companhias diz-nos que elas estimam que fazemos um bom trabalho e o facto de continuarem a vir até nós prova que somos mesmo muito bons. É claro que para a Aude-mars Piguet é um sacrifício deixar que façamos belos relógios para outros, mas é também uma

garantia de que a nossa empresa trabalha sempre bem. E há muitos aspectos positivos: a pesquisa, a aprendizagem perante outras dificuldades, a con-stante melhoria faz com que os produtos Aude-mars Piguet também melhorem. A própria ima-gem da Audemars Piguet torna-se muito positiva: é uma empresa tolerante que não tem medo. E a relojoaria suíça é feita em conjunto, há uma con-corrência sã num país muito pequeno. Por exem-plo, para além da linha Richard Mille, fizemos o Turbograph para a Lange & Söhne, uma peça única com turbilhão para a Panerai, alguns me-ca nismos para a colecção Cartier Paris, já traba- lhámos para a Franck Muller, fizemos mecanis-mos muito especiais para a Mauboussin e existem outros casos sigilosos…

ET: Torna-se então natural que pense em criar a sua

própria marca, seguindo o exemplo de muitos outros

mestres relojoeiros…

GP: Tenho a vontade de criar uma marca… mas não é assim tão simples. É preciso ter um conceito e criar a marca sem perder a confiança dos nos-sos clientes – e isso é delicado, porque os clientes podem ir para outro lado e teria de ser uma marca que não chocasse com a Audemars Piguet ou a Richard Mille. Seguramente a marca aparecerá um dia, mas há um ritmo a respeitar… seria uma evolução natural, existem projectos e vamos tentar chegar lá… mas se não acontecer não será grave!

ET: É quase paradoxal saírem da Renaud & Papi pro-

dutos tão futuristas como os relógios Richard Mille de

construção tubular e mecanismos tradicionais com a

velha escola de decoração da alta-relojoaria!

GP: Queremos fazer o melhor possível no que respeita à qualidade, tanto no plano técnico como estético – e a parte estética tem a ver com acabamento e decoração. Há máquinas que fazem um excelente trabalho de acabamento, mas a mão de artesãos qualificados faz um trabalho bem melhor do que as máquinas. O objectivo nem é

fazer à mão ou à máquina, é oferecermos a me- lhor qualidade possível. No momento, a mão faz um trabalho muito melhor do que a máquina e é essa a resposta – custa muito mais caro, mas só queremos o melhor para o cliente. Adoptámos uma lógica artesanal – o que queremos atingir é o domínio absoluto da arte para realizar um objecto e actualmente não há máquinas que possam che-gar a um tal nível. Talvez no futuro…

ET: Os relógios que têm utilizado o escape AP apresen-

tam uma estética muito peculiar, de mostrador tridi-

mensional… mas com um visual tradicional bem dife-

rente da arquitectura high-tech de Richard Mille…

GP: Trabalhámos com o designer da Audemars Piguet em Le Brassus, o Octávio Garcia. A ideia era apresentar o novo escape e colocá-lo em evi-dência; ele elaborou um primeiro projecto e de-pois, ao fazermos a construção, achámos que era demasiado clássico e pensámos em algo mais ‘sensual’. Houve colaboração e acabámos com um visual rétro-contemporâneo… o Octávio tinha um feeling sobre um designer americano dos anos 30 chamado Raymond Levi, adepto de uma cor-rente chamada streamline, e adaptámos o estilo ao relógio.

ET: A especialidade da Renaud & Papi são as complica-

ções – pessoalmente, qual é a de que mais gosta?

GP: Para mim é a grande sonnerie, uma compli-cação de culto. A grande sonnerie que fazemos para a Audemars Piguet é extremamente com- ple xa e requer um grande trabalho a partir das peças de base em máquinas especiais, muito traba- lho de decoração e grande destreza dos relojoeiros, que demoram quatro meses a montar um exem-plar. É um relógio mágico porque dá as horas de modo sonoro – e tudo o que é acústico representa uma outra dimensão. Para além disso, o relógio com grande sonnerie soa a hora ou os quartos de hora… proporcionando uma excelente compa- nhia ao longo do dia!

47Grande Entrevista Giulio Papi

Page 48: Espiral do Tempo 28
Page 49: Espiral do Tempo 28

49Reportagem Porsche Design Worldtimer

O nome Porsche é incontornável no universo do prestígio e do luxo – mas a filosofia técnica e estética inerente à prestigiada escuderia alemã há muito que ultrapassou o âmbito auto-mobilístico para representar um conceito estilís-tico válido para as mais diversas aplicações, desde acessórios de suprema qualidade até caixas de champanhe ou mesmo mobiliário de cozinha!Tudo começou com o Porsche 911, que revolu-cionou a estética automóvel nos anos 60 graças a linhas tão intemporais que basta uma simples actualização pontual para continuarem vigentes. Da autoria do professor Ferdinand Alexander

Porsche, o design da lendária viatura manteve- -se ao longo das décadas para se transformar num clássico intemporal; o próprio Ferdinand Alexan-der Porsche fez questão, já nos anos 70, de alargar o conceito a uma bem-sucedida linha de produtos vanguardistas onde a forma e a função se fun-dem, de maneira ideal, através do atelier Porsche Design. Era o ponto de partida para a primeira linha de acessórios de luxo para Homem. E como uma das suas grandes paixões sempre foi a relo-joaria, foi sem surpresa que a filosofia estética do professor surgiu estampada em vários cronógrafos de características inovadoras…

ManufacturaTrinta anos depois de os primeiros cronógrafos Porsche Design terem estreado o visual escure-cido e a conjugação de titânio com cauchu tão em voga nos dias de hoje, a marca tem sido con-solidada através de uma colecção mais alargada e suportada pela experiência técnica da histórica manufactura Eterna – comprada pela família Por-sche, em 1995.

A tradicional linha de cronógrafos Dashboard foi complementada, há dois anos, com a gama Flat-Six, enquanto era lançada uma especiali-dade que imediatamente se tornou no orgulho

[ Reportagem ]

A Porsche Design lançou mais um modelo emblemático: o Worldtimer

P’6750 junta-se ao Indicator como grande especialidade da marca, complementando

de forma ideal as linhas Dashboard e Flat-Six. Análise a um relógio decididamente

diferente que marca pela estética e que alia, de modo perfeito, a forma à função.

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Grenchen, Suíça

Page 50: Espiral do Tempo 28

50 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007

Virtudes da sincronização

Os três ponteiros centrais (horas, minutos, segundos) indicam o tempo local. Dois

discos que rodam debaixo do mostrador e visíveis através de aberturas na zona das

nove horas (horas) e das três horas (nome da cidade que marca o respectivo fuso)

mostram o tempo no segundo fuso horário que se deseja referenciar; o disco das horas

roda em sincronização com o tempo revelado pelos ponteiros principais.

A mudança do meridiano que se deseja obter para o segundo fuso horário é feita

através da rotação da coroa (depois de desenroscada) localizado às duas horas. Depois,

basta pressionar o botão e o ponteiro principal das horas assume a hora desejada sem

que o ponteiro dos segundos (e o dos minutos) seja afectado, já que o mecanismo

automático continua a trabalhar sem qualquer interferência.

Imagem técnica do sistema que permite

a “transposição” do segundo fuso horário

para os ponteiros principais do Worldtimer.

Page 51: Espiral do Tempo 28

da colecção e do universo Porsche: o sensacional cronógrafo Indicator, com um preço unitário su-perior ao de um bólide Boxster! Mais recente-mente, um novo modelo surgiu para se posicionar entre o Indicator e a colecção ‘regular’: o World-timer P’6750, um relógio que, mesmo não sendo o habitual cronógrafo conotado com a vertigem automobilística, é tipicamente Porsche Design.

Desenhado no atelier da localidade austríaca de Zell-am-Zee e concebido na manufactura re-lojoeira suíça em Grenchen, o Worldtimer apre-senta uma estrutura original deveras impactante e surge equipado com uma função GMT particu-larmente inteligente – um instrumento do tempo de grandes dimensões vocacionado para os via-jantes modernos que gostam de um estilo depura-do. O estilo vanguardista assenta sobretudo na combinação de formas cilíndricas e lineares, com um grafismo no mostrador que acentua o carácter funcional do relógio; o visual escurecido é carac-terístico da Porsche Design e foi implementado

tanto pela utilização do titânio na caixa quanto da borracha vulcanizada na bracelete. Mas a prin-cipal característica técnica reside na mostragem simultânea de dois fusos horários; uma coroa suplementar com um botão integrado permite a fácil transição para qualquer um dos 24 meridi-anos do planeta.

Ovo de ColomboE como é que o Worldtimer P’6750 prima pela diferença perante as dezenas de modelos dotados de múltiplos fusos horários existentes no merca-do? Pela fiabilidade e facilidade instantânea, não sendo necessário puxar a coroa principal e parar o mecanismo, como sucede em praticamente todos os relógios mecânicos do género. A solução téc-nica encontrada pela equipa chefiada por Patrick Kauri é tão evidente que mais parece um ovo de Colombo…

A base do mecanismo assenta no calibre au-tomático ETA Valgranges A 07 111, que recebeu

uma placa adicional idealizada pela manufactura Eterna para o segundo fuso horário inteligente. Os três ponteiros centrais indicam o tempo de refe- rência, enquanto o módulo suplementar acoplado ao calibre de base faz com que, graças a discos que rodam sob o mostrador, duas aberturas mostrem um meridiano de referência (ex.: Londres para a hora portuguesa) e a correspondente hora desse segundo fuso.

Uma coroa localizada às duas horas permite mudar a cidade de referência do segundo fuso horário; um botão integrado nessa coroa facilita a tarefa de mudar instantaneamente a hora dos ponteiros principais, com a particularidade de não travar o movimento do ponteiro dos segundos – as horas, os minutos e os segundos são ajustados através da coroa principal, às quatro horas, que não precisa de ser mexida quando se manuseia o segundo fuso horário.

O disco das 24 horas / 24 fusos horários está ligado ao mecanismo base através de um eixo cen-

51Reportagem Porsche Design Worldtimer

As duas versões do Porsche Design Worldtimer. Ambas em titânio

para tornar o relógio mais leve, sendo uma delas finalizada com

um tratamento em PVD preto. O Worldtimer vem equipado com

com uma correia em cauchú.

“O Worldtimer pareceum relógio fácil, mas trata-se de um produto

técnico de grande dificudade e complexidade

mecânica desenhado para promover

a facilidade de utilização.”

Patrick Schwarz

Da simulação em computador para o

modelo real foram muitos meses de

ensaios e pesquisa para que o re sul-

tado se tornasse a nova obra-prima

da Porsche Design.

Propriedade da Porsche Design, é na

Eterna que são desenvolvidos os me-

canismos que equipam os relógios da

marca.

Page 52: Espiral do Tempo 28

52 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007

Page 53: Espiral do Tempo 28

53Reportagem Porsche Design Worldtimer

tral pela roda das horas, o que requereu um tubo de centro novo.

Uma roda em forma de coração despoleta o salto da mudança da hora. Este é um tipo de roda inspirado na solução técnica que o relojoeiro Adolphe Nicole concebeu para os cronógrafos, há mais de século e meio,: uma pequena roda em forma de coração, patenteada em 1844 e que per-mite o retorno ao zero do ponteiro do cronógrafo a partir de qualquer posição.

O engenhoso mecanismo cronográfico in-dependente que conecta com o mecanismo do relógio quando desejado foi desvelado numa exi-bição em Londres, no ano de 1862. A efeméride marcou o nascimento do cronógrafo dos tempos modernos...

O Worldtimer P’6750 é sem dúvida um ins-trumento contemporâneo e, com tantas funções e peças pesadas no mecanismo, foi necessário gerir a dinâmica e o gasto de energia – o accionamento da função do segundo fuso horário produz fortes choques internos e não é fácil fazer com que a roda em forma de coração funcione, mas a equipa do responsável técnico Patrick Kauri resolveu a questão. «O princípio de funcionamento é o mesmo de um cronógrafo rattrapante, porque o disco do segundo fuso horário permite ‘recuperar’ a hora de origem», refere.

Para máxima segurança, tem a primeira coroa de rosca com botão integrado. «Designers, en-genheiros e relojoeiros tiveram de trabalhar em

uníssono para resolver os grandes desafios que o Worldtimer nos proporcionou», diz Kauri. «E conseguimos um produto extremamente preciso e fiável».

Estrutura impactanteA inovadora solução técnica está associada ao depurado design pragmático, que enche a vista. A caixa do Worldtimer P’6750 é estanque a 100 metros e, para além das imponentes dimensões (45 milímetros de diâmetro por 16,8 milímetros de espessura), apresenta asas estilizadas que ter-minam numa barra transversal à qual é acoplada a bracelete de cauchu.

«Trata-se de uma caixa de construção particu-larmente complexa, sobretudo devido à curvatura das asas e à dificuldade de polimento na zona en-tre a caixa e as asas», assinalia Kauri.

Construída em titânio (de acabamento mate cinzento ou com revestimento negro em PVD) e acompanhada de um vidro em safira anti-re-flexo, tem um fundo fixo com seis parafusos onde surgem explanadas as abreviaturas das cidades referentes aos 24 fusos horários que surgem no mostrador. A bracelete em borracha vulcanizada tem um padrão interior de ranhuras que permite melhor aderência ao pulso e surge equipada com um fecho de segurança igualmente em titânio.

Em suma: um sedutor cocktail que mistura design e tecnicismo – ideal para o sofisticado via-jante dos tempos modernos.

São volumosos os dossiers com os es-

tudos e detalhes técnicos do World-

timer. A marca suíça está em plena

produção deste modelo que têm feito

um enorme sucesso entre os aman-

tes da alta-relojoaria.

É com orgulho que a Porsche Design

apresenta este modelo. O sucesso da

linha Flat Six tem um digno sucessor

se bem que numa gama mais alta.

“O Worldtimer estáintimamente identificado com a

filosofia Porsche Design; mesmo que o

Indicator permaneça a obra-prima

da colecção, o Worldtimer é igualmente

uma montra do que somos capazes.”

Patrick Schwarz

O mecanismo do Worldtimer. Seguramente o

mo delo com indicação de segundo fuso horário

mais inovador do mercado.

O perfil da portentosa caixa do Worldtimer. São 45

mi límetros de diâmetro por 18 milímetros de espes-

su ra. O titânio assegura uma leveza extrema.

Page 54: Espiral do Tempo 28

[ Reportagem ]

54 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

reportagem Fernando Correia de Oliveira, em La Chaux-de-Fonds, Suíça

Só há uma marca de luxo no mundo que tem no seu portfolio relógios que medem até décimos,

centésimos e milésimos de segundo, ou que no seu equipamento de timekeeping dispõe de

meios para medir até ao décimo milésimo de segundo. A TAG Heuer é especialista na corrida

contra o tempo e século e meio desta saga estão agora disponíveis no revolucionário Museu

360 Graus, uma experiência multimédia inolvidável.

O termo ‘cápsula do tempo’ é aqui empregue com propriedade – entra-se numa bolha de imagens e sons e faz-se uma viagem de 150 anos por terra, mar e ar; mas também se pode falar em entrar num relógio de pulso, num mundo liliputiano inesperado – o tecto representa o vidro, o meio o espaço intermédio onde se movimen-tam os ponteiros, o chão é o mostrador, debaixo do qual se esconde o mistério da precisão. Mas também se pode dizer que se está num templo, erigido à criatividade e ao amor pela precisão – as imagens no tecto sucedem-se a um ritmo aluci-nante, tão rápidas quanto os bólides que vão pas-sando nos vários ecrãs um pouco mais abaixo, transformando o todo numa capela sistina do

século XXI, onde o Tempo e a sua medição são os deuses. O Museu 360 Graus da TAG Heuer segue a tradição – inovar, com tecnologia avant-

-garde, desde 1860.Situado em La Chaux-de-Fonds, em pleno

coração relojoeiro helvético, o museu demorou 21 meses a ser construído, ocupando 200 met-ros quadrados. A ideia, como o nome indica, é ‘mergulhar’ na realidade histórica da TAG Heuer, a 360 graus – há um ecrã panorâmico de 7,5 me- tros de diâmetro que cerca todo o tecto, onde 12 projectores de vídeo lançam ininterruptamente imagens para oito ecrãs de LCD de 32 polegadas. Trata-se do primeiro ecrã de cinema cónico do mundo – operado por uma bateria de 12 com-

Page 55: Espiral do Tempo 28
Page 56: Espiral do Tempo 28

56 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Uma vista do novíssimo Museu TAG

Heuer 360, espaço de história mas

tam bém de inovação. Estará aberto

ao público que deseje conhecer um

pouco mais acerca da marca suíça.

Lewis Hamilton e o CEO da TAG Heuer,

Jean-Christophe Babin na entrada do

Museu. O piloto de Fórmula 1, embai-

xador da marca, foi um dos convida-

dos de honra da cerimónia

Page 57: Espiral do Tempo 28

“O notável design foi inspirado na intriganteinacessibilidade que constitui o espaço entre o mostrador de um relógio

e o vidro que o cobre, e onde os ponteiros são movidos

por uma força inexplicável vinda do interior.”

putadores, que processam mais de um milhão de imagens por hora, o conjunto cria uma represen-tação dinâmica da saga ímpar da TAG Heuer em cerca de século e meio.

O museu foi concebido e realizado por Eric Carlson e pelo seu gabinete de arquitectura pari- siense, Carbondale. O notável design foi inspira-do na «intrigante inacessibilidade» que constitui o espaço entre o mostrador de um relógio e o vidro que o cobre, e onde os ponteiros são movidos «por uma força inexplicável vinda do interior», segun-do as palavras do criador.

O filme projectado no ecrã de 360 graus na parte superior do conjunto (simbolizando o vidro de um relógio) enfatiza as figuras lendárias e em-baixadores que contribuíram para a evolução da marca. Os altifalantes de ultra-som emitem de cima para baixo um feixe direccionado de som, audível apenas para aqueles que estão posiciona-dos directamente em baixo, intensificando a ex-periência sensorial. É nesta parte superior que se desenrola a acção dedicada ao que já é lendário e épico – os homens e as mulheres que fundaram, consolidaram e projectaram a imagem da TAG Heuer. É nesta galeria da fama que vemos Ayrton Senna ou Tiger Woods em acção.

Nesta ‘sandes’ vanguardista, a parte do meio actua como uma linha do tempo. Uma faixa de alumínio, vidro e borracha, com 50 metros de comprimentos, circunscreve o museu a toda a volta. Ali, estão 16 expositores, oito ecrãs de vídeo, onde passam outros tantos filmes históricos, 51 imagens feitas em luz negra e zonas de texto, procurando dar uma sequência lógica à passagem do tempo. Começando da entrada e seguindo o movimento dos ponteiros do relógio, momentos--chave na história da medição de tempos (espe-cialmente desportivos) são realçados com peças

originais de época, fazendo afinal um passeio pela história da TAG Heuer, desde a fundação até à actualidade. Trata-se da parte pedagógica e edu-cativa do Museu – a saga da procura da precisão máxima é ilustrada por cronógrafos, datas-chave, textos, citações, ilustrações, documentos, objectos de colecção.

Cá em baixo, mesas circulares, com tampos de vidro e lentes de aumentar móveis, apresentam 300 peças históricas da TAG Heuer. Esta ‘fatia’ do museu representa o mostrador de um relógio. Em vez de utilizar a maneira clássica de disposição in-dividual de peças por armários e vitrinas espalha-dos pelo espaço, a equipa de Eric Carlson teve uma abordagem arquitectónica inovadora. Um único plano horizontal feito de plástico negro como que ‘deambula’ por todo o espaço, fazendo de chão, e lembrando uma mancha de óleo. Por entre curvas suaves, emergem nove expositores circulares, que actuam como mostradores secundários. As 300 peças em exposição nestas mesas estão agrupadas em nove temas: Grandes Invenções, Do Bolso ao Pulso, Tempos Modernos, O Sonho do Voo, Corridas Lendárias nos Estádios e nas Pistas, Parceiros Famosos, O Apelo do Mar, Tecnologia + Funcionalidade = Design, Relógios Femininos.

Na linha de inovação tecnológica que é, afinal, o ADN da TAG Heuer, as mesas dispõem de sis-temas hidráulicos que, num perfeito silêncio, ele-vam ou baixam as peças em exposição.

Para dar um toque final a este ambiente, 50 lentes de aumentar, de vários tamanhos, e fazendo lembrar gigantescas gotas de água na carroçaria de um carro, foram colocadas aleatoriamente nos tampos de vidro, podendo ser arrastadas para cima da peça que se pretende ver com mais pormenor.

O Museu pode ser visitado mediante pedido prévio à TAG Heuer e Jean-Christophe Babin disse à Espiral do Tempo que a intenção é, dentro de alguns meses, abri-lo pelo menos uma vez por mês ao público em geral.

150 anos a inovar com precisãoCapítulos cruciais da TAG Heuer, como a paten-te de um relógio de bolso sem chave para dar cor da (substituída por uma coroa), registada em 1869 pelo fundador, Edouard Heuer, estão rep-resentados no Museu 360 Graus. Os seus filhos, Charles-Auguste e Jules-Edouard prosseguiram no campo da inovação, patenteando em 1911 o Time of Trip, o primeiro cronógrafo para o tablier de carros e aviões.

Os convidados puderam apreciar em

primeira mão o vasto espólio da TAG

Heuer agora exposto.

Jack Heuer, Lewis Hamilton e Jean-

-Christophe Babin partilham as mes-

mas paixões, carros e relógios.

Lewis Hamilton autografou e ofereceu

o seu capacete ao Museu TAG Heuer

360. Foi a mais recente peça a fazer

parte do espólio museográfico.

57Reportagem Museu TAG Heuer 360

Page 58: Espiral do Tempo 28

Em 1916, a TAG Heuer patenteou o Mikro-graph, o primeiro cronógrafo mecânico do mun-do a medir centésimos de segundo, quando a concorrência estava ainda no quinto de segundo, fazendo com que a marca fosse naturalmente o fornecedor de instrumentos de medição de tempo para os Jogos Olímpicos de 1920.

A marca está presente, pela primeira vez, na feira de Basileia (a maior do mundo) em 1934, e, em 1949, apresenta o Mareographe, um cronógra-fo de pulso que mede as marés num determinado porto e que tem ainda indicação de contagem de-crescente, para regatas. Na década de 50 do século passado, a TAG Heuer reforça a sua presença nas competições desportivas motorizadas, benefi-ciando de embaixadores como Juan Manuel Fan-gio, que usavam nos seus carros instrumentos de medição de tempos como o famoso Rally Master. O primeiro relógio suíço do espaço era um TAG Heuer – a 20 de Fevereiro de 1962, o astronauta americano John Glenn usava um cro nó metro da marca quando pilotou a nave espacial Mercury- -Atlas 6 Friendship 7, na primeira missão orbital tripulada norte-americana.

Jack Heuer, da terceira geração da família, que desde os anos 70 do século passado dirigia a empresa (e de que hoje é Presidente Honorário), tomou conhecimento em 1964 da Carrera Pana-mericana, uma lendária corrida, iniciada em 1950 no México, e lançou um dos modelos de cronó-grafo mais famosos de sempre, o Carrera.

Em 1969, a TAG Heuer lança um calibre revolucionário, o primeiro cronógrafo automático de sempre, que passa a equipar os seus modelos

Monaco (lançado na mesma altura, o primeiro de caixa quadrada e estanque), Carrera e Autavia. Nesse mesmo ano, o piloto suíço Jo Siffert assi-nou um contrato como embaixador da marca, tor-nando-se no primeiro desportista do seu género a ser patrocinado por uma empresa de relojoaria. Em 1970, Steve McQueen, no filme Le Mans, e fazendo um papel inspirado em Jo Siffert, imor-taliza o modelo Monaco, usando-o. Niki Lauda, Jacky Ickx ou Ayrton Senna são pilotos que, nas décadas seguintes, assinam como embaixadores da TAG Heuer, numa política sustentada que prosseguiu com Michael Schumacher ou, actual-mente, Lewis Hamilton. Maria Sharapova no ténis, Tiger Woods no golfe, ou Uma Thurman no estilo de vida, são outros poderosos persona-gens que dão a sua imagem por uma marca que «não parte sob pressão», acha que «o sucesso é tudo uma questão de cabeça» e interroga quem a usa: “afinal, és feito de quê?”

Sublinhando o seu mote, «swiss avant-garde since 1860», a TAG Heuer surpreendeu o sec-tor em 2004, em plena Feira de Basileia. Numa sessão pública hoje considerada histórica, e onde as centenas de pessoas presentes aplaudiram es-pon taneamente o que tinham acabado de ver num filme passado no exterior do stand da marca, dava-se conhecimento de um protótipo, o Mo-naco V4, um relógio mecânico que virava do avesso os princípios clássicos da relojoaria – os con vencionais rodas dentadas e pinhões eram subs tituídos por correias de transmissão e rola-mentos. O relógio continuou a ser desenvolvido e um modelo pré-série foi apresentado em 2007.

A TAG Heuer garante que o Monaco V4 deverá entrar, muito proximamente, em fase de produção em série. Em 2005, surgia o Calibre 360, o reló-gio mecânico mais preciso alguma vez fabricado, capaz de medir fracções até ao centésimo de se-gundo, graças à frequência excepcionalmente el-evada da sua roda de balanço – 360 mil oscilações por hora, dez vezes mais do que qualquer outro cronógrafo.

No capítulo do quartzo, onde a marca sempre esteve igualmente na vanguarda da tecnologia, desenvolvendo nos anos 70 do século XX mod-elos com a precisão do décimo de segundo em parceria com a Ferrari, a TAG Heuer apresentou recentemente o Microtimer, que marca tempos até ao milésimo de segundo e que guarda em memória o tempo da melhor volta, feito especi-ficamente para o exigente mundo da Fórmula 1. E, em 2007, revolucionou o conceito de calibre de quarto, ao lançar o Calibre S, um híbrido com 230 componentes electro-mecânicos e cinco motores. Este revolucionário movimento equipa agora a linha Aquaracer, num cronógrafo que usa pela primeira vez os ponteiros centrais de horas minu-tos e segundos para medir, simultaneamente, de forma analógica, o tempo e o tempo intermédio.

Agora, e aproveitando a inauguração do Mu-seu 360 Graus, a TAG Heuer lançou os novos modelos da sua linha Carrera. Destaque para o Grand Carrera, cujas linhas se inspiram na colecção nascida em 1964 e que vem equipado com o Calibre RS, um movimento automático que permite dar a função de cronógrafo através de discos, mais uma inovação mundial.

58 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

“Em 1916, a TAG Heuer patenteouo Mikrograph, primeiro cronógrafo mecânico do mundo a medir

centésimos de segundo, quando a concorrência estava

ainda no quinto de segundo...”

Jules-Edouard, filho do fundador da

marca, Edouard Heuer, manteve ace-

sa a paixão pela relojoaria no seio

desta família cujo nome se confunde

com a própria marca e com a históra

da relojoaria.

Desde sempre ligada à cronometra-

gem desportiva a TAG Heuer criou

uma infinidade de modelos específi-

cos para este fim.

Page 59: Espiral do Tempo 28

Desenho de 1886 mostrando o meca-

nis mo de um relógio de bolso da au-

toria de Edouard Heuer.

Seja na Fórmula 1 ou no espaço os re-

lógios TAG Heuer marcaram um tem-

po e conquistaram o seu próprio lugar

na história da relojoaria e na história

da cronometragem desportiva.

59Reportagem Museu TAG Heuer 360

Page 60: Espiral do Tempo 28
Page 61: Espiral do Tempo 28

61Reportagem A. Lange & Söhne

Quando Walter Lange anunciou, em 1994, que queria «voltar a fazer os melhores reló-gios do mundo», foi interpretado com um misto de admiração e incredulidade. Ao seu lado, as ima-gens dos primeiros quatro modelos A. Lange & Söhne da nova geração deixavam entrever algo de verdadeiramente especial – tão especial que, nem mesmo uma década depois, já havia quem admi-tisse que a profecia se havia tornado realidade...

Depois do enorme impacto inicial provocado pela eclosão de uma marca luxuosa dotada de uma proveniência (Alemanha, para mais de leste!) di- ferente e de um ADN (técnico e estético) distinto das principais casas relojoeiras suíças, a A. Lange & Söhne prossegue paulatinamente o seu cami-

nho de afirmação pela excelência. A inauguração de um sexto edifício de produção permitirá um incremento da produção anual de 500 para 1000 relógios instrumentos do tempo com a chancela ‘Made in Germany/Glashütte’.

RedençãoEntre as várias histórias das mais prestigiadas firmas relojoeiras do planeta existem deliciosos por menores de superação humana e piscar de olho do destino, mas nenhuma consegue apre-sentar um grau dramático tão elevado como a da A. Lange & Söhne – os episódios trágicos e os revezes da fortuna foram tantos que têm forçosa-mente de abrilhantar cada relógio saído de um

[ Reportagem ]

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Dresden, Alemanha

A A. Lange & Söhne é uma manufactura à parte no cenário da alta-relojoaria.

Porque é germânica, porque adopta diferentes técnicas de construção e decoração, porque

tem uma história sofrida e de redenção que torna ainda mais glorioso o seu renascimento.

O futuro? Tranquilo e auspicioso.

Page 62: Espiral do Tempo 28

62 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

O galo do balanço já decorado manu-

al mente é um dos pontos de honra da

casa alemã. Um detalhe que re ve la

todo a atenção e primor pelo detalhe

que caracterizam os relógios saídos da

manufactura de Dresden.

A decoração do galo do balanço é uma

tarefa morosa e cada gravador têm a

sua própria técnica e estilo, como tal,

são peças únicas e irrepetíveis. O uso

de microscópios electónicos é usado

apenas porque seria humanamente

im possível fazê-lo a olho nú.

Page 63: Espiral do Tempo 28

63Reportagem A. Lange & Söhne

“Imagine-se uma marca de relógios alemã,da antiga RDA, a produzir peças num pequeno vale, a querer até apresentar

grandes complicações como o ‘Pour Le Mérite’. Todos se riram.

Hoje, a posição do fabrico alemão de relógios está firmada.”

Fabian Krone

local que foi destruído há 60 anos. Só que a crise pós-Primeira Guerra Mundial, as feridas dos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial, as cicatrizes da expropriação política na Alema- nha de Leste, a redenção após a queda do Muro de Berlim, o milagre do inverosímil regresso e até as cheias do início da presente década podem dar sentido histórico aos relógios da Lange & Söhne, mas não a alma. Essa nunca foi vendida ao diabo. Nem o coração, que sempre palpitou no peito do herdeiro Walter Lange e do financeiro Günter Blümlein, os artífices da segunda vida de uma firma que tinha praticamente 150 anos por altura da reunificação... e que precisou de mais quatro para renascer como uma fénix nos escombros da antiga RDA, minada pela bancarrota e pelo desemprego.

Walter Lange, bisneto do fundador Ferdi-nand Adolph Lange, recebeu a chave da cidade de Glashütte e a ordem de mérito do estado da Saxónia; actualmente pode descansar com o sen-tido do dever cumprido. A visão estratégica do malogrado Günter Blümlein é recordada por um busto de homenagem nas instalações da marca e na memória colectiva da manufactura. Hoje em dia, a Lange & Söhne é liderada por Fabian Kröne no seio do Grupo Richemont – e se há década e meia os cépticos metaforizavam a aven-tura da marca saxónica como uma corrida entre um Trabant de leste e um Mercedes ocidental, não há dúvida de que a Lange & Söhne mostra uma cilindrada capaz de ombrear com as míticas

Peças ainda por trabalhar. A partir

daqui irão ser sujeitas aos diversos

tipos de decoração que as tornarão

dignas de equipar um “Lange”.

A específicidade de cada tarefa é tal

que certos coleccionadores preferem

que certos acabamentos sejam feitos

por determinados artesãos de quem

apreciam o estilo.

Page 64: Espiral do Tempo 28

64 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 65: Espiral do Tempo 28

65Reportagem A. Lange & Söhne

“Uma coisa é o Lange 31 como relógio.Outra é o que está por trás: os nossos relojoeiros controlam, neste

momento, uma reserva de poder de 31 dias. Não foi apenas aberta

uma porta, foi inaugurado um mundo totalmente novo!”

Fabian Krone

Os relógios A. Lange & Söhne têm um

estatuto de exclusividade mas em que

a pro cura supera largamente a capaci-

dade de produção.

www.alange-soehne.com

A A. Lange & Söhne é menos mediáti-

ca que certas manufacturas suíças, no

entanto, é uma das casas relojoeiras

mais premiadas da actualidade.

manufacturas relojoeiras suíças. Afinal de contas, foi considerada a primeira das 30 marcas mais luxuosas da Alemanha... à frente da Mercedes.

Quatro mosqueteirosFilha da glasnost e da perestroika, a A. Lange & Söhne pós-Muro de Berlim surgiu personifi-cada em quatro modelos iniciais. Esses ‘Quatro Mosqueteiros’ – o Lange 1, o Arkade, o Saxónia e o complicado Tourbillon Pour le Mérite – pas-saram com distinção no escrutínio da primeira apresentação aos clientes e à crítica especializada, no dia 24 de Outubro de 1994.

Não bastava que os relógios fossem esteti-camente apelativos ou concebidos exclusivamen-te em metais preciosos. Denotavam pura classe e eram sobretudo diferentes sem destoar da tradição da marca, desde o plano estético e deco-rativo até ao aspecto técnico e à originalidade de concepção. Transpareciam alma e coração, im buí dos numa história com pedigree imperial: mecanismo tradicional em prata alemã com pla-tina a três quartos, decoração única com gravação do galo do balanço e chatôns de ouro; a data so-bredimensionada numa janela dupla inspirada num relógio da Ópera Semper de Dresden repre-sentou uma tremenda originalidade; o mostrador descentrado do emblemático Lange 1 e o princí-pio de transmissão (com fusée à chaîne) utilizado no Tourbillon ‘Pour le Mérite’ deixaram a indús-tria boquiaberta.

Feito um 31A filosofia de produto manteve-se inalterável, insistindo na platina de base dos mecanismos em prata alemã (com níquel, zinco e bronze) que dá um tom único aos calibres Lange mas que é de difícil decoração e não permite margem para erro; oxida facilmente e qualquer descuido anula todo o processo, que é duplo: monta-se cada mecanismo para regulação e testes, desmonta-se para acabamento e decoração, e finalmente mon-ta-se uma segunda vez. A colecção evoluiu natu-ralmente, com os modelos menos complicados a serem devidamente acompanhados por prodigio-sas complicações incluídas em modelos como o Langematik Perpetual, o Datograph, o Double Split com dupla função rattrapante, o Tourbo-graph com fusée à chaîne, o Datograph Perpetual ou o recente Lange 31. O nível dos acabamen-tos é simplesmente excepcional e a inventividade também, com a apresentação em média de dois novos calibres mecânicos por ano.

A transição entre o passado e o futuro parece assegurada da melhor maneira pelo actual chefe de pesquisa e desenvolvimento – o brilhante holandês Anthony de Haas, oriundo da escola vanguardista da manufactura de calibres Renaud & Papi mas que está imbuído da peculiar identi-dade da Lange & Söhne. É ele o homem por trás dos progressos no capítulo da reserva de corda, da criação de uma espiral própria e de novas in-venções que aí virão.

O famoso Lange 31, em que 31 são

os dias de reserva de corda. Pode ob-

servar-se à esquerda e em cima um

pequeno oríficio quadrado através do

qual e mediante uma chave especial

se dá corda ao relógio

Um dos segredos dos 31 dias de reser-

va de corda reside aqui, na novíssima

espiral especialmente desenvol vida

pela A. Lange & Söhne.

Page 66: Espiral do Tempo 28

56 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 67: Espiral do Tempo 28

[ Reportagem ]

reportagem Fernando Correia de Oliveira - Miami

A lenda nasceu na Índia, nos tempos do Raj, há 77 anos. Mas o coração do Reverso

bate com rigor e sede de inovação bem helvéticas. A manufactura de alta-relojoaria Jaeger-LeCoultre

passeia os pergaminhos do seu mais perene modelo pelos campos de pólo do mundo. Desta vez, foi ao

sol latino-americano de Palm Beach e Miami.

A CAVALO

67Reportagem Jaeger-LeCoultre

Os Estados Unidos estão à beira de se tornarem num país assumidamente bilingue, e os ‘latinos’ já são maioritários em vastas zonas do território, onde o castelhano ultrapassa o inglês no quotidiano de milhões. A Florida, especialmente Miami, é um desses casos onde a latinidade é omnipresente e atravessa todos os estratos sociais. A relativamente pequena comunidade argentina é poderosa, do ponto de vista económico, e há todo um mundo de sofisticação e exclusividade girando à volta do pólo e dos seus clubes, onde a maioria das estrelas são argentinas e onde a ‘beautiful peo-ple’ anglo-saxónica luta pelo privilégio de entrar.

Qual é o desporto da moda entre os ricos e famosos do mundo? Se o golfe e o ténis desde há muito se massificaram, se a vela segue o mesmo caminho, restará a essa diminuta elite mundial con centrar-se nos clubes de pólo, de Gstaadt, na Suíça, ao Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, passando por Sotogrande, em Espanha.

Mas os centros mais prestigiados deste des-por to estão na América – Argentina –, onde a modalidade é adorada e de onde provêm os jo-gadores mais ta len tosos e os cavalos mais hábeis; e é na área de Miami / Palm Beach, na Flo rida, que os gran des praticantes, os melhores do mundo,

passam metade do ano. Latinos, cavaleiros, ga-lantes, more nos e atléticos, além de ricos, são autênticos ímãs para as mulheres jovens e bonitas das redondezas. Enquanto isso, os pais e maridos fazem os seus negócios nos bares e restaurantes destes clubes, onde a quota anual (que dá apenas o direito de entrada) equivale a 60 mil euros.

Foi neste ambiente de tropicalismo caribenho, pontilhado de pragmático estilo americano e misturado de tradição ‘british’, que a Jaeger- -LeCoultre lançou as suas novidades para este ano em termos de Reverso, o modelo mais perene da Grand Maison, o nome por que é

Page 68: Espiral do Tempo 28

68 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008

Adolfo Cambiaso

O argentino Adolfo Cambiaso Júnior é considerado pela generalidade dos especialistas e adeptos o melhor jogador

de pólo do mundo, sendo um dos poucos com um handicap 10, o máximo na modalidade, que ele atingiu com a

idade-recorde de 17 anos. Dado que tem o mesmo nome do pai, é tratado no meio como Adolfito.

Hoje, com 33 anos, já ganhou um total de 15 títulos do Grand Slam do pólo, incluindo o Open argentino e o norte-

-americano (cinco vezes cada), bem como o Open britânico. Tem no currículo quase 30 títulos na Polo Masters Cup,

incluindo seis Queen’s Cup e seis Prince of Wales Trophy.

A vida de Adolfo Cambiaso reparte-se pela Argentina, pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido, pela Suíça e por

Espanha (sobretudo em Sotogrande, um dos clubes mais importantes da Europa).

Adolfo é casado com uma das mais conhecidas modelos sul-americanas, Maria Vazquez, que hoje em dia é também

apresentadora de televisão. O casal tem dois filhos – Mia e Adolfo júnior. Este último nasceu durante o Abierto

Argentino, no meio de uma partida, que o pai abandonou para assistir ao parto do primeiro filho.

Page 69: Espiral do Tempo 28

69Reportagem Jaeger-LeCoultre

Foi neste ambiente de tropicalismocaribenho, pontilhado de pragmático estilo americano

e misturado de tradição ‘british’ que a Jaeger-LeCoultre

lançou as suas novidades em termos de Reverso.

As regras do pólo

O pólo é um jogo que terá as suas origens na Ásia central, há mais de 2.500 anos. Já era praticado na Índia quando os

ingleses ali chegaram. A potência colonial cria no Raj o primeiro clube de pólo, em 1859. E, em 1873, ocorre o primeiro

jogo de pólo oficial em Inglaterra.

Um campo de pólo tem 275 metros de comprimento por 180 metros de largura, e o objectivo é a marcação do maior

número de golos, acertando numa bola de 8 centímetros de diâmetro, em cima de um cavalo, com um taco com

cerca de 3 metros de comprimento, e fazendo-a entrar numa baliza de 7,3 metros de largura. Cada uma das equipas

tem quatro elementos e cada partida dura cerca de uma hora, dividida por quatro ou seis períodos (chukkas) de sete

minutos e meio cada. Há intervalos de três minutos entre cada período e de cinco, a meio da partida (altura em que o

público é tradicionalmente convidado a entrar em campo para, com os pés, alisar o relvado descomposto pelos cascos

dos cavalos). A cada período, os cavalos são obrigatoriamente trocados e cada animal só pode ser usado duas vezes.

Há dois árbitros em campo, a cavalo, e um terceiro a pé, fora de campo. Cada cavaleiro poderá percorrer, em cada

partida, até 160 quilómetros. Como, por exemplo, no golfe, os praticantes são avaliados e classificados por handicap,

que começa em -2 e acaba em +10.

conhecida a manufactura relojoeira suíça. As pe-ças Reverso apresentadas – o Giroturbilhão, o Squadra em cerâmica e a nova colecção Squadra para senhora – aliaram, mais uma vez, e na pura tradição Jaeger-LeCoultre, a forma carismática e a função complexa, numa base de movimentos de manufactura que continuam a estabelecer no vas fronteiras em termos de desenvolvimento tec-nológico e uso de novos materiais.

Para o grupo de jornalistas da especialidade vindos de todo o mundo, incluindo os da Espiral, o ‘tiro de partida’ foi dado no Palm Beach International Club, um dos mais exclusivos do mundo, e onde o manusear do novo Giroturbilhão (pela primeira vez aplicado a uma caixa de Reverso, adaptada) provou a capacidade técnica

inultrapassável da JLC. Uma partida de pólo, para fins de beneficência, contou com a presença do Adolfo Cambiaso, uma espécie de Maradona do pólo, considerado o melhor jogador da modalida- de no mundo e que há anos vem sendo embaixa- dor da Jaeger-LeCoultre. No pulso do cavaleiro apa recia o novo Reverso Squadra Polo Fields Chronograph, com caixa em cerâmica negra. Nas equipas, mistas, figurou outra das embaixadoras da marca, a marquesa Clare Mountbatten. O objectivo era marcar o máximo número de golos, já que a manufactura se dispôs a dar um tanto por cada um a uma associação local de luta contra o cancro da mama. No final, seriam sete mil dólares, mas o presidente da Jaeger-LeCoultre, Jerôme Lambert, resolveu dobrar a parada e foi passado

um cheque de 14 mil dólares. Um ‘asado’ no The Mallot Grill retemperou as forças da comitiva, que depois visitou os estábulos de Cambiaso, nos arredores do Palm Beach International Club. A família Cambiaso cria cavalos destinados à prática do pólo – tem cerca de mil. Os animais não podem ser muito altos, as éguas aprendem melhor que os machos, o ensino só pode começar a partir dos quatro anos e um cavalo atinge o auge das suas capacidades por volta dos seis, terminando a carreira por volta dos oito.

No dia seguinte, já em Miami, foi a vez de visitar os estábulos de Eduardo Novillo Astrada, Las Monitas. A família Astrada é uma das que tem mais tradição e palmarés no mundo do pólo, e Eduardo é considerado o segundo melhor jo-

Reverso Squadra Chrono GMT

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda

automática JLC 754.

Funções: Horas, minutos, data, cronógrafo

e 2º fuso horário.

Reverso Squadra World Chrono

Série Limitada: 1500 exemplares.

Movimento: Cronógrafo mecânico de corda

automática JLC 753.

Funções: Horas, minutos, segundos, data,

cronógrafo e indicação dia/noite.

Page 70: Espiral do Tempo 28

70 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008

A caixa reversível para relógio é umacriação Jaeger-LeCoultre que permaneceu única no mundo, desde 1931.

Um símbolo intemporal do movimento ‘art déco’ (como alguns famosos

edifícios de Miami), o Reverso é o mais clássico de todos os

relógios rectangulares.

Eduardo Astrada

Considerado o segundo melhor jogador do mundo, Eduardo Novillo Astrada é, com o seu handicap 9, uma das mais

fortes personalidades na modalidade, imprimindo a sua marca inconfundível nas equipas de que tem feito parte.

Além disto, Eduardo é, juntamente com Cambiaso, um dos mais conhecidos jogadores argentinos. Com 35 anos,

tem no seu palmarés uma série de vitórias em opens importantes, tendo feito parte de equipas tão famosas como

as argentinas La Cañada, Ellerstina e La Aguada. É nesta última que joga actualmente, com três irmãos, facto raro

numa modalidade onde, no entanto, a tradição familiar tem imenso peso. Nos Estados Unidos, Astrada é o capitão

de Las Monjitas e, tal como Cambiaso, possui estábulos na Argentina e na região de Miami, sendo, com os seus

cerca de mil animais, outro dos grandes criadores mundiais de cavalos para pólo. No Reino Unido, Astrada integra

a equipa Black Bears, que tem ganho nos últimos anos o Open local.

Tal como o resto da elite mundial do pólo profissional, Astrada vive repartido entre a Argentina natal e os Estados

Unidos, com incursões anuais ao Reino Unido, à Suíça e a Espanha (ganhou recentemente em Sotogrande).

gador mundial. Também ele embaixador da Jaeger-LeCoultre, possui, igualmente, cerca de mil cavalos, estando com Cambiaso entre os maiores criadores de cavalos de pólo do Globo. Mais partidas demonstrativas da modalidade serviram para os neófitos tomarem contacto com um desporto rápido, perigoso, exigente e, pela lo-gística que envolve, apenas aberto a quem tem, na realidade, muito dinheiro.

O fim do dia, no Shore Club de Miami, foi uma ladies’ night, momento propício para a apre-sentação, junto à piscina, e com modelos vivos a passearem os relógios por entre mais de mil con vidados locais, da nova colecção Squadra

de senhora. A actriz Diane Kruger, outra em-baixadora da marca, esteve presente. No final, bem ao espírito de Miami, algumas dezenas de convidados foram parar à piscina, vestidos e com telemóveis de última geração no bolso…

A caixa reversível para relógio é uma criação Jaeger-LeCoultre que permaneceu única no mundo, desde 1931. Um símbolo intemporal do movimento art déco (como alguns famosos edifícios de Miami), o Reverso é o mais clássico de todos os relógios rectangulares.

Há três anos, nascia o Reverso Squadra – a mesma filosofia, mas em caixa quadrada. Este mítico modelo nasceu de um desafio lançado por

militares britânicos em serviço na Índia colonial, que queriam ter relógios de pulso capazes de resistirem aos choques inevitáveis a que estão sujeitos em partidas de pólo. De um lado, o Reverso mostra o tempo com precisão, enquan- to do outro, ou esconde o tempo ou o mostra num outro aspecto – segundo fuso horário, com fun do em safira mostrando o movimento, um mo nograma, uma decoração com diamantes ou em esmalte…

As duas faces de um Reverso, que giram so-bre um eixo assente numa base, encerram em si possibilidades infinitas de lidar com as horas e de as ler.

Reverso Squadra Hometime

Movimento: Mecânico de corda automática JLC 754.

Funções: Horas, minutos, segundos, data, indicação

AM/PM e 2º fuso horário.

Page 71: Espiral do Tempo 28

71Reportagem Jaeger-LeCoultre

Page 72: Espiral do Tempo 28

Clare Mountbatten

Na última década, Clare Husted Mountbatten, marquesa de Milford Haven, tem praticado

pólo sob as cores da Jaeger-LeCoultre.

Nascida em 2 de Setembro de 1960, é editora convidada da influente revista Tatler, uma

espécie de bíblia do ‘social’ britânico. Casou, pela primeira vez, em 1985 com Nicholas

Philip Wentworth-Stanley, de quem teve três filhos. Voltou a casar-se em 1997 com George

Mountbatten, quarto marquês de Milford Haven.

Membro muito activo do exclusivo Cowdray Park Polo Club, com um handicap 1 (em comum

para homens e mulheres), Clare tem passeado a sua simpatia e classe por Inglaterra, por

Espanha, por Itália, pela África do Sul, pelo México, pela Argentina, pelo Chile ou pela

Índia. Também ela e o marido se dedicam à criação de cavalos nas suas propriedades, na

Grã-Bretanha.

72 Espiral do Tempo 28 Inverno 2008

Page 73: Espiral do Tempo 28

Reverso Squadra Lady

Dois anos depois do advento do Reverso Squadra

para homem, a Jaeger-LeCoultre apresenta uma

co lecção de di cada à mulher. Com os tradicionais

dois mos tradores, a versão feminina tem um

sis tema de mudança fácil de pulseiras, usa

uma panóplia de materiais, um design clássico

e um toque de dia mantes. Equipados com a

úl tima geração de ca li bres JLC, combinam a

fiabilidade técnica da Ma nufactura com um

grau de refinamento reservado exclusivamente

para pulsos femininos. A colecção, nas palavras

da equipa de designers que a criou, destina-

-se a corresponder às exigências específicas de

mulheres totalmente preparadas para usarem

‘armas de sedução maciça’ bem masculinas.

Assim, os Squadra apresentam-se em caixas

de duas dimensões – a mais pequena para pul-

sos e personalidades mais delicados; a maior

para mulheres que gostam de mostrar peças

desportivas reconhecíveis a um primeiro olhar.

Esteticamente, os mostradores são de grande

variedade em cor e forma. E as caixas, com dia-

mantes, podem ser em ouro branco, amarelo

ou rosa. Os calibres podem ser de quartzo ou

mecânicos automáticos (estes últimos com

fundo em safira) e as funções podem incluir GMT.

O inovador sistema de mudança de pulseiras

per mite uma rápida alteração de aparência, sem

necessidade de recurso a qualquer ferramenta –

do aço ao ouro, passando pelo cabedal e pela

borracha.

73Reportagem Jaeger-LeCoultre

Page 74: Espiral do Tempo 28
Page 75: Espiral do Tempo 28

Audemars PiguetMillenary Segundos Mortos [76]

GrahamChronofighter GMT Big Date [80]

Franck MullerSplit Seconds Chronograph [78]

Laboratório - TAG HeuerMonaco Sixty Nine [84]

TAG HeuerLink Calibre S [82]

75Espiral do Tempo 28 Técnica

Page 76: Espiral do Tempo 28

76 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

A Audemars Piguet oferece mais uma prova da sua enorme competência técnica com o Millenary Segundos Mortos – um excepcional relógio que recebeu o galardão de ‘Melhor Design’ no Grand Prix d’Horlogerie

de 2007 e que dá seguimento ao exclusivo relógio Cabinet n.º5 da colecção ‘Tradition d’Excellence’ de 2006. Esse complicado relógio

de produção limitada era um calendário perpétuo com cronógrafo e indicador de reserva de marcha que estreou um revolucionário

sistema de escape visível através de um mostrador estruturado; o Millenary Segundos Mortos é sensivelmente igual… embora não

possua tantas complicações, mantendo apenas os segundos mortos e o escape AP. O escape tem um papel essencial ao manter e

‘contar’ as oscilações do órgão regulador (balanço e espiral); inspirada por um mecanismo criado por Robert Robin no final do século

XVII, a Audemars Piguet desenvolveu um novo sistema que reduz a energia perdida e dispensa lubrificação. O ponteiro dos segundos,

que tradicionalmente se move de modo contínuo nos relógios mecânicos, fica ‘morto’ durante um segundo, até dar o salto para o

segundo seguinte.

Em Foco Millenary Segundos Mortos Audemars Piguet

George-Henri Meylan

[ CEO Audemars Piguet ]

Coração que pulsa

O órgão regulador centra todas as atenções

às 9 horas, num cenário tecnicista que re-

pre senta uma autêntica lição relojoeira. A

pla taforma do escape foi virada ao contrário

e a platina de base foi ‘esqueletizada’ para

que o mecanismo seja apreciado através

do mostrador. Pode ver-se o enorme balan-

ço Gyromax de inércia variável com os pe-

quenos parafusos em ouro branco que asse-

guram uma regulação fina e duas espirais

sobrepostas a 180 graus.

Peito aberto

Um fabuloso design tridimensional põe em

destaque uma arquitectura contemporânea

que reinventa os códigos estéticos da alta-

-relojoaria. O visual é sublimado pelas pulsa-

ções do órgão regulador, pela cadência dos

segundos mortos e pela rotação dos dois

tambores visíveis, que alternadamente reve-

lam e escondem as inscrições ‘Echappement’

e ‘Audemars Piguet’. Os materiais escolhidos,

o relevo da decoração e os ponteiros azulados

reforçam o fascinante espírito técnico.

Novo sistema de escape

O novo escape da Audemars Piguet é a con-

cretização de um sonho relojoeiro: a sua

geo metria permite que o mecanismo não

necessite de lubrificação. Para mais, o facto

de o impulso ser transmitido directamente

ao balanço também reduz significativamente

o gasto de energia. A forma específica das

várias peças que compõem o delicado sis-

te ma de escape oferece uma superior resis-

tência aos choques.

Decoração apurada

Construído em formato oval condizente com

a caixa e com um total de 233 peças (31

rubis), o calibre 2905 de corda manual bate

a uma frequência de 21.600 alternâncias/

/hora e apresenta uma reserva de marcha de

sete dias (168 horas). Todos os componentes

são decorados à mão seguindo os mais no-

bres princípios da alta-relojoaria: anglage,

rhodiage, perlage e Côtes de Genéve.

O Millenary Segundos Mortos, é um

ex celente veículo para honrarmos o

nosso novo escape. Com design sur-

preendente, associa uma cai xa oval a

uma arquitectura muito con temporânea

no que diz respeito ao mostrador e ao

movimento. Respeitan do as caracterís-

ticas da colecção Mille nary, este mode-

lo adopta uma dis posição descentrada

das funções no mostrador, que permite

revelar o mo vimento na sua totalidade,

seguindo uma estética tridimensional.

Graças ao seu balanço de grandes di-

mensões, to das as pulsações do escape

estão à vista, oferecendo um espectácu-

lo fascinante.

Page 77: Espiral do Tempo 28

77Em Foco Audemars Piguet

Oval e colossal

Inspirado no Coliseu de Roma, o formato oval da

linha Millenary é ideal para o Seconde Morte – o

alon gamento horizontal permite uma disposição

ideal dos vários elementos descentrados. A colossal

caixa em ouro rosa, de 47 milímetros de diâmetro

e 15,8 de espessura, apresenta um tratamento de

superfície alternadamente polido e escovado. É es-

tan que a 20 metros e tem fundo transparente em

vidro de safira.

Modelo: Millenary Segundos Mortos • Referência: 26091OR.OO.D0803CR.01 • Caixa: Ouro rosa 18 k ; 47 mm de diâmetro;

fundo em safira • Movimento: Calibre 2905 de corda manual com escape Audemars Piguet; largura/comprimento: 32 x 37

mm; 9.15 mm de espessura; 31 rubis; 233 peças; sete dias de reserva de corda; 21.600 alternâncias/hora; todas as peças

decoradas à mão • Funções: Horas, minutos e segundos mortos • Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré; fecho

de báscula em ouro rosa

Preço: € 151.000www.audemarspiguet.com

Ficha técnica

Millenary Segundos Mortos

Audemars Piguet

Page 78: Espiral do Tempo 28

Autodenominado ‘Master of Complications’, Franck Muller celebrizou-se pelo domínio de todas as complexidades da relojoaria mecânica – mas houve dois ingredientes particulares que estiveram na base do seu

enorme sucesso: o peculiar formato da caixa ‘Cintrée Curvex’ e o fascínio exercido pelos seus modelos cronográficos. O Split Seconds

Chronograph conjuga esses dois ingredientes num sensacional cronógrafo de grande sofisticação técnica e estética. Se o objectivo

principal de um relógio é indicar as horas e os minutos, o Split Seconds Chronograph dá especial ênfase às funções cronográficas. As

horas e os minutos surgem num submostrador descentrado às 6 horas, libertando o eixo central para os dois ponteiros de medição

dos segundos; os segundos contínuos surgem às 9 horas e o acumulador da contagem dos minutos está situado às 3 horas. A

grande surpresa surge no fundo da caixa, que apresenta um segundo mostrador exclusivamente reservado a funções cronográficas

e que se faz acompanhar de uma escala pulsimétrica, uma escala telemétrica e uma escala taquimétrica dupla!

Em Foco Split Seconds Chronograph Franck Muller

78 Espiral do Tempo 27 Inverno 2007

Pierre-Michel Golay

[ Director de R&D da Franck Muller ]

Qual a importância de inovar em ter-

mos de movimentos?

O desenvolvimento e criação de no-

vos movimentos é muito importan te

para a Franck Muller. Estamos cons-

tantemente a pesquisar e ensaiar no-

vas soluções para que as possamos

aplicar aos novos conceitos e às no-

vas formas estéticas. Franck Muller é

sinónimo de inovação e de audácia. A

marca conquistou o seu lugar na relo-

joaria mundial precisamente por esta

abordagem criativa. O desenvolvimen-

to de novidades é essencial para não

estagnarmos e gostamos de surpren-

der os nossos admiradores.

Tabelas de cálculo

Existe uma escala taquimétrica no mostra-

dor e mais três tabelas de cálculo no verso.

A escala taquimétrica, presente no mostrador

(60 a 900 km/h) e no verso (20 a 30 km/h

e 30 a 60 km/h), avalia a velocidade de

um veículo. A escala telemétrica permite

medir uma distância com base na velocidade

do som (exemplo: inicia-se a cronometragem

quan do se avista um relâmpago e pára-se a

cronometragem quando se ouve o trovão).

A escala pulsimétrica permite calcular a fre-

quên cia cardíaca.

Complexidade cronográfica

Quando se fala em complicações de prestígio no universo da relojoaria mecânica, pensa-se

imediatamente em turbilhões, grandes sonneries ou calendários perpétuos – mas o cronógrafo

é igualmente uma especialização que requer grande mestria técnica, sobretudo os comple-

xos modelos dotados de um segundo ponteiro de recuperação (rattrapante, em francês; split

seconds, em inglês).

Tridimensionalidade

A caixa do Split Seconds Chronograph é um

portento – não só na respectiva concepção

arquitectónica estanque a 30 metros, mas

também na relação entre forma e função.

O emblemático formato ‘Cintrée Curvex’ foi

construído sobre um ponto de referência es-

férico que reúne os três eixos curvos da caixa;

o mostrador, os ponteiros maiores e o vidro

de safira acompanham a curvatura geral da

caixa para um acabamento perfeito.

Base mecânica

O calibre automático FM 7002 RDF é alimen-

tado por um rotor em platina 950 de grande

densidade (para optimizar a circulação) e a

sua sofisticação cronográfica assenta numa

roda de colunas (em vez da roda de cames),

numa placa rattrapante e numa desmultipli-

cação (graças a um pivot no rotor) que per-

mite o funcionamento do ponteiro suplemen-

tar no mostrador do verso.

Page 79: Espiral do Tempo 28

79Em Foco Franck Muller

Três ponteiros

Se a função cronográfica torna um relógio mais

interactivo, o Split Seconds Chronograph tripli-

ca o prazer de utilização: além do ponteiro cro-

nográfico e do segundo ponteiro rattrapante,

tem um terceiro ponteiro no mostrador do fun-

do da caixa que eleva a complexidade técni ca

do conjunto. Um excepcional instrumento de

precisão entre as inúmeras variantes cronográ-

ficas que têm saído de Watchland!

Modelo: Split Second Chronograph Double Face • Referência: 8883 CC RCDF/ACBRV • Caixa: Cintrée Curvex em aço; vidro e fun-

do em safira • Coroa: Em aço com dispositivo split second • Movimento: Calibre automático FM 7002 RDF, com rotor em platina

950, 42 horas de reserva de corda, 28.800 alternâncias/hora • Funções: Horas, minutos e segundos, segundos do cronógrafo,

contador de minutos e split second; Verso: três escalas diferentes: pulsimétrica, telemétrica e taquimétrica

• Estanquicidade: 20 metros • Bracelete: Pele de jacaré com fivela em aço

Preço: € 28.500

Ficha técnica

Split Seconds Chronograph

Franck Muller

www.franckmuller.com

Page 80: Espiral do Tempo 28

80 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Modelo mais emblemático da Graham, o Chronofighter é também um ícone da relojoaria contemporânea. Contudo a sua inconfundível alavanca de accionamento do cronógrafo tem origens no passado: os aviadores

da Segunda Guerra Mundial utilizavam instrumentos de precisão presos à perna que eram accionados, mediante uma alavanca

semelhante para o cálculo do tempo entre o lançamento da bomba e a explosão no solo. O enorme sucesso do Chronofighter

deu origem a uma versão maior e a novas variações dotadas de fins específicos, como o Chronofighter Oversize Diver Deep Seal

de mergulho e o novo Chronofighter Oversize GMT Big Date – que surge equipado com a sempre útil função GMT e uma janela

dupla para a data sobredimensionada. Os apurados detalhes gráficos (índices, algarismos) e a dinâmica conjugação de cores

(preto, laranja, prateado) fazem com que o Chronofighter GMT Big Date seja particularmente desportivo e apresente elevados

índices de legibilidade.

Em Foco Chronofighter Oversize GMT Big Date Graham

Eric Loth

[ CEO The British Masters ]

Como surgiu a ideia de base para a nova

colecção Chronofighter Oversize?

Estavam sempre a dizer-me que o Chro-

no fighter parecia uma granada – eu tei-

mava que não e a certa altura disse que

conseguiria fazer algo que fosse realmen-

te parecido com uma granada e lancei

então o Chronofighter Oversize. Lancei o

de safio aos nossos designers mas depois

de algumas propostas do departamento

criativo eu mesmo o desenhei, porque as

propostas não eram ousadas o suficiente –

eu queria que fosse um relógio ‘infernal’.

Creio que o conseguimos, a versão GMT

Big Date é um cocktail de adrenalina para

“pulsos” arrojados.

Motor de arranque

O Calibre G1733 de corda automática foi conce-

bido para incluir um segundo ponteiro das

horas e uma data panorâmica assente em dois

discos, para além de implementar o accio na-

men to do cronógrafo através da alavanca sobre

a coroa. O ponteiro cronográfico dos se gun dos

surge ao centro, com o submostrador de se gun-

dos contínuos às três horas e um tota lizador de

30 minutos às nove. A reserva de corda é de

42 horas.

Alavanca protuberante

Os modelos Chronofighter Oversize são dota-

dos de uma alavanca do cronógrafo diferente

– maior e mais estilizada – da do Chronofighter

original, mas mantêm o mesmo perfil, qua se

bélico. A superfície da protuberante ala van -

ca é canelada para melhor atrito do pole gar

aquando do accionamento da função crono-

gráfica.

Cores e grafismos

É através da luneta bicolor, numa escala de

24 horas, que se faz a leitura do segundo fuso

horário, graças ao ponteiro esqueletizado

suple mentar. A parte negra reporta-se às ho-

ras nocturnas, enquanto a laranja se refe re

ao período diurno. A alternância entre alga-

rismos alaranjados, prateados e o tratamento

luminescente em Superluminova nos índices

e ponteiros confere um espírito alegre e dinâ-

mico ao relógio.

Pujança desportiva

O Chronofighter Oversize GMT Big Date assenta numa estrutura fenomenal: diâmetro de 47

milímetros para uma espessura de 16,5 e coroa com nove milímetros de diâmetro acom-

panhada da emblemática alavanca; vidro de safira com tratamento anti-reflexo de ambos os

lados; as asas da caixa são ergonómicas para melhor acompanharem a curvatura do pulso.

Page 81: Espiral do Tempo 28

81Em Foco Graham

Ficha técnica

Espírito de aventura

O Chronofighter Oversize GMT Big Date tem tudo para

satisfazer os viajantes e os aventureiros. Apresenta

gran de robustez perante o choque, é estanque a 50

metros de profundidade, dispõe de um segundo

fuso horário e surge equipado com uma bracelete

de borracha vulcanizada anti-alérgica inalterável

pe rante o calor, a humidade ou a acidez do suor.

Referência: 2OVASGMT.B01A.K10B • Caixa: Aço, 47 mm de diâmetro, 16,5 mm de espessura, vidro em safira

Coroa: 9 mm de diâmetro, localizada à esquerda, com duplo sistema de protecção • Movimento: Cronógrafo mecânico de

corda automática calibre G1733 • Funções: Horas, minutos, segundos, cronógrafo, 2º fuso horário com indicação dia/noite

Estanquicidade: 100 metros • Bracelete: Cauchu ou calfe com fivela em aço

Preço: € 6.990

www.graham-london.com

Chronofighter Oversize GMT Big Date

Graham

Page 82: Espiral do Tempo 28

82 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Depois da surpreendente apresentação do futurista Calibre S num modelo Aquaracer particularmente desportivo, a TAG Heuer optou agora por decliná-lo numa versão igualmente despretensiosa mas ainda mais

sofisticada: o Link Calibre S. A pureza do aço surge aliada à pujança arquitectónica da colecção Link num instrumento do tempo

simultaneamente urbano e casual que exalta – através de uma leitura de dados inédita – toda a complexidade do seu mecanismo.

O Calibre S estabelece um corte epistemológico na disposição dos dados cronográficos, combinando princípios mecânicos num

revolucionário mecanismo de quartzo (patenteado) com 230 peças e cinco motores bidireccionais de elevadas prestações. A

sincronização dos ponteiros centrais com os ponteiros retrógrados adicionais requer uma precisão extrema, mas os técnicos da TAG

Heuer há muito que se habituaram a transformar o desejo em realidade. E aí está o Link Calibre S – belo, estilizado e de elegância

suprema em qualquer circunstância!

Em Foco Link Calibre S TAG Heuer

Jean-Christophe Babin

[ CEO TAG Heuer ]

Originalidade vanguardista

Mais um relógio que a TAG Heuer coloca na vanguarda da cronometragem desportiva: basta

pressionar uma vez a coroa para que o Link Calibre S passe da função ‘tempo’ para a função

‘cronógrafo’, com o ponteiro bidireccional da direita a indicar os centésimos de segundo suple-

mentares à indicação central das horas, minutos e segundos passados. A função split seconds

permite medir tempos parciais e intermediários.

Mecanismo perpétuo

O Link Calibre S apresenta um mostrador iné-

dito com ponteiros bidireccionais em tota-

li zadores semicirculares situados às cinco e

às sete horas. Se a função ‘tempo’ está em

uso, esses dois ponteiros indicam a data: o da

esquerda para as dezenas, o da direita para

as unidades. O calendário é perpétuo e não é

necessário acertar a data até… 2099.

Caixa-Forte

O Link Calibre S está disponível numa caixa

de 42 milímetros dotada de um mostrador

negro com apliques de aço contrastantes ou

com mostrador branco com detalhes em azul.

A luneta, em aço polido, tem uma escala

ta quimétrica gravada. O vidro é de safira e

a bracelete tem fecho duplo de segurança.

Estanque até aos 200 metros, passou testes

de resistência e precisão ao longo de 12.000

horas.

Think Link!

O Link tem as suas raízes na emblemática

linha S/el (Sport/elegance) que, em 1987,

es ta beleceu um novo marco na estética re-

lo joeira. Em 1999, as formas S/el foram re-

de senhadas pelo mesmo autor (o designer

Eddy Schopfer) e apresentadas sob o novo

conceito Link, dotado de elos da bracelete

mais poderosos e caixa esculpida num blo co

de aço sólido. As linhas voltaram a ser actua-

lizadas recentemente.

Viemos da tradição do mecânico, fomos

para o quartzo, como o resto da in dústria.

Estamos a trabalhar revolu ções me câni-

cas e de quartzo, ao mesmo tem po, so-

mos inovadores em ambas as tecnolo-

gias. A qualidade não está con finada aos

relógios mecânicos. Que re mos mostrar

que o quartzo não deve ser visto como

sendo menos nobre, tal como uma peça

mecânica não deve ser vista como algo

que é mais do que nobre. Na indústria

automóvel: a Mercedes e a BMW já

provaram que um carro de luxo tam-

bém pode ser a diesel. Procuramos com-

binar as duas tecnologias e retirar o me-

lhor que cada uma oferece.

Page 83: Espiral do Tempo 28

83Em Foco TAG Heuer

Referência: CJF7110.BA0587 • Caixa: Aço, 42 mm de diâmetro, luneta, em aço polido, escala taquimétrica gravada, vidro em

safira • Movimento: Mecanismo de quartzo (patenteado) com 230 peças e cinco motores bidireccionais • Funções: Horas,

minutos, segundos, cronógrafo, calendário perpétuo, ‘split seconds’ • Estanquicidade: 200 metros • Bracelete: Aço, fecho

duplo de segurança

Preço: € 2.490

Ficha técnica

Link Calibre S

TAG Heuer

Contabilidade Decrescente

O Link Calibre S é o segundo relógio da TAG

Heuer a utilizar o mecanismo híbrido, depois

do Aquaracer Calibre S – modelo de voca-

ção náutica que possibilita a função regatta

count down até ao tiro de partida: os ponteiros

centrais dos segundos e dos minutos iniciam

uma contagem decrescente de dez minutos

até à entrada em funcionamento do cronógr a -

fo normal para a cronometragem da regata.

www.tagheuer.com

Page 84: Espiral do Tempo 28

84 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 85: Espiral do Tempo 28

O surpreendente Monaco Sixty Nine é um relógio híbrido que conjuga o passado com o futuro num simples revirar:

a combinação única entre audácia, inovação e tecnicismo faz dele mais um ícone

no historial da TAG Heuer. E fica bem no pulso de José Mourinho!

José Mourinho tornou-se num treinador de futebol revolucionário ao conjugar de modo perfeito a emoção e a razão para potenciar ao máximo as qualidades da sua equipa. E um dos relógios que utiliza regularmente no pulso também consegue aliar de modo perfeito dois princípios aparentemente antagónicos, reunindo o romantismo da relojoaria mecânica e o van-guardismo da tecnologia digital numa original carrosseria basculante. Trata-se do Monaco Sixty Nine, talvez o modelo que melhor personifica a ponte entre passado e futuro que constitui a TAG Heuer.

Foi em 1860 que Edouard Heuer fundou um atelier vocacionado para a construção de instru-mentos de precisão; na década de 80, a histórica casa relojoeira Heuer associou-se à TAG e tor-nou-se TAG Heuer. Se o apelido Heuer repre-senta uma companhia tradicional com múltiplos galardões no âmbito da cronometragem, o que significam as iniciais TAG? Resposta: Techniques d’Avant-Garde. Fiel ao seu nome composto, a fa-mosa marca relojoeira suíça continua a estabele- cer novas fronteiras para a arte de medir o tempo

[ Laboratório ]

85Laboratório TAG Heuer Monaco Sixty Nine

texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia

O Monaco Sixty Nine é o primeiro instrumento do tempo reversível que permite alternar no pulso um mostrador

analógico tradicional e um mostrador digital vanguardista. Pensado para tornar a opera ção o mais simples possível,

o sistema patenteado permite levantar verticalmente a caixa graças a dois braços simetricamente opostos até

ao eixo de rotação; efectuada essa rotação da caixa, bas ta reposicioná-la na sua base com o mostrador dese jado

à mostra.

Sistema basculante

A TAG Heuer encarregou-se de conceberum sistema patenteado que permite alternar os mostradores, podendo

o utilizador tirar o melhor partido de tão feliz simbiose

entre o mecânico e o electrónico.

Page 86: Espiral do Tempo 28

A desmontagem e os testes efectuados pelos relojoeiros Tiago Teixeira

e Luís Simão nos ateliers da Auto-Quartzo permitiram avaliar mais de

perto a singularidade do Monaco Sixty Nine. Os testes de estanquicidade

permitiram confirmar uma resistência à água até 50 metros – com

pressões de 0,5 (deformação máxima: + 003,3 u) e 2,0 bar (deformação

máxima: + 012,5 u). A análise ao funcionamento confirmou a precisão

absoluta do mecanismo de quartzo multifunções e também revelou a

fiabilidade do mecanismo de corda manual: avaliado em cinco posições

(VB, coroa para baixo; VG, coroa à esquerda; VH, coroa para cima; HB,

horizontal com mostrador para baixo; HH, horizontal com mostrador

para cima), apresentou uma média entre as várias posições de apenas

cinco segundos!

Os testes

86 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 87: Espiral do Tempo 28

e tem procurado estar sempre na vanguarda com um punhado de excelentes ideias apre sentadas sob a designação «Concept Watch».

A série desses extraordinários modelos con-ceptuais foi estreada pelo Micrograph F1, um futurista cronógrafo de quartzo preciso até ao milésimo de segundo desvelado em 2002 e que recebeu o prémio de design do prestigioso Grand Prix d’Horlogerie de Genève. Em 2003, foi a vez do notável Monaco Sixty Nine, um modelo re-versível que reúne a mecânica tradicional e a elec-trotécnica contemporânea. Em 2004, o Monaco V4 surpreendeu pela troca do habitual sistema de rodagens por um conjunto de correias de trans-missão alimentadas por um rotor rectangular que se move ao longo de uma calha. Em 2005, a vedeta deu pelo nome de Calibre 360 Concept Chronograph, um alucinante protótipo que se tor nou no primeiro cronógrafo mecânico de pul-so a registar centésimos de segundo. E em 2006 surgiu a apresentação do Calibre S, um mecanis-mo cronográfico electromecânico equipado com um revolucionário sistema de totalizadores.

Do conceito à realidadeO Micrograph foi o primeiro protótipo a passar à linha de produção regular, sob o nome Micro-timer. O segundo foi o Monaco Sixty Nine, um instrumento híbrido verdadeiramente fascinante que assenta no formato do lendário Monaco (o carismático cronógrafo quadrado dotado de um dos primeiros mecanismos cronográficos au-tomáticos), mas que está a anos-luz do original de 1969. A diferença traduz-se nas suas três características principais: o cronógrafo mecânico automático de mostrador bi-compax foi trans-formado num elegante relógio de corda manual com horas, minutos e pequenos segundos às seis horas; a caixa em aço apresenta um engenhoso sistema basculante que roda de modo a desvelar outra face no lado oposto; a face digital no lado oposto apresenta as funções de hora, minutos, segundos, calendário perpétuo, alarme, segundo fuso horário, iluminação e cronógrafo F1 até ao milésimo de segundo com diversas contagens de voltas e melhor volta!

Um tão carismático instrumento multifun-cional só podia ser alimentado por tecnologias

87Laboratório TAG Heuer Monaco Sixty Nine

1 | Cronometragem F1 – permite a cronometragem de uma

corrida de automóveis até ao milésimo de segundo (80

voltas no máximo); os tempos das diferentes voltas

ficam guardados em memória e ficam depois disponíveis

no modo ‘Best Lap’.

2 | Cronógrafo 1/1000 (CHR) – função cronográfica tra di-

cional que permite medir, até ao milésimo de se gun-

do, um só tempo, tempos adicionais e tempos inter-

mediários (rattrapante).

3 | Alarme diário – permite assinalar hora do alarme diário.

4 | Calendário perpétuo – a mudança da data no final

do mês faz-se de modo automático, mesmo em anos

bissextos, até 2100.

5 | Segundo fuso horário – função que permite a mostragem

do tempo num segundo fuso horário.

6 | Iluminação – uma pressão sobre o botão backlight ilu-

mina o mostrador durante cerca de seis segundos em

cada uma das funções; retroiluminação de cor branca

que optimiza os contrastes para melhor legibilidade.

7 | Stand-by – permite extinguir por completo o ecrã digital,

preservando a pilha.

2

1

6

4

3

7

5

Multifuncional

contrastantes – o Calibre 2 de corda manual ali-menta o relógio num clássico mostrador analó- gico reminiscente do Monaco de 1969; o Cali-bre HR03 surge debaixo do arrojado mostrador rectangular já presente no Microtimer. A TAG Heuer encarregou-se de conceber um sistema patenteado que permite alternar os mostradores, podendo o utilizador tirar o melhor partido de tão feliz simbiose entre o mecânico e o electróni-co consoante as circunstâncias; como não podia deixar de ser, o Monaco Sixty Nine recebeu o galardão de «Melhor Design» no Grand Prix d’Horlogerie de Genève.

O formato quadrado é claramente parente do Monaco original; no entanto, o Monaco Sixty Nine é ligeiramente maior (cerca de dois mi lí me-tros) e compreensivelmente mais espesso. E se o Monaco clássico e as suas várias reedições (a pri-meira bi-compax, de 1998, as seguintes em forma-to tri-compax, as versões vintage bi-com pax mais recentes) apresentam um vidro em plexi glass, o

Monaco Sixty Nine surge com um vidro de safira anti-risco e faz-se acompanhar de uma correia em pele de crocodilo com fecho de báscula.

A sucessão de modelos high-tech que rom-pem com os dogmas da relojoaria tem cimen-tado a reputação da TAG Heuer – considerada a empresa helvética mais inovadora num recente estudo efectuado por um grupo de consultores e uma revista de economia.

A fama não é de hoje: desde a sua fundação que a marca se tem especializado na medição das mais ínfimas parcelas de tempo; a histórica as-sociação às corridas de automóveis permitiu-lhe desenvolver novas técnicas e já em 1977 apresen-tava o primeiro relógio de pulso a quartzo com dupla visualização analógica e digi tal: o Chrono-split Manhattan GMT. Três décadas depois do Chronosplit e quase quarenta anos após o Mo-naco de Steve McQueen, o Monaco Sixty Nine está aí para as curvas – no pulso de Lewis Hamil-ton, de José Mourinho… ou no seu!

Page 88: Espiral do Tempo 28
Page 89: Espiral do Tempo 28

107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007

Saborear o TempoPousada de Tavira [96]

PerfilPaulo Miranda Joalheiro [90]

Saborear o TempoRestaurante Veneza [102]

Saborear o TempoRestaurante L’Olive [100]

Saborear o TempoMonte Rei Golf [98]

Acontecimentos [104]

89Espiral do Tempo 28 Prazeres

Page 90: Espiral do Tempo 28
Page 91: Espiral do Tempo 28

Figura incontornável da alta-relojoaria e da joalharia no Algarve, Paulo Miranda carrega no apelido muitas décadas

dedicadas ao comércio de relojoaria e ourivesaria. Agora acrescenta os seus 20 anos de experiência

e prepara-se, confiante, para uma bem ponderada expansão. Com uma nova loja a abrir

no coração de Faro, junta mais marcas às anteriormente trabalhadas, acreditando

que é na alta-relojoaria e na joalharia de qualidade que está o seu futuro.

[ Perfil ]

texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia

91Perfil Paulo Miranda

O caçadorO negócio de relojoaria e ourivesaria na família Miranda remonta ao início do século passado, quando um bisavô, oriundo da região de Can-tanhede, o fundou. Em meados do século, o avô estabelece-se no Algarve e é já sob a batuta do pai, Manuel de Oliveira Miranda, que a sua rede de lojas se torna na maior referência do sector a nível regional. Paulo Miranda seguiu as pisadas dos seus antepassados e, há dez anos, decide criar a sua própria empresa. Em 2002, abre uma exce-lente loja no Fórum Algarve, que se viria a tornar o motor da firma e uma referência na região e no País. Depois de alargada, a loja proporciona agora uma enorme modernidade e visibilidade para as marcas.É com os olhos experimentados e a agilidade do caçador – a caça é outra das suas paixões – que Paulo Miranda analisa o mercado e os tempos que correm. E correm de feição, ao que parece! Para que isso acontecesse, soube esperar. Apostou

Desde miúdo que Paulo Miranda está ligado ao desporto. Primeiro, jogou basquetebol e mais tarde nasceu

a paixão pelo tiro. Seleccionado, representou muitas vezes Portugal continuando ainda a praticar, «mas

cada vez é mais difícil». São curiosas as semelhanças que se podem encontrar nos produtos. Ambos,

relógios e espingardas, são máquinas que se pretendem precisas e fiáveis, tendo ainda em comum a

faceta mecânica e a elegância que as grandes marcas lhes emprestam através do design e da decoração.

Dois amores

Miranda pretende proporcionar diversidade na oferta, porque julga que o público que compra numa loja de rua nem sempre se desloca ao cen-tro comercial e vice-versa.

A armaA sua Purdey é a mulher, Margarida Miranda, que empresta a confiança e dinâmica necessári-as à expansão. A visão e a argúcia femininas percebem-se em muitos pormenores e sensibi-lidades, como quando afirma, com uma graça e

numa loja de centro comercial quando o comér-cio de rua se degradou, optando pela qualidade e facilidades oferecidas por espaços novos, con-cebidos com qualidade para a actividade comer-cial. Expande-se agora, regressando à rua – no centro histórico de Faro –, quando os preços do imobiliário estão mais realistas; as lojas de luxo começam a florescer; o público-alvo consolida--se; e as perspectivas criadas pelas novas apos-tas turísticas fazem prever novos clientes com um mais forte poder de compra. Assim, Paulo

Page 92: Espiral do Tempo 28

92 Espiral do Tempo 28 Primavera 2007

Page 93: Espiral do Tempo 28

Paulo Miranda Joalheiro

FaroFórum Algarve, Loja 35 • 8000-125 Faro

Faro Rua de Santo António, 21 • 8000-282 Faro

T: 289 865 [email protected]

Paulo Miranda

“Temos de manter os funcionários actualizados e essa é uma

grande aposta da nossa parte. Neste momento,

temos uma colaboradora em formação

na Suíça.”

93Perfil Paulo Miranda

um riso cúmplice que não escondem a atenção ao mercado, «o homem contemporâneo preocupa- -se mais com a imagem pessoal que os homens da geração aqui do senhor Paulo Miranda…» Por isso, a perspectiva das lojas é de serem com-plementares, quer em termos de oferta relojoeira, quer de joalharia. Uma das vantagens de ter os dois produtos é poder ter uma oferta relojoeira diversificada para um público eminentemente masculino e o mesmo em relação à joalharia e ao público feminino. Até porque, acrescenta Margarida Miranda prevendo os arrufos da vida, «o homem preocupa-se muito em compensar a mulher das situações que correm menos bem no casal – quando eles vão para a caça ou para o golfe, por exemplo…»

O saberApesar das perspectivas, ou por causa delas, Pau-lo Miranda sabe que não pode estar desatento. Pelo conhecimento que tem do mercado e pela experiência de vida, faz uma leitura panorâmica e compreende os desafios dos novos tempos, vendo neles uma oportunidade de trabalhar com excelência. Sabe, por exemplo, que as vendas de hoje não são feitas apenas na loja. Sabe que tem de comunicar e apresentar-se dentro e fora de portas, sempre com o nível que a alta-relojoaria exige. Não se limita a esperar pelo cliente, por isso trabalha via Internet – «hoje temos o mundo inteiro como clientes» –, faz mailings e publici-dade, organiza eventos e aposta na formação dos colaboradores. «Temos de manter os funcionários actualizados e essa é uma grande aposta da nossa parte. Neste momento, temos uma colaboradora em formação na Suíça. Mas o acompanhamento da formação é também da responsabilidade de quem representa as marcas. Precisamos desse apoio e que sejam desenvolvidas importantes ini-ciativas de formação para os pontos de venda», dispara Paulo Miranda.

O alvoProfundo conhecedor da região e do seu tecido social, o joalheiro e relojoeiro diz que são seus

clientes «os algarvios, mas também quem se desloca do norte e do centro do País em negócios ou férias e os muitos estrangeiros residentes ou de férias. Há vários resorts de qualidade a nas-cerem e que potenciam as taxas de ocupação, tornando-as mais consistentes ao longo do ano e com pessoas com maior capacidade económi-ca. Turismo de qualidade é o que pretendemos no Algarve e é essa a aposta neste momento. E esse é, claramente, um público mais virado para a loja de rua!» Em comum entre o consumidor português e estrangeiro está a noção do que se pretende comprar. «Já ninguém compra alta-re-lojoaria para ostentação ou só para ver as horas. As pessoas já estão muito informadas sobre os movimentos; sobre os argumentos dos diversos modelos; sobre as características, a história e a imagem das marcas. O consumidor português de há 20 anos, por exemplo, era muito diferente do de hoje. Antes vendia-se pelo nome e pelo de-

sign, mas sem um real conhecimento do produto. Hoje, o cliente olha para as características téc-nicas de um relógio e pondera a sua fiabilidade, conhece os movimentos, as evoluções dos mode-los e o posicionamento das marcas.»

A caçaAquilo que todos querem caçar, os troféus que todos querem possuir, é o resultado do que a indústria consegue hoje fazer e apresentar. São «os novos materiais, as evoluções tecnológicas, a decoração e o design que, além de fascinantes, se transformam em importantes argumentos de venda». A dinâmica e inovação que a indústria demonstra são fundamentais e tornam tudo ainda mais aliciante, tanto para quem compra como para quem vende. O reverso da medalha é que, em consequência das altíssimas taxas de crescimento, fruto da aceleração da procura nos mercados emergentes – e não só – dá-se alguma escassez de produto. Coisa que, diga-se, não faz esmorecer Paulo Miranda, que prefere deixar-se arrebatar pelas belas peças que elegantemente se encontram expostas na sua loja.

Com um conceito e uma imagem semelhantes

e destinadas ao mesmo target, pretende-se,

no entanto, que as marcas a expor na Paulo

Miranda Joalheiro não sejam coincidentes nos

dois espaços, salvo uma ou outra excepção.

A joalharia estará mais bem posicionada

na loja da Baixa, enquanto a do Fórum será

mais relojoeira. Não se vão repetir porque há

nuances a considerar «uma está aberta à noite,

a outra não», por exemplo. «No Fórum, teremos

a Porsche Design e a Jaeger-LeCoultre enquanto

na Baixa vamos ter Franck Muller e TAG Heuer.»

Duas ofertas para o mesmo segmento

Page 94: Espiral do Tempo 28

Tido por ser no sul, a palavra Algarve vem do árabe "al-Gharb al-Ândaluz" e

indica o ocidente do “al-Andaluz”. Foi reino “de jure” até 1910, sendo o seu

soberano o “Rei de Portugal e dos Algarves”. De visões equívocas é fértil a

história e a imagem deste Algarve onde, quixotescamente, uns vêem moinhos,

enquanto outros vêem gigantes...

Page 95: Espiral do Tempo 28

[ Saborear o tempo ]

Page 96: Espiral do Tempo 28

“Qualquer obra em Tavirarevela reminiscências do passado.”

Isabel GuerreiroDIRECTORA REGIONAL

96 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Page 97: Espiral do Tempo 28

Pousada Convento da Graça

Rua D. Paio Peres Correia • 8800-407 Tavira

www.pousadas.pt

[email protected]

T: +351 281 32 90 40

Num país com mais de 850 anos de

nacionalidade e tanto e tão importante património ar-

quitectónico, tantas vezes negligenciado, é excepcio-

nal e estimulante verificar o resultado da intervenção

a que o Convento da Graça, datado de 1562, foi sujeito.

Praticamente em ruínas, e após múltiplos usos, sofreu

três anos de obras que revelaram, no subsolo, uma

cidade islâmica dos séculos XII e XIII. Esta impediu a

construção de uma vulgar piscina interior, em favor da

exposição de parte dos significativos achados. Dignos

deste esforço, e do Tempo que envolve o espaço, são

o resultado, o serviço que presta e o conforto obtido.

A zelar por esta jóia do Grupo Pestana, numa razoa-

velmente bucólica Tavira, encontrámos Isabel Guer-

reiro, com a camisola bem vestida e as unhas afiadas

para que a sua equipa faça jus à beleza e história do

local. Acompanhou o processo e deixou-se apaixonar

por este «outro Algarve»: «Aqui temos turistas de

outra qualidade, que procuram cultura. Tavira é uma

cidade com muitos interesses históricos e está, toda

ela, assente em vestígios árabes e mesmo fenícios.

E depois, há o enorme potencial por causa dos exce-

lentes empreendimentos de golfe que se desenham

na zona». Sente-se que o esforço é comum às pessoas

envolvidas e também a várias entidades, privadas e

públicas, governamentais e autárquicas… a bem da

Nação! Finalmente.

[ Saborear o tempo ]

Jaeger-LeCoultre

Master Compressor Diving Chronograph Lady • € 7.900

97Saborear o Tempo Pousada de Tavira

Page 98: Espiral do Tempo 28

98 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

“Não me consigo organizarsem um relógio no pulso”

Francisco DavidGOLF RESERVATIONS MANAGER

Page 99: Espiral do Tempo 28

«Aqui não se faz uma volta de golfe. O que proporcionamos é uma experiência de golfe, rara,

com as características ímpares que só um campo Jack

Nicklaus Signature, que é a etapa premium, pode propor-

cionar. Na Europa há dois ou três.» Quem o afirma é Fran-

cisco de Lancastre David, eborense, formado profissional-

mente em Espanha e golf reservations manager da mais

brilhante oferta golfista nacional. De facto, Monte Rei é

«um relógio extraordinariamente preciso mas nada com-

plicado», apesar da primeira impressão causada pela im-

ponência do clubhouse. Nascido da persistência olímpica

de investidores apaixonados pelo Algarve, o empreendi-

mento marca a nova forma de olhar para a oferta turís-

tica da região, apostando decisivamente na qualidade,

extrema neste caso. «Portugal já não tem desculpa e não

pode repetir erros. Fomos ao encontro dos bons exemp-

los e aprendemos com os maus. É fundamental termos

algo que nos distinga da imensa oferta que há aqui ao

lado, em Espanha, e é a única maneira de podermos

com petir com mercados emergentes.» As características

que distinguem Monte Rei, onde «o cliente não tem de

se preocupar com nada, além do desafio do campo», são

inúmeras e um misto de qualidade pura e «mordomias».

Não cabem neste espaço, mas impressionam amadores

e profissionais, portugueses ou estrangeiros, e são certa-

mente dignas de um… tigre.

Monte Rei Golf & Country Club

Sítio do Pocinho • 8901-907 Vila Nova de Cacela

www.monte-rei • [email protected]

Tel. + 351 281 950 960

99Saborear o Tempo Monte Rei Golf

Raymond Weil

Nabucco Chronograph • € 2.650

[ Saborear o tempo ]

Page 100: Espiral do Tempo 28

[ Saborear o tempo ]

Foi por amor que Dominique Lienhard se dedicou à profissão de chefe de cozinha, e foi por

amor à mulher, portuguesa, que descobriu Portugal e os

múltiplos encantos que aparentemente só os estrangei-

ros reconhecem. Natural de França, chefia há dois anos a

equipa que teve «possibilidade de estrela» no Guia

Michelin de 2007. «Não é um objectivo. Há outras coi-

sas na vida. O cliente é que deve estar satisfeito e nós

também.» Viajante gastronómico, diz que os «produtos

fantásticos» que encontra em Portugal ajudam, e permi-

tem, fazer pratos mais elaborados, finos e perto do gos-

to próprio do produto. Mas a facilidade é um conceito

alheio ao gaulês: «Somos uma equipa e funcionamos

como um relógio suíço. Cada um sabe o que tem de

fa zer e se alguma peça falha, como nos relógios, tudo

se atrasa. Por isso, é fundamental a preparação. Durante

o serviço, não há tempo para pensar. Perderíamos o

timing, seria terrível», diz-nos como quem anticipa o apo-

calipse. A associação estabelecida entre cozinha e reló-

gios não se esgota aqui, aliás, pois Dominique considera

que ambos têm duas características comuns, uma prática

e outra mais prazenteira: «Comemos por que temos fome

e a principal função de um relógio é dar as horas. Mas

também se vai a um restaurante pelo prazer dos sabores,

como nos relógios há a componente de bijoux». Fazemos

o voto, Chef, de que o céu não lhe caia em cima!

Restaurante L’Olive

Hotel Vila Sol Spa & Golf Resort

Morgadinhos • 8125-307 Vilamoura

www.vilasol.pt • [email protected]

T: +351 289 320 320

100 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Jaeger-LeCoultre

Master Compressor Chronograph • € 6.650

Page 101: Espiral do Tempo 28

101Saborear o Tempo Restaurante L’Olive

“Todas as coisas têm um ladopositivo e outro negativo, mas é melhor olhar

só para o positivo...”

Dominique LienhardCHEFE DO COzINHA DO RESTAURANTE L’OLIVE

Page 102: Espiral do Tempo 28

Restaurante Veneza

Sítio Mem Moniz • 8200-488 Paderne ABF

T. +251 289 367 129

102 Espiral do Tempo 26 Primavera 2008

Não falta pão mas, sobretudo, não falta vinho sobre a mesa nesta ‘espécie de restaurante’ com

nome herdado de um antigo salão de baile que exis-

tiu no mesmo local. Local esse onde também nasceu o

seu proprietário, Manuel Janeiro, que afirma peremptório

«enquanto houver refeições, vai haver vinho». Numa

zona do País onde esta cultura foi há muito trocada pelo

betão turístico mas onde há actualmente um esforço de

retoma desta tradição secular, existe este restaurante na

beira da estrada que liga Ferreiras a Paderne, considerado

por muitos «único no mundo». Dizem que tem mais de

1000 marcas de vinho e mais de 50.000 garrafas, mas,

acreditem, não são os números que impressionam. O que

marca é a qualidade do produto que lá existe, e a sapiên-

cia e afabilidade do apaixonado que criou semelhante

poiso. O corrupio de conhecedores nacionais e estrangei-

ros não pára ao longo do dia, estendendo-se muito além

dos horários das refeições. Há anos no negócio, Manuel

Janeiro disponibiliza um curso intensivo aos amigos que

tão bem acolhe e com quem «bebe das melhores». É o

verdadeiro prazer do vinho, dos paladares únicos e da sua

compreensão, e uma boa e sã conversa que fazem deste

espaço um local que apetece saborear. Aqui descobrimos

e aprendemos muito, como no meu caso em que, pelas

mãos do maestro Janeiro, fui embalado por um Batuta

duriense que insiste em não me largar.

Audemars Piguet

Royal Oak Chronograph • € 25.730

[ Saborear o tempo ]

Page 103: Espiral do Tempo 28

103Saborear o Tempo Restaurante Veneza

“As pessoas, às vezes,bebem mais rótulos.”

Manuel JaneiroPROPRIETÁRIO RESTAURANTE VENEzA

Page 104: Espiral do Tempo 28

[ Acontecimentos ]

O ano de 2008 começou com apostas de expansão por parte das grandes marcas de alta-relojoaria.Numa altura em que completa 175 anos, a Jaeger-LeCoultre vai acrescentar 9.000 metros às suas instalações e tanto a Audemars Piguet como

F. P. Journe e a Versace estão a celebrar a abertura de novas lojas. Este primeiro trimestre fica ainda marcado pela relação entre as marcas e os

seus embaixadores: Kimi Räikkönen fortaleceu a sua ligação à TAG Heuer e a Jaeger-LeCoultre tem uma nova embaixadora: a bela actriz alemã

Diane Kruger. A Torres Distribuição antecipou-se a Basileia e apresentou as novidades em relógios e jóias para este ano.

104 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Audemars Piguet abre loja em GenebraNo dia 6 de Março, às 16:30, as portas do n.º 12 em Place de la Fusterie, em Genebra, abriram-

-se para a inauguração da nova loja da Audemars Piguet. Situada na capital da alta-relojoaria,

no espaço antigamente ocupado pelo mítico bar Baroque, esta nova boutique assume o papel

de ‘loja-mãe’ da marca de Brassus. Com 300 m2, 250m2 destinados à venda, é a 12ª e a mais

importante das boutiques da Audemars Piguet. A loja é espaçosa, arejada e o espaço é dividido

em diferentes zonas: uma parte onde estão expostas as últimas novidades da marca, os seus

best-sellers e produtos relacionados com uma temática escolhida; uma zona de venda; um

espaço lounge, propício para a leitura e sossego, com uma adega de vinhos e charutos; e,

por último, um serviço pós-venda, onde os clientes podem apreciar o trabalho dos relojoeiros.

Para celebrar a abertura da nova loja, a Audemars Piguet criou o cronógrafo Royal Oak Offshore

“Rhône-Fusterie”, uma edição limitada a 500 exemplares numerados.

F.P. Journe inaugura novo espaço na FloridaA primeira loja F.P. Journe nos Estados Unidos

abriu as portas oficialmente no final de 2007, em

Mizner Park, Boca Raton, na Florida. Esta é a quar-

ta boutique da marca, depois de Tóquio, Hong

Kong e Genebra. François-Paul Journe juntou-se

a Simon Dahan e Greg Osipov da Les Bijoux para

criar uma sala de exposição dos relógios com um

espaço lounge e um bar, onde os coleccionadores

podem partilhar o seu entusiasmo num cenário

de elegância casual. A loja foi inteiramente dese-

nhada pelo próprio François-Paul Journe, que man-

teve o mesmo conceito base utilizado nos três an-

teriores espaços. O novo espaço F.P. Journe situa-

-se em Mizner Park, apenas a alguns quilómetros

de Palm Beach e Miami. A festa de abertura foi um

sucesso: coleccionadores e jornalistas de todos

os Estados Unidos puderam conhecer François-

-Paul Journe pessoalmente e apreciar algumas

peças de edições limitadas reservadas a lojas da

F.P. Journe.

Page 105: Espiral do Tempo 28

105Acontecimentos

Morreu o conquistador do EveresteSir Edmund Hillary, o primeiro homem a escalar o

Evereste, na companhia do seu amigo, o sherpa

Tensing Norgay, morreu aos 88 anos. Apaga-se, as-

sim, não só uma grande figura do alpinismo mun-

dial, mas também uma parte da história relojoeira

– dado que o explorador neozelandês levava um

Rolex Explorer no pulso aquando dessa escalada

his tórica do cume mais alto do Planeta, em 1953.

Recorde para leilão de um IWCO martelo soou pela última vez: com o lance mais

alto de 57.500 dólares, o relógio da colecção Pilot

Antoine de Saint Exupéry em platina da IWC Schaff-

hausen passa para um novo proprietário em Hong

Kong. Foi em suspense que muitos apreciadores

de relógios aguardaram o final do leilão de bene-

ficência on-line da IWC. Com as receitas do leilão, a

instituição beneficiada – a escola Tuareg École des

Sables Antoine de Saint-Exupéry, no Mali – construi-

rá uma nova escola. A licitação-base era elevada:

quem quisesse entrar na competição pelas duas

raridades seleccionadas tinha de ultrapassar o lance

de 30.000 dólares.

Jewellery ArábiaO Jewellery Arabia 2007, a 16.ª exposição do merca-

do de jóias e relógios de luxo do Médio Oriente, re-

afirmou a sua posição como principal evento deste

segmento do mercado na região. O evento de cinco

dias – que decorreu sob o patronado do primeiro-

-ministro do reino de Bahrain, Shaikh Khalifa bin Sal-

man Al Khalifa – assistiu a um crescimento de 6 %

em relação ao evento de 2006. Ocupando os 16 mil

metros quadrados do espaço disponível no Centro

Internacional de Exposições do Bahrain, acrescido

de duas estruturas temporárias, o Jewellery Arábia

2007 atraiu um total de 43.638 visitantes, o que

significou um aumento de 8 % em relação ao ano

anterior.

Kimi Räikkönen fortalece relação com a TAG HeuerDesde que se juntou à ‘Dream Team’ de embaixadores da TAG Heuer em 2002, Kimi Räikkönen

esteve sempre activamente envolvido na criação e desenvolvimento dos relógios TAG Heuer

Sports e nos óculos TAG Heuer Avant-Garde. Também conhecido como “Ice Man”, Kimi prolongou

recentemente o seu contrato a longo termo com a marca relojoeira suíça, e participou numa ses-

são fotográfica exclusiva com a esposa Jenni para a nova campanha publicitária da TAG Heuer.

Para comemorar a performance extraordinária de Kimi na campeonato de F1 do ano passado, a

TAG Heuer vai lançar na Primavera de 2008 os novos óculos de sol Räikkönen e no Outono irá

lançar a “Edição limitada de relógios desportivos Kimi Räikkönen”.

Page 106: Espiral do Tempo 28

106 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Acontecimentos ]

Laboratório de ideias da PaneraiA Panerai vai revelar os seus quatro calibres pró-

prios de manufactura numa exposição que mos-

tra a retros pectiva da história dos dez anos desde

o reaparecimento da marca italiana, em 1997.

Durante 60 anos, a Panerai especializou-se no de-

sen volvimento de instrumentos de medição e reló-

gios desenhados para cumprir os rigorosos crité-

rios exigidos para perigosas missões de guerra

– produzindo apenas algumas centenas de modelos

robustos e extremamente precisos, com excelente

legibilidade. No entanto, apenas conhecedores de

relógios militares ou historiadores da marinha ita-

liana tinham conhecimento da marca. Quando a

parceria terminou, a Panerai ficou na linha de água

até 1997, quando ressurgiu após ter sido comprada

pelo grupo Richemont (na altura Vendôme) e reto-

mou o caminho de sucesso, assente no seu carisma

e garantia de fiabilidade. Para celebrar uma década

sobre o seu renascimento e para sublinhar as ori-

gens italianas, a Panerai organizou uma exposição

que engloba os quatro calibres e diversas peças de

luxo com assinatura da marca no Instituto Cultural

Italiano em Tóquio.

Corum é o novo parceiro da Fundação da Alta-Relojoaria«Para criar um valor a longo-termo»: foram estas

as palavras de Antonio Calce, CEO da Corum, para

resumir as razões que levaram a marca relojoeira a

assinar um acordo de parceria com a Fundação da

Alta-Relojoaria.

Diane Kruger é a nova embaixadora Jaeger-LeCoultre

Diane Kruger, a actriz alemã de fama inter-

nacional, é a mais recente embaixadora da

Jaeger-LeCoultre e vai passar a usar mode-

los da marca no pulso nas suas aparições

no tapete vermelho. O Reverso, o 101 e ou-

tras linhas de relógios e jóias concebidos

e realizados nas oficinas da manufactura

suíça vão viajar no pulso da nova embaixa-

dora, de Paris a Nova Iorque, passando por

Berlim, Miami, Cannes e Veneza. Convidada

pelo Berlim Film Festival como membro do

júri, Diane Kruger tem ajudado a revelar o

savoir-faire único da Jaeger-LeCoultre ao

mun do do cinema mundial.

Ebel é Timing Partner do Bayern de MuniqueO FC Bayern Munich estabeleceu uma aliança estratégica com a Ebel. Em Junho de 2007, a

marca relojoeira suíça tinha já anunciado a parceria com o FC Arsenal, outro colosso do futebol

europeu, e agora está claramente a reforçar o seu envolvimento no mundo do futebol. A parceria

com o clube bávaro tem início a 1 de Julho e manter-se-á durante os próximos cinco anos. Na

qualidade de Official Timing Partner do Bayern de Munique, a Ebel assumirá a responsabilidade

de todos os aspectos ligados à cronometragem do tempo durante os jogos realizados em casa

e fornecerá a temporização aos adeptos dentro do estádio Allianz-Arena. A presença da marca

relojoeira proporcionará, igualmente, uma nova sofisticação de cronometragem ao clube, so-

bretudo nas salas VIP, nas salas de negócios e nos bares. A visão estratégica da Ebel é a de se

associar exclusivamente aos clubes pertencentes à elite europeia e representar algo mais que

meras equipas de futebol.

Page 107: Espiral do Tempo 28

107Acontecimentos

Aos 175 anos a Jaeger-LeCoultre expande-seProtagonista económico essencial do Vale de Joux

por ser a maior entidade empregadora da região,

a Jaeger-LeCoultre anunciou a maior expansão de

sempre da sua história – acrescentando 9.000 me-

tros quadrados, a partir de 2010, aos 16.000 metros

quadrados actualmente existentes. Fiel à sua locali-

zação histórica, situada num excepcional ambiente

natural entre lago e florestas, à saída da aldeia de

Sentier, a Manufactura reteve como quadro do seu

desenvolvimento o berço histórico ao qual a nova

construção vai estar ligada por pontes arquitectu-

rais. Necessário devido ao forte crescimento da

marca, o projecto de expansão inscreve-se num pro-

grama mais vasto que sublinha a integração natural

da Jaeger-LeCoultre no seu ambiente geográfico e

social desde há 175 anos.

Estreia da Feira de Relojoaria de PrestígioO balanço da primeira edição da Feira Internacional

de Relojoaria de Prestígio «Belles Montres», que se

realizou de 7 a 9 de Dezembro em Paris, no Carrou-

sel du Louvre, foi muito positivo. De acordo com os

organizadores, a «primeira edição, muito esperada,

cumpriu os objectivos: 7000 visitantes, profissionais,

jornalistas, aficionados, coleccionadores e amadores

puderam, durante três dias, ver pela primeira vez

reunidos num mesmo lugar em Paris as mais boni-

tas peças de marcas relojoeiras de prestígio».

Art Basel Miami BeachA Cartier e a Fundação Cartier para a Arte Contem-

porânea marcaram presença na Art Basel Miami

Beach, no passado mês de Dezembro. A Cartier

prossegue o seu compromisso em prol dos artistas

contemporâneos e participa, pelo terceiro ano, na

feira de arte contemporânea. A Fundação Cartier

para a Arte Contemporânea esteve presente pela

primeira vez na Art Basel Miami Beach e convidou

o arquitecto Jean Nouvel para criar o desenho do

espaço que ocupou.

Audemars Piguet no pulso da tripulação do LadycatA 1 de Fevereiro, a Audemars Piguet convidou alguns amigos da marca para o prestigioso Grand

Hotel Park, em Gstaad. A manufactura de Le Brassus tinha dois motivos para comemorar: o lança-

mento do cronógrafo Royal Oak Offshore Ladycat e a abertura de uma nova boutique no hotel. A

ligação entre o lançamento de um novo produto e a abertura de uma nova loja pode não ser evi-

dente à primeira vista. No entanto, o denominador comum, neste caso, é Dona Bertarelli Späth, a

velejadora de primeira classe que reuniu todas as mulheres da tripulação Ladycat para competir

nas regatas do Challenge Julius Baer. Já desde 2002 que a Audemars Piguet está no mundo da

vela, sendo patrocinadora desde então da tripulação masculina do Alinghi. Assim, desde logo

se interessou pelo projecto ambicioso de Späth, concordando em apoiar a equipa. A Audemars

Piguet está empenhada em promover a mensagem da velejadora: a vela é um desporto que

exige resistência, agilidade, precisão e coordenação – todas as qualidades demonstradas pelas

mulheres. Com isto em mente, Späth abraçou o objectivo de destacar tanto as competências da

competição feminina em vela quanto tornar o público mais consciente das doenças cardiovascu-

lares nas mulheres. O Grand Hotel Park de Gstaad juntou-se à Audemars Piguet para patrocinar

o magnífico catamarã Décision 35 Ladycat (SUI10) e, com a abertura da nova boutique, os dois

parceiros reforçam ainda mais as sinergias da sua parceria. Em homenagem à equipa do Ladycat,

a Audemars Piguet criou um cronógrafo com as cores dominantes do catamarã – fúchsia e preto

e limitado a 150 exemplares.

Page 108: Espiral do Tempo 28

[ Acontecimentos ]

108 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Rolex estabelece parceria com a Orquestra Filamónica de VienaA Rolex perpetua a sua tradição em empenho e ino-

vação ao tornar-se no primeiro parceiro exclusivo

de marketing da Orquestra Filarmónica de Viena

(Wiener Philharmoniker) desde a sua criação, em

1842. A marca relojoeira apostará numa inovadora

plataforma de comunicação, única no mundo da

música clássica, baseada num conceito desenvolvi-

do pela Orquestra Filarmónica de Viena com a ajuda

da sua agência de marketing, T.E.A.M. Marketing

AG. A parceria compreende uma visi bilidade televi-

siva a nível mundial antes e após as divulgações

dos concertos clássi cos emitidos por televisão. «A

excelência, o sucesso e a inovação são valores que

a Rolex e a Orquestra Filarmónica de Viena parti-

lham», anunciou o Dr. Clemens Hellsberg, presi-

dente da Orquestra Filarmónica de Viena. Patrick

Heiniger, presidente da Rolex S. A., acrescentou: «A

associação a uma das mais famosas orquestras do

mundo vem completar a nossa longa tradição de

apoio a indivíduos, acontecimentos e espectáculos

excepcionais».

A. Lange & Söhne vence “Golden Balance 2008”A edição deste ano do “The best watches in the

world – Golden Balance 2008” resultou em dois

prémios para modelos da A. Lange & Sonhe. En-

quanto o Lange 31 venceu na categoria “E – reló-

gios com preço superior a 25 mil euros”, o Saxónia

Automatik foi o vencedor na categoria “D – relógios

com preço até 15 mil euros”. Esta foi a décima vez

que os leitores do jornal de relojoaria Uhre-Maga-

zin e da revista semanal FOCUS e os visitantes da

FOCUS-Online votaram em relógios da A. Lange &

Söhne, atribuindo-lhes posições de destaque na

competição. Os votantes podiam escolher entre 452

produtos de luxo vindos das mais conhecidas manu-

facturas do mundo.

Rambo regressa com Panerai Luminor no pulsoSylvester Stallone vai voltar aos ecrãs dos cine-

mas para a quarta e última aventura do lendário

John J. Rambo. O actor, grande fã dos relógi-

os Panerai e grande impulsionador da marca

florentina entre os seus amigos de Hollywood,

vai aparecer, uma vez mais, com um modelo da

emblemática linha Luminor no pulso.

Jude Law é novo rosto internacional da DunhillA Alfred Dunhill, prestigiada marca britânica de roupa e acessórios para homem, anunciou que tem um

novo rosto internacional: Jude Law, que já representava a marca desde há dois anos na Ásia. Assente na

ideia de um novo género de cavalheiro britânico, a Alfred Dunhill ganhou uma reconhecida reputação ba-

seada nos valores do estilo, da inovação, da qualidade e da sagacidade. O estilo masculino de Jude Law

e o respectivo estatuto inegável de ícone do homem moderno – bem como o facto de ser considerado

um actor talentoso e consagrado – adequam-se na perfeição ao espírito Dunhill. A internacionalização

da relação de sucesso entre o actor britânico e a marca de luxo vai ter início oficial com a campanha

publicitária da colecção Primavera / Verão 2008.

Page 109: Espiral do Tempo 28

109Acontecimentos

Jaeger-LeCoultre organiza Gala de Inauguração em SingapuraA Jaeger-LeCoultre organizou uma grande gala de

inauguração da nova loja em Singapura, no Raffles

Hotel. O imprescindível corte da fita deu início à

cerimónia, que contou com a presença de celebri-

dades como a actriz tailandesa Kelly Lin, que voou

de Taipei até Singapura para participar no evento.

Também o CEO da marca, Jérôme Lambert, viajou

desde a Suíça para assistir às celebrações. Entre as

personalidades que marcaram presença no evento,

esteve o embaixador suíço em Singapura, Daniel

Woker. Os convidados puderam apreciar uma expo-

sição da joalharia de luxo e da requintada relojoaria

da marca, mas o ponto alto da noite foi mesmo a

apresentação de um dos dois relógios da colecção

La Rose.

Greguet recupera “Maria-Antonieta”Maria Antonieta era uma fiel cliente da casa

Breguet. Em 1782, Abraham-Louis Breguet criou

especialmente para a rainha francesa o relógio Per-

pétuelle N.º 2 10/82, com mecanismo de repetição

e calendário. Em 1783, Breguet recebeu uma en-

comenda surpreendente e misteriosa: um relógio

que incorporasse todas as complicações e os mais

sofisticados mecanismos então existentes; era um

presente para a rainha e nenhum limite de preço ou

prazo de entrega foi especificado pela pessoa que

o encomendou, um membro da Guarda da Rainha.

A monarca, de má sorte, morreu decapitada muito

antes de o fabuloso relógio N.º 160, conhecido para

a posteridade como o «Marie-Antoinette», ficar

ter minado. Roubada em 15 de Abril de 1983, do

museu de arte islâmica L. A. Mayer, em Jerusalém,

a obra-prima mecânica nunca mais foi vista… até

que foi recentemente recuperada pelo museu, após

receber uma pista de um relojoeiro de Tel Aviv, em

Agosto de 2006.

Estrelas de Hollywood rendem-se ao dominóO jogo fenómeno “Hollywood Dominó”, actualmente o hobby favorito das estrelas de Hollywood

e que deve chegar às lojas de todo o mundo no final de 2008, foi apresentado com pompa e

circunstância no dia 21 de Fevereiro, no Beverly Hills Hotel, em Los Angeles. Decorreu também

o torneiro inaugural, patrocinado pela marca de jóias e relógios de luxo de Grisogono. Fawaz

Gruosi, o fundador da marca, foi o anfitrião do evento, cujos lucros reverteram para uma insti-

tuição de caridade. O tema da noite foi “A Night in Havana”, sendo obrigatório o estilo anos 40.

Entre os jogadores estiveram Demi Moore, Penelopé Cruz, Charlize Theron, Salma Hayek, Ashton

Kutcher e Olivier Martinez. Todas estas estrelas da sétima arte receberam uma pulseira “Holly-

wood Domino” criada pela de Grisogono especialmente para este evento. O último ‘confronto’ na

mesa de jogo foi entre Charlize Theron, Olivier Martinez, Ashton Kutcher e Demi Moore, acaban-

do Theron por sair vencedora. O prémio foi um relógio personalizado Instrumento N°Uno’ de

Grisogono e um cheque, que a actriz doou à instituição “The Art of Elysium”.

Page 110: Espiral do Tempo 28

[ Acontecimentos ]

110 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

Designer japonês cria carro inspirado no Grande CarreraO famoso designer japonês Ken Okuyama vai estar

presente no stand da TAG Heuer durante dois dias

da feira de Basileia. O designer apresentou recente-

mente em Genebra a sua última criação automóvel

– o K.O 7 –, inspirado na colecção TAG Heuer Grand

Carrera. O carro, que vai estar também presente

no stand da marca relojoeira, tem um cronógrafo

Grand Carrera Cal 36 RS Caliper Concept instalado

no tablier. «O interior do K.O. 7 foi inspirado no

Grand Carrera, e instalámos o extraordinário cronó-

grafo Grand Carrera Cal 36 RS Caliper Concept no

seu tablier. Os cronógrafos da TAG Heuer são con-

struídos com materiais leve da melhor qualidade. A

colaboração com a TAG Heuer tornou possível mos-

trar uma coisa que as duas indústrias [automóvel e

relojoaria] têm em comum: a busca incessante pela

qualidade, performance e design invocador através

das novas tecnologias», explica Ken Okuyama.

Raymond Weil relógio oficial dos BRIT AwardsA marca relojoeira genebrina foi relógio oficial de

um dos mais glamorosos certames de música: o

BRIT Awards 2008. Para celebrar tão importante

parceria, a Raymond Weil criou uma edição limitada

da colecção Freelancer que foi oferecida a todos

os artistas que participam no evento, tal como aos

apresentadores dos prémios. A ligação entre a Ray-

mond Weil e o mundo da música é já de longa du-

ração – desde colaborações com Craig David, Jay Kay

(Jamiroquai) e até associações com outros prestig-

iantes eventos musicais.

Versace abre loja em RomaA Versace abriu a sua primeira loja inteiramente

dedicada às jóias e relógios da Maison, na Via

Bocca di Leone, em Roma. Este espaço, a pou-

cos passos das Escadas Espanholas, foi o pri-

meiro dos vários espaços que a marca pretende

inaugurar por todo o mundo. O interior reflecte

a elegância e o requinte característicos da Ver-

sace – o cenário perfeito para as jóias e reló-

gios da marca estarem expostos. As colecções

em exposição são iluminadas e destacadas pela

luz reflectida pelo candelabro de vidro Murano,

cria do especialmente para a nova loja. As pare-

des estão cobertas por uma suave pele branca,

o que confere ao espaço um clima de intimi-

dade. Uma abordagem minimalista caracteriza

a nova “zona de jóias”, onde estão expostas as

peças preciosas da Versace.

Pedro Lamy entre os pilotos TAG Heuer em Le MansMais uma vez a confirmar o seu estatuto de referência de marca relojoeira de luxo no universo das cor-

ridas de automóveis, a TAG Heuer será novamente um importante protagonista nas próximas 24 Horas

de Le Mans, que vão decorrer a 14 e 15 de Junho, bem como nas 12 Horas de Sebring e no campeonato

Le Mans Series de 2008. A TAG Heuer vai ser Timekeeper e Chronograph oficial da equipa Peugeot

Total, da equipa Peugeot Sport Total e dos seus 10 condutores, entre eles o português Pedro Lamy,

Jacques Villeneuve, Marc Gene, Nicolas Minassian, Stephane Sarrazin, Alexander Wurtz, Christian Klien e

Ricardo Zonta. Ao volante dos protótipos avant-garde Peugeot 908 HDI FAP LMP1, os pilotos tentarão

vencer a lendária corrida 38 anos depois do mítico filme “Le Mans”, onde a TAG Heuer já era uma

protagonista com o Monaco Chrono nos pulsos de Steve McQueen e Joe Siffert. A associação entre a

equipa Peugeot Total e TAG Heuer começou em 2007 quando um Peugeot 908 HDI FAP que envergava

as cores da TAG Heuer terminou em segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans na sua primeira partici-

pação na competição. No Le Mans 2008, a TAG Heuer estará associada a três Peugeot 908 HDI FAP, os

pilotos usarão no pulso o mítico TAG Heuer Monaco e todos os membros da equipa estarão equipados

cronógrafos da marca.

Page 111: Espiral do Tempo 28

111AcontecimentosAcontecimentos

15.º Rali Chopard Escuderia Castelo BrancoDecorreu no final do ano passado o 15º Rali Chopard Escuderia Castelo Branco, uma prova a contar para

a categoria FIVA. Trata-se de uma competição de regularidade histórica e é organizada pela Escuderia

Castelo Branco. Esta última edição da prova decorreu na paisagem das Termas de Monfortinho tendo

passado também por Penha Garcia, Idanha-a-Nova e Proença-a-Velha. Num evento onde a competitivi-

dade foi a nota a reter, a Chopard e Torres Joalheiros foram os grandes protagonistas ao patrocinar o

evento e os prémios dos entusiasmados concorrentes.

Torres Distribuição: Seminário Pré-Basileia 2008O Baselworld – o grande evento anual de relojoaria e joalharia que decorre em Basileia – vai

decorrer este ano de 3 a 10 de Abril. As mais recentes novidades em jóias e relógios são todos os

anos apresentadas em Basileia. Mas a Torres Distribuição levantou o véu e revelou antes, em ex-

clusivo para os agentes das marcas, as novidades da TAG Heuer, Porsche Design, Raymond Weil,

Sector, Versace e Roberto Cavalli, que vão ser apresentadas em Basileia. O Seminário Pré-Basileia

2008 decorreu nos dias 13 e 14 de Março, no Grande Real Villa Itália Hotel & Spa, em Cascais,

um evento exclusivo para os agentes oficiais das marcas em Portugal. Enquanto descobriram as

mais recentes novidades em relógios e jóias no decorrer do seminário, os convidados puderam

usufruir das excelentes instalações do hotel e do Spa do Grande Real Villa Itália, considerado um

dos melhores da Europa.

Page 112: Espiral do Tempo 28

[ Internet ]

www.jaeger-lecoultre.com

www.torresdistrib.com

www.fpjourne.com

www.raymond-weil.com

www.chopard.com

www.porsche-design.com

www.thebritishmasters.com

www.audemarspiguet.com

112 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

www.raymondweil-nabucco.com

Raymond Weil lança site para Nabucco

Depois do site internacional oficial www.raymondweil.com, os sites americano, russo, chinês e o RW Club (www.

raymondweil.com/club), a Raymond Weil lançou um novo site na Internet inteiramente dedicado ao Nabucco, a

última colecção masculina e mecânica da marca.

Seguindo sempre os princípios da inovação e do dinamismo, a Raymond Weil encontrou na Internet um novo canal

de comunicação que lhe permite estar mais próxima dos seus clientes.

Este novo projecto, pensado e tornado realidade por Elie Bernheim, director de marketing da empresa genebrina,

persegue o objectivo da comunicação entre a marca e os seus clientes, e permite à Raymond Weil veicular os seus

valores e dar a conhecer a colecção Nabucco de uma forma lúdica e interactiva.

O novo site transporta os visitantes para o mundo inovador e possante do Nabucco, onde podem descobrir a história

da colecção em quatro actos; obter informações detalhadas sobre o relógio; participar no passatempo «Nabucco

Challenge» para ganhar um relógio Nabucco personalizado; assistir ao filme de lançamento do relógio, que explica

o seu conceito (filme que pode ser carregado no iPod); saber mais sobre a rede de vendas da Raymond Weil e fazer

a tour Nabucco no Second Life.

A Raymond Weil tinha assumido o desejo de reforçar a imagem masculina e ‘mecânica’ da marca, desejo este que

foi concretizado com o lançamento do Nabucco, com caixa em aço de 46 mm. A colecção Nabucco inclui um modelo

de corda automática, um cronógrafo e um modelo que apresenta um duplo fuso horário – o Nabucco GMT. Com vidro

e fundo em safira, é estanque a 200 metros. Disponível com bracelete em aço e fibra de carbono com fecho de

báscula e em cauchu com fecho de báscula.

Page 113: Espiral do Tempo 28

[ Assinaturas ]

Nº 1 • € 5 Nº 2 • € 5 Nº 3 • € 5 Nº 4 • € 5 Nº 5 • € 5 Nº 6 • € 5 Nº 7 • € 5

Nº 8 • € 5 Nº 9 • € 5 Nº 10 • € 5 Nº 11 • € 5 Nº 12 • € 5 Nº 13 • € 5 Nº 14 • € 5

Assinaturas

Assinatura para 8 edições (dois anos): • Portugal € 28 • Europa € 60 • Resto do mundo € 80

Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda.

Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal

Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respectiva em cheque.

Não esquecer de colocar remetente. O cheque deverá ser emitido em nome de: Company One, Lda.

A assinatura deverá ser feita em nome de:

Morada: C.Postal: –

Localidade: Profissão: Datadenascimento:

Cont.: Tel: Tm.: Email.:

Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:

Como se vê no mundo dos relógios? Onde viu a Espiral do Tempo?

Coleccionador Apaixonado Curioso Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe

Nº 22 • € 3,5 Nº 23 • € 3,5 Nº 24 • € 3,5 Nº 25 • € 3,5 Nº 26 • € 3,5 Nº 27 • € 3,5

Nº 15 • € 5 Nº 16 • € 3,5 Nº 17 • € 3,5 Nº 18 • € 3,5 Nº 19 • € 3,5 Nº 20 • € 3,5 Nº 21 • € 3,5

Page 114: Espiral do Tempo 28

Fernando Campos Ferreira

Quotidianos

114 Espiral do Tempo 28 Primavera 2008

[ Crónica ]

Janeiro, 21h 45mOs lábios da Angelina Jolie são naturalmente carnudos,

com bolsas estrategicamente descaídas nas pontas,

ou há ali botox vulgaris injectado? Ficarei eternamente

na dúvida, hélas, e, por isso, dou-lhe o benefício da

mesma. Salvo raras excepções, e a Jolie é uma delas,

na modesta opinião do aqui escrevinhador, a moda da

beiça inchada não é sexy e, nalguns casos, o exagero

foi tal que até parece que foram mordidas nos lábios

por um enxame enraivecido de vespas. Mas se elas

acham que lhes fica bem...

Fevereiro, 22h 40mBem, acho, fica-lhes o novo Jaeger-LeCoultre (que os

Suíços pronunciam ‘gê-gê’, nuance linguística relojoei-

ra cuja inutilidade talvez só seja comparável à da utili-

zação, de rigueur, do feminino quando se fala de uma

qualquer Ferrari...), modelo Master Compressor Diving

Chronograph Lady, nome quase tão extenso quanto o

da estanquicidade até aos 300 metros.

Como a nossa vida é feita de mudança, eis de

volta a moda dos relógios de mergulho. A oferta que

alimenta a procura ou esta que induz aquela...?

Pessoalmente, fico à espera que um dia destes

François Paul-Journe ou Franck Muller decidam lançar

um modelo virado para os desportos náuticos e para

isso conto com as influências do meu Amigo PT junto

dos Mestres.

Fevereiro, 8h 50mUma noite de chuva forte bastou para esventrar o mal

remendado pavimento da generalidade das artérias

de Lisboa, do Chiado a Algés, a cidade a parecer uma

espécie de teatro de guerra submetido a carpet bom-

bing. O problema é que o alfacinha sabe que, com as

finanças camarárias arrefecidas ao nível da indigência,

os buracos estão aí para continuar.

Fevereiro, 14h 20mO cozido à portuguesa das tardes de Domingo no

Restaurante Q.B., na Quinta da Beloura, é uma boa

opção para quem gosta do dito e quer ter uma alter-

nativa aos estafados restaurantes do Guincho, que

mais parecem stands de popós de topo de gama, ma-

trículas ainda a escorrer de fresco e muitos zeros de

cilindrada no capot.

Além da comida, no Q.B. há ainda a boa disposi-

ção do João Braga Gonçalves e a simpatia do pessoal,

e, para os que não gostam de cozido, há sempre ou-

tros pitéus por onde escolher.

Março, 9h 35mNuma travagem de emergência na A5, procurei e não

achei o botão dos quatro piscas, insuspeito que está

no topo do mostrador do conta-quilómetros, na parte

de cima do tablier, descentrado do posto de condu-

ção. Passado o aperto e parado na fila de trânsito,

pensei que os eurocratas bem que já poderiam ter

harmonizado o local da instalação da coisa, mas ago-

ra penso que... é melhor não. Cada um que trate de

ler o livro de instruções antes de se fazer à estrada e

deixemos aqueles senhores entretidos a harmonizar

outras coisas.

Fevereiro, 21h 20mA locutora a noticiar que no «maior outlet da Europa...

Alcochete» – deve ser por isso, digo eu, que o mesmo

foi um flop – estava em exposição o «maior ovo da

Páscoa», candidato a um lugar no Livro Guiness dos

Recordes. A nossa habitual pequenez serôdia a mani-

festar-se em todo o seu triste esplendor, ela sim uma

candidata natural ao Guiness da menoridade…

Março, 21h 40mPara os apreciadores de cronógrafos, sugiro que na-

veguem no site da Torres (www.torresdistrib.com) ao

encontro do Monaco Sixty Nine da TAG Heuer, com as

suas funções mecânica e digital, e do Split Seconds

da Franck Muller, complicação cimeira nos cronógra-

fos ditos rattrapantes. Como dizia Fernando Pessoa,

«Navegar é preciso...».

Pessoalmente, fico à espera que um dia destes François-Paul Journeou Franck Muller decidam lançar um modelo virado para os desportos náuticos e para isso conto com as influências

do meu Amigo PT junto dos Mestres.

Page 115: Espiral do Tempo 28
Page 116: Espiral do Tempo 28