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Agro Revista Nº 0 | Fevereiro 2015 DIVERSIFICAÇÃO As oliveiras começam a azeitar a economia gaúcha ENTREVISTA Guinter Frantz expõe os planos para o Irga Verde e amarelo A SOJA CONQUISTA AS VÁRZEAS DO RIO GRANDE DO SUL, ONDE REINAVA O ARROZ, E INAUGURA O TEMPO DA PARCERIA

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AgroR e v i s t a

Nº 0 | Fevereiro 2015

DIVERSIFICAÇÃO As oliveiras começam a azeitara economia gaúcha

EntREVIStAGuinter Frantzexpõe os planospara o Irga

Verde e amareloA SOJA CONQUISTA AS VÁRZEAS DO RIO GRANDE DO SUL,

ONDE REINAVA O ARROZ, E INAUGURA O TEMPO DA PARCERIA

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Rendimento máximo na colheita e nos lucros. CR6080. Eleita, com a aprovação dos usuários, a grande vencedora da Categoria Destaque, no Prêmio Gerdau. Qualidade certificada pela maior premiação da América Latina para o setor agrícola. Desempenho reconhecido por quem mais entende do assunto: o produtor. Leve esta conquista para a sua fazenda.

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U M A M ÁQ U I N A C A M P E Ã PA R A VO C Ê CO L H E R

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Rendimento máximo na colheita e nos lucros. CR6080. Eleita, com a aprovação dos usuários, a grande vencedora da Categoria Destaque, no Prêmio Gerdau. Qualidade certificada pela maior premiação da América Latina para o setor agrícola. Desempenho reconhecido por quem mais entende do assunto: o produtor. Leve esta conquista para a sua fazenda.

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Revista AgroRS2

nesta edição

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EDITORIAL

08 ENTREVISTAGuinter Frantz fala dosdesafios que assume juntocom a presidência do Irga

12 ARTIGOHeitor Müller, da Fiergs, detalha o peso do agro para a indústria gaúcha

20 CONJUNTURAO modelo de seguroagrícola que a Farsul quer para produtores do Estado

30 INOVAÇÃOSistema de irrigaçãosubterrânea quase dobraa produtividade do milho

46 TURISMO RURALOs encantos do ParqueWiteck, em Novo Cabrais,no Centro do Estado

38 DIVERSIFICAÇÃOComo é a produção do primeiro azeite de oliva extra-virgem do Brasil

32 VERDEPerseguido pelo governo,setor do tabaco dá lição decuidado com o ambiente

14 REPORTAGEMA revolução da soja nastradicionais várzeasde arroz do Pampa

não é difícil para um gaúcho reconhecer a importância do agronegócio na socioeco-nomia do estado. Cada vez mais a renda e os empregos gerados por esse setor tor-nam-se fundamentais para a sustentabi-lidade. no entanto, as riquezas geradas no campo não têm se traduzido, com raras ex-ceções, em reconhecimento nítido e aten-ção mais demorada de parte de seus veícu-los de comunicação. a Revista AgroRS, que circula em um “número zero”, com propos-ta inovadora de abordagem editorial e de política de circulação, procura agregar-se a esse esforço para dar mais visibilidade e para compartilhar conhecimento acerca da agricultura gaúcha e de todos os seus elos.

Com a expectativa de distribuição mas-siva junto aos mais variados públicos do Rio Grande do sul, o urbano e o das regiões de interior, a revista nasce com a proposta de, em edições mensais, disseminar informa-ções técnicas, conjunturais e de mercado sobre as diversas atividades produtivas, ampliando esse conteúdo com reportagens especiais. a publicação surge por extensão de uma já longa experiência editorial na elaboração de anuários e de revistas de circulação nacional e internacional, que hoje torna a marca da Editora Gazeta re-conhecida em todo o País.

o Rio Grande do sul sempre foi e per-manecerá sendo referencial na prospecção de oportunidades em produção, industriali-zação e formação de parcerias associadas ao agronegócio. em pleno século XXi, esse tempo mais dependente do que nunca de alimentos de qualidade, matérias-primas e fontes de energia, a Revista AgroRS espera dar sua contribuição na difusão de conheci-mento, para que todos possam realizar-se em seus empreendimentos. Boa leitura!

REVISTA AgroRSEditor: Romar Rudolfo Beling Editor assistente: igor Müller Reportagem: Benno Bernardo Kist, Cleiton evandro dos santos, Cleonice de Carvalho, erna Regina Reetz e Marluci drumSupervisão: Romeu inacio neumann Fotografia: sílvio Ávila, inor assmann e Robispierre Giuliani Projeto gráfico, arte-final e diagramação: Márcio oliveira Machado Catalogação e gráficos: sadraque Lenz Veiga Marketing: Raul José dreyer, Maira trojan Bugs, Gabriela da silva, Giovani souza e ana Paula Knak Circulação: simone de Moraes Impressão: Gráfica e editora Pallotti (são Leopoldo, Rs).

editoRa GaZeta santa CRUZ LtdaCnPJ 04.439.157/0001-79Rua Ramiro Barcelos, 1.224CeP: 96.810-900, santa Cruz do sul (Rs)telefone: 0 55 (xx) 51 3715 [email protected]@editoragazeta.com.brwww.editoragazeta.com.br

a ReVista agroRs CiRCULaRÁ MensaLMente enCaRtada nos JoRnais VinCULadosÀ assoCiação dos diÁRios do inteRioR (adi) do Rio GRande do sUL

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Job: CLARO-REG-RS-14-07-2014 -- Empresa: Ogilvy -- Arquivo: 38155-159915-Claro-An-Repos-Vida-21x275cm-RS_pag001.pdfRegistro: 162172 -- Data: 21:30:30 28/01/2015

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Gato por lebrea Federação das associações de arrozeiros do Rio Grande do sul (Federarroz) está atenta e acompanhando denúncias de empresas de fora do Rio Grande do sul que estão comercializando arroz dos tipos 2 e 3 em embalagens de tipo 1. a fraude também vem sendo investigada por instituições de defesa do consumidor e órgãos governamentais.

Leite pesquisadoFrente ao crescimento da demanda de produtos com baixo teor de lactose, acadêmicos do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade de Passo Fundo (UPF) conseguiram desenvolver, após dois anos de pesquisa, um tipo de leite condensado com tal característica. O professor Vandré Brião, que coordenou o trabalho, diz que só consumidores com paladar muito apurado conseguirão notar alguma diferença no sabor do leite condensado com baixo teor de lactose. Já há empresas do ramo interessadas na fórmula. A UPF está encaminhando o registro de patente.

e-GTAa partir de abril, a Guia de trânsito animal eletrônica (e-Gta) será obrigatória para o transporte interestadual de animais vivos, ovos férteis e outros materiais de multiplicação animal. a e-Gta passa a ser obrigatória também para o transporte intraestadual de animais vivos destinados ao abate em estabelecimentos sob o serviço de inspeção Federal (siF). o e-Gta contém informações a respeito da origem do animal, como o código do estabelecimento, nomes do produtor rural e do município e o destino para o qual o animal está sendo levado.

As maçãs da polêmica

1Considerado o berço da produção de maçã no Brasil - as primeiras se-mentes foram plantadas em 1935 -, desde a década de 60 o município de Veranópolis, na serra Gaúcha, realiza uma festa para celebrar a colheita da

fruta. o que era um evento comunitário virou a Festa nacional da Maçã (Femaçã) em maio de 1976, com direito até a visita do então presidente ernesto Geisel.

2 no início de 2015, uma situação inusitada fez a Femaçã virar assunto em todo o estado e até fora dele, bem antes do início do evento. a campanha de divulgação causou alvoroço ao destacar uma foto das soberanas cobrindo

os seios com vistosas maçãs ao invés de estarem usando os clássicos vestidos. Completa a discussão o slogan da festa: “Caia na tentação”.

3 discussão à parte, Rodrigo Pellicioli, diretor da empresa responsável pelo marketing da Femaçã, está rindo à toa e diz que o objetivo foi alcançado. “Fugimos do comum e o resultado está aí. atraímos a atenção do público”,

resume. a Prefeitura de Veranópolis também está vibrando com o resultado da campanha. a Femaçã 2015 acontece de 10 a 12 e de 17 a 21 de abril. a programa-ção completa ainda não foi divulgada.

PaineL

Bons ventosos cataventos utilizados na geração de energia estão se inserindo cada vez mais na paisagem do Rio Grande. depois do Litoral norte e da Campanha, as atenções se voltam para o município de Chuí. no apagar das luzes de 2014, o Complexo eólico Chuí obteve financiamento de R$ 379,6 milhões junto ao Bndes para a construção de seis parques eólicos. a potência chegará a 144 MW. o valor total dos investimentos é de R$ 806 milhões, gerando 1,5 mil empregos e incluindo a compra de 72 aerogeradores.

Time completoPassada a polêmica criada a partir da escolha de Clair Tomé Kuhn para a presidência da Emater – o ex-prefeito de Quinze de Novembro não tem formação na área –, a nova diretoria já assumiu e está mostrando trabalho. Kuhn chamou para a chefia de gabinete o técnico Jorge Siebert, que é do quadro. A direção administrativa ficou com Silvana Dalmás e a direção técnica com o engenheiro agrônomo Lino Moura. Ele foi o mais votado na escolha interna, que teve sete candidatos.

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Cleiton eVAnDRo DoS SAntoS* [email protected]

“O Irga tem de manter a excelência em arroz”

Prestes a comemorar 75 anos, em junho de 2015, o instituto Rio Granden-se do arroz (irga) é o principal centro de pesquisas do cereal nas américas e base tecnológica de quase 20 mil produ-tores gaúchos que cultivam 1,15 milhão de hectares ao ano. nesta safra, devem colher cerca de 8 milhões de toneladas, o que representa 65% de toda a produção de arroz do Brasil.

a autarquia vive um momento de transição, e o governador do Rio Gran-de do sul, José ivo sartori, optou por um técnico, o engenheiro agrônomo Guinter Frantz, 58 anos, para a presidência. es-pecializado em administração de em-presas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Qualidade total de agricultura empresarial pela Universidade Fede-ral de Lavras (Ufla/MG), Frantz ganhou notoriedade pela atuação, por 17 anos, como gestor da Granjas 4 irmãos, em Rio Grande, no sul do estado, e por tornar-se um dos principais consulto-res em gestão de pessoas e processos tecnológicos em lavouras. a agroRs foi ouvir Guinter Frantz e traduz aqui suas perspectivas acerca da cadeia produtiva e do instituto, agora sob sua direção.

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AgroRS – Tradicionalmente, o presi-dente do Irga tem vínculo partidário. Com uma carreira técnica, podemos dizer que sua indicação surpreendeu o setor...

Guinter Frantz – Podemos dizer que surpreendeu até a mim. Fui sondado no dia 19 de dezembro, a partir de uma su-gestão de produtores da Zona sul, leva-da aos integrantes do Conselho do irga. eles resolveram bancar o meu nome com as entidades setoriais. o respaldo do setor me deu argumentos para acei-tar esse desafio.

AgroRS – E seu contato com o novo secretário estadual de Agricultura, Ernani Polo, como é?

Guinter Frantz – Conheci o secretário na virada do ano, mas já sabia do seu comprometimento com a produção ru-ral. Creio que o respaldo que ele deu às indicações do setor produtivo diz mui-to a respeito de sua meta de acertar na formatação de um projeto técnico e comprometido para o arroz e para a agropecuária do Rio Grande do sul. es-tamos construindo nossa consonância.teremos muitas coisas para discutir, mas tenho certeza de que o objetivo maior é o mesmo.

AgroRS – Sua diretoria foi também indicada pelo setor. Qual sua impressão inicial da equipe?

Guinter Frantz – não poderia ser melhor. terei ao meu lado como diretor técnico o Maurício Fischer, funcionário de carreira do irga, ex-presidente, dire-tor e chefe da estação de Pesquisas. É alguém com muita experiência, e visão das relações do instituto com o governo estadual, a cadeia produtiva e a socieda-de, que conhece os meandros da máqui-na estatal e os caminhos da pesquisa e da extensão rural como poucos. o Re-nato Rocha, ex-presidente da Federar-roz, é o diretor administrativo e dispensa apresentações pelo trabalho de resgate que realizou naquela entidade. o tiago sarmento Barata me agrada muito. Já atuou no irga, é um dos grandes conhe-cedores do mercado do arroz, técnico, tem ótimas relações e uma imagem muito sólida perante a cadeia produtiva, o que lhe valeu essa indicação.

AgroRS – O senhor encontra o Irga com um quadro totalmente reformulado após o primeiro concurso público em 40 anos. O que espera?

Guinter Frantz – não tenho dúvidas de que a marca que a administração passada deixou foi o concurso que reno-vou e fortaleceu a autarquia. acho que há vantagens importantes em assumir ao mesmo tempo em que 200 técnicos começam a trabalhar. É uma oportuni-dade rara para se formatar um proces-so com a orientação dos profissionais e a definição clara de metas e conceitos. e há também uma equipe experiente remanescente na pesquisa e nos es-critórios regionais, que será igualmente importante.

AgroRS – Que tipo de ações o senhor pretende enfatizar em sua gestão?

Guinter Frantz – Há um processo permanente no irga que é a produção tecnológica, mas temos ainda uma lacuna entre a pesquisa e o produtor. não é uma característica nossa, mas do agronegócio brasileiro. Creio que o grande desafio é a eficiência na trans-ferência de tecnologias, fazer com que o melhor insumo, a melhor técnica al-cance e seja aplicada na lavoura para produzir o melhor produto e assegurar o melhor resultado, ou seja, renda ao produtor. temos ótima oportunidade com os técnicos que vamos treinar e orientar.

Como a área profissional em que te-nho grande conhecimento e afinidade é a gestão de pessoas, processos, lavou-ras, a minha maior contribuição será dar ênfase à qualificação do produtor rural para a administração da lavoura, da propriedade, da mão de obra. Vamos transferir, com a tecnologia de manejo, de insumos e de cultivo, os conceitos de gestão, que podem melhorar os resulta-dos da orizicultura.

AgroRS – E como se dará a aproxima-ção do técnico com o produtor?

Guinter Frantz – estamos avaliando. Mas, com um novo contingente de téc-nicos, muitos deles jovens e com bons conceitos de gestão, mais a orientação adequada, podemos evoluir bastante.

sei que o agricultor é resistente a novos conceitos de produção, manejo e forma-to de administrar, percebo essa dificul-dade de ruptura com modelos antigos em minhas consultorias. Precisamos levar isso não só ao produtor, mas ao capataz, ao funcionário, ao aguador para otimizar o resultado, o conjunto.

AgroRS – Qual o motivo dessa resis-tência por parte dos produtores?

Guinter Frantz – acredito que se deve ao fato de o agricultor trabalhar com ciclos de pensamento e planeja-mento muito longos. Mesmo diver-sificando e atuando com manejo de inverno, acaba administrando lavouras anuais. aquela inovação que não der resultado já no primeiro ano é des-cartada e ele volta ao sistema antigo, quando deveria ajustar o modelo para dar certo nos próximos ciclos. Precisa-mos, no irga, de um plano estratégico para alcançar o máximo de oriziculto-res e vencer essa barreira de resistên-cia. os princípios da gestão no papel são simples, mas executá-la no cam-po, na prática, é muito difícil. É isso que precisamos resolver.

AgroRS – O senhor pode exemplificar essa diferença?

Guinter Frantz – Hoje, temos no Rio Grande do sul cerca de 20% de arrozei-ros mais capitalizados, que alcançaram perto de 10 toneladas de produtividade média por hectare em suas áreas. Mais de 60% dos produtores não alcançaram estes patamares. e alguns deles estão bem abaixo disso, e em dificuldades. Creio que o fator preponderante des-sa diferença é a gestão, pois tecnologia para produzir está provado que existe.

Por isso, vamos realizar um estu-do para identificar que fatores deter-minaram essa lacuna. eu arrisco dizer que para estes produtores que chega-ram a 10 toneladas podemos lançar o Projeto 12 (de 12 toneladas por hecta-re), mas precisamos trazer arrozeiros de 6 a 7 mil quilos para pelo menos os 9, 10 mil quilos por hectare. esse é o desafio, especialmente em regiões como a depressão Central e o Litoral norte.

“O Irga tem de manter a excelência em arroz”

ENTREVISTA

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Revista AgroRS10

AgroRS – A diversificação de culturas na várzea vem mudando estes conceitos?

Guinter Frantz – sim, em parte. a evolução das tecnologias para o cultivo de soja na várzea caiu do céu. aqueles orizicultores que integraram o Projeto 10, ou utilizaram tecnologias associadas a ele, conseguiram evoluir em produtivi-dade e seguiram com alta produtividade e quase todos estão saudáveis do ponto de vista econômico. Mas boa parte dos demais não conseguiu acompanhar. exatamente a estes a soja vem ajudar mais. Permite utilizar melhor a mão de obra, o maquinário e a área, melhora a estrutura química e física do solo, per-mite escolher o que vai comercializar no primeiro semestre. Plantando arroz em sucessão à soja, fazendo tudo direito, o produtor vai ter um ganho, por baixo, de mil quilos por hectare.

Mas há toda uma nova tecnologia a ser incorporada ao setor. estamos fa-lando de arrozeiro plantando soja. e ele precisa aprender a fazê-lo de forma a ter retorno. Hoje, quem plantou 50 hec-tares há três anos planta 500 hectares. Porém, cada safra é diferente, seja pelo

clima, seja por mercado, custos ou diver-sos fatores que vão interferir no êxito do processo, especialmente o conhecimen-to do manejo.

AgroRS – Então o Irga seguirá inves-tindo na soja?

Guinter Frantz – o irga tem de man-ter a excelência em arroz, mas não pode abrir mão de oferecer ao produtor o máximo de alternativas agronômicas e tecnológicas e de mercado para ma-nejar suas áreas. Hoje, a soja, o milho, até mesmo as pastagens para quem tem uma área de escape, mais alta para acomodar o gado, são fundamentais e fazem parte do rol de pesquisas em an-damento e de tecnologias que são e se-rão transferidas aos orizicultores. nosso desafio é levá-las para o campo, fazer o produtor adotá-las de acordo com sua realidade e obter bons resultados.

não podemos esquecer que é nosso papel produzir não apenas conhecimen-to tecnológico, mas variedades novas, adaptadas às necessidades do produtor, da indústria e do consumidor, e manejo que dê garantia a esta produção. depois

disso, sim, vamos apostar em rotação com soja, milho, pastagens, manejo de inverno. são projetos paralelos, mas que se interligam em diversos pontos.

AgroRS – Além de produção científica e transferência de tecnologias, o Irga tem importante papel na política setorial, es-pecialmente visando o mercado?

Guinter Frantz – alguns aspectos precisam ser muito bem observados. Precisamos ter um bom controle de custos. Poucos produtores têm isso. Precisamos saber o nosso custo para poder almejar um preço de mercado que seja remunerador. esse é o ponto de partida. o irga tem uma função im-portante para isso, um papel político e setorial, especialmente no que trata de auxiliar no fortalecimento da estrutu-ras de exportação, que é algo que está colado à formação de preços. É um pro-cesso que está andando, mas precisa melhorar. o setor escolheu um diretor comercial bastante qualificado também pensando nisso. o certo é que o irga continuará trabalhando com foco na la-voura de arroz e no arrozeiro gaúcho. n

ENTREVISTA

“Há toda uma nova tecnologia

a ser incorporada ao setor.

Estamos falando de arrozeiro

plantando soja”

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oPinião

“Atualmente, seus produtos

estão presentes

em todos os continentes, perfazendo 180 países”

HEITOR JOSé MüLLERé empresário do ramo

da avicultura e presidenteda Federação das Indústriasdo Rio Grande do Sul (Fiergs)

O agronegócio tem sido um importante vetor de crescimento para as econo-mias brasileira e gaúcha. a parte desse setor que se relaciona mais estrei-tamente com a indústria, e que convencionamos chamar de agroindústria,

foi um dos principais propulsores do setor secundário ao longo dos últimos anos. isso porque as relações da economia primária – que tem apresentado um melhor desempenho em relação às demais – com a cadeia produtiva industrial são diver-sas e intensas. ocorrem tanto a partir da demanda de insumos necessários para a produção agrícola, como são os casos das máquinas e equipamentos, implementos, adubos e fertilizantes, quanto a partir da oferta de produtos para processamento industrial, em que se destacam a produção de carnes das mais diversas, de produ-tos derivados da soja e do tabaco, toda a cadeia leiteira e muitos outros.

a agroindústria é particularmente importante para o Rio Grande do sul. a estru-tura da economia gaúcha – com alta participação da agropecuária em sua composi-ção – faz com que o setor tenha mais peso no contexto regional do que em âmbito nacional e também em relação a outros importantes estados industriais. aqui, a agroindústria representa 25,8% do total da indústria de transformação, percentual que cai para 17,9% na média nacional e para 11,7% em são Paulo, 18,1% em Minas Gerais, 5,8% no Rio de Janeiro e 20% no Paraná. não é por acaso, portanto, que nos anos em que passamos por reveses climáticos, como foram 2005 e 2012, não seja apenas o setor primário a apresentar desempenho negativo, uma vez que os im-pactos gerados nas cadeias produtivas penalizam toda a economia.

essa importância da agroindústria para o setor secundário gaúcho faz com a mesma seja um grande gerador de empregos e renda no estado. Contando mais de quatro mil estabelecimentos, emprega formalmente 162,9 mil pessoas, o que equi-vale a 22,6% do total de trabalhadores da indústria de transformação. além disso, por ter como uma de suas caraterísticas mais acentuadas a forte competitividade, assegurou uma presença marcante no cenário internacional. em 2014, as expor-tações da agroindústria somaram Us$ 4,92 bilhões, representando 26,4% do total exportado pela indústria do Rio Grande do sul. atualmente, seus produtos estão presentes em todos os continentes, perfazendo 180 países.

Claramente, o segmento – assim como o restante da indústria – enfrenta garga-los estruturais que se colocam como fatores de risco para a continuidade do cresci-mento. Por ser composto por diversas indústrias intensivas em mão de obra, como alimentos, couro e tabaco, os custos do trabalho são um dos principais fatores de risco. além disso, os entraves logísticos também são elementos que tendem a im-pedir uma expansão mais acentuada ao longo dos próximos anos, principalmente tendo-se em conta a posição geográfica do estado, que é bastante desfavorável por encontrar-se distante dos principais centros comerciais do País. ainda é importante entender que, sem avanços no setor primário, o crescimento da agroindústria tam-bém ficará limitado. assim, políticas e medidas voltadas a melhorias da produtivida-de agrícola, a partir de pesados investimentos em projetos de irrigação, por exemplo, são fundamentais para garantir a sustentabilidade do setor no Rio Grande do sul a médio e longo prazos. n

A importância do agronegócio para a INDúSTRIA GAúCHADu

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A importância do agronegócio para a INDúSTRIA GAúCHA

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o Pampa gaúcho, formado por vas-tas planícies com extensas pastagens naturais e cerca de 5 milhões de hec-tares de várzeas, está alterando a sua configuração agronômica, social e eco-nômica nos últimos anos pela inclusão das lavouras de soja. nesta região do Rio Grande do sul, a cultura ocupava cerca de 200 mil hectares há seis safras, e seu plantio estava associado à otimi-zação da área para o preparo das pas-tagens de inverno. o Pampa é o berço da pecuária bovina de corte baseada em raças europeias. nas terras baixas está a maior presença de lavouras de arroz irrigado das américas.

a evolução da soja pampeana, que potencializa a agricultura na chamada Metade sul, gera empregos e movimen-ta a economia regional, ocorreu com mais vigor nas últimas cinco safras, em processo no qual um conjunto de fa-tores se somou. a região sentia o peso das constantes crises motivadas por oscilações de preços de seus dois princi-pais produtos, o boi e o arroz. ao mesmo tempo, no noroeste gaúcho, pioneiro da cultura no País, e que concentra mais de 80% da área cultivada com a oleoginosa no estado, faltavam terras e, para com-pletar, o arrendamento era caro. no sul, havia terras mais baratas e usadas para

Revolução naVÁRZEASOjA AvANçA NA MEtAdE SuL COMO ALtERNAtIvA dE PROduçãO E AtIvIdAdE COMPLEMENtAR AO ARROz E MudA O PERFIL dA ECONOMIA REGIONAL

quilos por hectare. estudos apontam para a disponibilidade de 5 milhões de hectares possíveis de serem cultivados com soja, 600 mil deles em várzeas.

a área de arroz no Rio Grande do sul estabilizou em 1,1 milhão de hectares. isso demonstra que a soja está entran-do nas áreas de rotação ou de pousio nas várzeas. “Há um avanço sobre as

Cleiton eVAnDRo DoS SAntoS* [email protected]

pastagens, atividade com a qual a soja casa muito bem.

nos cenários internacional e domés-tico, a demanda do grão gerou valori-zação recorde até o início de 2014, com rentabilidade e liquidez asseguradas, mesmo diante do alto custo de produ-ção. e o clima favoreceu o desenvol-vimento das lavouras. além disso, em rotação na várzea, a oleaginosa traz vantagens ao arroz irrigado: fixa nitro-gênio no solo e quebra o ciclo de pragas, doenças e invasoras. Houve avanços científicos em variedades tolerantes ao estresse hídrico e mais produtivas, na eficiência da fertilização, da irrigação e da drenagem e no manejo, com o uso de microcamalhões. a lavoura cresceu e as indústrias de processamento e de equipamentos, assim como as revendas de máquinas e implementos, multiplica-ram-se na região, ofertando empregos e gerando renda.

NO DETALHEna safra 2013/14, o sul gaúcho culti-

vou 15% da área total de soja do estado, de 4,94 milhões de hectares, com 300 mil hectares em várzeas. o Rio Grande do sul colheu 12,87 milhões de tonela-das e é o terceiro maior produtor do grão no País. na safra 2014/15, a superfície semeada em terras baixas chega a 320 mil hectares. no total, incluindo as ter-ras altas, supera os 780 mil hectares. a produtividade fica em 40 sacos de 60

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áreas de pastagens de verão, o que muda o perfil da pecuária e exige maior eficiência produtiva, atenção aos custos e planejamento dos pecuaristas”, reco-nhece Francisco schardong, diretor da Federação da agricultura e Pecuária do Rio Grande do sul (Farsul). “as duas po-dem coexistir e se integrar muito bem, mas exigem adaptação.”

REPORTAGEM

RISCO DUPLOna safra 2014/15, a produção de

soja em várzea foi colocada à prova pelo excesso de chuvas. nesta tempo-rada, o engenheiro agrônomo arlei Ha-etinger cultiva 330 hectares de grãos na localidade de Bexiga, no interior de Rio Pardo, divididos em três cortes: 100 hectares em coxilha, 110 em vár-

zea e outros 120 hectares de arroz. É sua quinta safra alternativa em terras baixas para controlar o arroz-verme-lho, agregar qualidade ao solo e gerar renda. Haetinger está satisfeito com os resultados. a oleaginosa tornou--se uma fonte de renda tão importan-te quanto o arroz. “É um ano atípico. Plantei soja até o final de janeiro pelo excesso de umidade”, reconhece. Com a terra encharcada, os equipamentos compactam o solo e abrem buracos na lavoura, prejudicando drenagem e irri-gação, se necessárias. a eficiência dos insumos se perde. Por isso, realiza tais operações e a colheita no “seco”.

exceto na temporada atual, que registrará queda produtiva pelo clima, a colheita em terras baixas supera a média de 3 mil quilos por hectare - 50 sacos de 60 quilos -, volume similar ao obtido na coxilha. em um talhão de 30 hectares, na safra passada, o rendi-mento foi de 3.750 quilos - 62,5 sacos -, levando-o a investir mais em fertili-zação e tecnologia de precisão. Com a rotação, o rendimento do arroz subiu 20%, avançando para 9,1 mil quilos por hectare na safra passada.

na avaliação de arlei Haetinger, mesmo que o plantio da soja na Me-tade sul tenha começado para dar su-porte ao arroz, essa cultura não pode mais ser vista como secundária. “ela tem potencial produtivo e gera ren-da. o agricultor precisa ser eficiente e tratar a soja como cultura principal, no mesmo nível da orizicultura”, afirma. após a colheita, o agricultor aplaina o terreno e semeia as pastagens de aveia e de azevém em plantio direto, garantindo a cobertura do solo e outra fonte de renda.

em setembro, as áreas mais altas são dessecadas e cultivadas com a oleaginosa, também em plantio direto. na área em que foi colhida, drenos são revisados e ajustados e a pastagem é formada. no final do inverno, esta é dessecada e incorporada ao solo; o cor-te é entaipado para, na primavera, re-ceber a semeadura do arroz. Com isso, máquinas e mão de obra – e mesmo as instalações de armazenagem – são ocupadas o ano todo.

Arlei Haetinger, de Rio Pardo, produz arroz e soja

na várzea pela quinta safra seguida e diz que essa é a

nova realidade gaúcha

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Revista AgroRS16

ARROZ COM SOJAo município de Cachoeira do sul é

conhecido como a Capital nacional do arroz, mas se tornou o maior em área semeada de soja na Metade sul gaú-cha. no Rio Grande do sul, perde só para tupanciretã. a “terra do arroz”, como é chamada, reduziu nos últimos anos sua área cultivada com o cereal de 45 mil para 35 mil hectares e ampliou de 38 mil para quase 150 mil hectares (na safra 2014/15) a lavoura de soja, de-monstrando que a cultura ocupa cerca de 10 mil hectares dos baixios e avan-çou quase 100 mil hectares nos campos e nas pastagens. Uma indústria de es-magamento de soja que se instalou no município gera perto de 400 empregos e já tem o oitavo maior Valor adicionado Bruto entre as empresas locais.

“Muita gente ‘desceu’ das Missões e do Planalto para a depressão Cen-tral, a Campanha e a Fronteira-oeste nos últimos anos”, explica Paulo afonso schwab, presidente do sindicato Rural de Cachoeira do sul, sojicultor há qua-tro décadas. “tradicionais pecuaristas e arrozeiros adotaram a soja em busca

de rentabilidade, para evitar os riscos da monocultura e para fazer a rotação com o arroz, que enfrenta problemas com ervas resistentes a herbicidas. a

liquidez da soja também foi importante, frente a um histórico recente de oscila-ções ou baixos preços do boi e do arroz”, acrescenta.

Com o crescimento da área cultiva-da de soja no Pampa gaúcho, os siste-mas produtivos passam por uma ade-quação e a pecuária precisa tornar-se mais intensiva. “Com as atuais tecno-logias, e diante do cenário econômico, a soja veio para ficar. não tem volta”, diz Jorge Rodrigues, presidente da Comissão de Grãos da Federação da agricultura e Pecuária do Rio Grande do sul (Farsul). em seu entender, esse processo transforma a figura tradicio-nal do pecuarista e do arrozeiro em um diversificado produtor de alimentos.

“o aproveitamento tanto das vár-zeas quanto das coxilhas será mais intenso, mas vai exigir mudanças nos fundamentos basilares e tecnológicos, especialmente da pecuária de corte”, entende. a oleaginosa traz importan-tes transformações para o jeito de produzir da região e agrega um grande

potencial de ganhos sociais e econômi-cos. no entanto, também gera preocu-pação. Feito tudo na vida, há um lado positivo e um negativo. Paulo afonso schwab, do sindicato Rural de Cacho-eira, explica que a procura por área va-lorizou as terras da região acima dos patamares suportados pelo mercado.

Com a oleaginosa no lugar das pastagens, o pecuarista precisa se adaptar à mudança do sistema de produção e do mercado. “Por causa da soja, o arrendamento na região, em alguns casos, alcança de 10 a 12 sacos de 60 quilos por hectare em áreas com média inferior a 40 sacos colhidos. É muito alto”, frisa. “Considerando-se custos de implantação, manejo e co-lheita, e se houver queda nos preços internacionais, um valor destes torna o cultivo inviável, pois representa até 30% do que se produz.”

Por outro lado, a escassez de pas-tagens de verão reduz a oferta de be-zerros e aumenta os preços, deixando os pecuaristas com dificuldades para encontrar gado de reposição. Porém, é inquestionável que a cultura gerou renda nos dois últimos anos, seja pelo arrendamento, pela produção ou pelas condições que a soja deixa à implanta-ção de pastagens de inverno.

do ponto de vista positivo, en-quanto ocupa áreas de pousio e rota-ção, no caso do arroz, ainda que exija manejo mais eficiente, a cultura agre-ga benefícios agronômicos. “ela deixa um residual positivo com a quebra de ciclo de pragas e invasoras, e melhoria das condições do solo ao arroz”, frisa. “e dá para vendê-la de forma anteci-pada, se capitalizar e segurar o arroz para comercializar na entressafra, mais valorizado.”

no rumo CERTO

Divisão na várzea do Rio Jacuí, em Cachoeira: arroz em um lado da

propriedade, soja no outro

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PARA A fRENTEa baixa produtividade média da soja

tem sido um dos problemas da Me-tade sul, na avaliação de Paulo afonso schwab, presidente do sindicato Rural de Cachoeira do sul. Variedades com potencial de produção acima de 4,5 mil quilos alcançam média de 2 mil a 2,4 mil quilos por hectare na região, por interfe-rência de fatores como clima, manejo e condições de solo. “Precisamos agregar tecnologias sem extrapolar nos custos e criar mecanismos para irrigação eficien-te em soja e milho”, argumenta.

o gestor de cultivos de verão da Fun-dação Pró-sementes, Victor sommer, concorda: “seguindo as recomendações da pesquisa, e com irrigação, a cultura pode dar resultados muito expressivos.” Pesa na baixa produtividade o cultivo em várzeas sem a devida infraestrutura de irrigação e drenagem, o fato de mui-tos produtores estarem recém conhe-cendo o manejo da cultura e adotarem, na soja, técnicas - e recomendações - do arroz, além dos fatores climáticos e das características do solo.

o certo é que o sul gaúcho, depois de meio século do desenvolvimento do cultivo da soja a partir do noroeste do Rio Grande do sul, tornou-se impor-tante fronteira do grão no Brasil. e está reinventando sua forma de produzir em busca de crescimento econômico, social e tecnológico. Jorge Rodrigues, da Farsul, sugere que, deste ponto, não há como retornar à dependência da monocultura do arroz e à pecuária extensiva. “daqui, só para a frente”, resume.

a expansão das lavouras de soja na Metade sul gaúcha, especialmente com os altos preços praticados pelo merca-do nos anos de 2012 e 2013, virou um importante complemento de renda aos agricultores e ao desenvolvimento re-gional. e esta renda gerou benefícios econômicos e sociais. o entendimento é do doutor em economia argemiro Luís Brum, da Central internacional de análi-ses econômicas e de estudos de Merca-do agropecuário (Ceema), da Universida-de Regional de ijuí (Unijuí).

Para ele, uma característica compe-titiva favorável ao sul é o fato de a mé-dia de preços praticada ter sido superior à do noroeste gaúcho. “isso ocorre em função da distância em relação ao porto de Rio Grande”, explica. em sua avalia-ção, a soja permitiu avanço regional im-portante com o plantio em terras altas e nas várzeas de arroz. Mas alerta: “tecni-camente, há limites ao avanço oleagino-sa na região”. ao mesmo tempo, Brum salienta que a nova realidade de preços pode levar alguns produtores a repen-sarem o plantio. “Porém, pela situação regional, ainda vale a pena o cultivo, na maioria dos casos”, acrescenta.

Brum acredita que a soja acaba via-bilizando o arroz, a cultura principal do

sul, que nem sempre tem um mercado positivo. são vantagens agronômicas e na estratégia de comercialização. “nesta safra, os custos do arroz irão subir mui-to no que diz respeito à energia elétrica para irrigação e por causa do clima, que atrasou o plantio”, salienta. “esse fato poderá fazer da soja elemento impor-tante para complementar renda, mes-mo com seu recuo de preços e custos de produção igualmente mais elevados para a nova temporada”.

Para os produtores, tornou-se muito mais do que uma alternativa ao arroz e à pecuária: é a razão para uma transfor-mação mais profunda e tecnológica nas bases da agropecuária regional, com re-flexos na economia. o prefeito de são Gabriel, Roque Montagner, por exemplo, destaca que seu município pode ampliar a área de soja em 100 mil hectares e vi-bra com o fato de ter se tornado um dos 40 municípios gaúchos com Produto in-terno Bruto (PiB) superior a R$ 1 bilhão. “a soja tem boa participação nisso”, afir-ma. segundo ele, a economia movimen-ta-se com a soja, que aquece o mercado agropecuário, o comércio e os serviços e gera empregos e renda. a região atrai investidores e empresas. “afinal, é o que nós todos queremos.”

Muito além de ALTERNATIVA

REPORTAGEM

Safra 2013/14 302 milSafra 2014/15 321 milÁrea potencial 1 milhão

NA METADE SULÁrea total (ha)

Fonte: Governo do Rs/Farsul

Safra 2013/14 740 milSafra 2014/15 780 milÁrea potencial 5 milhões

SOJA EM váRZEASÁrea (ha)

Fonte: irga

Irga e soja: uma combinação cada vez mais comum no

Rio Grande do Sul

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Revista AgroRS18

a cadeia produtiva arrozeira do Rio Grande do sul tem encontro marcado nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro na cidade de tapes para a 25ª abertura oficial da Co-lheita. em debate, os mercados, os cus-tos de produção, a gestão do agronegó-cio arroz e as tecnologias para a cultura e soja e milho em várzeas. o evento pauta as ações da cadeia produtiva ao longo do ano e também a busca de medidas es-truturantes à lavoura e ao mercado.

a organização é da Federação das as-sociações de arrozeiros do Rio Grande do sul (Federarroz) e da associação de arro-zeiros de tapes. o presidente da Federar-roz, Henrique dornelles, destaca a progra-mação voltada à eficiência do segmento produtivo. “estamos concentrando nes-tes três dias uma programação de alto calibre, com palestrantes internacionais, renomados e referenciais a produção, mercado e tecnologias do arroz”, frisa.

o presidente da associação de arro-zeiros de tapes, Juarez Petry de souza, enfatiza a presença das 11 principais empresas de insumos e pesquisas para a lavoura na Vitrine tecnológica. “É um espaço no qual os produtores verão de forma dinâmica a melhor tecnologia disponível para a lavoura de arroz e as alternativas em várzea, como soja e mi-lho”, destaca. a solenidade simbólica de abertura da colheita brasileira, no final da manhã do dia 7, terá a presença do governador José ivo sartori e represen-tantes da ministra da agricultura, Pecu-ária e abastecimento, Kátia abreu.

ESTAbILIDADEdurante a abertura oficial da Co-

lheita, o setor vai comemorar o terceiro ano seguido de estabilidade nos preços. isso está associado ao equilíbrio entre oferta e demanda. “nos últimos anos,

Ponto de PARTIDA

CAdEIA PROdutIvA dO ARROz REúNE-SE EM tAPES PARA dEBAtER SEuS GRANdES tEMAS E dEFINIR PAutA dE AçõES

conseguimos manter a área cultivada e a produção praticamente estáveis, abri-mos novos mercados no mundo, com média de exportação de 1,2 milhão de toneladas por ano, e houve queda nos volumes importados, por conta da alta dos custos de produção de nossos par-ceiros do Mercosul e de ajustes tributá-rios internos”, explica Francisco schar-dong, presidente da Câmara setorial do arroz.

Para 2015, a expectativa é muito boa, pois o câmbio favorece as vendas externas, a safra ficará muito próxima da média dos dois últimos anos e o go-verno federal zerou seus estoques es-tratégicos, reduzindo a possibilidade de interferir no mercado. segundo schar-dong, é importante que a cadeia pro-dutiva agora evolua para uma garantia de renda ao orizicultor e também para custos de produção mais controlados. n

REPORTAGEM

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Colheita de arroz vai se intensificar no Estado a

partir do fim de fevereiro

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Revista AgroRS20

seguro. sob as mais variadas acep-ções, essa é a palavra de ordem no agronegócio do Rio Grande do sul para 2015. dentre as prioridades fixadas pela Federação da agricultura do Rio Grande do sul (Farsul), aprimorar o seguro rural, a fim de se resguardar contra os riscos inerentes à atividade agrícola, e garan-tir segurança física para os produtores rurais estão no topo da lista. Foram as sinalizações feitas pelo presidente da entidade, Carlos sperotto, em sua ava-liação do desempenho do campo no es-tado em 2014 e das perspectivas para o novo ano.

Conforme sperotto, diante do com-portamento das principais culturas na virada do ano, a temporada 2014/15 poderá trazer alento à economia do Rio Grande do sul, fortemente apoiada sobre os setores primários. a entidade avalia

RIQUEZASse em 2014 o agronegócio do Rio

Grande do sul vivenciou queda de 2,2% no Valor Bruto da Produção (VBP), di-retamente associada à frustração de 3,2% na produção global, em 2015 virá o alento, projeta a Farsul. o saldo po-sitivo deverá ser de 11,1%: de R$ 32,1 bilhões para R$ 35,64 bilhões. na ava-liação da entidade, o ano de 2014 só não acabou com quebra ainda maior nas riquezas do campo graças ao de-sempenho do arroz, que cresceu 19% em sua receita - por conta do incre-mento nas exportações - e das car-nes. Como 2015 sinaliza com exce-lente resultado na própria colheita, e os preços seguem remuneradores, o estado ganha com a injeção de mais recursos do campo na economia. Mas os custos em alta tendem a frustrar o bolso do próprio produtor: se por um lado ele ganha mais, por outro está gastando bem mais para produzir. “e isso é o que precisa ser dito: a socie-dade toda é que ganha com a geração de riqueza maior no campo”, enfatiza o presidente Carlos sperotto.

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CONJUNTURA

FARSuL dEFENdE quE RIO GRANdE dO SuL PRECISA INCREMENtAR SEGuRO AGRíCOLA E IGuALMENtE PROPORCIONAR MAIS SEGuRANçA à POPuLAçãO dO CAMPO

que a área plantada tende a seguir com incremento, embora em níveis inferiores aos de 2014. Para 2015, a estimativa é de avanço de 2,2% no plantio de grãos: 3,3% na soja; 1,5% no milho; e 1,4% no ar-roz, no caso das três principais culturas. o bom recado vem justamente do mi-lho, que havia recuado quase 9% no ano anterior. a área plantada total em 2015 deve chegar a 8,6 milhões de hectares, com projeção de colheita de 31 milhões de toneladas. nesse caso, pela agrega-ção de produtividade, o salto é de 8,1%.

É justamente sobre essa perspecti-va de desempenho, bem superior ao da safra anterior, prejudicada também pelo clima e pela conjuntura da economia, que a Farsul cobra do poder público maior atenção para todas as cadeias. “não po-demos mais, nem os produtores, nem a sociedade do Rio Grande do sul toda, fi-car à mercê dessas oscilações do tempo ou do câmbio”, enfatizou. “intensificar e estimular, sob todas as vias, uma maior contratação do seguro rural, tornando-

-o realmente atrativo para o produtor, é questão vital para que o campo não sofra com prejuízos pelos quais não tem culpa, e que comprometem toda a sua sustentabilidade”.

a essa necessidade de maior supor-te financeiro em casos de quebras de safra por questões climáticas e ainda por problemas cambiais, da alçada do próprio governo, por exemplo, sperotto adiciona o fato de os produtores rurais, por desempenharem suas atividades em regiões afastadas, não contarem com qualquer tipo de segurança a seu patrimônio ou para suas famílias. “Hoje, um agricultor tem muito medo de ficar à mercê de toda forma de ameaças em suas fazendas ou em suas proprieda-des. aquele que produz, que se dedica a gerar riquezas, precisa ter esse respaldo do poder público”, comentou. e são es-sas as duas bandeiras que a entidade pretende defender com máxima ênfase ao longo do ano, junto aos governos es-tadual e federal. n

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Revista AgroRS22

embora tenha registrado em 2014 o menor crescimento econômico dos úl-timos anos, a China segue firme e forte como principal compradora internacional de produtos do agronegócio gaúcho. o país mais populoso do mundo foi o des-tino de 35% dos embarques, que totali-zaram Us$ 12,19 bilhões. o montante é 6,56% menor que o acumulado no ano anterior, mas a expectativa é que isso seja revertido em 2015 e que mais dinheiro vindo do exterior seja injetado na econo-mia do Rio Grande do sul. o agro respon-deu por 65% da exportação gaúcha, que fechou 2014 em Us$ 18,7 bilhões.

trigo, soja e tabaco puxaram para bai-xo os números do ano passado. o eco-nomista-chefe da Farsul, antônio da Luz, explica que a grande safra e a eficiência logística dos estados Unidos reduziram a competitividade da produção brasileira - e gaúcha - no mercado internacional. a soja representou 44% da pauta de exportações do agro gaúcho. no caso do trigo, as ex-plicações vão além: problemas climáticos afetaram a produção (veja nas páginas seguintes) e a isenção da teC foi decisiva para a diminuição das vendas. Já o tabaco voltou a sofrer com o câmbio desfavorá-vel e a retomada da produção em países africanos, analisa o presidentre do sindi-cato interestadual da indústria do tabaco (sinditabaco), iro schünke.

Por outro lado, carnes e lácteos tive-ram bom desempenho e evitaram queda ainda maior nos embarques em 2014. destaque fica com o salto nas exporta-

ApetiteCHINÊSiGoR MülleR* [email protected]

PAíS MAIS POPuLOSO dO MuNdO LIdERAAS EXPORtAçõES dO AGRO GAúCHO; vOLuME CHEGOu A uS$ 12,19 BILHõES EM 2014

CONJUNTURA

ções de leite, que passaram de Us$ 812 mil em 2013 para Us$ 38,4 milhões no ano passado. Leite UHt e em pó respon-deram por quase 80% desse montante. a carne bovina teve crescimento de 12,2%; e a carne suína, de 13,8%, de um ano para outro, considerando-se o valor movimen-tado em dólares.

SERá MELHOR?na avaliação de antônio da Luz, em

2015 as exportações devem crescer, por duas razões: a apreciação do câmbio, que tornaria o produto brasileiro mais barato, e o aumento na produção, principalmen-te de soja, que devem fazer a comercia-lização crescer naturalmente. “também esperamos que a carne continue a cres-cer, assim como o leite e o arroz. a ex-pectativa é positiva”, diz o economista, arriscando que a China pode aumentar ainda mais sua fatia nas exportações dos produtos agropecuários produzidos no Rio Grande do sul.

DAQUI PARA O MUNDOOs principais embarques do agronegócio gaúcho

PRODUTO 2013 2014 VariaçãoComplexo soja Us$ 5,7 bilhões Us$ 5,3 bilhões -5,9%Carnes Us$ 2,1 bilhões Us$ 2,2 bilhões 4,6%arroz Us$ 379 milhões Us$ 370 milhões -2,3%Milho Us$ 244,2 milhões Us$ 234,7 milhões -3,9%trigo Us$ 336,9 milhões Us$ 97,5 milhões -71%tabaco e produtos Us$ 2,3 bilhões Us$ 1,8 bilhões -19,9%Lácteos Us$ 812,7 mil Us$ 38,4 milhões 4.633%

Fonte: Farsul

SALDO POSITIvOa queda nas exportações de trigo,

soja e tabaco refletiram-se também na balança comercial do agronegó-cio gaúcho. Mesmo assim, o saldo foi muito positivo, fechando em Us$ 11,3 bilhões, 6,03% abaixo do verifica-do em 2013. n

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Revista AgroRS26

o clima não foi nada generoso com os produtores de trigo do Rio Grande do sul em 2014. o excesso de chuvas levou a uma quebra de safra de 52,3%, segun-do a Companhia nacional de abaste-cimento (Conab). o levantamento de grãos da estatal, divulgado em janeiro de 2015, quando a colheita do cereal já havia sido concluída, mostrou que o estado fechou o ciclo com produção de 1,516 milhão de toneladas.

o desempenho foi resultado de que-da de 56,5% no rendimento médio da lavoura, que ficou em 1.330 quilos por hectare. a área plantada havia sido de

SAFRA DE INVERNO

um ano paraESQUECERLAvOuRA dE tRIGO SOFREu COM O EXCESSO dE uMIdAdE, quE tROuXE dOENçAS E dERRuBOu A quALIdAdE E A PROdutIvIdAdEeRnA ReGinA Reetz* [email protected]

1,140 milhão de hectares, 9,8% a mais do que 2013. de acordo com o engenheiro agrônomo ataídes Jacobsen, assistente técnico da empresa de assistência téc-nica e extensão Rural (emater), as chu-vas mais prejudiciais aconteceram em setembro, quando os trigais estavam na fase de floração e de enchimento de grãos. no entanto, as precipitações foram constantes também durante a colheita, que começou em outubro e foi concluída em dezembro.

o excesso de umidade, aliado à baixa insolação e às temperaturas altas re-gistradas no inverno, criou as condições para o aparecimento de doenças. Jacob-sen lembra que foram verificados casos de brusone, mal que ocorre em lavouras de trigo do Paraná e do Mato Grosso do

sul, mas que no Rio Grande do sul é as-sociado ao cultivo do arroz. o problema maior, no entanto, foi a giberela, causada pela ação de um fungo, mais agressivo em períodos chuvosos.

a situação climática das lavouras gaúchas resultou em perda de qualida-de dos grãos, além da quebra na produ-tividade. o assistente técnico da emater explica que o padrão aceitável pela in-dústria é de 78 HP (peso do hectolitro) e que a maioria do trigo colhido apresen-tou resultado aquém desse índice. em geral, o cereal que perde valor comercial para moagem é transformado em ra-ção. Porém, a umidade em demasia faz com que o produto desenvolva micoto-xinas, sendo prejudicial inclusive para o consumo dos animais.

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Revista AgroRS28

MERCADOas cotações do trigo já se apresen-

tavam em baixa mesmo antes do regis-tro de prejuízos na lavoura. a saca de 60 quilos vinha sendo comercializada a R$ 25,00, em média. o preço mínimo, es-tipulado pelo Ministério da agricultura, Pecuária e abastecimento (Mapa), é de R$ 33,45 por saca para a classe pão, tipo 1. no final de outubro, as vendas haviam sido suspensas, à espera de uma defini-ção quanto à quantidade e à qualidade do trigo que estava sendo colhido.

a situação dos triticultores gaúchos foi amenizada pelos sete leilões do Prê-mio equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), do governo federal, realizados entre 30 de outubro e 11 de dezembro. no total, foram ofertadas 550 tonela-

SAFRA DE INVERNO

das do cereal produzido no Rio Grande do sul, das quais foram comercializadas 306.594 toneladas. a subvenção ofere-cida pelo poder público chegou a R$ 25,8 milhões. desde 2010, os produtores gaúchos vinham investindo na cultura

do trigo, com gradual aumento de área plantada e uso de variedades indica-das para panificação. diante do cenário negativo de 2014, o agrônomo ataídes Jacobsen acredita que na safra 2015 de-verá haver redução no plantio. n

TRIGO NA PAISAGEMbRASIL

Safra Área (mil ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t)2013 2.209,8 2.502 5.527,92014 2.730,4 2.162 5.903,9

RIO GRANDE DO SULSafra Área (mil ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t)2013 1.038,7 3.060 3.178,42014 1.140,0 1.330 1.516,2

Fonte: Conab

Lavoura gaúcha de trigo teve quebra de 52,3% na última safra, segundo a Conab

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Revista AgroRS30INOVAÇÃO

a irrigação está quase dobrando a produtividade de milho no Rio Grande do sul, um dos produtos mais sensíveis à falta de chuvas. os bons resultados obtidos por produtores da re-gião noroeste foram apresentados em janeiro na 4ª abertura oficial da Colheita do Milho, que em dois dias reuniu 700 pro-dutores e técnicos no município de Horizontina, um dos líde-res na produção do grão no estado.

a vitrine foi a propriedade do agricultor ademar Zappe, um dos que utiliza o sistema de irrigação subterrânea. a tecnologia consome quantidade 70% menor de água e ener-gia na comparação com o modelo convencional, com pivôs. Zappe colheu 220 sacas de 60 quilos por hectare na lavoura irrigada. o sistema foi desenvolvido em israel e já vem sen-do utilizado em plantações de cana-de-açúcar e de café no estado de são Paulo. sem irrigação, a produção foi de 130 sacas por hectare.

Cláudio Luiz de Jesus, presidente da associação dos Pro-dutores de Milho do Rio Grande do sul (apromilho-Rs), diz que a produtividade por hectare varia muito no Rio Grande do sul. a média oscila entre 5,5 mil e 6 mil quilos por hectare. e para assegurar boa produção, a irrigação é essencial. “o novo se-cretário de agricultura, ernani Polo, nos disse que será manti-do o programa Mais Água, Mais Renda, instituído há três anos pelo governo anterior”, comemora o dirigente, que, além de milho, produz soja, trigo, canola, aveia e azevém para semente em área total de 400 hectares.

Conforme o presidente da apromilho-Rs, a área com ir-rigação chega a 150 mil hectares no estado. no entanto, na safra de verão o milho deverá totalizar 850 mil hectares, sem considerar a área cultivada para silagem. “o uso da irrigação cresceu muito nos últimos três anos, mas em 99% utiliza-se o pivô para molhar a lavoura”, destaca. Cláudio Luiz de Jesus ex-plica que o sistema subterrâneo exige investimentos maiores,

Mais água noMILHOSIStEMA dE IRRIGAçãO SuBtERRâNEA ELEvA A PROduçãO dE 130 PARA 220 SACAS POR HECtARE NO RIO GRANdE dO SuLCleoniCe De CARVAlho* [email protected]

custando entre R$ 8 mil e R$ 15 mil por hectare. a durabilida-de média é de 25 anos, a mesma dos pivôs.

o milho que começou a ser colhido em janeiro apresenta-va boa qualidade, segundo o dirigente. alguns produtores já estavam comercializando o grão e outros ainda aguardavam o aumento do preço. “alguns me disseram que no próximo ano não vão plantar milho porque na hora da decisão o saco estava valendo R$ 25,00, e agora caiu para R$ 22,00”, relata. o preço ideal para o agricultor obter boa rentabilidade com o cereal deveria situar-se entre R$ 28,00 e R$ 30,00 pela saca de 60 quilos. a maioria deixa o produto nas cooperativas ou em cerealistas para secar e armazenar.

5 MILHõES DE TONELADASo presidente da apromilho-Rs estima que cerca de meio

milhão de toneladas da colheita atual já foi exportado porque oferecia maior liquidez. a projeção é de que a safra de milho 2014/15 do Rio Grande do sul totalize entre 4,5 e 5 milhões de toneladas. a área plantada foi de 850 mil hectares. o consumo estadual é de 6 milhões de toneladas. o produto é destinado para abastecer as cadeias produtivas de aves, suínos, ovos e leiteira. Com isso, tudo indica que o estado vai precisar com-prar milho de fora para abastecer o mercado interno. Cláudio Luiz de Jesus comenta que, para produzir mais, o agricultor gaúcho deve continuar investindo em irrigação das lavouras e contar com seguro agrícola acessível.

o governador José ivo sartori participou da 4ª abertura ofi-cial da Colheita do Milho e disse que a produção do cereal “é estratégica para a economia gaúcha, seja como matéria-prima direta, seja como insumo dos produtos finais, agregando valor”. ele defendeu que o produto pode ajudar a reduzir as desigual-dades regionais hoje existentes no estado. o prefeito de Ho-rizontina, nildo Hickmann, destacou as novas tecnologias in-seridas na lavoura, como a irrigação subterrânea, e lançou um desafio: “Precisamos nos preocupar com o incentivo a projetos que melhorem a produtividade. isso é essencial.” n

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Destaques:

FETAG-RS

24, 25 e 26março/2015

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Revista AgroRS32

CleoniCe De CARVAlho* [email protected]

Cada vez mais perseguida pelo governo e por uma par-cela significativa da sociedade, a cadeia produtiva do tabaco vem puxando a frente no que diz respeito à preservação am-biental. ao menos duas ações iniciadas no Rio Grande do sul - estado que concentra metade da produção nacional - são usadas como modelo para o agronegócio brasileiro: o Progra-ma de Recebimento de embalagens Vazias de agrotóxicos e a parceria com o instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos naturais Renováveis (ibama) que prevê o monito-ramento, via satélite, de fragmentos da Mata atlântica em parte da zona produtora de tabaco em solo gaúcho.

o termo de cooperação foi firmado em 2011 entre ibama e sindicato interestadual da indústria do tabaco (sinditaba-co), entidade que representa as empresas do setor. a reno-vação, por mais quatro anos, ocorreu no fim de 2014, quando foi lançada uma cartilha - a tiragem é de 200 mil exemplares - com informações sobre manejo sustentável das proprie-dades rurais. a pesquisa a partir do monitoramento da Mata atlântica vem sendo realizada pela Universidade Federal de santa Maria (UFsM) e contempla dois blocos geográficos do território gaúcho, num total de 2,7 mil quilômetros quadrados, em 21 municípios. os técnicos acompanham os avanços na regeneração e na conservação de um dos principais biomas brasileiros, com resultados promissores.

EMbALAGENSHá 14 anos, as embalagens de agrotóxicos não represen-

tam mais um problema ao meio ambiente e à saúde dos pro-

O exemplo que vem doTABACOMESMO SEM quALquER APOIO dO GOvERNO, AGRICuLtORES EStãO CAdA vEz MAIS dE OLHO NA PRESERvAçãO dO AMBIENtE NO quAL vIvEM - E PROduzEM

dutores de tabaco. o Programa de Recebimento de emba-lagens Vazias de agrotóxicos existe desde 23 de outubro de 2000, antes mesmo da entrada em vigor, em 2002, da lei que determina a devolução dos vasilhames.

o programa é desenvolvido pelo sinditabaco e pelas em-presas associadas, com o apoio da associação dos Fumicul-tores do Brasil (afubra). Mais de 11,2 milhões de embalagens já foram retiradas das propriedades rurais nestes 14 anos de atividades. o serviço itinerante percorre 563 municípios e contempla 2,3 mil pontos de coleta nos estados do Rio Gran-de do sul e de santa Catarina. ao todo, são atendidos mais de 130 mil produtores. iniciativas semelhantes são realiza-das pelas centrais locais no Paraná, com o apoio das indús-trias associadas ao sinditabaco. “Por serem diversificados, os produtores de tabaco podem entregar as embalagens de produtos que foram utilizadas em outras culturas”, destaca o presidente do sinditabaco, iro schünke.

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MENOS AGROTÓXICOSalém de providenciar o destino correto para as emba-

lagens, o setor do tabaco busca soluções para diminuir o uso de agrotóxicos. em 2012, pesquisa da Universidade de são Paulo (UsP) apontou que o tabaco é a atividade que menos usa agrotóxicos em comparação com outras ativi-dades. enquanto o tabaco utilizava 1,1 quilo de ingredien-te ativo por hectare, em outras esta quantidade poderia chegar a até 70 quilos por hectare. Conforme iro schünke, presidente do sinditabaco, os investimentos em pesquisa e a intensificação no uso de métodos sustentáveis, como o Manejo integrado de Pragas (MiP), contribuem para di-minuir a quantidade de defensivos na lavoura de tabaco. além disso, a orientação técnica das equipes de campo das empresas tem permitido alcançar resultados positivos na conscientização dos produtores. n

COMO fUNCIONACabe ao agricultor a correta tríplice lavagem das embala-

gens. a entrega é comprovada através do fornecimento de recibos a cada um deles, como fez o fumicultor Maurício Petry, 36 anos, do município de Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo. o comprovante posteriormente deve ser apresentado aos ór-gãos de fiscalização ambiental. o material recolhido vai para as centrais de recebimento e de triagem credenciadas pelo instituto nacional de Processamento de embalagens Vazias (inpeV), que separam e preparam as embalagens e tampas para serem vendidas às recicladoras. depois de trituradas e extrusadas, são transformadas em produtos para a cons-trução civil, dentre outros aproveitamentos. Hoje, segundo o inpeV, cerca de 94% das embalagens plásticas primárias e 80% das embalagens vazias de agrotóxicos que são comercializa-das têm destino certo. esses índices transformam o Brasil em líder e referência mundial no assunto.

SUSTENTABILIDADE

155,1 mil hectares cultivados

84,160 mil famílias produtoras

274 municípios

341,5 mil toneladas produzidas

2,2 quilos por hectare de produtividade

R$ 7,23 de média de preço por quilo

323,7 mil hectares cultivados

162,4 mil famílias produtoras

651 municípios

731,3 mil toneladas produzidas

2,2 quilos por hectare de produtividade

R$ 7,28 de média de preço por quilo

TAbACO GAÚCHO*

TAbACO NO SUL DO bRASIL*

Fonte: afubra

(*) safra 2013/14

(*) safra 2013/14

Maurício Petry, que produz tabaco em Vera Cruz,

mostra o comprovante da devolução das embalagens

vazias de agrotóxico

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Revista AgroRS34

Cleiton eVAnDRo DoS SAntoS* [email protected]

Médico veterinário e professor aposentado do departa-mento de Zootecnia da Universidade Federal de santa Maria (UFsM), Paulo Figueiró, de tradicional família de agropecua-ristas em Cachoeira do sul, surpreendeu quando, em 1994, integrou a apicultura à produção de arroz e à pecuária em sua propriedade. na época, produzir mel era raro em fazen-

Uma doceINTEGRAÇÃOPROdutOR INSERE APICuLtuRA NA AGROPECuáRIA tRAdICIONAL E já OBtéM COM O MEL AtéuM quARtO dA RECEItAdA PROPRIEdAdE

das da região. Vinte anos depois, a atividade está consolidada no apiário Palmeira e gera a terceira principal renda da área de 380 hectares, abaixo apenas da soja e do arroz e acima da pecuária.

Paulo Francisco Conrad, assistente técnico da emater/Rs-ascar, revela que 80% da produção de mel no Rio Grande do sul ocorre em pequenas propriedades e só 20% são tecni-ficadas. esses apicultores representam 60% da safra gaúcha, perto de 2,5 mil toneladas nesta temporada, frente ao total de 4 mil toneladas que serão colhidas no estado em 2014 por 40 mil apicultores. o Brasil produz em torno de 50 mil tonela-das anuais. Cerca de 1,6 mil toneladas são exportadas.

o excesso de chuvas na primavera prejudicou as floradas. além disso, os apicultores denunciam a mortalidade da me-tade das colmeias gaúchas pelo uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras. em 2012, em safra cheia, foram colhidas 8 mil toneladas de mel. Com isso, e com o aumento da produção nos estados do nordeste, o Rio Grande do sul perdeu, em

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Questão de DEMANDA

Uma sala especial, com revestimento cerâmico e balcões em inox, sedia o processamento do mel e o acondicionamento em embalagens de 250 ou 500 gramas e um quilo. a super-visão é do serviço de inspeção Municipal. de lá, o Mel d’abeia, marca do apiário Palmeira, de Paulo Figueiró, segue para de-zenas de pontos de vendas em Cachoeira do sul e na região. a cera tem cliente certo. a demanda é muito superior à oferta. a produção de mel cresce na primavera e no verão por causa das floradas que começam no campo nativo, em bosques de eucaliptos e árvores nativas, pastagens, pomares e plantas melíferas cultivadas por Figueiró em diferentes pontos da fa-zenda, até alcançar a soja e arroz. nesse ponto, as abelhas tornam-se parte da mão de obra da fazenda.

“a polinização traz resultado esplêndido, pois ajuda na fru-tificação de todas as plantas, em sua renovação, numa produ-ção mais vigorosa. É um trabalho que nenhum outro agente da natureza faz com tal perfeição”, revela. o apicultor distribui as caixas em pontos estratégicos da fazenda, perto dos bos-ques e da água. “Quando preciso revisar cercas, açudes, o gado ou as lavouras, já vistorio as colmeias. otimizo o tempo e os deslocamentos”, ensina.

Para gringo provar E SE LAMBUZAR

DIVERSIFICAÇÃO2014, o posto de maior produtor nacional.

ainda assim, Paulo Figueiró se entusiasma ao falar das vantagens ambientais e econômicas da criação de abelhas e lamenta que a exploração apícola seja tratada de forma se-cundária. Para ele, só em polinizar as plantas e gerar um up-grade na produtividade e na vegetação da propriedade, a api-cultura já se justifica. “o mel, mesmo para consumo próprio, é lucro”, frisa. a fazenda tem administração compartilhada com um filho e um neto e registra cultivo de 110 hectares com arroz e 100 com soja. após a colheita, essa área integra-se, para formação de pastagens, ao campo nativo que alimenta bovinos de corte e ovinos.

o apiário Palmeira tem mais de 300 colmeias, com pro-dução anual de 20 quilos em cada uma. são mais de 6 mil quilos/ano em safra cheia. “a temporada foi fraca por causa das chuvas. Vamos colher uns 5 mil quilos”, revela Figueiró.

Problemas com o clima, que afeta a produção interna, e a perda de colmeias por causa dos agrotóxicos estão inter-ferindo na participação brasileira no mercado internacional. na primeira década dos anos 2000, o Brasil conseguiu ar-rancada no mercado mundial, principalmente após traba-lho desenvolvido pelo serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas empresas (sebrae) no nordeste e o lançamento do programa Brazil Let’s Bee, da associação Brasileira dos exportadores de Mel (abemel) e da agência Brasileira de Promoção das exportações e investimentos (apex-Brasil).

em 2011, o Brasil foi o quinto maior exportador mun-dial, com 22 mil toneladas, aproveitando a baixa produção de alguns países, e o sétimo maior em receita obtida. em 2013, foi o 11º em volume e o 10º em receita. em 2014, o desempenho foi excepcional. dados da secretaria de Co-mércio exterior do Ministério do desenvolvimento, indús-tria e Comércio exterior (MdiC) demonstram que o Brasil registrou nesse ano novos recordes de vendas externas do produto, com Us$ 98,57 milhões de faturamento para 25,31 milhões de quilos embarcados. a média de preço por quilo subiu 16,4%, avançando para Us$ 3,89/kg. n

Fotos: inor/Ag. Assmann

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Revista AgroRS36

Festa da UVAANtECIPAdO EM duAS SEMANAS dEvIdO AO CALOR, O INíCIO dA vINdIMA APONtA PARA EXCELENtE SAFRA NA SERRA GAúCHA

antecipada do início de fevereiro para metade de janeiro em virtude do calor, que acelerou o amadurecimento da uva, o início da vindima enche de expectativa os produtores da serra Gaúcha. o indi-cativo é de safra cheia, com alta quali-dade e boa produtividade. Completam a festa em Bento Gonçalves, Flores da Cunha e arredores o reajuste de 13% - o dobro da inflação oficial de 2014 - no preço mínimo do produto e a certeza de aumento na demanda.

o Rio Grande do sul deve colher nes-te ano cerca de 610 mil toneladas de uva, sendo que 95% desse volume sai dos parreirais da serra. a região respon-de, sozinha, por mais de 80% da produ-ção nacional da fruta, o que traz a rebo-que milhões de litros de sucos, vinhos e espumantes. a produção de sucos é destino de quase metade de uma safra, afirma Moacir Mazzarollo, presidente do Conselho deliberativo do instituto Bra-sileiro do Vinho (ibravin).

Como a colheita vai até meados de março, os produtores ainda estão cau-telosos e até tentam disfarçar o sorri-so no rosto. olir schiavenin, presidente do sindicato dos trabalhadores Rurais (stR) de Flores da Cunha, afirma que tudo aponta para safra melhor do que a do ano passado, que já foi muito boa. Mas adverte: “ainda vamos precisar

iGoR MülleR* [email protected]

muito da ajuda de são Pedro. enquanto tiver cacho de uva no pé, o tempo tem de colaborar”, comenta, citando como exemplo os típicos temporais de verão. “Uma granizada forte pode arruinar a safra de um produtor.”

além da integridade, o clima é deci-sivo para a qualidade da uva, incluindo o teor de açúcar e de acidez. Zair Melon, técnico agrícola da vinícola Luiz argenta, explica que esta safra já passou por um susto. “o mês de outubro, que foi chu-voso, poderia ter complicado a floração, mas, felizmente, passamos bem por aquele período”, recorda, torcendo para que o equilíbrio verificado no início da vindima se mantenha pelos próximos dois meses. “aí, sim, vamos comemorar uma excelente safra.”

MÃO DE ObRAa exemplo de outros setores do

agronegócio, o que anda tirando o sono de muito produtor de uva da serra Gaú-cha é a falta de mão de obra, especial-mente para a colheita. Uma alternativa tem sido o bom e velho mutirão entre vizinhos. “em algumas regiões, só assim mesmo para que o produtor não tenha prejuízo. diante da escassez de traba-lhadores, os que aparecem são muito caros”, assegura o presidente do stR de Flores da Cunha. Conforme olir schiave-nin, no município, os parreirais têm, em média, 3,5 hectares, e o rendimento é de 18 toneladas por hectare.

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SerraÉ a maior e mais importante região vinícola do Brasil, respondendo por cerca de 85% da

produção nacional de vinhos. aproveita-se do solo basáltico e do clima temperado, úmido, com noites amenas, para cultivar uvas com

personalidade forte. a serra Gaúcha abrange hoje as três únicas áreas de produção enológica

certificada do País. o Vale dos Vinhedos, que ocupa 72,45 quilômetros quadrados entre as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do sul, foi pioneiro ao buscar a

denominação de origem (do) para seus rótulos.

CampanhaAo mesmo tempo em que abrigam alguns dos mais antigos vinhedos do Brasil, as pequenas

planícies e colinas da porção meridional do Rio Grande do Sul, já na fronteira com o Uruguai, vêm recebendo audaciosos investimentos, fazendo da

região a grande aposta do setor no País.

Serra do Sudestedescoberto na década de 1970, o potencial vitivinícola na serra do sudeste levou cerca

de 30 anos para ganhar vulto. Foi a partir dos anos 2000, com a abertura de investimentos na região por parte de vinícolas da serra, que o País

voltou sua atenção para os vinhos elaborados com uvas de encruzilhada do sul e arredores. desde então, a região é apontada como uma

das mais promissoras zonas produtoras brasileiras. Curiosamente, a serra do sudeste

abriga pouquíssimas cantinas, situação que deve começar a mudar em futuro próximo.

Campos de Cima da SerraPor muito tempo, a região ficou à sombra

da Serra. A predominância do cultivo de variedades híbridas e o clima frio e ventoso

eram encarados como entraves para o desenvolvimento de grandes vinhedos.

Atualmente, no entanto, o cenário é o oposto. A baixa temperatura e a incidência

constante do vento foram transformadas em diferenciais, pois propiciam maturação mais longa e condições para que as uvas viníferas

apresentem excelente sanidade. Fonte: ibravin

FRUTICULTURA

Produção gaúcha de uva deve chegar a 610 mil

toneladas na atual safra

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Revista AgroRS38

de uma pequena propriedade na localidade de Quartel Mestre, a apenas quatro quilômetros do Centro de Ca-choeira do sul, nasceu o primeiro azeite de oliva extravirgem genuinamente nacional a conquistar o Brasil. o olivas do sul foi eleito entre os melhores do mundo em concurso especializado na itália, em 2011, e em segundo lugar na américa do sul, concorrendo na argenti-na, em 2013, entre azeites da variedade arbequina.

trata-se de um azeite harmônico, de aroma frutado médio - vegetais e frutas - e sabor suave, com notas de amargo e picante bem-definidos. a olivas do sul produz marcas monovarietais, como arbequina e arbosana e, em 2014, fez a primeira extração da koroneiki, grega. o azeite de oliva extravirgem desta marca é comercializado em garrafas de 500 e 250 ml.

no final de 2013 o azeite gaúcho ob-teve nota máxima em qualidade entre as 19 principais marcas comercializadas no Brasil com a indicação de azeite ex-travirgem pela Proteste associação de Consumidores. das marcas pesquisa-das, só sete eram realmente azeite ex-travirgem. as demais, rotuladas como tal, não passavam de compostos, uma mistura de óleos, inclusive de soja. a referência qualitativa do teste ampliou a

PERfILa olivas do sul é hoje uma em-

presa com cerca de 20 funcionários permanentes – 40 na safra – coorde-nados por um doutor em olivicultura, e domina as técnicas de produção de oliveiras e extração do azeite. tam-bém produz e comercializa mudas de 10 variedades registradas no Minis-tério da agricultura e dá assistência técnica desde a aquisição de mudas e a preparação do solo até a fabricação do azeite. ainda representa indústrias italianas de máquinas de extração.

Conforme daniel Ceolin aued, a meta não é ser a maior empresa na-cional do ramo, mas sim referência em qualidade. “nos destacamos pela ho-nestidade do produto e pelas carac-terísticas de azeite superior. É esse o selo que queremos imprimir”, afirma. a empresa conta com consultores europeus que acompanham todos os processos produtivos e de fabri-cação. os administradores investem no aprendizado, com estágios e cursos no exterior. a propriedade é referência para pesquisadores de todo o País.

NACIONALPRIMEIRO AzEItE dE OLIvA EXtRAvIRGEM BRASILEIRO, OLIvAS dO SuL CONquIStA PRêMIOS INtERNACIONAIS E tORNA-SE REFERêNCIA NO MERCAdO dOMéStICOCleiton eVAnDRo DoS SAntoS* [email protected]

divulgação nacional da marca.a primeira produção ocorreu em

2010, com 800 litros, comercializados em Cachoeira do sul em poucas sema-nas. Com a premiação internacional, em 2011, foram abertos pontos de vendas em oito estados, mas a demanda ex-cessiva e a produção restrita a 15 mil litros em 2014, menos de 10% da de-manda nacional, levou à mudança da estratégia. Foram mantidos pontos só no Rio Grande do sul, e as vendas nacio-nais ficaram concentradas pela internet no site da empresa.

a olivas do sul resulta do em-preendedorismo do engenheiro ele-tricista aposentado José alberto aued, que buscou alternativa de renda para sua chácara, onde cultiva um hectare de uvas viníferas e faz espumantes para consumo familiar. nos 12 hectares restantes, queria produzir algo com alto valor agregado. após muitos estudos, chegou à olivicultura.

“além de rever a literatura, busca-mos consultorias especializadas, fize-mos visitas a polos de produção mun-diais e adotamos parcerias estratégicas com universidades e centros de pesqui-sas para encontrar a melhor tecnologia a fim de produzir superando eventuais limitações de solo e clima. isso nos deu base excelente”, revela o engenheiro civil daniel Ceolin aued, filho de José alberto, que administra o investimento com o irmão, o médico Gabriel Ceolin aued.

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Daniel Ceolin Aued, da Olivas do Sul: enorme potencial a ser explorado no Rio Grande do Sul

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as premiações, a receptividade do mercado e o início da produção já no ter-ceiro ano de implantação dos pomares – que deveria ocorrer no oitavo – leva-ram a olivas do sul a adiantar seu plano de investimentos. em 2013, a empresa adquiriu área de 700 hectares em en-cruzilhada do sul, onde serão cultivados mais 150 hectares de oliveiras e 350 de noz-pecã, e se iniciará projeto para a produção de romãs, em grande escala.

os desafios do mercado de azeites no Brasil, cita daniel Ceolin aued, são a organização da cadeia produtiva e o estabelecimento das marcas nacion-ais, pela qualidade. “Há potencial para isso”, assegura. apenas três novos oli-vicultores assistidos pela olivas do sul formaram 360 hectares de oliveiras em Cachoeira do sul, Canguçu e dom Pedri-to, isso sem contar as pequenas áreas, de um a 15 hectares, em todo o estado.

Para que o investimento numa agroindústria de azeite de oliva extra- virgem valha a pena, é preciso ter pelo menos 15 hectares de pomares. Áreas

o plantio de oliveiras no Brasil para produção de azeite extravirgem é uma novidade recente. no final dos anos 90, foram iniciados alguns experimentos e, hoje, com os devidos tratos culturais, a olivicultura é amplamente produtiva, gerando azeite extravirgem da mel-hor qualidade. Curioso é que um boato atrasou a produção em 200 anos.

Quando napoleão Bonaparte in-vadiu Portugal, em 1807, a família real portuguesa mudou-se para o Brasil, chegando no início de 1808 com a sua corte. agrônomos começaram, então, a cultivar no Brasil diversas plantas para produzir os alimentos com que os portugueses estavam acostuma-dos. entre eles, as oliveiras, para pro-duzir o azeite de oliva português.

Consta que em 1820, quando vol-tou a Portugal, d. João Vi tratou de vetar algumas produções da Colônia capazes de competir com a produção portuguesa. entre elas estava o azeite de oliva. então, espalhou-se a notícia de que o clima e o solo do Brasil não eram próprios para o cultivo. o que foi desmentido 200 anos depois por produtores como José alberto aued. n

OLIVAS

Sem LIMITES menores precisam estar próximas de uma indústria, pois o processamento deve ser realizado em até 24 horas após a colheita, sob pena de perda gradual da qualidade. o custo fixo do investimento vai de R$ 10 mil a R$ 15 mil, dependendo do perfil da área e dos objetivos do agri-cultor. o valor equivale a algo entre 20% e 30% de um hectare de uvas, por exemplo.

atualmente, o Rio Grande do sul conta com mais de 100 olivicultores, or-ganizados em algumas associações ou em empresas privadas. em Caçapava do sul, uma cooperativa dá suporte a pelo menos 50 deles, mas há também pequenos produtores, que cultivam de meio a cinco hectares, sem vínculo direto com empresas ou entidades. no Brasil, Minas Gerais e são Paulo têm iniciativas visando a produção, com alguns polos importantes, mas a comercialização é artesanal e restrita. alguns grandes em-preendedores estão investindo pesada-mente no setor. “agora que está pro-vado que o Brasil pode produzir azeite extravirgem de grande qualidade e que o mercado potencial é gigantesco, um dos 10 maiores do mundo, é natural que sur-jam investidores”, reconhece daniel.

A NOVIDADE

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Revista AgroRS40

PERfILo Rio Grande do sul dispõe atual-

mente de cordeiros para venda entre outubro e janeiro. o País tem entre 17 e 18 milhões de cabeças ovinas desde 1970. no período, em terras gaúchas, o número de animais que eram vol-tados à produção de lã caiu de 13 mi-lhões de cabeças para 3,5 milhões, por causa do avanço dos tecidos sintéti-cos. neste intervalo, houve transição; hoje, as raças de produção de carne são predominantes no rebanho sul-rio-grandense. nos outros estados, a ovinocultura cresceu, caso das ovelhas deslanadas do nordeste.

Vinte instituições de pesquisa e ex-tensão rural, representativas do setor e do governo estadual, firmaram, em ja-neiro de 2015 um pacto de cooperação pelo desenvolvimento da ovinocultura. o encontro, realizado no município de Bagé, foi promovido pela associação Brasileira de Criadores de ovinos (arco), que comandará a estratégia para au-mentar o rebanho e a produção de car-ne e de lã no Rio Grande do sul, a fim de atender ao mercado nacional.

serão formados dois comitês: o téc-nico, que visa medidas para fortalecer os sistemas de produção, e o políti-co, que buscará o suporte necessário, como um programa sanitário nacional e apoio à extensão rural. “Conhecemos os problemas. Falta coordenar os esfor-ços e transferir tecnologias dos centros de pesquisas ao produtor e assegurar oferta constante e de qualidade e con-solidar participação maior no mercado, com iniciativas como a certificação de cordeiros”, frisa Paulo afonso schwab, presidente da arco.

a intenção é ir ajustando os métodos de maneira que eles venham a servir de referência para o restante do País. o Brasil consome cerca de 90 mil tonela-

CAdEIA PROdutIvA CONjuGA ESFORçOS PARA O CRESCIMENtO dA OvINOCuLtuRA GAúCHA

REBANHOum olho no mercado, outro no

Cleiton eVAnDRo DoS SAntoS* [email protected]

das de carne ovina por ano, o equivalen-te a 400 gramas por habitante. Pouco mais de 80 mil toneladas são produzidas em âmbito interno. o restante é impor-tado de Uruguai, argentina, Chile, nova Zelândia e austrália. Com o conjunto de ações que está sendo proposto, o setor acredita que será possível, num período de cinco a dez anos, alcançar consumo médio de dois quilos por habitante/ano.

Mas o rebanho precisa saltar das atuais 17,5 milhões de cabeças a até 50 milhões para ter escala de produção e estabilidade de oferta, e assim atender essa demanda. Como não há ovelhas disponíveis no mundo para facilitar este processo, a saída passa pelo contingen-te nacional. “daí a importância de me-lhorar a assistência técnica, transferir tecnologias, corrigir o manejo, ampliar as taxas de nascimento, de produtividade e de ganho de peso, e reduzir a mortalida-de”, explica schwab.

o pesquisador Marcos Borba, da embrapa Pecuária sul, de Bagé, apre-sentou o cenário da ovinocultura gaú-cha à cadeia produtiva, pontuando os ambientes interno e externo do merca-do, os pontos fortes da atividade, suas oportunidades e seus riscos. Conside-ra o momento favorável e entende ser oportuna a manifestação do interesse das instituições em trabalhar de forma cooperada, em prol da ovinocultura.

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OVINOS

novos cenários para a OVINOCULTURA

Frente à queda constante do rebanho sul-rio-grandense, com o abate de fêmeas, o governo do estado, alertado pelas entidades, criou o programa Mais ovinos. Por meio dele, foram financiados R$ 106 milhões para aquisição e retenção de matrizes ppor parte dos ovinocultores. somando isso ao avanço das técnicas de manejo e à valori-zação da carne ovina, houve crescimento de 11,5% entre 2011 e 2014, para 4,17 milhões de cabeças. os nascimentos declarados aumentaram 22%, para 960 mil animais.

estima-se, no entanto, que o número de cordeiros nascidos no Rio Grande do sul nesta temporada supere os 2 milhões de animais. as estatísticas são imprecisas, pois há 50 mil produtores no estado. a média é de 85 animais por propriedade. em 2014, o Rio Grande do sul abateu 1,6 milhão de animais, pouco mais de 250 mil com inspeção. o abate clandestino chega a 80% no Rio Grande do sul e a 94% no Brasil.

Para piorar a situação, o Marfrig, de alegrete, único frigorífico de grande porte que abatia ovinos no Rio Grande do sul, fechou as portas. “Um dos nossos desafios é avançar no mercado formal, fortalecendo os pequenos frigoríficos municipais, como maneira de fortalecer a cadeia produtiva e as regiões produtoras”, explica Paulo afon-so schwab, presidente da associação Brasileira de Criadores de ovinos (arco).

Preçonos últimos anos, houve

valorização da carne ovina, que incluiu o cordeiro, o capão (animal

acima de um ano) e mesmo ovelhas adultas já com redução do potencial

reprodutivo. Para os cordeiros, os preços na primavera/verão do Rio

Grande do sul ficaram estáveis entre R$ 4,20 a R$ 4,30 pelo quilo vivo, com

picos superiores a R$ 5,00 na véspera do natal.

são Paulo, com pequeno rebanho, registrou cotações acima de R$

8,00. aos consumidores gaúchos, os cortes chegam entre R$ 15,00 e R$

17,00 pelo quilo. no natal, superaram a R$ 22,00 pelo quilo, mesmo em

regiões produtoras. em mercados de maior demanda e baixa oferta, como são Paulo e Brasília, supermercados

e casas de carnes vendiam o quilo por mais R$ 40,00.

LãNos últimos cinco anos, com maior

demanda chinesa, os preços da lã evoluíram. No final de 2014,

na Fronteira Oeste pagava-se R$ 4,25 pelo quilo da fibra das raças do tipo carne (Texel, Ile de France etc), de R$ 7,50 a R$ 9,40 para as de duplo propósito (Corriedale e

Ideal), e R$ 11,10 para lã de Merino Australiano, fina, longa e nobre.

Quem faz parteParticipam do projeto integrador

as unidades gaúchas da Embrapa, o Sebrae, o Senar, a Federação

da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), a Federação

dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), a Secretaria Estadual da

Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e

Cooperativismo (SDR) e a Câmara Setorial de Ovinocultura. n

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Revista AgroRS42

MeRCado

bOI

Preços ainda seguem em bons patamaresno mercado brasileiro de carne bovina, os frigoríficos de maior porte ainda se deparam com escalas de abate bem posicionadas. a situação faz com que os mesmos forcem a redução dos preços de balcão. entretan-to, os pecuaristas relutam em negociar nestes preços, uma vez que os frigoríficos de menor porte ainda oferecem preços mais acentuados pelo boi gordo. Mesmo com esta ameaça de recuo, os preços ainda são bastante remuneradores. a média ao final de janeiro, em são Paulo, foi de R$ 145,44 pela arroba. o mercado paulista é o principal balizador dos preços no Brasil. no Rio Grande do sul, o quilo do boi gordo era cotado a R$ 4,85 no fim de janeiro. no mesmo período de dezembro, o preço era de R$ 4,20. na comparação com janeiro de 2014, a diferença é ainda mais consistente, uma vez que o quilo trocava de mãos a R$ 3,40. n

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SOJA

Queda nos preços internoso início de 2015 está sendo marcado por uma queda consistente nos preços da soja nas principais regiões de comercialização do País, incluindo as principais praças do Rio Grande do sul. influenciada por um cená-rio de fundamentos negativos, a oleaginosa vem acumulando perdas consistentes nos preços. em Passo Fundo, a saca de 60 quilos iniciou o ano a R$ 67,50. no dia 26 de janeiro, o preço era de R$ 59,00 na região. o recuo nos referenciais domésticos acompanha o desempenho dos dois principais formadores dos preços: desvalorização na Bolsa de Mercadorias de Chicago e queda do dólar frente ao real. o cenário aponta para ampla oferta mundial da commodity, combinando safras recordes no Brasil, nos estados Unidos e na argen-tina com a expectativa de que a área americana volte a ser recorde em 2015.

MILHO

Clima preocupa, mas preços ainda cedemo mercado de milho brasileiro vem apresentando quadro semelhante ao da soja, com um início de ano de pressão sobre as cotações. a desvalorização nas cotações deu-se em função do avanço regional da colheita, o que causou maior volume de ofertas disponível. além disso, o câmbio e sessões com perdas na Bolsa de Mercadorias de Chicago ajudaram a botar os preços para baixo. no Rio Grande do sul, preços a R$ 24,00 pela saca, em erechim. o cenário é de queda, mas foi amenizado em decorrência de preocupações com a questão climática no Brasil. o clima seco em diversas regiões está preocupando os produtores em relação a possí-veis perdas nas lavouras de milho. Porém, a situação não chegou a inverter a curva de preços, conforme Paulo Molinari , analista de safras & Mercado.

ARROZ

intervenção do governo deve estancar altaos preços do arroz seguem firmes no Rio Grande do sul, principal mercado brasileiro para o cereal. Mas o quadro pode se inverter a médio prazo, devido ao avanço das lavouras, que vêm se desenvolvendo sem maiores entraves. Para conter a alta nas cotações, o governo já iniciou uma série de leilões de vendas, que vêm apresentando boa demanda e tendem a evitar alta mais elevada nas cotações do arroz. a saca de 50 quilos de arroz gaúcho em casca valia, em média, R$ 37,55 no final de janeiro. Confrontada com igual período de dezembro – R$ 37,41 –, a elevação é de 0,4%. na comparação com o mesmo período de 2014, é verificada alta de 3,6%; na época, o valor registrado era de R$ 36,25 pela saca.

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Do projeto à realização.

Processos de Produção

INJEÇÃO SOPRO ROTOMOLDAGEM

www.xalingo.com.br/industrial

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Revista AgroRS44

Arroz globalPorto Alegre sedia entre 23 e 26 de fevereiro a XII Conferência Internacional de Arroz para a América Latina e Caribe. O evento é organizado por Irga, Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado, Centro Internacional de Agricultura tropical e Aliança Global para a Pesquisa do Arroz. Com o tema “Horizontes para a competitividade”, a conferência receberá pesquisadores e representantes de organismos públicos e privados vindos de todo o mundo para debater produção, pesquisa e até o impacto das mudanças climáticas na cultura do cereal. também serão discutidas oportunidades de mercado. No encerramento, ocorrerá visita técnica à Estação de Pesquisa do Irga em Cachoeirinha. Saiba mais em www.conferenciaarroz2015.com.br.

No início de marçoum dos grandes palcos de lançamento de novos produtos e máquinas

para o agronegócio brasileiro, a Expodireto Cotrijal chega à sua 16ª edição em 2015. A feira ocorre entre 9 e 13 de março em Não-Me-toque, na região do Alto jacuí. O tema será “Negócios que inspiram o amanhã”,

e a expectativa dos organizadores é atrair representantes de todos os continentes, incluindo importadores, traders, técnicos e produtores.

Saiba mais em www.expodireto.cotrijal.com.br.

Desde 1997

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Cavalo na SerraJá considerada uma das exposições mais concorridas entre os criadores

da raça Crioula, a quarta edição da Exposição Nacional de Tobianos, Oveiros

e Bragados (Mancha Crioula) ocorre entre 27 de fevereiro e 1º de março no

Hotel Fazenda Pampas, em Canela. Marcelo Silva, diretor da Trajano Silva

Remates, que promove a exposição, diz que pelo menos 70 inscrições já estão confirmadas. Serão distribuídos mais

de R$ 25 mil em prêmios. Em 2014, 115 animais participaram da exposição.

Além da mostra, será realizado o remate Mancha Crioula na noite do sábado, 28

de fevereiro, a partir das 21 horas.

No fim de marçoRealizada tradicionalmente nos primeiros dias do mês, pela primeira vez a Expoagro Afubra será na segunda quinzena. A mudança é consequência de uma pesquisa realizada em 2014 com os visitantes. A 15ª edição da que é considerada a maior feira voltada à agricultura familiar no País acontecerá entre os dias 24 e 26 de março, em Rincão Del Rey, no interior de Rio Pardo. Cerca de 400 expositores já estão confirmados. Saiba mais em www.afubra.com.br.

aGenda

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Revista AgroRS46

imagine visitar um único lugar e, nele, ter a sensação de que se está percorrendo diferentes regiões do mundo. seria mágico, não? Pois é justamente essa a proposta do Parque Witeck, localizado às margens da BR-153, no município de novo Cabrais, no Centro do estado. o paraíso natural de 70 hectares abriga mais de 2 mil tipos de plantas, das nativas até as “importadas” de outros continentes. É esse mosaico natural que encanta os visitantes desse pedaci-nho do paraíso, onde o silêncio é quebrado apenas pelo canto dos pássaros e pelo balançar dos galhos em dias de vento.

a história do parque por si só é inspiradora. em 1962, o en-tão médico do exército acido Witeck - que viria a ser prefeito de Cachoeira do sul no fim dos anos 80 - comprou a antiga fazen-da na qual hoje está localizado o parque. eram 100 hectares de terra degradada pela criação intensiva de gado, por queimadas e desmatamento. Foi criticado pelo mau negócio. Mas o hobby que Witeck tinha de plantar árvores fez brotar um novo cenário. “Com o passar do tempo, meu pai foi agrupando as plantas conforme suas características, dando origem assim às ilhas temáticas que os visitantes podem conferir hoje em dia”, conta o paisagista Hen-rique Witeck, um dos filhos de acido e diretor do parque.

o passeio é feito a pé pelas trilhas de menos de dois quilôme-tros que levam a quatro lagos e três recantos com paisagens de tirar o fôlego. no caminho, é possível conferir plantas trazidas da américa do norte, da europa, da Ásia e até da oceania. entre os destaques estão o liquidambar, árvore da américa do norte que, no outono, ganha tons que vão do amarelo ao vermelho, e a Quer-cus suber, originária de Portugal e da espanha e usada na produ-ção de rolhas de garrafas de vinho. n

um paraíso noINTERIORPARquE LOCALIzAdO NO CENtRO dO EStAdO CONvIdA A uM PASSEIO POR tRILHAS CERCAdAS dE PLANtAS dOS CINCO CONtINENtESMARlUCi DRUM* [email protected]

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O Parque Witeck fica no município de Novo Cabrais, na região Central do Estado. O acesso é pela BR-153 (quilômetro 350), que liga a rodovia Tabaí-Santa Maria (RSC-287) ao Centro de Cachoeira do Sul. Como o pórtico fica às margens da BR, não é necessário andar por estrada de chão.

Abre para visitação nos fins de semana e emferiados, sempre das 10 às 18 horas. Durante a semana, somente com agendamento prévio.

Os ingressos, que sãoadquiridos na hora,custam R$ 5,00 (paracrianças com idades entre 3 e 10 anos) e R$ 10,00 (para visitantes a partir dos 11 anos).

Informações e agendamento pelotelefone (51) 9880-7701e pelo siteparquewiteck.com.br.

TURISMO

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Revista AgroRS48

CLiMa

Sem El Niño O Bureau de Meteorologia da

Austrália, um dos principais centros mundiais que faz o

acompanhamento do Pacífico, descartou a possibilidade de

um El Niño se concretizar neste começo de 2015. De acordo

com o órgão, desde o final de 2014 a maioria dos indicadores

atmosféricos e oceânicos que estava em patamar de El Niño muito fraco recuou. Já o NOAA,

o órgão de monitoramento climático dos Estados Unidos, mantém a possibilidade de El

Niño. “Há 50% a 60% de chance de condições de El Niño nos

próximos dois meses, seguidos de neutralidade”, afirmam os americanos. Já era esperado. A MetSul destacava que este

verão ficaria entre neutralidade e o limite de um El Niño

muito fraco, o que é chamado tecnicamente de “borderline” .

Ano quenteEste 2015 desenha-se como

mais um de temperatura acima da média no Rio

Grande do Sul. Em 2014, Porto Alegre teve o terceiro

ano mais quente de sua história climática com os registros iniciais datando de 1910. Vários modelos

climáticos indicam a tendência de predomínio de

temperatura acima da média nos próximos meses.

Mais temporais do que o normalo final de 2014 e o começo de 2015 fo-

ram marcados por frequentes temporais. Por que tantas tempestades nestes dias? o clima é complexo e não existem respos-tas que sejam únicas ou simples. no caso, uma série de fatores parece estar em jogo para determinar que o Rio Grande do sul esteja sofrendo com muitos temporais.

o Pacífico equatorial aqueceu. em re-gra, este aquecimento se dá no inverno e em 2014 ocorreu no último trimestre do ano. Como a atmosfera tem tempo de resposta, é possível que os efeitos que normalmente se dariam com excesso de

chuva na primavera, sob uma situação de aquecimento tradicional, se transferiram para o começo do verão. tanto que hou-ve cheia do Rio Uruguai, o que é incomum nesta época.

no atlântico, a costa do sul do Bra-sil e do Uruguai está com águas muito mais quentes do que a média, o que gera maior disponibilidade de umidade. o po-sicionamento da alta do atlântico sul (asas) da mesma forma fez com que o canal de umidade da amazônia atuasse mais ao sul, afetando diretamente o Rio Grande do sul com muita chuva.

noAA/Reprodução

edevar zorrer/MetSul

Ano começou com alta frequência de temporais e predomínio de dias muito quentes e de alta umidade

Oceano Pacífico estava em situação de neutralidade no final de janeiro após semanas com anomalias de temperatura típicas de El Niño

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Job: 16482-16 -- Empresa: Lew Lara -- Arquivo: 16482-16 NISSAN FRONTIER 210x275_pag001.pdfRegistro: 158063 -- Data: 11:04:28 30/10/2014